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Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy Ribeiro, 70910-900, Brasília, DF – E-mail: [email protected] PROJETO MULTIPLICADORES DO SABER CONVITE E TEXTOS PARA LEITURA 2021/1 Prezada/o estudante, Inicialmente, em nome da atual equipe do projeto de extensão “Multiplicadores do Saber”, agradeço a você pelo interesse em fazer parte do nosso projeto. Caso seja selecionada/o para participar neste semestre, será com imenso prazer que receberemos você em nosso time. O projeto “Multiplicadores do Saber” quer abrir um canal de diálogo com a sociedade, ampliando o alcance dos saberes da universidade. Cabe a você, estudante, levar o conhecimento à sociedade. Como fazê-lo? Não damos receita. Você, dentro de suas possibilidades, deve saber a melhor forma de propagar os saberes aprendidos, escolhendo o público-alvo, o formato da mensagem, seu veículo, suas ênfases, enfim, definir todas as variáveis, visando, sempre, otimizar a multiplicação do saber. O projeto entra em seu oitavo semestre letivo. Já tratamos de migração e refúgio, de fake news, de democracia, de vieses cognitivos, de privacidade, de direitos do consumidor, de engenharia social em segurança da informação. Este semestre será dedicado a tratarmos do autismo. As pessoas nesta condição seguem invisibilizadas e sofrendo preconceitos, a despeito de seu tratamento diferenciado pela lei, que frequentemente é descumprida. Diferentemente de muitos outros grupos sociais inferiorizados, os autistas, especialmente as crianças autistas, não têm voz, nem se conseguem se mobilizar na busca de respeito e de tratamento justo. Neste semestre, o Multiplicadores do Saber busca dar sua contribuição para mudar essa dura realidade. Eis as etapas para participação: 1) Inscrever-se no processo seletivo em sig.unb.br/sigaa até 26 de julho próximo, às 23h59: Menu superior > Bolsas > Oportunidade de Bolsa > Tipo de bolsa: Extensão > Orientador: Daniel Perdigão (digitar, esperar aparecer o nome completo e 1730943, clicar). Escolher o projeto Multiplicadores do Saber e clicar na pessoinha. Colocar "Extensionista Voluntário" no campo Qualificações. Registrar-se como interessado. Caso já esteja inscrito, avançar à etapa 2. 2) Imediatamente após a inscrição no Sigaa, enviar e-mail a [email protected], com assunto “Inscrição Multiplicadores” e, no corpo da mensagem, seu nome, CPF e número de matrícula. Esta é condição obrigatória e indispensável, em razão de a comunicação ser feita integralmente por e-mail. 3) Aguardar resposta do coordenador, também por e-mail, confirmando a validação da inscrição e autorizando o início dos trabalhos. 4) Executar o projeto da melhor forma possível, fazendo a diferença e tendo consciência de que a execução positiva e pública do projeto, de forma verificável e divulgada ao coordenador e ao público amplo, é obrigatória, nos termos do que foi combinado no formulário de inscrição. Não será obrigatório enviar a comprovação de que a atividade foi realizada. Você só precisa manter estes comprovantes: vídeos ou fotos que mostrem

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Page 1: Roteiro do MultiplicadoresA engenharia social depende muito dos seis princípios de influência estabelecidos por Robert Cialdini em As Armas da Persuasão (Ed. Sextante, 2012). A

Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy Ribeiro, 70910-900, Brasília, DF – E-mail: [email protected]

PROJETO MULTIPLICADORES DO SABER

CONVITE E TEXTOS PARA LEITURA 2021/1

Prezada/o estudante,

Inicialmente, em nome da atual equipe do projeto de extensão “Multiplicadores do Saber”, agradeço a você pelo interesse em fazer parte do nosso projeto. Caso seja selecionada/o para participar neste semestre, será com imenso prazer que receberemos você em nosso time.

O projeto “Multiplicadores do Saber” quer abrir um canal de diálogo com a sociedade, ampliando o alcance dos saberes da universidade. Cabe a você, estudante, levar o conhecimento à sociedade. Como fazê-lo? Não damos receita. Você, dentro de suas possibilidades, deve saber a melhor forma de propagar os saberes aprendidos, escolhendo o público-alvo, o formato da mensagem, seu veículo, suas ênfases, enfim, definir todas as variáveis, visando, sempre, otimizar a multiplicação do saber.

O projeto entra em seu oitavo semestre letivo. Já tratamos de migração e refúgio, de fake news, de democracia, de vieses cognitivos, de privacidade, de direitos do consumidor, de engenharia social em segurança da informação. Este semestre será dedicado a tratarmos do autismo. As pessoas nesta condição seguem invisibilizadas e sofrendo preconceitos, a despeito de seu tratamento diferenciado pela lei, que frequentemente é descumprida. Diferentemente de muitos outros grupos sociais inferiorizados, os autistas, especialmente as crianças autistas, não têm voz, nem se conseguem se mobilizar na busca de respeito e de tratamento justo. Neste semestre, o Multiplicadores do Saber busca dar sua contribuição para mudar essa dura realidade.

Eis as etapas para participação:

1) Inscrever-se no processo seletivo em sig.unb.br/sigaa até 26 de julho próximo, às 23h59:

Menu superior > Bolsas > Oportunidade de Bolsa > Tipo de bolsa: Extensão > Orientador: Daniel Perdigão (digitar, esperar aparecer o nome completo e 1730943, clicar). Escolher o projeto Multiplicadores do Saber e clicar na pessoinha. Colocar "Extensionista Voluntário" no campo Qualificações. Registrar-se como interessado. Caso já esteja inscrito, avançar à etapa 2.

2) Imediatamente após a inscrição no Sigaa, enviar e-mail a [email protected], com assunto “Inscrição Multiplicadores” e, no corpo da mensagem, seu nome, CPF e número de matrícula. Esta é condição obrigatória e indispensável, em razão de a comunicação ser feita integralmente por e-mail.

3) Aguardar resposta do coordenador, também por e-mail, confirmando a validação da inscrição e autorizando o início dos trabalhos.

4) Executar o projeto da melhor forma possível, fazendo a diferença e tendo consciência de que a execução positiva e pública do projeto, de forma verificável e divulgada ao coordenador e ao público amplo, é obrigatória, nos termos do que foi combinado no formulário de inscrição.

Não será obrigatório enviar a comprovação de que a atividade foi realizada. Você só precisa manter estes comprovantes: vídeos ou fotos que mostrem

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diálogos e apresentações, impressões de tela de artes divulgadas em redes sociais etc. Eles poderão ser exigidos a qualquer tempo. Se exigidos, aí, sim, deverá enviá-los.

5) Preencher o relatório final dirigido até 23 de agosto, clicando “enviar” ao fim. NÃO HAVERÁ QUALQUER PRORROGAÇÃO DE PRAZO.

