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As Santas Missões Populares Formação dos Fiéis Leigos O Conteúdo do Querigma: Da Criação à Parusia “Não te envergonhes, pois, de dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro; pelo contrário, participa do meu sofrimento pelo evangelho, confiando no poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com vocação santa, não em virtude de nossas obras, mas em virtude do seu próprio

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As Santas Missões PopularesFormação dos Fiéis Leigos

O Conteúdo do Querigma:

Da Criação à Parusia“Não te envergonhes, pois, de dar testemunho de nosso Senhor,

nem de mim, seu prisioneiro; pelo contrário, participa do meu sofrimento pelo evangelho, confiando no poder de Deus, que nos

salvou e nos chamou com vocação santa, não em virtude de nossas obras, mas em virtude do seu próprio desígnio e graça. Essa graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos

eternos, foi manifestada agora pela aparição de nosso Salvador, o Cristo Jesus. Ele não só destruiu a morte, mas também fez brilhar

a vida e a imortalidade pelo Evangelho, para o qual fui constituído pregador, apóstolo e doutor.” (2Tm 1,8-11)

Apostila 2/3 Pe. Genival Antônio Pessotto

Abril/2015

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Índice

1. O Plano da Salvação (Mistério Pascal) 04 1.1 Mistério Pascal: A Encarnação 04 1.2 Mistério Pascal: A Morte (Redenção, Expiação) 06 1.3 Mistério Pascal: A Ressurreição 102. Justificação, Graça e Mérito 12 2.1. Justificação/Salvação 12 2.1.1.Tese: Deus salva a todos pela fé em Jesus Cristo 12 2.1.2. Toda a humanidade pecou e precisa da expiação 12 2.1.3. Não julgue a ninguém, pois você comete os mesmos erros 13 2.1.4. Se todos somos pecadores, qual a vantagem de ser católico? 15 2.1.5. A justiça de Deus consiste na salvação como dom gratuito de Deus para toda a humanidade

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2.2 A Graça 20 2.2.1. Abraão salvo pela Fé e não pelas obras 20 2.2.2. Cristo conquistou a salvação para todos sem exceção 21 2.3. O Mérito 25 2.3.1. Se a Graça perdoa tudo então podemos pecar à vontade? 25 2.4. A Santidade Cristã 30 2.4.1. A Vida no Espírito (Corpo Místico de Cristo) 30 2.5. Salvação Universal pelos méritos de Cristo 33 2.5.1. Conclusão da Tese: Salvação para Todos pela Fé em Jesus Cristo 34

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CreioCreio em um só Deus, Pai onipotente, criador do céu e da terra,

de todas as coisas visíveis e invisíveis.Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,

Filho unigênito de Deus,nascido do Pai, antes de todos os séculos:

Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.Gerado, não criado, consubstancial ao Pai.

Por ele todas as coisas foram feitas.Ele, por amor de nós, e para nossa salvação, desceu dos céus;

e se encarnou por obra do Espírito Santo,em Maria Virgem, e se fez homem.

Também por amor de nós foi crucificado, sob Pôncio Pilatos;padeceu e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras,e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.

E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; E o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo,Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho;

e com o Pai e o Filho é igualmente adorado e glorificado: ele o que falou pelos profetas.

Creio na Igreja,una, santa, católica e apostólica.

Professo um só Batismo, para a remissão dos pecados.E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir.

Amém

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1. O PLANO DA SALVAÇÃO (Mistério Pascal)

1.1. Mistério Pascal: A Encarnação

§457 O Verbo se fez carne para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus: "Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo" (1Jo 4,14). "Este apareceu para tirar os pecados" (1Jo 3,5): Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada.

§460 O Verbo se fez carne para tornar-nos "participantes da natureza divina" (2Pd 1,4): "Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: é para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo, assim, a filiação divina, se torne filho de Deus". (Santo Irineu) "Pois o Filho de Deus se fez homem para nos fazer Deus”. (Santo Atanásio) "Unigenitus Dei Filius, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram assumpsit, ut homines deos faceret factus homo. O Filho Unigênito de Deus, querendo-nos participantes de sua divindade, assumiu nossa natureza para que aquele que se fez homem dos homens fizesse deuses." (São Tomás de Aquino)

§461 Retomando a expressão de São João ("O Verbo se fez carne" Jo 1,14), a Igreja denomina "Encarnação" o fato de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana para realizar nela a nossa salvação. Em um hino atestado por São Paulo, a Igreja canta o mistério da Encarnação: Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus: Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Fl 2,5-8).

§464 O acontecimento único e totalmente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja o resultado da mescla confusa entre o divino e o humano. Ele se fez verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A Igreja teve de defender e clarificar esta verdade de fé no decurso dos primeiros séculos, diante das heresias que a falsificavam.

Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem e nós nos tornamos verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Nos fundimos a Cristo e nos tornamos um com Ele.

É o que a Igreja chama de corpo místico de Cristo.

§467 Os monofisistas afirmavam que a natureza humana tinha cessado de existir como tal em Cristo ao ser assumida por sua pessoa divina de Filho de Deus. Confrontado com esta heresia, IV Concílio Ecumênico, em Calcedônia, confessou em 451: Na linha dos santos Padres, ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus e

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verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, "semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado"; gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade. Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é de modo algum suprimida por sua união, mas antes as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase.

Gálatas 4,4-7: 4Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, 5para remir os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial. 6E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abba, Pai! 7De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus.

João 1,1-5: 1 No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus . 2No princípio, ele estava com Deus. 3Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito. 4O que foi feito nele era a vida, e a vida era a luz dos homens; 5e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam.

João 1,14: 14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade.

1° Coríntios 7,29-31: 29Eis o que vos digo, irmãos: o tempo se fez curto. Resta, pois, que aqueles que têm esposa, sejam como se não a tivessem; 30aqueles que choram, como se não chorassem; aqueles que se regozijam, como se não se regozijassem; aqueles que compram, como se não possuíssem; 31aqueles que usam deste mundo, como se não usassem plenamente. Pois passa a figura deste mundo.

Resumindo

O Verbo se fez carne para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus. Ele realiza a expiação que apaga todos os nossos pecados.

Na encarnação a separação deixa de existir (pecado original), é recuperada a unidade inicial da criação. Eu, você, todos os seres humanos e Cristo nos tornamos um só. Como dizemos na Oração Eucarística: “Fazei de nós um só corpo e um só espírito”

Na encarnação Deus se faz homem para fazer do homem Deus. Cristo e se une a humanidade, se fundindo com ela. Como se fossem 2 velas derretidas e fundidas que a partir da fundição não se possa mais separar.

A partir da encarnação nós e Cristo nos unimos, de tal forma que o devamos tratar como irmão. “Ele é o primogênito entre os mortos”. Primogênito significa o primeiro filho e a humanidade são os outros filhos.

Na encarnação Jesus quer que sejamos “deuses” filhos de Deus adotivos, mas, unidos a Deus e não sem Deus como aconteceu com o pecado original.

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1.2. Mistério Pascal: A Morte (Redenção, Expiação)

§417 Toda a vida de Cristo é mistério de Redenção. A Redenção nos vem antes de tudo pelo sangue da Cruz, mas este mistério está em ação em toda a vida de Cristo: já em sua Encarnação, pela qual, fazendo-se pobre, nos enriqueceu por sua pobreza; em sua vida oculta, que, por sua submissão, serve de reparação para nossa insubmissão; em sua palavra, que purifica seus ouvintes; em suas curas e em seus exorcismos, pelos quais "levou nossas fraquezas e carregou nossas doenças" (Mt 8,17); em sua Ressurreição, pela qual nos justifica.

Justificar na Bíblia e no Catecismo significa “salvar”, nos tornar justos. Isso significa sem pecado, sem erro, sem equívoco, ou seja, “santos” moradores do céu.

§518 Toda a vida de Cristo é mistério de Recapitulação. Tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha por meta restabelecer o homem caído em sua vocação primeira: Quando ele se encarnou e se fez homem, recapitulou em si mesmo a longa história dos homens e, em resumo, nos proporcionou a salvação, de sorte que aquilo que havíamos perdido em Adão, isto é, sermos à imagem e à semelhança de Deus, o recuperamos em Cristo Jesus. É, aliás, por isso que Cristo passou por todas as idades da vida, restituindo com isto a os homens a comunhão com Deus.

Recapitular significa dar uma nova cabeça, um novo rumo para a humanidade. Acabar com toda a separação e nos unir ao Pai novamente.

§521 Tudo o que Cristo viveu foi para que pudéssemos vivê-lo nele e para que Ele o vivesse em nós. "Por sua Encarnação, o Filho de Deus, de certo modo, se uniu a todo homem." (Gaudium et Spes 22 §2) Nós somos chamados a ser uma só coisa com Ele; Ele nos faz partilhar (comungar), como membros de seu corpo, de tudo o que (Ele), por nós e como nosso modelo, viveu em sua carne: “Devemos continuar e realizar em nós os estados e os mistérios de Jesus, e pedir-lhe muitas vezes que os complete e realize em nós e em toda a sua Igreja... Pois o Filho de Deus deseja conceder uma certa participação, e fazer como que uma extensão e continuação de seus mistérios em nós e em toda a sua Igreja, pelas graças que quer comunicar-nos, e pelos efeitos que quer operar em nós por esses mistérios. Por estes meios quer realizá-los em nós.” (São João Eudes)

§604 Ao entregar seu Filho por nossos pecados, Deus manifesta que seu desígnio sobre nós é um desígnio de amor benevolente que antecede a qualquer mérito nosso: "Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores" (Rm 5,8).

