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Quinta-feira, 21 de junho de 2018 - Diário Comercial - 7 Rio de Janeiro MEMÓRIA Músicos criam grupo sobre sambas esquecidos Ledahí Dias Nascimento tinha 14 anos quando, no quin- tal de sua casa, a Escola de Samba Império Serrano foi fundada no Rio de Janeiro, em 1947. Filha de Tia Eulá- lia, matriarca da escola de samba carioca, Dona Leda – hoje com 85 anos – é uma memória viva das primeiras décadas do samba. Às vezes, a lembrança daquele tempo vem em forma de verso, em um cantarolar saudoso, e, assim, uma melodia esquecida pode fazer história. A memória de sambistas da velha guarda é o principal material de trabalho do agru- pamento paulistano Glória ao Samba, que pesquisa músicas inéditas – nunca gravadas – das primeiras décadas do século 20 e que vivem apenas nas recor- dações de antigos integrantes das escolas de samba. Mais de 300 canções já foram redesco- bertas. Depois elas são toca- das em rodas de samba que fazem homenagem a compo- sitores e escolas. O trabalho de campo dos agrupamentos, grupos forma- dos de músicos que se dedi- cam a pesquisar sambas anti- gos, é um verdadeiro quebra- -cabeças. Muitas vezes, uma estrofe é descoberta com uma pessoa e um trecho seguinte se desvenda com outra. “A gente fica estimulando a memória dos sambistas antigos: ‘E esse pedaço aqui?’. Primeiro eles dizem: ‘ah, não lembro’. Mas aos poucos eles vão lem- brando”, descreveu Paulo Mathias, integrante do agrupa- mento. O advogado Rafael Lo Ré, outro integrante, contou que esses encontros, normal- mente, são informais. “Acima de tudo, a gente gosta de fazer aquilo, e acaba cultivando uma amizade. Então a gente repassa os bons tempos, vai falando, mostra uma letra ou outra e chega à melodia”. No caso de dona Leda, o agrupamento conseguiu resga- tar várias músicas. “Ela assis- tiu, desde pequena, às mani- festações de samba em casa. É um documento vivo da his- tória do Império Serrano. Nós levamos uma série de recor- tes de jornais, livros antigos, com letras da década de 1940, 1950 e ela lembrou da melo- dia”, contou Paulo Mathias, outro integrante do agrupa- mento. Ele se refere à música O Último Baile da Corte Impe- rial, composição de Silas de Oliveira, Waldir Medeiros e João Fabrício, que agora é can- tada de forma completa em rodas de samba. Antes que Dona Leda can- tasse O Último Baile da Corte Imperial, a letra era apenas um registro histórico do samba enredo de 1953 do Império Serrano no livro Silas de Oli- veira – do jongo ao samba enredo, publicado em 1981. No encontro do agrupamento com a sambista, ocorrido na sua casa, em 2014, os versos ganharam batucadas inéditas e a canção se completou. “O último baile imperial/foi reali- zado na antiga Ilha Fiscal. Os ilustres visitantes homenagea- dos/partiram para seu país dis- tante/com o êxito brilhante, emocionados”, diz a letra da música resgatada. Subir o morro para ir à casa de um sambista octogenário, perambular nos bares à pro- cura de um amante do samba, manter o olhar atento na qua- dra das escolas para identificar integrantes da velha guarda e viajar o estado em busca de pistas que levem a um antigo membro de escola de samba são algumas das estratégias utilizadas pelos componentes do Glória ao Samba nos 10 anos de trajetória. “A música e a pesquisa caminham lado a lado, a gente não diferencia. A gente gosta de falar sobre samba, de cantar, de compor. Nossa escola é falar sobre os antigos, exercitar esse samba dos antigos compositores. A gente só sabe fazer desse jeito”, explicou Rafael Lo Ré. “Às vezes, a gente aprende com uma pessoa que não era compositora, mas que, de alguma forma, era membro da escola e que se lembra. Alguma pessoa mais antiga. É atrás dessas pessoas que a gente está correndo: morado- res antigos, octogenários”, continuou Lo Ré. O caderni- nho de Jolete Azevedo, a Tia Jujuca, 89 anos, foi fundamen- tal para algumas descobertas. Paulo Mathias relatou que, por causa da religião evangélica, ela já não frequentava rodas de samba, mas as lembranças permaneceram. “Ela contou que, quando estava lavando louça ou fazendo outra coisa, costu- mava lembrar das músicas que eram cantadas, lembrava dos compositores e anotava tudo em um caderninho. Ali