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(*) Trabalho rea)izado com o apoio financeiro do Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLA- MAZCN IA), Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), Ministério do Interior e do Programa do Trópico Úmido, CNPq. No per(odo de 1954 a 1970, os trabalhos receberam ajuda da Fundação Rockefeller. (**) Diretor do Instituto Evandro Chagas, da Fundaçã'o Serviços de Saúde Pública (FSESP). 37 SITUAÇAO DAS ARBOVIROSES NA REGIAO AMAZONICA (*) Francisco P. Pinheiro (**) INTRODUÇÃO A partir de 1954, entretanto, foi que se ini. N ' I . 25 ciou um período de pesquisas intensas e contínuas os u tlmos anos acumulou-se uma soma '. ., . ., , ' ,sobre os arbovl rus na Amazonla, graças a Instala- conslderavel de conhecimentos sobre os arbovl rus - d I b ,. d ' I " E .."' , çao e um a oratorlo e VI rus no nstltuto van- na Amazonla brasileira. Antes desse perlodo, a d Ch f d .. F d , "" ""- ro agas, ruto e um convenlo entre a un a- unlca arbovlrose bem conhecida na reglao era a - R k f II F d - S . d S ' d ., ." çao oc e e er e a un açao ervlços e au e febre amarela, ISSO em bases cll nlcas (1), mediante P' bl" h. I '" df ' dd f ' ulca. o exame Istopato oglco e I ga os e casos atals . d d (2) , d ., , I, " Esses estudos vieram revelar a existência de a oença e atraves e Inquerltos soro oglcos .."" , d t d d . I .uma grande variedade de tipOS distintos de arbovl- emons ran o a presença e antlcorpos neutra 1- , . t " I. d rus e de certos VI rus Isolados de vertebrados silves- zan es para o VI rus amarl ICO em pessoas a regi o (3) E 1953 C Th "I (4) tres (5 a 14). Paralelamente, acumulou-se uma .m ,ausey e el er constataram a ., .- d ' "d d " , b ' apreclavel soma de Informaçoes sobre as doenças presença e Imunl a e para Inumeros ar OVI rus h b b ..umanas que causavam, em como so re seus conhecidos em outras partes do mundo, em habl- , .,. , . d.. 15 I I " d d d A .. A ' " aspectos epldemlologlcos e ecologlcos. No presente tantes c oca I a es a mazonla. SSlm, antl- -. I' f " Iad d relato sao apresentados, de forma sucinta, alguns corpos neutra Izantes oram assina os para to os I d d 13 b d A B B aspectos re evantes esses estu os. os mem ros os grupos, e unyamwera testados, dentre os quais os vírus da encefalite eqüina leste (EEL), da encefalite eqüina oeste Aspectos virológicos (EEO), da encefalite eqüina venezuelana (EEV), A potencial idade da Amazônia em termos de Ilhéus e outros mais. O inquérito revelou, também, reserva de arbovírus pode ser bem avaliada ao se a existência de anticorpos para o vírus Dengue do considerar a existência, somente na parte brasilei- tipo 1 em pessoas com mais de 25 anos de idade, o ra, de nada menos de uma centena de tipos de ví- que sugeria a ocorrência, em época passada, do rus antigenicamente diferentes. Levando-se em dengue na região. conta os inúmeros arbovírus novos identificados

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(*) Trabalho rea)izado com o apoio financeiro do Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLA-MAZCN IA), Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), Ministério do Interior e do Programa doTrópico Úmido, CNPq. No per(odo de 1954 a 1970, os trabalhos receberam ajuda da Fundação Rockefeller.

(**) Diretor do Instituto Evandro Chagas, da Fundaçã'o Serviços de Saúde Pública (FSESP).

37

SITUAÇAO DAS ARBOVIROSES NA REGIAO AMAZONICA (*)

Francisco P. Pinheiro (**)

INTRODUÇÃO A partir de 1954, entretanto, foi que se ini.

N ' I . 25 ciou um período de pesquisas intensas e contínuasos u tlmos anos acumulou-se uma soma '. ., .., , ' ,sobre os arbovl rus na Amazonla, graças a Instala-

conslderavel de conhecimentos sobre os arbovl rus - d I b ,. d ' I "E.."' , çao e um a oratorlo e VI rus no nstltuto van-

na Amazonla brasileira. Antes desse perlodo, a d Ch f d ..F d, "" ""- ro agas, ruto e um convenlo entre a un a-

unlca arbovlrose bem conhecida na reglao era a - R k f II F d - S . d S 'd., ." çao oc e e er e a un açao ervlços e au e

febre amarela, ISSO em bases cll nlcas (1), mediante P'b l"h. I '" df ' dd f ' ulca.

o exame Istopato oglco e I ga os e casos atals .d d (2) , d ., , I , " Esses estudos vieram revelar a existência de

a oença e atraves e Inquerltos soro oglcos .."" ,d t d d . I .uma grande variedade de tipOS distintos de arbovl-

emons ran o a presença e antlcorpos neutra 1- , .t " I . d 'ã rus e de certos VI rus Isolados de vertebrados silves-

zan es para o VI rus amarl ICO em pessoas a regi o(3) E 1953 C Th "I (4) tres (5 a 14). Paralelamente, acumulou-se uma

.m ,ausey e el er constataram a ., .-d ' "d d " , b ' apreclavel soma de Informaçoes sobre as doenças

presença e Imunl a e para Inumeros ar OVI rush b b..umanas que causavam, em como so re seus

conhecidos em outras partes do mundo, em habl- , .,. , .d..15 I I"d d d A .. A ' " aspectos epldemlologlcos e ecologlcos. No presente

tantes c oca I a es a mazonla. SSlm, antl- -.I ' f " Iad d relato sao apresentados, de forma sucinta, alguns

corpos neutra Izantes oram assina os para to osI d d13 b d A B B aspectos re evantes esses estu os.

os mem ros os grupos, e unyamwera

testados, dentre os quais os vírus da encefaliteeqüina leste (EEL), da encefalite eqüina oeste Aspectos virológicos

(EEO), da encefalite eqüina venezuelana (EEV), A potencial idade da Amazônia em termos de

Ilhéus e outros mais. O inquérito revelou, também, reserva de arbovírus pode ser bem avaliada ao se

a existência de anticorpos para o vírus Dengue do considerar a existência, somente na parte brasilei-

tipo 1 em pessoas com mais de 25 anos de idade, o ra, de nada menos de uma centena de tipos de ví-

que sugeria a ocorrência, em época passada, do rus antigenicamente diferentes. Levando-se em

dengue na região. conta os inúmeros arbovírus novos identificados

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nas áreas amazônicas pertencentes a outros palses,torna-se patente que a Amazônia constitui uma dasmaiores reservas de arbovírus do mundo, quiçá amaior de todas.