§605 Este amor não exclui ninguém. Jesus lembrou-o na conclusão da parábola da ovelha perdida: "Assim, também, não é da vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca" (Mt 18,14). Afirma ele "dar sua vida em resgate por muitos" (Mt 20,28); este último termo não é restritivo: opõe o conjunto da humanidade à única pessoa do Redentor que se entrega para salvá-la. A Igreja, no seguimento dos apóstolos, ensina que

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Cristo morreu por todos os homens sem exceção: "Não há, não houve e não haverá nenhum homem pelo qual Cristo não tenha sofrido".

Cristo salva a todos sem exceção. Basta agora que cada um aceite a expiação. Por isso sempre digo em minhas homilias: “A salvação é universal e a aceitação da salvação é individual”. Pelo amor que sinto pela a humanidade tenho a esperança que todos aceitem a expiação e salvação e todos possamos viver juntos unidos no céu com a Santíssima Trindade.

§608 Depois de ter aceitado dar-lhe o Batismo junto com os pecadores, João Batista viu e mostrou em Jesus o "Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". (Jo 1,29) Manifesta, assim que Jesus é ao mesmo tempo o Servo Sofredor que se deixa levar silencioso ao matadouro (Is 53,7) e carrega o pecado das multidões e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel por ocasião da primeira Páscoa. (Ex 12,3-14) Toda a vida de Cristo exprime sua missão: "Servir e dar sua vida em resgate por muitos". (Mc 10,45)

Isaías 53,1-12 (Servo de Iahweh): 1Quem creu naquilo que ouvimos, e a quem se revelou o braço de Iahweh? 2Ele cresceu diante dele como um renovo, como raiz que brota de uma terra seca; não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar. 3Era desprezado e abandonado pelos homens, um homem sujeito à dor, familiarizado com a enfermidade, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, não fazíamos caso nenhum dele. 4 E no entanto, eram as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava. Mas nós o tínhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e humilhado. 5Mas ele foi trespassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude das nossas iniquidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados. 6Todos nós como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho, mas Iahweh fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. 7 Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não abriu a boca. 8Após detenção e julgamento, foi preso. Dentre os seus contemporâneos, quem se preocupou com o fato de ter ele sido cortado da terra dos vivos, de ter sido ferido pela transgressão do seu povo? 9Deram-lhe sepultura com os ímpios, o seu túmulo está com os ricos, se bem que não tivesse praticado violência nem tivesse havido engano em sua boca. 10Mas Iahweh quis feri-lo, submetê-lo à enfermidade. Mas, se ele oferece a sua vida como sacrifício pelo pecado, certamente verá uma descendência, prolongará os seus dias, e por meio dele o desígnio de Deus há de triunfar. 11Após o trabalho fatigante da sua alma ele verá a luz e se fartará. Pelo seu conhecimento, o justo, meu Servo, justificará a muitos e levará sobre si as suas transgressões. 12Eis por que lhe darei um quinhão entre as multidões; com os fortes repartirá os despojos, visto que entregou a sua alma à morte e foi contado com os transgressores, mas na verdade levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores fez intercessão.

Êxodo 12,3-14 (cordeiro pascal): 3Falai a toda a comunidade de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa. 4Mas se a família for pequena para um cordeiro, então se juntará com o vizinho mais próximo da sua

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casa, conforme o número de pessoas. O cordeiro será escolhido na proporção do que cada um puder comer. 5O cordeiro será macho, sem defeito e de um ano. Vós o escolhereis entre os cordeiros ou entre os cabritos, 6e o guardareis até o décimo quarto dia desse mês; e toda a assembléia da comunidade de Israel o imolará ao crepúsculo. 7Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre os dois marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. 8Naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães ázimos e ervas amargas a comerão. 9Não comereis dele nada cru, nem cozido na água, mas assado ao fogo; a cabeça, as pernas e a fressura. 10Nada ficará dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis no fogo." 11É assim que devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e vara na mão, comê-lo-eis às pressas: é uma páscoa para Iahweh. 12E naquela noite eu passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e eu, Iahweh, farei justiça sobre todos os deuses do Egito. 13O sangue, porém, será para vós um sinal nas casas em que estiverdes: quando eu vir o sangue, passarei adiante e não haverá entre vós o flagelo destruidor, quando eu ferir a terra do Egito. 14Este dia será para vós um memorial, e o celebrareis como uma festa para Iahweh; nas vossas gerações a festejareis; é um decreto perpétuo.

Levítico 16,5.11.15-16.20-22 (bode expiatório): 5Receberá da comunidade dos filhos de Israel dois bodes destinados ao sacrifício pelo pecado, e um carneiro para o holocausto. 11Aarão oferecerá o novilho do sacrifício pelo seu próprio pecado, e em seguida fará o rito de expiação por si mesmo e pela sua casa e imolará o novilho. 15 Imolará então o bode destinado ao sacrifício pelo pecado do povo e levará o seu sangue para detrás do véu. Fará com esse sangue o mesmo que fez com o sangue do novilho, aspergindo-o sobre o propiciatório e diante deste. 16Fará assim o rito de expiação pelo santuário, pelas impurezas dos filhos de Israel, pelas suas transgressões e por todos os seus pecados. 20Feita a expiação do santuário, da Tenda da Reunião e do altar, fará aproximar o bode ainda vivo. 21 Aarão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode e confessará sobre ele todas as faltas dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados. E depois de tê-los assim posto sobre a cabeça do bode enviá-lo-á ao deserto, conduzido por um homem preparado para isso, 22 e o bode levará sobre si todas as faltas deles para uma região desolada.

Jesus Cristo é o Servo de Javé, o Cordeiro Pascal e o Bode Expiatório. Veio ao mundo para tirar o pecado do mundo

§613 A morte de Cristo é ao mesmo tempo o sacrifício pascal, que realiza a redenção definitiva dos homens pelo "cordeiro que tira o pecado do mundo", e o sacrifício da Nova Aliança, que reconduz o homem à comunhão com Deus, reconciliando-o com ele pelo "sangue derramado por muitos para remissão dos pecados".

§ 614 Este sacrifício de Cristo é único. Ele realiza e supera todos os sacrifícios. Ele é primeiro um dom do próprio Deus Pai: é o Pai que entrega seu Filho para reconciliar-nos consigo. É ao mesmo tempo oferenda do Filho de Deus feito homem, o qual, livremente e por amor, oferece sua vida a seu Pai pelo Espírito Santo, para reparar nossa desobediência.

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§615 “Como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício expiatório", "quando carregava o pecado das multidões", "que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.

O que Jesus faz é acabar com o pecado original (a nossa separação de Deus) e com isso como um efeito dominó todos os outros pecados vão caindo até que toda a humanidade seja redimida

§616 É "o amor até o fim" que confere o Valor de redenção de reparação, de expiação e de satisfação ao sacrifício de Cristo. Ele nos conheceu a todos e amou na oferenda de sua vida. "A caridade de Cristo nos compele quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram" (2Cor 5,14). Nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em sacrifício por todos. A existência em Cristo da Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao mesmo tempo, abraça todas as pessoas humanas, e que o constitui Cabeça de toda a humanidade, torna possível seu sacrifício redentor por todos.

§617 "Por sua santíssima Paixão no madeiro da cruz mereceu-nos a justificação", ensina o Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo como "princípio de salvação eterna". “E a Igreja venera a Cruz, cantando: Salve, ó Cruz, única esperança".

Tito 2,11-15: 11Com efeito, a graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens. 12Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, e a viver neste mundo com autodomínio, justiça e piedade, 13aguardando a nossa bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus, 14o qual se entregou a si mesmo por nós, para remir-nos de toda iniqüidade , e para purificar um povo que lhe pertence, zeloso no bom procedimento. 15Dize-lhes todas estas coisas. Exorta-os e repreende-os com toda autoridade. Ninguém te despreze.

Efésios 3,2-7: 2Certamente sabeis da dispensação da graça de Deus que me foi dada a vosso respeito. 3Por uma revelação me foi dado a conhecer o mistério, como atrás vos expus sumariamente: 4lendo-me, podeis compreender a percepção que eu tenho do mistério de Cristo. 5Às gerações e aos homens do passado ele não foi dado a conhecer, como foi agora revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito: 6 os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo Corpo e co-participantes da Promessa em Cristo Jesus, por meio do evangelho. 7Desse evangelho eu me tornei ministro, pelo dom da graça de Deus que me foi concedida pela operação do seu poder.

Tito 3,4-7: 4Mas, quando a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, se manifestaram, ele salvou- nos, 5não por causa dos atos justos que houvéssemos praticado, mas porque, por sua misericórdia, fomos lavados pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo, 6que ele ricamente derramou sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, 7a fim de que fôssemos justificados pela sua graça, e nos tornássemos herdeiros da esperança da vida eterna.

