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ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO DO SUL, BRASIL. Dissertação apresentada à Universidade Federal de Uberlândia, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental – Mestrado, área de concentração em Meio Ambiente e Qualidade Ambiental, para a obtenção do título de “Mestre”. Orientador Prof. Dr. Guilherme Resende Corrêa Co-orientador Prof. Dr. Frederico dos Santos Gradella UBERLÂNDIA MINAS GERAIS – BRASIL 2018

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Page 1: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ

GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL MATO GROSSO DO

SUL BRASIL

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Uberlacircndia

como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Qualidade Ambiental ndash Mestrado aacuterea de concentraccedilatildeo em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

ldquoMestrerdquo

Orientador

Prof Dr Guilherme Resende Correcirca

Co-orientador

Prof Dr Frederico dos Santos Gradella

UBERLAcircNDIA

MINAS GERAIS ndash BRASIL

2018

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFU MG Brasil

Q38g

2018

Queiroz Roberta Franco Pereira de 1992

Geoambientes e solos no Pantanal do Abobral Mato Grosso do Sul

Brasil Roberta Franco Pereira de Queiroz - 2018

82 p il

Orientador Guilherme Resende Correcirca

Coorientador Frederico dos Santos Gradella

Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Uberlacircndia

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental

Disponiacutevel em httpdxdoiorg1014393ufudi2018246

Inclui bibliografia

1 Qualidade ambiental - Teses 2 Pantanal Mato-grossense (MS e

MT) - Aspectos ambientais - Teses 3 Solos - Classificaccedilatildeo - Teses 4

Solos - Umidade - Teses I Correcirca Guilherme Resende II Gradella

Frederico dos Santos III Universidade Federal de Uberlacircndia Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental IV Tiacutetulo

CDU 574

Angela Aparecida Vicentini Tzi Tziboy ndash CRB-6947

ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ

GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL MATO GROSSO DO

SUL BRASIL

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Uberlacircndia

como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Qualidade Ambiental ndash Mestrado aacuterea de concentraccedilatildeo em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

ldquoMestrerdquo

APROVADA em 28 de fevereiro de 2018

Prof Dr Frederico dos Santos Gradella UFMS

(co-orientador)

Prof Dr Bruno Nery Fernandes Vasconcelos UFU

Prof Dr Enio Tarso de Souza Costa UFU

Prof Dr Carlos Ernesto Gonccedilalves Reynaud Schaefer UFV

Prof Dr Guilherme Resende Correcirca

IG ndash UFU

(Orientador)

UBERLAcircNDIA

MINAS GERAIS ndash BRASIL

2018

AGRADECIMENTOS

Agrave Fundaccedilatildeo de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Ciecircncia e Tecnologia do

Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT) e ao Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal

(INPP) pelo financiamento e suporte que permitiram a realizaccedilatildeo desta pesquisa

Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental (PPGMQ) pela

oportunidade de realizar esta pesquisa em especial Mariacutelia pela disposiccedilatildeo de sempre

Simone pela paciecircncia e atenccedilatildeo nos incontaacuteveis atendimentos Camila pela atenccedilatildeo e

discussatildeo das minhas duacutevidas e demais colegas de curso pelo conviacutevio e parceria

Ao Instituto de Geografia (IG) pela viabilizaccedilatildeo de espaccedilo e infraestrutura a todos

os professores e funcionaacuterios que me acolheram como se eu estivesse lotada no instituto e

ao Thiago pelo suporte teacutecnico na apresentaccedilatildeo da pesquisa

Ao Laboratoacuterio de Manejo de Solos (LAMAS) pela disponibilizaccedilatildeo de espaccedilo ao

teacutecnico Marcelo pela contiacutenua disposiccedilatildeo e prestatividade e aos estagiaacuterios do laboratoacuterio

pela assistecircncia nas atividades

Agrave Faculdade de Engenharia Quiacutemica (FEQ) atraveacutes dos Laboratoacuterios Multiusuaacuterio I

e II e aos respectivos teacutecnicos Magayver Rafael e Franciele pela colaboraccedilatildeo auxiacutelio e

paciecircncia

Aos professores colaboradores e alunos da Universidade Federal do Mato Grosso do

Sul (UFMS) pela companhia no trabalho de campo e pela estadia prazerosa na Base de

Estudos do Pantanal

Aos alunos frequentadores do Laboratoacuterio de Pedologia e Estudos da Paisagem

(LAPEP) Gabriel Palucci Isabel e Paula pelo acolhimento incentivo e assessoria nas

atividades de laboratoacuterio e em especial Gabriel Bernardes pela companhia em campo por

todo apoio e longos papos

Ao meu co-orientador professor Frederico Gradella pelo suporte logiacutestico durante o

trabalho de campo pelo auxiacutelio e contribuiccedilatildeo a este trabalho

Ao meu orientador professor Guilherme Correcirca por me proporcionar esta grande

oportunidade por todos os ensinamentos e bons momentos

Ao meu companheiro Rodrigo pela amizade paciecircncia e amor

Ao meus pais Maria do Carmo e Helio por toda confianccedila amor e apoio

A todos os profissionais amigos e familiares com quem convivi e que contribuiacuteram

de alguma forma em minha jornada ateacute aqui muito obrigada

SUMAacuteRIO

LISTA DE QUADROS i

LISTA DE FIGURAS i

LISTA DE TABELAS iii

RESUMO iv

ABSTRACT v

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 6

21 Aacuterea de Estudo 6

22 Meacutetodos 10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 11

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes 11

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 14

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo 26

34 Mineralogia 32

35 Microquiacutemica 41

36 Teores Totais 55

37 Dataccedilotildees 61

4 CONCLUSOtildeES 70

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 72

i

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral 14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998) 4

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral 7

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral 12

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral 13

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos horizontes

dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral25

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral28

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais (0-

20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral29

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) 34

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3)35

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) 36

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) 37

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) 38

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) 39

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos Geoambientes

Cordilheiras (P1 P10 e P11) 40

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50 vezes 42

ii

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 450

vezes 44

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 45

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 46

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 500

vezes 47

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no 48

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes 49

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx (97-

110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes 50

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente (P2) em aumento

de 100 vezes 52

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) em aumento

de 100 vezes 53

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em aumento de 550

vezes 54

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral 59

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral 60

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da Cordilheira

P10 a 40 cm de profundidade 64

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 2: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFU MG Brasil

Q38g

2018

Queiroz Roberta Franco Pereira de 1992

Geoambientes e solos no Pantanal do Abobral Mato Grosso do Sul

Brasil Roberta Franco Pereira de Queiroz - 2018

82 p il

Orientador Guilherme Resende Correcirca

Coorientador Frederico dos Santos Gradella

Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Uberlacircndia

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental

Disponiacutevel em httpdxdoiorg1014393ufudi2018246

Inclui bibliografia

1 Qualidade ambiental - Teses 2 Pantanal Mato-grossense (MS e

MT) - Aspectos ambientais - Teses 3 Solos - Classificaccedilatildeo - Teses 4

Solos - Umidade - Teses I Correcirca Guilherme Resende II Gradella

Frederico dos Santos III Universidade Federal de Uberlacircndia Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental IV Tiacutetulo

CDU 574

Angela Aparecida Vicentini Tzi Tziboy ndash CRB-6947

ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ

GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL MATO GROSSO DO

SUL BRASIL

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Uberlacircndia

como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Qualidade Ambiental ndash Mestrado aacuterea de concentraccedilatildeo em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

ldquoMestrerdquo

APROVADA em 28 de fevereiro de 2018

Prof Dr Frederico dos Santos Gradella UFMS

(co-orientador)

Prof Dr Bruno Nery Fernandes Vasconcelos UFU

Prof Dr Enio Tarso de Souza Costa UFU

Prof Dr Carlos Ernesto Gonccedilalves Reynaud Schaefer UFV

Prof Dr Guilherme Resende Correcirca

IG ndash UFU

(Orientador)

UBERLAcircNDIA

MINAS GERAIS ndash BRASIL

2018

AGRADECIMENTOS

Agrave Fundaccedilatildeo de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Ciecircncia e Tecnologia do

Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT) e ao Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal

(INPP) pelo financiamento e suporte que permitiram a realizaccedilatildeo desta pesquisa

Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental (PPGMQ) pela

oportunidade de realizar esta pesquisa em especial Mariacutelia pela disposiccedilatildeo de sempre

Simone pela paciecircncia e atenccedilatildeo nos incontaacuteveis atendimentos Camila pela atenccedilatildeo e

discussatildeo das minhas duacutevidas e demais colegas de curso pelo conviacutevio e parceria

Ao Instituto de Geografia (IG) pela viabilizaccedilatildeo de espaccedilo e infraestrutura a todos

os professores e funcionaacuterios que me acolheram como se eu estivesse lotada no instituto e

ao Thiago pelo suporte teacutecnico na apresentaccedilatildeo da pesquisa

Ao Laboratoacuterio de Manejo de Solos (LAMAS) pela disponibilizaccedilatildeo de espaccedilo ao

teacutecnico Marcelo pela contiacutenua disposiccedilatildeo e prestatividade e aos estagiaacuterios do laboratoacuterio

pela assistecircncia nas atividades

Agrave Faculdade de Engenharia Quiacutemica (FEQ) atraveacutes dos Laboratoacuterios Multiusuaacuterio I

e II e aos respectivos teacutecnicos Magayver Rafael e Franciele pela colaboraccedilatildeo auxiacutelio e

paciecircncia

Aos professores colaboradores e alunos da Universidade Federal do Mato Grosso do

Sul (UFMS) pela companhia no trabalho de campo e pela estadia prazerosa na Base de

Estudos do Pantanal

Aos alunos frequentadores do Laboratoacuterio de Pedologia e Estudos da Paisagem

(LAPEP) Gabriel Palucci Isabel e Paula pelo acolhimento incentivo e assessoria nas

atividades de laboratoacuterio e em especial Gabriel Bernardes pela companhia em campo por

todo apoio e longos papos

Ao meu co-orientador professor Frederico Gradella pelo suporte logiacutestico durante o

trabalho de campo pelo auxiacutelio e contribuiccedilatildeo a este trabalho

Ao meu orientador professor Guilherme Correcirca por me proporcionar esta grande

oportunidade por todos os ensinamentos e bons momentos

Ao meu companheiro Rodrigo pela amizade paciecircncia e amor

Ao meus pais Maria do Carmo e Helio por toda confianccedila amor e apoio

A todos os profissionais amigos e familiares com quem convivi e que contribuiacuteram

de alguma forma em minha jornada ateacute aqui muito obrigada

SUMAacuteRIO

LISTA DE QUADROS i

LISTA DE FIGURAS i

LISTA DE TABELAS iii

RESUMO iv

ABSTRACT v

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 6

21 Aacuterea de Estudo 6

22 Meacutetodos 10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 11

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes 11

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 14

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo 26

34 Mineralogia 32

35 Microquiacutemica 41

36 Teores Totais 55

37 Dataccedilotildees 61

4 CONCLUSOtildeES 70

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 72

i

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral 14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998) 4

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral 7

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral 12

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral 13

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos horizontes

dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral25

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral28

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais (0-

20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral29

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) 34

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3)35

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) 36

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) 37

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) 38

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) 39

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos Geoambientes

Cordilheiras (P1 P10 e P11) 40

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50 vezes 42

ii

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 450

vezes 44

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 45

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 46

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 500

vezes 47

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no 48

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes 49

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx (97-

110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes 50

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente (P2) em aumento

de 100 vezes 52

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) em aumento

de 100 vezes 53

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em aumento de 550

vezes 54

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral 59

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral 60

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da Cordilheira

P10 a 40 cm de profundidade 64

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 3: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ

GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL MATO GROSSO DO

SUL BRASIL

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Uberlacircndia

como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Qualidade Ambiental ndash Mestrado aacuterea de concentraccedilatildeo em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

ldquoMestrerdquo

APROVADA em 28 de fevereiro de 2018

Prof Dr Frederico dos Santos Gradella UFMS

(co-orientador)

Prof Dr Bruno Nery Fernandes Vasconcelos UFU

Prof Dr Enio Tarso de Souza Costa UFU

Prof Dr Carlos Ernesto Gonccedilalves Reynaud Schaefer UFV

Prof Dr Guilherme Resende Correcirca

IG ndash UFU

(Orientador)

UBERLAcircNDIA

MINAS GERAIS ndash BRASIL

2018

AGRADECIMENTOS

Agrave Fundaccedilatildeo de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Ciecircncia e Tecnologia do

Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT) e ao Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal

(INPP) pelo financiamento e suporte que permitiram a realizaccedilatildeo desta pesquisa

Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental (PPGMQ) pela

oportunidade de realizar esta pesquisa em especial Mariacutelia pela disposiccedilatildeo de sempre

Simone pela paciecircncia e atenccedilatildeo nos incontaacuteveis atendimentos Camila pela atenccedilatildeo e

discussatildeo das minhas duacutevidas e demais colegas de curso pelo conviacutevio e parceria

Ao Instituto de Geografia (IG) pela viabilizaccedilatildeo de espaccedilo e infraestrutura a todos

os professores e funcionaacuterios que me acolheram como se eu estivesse lotada no instituto e

ao Thiago pelo suporte teacutecnico na apresentaccedilatildeo da pesquisa

Ao Laboratoacuterio de Manejo de Solos (LAMAS) pela disponibilizaccedilatildeo de espaccedilo ao

teacutecnico Marcelo pela contiacutenua disposiccedilatildeo e prestatividade e aos estagiaacuterios do laboratoacuterio

pela assistecircncia nas atividades

Agrave Faculdade de Engenharia Quiacutemica (FEQ) atraveacutes dos Laboratoacuterios Multiusuaacuterio I

e II e aos respectivos teacutecnicos Magayver Rafael e Franciele pela colaboraccedilatildeo auxiacutelio e

paciecircncia

Aos professores colaboradores e alunos da Universidade Federal do Mato Grosso do

Sul (UFMS) pela companhia no trabalho de campo e pela estadia prazerosa na Base de

Estudos do Pantanal

Aos alunos frequentadores do Laboratoacuterio de Pedologia e Estudos da Paisagem

(LAPEP) Gabriel Palucci Isabel e Paula pelo acolhimento incentivo e assessoria nas

atividades de laboratoacuterio e em especial Gabriel Bernardes pela companhia em campo por

todo apoio e longos papos

Ao meu co-orientador professor Frederico Gradella pelo suporte logiacutestico durante o

trabalho de campo pelo auxiacutelio e contribuiccedilatildeo a este trabalho

Ao meu orientador professor Guilherme Correcirca por me proporcionar esta grande

oportunidade por todos os ensinamentos e bons momentos

Ao meu companheiro Rodrigo pela amizade paciecircncia e amor

Ao meus pais Maria do Carmo e Helio por toda confianccedila amor e apoio

A todos os profissionais amigos e familiares com quem convivi e que contribuiacuteram

de alguma forma em minha jornada ateacute aqui muito obrigada

SUMAacuteRIO

LISTA DE QUADROS i

LISTA DE FIGURAS i

LISTA DE TABELAS iii

RESUMO iv

ABSTRACT v

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 6

21 Aacuterea de Estudo 6

22 Meacutetodos 10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 11

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes 11

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 14

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo 26

34 Mineralogia 32

35 Microquiacutemica 41

36 Teores Totais 55

37 Dataccedilotildees 61

4 CONCLUSOtildeES 70

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 72

i

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral 14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998) 4

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral 7

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral 12

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral 13

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos horizontes

dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral25

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral28

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais (0-

20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral29

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) 34

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3)35

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) 36

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) 37

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) 38

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) 39

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos Geoambientes

Cordilheiras (P1 P10 e P11) 40

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50 vezes 42

ii

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 450

vezes 44

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 45

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 46

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 500

vezes 47

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no 48

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes 49

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx (97-

110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes 50

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente (P2) em aumento

de 100 vezes 52

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) em aumento

de 100 vezes 53

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em aumento de 550

vezes 54

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral 59

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral 60

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da Cordilheira

P10 a 40 cm de profundidade 64

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 4: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

AGRADECIMENTOS

Agrave Fundaccedilatildeo de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Ciecircncia e Tecnologia do

Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT) e ao Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal

(INPP) pelo financiamento e suporte que permitiram a realizaccedilatildeo desta pesquisa

Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Qualidade Ambiental (PPGMQ) pela

oportunidade de realizar esta pesquisa em especial Mariacutelia pela disposiccedilatildeo de sempre

Simone pela paciecircncia e atenccedilatildeo nos incontaacuteveis atendimentos Camila pela atenccedilatildeo e

discussatildeo das minhas duacutevidas e demais colegas de curso pelo conviacutevio e parceria

Ao Instituto de Geografia (IG) pela viabilizaccedilatildeo de espaccedilo e infraestrutura a todos

os professores e funcionaacuterios que me acolheram como se eu estivesse lotada no instituto e

ao Thiago pelo suporte teacutecnico na apresentaccedilatildeo da pesquisa

Ao Laboratoacuterio de Manejo de Solos (LAMAS) pela disponibilizaccedilatildeo de espaccedilo ao

teacutecnico Marcelo pela contiacutenua disposiccedilatildeo e prestatividade e aos estagiaacuterios do laboratoacuterio

pela assistecircncia nas atividades

Agrave Faculdade de Engenharia Quiacutemica (FEQ) atraveacutes dos Laboratoacuterios Multiusuaacuterio I

e II e aos respectivos teacutecnicos Magayver Rafael e Franciele pela colaboraccedilatildeo auxiacutelio e

paciecircncia

Aos professores colaboradores e alunos da Universidade Federal do Mato Grosso do

Sul (UFMS) pela companhia no trabalho de campo e pela estadia prazerosa na Base de

Estudos do Pantanal

Aos alunos frequentadores do Laboratoacuterio de Pedologia e Estudos da Paisagem

(LAPEP) Gabriel Palucci Isabel e Paula pelo acolhimento incentivo e assessoria nas

atividades de laboratoacuterio e em especial Gabriel Bernardes pela companhia em campo por

todo apoio e longos papos

Ao meu co-orientador professor Frederico Gradella pelo suporte logiacutestico durante o

trabalho de campo pelo auxiacutelio e contribuiccedilatildeo a este trabalho

Ao meu orientador professor Guilherme Correcirca por me proporcionar esta grande

oportunidade por todos os ensinamentos e bons momentos

Ao meu companheiro Rodrigo pela amizade paciecircncia e amor

Ao meus pais Maria do Carmo e Helio por toda confianccedila amor e apoio

A todos os profissionais amigos e familiares com quem convivi e que contribuiacuteram

de alguma forma em minha jornada ateacute aqui muito obrigada

SUMAacuteRIO

LISTA DE QUADROS i

LISTA DE FIGURAS i

LISTA DE TABELAS iii

RESUMO iv

ABSTRACT v

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 6

21 Aacuterea de Estudo 6

22 Meacutetodos 10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 11

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes 11

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 14

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo 26

34 Mineralogia 32

35 Microquiacutemica 41

36 Teores Totais 55

37 Dataccedilotildees 61

4 CONCLUSOtildeES 70

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 72

i

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral 14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998) 4

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral 7

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral 12

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral 13

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos horizontes

dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral25

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral28

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais (0-

20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral29

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) 34

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3)35

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) 36

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) 37

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) 38

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) 39

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos Geoambientes

Cordilheiras (P1 P10 e P11) 40

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50 vezes 42

ii

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 450

vezes 44

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 45

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 46

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 500

vezes 47

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no 48

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes 49

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx (97-

110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes 50

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente (P2) em aumento

de 100 vezes 52

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) em aumento

de 100 vezes 53

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em aumento de 550

vezes 54

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral 59

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral 60

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da Cordilheira

P10 a 40 cm de profundidade 64

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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SUMAacuteRIO

LISTA DE QUADROS i

LISTA DE FIGURAS i

LISTA DE TABELAS iii

RESUMO iv

ABSTRACT v

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 6

21 Aacuterea de Estudo 6

22 Meacutetodos 10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 11

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes 11

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas 14

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo 26

34 Mineralogia 32

35 Microquiacutemica 41

36 Teores Totais 55

37 Dataccedilotildees 61

4 CONCLUSOtildeES 70

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 72

i

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral 14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998) 4

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral 7

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral 12

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral 13

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos horizontes

dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral25

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral28

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais (0-

20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral29

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) 34

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3)35

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) 36

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) 37

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) 38

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) 39

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos Geoambientes

Cordilheiras (P1 P10 e P11) 40

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50 vezes 42

ii

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 450

vezes 44

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 45

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 46

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 500

vezes 47

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no 48

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes 49

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx (97-

110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes 50

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente (P2) em aumento

de 100 vezes 52

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) em aumento

de 100 vezes 53

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em aumento de 550

vezes 54

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral 59

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral 60

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da Cordilheira

P10 a 40 cm de profundidade 64

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 6: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

i

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral 14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998) 4

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral 7

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral 9

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral 12

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral 13

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos horizontes

dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral25

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral28

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais (0-

20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral29

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) 34

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3)35

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) 36

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) 37

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) 38

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) 39

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos Geoambientes

Cordilheiras (P1 P10 e P11) 40

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50 vezes 42

ii

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 450

vezes 44

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 45

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 46

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 500

vezes 47

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no 48

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes 49

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx (97-

110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes 50

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente (P2) em aumento

de 100 vezes 52

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) em aumento

de 100 vezes 53

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em aumento de 550

vezes 54

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral 59

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral 60

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da Cordilheira

P10 a 40 cm de profundidade 64

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 7: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

ii

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 450

vezes 44

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 45

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes 46

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 500

vezes 47

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de agregado no horizonte no 48

