romantismo - a moreninha

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- ANÁLISE: - A MORENINHA – JOAQUIM MANUEL DE MACEDO - PROSA ROMÂNTICA: O romance romântico: o texto em prosa predominou no Romantismo, sendo a forma de expressão mais significativa do gosto burguês na Literatura. A Burguesia buscou na Arte mais uma forma de entretenimento, tornando a leitura hábito do cotidiano, acessível ao gosto médio. Os gêneros discursivos em prosa cultivados no Romantismo foram o romance – narrativa longa em prosa, com personagens centrais envolvidos em um conflito central, com apresentação, complicação, clímax e desfecho, e personagens e conflitos secundários – a novela – narrativa que apresenta conflitos intercalados – e o conto – narrativa curta, que apresenta personagens centrais e conflito único. O termo Romantismo deriva da palavra romance e identifica o movimento artístico, que é distinto de romantismo, estado de espírito. O romance romântico apresenta o esquema básico da narrativa, introduz os personagens centrais e o conflito amoroso, este se complica por motivos sociais/ morais, chega ao clímax e traz o desfecho aguardado pelo público: feliz, se os personagens seguem o padrão burguês, ou trágico, caso os personagens cometam uma transgressão do padrão burguês de comportamento. Os romances defendem o moralismo burguês: família, casamento e trabalho. Quando ocorre o happy end, normalmente uma peripécia o precede. A peripécia é um recurso usado desde as comédias gregas e consiste em um fato que muda o rumo dos acontecimentos, beneficiando os protagonistas. Os personagens do romance romântico são planos, idealizados, assim como o sentimento que os move. Representam ou o arquétipo de comportamento social, o herói/a heroína burgueses, normalmente médico, advogado, jornalista, ou o herói nacional, o representante de um povo, o cavaleiro medieval na Europa, o índio no Brasil. Os temas desenvolvidos e a linguagem aproximam- se de seu público. Os elementos do romance identificam-se com o universo dos leitores, trazendo a eles o mundo que eles sonham. - Joaquim Manuel de Macedo – A Moreninha:

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Conta a obra sobre o romantismo no brasil

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Page 1: Romantismo - A moreninha

- ANÁLISE:

- A MORENINHA – JOAQUIM MANUEL DE MACEDO

- PROSA ROMÂNTICA:

O romance romântico: o texto em prosa predominou no Romantismo, sendo a forma de expressão mais significativa do gosto burguês na Literatura. A Burguesia buscou na Arte mais uma forma de entretenimento, tornando a leitura hábito do cotidiano, acessível ao gosto médio.

Os gêneros discursivos em prosa cultivados no Romantismo foram o romance – narrativa longa em prosa, com personagens centrais envolvidos em um conflito central, com apresentação, complicação, clímax e desfecho, e personagens e conflitos secundários – a novela – narrativa que apresenta conflitos intercalados – e o conto – narrativa curta, que apresenta personagens centrais e conflito único. O termo Romantismo deriva da palavra romance e identifica o movimento artístico, que é distinto de romantismo, estado de espírito.

O romance romântico apresenta o esquema básico da narrativa, introduz os personagens centrais e o conflito amoroso, este se complica por motivos sociais/ morais, chega ao clímax e traz o desfecho aguardado pelo público: feliz, se os personagens seguem o padrão burguês, ou trágico, caso os personagens cometam uma transgressão do padrão burguês de comportamento. Os romances defendem o moralismo burguês: família, casamento e trabalho.

Quando ocorre o happy end, normalmente uma peripécia o precede. A peripécia é um recurso usado desde as comédias gregas e consiste em um fato que muda o rumo dos acontecimentos, beneficiando os protagonistas.

Os personagens do romance romântico são planos, idealizados, assim como o sentimento que os move. Representam ou o arquétipo de comportamento social, o herói/a heroína burgueses, normalmente médico, advogado, jornalista, ou o herói nacional, o representante de um povo, o cavaleiro medieval na Europa, o índio no Brasil. Os temas desenvolvidos e a linguagem aproximam-se de seu público. Os elementos do romance identificam-se com o universo dos leitores, trazendo a eles o mundo que eles sonham.

- Joaquim Manuel de Macedo – A Moreninha:

- O autor: nascido em Itaboraí, RJ, em 24 de junho de 1820, foi médico, jornalista, político e o primeiro romancista brasileiro. Faleceu no Rio de Janeiro, 11 de abril de 1882, deixando uma obra ampla, mas que o tempo se encarregou de provar a pouca consistência. Seu primeiro livro, A Moreninha, escrito quando concluía o curso de Medicina, estabeleceu a popularidade do folhetim brasileiro, abrindo o caminho para Manuel Antônio de Almeida e José de Alencar, os principais autores de folhetins do Romantismo urbano.

