riscos ocupacionais dos profissionais de enfermagem em procedimentos de quimioterapia...

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7 RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA Edson Cley Fernandes da Silva* Ilza Carla Bernardes Ribas** RESUMO: O presente artigo foi elaborado a partir de um estudo de revisão, de abordagem qualitativa, desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, objetivando precipuamente investigar, analisar e identificar os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem que atuam em serviços de quimioterapia antineoplásica, ressaltando os principais efeitos decorrentes de tal exposição. Para tanto, foi estruturado em tópicos, apresentando os aspectos conceituais referentes a risco ocupacional, legislação vigente no país concernente ao tema, quimioterapia, efeitos dos quimioterápicos nos profissionais, saúde da equipe de enfermagem e medidas de prevenção do risco ocupacional, ressaltando as medidas de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC) padronizadas para os profissionais que atuam nessa área. O levantamento bibliográfico realizado possibilitou a obtenção de informações que revelaram a toxicidade inerente aos quimioterápicos e que os mesmos podem causar diversos tipos de danos à saúde do trabalhador a ele exposto, afetando diversos órgãos do corpo e ocasionando alterações no DNA, podendo ser mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos. Evidenciou ainda que dentre os profissionais de saúde, há uma maior vulnerabilidade dos trabalhadores de enfermagem aos efeitos nocivos decorrentes do manuseio dos quimioterápicos, em virtude da natureza de suas atribuições, estando o enfermeiro exposto a um maior risco devido a sua competência privativa relativa à manipulação destes agentes. Além disso, constatou-se que o conhecimento sobre os diversos fatores de risco e a adoção de medidas de proteção para a realização de procedimentos de quimioterapia tornam-se imprescindíveis, propiciando segurança durante a atividade laboral cotidiana dos profissionais de enfermagem. Palavras-chave: Quimioterapia. Enfermagem Oncológica. Risco Ocupacional. 1 INTRODUÇÃO De maneira geral, o exercício de atividades laborais consome boa parte da vida produtiva das pessoas 1 , pois estas são essenciais para a convivência em *Aluno do 8º período de graduação em enfermagem da Universidade Potiguar-UnP. [email protected] **Orientadora e docente da Universidade Potiguar-UnP, Enfermeira e Advogada, Especialista em Enfermagem do Trabalho e Especialista em Saúde Pública, com Aperfeiçoamento em Planejamento de Sistemas de Saúde. [email protected] 1 Em nossa organização social, o ser humano dedica ao trabalho aproximadamente 65% da sua vida produtiva, incluindo-se jornada de trabalho e atividade propriamente dita, a locomoção e o atendimento das necessidades relacionadas ao trabalho. Portanto, não é a terceira parte da vida, mas a metade da sua existência que o homem dedica ao trabalho profissional (MAURO et al, 2004, p. 338).

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Page 1: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

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RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM

PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

Edson Cley Fernandes da Silva*

Ilza Carla Bernardes Ribas**

RESUMO: O presente artigo foi elaborado a partir de um estudo de revisão, de abordagem qualitativa, desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, objetivando precipuamente investigar, analisar e identificar os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem que atuam em serviços de quimioterapia antineoplásica, ressaltando os principais efeitos decorrentes de tal exposição. Para tanto, foi estruturado em tópicos, apresentando os aspectos conceituais referentes a risco ocupacional, legislação vigente no país concernente ao tema, quimioterapia, efeitos dos quimioterápicos nos profissionais, saúde da equipe de enfermagem e medidas de prevenção do risco ocupacional, ressaltando as medidas de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC) padronizadas para os profissionais que atuam nessa área. O levantamento bibliográfico realizado possibilitou a obtenção de informações que revelaram a toxicidade inerente aos quimioterápicos e que os mesmos podem causar diversos tipos de danos à saúde do trabalhador a ele exposto, afetando diversos órgãos do corpo e ocasionando alterações no DNA, podendo ser mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos. Evidenciou ainda que dentre os profissionais de saúde, há uma maior vulnerabilidade dos trabalhadores de enfermagem aos efeitos nocivos decorrentes do manuseio dos quimioterápicos, em virtude da natureza de suas atribuições, estando o enfermeiro exposto a um maior risco devido a sua competência privativa relativa à manipulação destes agentes. Além disso, constatou-se que o conhecimento sobre os diversos fatores de risco e a adoção de medidas de proteção para a realização de procedimentos de quimioterapia tornam-se imprescindíveis, propiciando segurança durante a atividade laboral cotidiana dos profissionais de enfermagem.

Palavras-chave: Quimioterapia. Enfermagem Oncológica. Risco Ocupacional.

1 INTRODUÇÃO

De maneira geral, o exercício de atividades laborais consome boa parte da

vida produtiva das pessoas1, pois estas são essenciais para a convivência em

*Aluno do 8º período de graduação em enfermagem da Universidade Potiguar-UnP. [email protected] **Orientadora e docente da Universidade Potiguar-UnP, Enfermeira e Advogada, Especialista em Enfermagem do Trabalho e Especialista em Saúde Pública, com Aperfeiçoamento em Planejamento de Sistemas de Saúde. [email protected] 1Em nossa organização social, o ser humano dedica ao trabalho aproximadamente 65% da sua vida produtiva, incluindo-se jornada de trabalho e atividade propriamente dita, a locomoção e o atendimento das necessidades relacionadas ao trabalho. Portanto, não é a terceira parte da vida, mas a metade da sua existência que o homem dedica ao trabalho profissional (MAURO et al, 2004, p. 338).

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sociedade. Na verdade, trabalho e rendimento econômico estão intrinsecamente

relacionados e isto faz com que os indivíduos desprendam cada vez mais esforços

no desempenho de suas funções profissionais (MAURO et al, 2004).

Entretanto, essa mesma relação homem-trabalho pode se tornar nociva,

diante da maior probabilidade de ocorrência da exposição do trabalhador a fatores

de risco em seu processo de trabalho, ocasionando transformações na sua saúde

física e mental, sendo essa circunstância referida pela literatura como risco

ocupacional (CARRASCO, 1989, apud MORAIS, 2009).

Nesse contexto, destacam-se as afirmações demonstrando que o grupo de

maior vulnerabilidade e de elevado risco para ocorrência de acidentes e doenças

profissionais corresponde ao dos profissionais de saúde, principalmente aqueles que

atuam em unidades hospitalares, por estarem em constante contato com diversos

fatores de riscos ocupacionais, expondo-se mais do que outros grupos de

trabalhadores (CAVALCANTE et al, 2006).

Do grupo dos profissionais de saúde, a equipe de enfermagem é apontada

como um dos principais segmentos sujeitos à exposição ocupacional, pelo fato de

agregar o maior contingente de trabalhadores da área da saúde, pertencentes a

categorias profissionais distintas, e de que seus integrantes mantêm na maior parte

da sua jornada de trabalho contato direto com os usuários, clientes ou pacientes.

Ademais, os trabalhadores da equipe de enfermagem são responsáveis pela

realização de uma grande quantidade de procedimentos2 e por diversos tipos de

atividades, prestando assistência ininterrupta durante as 24 horas do dia

(BULHÕES, 1998, apud MORAIS, 2009).

A própria natureza da profissão, pautada no cuidado trans-pessoal e no

aspecto vivencial deste cuidado, expõe os profissionais de enfermagem, durante o

desempenho de suas funções, a “n” riscos ocupacionais, decorrentes de diversos

fatores, sejam químicos, físicos, biológicos, ergonômicos, de acidentes ou

psicossociais, podendo causar tanto doenças ocupacionais ou profissionais, como

acidentes de trabalho (FERRARI JÚNIOR, 2011).