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes 49

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx (97-

110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes 50

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente (P2) em aumento

de 100 vezes 52

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) em aumento

de 100 vezes 53

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas microquiacutemicos

em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em aumento de 550

vezes 54

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral 59

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral 60

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da Cordilheira

P10 a 40 cm de profundidade 64

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 17

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral 22

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral 27

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave Figura

16 42

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 17 44

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18 45

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19 46

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 20 47

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente

agrave Figura 21 48

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da Cordilheira

P1 referente agrave Figura 22 50

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no horizonte

Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23 51

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24 52

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com Cambaraacute

(P3) referente agrave Figura 25 53

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26 54

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

Cordilheiras do Pantanal do Abobral 57

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral 58

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da Luminescecircncia

Oticamente Estimulada (LOE) 62

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C 64

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 9: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

iv

RESUMO

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geoambientes e solos no Pantanal do

Abobral Mato Grosso do Sul Brasil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia - MG1

A depressatildeo do Pantanal estaacute sujeita a inundaccedilatildeo anual cujo alagamento tem grau variaacutevel

na escala topograacutefica e temporal criando enorme heterogeneidade de unidades da paisagem

ou de Geoambientes O Pantanal do Abobral eacute uma das sub-regiotildees que compotildee o Pantanal

O estudo teve como objetivo caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da

paisagem e compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de

Geoambientes O Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes

Cordilheiras com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com

mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Nos Geoambientes de

Cordilheiras aacuterea natildeo alagaacutevel verificou-se deposiccedilatildeo de conchas de caramujos em

profundidade meacutedia de 55 a 80 cm o que influenciou na presenccedila de Chernossolos ricos em

bases trocaacuteveis A mineralogia das Cordilheiras eacute composta por calcita mica escmectita e

feldspato soacutedico (albita) O pH alcalino o impedimento da drenagem e abundante ocorrecircncia

de Ca e Mg em formas soluacuteveis no solo permitem elevada estabilidade das carapaccedilas de

gastroacutepodes Nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo o horizonte B placircnico contribui para a

manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol freaacutetico Nestes Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis a anaacutelise mineraloacutegica indicou presenccedila de micas esmectitas

calcita feldspato potaacutessico (microcliacutenio) caulinita e quartzo Nas Cordilheiras a dissoluccedilatildeo

das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo a principal fonte de iacuteons

para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza de Mg no solo indica outras fontes

natildeo biogecircnicas de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral Dataccedilotildees em

sedimentos acima e abaixo nos horizontes petrocaacutelcicos indicam 2500 AP como provaacutevel

eacutepoca de formaccedilatildeo do estrato cimentado Estima-se que nessa eacutepoca a planiacutecie pantaneira

passava por periacuteodos mais secos ou de drenagem mais encaixada e lenccedilol freaacutetico rebaixado

condiccedilotildees que favoreceriam a cimentaccedilatildeo de um estrato acumulado em carbonatos Dataccedilotildees

nas carapaccedilas de gastroacutepodes apontaram idade meacutedia de 1700 AP sua deposiccedilatildeo eacute

considerada natildeo antroacutepica A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A

chernozecircmico natildeo foram concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do

horizonte petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por parte da

macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A chernozecircmicos

Palavras-chave Aacutereas uacutemidas Pantanal pedogecircnese unidades da paisagem

1 Comitecirc Orientador Guilherme Resende Correcirca ndash UFU e Frederico dos Santos Gradella ndash UFMS

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 10: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

v

ABSTRACT

QUEIROZ ROBERTA FRANCO PEREIRA DE Geo-environments and soils at Abobral

Pantanal Mato Grosso do Sul Brazil 2018 82p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio

Ambiente e Qualidade Ambiental) - Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia ndash MG

The Pantanal basin is seasonally flooded in different degrees in space and time overflowing

most part of the lowland and forming distinct landscape units or geo-environments The

Abobral Pantanal is one of the Pantanal sub-regions This study aimed to classify and report

soil physic-chemical characteristics and evaluate the soil-plant relations We subdivided the

landscape using hydromorphism phytophysiognomies relief and soil conditions The

Abobral Pantanal was stratified in four geo-environments Cordilheiras with semi deciduous

forest over Chernozems with petrocalcic horizon Corixo with flooded forest over Planosols

with vertic character Campo com Cambaraacute over Planosols with gley character and Lagoa

Intermitente over eutrophic Planosols At Cordilheira geo-environment a non-flooded area

occurred snail shells buried in the soil at mean depth 55-80 cm inducing occurrence of base

rich Chernozems At Cordilheiras there is occurrance of calcite mica smectites and albite

The high pH the drain obstruction and abundant occurrance of Ca and Mg in soluble forms

in the soil allows high stability to the snail shells At the seasonally flooded geo-

environments the planic B horizon supports the maintenance of a higher water table At these

seasonally flooded geo-environments occurs micas smectites calcite microcline caulinite

and quartz At Cordilheiras the snail shells dissolution above petrocalcic horizons are not

the main ion source for petrocalcic horizon formation The Mg soil richness indicates other

non-biogenic carbonate source The calcareous higher lands around Pantanal are likely

responsibles for enrich the water flood at Abobral Pantanal Sediments dating above and

below the petrocalcic horizon points to 2500 BP the most likely time of the petrocalcic

formation At that time the Pantanal basin were probably drier with a lower drainage which

would favor a cemented strata formation Snail shells dating indicates mean age of 1700 BP

its deposition it is not considered anthropic Petrocalcic horizon and Chernozems formations

were not simultaneously After the petrocalcic resposible event there was younger materials

deposition about 600 BP Petrocalcic horizon partial degradation allied to soil bioturbation

originated Chernozems

Key words Wetlands Pantanal pedogenesis landscape units

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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Page 11: ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ ...repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21106/1/Geo...ROBERTA FRANCO PEREIRA DE QUEIROZ GEOAMBIENTES E SOLOS NO PANTANAL DO ABOBRAL, MATO GROSSO

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Pantanal eacute uma extensa planiacutecie sujeita a inundaccedilotildees perioacutedicas no interior da

Ameacuterica do Sul na fronteira entre Brasil Boliacutevia e Paraguai constituindo a maior aacuterea

uacutemida continental do mundo (POR 1995) Localiza-se na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e

em territoacuterio brasileiro distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com

147574 kmsup2 (ANA 2004)

A planiacutecie do Pantanal estaacute situada em uma depressatildeo tectocircnica recente encaixada

entre o receacutem soerguido Andes a oeste e o escudo cristalino do Brasil Central a leste Estima-

se que a subsidiecircncia da aacuterea ocorreu entre o Plioceno superior e Pleitosceno inferior por

volta de 25 milhotildees de anos atraacutes no iniacutecio do periacuteodo Quaternaacuterio (ABrsquoSABER 1988

JUNK CUNHA 2005) O ciclo de inundaccedilatildeo no Pantanal tem relaccedilatildeo direta com os

planaltos onde estatildeo as nascentes de seus principais tributaacuterios aleacutem de funcionar como

uma planiacutecie de preenchimento e deposiccedilatildeo da erosatildeo resultante das aacutereas elevadas (ALHO

2005) Configura-se numa enorme bacia de sedimentaccedilatildeo ativa cuja espessura sedimentar

natildeo pode ser estimada pois se encontra em pleno desenvolvimento e compotildee diferentes

tratos deposicionais leques aluviais e feiccedilotildees morfoloacutegicas reliquiares (ASSINE 2003

MERINO et al 2015) O Quaternaacuterio foi um periacuteodo recente e notaacutevel por oscilaccedilotildees

climaacuteticas extremas que se acredita terem sido responsaacuteveis pela diversa natureza e

espessura das camadas sedimentares no Pantanal que variam de arenosas a siacuteltico-argilosas

(COUTO et al 2017)

A litologia da regiatildeo eacute composta por depoacutesitos sedimentares Na maior parte da

planiacutecie inundaacutevel a chamada Formaccedilatildeo Pantanal eacute constituiacuteda por sedimentos

predominantemente arenosos (siacuteltico-arenosos argilo-arenosos e areno-conglomeraacuteticos)

semiconsolidados a consolidados proveniente dos arenitos dos planaltos ao redor No limite

com as aacutereas elevadas a litologia eacute constituiacuteda por depoacutesitos detriacuteticos e por aluviotildees atuais

nas aacutereas de vaacuterzeas (RADAMBRASIL 1982 ADAacuteMOLI 1986) A grande diversidade

dos sedimentos aluviais da Formaccedilatildeo Pantanal associada agrave oscilaccedilatildeo do regime

hidromoacuterfico refletem numa grande variedade de solos que se distribuem associados agraves

diferentes feiccedilotildees geomoacuterficas e na grande maioria afetados pelo hidromorfismo

(AMARAL FILHO 1986 FERNANDES et al 2007) Desde o final do Pleistoceno o

Pantanal sofre mudanccedilas em suas taxas de sedimentaccedilatildeo processos pedogeneacuteticos e feiccedilotildees

geomorfoloacutegicas Eacute uma paisagem constantemente em mudanccedila e outros solos estatildeo se

formando nas condiccedilotildees climaacuteticas atuais acompanhando a evoluccedilatildeo da paisagem e se

distribuindo sob as diferentes unidades da paisagem (BEIRIGO 2008)

2

Seus ciclos de inundaccedilatildeo e estiagem natildeo estatildeo ligados agrave pluviosidade in situ A

inundaccedilatildeo eacute produto do grande volume de aacutegua recebido dos planaltos que procura escoar

sobre um sistema frequentemente obstruiacutedo por sedimentos obrigando as aacuteguas a

extravasarem o leito dos rios e inundarem a planiacutecie adjacente Dessa forma cada regiatildeo da

planiacutecie apresenta um tempo de inundaccedilatildeo e escoamento diferente iniciando primeiro ao

norte e mais tarde ao sul seguindo o fluxo do rio Paraguai (norte-sul) o rio tronco da bacia

(RADAMBRASIL 1982 GRADELLA 2008) Nas amplas planiacutecies devido agrave baixa

velocidade das aacuteguas os canais de drenagem foram frequentemente obstruiacutedos pela carga de

sedimentos carreados e as aacuteguas progressivamente abandonaram e criaram novos canais

A planiacutecie de inundaccedilatildeo permite um grande controle hidroloacutegico no interior do

continente O ciclo da cheia e a inundaccedilatildeo funcionam como a forccedila motriz dos processos

ecoloacutegicos no Pantanal pois definem as aacutereas predominantemente aquaacuteticas ou terrestres

distribuem sazonalmente espeacutecies de fauna e flora permitem o intercacircmbio de componentes

quiacutemicos sedimentos e biota O produto disto eacute uma paisagem extremamente heterogecircnea

cuja dinacircmica ainda natildeo foi completamente elucidada (NUNES DA CUNHA JUNK 2009

FERREIRA JUNIOR 2009) Ainda satildeo escassos o conhecimento e compreensatildeo da

dinacircmica pantaneira no que tange processos pedoloacutegicos geoloacutegicos tectocircnicos da

evoluccedilatildeo paleogeograacutefica e processos sedimentares atuais (ASSINE 2003 BEIRIGO 2008

GRADELLA 2008)

O Pantanal estaacute no interespaccedilo de transiccedilatildeo e contato dos ecossistemas vizinhos

Cerrados Amazocircnia Chacos e Mata Atlacircntica Com efeito eacute refuacutegio de grande

biodiversidade de fauna e flora algumas ameaccediladas de extinccedilatildeo no restante do territoacuterio

nacional apresentando poucas espeacutecies endecircmicas (NUNES DA CUNHA JUNK 2005)

Em escala global o Pantanal eacute classificado como uma aacuterea uacutemida continental ou

wetland A Convenccedilatildeo de Ramsar realizada em 1971 na cidade homocircnima no Iratilde teve

objetivo de promover a conservaccedilatildeo e o uso racional de zonas uacutemidas no mundo A

convenccedilatildeo considera o Pantanal uma planiacutecie de inundaccedilatildeo intermitente continental Eacute

estimado que 20 do territoacuterio brasileiro possui variedade de zonas uacutemidas e que nos

uacuteltimos 50 anos foram perdidas 50 das aacutereas uacutemidas naturais mundiais (WCD 2000

JUNK et al 2011)

O Brasil firmou a Convenccedilatildeo de Ramsar em 1993 e assumiu no papel de signataacuterio

a responsabilidade por inventariar e classificar as aacutereas uacutemidas em seu territoacuterio - um

compromisso que tem se desenvolvido de forma muito lenta (PIEDADE et al 2011 JUNK

et al 2014) Dos 11 Siacutetios Ramsar que o Brasil hospeda trecircs deles estatildeo no Pantanal sendo

3

o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural

do SESC Pantanal e a Reserva Particular do Patrimocircnio Natural Fazenda Rio Negro

unidades de conservaccedilatildeo que receberam o tiacutetulo de Siacutetio Ramsar em 1993 2003 e 2009

respectivamente (MMA 2010) O Pantanal tambeacutem eacute estabelecido como Patrimocircnio Natural

Nacional pela Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 (artigo 225) e Reserva da Biosfera creditado

pela UNESCO (ALHO 2005)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2004) considera o Pantanal

um bioma brasileiro a parte classificaccedilatildeo questionada por alguns autores como Coutinho

(2006) que considera o Pantanal um mosaico de diferentes biomas Eiten (1972) uma savana

sazonal e Alho (2005) um braccedilo uacutemido do cerrado Apesar do nome o Pantanal natildeo se trata

de um pacircntano uma vez que este apresenta regime constante de saturaccedilatildeo hiacutedrica com

vegetaccedilatildeo tolerante enquanto aquele possui estaccedilotildees secas e cheias bem definidas com

plantas que suportam condiccedilotildees aquaacuteticas e terrestres (ALHO 2005) No acircmbito da

discussatildeo de termos Coutinho (2006) expressa necessidade de estudos que embasem e

permitam melhor classificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos biomas brasileiros especialmente

contribuiccedilotildees mais seguras nas caracteriacutesticas do ambiente fiacutesico como solos e clima

Dessa maneira o Pantanal eacute uma aacuterea diferenciada no que tange sua topografia

litologia e dinacircmica hiacutedrica As leves variaccedilotildees topograacuteficas formam um mosaico na

paisagem desde campos sazonalmente inundados rios intermitentes lagoas leques aluviais

e cerrados todos e cada vez mais sendo descritos e estudados por autores que atestam a

diversidade e dinacircmica uacutenica das unidades da paisagem (GOTTGENS et al 1998

JIMEacuteNEZ-RUEDA PESSOTTI MATTOS 1998 POTT et al 2000 SAKAMOTO et al

2005) Diversos estudos jaacute consideraram diferentes paracircmetros na tentativa de delimitar a

regiatildeo em ldquovaacuterios pantanaisrdquo Alguns deles satildeo o trabalho de Adaacutemoli (1982) associado ao

Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP) que considerou

dez sub-regiotildees pantaneiras sob o ponto de vista fitogeograacutefico e hidroloacutegico Franco e

Pinheiro (1982) associado ao Projeto RADAMBRASIL (1982) compartimentaram o

Pantanal em oito sub-regiotildees utilizando como criteacuterios as caracteriacutesticas geomorfoloacutegicas e

hidroloacutegicas e Silva e Abdon (1988) que utilizaram aspectos de inundaccedilatildeo relevo solo e

vegetaccedilatildeo e compartimentaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees O uacuteltimo trabalho vem sendo

adotado como referecircncia para a maioria dos estudos (Figura 1)

Este processo de compartimentaccedilatildeo do territoacuterio e da paisagem em unidades menores

e homogecircneas procura compreender uma estrutura espacial determinada A paisagem eacute

resultante do conjunto de seus elementos bioacuteticos e abioacuteticos e sua estreita relaccedilatildeo Essas

4

unidades ambientais podem ser agrupadas em diferentes escalas e satildeo compreendidas como

peccedilas de um quebra-cabeccedila que nunca se apresentam de forma independente (TROLL

1997) As diferentes feiccedilotildees regionais unidades formadoras do mosaico paisagiacutestico satildeo

chamadas aqui de geoambientes Cunha (1985) pontua que cada unidade geomorfoloacutegica no

Pantanal ou geoambiente possui sua dinacircmica de nutrientes em equiliacutebrio com a cobertura

vegetal e o movimento da aacutegua no solo no entanto devido agrave diversidade da paisagem a

interpretaccedilatildeo dos processos de causa e efeito eacute complexa e nem sempre aplicaacutevel a todos os

casos

Figura 1 Compartimentaccedilatildeo do Pantanal segundo Silva e Abdon (1998)

5

Esta pesquisa parte para o desafio de compreender a dinacircmica de diferentes

geoambientes no Pantanal sob o ponto de vista das caracteriacutesticas edaacuteficas suas transiccedilotildees

e reflexos na relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo De fato segundo Troll (1997) quanto menor forem as

subdivisotildees da paisagem maior relevacircncia adquirem as condiccedilotildees do solo frente aos

aspectos climatoloacutegicos na estratificaccedilatildeo do ambiente Estudos anteriores (DIAS et al 2002

MARTINS 2004 ALKIMIN 2009 FERREIRA JUacuteNIOR 2009 BRANDAtildeO et al 2010

MENDONCcedilA et al 2013 FEITOSA et al 2016) jaacute demonstraram estreita relaccedilatildeo entre

propriedades edaacuteficas e o ambiente sobrejacente inclusive direcionando a identificaccedilatildeo de

manchas de solo no campo

O Pantanal do Abobral eacute uma das 11 sub-regiotildees (Figura 1) propostas por Silva e

Abdon (1998) e consiste na planiacutecie de inundaccedilatildeo comum entre os rios Negro Miranda e

Abobral (RAVAGLIA et al 2010) Esta sub-regiatildeo se limita com quase todas as sub-regiotildees

da porccedilatildeo do Pantanal Sul (Miranda Aquidauana Nabileque Paraguai e Nhecolacircndia) com

exceccedilatildeo de Porto Murtinho assumindo assim distinccedilatildeo especial (COUTO et al 2017) A

regiatildeo recebe essencialmente sedimentos carreados pelo rio Negro e pelas aacuteguas ricas em

carbonatos do rio Miranda (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) O rio Abobral que daacute

nome agrave sub-regiatildeo eacute um rio sazonal que desaacutegua na margem esquerda do rio Paraguai

(SEPUacuteLVEDA 2016) por muitos eacute chamado de corixo (canal intermitente) paleo-canal e

ateacute de ldquofalso riordquo Abobral (POTT 2007 POTT DAMASCENO JUNIOR SILVA 2014)

Ainda segundo Cunha Pott e Gonccedilalvez (1985) em tempos preteacuteritos de mudanccedilas

constantes de leito o rio Abobral teria constituiacutedo o terccedilo inferior do rio Aquidauana

Diferentes autores jaacute registraram um enorme depoacutesito de conchas de caramujos sobre

as Cordilheiras do Abobral e que contribuiu para formaccedilatildeo de solos atiacutepicos na regiatildeo

(CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985 ROSA 2000 MANOEL et al 2007) Aleacutem disso

a regiatildeo jaacute foi mencionada como aacuterea de assentamento estacional de ocupaccedilatildeo humana no

preteacuterito e onde siacutetios arqueoloacutegicos podem ser encontrados conforme relatado por Schmitz

(2002) Apesar disso a regiatildeo do Pantanal do Abobral ainda eacute escassamente estudada

principalmente do ponto de vista pedoloacutegico Dessa maneira o objetivo desta pesquisa foi

caracterizar e classificar o solo em diferentes unidades da paisagem e a partir disso

compreender como as caracteriacutesticas edaacuteficas atuam na diferenciaccedilatildeo de geoambientes

especialmente no que tange a quais os principais processos pedogeneacuteticos e qual possiacutevel

influecircncia a deposiccedilatildeo e acuacutemulo de carapaccedilas pode imprimir ao solo

6

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de Estudo

Silva e Abdon (1998) baseando-se nas informaccedilotildees de material de origem solo

drenagem vegetaccedilatildeo e altimetria organizaram o Pantanal em 11 sub-regiotildees Caacuteceres

Poconeacute Baratildeo de Melgaccedilo Paiaguaacutes Nhecolacircndia Abobral Miranda Aquidauana

Nabileque Paraguai e Porto Murtinho O Pantanal do Abobral eacute a menor delas com 2833

kmsup2 e corresponde agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo comum dos rios Abobral Miranda e Negro

(RAVAGLIA et al 2010) ilustrado na Figura 2 A regiatildeo ocupa uma faixa a oeste do estado

do Mato Grosso do Sul inserida nos municiacutepios de Corumbaacute e Aquidauana Eacute considerada

um corredor de biodiversidade e nela ainda ocorre parte da unidade de conservaccedilatildeo Parque

Estadual do Rio Negro (SEPUacuteLVEDA 2016 ANDRADE 2017)

O Pantanal do Abobral eacute uma planiacutecie bem mais rebaixada sendo uma das primeiras

a inundar e passa por alagamento generalizado em eacutepoca de cheia (CUNHA POTT

GONCcedilALVES 1985 RAVAGLIA et al 2010) O clima predominante segundo a

classificaccedilatildeo de Koumlppen eacute Aw clima de Savana A cheia ocorre no veratildeo de novembro a

marccedilo sendo dezembro e janeiro o periacuteodo de maacutexima precipitaccedilatildeo (DAMASCENO