- A OBRA:

O romance A Moreninha é considerado o primeiro romance romântico brasileiro. Apresenta uma linguagem simples, um enredo que prende o leitor com algum suspense e um final feliz típico dessa fase do movimento do Romantismo. A obra remonta o cenário da alta sociedade carioca em meados do século XIX. Joaquim Manuel de Macedo ganhou notoriedade na corte carioca, pois a obra caiu no gosto do público. A obra mostra os costumes e a organização da sociedade que se formava no século XIX no Rio de Janeiro: os estudantes de medicina, os bailes, a tradição da festa de Sant’Ana , o flerte das moças etc. Também está presente a

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cultura nacional, através da lenda da gruta, em que o choro de uma moça que se apaixonou por um índio e não foi correspondida se transforma na fonte que corre na gruta.

A idealização do amor puro, que nasce na infância e permanece apesar do tempo, é uma das principais características que enquadram a obra como romântica. Além disso, a menção à tradição religiosa (festa de Sant’Ana), o sentimentalismo e caracterização da natureza através da ilha, da gruta e do mar contribuem para montar o cenário do amor romântico entre Augusto e Carolina. A linguagem da obra é simples, com a presença do popular. O narrador é onisciente, em terceira pessoa. O romance se desenrola em três semanas e meia, em tempo cronológico. A leitura leve, o suspense presente no decorrer do romance e o final feliz fizeram da obra uma referência, que teve repercussão não só na época de sua escrita, como também é lida até hoje.

A Moreninha conta a história de amor entre Augusto e D. Carolina (a moreninha). Tudo começa quando Augusto, Leopoldo e Fabrício são convidados por Filipe para passar o feriado de Sant’Ana na casa de sua avó. Os quatro amigos estudantes de medicina vão para a Ilha passar o feriado e lá encontram D. Ana, a anfitriã, duas amigas, a irmã de Filipe, D. Carolina e suas primas Joana e Joaquina. Antes de partirem Filipe havia feito uma aposta com Augusto: se este voltasse da Ilha sem ter se apaixonado verdadeiramente por uma das meninas, Filipe escreveria um romance por ter perdido a aposta. Caso se apaixonasse, Augusto é quem deveria escrevê-lo.

- Personagens do romance:

- Filipe: estudante de medicina, amigo de Augusto. Faz o convite aos colegas para passarem o feriado na casa de sua avó.

- Leopoldo: o mais animado dos amigos de Augusto, também estudante de medicina.

- Fabrício: é prático e um tanto mesquinho quando se trata de relacionamentos. Pede ajuda a Augusto para livrar-se de Joaquina.

- Augusto: é volúvel e inconstante nos relacionamentos amorosos. Apaixona-se facilmente, mas dura pouco, por isso afirma nunca ter amado. Apesar da inconstância, é romântico. Pois não engana as moças, apenas é volúvel.

- Joana: prima de Filipe. Tem dezessete anos, cabelos e olhos negros, é pálida.

- Joaquina: prima de Filipe. Tem dezesseis anos, é loura de olhos azuis e tem faces cor-de-rosa.

- D. Ana: avó de Filipe. Dona da casa na ilha, senhora amável de sessenta anos que nutre um carinho especial pela neta (a Moreninha) que criou após ter ficado órfã.

- Moreninha: irmã de Filipe. Menina de quatorze anos, travessa, engraçada e impertinente.

- D. Violante: uma senhora amiga de D. Ana. Era inconveniente e chateou Augusto com lamentações e assuntos de doenças.

- Resumo:

Augusto era um jovem namorador e inconstante no amor. Fabrício revela a personalidade do amigo a todos num jantar, o que faz Augusto ser desprezado pelas moças, menos por Carolina. Sentindo-se sozinho, Augusto revela a D. Ana, em uma conversa pela Ilha, que sua inconstância no amor tem a ver com as desilusões amorosas que já viveu e conta um episódio que lhe

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aconteceu na infância. Em uma viagem com a família, Augusto apaixonou-se por uma menina com quem brincara na praia. Ele e a menina ajudaram um homem moribundo e, como forma de agradecimento, o homem deu a Augusto um botão de esmeralda envolvido numa fita branca e deu a menina o camafeu de Augusto envolvido numa fita verde. Essa era a única lembrança que tinha da menina, pois não havia lhe perguntado nem o nome.

O fim de semana termina e os jovens retornam para os estudos, mas Augusto se vê com saudades de Carolina e retorna a Ilha para encontrá-la. O pai de Augusto, achando que isso estava atrapalhando seus estudos, proíbe o filho de visitar Carolina. Depois de um tempo distantes, Augusto volta a Ilha para se declarar a Carolina. Mas ela o repreende por estar quebrando a promessa feita a uma garotinha há anos atrás. Augusto fica confuso e preocupado, até que Carolina mostra o seu camafeu. O mistério é desfeito, e, para pagar a aposta, Augusto escreve o livro A Moreninha.