Dos 100 tipos diferentes de arbovlrus e decertos vírus de vertebrados isolados na Amazôniabrasileira, 77 representam tipos novos para o mun-do ou pelo menos para o Brasil. Dos 100 tipos aci-ma, 78 estão distribuídos em 19 grupos antigêni-cos e, quanto aos demais, 3 pertencem à categoriados Bunyamwera "unassigned" e 19 ainda não fo-ram grupados.

A Tabela 1 mostra a distribuição dos vírus se-gundo o grupo antigênico e indica os tipos novospara o mundo isolados inicialmente na Amazônia.Dentre estes, 15 por enquanto devem ser assimconsiderados em caráter prel im inar, pois não secompletou, ainda, conforme se faz necessário, o es-tudo antigênico comparativo dos mesmos com osvlrus de outras áreas do mundo. O grupo Phleboto-mus fever, com 10 membros, 2 dos q ua is patogên i-cos para o homem, é o mais numeroso, vindo a se-guir os grupos Bunyamwera e C, com 8 membroscada. Os demais grupos reúnem 7 ou menos agen-tes. Quatro grupos -C, Guamá, Capim e Timbó -

foram inicialmente formados por vlrus exclusiva-mente da Amazônia, aos quais foram incorpora-dos, mais tarde, arbovlrus de outras partes domundo.

Quando anal isados sob o aspecto de suas pro-priedades flsico-qulmicas, verifica-se que a grandemaioria dos 100 tipos pertence a 4 famllias: Toga-viridae, Bunyaviridae, Reoviridae, e Rhabdoviridae,conforme mostra a Tabela 2. Aí se observa que 53tipos pertencem à família Bunyaviridae, portantoa maioria absoluta, e 28 às outras 3 famllias. Exis-tem, ainda, 2 membros pertencentes à famllia Are-naviridae e 1 à famllia Poxviridae. Os 16 restantesnão têm ainda taxon definido por falta de caracte-rização flsico-qulmica, estando todos eles incluí-dos na categoria dos antigenicamente não grupa-dos. Registre-se que 3 vlrus não grupados, quais se-jam Marco, Cotia "Iike" e Triniti, pertencem às fa-mllias Rhabdoviridae, Poxviridae e Bunyavirídae,respectivamente. É possível que o vlrus Água Preta(An 67949), igualmente não grupado, seja um her-

pesvlrus.

Durante aproximadamente duas décadas, múl-tiplos métodos utilizados na detecção dos arbovl-rus foram empregados de forma sistemática nasflorestas da EMBRAPA e do Utinga, situadas nasadjacências de Belém. A floresta do Oriboca, dis-~

tante cerca de 20 Km ao leste dessa capital, consti-tuiu outra área bastante explorada, nos primeirosanos do estudo. Isso propiciou, certamente, o iso-lamento inicial, nessas áreas, de mais de 50 dos ti-pos de v(rus hoje assinalados na Amazônia, confor-me se observa na Figura I. Os primeiros isolamen-tos do v(rus da febre amarela a partir de pessoas ede artrópodos foram inclusive obtidos em Oriboca,durante um surto silvestre da doença ocorrido nalocalidade em fins de 1954 (15). No inicio da dé-cada de 60, os estudos foram estendidos a umaárea situada ao longo da recém-constru(da rodoviaBelém-Brasllia e, com isso, descobriram-se 15 ou-tros tipos de v(rus. Em 1964, foram iniciadas in-vestigações na área de Serra do Navio, localizadana parte central do território do Amapá, ali se con-seguindo o isolamento do primeiro arenav(rus (ví-rus Amapari) no Brasil e de outros 3 novos agen-tes. A abertura, a partir de 1970, de novas rodoviasna Amazônia, permitiu a realização de estudos emáreas de florestas virgens cortadas pelas rodovias,cujo acesso até então era praticamente impossível.Estudos pilotos conduzidos em 12 das áreas emquestão revelaram a existência de novos tipos dearbov(rus (Fig. 1). Esta figura revela, ainda, que oisolamento inicial dos arbovírus na Amazônia foiconseguido em 17 áreas diferentes. Não obstanteinúmeros v(rus terem sido detectados em apenasuma área, até o momento, outros, no entanto, têmuma distribuição geográfica mais ampla, demons-trada por isolamento dos mesmos ou através deevidências sorológicas.

Aspectos CI í nico-epid emiológicos

Dentre os arbovírus existentes na Amazônia,25 são reconhecidamente capazes de produzirdoença em pessoas. A infecção humana por 22 de-les já foi demonstrada através do isolamento doagente a partir do sangue de doentes enquanto que,para os 3 restantes, a infecção foi evidenciada ex-clusivamente em bases sorológicas, na região.

Entre esses 25 vírus, encontram-se tipos capa-zes de determinar os 4 quadros cl(nicos conhecidosdas arboviroses, quais sejam, febre, febre exante-ma, febre hemorrágica e encefalite (Tabela 3).

Os quadros febris constituem as manifestaçõesclínicas observadas com maior freqüência e podeminclusive ser causados por todos os 25 tipos. I ndis-cutivelmente, de todos eles, o vírus Oropouche,pertencente ao grupo Simbu, é o maior responsávelpor surtos febris, na Amazônia Oriental. Com efei-to, o v(rus tem determinado extensas epidemias

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Situação das Arboviroses na Região Amazônica.

Existem evidências bastante convincentes deque a transmissão do vlrus Oropouche em áreas ur-banas se efetua de homem a homem, através da pi-cada de Culicoides paraensis. Efetivamente, alémde evidências indiretas, de ordem epidemiológica(18, 21), conseguiram-se 9 isolamentos do vlrusOropouche a partir de C. paraensis coletados du-rante perlodos epidêmicos (17 a 19), bem comoestudos de infecção experimental em hamsters de-monstram que C. paraensis é um excelente vetordo vírus (22). Recentemente, foi conseguida outraprova bastante conclusiva quanto à importância deC.

paraensis na disseminação do vírus Oropoucheem ambiente urbano, ao se demonstrar que esse in-seto é capaz de transmitir biologicamente o agentede doentes virêmicos a hamsters normais (23). Poroutro lado, é possível que Culex quinquefasciatustambém esteja envolvido no ciclo urbano da virose,porém, como veto r secundário (18,24).