JUNIOR et al 1999) A temperatura meacutedia anual eacute de 26 ordmC A sazonalidade do rio Abobral

eacute distinta sendo que em periacuteodos considerados secos no sul do Pantanal meses de junho a

setembro o rio Abobral foi observado cheio (WANTZEN et al 2011) enquanto que no

mecircs de novembro jaacute na cheia o rio estava muito mais seco (SEPUacuteLVEDA 2016) A

pecuaacuteria de corte eacute a realidade econocircmica regional e dependente da compreensatildeo da

dinacircmica solo-aacutegua-vegetaccedilatildeo-animal conhecimento que ainda natildeo estaacute completamente

disponiacutevel sendo uma regiatildeo ainda escassamente estudada (CUNHA 1985 LIMA 2015)

A aacuterea de estudo do presente trabalho se insere na margem esquerda do rio Abobral

caracterizada por alta sinuosidade do rio e meandros abandonados o que facilita possiacuteveis

espraiamentos em eacutepocas de cheias intenso regime de inundaccedilatildeo e indica mudanccedilas no leito

encaixado do rio A foz do rio Abobral se daacute sob influecircncia da planiacutecie de inundaccedilatildeo do rio

Paraguai (LIMA 2015)

7

Figura 2 Localizaccedilatildeo da sub-regiatildeo do Pantanal do Abobral

8

De acordo com Damasceno Junior et al (1999) a paisagem do Pantanal do

Abobral eacute dominada por campos limpos e sujos interrompidos por aacutereas de mata (capotildees

e cordilheiras) Para estratificaccedilatildeo dos geoambientes neste trabalho foram utilizadas as

compartimentaccedilotildees preliminares de Nunes da Cunha e Junk (2009) e Ravaglia et al

(2010) que consideram ambientes permanentemente inundaacuteveis sazonalmente

inundaacuteveis e natildeo inundaacuteveis portanto definidos basicamente pela variaccedilatildeo altimeacutetrica

Essas superfiacutecies geomoacuterficas se formaram em funccedilatildeo da drenagem erraacutetica e erosatildeo

diferencial ao longo das inundaccedilotildees anuais

As Cordilheiras satildeo os Geoambientes mais elevados inundaacuteveis apenas em cheias

extremas situados de 1 a 3 metros acima do niacutevel da planiacutecie de inundaccedilatildeo em feiccedilotildees

reliquiares de diques marginais (LIMA 2015) Alguns autores (DAMASCENO JUNIOR

et al 1999 SOARES et al 2003 NUNES DA CUNHA E JUNK 2009) consideram os

chamados Capotildees de mata elevaccedilotildees do terreno em forma eliacuteptica ou circular onde

ocorrem pequenos conjuntos de vegetaccedilatildeo sem ligaccedilatildeo com as Cordilheiras As

Cordilheiras e Capotildees satildeo as ilhas de vegetaccedilatildeo que servem como refuacutegio para fauna tanto

em periacuteodos de seca e cheia Em outras aacutereas do Pantanal a presenccedila de Capotildees de mata

eacute relacionada agrave dissecaccedilatildeo de cordilheiras por progressiva erosatildeo fluvial representando

fragmentos remanescentes de antigas cordilheiras (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo encontram-se as feiccedilotildees que drenam as aacuteguas durante

as cheias como Campos inundaacuteveis quando aplainados Lagoas quando de relevo

embaciado e Corixo canal intermitente cocircncavo e contiacutenuo

No que tange agrave fitofisionomia nas Cordilheiras e Capotildees encontram-se formaccedilotildees

florestais semideciduais tipo Cerradatildeo com presenccedila marcante de palmeira acuri

(Scheelea phalerata) nas bordas As planiacutecies alagaacuteveis e interligadas por outro lado satildeo

preenchidas por campos e cerrados inundaacuteveis com fisionomia campestre (Savana

Parque) gramiacuteneo lenhosa (Campos Limpos e Sujos) havendo formaccedilotildees

monodominantes como canjiqueirais (Byrsonima orbignyana) e cambarazais (Vochysia

divergens) (RADAMBRASIL 1982 SEPUacuteLVEDA 2016)

Observa-se na Figura 3 a distribuiccedilatildeo dos geoambientes amostrados na paisagem

e o Quadro 1 os sintetiza com as respectivas coordenadas geograacuteficas e a fitofisionomia

predominante segundo a literatura Trecircs cordilheiras foram amostradas a fim de certificar

o aparecimento padratildeo de depoacutesitos de caramujos em profundidade

9

Figura 3 Localizaccedilatildeo dos ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Quadro 1 Ambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Ponto Geoambiente Fitofisionomia2

Coordenadas

(UTM ndash 21K) Elevaccedilatildeo

(m) E S

P1 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493505 7850586 101

P10 Cordilheira Mata Semideciacutedua 494685 7849728 98

P11 Cordilheira Mata Semideciacutedua 493319 7850055 103

P2 Lagoa Intermitente Savana Parque 493276 7850349 86

P3 Campo Savana Parque 493257 7850393 88

P4 Corixo Mata Semideciacutedua 493309 7850458 86

2 Adaptado de Radambrasil (1982) e Cunha et al (1985)

10

22 Meacutetodos

O periacuteodo de coleta aconteceu em agosto de 2016 eacutepoca de estiagem Trincheiras

foram abertas com profundidade variaacutevel os solos foram descritos e amostrados

conforme Santos et al (2013) e IBGE (2015) e classificados de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificaccedilatildeo de Solos (EMBRAPA 2013) Aleacutem dos horizontes de cada

perfil foram coletadas amostras simples de solo em profundidade 0-20 cm com 5

repeticcedilotildees em cada geoambiente para interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

As amostras de solo foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2

mm de abertura de malha para obtenccedilatildeo da terra fina seca ao ar (TFSA) que foram

submetidas a anaacutelises de acordo com os meacutetodos descritos por EMBRAPA (2017) A

anaacutelise textural foi realizada pelo meacutetodo da pipeta com utilizaccedilatildeo de agitaccedilatildeo lenta de

50 rpm por 16 horas e determinaccedilatildeo do silte por pipetagem O pH foi determinado em

aacutegua e em soluccedilatildeo de KCl 1 mol L-1 em suspensatildeo solosoluccedilatildeo na proporccedilatildeo 125 Os

caacutetions trocaacuteveis foram extraiacutedos por KCl 1 mol L-1 e quantificados por

espectrofotometria de absorccedilatildeo atocircmica (Ca2+ e Mg2+) e por titulometria com NaOH

(Al3+) A acidez potencial (H+ + Al3+) foi extraiacuteda por acetato de caacutelcio 05 mol L-1 a pH

70 e quantificada por titulometria com NaOH O P disponiacutevel Na+ K+ e micronutrientes

(Cu2+ Zn2+ Fe2+ e Mn2+) trocaacuteveis foram extraiacutedos pelo Mehlich-1 sendo P quantificado

pelo meacutetodo do aacutecido ascoacuterbico e os demais determinados por espectrofotocircmetro de

plasma induzido O C orgacircnico foi determinado por Walkley Black sem aquecimento

Para sintetizar as diferenccedilas dos atributos de solo entre os Geoambientes realizou-

se uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) atraveacutes do software Canoco for

Windows (versatildeo 45) com as variaacuteveis quiacutemicas e fiacutesicas previamente padronizadas e

centralizadas

A anaacutelise mineraloacutegica foi realizada na fraccedilatildeo argila sem tratamentos A fraccedilatildeo

granulomeacutetrica foi dispersa em NaOH 01 mol L-1 e agitaccedilatildeo de 180 rpm em seguida

coletada por sifatildeo atraveacutes do princiacutepio da Lei de Stokes em temperatura ambiente e seca

em temperatura de 45 degC A identificaccedilatildeo dos argilominerais se deu por difratometria de

raios-X com radiaccedilatildeo CuKα em um difratocircmetro Shimadzu XRD-6000 com velocidade

de leitura 1ordm2θmin amplitude de 4 a 70ordm 2θ e operado a 30 mA e 40 kV

Para a anaacutelise microquiacutemica com obtenccedilatildeo de mapas e anaacutelises pontuais

quantitativas foram recolhidas amostras indeformadas de horizontes selecionados

Lacircminas para micromorfologia (seccedilotildees finas) foram feitas com dimensatildeo 25 por 5 cm

polidas sucessivamente em disco de nylon com pasta diamantada com posterior lavagem

11

ultrassocircnica para remoccedilatildeo de resiacuteduo do polimento As lacircminas foram metalizadas com

fina peliacutecula de ouro a fim de formar uma superfiacutecie condutora e submetidas em

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) modelo Zeiss EVO MA10 acoplado a sonda

EDS Oxford Inca X - ACT 51 operada em 20 V

A composiccedilatildeo quiacutemica total foi obtida atraveacutes da teacutecnica de Fluorescecircncia de

Raios-X (FRX) Pastilhas fundidas foram preparadas com 1 grama da amostra de solo

(TFSA) e 8 gramas de fundente (Tetraborato de Liacutetio) e submetidas ao aparelho Bruker

S8 Tiger

Sedimentos coletados na Cordilheira P1 em diferentes profundidades foram

datados pelo meacutetodo da Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) no Laboratoacuterio

Dataccedilatildeo Comeacutercio e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Ltda Carapaccedilas pertencentes ao molusco do

gecircnero Pomacea sp foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 e datadas pelo meacutetodo em

radiocarbono 14C no Laboratoacuterio de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense

(LACUFF) A LOE natildeo considera a mateacuteria orgacircnica e acaba servindo como meacutetodo

complementar agrave teacutecnica de radiocarbono 14C (GUEDES et al 2011) utilizada na dataccedilatildeo

das carapaccedilas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Identificaccedilatildeo dos Geoambientes

Os Geoambientes foram hierarquizados de acordo com classe de solo seguida da

propriedade mais expressiva ou que mais influencie o solo fitofisionomia e relevo Os

nomes regionais que representam ambientes com caracteriacutesticas proacuteprias e distintas dos

demais foram mantidos

Seguindo essa loacutegica foram identificados os seguintes Geoambientes no Pantanal

do Abobral Cordilheiras e com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos

(Figura 4) Corixo com mata inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com

Cambaraacute sobre Planossolo gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico

(Figura 5) As principais caracteriacutesticas foram sintetizadas no Quadro 2

12

Figura 4 Geoambientes natildeo inundaacuteveis no Pantanal do Abrobral Perfil P1 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (A) Geoambiente de

Cordilheira com mata semideciacutedua (B) Perfil P10 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (C) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (D) Perfil P11 Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico (E) Geoambiente de Cordilheira com mata

semideciacutedua e presenccedila de palmeira acuri (F)

A

B

C

D

E

F

13

Figura 5 Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis no Pantanal do Abobral Perfil P2 Planossolto Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (G) Geoambiente

Lagoa Intermitente com campo hidroacutefilohigroacutefilo (H) Perfil P3 Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico (I) Geoambiente Campo

(savana gramiacuteneo-lenhosa) com cambaraacute (J) Perfil P4 Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico (L) Geoambiente Corixo com mata ciliar

semideciacutedua (M)

G

H

I

J

L

M

14

Quadro 2 Caracteriacutesticas gerais dos Geoambientes amostrados no Pantanal do Abobral

Compartimento

s da paisagem

Unidades

geoambientais Pedoambientes

Fitofisionomia

predominante

Natildeo

inundaacuteveis

Cordilheiras com

florestas semideciacuteduas

sobre Chernossolos

petrocaacutelcicos

Solos eutroacuteficos bem

drenados com acuacutemulo

de carbonatos

biogecircnicos

Floresta estacional

semideciacutedua com presenccedila

de palmeira acuri e estrato

arbustivo e herbaacuteceo

esparsos

Sazonalmente

Inundaacuteveis

Lagoa Intermitente sobre

Planossolo eutroacutefico

Solo muito mal

drenado com horizonte

B placircnico eutroacutefico

Campo hidroacutefilohigroacutefilo

com arbustos e macroacutefitas

aquaacuteticas

Campo com Cambaraacute

sobre Planossolo

gleissoacutelico

Solo mal drenado com

horizonte B placircnico

distroacutefico

Savana gramiacuteneo-lenhosa

com ocorrecircncia de

Cambaraacutes de porte

arboacutereo

Corixo com mata

inundaacutevel sobre

Planossolo vertissoacutelico

Solo mal drenado

eutroacutefico com caraacuteter

veacutertico

Mata ciliar arboacuterea

fechada semideciacutedua com

rara ocorrecircncia de estratos

arbustivo e herbaacuteceo

32 Anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas

Nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) os solos tecircm sequecircncia de horizontes A escuros

com valores e cromas baixos (Tabela 1) estruturados em gratildeos simples e blocos sub-

angulares pequeno a meacutedio A falta de estrutura bem desenvolvida foi o uacutenico requisito

natildeo satisfeito para a classificaccedilatildeo do horizonte diagnoacutestico A chernozecircmico (EMBRAPA

2013) as demais propriedades seguem de acordo com o enquadramento para a classe de

Chernossolos ndash horizonte A com alta saturaccedilatildeo por bases argilas de atividade alta

seguido de horizonte petrocaacutelcico (Tabelas 1 e 2)

Nos Geoambientes P1 P10 e P11 houve predomiacutenio da textura franco arenosa

com exceccedilatildeo dos primeiros horizontes em P1 (P1 ndash A A2 e A3) A dominacircncia da fraccedilatildeo

areia (Tabela 1) eacute atribuiacuteda agrave matriz arenosa da Formaccedilatildeo Pantanal Nos horizontes A haacute

intensa melanizaccedilatildeo em que a maior presenccedila de gratildeos de quartzo proveniente da fraccedilatildeo

areia eacute facilmente pigmentada com mateacuteria orgacircnica Na profundidade meacutedia de 55 cm

sempre a partir do horizonte A3 haacute acuacutemulo de deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes

seguidos por transiccedilatildeo abrupta para horizontes fortemente cimentados a partir de em

meacutedia 80 cm de profundidade acinzentados com valor de croma mais altos (Tabela 1)

Os horizontes cimentados apresentaram valores do equivalente de carbonato de

caacutelcio (CaCO3) acima de 125 g kg-1 (Tabela 2) O conceito de caraacuteter carbonaacutetico da

15

Embrapa (2013) derivado da USDA (1975) refere-se agrave presenccedila de 150 g kg-1 ou mais

de CaCO3 Apesar disso a morfologia demonstra um horizonte petrocaacutelcico

continuamente cimentado e extremamente duro Nos estaacutedios iniciais o horizonte caacutelcico

teria consistecircncia macia com carbonatos disseminados na matriz ou acumulados em

concreccedilotildees diferindo-se dos horizontes petrocaacutelcicos que mostrariam maior avanccedilo

evolutivo no processo de calcificaccedilatildeo (ALONSO-ZARZA 2003) Os perfis (P1 10 e

P11) oferecem boa drenagem com raiacutezes abundantes ateacute o iniacutecio dos horizontes

petrocaacutelcicos Nesses estratos calcificados haacute presenccedila de rizoconcreccedilotildees carbonaacuteticas

ou seja vestiacutegios de raiacutezes preservadas por incrustaccedilotildees calcaacutereas uma vez que a

absorccedilatildeo pelas raiacutezes concentra a soluccedilatildeo do solo no microambiente e causa a precipitaccedilatildeo

de carbonatos e o envolvimento da raiz conforme explica Fernandes (2010) O mesmo

fenocircmeno foi registrado por Cunha Pott e Gonccedilalves (1985)

A razatildeo areia grossaareia fina (AGAF) eacute ligeiramente maior nas Cordilheiras

demonstrando maiores teores de areia grossa nestes ao contraacuterio dos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) em que predomina relaccedilatildeo AGAF mais baixa

(Tabela 1) Essa maior relaccedilatildeo AGAF nas Cordilheiras eacute consonante com sua funccedilatildeo de

paleodique aluvial conforme jaacute proposto (CUNHA POTT GONCcedilALVES 1985) em

que houve maior energia de deposiccedilatildeo dos sedimentos A planiacutecie de inundaccedilatildeo em seu

lento escoamento permite a decantaccedilatildeo de partiacuteculas mais finas suspensas havendo

seleccedilatildeo dos materiais mais finos na planiacutecie enquanto nas Cordilheiras o material eacute

ligeiramente mais grosseiro e menos selecionado

As Cordilheiras representam o uacutenico refuacutegio para fauna em eacutepocas de cheia

convergindo para esse ambiente processos bioacuteticos que favorecem a concentraccedilatildeo de

nutrientes e deposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica Assim as Cordilheiras (P1 P10 e P11)

tiveram destacadamente maiores teores de C-orgacircnico e nutrientes K+ Na+ Mg+2 e Ca+2

em relaccedilatildeo aos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) (Tabela 2) Isto

favoreceu um elevado valor de soma de bases (SB) e predomiacutenio de pH alcalino sempre

acima de 8 Com efeito a quantidade de caacutetions baacutesicos em relaccedilatildeo ao total de cargas do

solo (saturaccedilatildeo por bases valor V) chegou a 100 em alguns horizontes das Cordilheiras

(P1 ndash A2 e Bkx P10 ndash A e Bkx P11 ndash A4) com predomiacutenio de Ca+2 e Mg+2 (Tabela 2)

Os elevados valores de caacutetions trocaacuteveis satildeo decorrentes de uma taxa de

evapotranspiraccedilatildeo que excede a de precipitaccedilatildeo e da abundante reserva de minerais

provenientes do depoacutesito biogecircnico das conchas de gastroacutepodes Essa alta retenccedilatildeo de

16

caacutetions e o processo de melanizaccedilatildeo proporcionam a formaccedilatildeo do horizonte A

chernozecircmico (KAMPF E CURI 2012)

Os teores de P nas Cordilheiras tiveram tendecircncia de diminuir em profundidade

Os elevados valores destoam dos padrotildees de disponibilidade de P nos solos brasileiros

que altamente intemperizados em geral satildeo deficientes em P laacutebil (NOVAIS SMYTH

NUNES 2007) Atribui-se esse caraacuteter ao conteuacutedo natildeo oacutesseo dos moluscos mais

prontamente degradaacuteveis e enriquecidos em P e uma provaacutevel estabilizaccedilatildeo do P-Ca

(CORREcircA et al 2011) e pelo horizonte petrocaacutelcico que reduz a lixiviaccedilatildeo Tais valores

de P tatildeo contrastantes costumam indicar solos antroacutepicos formados sob ocupaccedilotildees

humanas preteacuteritas (CORREcircA et al 2011)

Com o valor mais elevado de pH nas Cordilheiras (Tabela 2) haacute menor

disponibilidade dos iacuteons metaacutelicos (Fe Zn e Cu) e o Al+3 se precipita e torna-se ausente

do complexo de troca (SILVA E MENDONCcedilA 2007) Os valores de ferro satildeo muito

baixos uma vez que a disponibilidade de Fe tende a diminuir com o aumento de pH P

Ca+2 e HCO3- Com efeito Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuiacuteram clorose em culturas

sobre cordilheiras da regiatildeo agrave deficiecircncia em Fe que eacute comum de ocorrer em solos

calcaacuterios

17

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

(Continua)

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila sup3 Textura

Uacutemida g kg-1 cmolc kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 22 78 514 118 290 015 3390 Ta

Franco argilo

arenoso

A2

(28-39) 10YR 32 88 507 116 289 017 2879 Ta

Franco argilo

arenoso

A3

(39-60) 10YR 42 106 517 126 251 021 2857 Ta

Franco argilo

arenoso

Bkx1

(60-97) 10YR 64 155 565 119 160 027 5250 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(97-110+) 10YR 63 120 533 187 160 023 5406 Ta

Franco

arenoso

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-28) 10YR 31 171 520 125 184 033 6679 Ta

Franco

arenoso

A2

(28-47) 10YR 21 203 497 104 196 041 6388 Ta

Franco

arenoso

A3

(47-81) 10YR 31 229 459 116 196 050 5709 Ta

Franco

arenoso

Bkx

(81-90+) 10YR 73 571 207 46 176 276 3989 Ta

Franco

arenoso

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A

(0-13) 10YR 21 284 469 98 149 061 7745 Ta

Franco

arenoso

A2

(13-31) 10YR 31 287 436 135 142 066 7373 Ta

Franco

arenoso

A3

(31-54) 10YR 31 223 468 136 173 048 6306 Ta

Franco

arenoso

A4

(54-77) 10YR 32 303 379 129 189 080 5931 Ta

Franco

arenoso

A5

(77-99) 10YR 41 255 429 125 191 059 5665 Ta

Franco

arenoso

Akx

(99-120+) 10YR 61 325 359 144 171 091 5415 Ta

Franco

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

18

Tabela 1 Atributos fiacutesico-quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

Horizonte

(cm)

Cor Areia

Grossa

Areia

fina Silte Argila AGAF

Atividade da

argila 3 Textura

Uacutemida Mosqueados g kg-1 cmolc kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-16) 10YR 42 98 691 138 73 014 542 Ta Franco

AE

(16-29) 10YR 42 - 111 684 133 72 016 404 Ta Franco

E

(29-45) 10YR 62 - 95 664 172 69 014 349 Ta Franco

Btv

(45-80+) 10YR 41 10YR 68 79 505 105 310 016 424 Ta

Franco argilo

arenoso

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A

(0-39) 10YR 63 - 110 787 49 55 014 580 - Areia

E

(39-60) 10YR 73 10YR 68 88 786 75 50 011 472 - Areia

Bt

(61-73) 10YR 53 10YR 68 86 695 92 127 012 534 Ta

Franco

arenoso

Bt 2

(74-94) 10YR 52 10YR 68 89 665 27 219 013 499 Ta

Franco argilo

arenoso

E

(94-103) 10YR 72 10YR 68 89 790 26 95 011 365 - Areia

Bt

(103-115+) 10YR 42 10YR 68 75 642 45 237 012 446 Ta

Franco argilo

arenoso

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A

(0-14) 10YR 54 - 104 650 50 196 016 579 Ta

Franco

arenoso

Btv1

(14-24) 10YR 43 10YR 68 84 429 82 405 020 384 Ta

Argila

arenosa

Btv2

(24-60+) 10YR 42 10YR 68 91 508 91 309 018 446 Ta

Franco argilo

arenoso

AG - Areia Grossa AF ndash Areia Fina

3 A atividade da argila eacute calculada pela expressatildeo Valor T (cmolc Kg-1) x 1000 conteuacutedo de argila (g kg-1) Atividade alta (Ta) corresponde ao valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 O criteacuterio natildeo se aplica a classes texturais areia e areia franca Este atributo estaacute de acordo com Embrapa (2013)