Tal entendimento é ratificado pelas afirmações de Xelegati et al (2006),

quando é ressaltada a diversidade de fatores de risco ocupacional a que se expõem

2 Segundo Bulhões (1998), apud Morais (2009), a equipe de enfermagem tem a responsabilidade por cerca de 60% das ações direcionadas ao cliente, sendo necessário muitas vezes o contato físico para a execução das mesmas.

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os profissionais da equipe de enfermagem no ambiente hospitalar, destacando as

substâncias químicas como fatores causais importantes, podendo ocasionar sérios

prejuízos à saúde destes trabalhadores quando inaladas, digeridas ou absorvidas

pelo tecido cutâneo.

Dentre as substâncias químicas, os quimioterápicos são considerados

agentes altamente agressivos, tanto quando usados de forma isolada, como de

forma combinada. Tais substâncias são empregadas no tratamento denominado

quimioterapia (QT), utilizado no combate às neoplasias malignas (FERNANDES;

DAHER; HANGUI, 2006).

Diversos estudos demonstram que os quimioterápicos caracterizam-se como

fatores de risco à saúde dos profissionais que os manipulam, evidenciando casos de

aparecimento de tumores secundários e de maiores chances de aparecimento de

câncer, mutagenicidade, alterações genéticas e efeitos colaterais nestes

trabalhadores. Além disso, são relatadas alterações no ciclo menstrual, ocorrência

de aborto, malformações congênitas e afetação do DNA (ácido desoxirribonucléico)

(ROCHA; MARZIALE; ROBAZZI, 2004).

Portanto, os perigos da manipulação dessas substâncias químicas estão

comprovados cientificamente, alertando para a mutagenicidade dos quimioterápicos

e destacando as constatações sobre danos em linfócitos de enfermeiros envolvidos

no preparo e na administração dessa droga, revelando ainda que o número de

linfócitos com danos no DNA foi maior no grupo de enfermeiros que não faziam o

uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ou os utilizavam incorretamente

(ROCHA; MARZIALE; ROBAZZI, 2004).

Cabe salientar que no Brasil a regulamentação dessa matéria segue as

recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sendo disposta na

Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), nas Portarias do Ministério do Trabalho,

através das suas Normas Regulamentadoras (NR), nas Resoluções da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (RDC) e, no que se refere aos profissionais de

enfermagem, nas Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).

Entretanto, a despeito das considerações atuais acerca dos riscos

ocupacionais e da legislação vigente, estes ainda são contemplados erroneamente

como características naturalmente inerentes aos processos de trabalho, sendo

averiguados de forma fragmentada, sem que haja uma preocupação real com os

motivos que lhe deram causa. Isso se configura por si só como um fator impeditivo à

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eficácia de qualquer medida adotada na área da saúde ocupacional, uma vez que

restringe o seu potencial resolutivo, permitindo a persistência do problema (MAURO

et al, 2004).

Diante dessas premissas, o tema em questão foi delimitado considerando-se

o risco decorrente da exposição dos profissionais da equipe de enfermagem durante

a realização da quimioterapia, dada à magnitude deste problema e à sua

repercussão sobre a saúde do trabalhador de enfermagem, justificando a sua

investigação.

Desse modo, o estudo em questão objetiva conhecer os riscos ocupacionais

e os danos mais freqüentes à saúde dos profissionais de enfermagem em

decorrência da sua exposição aos quimioterápicos, bem como os meios a serem

utilizados para a sua proteção, face à legislação vigente, especialmente ao disposto

nas Normas Regulamentadoras (NR) 7 e 32 e nas Resoluções COFEN 210/98 e

257/01.

Para tanto, baseando-se nos preceitos da lógica indutiva, o presente estudo,

de abordagem qualitativa, foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, sendo

utilizadas as palavras-chave quimioterapia, enfermagem oncológica e risco

ocupacional para nortear a busca das referências doutrinárias e publicações sobre o

tema proposto e a realização da compilação e interpretação das informações,

organizando os achados em tópicos, a fim de facilitar a compreensão do assunto.

Assim, espera-se que o estudo ora apresentado sirva de subsídio a todos os

profissionais de enfermagem que lidam nesta área, contribuindo para o

aprimoramento do conhecimento, no sentido de demonstrar a importância da adoção

de uma forma de atuação segura para a preservação da saúde, bem como do

controle e prevenção do risco decorrente da exposição dos profissionais de

enfermagem que manipulam quimioterápicos e atuam em ambientes onde a

quimioterapia é realizada.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

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Conhecer o risco ocupacional e os danos mais freqüentes à saúde dos

profissionais de enfermagem em decorrência da sua exposição aos quimioterápicos,

bem como as medidas de prevenção recomendadas nesta situação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apontar os riscos ocupacionais na administração de quimioterápicos pela

equipe de enfermagem.

Identificar os tipos de quimioterapia, suas finalidades e a forma de utilização

dos quimioterápicos.

Relacionar as medidas preventivas adequadas para proteção da saúde dos

trabalhadores de enfermagem que realizam procedimentos inerentes à

quimioterapia.

Identificar os danos mais freqüentes à saúde dos profissionais de

enfermagem que manipulam quimioterápicos.

Listar a legislação vigente destinada à proteção dos profissionais de saúde

que realizam procedimentos de quimioterapia.

Destacar a importância da utilização dos equipamentos de proteção individual

(EPI) na administração dos quimioterápicos.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 RISCO OCUPACIONAL

Risco ocupacional refere-se à probabilidade de ocorrência de

transformações na saúde física e mental do trabalhador em decorrência da sua

exposição a fatores de risco em seu processo de trabalho (CARRASCO, 1989, apud

MORAIS, 2009).

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De acordo com Mauro et al (2004), na atualidade considera-se

imprescindível o conhecimento dos agentes e riscos mais eminentes a que estão

expostos os trabalhadores durante o seu período de trabalho, analisando-se

concomitantemente as atividades que desenvolvem, a partir de uma visão ampliada

do campo de atuação da área de Saúde Ocupacional. Tal enfoque adota uma

abordagem sistêmica e interdisciplinar, contemplando a relação entre o ambiente de

trabalho e o trabalhador, a fim de possibilitar a identificação dos múltiplos fatores de

risco que podem vir a causar agravos à saúde do profissional, através da utilização

de indicadores ambientais e biológicos para averiguação do grau de exposição e os

seus efeitos.

Os mesmos autores referem ainda que a gênese dos riscos ocupacionais se

encontra, portanto, relacionada à natureza do trabalho desenvolvido pelos

profissionais, isto é à insalubridade e à periculosidade que envolvem o exercício

profissional, sendo aqui considerados tanto os métodos utilizados, como as

condições existentes para a realização da atividade laboral. Isso inclui os

mecanismos de controle sobre os agentes biológicos, químicos, físicos e mecânicos

do ambiente, os quais podem ocasionar prejuízos à saúde do trabalhador.

Esses fatores de risco são classificados, segundo Rocha, Marziale e

Robazzi (2004), como ergonômicos, psicossociais, químicos, físicos e biológicos,

cuja afetação à saúde do trabalhador é incisiva, comprometendo consequentemente

a sua capacidade produtiva e a qualidade da assistência prestada pelos mesmos.

A literatura acerca dessa questão revela a importância do controle dos riscos

ocupacionais, a fim de prevenir o surgimento de acidentes e doenças profissionais e

do trabalho (MAURO et al, 2004).

As considerações doutrinárias demonstram ainda a maior vulnerabilidade

dos profissionais de saúde, em especial dos trabalhadores de enfermagem3,

particularmente aqueles que exercem as suas funções em hospitais, estando os

mesmos expostos a um elevado risco para ocorrência de acidentes e doenças

profissionais, por estarem em constante contato com diversos fatores de riscos

ocupacionais (CAVALCANTE et al, 2006).

