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Uma reflexão sobre o uso do livro didático em dialogo com Paulo Freire Rovian Schenatto Palavicini UFFS – Campus Erechim Bolsista PET\Grupo Práxis Conexões de Saberes (FNDE) [email protected] Resumo: O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é responsável pela seleção dos livros didáticos que serão disponibilizados para as escolas do país. Os professores juntamente com uma equipe pedagógica selecionam o livro didático, a partir de suas resenhas, que se adequam melhor ao projeto politico-pedagógico da escola e a realidade sociocultural de suas regiões. Mesmo sendo uma ferramenta essencial na prática educativa, alguns professores acabam utilizando estes como fonte principal na transmissão de conhecimentos. Com base na minha vivencia escolar e nas concepções de práticas educativas de Paulo Freire pretendo analisar o uso dessa ferramenta didática no período de 2009 a 2011, na Escola Estadual de Educação Básica Érico Verissimo de Jacutinga que se localiza ao norte do Rio Grande do Sul. Palavras-chave: Ensino, Práticas Educativas, Realidade Sociocultural. 1 Introdução Jacutinga é um pequeno município no interior do Rio Grande do Sul com aproximadamente 3,7 mil habitantes de sua maioria de origem italiana. Sua economia baseia-se na agricultura. Nasci em Jacutinga em 1994, vivi e convivi até meus 19 anos de idade aqui e posso dizer que é um lugar bom de morar. No término de meus estudos e com vista ao futuro me mudei para Erechim para trabalhar e estudar Licenciatura em História na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim onde sigo estudando atualmente.

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Uma reflexão sobre o uso do livro didático em dialogo com Paulo Freire

Rovian Schenatto Palavicini UFFS – Campus Erechim

Bolsista PET\Grupo Práxis Conexões de Saberes (FNDE) [email protected]

Resumo: O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é responsável pela seleção dos livros didáticos que serão disponibilizados para as escolas do país. Os professores juntamente com uma equipe pedagógica selecionam o livro didático, a partir de suas resenhas, que se adequam melhor ao projeto politico-pedagógico da escola e a realidade sociocultural de suas regiões. Mesmo sendo uma ferramenta essencial na prática educativa, alguns professores acabam utilizando estes como fonte principal na transmissão de conhecimentos. Com base na minha vivencia escolar e nas concepções de práticas educativas de Paulo Freire pretendo analisar o uso dessa ferramenta didática no período de 2009 a 2011, na Escola Estadual de Educação Básica Érico Verissimo de Jacutinga que se localiza ao norte do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: Ensino, Práticas Educativas, Realidade Sociocultural.

1 Introdução

Jacutinga é um pequeno município no interior do Rio Grande do Sul com aproximadamente 3,7 mil habitantes de sua maioria de origem italiana. Sua economia baseia-se na agricultura.

Nasci em Jacutinga em 1994, vivi e convivi até meus 19 anos de idade aqui e posso dizer que é um lugar bom de morar. No término de meus estudos e com vista ao futuro me mudei para Erechim para trabalhar e estudar Licenciatura em História na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim onde sigo estudando atualmente.

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Dentro da UFFS surgiu a oportunidade de participar do Programa de Educação Tutorial (PET) vinculado ao FNDE que tem por objetivo trabalhar as questões de ensino, pesquisa e extensão.

Durante todo o meu Ensino Médio e até mesmo no Ensino Fundamental algo me deixava incomodado. Sempre me perguntei o porquê da necessidade de usar o livro didático proposto pelo Estado e é isso que me instigou a escrever este breve dialogo entre a minha vida escolar, o modo de como meus professores utilizavam essa ferramenta e os métodos de ensino de Paulo Freire.

Mesmo sendo pequeno, o município de Jacutinga não tem a realidade escolar diferente de outros municípios e até mesmo cidades maiores do Brasil inteiro. Portanto, vários fatores podem estar acarretando para esta detenção do saber transmitido apenas pelos livros didáticos fornecidos pelo Estado. O que acaba causando um mau aproveitamento e uso desses materiais.

Meu objetivo, primeiramente, é instigar a curiosidade e apontar questões sobre o uso desse material disponibilizado pelo Estado aos professores e, quem sabe, futuramente, aprimorar mais para que possa tornar deste um artigo.

