roberto ervino, lutero e o movimento da reforma

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Lutero e o Movimento da Reforma Roberto E. Zwetsch Introdução Este artigo, originalmente, foi escrito para ser um pequeno livro sobre Lutero, a ser publicado pelo Programa de Assessoria à Pastoral do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI). Depois houve uma mudança de planos. Resolvi, então, encaminhá-lo a Estudos Teológicos no intuito de divulgá-lo entre os seus leitores. Neste texto certamente não há grandes novidades. O que pretendi exer citar foi rever a figura do reformador e a contribuição original que ele dei xou para a Igreja cristã a partir do movimento da Reforma. Assim, enten do que podemos assimilar criticamente tanto a personagem como a teologia de Lutero no nosso contexto brasileiro. Ademais, procurei fazer uma leitu ra de caráter ecumênico para que se aprofunde esta perspectiva em nossa atuação pastoral. Lembro aqui um pensamento de Albérico Baeske, um gran de conhecedor de Lutero entre nós. Ele costuma dizer que o reformador não é para ser copiado nem imitado. É antes de tudo um modelo inspiratório. Gramsci, o grande intelectual italiano mártir do fascismo de Mussoli- ni, era um profundo admirador do movimento da Reforma. A seu ver, o verdadeiro portador da Reforma foi o povo alemão em seu conjunto e não a elite intelectual. Por esta razão, e ao contrário de outros movimentos an teriores que fracassaram por não apresentar este caráter nacional e popular, é que a Reforma foi vitoriosa. De fato, ela grangeou no início uma adesão popular nunca vista, sendo a música e o panfleto duas das formas através das quais o movimento reformatório melhor se difundiu. A tradução da Bíblia feita por Lutero para o alemão se encaixa nessa perspectiva. A Bíblia nas mãos do povo passou a ser um novo símbolo de fé e liberdade. Procurei, então, reler a trajetória de Lutero considerando estas duas faces do tema: de um lado, a participação decisiva de Lutero como líder e formulador do programa, se assim se pode dizer, da Reforma; de outro, a importância do movimento popular amplo e maciço, sem o qual, provavel mente, a Reforma não teria chegado onde chegou. Nesse caso, foi o movi mento que carregou a proposta de Lutero, e sua originalidade ficou realça da na medida em que o movimento ganhou corpo e se alastrou pelo país e, depois, por toda a Europa. 83

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Luther and the Moviment

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  • Lutero e o Movimento da Reforma

    Roberto E. Zwetsch

    Introduo

    Este artigo, originalmente, foi escrito para ser um pequeno livro sobre Lutero, a ser publicado pelo Programa de Assessoria Pastoral do Centro Ecumnico de Documentao e Informao (CEDI). Depois houve uma mudana de planos. Resolvi, ento, encaminh-lo a Estudos Teolgicos no intuito de divulg-lo entre os seus leitores.

    Neste texto certamente no h grandes novidades. O que pretendi exercitar foi rever a figura do reformador e a contribuio original que ele deixou para a Igreja crist a partir do movimento da Reforma. Assim, entendo que podemos assimilar criticamente tanto a personagem como a teologia de Lutero no nosso contexto brasileiro. Ademais, procurei fazer uma leitura de carter ecumnico para que se aprofunde esta perspectiva em nossa atuao pastoral. Lembro aqui um pensamento de Albrico Baeske, um grande conhecedor de Lutero entre ns. Ele costuma dizer que o reformador no para ser copiado nem imitado. antes de tudo um modelo inspiratrio.

    Gramsci, o grande intelectual italiano mrtir do fascismo de Mussoli- ni, era um profundo admirador do movimento da Reforma. A seu ver, o verdadeiro portador da Reforma foi o povo alemo em seu conjunto e no a elite intelectual. Por esta razo, e ao contrrio de outros movimentos anteriores que fracassaram por no apresentar este carter nacional e popular, que a Reforma foi vitoriosa. De fato, ela grangeou no incio uma adeso popular nunca vista, sendo a msica e o panfleto duas das formas atravs das quais o movimento reformatrio melhor se difundiu. A traduo da Bblia feita por Lutero para o alemo se encaixa nessa perspectiva. A Bblia nas mos do povo passou a ser um novo smbolo de f e liberdade.

    Procurei, ento, reler a trajetria de Lutero considerando estas duas faces do tema: de um lado, a participao decisiva de Lutero como lder e formulador do programa, se assim se pode dizer, da Reforma; de outro, a importncia do movimento popular amplo e macio, sem o qual, provavelmente, a Reforma no teria chegado onde chegou. Nesse caso, foi o movimento que carregou a proposta de Lutero, e sua originalidade ficou realada na medida em que o movimento ganhou corpo e se alastrou pelo pas e, depois, por toda a Europa.

