rolnik, suely. ninguém é deleuziano [entrevista]

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ROLNIK, Suely. Ninguém é deleuziano [entrevista]. Acessado em: 12 de agosto de 2015 Disponível em: https://territoriosdefilosofia.wordpress.com/2014/06/23/ninguem-e- deleuziano-suely-rolnik/ *Entrevista a Lira Neto e Silvio Gadelha, originalmente publicada com este título in O Povo,Caderno Sábado: 06. Fortaleza, 18/11/95; com o título “A inteligência vem sempre depois” in Zero Hora, Caderno de Cultura. Porto Alegre, 09/12/95; p.8; e com o título “O filósofo inclassificável” inA Tarde, Caderno Cultural: 02-03. Salvador, 09/12/95. Ninguém é deleuziano. Suely Rolnik*. 1) É curioso como o texto de Deleuze pode parecer acessível e poderoso para alguns e tão obscuro e até delirante, para outros. O que tenho observado ao longo destes anos de trabalho com seu pensamento é que fazer ou não sentido, quando se trata de um texto de Deleuze, não depende de erudição filosófica, nem de qualquer posição epistemológica, metodológica ou mesmo ideológica, como pensam alguns, quando querem reduzir Deleuze ao papel de um mero pensador de maio de 68. Fazer ou não sentido, no caso de um texto de Deleuze e de outros autores como Nietzsche (um dos mais presentes na obra de Deleuze), depende muito mais da postura desde a qual o leitor exerce seu próprio pensamento. Me explico: em seu livro sobre Proust e também em Diferença e Repetição, Deleuze escreve que «só se pensa porque se é forçado». O que ele quer dizer com isso? O que é que nos força a pensar? Certamente não é a competição acadêmica para ver quem chega primeiro ao trono da verdade que hoje tem sua sede no palácio da mídia cultural; isto não tem nada a ver com pensar. O que nos força é o mal-estar que nos invade quando forças do ambiente em que vivemos e que são a própria consistência de nossa subjetividade, formam novas combinações, promovendo diferenças de

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ROLNIK, Suely. Ningum deleuziano [entrevista].Acessado em !" de agosto de "#!$%is&on'vel em (tt&s))territoriosde*iloso*ia.+ord&ress.com)"#!,)#-)".)ninguem/e/deleuziano/suely/rolni0)12ntrevista a Lira Neto e Silvio 3adel(a, originalmente &u4licada comeste t'tulo in OPovo,5aderno S64ado #-. 7ortaleza, !8)!!)9$: com o t'tulo ;A inteligorto Alegre, #9)!")9$: &.8: e como t'tulo ;O*il?so*oinclassi*ic6vel= inA Tarde, 5aderno 5ultural #"/#.. Salvador, #9)!")9$.Ningum deleuziano.Suely Rolnik*.!@ A curioso como o teBto de %eleuze &ode &arecer acess'vel e &oderoso &ara alguns e tCo o4scuro eatdelirante, &araoutros. ODueten(oo4servadoaolongodestes anos detra4al(ocomseu&ensamento Due *azer ou nCo sentido, Duando se trata de um teBto de %eleuze, nCo de&ende deerudiECo *ilos?*ica, nem de DualDuer &osiECo e&istemol?gica, metodol?gica ou mesmo ideol?gica,como &ensam alguns, Duando Duerem reduzir %eleuze ao &a&el de um mero &ensador de maio de-8. 7azer ou nCo sentido, no caso de um teBto de %eleuze e de outros autores como Nietzsc(e Fumdos mais &resentes na o4ra de %eleuze@, de&ende muito mais da &ostura desde a Dual o leitor eBerceseu &r?&rio &ensamento. Ge eB&lico em seu livro so4re >roust e tam4m em Diferena e Repetio, %eleuze escreve DueHs? se &ensa &orDue se *orEadoI. O Due ele Duer dizer com issoJ O Due Due nos *orEa a &ensarJ5ertamente nCo a com&etiECo acador isso eu dizia Due o Due torna os teBtos de %eleuze mais ou menos leg'veis a &osiECo desde aDual o leitor &ensa. Se o leitor *or algum Due se utiliza do &ensamento como uma arma de*ensivacontra a insta4ilidade e a *initude de toda e DualDuer verdade, certamente se sentir6 incomodado&elos teBtos de %eleuze e sua reaECo &oder6 ser das mais violentas &rovavelmente *ar6 de tudo &aradesDuali*ic6/los e esDuec