Quanto aos demais vírus presentes na Amazô-nia implicados na etiologia de quadros febris, a sin-tomatologia documentada (5) é essencialmente si-milar à registrada em casos de Oropouche, contu-do, não se tem observado as crises de recorrência.Febre, tonturas, cefaléia, mialgias, fotofobia e con-gestão conjuntival são as manifestações clínicas ob-servadas com maior freqüência, mas a intensidadee a duração das mesmas varia consideravelmente.Assim, há pacientes que se recuperam em 2 a 3dias, logo retornando às suas atividades normais,enquanto outros ficam impossibilitados de traba-Ihar, por vezes, até uma semana. A astenia é referi-da por inúmeros doentes após o desaparecimentodos sinais da fase aguda, podendo persistir por al-gumas semanas. Praticamente todos os casos cllni-cos comprovados através de isolamento do vírus apartir do sangue dos enfermos foram observadosem pessoas que mantinham contato com a mata,excetuando-se as que foram infectadas em labora-tório. I nfecções de laboratório causadas pelos vírusPiry e Flexal foram as únicas que permitiram, até omomento, a observação dos sintomas causados pe-los vlrus em questão, pois até o presente nenhumcaso de infecção natural pôde ser diagnosticado,ainda, na fase aguda. Na infecção pelo vlrus Piry, oinicio é súbito, e as manifestações clínicas, seme-lhantes às referidas acima,regridem em 2 ou 3 dias.Apenas um caso de infecção pelo vlrus Flexal foidocumentado até agora, o qual, além da sintoma-tologia caracterlstica dos quadros febris das arbovi-roses, exibiu ainda vômitos e diarréia. A duraçãoda doença foi de aproximadamente 1 mês, com pe-rlodos de acalmia e de exacerbação dos sintomas.

nos últimos 20 anos, em importantes centros po-pulacionais do Estado do Pará (16, 17,18,19). Éposslvel que localidades urbanas da Amazônia Oci-dental venham sendo atingidas pelo agente, semque se tenha conhecimento.

A infecção provocada pelo vírus Oropouche secaracteriza pela presença de hipertemia acompa-nhada por outras manifestações cllnicas, as quaisforam analisadas em detalhe durante a epidemia deMojuí dos Campos, em 1975 (17). Assim, mais de60% dos pacientes apresentaram febre, calefriosmoderados, cefaléia, mialgias, artralgias, tonturas efotofobia. Menos freqüentemente exibiram conges-tão conjuntival, náusea, vômitos e diarréias. A in-tensidade dos sintomas varia consideravelmente, ha-vendo, de um lado, casos brandos, com sintomato-logia que persiste por apenas 2 a 3 dias e, do outro,doentes que exibem manifestações mais intensas,durante aproximadamente uma semana. Alguns pa-cientes inclusive chegam a ficar prostados, no en-tanto, jamais se observaram casos fatais. Bastantecaracterlstico na infecção pelo vírus Oropouche é oaparecimento de recorrências em certa proporção dedoentes. A recorrência pode se manifestar com asmesmas características da fase inicial da doença ousimplesmente consistir no reaparecimento da fe-bre, da cefaléia e de mal estar. Um ou mais episó-dios de recorrência podem ocorrer que, geralmen-te, surgem nos 10 dias após o desaparecimento dasmanifestações cllnicas iniciais. Afora isto, há pa-cientes que referem um período de adinamia, cujaduração pode ser de algumas semanas. A. causa darecorrência é obscura mas, em alguns casos, há in-dícios de associação com infecção uriná ria ou da

garganta.Estimativas baseadas em dados sorológicos in-

dicam que pelo menos 37.000 pessoas foram infec-tadas durante as epidemias provocadas pelo vlrusOropouche no perlodo de 1961 a 1978 (18). Asáreas atingidas pelos surtos podem ser observadasna Fig. 2, onde se vê que a capital do estado foi al-vo da virose em 1961 e em 1968. Nova epidemiatornou a ser registrada em Belém, em 1979, e quetambém incidiu em inúmeras localidades da regiãoleste do Pará (19), sendo poss Ive I que tenha resul-tado da dispersão do surto que afetou várias locali-dades do município de Tomé Açu, em 1978. Estaepidemia constitui, provavelmente, a mais extensade todas as que se registraram até o presente. Re-centemente. (20), verificou-se que o vlrus Oropou-che ainda continua circulando na periferia da cida-de de Belém, assim como casos da virose foram re-gistrados em inúmeras localidades do leste do Pará.

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Populações humanas de diversas localidades da re-gião Amazônica apresentam grau variável de imuni-dade para os vlrus Mucambo, Ilhéus, Guaroa, I ta-poranga, Tacaiúma, Piry, dos grupos C e Guamá, epara outros mais responsáveis por slndromes febris(25) no entanto, nenhuma epidemia atribulvel aqualquer um desses agentes foi detectada até a pre-sente data, na Amazônia brasileira. É posslvel, to-davia, a ocorrência de surtos epidêmicos provoca-dos por tais agentes que, entretanto, passam des-percebidos, face às dificuldades em se exercer umavigilância eficiente em região tão extensa.

O alphavlrus Mayaro é o único arbovlrus exis-tente na região Amazônica associado com quadrofebril exantemático. Curiosamente, todos os 14 ca-sos de infecção pelo agente diagnosticado na Ama-zônia brasileira antes de 1978 exibiram tão somen-te uma slndrome febril, sem quaisquer manifesta-ções exantemáticas (26,27). Naquele ano, duranteuma epidemia causada pelo agente na localidade deBelterra, do Estado do Pará, cerca de 2/3 das pes-soas infectadas apresentaram um exantema disse-minado, mas que atingia mais intensamente o tó-rax, dorso, membros superiores e inferiores (27).Em real idade, uma trlade bastante caracterlsticafoi assinalada nos pacientes, constitulda por febre,exantema e artralgia, esta com predileção acentua-da pelas articulações das extremidades. Além des-tas manifestações cllnicas, mais de 80% dos enfer-mos apresentaram cefaléia, mialgias e calefrios.Tonturas, dor no globo ocular, náusea, vômitos,fotofobia e diarréia foram observados em menorfreqüência. A febre é alta, chegando a alcançar400 C. A artralgia é intensa e afeta predominante-mente os punhos, dedos, tornozelos e artelhos, em-bora os joelhos e cotovelos também sejam acometi-dos. Em 20% dos casos observa-se a presença deedema moderado nas articulações. As lesões exan-temáticas são do tipo máculopapular ou micropa-pular e apresentam-se isolados ou sob a forma depequenas áreas de confluência. Gânglios ingüinaisingurgitados indolores à palpação estão presentesem metade dos pacientes. Não se observa hepato-megalia, esplenomegalia ou icterlcia. Leucopênia,comumente observada em inúmeras arboviroses,também se verifica na infecção causada pelo vlrusMayaro. À exceção da artralgia, que pode persistirdurante 2 meses ou mais, as demais manifestaçõescllnicas duram 2 a 5 dias. Cerca de 20% da popula-ção de Belterra foi infectada pelo vlrus durante aepidemia, sendo que todos os grupos etários foramatingidos, bem como as taxas de ataque em ambosos sexos foram similares (28). Dentre os artrópodos

hematófagos examinados durante o surto de Bel-terra, somente a partir da espécie Haemagogus jan-thinomys se conseguiu isolar o vlrus Mayaro, o quedemonstra que esse veto r foi o responsável pelatransmissão do agente no surto em questão (29).