3 A profissão de enfermagem, como qualquer outra profissão, não está isenta de riscos, estando exposta a diversos riscos de natureza física, biológica, química e psicossocial, fatores estes, que contribuem de forma categórica para a ocorrência de doenças de caráter etiológico multifatorial, colocando a enfermagem no grupo das profissões de risco (RODRIGUES, 1999).

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A maior vulnerabilidade dos profissionais da equipe de enfermagem se deve

a uma elevada exposição destes profissionais durante o desempenho de suas

funções, a riscos ocupacionais, decorrentes de fatores químicos, físicos, biológicos,

ergonômicos, de acidente ou psicossociais (FERRARI JÚNIOR, 2011).

Dentre os fatores de risco a que estão expostos os trabalhadores de

enfermagem, Xelegati et al (2006), destaca as substâncias químicas como fatores

causais importantes, estando aqui inclusos os quimioterápicos, considerados como

substâncias altamente agressivas que podem ocasionar sérios prejuízos à saúde

destes trabalhadores.

Desse modo, verifica-se que apesar do trabalho de enfermagem ser

executado em diversos locais, o ambiente hospitalar em especial apresenta uma

série de situações, atividades e fatores potenciais de riscos aos profissionais,

podendo produzir alterações leves, moderadas ou graves e causar acidentes de

trabalho e/ou doenças profissionais nos indivíduos a eles expostos.

Atualmente, esforços em vários setores têm sido empregados, visando à

redução de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho da enfermagem e,

embora as empresas ainda tenham como objeto central a produtividade e o lucro,

algumas começam a direcionar ações na busca de melhores condições de trabalho.

Todavia, apesar das concepções atuais sobre a importância da adoção de

medidas de controle e prevenção, os riscos ocupacionais ainda são tidos por muitos,

de forma equivocada, como uma conseqüência natural do processo de trabalho,

sem que haja uma preocupação com a identificação do nexo causal, restringindo o

potencial resolutivo da atuação na área da saúde do trabalhador (MAURO et al,

2004).

Desse modo, ressalta-se a importância de ser desprendido um maior esforço

no sentido de melhor informar sobre a necessidade da utilização de medidas de

segurança pelos profissionais de enfermagem que manipulam antineoplásicos, seja

no preparo, administração, descarte de material ou manuseio de excretas dos

pacientes.

3.2 LEGISLAÇÃO

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A regulamentação dessa matéria no Brasil segue as recomendações da

Organização Internacional do Trabalho (OIT), sendo disposta na Consolidação das

Leis de Trabalho (CLT) e nas Portarias do Ministério do Trabalho (MT), através das

suas Normas Regulamentadoras (NR) (MAURO et al, 2004).

Por meio das Normas Regulamentadoras (NR) o Ministério do Trabalho (MT)

busca efetuar o controle dos riscos ocupacionais, tendo sido elaboradas ao todo 34

(trinta e quatro) NR. Porém, na atualidade somente 33 NR encontram-se vigentes,

em razão da revogação da NR 27 pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008.

De acordo com o entendimento de Mauro et al (2004), dentre as 33 (trinta e

três) NR vigentes, 13 (treze) são tidas como significativas na área da saúde,

conforme as especificações a seguir dispostas:

NR-1 Disposições Gerais; NR-4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT; NR-5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA; NR-6 Equipamentos de Proteção Individual – EPI; NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO; NR-9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA; NR-15 Atividades e Operações Insalubres; NR-16 Atividades e Operações Perigosas; NR-17 Ergonomia; NR-24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; NR-26 Sinalização de Segurança; NR-31 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados; NR-32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à Saúde.

É imperativo destacar que o acompanhamento da saúde do trabalhador é

igualmente regulamentado, conforme o disposto na NR 7, cujo conteúdo aponta a

obrigatoriedade do seguimento ocupacional, através do Programa de Controle

Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), estabelecendo que os profissionais que

atuam em Serviços de Terapia Antineoplásica, expostos a agentes químicos, sejam

submetidos a exames ocupacionais anualmente ou em periodicidade menor, em

função da necessidade ou de recomendação médica (SILVA; REIS, 2010).

Dentre as Normas Regulamentadoras, a despeito da relevância de todas

para a saúde do trabalhador, o presente estudo destaca ainda a NR 32, pelo fato

desta norma tratar especificamente da questão da segurança e da saúde no trabalho

em estabelecimentos de saúde, tendo por finalidade proporcionar as diretrizes

básicas para a implementação de medidas de proteção, a segurança e a saúde dos

trabalhadores dos serviços de saúde bem como aqueles que exercem funções de

promoção, como de assistência na área da saúde em geral (BRASIL, 2008).

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Barros (2010) refere que a NR 32 define equipamento de proteção individual

(EPI) como todo dispositivo de uso individual, que proporciona a proteção da saúde

e da integridade física do trabalhador, estabelecendo que a empresa deva fornecer

aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao seu trabalho e em perfeito estado

de conservação e funcionamento, devendo os mesmos serem disponibilizados a

cada procedimento e serem de uso específico à função a ser realizada.

Todavia, além das NR, através das considerações de Silva e Reis (2010),

verifica-se a relevância da RDC 220/2004 da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) como um importante instrumento normativo pertinente à matéria,

por corresponder ao primeiro Regulamento Técnico para Funcionamento dos

Serviços de Terapia Antineoplásica. Segundo esses autores, a RDC 220/2004

estipula os requisitos mínimos necessários ao funcionamento desses serviços,

sejam os mesmos de natureza pública ou privada, apontando as normas de

manipulação, transporte, administração e de descarte do material.

Os mesmos autores ressaltam que o conhecimento de tal norma pelos

trabalhadores que atuam nesses serviços é fundamental para prevenir danos à

saúde destes profissionais, referindo que:

(...) essa norma específica deveria ser bem conhecida pelos profissionais que trabalham na área, para se evitar o risco de operações ineficazes, que possuem significativo potencial para causar danos ao paciente, ao próprio profissional da saúde e até mesmo ao meio ambiente (SILVA, REIS, 2010, p. 315).

Por fim, convém salientar que o Conselho Federal de Enfermagem –

COFEN, através das Resoluções COFEN 210/98 e 257/01, determinam a

competência dos profissionais de enfermagem na administração de quimioterápicos,

visando promover a segurança desses trabalhadores.

Nesse sentido, pelo dizer de Silva e Reis (2010, p. 316-317), constata-se

que:

A Resolução COFEN nº 210/1998 atribui ao enfermeiro a responsabilidade legal pela administração de quimioterápicos, sendo que técnicos e auxiliares de enfermagem somente poderão assumir o controle de infusão do quimioterápico em apoio operacional ao enfermeiro, na indispensável presença deste. A resolução COFEn nº 257/2001 reafirma essa competência ao enfermeiro e estabelece que o preparo dos agentes

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antineoplásicos somente poderá ser executado pelo enfermeiro na ausência do farmacêutico.

Isso evidencia que, em última análise, dentre os trabalhadores que

compõem a equipe de enfermagem e que atuam em Serviços de Terapia

Antineoplásica, o enfermeiro, em função da sua competência, é o que mais se expõe

aos fatores de risco ocupacional, devendo impreterivelmente ser conhecedor das

normas de biossegurança e de toda a legislação pertinente à saúde do trabalhador,

a fim de preservar a sua integridade física e mental, bem como de toda a equipe sob

o seu comando.

Entretanto, em linhas gerais faz-se necessário que todos os trabalhadores

de enfermagem expostos aos quimioterápicos conheçam a legislação inerente à sua

área de atuação, entendendo que a regulamentação existe para a sua proteção e a

proteção do sujeito objeto do seu cuidado, seguindo habitualmente as medidas de

segurança durante o exercício da sua profissão.