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Resumindo

Toda a vida de Cristo é projeto de Redenção (expiação). Apagar os pecados, corrigir nossas mentes, curar nossa alma.

Toda a vida de Cristo é projeto de recapitulação. “re”= de novo; “capitular” = encabeçar. Cristo vai ser a cabeça novamente, vai nos unir a Deus.

Por sua Encarnação, o Filho de Deus, de certo modo, se uniu a todo homem. (“bons” e “maus”). Nós somos chamados a ser um só com Ele. Ninguém fica fora desta união com Cristo, por isso, que despois de assumir toda a humanidade, sem exceção, Cristo apaga os pecados através da expiação, para que todos se tornam inocentes novamente.

Deus envia Cristo ao mundo por amor, porque nos ama e nos quer de volta com Ele, esse amor não exclui ninguém.

Para que o povo de Israel entendesse esse projeto de expiação, Cristo utilizou da imagem conhecida por eles: Cristo é o Servo de Javé; o cordeiro pascal e o bode expiatório.

A expiação de Cristo é única, foi feita uma vez por todas não há mais necessidade de outros sacrifícios, por isso a Igreja na missa atualiza esse sacrifício, não fazendo um novo, mas, tornando presente o mesmo. “Cálice da nova e eterna aliança”

Através da expiação, Deus repara, justifica (torna justo = inocente) todos os seres humanos. A obra é divina.

1.3. Mistério Pascal: A Ressurreição

§654 Há um duplo aspecto no Mistério Pascal: por sua morte Jesus nos liberta do pecado, por sua Ressurreição Ele nos abre as portas de uma nova vida. Esta é primeiramente a justificação que nos restitui a graça de Deus, "a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova" (Rm 6,4). “Esta consiste na vitória sobre a morte do pecado e na nova participação na graça". Ela realiza a adoção filial, pois os homens se tornam irmãos de Cristo, como o próprio Jesus chama seus discípulos após a Ressurreição: "Ide anunciar a meus irmãos" (Mt 28,10). Irmãos não por natureza mas por dom da graça, visto que esta filiação adotiva proporciona uma participação real na vida do Filho Único, que se revelou plenamente em sua Ressurreição.

§655 Finalmente, a Ressurreição de Cristo - e o próprio Cristo ressuscitado - é princípio e fonte de nossa ressurreição futura: "Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram... assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida" (1Cor 15,20-22). Na expectativa desta realização, Cristo ressuscitado vive no coração de seus fiéis. Nele, os cristãos "experimentaram... as forças do mundo que há de vir" (Hb 6,5) e sua vida é atraída por Cristo ao seio da vida divina" "a fim de que não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles" (2Cor 5,15).

O Conteúdo do Querigma: Da Criação à Parusia - Apostila 2/3 – Pe. Genival – Abril/2015 10

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1° Coríntios 6,14-15.17.19-20: 14 Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor, ressuscitará tam bém a nós pelo seu poder. 15"Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? 17Ao contrário, aquele que se une ao Senhor, constitui com ele um só espírito. 19Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus? ... e que, portanto, não pertenceis a vós mesmos? 20 Alguém pagou alto preço pelo vosso resgate glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo.

João 14,1-7: 1Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, 3e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também. 4E para onde vou, conheceis o caminho". 5Tomé lhe diz: "Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?" 6Diz-lhe Jesus: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. 7Se me conheceis, também conhecereis a meu Pai. Desde agora o conheceis e o vistes".

Resumindo

Com sua ressurreição Cristo abre a porta do Céu para toda a humanidade. Assim como todos morrem em Adão (separação), em Cristo todos receberão a vida

(união). Através da Ressurreição todos somos convidados a voltarmos à unidade com Deus.

Esta salvação é dada gratuitamente por puro dom a toda a humanidade. (próximo capítulo)

Na ressureição não viveremos mais para nós mesmos (separação, ego, pecado original), mas para aquele que morreu e ressuscitou por nós (unidos a Deus).

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2. JUSTIFICAÇÃO, GRAÇA e MÉRITO

2.1. Justificação/Salvação (Catecismo nº 1987 a 1995)Romanos 1

2.1.1.Tese: Deus salva a todos pela fé em Jesus Cristo

16 Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é a força salvadora de Deus para todo aquele que crê, primeiro para o judeu, mas também para o grego.17 Nele se revela a justiça de Deus, que vem pela fé e conduz à fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".

2.1.2.Toda a humanidade pecou e precisa da expiação

18 Ao mesmo tempo revela-se, lá do céu, a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça humana, daqueles que por sua injustiça reprimem a verdade.19 Pois o que de Deus se pode conhecer é a eles manifesto, já que Deus mesmo lhes deu esse conhecimento.20 De fato, as perfeições invisíveis de Deus, não somente seu poder eterno, mas também a sua eterna divindade, são claramente conhecidas, através de suas obras, desde a criação do mundo. Portanto, eles não têm desculpa:21 apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças. Pelo contrário, perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato se obscureceu.22 Alardeando sabedoria, tornaram-se tolos23 e trocaram a glória do Deus incorruptível por uma imagem de seres corruptíveis, como: homens, pássaros, quadrúpedes, répteis.24 Por isso, Deus os entregou, dominados pelas paixões de seus corações, a tal impureza que eles desonram seus próprios corpos.25 Trocaram a verdade de Deus pela falsidade, cultuando e servindo a criatura em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.26 Por tudo isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: tanto as mulheres substituíram a relação natural por uma relação antinatural,27 como também os homens abandonaram a relação sexual com a mulher e arderam de paixão uns pelos outros, praticando a torpeza homem com homem e recebendo em si mesmos a devida paga de seus desvios.28 E, porque não aprovaram alcançar a Deus pelo conhecimento? Deus os entregou ao seu reprovado modo de pensar. Praticaram então todo tipo de torpeza:

v. 16-17: A fé é o ato pelo qual o homem se entrega a Deus, que é ao mesmo tempo verdade e bondade, como à fonte única de salvação. A fé não é mera adesão intelectual, mas confiança e obediência a uma verdade de vida que engaja todo o ser na união com Cristo e lhe dá o Espírito do filhos de Deus. Visto que a fé conta só com Deus, exclui toda auto-suficiência e se opõe ao regime da Lei e à sua busca vã de justiça merecida pelas obras: a verdadeira justiça salvífica, que só a fé obtem, é a justiça salvífica de Deus, recebida como dom gratuito. Cf. Bíblia de Jerusalém

v. 18-32: Paulo mostra que toda a humanidade é pecadora e que se a salvação depender de nós, todos seremos condenados. Para o ser humano sujeito a este mundo é impossível ser salvo.

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29 cheios de injustiça, iniqüidade, avareza, malvadez, inveja, homicídio, rixa, astúcia, perversidade; intrigantes,30 difamadores, odiadores de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, tramadores de maldades, rebeldes aos pais,31 insensatos, traidores, sem afeição, sem compaixão.32 E, apesar de conhecerem o juízo de Deus que declara dignos de morte os autores de tais ações, não somente as praticam, mas ainda aprovam os que as praticam.

Romanos 2

2.1.3. Não julgue a ninguém, pois você comete os mesmos erros

1 Ó homem, quem quer que sejas, tu que julgas não tens desculpa, pois julgando os outros condenas a ti mesmo, já que fazes as mesmas coisas, tu que julgas.2 Ora, sabemos que o julgamento de Deus se exerce segundo a verdade, contra os que praticam tais coisas.3 Ó homem, tu que julgas os que praticam tais coisas e, no entanto, as fazes também tu, pensas que escaparás ao julgamento de Deus?4 Ou será que desprezas as riquezas de sua bondade, de sua tolerância, de sua paciência, não entendendo que a bondade de Deus te convida à conversão?5 Por causa de teu endurecimento e de teu coração impenitente, estás acumulando ira para ti mesmo, no dia da ira, quando se revelará o justo juízo de Deus,6 que retribuirá a cada um segundo as suas obras.7 Àqueles que, perseverando na prática do bem, buscam a glória, a honra e a incorruptibilidade, Deus dará a vida eterna.8 Para aqueles, porém, que por rebeldia desobedecem à verdade e se submetem à iniqüidade, estão reservadas a ira e a indignação.9 Tribulação e angústia para toda pessoa que faz o mal, primeiro para o judeu, mas também para o grego;10 glória, honra e paz para todo aquele que pratica o bem, primeiro para o judeu, mas também para o grego,11 pois Deus não faz acepção de pessoas.12 Todos os que pecaram sem a Lei perecerão também sem a Lei; e todos os que pecaram sob o regime da Lei serão julgados de acordo com a Lei.13 Pois não são justos diante de Deus os que se contentam de ouvir o ensino da Lei, mas somente aqueles que observam a Lei é que serão justificados por Deus.14 Quando os pagãos, embora não tenham a Lei, cumprem o que a Lei prescreve, guiados pelo bom senso natural, esses que não têm a Lei tomam-se Lei para si mesmos.

v. 1-16: Paulo argumenta que também os que praticam a religião estão sujeitos ao pecado e que pecam tanto quanto os que não praticam. Com isto Paulo conclui que todos, os que freqüentam igreja e os que não freqüentam dependem da misericórdia de Deus para serem salvos.Portanto não é a religião que salva, mas o Amor Gratuito de Deus.

