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rts. 24 : o Rjbt. Y Chiquinho França e o Pink França Floyd in Concert, nesta quinta. (Reprodução) SÃO LUIS - O guitarrista Chiquinho França vai reeditar o seu "Pink França Floyd in Conced", uma série de shows que marcou a carreira do músico nos últimos anos. Trata-se de uma homenagem do maranhense à banda inglesa da qual ele é fã declarado. A apresentação é hoje (29), às 21h, no Patrimônio Show, na Praia Grande. Sobre o palco, Chiquinho França receberá muitos convidados a começar pela banda que o acompanhará. Ao lado dos amigos Oliveira Neto e Daniel (bateria), Serginho de Carvalho (contrabaixo), João Bluesdart (teclados), Edinho Bastos (guitarra e violão). Nos vocais, os convidados são os cantores Adriano Corrêa, Cesar Roberto, MilIa Camões e Clayton Amorim. Pelas mãos do músico, clássicos do Pink Floyd ganham versão única, com riffs e experimentações. Esta é a 11 a edição do show no qual ele tocará o melhor do grupo inglês, além de sucessos de sua carreira. "As pessoas me cobram muito pedem que não deixe de fazer o show. Estou muito feliz em poder voltar ao palco para este evento novamente", explica Chiquinho França que fez a última edição do evento em 2010.

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Chiquinho França e o Pink França Floyd in Concert, nesta quinta. (Reprodução)

SÃO LUIS - O guitarrista Chiquinho França vai reeditar o seu "Pink França Floyd in Conced", uma série de shows que marcou a carreira do músico nos últimos anos. Trata-se de uma homenagem do maranhense à banda inglesa da qual ele é fã declarado. A apresentação é hoje (29), às 21h, no Patrimônio Show, na Praia Grande.

Sobre o palco, Chiquinho França receberá muitos convidados a começar pela banda que o acompanhará. Ao lado dos amigos Oliveira Neto e Daniel (bateria), Serginho de Carvalho (contrabaixo), João Bluesdart (teclados), Edinho Bastos (guitarra e violão). Nos vocais, os convidados são os cantores Adriano Corrêa, Cesar Roberto, MilIa Camões e Clayton Amorim.

Pelas mãos do músico, clássicos do Pink Floyd ganham versão única, com riffs e experimentações. Esta é a 11 a

edição do show no qual ele tocará o melhor do grupo inglês, além de sucessos de sua carreira. "As pessoas me cobram muito pedem que não deixe de fazer o show. Estou muito feliz em poder voltar ao palco para este evento novamente", explica Chiquinho França que fez a última edição do evento em 2010.

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Leia mais na edição on-Iine de O Estada YI SAIBA MAlSChiquinho França prepara série com registros do Som dá R/

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06/09/2017 10h30 - Atualizado em 12/11/2017 I8h24Publicado em Cidade na Edição N° 15960

"MaráBrasil" valoriza artistas e músicas maranhenses e brasileiros Chiquinho França e Erasmo Dibel apresentam programa na Rádio Nativa FM, com produção do DJ Wagner Rego

AS.

hiquinho França e Erasmo Dibel, boa música nas ondas da Nativa FM

Raimundo Primeiro

Visando preencher uma lacuna reclamada há anos no rádio imperatrizense,

principalmente pelos amantes da boa música, dois dos mais importantes nomes da

Música Popular Maranhense (MPM) - Chiquinho França e Erasmo Dibel -

projetaram um programa radiofônico para ser veiculado simultaneamente em

diversas emissoras de rádios de Imperatriz.

Ou seja, durante determinado horário, todas as rádios da cidade estariam levando

ao ar o programa criado e apresentado por eles, após pesquisas feitas junto ao

público. Inicialmente, essa era a ideia, contou a O PROGRESSO Chiquinho

França. Não vingando, partiu em outra direção. O propósito era. agora, apresentar

o programa apenas numa emissora de rádio.

Fruto das mentes criativas e do talento da dupla, portanto, foi concebido um

programa de rádio, onde os artistas e as músicas maranhenses e brasileiros

receberiam especial atenção. Os artistas, juntos, após diversos rascunhos,

chegaram ao "Mará Brasil", concebido para divulgar e valorizar as chamadas

pratas da casa", enfatizando, também, a MPB, tendo em vista que as emissoras

de rádios haviam dedicado grandes espaços para outros gêneros musicais,

principalmente axé, funk. sertanejos tradicional e universitário.