19

A presenccedila de fezes de gado nas cordilheiras eacute um fato recorrente na regiatildeo do

Abobral o que justifica picos de mateacuteria orgacircnica (MOS) nos horizontes superficiais das

Cordilheiras (Tabela 2) Em P11 o pico de MOS ocorreu em superfiacutecie e novamente no

horizonte A5 (77-99 cm) logo acima do horizonte petrocaacutelcico Akx (99-120+)

comportamento similar ao encontrado por Coultas Schwadron e Galbraith (2008) em

horizontes petrocaacutelcicos na Floacuterida

O solo melhor drenado proporciona um ambiente oxidante que favorece a accedilatildeo

dos microrganismos a ciclarem a mateacuteria orgacircnica fator que tambeacutem lhe permite

comportar uma maior biomassa vegetal (CUNHA 1980) A alta concentraccedilatildeo de Ca+2 e

Mg+2 tambeacutem proporciona elevada estabilidade da mateacuteria orgacircnica reduzindo sua

mineralizaccedilatildeo e possibilitando acumulaccedilatildeo nas camadas superficiais (PEREIRA et al

2012) contribuindo para o escurecimento desses horizontes A alta capacidade de troca

catiocircnica nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) eacute indicador de argilas de alta atividade (Tabela

1)

Na posiccedilatildeo mais baixa da paisagem a planiacutecie sazonalmente inundaacutevel se

encontram os Geoambientes sujeitos a periacuteodos de inundaccedilatildeo mais ou menos duradouros

Nestes ocorre de maneira geral o processo de eluviaccedilatildeoiluviaccedilatildeo que consiste na

translocaccedilatildeo de argilas de horizontes A e E para acuacutemulo destas em horizontes B A

fraccedilatildeo argila eacute susceptiacutevel ao movimento de suspensatildeo e transporte no perfil do solo

atraveacutes da percolaccedilatildeo da aacutegua movimento favorecido pela matriz arenosa da Formaccedilatildeo

Pantanal O processo gera horizontes superficiais empobrecidos em argila e mais arenosos

(eluviados) e horizontes subsuperficiais concentrados em argila (iluviados) (Tabela 1)

(KAMPF E CURI 2012)

Ademais os solos hidromoacuterficos com horizontes superficiais eluviados e aacutecidos

como os solos encontrados (P2 P3 e P4) propiciam o processo de ferroacutelise em que a

oxidaccedilatildeo de Fe+2 libera iacuteons H+ que deslocam outros caacutetions baacutesicos dos siacutetios de troca

e com o ciclo de aeraccedilatildeo e umedecimento resulta na destruiccedilatildeo e intercalaccedilatildeo de

argilominerais incrementando o contraste textural entre horizontes (KAMPF E CURI

2012)

Natildeo obstante os horizontes acumulados em argila na planiacutecie de inundaccedilatildeo natildeo

satildeo de fato argilosos O incremento em argila levou estes horizontes agrave textura franco

argilo arenosa (Tabela 1) cujo incremento BAsup3 de acordo com Embrapa (2013) satisfaz

a classificaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos B placircnicos com estrutura prismaacutetica e de lenta

permeabilidade De fato na eacutepoca da amostragem apesar de se tratar da estaccedilatildeo seca a

20

Lagoa Intermitente (P2) e o Corixo (P4) ainda apresentavam lacircmina drsquoaacutegua indicando

estagnaccedilatildeo da aacutegua e ambiente de difiacutecil infiltraccedilatildeo P2 P3 e P4 tiveram no geral textura

meacutedia com exceccedilatildeo dos horizontes incrementados com argila e predomiacutenio de cores

mais neutras tiacutepicas de ambiente redutor (Tabela 1) (CORINGA et al 2012)

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) os caacutetions trocaacuteveis (K+ Na+ Mg+2 e Ca+2)

possuem menores teores nos horizontes mais arenosos e superficiais por menor atividade

coloidal Estes nutrientes satildeo retidos nos horizontes mais argilosos acompanhando o

aumento da capacidade de troca catiocircnica (T) nos horizontes Bt uma caracteriacutestica

comum em Planossolos (Tabelas 1 e 2) O pH eacute levemente aacutecido oscilando de 5 a 6 com

tendecircncia a aumentar em profundidade em decorrecircncia dos horizontes texturais e seu

acuacutemulo de bases Com o pH aacutecido haacute disponibilidade de micronutrientes como eacute caso

do Cu que se torna mais disponiacutevel nos ambientes sazonalmente inundaacuteveis (Tabela 2)

Este caso leva a uma maior participaccedilatildeo do Al+3 nos siacutetios de troca das argilas

incrementando tambeacutem maiores valores de acidez potencial (H+Al+) O Campo com

Cambaraacute (P3) apresentou a maior concentraccedilatildeo de Al3+ (Tabela 2) assim como a maior

saturaccedilatildeo por alumiacutenio (m = 35 valor meacutedio) e o menor valor de saturaccedilatildeo por bases

(V = 35 valor meacutedio) sendo o Geoambiente mais distroacutefico em relaccedilatildeo aos demais

(Tabela 2)

No Campo com Cambaraacute (P3) os maiores teores de Al ocorreram nos horizontes

Bt (32 cmolcdmsup3) e Bt2 (50 cmolcdmsup3) juntamente com o pH em H2O em 54 e 55

respectivamente (Tabela 2) Nesses horizontes de argila de alta atividade (Ta) e caraacuteter

alumiacutenico (Tabelas 1 e 2) os elevados teores de Al representam a progressiva destruiccedilatildeo

de argilominerais (favorecido pelo processo de ferroacutelise) que libera quantidades

expressivas de Al das lacircminas octaedrais O Al liberado tanto pode precipitar formando

poliacutemeros amorfos ou preencher as entrecamadas de minerais 21 (MELLO E PEREZ

2009 CUNHA ALMEIDA BARBOZA 2014)

Na condiccedilatildeo de hidromorfismo o arejamento eacute deficiente formando um ambiente

redutor (com baixo potencial de oxirreduccedilatildeo) responsaacutevel por transformar Fe+3 e Mn+3

+4 em formas reduzidas (Fe+2 Mn+2) disponiacuteveis e soluacuteveis Em razatildeo disso houve

maiores teores de Fe disponiacutevel em todos os Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2

P3 e P4) e maiores teores de Mn disponiacutevel em P4 (Tabela 2) Em P2 e P3 no entanto o

Mn disponiacutevel teve tendecircncia a diminuir em profundidade haja vista maior participaccedilatildeo

de bases no siacutetio de troca Em P2 e P4 haacute maiores valores de Fe nos horizontes

superficiais uma vez que estes estavam saturados agrave eacutepoca (Tabela 1) A alternacircncia dos

21

estados de oxidaccedilatildeo e reduccedilatildeo do Fe eacute responsaacutevel pelos mosqueados que foram

encontrados em maior profundidade nos trecircs ambientes sazonalmente inundaacuteveis

(COUTO et al 2017)

A planiacutecie de inundaccedilatildeo recebe aporte sazonal de material orgacircnico com as aacuteguas

no periacuteodo da cheia Com a saturaccedilatildeo hiacutedrica haacute lenta decomposiccedilatildeo e acuacutemulo da MOS

que acaba gerando forte poder-tampatildeo na manutenccedilatildeo do pH aacutecido Em pH baixo haacute uma

maior fixaccedilatildeo de P indisponibilizando-o Aleacutem disso com Al+3 e Fe+2 em soluccedilatildeo o P

pode se precipitar e se tornar insoluacutevel (NOVAIS SMYTH NUNES 2007) Assim

houve mais P disponiacutevel nos solos de pH mais elevado (Cordilheiras) corroborando com

resultados de Abreu Fernandes e Ruivo (2007) em caracterizaccedilatildeo de solos de vaacuterzeas

Cunha (1985) ao trabalhar com solos de cordilheiras aacutecidas no Pantanal da Nhecolacircndia

verificou baixa disponibilidade de P e baixos niacuteveis de outros nutrientes

O foacutesforo remanescente (P-rem) teve tendecircncia de diminuir em profundidade em

todos Geoambientes indicando que a capacidade do sistema em disponibilizar P tambeacutem

diminui em profundidade Nos horizontes iluviados na planiacutecie de inundaccedilatildeo o pH aacutecido

contribui para menor densidade de cargas negativas na superfiacutecie das argilas atraindo

acircnions como os fosfatos que formam complexos de superfiacutecie de esfera interna com as

argilas e diminuem a disponibilidade de P Jaacute nos horizontes arenosos eluviados (P2-E

P3-A P3-E e P3-Ersquo) os baixos teores de argila permitem pouca retenccedilatildeo de P e por

conseguinte valores elevados de P-rem

As caracteriacutesticas veacuterticas verificadas na morfologia de P2 e P4 satildeo propiacutecias em

ambientes de maior estagnaccedilatildeo de aacutegua com menor lixiviaccedilatildeo e maior aporte de

elementos solubilizados de solos do entorno favorecendo a ocorrecircncia de argilas 21 A

presenccedila de argilas de alta atividade resulta numa maior capacidade de troca catiocircnica e

uma maior saturaccedilatildeo por bases (RESENDE et al 2002) que levou P2 e P4 a tambeacutem

apresentarem caraacuteter eutroacutefico (Tabela 2)

As concentraccedilotildees de Na+ aumentaram em profundidade em todo os Geoambientes

mas sob circunstacircncias diferentes Nas Cordilheiras a boa drenagem nos horizontes

superficiais e lateralmente favorece sua mobilidade pois eacute o caacutetion de menor valecircncia e

maior raio hidratado sendo menos retido aos coloides Jaacute nos Geoambientes

sazonalmente inundaacuteveis o processo de eluviaccedilatildeo da argila concentra Na+ e demais

nutrientes nos horizontes texturais

22

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral (Continua)

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P1 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 81 75 927 1760 113 75 16 00 02 96 96 98 980 00 05 29 17 365 01 224 07 03 -

A2 (28-39) 85 77 556 1930 113 65 12 00 00 83 83 83 1000 00 06 17 10 283 01 148 07 03 -

A3 (39-60) 86 78 221 2010 254 54 09 00 02 69 69 72 972 00 15 14 08 242 01 37 00 00 1254

Bkx1 (60-97) 98 84 340 1536 334 25 03 00 02 82 82 84 976 00 17 15 09 127 01 199 11 03 1250

Bkx2 (97-

110+) 98 85 147 1706 425 22 03 00 00 86 86 86 1000 00 21 13 07 137 01 100 00 00 1253

P10 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-28) 82 74 2626 880 82 99 22 00 00 123 123 123 1000 00 03 23 14 370 02 434 40 16 -

A2 (28-47) 85 78 1715 1110 112 92 27 00 03 122 122 125 976 00 04 21 12 340 02 132 39 02 -

A3 (47-81) 86 79 630 460 132 71 36 00 03 109 109 112 973 00 05 18 10 244 02 67 46 00 1247

Bkx (81-90+) 87 82 134 320 132 35 34 00 00 70 70 70 1000 00 08 10 06 239 03 72 17 01 1253

P11 - Cordilheira - Chernossolo Recircndzico Petrocaacutelcico tiacutepico

A (0-13) 81 74 1024 2290 52 94 13 00 02 113 113 115 983 00 02 94 54 467 05 495 114 24 -

A2 (13-31) 84 75 1021 700 152 84 11 00 07 98 98 105 933 00 06 05 03 446 03 73 16 01 -

A3 (31-54) 85 76 943 310 212 91 14 00 02 107 107 109 982 00 08 05 03 318 04 698 94 11 -

A4 (54-77) 86 77 589 180 382 83 27 00 00 112 112 112 1000 00 15 07 04 230 03 491 37 04 -

A5 (77-99) 86 77 488 180 553 75 28 00 02 106 106 108 982 00 22 10 06 256 03 547 27 03 1199

Akx (99-120+) 86 78 114 50 563 56 12 00 23 70 70 93 752 00 26 00 00 189 03 503 10 03 1254

23

Tabela 2 Atributos quiacutemicos dos solos dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Horizonte

(cm)

pH pH P K+ Na+ Ca+2 Mg+2 Al+3 H+Al SB t T V m ISNa MO C-Org P-Rem Cu Mn Fe Zn CaCO3

H2O KCl mg dm-sup3 cmolc dm-sup3 dag kg-1 mg l-1 mg dm-sup3 g kg-1

P2 - Lagoa Intermitente - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-16) 60 44 16 220 62 14 02 00 23 17 17 40 419 00 07 14 08 410 15 258 2059 05 -

AE (16-29) 55 40 03 180 32 08 01 01 19 10 11 29 347 90 05 14 08 458 12 112 1477 03 -

E (29-45) 59 42 03 130 72 07 01 00 16 08 08 24 336 00 13 13 07 480 08 79 916 03 -

Btv (45-80+) 66 41 00 490 1351 79 25 01 21 110 111 131 840 09 45 04 02 270 18 63 145 01 -

P3 - Campo com cambaraacute - Planossolo Haacuteplico Distroacutefico arecircnico gleissoacutelico

A (0-39) 56 41 03 350 00 07 02 00 23 09 09 32 279 00 00 13 07 423 09 124 1554 03 -

E (39-60) 57 42 01 190 00 06 01 01 16 08 09 24 322 116 00 14 08 440 07 65 1705 02 -

Bt (71-75) 54 39 02 490 02 08 04 32 55 13 45 68 189 716 00 17 10 165 14 25 1094 02 -

Bt2 (75-49) 55 41 00 690 22 13 10 50 84 25 75 109 231 664 01 18 10 86 16 19 296 02 -

E (94-103) 58 42 00 300 02 08 05 13 21 14 26 35 395 481 00 08 05 304 08 14 277 02 -

Bt (103-115+) 59 42 00 910 62 38 33 12 32 74 85 106 697 137 03 14 08 157 11 48 440 03 -

P4 - Corixo - Planossolo Haacuteplico Eutroacutefico vertissoacutelico

A (0-14) 53 39 09 1610 22 35 11 09 64 49 58 113 436 151 01 17 10 217 19 643 3853 13 -

Btv1 (14-24) 51 35 00 1220 415 53 22 28 76 80 108 156 511 263 12 10 06 114 04 1116 2458 04 -

Btv2 (24-60+) 62 42 08 660 706 69 36 03 29 109 112 138 790 26 22 10 06 210 11 245 485 02 534

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem - Foacutesforo Remanescente

CaCO3 - Equivalente de carbonato de caacutelcio

24

A Cordilheira P11 que pode ser considerada um Capatildeo de mata seguindo a

definiccedilatildeo de alguns autores (DAMASCENO JUNIOR et al 1999 NUNES DA CUNHA

E JUNK 2009 LIMA 2015 ANDRADE 2017) apresentou todas as caracteriacutesticas

ambientais e atributos pedoloacutegicos em comum com as Cordilheiras (P1 e P10) indicando

assim tratarem-se P1 P10 e P11 do mesmo Geoambiente das Cordilheiras Esse resultado

possibilita extrapolar para o Pantanal do Abobral a hipoacutetese de que os Capotildees satildeo

testemunhos de antigas Cordilheiras que sujeitas a erosatildeo fluvial foram

progressivamente dissecadas em fragmentos menores (FERNANDES 2007 BEIRIGO

2008)

Uma Anaacutelise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para representar a

associaccedilatildeo das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicas agraves unidades experimentais sintetizando assim

os atributos pedoloacutegicos como fator de diferenciaccedilatildeo dos Geoambientes (Figura 6) Por

motivos de representatividade de cada Geoambiente utilizaram-se os dados apenas da

Cordilheira P1

Dois agrupamentos ao longo do Eixo 1 puderam ser distinguidos Os horizontes

da Cordilheira concentraram-se agrave direita do Eixo 1 associados principalmente aos vetores

de pH P K MO AG e Silte (Figura 6) indicando o pH alcalino das Cordilheiras e maior

aporte de MO (Tabela 2) A baixa mobilidade do P em solos tropicais indica que a fonte

de P estaacute diretamente associada a este Geoambiente provavelmente ligado agrave

decomposiccedilatildeo de gastroacutepodes e suas carapaccedilas Tal processo de acuacutemulo de P por fontes

biogecircnicas assemelha-se ao verificado em sambaquis antroacutepicos por Correcirca et al (2011

2013) A parte interna dos caramujos com tecidos ricos em P eacute degradada inicialmente

liberando P para o solo jaacute a carapaccedila formada por aragonita (carbonato de caacutelcio)

degrada-se muito mais lentamente sendo responsaacutevel pelo pH mais elevado

Os horizontes dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis concentraram-se agrave

esquerda do Eixo 1 no entanto com distribuiccedilatildeo mais difusa devido agrave natureza do

Planossolo (Figura 6)

25

Figura 6 Anaacutelise de componentes principais (PCA) de atributos pedoloacutegicos dos

horizontes dos solos de diferentes Geoambientes no Pantanal do Abobral Legendas

AG - areia grossa AF - areia fina MO - mateacuteria orgacircnica P-rem - foacutesforo

remanescente

Os horizontes incrementados com argila da Lagoa Intermitente (P2-Btv) e Corixo

(P4-Btv1 e Btv2) apresentaram teores mais elevados de Mg+2 Na+ e Ca+2 em relaccedilatildeo aos

demais horizontes de seus perfis (Tabela 2) O caraacuteter veacutertico presente nestes horizontes

eacute indicativo de argilas do tipo 21 com elevada superfiacutecie especiacutefica e densidade de cargas

negativas fatores que contribuem para uma capacidade de troca catiocircnica mais elevada

que por sua vez permite retenccedilatildeo maior desses elementos mais moacuteveis Assim na PCA

(Figura 6) P2-Btv e P4-Btv1 e Btv2 dispersaram-se do agrupamento principal dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis e tenderam a se aproximar dos vetores agrave direita

do Eixo 1 rumo agrave Cordilheira

Os horizontes agrupados agrave esquerda do Eixo 1 da PCA (Figura 6) possuem os

valores de pH mais baixos indicado pela direccedilatildeo oposta deste vetor Devido ao pH mais

aacutecido desses horizontes os iacuteons metaacutelicos (Fe Al Cu e Zn) ficam mais disponiacuteveis pois

26

satildeo elementos cuja atividade eacute maior em ambientes mais aacutecidos e se tornam indisponiacuteveis

em pH mais elevados (ABREU FERNANDES RUIVO 2007) Os horizontes do Campo

com Cambaraacute permaneceram bem agrupados em torno do vetor de Al devido ao seu

caraacuteter distroacutefico (Tabela 2)

Lima (2015) em estudo no Pantanal do Abobral aponta como solos mais comuns

na regiatildeo os Gleissolos Neossolos Planossolos e Vertissolos Os Planossolos satildeo comuns

em regiotildees mal drenadas e planiacutecies aluviais (RESENDE et al 2002) e precisam de uma

paisagem estaacutevel o suficiente para sua formaccedilatildeo como eacute o caso de uma planiacutecie de

armazenamento temporaacuterio e de lento escoamento (PAZ COLLISCHONN TUCCI

2010 BUOL et al 2011) Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) tambeacutem registraram presenccedila

de Planossolos aacutecidos proacuteximos ao leito do rio Abobral Esta foi a classe de solo

dominante nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis neste estudo aleacutem de ocorrerem

em 35 de todo o Pantanal (FERNANDES et al 2007)

O mesmo levantamento pedoloacutegico feito por Cunha Pott e Gonccedilaves (1985) na

regiatildeo do Abobral categorizaram os solos das cordilheiras amostradas como Aeric

Petrocalcic Calciaquoll seguindo a classificaccedilatildeo da Soil Taxonomy (USDA 1975)

afirmando que natildeo havia correspondecircncia com os solos ateacute entatildeo descritos no Brasil A

classe dos Chernossolos no Pantanal segundo a escala de levantamento feito pela

Embrapa em 2007 (FERNANDES et al 2007) tem uma expressatildeo muito pequena

abrangendo 8721 kmsup2 da aacuterea total do Pantanal que natildeo correspondem nem a 1

distribuiacutedos em fragmentos na planiacutecie Pantaneira e sem ocorrecircncia no Pantanal do

Abobral

As Cordilheiras no Pantanal do Abobral de acordo com Cunha et al (1985) se

estendem de forma alongada em posiccedilatildeo paralela ao fluxo da drenagem Por isso mesmo

satildeo consideradas antigos diques marginais e se destacam dos demais Geoambientes por

natildeo estarem frequentemente sujeitas agraves inundaccedilotildees perioacutedicas Com efeito de todos os

geoambientes amostrados o Chernossolo formado sob as Cordilheiras foi a classe de solo

que natildeo se caracteriza pelo hidromorfismo sazonal

33 Relaccedilatildeo solo-vegetaccedilatildeo

Os primeiros 20 cm do solo representam a camada mais explorada pelas raiacutezes

finas dos vegetais eacute a camada em que haacute maior interaccedilatildeo organo-mineral e onde a

ciclagem de nutrientes tem maior expressatildeo permitindo assim investigar a relaccedilatildeo solo-

vegetaccedilatildeo (NOVAIS SMYTH NUNES 2007 FERREIRA JUNIOR 2009) Neste

27

contexto procurou-se relacionar os atributos do solo na camada de 0-20 cm com as

comunidades vegetais encontradas em campo utilizando-se amostragens dos

Geoambientes P1 P2 P3 e P4 Os valores meacutedios dos atributos do solo satildeo apresentados

na Tabela 3

Tabela 3 Valores meacutedios de atributos superficiais do solo (profundidade 0 - 20 cm) nos