Estudantes que entregarem seus relatórios no prazo farão jus à anotação da frequência de julho, agosto, setembro e outubro, 15 horas por mês, totalizando as 60 horas semestrais máximas admitidas atualmente pela UnB.

Todas/os as/os inscritas/os no processo seletivo deste semestre serão convidadas/os à participação no próximo semestre, caso o projeto seja renovado pelo Decanato de Extensão. A adesão deve ser renovada semestralmente pela/o estudante, não é automática. Aguarde pelo convite.

Reforçamos que as/os estudantes têm suas frequências enviadas regularmente ao longo do semestre pelo coordenador do projeto ao Decanato de Extensão (DEX). Este, ao fim do semestre, as envia à Secretaria de Administração Acadêmica (SAA) para anotação no histórico escolar, em processo lento. Este coordenador não possui influência no processo. A/O estudante que tem pressa de obter os créditos deve se dirigir diretamente ao DEX, e não ao coordenador.

Abaixo, encontra-se o material formativo que lhe servirá de base para toda a sua ação: planejamento, execução e relatório. Optamos por um material mais enxuto neste semestre, o que significa que esperamos que você busque, de forma mais ativa, materiais complementares. Para a sua confecção, contamos com o trabalho dos dois bolsistas do projeto: Laura Castro e Gabriel de Mello Duarte.

Seja bem-vinda/o. Permanecemos à disposição para esclarecer outras dúvidas e receber suas sugestões e críticas.

Atenciosamente,

Daniel Perdigão Coordenador do Multiplicadores do Saber

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ROTEIRO DE LEITURA

Como dissemos acima, nesta vigência do projeto, trataremos do autismo. Começamos definindo autismo ou, de forma mais precisa, transtornos do espectro autista, os TEA. A primeira fonte, da Editora Abril, é mais leiga. A segunda, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, é mais aprofundada e confiável, embora a tradução possa conter alguns erros. Nesta última, o tom é de orientação aos pais, o que não afeta o entendimento e a necessidade de leitura para todos.

Para não nos limitarmos à generalização e à teoria, disponibilizamos, em seguida, uma reportagem publicada em O Estado de S.Paulo em 2 de abril de 2020. Dois de abril é o dia aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas para a Conscientização Mundial sobre o Autismo. Na ocasião, representou, também, as primeiras semanas do isolamento, as mais agudas, em função da ainda vigente situação de emergência de saúde pública devida à disseminação do Sars-CoV-2. Autistas e pais de autistas contaram à reportagem sobre as implicações do isolamento e da mudança abrupta de rotina das pessoas e famílias que vivem com os TEA.

Mas nosso foco nesta aplicação do Multiplicadores do Saber neste semestre letivo 2021/1 não é somente no aspecto da saúde. Há uma necessidade de proteger os portadores de TEA, tanto pelo respeito à sua condição particular, quanto pelo cumprimento dos dispositivos legais que os protegem. Nós listamos direitos de pessoas e de famílias que vivem com os TEA. Cabe a toda a sociedade fazer cumprir a lei, com especial atenção àquilo que nos cabe. Uma das leis é universal: reconhecer e garantir o atendimento preferencial em estabelecimentos públicos e privados. Importante, portanto, divulgarmos este direito dos portadores de TEA como dever de todos.

Esperamos que você execute o projeto com qualidade. Reforçamos que a mensagem a ser divulgada ao público externo tem a forma e o veículo que você escolher. Entre as sugestões diversas para a multiplicação dos saberes estão diálogos, poesias, textos, intervenções em rede social, conversas com famílias e grupos de amigos e colegas, composições musicais, vídeos, memes etc., não se limitando a esta pequeníssima lista.

Porém, é importantíssimo ressaltar que você precisa fazer registro da aplicação. Mesmo se você se limitar a conversar com sua família e amigos sobre o tema, vai precisar gravar áudio, vídeo, fotos, fazer “prints” etc., em provas que poderão ser solicitadas a qualquer tempo. Lamentamos, mas temos sido pressionados externamente para que isso ocorra, evitando-se, assim, que estudantes ganhem créditos sem executar trabalho algum.

Desejamos a você uma boa leitura dos documentos anexos e uma boa busca por referências adicionais. Os dedicados bolsistas Laura Castro e Gabriel de Mello Duarte, corresponsáveis pela seleção de textos deste roteiro, indicam, ambos, as cartilhas da Associação Autismo e Realidade:

https://autismoerealidade.org.br/convivendo-com-o-tea/cartilhas

Desejamos, por fim, um bom trabalho.

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O que é autismo, das causas aos sinais e o tratamento Não dá para limitar esse transtorno a um maior isolamento social. Conheça suas características e como lidar com ele

adaptado de Goretti Tenorio e Chloé Pinheiro, Veja Saúde, 2 abr.2018

O autismo é uma condição psiquiátrica que costuma ser identificada na infância, entre 1 ano e meio e 3 anos, embora os sinais iniciais, às vezes, apareçam já nos primeiros meses de vida. O distúrbio afeta a comunicação e capacidade de aprendizado e de adaptação da criança.

Que fique claro: os autistas apresentam o desenvolvimento físico normal. Mas eles têm grande dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas e dão mostras de viver em um mundo isolado.

Anteriormente o problema era dividido em cinco categorias, entre elas a síndrome de Asperger. Hoje, ele uma única classificação, com diferentes graus de funcionalidade e sob o nome técnico de transtorno do espectro autista. O jeito de lidar com cada um varia.

Na forma qualificada como de baixa funcionalidade, a criança praticamente não interage, vive repetindo movimentos e apresenta atraso mental. O quadro provavelmente vai exigir tratamento pela vida toda.

Na média funcionalidade, o paciente tem dificuldade de se comunicar e repete comportamentos. Já na alta funcionalidade, esses mesmos prejuízos são mais leves, e os portadores conseguem estudar, trabalhar e constituir uma família com menos empecilhos.

Há ainda uma categoria denominada savant. Ela é marcada por déficits psicológicos, só que com uma memória fora do comum, além de talentos específicos.

O autismo não possui causas totalmente conhecidas, porém há evidências de que haja predisposição genética para ele. Outros reportam o suposto papel de infecções durante a gravidez e mesmo fatores ambientais, como poluição, no desenvolvimento do distúrbio.