3.3 QUIMIOTERAPIA (QT)

Quimioterapia (QT) consiste no emprego de substâncias químicas isoladas

ou em combinações com o objetivo de tratar as neoplasias malignas. Além da QT,

existem outros tipos de tratamentos para combater o câncer, como o clínico

ambulatorial, o cirúrgico, a radioterapia e o transplante de medula óssea (TMO)

(FERNANDES; DAHER; HANGUI, 2006).

A abordagem de escolha do trabalho em questão se deve ao entendimento

uniforme, constatado na literatura pesquisada, de que na atuação profissional

relacionada à QT existe um maior grau de vulnerabilidade da equipe, em função da

própria natureza do cuidado a ser prestado, envolvendo a manipulação de

substâncias altamente agressivas, denominadas de quimioterápicos, drogas

utilizadas no tratamento de diversos tipos de câncer.

A quimioterapia antineoplásica começou a ser estudada e utilizada no final

do século XIX, com a descoberta da solução de Fowler (arsênio de potássio) por

Lissauer, em 1865, e da toxina de Coley (associação de toxinas bacterianas), em

1890. Porém, foi a partir da observação dos efeitos da explosão de um depósito de

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gás mostarda em Bari, Itália, em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial,

referentes à ocorrência de mielodepressão intensa e morte por hipoplasia de medula

óssea entre os soldados expostos, é que tais drogas foram administradas em

pacientes com linfoma de Hodgkin e leucemia crônica, em um projeto de pesquisa

desenvolvido por farmacologistas do Pentágono. Desde então, inúmeros estudos

foram e vêm sendo desenvolvidos de forma intensiva, buscando-se ampliar o

potencial de ação e reduzir a toxidade dessas drogas (INCA, 2010).

Um quimioterápico é um composto químico, utilizado no tratamento de

doenças causadas por agentes biológicos e empregados na QT. Quando aplicada

ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou

antiblástica, sendo os quimioterápicos utilizados no tratamento de diversos tipos de

câncer (SMELTZER; BARE, 2010).

Na quimioterapia, os agentes antineoplásicos são usados em uma tentativa

de destruir as células tumorais, quando interferem nas funções celulares, inclusive

na replicação, sendo adotados no tratamento de doenças sistêmicas e de forma

combinada com a cirurgia, radiação ou ambas, visando reduzir o tamanho do tumor

no período pré-operatório e destruir qualquer célula tumoral remanescente no pós-

operatório. São também empregados no tratamento de algumas formas de leucemia,

tendo como meta a cura, o controle e a atenuação da sintomatologia, dependendo

de cada tipo de tratamento realizada (SMELTZER, BARE, 2010).

O mecanismo de ação e os efeitos colaterais da QT variam em função do

tipo de droga empregada, porém, sua ação se processa geralmente sobre a

molécula do DNA, interferindo na normalidade da divisão celular, ocasionando a

morte da célula. Os quimioterápicos, no entanto, não são capazes de fazer a

distinção entre as células malignas e as células benignas, atacando todas as células

que estejam em divisão. Desse modo, o emprego da QT atingirá também os

glóbulos brancos e vermelhos, as plaquetas, o cabelo, bem como as mucosas oral e

intestinal, denotando os efeitos indesejáveis decorrentes deste tipo de tratamento

(KALIKS, SIMON, 2010).

A toxicidade ou mutagenicidade da QT é variável nos diversos tecidos,

dependendo do tipo, da dosagem e do tempo de exposição e da concentração

plasmática da droga. Nem todos os quimioterápicos ocasionam efeitos indesejáveis

como mielodepressão, alopecia e alterações gastrintestinais (náuseas, vômitos e

diarréia). Contudo, os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos, mal-

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estar, adinamia, artralgias, agitação, exantemas, flebites, sendo incluídos no

tratamento, em razão disto, medicações específicas para atenuação destes

desconfortos (INCA, 2010).

Vale salientar que alguns efeitos colaterais, por alterarem a imagem corporal

dos clientes, afetam sua auto-estima, como a alopecia, as alterações cutâneas e a

disfunção sexual, ocasionando um impacto emocional nos doentes, em virtude de

serem identificados como portadores de câncer (FONTES; ALVIM, 2008).

Existem diversas formas de QT, sendo o modo de administração dos

quimioterápicos variável em função do tratamento indicado e da sua finalidade, seja

de natureza curativa, paliativa, potencializadora, adjuvante ou neo-adjuvante. Na QT

regional, o quimioterápico é aplicado diretamente em uma artéria ou cavidade (intra-

vesical, intra-pleural, intratecal e intra-pericárdio). Diferentemente, na QT local, o

agente antineoplásico é injetado diretamente no local do tumor; na QT sistêmica, a

administração ocorre por via intravenosa, percorrendo todo o sistema circulatório; e

na QT oral, o quimioterápico atua interferindo diretamente no ciclo celular,

bloqueando assim, a seqüência metabólica e impedindo a divisão ou

amadurecimento celular (FERNANDES; DAHER; HANGUI, 2006).

A QT neo-adjuvante é efetuada antes de um tratamento cirúrgico ou

radioterápico, visando reduzir o tumor primário, facilitando a cirurgia posterior. Isso

possibilita tornar uma cirurgia inoperável em operável, aumentando a possibilidade

de um bom prognóstico. A QT adjuvante é realizada após a cirurgia, com fins de se

obter um resultado melhor, melhorando os índices de cura. Já a QT curativa é usada

nos casos em que o tratamento objetiva a cura, visto que alguns casos de câncer

são passíveis de cura, sendo empregadas doses intensivas de quimioterápicos com

a finalidade de aumentar as chances de cura do paciente. Finalmente, a QT paliativa

é usada nos casos em que o processo patológico encontra-se em estágio bem

avançado, sendo caracterizado como uma doença metastática, não sendo

constatada a possibilidade de cura, empregando-se a QT para diminuir ou eliminar

os sintomas da doença e aumentar a sobrevida do paciente, possibilitando uma

melhor qualidade de vida. Por essa razão, geralmente, as doses aplicadas são

menos agressivas (KALIKS; SIMON, 2010).

Page 13: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

19

3.4 EFEITOS DOS QUIMIOTERÁPICOS NOS PROFISSIONAIS

Segundo Kaliks e Simon (2010), em relação aos profissionais que

manipulam antineoplásicos, a literatura evidencia casos de aparecimento de tumores

secundários e de maiores chances de aparecimento de câncer, mutagenicidade,

alterações genéticas e efeitos colaterais nesses trabalhadores.

Os mesmos autores descrevem como danos causados pelos

quimioterápicos em profissionais que manipulam antineoplásicos as alterações no

ciclo menstrual, a ocorrência de aborto, malformações congênitas e danos no DNA

(ácido desoxirribonucléico).

As considerações de Rocha, Marziale e Robazzi (2004), demonstram que as

evidências dos perigos da manipulação dessas substâncias químicas foram

comprovadas cientificamente através de estudos que alertam para a mutagenicidade

dos quimioterápicos. Tal questão foi abordada na investigação realizada por

Ündeger, no ano de 1999, nos Estados Unidos, sobre danos em linfócitos de

enfermeiros envolvidos no preparo e administração de quimioterápicos, revelando

que o número de linfócitos com danos no DNA foi maior no grupo de enfermeiros

que não faziam o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ou os

utilizavam incorretamente.