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15 Por sua maneira de proceder, mostram que a Lei está inscrita em seus corações: disso dão testemunho igualmente sua consciência e os juízos éticos de acusação ou de defesa que fazem uns aos outros.16 É o que se verá no dia em que Deus vai julgar, segundo meu evangelho, por Cristo Jesus, as intenções e ações ocultas das pessoas.17 Tu te chamas judeu e colocas na Lei tua segurança, e em Deus, a tua glória;18 tu aprendeste da Lei qual é sua vontade(1) e sabes discernir o que é realmente importante;(2)19 tu estás convencido de ser guia dos cegos(3), luz dos que se acham nas trevas,(4)20 instrutor de ignorantes(5) mestre de pessoas simples, porque tens na Lei a lídima expressão do conhecimento e da verdade...21 Como, então, ensinas aos outros e a ti mesmo não ensinas? Pregas que não se pode roubar e tu mesmo roubas?22 Dizes que não se pode cometer adultério e tu mesmo cometes? Detestas os ídolos e, no entanto, roubas os templos?23 Tu que te glorias da Lei desonras a Deus com tuas transgressões da Lei?24 De fato, como está escrito, "o nome de Deus é blasfemado entre as nações por causa de vós"!25 Por um lado, a circuncisão é útil, se cumpres a Lei. Por outro lado, se transgrides a Lei, mesmo com tua circuncisão não passas de um incircunciso.26 Se, portanto, o incircunciso observar as prescrições da Lei, não será ele tido como circunciso?27 Mais ainda: o incircunciso que cumpre a Lei te condenará a ti, que transgrides a Lei, embora possuas as Escrituras e sejas circuncidado.28 Não é ‘verdadeiro’ judeu o que parece tal apenas pelo exterior, nem é ‘verdadeira’ circuncisão uma simples incisão na carne.29 'Verdadeiro' judeu é o que se distingue como judeu por seu interior, e 'verdadeira' circuncisão é a do coração, segundo o espírito e não segundo a letra. Esta é que recebe o louvor, não dos homens, mas de Deus.

v. 17-20: Os números no texto indicam os 5 privilégios que os judeus concedem a si mesmos, mas que também eles não os vivem, pois pecam igualmente.

v. 21-22. Acusa o outro de pecado, mas peca igualmente.

v. 23-29. Não basta apenas praticar a religião, mas sim colocar os seus ensinamentos em prática.O que se diz ser cristão e que não vive o Evangelho não é cristão. O não cristão que vive o Evangelho é cristão.

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Romanos 3

2.1.4. Se todos somos pecadores, qual a vantagem de ser católico?

1 Então, qual a superioridade do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?2 Grande, e sob todos os pontos de vista. Primeiro, porque a eles, os judeus, é que foram confiados os oráculos de Deus.3 Que importa, se alguns não creram? Acaso a incredulidade deles vai anular a fidelidade de Deus?4 De modo algum. Seja Deus reconhecido veraz, e todo ser humano, mentiroso, como está escrito: "De modo que sejas reconhecido justo nas tuas palavras e saias vitorioso, quando fores julgado".5 Mas, se nossa injustiça realça a justiça de Deus, que diremos? Que Deus é injusto, quando em sua ira nos fere? (Estou falando em termos humanos.)6 De modo algum. Do contrário, como Deus iria julgar o mundo?7 No entanto, se, por minha falsidade, a veracidade de Deus sobressaiu para a sua glória, por que seria eu ainda condenado como pecador?8 E então, por que não faríamos o mal, para que daí resulte o bem, como alguns caluniosamente afirmam que nós dizemos? (Esses merecem a condenação!)9 Que diremos pois? Será que nós, judeus, levamos alguma vantagem? De modo algum! De fato, já denunciamos que todos, judeus e gregos, estão sob o domínio do pecado,10 como está escrito: "Não há justo, nem mesmo um só;11 não há quem seja sensato, não há quem busque a Deus.12 Todos se desviaram, degeneraram todos juntos. Não há ninguém que faça o bem, nem mesmo um só.13 Um sepulcro aberto, sua garganta, suas línguas sempre a enganar; sob seus lábios, veneno de víbora;14 sua boca é cheia de imprecações e amargor;15 velozes são seus pés para derramar sangue,16 seus caminhos são cobertos de ruína e desgraça;17 desconheceram o caminho da paz;18 diante de seus olhos não existe temor de Deus".19 Ora, sabemos que tudo quanto diz a Lei, ela o diz para os que a ela estão sujeitos. Assim, toda boca se cala e todo o mundo se reconhece culpável diante de Deus,20 porquanto ninguém será justificado diante dele pela prática da Lei. Pois a Lei dá apenas o conhecimento do pecado.

v. 1-20: Na hora da morte deveremos aceitar a graça de Deus para sermos salvos, podemos pensar que podemos pecar a vida toda e na última hora nos entregarmos nas mãos de Deus, mas acontece que naquele momento o nosso coração estará duro pelo pecado e teremos dificuldade de dizer sim a Deus. Por isso a religião é muito importante, pois ela nos conscientiza quanto ao pecado, amolecendo assim o nosso coração para dizermos sim a Deus. Nós não participamos da Igreja para conquistarmos a nossa salvação, pois ela é dom gratuito de Deus, mas nós participamos da Igreja para não perdermos a salvação, deixando o nosso coração fechado ao amor de Deus. Portanto a participação na Igreja é fundamental para a nossa abertura ao amor de Deus.

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2.1.5. A justiça de Deus consiste na salvação como dom gratuito de Deus para toda a humanidade

21 Agora, sem depender da Lei, a justiça de Deus se manifestou, atestada pela Lei e pelos Profetas,22 justiça de Deus que se realiza mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há diferença:23 todos pecaram e estão privados da glória de Deus.24 E só podem ser justificados gratuitamente, pela graça de Deus, em virtude da redenção no Cristo Jesus.25 É ele que Deus destinou a ser, por seu próprio sangue, instrumento de expiação mediante a fé. Assim, Deus demonstrou sua justiça, deixando sem castigo os pecados cometidos outrora,26 no tempo de sua tolerância. Assim também, ele demonstra sua justiça, no tempo presente, a fim de ser justo, e tornar justo todo aquele que se firma na fé em Jesus.27 Onde fica então o orgulho? Fica excluído. Por qual lei? Pela lei das obras? Não, mas sim pela lei da fé.28 Pois julgamos que a pessoa é justificada pela fé, sem a prática da Lei.29 Acaso Deus é só dos judeus? Não é também Deus dos pagãos? Sim, é também Deus dos pagãos.30 De fato, Deus é um só: ele justificará os circuncisos em virtude da fé, e os incircuncisos, mediante a fé.31 Então, pela fé anulamos a Lei? De modo algum. Pelo contrário, a confirmamos.

v. 21-31: Nós associamos espontaneamente a palavra “justiça” à idéia de punição dos culpados. Na Carta aos Romanos esta palavra indica sempre e somente uma ação benevolente de Deus, identifica-se com sua bênção, com sua misericórdia. Deus vem para julgar, quer dizer, que Ele vem para distribuir a sua bondade. Ele estabelece a sua justiça quando consegue que um mau se torne justo. Deus é justo porque se mantém fiel ao homem e o salva sempre, mesmo quanto este é infiel. Paulo emprega a palavra “justiça” e “justificação”, no sentido positivo de salvação operada por Deus. Todos os homens são pecadores, mas se tornam justos, salvos, de uma forma totalmente gratuita por parte de Deus.

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DECLARAÇÃO CONJUNTA SOBRE A JUSTIFICAÇÃO

DC 15. É nossa fé comum que a justificação é obra do Deus uno e trino. O Pai enviou seu Filho ao mundo para a salvação dos pecadores. A encarnação, a morte e a ressurreição de Cristo são fundamento e pressuposto da justificação. Por isso justificação significa que o próprio Cristo é nossa justiça, da qual nos tornamos participantes através do Espírito Santo segundo a vontade do Pai. Confessamos juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita e chama para as boas obras

DC 16. Todas as pessoas são chamadas por Deus para a salvação em Cristo. Somos justificados somente por Cristo ao recebermos essa salvação na fé. A própria fé, por sua vez, é presente de Deus através do Espírito Santo, que atua na palavra e nos sacramentos na comunhão dos crentes e que, ao mesmo tempo, conduz os crentes àquela renovação de sua vida que Deus consuma na vida eterna.

DC 17. Compartilhamos a convicção de que a mensagem da justificação nos remete de forma especial ao centro de testemunho neotestamentário da ação salvífica de Deus em Cristo: ela nos diz que como pecadores devemos nossa vida nova unicamente à misericórdia perdoadora e renovadora de Deus, misericórdia esta com a qual só podemos ser presenteados e que só podemos receber na fé, mas que nunca - de qualquer forma que seja - podemos fazer por merecer.