Sinais e sintomas

– Bebês que evitam o contato visual com a mãe, inclusive durante a amamentação

– Choro ininterrupto

– Apatia

– Inquietação exacerbada

– Pouca vontade para falar

– Surdez aparente: a criança não atende aos chamados

– Transtorno de linguagem, com repetição de palavras que ouve

– Movimentos pendulares e repetitivos de tronco, mãos e cabeça

– Ansiedade

– Agressividade

– Resistência a mudanças na rotina: recusa provar alimentos ou aceitar um novo brinquedo, por exemplo

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Fatores de risco

– Sexo masculino: o autismo é de duas a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas

– Predisposição genética

– Poluição

– Infecções como rubéola durante a gravidez

A prevenção

Na falta de causas comprovadamente capazes de provocar o autismo, a recomendação para as grávidas é evitar ambientes com alto nível de poluição, exposição a produtos tóxicos e ingestão de bebida alcoólica, por exemplo. Outra medida bem-vinda é se vacinar contra rubéola para evitar essa doença infecciosa durante a gestação.

O diagnóstico

Não existem exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a identificar o autismo. Em geral, o médico considera o histórico do paciente, a observação de seu comportamento e os relatos dos pais.

A partir daí, ele costuma seguir critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou pela Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. São observados ainda traços como inabilidade para interagir socialmente e comportamento restritivo e repetitivo.

Se por um lado há autistas gravemente incapacitados, que não conseguem nem falar, por outro se encontra o problema em pessoas com alto desempenho em alguma habilidade, como pintar ou fazer contas matemáticas. Pacientes de alta funcionalidade, com ausência dos sinais clássicos da doença, muitas vezes acabam recebendo o diagnóstico correto apenas quando adultos.

O tratamento

Não há cura para o autismo. Remédios para lidar com ele só são prescritos na presença de agressividade e de outras doenças paralelas, como depressão.

O tratamento deve ser multidisciplinar, englobando médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos. Em resumo, tudo isso visa incentivar o indivíduo a realizar, sozinho, tarefas como se vestir, escovar os dentes e comer.

Isso, claro, sempre de acordo com o grau de dificuldade de cada criança. Quando as intervenções são feitas precocemente, há boa chance de melhora nos sinais do autismo.

Fonte: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/o-que-e-autismo-das-causas-aos-sinais-e-o-tratamento

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Transtorno do Espectro Autista (TEA) Guia do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development

traduzido automaticamente e adaptado e ajustado pontualmente

TEA é um transtorno de desenvolvimento complexo que afeta o modo como uma pessoa se comporta, interage com outras, comunica-se e aprende. O National Institute of Child Health and Human Development (NICHD) dos EUA é uma das muitas agências federais e institutos dos National Institutes of Health (NIH) que trabalham para entender o TEA. O NICHD apoia e realiza pesquisas sobre o que causa o autismo, a melhor forma de detectar sinais de autismo, a melhor forma de tratar o autismo e seus sintomas e outros tópicos.

Sobre o autismo

O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno neurológico e de desenvolvimento complexo que começa cedo na vida e afeta como uma pessoa age e interage com outras, comunica-se e aprende. TEA afeta a estrutura e função do cérebro e do sistema nervoso. Por afetar o desenvolvimento, o TEA é chamado de transtorno do desenvolvimento. O TEA pode durar por toda a vida de uma pessoa.

Pessoas com este transtorno têm problemas com:

– Comunicação e interação com outras pessoas

– Interesses restritos e comportamentos repetitivos

Diferentes pessoas com autismo podem ter diferentes sintomas. Por esse motivo, o autismo é conhecido como um transtorno de espectro – o que significa que há uma série de características semelhantes em diferentes pessoas com o transtorno. Este texto usa TEA e autismo significando a mesma coisa.

Ao fornecer um diagnóstico de TEA, um provedor de cuidados de saúde também especificará se a pessoa também tem:

– Problemas intelectuais, incluindo problemas de raciocínio ou memória

– Problemas de linguagem, como problemas de fala

– Outra condição médica ou genética que está relacionada ou contribui para o autismo, como convulsões ou síndrome do X frágil

Em maio de 2013, foi lançada uma versão revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), as diretrizes que os profissionais de saúde usam para diagnosticar diferentes condições de saúde mental. O DSM-5 fez mudanças significativas em como o autismo é classificado e diagnosticado.

Agora: De acordo com o DSM-5, alguém com sintomas de autismo mais graves e alguém com sintomas de autismo menos graves têm o mesmo transtorno: TEA.

Antes: Na versão anterior do DSM, TEA era uma categoria e havia quatro tipos de autismo dentro da categoria. Tratava-se de transtorno autista (autismo “clássico”), síndrome de Asperger (que geralmente envolvia sintomas mais leves, principalmente relacionados a comportamentos sociais), transtorno desintegrativo da infância (no qual o desenvolvimento pareceria típico por vários meses ou anos e, em seguida, perderia as habilidades relacionadas à linguagem, movimento e coordenação e outras funções cerebrais) e transtorno invasivo do desenvolvimento não especificado de outra forma

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(PDD-NOS, ou autismo “atípico”, que incluía algumas, mas não todas, as características do autismo clássico ou síndrome de Asperger).

Os profissionais de saúde não usam mais esses termos para descrever alguém com TEA.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention) rastreiam o número de pessoas que têm TEA. Saiba mais em https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/data.html.

Quais são os sintomas do autismo?

Os sintomas de uma pessoa com autismo podem ser muito diferentes dos sintomas de outra pessoa com autismo. Os profissionais de saúde pensam no autismo como um transtorno de espectro – o que significa que há uma gama de características semelhantes em diferentes pessoas com o transtorno.

Uma pessoa com autismo pode ter sintomas leves, enquanto outra pode ter sintomas mais graves, mas ambas têm transtorno do espectro do autismo (TEA).

Apesar da gama de sintomas possíveis, existem certas ações e comportamentos que são comuns no TEA e podem sinalizar que uma criança está no espectro do autismo. Os pais e cuidadores que perceberem essas “bandeiras vermelhas” devem falar com o profissional de saúde de seus filhos sobre o autismo e o rastreamento da criança para TEA.

Em geral, os principais sinais e sintomas de TEA estão relacionados a:

– Comunicação e interação com outras pessoas

– Rotinas ou comportamentos repetitivos, às vezes chamados de comportamentos estereotipados

Os profissionais de saúde organizam alguns sintomas perceptíveis de autismo em “bandeiras vermelhas” para ajudar os pais e cuidadores a saber o que procurar conforme as crianças crescem e se desenvolvem. Essas bandeiras vermelhas estão listadas abaixo.