Com o projeto pronto, Chiquinho França e Erasmo Dibel partiram para um encontro

com o empresário Raimundo Cabeluda, diretor do Sistema Nativa de

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Comunicação, do qual a Rádio Nativa FM faz parte, e falaram sobre o "MaráBrasI e seus objetivos. Resultado: fechamento de contrato para veiculação do programa sob a produção do DJ Wagner Rego, o "Waguin".

O "MaráBrasil" é levado ao ar todos os sábados, das 12h às 14h, com convidados especiais a cada edição. No sábado, 2 de setembro, o radialista Jerry Alves conversou com Chiquinho França e Erasmo Dibel sobre o programa e as músicas

selecionadas para aquele dia.

Nova edição - A oitava edição do "Marábrasil' será levada ao ar no sábado, 9,

pelas potentes ondas da Nativa EM. das 12h às 14h. O programa já caiu no gosto dos amantes da MPM e da MPB, daqui e de outras cidades, tocantinas e toncantinenses. Para acompanhar o programa, os ouvintes poderão sintonizar na estação 99.5 FM

(Rádio Nativa) www.fmnativa.com.br.

"Se você sente falta, alegre-se, sintonize MaráBrasil, apresentado pelos artistas Chiquinho França e Erasmo Dibel, tocando o melhor das músicas popular

maranhense e brasileira", comenta Chiquinho França.

O DJ Gilmar "Marabá" é um dos entusiastas do programa, acreditando que o

"MaráBrasil" é sucesso de público e crítica por ter surgido com a finalidade de atingir "as pessoas que curtem o melhor das músicas do nosso Estado e do nosso

Brasil". SERVIÇO

Programa: "MaráBrasil"

Apresentação: Chiquinho França e Erasmo Dibel

Produção: DJ Wagner Rego

Todos os sábados

Horário: Das 12h ás 14h

Na Rádio Nativa e pelo site www.fmnativa.com.br

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Biografia do Maranhão: \) Chiquinho França [O Imparcial, 24 de agosto de 20141

O bandolinista e guitarrista Chiquinho França é 038°. entrevistado da sérieChorografia do Maranhão

TEXTO: RICARTE ALMEIDA SANTOS E ZEMA RIBEIRO FOTOS: RIVANIO ALMEIDA SANTOS

Foto: Rivanio Almeida Santos

Francisco Lopes da Costa nasceu em 14 de fevereiro de 1964, num lugarejo, a Fazenda Catanha, entre Santa Inês e Bom Jardim. Filho do agricultor Antonio Costa de Sousa e da doméstica Maria Lopes da Costa, tem 10 irmãos - dois já falecidos -, entre os quais o cantor e compositor Luis Carlos Dias, que lhe ensinou os primeiros acordes.

O França de seu nome artístico é corruptela do nome de batismo: sua mãe o chamava "Franca" e os amigos "França", sempre diminuindo o Francisco, que acabou virando Chiquinho, um de nossos mais requisitados instrumentistas. "Um guitarrista que toca bandolim", define-se.

Seus discos estão impregnados de rock, choro e ritmos da cultura popular do Maranhão. O primeiro, descobriu assim que ouviu o clássico The Wall, do Pink Floyd. O choro e o Maranhão estão fundidos em Santa Morena, clássico de Jacob do Bandolim que incluiu um bumba meu boi no arranjo de sua gravação. Seu registro instrumental para Filhos da precisão, de Erasmo Dibeil, virou prefixo de programa de rádio - Chiquinho França havia se tornado, ele próprio, uma paixão da infância, quando subia em um muro para captar o sinal de uma rádio brasiliense e ouvir as gravações dOs Incríveis para Czardas - que acabou regravando - e 0 milionário.

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Reprovado na banda de Raimundo Soldado, ele não desistiu dá música - sorte a nossa! Sobre estes e outros episódios, Chiquinho França deu seu depoimento à Chorografia do Maranhão, o 380.

da série, no Bar do Jósimo, na esquina das ruas do Alecrim e Pespontão, no Centro de São Luís - cidade pela qual se apaixonou, de onde nunca mais saiu.

Foto: Rivanio Almeida Santos

Seu primeiro trabalho foi vendendo bolo? Sim. Mamãe fazia bolos para a gente vender para conseguir a alimentação de casa. Eu comecei a trabalhar com 10 anos de idade. Inclusive nesses trabalhos que eu fazia na rodoviária foi aonde eu me encontrei com o choro. Foi na rodoviária de Santa Inês, ouvindo um ceguinho, chamado Francisco das Chagas, Chaguinhas, que chamavam. Um anão. Ele usava um megafone, esses megafones é que eram a rádio das pequenas cidades. Não tínhamos sinal de televisão nessa época, até os anos 1970. Só pegávamos o sinal da rádio Nacional de Brasília. Era o contato que a gente tinha assim com a música. Na época o choro era um sucesso. E até hoje, mas na época a gente ouvia na programação de rádio.