Em estudo realizado por Jagun, no ano de 1982, nos Estados Unidos, com o

objetivo de detectar possível contaminação ocupacional por agentes alquilantes,

foram analisadas amostras de urina de 15 (quinze) enfermeiros responsáveis pelo

preparo e administração de quimioterápicos. Os resultados acusaram maiores

concentrações de tioéteres após a exposição a essas drogas, tendo sido referido

apenas o uso de luvas de látex como EPIs para a manipulação (ROCHA;

MARZIALE; ROBAZZI, 2004).

A contaminação do ambiente também foi observada na pesquisa realizada

por Sorsa, no ano de 1998, nos Estados Unidos, que constatou a presença de

partículas dos quimioterápicos fluoracil e ciclofosfamida no ar, teto, chão e

depositados nos filtros das máscaras utilizadas por enfermeiros que prepararam as

drogas, e no filtro de câmaras de fluxo laminar (ROCHA; MARZIALE; ROBAZZI,

2004).

Page 14: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

20

Acrescente-se ainda que o manuseio de medicamentos antineoplásicos

levanta muita preocupação e requer bastante atenção, pelo fato destes agentes

serem fontes que provocam alterações e reações no organismo, provocando

também câncer, pois os medicamentos têm a possibilidade de serem carcinogênicos

e teratogênicos, atingindo tanto as células neoplásicas como células normais.

Portanto, reitera-se que a utilização dos EPIs é extremamente necessária para o

desenvolvimento adequado dos procedimentos relacionados à quimioterapia

(COSTA, L; COSTA, R, 2009).

Desse modo, os profissionais que manipulam e tem contato com os

quimioterápicos devem tomar como indispensáveis as práticas de higiene das mãos,

do uso de luvas, aventais, máscaras, protetores oculares e outros suprimentos e

procedimentos de isolamento, “evitando assim a absorção pela pele, inalação de

aerossóis e a ingestão do medicamento tendo uma extensão de um serviço de

qualidade” (BARROS, 2010, p. 05).

Essas concepções demonstram que os riscos químicos constituem um

importante fator predisponente de doenças nos profissionais de enfermagem e uma

ameaça à segurança em muitos ambientes de quimioterapia, evidenciando que os

agentes químicos4, como os quimioterápicos, penetram no organismo pelas vias:

respiratória, cutânea e digestiva, e exercem sua ação nociva sobre os mais variados

sistemas do organismo humano, podendo originar as doenças profissionais,

dependendo da concentração e do período de exposição ao agente, manifestando-

se imediata ou tardiamente (COSTA, L; COSTA, R, 2009).

Na verdade, a discussão sobre os riscos químicos que podem afetar a saúde

dos trabalhadores vem sendo objeto de estudo de autores clássicos nesse campo

de investigação. Nesse sentido, Bonassa (2000), aborda a questão dos

trabalhadores de enfermagem, referindo que dentre os vários riscos químicos a que

estão expostos estes profissionais, a manipulação de citostáticos vem merecendo

atenção devido à necessidade de observância de medidas de proteção para o

preparo e a administração dos agentes químicos em geral, inclusive os

4 Ao definir os agentes químicos, Bulhões (1998) diz que: “são substâncias capazes de produzir todos

os tipos de lesão celular e os efeitos da exposição aos mesmos podem manifestar-se imediata ou

tardiamente”.

Page 15: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

21

quimioterápicos, apontando o desenvolvimento de neoplasias como um dos perigos

potenciais decorrentes destas práticas.

Ainda de acordo com Bonassa (2000), os perigos potenciais na manipulação

e descarte dos quimioterápicos estão relacionados com danos a diversos órgãos do

trabalhador, como no fígado e no aparelho reprodutivo, causando aumento da

incidência de abortos espontâneos, problemas dermatológicos, vertigens, alergias,

náuseas e cefaléia.

Tais afirmações são complementadas por Clark e Mcgee (1997), ao

referirem que a exposição aos agentes antineoplásicos ocorre por contato direto

(pele, membranas, mucosas ou por inalação) e indiretos (fluídos corporais e

excretas de clientes que receberam a medicação nas últimas 72 horas). Os efeitos

podem ser imediatos (dermatite, hiperpigmentação da pele e outros) e tardios

(alopecia parcial, anormalidade cromossomiais e aumento do risco de desenvolver

câncer).

3.5 SAÚDE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

Os trabalhadores de enfermagem, em especial dos hospitais, sempre estão

expostos aos diversos agentes ou fatores de risco ocupacional, dentre os quais as

substâncias químicas, cuja absorção pode ocorrer através da pele, por inalação ou

por digestão, podendo ocasionar danos à saúde ou não. Isto porque nem sempre a

exposição tem um resultado que venha a ter efeitos prejudiciais à saúde, pois

dependem de diversos fatores como o tipo do agente, a duração da exposição, bem

como a prática e os hábitos que deixam os profissionais de enfermagem suscetíveis

(XELEGATI et al, 2006).

Costa e Felli (2005), referem que trabalhadores de enfermagem estão

expostos a dois diferentes tipos de cargas decorrentes do trabalho, sendo uma de

materialidade externa e outra de materialidade interna ao corpo. As externas,

classificadas como físicas, químicas, biológicas e mecânicas, são aquelas que

interagem com o corpo, sofrendo mudança de qualidade, podendo ser detectadas e

mensuradas. As internas passam por transformações internas no corpo,

caracterizando-se como fisiológicas ou psíquicas.

Page 16: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

22

Rocha, Marziale e Robazzi (2004), referem que os profissionais que

manipulam os quimioterápicos são os enfermeiros, os técnicos e auxiliares de

enfermagem, sendo muitas vezes expostos por não usarem os EPIs completos ou

não manuseá-los adequadamente. Oportunamente, ressaltam os autores que ao

efetuarem qualquer procedimento relacionado à QT, o uso dos EPIs é obrigatório

por parte do profissional.

Rodrigues e Passos (2009), nos mostram que numa visão holística temos

que observar vários riscos ocupacionais aos quais os profissionais estão expostos,

incluindo o processo saúde-doença, vendo o trabalhador de forma bio-psico-sócio-

cultural, devendo ser feita a correlação desses aspectos, para uma melhor atuação

profissional. Os autores destacam ainda que em suas pesquisas bibliográficas, do

total de 35 (trinta e cinco) artigos consultados, 3 (três) abordavam o risco

ocupacional a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem que têm contato

com quimioterápicos e antineoplásicos, evidenciando os perigos da manipulação

destas substâncias e ressaltando a grande importância do uso dos EPIs. Segundo

os autores, os achados das suas pesquisas revelaram que os fatores

predisponentes a estas exposições correspondem em sua maioria às condições

inadequadas e ao ambiente de trabalho, seguidos pelo não uso ou uso inadequado

de EPI, pelas atitudes e hábitos dos profissionais, pela falta de informação, pelo

conhecimento sobre o assunto e pela não observância de medidas de

biossegurança.

A amplitude da exposição dos enfermeiros às substâncias/compostos

químicos também é demonstrada na pesquisa realizada por Xelegati et al (2006), em

Ribeirão Preto SP, no ano de 2001, evidenciando que dentre os agentes a que estes

profissionais se expõe, as drogas antineoplásicas ocupam lugar de destaque, sendo

apontadas como o grupo de drogas mais prejudiciais à saúde dos trabalhadores.

3.6 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DO RISCO OCUPACIONAL

Para proteger o trabalhador durante o manuseio de quimioterápicos e de

excretas de pacientes submetidos à quimioterapia, é considerada essencial a

adoção de medidas de prevenção do risco ocupacional, destinadas a proteger a

Page 17: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

23

integridade física dos trabalhadores. Para tanto, tornam-se imprescindíveis o

emprego de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), como a utilização de

câmaras ou capelas de fluxo laminar vertical para o preparo de antineoplásicos e

ainda, o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados, nas

diversas atividades que envolvem a manipulação de quimioterápicos.