Bandeiras vermelhas para TEA

Comunicação

– Não responde ao seu nome aos 12 meses de idade

– Não sabe explicar o que ele / ela quer

– Não segue instruções

– Parece ouvir às vezes, mas não outras vezes

– Não aponta ou acena “tchau”

– Costumava dizer algumas palavras ou balbuciar, mas, agora, não

Comportamentos sociais

– Não sorri de volta quando sorriem para ela

– Tem contato visual ruim

– Parece preferir brincar sozinho

– Pega coisas apenas para si

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– É muito independente para sua idade

– Parece estar em seu “próprio mundo”

– Parece desligar-se das pessoas

– Não está interessada em outras crianças

– Não aponta objetos interessantes aos 14 meses de idade

– Não gosta de brincar de esconde-esconde

– Não tenta atrair a atenção dos pais

Comportamentos Estereotipados

– Fica “preso” fazendo as mesmas coisas indefinidamente e não consegue passar para outras coisas

– Mostra ligações incomuns a brinquedos, objetos ou rotinas (por exemplo, sempre segurando um barbante ou tendo de colocar as meias antes das calças)

– Passa muito tempo alinhando ou colocando as coisas em uma certa ordem

– Repete palavras ou frases (às vezes chamadas de ecolalia)

Outros Comportamentos

– Não brinca de “faz de conta” ou de fingir aos 18 meses de idade

– Tem padrões de movimento estranhos

– Não sabe brincar com brinquedos

– Faz as coisas “cedo” em comparação com outras crianças

– Anda na ponta dos pés

– Não gosta de subir em coisas como escadas

– Não imita caras bobas

– Parece não olhar para o nada ou vagar sem propósito

– Tem acessos de raiva intensos ou violentos

– É excessivamente ativo, não cooperativo ou resistente

– Parece muito sensível ao ruído

– Não gosta de ser balançado livremente ou no colo dos pais etc.

Você pode encontrar marcos específicos por idade no site do Aprenda os Sinais, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA. Aja cedo. Se seu filho não atingir os marcos de desenvolvimento, converse com seu médico sobre o rastreamento de TEA.

Observação sobre essas bandeiras vermelhas

– Algumas dessas bandeiras vermelhas se aplicam apenas a certas idades, portanto, considere o que é típico para outras crianças com a idade de seu filho.

– Algumas bandeiras vermelhas estão mais fortemente associadas ao autismo do que outras.

– Se seu filho mostrar sinais de autismo, converse com seu médico.

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Quando as crianças geralmente apresentam sintomas de autismo?

Com que idade as crianças apresentam sinais de autismo? Os sintomas comportamentais do transtorno do espectro do autismo (TEA) costumam aparecer no início do desenvolvimento. Muitas crianças apresentam sintomas de autismo por volta dos 12 meses aos 18 meses de idade ou antes. Alguns sinais iniciais de autismo incluem:

– Problemas com contato visual

– Sem resposta ao seu nome

– Problemas para seguir o olhar de outra pessoa ou apontar o dedo para um objeto (ou “atenção conjunta”)

– Poucas habilidades em fingir e imitar

– Problemas com comunicação não verbal

Muitos pais não estão cientes desses sinais “precoces” de autismo e não começam a pensar sobre autismo até que seus filhos não comecem a falar em uma idade normal.

A maioria das crianças com autismo não é diagnosticada antes dos 3 anos de idade, embora os profissionais de saúde, muitas vezes, possam observar problemas de desenvolvimento antes dessa idade.

A pesquisa mostra que a detecção e intervenção precoces melhoram muito os resultados; por isso, é importante procurar esses sintomas quando a criança é o mais jovem possível.

Regressão

Algumas crianças com autismo regridem, o que significa que elas param de usar a linguagem, brincadeiras ou habilidades sociais que já aprenderam. Essa regressão pode ocorrer entre as idades de 1 ano e 2 anos. Pode acontecer mais cedo para alguns comportamentos sociais, como olhar para rostos e compartilhar um sorriso. Os pesquisadores não sabem por que algumas crianças regridem ao autismo ou quais crianças têm maior probabilidade de regredir.

Outros primeiros sinais

Também pode haver sinais biológicos precoces de TEA. Estudos recentes mostraram que:

– Pessoas com autismo têm atividades, estruturas e conexões cerebrais únicas, mesmo em idades muito jovens.

– Existem diferenças no crescimento do cérebro em TEA desde os 6 meses de idade.

O que causa o autismo?

Os cientistas não sabem exatamente o que causa o transtorno do espectro do autismo (TEA).

O autismo foi descrito pela primeira vez na década de 1940, mas muito pouco se sabia sobre ele até as últimas décadas. Ainda hoje, há muito que não sabemos sobre o autismo.

Como o transtorno é tão complexo e não há duas pessoas com autismo exatamente iguais, provavelmente há muitas causas para o autismo. Também é

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provável que não haja uma única causa para o autismo, mas sim que resulte de uma combinação de causas.

Os cientistas estão estudando algumas das seguintes possíveis causas ou contribuintes para o TEA.

Genes e TEA

Muitas evidências apoiam a ideia de que os genes são uma das principais causas ou um dos principais contribuintes para o TEA. Mais de 100 genes em diferentes cromossomos podem estar envolvidos na causa do TEA, em diferentes graus.

Muitas pessoas com autismo apresentam pequenas alterações, chamadas mutações, em muitos desses genes. No entanto, a ligação entre mutações genéticas e autismo é complexa:

– A maioria das pessoas com autismo tem diferentes mutações e combinações de mutações. Nem todo mundo com autismo tem alterações em todos os genes que os cientistas vincularam ao TEA.

– Muitas pessoas sem autismo ou sem sintomas de autismo também apresentam algumas dessas mutações genéticas que os cientistas associam ao autismo.

Essa evidência significa que diferentes mutações genéticas provavelmente desempenham papéis diferentes no TEA. Por exemplo, certas mutações ou combinações de mutações podem:

– Causar sintomas específicos de TEA

– Controlar o quão leves ou graves esses sintomas são

– Aumentar a suscetibilidade ao autismo. Isso significa que alguém com uma dessas mutações genéticas corre maior risco de desenvolver autismo do que alguém sem a mutação.

Interações entre genes e ambiente

Se alguém é suscetível a TEA por causa de mutações genéticas, certas situações podem causar autismo nessa pessoa.

Por exemplo, uma infecção ou contato com produtos químicos no ambiente pode causar autismo em alguém que é suscetível por causa de mutações genéticas. No entanto, alguém que é geneticamente suscetível pode não ter um TEA, mesmo que tenha as mesmas experiências.

Outras causas biológicas

Os pesquisadores também estão investigando outros fatores biológicos além dos genes que podem estar envolvidos no TEA. Alguns deles incluem:

– Problemas com conexões cerebrais

– Problemas com crescimento ou supercrescimento em certas áreas do cérebro

– Problemas com o metabolismo (sistema de produção de energia do corpo)

– Problemas no sistema imunológico do corpo, que protege contra infecções

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Como os profissionais de saúde diagnosticam o autismo?

Os profissionais de saúde procuram determinados sintomas ou grupos de sintomas para diagnosticar o transtorno do espectro do autismo (TEA). Se você estiver preocupado com o desenvolvimento de seu filho, converse com seu médico imediatamente. Profissionais de saúde especializados podem, então, examinar a criança e verificar se há problemas específicos, como autismo.