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  • Antecedentes

    Comecemos adiantando que Lutero no foi o primeiro a propor reformas na Igreja Catlica do Ocidente. Vale lembrar que desde 1054 j se estabelecera o cisma entre a Igreja do Oriente e a do Ocidente, de modo que o ideal de uma s cristandade governada pelo papa de Roma em aliana com o imperador do Sacro Imprio Romano Germnico, sonho nascido no sculo IX com Carlos Magno, ia sendo derrubado pela prpria realidade histrica.

    Durante toda a Idade Mdia, vamos encontrar movimentos nas bases da sociedade que propunham mudanas, geralmente imbudos de ideais igualitrios como retomo ao cristianismo dos primrdios, com crticas dissoluo da Igreja e a volta a uma vida mais consagrada, pobre e sem pompa.

    Nos sculos XI, XII e XIII, a Itlia e o sul da Frana foram sacudidos por movimentos reformatrios que ansiavam pela pobreza evanglica e criticavam a riqueza e ostentao da Igreja, uma Igreja j sem vida, distante do primeiro amor . Alguns desses grupos reformistas foram violentamente massacrados, acusados de herticos. Outros foram assimilados pela ortodoxia. Exemplos temos nos ctaros, os puros, do sul da Frana, os albigenses e valdenses, os bogomitas da Rssia, depois os primeiros francis- canos e tantos outros.

    Havia uma distino entre esses movimentos: uns entravam em choque direto com a Igreja, contra a hierarquia, acusada de trair o prprio cristianismo. Outros tinham carter pacifista, no-violento. Este o caso do movimento franciscano, desencadeado por Francisco de Assis, um jovem filho de burgus que renegou toda a sua vida pregressa para viver uma vida pobre e simples de acordo com o evangelho. O revolucionrio em Francisco foi o novo tipo de relao que, a partir de sua opo, ele criou com o povo.

    A teologia e a prpria pregao na poca haviam-se tornado estreis. Deus estava oculto por trs de frmulas complicadas da escolstica (teologia fundamentalmente dependente da filosofia aristotlica) ou pesava nas conscincias como um juiz implacvel. Erguera-se um tipo de f puramente cerebral, conceituai, longe das agruras e dificuldades cotidianas da vida das pessoas. Era uma f rida, formalista, baseada antes no direito cannico que no evangelho. Francisco irrompeu com toda a sua modstia e simplicidade radical e convenceu. Ele falava de Deus de um modo novo, que fazia renascer em cada alma a embriaguez divina.

    Era um a heresia para os padres da Igreja de ento. Mas a heresia foi habilmente recuperada pelo papa Inocncio III, ainda durante a vida do prprio Francisco. Tdo ficou sob controle novamente. Ainda assim, a ruptura entre Deus e os homens, entre a hierarquia eclesistica e a massa dos fiis, uma das razes essenciais dos movimentos religiosos populares, fora denunciada. Depois desses fatos a Igreja no seria mais a iesma.

    Esses movimentos religiosos populares da Idade Mdia revelaram a

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  • verdadeira impotncia poltica das grandes massas empobrecidas diante do feudalismo e da fora da Igreja, seu suporte ideolgico, moral e espiritual. Era esta fraqueza que limitava as possibilidades de revolta. Da a fora do pacifismo franciscano: os humilhados e ofendidos punham a nu a sua natureza humana espezinhada e desconhecida.

    Francisco nada tinha a ver com as especulaes teolgicas dos doutores e homens da Igreja. Ele propunha a volta ao cristianismo primitivo, algo bem concreto, e no pregava qualquer tipo de revolta contra a hierarquia; antes, at aconselhava submisso a ela. Esses movimentos msticos no-violentos eram mais representativos do esprito real das massas populares do que as insurreies verdadeiramente herticas que afrontaram de modo direto a hierarquia (ctaros, valdenses, albigenses, camponeses entusiastas liderados por Thomas Mntzer, este j contemporneo de Lutero).

    As Ordens Mendicantes

    As ordens mendicantes que surgiram posteriormente foram uma resposta da Igreja a esses movimentos de massa. Nos dois sculos anteriores Reforma, estas ordens tornar-se-iam responsveis pela difuso do cristianismo entre as classes populares. Os monges deveriam seguir uma regra estrita de observncia dos votos de pobreza, obedincia e castidade, sobressaindo em meio ao povo cristo como ideal de vida evanglica.

    Entre essas ordens, temos os dominicanos, dos quais J. Savonarola tornou-se um reformador, tendo acabado por morrer na fogueira como herege em 1498. Lutero tornou-se monge da Ordem dos Agostinianos Eremitas, uma das ordens reformadas que rompera os limites das provncias eclesisticas e a prpria jurisdio eclesistica, ao passar a eleger a direo da congregao, ganhando assim grande autonomia frente a Roma. Entre as caractersticas da vida religiosa das ordens, devemos ressaltar a preocupao por uma vida mstica muito rica e rigorosa aliada a um intenso estudo da Bblia. Como veremos mais adiante, estes fatores seriam decisivos na experincia de Lutero, sobretudo na sua interpretao bblica.