Como era o ambiente musical em tua casa? O que se ouvia de música lá? Quase nada. Nem rádio a gente tinha. Era tudo no do vizinho. Muita pobreza, pobreza mesmo! Eu me lembro de rádio na minha casa, já fui eu que comprei, um radinho de pilha sem antena, eu tinha que subir no muro do quintal para sintonizar a rádio Nacional para ouvir Czardas [música do violinista e compositor italiano Vittorio Monti] tocada pelos Incríveis [grupo musical da Jovem Guarda] e O milionário[título aportuguesado de The millionaire, música do guitarrista e compositor inglês Mike Maxfleld] também pelos Incríveis, eu achava aquele instrumental a coisa mais linda do mundo. Ambas eram prefixo e sufixo de um programa que eu, infelizmente, não recordo mais o nome. Mas eu sabia exatamente o horário em que o programa começava e terminava e eu ia lá para o muro para ouvir. Eu já sabia que eu queria ser músico mesmo, que eu era músico. Eu já tinha certeza disso.

A partir de que momento voe Ae teve essa certeza? Desde Rub-ic

que eu, criança, ouvia as músicas. Isso me chamava a atenção e me remetia a um êxtase, digamos assim, eu saía dessa vida aqui, me pegava imaginando eu tocando aquele instrumento. Me impressionava muito como eles imprimiam o áudio nos vinis, eu ficava olhando para aquele vinil, tudo isso me causava curiosidade com relação ao áudio, eu tinha muita curiosidade com relação a esse tipo de gravação. Ficava me imaginando ali, sabia comigo que eu tinha que aprender a tocar um instrumento. Até que com 12 anos de idade eu dedilhei um violão que meu irmão Luis Carlos Dias [cantor e compositor] conseguiu emprestado com um amigo e estava lá em cima da cama dele. Foi a primeira vez que eu tive contato com um instrumento. Mas eu já curtia o ceguinho lá na rodoviária.

Ele tocava algum instrumento ou só usava o megafone? Ele tocava cavaquinho numa afinação inventada por ele. Eu não consegui pegar um acorde dele. Ele usava um amplificador deita que era alimentado por umas baterias de carro e um arame amarrado no pescoço [segurando o megafone], que ele cantava, e a esposa dele tocava pandeiro. Não tinha acompanhamento, ele tocava só as melodias, era só ele esse pandeiro. E harmonizava, ele fazia a melodia e dava um acorde, era um som distorcido, a amplificação do som muito ruim. Na rodoviária antiga de Santa Inês, ali na Laranjeira. Quando eu não estava na escola ou vendendo eu estava ali ouvindo-o tocar. Eu jogava a moeda, ele ouvia, eu cansei de ouvi-lo tocar [os choros] Tico-tico no fubá [Zequinha de Abreu], Brasileirinho [Waldir Azevedo], Vê se gostas[ Waldir Azevedo e Otaviano Pitanga], Delicado [Waldir Azevedo], enfim, essas músicas, Dilermando Reis [violonista], ele tocava algumas coisas, Waldir Azevedo [cava quinista] e o próprio Jacob do Bandolim [Jacob Pick Bittencourt, bandolinista]. Esses choros todos ele tocava lá, eu já curtia.

Desse teu encontro com o violão emprestado de Luis Carlos Dias, dali já deslanchou? Não, não. Luis Carlos não deixava eu pegar, eu era muito criança, o violão era dum amigo dele. Ele apareceu tocando [cantarola] "hoje é o dia do Santo Reis" [trecho de A festa do Santo Reis, de Márcio Leonardo, sucesso na voz de Tim Maia], eu decorei esses acordes. Quando

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Rubcp , ele largou o violão eu percebi que tinha facilidade, ritmo, aptidão para a música. Eu comecei a economizar uns trocados, o violão foi o do Luis Carlos, meses depois ele comprou um violão e fui na sombra dele, aprendendo os primeiros acordes com ele.