Inquéritos sorológicos realizados em diversasáreas da Amazônia têm revelado que a imunidadepara o vlrus Mayaro está amplamente distribuldanas populações da região. Anticorpos i.nibidores dahemaglutinação para Mayaro têm sido encontradosem todas as populações da Amazônia estudadas,sendo que em algumas a positividade chega a alcan-çar a taxa de 62%, conforme se observou entre sil-vlcolas de Pari-Cachoeira, noroeste do estado doAmazonas, em um inquérito realizado em 1966(30). Via de regra, as populações rurais, particular-mente as indlgenas, apresentam prevalência de an-ticorpos mais elevada. Imunidade para o vlrus tam-bém tem sido encontrada em residentes de outrasáreas do Pais, como, por exemplo, em Goiás e emMato Grosso (31), bem como em outros palses ta iscomo Trinidad (32), Bollvia (33), Guyana (34),Colômbia (35), Peru (36), Panamá (37) e CostaRica (38). Na Amazônia, o vlrus tem sido isoladocom relativa freqüência de pessoas e de artrópodos,mas raramente de animais silvestres.

A febre amarela é a única das arboviroses decaráter hemorrágico conhecida na Amazônia brasi-leira. A forma urbana da doença foi introduzidaem Belém, em 1850, onde causou, nesse ano, umaepidemia extensa na qual faleceram cerca de 600pessoas (1). A partir desse ano, a virose manteve-sena cidade sob forma endêmica, com o aparecimen-to de surtos periódicos. Em 1911, a febre amarelafoi virtualmente eliminada de Belém, graças à erra-dicação do Aedes aegypti, transmissor do agenteem áreas urbanas. Com a reinfestação da cidadepor essa espécie vetora, a febre amarela urbana vol-tou a ocorrer em Belém, tendo sido eliminada emdefinitivo em 1931 (2). Casos esporádicos continu-aram a ser diagnosticados, através da viscerotomia,no Estado do Amazonas e no então território doAcre até que, em 1942, foram documentados os 3últimos óbitos da forma urbana da virose na Ama-zônia, justamente no citado território. Por sinal,estes foram também os últimos casos urbanos re-gistrados no Brasil.

Presentemente, a febre amarela incide naAmazônia exclusivamente sob a forma silvestre,onde se mantém sob forma enzoótica. Casos huma-nos são diagnosticados praticamente todos os anos,uns isoladamente e outros durante epidemias. Nes-

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Situaçá"o das Arboviroses na Regiá"o Amazônica.

de 2 anos de idade foi positiva. Nas demais locali-dades investigadas, a taxa de imunidade para oagente se situa ao redor de 1 % ou, por vezes, é ne-gativa, o mesmo acontecendo com o vírus EEO. AFigura 3 mostra a distribuição dos isolamentos dosvírus EEL e EEO na Amazônia, onde se nota a am-pla dispersão do primeiro. Quanto ao vlrus SLE,taxas de prevalência de anticorpos de até 5% sãoencontradas em algumas áreas da região. A ausên-cia de infecções humanas com desordens neuroló-gicas associadas aos vírus em questão constitui, ain-da, um enigma. É possível que as amostras desses 3vírus que circulam na Amazônia sejam dotadas dereduzido neurotropismo para o homem ou queproduzam manifestações clínicas diferentes. É per-tinente citar que os 2 únicos pacientes da regiãodos quais se conseguiu isolar o vírus SLE, exibiramum quadro clínico atípico caracterizado pela pre-sença de febre e icterícia. Um dos pacientes, noentanto, era portador de leucemia, sendo possívelque esta tenha originado a icterícia; este pacienteevoluiu para o êxito letal, 3 dias após o isolamentodo agente do seu sangue periférico. Quanto ao ou-tro caso (40), que apresentou evolução benigna,apesar dos esforços para se determinar um proces-so concomitante responsável pele icterícia, não seobteve sucesso. Recentemente, diagnosticou-se,através da demonstração de conversão sorológica,uma infecção febril benigna causada pelo vírusSLE em uma criança de 7 anos nativa de Belém,bem como anticorpos I H e neutral izantes para oagente em questão foram encontrados em vários deseus familiares, inclusive em uma criança de apenas3 anos de idade, todos igualmente nativos da cida-de.

tas, o número de pessoas acometidas pela formagrave da doença é em geral pequeno. No perlodode 1970 a 1979, foram diagnosticados 41 casos defebre amarela no Pará, 31 dos quais terminaramem êxito letal. É inquestionável que a incidênciade casos fatais é bem mais elevada do que a regis-trada oficialmente, face à deficiência da vigilânciaepidemiológica exercida na região. Isto se deve, emparticular, à queda na prática do uso da visceroto-mia, recurso de grande valor para a comprovação dadoença, bem como por erro de diagnóstico cllnico.No que diz respeito a este aspecto, é deplorávelque casos de febre amarela sejam constantementeconfundidos com entidades como malária, hepatitea vírus, leptospirose e outras mais de caráter hemo r-rágico. Dos 41 casos acima, 19 ocorreram em 1978,distribuldos em 4 áreas do Estado, quais sejam:Santarém (Belterra), Tomé-Açu (várias localidades)e municípios adjacentes, Altamira e em áreas dosmunicípios de Conceição do Araguaia e de Santanado Araguaia.

Três aíbovlrus responsáveis por alteraçõesneurológicas em seres humanos são encontrados naAmazônia brasileira. Dois deles, os vlrus EEL e oda encefalite de S. Luís (SLE) têm sido isoladoscom freqüência de artrópodes e de animais silves-tres e sentinelas; quanto ao outro, o vlrus EEO,seu isolamento só tem sido conseguido em poucasocasiões. Esses três agentes têm ocasionado epide-mias de encefalite nos Estados Unidos, particular-mente o vírus SLE, que inclusive causou cerca de2.000 casos de encefalite nesse paiS, em 1975 (39).Na Amazônia, contudo, nenhuma epidemia deter-minada por esses vlrus foi detectada até o momen-to, embora existam evidências sorológicas de in-fecção pelos mesmos, em residentes de certas loca-lidades da região. É o caso, por exemplo, da cidadede Cametá, situada na foz do rio Tocantins, cujapopulação apresenta uma elevada prevalência deanticorpos para o vlrus EEL, mas não há indlciosda ocorrência de surtos de encefalite. Assim, Cau-sey e Theiler (4) verificaram que 12 (29%) de 41soros de crianças e adultos coletados em Cametâem 1953, neutralizaram o referido agente. Em1960, foi examinado um grupo de 55 outros resi-dentes da mesma cidade, constatando-se que 12(22%) possulam anticorpos I H para o vírus emquestão. Um terceiro inquérito foi conduzido emCametá no ano seguinte, incluindo, desta vez, so-mente üs nativos com idade inferior a 19 anos; osresultados mostraram que 20 (4%) dos 502 sorosexaminados reagiram no teste de I H com o vírus.EEL, sendo importante salientar que uma criança

Aspectos ecológicos

Apesar dos avanços obtidos no conhecimentodo ciclo de manutenção dos arbovlrus e de certosoutros vlrus de vertebrados na Amazônia, numero-sas questões de natureza ecológica permanecemainda ignoradas.