    As ordens visavam submeter os movimentos ao controle da Igreja. Mas, ao colocar esse clero especial em contato com as massas populares, possibilitaram a emergncia de uma maior solidariedade com o povo cristo do que com a-hierarquia oficial. Com sua pregao, os monges colocavam o povo em contato com a mensagem bblica de forma direta, o que teve implicaes enormes na histria do cristianismo. Esta circunstncia acabaria contribuindo para a quebra do monoplio ideolgico da Igreja oficial.

    Em dois casos, essas idias iriam se radicalizar. Primeiro na Inglaterra, em fins do sculo XIV, os seguidores de Joo Wyclif saram pelo pas pregando o evangelho ao povo, em verdadeira pobreza evang : 'a, sem sapatos, com tnicas compridas, bordo, de dois em dois, como os antigos

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  • pregadores valdenses ou franciscanos. Seguiu-se uma revolta dos camponeses, e Wyclif, que traduzira a Bblia para a lngua inglesa, passou a ser perseguido e perdeu a ctedra onde lecionava em Oxford. Um de seus seguidores na Bomia foi Jan Hus. L os posicionamentos antipapais de Wyclif foram seguidos, aliados a uma combinao de zelo religioso e patritico, o qual deu a Hus notvel liderana. Suas crticas ao clero, inicialmente bem- vindas, acabaram por lev-lo oposio aberta ao arcebispo de Praga, que o excomungou. Disso se originou um grande tumulto popular, que fez de Hus um heri nacional.

    Tnto Wyclif quanto Hus foram condenados como hereges pelo Conclio de Constana (1415). Hus foi queimado na fogueira, no mesmo ano, como tantos outros antes e depois dele. Mas a causa popular e nacionalista que se expressava pela via religiosa no podia mais ser contida. A sociedade feudal ia sendo carcomida lentamente pelos prprios movimentos internos de renovao.

    O Fim do Sistema Feudal

    A sociedade europia, como vemos, vivia um perodo de grandes convulses sociais. Uma crise profunda abalava os prprios fundamentos do sistema. Para entend-la preciso dizer que o sistema feudal rachava porque um novo sistema ia entrando em cena, o qual j estava se configurando desde o sculo XII com a nova classe dos comerciantes. O feudalismo era um sistema scio-econmico baseado fundamentalmente na propriedade da terra. A sociedade se dividia entre os senhores de terra, que constituam a nobreza da qual fazia parte o clero e os camponeses, os servos da gleba, que se distribuam ao redor dos feudos e das fortalezas dos senhores. Estes eram os que trabalhavam duramente para gerar a riqueza dos senhores e cuidar da prpria sobrevivncia. Nesse sistema toda a famlia estava engajada, inclusive as crianas.

    Se nos primrdios do feudalismo a Igreja Se constitura num elemento dinmico e progressista, incentivando a educao e assistindo os mais pobres, com o tempo ela foi adquirindo mais e mais terras, chegando ao ponto de se tomar a maior proprietria de terras do perodo feudal. Pode- se entender por que ela resistiu tanto aos movimentos de reforma que punham esta situao em tela de juzo.

    Com o desenvolvimento das cidades, o incremento do comrcio e do dinheiro, surgiu a nova classe dos burgueses. A palavra vem de burgo , uma rea fortificada onde havia igreja e que oferecia certa proteo aos comerciantes e mercadores para realizarem seus negcios. Esses burgos geralmente surgiam na confluncia de duas ou mais estradas importantes. Acontece que com o tempo esses lugares foram se expandindo, devido prpria dinmica da atividade comercial, e criando um novo tipo de vida, a vida

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  • dos burgos, das cidades, que no se ajustava mais ao modo de vida dos feudos. Assim, pouco a pouco foi se levantando um brado: liberdade!

    Os burgos se constituiriam em uma espcie de zonas livres com relao aos feudos, enquanto os cidados dessas cidades incipientes lutavam por liberdade para ir e vir, liberdade para comerciar, para fixar seus impostos, para ditar suas prprias leis, para organizar sua prpria defesa. Grada- tivamente, foi se avolumando o antagonismo entre os burgos e os feudos, entre os cidados e os senhores feudais, entre a cidade e o campo.

    Dos artesos da Idade Mdia, que foram se reunindo em corporaes maiores, iriam surgir os primeiros trabalhadores assalariados, embries daqueles que mais tarde, com o advento da Revoluo Industrial, dariam nascimento ao proletariado moderno. Do arteso que era dono dos seus meios de produo surgiria o trabalhador que s possua de si a sua fora de trabalho. Dos mestres de corporaes nasceriam os donos das oficinas, mais tarde das fbricas, os capitalistas.