Geoambientes do Pantanal do Abobral

Geoambiente

Atributos

Cordilheira

(P1)

Lagoa

Intermitente

(P2)

Campo com

Cambaraacute

(P3)

Corixo

(P4)

pH

H2O

82 58 54 55

pH

KC

l

75 43 41 42

P

mg

dm

- sup3 1593 12 05 18

K 1548 460 386 1058

Na+2 105 50 00 20

Ca+2

cmol c

dm

- sup3

89 12 05 19

Mg+2 15 02 01 07

Al+3 00 00 05 04

H+Al 02 24 25 39

SB 108 16 07 29

T 108 16 12 33

T 110 39 33 68

V

978 399 227 428

m 00 00 353 103

ISNa 04 05 00 01

MO

dag

kg

-1

32 11 11 15

P-rem

mg

L-1

328 413 398 353

Cu

mg d

m- sup3

01 15 07 14

Mn 370 259 132 518

Fe 17 1836 2007 4703

Zn 08 05 03 13

AG

g k

g-1

95 93 107 92

AF 523 651 809 734

Silte 98 172 21 56

Argila 285 83 63 118

SB - Soma de Bases Trocaacuteveis t - Capacidade de Troca Catiocircnica Efetiva T - Capacidade

de Troca Catiocircnica a pH 70 V - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Bases m - Iacutendice de Saturaccedilatildeo

por Alumiacutenio ISNa - Iacutendice de Saturaccedilatildeo por Soacutedio MO - Mateacuteria Orgacircnica P-rem -

Foacutesforo Remanescente AG ndash Areia Grossa AF ndash Areia Fina

28

Como demonstrado na seccedilatildeo 32 nos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

(P2 P3 e P4) ocorre de maneira generalizada o processo de podzolizaccedilatildeo em que houve

translocaccedilatildeo de argilas originando Planossolos Dessa maneira na camada superficial

destes ambientes (primeiros 20 cm) restaram horizontes mais arenosos de onde a argila

migrou refletindo maiores valores de areia grossa e fina (Tabela 3) Ocorre por

conseguinte que a Cordilheira (P1) ambiente natildeo inundaacutevel e sem translocaccedilatildeo de

material fino possui os maiores teores de argila nos primeiros 20 cm (Figura 7)

Figura 7 Triacircngulo textural representativo da camada superficial (0-20cm) dos

Geoambientes no Pantanal do Abobral

A saturaccedilatildeo por bases na Cordilheira (P1) jaacute eacute proeminente desde o horizonte

superficial (Tabela 3) com predomiacutenio de caacutetions Ca+2 e Mg+2 A alta capacidade

catiocircnica deste mesmo Geoambiente (valor T) (Tabela 3) indica uma maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas

A anaacutelise de componentes principais (PCA) das caracteriacutesticas quiacutemicas

superficiais (Figura 8) ilustra claramente o agrupamento dos Geoambientes

29

Figura 8 Anaacutelise dos componentes principais (PCA) dos atributos quiacutemicos superficiais

(0-20 cm) dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Houve distinto agrupamento ao longo do Eixo 1 em que as amostras da

Cordilheira se concentraram agrave direita do eixo correlacionadas positivamente aos vetores

de bases (K+ Na+ Ca+2 Mg+2) mateacuteria orgacircnica foacutesforo e pH reforccedilando este ambiente

como o de maior fertilidade fator que propicia maior biomassa vegetacional

O caraacuteter levemente aacutecido dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis pode ser

visualizado pela direccedilatildeo contraacuteria ao vetor de pH (Figura 8) Valores de pH menos

elevados constibuem para maior disponibilidade de elementos metaacutelicos (Fe Al e Cu) em

superfiacutecie e justifica seu agrupamento agrave esquerda do Eixo 1 correlacionados

negativamente agraves bases

O Corixo (P4) se distinguiu dos demais Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis

ao longo do Eixo 2 dispersando-se para o lado esquerdo superior em direccedilatildeo aos vetores

de Zn e Mn O maior valor de Mn no Corixo (P4) justifica-se pelo seu horizonte

incrementado em argila estar a 14 cm da superfiacutecie do solo Jaacute a Cordilheira (P1) possui

maiores teores de Mg+2 e Mn em superfiacutecie do que a Lagoa Intermitente (P2) e Campo

com Cambaraacute (P3) visto que estes dois uacuteltimos possuem horizontes com migraccedilatildeo de

nutrientes em profundidade maior que 20 cm (Tabela 1)

30

Os Geoambientes Lagoa Intermitente (P2) e Campo com Cambaraacute (P3)

concentraram-se no canto inferior esquerdo associados ao vetor de P-rem Isto indica que

nos 20 cm superficiais P2 e P3 tem maior capacidade de disponibilizar P agrave soluccedilatildeo uma

vez que os maiores teores de areia nessa camada (Figura 7) permite pouca retenccedilatildeo deste

elemento representada pelos maiores valores de P-rem

Para maioria das plantas um ambiente saturado por aacutegua se torna restritivo

gerando um gradiente vegetacional em que elementos herbaacuteceos ocupam aacutereas de pior

drenagem e menor altitude e elementos arboacutereos os pontos mais altos e livres de

inundaccedilatildeo (FERREIRA JUNIOR 2009)

Sobre as Cordilheiras a vegetaccedilatildeo eacute arboacuterea os dosseacuteis se encontram havendo

ocorrecircncia abundante de palmeira acuri (Scheelea phalerata) cuja presenccedila como

verificado por Ratter et al (1988) eacute indicadora de solos baacutesicos e Pott e Pott (1994) que

a aponta como indicadora de solos feacuterteis Cunha Pott e Golccedilalves (1985) atribuem a alta

densidade de acuri nas cordilheiras do Abobral agrave presenccedila de carbonatos no solo e

registra presenccedila de aacutervores calciacutefilas nessa regiatildeo Damasceno Junior et al (1999) e

Andrade (2017) registram a maior concentraccedilatildeo de acuri nas aacutereas perifeacutericas das

cordilheiras formando um anel externo padratildeo observado neste estudo

A pesquisa registrou presenccedila de angico (Anadenanthera sp) baru (Dipteryx

alata) embauacuteba (Cecropia pachystachya) amendoeira (Prunus dulcis) e gravataacute

(Bromelia balansae Mez) A presenccedila de Bromelia balansae eacute indicadora da condiccedilatildeo de

natildeo alagamento (NUNES DA CUNHA 1990) situaccedilatildeo que permite originar um sub-

bosque No entanto em recente levantamento floriacutestico na regiatildeo do Abobral Andrade

(2017) aponta grandes efeitos de degradaccedilatildeo antroacutepica como a intensa propagaccedilatildeo da B

balansae que tem raacutepido crescimento em clareiras e aacutereas desmatadas

Para Cunha Pott e Golccedilalves (1985) o elenco floriacutestico encontrado nas

cordilheiras do Abobral natildeo eacute de Cerrado como classificou o projeto RADAMBRASIL

(1982) mas na verdade se assemelham mais agraves matas secas calcaacuterias ou semideciacuteduas Jaacute

no levantamento de Andrade (2017) a autora aponta que a abundacircncia de espeacutecies

pioneiras eacute indicador de retirada seletiva de madeira e de constantes perturbaccedilotildees

antroacutepicas na aacuterea De fato o Pantanal do Abobral possui diversas propriedades voltadas

para o turismo e criaccedilatildeo de gado De qualquer maneira a regiatildeo ainda eacute carente de

estudos

A Lagoa Intermitente (P2) apresentou vegetaccedilatildeo rala com algumas macroacutefitas

Cunha (1980) explica que nas aacutereas aplainadas pantaneiras em geral a vegetaccedilatildeo eacute de

31

baixo porte e rala natildeo havendo adensamento da vegetaccedilatildeo pois haacute seleccedilatildeo pelo regime

hiacutedrico intensificado pelo horizonte subsuperficial impermeaacutevel Algumas espeacutecies de

plantas adaptadas a solos inundados conseguem capturar O2 atmosfeacuterico atraveacutes das

folhas e transportaacute-lo para as raiacutezes via aerecircnquima ou espaccedilos intracelulares Isto permite

agraves raiacutezes oxidarem a rizosfera e colonizarem solos e sedimentos fortemente reduzidos

(SOUSA VAHL OTERO 2009) No entanto conforme Junk Bayley e Sparks (1989)

expotildeem nos ambientes inundaacuteveis as espeacutecies anuais e temporaacuterias como as macroacutefitas

manteacutem um estaacutegio inicial de sucessatildeo resultado da constante renovaccedilatildeo vegetal pelo

pulso de inundaccedilatildeo

O Campo com Cambaraacute (P3) eacute o Geoambiente com menor fertilidade natural

Possui um parco quadro vegetacional em que haacute dominacircncia de gramiacuteneas pouco

palataacuteveis e colonizaccedilatildeo inicial por Cambaraacute (Vochysia divergens) Esta eacute uma espeacutecie

arboacuterea de origem Amazocircnica (POTT E POTT 1999) e considerada invasora natural das

aacutereas campestres do Pantanal (POTT E POTT 1994 NUNES DA CUNHA E JUNK

2004) Eacute uma espeacutecie que suporta elevado niacutevel de saturaccedilatildeo hiacuteridrica seja como placircntula

ou indiviacuteduo adulto com raacutepido crescimento sob alta luminosidade e de ampla ocorrecircncia

no gradiente de inundaccedilatildeo (REBELATTO 2010) Aleacutem de tolerante agrave inundaccedilatildeo a

Vochysia divergens tambeacutem jaacute foi relatada como espeacutecie tolerante e acumuladora de

alumiacutenio (HARIDASAN 2000 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012) Ferreira

Junior (2009) registrou a formaccedilatildeo de Cambarazal na planiacutecie de inundaccedilatildeo no Pantanal

norte (Baratildeo de Melgaccedilo MT) sobre Plintossolo Alumiacutenico abruacuteptico e de baixa

fertilidade natural Ainda segundo este autor os teores de Al na aacuterea foram baixos no

entanto a menor capacidade de troca catiocircnica (valor T) resultou em alta saturaccedilatildeo por Al

(valor m) Outros autores (POTT 2007 ARIEIRA E NUNES DA CUNHA 2012)

consideram que o Cambaraacute tenha preferecircncia por solos argilosos no entanto este indiacutecio

ainda carece de pesquisas uma vez que Ferreira Junior (2009) registrou Cambarazal sobre

solos alumiacutenicos e arenosos e neste estudo o Geoambiente Campo com Cambaraacute

apresentou menores valores de argila textura mais franca (Tabela 1)

O Campo com Cambaraacute (P3) jaacute categorizado como aacutecido e distroacutefico (Tabela 2)

apresenta alta saturaccedilatildeo em alumiacutenio mesmo em superfiacutecie (Tabela 3) (P3 m = 442

valor meacutedio) reproduzindo um ambiente favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo por Cambaraacute e agrave formaccedilatildeo

monodominante As formaccedilotildees monodominantes cobrem grandes aacutereas no Pantanal Nos

arredores do Pantanal do Abobral haacute registros de carandazal (Copernicia alba) e paratudal

(Tabebuia aacuteurea) nos Pantanais do Miranda e Nabileque e que jaacute foram associados a

32

aacutegua e sedimentos alcalinos (BUENO et al 2014) Andrade (2017) registrou

recentemente relatos de moradores tradicionais da aacuterea do Abobral de um crescente

aumento de formaccedilotildees monodominantes principalmente cambarazal e canjiqueiral

(Byrsonima orbignyana)

O Geoambiente Corixo (P4) devido agrave sua condiccedilatildeo de dreno na paisagem estaacute

sujeito a um maior arraste de partiacuteculas Satildeo por eles que nos periacuteodos de vazante a aacutegua

dos ambientes alagados escoam em direccedilatildeo aos rios Sua vegetaccedilatildeo eacute caracterizada por

matas sujeitas a severa inundaccedilatildeo sazonal ao longo de um canal de drenagem com solo

mal drenado e fitofisionomia mais aberta e de menor porte se comparada agraves matas das

Cordilheiras As frequentes inundaccedilotildees impedem a formaccedilatildeo do sub-bosque Foram

registrados 8 cm de acuacutemulo de serapilheira propiciado pela vegetaccedilatildeo arboacuterea e pela

lenta mineralizaccedilatildeo da MOS (Figura 5) Esta dinacircmica contrasta com as Cordilheiras

onde haacute pouca acumulaccedilatildeo de serapilheira devido agrave accedilatildeo microbiana propiciada pelo

ambiente oxidante e estimulada pelos altos teores de Ca (CUNHA POTT

GOLCcedilALVES 1985)

As descontinuidades da paisagem satildeo na maioria dos casos correlacionadas a

descontinuidades das classes de solo de maneira que em escalas locais o solo se torna o

principal estratificador do ambiente (RESENDE et al 2002) No caso do Pantanal se a

aacuterea fosse absolutamente plana com solos de composiccedilatildeo quiacutemica semelhante haveria

uniformidade de espeacutecies o que natildeo ocorre devido ao mesorrelevo e diferentes condiccedilotildees

e intensidade de alagamento que seleciona a vegetaccedilatildeo a cada niacutevel topograacutefico

(CUNHA 1980)

34 Mineralogia

O intemperismo e a formaccedilatildeo de novos minerais eacute resultado de processos quiacutemicos

controlados essencialmente pela presenccedila da aacutegua que eacute agente de transporte e solvente

quiacutemico Assim as associaccedilotildees de argilominerais nos solos passam a ser indicadoras do

grau de desenvolvimento do solo e do ambiente de intemperizaccedilatildeo O niacutevel de

intemperizaccedilatildeo dos minerais natildeo diz respeito agrave idade temporal do solo mas agrave taxa do

fluxo de aacutegua que passa pelo perfil (KAMPF CURI MARQUES 2009)

Os minerais presentes na fraccedilatildeo argila nos ambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2

P3 e P4) foram principalmente quartzo caulinita feldspato potaacutessico (microcliacutenio)

esmectita e mica (Figuras 9 e 10) Jaacute nas Cordilheiras (P1 P10 e P11) as carapaccedilas

depositadas satildeo compostas por aragonita (Figura 11) enquanto nos solos houve

33

predominacircncia de calcita esmectita e mica com presenccedila de feldspato soacutedico (albita) em

P1 e P10 e caulinita em P11 (Figuras 12 a 14)

Em todos os Geoambientes haacute restriccedilotildees agrave lixiviaccedilatildeo seja o horizonte B placircnico

pouco permeaacutevel na planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4) ou o horizonte petrocaacutelcico nas

Cordilheiras (P1 P10 e P11) o que promove menor lixiviaccedilatildeo de bases e reduzido ataque

aacutecido agraves argilas silicatadas Aleacutem disso os sedimentos formadores dos solos do Pantanal

foram depositados em condiccedilotildees climaacuteticas diferentes das atuais provavelmente em

clima seco e frio na transiccedilatildeo do Pleistoceno para o Holoceno (ABrsquoSABER 1988

FURQUIM et al 2017) condiccedilotildees preteacuteritas em que possivelmente a drenagem e o

lenccedilol freaacutetico estivessem rebaixados Tudo isso favorece a manutenccedilatildeo de argilas 21 de

alta atividade em todos os Geoambientes

A presenccedila de feldspatos na planiacutecie de inundaccedilatildeo e Cordilheiras (Figuras 9 a 14)

eacute indicativo de menor lixiviaccedilatildeo pois costumam estar presentes nas fraccedilotildees mais

grosseiras e ausentes em solos muito intemperizados A intemperizaccedilatildeo de feldspatos em

bacias mal drenadas sob clima tropical pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas As micas

com seu caraacuteter detriacutetico satildeo comuns de ocorrerem em sedimentos Sua intemperizaccedilatildeo

tambeacutem pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas liberando K+ e Mg+2 para o meio (KAMPF

E CURI 2000 KAMPF CURI MARQUES 2009) As esmectitas justamente por terem

uma menor carga nas entrecamadas possuem natureza expansiva e reativa sendo o

argilomineral responsaacutevel pelo caraacuteter veacutertico em P2 e P4 (Tabelas 1 e 2) Sua formaccedilatildeo

e preservaccedilatildeo satildeo favorecidas em pedoambientes com drenagem restrita como os

Planossolos (MELLO E PEREZ 2009 KAMPF CURI MARQUES 2009)

No Geoambiente Campo com Cambaraacute (P3) haacute ocorrecircncia de argilas de alta

atividade mica e esmectita nos horizontes subsuperficiais (Figura 10) O pedoambiente

mais aacutecido de P3 saturado por H+ leva os minerais 21 a uma solubilizaccedilatildeo parcial com

liberaccedilatildeo de Al+3 das lacircminas octaeacutedricas podendo originar minerais 21 com hidroacutexi-Al

entrecamadas Na condiccedilatildeo em que a CTC eacute elevada decorre alta retenccedilatildeo de Al+3 na fase

trocaacutevel resultando em solos Ta alumiacutenicos (Tabelas 1 e 2) No entanto esta situaccedilatildeo

representa uma condiccedilatildeo que ainda natildeo atingiu o equiliacutebrio quiacutemico uma vez que solos

muito intemperizados com baixa CTC natildeo retecircm grandes quantidades de Al na fase

trocaacutevel (MELLO E PEREZ 2009)

34

Figura 9 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados dos Geoambientes

Lagoa Intermitente (P2) e Corixo (P4) Valores d indicados em angstrom (Å) Es

esmectita Ct caulinita Mi mica Ca calcita Qz quartzo Fd-K feldspato potaacutessico

(microcliacutenio)

Com o aumento da umidade e temperatura na regiatildeo do Pantanal (FURQUIM et

al 2017) iniciou-se a perda de caacutetions baacutesicos (Ca+2 Mg+2 K+ Na+) nos ambientes

sujeitos agrave inundaccedilatildeo (Tabela 2) causando destruiccedilatildeo parcial e solubilizaccedilatildeo das argilas

21 fenocircmeno que favoreceu a formaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo da caulinita (Figuras 9 e 10)

A ampla ocorrecircncia de caulinita na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se em parte agrave sua

formaccedilatildeo a partir de muitos minerais (micas esmectitas e feldspatos) favorecida pela

heterogeneidade dos sedimentos e principalmente pelos ambientes com alto fluxo de

aacutegua em que houve liberaccedilatildeo de siacutelica e alumiacutenio das lacircminas tetraeacutedricas dos

argilominerais 21 permitindo sua recombinaccedilatildeo em pedoambientes com menor

concentraccedilatildeo de caacutetions (KAMPF CURI MARQUES 2009 KAMPF E CURI 2012)

Ademais haacute grande possibilidade de caulinitas herdadas do material de origem a

Formaccedilatildeo Pantanal provenientes de materiais preacute-intemperizados das chapadas do

entorno

35

A presenccedila da calcita na planiacutecie de inundaccedilatildeo pode ser decorrente do fluxo lateral

de aacutegua freaacutetica enriquecida com carbonatos proveniente das partes mais altas das

cordilheiras O processo de precipitaccedilatildeo da calcita eacute diferente em solos bem drenados e

solos mal drenados No solo mal drenado haacute menor pressatildeo de CO2 e os iacuteons Ca+2 e HCO3-

satildeo movidos pelo fluxo ascendente da aacutegua subterracircnea Em superfiacutecie a soluccedilatildeo do solo

eacute concentrada pela evaporaccedilatildeo resultando na precipitaccedilatildeo da calcita (KAMPF E CURI

2012)

Figura 10 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Campo com Cambaraacute (P3) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct

caulinita Mi mica Fd-K feldspato potaacutessico (microcliacutenio) Ca calcita Qz quartzo

Nos solos bem drenados das Cordilheiras haacute elevada pressatildeo de CO2 produzindo

acircnion carbonato (HCO3-) e cujo pH alcalino tende a suprir maior produccedilatildeo deste acircnion

Independente da pressatildeo parcial de CO2 as atividades em soluccedilatildeo dos acircnions de

carbonato e bicarbonato tendem a aumentar em pH alcalino Devido ao predomiacutenio de

caacutetions Ca+2 e Mg+2 nas Cordilheiras (Tabela 2) a perda da aacutegua por evapotranspiraccedilatildeo

que eacute elevada no Pantanal aumenta a concentraccedilatildeo iocircnica da soluccedilatildeo do solo ao ponto

em que o produto de solubilidade da calcita eacute excedido resultando em sua precipitaccedilatildeo

(MELLO E PEREZ 2009 KAMPF E CURI 2012)

36

A camada depositada de conchas de gastroacutepodes eacute composta por aragonita

biogecircnica (Figura 11) que consiste numa forma polimorfa da calcita facilmente

intemperizaacutevel moacutevel em ambientes bem drenados e sob intensa precipitaccedilatildeo A

aragonita uma vez no solo eacute bastante instaacutevel transforma-se naturalmente em calcita

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992 KAMPF E CURI 2012)

Figura 11 Difratograma de raios-x de carapaccedila depositada no horizonte A3 (39-60) na