Farias e Zeitoune (2007), referem que a criação de serviço de saúde do

trabalhador, com acompanhamento de condições de saúde periódico e

implementação de medidas preventivas necessárias para evitar o surgimento de

agravos é de suma importância, sugere ainda o aumento da participação do

trabalhador nas decisões, a criação de um programa de bem-estar dos profissionais

na unidade de saúde e o favorecimento da segurança humana no trabalho de

enfermagem.

Pode-se verificar que a adoção de normas de Biossegurança é fundamental,

especialmente quando se trata de procedimentos relacionados à QT. Nesse sentido,

de acordo com a Fundação Osvaldo Cruz, a Biossegurança é definida como:

(...) o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização (diminuição) ou eliminação de riscos inesperados às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços; riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. (PENTEADO FILHO; HOEFEL, 2006, p.90).

Nos procedimentos relacionados à QT o uso dos EPI é imprescindível. No

entanto, por muitas vezes alguns profissionais não adotam essa prática no cotidiano

de trabalho. Tal fato pode ser evidenciado através da pesquisa realizada por Rocha,

Marziale e Robazzi, no ano de 2004, no Brasil, publicada na Revista Latino

Americana de Enfermagem, quando é demonstrado o significativo percentual de

trabalhadores que informaram terem sido vítima de acidentes ao ter contato com os

quimioterápicos, correspondendo a 16,70% dos 30 (trinta) profissionais

entrevistados.

Os Equipamentos de Proteção Individual devem ser utilizados pelos

profissionais no desempenho de suas atividades, objetivando reduzir o risco de

contaminação e de contato com os quimioterápicos. Os equipamentos adequados

são aventais descartáveis e impermeáveis, de manga longa, com punho justo de

elástico e fechado na frente, de comprimento abaixo do joelho, para proteção contra

o risco de origem biológica e o risco de origem química; máscara respiratória facial

Page 18: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

24

com proteção de carvão ativado, o qual age como filtro químico para partículas de

até 0,2µ, para proteção dos agentes ambientais em concentrações prejudiciais à

saúde, protegendo da exposição a agentes químicos; óculos com protetor lateral,

para impedir a contaminação frontal e lateral por respingos, partículas, vapores

químicos e líquidos agressivos aos olhos, sem reduzir o campo visual; luvas 007,

grossas, de látex ou polipropileno, descartáveis e não entalcadas, de cano longo,

para conferir proteção contra os produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos,

agentes biológicos, dentre outros; saco plástico duplo para coleta de roupas usadas

e do lixo apropriado ao descarte. Ademais há de se ter cuidado com o ambiente,

mantendo-o limpo, e desempenhar a função profissional com eficiência, sem

contaminações, fazendo uso dos Equipamentos de Proteção Individual

adequadamente (BARROS; 2010).

As Normas relativas à manipulação de antineoplásicos são também

preconizadas pela agência norte-americana Occupational Safety and Health

Administration - OSHA, determinando e especificando os equipamentos de Proteção

Individual (EPI) obrigatórios durante a manipulação de quimioterápicos, bem como o

Equipamento de Proteção Coletiva (EPC), estabelecendo o uso de capela de fluxo

laminar vertical classe II, tipo B (KALIKS; SIMON, 2010).

A criação de serviço de saúde do trabalhador é apontada por Farias e

Zeitoune (2007), como uma medida de prevenção de risco de alta importância,

possibilitando o acompanhamento das condições de saúde dos profissionais de

forma periódica e a implementação das medidas preventivas necessárias para evitar

o surgimento de agravos, podendo a eficácia deste serviço ser aumentada por meio

da adoção de estratégias que propiciem maiores condições de participação do

trabalhador nas decisões, o bem-estar dos profissionais no estabelecimento de

saúde e o favorecimento da segurança humana no trabalho de enfermagem.

Nesse sentido, destaca-se ainda a efetuação de seguimento ocupacional

como uma relevante medida preventiva, propiciando condições para identificação

precoce de qualquer anormalidade na saúde do trabalhador, devendo ser efetivado

por meio da realização de exames anuais ou em periodicidade menor, dependendo

do caso, e até mesmo, pelo entendimento de Rombaldi et al (1990), pelo

monitoramento dos profissionais que atuam em Serviços de Terapia Antineoplásica,

expostos a agentes químicos, através da inclusão do controle de risco de

Page 19: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

25

genotoxicidade como exame complementar aos exames rotineiros (SILVA; REIS,

2010).

A criação ou o fortalecimento das Comissões de Controle da Infecção

Hospitalar - CCIH, das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes - CIPA, das

Comissões Investigativas e outras responsáveis por cursos de qualificação e

educação continuada, bem como o oferecimento e a exigência de uso adequado dos

EPIS, são ações simples, mas que podem tornar mais seguro o ambiente hospitalar,

diminuindo as chances dos profissionais sofrerem algum tipo de acidente ou

desenvolverem doenças relacionadas ao trabalho. Além disso, salienta-se que a

efetuação de análise dos acidentes registrados nas Comunicações de Acidente de

Trabalho – CAT são importantes fontes de identificação dos contextos de ocorrência

dos acidentes, subsidiando a adequação das ações preventivas e o seu

desenvolvimento (KALIKS; SIMON, 2010).

Outra medida preventiva a ser adotada pela equipe de enfermagem no

processo de trabalho envolvendo a QT é a eliminação do lixo tóxico quimioterápico

que deve seguir rigorosos critérios de separação e eliminação em containeres

especiais, possibilitando a imediata identificação pelos responsáveis por esta coleta

de material, bem como pelos que tratam da sua inativação. Embalagens especiais

são essenciais para que tais procedimentos se processem naturalmente, sem

nenhum risco para os profissionais ou para os leigos, especialmente no Brasil, onde

existe uma população que sobrevive da renda decorrente da coleta de materiais nos

lixos. Esses restos tóxicos devem ser desprezados em locais separados dos

depósitos de restos normais e serem neutralizados ou incinerados para evitar a

contaminação do meio ambiente (BARROS, 2010).

Portanto, os trabalhadores de enfermagem devem ser conhecedores das

normas de biossegurança, pois se faz necessário que o profissional que cuida dos

pacientes de forma tão zelosa também se cuide observando os mesmos critérios de

segurança adotados para o desempenho de suas atividades laborais, tendo sempre

em mente que os agentes quimioterápicos podem causar diversos efeitos nocivos a

sua saúde (BARROS, 2010).

4 METODOLOGIA

Page 20: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

26

O presente estudo, de abordagem qualitativa, pautou-se na lógica indutiva,

sendo desenvolvido entre março e junho do ano de 2011, por meio de pesquisa

bibliográfica, buscando identificar artigos científicos, livros, periódicos e publicações

pertinentes ao tema nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online

(SCIELO), Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), Literatura Latino-americana e

do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem

(BDENF) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e ainda no acervo da biblioteca da

Universidade Potiguar - UnP.

Trata-se, portanto, de um estudo de revisão, tendo sido examinado o

material dos últimos dez anos, utilizando-se em sua busca as palavras-chave:

quimioterapia, enfermagem oncológica e risco ocupacional. Foram ainda

contempladas as considerações de autores clássicos nesse campo de investigação,

como Bulhões, Bonassa, Clark e Mcgee, mesmo sendo o ano de publicação de suas

obras anteriores ao período de pesquisa estipulado, a fim de demonstrar que o tema

em questão não é uma preocupação recente.

Os levantamentos doutrinários realizados foram ordenados e analisados, de

forma a contemplar os objetivos de estudo delimitados, destacando as concepções

de relevância para a compreensão da problemática que reveste o tema investigado.