    O capitalismo mercantil, baseado sobretudo nas trocas comerciais, foi o sistema que predominou desde fins do sculo XV at 1750, aproximadamente. Como se sabe, este sistema baseava-se fundamentalmente na avareza, na ganncia e na usura.

    Este foi o tempo das grandes navegaes, protagonizadas por espanhis e portugueses. Os ibricos, com suas naus caravelas, seus instrumentos nuticos e munidos de mapas algo fantasiosos, avanaram mar adentro, em direo ao Ocidente, indo alcanar as terras do que denominaram Novo Mundo, com Colombo, em 1492. Para os povos que aqui viviam tratou- se de uma invaso avassaladora, que provocou, talvez, a maior hecatombe humana de que temos notcia na histria da humanidade, trazendo violncia, temor e morte para milhes de seres humanos, por vezes naes inteiras.

    Era, pois, um mundo que vivia transformaes fantsticas.

    A Alemanha no Sculo XVI

    Em meio a esses fatos gerais, a Alemanha vivia uma situao particular. Ela fazia parte, politicamente, do Sacro Imprio Romano-Germni- co, uma vasta extenso do territrio ocidental e central da Europa, cobrindo o que hoje a ustria, parte da Blgica, a Alemanha, o leste da Frana, a Holanda e a Siclia e Npoles, ao sul da Itlia. No meio ficavam os estados pontifcios dominados pelo papa de Roma.

    Este vasto imprio, que surgira em 800 com Carlos Magno, rei dos francos, sofrera muitas modificaes, desmembramentos, provocados por lutas entre os diversos potentados e pela invaso dos brbaros vindos da Europa Oriental. Tanto que o seu declnio e a perda de influncia dos imperadores iriam se acentuar principalmente a partir do sculo XVI, quando a expanso do comrcio e a conseqente concentrao de riquezas nas cidades

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  • foram transformando, lenta .mas-progressivamente, a sociedade alem. Essa classe burguesa que emergiu nas cidades no apoiava mais o imperador, contribuindo assim para o seu declnio.

    Ao mesmo tempo, muitos dos poderes que anteriormente estavam nas mos dos imperadores passaram aos prncipes e duques, que governavam os vrios pequenos estados em que a Alemanha fora dividida. Alm disso, os sete prncipes mais poderosos chamados eleitores , que escolhiam o imperador, tendiam a favorecer o candidato mais fraco, obviamente, porque no desejavam um governante que pudesse querer restringir seus poderes e privilgios locais.

    Assim, quando Maximiliano I, que reinou de 1493 a 1519, morreu, a disputa poltica favoreceu a eleio de seu neto, conduzido ao trono como Carlos V. Este j governava a Holanda, Burgundi (provncia da Frana) e a maior parte da Espanha, tornando-se o monarca da maior parte da Europa, ainda que o poder poltico na Alemanha tivesse se descentralizado, dividindo-se entre os prncipes territoriais alemes.

    Essa eleio no agradou ao papa Leo X, pois ele a via como uma ameaa direta ao poder poltico da Igreja e das influentes famlias italianas a ela associadas. Por isto, o papa decidiu obter o apoio do prncipe Frederico III, eleitor da Saxnia. Ocorre que, ao ser eleito, Carlos V mantinha seus exrcitos em luta contra os franceses nas fronteiras ocidentais do imprio e contra os turcos o terrvel pesadelo vindo do Oriente que ameaavam todo o mundo cristo, tendo j ocupado toda a Pennsula Balcnica, enquanto avanavam pelo sul da Europa e no leste do Mediterrneo. Estes fatores de poltica externa eram um complicador para qualquer tentativa de enfrentar uma revolta interna ao imprio. Assim, os prncipes iam se fortalecendo ao mesmo tempo que procuravam apoiar pessoas controvertidas como Lutero, no intuito de se projetarem em seu pas.

    O Movimento da Reforma

    Essas circunstncias acabaram por favorecer a expanso do movimento da Reforma. Em 31 de outubro de 1517, o monge Lutero, ento professor de Teologia em Wittenberg, lanara suas 95 teses, nas quais combatia os abusos da Igreja, principalmente quanto s indulgncias, e afirmava alguns de seus princpios reformatrios. Por isto entrara em disputa com o legado papal, o cardeal Toms de Vio, conhecido como Caetano (Cajetano). Como o prncipe Fiederico colocara Lutero sob sua proteo, a poltica papal naquele momento seguiu a linha de no-confrontao, ou de conciliao.