Antes de se focalizar alguns aspectos ecológi-cos especlficos desses agentes na Amazônia, é per-tinente salientar que as evidências atuais demons-tram que cerca de 90 dos 100 tipos identificadosna região podem, na realidade, ser consideradoscomo arbovlrus, ou como prováveis ou posslveisarbovlrus, segundo os critérios estabelecidos peloAmerican Committee on Arthropod-Borne Viru-ses. Quanto aos 10 restantes, 2 são arenavlrus(Amapari e Flexal), 1 é considerado como POXVI-

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dos na Amazônia foram provenientes desses mos-quitos. É importante assinàlar a associação do v(rusPacu( com Lutzomyia flaviscutelatta (41); aindamais, o fato desse agente ter sido isolado de 3 poolsde L. flaviscutelatta machos sugere a possibilidadede transmissão transovariana do v(rus Pacu( nestaespécie. Ressalta-se, também, a associação de Culi-coides paraensis com o v(rus Oropouche em am-biente urbano, que constitui, aliás, o único arbov(-rus de importância em Saúde Pública para o ho-mem, transmitido por Culicoides. A Tabela 6 mos-tra que as espécies de Culex são as que têm propor-cionado o maior número de isolamentos de dife-rentes tipos de arbov(rus na região Amazônica.

Existe, igualmente, uma significante variedadede animais que atuam como hospedeiros vertebra-dos de arbov(rus na Amazônia, conforme se obser-va na Tabela 7. Os primatas, além da reconhecidaimportância que desempenham no ciclo do v(rusamarllico, são importantes amplificadores do v(rusMayaro (29) e, provavelmente, estão envolvidosnos ciclos dos v(rus Oropouche e Piry. O isolamen-to do v(rus SLE, a partir do sangue de macacossentinelas e selvagens, oferece uma área de interes-se para investigações quanto à participação dessesanimais no ciclo do citado v(rus. Os roedores, avese marsupiais estão implicados no ciclo enzoóticode grande número de agentes, graças, evidentemen-te, à suscetibilidade que exibem e pelo fato de suaspopulações se renovarem com rapidez. É interes-sante mencionar o achado freqüente de cotiascom anticorpos I H para o v(rus Pixuna, o que astorna suspeitas de participarem do ciclo de manu-tenção desse agente. Quanto ao arenav(rus Amapa-ri, os estudos realizados mostram de forma convin-cente que os roedores Oryzomys capito e Neaco-mys guianae são os responsáveis pela manutençãodo v(rus nas áreas enzoóticas (12, 42). Os roedoresdo gênero Oryzomys também estão implicados namanutenção do v(rus Flexal (42). É evidente, ain-da, a implicação de répteis como hospedeiros de 4agentes da famllia Rhabdoviridae, e de anf(bios naecologia de três tipos.

Tomando-se por base as informações ora apre-sentadas, é poss(vel construir-se esquemas repre-sentativos dos poss(veis ciclos de manutenção dealguns dos arbov(rus presentes na Amazônia (Figu-ras 4 e 5). As informações relativas aos ciclos queenvolvem mosquitos do gênero Culex e pequenosmam(feros foram obtidas particularmente atravésde estudos realizados nas florestas da EMBRAPA eUtinga, ou seja, em pequena área da Amazônia,

rus (Cotia-"like") e os outros 7 (Água Preta, An227841, An 228950, Santarém, An 238209, An276121 e An 370284) não têm presentemente po.sição definida, por serem ainda insuficiente conhe-cidos.

Em decorrência dessa grande variedade de ti.pos de vírus, é compreensível a existência de situa-ções ecológicas bastante diversas, algumas já relati-vamente definidas, enquanto outras, por sinal bemmais numerosas, são ainda mal conhecidas. Noprimeiro caso estão os ciclos de manutenção dosvírus da febre amarela, Mayaro, alguns do grupo Ce outros mais.

A elucidação dos elos da cadeia de manuten-ção dos arbovírus depende, em grande parte, dademonstração do vírus no sangue do vertebrado ounos tecidos dos artrópodos hematófagos, e doconhecimento da distribuição da imunidade napopulação de vertebrados. Por conseguinte, écompreensível a paucidade de informações ecoló-gicas a respeito de 39 agentes isolados em umaúnica ocasião na Amazônia (Tabela 4), e sobre osquais poucos são os estudos de imunidade realiza-dos até o nlK>mento em animais silvestres. Em ra-zão disso, p()UCO será apresentado a respeito desses

agentes.Por outro lado, os repetidos isolamentos de

inúmeros agentes a partir de artrópt>dos hematófa-gos e de vertebrados, associados aos resultadosdecorrentes de extensivos estudos sorológicos naspopulações de animais silvestres, ensejaram o acú-mulo de informações sobre os seus ciclos de trans.missão.

Conforme se observa nas Tabelas 5 e 6, há ví.rus que foram isolados com grande ou relativa fre-qüência de certas espécies de insetos o que, eviden-temente, permite considerá-Ias como seus possíveisou prováveis vetores. Estes achados tornam-se ain-da mais relevantes quando se leva em conta que osinsetos foram obtidos mediante o emprego de inú-meros métodos de captura, possibilitando, dessaforma, o exame de uma apreciável variedade de es-pécies existentes nos habitat investigados.

Numa primeira análise (Tabela 5), vê.se confir-mada a clássica associação de Haemagogus ao cicloda febre amarela silvestre, na América do Sul. Omesmo gênero é também importante transmissordo vírus Mayaro o que, aliás, foi demonstrado deforma convincente durante a epidemia provocadapelo agente em Belterra, 1978 (29). O vírus Taca(.uma parece igualmente associado a Haemagogus,visto que 5 dos 6 isolamentos obtidos de artrópo.