Desse modo, as considerações teóricas foram selecionadas com o fim de

elencar informações sobre a quimioterapia e de demonstrar as circunstâncias

inerentes ao risco ocupacional a que estão expostos os profissionais de enfermagem

que manipulam os quimioterápicos, bem como destacar a importância da utilização

dos EPIs no manuseio de drogas quimioterápicas como forma de prevenção dos

danos à saúde da equipe de enfermagem, relacionando o risco ocupacional e os

problemas que podem advir da inadvertência ao emprego destes equipamentos de

proteção durante a realização da quimioterapia antineoplásica.

5 DISCUSSÃO E RESULTADOS

O estudo realizado evidenciou um entendimento pacífico acerca da maior

vulnerabilidade dos trabalhadores de enfermagem no desempenho de suas funções

Page 21: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

27

durante a realização de procedimentos de quimioterapia (QT) antineoplásica, em

relação a outros grupos profissionais, associando tal fato às competências atribuídas

à equipe de enfermagem e à própria natureza da profissão de enfermagem, onde os

trabalhadores têm contato direto com os usuários, permanecendo por mais tempo ao

lado dos mesmos.

As explicações dos autores consultados demonstraram claramente os

diversos fatores de risco presentes nas várias modalidades de QT antineoplásica,

em decorrência do emprego de quimioterápicos, tidos como agentes químicos

altamente agressivos à saúde dos trabalhadores, principalmente dos trabalhadores

de enfermagem, a eles expostos.

Essas afirmações foram complementadas nas considerações apresentadas

neste estudo que evidenciaram que a exposição aos quimioterápicos ocorre por

contato direto, através da pele, membranas, mucosas ou por inalação; ou por

contato indireto, por meio de fluídos corporais e excretas de clientes que receberam

a medicação antineoplásica nas últimas 72 horas. Verificou-se ainda que os efeitos

decorrentes da contaminação por quimioterápicos podem ser imediatos, com o

surgimento de dermatite ou hiperpigmentação da pele; ou tardios, causando

alopecia parcial ou anormalidade cromossomial e o aumento do risco de

desenvolver câncer.

As referências pesquisadas demonstraram que os fatores de risco inerentes

aos quimioterápicos, envolvem tanto o ambiente, a manipulação, o transporte e a

administração destes agentes, como o descarte do material utilizado para a

realização da QT antineoplásica.

A compilação e a análise das informações obtidas por meio da pesquisa

bibliográfica efetuada neste estudo possibilitaram a constatação sobre a existência

no Brasil de legislação geral destinada à proteção da saúde do trabalhador, bem

como de dispositivos legais especificamente instituídos para a garantia da

segurança dos trabalhadores de enfermagem envolvidos com a realização de

procedimentos de QT antineoplásica, seguindo-se, em ambos os casos, as

recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Nesse sentido, verificou-se o papel fundamental da RDC 220/2004, por ter

sido o primeiro Regulamento Técnico publicado no Brasil, no ano de 2004,

elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), visando o

estabelecimento de normas que dispunham os requisitos mínimos, exigidos para o

Page 22: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

28

funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica, tanto em âmbito público

como privado.

Constatou-se ainda que as Normas Regulamentadoras (NR) instituídas pelo

Ministério do Trabalho, são instrumentos regulamentadores essenciais na área da

saúde ocupacional, ressaltando-se a NR 7 e a NR 32, por serem os seus conteúdos

mais pertinentes ao objeto de estudo. De fato, a leitura da NR 7 revelou a

obrigatoriedade do seguimento ocupacional por meio do Programa de Controle

Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), dispondo recomendações específicas

quanto à repetição anual ou até mesmo em intervalos menores, conforme a

necessidade ou a indicação médica, dos exames ocupacionais a que devem ser

submetidos os trabalhadores de Serviços de Terapia Antineoplásica, expostos a

agentes químicos. Já na NR 32 evidenciou-se a preocupação com a segurança e a

proteção da saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde, além da abordagem

sobre os cuidados com a manipulação de quimioterápicos e sobre o dever da

instituição empregadora de assegurar capacitação em biossegurança aos seus

funcionários, bem como de fornecer equipamentos de proteção individual específico,

vedando a realização de qualquer atividade sem o uso de EPI.

No âmbito das normas relacionadas ao exercício profissional da

enfermagem, verificou-se o entendimento por parte do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN) sobre o grande risco potencial inerente aos quimioterápicos,

bem como acerca da necessidade de uma formação fundamentada em

conhecimentos científicos sólidos para o manejo dos mesmos, pelo fato de ser

atribuído exclusivamente ao enfermeiro a responsabilidade sobre a administração

dos agentes antineoplásicos e estabelecido que o seu preparo caberá ao enfermeiro

na ausência do farmacêutico, conforme o disposto nas Resoluções COFEN nº

210/98 e nº 257/01, respectivamente.

Isso possibilitou a constatação de ser o enfermeiro o profissional da equipe

de enfermagem que está mais exposto ao risco ocupacional, em decorrência da sua

competência privativa sobre a manipulação dos quimioterápicos, o que remete ao

entendimento acerca da imprescindibilidade de ser este profissional conhecedor das

normas de biossegurança e de toda a legislação pertinente à saúde do trabalhador,

a fim de preservar a sua integridade física e mental, bem como de toda a equipe sob

o seu comando.

Page 23: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

29

Achados relevantes puderam ser evidenciados pelo presente estudo, como a

existência de casos de aparecimento de tumores secundários e de maiores chances

de aparecimento de câncer, mutagenicidade, alterações genéticas e efeitos

colaterais nos trabalhadores que manipulam antineoplásicos, além das afirmações

de que os danos causados pelos quimioterápicos nestes profissionais afetam

diversos órgãos, como o fígado e o aparelho reprodutivo, correspondendo a

problemas dermatológicos, vertigens, alergias, náuseas, cefaléia, alterações no ciclo

menstrual, ocorrência de aborto, malformações congênitas, alterações nos linfócitos,

modificações no DNA, maiores concentrações de tioéteres na urina, existindo ainda

a possibilidade de serem carcinogênicos e teratogênicos.

Cabe salientar que as considerações verificadas nas obras pesquisadas

alertaram para a necessidade de utilização de todo o aparato adequado dos

Equipamentos de Proteção Individual (EPI), de forma correta, pois há referência de

casos de contaminação ocupacional pelos quimioterápicos tanto em enfermeiros que

não utilizaram os EPI, como naqueles que só fizeram uso de um dos EPI

recomendados durante a manipulação destes agentes químicos.

A literatura estudada revelou também que os agentes químicos podem

contaminar o ambiente e, consequentemente, os profissionais que nele trabalham,

em virtude da constatação da presença de partículas de quimioterápicos no ar, teto,

chão e depositados nos filtros das máscaras utilizadas por enfermeiros que

prepararam as drogas, bem como no filtro de câmaras de fluxo laminar.

Portanto, como fatores predisponentes a estas exposições foram apontados

que os mesmos correspondem em sua maioria às condições inadequadas e ao

ambiente de trabalho, seguidos pelo não uso ou uso inadequado de EPI, pelas

atitudes e hábitos dos profissionais, pela falta de informação, pelo conhecimento

sobre o assunto e pela não observância de medidas de biossegurança.

As referências evidenciaram que as normas relativas à manipulação de

antineoplásicos são também preconizadas pela agência norte-americana

Occupational Safety and Health Administration - OSHA, determinando e

especificando os equipamentos de Proteção Individual (EPI) obrigatórios durante a

manipulação de quimioterápicos, bem como os Equipamentos de Proteção Coletiva

(EPC), como o uso de capela de fluxo laminar vertical classe II, tipo B.