    O ano de 1520 foi decisivo para a Reforma, pois ento Carlos V j fora eleito e a disputa teolgica pde finalmente ganhar o primeiro plano, ao menos internamente na Alemanha. Foi neste ano que Lutero publicou trs dos seus mais importantes escritos, os mais divulgados e que constituam

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  • como que o programa para a reforma da Igreja na cpula e nas bases . O primeiro intitula-se Nobreza Crist da Nao Alem, acerca da Melhoria do Estamento Cristo, no qual exortou o imperador e os prncipes alemes a iniciarem uma ampla reforma na Igreja, o que concretamente significava uma ampla reforma da sociedade, dada a ntima relao entre a Igreja e o Estado. Foi publicado em alemo. O segundo escrito, em latim, denomina-se Do Cativeiro Babilnico da Igreja e estava endereado aos estudantes, telogos e clero. Era um forte ataque quilo que Lutero entendia ser a verdadeira tirania papal sobre o povo cristo. Nele Lutero proclamou a sua doutrina do sacerdcio geral de todos os cristos, a igualdade na f na diversidade das funes. Ao l-lo, o renomado humanista holands Erasmo de Roterd declarou: O rompimento irreparvel. No terceiro, o panfleto intitulado Da Liberdade Crist, Lutero fez uma afirmao aparentemente paradoxal: um cristo senhor livre de todas as coisas, e por isto no sujeito a ningum; um cristo servo obediente, e por isto sujeito a todos. Assim ele formulou a sua dialtica de f e obras, lei e evangelho. Os trs tratados desenvolviam-se essencialmente a partir da sua redescoberta fundamental, feita quando, ao estudar a Carta de Paulo aos Romanos, se deparou com o versculo: O justo viver da f. (1.17.)

    No seu Prefcio aos Escritos Latinos (1545), Lutero relatou como finalmente pde compreender este texto:

    Eu no amava o Deus justo, que pune os pecadores; ao contrrio, eu o odiava (...) Como se no bastasse que os mseros pecadores, perdidos para toda a eternidade por causa do pecado original, estivessem oprimidos por toda sorte de infelicidade atravs da lei do Declogo deveria Deus ainda amontoar aflio com sua justia e sua ira tambm atravs do evangelho? (...) A Deus teve pena de mim. Dia e noite eu andava meditativo, at que por fim observei a relao entre as palavras: A justia de Deus nele revelada, como est escrito: O justo vive por f. A passei a compreender a justia de Deus como sendo uma justia pela qual o justo vive atravs da ddiva de Deus, ou seja, da f (...) A toda a Escritura me mostrou uma face completamente diferente.

    Esses escritos tiveram ampla repercusso em toda a Alemanha e animaram as esperanas de mudana e os gritos de liberdade de todo o povo. Neles Lutero ensaiou sua interpretao nova da Bblia, centrada no Cristo do evangelho da f e da graa, chave de leitura que abriu a porta para uma nova compreenso da f e da vida crists.

    No final de 1520, o papa Leo X enviou a bula Exsurge Domine, que ameaava Lutero com a excomunho, condenando suas doutrinas e exigindo a sua retratao. Como Lutero sequer admitiu cogitar esta hiptese, a menos que fosse convencido pelo exame das Escrituras Sagradas, foi excomungado em janeiro de 1521. Carlos V, que se interessara pela controvrsia, viu-se em dificuldades para colocar um ponto final no caso, uma vez que nem ele nem os prncipes eleitores queriam se desentender com a maioria

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  • do seu povo, adotando alguma atitude extrema com relao a Lutero. Pois este, entrementes, acabara se transformando no foco do nacionalismo alemo.

    Mais tarde, Lutero iria defender a sua causa diretamente diante do imperador na Dieta de Worms (1521), enquanto a Dieta de Augsburgo (1530) fixaria o credo dos reformados. Enquanto a disputa teolgico-poltica se alongava, o movimento se alastrava, ganhando sempre mais fora, de modo que se tornou irreversvel. Erasmo, embora no embarcasse nesta canoa, estava coberto de razo.

    O movimento da Reforma soube se valer das conquistas de sua poca. Johann Gutenberg, mais de meio sculo antes, inventara a imprensa. Esta tcnica revolucionria propiciou maior rapidez na divulgao deis idias e incrementou a prpria alfabetizao do povo. As idias defendidas por Lutero puderam assim se espalhar por toda a Alemanha e outros pases da Europa, mobilizando conscincias e comunidades inteiras. Era um movimento dissonante que encantou as massas oprimidas pelo canto unssono que lhes era imposto por Roma havia sculos.