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Ar aragonita

Nas Cordilheiras ateacute o contato abrupto com os horizontes petrocaacutelcicos o fluxo de

aacutegua apresenta boa drenagem que eacute favorecido pela textura meacutedia e tambeacutem eacute preacute-

requisito para formaccedilatildeo de horizontes diagnoacutesticos A Chernozecircmico (EMBRAPA 2013)

Aleacutem de mica esmectita e feldspato soacutedico (albita) a calcita esteve presente nos

horizontes superficiais e petrocaacutelcicos (Figuras 12 a 14) demonstrando relativa

mobilidade e possiacutevel influecircncia de ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico rico em

carbonatos A calcita constitui o mineral carbonaacutetico mais comum nos solos como as

37

amostras analisadas foram de argila sem tratamento natildeo foi possiacutevel identificar demais

carbonatos secundaacuterios

Este processo de acumulaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de calcita no perfil do solo eacute

chamado de calcificaccedilatildeo ou carbonataccedilatildeo e ocorre em locais em que a evapotranspiraccedilatildeo

potencial excede a pluviosidade (KAMPF E CURI 2012) caso tiacutepico da planiacutecie

Pantaneira (FERNANDES 2007)

Figura 12 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P1) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O impedimento da lixiviaccedilatildeo em profundidade devido ao horizonte petrocaacutelcico

somado agrave elevada evapotranspiraccedilatildeo favorece a manutenccedilatildeo da calcita e de argilas de

alta atividade representadas pela presenccedila de esmectita e feldspato soacutedico (albita) O

processo de intemperismo das micas e feldspatos pode levar agrave formaccedilatildeo de esmectitas

que tendem a se formar e permanecer nos solos ricos em Ca+2 e Mg+2 (RESENDE et al

2011) Isso demonstra que nas Cordilheiras grande parte do K+ Ca+2 e Mg+2 encontra-

se em formas estruturais e a progressiva dissoluccedilatildeo dos minerais tenderaacute a liberar esses

38

elementos em formas disponiacuteveis no solo contribuindo para a elevada fertilidade dos

Chernossolos

Figura 13 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P10) Valores d indicados em angstrom (Å) Mi mica Es esmectita Fd-Na

feldspato soacutedico (albita) Ca calcita

O intemperismo quiacutemico dos minerais e a lixiviaccedilatildeo resulta em reduccedilatildeo contiacutenua

da reserva de K+ Ca+2 e Mg+2 todos facilmente lixiviados com o processo de

envelhecimento dos solos A alta concentraccedilatildeo de bases e o horizonte petrocaacutelcico indica

um ambiente em que natildeo haacute expressiva lixiviaccedilatildeo e portanto uma menor taxa de

remoccedilatildeo

A mineralogia dos solos das Cordilheiras tambeacutem foi muito similar agrave encontrada

no trabalho de Pereira et al (2012) em solos carbonaacuteticos da Serra do Bodoquena com

presenccedila de micas esmectitas e quartzo De maneira geral os autores encontraram solos

pouco intemperizados com presenccedila de minerais primaacuterios em sua composiccedilatildeo No

39

entanto no estudo de Pereira et al (2012) natildeo houve predomiacutenio de calcita Os solos

desenvolvidos de materiais de origem carbonaacutetica natildeo necessariamente formam

horizontes caacutelcicos petrocaacutelcicos ou de caraacuteter carbonaacutetico como evidenciado por Silva

et al (2013) em solos tambeacutem na Serra do Bodoquena Tudo depende da estabilidade da

paisagem e da taxa de fluxo de aacutegua responsaacutevel pela dissoluccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos

carbonatos A convexidade das superfiacutecies das Cordilheiras intensificado pelo

impedimento da drenagem favorece um maior fluxo lateral de aacutegua que explica uma

menor evoluccedilatildeo dos solos

Figura 14 Difratograma de raios-x de argila de horizontes selecionados do Geoambiente

Cordilheira (P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Es esmectita Ct caulinita Ca

calcita Qz quartzo

A composiccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos eacute dominada embora natildeo

exclusivamente por carbonato de caacutelcio (ALONSO-ZARZA 2003) Conforme

evidenciado na Figura 15 nos horizontes petrocaacutelcicos das trecircs Cordilheiras amostradas

houve predominacircncia de calcita e embora em menor quantidade e menos cristalina de

mica demonstrando presenccedila acessoacuteria de siacutelica Rabenhorst e Wilding (1986) tambeacutem

40

relataram resiacuteduos natildeo carbonaacuteticos nesses horizontes e registraram presenccedila de siacutelica

secundaacuteria indicando movimento limitado de componentes nesta zona

Figura 15 Difratograma de raios-x de argila dos horizontes petrocaacutelcicos dos

Geoambientes Cordilheiras (P1 P10 e P11) Valores d indicados em angstrom (Å) Ca

calcita Mi mica

Ferreira Junior (2009) em estudo no Pantanal do Baratildeo de Melgaccedilo indicou o

caraacuteter Ta de argilas de alta atividade como um bom estratificador de ambientes No

Pantanal do Abobral houve preservaccedilatildeo de argilas 21 de alta atividade em toda a

paisagem (Tabela 1 e Figuras 9 a 14) natildeo podendo este atributo nesta regiatildeo ser aplicado

como estratificador de Geoambientes

A ausecircncia de oacutexidos nos difratogramas pode ser explicada por alguns fatores

devido a sua pequena quantidade por vezes os oacutexidos de ferro requerem tratamento da

fraccedilatildeo argila para sua concentraccedilatildeo (JACKSON LIM ZELAZNY 1986) metodologia

natildeo utilizada neste trabalho tambeacutem o uso de radiaccedilatildeo de cobre (CuKα) pode levar agrave

elevaccedilatildeo da linha de base e reduzir a intensidade dos picos dos oacutexidos de ferro

(RESENDE et al 2011) jaacute oacutexidos de alumiacutenio possui sua formaccedilatildeo favorecida em solos

41

mais drenados pois exigem maior dessilicaccedilatildeo do sistema e satildeo muito instaacuteveis em solos

alcalinos como nas Cordilheiras (KAMPF CURI MARQUES 2009) De maneira geral

os solos amostrados natildeo apresentaram pela sua morfologia indicativos de presenccedila de

oacutexidos cristalinos

35 Microquiacutemica

A observaccedilatildeo dos solos em escala micromeacutetrica e sua constituiccedilatildeo quiacutemica

permitem identificar os constituintes soacutelidos dos horizontes sua composiccedilatildeo e niacuteveis de

organizaccedilatildeo contribuindo assim para importantes interpretaccedilotildees a respeito dos processos

pedogeneacuteticos envolvidos (CASTRO et al 2000)

As anaacutelises microquiacutemicas na Cordilheira P1 em diferentes profundidades

(Figuras 16 a 20) demonstram que as carapaccedilas aparecem em diferentes tamanhos de

fragmentos e estaacutegios de conservaccedilatildeo Uma amostra de concreccedilatildeo carbonaacutetica do

horizonte A3 na Cordilheira P1 com aumento de 50 vezes possui fragmentos de concha

de gastroacutepode parcialmente degradada (Figura 16) Na Figura 16 o mapeamento da

concentraccedilatildeo de caacutelcio que aparece nas feiccedilotildees em branco mais denso confirma a

ocorrecircncia de fragmentos com menor teores desse elemento indicando o processo de

dissoluccedilatildeo do carbonato biogecircnico aragonita

Os depoacutesitos de carapaccedilas de gastroacutepodes garantem abundante reserva estrutural

de caacutelcio no solo No entanto a liberaccedilatildeo de iacuteons das formas estruturais geralmente ocorre

apenas quando as concentraccedilotildees do elemento estatildeo muito baixas na soluccedilatildeo do solo

(MELLO E PEREZ 2009) que natildeo eacute o caso nos solos das Cordilheiras (Tabela 2) Os

elevados valores de pH associados agrave elevada concentraccedilatildeo de Ca trocaacutevel no solo

contribuem para a preservaccedilatildeo e estabilidade dessa reserva estrutural

O solo eacute formado por partiacuteculas pouco arestadas (areia) principalmente quartzo

(Si) com participaccedilatildeo de Al e K indicando a ocorrecircncia de muscovita ou feldspato-K

(microcliacutenio) Agregados granulares estatildeo distribuiacutedos numa massa de partiacuteculas mais

finas em plasma rico em Mg O caacutelcio concentra-se principalmente na carapaccedila formada

por aragonita (CaCO3) Constata-se tambeacutem que o solo possui na sua composiccedilatildeo total a

presenccedila acessoacuteria de ferro (Tabela 4)

42

Mg Si Ca

Al K

Figura 16 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 em aumento de 50

vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a distribuiccedilatildeo e a maior

quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 4 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 da Cordilheira P1 referente agrave

Figura 16

Composiccedilatildeo ()

Figura

16

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

44 32 561 04 140 05

Observa-se na Figura 17 que o horizonte P1 - A3 apresenta estrutura

microgranular com abundante presenccedila de Mg+2 e Ca+2 no plasma (Tabela 5) Kampf e

Curi (2012) explicam que aleacutem das reaccedilotildees quiacutemicas inorgacircnicas a participaccedilatildeo da fauna

do solo eacute ubiacutequa na formaccedilatildeo de carbonatos pedogecircnicos Em solos ricos em Ca+2

microorganismos excretam o excesso de caacutelcio o qual reage com o acircnion carbonato da

2 mm

2 mm

43

soluccedilatildeo do solo Nessas condiccedilotildees haacute de se considerar a participaccedilatildeo de minhocas de

haacutebitos calciacutecolas e capazes de formar tais agregados biogecircnicos (AQUINO E

CORREIA 2005) Muneer e Oades (1989) explicam ainda que haacute forte interaccedilatildeo de Ca

com a mateacuteria orgacircnica formando humatos-Ca que resulta em maior floculaccedilatildeo de

partiacuteculas capazes de formar microagregados com maior estabilidade

Natildeo haacute ocorrecircncia de minerais maacuteficos (ricos em Fe) com exceccedilatildeo de algumas

concentraccedilotildees pontuais de Fe e Ti na forma de ilmenita mineral residual de grande

estabilidade Apesar da alta disponibilidade de P (extraiacutedo por Melich-1) nas Cordilheiras

(Tabela 2) as microanaacutelises em MEV-EDS natildeo revelaram sua presenccedila no plasma ou a

reserva primaacuteria deste elemento que seria na forma de apatita Sua abundacircncia eacute atribuiacuteda

principalmente ao interior das carapaccedilas de gastroacutepodes facilmente degradaacuteveis e ricas

em P como demonstrado por Correcirca (2013) em solos derivados de sambaquis

antropogecircnicos

Si Ca Al

Mg Ti Fe

300 microm

300 microm

44

K

Figura 17 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 450 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 5 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 17

Composiccedilatildeo ()

Figura

17

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

73 15 526 03 124 06 07

O pH alcalino dos solos das Cordilheiras (Tabela 2) eacute essencial para a precipitaccedilatildeo

e estabilizaccedilatildeo da calcita (por aumentar a atividade dos acircnions carbonato e bicarbonato)

enquanto o pH aacutecido solubilizaria o mineral (MELLO E PEREZ 2009) A Figura 18 em

aumento de 1200 vezes destaca um pequeno fragmento de carbonato de caacutelcio bastante

arestado Este tipo de gratildeo anguloso indica fraturamento mecacircnico e ausecircncia de

transporte cujo atrito tenderia a arredondar o gratildeo Isto leva a crer que o tamanho e

quantidade de arestas do gratildeo indica um estaacutegio de incipiente dissoluccedilatildeo apontando para

um pedoambiente que favorece precipitaccedilatildeo e estabilizaccedilatildeo de carbonatos

Aleacutem disso a aragonita (carbonato biogecircnico) principal fornecedora de iacuteons Ca+2

neste pedoambiente eacute um mineral cristalizado em sistema ortorrocircmbico enquanto a

calcita eacute cristalizada em sistema romboeacutedrico Devido a isso a transformaccedilatildeo quiacutemica de

aragonita em calcita leva a uma reduccedilatildeo da energia livre do sistema conduzindo a uma

maior estabilidade (POMEROL et al 2013)

45

Figura 18 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 6)

Tabela 6 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 18

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Fe2O3

1 00 00 00 00 1000 00 00

2 192 24 512 05 158 00 08

3 225 19 628 05 24 04 09

A Figura 19 em aumento de 1200 vezes traz anaacutelises localizadas no horizonte A3

(39-60) da Cordilheira P1 e demonstra um gratildeo de quartzo (Spectrum 13) ao lado de um

gratildeo de calcita (Spectrum 1 e 2) As Figuras 18 e 19 demonstram que plasma dos solos

da Cordilheira tem predomiacutenio de Mg e Si As relaccedilotildees moleculares entre os compostos

(Tabela 6 e 7) indicam que parte do material plasmaacutetico do solo eacute formado por materiais

de baixa cristalinidade ricos principalmente em Si e Mg Os demais elementos (Ca Al

Fe e K) se equacionam com os minerais encontrados na fraccedilatildeo argila desse solo

30 microm

46

Figura 19 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte A3 (39-

60) da Cordilheira P1 em aumento de 1200 vezes Os nuacutemeros na imagem representam

os pontos analisados por meio de EDS (Tabela 7)

Tabela 7 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 19

Anaacutelises

localizadas

Composiccedilatildeo ()

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

Spectrum 1 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 2 000 000 000 000 1000 000

Spectrum 3 1796 737 6725 146 087 245

Spectrum 4 2066 419 6847 073 603 122

Spectrum 5 2032 644 7294 148 083 200

Spectrum 6 1775 578 5394 093 125 174

Spectrum 7 1942 686 7258 108 059 230

Spectrum 8 1702 489 7991 096 045 187

Spectrum 9 779 767 3588 042 2576 100

Spectrum 10 2207 603 8047 128 081 197

Spectrum 11 2083 686 8201 163 066 232

Spectrum 12 2093 582 7238 098 056 162

Spectrum 13 000 000 1000 000 000 000

30 microm

47

A Figura 20 em aumento de 500 vezes reforccedila um plasma rico em magneacutesio e

siliacutecio O caacutelcio eacute proeminente na composiccedilatildeo (Tabela 8) devido agrave presenccedila da carapaccedila

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 20 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (39-60) da Cordilheira P1 em

aumento de 500 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 8 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 20

Composiccedilatildeo ()

Figura

20

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

486 223 2508 033 3330 046

100 microm

100 microm

48

A Figura 21 trata-se de uma amostra em carapaccedila de caramujo Pomacea sp no

horizonte A3 (47-81) da Cordilheira P10 O microagregado eacute similar ao encontrado na

Cordilheira P1 (Figura 17) formado por gratildeos de Si em plasma rico em Mg com

participaccedilatildeo tecircnue do Ca (Tabela 9) Destaca-se gratildeos possivelmente de muscovita

(Figura 21)

Mg Al Si

K Ca Fe

Figura 21 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de agregado no horizonte no A3 (47-81) na Cordilheira P10 em

aumento de 400 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 9 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte A3 (39-60) da Cordilheira P1

referente agrave Figura 21

Composiccedilatildeo ()

Figura

21

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

398 255 7362 054 553 069

100 microm

100 microm

49

Na amostra do horizonte cimentado Bkx1 (60-97) em P1 natildeo se verificou a

presenccedila de fragmentos de carapaccedilas (Figura 22) Gratildeos de areia (Si) pouco arestados

preenchem densamente o esqueleto do solo Horizontes petrocaacutelcicos podem ser

formados tanto por acumulaccedilatildeo de carbonatos de Ca quanto de Mg (EMBRAPA 2013)

Devido agrave ausecircncia da carapaccedila o teor de Mg tem mais evidencia que o Ca (Tabela 10)

parecendo indicar contribuiccedilatildeo de carbonato magnesiano (dolomita) como agente

cimentante

Si Ca Al

Mg K

Figura 22 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS de horizonte petrocaacutelcico Bkx1 (60-97) da Cordilheira P1 em

aumento de 50 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

2 mm

2 mm

50

Tabela 10 Composiccedilatildeo quiacutemica total por EDS do horizonte Bkx1 (60-97) da

Cordilheira P1 referente agrave Figura 22

Composiccedilatildeo ()

Figura

22

MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO Fe2O3

71 37 671 04 27 03

Ainda na Cordilheira P1 no horizonte petrocaacutelcico Bkx (97-110+) a composiccedilatildeo

e estrutura assemelha-se bastante a P1-A3 (Figura 23) Os gratildeos de quartzo satildeo os

principais formadores do esqueleto e o material plasmaacutetico eacute rico em Mg Os pontos

localizados na matriz plasmaacutetica (Figura 23 pontos 2 3 4 e 5) indicam forte participaccedilatildeo

de Mg e Ca no plasma (Tabela 11) atuando como agentes cimentantes Os gratildeos de

quartzo satildeo poucos arrestados caracteriacutestica tiacutepica da Formaccedilatildeo Pantanal cujos gratildeos

foram extensamente transportados

Figura 23 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrocircnico (MEV) do horizonte Bkx

(97-110+) da Cordilheira P1 em aumento de 500 vezes Pontos de anaacutelise de composiccedilatildeo

quiacutemica por meio de EDS (Tabela 11)

100 microm

51

Tabela 11 Composiccedilatildeo quiacutemica de minerais e plasma das anaacutelises localizadas no

horizonte Bkx (97-110+) da Cordilheira P1 referente agrave Figura 23

Anaacutelises

localizadas Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2

1 00 08 00 807 00 23 00

2 00 105 28 229 07 244 00

3 00 127 61 349 14 156 00

4 00 102 65 145 00 217 25

5 04 84 24 402 07 162 00

6 00 00 00 827 00 00 00

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo foram realizadas microanaacutelises nos horizontes de

acumulaccedilatildeo de argila (P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2) Estes horizontes estiveram sujeitos

agrave translocaccedilatildeo de argila caracteriacutestica do processo de podzolizaccedilatildeo O aporte e

concentraccedilatildeo de partiacuteculas nestes horizontes aumenta o adensamento dos gratildeos e reduz a

macroporosidade (Figuras 24 a 26) resultando em baixa permeabilidade hiacutedrica nesses

Geoambientes capaz de manter lenccedilol drsquoaacutegua suspenso

Al Si K

1 mm

1 mm

52

Ti Fe

Figura 24 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv (45-80+) do Geoambiente Lagoa Intermitente

(P2) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 12 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt (45-80+) da Lagoa Intermitente

(P2) referente agrave Figura 24

Composiccedilatildeo ()

Figura

24

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

03 70 751 04 06 30

O adensamento das partiacuteculas em P2 ndash Bt P3 ndash Bt2 e P4 ndash Bt2 (Figuras 24 a 26)

deve-se aleacutem do processo de translocaccedilatildeo agrave falta de bioturbaccedilatildeo A constante saturaccedilatildeo

por aacutegua nos horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis reduz a atuaccedilatildeo

de organismos responsaacuteveis pela pedobioturbaccedilatildeo

Ao contraacuterio do Geoambiente de Cordilheira a composiccedilatildeo dos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis eacute pobre em Ca+2 e Mg+2 embora todos os

Geoambientes tenham a Formaccedilatildeo Pantanal como material originaacuterio com grande

variedade de sedimentos Si e Al e Fe em menor proporccedilatildeo satildeo os elementos mais

abundantes nos solos dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26)

Haacute maior presenccedila do Fe no plasma por se tratar de Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis em que boa parte do ano haacute predomiacutenio de condiccedilatildeo redutora ou seja com

periacuteodos de mobilizaccedilatildeo de Fe+2 e de precipitaccedilatildeo de Fe+3

53

Al Si K

Ti Fe

Figura 25 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Bt2 (74-94) do Geoambiente Campo com Cambaraacute

(P3) em aumento de 100 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam

a distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 13 Composiccedilatildeo quiacutemica total do horizonte Bt2 (75-94) do Campo com

Cambaraacute (P3) referente agrave Figura 25

Composiccedilatildeo ()

Figura

25

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 66 705 04 04 66

Natildeo foram encontrados fragmentos de material carbonaacutetico nos solos dos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 a 26) A falta de precipitaccedilotildees de

caacutelcio na planiacutecie de inundaccedilatildeo deve-se pela ausecircncia da fonte carbonaacutetica no caso da

regiatildeo do Abobral carbonatos biogecircnicos

1 mm

1 mm

54

A Figura 26 referente ao horizonte P4-Bt2 (24-60+) natildeo difere dos demais

horizontes Bt dos Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (Figuras 24 e 26) A reserva

de K desses solos estatildeo associadas agrave muscovita residual da Formaccedilatildeo Pantanal assim

como as pontuaccedilotildees de Ti

Al Si K

Ti Fe

Figura 26 Fotomicrografia em retroespalhamento eletrecircnico (MEV) e mapas

microquiacutemicos em EDS do horizonte Btv2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4) em

aumento de 550 vezes As feiccedilotildees mais claras em branco mais denso indicam a

distribuiccedilatildeo e a maior quantidade relativa do elemento na lacircmina analisada

Tabela 14 Composiccedilatildeo quiacutemica total do Bt2 (24-60+) do Geoambiente Corixo (P4)

referente agrave Figura 26

Composiccedilatildeo ()

Figura

26

MgO Al2O3 SiO2 K2O TiO2 Fe2O3

04 104 794 07 06 28

200 microm

200 microm

55

36 Teores Totais

A determinaccedilatildeo do teor total de elementos faz uma avaliaccedilatildeo qualitativa e

quantitativa da composiccedilatildeo quiacutemica nas amostras de solo permitindo um conhecimento

detalhado dos processos de transferecircncia e transformaccedilatildeo de elementos no solo (ABREU

JUNIOR et al 2009)