42

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Situaçá"o das Arboviroses na Regiá"o Amazônica.

possam também servir como hospedeiros vertebra-dos do vlrus SLE. Ainda mais, é posslvel que Cu-lex coro nato r e certas espécies de Sabethes sejamvetores secundários do vlrus SLE. Com referênciaao vlrus Mayaro, as evidências atuais apontam osprimatas e mosquitos do gênero Haemagogus comoos principais elos da cadeia de manutenção do

agente.São escassas as informações existentes a res-

peito do ciclo silvestre do vlrus Oropouche. parti-cularmente com relação ao vetor. É posslvel queedentados, primatas e talvez algumas espécies deaves silvestres participem do ciclo enzoótico doagente. Durante as epidemias urbanas, contudo, éprovável que o vlrus seja transmitido biologica-mente de homem a homem através de Culicoidesparaensis, e que Culex quinquefasciatus seja umvetor secundário.

por conseguinte, é possível que em outras áreas oseventos ecológicos sejam diferentes. No entanto, épertinente lembrar que ciclos similares para algunsdesses vírus (Mucambo, Guamá, Catu) tenham sidoobservados em áreas distantes, como em Trinidad.Ao contrário, diferenças têm sido notadas, comopor exemplo, em relação ao vírus Caraparú, cujovetor principal às proximidades de Belém é Culex(Mel) vomerifer, ao passo que em Trinidad Culex(M.) portesi tem maior associação com o citadoagente (43).

É possível que os vírus E E L e S LE sejam man-tidos principalmente mediante a transmissão entreaves silvestres, através de Culex taeniopus e de Cu-lex declarator, respectivamente (Figura 5). Outrosvertebrados e vetores, contudo, podem tomar par-te na manutenção desses agentes. Assim, suspeita-se que algumas espécies de pequenos mamíferosparticipem do ciclo do vlrus,EEL e que primatas

43

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TABELA 1

Arbovlrus isolados na Amazônia segundo o grupo antigênico

Grupo NI? Vlrus

A 7 EEL, ~ Mucambo, ~ Mayaro, Pixuna, EEO

Anofeles A 3 Tacaíuma, Lukuni, An 306706

B 5 Febre amarela, Bussuqüara, Ilhéus, SLE, An 327600

Bunyamwera 8 Tucunduba, TaiassuI, Maguari. Kairi, Sororoca, Ar 306329,

Ar 314206,Ar 328208

C 8 Marituba, Oriboca, ~, Murutucu, Caraparú, Caraparú "Iike", Ne.

puyo, ~California 3 Melao, Guaroa, Serra do Navio

Capim 7 f!Q,iffi, Guaiará, Bush-bush "Iike"~~, Benfica, §enevides, Moriche

Guamá 6 ~,~,~, Bimiti, Ananindeua, Timboteua

M i r i m 1 .MllLI:!.l

Simbu 2 Oropouche, ~

Bunyam. "unassigned" 3~, An 280577, H 359937

Changuinola 6 ~ Gurupi, ~, Canindé, Jamanxi, Altamira

Corriparta 2 Ar263191,~r295042

Hart Park 1 Mosqueiro

Kwatta 1 Kwatta "Iike"*

Phlebotomus fever 10 Candirú, Icoaraci, ~, Anhanga, ~, Itaporanga, Urucuri, ~

~ Alenquer, Turuna

Tacaribe 2 Amapari, ~

Timbó 3 ~,~,An303197

Turlock 1 Turlock

VSV 2 fu, Cocal

Não grup'dllos 19~, ~ Cotia "Iike": Água-Preta, leri,~ Araguari, ~

~, Aruac, ~n 227841 An 228950, Triniti, Santarém, An f~82Q9 ,

An 276121 Pacora, Ar 312086, Ar 316858, An 370284

Vlrus novo para o mundoVlrus novo para o Brasil, também o podendo ser para o mundo

* Semelhentes a vlrus isolados em outros palses ou regiô'es

AbreviaturasNSV = Estomatite vesicular; EEL = encefalite eqüina leste;EEO = encefalite eqüina oeste; SLE = encefalite São LuIs.

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Situação das Arboviroses na Regiá"o Amazônica.

TABELA 2

Situação taxonômica dos arbovlrus isolados na Amazônia

EspéciesFamllia Gênero N<?

Tipos ou grupos antigênicos< Alphavirus 7 Grupo A

T ogaviridae

Flavivírus 5 Grupo B

Bunyavírus 38 Gr. Bunyamwera (8) -Gr. C(8) -

Gr. Califórnia(3) -Gr. Capim(7) -

Gr. Guamá{6) -Gr. Simbú(2) -Gr.

Mirim( 1) -e "Unassigned"(3)Bunyaviridae

Bunyavírus-like 15 Gr. Anopheles A(3) -Gr. Phlebo-

tomus(10) -Turlock(1) e Triniti

Reoviridae Orbivírus 8 ' Gr. Changuinola(6) -Gr. Corri par-

ta(2)< veSiCUIOVírus 2 Gr. VSV (2)

Rhabdoviridae

? 6 Gr. Timbó(3) -Gr. Hart Park(1)-

Gr. Kwatta( 1) -Marco

Arenaviridae 2 Gr. Tacaribe(2)

Poxviridae 1 Cotia-like

Desconhecida 16 Tembe -Água Preta*- teri -Be-

lém -Araguari -I nhangapi -

Aruac -Santarém -Pacora -An

227841 -An 238209 -An 276121

Ar 312086 -Ar 316858 -An

370284 -An 228950

To t a I 100

* Possivelmente um herpesvírus

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Tota

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TABELA 3

Arbovírus patogênicos para o homem na Amazônia brasileira

TipO de Total de Grupo Infecção comprovada por:

doença tipos antigênico Isolamento Sorologia

Febril 20 A Mucambo

B Ilhéus Bussuquara

C Apéu, Caraparú. Cara-

parú-like, Marituba. Mu-

rutucu, Oriboca, Itaqui.

Guamá Catu. Guamá

Califórnia Guaroa

Anofeles A Tacaíuma

Simbú Oropouche

Phlebotomus Candirú. Alenquer

VSV Piry*

Tacaribe Flexal*

Bun. Unassigned Be H 359937

Febril com

exantema 1 A Mayaro

Febre hemor-

rágica 1 B Febre amarela

Encefalite 3 A EEE. EEO

B SLE

T o t a I 25 22 3

.Infecções de laboratório.

