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Page 1: Roteiro_de_prática_Proteínas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA: Moléculas, Células, Gênese e Níveis de Organização

PROFESSOR: Ricardo Vieira (Bioquímica)

ALUNO(A):

PROTEÍNAS TOTAIS E FRAÇÕES

As proteínas totais (PT) circulantes no sangue correspondem ao componente químico mais abundante depois da água,

é claro. As PT são constituídas de duas frações principais visualizadas em eletroforese: a fração da albumina e das globulinas

(Figura 1).

De uma maneira geral, a concentração de Na+ (natremia) regula a pressão osmótica responsável pela troca de água

entre o líquido intra e extracelular. No entanto, o líquido extracelular é dividido em dois compartimentos: o líquido

intravascular (dentro dos vasos sanguíneos) e o líquido intersticial (nos tecidos) onde a natremia é muito próxima não

havendo movimento de água por osmose. Nesta situação, a albumina presente no sangue em alta concentração e inexistente

no líquido intersticial promove o movimento de água do tecido para o sangue, evitando a formação do edema.

Embora o edema possa ter outras origens, a hipoalbuminemia é uma causa importante e está relacionada com a

formação de edema localizado (p.ex.: ascite no abdômen, edema de membros inferiores etc.) ou generalizado (anasarca)

(Figura 2).

Desta forma, processos inflamatórios e infecciosos induzem a um aumento da fração das albuminas bem como

processos de insuficiência hepática diminuem a fração das globulinas em virtude da diminuição dos fatores da coagulação.

Figura 1 – Eletroforese de proteínas. A maior fração é a

da albumina enquanto que a fração globulina é subdivida

em várias pequenas frações.

A albumina é produzida no fígado e

hipoalbuminemia é um achado típico da

insuficiência hepática crônica, podendo estar

presente, também, em casos de desnutrição

protéica severa. Uma causa patológica

importante de queda da albumina é a

observada na síndrome nefrótica onde a

destruição em massa dos néfrons induz a

perda maciça de albumina na urina

(albuminúria). A função primordial da

albumina é manter a pressão oncótica entre

vasos e tecidos impedido o edema.

Figura 2 – A alta concentração de albumina no sangue promove o movimento de água

do tecido para os vasos sanguíneos (pressão oncótica) fazendo com que a albumina seja

considerada anti-edematosa.

Por outro lado, a fração das globulinas contém diversas

proteínas produzidas não somente no fígado mais em vários outros

tecidos extra-hepáticos. Basicamente, três tipos de proteínas estão

presentes nessa fração de importância clínica: 1) fatores da

coagulação (produzidos no fígado); 2) proteínas de fase aguda (típicas

da resposta inflamatória produzida por tecidos lesados); e 3)

anticorpos (imonoglogulinas ou gama-globulinas, produzidas pelos

linfócitos B).

Page 2: Roteiro_de_prática_Proteínas

Na prática clínica quando se solicita a dosagem de proteínas totais e frações, o laboratório realiza a dosagem

de proteínas totais e da fração albumina, com a fração das globulinas calculadas por simples diferença:

Proteínas totais = Albumina + Globulina � Globulina = Proteínas totais – Albumina

Os valores de referência são:

Proteína Total: 6,0 a 8,0 g/dL Albumina: 3,5 a 5,5 g/dL Globulinas: 1,4 a 3,2 g/dL

As principais utilizações das dosagens de proteínas totais e frações está relacionada com a identificação de

insuficiência hepática crônica, enteropatias, denutrição severa e síndrome nefrótica que cursam com queda das proteínas

totais em virtude de intensa hipoalbuminema.

Todavia, quando esses processos são acompanhados de estados inflamatórios e/ou infecciosos severos com aumento

na produção de proteínas inflamatórias e anticorpos, onde a fração globulina pode aumentar, o que deve ser avaliado pelo

clínico. Um caso interessante ocorre nas hepatites crônicas virais onde há hipoalbuminemia associada a aumento da fração

globulina em virtude da presença de fatores infecciosos e inflamatórios aumentados com intensa produção de anticorpos.

RESPONDA: 1) Qual a importância da dosagem de proteínas totais e frações no diagnóstico

2) Por quais mecanismos um paciente com cirrose hepática (insuficiência hepática crônica) pode desenvolver ascite e um

paciente com desnutrição proteíca pode apresentar-se anasarcado?

3) Qual a importância da fração globulina na avaliação da dosagem de proteínas totais?