Então o violão foi teu primeiro instrumento. Hoje você toca vários. A partir de que momento você passou para outros? O Luis Carlos já entrou numa banda, começou a tocar guitarra. Ele foi sempre me influenciando, eu fui seguindo os passos dele. Eu entrei numa banda de baile, a gente chamava de conjunto, era Chica Cão, ela tocava acordeom, tinha uma banda de forró. A gente passava a noite inteira tocando, eu aprendi os primeiros acordes, ela me ensinou aquela harmona [harmonia], e eu viajava com ela para tocar forró naqueles interiores ali, Alto Alegre, a gente andava de lancha, Rio Pindaré, tocando esses bailes a noite toda, começando de nove até cinco da manhã.

Além de você e Luis Carlos há algum outro músico na família? Meu avô tocava acordeom, mas era só para tomar as pinguinhas dele. Trabalhava na roça, chegava, fazia aquelas melodias de Luiz Gonzaga mais fáceis, só pra curtição mesmo, não foi profissional.

Como foi a reação de teus pais quando você e Luis Carlos começaram a enveredar pelo caminho da música? Foi surpreendente e até inusitada. A coisa que eu tinha mais medo era de falar isso para minha mãe. Eu trabalhava de manhã, vendia leite, bolo, doces na rodoviária, e à tarde eu estudava. E aí surgiu uma oportunidade de viajar para Imperatriz. Eu escutei num parque de diversões na cidade um cara requisitando músicos para formar uma banda em Imperatriz. Aí ele me encontrou: "rapaz, ouvi falar que você toca", eu já tocava dando canjas em pequenos conjuntos e fubecas da cidade.

Você tinha que idade? 14 anos. Aí eu digo: "não eu não vou, minha mãe não deixa, eu estudo, e aqui eu ajudo a trabalhar". E ele: "não, eu falo com tua mãe". E minha mãe deixou. "Meu filho, olha, se isso for bom pra você, e é isso que você quer! que eu já percebi, pode ir. Mas, por lá arranje um jeito de estudar também" Aí, fui nestas condições, parti para Imperatriz, pra começar uma carreira musical profissional, mesmo com pouca idade na época.

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E como foram as coisas em Imperatriz? Como foi sua inserção? Eu fiquei apenas três meses e voltei. O cara que me levou, me colocou pra tocar numa cidade do Pará, chamada "Villa Rodon" próximo à Marabá, sem me falar que era para tocar num cabaré. Eu não me adequei, fiquei com medo, e voltei pra Santa Inês. Fui trabalhar com Raimundo Soldado [cantor e compositor maranhense] em Caxias. Eu fui com Raimundo Soldado substituir um guitarrista chamado Elias, um monstro de harmonia. E eu, fraco, inexperiente, estava começando. Eu só toquei um baile, fui reprovado e demitido. O cara me chamou, "pó, Chiquinho, os músicos acharam que você tem que estudar mais" e tal e não sei o quê. De lá eu fui trabalhar numa outra banda chamada "Os Jovens", era mais pop. O Raimundo Soldado tocava muito forró, apesar de as músicas dele serem brega, as harmonias que o guitarrista fazia eram uma coisa absurda, moderna. Isso nos show os arranjos dos discos era tudo muito simples. Ele agradava muito, foi sucesso nacional. Raimundo Soldado ainda hoje toca em rádio em São Paulo. O primeiro disco dele pela gravadora Copacabana, estourou sucesso em todas as músicas.

Daí o que aconteceu? Ainda ali pela rodoviária de Santa Inês tinha uma loja de instrumentos. Naquela época quem fazia sucesso era, José Augusto, Fernando Mendes, Wanderley Cardoso, além de Roberto Carlos com a turma da jovem guarda. A gente só ouvia essas músicas, basicamente. Na loja de discos tinha dois álbuns duplos, empoeirados, mais de dois anos lá encalhados, e eu curioso, fui ouvir os vinis na vitrola, coisa que se fazia antes de comprar o disco. Me encantei, fiquei impressionado com o que ouvi. Era o álbum The Wall, do Pink Floyd, aquele branco, duplo, que na verdade já estava laranja de tanto levar poeira, e o outro era Minha História, um álbum verde, uma coletânea de clássicas, de Chico Buarque de Holanda. Eu achei aquilo muito diferente. Aí fui trabalhar para comprar, o cara me vendeu num valor barato, preço de bananas da época, já queria se livrar daqueles discos ruins, me vendeu duas peças maravilhosas, e com remorsos, achando estar enrolando um garoto vendendo o que não presta. [risos].

E estava mudando tua vida? Sim, me dando caminhos, abrindo portas para que pudesse o caminho da música de qualidade. Me apresentou o melhor do rock progressivo, que é

o Pink Floyd, e Chico Buarque de Holanda, a referência de nossa RIC

música popular brasileira.