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TABELA 4

ArboVlrus isolados apenas uma vez na Amazônia brasileira

Grupo antigênico Vírus Fonte

B An 327600 .l\ve silvestre

Bunyamwera Ar 314206 Mosquitos

Ar 328208 Mosquitos

Califórnia Serra do Navio Mosquitos

Capim Moriche Roedor

Bunya. unassigned An 280577 Sentinela

H 359937 Humana

Jurona Mosquitos

Anofeles A An 306706 Ungulado

VSV Cocal Gigantolaelaps

Timbó An 303197 Réptil

Phlebotomus fever Candirú e Alenquer Humana

Anhanga Edentata.I taituba Marsupial

Turuna Flebotomíneos

Changuinola Irituia. Gurupi. Ourém, Canindé, Ja-manxi e Altamira' Flebotomíneos

Corriparta Ar 263191 e Ar 295042 Mosquitos

Não grupados Cotia like Roedor

Água Preta, An 276121 e An 370284 Morcegos

Araguari Marsupial

Inhangapi Flebotomlneos

Aruac Mosquitos

An 227841. An 228950 e An 238209 Anfíbio

Triniti Cotia

Santarém Roedor

Pacora Ave silvestre

Ar. 312086 e Ar 316858 Mosquitos

Situação das Arboviroses na Região Amazônica.

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TABELA 5

Prováveis vetares de alguns arbovlrus na Amazônia brasileira

Artrópodos Vírus

Aedes serratus Aurá (7) *, Una (2)

Aedes taeniorrhynchus EEL (3)

Anopheles nimbus Tembe (2)

Culicoides paraensis Oropouche (9)

Haemagogus F. amarela (9), Mayaro (38), Tacaluma (5)

Lutzomyia flaviscutellata PacuI (100), I nhangapí (1)

Psorophora fero x Una (12), Ilhéus (14), leri (2)

Sabethini Sororoca (6)

* N? de isolamentos obtidos.

,

TABELA 6

Insetos do gênero Culex implicados na transmissão de alguns arbovírus na Amazônia brasileira

Artrópodos Vírus

Culex B1 (B22) Bussuquara (9)~ Capim (18)

Culex B19complex Ananindeua (14)

Culex B27 Ananindeua (5)

Culex coronator SLE (3)

Culexdeclarator SLE(11)

Culex (Mel.) portesi Mucambo (13), Oriboca (8), Itaqui (3), Guamá (53),

Catú (39), Ananindeua (3)

Culex taeniopus EEL (20), Ananindeua (2)

Culex (Mel.) vomerifer Caraparú (10), Itaqui (10), Mojú (8)

Culex sp Bussuquara (7), Capim (20), Guajará(8)

.N? de isolamentos

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Situação das Arboviroses na Região Amazônica.

49

TABELA 7

Associação de hospedeiros vertebrados com alguns arbovírus na Amazônia brasileira

Animais Vírus ou grupo antigênico

Primatas F. amarela, Mayaro, Oropouche, SLE (?I, Piry

Edentados Oropouche, Utinga, Anhanga

Aves EEL, EEO, SLE, Ilhéus, Turlock, Una (?I, Mayaro (?I,Oropouche (?),'Jurona (?I, Belém

Roedores Mucambo, Pixuna, Bussuquara. Grupo C. Grupo Guamá,Grupo Capim, Bujarú. PacuI, Icoaraci. Amapari. Flexal

Marsupiais Apéu, Marituba, Mucambo (?I, Guamá, Ananindeua, Ita-

poranga, Piry

Répteis Timbó, Chaco, Marco

Anfíbios An 227841, An 228950 e An 238209

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MUCAMBO, ORIBOCA BUSSUQUARA, CAPIM

CATU

CULEX (M) PORTESI LEX 81 (= 82

OUTROS CULEX

ROEDORES ROEDORES

ORYZOMYS PROECHIMYSPROECHIMYS

,GUAMA CARAPARU

X (M) PORT CULEX (M) VOMERIFER

ROEDORES ROEDORES

ORYZOMYS I PROECHIMYS

MARSUPIAIS PROECHIMYS, ORYZOMYS

53

Situaçá"o das Arboviroses na Regiá"o Amazônica..

Figura 4. Esquema dos prováveis ciclos de manutenção dos vlrus Mucambo, Oriboca, Catú, Bussuquara,Capim, Guamá e Caraparú.

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OUTROS?ORYZOMYS54

EEL SLE

CULEX TAENIOPUS CULEX DECLARATORAE. TAENIORRHYNCHUS CULEX CORONATOR

OOTROS CULEXSABETHES

AEDES ?

AVES AVES

OUTROS? PRIMATAS?

MARSUPIAIS?

I

MAYARO. PACUI

AEMAGOGU L. FLAVISCUTELLATA

~L. FLAVISCUTELLATA

~PRIMATAS ROEDORES

AVES? ORYZOMYS

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Figura 5. Esquema dos prováveis ciclos de manutenção dos vlrus EEL, SLE. Mayaro e PacuI.

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RESUMO

Estudos realizados na Amazônia brasileira, de1954 a 1979, revelaram a existência de 100 tiposdiferentes de arbovlrus e de certos vlrus isoladosde vertebrados, 76 dos quais são novos para omundo ou para o Brasil. Dos 100 tipos acima, 78pertencem a 19 grupos antigênicos, 3 são conside-rados Bunyamwera "unassigned" e os 19 restantesainda não foram grupados. O grupo Phlebotomusfever é o mais numeroso, reunindo 10 membros; osgrupos Bunyamwera e C possuem cada um 8 agen-tes e os grupos A, B, Guamá, Capim, Califórnia,Changuinola, Timbó, Anopheles A, Turlock, Sim-bu, Corri parta e outros mais congregam 7 ou me-nos agentes. De acordo com as suas propriedadesflsico-qulmicas, 53 vlrus pertencem à famllia Bu-nyaviridae, 28 às famllias Togaviridae, Reoviridae,e Rhabdoviridae 2 à família Arenaviridae, 1 à Pox-viridae e os demais não foram ainda classificados.

Vinte e cinco dos 100 agentes são comprova-damente patogênicos para o homem, sendo capa-zes de produzir febre, febre com exantema, doençahemorrágica e encefalite. Todos os 25 agentes po-dem ocasionar quadros febris, contudo, o vlrusOropouche é o principal responsável por tais qua-dros, tendo inclusive causado extensas epidemiasdurante as quais dezenas de milhares de pessoas fo-ram infectadas; embora a doença possa apresentarcerta gravidade, não se observou a ocorrência deóbitos. O vírus Mayaro é o único arbovlrus encon-trado na região capaz de ocasionar quadro febrilexantemático; na epidemia de Belterra, em 1978,observou-se que os pacientes exibiam artralgias in-tensas, particularmente nas articulações das extre-midades. A febre amarela (FA) é a única arboviro-se de caráter hemorrágico que ocorre na Amazô-nia; o vlrus mantém-se exclusivamente sob a formasilvestre e, anualmente verificam-se casos da doen-ça. Dos 3 arbovlrus responsáveis por encefal :te -

os vlrus da encefalite eqüina leste (EEL), da ence-falite eqüina oeste (EEO, e da encefalite de S. LuIs(SLE) -somente o último foi isolado de pessoasna Amazônia, que não apresentaram, todavia, si-nais de encefalite. Anticorpos para os agentes emquestão são encontrados em 1% a 5% das popula-ções da região, exceto na cidade de Cametá, onde aprevalência de anticorpos para o vlrus E E L é maiselevada.