Triagem de desenvolvimento de rotina

O profissional de saúde do seu filho verificará se há problemas com o desenvolvimento do seu filho em todas as consultas do bebê e da criança, mesmo que você não relate nenhum dos sinais de autismo ou outros problemas. Além disso, a Academia Estadunidense de Pediatria recomenda que os profissionais de saúde admi-nistrem uma ferramenta específica do TEA para avaliar o desenvolvimento nas visitas de 18 e 24 meses, independentemente de a criança ter fatores de risco para TEA.

Durante esses exames de desenvolvimento, o profissional de saúde pode:

– Fazer perguntas específicas sobre as ações e o comportamento de seu filho

– Pedir que você preencha um questionário sobre o comportamento de seu filho

– Falar diretamente com a criança

Triagem especializada para TEA

O provedor de cuidados de saúde pode usar um teste de triagem específico para TEA. Este teste pode ser a Lista de Verificação de Autismo em Crianças (Checklist of Autism in Toddlers, CHAT), a Lista de Verificação Modificada para Autismo em Crianças (Modified Checklist for Autism in Toddlers, M-CHAT) ou outro teste.

Além disso, o profissional de saúde também pode recomendar que seu filho faça um exame de sangue para ajudar a descartar algumas outras condições e problemas.

Dependendo dos resultados do exame de sangue e das avaliações de desenvolvimento e outras, o profissional de saúde do seu filho irá:

– Excluir o autismo ou

– Encaminhar seu filho a um especialista em desenvolvimento infantil ou outra área especializada para diagnosticar a criança com autismo. O especialista fará uma série de testes para descobrir se seu filho tem autismo ou outra condição. Isso incluirá testes das habilidades de comunicação do seu filho e observação dos comportamentos da criança.

Como os critérios de diagnóstico para TEA mudaram em 2013, a pesquisa em andamento ajudará a garantir que esses testes de triagem identifiquem com precisão as crianças que atendem aos novos critérios para TEA.

Diagnosticando TEA

A American Psychiatric Association, uma sociedade profissional estadunidense de psiquiatras, atualizou os critérios para um diagnóstico de autismo em maio de 2013. Os critérios estão publicados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição (DSM-5).

De acordo com os critérios do DSM-5, uma pessoa tem TEA se:

– Tem problemas de comunicação e interações sociais, a saber:

- Não responde apropriadamente a pistas sociais e emocionais

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- Tem déficits na comunicação não verbal durante as interações sociais

- Tem problemas para desenvolver e manter amizades e compreender relacionamentos

– Tem pelo menos dois tipos de padrões de comportamento repetitivos. Isso pode incluir movimentos repetitivos, rotinas inflexíveis, interesses muito restritos ou respostas incomuns a certas entradas sensoriais, como a sensação de um objeto específico.

Existem várias ferramentas que os especialistas costumam usar para diagnosticar o autismo. A única ferramenta que atualmente se encaixa nos critérios revisados do DSM-5 é o Cronograma de Observação para Diagnóstico do Autismo (Autism Diagnostic Observation Schedule, ADOS-2). No entanto, ela, sozinha, não é suficiente para fazer um diagnóstico de TEA. As ferramentas de diagnóstico existentes estão sendo modificadas para melhor atender aos critérios do DSM-5.

Durante uma avaliação ADOS-2, o especialista interage diretamente com seu filho em atividades sociais e lúdicas. Por exemplo, o especialista verá se seu filho responde ao próprio nome e como ele se comporta em brincadeiras de faz de conta, como bonecos. O especialista está procurando características específicas que são marcas registradas do TEA. Para ser diagnosticada com TEA, a criança deve ter tido sintomas desde tenra idade.

Como parte do diagnóstico, o especialista também observará se seu filho tem:

– Qualquer distúrbio genético conhecido por causar TEA ou seus sintomas, incluindo síndrome do X frágil ou síndrome de Rett; seu filho pode fazer um teste genético para detectar esses tipos de distúrbios.

– Alguma deficiência de linguagem e o nível de deficiência

– Deficiência intelectual e o nível de deficiência

– Quaisquer condições médicas comuns entre aqueles com TEA, como convulsões, ansiedade, depressão ou problemas com o sistema digestivo

Dependendo dos sintomas e necessidades específicos de seu filho, a equipe de especialistas também pode querer aplicar a seu filho uma série de outros testes. Se seu filho apresentar sintomas de convulsões, um especialista em cérebro ou neurolo-gista pode usar sensores elétricos para observar a atividade cerebral de seu filho.

Seu filho pode precisar de outros testes para determinar a melhor forma de tratar os sintomas de TEA. Um especialista em audição, ou audiologista, pode testar a audição de seu filho, que, às vezes, pode parecer ruim em crianças com TEA. Outros testes podem incluir testes de força muscular e testes da capacidade do seu filho de controlar os movimentos.

Quais são os tratamentos para o autismo?

Atualmente, não existe um tratamento padrão para o transtorno do espectro do autismo (TEA).

Mas existem muitas maneiras de ajudar a minimizar os sintomas e maximizar as habilidades. Pessoas com TEA têm a melhor chance de usar todas as suas habilidades e habilidades se receberem terapias e intervenções apropriadas.

Muitas pessoas com TEA se beneficiam do tratamento, não importa a idade que tenham quando são diagnosticadas. Pessoas de todas as idades, em todos os níveis de habilidade, muitas vezes, podem melhorar após intervenções bem planejadas.

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As terapias e intervenções mais eficazes costumam ser diferentes para cada pessoa. No entanto, a maioria das pessoas com TEA responde melhor a programas altamente estruturados e especializados. Em alguns casos, o tratamento pode reduzir muito os sintomas e ajudar as pessoas com autismo nas atividades diárias.

A pesquisa mostra que o diagnóstico precoce e as intervenções, como durante a pré-escola ou antes, têm maior probabilidade de ter efeitos positivos importantes sobre os sintomas e habilidades posteriores. Leia mais sobre as intervenções precoces para o autismo.

Como pode haver sobreposição de sintomas entre TEA e outros transtornos, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), é importante que o tratamento se concentre nas necessidades específicas de uma pessoa, ao invés do rótulo diagnóstico. São tipos de tratamento para TEA:

– Terapia de gestão comportamental

– Terapia cognitivo-comportamental

– Intervenção precoce

– Terapias educacionais e escolares

– Terapia de atenção conjunta

– Tratamento medicamentoso

– Terapia nutricional

– Terapia ocupacional

– Terapia mediada pelos pais

– Fisioterapia

– Treinamento de habilidades sociais

– Fonoaudiologia

Se você tiver alguma dúvida sobre o tratamento, converse com um profissional de saúde especializado em cuidar de pessoas com TEA. Estas fontes têm mais informações sobre os tratamentos para o autismo:

– O Centro de Controle e Prevenção de Doenças descreve algumas opções de tratamento. http://www.cdc.gov/ncbddd/autism/treatment.html

– A organização Autism Speaks oferece um guia de Recursos de Serviços à Família. Você pode pesquisar o guia para encontrar serviços e cuidados relacionados ao autismo em sua área. http://www.autismspeaks.org/community/fsdb/search.php

(Nota: uma associação brasileira equivalente à Autism Speaks é a Autismo e Realidade.)