Pode ser observado que há uma opinião convergente sobre a importância da

adoção de medidas de prevenção do risco ocupacional, especialmente no caso dos

Page 24: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

30

trabalhadores que manipulam quimioterápicos e que prestam assistência a

pacientes que realizam quimioterapia antineoplásica, sendo destacadas as medidas

relacionadas ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), ao emprego

dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), à realização do seguimento

ocupacional, ao cumprimento das normas de biossegurança, à existência de área

física adequada, ao treinamento de pessoal e às melhorias gerais das condições de

trabalho.

Além disso, os cuidados com o lixo tóxico quimioterápico também foram

apontados como uma medida preventiva fundamental a ser empregada pela equipe

de enfermagem, tanto sob o ponto de vista técnico, como social, sob a alegação que

tal medida se destina não só à proteção do trabalhador, mas também da pessoa

leiga, considerando a existência de uma parcela populacional que sobrevive à custa

de materiais retirados nos lixos.

Portanto, o estudo em tela propiciou o entendimento sobre os riscos

químicos, inerentes ao emprego dos quimioterápicos que, associados ao déficit de

recursos humanos e materiais e ao manuseio inadequado dos agentes

antineoplásicos, geram riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente aos

profissionais de enfermagem que manipulam os quimioterápicos, evidenciando a

necessidade de eliminação de tais riscos nos Serviços de Quimioterapia.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo possibilitou o conhecimento dos efeitos nocivos dos

quimioterápicos sobre a saúde dos trabalhadores da saúde, em especial dos

trabalhadores de enfermagem, propiciando clareza quanto à caracterização destes

agentes como fatores de risco ocupacional.

As concepções apresentadas evidenciaram a maior vulnerabilidade dos

profissionais de enfermagem que atuam em serviços de quimioterapia

antineoplásica aos efeitos nocivos decorrentes do manuseio dos quimioterápicos,

estando o enfermeiro exposto a um maior risco devido a sua competência privativa

relativa à manipulação destes agentes.

Page 25: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

31

Pode ser verificado que apesar das propriedades terapêuticas dos

quimioterápicos, seus efeitos mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos colocam

em risco a saúde dos profissionais que os manipulam, denotando a

imprescindibilidade da adoção de medidas de prevenção, a fim de garantir uma

atuação profissional segura.

As referências acerca das medidas de segurança a serem adotadas

evidenciaram que as mesmas destinam-se à proteção individual, coletiva, ambiental

e social, pois os agentes antineoplásicos podem ser absorvidos através da pele, por

inalação ou por digestão, além de serem os seus resíduos tóxicos, denotando a

amplitude da sua capacidade de contaminação.

Os entendimentos doutrinários pesquisados demonstraram que diante dos

riscos a que estão expostos, os trabalhadores de enfermagem que manipulam

drogas citostáticas devem estar devidamente qualificados e preparados para que

estejam plenamente cientes dos riscos, das precauções e das adequações nos

procedimentos técnicos envolvidos no preparo e administração dessas substâncias

e no descarte de materiais, para que a sua atividade laboral se torne mais segura.

Portanto, visto que existe uma gama de fatores relacionados diretamente

aos riscos ocupacionais, percebe-se que a adoção de medidas preventivas se

reveste de grande importância, no sentido de inibir a ocorrência destes fatores.

Neste sentido, pode ser constatado que a criação de serviço de saúde do

trabalhador é considerada como uma relevante medida preventiva, a fim de viabilizar

a efetuação de seguimento ocupacional para o acompanhamento das condições de

saúde dos profissionais de forma contínua, propiciando condições para identificação

precoce de qualquer anormalidade, sendo ressaltado que os profissionais que atuam

em serviços de terapia antineoplásica devem ser monitorados, através da inclusão

do controle de risco de genotoxicidade como exame complementar aos exames

rotineiros. Cabe destacar o entendimento de poder ser potencializada a eficácia

deste serviço através do emprego de estratégias que possibilitem uma maior

participação do trabalhador nas decisões e a promoção do seu bem-estar e da sua

segurança no ambiente de trabalho.

Além disso, verifica-se que a criação ou o fortalecimento das Comissões de

Controle de Infecção Hospitalar - CCIH, das Comissões Internas de Prevenção de

Acidentes - CIPA, das Comissões Investigativas e de outras comissões voltadas

para a qualificação e a educação continuada dos profissionais, são essenciais para

Page 26: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

32

conferir mais segurança no ambiente de trabalho. Entretanto, constata-se que

muitas unidades de saúde não dispõem de nenhuma dessas comissões ou as criam

somente para cumprir alguma exigência legal ou administrativa, sem conferir-lhes as

condições de funcionalidade, tornando-se as mesmas inoperantes.

Todavia, é importante ressaltar que as concepções evidenciadas durante o

desenvolvimento do presente estudo, conduziram à compreensão de que a principal

medida de proteção dos trabalhadores refere-se ao seu próprio conhecimento

acerca dos riscos a que se encontra exposto no desempenho de suas atividades

profissionais. Portanto, torna-se imprescindível que os profissionais tenham ciência

de todas as normas de biossegurança inerentes ao seu processo de trabalho, bem

como dos seus direitos e dos deveres do seu empregador, no sentido de

proporcionar um ambiente de trabalho seguro, disponibilizando os equipamentos de

proteção coletiva (EPC) e os equipamentos de proteção individual (EPI) adequados.

Convém ainda salientar que em caso de descumprimento das normas

estabelecidas as autoridades competentes devem ser acionadas pelo trabalhador

para adoção das medidas cabíveis, incluindo-se aqui o Conselho Regional de

Enfermagem (COREN) e/ou o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), caso a

questão envolva trabalhadores de enfermagem.

Por fim, pode-se dizer que as concepções aqui apresentadas permitiram

alcançar o objetivo de estudo inicialmente proposto, fornecendo informações para o

conhecimento do risco ocupacional e os danos mais freqüentes à saúde dos

profissionais de enfermagem em decorrência da sua exposição aos quimioterápicos

e das medidas de prevenção pertinentes, recomendadas para a segurança e

proteção da saúde destes trabalhadores em seu ambiente de trabalho.

Assim, espera-se, que o presente artigo seja entendido como mais um

subsídio na realização de consultas acadêmicas e profissionais, bem como de

estudos e trabalhos científicos voltados para a investigação da saúde dos

trabalhadores de enfermagem.

Page 27: RISCOS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS DE QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA

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OCCUPATIONAL RISKS OF PROFESSIONALS NURSING PROCEDURES FOR

ANTINEOPLASTIC CHEMOTHERAPY

ABSTRACT: This article was compiled from a review study of qualitative approach, developed by means of literature, mainly aimed to investigate, analyze and identify the occupational hazards to which workers are exposed nurses working in cancer chemotherapy services, highlighting the main effects arising from such exposure. Therefore, it was structured in topics, presenting the conceptual aspects related to occupational risk, law of the country concerning the issue, chemotherapy, effects of drugs in the professional health nursing team and preventive measures of occupational risk, highlighting the measures protective equipment (PPE) and collective (EPC) standard for professionals working in this area. The literature review allowed the collection of information that revealed the inherent toxicity to chemotherapeutic agents and that they can cause various types of damage to the health of the worker exposed to it, affecting various organs of the body and causing changes in DNA can be mutagenic, carcinogenic and teratogenic. It also emphasized that among health professionals, there is a greater vulnerability of nursing workers to the harmful effects arising from the handling of chemotherapeutic agents, given the nature of their duties, being a nurse exposed to an increased risk due to its exclusive authority on the handling these agents. Moreover, it was found that knowledge about the various risk factors and the adoption of protective measures for the procedures of chemotherapy become indispensable, providing safety during daily work activities of nurses.

Keywords: Chemotherapy. Oncology Nursing. Occupational Risk.

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