A manutenção dos arbovlrus na Amazônia sefaz através de diversos ciclos, alguns complexos eainda mal conhecidos, dos quais participam inúme-ros vetores e hospedeiros vertebrados. A cadeia

Situaça'o das Arboviroses na RegiiTo Amazônica.

Haemagogus -primatas -Hamemagogus constitui

o principal mecanismo de manutenção do vírus FA

e, possivelmente, do vírus Mayaro, embora não se

possa afastar a existência de outros mecanismos de

persistência para esses agentes. É possível que

Haemagogus atuem, igualmente, na transmissão do

vírus Tacaíuma. As aves silvestres atuam como

hospedeiros vertebrados dos vírus EEL, EEO, SLE,

Turlock e, possivelmente, de outros mais. Roedo-res ou marsupiais são hospedeiros vertebrados dos

vírus dos grupos C, Guamá, Capim, Tacaribe e de

alguns do grupo Phlebotomus fever. Os vírus Oro-

pouche e Utinga estão associados a preguiças, sen-

do que os primatas e, possivelmente, as aves silves-

tres, também participam do ciclo do Oropouche.

Répteis estão envolvidos na manutenção dos mem-

bros do grupo Timbó e do vírus Marco, e os mor-

cegos no ciclo de 3 vírus não grupados. Diversas

espécies de mosquitos do gênero Culex são impor-

tantes vetores de arbovírus na Amazônia, bem

como outras pertencentes aos gêneros Aedes, Pso-

rophora, Sabethes, Wyeomyia e outros mais. O

flebotomíneo Lutzomyia flaviscutellata provavel-

mente constitui o princip~1 transm issor do vírus

Pacuí. Em seu ciclo urbano, o vírus Oropouche se

propaga de homem a homem através da picada de

Culicoides paraensis, atuando como vetor secundá-

rio o mosquito Culex quinquefasciatus.

SUMMARV

Studies undertaken in the Amazon regionbetween 1954 and 1979 revealed the presence of

100 types of arboviruses, and of certain other viru-

ses isolated from vertebrates, 76 of which were en-

tirely new. Of the 100 types, 78 belong to 19 anti.

genic groups,3 are considered Bunyamwera "unas-

signed" and the remaining 19 are still ungrouped.The Phlebotomus fever group, with 10 members, is

the most numerous; groups Bunyamwera and C

each possess 8 agents and group A, B, Guamá, Ca-

pim, California, Changuinola, Timbó, AnophelesA, Turlock, Simbu,Co1"riparta and others include 7

viruses or less. According to their physico-chemical

properties, 53 agents belong the Bunyaviridae

family, 28 to the Togaviridae, Reoviridae andRhabdoviridae families, 2 to the Arenaviridae, 1 to

the Poxviridae families and the remaining are still

unclassified.

Twenty tive of the 100 agents are known to be

pathogenic to man causing, fever with rash,

haemorrhagic disease and encephalitis. Ali 25 viru-

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ses can produce human febrile illness, however,

Oropouche virus is the principal that is responsible

for this clinical picture, and has caused extensive

outbreaks during which thousands of persons were

infected; despite the fact that some patients se-

verely ill, no deaths have been recorded. Mayarovirus is the only arbovirus in the Amazon region

known to induce fever with rash; in the 1978

epidemic of Mayaro in Belterra, patients exhibited

intense arthralgia that affected predominantly the

joints of the extremities. Yellow fever (YF) is the

only arboviral haemorrhagic disease found in the

Amazon region where, at present , only lhe jungle

cycle is known to occur. Cases of jungle YF are

recorded almost every year; they may occur

sporadically or in outbreaks. Of the 3 arboviruses

responsible for encephalitis -eastern equ ine en-

cephalitis (EEE), western equine encephalitis(WEE), and St. Louis encephalitis (SLE) -only the

last has been isolated from persons in the region, but

with no signs of encephalitis. Antibodies to these

agents have been found in 1 % to 5% of residents,

except for lhe town of Cametá, in Pará State,

which had a high prevalence of antibody to EEE

virus among its inhabitants.

Arboviruses in the Amazon region are mainte-

ned by different cycles, some complex and not

well known, involving many vectors and vertebrate

hosts. The chain Haemogogus -primates -Haema-

gogus is the main mechanism for the maintenance

of YF virus, and possibly for Mayaro; nevertheless,

the existence of other mechanisms for the persis-

tence of these agents can not be excluded. Haema-

gogus mosquitoes seem also to be involved in the

transmission of Tacaiuma virus. Wild birds act as

vertebrate hosts for EEE, WEE, SLE and Turlock

viruses, and possibly for others. Rodents or mar-

supiais are the vertebrate hosts for members of the

groups C, Guamá, Capim, Tacaribe and also forsome of lhe Phlebotomus fever group. Oropouche

and Utinga seem to be associated with sloths and

primates, but wild birds might play a role in lhe

Oropouche cycle. Reptiles are involved in lhecycle of member of the Timbó group and of Marco

virus, whereas bats seem to be lhe vertebrate's

reservoir for 3 ungrouped agents. Several species of

mosquitoes of the Culex genus are important vec-

tors for arboviruses in the Amazon regíon, as well

as some from the genera Aedes, Psorophora, Sabe-

thes, Wyeomyia and others. The sandfly Lutzo-

myia flaviscutellata is probably lhe main vector of

Pacu( vírus. During urban outbreaks Oropouche

virus propagates from man to man mainly through

56

the bite of Culicoides paraensis, however, Culex

quinquefasciatus seems to act as a secondary vector.

AGRADECIMENTOS

Desejamos expressar nossos agradecimentos

aos seguintes servidores do IEC pela dedicação e

empenho na realização do presente trabalho: Ge-

raldo Pereira da Silva, Joaquim M. Contente,

Emanuel N. Freitas, José luiz C. Baía, Raimundo

Otávio da Paixão, Raimundo F. Nascimento, José

M. Rocha, Raimundo P. Silva, Antonio Francisco

P. Martins, Osvaldo V. Silva, Diana Maria F. de

Almeida, Basilio S. Buna, Maria Helena V. Ferrei-

ra, Orlando V. Silva, Manoel S. Brigida, Jorge Maia

do Nascimento e outros mais. Agradecemos tam-

bém à Srta. Regina Coeli S. Vasconcelos pela dati-

lografia deste relato.

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