    Lutero demonstrou uma sensibilidade aguada em relao ao sofrimento e s expectativas do seu povo. Escrevia de modo simples, mas contundente. Era pregador inflamado e sarcstico. Seu domnio da linguagem popular foi de grande importncia para a traduo da Bblia, primeiro do Novo e depois, com o auxlio de amigos da causa, do Antigo Testamento. Este trabalho Lutero iniciou durante seu exlio no Castelo de Wartburgo. Muito lhe ajudou o domnio das lnguas originais. A propsito, Lutero chegou a dizer (1524):

    (...) mesmo que o Esprito faa tudo, eu no o teria conseguido, caso as lnguas no me tivessem auxiliado e me tivessem dado certeza em relao Escritura. Eu tambm teria podido ser piedoso e pregar corretamente em silncio. No entanto, teria deixado o papa e os sofistas e todo o regime anticrsti- co permanecer o que so.

    Para Lutero, foi decisivo seu ponto de partida para a compreenso da Escritura: a revelao de Deus por excelncia Jesus Cristo. Nele se esconde todo o mistrio do cu e da terra, da luz e deis trevas, da perdio e da salvao.

    A Escritura Sagrada, Antigo e Novo Testamentos, passou a se constituir em novo smbolo religioso que escapava ao controle eclesistico. Essa relativa democratizao do sagrado, que mexeu com as prprias bases do poder na cristandade do sculo XVI, um marco da Reforma.

    Vemos como a situao poltica se relacionava de modo intrincado com o prprio desenrolar da disputa teolgico-doutrinria. Mas devemos olhar tambm como vivia o povo, qual a situao social na qual a Reforma repercutiu como uma verdadeira revoluo.

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  • A Crise Social

    Com esses fatos, os prncipes territoriais alemes se firmaram frente ao poder imperial e tambm frente Igreja. Mas a crise social corria solta. De baixo vinha uma presso sem precedentes, exigindo revoluo social. Entre os camponeses reinava uma forte agitao havia dcadas, enquanto as camadas baixas das cidades estavam em constante inquietao. A misria grassava e o descontentamento era generalizado. Os pobres dos povoados e cidadezinhas ressentiam-se da poltica opressiva dos ricos e poderosos. Muitos camponeses livres estavam perdendo sueis pequenas propriedades e tornando-se servos, trabalhadores sem direitos. Nesta condio, eram forados a trabalhar nas propriedades dos nobres, onde eram proibidos de caar ou pescar, alm de terem de pagar taxas extorsivas sobre os produtos que cultivavam. Um clamor se levantava por toda parte, exigindo justia divina e liberdade crist.

    Diante desse pano de fundo, caracterizado por agitao, misria, injustias generalizadas e represso ferrenha, a Igreja aparecia como uma instituio profundamente ambgua, pois ela era uma das grandes beneficirias de todo esse sistema. Os abusos eram to flagrantes que alguns chegavam a dizer: no com os pobres que o dinheiro da Igreja gasto, mas com os sobrinhos favoritos e os parentes dos padres. O luxo e o fausto exagerados irritavam profundamente a massa dos cristos.

    A crise espiritual era, portanto, muito grave. No devemos esquecer que essa Igreja, ainda que eivada de corrupo e luxria, exercia enorme poder sobre a vida dos cristos alemes. A Igreja Catlica era no s a nica instituio religiosa na Europa Ocidental, mas tambm a mais rica e poderosa. Alm de ser proprietria de quase um tero de todas as terras do Sacro Imprio, a Igreja possua, em certas regies, um quarto de todas as propriedades comerciais. Ainda assim, cobrava um imposto anual, o bulo de Pedro, enviado a Roma; alm disso, cada famlia crist deveria pagar o dzimo dez por cento de sua renda , usado para o sustento da parquia local. Com tais arrecadaes, acrescidas de pesadas taxas sobre os prncipes e o prprio povo, a Igreja convertera-se numa rica potncia.

    Lutero colocou-se contra tais abusos. Escreveu o seguinte em 1520:Chega-se concluso de que uma cidade pilhada em tomo de sessenta vezes por ano, sem contar aquilo que pago autoridade secular com taxas, impostos e nus, mais o que a s romana rouba com sua mercadoria e o que consomem inutilmente. Que ainda podemos existir e nos alimentar , para mim, um dos maiores prodgios de Deus.

    Se pensarmos bem, h muito em comum entre a crise do sculo XVI e a nossa permanente crise no Brasil e na Amrica Latina, com nossas multides de famintos, com as elevadas taxas de mortalidade infantil, com o desemprego e a m distribuio da renda e da terra, o que joga milhes de famlias de camponeses na rua da amargura, com um certo conformismo

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  • por parte das igrejas crists diante deste quadro. No caso da Igreja do sculo XVI, tamanho poder acabaria corrodo pela decadncia e pelo descrdito geral.