Se você tivesse que nominar quem você considera teus principais mestres, quem você citaria? São muitos. O ceguinho é o primeiro. Depois eu conheci Armandinho [Macedo, bandolinista] Antes de conhecer o trabalho de Jacob do Bandolim eu conheci o Armandinho tocando Jacob do Bandolim, aí foi impactante. A Cor do Som, eu comprava tudo da A Cor do Som, e o outro, Pepeu Gomes [guitarrista], que também toca bandolim. Eu lembro de um pot-pourri que ele começa, já fazia com banda, era tudo muito diferente. E o que eu faço hoje nos meus shows, eu gosto de tocar com banda, e não é inventando, é o que os baianos já faziam, Pepeu e Armandinho. Então, Pepeu Gomes, Armandinho, Robertinho de Recife [guitarrista]. Aí vêm os grandes mestres, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, gosto de George Benson [guitarrista], David Gilmour [guitarrista e cantor, vocalista do Pink Floyd]. São meus mestres que me inspiram, minha fonte para a música. Luis Carlos Dias me ensinou os primeiros acordes, mas ele já mudou para Imperatriz e eu fiquei em Santa Inês. Depois eu aprendi, mas ninguém me ensinou: eu aprendi olhando todo mundo tocar.

Depois que você assumiu a música, você trabalhou com outra coisa? E possível viver de música? Só música! Eu sou um operário da musica, eu vivo de musica. Não e fácil, não. Você tem que ser artista duas vezes. Eu sou produtor, ultimamente meu faturamento é muito mais como produtor que com meus próprios shows, eu faço pouco show, toco muito pouco por aí, o mercado é dominado por uma meia dúzia de empresário que empurra nos ouvidos da nossa juventude uma música que não consigo tocar. A gente vai ficando mais exigente, cada vez mais. Eu dispenso show se não for para fazer com qualidade. Só pelo cachê eu não vou, mesmo às vezes precisando. Tenho muito cuidado com a qualidade, de como eu vou me apresentar. E isso tem imprimido um respeito, eu sinto que eu tenho a admiração da imprensa e de pessoas formadoras de opinião por conta disso.

São quantos discos gravados até aqui? Cinco cds e um dvd. O primeiro foi um vinil, Novos tempos, o segundo foi o primeiro cd, Em cartaz, o terceiro foi Chiquinho França Instrumental,

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aquele da capa vermelha que tem os instrumentos na capa, o quarto foi Chiquinho França Instrumental, que eu estou vestido de azul, com uma guitarra branca. Na verdade são quatro cds, os outros dois foram coletâneas, o que tem o dedo assim [faz o gesto de legal, com o polegar erguido] foi o quinto, e o sexto foi o Solos, gravado ao vivo no Teatro [ArthurAzevedo], que é cd e dvd.

E agora saiu esse conjunto bonito. É, agora a gente fez uma nova coletânea [Som do Mará, em cd e dvd]. Eu estava sem disco e fiz aquela coletânea, ficou bem apresentado, gostei do material gráfico.

A partir de quando o bandolim entra na tua vida? Quando eu fui reprovado e dispensado e mandado embora da banda do Raimundo Soldado, quando eu estava saindo com minhas malas, o baterista, que era um cara que ficamos amigos, dormíamos no mesmo quarto, em duas redes, ele conversava comigo e dizia: "rapaz, não desiste, você tem talento, por mim você ficava". Ele pegou e ligou para seu Cícero, da banda Os Jovens, de Codó, e o cara veio me buscar, eu nem voltei pra Santa Inês, fui direto pra Codó. Lá a recepção foi outra, era uma galera mais jovem, já tocava mais pop, eu já tocava algumas coisas dA Cor do Som. Lá eu me encaixei, fiquei tocando seis meses. E falei pra seu Cícero, que eu gostaria de comprar um bandolim. E ele foi em Teresina e trouxe um bandolim de presente pra mim, um bandolim Trovador. Aí eu não dormi mais, fui estudar bandolim.