Fonte: https://www.nichd.nih.gov/health/topics/autism

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Isolamento exige mudanças e cria novos desafios para pais de crianças com autismo

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, pais de crianças autistas e um jovem com o transtorno falam sobre a rotina em meio à quarentena

adaptado de João Pedro Malar, O Estado de S.Paulo, 2 abr.2020.

Em 2020, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, ocorre em meio a um cenário anormal. Com a pandemia do novo coronavírus avançando pelo Brasil, os pais de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) estão tendo de lidar com os problemas que a quarentena tem trazido para as famílias que convivem com o autismo.

O isolamento tem afetado diversos aspectos da vida de pais e filhos. Para os pais de crianças com autismo, porém, essas mudanças vão mais além. Há a dificuldade em encontrar alternativas para as terapias, feitas de forma presencial e essenciais para o desenvolvimento cognitivo e comportamental de crianças com TEA. Além disso, a mudança repentina de rotina pode facilitar a ocorrência de crises, afetando o humor da criança.

Amanda Ribeiro, que é empresária e mãe de Artur, de 4 anos, que possui TEA, comenta que a primeira semana de isolamento foi a mais difícil, pois ela tentou manter a rotina anterior ao isolamento. “Foi uma semana cansativa e desgastante”, relata Amanda.

Ela percebeu que não seria possível continuar desse jeito, e reestruturou a rotina, não só do filho, como dela também. Para evitar que Artur perdesse algumas das habilidades que desenvolveu com a terapia, a mãe decidiu manter com um acompanhamento online, e ela realizando as tarefas.

“Eu não gosto de aplicar a terapia, porque não sou terapeuta, sou mãe. É muito difícil; na primeira sessão, ele chorou, desorganizou tudo, correu. Eu terminei a sessão destruída”, relata Amanda. Apesar disso, com o tempo, o filho foi se acostumando, e a mãe avalia que, agora, as sessões têm rendido e dado certo.

Um ponto positivo que ela ressalta é que tem tido mais contato com o filho e consegue se dedicar a coisas que não eram possíveis antes, pela falta de tempo. “A gente conseguiu continuar o processo de desfralde dele. Hoje, já não está mais usando fralda. Independentemente de tudo, essa conquista é muito importante para mim, me deixou muito feliz”, comenta.

A publicitária Elaine Marques Marucci enfrenta desafios diferentes dos de Amanda. Ela é mãe de Alicia Marques, que tem 17 anos de idade e é autista. Alicia havia conseguido, recentemente, um emprego, uma conquista muito comemorada por toda a família, mas teve que se afastar por causa da necessidade de isolamento.

“Ela estava com mais autoestima, com a sensação de que havia sido reconhecida. Ficou arrasada com o afastamento”, relata Elaine. Apesar da manutenção de outras atividades, as mudanças bruscas de rotina afetaram bastante o humor de Alicia, que estava ficando mais desanimada.

A publicitária comenta que a filha chegou ao limite, até que pediu para passear um pouco. Elaine está morando em uma cidade pequena, e ressalta que tomou todos os cuidados e fez uma caminhada rápida e curta, mas que sentiu que a filha precisava disso. “Foi ótimo, ela finalmente sorriu enquanto caminhava, algo que não fazia desde o início do isolamento”, comenta a mãe.

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A família também reestruturou a rotina. As atividades se aliam a conversas com a filha, para falar sobre como ela está sentindo, lembrar do que já conquistou, tentar acalmá-la e a distrair do cenário atual. “A gente tenta exercitar um pensamento positivo, dar estímulos produtivos, reforçar o que já conquistou e evitar que ela desenvolva pensamentos negativos”, resume Elaine.

Keitaro Urashima tem 20 anos, é animador de festas e possui autismo. Ele co-menta que o que mais o afetou com o cenário de quarentena foi a perda da rotina. ”Eu me senti preso, como se estivesse em um eterno domingo, o que fez minha produtivi-dade ir a zero nos primeiros dias, e, na verdade, ainda estou me recuperando”, relata.

“É uma situação que ninguém esperava viver”, comenta Keitaro. No momento, ele está analisando se precisará realizar a terapia online, e recomenda que as pessoas tentem readequar a rotina para o cenário atual, para evitar estresses e crises. Para ele, algo simples, como definir o que irá comer no dia, já o acalma, pois é algo que pode controlar e garantir que saia como espera.

As duas mães recomendam que os pais tentem tirar um tempo para eles, para que consigam relaxar, descansar e manter um bem-estar psicológico, essencial no cuidado dos filhos. “Não se cobre tanto. Faça um planejamento. É muita coisa para fazer, se eu for fazer tudo o que preciso fazer como mãe, precisaria de uns três dias dentro de um só. Escolha as batalhas que você vai lutar. A gente vai surtar se tentar fazer tudo”, aconselha Amanda.

Fonte: https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,isolamento-exige-mudancas-e-cria-novos-desafios-para-pais-de-criancas-com-autismo,70003257055

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Conheça os direitos da pessoa com autismo Na coluna quinzenal da Defensoria Pública da União, confira quais são os direitos de

quem vive com essa condição

adaptado de DPU de Santa Catarina, no jornal Hora de Santa Catarina, 15 fev.2021.

Olá! Na coluna de hoje, a Defensoria Pública da União (DPU) falará sobre os direitos das pessoas com autismo. Essa condição neurológica pode afetar a comunicação e o comportamento social em diferentes níveis de intensidade. Pessoas com autismo são muito diversas entre si e devem ter suas particularidades respeitadas.

Para assegurar os direitos comuns a quem vive com a condição, desde 2012, existe a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que contém diretrizes como formulação de políticas públicas, inserção da pessoa com autismo no mercado de trabalho e divulgação de informações públicas sobre autismo.

São direitos da pessoa com autismo a vida digna, a integridade física e moral, o lazer, a cultura, o livre desenvolvimento da personalidade, o acesso a serviços de saúde e a informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento, assim como o acesso à educação e ao ensino profissionalizante, à moradia, à previdência social e à assistência social.

Educação

A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência pela Política Nacional sobre o tema. Ou seja, está inclusa em todas as leis e

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direitos que valem para as pessoas com deficiência. A educação é um dos direitos sociais fundamentais previstos na Constituição Federal, e o Estado tem o dever de garantir atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. A Lei Federal nº 12.796/2013 considera educação especial a modalidade oferecida a estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

O Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê como direito um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.