    Lutero e as Indulgncias

    Uma forma de avareza eclesistica que Lutero atacou em particular foi a venda de indulgncias, bulas emitidas pelo papa contendo garantia de perdo dos pecados. Uma indulgncia, basicamente, era uma transferncia de crdito. Nessa poca, a Igreja ensinava que o filho de Deus, Jesus, sua me, a Virgem Maria, e todos os santos eram melhores do que eles deveriam ser para ganharem a salvao espiritual. O excesso de mrito dessas figuras sagradas era infinito no caso de Cristo, ele mesmo isento de qualquer pecado. Assim, esses mritos em excesso eram vistos como uma espcie de tesouro' que poderia ser usado pelos pecadores a fim de aprimorarem sua solvncia espiritual junto a Deus. A venda de indulgncias fora especialmente difundida depois de 1476, quando o papa Sisto IV anunciou que elas poderiam diminuir o tempo de um pecador no purgatrio, o lugar de punio onde, segundo a doutrina catlica, os mortos expiam seus pecados. No tempo de Leo X (1513-1521), a venda de indulgncias foi incrementada. Este papa, grande adepto da Renascena, incentivador das artes e da literatura, reconstruiu a Catedral de So Pedro com o dinheiro arrecadado pela concesso de indulgncias.

    O jovem prncipe Alberto de Brandenburgo foi um dos que colaboraram nessa coleta. Aos 24 anos, insatisfeito em ser apenas arcebispo de Mag- deburgo e administrador da diocese de Halberstadt, Alberto pretendia um terceiro cargo eclesistico o arcebispado de Mogncia. Em troca da aprovao papal ao seu pedido, ele se props a pagar uma grande soma ao pontfice. Para isso, encarregava-se de coletar indulgncias em todo o principado de Brandenburgo: metade dos lucros iria para a construo de So Pedro, e a outra metade para a casa bancria dos Fugger, uma famlia de financistas que financiaria o pagamento de Alberto ao papa. Negcios como este tomaram-se comuns e envolviam interesses vrios, como o do papa, o dos bispos-prncipes e o dos grupos endinheirados, que eram os bancos da poca.

    A Igreja feudal ia ajuntando, assim, verdadeiras fortunas s custas da credulidade dos fiis. Lutero assistiu a isso e resolveu erguer a voz desde os confins da Alemanha contra esse comrcio espiritual, que, a seu ver, no s construa Roma com o sangue e a pele dos simples cristos , mas desacreditava completamente a Igreja, sua pregao e seu prprio pastor, o papa.

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  • A Reforma e o Renascimento

    Embora seja um acontecimento contemporneo da Reforma, o Renascimento pouco contribuiu para ela. Trata-se de um fenmeno especificamente italiano, ligado de modo essencial ao aparecimento de uma nova camada de intelectuais italianos, que corresponde ascenso da burguesia expressa pelo movimento comunal. So nomes famosos do Renascimento Miguel ngelo, Galileu, Leonardo da Vinci e outros.

    Ocorre que o humanismo renascentista padecia de um mal de origem: ele se deu sob o controle da sociedade civil eclesistica. Permaneceu aristocrtico, ligado a crculos seletos. A Reforma, ao contrrio, teve realmente eficcia por causa de sua penetrao popular. Enquanto o Renascimento se definiu por um esplndido parasitismo, um fenmeno quase que exclusivamente cultural, uma aristocracia separada do povo-nao, a Reforma suscitou um vasto movimento popular nacional. Se, por um lado, ela pagou o seu desenvolvimento intrnseco com uma lenta e muitas vezes interrompida maturao do seu germe vital, por outro, permitiu aos pases protestantes a resistncia tenaz e vitoriosa contra os exrcitos catlicos, contribuindo desta forma para o nascimento da nao germnica.

    Lutero e as Opes Polticas

    Lutero defendeu os pobres, os oprimidos, os injustiados, sem nenhuma dvida. Na sua interpretao do segundo mandamento, que trata da honra de Deus, sintomaticamente, ele afirmou com toda a clareza:

    Aqui temos que nos opor em primeiro lugar a toda injustia, onde a verdade ou a justia esto sofrendo violncia e passando por dificuldade. E nisto no devemos fazer qualquer distino entre as pessoas, como o caso de alguns que lutam mui zelosa e ativamente contra a injustia infligida aos ricos, aos poderosos e aos amigos; porm onde o pobre, o desprezado ou o inimigo a sofre, eles ficam muito quietos e pacientes (...) [pois] (...) a maior parte dos poderosos, ricos e amigos praticam injustia e usam de violncia contra os pobres, pequenos e adversrios. E quanto maiores, tanto piores. Quando no se pode impedi-lo fora e ajudar a verdade, deve-se ao menos profess- lo e tomar posio por meio de palavras, no assumindo o partido do injusto, no lhe dando razo, mas dizendo a verdade abertamente.