Você nasceu em Santa Inês, foi para Imperatriz, depois Codó. Como é que foi até chegar em São Luís? Fui para Imperatriz e formamos a banda Bumbum de Bebê. Era eu, Luis Carlos, eu tocava na Bumbum de Bebê, na parte acústica, bandolim, Luis Carlos, violão, Alfredo Varela, bateria, e Zé Raimundo era o crooner, vocalista. Quando entrava a banda eu tocava contrabaixo e Luis Carlos era guitarrista, ele tinha mais nome, foi o melhor músico, guitarrista e vocalista daquela região na época. Quando nós trocamos o nome para Banda Quatro, aí eu assumi a guitarra e Luis Carlos o contrabaixo. Eu fiz meu primeiro show em Imperatriz, instrumental, e aí percebi a coisa de começar a tocar música instrumental. O primeiro disco, vinil, gravado em Imperatriz, que eu fiz de favor, no estúdio do Carlito Santos, na [rua] Coronel Manoel Bandeira, em Imperatriz, o disco chegou, eu

.

o coloquei nas lojas, e eu passava de 30 em 30 dias para pegar a

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grana, e estavam lá todos os discos [risos]. Rapaz, eu não consegui vender um exemplar nas lojas. Eu já tinha até vergonha, um cara ficava com pena de mim, um dono de loja, "pó, Chiquinho, não vendeu nenhum". Eu gravei Filhos da precisão, do [cantor e compositor Erasmo] Dibeil. Esse vinil veio pra cá pra São Luís e virou tema de abertura do programa MPM, que César Roberto apresenta, ele abria e fechava [o programa Mirante Popular Maranhense] e nas entrevistas tocava Filhos da precisãoinstrumental.

Foi a primeira gravação de Filhos da precisão? Antes do próprio Dibeil? Foi. Foi antes do Dibeli gravar. Destacou essa música instrumental, eu fiz um show instrumental, tentei fazer o lançamento desse disco em Imperatriz várias vezes, público nenhum. Eu tentei fazer um show instrumental no Teatro [Ferreira GulIar]. Chico Brasil era gerente do Armazém Paraíba, em Imperatriz. Eu falei "Chico, eu quero fazer um show instrumental no teatro. Tu patrocina?" Ele disse "na hora!". Ninguém colocava gente naquele teatro, nem Neném Bragança [cantor]. Luís Brasília me deu a mídia na Mirante e aí nós fizemos uma mídia de um concerto instrumental no teatro. Na época a gente cobrava, tipo 10 reais hoje, como se fosse na moeda corrente de hoje, e os shows nacionais lá eram 60. Aí eu puto de raiva cobrei 6o reais, pra ninguém ir mesmo. Meu amigo, venderam todos os ingressos quatro horas da tarde, a 60 reais, e a gente teve que fazer duas sessões. Ganhei dinheiro e fiquei surpreso, uns 30 dias sem entender.

Que ano foi isso? 1983.

Uma coisa que se percebe em teu trabalho é o diálogo permanente entre rock, choro e ritmos da cultura popular do Maranhão. É intencional? Você se sente mais à vontade nesses gêneros? Há quem até me critique, "pó, teu disco não dá para ouvir, vem num estilo, de repente muda, não tem um estilo". Mas são os estilos que eu gosto. Como é que eu vou fazer? Só se eu fizer discos diferentes. Eu fico com ciúme de fazer um disco só de guitarra e não colocar meu bandolim. E intencional mesmo, é meu estilo, é minha forma de fazer. Já tem pessoas que curtem isso, é interessante, é complicado você querer

agradar todo mundo. É que eu costumo dizer: eu nunca gravo que eu não gosto. Agora, dentro do repertório que eu gosto, eu tento conciliar com o que meu público curte. Eu sempre escolho meu repertório no palco. Primeiro eu toco, se eu sentir que não houve empatia, eu fico "essa entra, essa não", é dessa forma que eu monto meu repertório. Tem dado certo.

Além de bandolim, guitarra, baixo e violão, você toca algum outro instrumento? Na verdade eu toco guitarra e bandolim, são meus instrumentos. Nem violão, eu não acho que sou um violonista. Agora no estúdio eu toco até teclado, emendando, né? Mas eu não diria que eu toco. E guitarra e bandolim mesmo.

Algum projeto de disco pensado para breve? Eu sempre estou. Estou com um projeto agora, um trabalho novo, autoral, com ritmos maranhenses. Eu vou pegar, fazer uns dois sotaques de boi, cacuriá, tambor de crioula, pegar isso e transformar numa pegada universal. Pegar células desses ritmos, estou devendo há muito tempo. Era para esse ano, mas eu vou me ocupar, acabei aprovando um projeto na lei [estadual de incentivo à cultura] e consegui captar junto à Cemar [Companhia Energética do Maranhão] e estou trabalhando esse projeto, que é viajar com esse show Som do Mará, só que está indo com outro nome, não vai ser Som do Mará. Esse projeto foi criado para a Vale. O nome ficou Sons e Trilhos, a gente ia fazer o percurso até Parauapebas. Eu vou ficar ocupado com esse projeto até meados de outubro. Então eu não vou ter tempo de fazer esse meu trabalho esse ano, que seria Francisco 5.1, eu estou completando 51 anos de idade e é a sonoridade de dvd.