Em todos os Geoambientes haacute predominacircncia do Si variando de um pouco menos

de 70 ateacute mais de 90 da composiccedilatildeo total da TFSA dos solos (Tabelas 15 e 16) A

matriz arenosa rica em quartzo da Formaccedilatildeo Pantanal eacute a responsaacutevel pelos elevados

teores de Si Nas Cordilheiras os teores de Ca tecircm a segunda maior participaccedilatildeo

gradativamente aumentando em profundidade em direccedilatildeo aos horizontes petrocaacutelcicos

(Tabela 15) Nos horizontes com grande acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes (P1 ndash A3

e P11 ndash A5) tambeacutem haacute incremento de Ca A precipitaccedilatildeo da calcita ocorre mais

lentamente que a dissoluccedilatildeo da aragonita por conseguinte o carbonato de caacutelcio eacute

transportado para uma zona mais profunda onde passa a preencher os poros (POMEROL

et al 2013)

Com efeito conforme o Ca se acumula em profundidade a presenccedila do Si diminui

chegando o horizonte petrocaacutelcico Ax da Cordilheira P11 a um miacutenimo de 678 de

SiO2 e maacuteximo de 157 de participaccedilatildeo do CaO (Tabela 15)

Natildeo obstante na caracterizaccedilatildeo quiacutemica do solo (Tabela 2) percebe-se que o teor

de Ca nos horizontes petrocaacutelcicos decresce Isto acontece porque nestes horizontes o Ca

deixa de estar trocaacutevel estando abundantemente na forma de carbonatos precipitados

como demonstra os resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos (Figuras

16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

O MgO tem a terceira maior participaccedilatildeo na composiccedilatildeo dos solos de Cordilheiras

(Tabela 15) corroborando as anaacutelises de caracterizaccedilatildeo quiacutemica (Tabela 2) e

microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Na Cordilheira P10 o maior incremento

de Mg no horizonte petrocaacutelcico Bx em relaccedilatildeo o horizonte sobrejacente parece

relacionar com a participaccedilatildeo de carbonato de magneacutesio como agente cimentante No

entanto nas demais Cordilheiras (P1 e P11) o teor de Mg decresce no horizonte

petrocaacutelcico (Tabela 15) Assim apesar de forte presenccedila de magneacutesio sem descartar sua

possiacutevel atuaccedilatildeo cimentante o horizonte petrocaacutelcico eacute formado predominantemente por

carbonato de caacutelcio

Na sequecircncia de participaccedilatildeo estatildeo Al e K (Tabela 15) constituintes de

filossilicatos corroborando resultados mineraloacutegicos (Figuras 12 a 14) e microquiacutemicos

56

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Embora os solos das Cordilheiras possuam teores

elevados de P-Melich (Tabela 2) na composiccedilatildeo total da TFSA (Tabela 15) natildeo foi

verificado quantidades significativas de P assim como nas anaacutelises microquiacutemicas

(Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11) Tais resultados apontam para uma reserva pouco

significativa de P nos solos assim como ausecircncia de minerais fosfaacuteticos (Figuras 12 a

14) Trata-se de um ambiente jaacute fosfatizado anteriormente provavelmente do material

orgacircnico dos gastroacutepodes facilmente degrado conservado pela baixa mobilidade do P

conjugada agrave ocorrecircncia de horizonte petrocaacutelcico O teor de P disponiacutevel tambeacutem eacute

indicativo de um menor teor de oacutexidos nas Cordilheiras que satildeo capazes de reter o P

Fe2O3 e Al2O3 se concentram em solos mais lixiviados e apresentaram maiores

valores na planiacutecie de inundaccedilatildeo (Tabela 16) Nas Cordilheiras o Fe teve sutil participaccedilatildeo

(Tabela 15) reforccedilando anaacutelises microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 e Tabelas 4 a 11)

embora estivesse indisponiacutevel na soluccedilatildeo do solo em pH alcalino (Tabela 2) e

possivelmente complexado agrave mateacuteria orgacircnica

O estrocircncio (Sr) eacute comumente associado a sedimentos carbonaacuteticos pois tem

caracteriacutesticas bio e geoquiacutemicas muito semelhantes ao caacutelcio e eacute precipitado como

carbonato biogecircnico nas conchas de moluscos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS

1992) Assim a aragonita tem maiores teores de Sr e sua transformaccedilatildeo em calcita eacute

acompanhada pela liberaccedilatildeo de Sr no sistema (Tabela 15) (POMEROL et al 2013) Com

efeito o Sr esteve ausente nos Geoambientes da planiacutecie de inundaccedilatildeo (P2 P3 e P4)

(Tabela 16) uma vez que natildeo haacute fontes carbonatadas O bromo (Br) eacute um elemento muito

moacutevel e facilmente lixiviado dos solos sua ocorrecircncia com teores mais elevados nas

Cordilheiras deve-se agrave mateacuteria orgacircnica que tem grande capacidade de acumular Br

(KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992)

57

Tabela 15 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes Cordilheiras do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

P1 P10 P11

A3 Bkx1 Bkx A2 Bkx A2 A5 Akx

(39-60) (60-97) (97-100+) (28-47) (81-90+) (13-31) (77-99) (99-120+)

g kg-1

SiO2 74260 76270 71000 82570 68160 92250 76540 67880

CaO 9820 4990 10240 5170 12680 1380 5710 15700

MgO 5050 5580 3970 2780 4620 790 1470 770

K2O 500 790 720 360 260 480 390 330

Al2O3 1030 1320 1340 840 470 1340 1240 1040

Fe2O3 690 740 810 750 370 1340 1180 910

MnO 060 040 050 090 030 080 070 070

P2O5 000 080 000 280 090 110 140 090

Br 880 890 740 560 920 420 790 1300

TiO2 300 300 340 400 270 620 440 360

ZrO2 020 030 030 030 020 050 030 030

SrO 070 060 070 020 050 000 020 020

CoO 000 000 000 010 000 009 007 000

SO3 040 000 000 060 000 000 000 000

Cl 040 000 000 000 050 000 000 000

Pd 040 030 000 030 000 000 000 000

CuO 010 010 010 010 000 010 010 0097

NiO 000 009 000 000 010 000 000 000

ZnO 009 007 000 000 000 000 000 000

WO3 000 000 000 140 000 130 130 000

Ru 000 000 000 000 020 000 000 000

SeO2 000 000 000 000 000 000 007 000

58

Tabela 16 Teores totais de oacutexidos na TFSA de horizontes selecionados nos

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis do Pantanal do Abobral

Oacutexidos

Lagoa Intermitente

(P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

Ae Btv A Bt Bt A Btv1

(16-29) (45-80+) (0-39) (71-75) (103-115+) (0-14) (14-24)

g kg -1

SiO2 98150 84660 96430 91540 87150 90730 79950

CaO 060 250 000 000 100 090 170

MgO 000 280 000 000 270 000 310

K2O 550 680 390 530 680 510 750

Al2O3 1310 6370 1040 2510 4410 3390 8170

Fe2O3 420 3200 410 1050 2940 1730 5430

MnO 000 000 000 000 000 030 080

P2O5 000 000 040 040 000 000 000

Br 220 650 680 930 370 080 140

TiO2 550 900 280 600 600 580 960

SrO 000 000 000 000 000 000 000

CoO 030 000 000 010 020 000 006

SO3 000 000 000 000 000 000 000

Cl 000 000 000 050 030 000 000

ZrO2 040 040 030 050 040 040 040

CuO 010 020 010 010 010 010 020

NiO 008 000 000 000 000 000 000

ZnO 000 000 000 000 009 006 008

WO3 400 040 090 160 170 150 030

SeO2 020 000 000 000 000 000 000

Hg 000 000 000 000 000 002 000

Na planiacutecie de inundaccedilatildeo a maior mobilidade das bases (Ca+2 Mg+2 e K+) levou agrave

sua concentraccedilatildeo nos horizontes de acumulaccedilatildeo de argila (Bt) (Tabela 16) Natildeo obstante

enquanto na Tabela 2 tecircm-se maiores concentraccedilotildees de Ca+2 e Mg+2 trocaacuteveis no solo que

o K+ a Tabela 13 demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo haacute maiores teores de K+ tantos

nos horizontes superficiais como nos texturais quando comparados ao Ca+2 e Mg+2 O

K+ devido ao seu menor raio iocircnico pode ser fixado nos poros ditrigonais de lacircminas

tetraeacutedricas dos minerais tipo 21 tornando os iacuteons K fisicamente presos e limitando sua

difusatildeo e disponibilidade na soluccedilatildeo do solo Caacutetions de maior raio iocircnico hidratado

como Ca e Mg natildeo conseguem atingir tais siacutetios de adsorccedilatildeo especiacutefica permanecendo

adsorvidos nas bordas das camadas expansivas e mais prontamente liberados na soluccedilatildeo

59

do solo (MELLO E PEREZ 2009) Aleacutem disso os minerais muscovita e feldspato

potaacutessico (microcliacutenio) (Figuras 9 e 10 24 a 26 e Tabelas 12 a 14) satildeo outros componentes

detriacuteticos da Formaccedilatildeo Pantanal sendo uma heranccedila ainda presente nos solos da regiatildeo

do Abobral Isto demonstra que na planiacutecie de inundaccedilatildeo ao contraacuterio das Cordilheiras

haacute uma maior reserva estrutural no solo de K+ do que de Ca+2 e Mg+2

O TiO2 eacute um composto residual do processo de intemperismo tendendo a se

concentrar em solos de pedogecircnese mais desenvolvida A planiacutecie de inundaccedilatildeo

apresentou as maiores acumulaccedilotildees de oacutexido de titacircnio altamente resistente ao

intemperismo e cuja acumulaccedilatildeo demonstra Planossolos mais lixiviados e desenvolvidos

que os Chernossolos das Cordilheiras (Tabela 15)

Elementos de baixa mobilidade como Zr e Ti estatildeo presentes em minerais

resistentes a alteraccedilatildeo e satildeo utilizados como indicadores do grau de pedogecircnese e relaccedilatildeo

parental dos solos (KABATA-PENDIAS E PENDIAS 1992) A relaccedilatildeo ZrTi (Figura

27) demonstra grande falta de relaccedilatildeo entre os horizontes dos perfis indicando

participaccedilatildeo de material aloacutectone e descontinuidade litoloacutegica nos horizontes sugerindo

diferentes materiais e fontes de sedimentos

Figura 27 Relaccedilatildeo ZrTi em horizontes selecionados dos Geoambientes no Pantanal do

Abobral

A anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da TFSA

(Figura 28) sintetizou a variaccedilatildeo de elementos entre os Geoambientes As Cordilheiras

(P1 P10 e P11) concentraram-se agrave esquerda do Eixo 1 correlacionadas principalmente

ao CaO MgO SrO P2O5 Br e MnO O horizonte A2 da Cordilheira P11 apresentou

002

002

003

003

004

004

005

005

006

015 025 035 045 055 065 075 085 095

Zr

Ti

Cordilheira (P1) Cordilheira (P10) Cordilheira (P11)

Lagoa Intermitente (P2) Campo com Cambaraacute (P3) Corixo (P4)

60

92 de SiO2 (Tabela 15) e se aproximou mais deste vetor se afastando do agrupamento

principal das Cordilheiras (Figura 28) Agrave direita do Eixo 1 concentraram-se os

Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis (P2 P3 e P4) associados ao K2O fortemente

adsorvido agraves argilas aos compostos Fe2O3 Al2O3 SiO2 indicando maior participaccedilatildeo de

argilas silicatadas e um ambiente mais intemperizado com maiores teores de elementos

residuais TiO2 e ZrO2

Figura 28 Anaacutelise de componentes principais (PCA) dos principais compostos da

TFSA dos Geoambientes no Pantanal do Abobral

Os horizontes petrocaacutelcicos das Cordilheiras do Abobral parecem estar

acumulados em caacutelcio e magneacutesio (Tabela 15) No entanto a anaacutelise dos resultados

mineraloacutegicos (Figuras 12 a 15) e microquiacutemicos (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 11) natildeo

apontam presenccedila cristalina do magneacutesio sugerindo que nas Cordilheiras o Mg estaacute

precipitado em formas amorfas

Dessa maneira a abundacircncia de magneacutesio nos horizontes petrocaacutelcicos se opotildee agrave

suspeita da dissoluccedilatildeo das carapaccedilas biogecircnicas serem a principal fonte para a

cimentaccedilatildeo Tudo aponta para uma fonte mineral dos horizontes petrocaacutelcicos

possivelmente dolomiacutetica Aleacutem disso foi comprovado um pedoambiente de grande

estabilidade nas Cordilheiras (Figura 18) o que limita a completa dissoluccedilatildeo das

carapaccedilas e sua capacidade de fornecer iacuteons

61

Almeida (1945) descreveu a formaccedilatildeo geoloacutegica Xaraieacutes que se apresenta nas

elevaccedilotildees ao redor do Pantanal assentada diretamente sobre calcaacuterios e dolomitos do

Grupo Araras (ao norte) e do Grupo Corumbaacute (ao sul) composta por um niacutevel basal de

calcretes do tipo pedogeneacutetico e freaacutetico com grande quantidade de gastroacutepodes

(OLIVEIRA et al 2009) Ademais na borda leste do Pantanal o Planalto do Bodoquena

eacute sustentado por calcaacuterios calciacuteticos (CaCO3) e dolomiacuteticos (CaMgCO3) cujos morros

dolomiacuteticos descem suavemente agrave depressatildeo do Pantanal do Miranda abastecendo suas

aacuteguas (ALMEIDA 1965 SALLUN-FILHO et al 2004) Cunha Pott e Gonccedilalves

(1985) consideraram que o Pantanal do Abobral recebe aacuteguas ricas em carbonatos do rio

Miranda provenientes do Planalto do Bodoquena

Se o Pantanal do Abobral de fato recebe aacuteguas carbonatadas dos planaltos ao redor

nas Cordilheiras na posiccedilatildeo de ambiente permanentemente terrestre e com menor

saturaccedilatildeo hiacutedrica a ascensatildeo capilar do lenccedilol freaacutetico poderia ser a principal fonte

carbonatada Quando uma aacutegua rica em carbonatos eacute absorvida pelas raiacutezes ou perdida

por evapotranspiraccedilatildeo o carbonato uma vez dissolvido pode se precipitar Dessa

maneira as raiacutezes das aacutervores criam oacutetimos microsiacutetios de precipitaccedilatildeo inicial de

carbonatos (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Havendo fonte de Ca e Mg e fonte

insuficiente de aacutegua para translocar os carbonatos do perfil haacute condiccedilotildees para precipitar

e acumular carbonatos secundaacuterios

Se este for o caso estima-se que os Geoambientes na planiacutecie alagaacutevel tambeacutem

recebam aacuteguas de inundaccedilatildeo ricas em carbonatos No entanto haacute de se considerar que nas

unidades da paisagem permanentemente mais uacutemidas o fluxo de inundaccedilatildeo e a matriz

arenosa permitiriam constante lixiviaccedilatildeo destes elementos ao longo do tempo aleacutem da

ausecircncia de raiacutezes proporcionadoras de microsiacutetios saturados em caacutelcio e magneacutesio

37 Dataccedilotildees

A teacutecnica de Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) determina a idade de

deposiccedilatildeo de sedimentos Dada a natureza predominantemente arenosa das Cordilheiras

do Abobral (Tabela 1) os resultados da Tabela 17 indicam a idade de sedimentaccedilatildeo dos

gratildeos de quartzo

Horizontes petrocaacutelcicos satildeo considerados oacutetimos indicadores paleoclimaacuteticos

sendo que sua formaccedilatildeo estaacute intimamente associada ao estabelecimento de um clima

semi-aacuterido no preteacuterito (MACK et al 1994 OLIVEIRA et al 2009) Este estrato

calcificado expressa os efeitos de condiccedilotildees ambientais que um dia prevaleceram no

62

ambiente deposicional permitindo sondar o episoacutedio pedoloacutegico em que o horizonte se

formou (FERNANDES 2010)

Na Cordilheira P1 o horizonte petrocaacutelcico (Bkx1 Tabela 1) se inicia em 60 cm

O horizonte em profundidade de 140 cm subjacente ao horizonte cimentado Bkm (Tabela

1) foi depositado a 2550 plusmn 370 AP (Tabela 17) Dessa maneira esta idade foi considerada

como anterior ao evento de cimentaccedilatildeo por carbonatos ou seja a formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico Jaacute na profundidade de 40 cm sobrejacente ao horizonte petrocaacutelcico a idade

de sedimentaccedilatildeo foi 620 plusmn 90 AP considerada eacutepoca posterior ao evento responsaacutevel pela

cimentaccedilatildeo do horizonte (Tabela 17)

Tabela 17 Idade meacutedia de sedimentos da Cordilheira P1 pelo meacutetodo da

Luminescecircncia Oticamente Estimulada (LOE) Indicado as concentraccedilotildees medidas dos

isoacutetopos radioativos 232Th 238U+235U 40K utilizados no meacutetodo

Geoambiente Profundidade

(cm)

Th

(ppm)

U

(ppm)

K

()

Umidade

() Idade

Cordilheira

P1

40 3727 plusmn

0288

1230 plusmn

0155

1574 plusmn

0348 112 620 plusmn 90

140 4065 plusmn

0309

0805 plusmn

0153

1680 plusmn

0371 111 2550 plusmn 370

Uma intensa acumulaccedilatildeo de carbonatos no solo soacute eacute viaacutevel em locais em que a

precipitaccedilatildeo eacute insuficiente para dissolver e lixiviaacute-los completamente A dissoluccedilatildeo

translocaccedilatildeo e reprecipitaccedilatildeo dos carbonatos seguida de sua intensa acumulaccedilatildeo em

maiores profundidades indica a zona de oscilaccedilatildeo do lenccedilol freaacutetico (ALONSO-ZARZA

2003) Dessa maneira em determinada profundidade os poros tornam-se obturados por

carbonatos formando um horizonte contiacutenuo endurecido e maciccedilo o horizonte

petrocaacutelcico (KAMPF E CURI 2009 EMBRAPA 2013)

A ocorrecircncia de horizontes caacutelcicos jaacute foi reportada em algumas regiotildees do Brasil

inclusive no Pantanal Sul em Corumbaacute (MS) (COUTO et al 2017) No entanto sua

ocorrecircncia eacute incomum isto porque na maior parte do territoacuterio nacional o clima tropical

uacutemido associado agrave superfiacutecie suave ondulada a solos muito profundos e bem drenados

favorece a solubilizaccedilatildeo e lixiviaccedilatildeo dos carbonatos dos horizontes superficiais na forma

de bicarbonatos (SILVA et al 2013 RESENDE et al 2002)

O termo horizonte petrocaacutelcico implica uma formaccedilatildeo pedogecircnica (caliche) e

difere-se assim da laje carbonaacutetica (limestone) de formaccedilatildeo geoloacutegica (ALONSO-

ZARZA 2003 COULTAS SCHWADRON GALBRAITH 2008) Embora considerado

63

um horizonte diagnoacutestico tais horizontes natildeo constituem nenhuma classe de solo

exclusiva (EMBRAPA 2013) sendo mais considerado um sub-horizonte no interior da

classe principal podendo ocorrer em Luvissolos Vertissolos Chernossolos e Planossolos

(ALONSO-ZARZA 2003)

Horizontes petrocaacutelcicos se formam lentamente e podem persistir por muito tempo

na paisagem (SCHAETZL E ANDERSON 2005) Sua formaccedilatildeo demonstra o avanccedilo

evolutivo do processo pedogeneacutetico de calcificaccedilatildeo pois a alta concentraccedilatildeo de

carbonatos precipitados pode chegar a preencher toda a estrutura do perfil (EMBRAPA

2013) Diferentes modelos de evoluccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos jaacute foram propostos

por diferentes autores (RABENHORST E WILDING 1986 WEST WILDING

HALLMARK 1988 ALONSO-ZARZA 2003 RUELLAN 2006) que apontam este

horizonte como um estaacutegio de sucessatildeo ou evoluccedilatildeo pedogeneacutetica podendo ou natildeo ser

progressivamente degradado a depender das condiccedilotildees ambientais (ALONSO-ZARZA

2003)

As hipoacuteteses de formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico envolvem processos

diageneacuteticos de dissoluccedilatildeo-reprecipitaccedilatildeo e alteraccedilatildeo in situ da laje carbonaacutetica

(RABENHORST E WILDING 1986) Haacute diferentes propostas de modelos de formaccedilatildeo

destes horizontes Hawker (1927) Gile et al (1966) e Brock e Buck (2009) descreveram

modelos de evoluccedilatildeo cuja principal fonte de carbonatos seria o material de origem

calcaacuteria No entanto fontes externas de carbonatos jaacute foram extensamente consideradas

como deposiccedilotildees atmosfeacutericas e acumulaccedilatildeo gradual de poeira eoacutelica e deseacutertica

(REEVES 1970 BUOL et al 2011) Coultas et al (2008) registraram um ambiente

sazonalmente inundaacutevel na Floacuterida em que material arqueoloacutegico (conchas de

gastroacutepodes fragmentos oacutesseos) e acumulaccedilatildeo de guano de aves marinhas teria

influenciado a formaccedilatildeo de horizontes petrocaacutelcicos em um periacuteodo climaacutetico aacuterido

Conchas identificadas como pertencentes ao molusco de gecircnero Pomacea sp

foram coletadas nas Cordilheiras P1 e P10 nos horizontes A onde ocorreram em maior

abundacircncia (Figura 29) A idade apontada pelo meacutetodo 14C na Cordilheira P1 em

profundidade meacutedia de 50 cm foi de 1896 plusmn 26 AP enquanto na Cordilheira P10 em

profundidade meacutedia de 54 cm foi de 1546 plusmn 28 AP (Tabela 18)