Os estudantes com autismo têm, então, direito ao pleno acesso ao currículo escolar em condições de igualdade, promovendo o exercício de sua autonomia. Quando necessário, a escola regular tem que oferecer serviços de apoio especializado, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96). Vale destacar que é obrigação da família, da comunidade escolar e da sociedade resguardar a pessoa com deficiência de toda forma de violência, discriminação e negligência.

Acesso à educação superior, à educação profissional e tecnológica e a jogos e atividades recreativas, esportivas e de lazer em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas no sistema escolar também são direitos garantidos. Gestor ou autoridade que recusar matrícula de aluno com autismo ou qualquer outro tipo de deficiência será punido com multa de três a 20 salários-mínimos e, em caso de reincidência apurada por processo administrativo, poderá perder o cargo.

Em provas como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares, é possível receber atendimento especializado, que pode incluir mais tempo para resolver as questões ou outras adaptações necessárias para a pessoa com autismo. No caso do Enem, a solicitação é feita no ato da inscrição, e a comprovação ocorre por meio de laudos médicos e de contatos dos funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Saúde

Pessoas com autismo têm direito à atenção integral à saúde em todos os níveis de complexidade por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o que inclui serviços de diagnóstico, atendimento, habilitação e reabilitação, tratamento ambulatorial e internação prestados por equipe multidisciplinar. O atendimento psicológico para a pessoa com autismo, seus familiares e atendentes pessoais, medicamentos, insumos e fórmulas nutricionais também são previstos em lei.

Operadores de planos e seguros privados de saúde são obrigados a garantir, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes e são vedadas todas as formas de discriminação, como a cobrança de valores diferenciados em razão da condição de pessoa com deficiência.

Quando esgotados os meios de atenção à saúde da pessoa no local de residência, será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, estando garantidos transporte e acomodação da pessoa e de seu acompanhante. Caso algum tratamento de saúde previsto não seja liberado, a reclamação pode ser registrada na Central de Atendimento ao Consumidor da Agência Nacional de Saúde Suplementar, discando 0800-7019656. Outra opção é procurar auxílio jurídico de advogado ou da Defensoria Pública, caso não tenha condições de arcar com os custos do serviço particular.

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Previdência Social

A pessoa de baixa renda com autismo e inscrita no CadÚnico pode ter direito ao BPC/Loas no valor de um salário-mínimo, se cumprir todos os critérios. O BPC é um benefício do INSS pago a idosos ou pessoas com deficiência de baixa renda. No caso do autismo, o benefício pode ser concedido à pessoa ainda na infância. Para fazer a solicitação, é preciso reunir documentos como atestados médicos, relatórios escolares (no caso de crianças) e elaborados por profissionais de psicologia, serviço social e terapia ocupacional, além de comprovantes de despesas médicas que não são cobertas pelo SUS. Solicite o BPC por meio do aplicativo Meu INSS ou pelo fone 135.

Se ficar sem resposta ou tiver o pedido negado, procure a DPU que atende seu município. Nas cidades onde a Defensoria não atua, busque o Juizado Especial Federal mais próximo. Caso receba o BPC, confira com a distribuidora de energia da sua localidade se você possui direito à tarifa social.

Outros direitos

Existe a possibilidade, se necessário, de nomear parentes próximos para responderem pelos atos da vida civil e cuidar dos interesses de outra pessoa, como tomar decisões sobre sua saúde, por exemplo, mesmo após a maioridade. O ato é chamado curatela e feito por juiz(a). Pessoas com autismo também têm direito à isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), para uso próprio ou do responsável legal quando estiver a seu serviço. O pedido é feito e analisado pela Secretaria de Estado da Fazenda.

Por fim, pessoas com autismo têm direito a usar os bancos reservados no transporte coletivo e à prioridade no atendimento conforme a Lei Federal 10.048/2000. Em casos de discriminação, registre Boletim de Ocorrência em uma delegacia de polícia.

Servidores públicos federais que tenham cônjuge, filho ou dependente com deficiência de qualquer natureza podem ter redução de jornada de trabalho, quando comprovada a necessidade por junta médica, independentemente de compensação de horário (Lei 13.370/2016).

A Lei Federal nº 13.977 de 8 de janeiro de 2020 cria a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), que deve facilitar o atendimento prioritário já garantido por lei. Imigrantes também podem solicitar o documento. Se o imigrante tiver visto temporário, autorização de residência, for residente fronteiriço ou solicitante de refúgio, basta apresentar a Cédula de Identidade de Estrangeiro, a Carteira de Registro Nacional Migratório ou o Documento Provisório de Registro Nacional Migratório para fazer a Carteira.

Fonte: https://www.nsctotal.com.br/noticias/conheca-os-direitos-da-pessoa-com-autismo

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As conquistas e os direitos dos autistas

recortes adaptados de Tatiana Viola de Queiroz, Revista Reação, 22 set.2020.

Por ser um transtorno que traz dificuldade de interação social; déficit de comunicação social, tanto quantitativo quanto qualitativo, e padrões inadequados de comportamento que não possuem finalidade social, pessoas que estão no espectro autista enfrentam dificuldades e precisam que a ajuda para superar tais obstáculos estejam garantidas em lei para que haja uma maior probabilidade de respeito.

Como já dito, mas sempre importante ressaltar, autismo não é uma doença, mas uma característica que precisa de atenção especial. No entanto, para salvaguardar os direitos da pessoa incluída no TEA, a lei 12.764/12, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, considerou tal transtorno como deficiência, para que as pessoas possam ter seus direitos respeitados.

A Lei nº 13.146 de 2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), define quem é a pessoa com deficiência e determina como deve ser a sua reabilitação, bem como a obrigatoriedade no diagnóstico e intervenção precoces.

No âmbito do direito à saúde, para quem é beneficiário de plano de saúde particular, o principal problema enfrentado é o limite de sessões anuais de terapias que os planos privados impõem; no entanto, é fundamental destacar que esse consumidor está amparado pela lei para que todas as sessões prescritas pelo médico sejam fornecidas ou custeadas. Esse usuário tem o amparo da lei 9.656/98, que dispõe sobre planos e seguros saúde e determina cobertura obrigatória para as doenças listadas na CID-10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde, uma relação de enfermidades catalogadas e padronizadas pela Organização Mundial de Saúde.

A Lei 10.048 de 08/11/2000, em seu artigo 1º, determina que as “pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei”. Dessa forma, por serem considerados deficientes pela legislação, os autistas têm direito à fila preferencial, bem como ao atendimento preferencial em estabelecimentos públicos e privados. Os autistas também têm direito aos assentos preferenciais em transportes coletivos. Como o autismo não “tem cara”, caso haja qualquer questionamento ou problema, basta informar sobre a condição. No entanto, é importante ter sempre o laudo médico em mãos para a necessidade de comprovação.