    Ainda assim, Lutero fez l suas opes polticas diante de situaes bem concretas. Hoje podemos, com certa tranqilidade, afirmar que nem sempre ele teve razo. Se foi severo contra as injustias dos grados , como costumava chamar os ricos e poderosos e os bajuladores do poder, sua posio diante dos turcos muulmanos, por exemplo, indefensvel. Da mesma forma, difcil concordar com sua justificativa para a matana de cerca de 100 mil camponeses, levada a cabo, diga-se de passagem, tanto

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  • por prncipes luteranos como por catlicos, abortando assim a guerra camponesa na Alemanha.

    Nesse sentido, pode-se dizer que o luteranismo teve nesses casos alguns testes importantes. Ele no s voltou as costas aos camponeses, mas tambm no compreendeu a fora emergente da burguesia. Talvez este desvio ideolgico tenha propiciado, mais tarde, o surgimento de uma teologia e uma prtica de f altamente conservadoras e defensoras da ordem estabelecida coisa que no precisa ser um desdobramento necessrio da teologia da Reforma, de resto sempre muito atenta quilo que fere a dignidade e a honra de Deus e dos seus filhos.

    Como Lutero Viu a Reforma

    Os fatos arrolados acima contriburam decisivamente para desencadear o movimento da Reforma. Outros mais poderiam ser mencionados e analisados. Basta o que apresentamos para configurar o contexto histrico no qual emergiu a figura de Martinho Lutero. Quisemos comear situando-o no seu tempo e lugar para, de sada, nos darmos conta de uma coisa bvia: Lutero foi ser humano e no anjo, sujeito ao pecado e s contradies da vida como qualquer outro ser humano. Importa aqui ressaltar que os seres humanos fazem a histria, mas no como a querem ou imaginam. A histria no produto da conscincia de ningum, por mais santa que possa parecer. Os seres humanos fazem a histria em circunstncias dadas, provocadas por outros seres humanos, em lutas, marchas e contramarchas, circunstncias que se tomam propcias no tempo oportuno. O Novo Testamento tem uma palavra bonita para definir esse tempo: kairos. um tempo que faz desabrochar as profundas e recnditas convices da humanidade. Lutero foi um desses personagens atentos ao tempo e palavra de Deus. Isto lhe devemos e por isto lhe somos gratos e celebramos o seu nome como um fiel e prestimoso servidor do evangelho, palavra de vida abundante.

    Avaliando o movimento da Reforma, com olhar teolgico, Lutero afirmou que isto s foi possvel porque a palavra de Deus transforma homens em deuses . Ele sempre esteve plenamente consciente do fato de que no quis nem planejou a Reforma. Narrando o acontecido, disse certa vez:

    Deus me empurrou, contra a minha vontade, para dentro do trabalho junto ao evangelho (...) Ele simplesmente me colocou anteolhos como se coloca num cavalo de corrida quando se pretende mont-lo no hipdromo. Por isso, ao comear, falei ao nosso Senhor Deus com grande seriedade e de todo o corao: se ele quer iniciar um jogo comigo, que o faa sozinho e me resguarde para que eu no misture a a mim, o que vale dizer, a minha sabedoria.

    Em outra passagem, confessou: Apenas acionei a palavra de Deus, preguei e escrevi; no mais, nada fiz (...) Esta fez tanto (...) enquanto eu esta

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  • va dormindo, ou bebendo cerveja (...) No. fiz nada; a Palavra fez e conseguiu tudo (...) Eu deixei a Palavra agir.

    Contra os doutores e intelectuais distantes do povo, tutero afirmou que Deus, s vezes, abandona os cultos, os sabidos, para que se veja que ele sozinho quem pode proteger o evangelho. Ironicamente, ento, se perguntou: Ns, por acaso, nos imaginamos o seu baluarte? Nem durante uma horinha o somos!

    Isto assim porque o evangelho irrompeu em meio vida do povo alemo, do povo cristo, tal qual o sol da manh. este evangelho que cria em toda parte coraes livres e corajosos . Das pedras suscita filhos.

    A Reforma hoje

    A redescoberta da-fora libertadora do evangelho da graa e do poder de Deus hoje um fato na Amrica Latina toda. Como no sculo XVI, o evangelho suscita de novo coraes corajosos e livres, dispostos a dar a vida pela salvao do mundo, dos pobres deste mundo. Estamos convictos de que, uma vez solta a Palavra da Vida de suas amarras eclesisticas, polticas, sociais, econmicas e culturais, ela cria um povo, povo fiel, povo de sacerdotes, povo livre, povo de Deus, que se rene em pequenas comunidades de f e vida e cuja misso est cada dia mais clara: testemunhar a graa e o amor libertador de Deus em Jesus Cristo e caminhar em direo ao seu Reino. Sabemos que esta Palavra criadora certa e que ela no volta vazia. Uma vez dita, faz o que agrada a Deus e prospera naquilo para o qual Ele a designou (Is 55.11).

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    Roberto Ervino Zwetsch Escola Superior de Teologia

    Caixa Postal 14 93001-970 So Leopoldo RS

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