DC 18. Por isso a doutrina da justificação, que assume e desdobra essa mensagem, não é apenas um aspecto parcial da doutrina cristã. Ela se encontra numa relação essencial com todas as verdades da fé, as quais devem ser vistas numa conexão interna entre si. Ela é um critério indispensável que visa orientar toda a doutrina e prática da Igreja incessantemente para Cristo. Quando luteranos acentuam a importância singular desse critério, não negam a conexão e a importância de todas as verdades da fé. Quando católicos se sentem comprometidos com vários critérios, não negam a função especial da mensagem da justificação. Luteranos e católicos compartilham o alvo comum de confessar em tudo a Cristo, ao qual unicamente importa confiar, acima de todas as coisas, como mediador uno (cf. 1 Tm 2,5 s.) pelo qual Deus, no Espírito Santo, dá a si mesmo e derrama seus dons renovadores.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Cat. 1987. A graça do Espírito Santo tem o poder de nos justificar, isto é, purificar-nos de nossos pecados e comunicar-nos "a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo" e pelo batismo. Mas, se morremos com Cristo, temos fé de que também viveremos com Ele, sabendo que Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não tem mais domínio sobre Ele. Porque, morrendo, Ele morreu para o pecado uma vez por todas; vivendo, Ele vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Rm 6,8-11).

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Cat. 1988. Pelo poder do Espírito Santo, participamos da Paixão de Cristo, morrendo para o pecado, e da ressurreição, nascendo para uma vida nova; somos os membros de seu Corpo, que é a Igreja, os sarmentos enxertados na Videira, que é Ele mesmo Pelo Espírito, temos parte com Deus. (....) Pela participação do Espírito, nós nos tomamos participantes da natureza divina. (....) Por isso, aqueles em quem o Espírito habita são divinizados.

Cat. 1989. A primeira obra da graça do Espírito Santo é a conversão que opera a justificação segundo o anúncio de Jesus no princípio do Evangelho: "Arrependei-vos (convertei-vos), porque está próximo o Reino dos Céus" (Mt 4,17). Sob a moção da graça, o homem se volta para Deus e se aparta do pecado, acolhendo, assim, o perdão e a justiça do alto. "A justificação comporta a remissão dos pecados, a santificação e a renovação do homem interior." (Concílio de Trento)

Cat. 1990. A justificação aparta o homem do pecado, que contradiz o amor de Deus, e lhe purifica o coração. A justificação ocorre graças à iniciativa da misericórdia de Deus, que oferece o perdão. A justificação reconcilia o homem com Deus; liberta-o da servidão do pecado e o cura.

Cat. 1991. A justificação é, ao mesmo tempo, o acolhimento da justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo. A justiça designa aqui a retidão do amor divino. Com a justificação, a fé, a esperança e a caridade se derramam em nossos corações e é-nos concedida a obediência à vontade divina.

Cat. 1992. A justificação nos foi merecida pela paixão de Cristo, que se ofereceu na cruz como hóstia viva, santa e agradável a Deus, e cujo sangue se tomou instrumento de propiciação pelos pecados de toda a humanidade. A justificação é concedida pelo Batismo, sacramento da fé. Toma-nos conformes à justiça de Deus, que nos faz interiormente justos pelo poder de sua misericórdia. Tem como alvo a glória de Deus e de Cristo, e o dom da vida eterna: Agora, porém, independentemente da lei, se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela lei e pelos profetas, justiça de Deus que opera pela fé em Jesus Cristo, em favor de todos os que crêem - pois não há diferença, sendo que todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus - e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus. Deus o expôs como instrumento de propiciação, por seu próprio sangue, mediante a fé. Ele queria assim manifestar sua justiça, pelo fato de ter deixado sem punição os pecados de outrora, no tempo da paciência de Deus; ele queria manifestar sua justiça no tempo presente, para mostrar-se justo e para justificar aquele que tem fé em Jesus (Rm 3,21-26).

Cat. 1993. A justificação estabelece a colaboração entre a graça de Deus e a liberdade do homem. Do lado humano, ela se exprime no assentimento da fé à palavra de Deus, que convida o homem à conversão, e na cooperação da caridade, no impulso do Espírito Santo, que o previne e guarda. “Quando Deus toca o coração do homem pela iluminação do Espírito Santo, o homem não é insensível a tal inspiração, que pode, aliás, rejeitar; e, no entanto, ele não pode tampouco, sem a graça divina, chegar pela vontade livre à justiça diante dele.” (Concílio de Trento)

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Cat. 1994. A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus e concedido pelo Espírito Santo. Sto. Agostinho pensa que "a justificação do ímpio é uma obra maior que a criação dos céus e da terra", pois "os céus e a terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação dos eleitos permanecerão para sempre". Pensa até que a justificação dos pecadores é uma obra maior que a criação dos anjos na justiça, pelo fato de testemunhar uma misericórdia maior.

Cat. 1995. O Espírito Santo é o mestre interior. Gerando "o homem interior", a justificação implica a santificação de todo o ser: Como outrora entregastes vossos membros à escravidão da impureza e da desordem para viver desregradamente, assim entregai agora vossos membros a serviço da justiça, para a santificação. (....) Mas agora, libertos do pecado e postos a serviço de Deus, tendes, como fruto, a santificação, e o fim é a vida eterna (Rm 6,19-22).

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2.2. A Graça (Catecismo nº 1996 a 2005)Romanos 4

2.2.1. Abraão salvo pela Fé e não pelas obras

1 Que diremos de Abraão, nosso Pai segundo a carne? Que terá ele conseguido?2 Pois, se Abraão se tomou justo em virtude das obras, ele tem de que se gloriar... mas não aos olhos de Deus!3 Com efeito, que diz a Escritura? "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi levado em conta como justiça".4 Ora, para quem faz determinada obra, o salário não é contado como um presente, mas como coisa devida;5 ao contrário, quem, sem fazer obras, crê naquele que torna justo o ímpio, a sua fé é levada em conta como justiça.6 E assim que Davi declara feliz o homem a quem Deus atribui a justiça independentemente das obras:7 "Felizes aqueles cujas transgressões foram perdoadas e cujos pecados foram cobertos;8 feliz o homem cujo pecado o Senhor não leva em conta".9 Essa declaração de felicidade diz respeito só aos circuncisos ou também aos incircuncisos? Pois dizemos: "Para Abraão a fé foi levada em conta como justiça".10 Em que circunstâncias se deu isso: para Abraão circuncidado ou não? Não quando já estava circuncidado, mas quando era ainda incircunciso.11 E ele recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça que possuía, pela fé, quando ainda incircunciso. Assim, tornou-se pai de todos os crentes incircuncisos, aos quais foi conferida a justiça;12 tornou-se pai, também, daqueles circuncisos que, além de circuncidados fisicamente, seguem as pegadas da fé do nosso pai Abraão quando ainda incircunciso.13 Não foi por causa da Lei, mas por causa da justiça que vem pela fé, que Deus prometeu a Abraão ou à sua descendência a herança no mundo.14 Portanto, se forem herdeiros os que se contentam com a Lei, a fé é esvaziada e a promessa fica sem efeito.15 Pois a Lei produz a ira: onde não há lei, também não há transgressão.16 Por conseguinte, é em virtude da fé que se dá a herança como dom gratuito; assim, a promessa continua firme para toda a descendência: não só para os que se firmam na Lei, mas para todos os que, acima de tudo, se firmam na fé, como Abraão, que é o pai de todos nós.

v. 1-9: Paulo argumenta que não são pelas obras que somos salvos, mas sim por acreditar no amor de Deus. Ele esclarece que Abraão foi salvo não pelas obras que praticou, mas pela fé que teve na providência divina.

v. 10-16: Não é a circuncisão ou o batismo que nos garantem a salvação.A circuncisão dos judeus ou o batismo dos cristãos é um selo que confirma a graça dada por Deus. É sinal deste amor incondicional de Deus.

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17 Pois é assim que está escrito: "Eu te constituí pai de muitos povos". Pai diante de Deus, porque creu em Deus que vivifica os mortos e chama à existência o que antes não existia.18 Esperando contra toda esperança ele firmou-se na fé e, assim, tomou-se pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: "Assim será tua posteridade".19 Não fraquejou na fé, à vista de seu físico desvigorado por sua idade, quase centenária, ou considerando o útero de Sara já incapaz de conceber.20 Diante da promessa divina, não vacilou por falta de fé, porém, revigorando-se na fé, deu glória a Deus:21 estava plenamente convencido de que Deus tem poder para cumprir o que prometeu.22 Esta sua disposição foi levada em conta como justiça para ele.23 Afirmando que "foi levada em conta para ele", a Escritura visa não só a Abraão,24 mas também a nós: a fé será levada em conta como justiça para nós que cremos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor,25 entregue por causa de nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação.

v. 17-25: Toda a humanidade é filho de Deus. Deus é pai de todos e salva a todos independentemente da religião. Deus salva a todos pela fé.

Romanos 5

2.2.2. Cristo conquistou a salvação para todos sem exceção

1 Assim, pois, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.2 Por ele, não só tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes, mas ainda nos ufanamos da esperança da glória de Deus.3 E não só isso, pois nos ufanamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância,4 a constância leva a uma virtude provada e a virtude provada desabrocha em esperança.5 E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.6 Com efeito, quando éramos ainda fracos, foi então, no devido tempo, que Cristo morreu pelos ímpios.7 Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer.8 Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.

v. 1-5: Podemos confiar em Deus, mesmo nas tribulações Ele está presente, devemos viver cheios de esperança no seu amor.

v. 6-11: A nossa esperança não sofrerá desilusão porque não está fundamentada nas nossas boas obras, nas nossas capacidades, nas nossa fidelidade, mas no amor incondicional de Deus.