Baseando-se em arquivos bibliográficos pretendo elencar algumas vivências escolares que tive com os métodos de ensino propostos por Paulo Freire através da “Pedagogia da Autonomia”.

2 “Ensinar Exige”

Para Paulo Freire, os professores devem instigar a curiosidade, a criticidade, a ética e o respeito dos e pros alunos propiciando um plano de ensino combinado com a realidade das suas devidas cidades\regiões.

Não basta apenas deter-se em conhecimentos propostos nos livros didáticos. Isso não causa impactos positivos aos estudantes. A aula torna-se chata e a transmissão do saber é prejudicada.

Todo o professor é preparado para transmitir seus conhecimentos e ele deve se provocar para assim se superar. Cabe a ele tornar sua aula boa e trazer o interesse aos seus alunos.

“A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência de relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática, ativismo”. (FREIRE, 2011, P.24)

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Com a minha vivência no ensino médio posso dizer que a proposta metodológica de Paulo Freire não chegou até minha escola. Os professores detiam-se apenas nos livros didáticos. Isso tornava a aula muito cansativa. Às vezes eu chegava a duvidar se eles realmente possuíam o conhecimento ou eram apenas pessoas comuns lendo uns livros para outras pessoas. E, com esse método de ensino, além de tornar a aula desinteressante, os professores acabam perdendo o controle da aula. Meus professores não provocavam a curiosidade dos alunos. Chegavam à sala de aula, sentavam, abriam o livro didático e seguiam o que nele estava escrito. Ano após ano.

Paulo Freire defende o seguimento do plano de ensino, no entanto que este seja estimulado. Com tantas novas tecnologias as possibilidades de proporcionar uma aula estimulante é o que não falta. Os educadores precisam “aceitar o novo e rejeitar qualquer tipo de discriminação”. (FREIRE, 2011, P. 36)

3 Uma analise crítica

Um plano de ensino, assim como um livro didático, são muito importantes na formação da vida dos alunos, sem duvidas, entretanto, no caso da minha escola, os professores adotavam como item principal nas aulas. Muitas vezes mandavam você ler o capitulo e simplesmente responder as questões propostas por esses materiais didáticos também.

De certa forma, os professores estão sim limitados a um plano de ensino, mas esse plano pode ir além do proposto pelo MEC em conjunto com o PNLD, isto é, um grupo de pedagogos simplesmente da opção e os professores escolhem um plano a ser seguido, portanto cabe a estes proporcionar um melhor uso desses conteúdos.

Na minha concepção, como estudante, é que os livros didáticos são apenas um auxiliar na pratica docente. Os educadores devem usar estes como auxiliadores de suas práticas educativas e não como método de ensino.

4 Considerações finais

O livro didático tem certa importância na prática de ensino, de fato, porém muitos professores o consideram como fonte principal na transmissão de conhecimento, tornando assim o processo de ensino-aprendizagem muito chato e cansativo.

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“É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos [...]. Não há docência sem discência [...]. Quem ensina aprende ao ensinar quem aprende ensina ao aprender.” (FREIRE, 2011, P. 25)

Bem como Paulo Freire diz, um educador, ao ensinar, também acaba aprendendo com seu aluno e este, por sinal, transmite conhecimento a outras pessoas. Um professor, ao saber como transmitir conhecimento aos seus alunos, consegue fazer com que eles aprendam mais facilmente e tornem a aula mais interessante.

Todo e qualquer educador não deve usar o livro didático de sua disciplina como fonte principal na transmissão de conhecimento. Estes devem, de fato, analisa-lo e estuda-lo de modo que possam utiliza-lo de maneira mais produtiva e não alienada. Respeitando as condições dos alunos e da região de modo a tentar juntar esses conhecimentos com a vida desses eternos aprendizes.

Ressalto que o livro didático é apenas um auxiliar. Todo e qualquer educador que souber utiliza-lo de forma adequada possivelmente terá mais sucesso no processo de ensino-aprendizagem. O Estado deu a ferramenta agora cabe aos professores saber manuseá-la.

Referências:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo. Ed. Paz e Terra. 2011.

MEC. Programa Nacional do Livro Didático: escolha do livro didático. Disponível em: <www.portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13658&Itemid=984>. Acesso em: 30 out. 2013

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