64

Figura 29 Fragmento de concha de Pomacea sp apontando no perfil do solo da

Cordilheira P10 a 40 cm de profundidade

Sabe-se que variaccedilotildees climaacuteticas extremas marcaram o periacuteodo Quaternaacuterio

Registros paleoclimaacuteticos da frequecircncia e oscilaccedilotildees climaacuteticas inseridas neste periacuteodo

podem ser encontradas amplamente no meio ambiente fiacutesico (MOURA 2007)

Justamente por ter sido um periacuteodo recente suas transformaccedilotildees ambientais se encontram

mais preservadas que os registros de periacuteodos anteriores (VOLKER WASKLEWIEZ

ELLIS 2007) De acordo com Iriondo (1993) as mudanccedilas climaacuteticas ocorridas no

Quaternaacuterio em latitudes tropicais foram mais expressas por variaccedilotildees na precipitaccedilatildeo do

que na temperatura

Tabela 18 Idade de conchas de caramujo Pomacea sp pelo meacutetodo de dataccedilatildeo por 14C Idade convencional de radiocarbono em anos antes do presente (AP) (1950 ano de

referecircncia do presente) e percentual de carbono moderno (pMC)

Geoambiente Profundidade pMC Incerteza Idade (AP)

Cordilheira

P1

Horizonte A3

(39-60 cm) 7897 026 1896 plusmn 26

Cordilheira

P10

Horizonte A3

(47-81 cm) 8249 029 1546 plusmn 28

De acordo com a revisatildeo apontada por Assine (2003) durante o maacuteximo glacial

na seacuterie do Pleistoceno (22000 a 18000 AP) a planiacutecie pantaneira teria sido retrabalhada

por deflaccedilatildeo eoacutelica A deglaciaccedilatildeo teria promovido mudanccedilas na circulaccedilatildeo atmosfeacuterica

de todo o mundo promovendo instabilidade climaacutetica em muitas regiotildees Na transiccedilatildeo

para o Holoceno e para um clima mais quente e uacutemido se iniciaram os processos aluviais

65

na formaccedilatildeo do Pantanal como o conhecemos hoje Evidecircncias de incremento na umidade

e na temperatura jaacute foram apresentados na Ameacuterica do Sul e Pantanal (IRIONDO 1990

OLIVEIRA et al 2009)

Por outro lado indicaccedilotildees de oscilaccedilotildees a climas quentes e secos ao longo do

Holoceno hipoacutetese para formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do

Abobral foram igualmente apontadas no interior do Pantanal e regiotildees vizinhas Os dados

paleoclimaacuteticos atualmente satildeo contraditoacuterios e de diferentes regiotildees do paiacutes mas haacute um

reconhecimento geral de um periacuteodo mais seco que o atual na maior parte do Brasil

(SALLUN-FILHO et al 2006) Ledru (1993) apontou um periacuteodo seco em todo Brasil

Central entre 5500 e 4500 AP periacuteodo que teria ocorrido em toda Ameacuterica do Sul em

eacutepocas distintas

Na regiatildeo dos Chacos Iriondo (1990) expotildee dois periacuteodos marcadamente aacuteridos

um no Pleistoceno coincidente com o maacuteximo glacial e outro menor e mais suave no

Holoceno tardio entre 3500 e 10001400 AP dataccedilatildeo feita por 14C Almeida (1945)

descreveu a Formaccedilatildeo Xaraieacutes na borda oeste do Pantanal que se sobrepotildee a rochas preacute-

cambrianas e foi produto de carbonatos pedogeneacuteticos (caliche) fossiliacuteferos portadores

de conchas de gastroacutepodes Complementarmente Oliveira et al (2009) descreveram

diferentes fases de calcretizaccedilatildeo na Formaccedilatildeo Xaraieacutes cuja gecircnese dependeria da

recorrecircncia de clima semi-aacuterido em periacuteodos geoloacutegicos recentes e que teriam se

estendido Pantanal adentro

No Pantanal embora natildeo seja um acordo unacircnime na literatura a maioria dos

dados sugerem aridez no Pleistoceno e grande variabilidade ambiental no Holoceno

(MCGLUE et al 2012) Teria havido um oacutetimo climaacutetico quente e uacutemido por volta de

6500 AP (MCGLUE et al 2012) seguido de um periacuteodo relativamente mais seco que o

atual Este periacuteodo relativamente aacuterido eacute apontado por volta de 10000 a 3000 AP por

Whitney et al (2011) ou de 5300 a 2600 AP por McGlue et al (2012) ambos estimados

no Pantanal Central por volta de 4000 AP estipulado por Assine et al (1997) segundo

conchas de gastroacutepodes no Pantanal do Miranda e de 3800 a 2500 AP por Bertaux et al

(2002) no planalto do Bodoquena (MS) Apoacutes esta provaacutevel eacutepoca aacuterida um momento

mais uacutemido teria se iniciado estimado a partir de 2500 AP (MCGLUE et al 2012

FURQUIM et al 2017)

As dataccedilotildees e sequencias geoloacutegicas destes trabalhos conjuntamente aos dados

apresentados nesta pesquisa (Tabela 17 e 18) parecem ser consistentes com um padratildeo

66

regional de tendecircncia aacuterida e semi-aacuterida no Holoceno tardio provavelmente entre 2500 e

2000 anos atraacutes

Complementarmente ao clima semi-aacuterido houve condicionamento de uma

drenagem mais encaixada com os rios confinados em suas calhas (MCGLUE et al 2012)

e com o lenccedilol freaacutetico mais rebaixado sem ascender agrave superfiacutecie Cunha Pott e

Gonccedilalves (1985) jaacute haviam insinuado indiacutecios de alteraccedilatildeo de drenagem e vazatildeo na

regiatildeo do Abobral possivelmente sob clima mais aacuterido devido a contenccedilotildees abruptas de

sedimentos arenosos provenientes do leque aluvial do rio Taquari que convergiam para

esta planiacutecie de inundaccedilatildeo

No clima atual o Pantanal possui meacutedia pluviomeacutetrica anual de 1100 mm inferior

ao iacutendice meacutedio de 1800 mm de pluviosidade nos planaltos ao redor (MARTINS 2012)

Com a forte sazonalidade o alto iacutendice de insolaccedilatildeo na estaccedilatildeo seca em conjunto a um

lenccedilol freaacutetico elevado em boa parte do ano a planiacutecie tem uma forte evapotranspiraccedilatildeo

da ordem de evaporaccedilatildeoprecipitaccedilatildeo = 14 (BARBIERO et al 2008)

Eventos uacutemidos poderiam causar a solubilizaccedilatildeo e translocaccedilatildeo desses carbonatos

e sua precipitaccedilatildeo em profundidades maiores No entanto para que o carbonato seja

dissolvido em ambiente mais uacutemido seria necessaacuterio um baixo pH alta pressatildeo de CO2

e que esta aacutegua natildeo estivesse saturada por produtos do CaCO3 (BREEMN E BUURMAN

2003 SCHAETZL E ANDERSON 2005) condiccedilotildees natildeo aplicaacuteveis agraves Cordilheiras

devido ao abundante depoacutesito de carapaccedilas

Assim com fonte em caacutelcio proveniente das carapaccedilas o impedimento da

drenagem combinado com elevada evapotranspiraccedilatildeo e a abundacircncia de raiacutezes na

verdade criam condiccedilotildees para contiacutenua precipitaccedilatildeo de carbonatos no topo do horizonte

petrocaacutelcico podendo aumentar continuamente sua espessura e criando um mecanismo

em que este estrato cresccedila para cima com o passar do tempo Essa hipoacutetese corrobora com

Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) que apontam que a tendecircncia evolutiva dos solos das

Cordilheiras do Abobral eacute um estreitamento dos horizontes eluviais A

Em geral a presenccedila de acumulaccedilatildeo de conchas e carapaccedilas quando

acompanhada de fragmentos oacutesseos espinhas de peixe carvatildeo fragmentos liacuteticos

podendo haver remanescentes de ceracircmica e teores elevados de P disponiacutevel satildeo

consideradas evidencias de atividade humana ou seja antigos siacutetios ritualiacutesticos ou de

habitaccedilatildeo Tais depoacutesitos consistiriam em siacutetios arqueoloacutegicos com presenccedila de intensa

deposiccedilatildeo de resiacuteduos nos solos proveniente de ocupaccedilatildeo humana preacute-colombiana A

pedogecircnese desses siacutetios datildeo origem aos arqueoantrossolos conhecidos tambeacutem como

67

solos de sambaquis no litoral sudeste e Terra Preta de Iacutendio (TPI) na regiatildeo Amazocircnica

(CORREcircA 2007 CORREcircA et al 2011 CORREcircA SCHAEFER GILKES 2013)

A presenccedila de ocupaccedilatildeo antroacutepica no Pantanal do Abobral jaacute foi estudada do ponto

de vista arqueoloacutegico (OLIVEIRA 1996 SCHMITZ 2002) A regiatildeo eacute considerada aacuterea

de assentamento sazonal de grupos canoeiros autocircnomos de grande mobilidade fluvial

como grupos Guatoacute Guaxarapoacute e Payaguaacute integrantes da Tradiccedilatildeo Pantanal

(OLIVEIRA 1996) Schmitz (2002) estipula uma sequecircncia cronoloacutegica (um periacuteodo

preacute-ceracircmico seguido por um ceracircmico) e espacial (com grupos populacionais mais

densos partindo dos planaltos para as aacutereas alagadiccedilas com populaccedilatildeo dispersa) para os

assentamentos Tais consideraccedilotildees utilizaram como evidencias fragmentos ceracircmicos

sepultamentos restos fauniacutesticos (dos quais destaca-se a abundacircncia das conchas de

moluscos)

Bitencourt (1992) descreveu o perfil estratigraacutefico de Capotildees de mata no Pantanal

do Abobral com cerca de 07 m composto por sedimentos arenosos conchas de

gastroacutepodes ossos de animais e fragmentos de ceracircmica que levaram agrave conclusatildeo de que

os Capotildees seriam aterros construiacutedos sobre elevaccedilotildees naturais do terreno por populaccedilotildees

indiacutegenas preacute-histoacutericas Com efeito Nunes da Cunha e Junk (2009) consideram como

uma unidade da paisagem classificada a parte dentro daquelas permanentemente

terrestres os habitats de origem antroacutepicaindiacutegena chamadas de capatildeo de aterro ou

capatildeo de bugre

Na amostragem deste presente trabalho com exceccedilatildeo das carapaccedilas de

gastroacutepodes natildeo foram encontradas evidecircncias de antigos assentamentos como materiais

liacuteticos ceracircmicas tecido oacutesseo ou restos de materiais provenientes de queima

Mesmo as microanaacutelises (Figuras 16 a 23) natildeo revelaram quaisquer testemunhos

arqueoloacutegicos que conforme Correcirca (2007) demonstra arqueoantrossolos possuem E

seriam resultados a se esperar pois jaacute foi demonstrado condiccedilotildees de grande estabilidade

no pedoambiente das Cordilheiras (Figura 18) Embora os teores de P-disponiacutevel sejam

elevados semelhantes aos de arqueoantrossolos (CORREcircA 2007) os teores de Zn-

disponiacutevel satildeo baixos (Tabela 2) bem menores do que se esperaria para

arqueoantrossolos O Zn eacute associado a fezes e ossos e eacute considerado um excelente

marcador de arqueoantrossolos correlacionando-se aos niacuteveis de antigos assentamentos

(CORREcircA 2007)

Apesar disso o padratildeo de deposiccedilatildeo de caramujos ocorreu em todas as trecircs

Cordilheiras amostradas em profundidade meacutedia de 50 cm em meio a uma matriz

68

arenosa sempre associada a Chernossolos em diferentes tamanhos e fragmentos (Figura

29) Foram encontradas conchas de moluscos tanto do gecircnero Pomacea sp como do

Marisa sp corroborando com os levantamentos jaacute realizados ateacute o momento (MANOEL

et al 2007)

O caramujo Pomacea sp utilizado para dataccedilatildeo neste trabalho eacute um gastroacutepode

aquaacutetico no entanto de acordo com Mesquita (1982) o animal desenvolveu uma cacircmara

pulmonar que pode ser preenchida com ar atmosfeacuterico que lhe permite adotar haacutebitos

anfiacutebios e se adaptar a secas ocasionais Sua distribuiccedilatildeo geograacutefica ocorre nas aacutereas

tropicais por todo o globo sendo que no Brasil ocorre em pacircntanos accediludes rios e pode

se tornar praga em plantaccedilotildees de arroz

Nos estudos realizados ateacute o momento para o acuacutemulo das carapaccedilas desses

gastroacutepodes em grande densidade sobre terreno natildeo inundaacutevel houve de se considerar

algum agente transportador Cunha Pott e Gonccedilalves (1985) espicularam que a deposiccedilatildeo

poderia ser fruto da movimentaccedilatildeo da aacutegua na superfiacutecie das Cordilheiras ou que

carapaccedilas e corais constituiacutessem o material baacutesico das Cordilheiras Manoel et al (2007)

consideraram que a deposiccedilatildeo pudesse estar relacionada agrave predaccedilatildeo por avifauna

caramujeira enquanto Bitencourt (1992) Oliveira (1996) e Schmitz (2002) atribuiacuteram a

restos de populaccedilotildees preacute-histoacutericas

A idade das conchas (Tabela 18) assemelha-se agraves dataccedilotildees apresentadas por

Schmitz (2002) para o siacutetio arqueoloacutegico da regiatildeo do Abobral entre 3000 e 1500 anos

AP Segundo o mesmo autor a tradiccedilatildeo ceramista no Pantanal teria se iniciado a partir de

3000 AP portanto seria de se esperar demais fragmentos ceracircmicos e demais evidencias

de ocupaccedilatildeo nos solos das Cordilheiras amostradas

De acordo com Schmitz (2002) e Bespalez (2015) entre 11000 e 8500 AP jaacute havia

populaccedilotildees estabelecidas no Planalto Central brasileiro e na Amazocircnia cujos caccediladores-

coletores utilizavam largamente moluscos terrestres e aquaacuteticos em sua alimentaccedilatildeo fato

evidenciado extensamente pelos sambaquis que cobrem o litoral brasileiro O Pantanal

no entanto teria adquirido as condiccedilotildees necessaacuterias para o assentamento humano a partir

de 8500 AP O siacutetio arqueoloacutegico mais antigo datado ateacute o momento encontra-se em

Ladaacuterio (MS) com idade de 8400 e 8200 AP Holoceno inicial A ocupaccedilatildeo efetiva da

planiacutecie pantaneira teria ocorrido a partir de 3000 AP com aparecimento de povos

ceramistas denominados Tradiccedilatildeo Pantanal (SCHMITZ 2002)

Oliveira (1996) e Schmitz (2002) reforccedilam que tais assentamentos antroacutepicos

ocorreriam sazonalmente representando forte adaptaccedilatildeo ecoloacutegica e mobilidade fluvial

69

desses grupos ao ocuparem as aacutereas isentas de inundaccedilatildeo Segundo esses autores

existiriam assentamentos centrais na beira de rios intermitentes mais densos e

permanentes e assentamentos perifeacutericos e temporaacuterios durante o tempo de enchente A

noccedilatildeo de sazonalidade eacute extremamente importante ao considerar a ocupaccedilatildeo humana

preteacuterita e suas evidecircncias no Pantanal A ocupaccedilatildeo estacional da planiacutecie explicaria os

diferentes niacuteveis de deposiccedilatildeo de carapaccedilas e a intensa avulsatildeo dos canais de drenagem

teria influenciado a migraccedilatildeo dos acampamentos A drenagem indecisa e anastomasada

reflete-se em cordilheiras e assentamentos natildeo organizados portanto a inexistecircncia de um

uacutenico padratildeo de siacutetio arqueoloacutegico compostos por fragmentos biogecircnicos liacuteticos e

ceracircmicos pode ser tomada como evidecircncia de ocupaccedilatildeo humana sazonal na regiatildeo

Baseando-se nestas propostas e nas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas (Tabelas 1 e 2)

mineraloacutegicas (Figuras 11 a 15) microquiacutemicas (Figuras 16 a 23 Tabelas 4 a 12) teores

totais (Tabelas 15 e 16) e dataccedilotildees (Tabelas 17 e 18) a presenccedila de horizontes

petrocaacutelcicos nas Cordilheiras do Abobral apontam para um estaacutegio de evoluccedilatildeo

pedogeneacutetica diferente dos horizontes A chernozecircmicos

As evidencias sugerem que os solos das Cordilheiras do Pantanal do Abobral satildeo

poligeneacuteticos e resultaram de uma sucessatildeo de diferentes condiccedilotildees ambientais A

principal fonte carbonatada eacute atribuiacuteda aos planaltos calcaacuterios ao redor da planiacutecie que

teriam propiciado inicial precipitaccedilatildeo de carbonatos na regiatildeo Um possiacutevel evento

climaacutetico semi-aacuterido com uma drenagem mais encaixada e rebaixada poderia ter levado

esses carbonatos a acumularem e se cimentarem

Gradativamente conforme as condiccedilotildees ambientais e climaacuteticas oscilavam e a

planiacutecie pantaneira caminhava para a tropicalizaccedilatildeo novos sedimentos e carapaccedilas foram

depositados e outro estaacutegio pedogeneacutetico se iniciou dando origem ao horizonte A

chernozecircmico O padratildeo de formaccedilatildeo desses Chernossolos sobre horizontes petrocaacutelcicos

e sob influecircncia carbonaacutetica da deposiccedilatildeo de conchas de gastroacutepodes representam um

fascinante caso de evoluccedilatildeo convergente sob influecircncia de condiccedilotildees ambientais

particulares

70

4 CONCLUSOtildeES

De acordo com os aspectos pedoloacutegicos geomorfoloacutegicos e fitofisionocircmicos o

Pantanal do Abobral pode ser dividido em quatro Geoambientes Cordilheiras

com florestas semideciacuteduas sobre Chernossolos petrocaacutelcicos Corixo com mata

inundaacutevel sobre Planossolo vertissoacutelico Campo com Cambaraacute sobre Planossolo

gleissoacutelico e Lagoa Intermitente sobre Planossolo eutroacutefico Os chamados

Capotildees de mata unidade da paisagem reconhecida por outros autores classifica-

se como Geoambiente de Cordilheira nos criteacuterios deste trabalho Considera-se

que os chamados Capotildees satildeo fragmentos menores de Cordilheiras dissecadas pela

drenagem natildeo havendo diferenccedilas significativas para ser um Geoambiente a

parte

Nas Cordilheiras haacute ocorrecircncia de Chernossolos com horizonte petrocaacutelcico e

acuacutemulo de carapaccedilas de gastroacutepodes na profundidade meacutedia de 55 a 80 cm A

elevada fertilidade natural do solo o horizonte petrocaacutelcico que dificulta o alcance

do lenccedilol freaacutetico pelas raiacutezes e o ambiente livre de inundaccedilatildeo permitem que nas

Cordilheiras ocorra Mata Semideciacutedua

A classe dos Planossolos estaacute presente em todos Geoambientes sazonalmente

inundaacuteveis Com exceccedilatildeo do Campo com Cambaraacute todos apresentaram solos

eutroacuteficos A ocorrecircncia de horizontes B placircnicos na planiacutecie de inundaccedilatildeo

contribui para a manutenccedilatildeo de niacuteveis temporaacuterios mais elevados do lenccedilol

freaacutetico especialmente nos Geoambientes Lagoa Intermitente e Corixo cujos

solos possuem caraacuteter veacutertico Nestes Geoambientes sazonalmente inundaacuteveis a

vegetaccedilatildeo eacute selecionada pela toleracircncia agrave saturaccedilatildeo hiacutedrica

Nas Cordilheiras a restriccedilatildeo de drenagem em conjunto com pH alto e abundante

ocorrecircncia de Ca e Mg em formas natildeo carbonaacuteticas no solo permitem elevada

estabilidade das carapaccedilas de gastroacutepodes

A dissoluccedilatildeo das carapaccedilas dos niacuteveis acima dos horizontes petrocaacutelcicos natildeo satildeo

a principal fonte de iacuteons para a formaccedilatildeo dos horizontes petrocaacutelcicos A riqueza

de magneacutesio no solo eacute outro dado que corrobora para outras fontes natildeo biogecircnicas

de carbonatos Os planaltos calcaacuterios ao redor do Pantanal satildeo provaacuteveis

responsaacuteveis por enriquecer as aacuteguas de inundaccedilatildeo do Pantanal do Abobral

Um periacuteodo climaacutetico mais seco entre 2500 e 2000 AP capaz de rebaixar a

drenagem e elevar ainda mais o deacuteficit hiacutedrico regional aliada a uma fonte de

71

carbonatos de origem mineral seriam as condiccedilotildees de formaccedilatildeo dos horizontes

petrocaacutelcicos abundantes nas cordilheiras do Pantanal do Abobral Apoacutes isto

houve um evento de deposiccedilatildeo de carapaccedilas de gastroacutepodes por volta de 1890 AP

de origem natildeo antroacutepica

A formaccedilatildeo do horizonte petrocaacutelcico e horizonte A chernozecircmico natildeo foram

concomitantes Apoacutes o evento responsaacutevel pela formaccedilatildeo do horizonte

petrocaacutelcico houve deposiccedilatildeo de materiais mais recentes no entorno de 600 AP

A degradaccedilatildeo de parte do horizonte petrocaacutelcico aliada a pedobioturbaccedilatildeo por

parte da macrofauna nas Cordilheiras deram origem aos horizontes A

chernozecircmicos

72

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