O Conteúdo do Querigma: Da Criação à Parusia - Apostila 2/3 – Pe. Genival – Abril/2015 21

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9 Muito mais agora que já estamos justificados pelo sangue de Cristo, seremos salvos da ira, por ele.10 Se, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte de seu Filho, quanto mais agora, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida!11 Ainda mais: nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.12 Pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, através do pecado, a morte; e a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram.13 De fato, antes de ser dada a Lei, já havia pecado no mundo. Mas o pecado não pode ser imputado quando não há lei.14 No entanto, a morte reinou no período de Adão até Moisés; mesmo sobre os que não pecaram como Adão, o qual era figura daquele que devia vir. 15 Entretanto, o dom da graça foi sem proporção com o pecado. Pois, se pelo pecado de um só, toda a multidão humana foi ferida de morte, muito mais copiosamente se derramou, sobre a mesma multidão, a graça de Deus, concedida na graça de um só homem, Jesus Cristo.16 Existe também uma grande diferença, quanto ao efeito, entre o dom da graça e o pecado de um só: este, o pecado de um só, provocou um julgamento de condenação, ao passo que o dom da graça, a partir de inúmeras faltas, frutifica em justificação.17 Por um só homem que pecou, a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e transbordante da justiça.18 Como a falta de um só acarretou condenação para todos os homens, assim a justiça de um só trouxe para todos os homens a justificação que dá a vida.19 Com efeito, como, pela desobediência de um só homem, a humanidade toda tomou-se pecadora, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.20 Quanto à Lei, ela interveio para que se multiplicassem as transgressões. Onde, porém, se multiplicou o pecado, a graça transbordou.21 Enfim, como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reina pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.

Deus vai terminar a obra começada. O amor de Deus, diz Paulo, não é fraco, inseguro como o dos homens. Estes tem capacidade para amar somente os próprios amigos. Deus, pelo contrário, sabe amar até o extremo, isto é, ama os seus inimigos.

v. 12-15: Por um homem (Adão) entrou o pecado no mundo e por um homem (Jesus Cristo) o pecado saiu do mundo.

v. 16-21: A graça é muito maior que o pecado, jamais o pecado vai poder apagar a graça que vem de Deus.

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DECLARAÇÃO CONJUNTA SOBRE A JUSTIFICAÇÃO

DC 22. Confessamos juntos que Deus, por graça, perdoa ao ser humano o pecado, e o liberta ao mesmo tempo do poder escravizador do pecado em sua vida e lhe presenteia a nova vida em Cristo. Quando o ser humano tem parte em Cristo na fé, Deus não lhe imputa seu pecado e, pelo Espírito Santo, opera nele um amor ativo. Ambos os aspectos da ação graciosa de Deus não devem ser separados. Eles estão correlacionados de tal maneira que o ser humano, na fé, é unido com Cristo que em sua pessoa é nossa justiça (cf. 1Cor 1, 30): tanto o perdão dos pecados quanto a presença santificadora de Deus.

DC 25. Confessamos juntos que o pecador é justificado pela fé na ação salvífica de Deus em Cristo; essa salvação lhe é presenteada pelo Espírito Santo no batismo como fundamento de toda a sua vida cristã. Na fé justificadora o ser humano confia na promessa graciosa de Deus; nessa fé estão compreendidos a esperança em Deus e o amor a Ele. Essa fé atua pelo amor; por isso o cristão não pode e não deve ficar sem obras. Mas tudo o que, no ser humano, precede ou se segue ao livre presente da fé não é fundamento da justificação nem a faz merecer.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Cat. 1996. Nossa justificação vem da graça de Deus. A graça é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite: tomar-nos filhos de Deus, filhos adotivos, participantes da natureza divina, da Vida Eterna.

Cat. 1997. A graça é uma participação na vida divina; introduz-nos na intimidade da vida trinitária. Pelo Batismo, o cristão tem parte na graça de Cristo, cabeça da Igreja. Como "filho adotivo", pode doravante chamar a Deus de "Pai", em união com o Filho único. Recebe a vida do Espírito, que nele infunde a caridade e forma a Igreja.

Cat. 1998. Esta vocação para a vida eterna é sobrenatural. Depende integralmente da iniciativa gratuita de Deus, pois apenas Ele pode se revelar e dar-se a si mesmo. Esta vocação ultrapassa as capacidades da inteligência e as forças da vontade do homem, como também de qualquer criatura.

Cat. 1999. A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz de sua vida infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-Ia do pecado e santificá-Ia; trata-se da graça santificante ou deificante, recebida no Batismo. Em nós, ela é a fonte da obra santificadora: Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo (2Cor 5,17-18).

Cat. 2000. A graça santificante é um dom habitual, uma disposição estável e sobrenatural para aperfeiçoar a própria alma e torná -la capaz de viver com Deus , agir por seu amor. Deve-se distinguir a graça habitual, disposição permanente para viver e agir conforme o chamado

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divino, e as graças atuais, que designam as intervenções divinas, quer na origem da conversão, quer no decorrer da obra da santificação.

Cat. 2001. A preparação do homem para acolher a graça é já uma obra da graça. Esta é necessária para suscitar e manter nossa colaboração na justificação pela fé e na santificação pela caridade. Deus acaba em nós aquilo que Ele mesmo começou, "pois começa, com sua intervenção, fazendo com que nós queiramos e acaba cooperando com as moções de nossa vontade já convertida": Sem dúvida, operamos também nós, mas o fazemos cooperando com Deus, que opera predispondo-nos com a sua misericórdia. E o faz para nos curar, e nos acompanhará para que, quando já curados, sejamos vivificados; predispõe-nos para que sejamos chamados e acompanha-nos para que sejamos glorificados; predispõe-nos para que vivamos segundo a piedade e segue-nos para que, com Ele, vivamos para todo o sempre, pois sem Ele nada podemos fazer. (S. Agostinho)

Cat. 2002. A livre iniciativa de Deus pede a livre resposta do homem, pois Deus criou o homem à sua imagem, conferindo-lhe, com a liberdade, o poder de conhecê-Lo e amá-Lo. A alma só pode entrar livremente na comunhão do amor. Deus toca imediatamente e move diretamente o coração do homem. Ele colocou no homem uma aspiração à verdade e ao bem que somente Ele pode satisfazer plenamente. As promessas da "vida eterna" respondem, além de a toda a nossa esperança, a esta aspiração: Se Vós, ao cabo de vossas obras excelentes (...) repousastes no sétimo dia, foi para nos dizer de antemão pela voz de vosso livro que, ao cabo de nossas obras ("que são muito boas", pelo fato mesmo de terdes sido Vós que no-las destes), também nós no sábado da vida eterna em Vós repousaremos.

Cat. 2003. A graça é antes de tudo e principalmente o dom do Espí rito que nos justifica e nos santifica. Mas a graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede, para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja. São as graças sacramentais dons próprios dos diferentes sacramentos. São, além disso, as graças especiais, chamadas também "carismas", segundo a palavra grega empregada por S. Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Seja qual for seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja.

Cat. 2005. “Sendo de ordem sobrenatural, a graça escapa à nossa experiência e só pode ser conhecida pela fé. Não podemos, portanto, nos basear em nossos sentimentos ou em nossas obras para daí deduzir que estamos justificados e salvos.” (Concílio de Trento) No entanto, segundo a palavra do Senhor: "É pelos seus frutos que os reconhecereis" (Mt 7,20), a consideração dos benefícios de Deus em nossa vida e na dos santos nos oferece uma garantia de que a graça está operando em nós e nos incita a uma fé sempre maior e a uma atitude de pobreza confiante: Acha-se uma das mais belas ilustrações desta atitude na reposta de Sta. Joana d'Arc a uma pergunta capciosa de seus juízes eclesiásticos: "Interrogada se sabe se está na graça de Deus, responde: 'Se não estou, que Deus me queira pôr nela; se estou, que Deus nela me conserve "'

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2.3. O Mérito (Catecismo nº 2006 a 2011)

Romanos 6

2.3.1. Se a Graça perdoa tudo então podemos pecar a vontade?

1 Que diremos? "Vamos permanecer no pecado para que a graça aumente"? De modo algum.2 Nós que já morremos para o pecado, como vamos continuar vivendo nele?3 Acaso ignorais que todos nós, batizados no Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados?4 Pelo batismo em sua morte fomos sepultados com ele, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova.5 Pois, se fomos, de certo modo, identificados a ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição.6 Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo sujeito ao pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado.7 Pois aquele que morreu está livre do pecado.8 E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele.9 Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele.10 pois aquele que morreu, morreu para o pecado, uma vez por todas, e aquele que vive, vive para Deus.11 Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, no Cristo Jesus.12 Que o pecado não reine mais em vosso corpo mortal, levando-vos a obedecer às suas paixões.13 Não ofereçais mais vossos membros ao pecado como armas de injustiça. Pelo contrário, oferecei-vos a Deus como pessoas que passaram da morte à vida, e ponde vossos membros a serviço de Deus como armas de justiça.14 De fato, o pecado não vos dominará, visto que não estais sob a Lei, mas sob a graça.15 Então, iremos pecar, porque não estamos sob a Lei, mas sob a graça? De modo algum!16 Acaso não sabeis que, oferecendo-vos a alguém como escravos, sois realmente escravos daquele a quem obedeceis, seja escravos do pecado para a morte, seja escravos da obediência para a justiça?

v. 1-23: Uma vez livres do pecado não devemos mais pecar. Se nos entregarmos nas mãos do Cristo o pecado desaparecerá de nossas vidas, pois nos tornaremos santos se estivermos em plena comunhão com Ele.