Fora os teus, que discos têm teus instrumentos na ficha técnica? São muitos, eu não vou lembrar [longa pausa, pensativo]. O Canta Imperatriz[disco com as finalistas de um festival de música da cidade] é um disco que ficou bom, que eu gosto, o projeto Viva 400 Anos [festival realizado em São Luís por ocasião dos 400 anos de sua fundação] tem o dedo da gente, eu assinei a produção daquele trabalho, aquele disco que Augusto [Bastos] produziu, Louvação a São Luís [disco comemorativo dos 390 anos da capital maranhense]. Aí tem os discos de Luiz Jr. [violonista,Chorografia do Maranhão, 0 Imparcial, 4 de agosto

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de 2013], participei, toquei bandolim, [os cantores e compositores] Zeca Tocantins, Neném Bragança, Wilson Zara. São pequenas produções em disco.

Você tem quantas composições? Muito poucas. Acho que umas 40. Mas nenhum choro. E incrível, eu gosto de choro, mas não consigo fazer. Eu tento, mas nem guardo, não gosto. Eu componho na pressão, eu sou um "jingleiro". Se tu deixar aqui, pode passar à tarde para pegar, mas sou meio preguiçoso para compor. Mas choro eu não consigo.

Com essa tua dificuldade em compor choro, você se considera um chorão? Não, não me considero. Eu sou meio desconfiado. Por que eu não toco choro, aquele choro tradicional, eu não consigo ficar ali, tocar do jeito que é. Eu pego, boto uma correia no bandolim, faço com batera [bateria], contrabaixo, uma coisa mais pop, e já fiquei sabendo que tem chorão que não gosta. Eu acho que eu sou um guitarrista que toca bandolim.

Pra você, o que é o choro? É a nossa música brasileira, é o nosso jazz. Se duvidar, é o jazz mais bonito, mais complicado, mais rico do mundo, se formos colocá-lo no patamar de jazz. O choro normalmente tem três partes. Tem choros que têm três tons diferentes. Se você realmente não for um músico que conheça o choro você não sai tocando choro. Só se já conhecer as melodias e tiver uma noção do que é choro. Pode ser o músico que for, ele se perde, não acompanha. E complicado! O choro é abrangente, é baião, é frevo, é xote.

Ele pode ser bumba meu boi? Pode ser cacuriá? Pode, desde que se tenha a pegada do choro.

Você fez isso bem em Santa Morena [Jacob do Bandolim]. E, coube ali, ficou legal, né?

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Biografia de Erasmo Dibeli

Natural de Carolina (MA), Erasmo Dibeli é um dos artistas mais populares do

estado e um dos melhores compositores maranhenses que surgiram a partir da

primeira metade dos anos 90. Violonista e Intérprete, Erasmo já foi gravado

por várias cantoras e cantores brasileiros.

A obra de Erasmo Dibell destaca-se pela diversidade de ritmos. É evidente a

influência dos grandes mestres da música popular brasileira em suas criações,

mas a forma diferenciada com que aborda questões sociais, o lirismo de sua

poesia e seu peculiar suingue ao violão, são os diferenciais que o credenciam a

buscar espaço e reconhecimento na multifacetada música produzida hoje no

Brasil.

Seu primeiro disco solo (Sarará!] 993), produzido pelo percussionista Papete,

com arranjos de Marcelo Carvalho, Papete e Erasmo Dibeil, foi considerado

pelo jornal Correio Brasiliense como um dos melhores CDs lançados naquele

ano.

O segundo trabalho (O amor é azul!] 995) teve como produtor e arranjador o

maestro Zé Américo Bastos. Este disco lhe abriu portas no cenário nacional

despertando o interesse de conhecidos intérpretes por suas composições.

Em seu disco mais recente (Tudo de Bom/2008), Erasmo estréia como

arranjador e produtor, celebrando parcerias com Drica Melazzo e Zé Américo.

O CD ratifica mais uma vez a força e a qualidade lírica de suas composições.