Para os autistas maiores de 18 anos que não possuem capacidade de gerir e decidir sobre a sua própria vida, há um instituto chamado de curatela. Por meio da curatela, uma pessoa maior e capaz ficará responsável por cuidar de todas as questões relacionadas a essa pessoa que precisa. Para que isso ocorra, é necessário um laudo médico para iniciar um processo judicial, pelo qual será feito um estudo social, com acompanhamento do Ministério Público. No final, o juiz decidirá se é caso de interdição com a instituição da curatela. Importantíssimo destacar que não é porque é autista e maior de idade que cabe a interdição e a curatela: esta somente será aplicada se ficar comprovado que a pessoa não tem capacidade de gerir a própria vida. Por isso, a curatela somente será concedida via ordem judicial, após a intervenção do Ministério Público e mediante um laudo médico detalhado.

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Em algumas cidades do país, como São Paulo, há restrição de circulação de veículos automotores em horários específicos. Para as pessoas autistas, é possível solicitar a liberação desse rodízio. A placa do veículo será cadastrada e, mesmo que seja recebida alguma notificação de infração, esta será cancelada automaticamente. Além disso, por ser deficiente, o autista tem direito a estacionar o carro em vagas especiais. No entanto, para comprovar esse direito, é obrigatório o uso do cartão Defis, pois, caso não coloque o cartão, o automóvel pode ser multado e, até mesmo, guinchado.

O Decreto Federal 8.537/2015, que regulamenta a Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, e a Lei nº 12.933, de 26 de dezembro de 2013, dispõe o benefício da meia- -entrada para acesso a eventos artístico-culturais e esportivos por pessoas com deficiência e seu acompanhante. Sendo assim, o autista tem direito à meia-entrada em eventos culturais e esportivos, bem como o seu acompanhante. É importante frisar que não há necessidade de ser baixa renda. Para que o acompanhante tenha direito, também não é preciso que o deficiente dependa dele para realizar as suas atividades.

Como determina a lei, empresas com mais de 100 funcionários têm obrigação de incluir pessoas com alguma deficiência em seu quadro; por conta disso, muitas disponibilizam vagas exclusivas para autistas. No entanto, não basta empregar; é preciso proporcionar condições ideais de trabalho, de acordo com as características de cada indivíduo, adequando o local e o modo de trabalho, minimizando qualquer dificuldade. Além disso, é fundamental preparar a equipe para receber e acolher esse novo profissional, fornecendo as informações necessárias para que os funcionários conheçam mais sobre o TEA e, claro, ressaltar a necessidade do respeito às possíveis situações de dificuldade de expressão, entre outras.

Ainda há muito por fazer

Como vimos, os autistas já garantiram inúmeros direitos. No entanto, ainda há muito por fazer, especialmente quanto ao preconceito e ao efetivo cumprimento da legislação vigentes.

Um grande problema enfrentado pelas crianças autistas é a discriminação no âmbito escolar. Muitas instituições de ensino, inclusive, se recusam a matricular tais crianças. É imprescindível lembrar que, para as escolas que recusarem tais matrículas, a Lei 12.764 prevê multa de 3 a 20 salários-mínimos. Não é possível estabelecer limite de vagas para alunos portadores de qualquer tipo de deficiência por turma. Pelo contrário: a matrícula destas crianças é obrigatória, de acordo com a Lei Federal nº 7.853/89. O Estatuto da Pessoa com Deficiência determina, em seu artigo 27, que um sistema educacional inclusivo constitui um direito da pessoa com deficiência. E o artigo 4º da Lei 12.746/2012 dispõe que a pessoa autista não sofrerá discriminação por motivo da deficiência. Dessa forma, limitar o número de vagas em razão da deficiência caracteriza conduta discriminatória e ilegal.

Importante fazermos uma diferenciação: uma coisa é não ter vaga na escola para nenhum aluno e, por isso, a matrícula ser negada. Quanto a isso, não há ilegalidade. Outra coisa, bem diferente, é alegar que não há vaga apenas para as crianças deficientes; isso, sim, é ilegal. Além das negativas de matrículas, todo tipo de preconceito sofrido poderá ser denunciado, como impedimento na contratação de planos de saúde, cobertura negada, discriminação no mercado de trabalho ou em qualquer outro local e situação.

Outra grande dificuldade enfrentada é o bullying, que é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva,

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por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Estas situações devem ser comunicadas à coordenação e à direção da escola, que irão definir as estratégias de intervenção a partir de seu projeto pedagógico e das diretrizes apontadas pela Secretaria Estadual de Educação.

No mercado de trabalho, apesar da lei determinar o emprego de deficientes, estima-se que cerca de 80% das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estejam fora do mercado de trabalho. Só no Brasil, esse número pode chegar a 1,4 milhão. Ou seja, essa é uma deficiência com maior dificuldade de acesso ao mercado de trabalho.

A sorte de problemas enfrentados é tão grande que há um projeto de lei (PL 1688/19) tramitando em caráter de urgência na Câmara dos Deputados para a criação de um disque-denúncia para relato de casos de discriminação. O objetivo da lei é obrigar o poder público a criar esse canal e oferecê-lo à população em âmbito nacional.

Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, há cerca de dois milhões de pessoas enquadradas no espectro. No entanto, essa informação fora obtida em uma amostra realizada na cidade de Atibaia/SP e replicada para o restante do país.

A boa notícia é que os censos demográficos realizados a partir de 2019 incluirão as especificidades inerentes ao transtorno do espectro autista: perguntas sobre o autismo. A nova regra, instituída pela Lei 13.861 de 2019, contribuirá para determinar quantas pessoas no Brasil apresentam esse transtorno e como elas estão distribuídas pelo território, obtendo, dessa forma, um número mais verdadeiro. Com tais dados é possível direcionar as políticas públicas de forma mais adequada, para que os recursos sejam corretamente aplicados em prol de quem tem autismo. Esperamos que os censos realmente nos deem melhores e mais verdadeiros números relacionados ao autismo, para que políticas públicas adequadas sejam elaboradas e colocadas em prática.

Como se viu, inúmeras garantias e direitos foram alcançados. Contudo, ainda há muito por fazer. Grande parte disso depende da mobilização da sociedade, de pais, professores, médicos, terapeutas e todas as pessoas direta e indiretamente relacionadas ao autismo, para que exijam que a legislação em vigor seja cumprida. Cabe a nós, enquanto sociedade, exigir o efetivo cumprimento da lei, para que os autistas tenham seus direitos garantidos na prática.

Fonte: https://revistareacao.com.br/as-conquistas-e-os-direitos-dos-autistas

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É hora do relatório obrigatório (disponibilizado em agosto): multiplicadores.boaprova.com