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17 Graças a Deus que vós, depois de terdes sido escravos do pecado, passastes a obedecer, de coração, ao ensino ao qual Deus vos confiou.18 Libertados do pecado, vos tornastes servos da justiça.19 Devido a vossas limitações naturais falo de maneira bem humana: assim como outrora oferecestes vossos membros como escravos à impureza e à iniqüidade, para viverdes iniquamente, agora oferecei-os como escravos à justiça, para a vossa santificação.20 Quando éreis escravos do pecado, estáveis livres em relação à justiça.21 Que fruto colhíeis, então, de ações das quais hoje vos envergonhais? Pois o fim daquelas ações era a morte.22 Agora, porém, libertados do pecado e como servos de Deus, produzis frutos para a vossa santificação, tendo como meta a vida eterna.23 Com efeito, a paga do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna no Cristo Jesus, nosso Senhor.

Romanos 7

1 Acaso ignorais, irmãos (estou falando a quem entende de leis), que a lei domina o homem só enquanto ele viver?2 Assim, por exemplo, a mulher casada está presa por lei ao marido enquanto ele vive. Se, porém, ele vier a falecer, ela estará livre da lei que a prendia ao marido.3 Portanto, se, em vida do marido, ela se entregar a um outro homem, será chamada de adúltera. Mas, se seu marido for falecido, ela está livre da lei, de sorte que não será adúltera, se se entregar a um outro.4 Também vós, meus irmãos, morrestes em relação à Lei, pelo corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus.5 Quando vivíamos no nível da carne, as paixões pecaminosas, ativadas pela Lei, agiam em nossos membros, a fim de que frutificássemos para a morte.6 Agora, porém, mortos para aquilo que nos mantinha prisioneiros, fomos libertados da Lei, de modo a nos tomarmos escravos no novo regime do Espírito e não mais no regime antiquado da letra.7 Que diremos então? Que a Lei é pecado? De modo algum. Mas foi através da Lei que eu conheci o pecado. Nem mesmo a cobiça eu conheceria, se a lei não dissesse: "Não cobiçarás".8 Aproveitando a ocasião oferecida pelo preceito, o pecado produziu em mim toda espécie de cobiça. Pois, sem a Lei, o pecado é coisa morta.

v. 1-25: Apesar de estarmos sobre a Graça de Cristo devemos obedecer a Lei pois ela nos educa. Ela nos ensina o que é certo e o que é errado, a Lei é boa.

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9 Outrora, sem lei, eu vivia; sobrevindo o preceito, o pecado começou a viver,10 e eu morri, pois o preceito feito para a vida se tomou, para mim, fator de morte.11 O que houve é que o pecado, aproveitando a ocasião oferecida pelo preceito, me seduziu e acabou me matando.12 Assim, a Lei é santa, como também o preceito é justo e bom.13 Então, o que é bom se tomou morte para mim? De modo algum. Mas o pecado, a fim de se tomar conhecido como pecado, se serviu do que é bom para me matar. E assim, através do preceito, é pecado mostrou ao extremo seu caráter pecaminoso.14 Sabemos que a Lei é espiritual; eu, porém, sou carnal, vendido ao pecado como escravo.15 De fato, não entendo o que faço, pois não faço o que quero, mas o que detesto.16 Ora, se faço o que não quero, estou concordando que a Lei é boa.17 No caso, já não sou eu que estou agindo, mas sim o pecado que habita em mim.18 De fato, estou ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo.19 Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero.20 Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita em mim.21 Portanto, descubro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta.22 Como homem interior, ponho toda a minha satisfação na Lei de Deus;23 mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus membros.24 Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte?25 Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Em suma: pela minha mente sirvo à Lei de Deus, mas pela carne sirvo à lei do pecado.

DECLARAÇÃO CONJUNTA

DC 19. Confessamos juntos que o ser humano, no concernente à sua salvação, depende completamente da graça salvadora de Deus. A liberdade que ele possui para com as pessoas e coisas do mundo não é liberdade com relação à salvação. Isto quer dizer que, como pecador, ele se encontra sob o juízo de Deus, sendo por si só incapaz de se voltar a Deus em busca de

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salvamento, ou de merecer sua justificação perante Deus, ou de alcançar a salvação pela própria força. Justificação acontece somente por graça.

DC 37. Confessamos juntos que boas obras - uma vida cristã em fé, esperança e amor - se seguem à justificação e são frutos da justificação. Quando a pessoa justificada vive em Cristo e atua na graça recebida produz, biblicamente falando, bom fruto. Essa conseqüência da justificação é ao mesmo tempo uma obrigação a ser cumprida pelo cristão, na medida em que luta contra o pecado durante a vida toda; por isso Jesus e os escritos apostólicos admoestam os cristãos a realizar obras de amor.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Cat. 2006. O termo "mérito" designa, em geral, a retribuição devida por uma comunidade ou uma sociedade à ação de um de seus membros, sentida como boa ou má, digna de recompensa ou castigo. O mérito se relaciona com a virtude da justiça, em conformidade com o princípio da igualdade que a rege.

Cat. 2007. Diante de Deus, em sentido estritamente jurídico, não há mérito da parte do homem. Entre Ele e nós a diferença é infinita, pois dele tudo recebemos, dele, que é nosso criador.

Cat. 2008. O mérito do homem diante de Deus, na vida cristã, provém do fato de que Deus livremente determinou associar o homem à obra de sua graça. A ação paternal de Deus vem em primeiro lugar por seu impulso, e o livre agir do homem, em segundo lugar, colaborando com Ele, de sorte que os méritos das boas obras devem ser atribuídos à graça de Deus, primeiramente, e só em segundo lugar ao fiel. O próprio mérito do homem cabe, aliás, a Deus, pois suas boas ações procedem, em Cristo, das inspirações e do auxílio do Espírito Santo.

Cat. 2009. A adoção filial, tomando-nos participantes, por graça, da natureza divina, pode conferir-nos, segundo a justiça gratuita de Deus, um verdadeiro mérito. Trata-se de um direito por graça, o pleno direito do amor, que nos torna "co-herdeiros" de Cristo e dignos de obter "a herança prometida da vida eterna''. Os méritos de nossas boas obras são dons da bondade divina. "A graça veio primeiro; agora se entrega aquilo que é devido. (....) Os méritos são dons de Deus.''

Cat. 2010. Como a iniciativa pertence a Deus na ordem da graça, ninguém pode merecer a graça primeira, na origem da conversão, do perdão e da justificação. Sob a moção do Espírito Santo e da caridade, podemos em seguida merecer para nós mesmos e para os outros as graças úteis à nossa santificação, ao crescimento da graça e da caridade, e também para ganhar a vida eterna. Os próprios bens temporais, como a saúde, a amizade, podem ser merecidos segundo a sabedoria divina. Essas graças e esses bens são o objeto da oração cristã. Esta atende à nossa necessidade da graça para as ações meritórias.

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Cat. 2011. A caridade de Cristo em nós constitui a fonte de todos os nossos méritos diante de Deus. A graça, unindo-nos a Cristo com um amor ativo, assegura a qualidade sobrenatural de nossos atos e, por conseguinte, seu mérito (desses nossos atos) diante de Deus, como também diante dos homens. Os santos sempre tive ram viva consciência de que seus méritos eram pura graça. Após o exílio terrestre, espero ir deleitar-me de vós na Pátria, mas não quero acumular méritos para o céu, quero trabalhar somente por vosso amor. (...) Ao entardecer desta vida, comparecerei diante de vós com as mãos vazias, pois não vos peço, Senhor, que contabilizeis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas a vossos olhos. Quero, portanto, revestir-me de vossa própria justiça e receber de vosso amor à posse eterna de vós mesmo... (Santa Terezinha)

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2.4. A Santidade Cristã (Cat. nº 2012 a 2015)