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Erasmo Dibeli e Boi Barrica marcam abertura do 'Mais Cultura e Turismo' no Centro Histórico nesta quinta-feira (16) 1 t' ri - 1 U 1 - ^^ i 1 L• / 1

Programação do 'Mais Cultura e Turismo' vai animar o público do Centro Histórico nesta quinta-feira (16) e sexta-feira (17). (Foto: Divulgação)

O Mais Cultura e Turismo', desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio das Secretarias de Cultura (Secma) e Turismo (Setur), chega ao Centro Histórico nesta quinta-feira (16). Cerca de 40 apresentações foram programadas para acontecer de quinta-feira (16) até o dia 29 de agosto, com grande encerramento no Ceprama. "O cenário dessa nova fase do projeto não poderia ser mais propício, em meio a histórias e casarões e no tradicional centro arquitetônico e cultural da capital maranhense", disse a secretária de Turismo do Maranhão, Delma Andrade. Todas as atrações envolvem cantores e grupos maranhenses em uma praça que reverencia um dos maiores poetas vivos do Brasil, Nauro Machado.

A secretária de Cultura do Estado, Ester Marques, lembra que na abertura da programação, se apresentarão na Praça Nauro Machado o grupo Tritono seguido do cantor Erasmo Dibeli e do Boi Barrica. O cantor maranhense aproveita para apresentar ao público os sucessos do seu primeiro DVD recém-gravado no teatro Artur Azevedo. Intitulado 'Sarará', o show vai contar com dezenas de músicas autorais, que irão relembrar os melhores momentos dos 20 anos cantando MPB e MPM. "Já o Boi Barrica promete encantar a plateia com passos sincronizados que contam um pouco da história maranhense. A companhia sempre insere em outras danças maranhenses a coreografia para apresentar ao público a diversidade da cultura do Maranhão", explicou a secretária Ester Marques.

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No sexta-feira (117), as apresentações ficam por conta das cantoras Rosa Reis e Fatimã Rdr,cp

Passarinho. Elas prometem agitar o publico com as canções do Cacuria que já fazem parte da cultura popular maranhense. A banda Crioulo Difé é a segunda a se apresentar na noite seguida do batalhão Boi da Maioba, tradição genuinamente maranhense e atração muito esperada pelo público.

Programação do 'Mais Cultura e Turismo' vai animar o público do Centro Histórico nesta quinta-feira (16) e sexta-feira (17). (Foto: Divulgação)

Toda a festa do 'Mais Cultura e Turismo' no Centro Histórico, acontece na Praça Nauro Machado, que recentemente, foi reformada pelo Governo do Estado em parceria com a Prefeitura de São Luis. Tanto o visitante, quanto o morador encontrarão um ambiente com uma iluminação luminotécnica, uma iluminação especial que realça a beleza da praça, e com banheiros masculinos, femininos e para pessoas com deficiência. Para garantir mais segurança aos turistas, frequentadores, comerciantes e moradores da Praia Grande, foi instalada na Praça Nauro Machado a Base Comunitária que atende toda a região do Centro Histórico e bairros adjacentes.

Vale lembrar que as apresentações no Centro Histórico seguem até o dia 27 de agosto, a partir das 19h e sempre as quintas e sextas-feiras. O encerramento do projeto, será no Ceprama no dia 29 de agosto. Entre as atrações, todas maranhenses, grupos de Bumba-meu-boi, como Maioba, Santa Fé, Barrica, Pirilampo, Pindaré, Encanto da Ilha, Fé em Deus, Costa de Mão, Nina Rodrigues, Axixá, Madre Deus, Morros, Maracanã farão a festa. Os cantores maranhenses também estão confirmados na Praça Nauro Machado como, Roberto Brandão, Josias Sobrinho, Celso Reis, Mila Camões, Leria Machado, Gabriel Melônio, Roberto Ricci, Wilson Zara, Luís Melodia, Chico Saldanha Regional Pinxinguinha, Forró do seu Raiminundinho, Quinteto Insensatez, entre outros. As danças também foram incluídas na programação como o Cacuriá de dona Teté, as Damas do Reggae, Filhos de Jah, Divinas Foleoas, Desfile Afro entre outros.

As opções são variadas tanto para o turista, quanto para o morador de São Luís, públicos a quem se destina o projeto. As quintas e sextas as atrações estão direcionadas para o Centro Histórico e aos sábados e domingos continuam no Espigão da Ponta D'Areia. No último final de semana de julho, o projeto retoma, simultaneamente, à Barreirinhas para se despedir do público da cidade que é portão de entrada para os Lençóis Maranhenses. De acordo com a secretária de Turismo, Delma Andrade, "o Mais Cultura, Mais Turismo tem esse propósito de proporcionar a esse público diversão, interação e complementar a visita do turista com mais informações sobre a cultura maranhense por meio das apresentações".

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