Romanos 8

2.4.1. A Vida no Espírito (Corpo Místico de Cristo)

1 Não há nenhuma condenação para os que estão no Cristo Jesus.2 Pois a lei do Espírito, que dá a vida no Cristo Jesus, te libertou da lei do pecado e da morte.3 Com efeito, aquilo que era impossível para a Lei,em razão das fraquezas da carne, Deus o realizou enviando seu próprio Filho em carne semelhante à do pecado, e por causa do pecado. Assim, Deus condenou o pecado na carne,4 a fim de que a justiça exigida pela Lei seja cumprida em nós, que não procedemos segundo a carne, mas segundo o Espírito.5 Os que vivem segundo a carne se voltam para o que é da carne; os que vivem segundo o Espírito se voltam para o que é espiritual6 Na verdade, as aspirações da carne levam à morte e as aspirações do Espírito levam à vida e à paz.7 Portanto, as aspirações da carne são uma rebeldia contra Deus: não se submetem, nem poderiam submeter-se, à Lei de Deus.8 Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus.9 Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se real-mente; o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo.10 Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja morto por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça.11 E, se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos mora em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que mora em vós.12 Portanto, irmãos, temos uma dívida, mas não para com a carne, como devendo viver segundo a carne,13 pois, se viverdes segundo a carne morrereis; mas se, pelo Espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis.14 Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.15 De fato, vós não recebestes espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes o Espírito que vos torna filhos e no qual

v. 1-13: Deus não condena ninguém, Ele é um Deus que perdoa porque ama. Não podemos confundir justiça legal dos homens e justiça salvadora de Deus. De acordo com o modo humano de entender a justiça, os bons sempre serão premiados, e os maus sempre serão castigados. Mas se fazemos ou entendemos a justiça de Deus nos mesmos parâmetros da justiça humana, estamos limitando as perfeições de Deus. É um erro e um verdadeiro desastre. Como pode a criatura limitar seu Criador? A justiça de Deus é diferente da nossa, graças a Deus! Ele não quer a desgraça para nenhum de seus filhos. Por isso, ele é justo não porque castiga, mas porque salva. (Pe. Armellini)

v. 14-17: O novo relacionamento com Deus confere nova consciência de filho de

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clamamos: "Abá, Pai!"16 O próprio Espírito se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus.17 E, se somos filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, se, de fato, sofremos com ele, para sermos também glorificados com ele.18 Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós.19 De fato, toda a criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus;20 pois a criação foi sujeita ao que é vão e ilusório, não por seu querer, mas por dependência daquele que a sujeitou.21 Também a própria criação espera ser libertada da escravidão da corrupção para a liberdade que é a glória dos filhos de Deus.22 Com efeito, sabemos que toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto,23 e não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nosso íntimo, esperando a condição filial, a redenção de nosso corpo.24 Pois é na esperança que fomos salvos. Ora, aquilo que se tem diante dos olhos não é objeto de esperança: como pode alguém esperar o que está vendo?25 Mas, se esperamos o que não vemos, é porque o aguardamos com perseverança.26 Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis.27 E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos.28 Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio.29 Pois aos que ele conheceu desde sempre, também os predestinou a se configurarem com a imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos.30 E àqueles que predestinou, também os chamou, e aos que chamou, também os justificou, e aos que justificou, também os glorificou.

Deus. Deus já não é um juiz distante que ameaça com a Lei na mão, mas sim um Pai que acolhe, perdoa e abraça.

v. 18-25: A vida nova é semente de nova humanidade. Faz olhar a história como um processo de gravidez com dores de parto, que envolve toda a criação e tem nascimento garantido.

v. 25-27: Rezar é o mesmo que deixar-se guiar pelo Espírito que nos aproxima sempre mais de Deus e nos abre o coração aos irmãos.

v. 28: Deus conduz os acontecimentos de forma que tudo colabore com o bem e à consecução do seu projeto de amor.

v. 29-30: Deus predestina toda a humanidade à Salvação, agora depende de cada um aceitar ou não esta salvação.

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DECLARAÇÃO CONJUNTA

DC 28. Confessamos juntos que no batismo o Espírito Santo une a pessoa com Cristo, a justifica e realmente a renova. Não obstante, a pessoa justificada durante toda a vida permanece incessantemente dependente da graça de Deus que justifica de modo incondicional. Também ela está continuamente exposta ao poder do pecado e suas investidas, não estando isenta da luta vitalícia contra a oposição a Deus em termos de cobiça egoísta do velho Adão. Também a pessoa justificada precisa pedir, como no Pai Nosso, a cada dia, o perdão de Deus, é chamada constantemente à conversão e ao arrependimento e recebe continuamente o perdão.

DC 31. Confessamos juntos que o ser humano é justificado na fé no evangelho "independentemente de obras da lei" (Rm 3,28). Cristo cumpriu a lei e, por sua morte e ressurreição, a superou como caminho para a salvação. Confessamos ao mesmo tempo que os mandamentos de Deus permanecem em vigor para a pessoa justificada e que Cristo, em sua palavra e sua vida, expressa a vontade de Deus, que constitui padrão de conduta também para a pessoa justificada.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Cat. 2012. "E nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam. (...) Porque os que de antemão Ele conheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de ser Ele o primogênito entre muitos irmãos. E os que predestinou, também os chamou, e os que chamou, também os justificou, e os que justificou, também os glorificou" (Rm 8,28-30).

Cat. 2013. "Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade:” Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48): Com o fim de conseguir esta perfeição, façam os fiéis uso das forças recebidas (...), a fim de que, cumprindo em tudo a vontade do Pai, se dediquem inteiramente à glória de Deus e ao serviço do próximo.

Cat. 2014. O progresso espiritual tende à união sempre mais íntima com Cristo. Esta união recebe o nome de "mística", pois ela participa no mistério de Cristo pelos sacramentos - "os santos mistérios" - e, nele, no mistério da Santíssima Trindade. Deus nos chama a todos a esta íntima união com Ele, mesmo que graças especiais ou sinais extraordinários desta vida mística sejam concedidos apenas a alguns, em vista de manifestar o dom gratuito feito a todos.

Cat. 2015. O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças: Aquele que vai subindo

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jamais cessa de progredir de começo em começo, por começos que não têm fim. Aquele que sobe jamais cessa de desejar aquilo que já conhece.

2.5. Salvação Universal pelos méritos de Cristo

DECLARAÇÃO CONJUNTA

DC 34. Confessamos juntos que as pessoas crentes podem confiar na misericórdia e nas promissões de Deus. Também em face de sua própria fraqueza e de muitas ameaças para sua fé, podem basear-se - graças à morte e ressurreição de Cristo - na promessa eficaz da graça de Deus em palavra e sacramento e, assim, ter certeza desta graça.

CARTA ENCÍCLICA: O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA E DO MUNDO - JOÃO PAULO II

§46. Tendo em conta tudo o que temos dito até agora, tornam-se mais compreensíveis algumas outras palavras impressionantes e surpreendentes de Jesus. Poderemos designá-las como as palavras do "não-perdão". São-nos referidas pelos Sinóticos, a propósito de um pecado particular, que é chamado de "blasfêmia contra o Espírito Santo". Elas foram expressas na tríplice redação dos evangelistas do seguinte modo:

São Mateus: "Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. E àquele que falar contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, a quem falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo nem no futuro".

São Marcos: "Aos filhos dos homens serão perdoados todos os pecados e todas as blasfêmias que proferirem; todavia, quem blasfemar contra o Espírito Santo, jamais terá perdão, mas será réu de pecado eterno".

São Lucas: "E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem, perdoar-se-á; mas a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado.”

Por que a "blasfêmia" contra o Espírito Santo é imperdoável? Em que sentido entender esta "blasfêmia"? Santo Tomás de Aquino responde que se trata de um pecado "imperdoável por sua própria natureza, porque exclui aqueles elementos graças aos quais é concedida a remissão dos pecados" Segundo uma tal exegese, a "blasfêmia" não consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo agindo em virtude do sacrifício da cruz. Se o homem rejeita o deixar-se "convencer quanto ao pecado", que provém do Espírito Santo e tem caráter salvífico, ele rejeita contemporaneamente a "vinda" do Consolador: aquela "vinda" que se efetuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do sangue de Cristo: o sangue que "purifica a consciência das obras mortas".

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Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados. Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e o sangue permanece nas "obras mortas", no pecado. E a "blasfêmia contra o Espírito Santo" consiste exatamente na recusa radical de aceitar esta remissão, de que ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão verdadeira, por ele operada na consciência. Se Jesus diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado nem nesta vida nem na futura, é porque esta "não-remissão" está ligada, como à sua causa, à "não penitência", isto é, à recusa radical a converter-se. Isto equivale a uma recusa radical de ir até às fontes da Redenção; estas, porém, permanecem "sempre" abertas na economia da salvação, na qual se realiza a missão do Espírito Santo. Este tem o poder infinito de haurir destas fontes: "receberá do que é meu", disse Jesus. Deste modo, ele completa nas almas humanas a obra da Redenção, operada por Cristo, distribuindo os seus frutos. Ora, a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso "direito" de perseverar no mal - em qualquer pecado - e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e também, conseqüentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual, porque a blasfêmia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados.

Romanos 8

2.5.1. Conclusão da Tese:Salvação para Todos pela Fé em Jesus Cristo

31 Depois disto, que dizer ainda? Se Deus é por nós, quem será contra nós?32 Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como é que, com ele, não nos daria tudo o mais?33 Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que justifica?34 Quem condenará? Cristo Jesus, que morreu, mais ainda, que ressuscitou e está à direita de Deus, intercedendo por nós?35 Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada?36 Pois está escrito: "Por tua causa somos entregues à morte, o dia todo; fomos tidos como ovelhas destinadas ao matadouro".37 Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou.38 Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potências,39 nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus, nosso Senhor.

v. 31-39: Paulo num final de rara beleza, aflora sua convicção mais profunda, ele está convencido de que nada neste mundo é capaz de separá-lo do amor de Deus. Paulo enumera tudo aquilo que o fez sofrer e que poderia ser visto como expressão de condenação por parte de Deus. Paulo se sente livre de qualquer poder do mundo. Livre para servir e se doar. Vendo tudo a partir da

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ótica do amor incondicional de Deus.

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