tinha uma infinidade de sambas do começo do Império Serrano. Foi assim que ela cantou mui- tos sambas antigos e desconhe- cidos para as pessoas da nossa geração”, disse Mathias. Outro samba que teve a melodia redescoberta por Dona Leda conta um pouco da história da escola. “Impé- rio não tem padrinho, que eu saiba. A Portela ia batizar, mas já naquele ano nós ganhamos. Assim que a Império fundou foi campeã, aí já ficaram abor- recidos. Segundo ano, a Impé- rio campeã outra vez, aí o jor- nal: ‘Escola de Madureira é a escola que brilha’. Aí, pronto, começou a inimizade”, relem- brou. Da intriga se fez samba. A Portela cantou: “Portela é despida de vaidade. Vitória para a Portela é banalidade, é banalidade, é banalidade”. E o Império retrucou: “Este é o Império Serrano, campeão de quatro anos. Quem disse que vitória é banalidade, para o Império não é novidade”. Recortes de jornais da época encontrados em biblio- tecas, livros sobre a história das escolas de samba ou até mesmo prospectos – folhas impressas com as letras que eram distribuídas nas rodas de samba – são alguns dos meios utilizados pelos integrantes do Glória ao Samba para desco- brir músicas inéditas. Mas, às vezes, a própria memória do sambista é a fonte de pesquisa. Foi assim com Jarbas Soares, o Binha do Salgueiro, que reve- lou, em 2008, a Rafael Lo Ré, a canção Em 59, balançamos a roseira. “Comecei a conversar com ele por telefone, a fazer uma amizade, para agendar uma ida ao Rio de Janeiro. Pelo telefone mesmo, ele me cantou esse samba”, relembrou Lo Ré. Se o encontro com Binha demo- rasse mais de ocorrer, a melo- dia poderia não ter sido recu- perada, pois o sambista morreu em 2017. Paulo Mathias des- taca que Binha do Salgueiro foi também um dos autores do pri- meiro samba enredo a falar da matriz africana do Brasil, com Chico Rei, de 1964, quando a agremiação foi vice-campeã do carnaval carioca e que teve a Portela como primeiro lugar. O primeiro samba enredo da escola Paraíso do Tuiuti, por sua vez, nunca fora gravado. A descoberta da melodia ocorreu a partir do encontro com um dos compositores, Jorge Car- doso, em 2014. O Desenlace do Doutor Roquete Pinto embalou o desfile de 1955. “Ele estava cantando muitos sambas, sem muito critério, e eu estava gra- vando tudo. Quando aparecia algo diferente, ficava atento. Até que ele cantou esse samba. Eu não toquei mais o cavaqui- nho e ele cantou”, relatou Lo Ré. Cardoso também integrou a ala dos compositores da Acadê- micos do Salgueiro, sendo res- ponsável pelo desenho símbolo da escola. O sambista morreu em julho de 2017. FERNANDEZ DE OLIVEIRA NETTO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S.A. CNPJ nº 07.935.917/0001-27 Aviso de extravio de livros societários. Fernandez de Oliveira Netto Empreen- dimentos e Participações S.A., inscrita no CNPJ 07.935.917/0001-27, com sede na Praia de Botafogo, 501, sala 101, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ e com seus atos constitutivos arquivados na JUCERJA, sob o NIRE 33.3.0027750-1, comunica à praça e ao mercado em geral para diversos fins o extravio dos seguintes livros: (i) Livro de Registro de Ações Nominativas nº 01; (ii) Livro de Transferência de Ações Nominativas nº 01; (iii) Livro de Atas de Assembleias Gerais nº 01; (iv) Livro de Presença de Acionistas nº 01; e (v) Livro de Atas das Reuniões de Diretoria nº 01. O presente aviso já havia sido publicado na página 8 do Diário Oficial da União no dia 22/01/2014, mas em razão do disposto no art. 264, § 1º, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (“Decreto 3000/99”) e no art. 10º do Decreto-Lei 486/69, o presente comunicado está sendo republicado. ESTADO DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS AVISO A COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE torna público que fará realizar, em atendimento ao disposto no Art. 39 da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, e suas modificações posteriores, a AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 001/2018, referente à contratação de empresa(s) para “Operação e Otimização do Sistema de Leitura, Medição, Faturamento e Arrecadação, com Gerenciamento e Operação de Ações Comerciais em toda a área de Concessão da CEDAE, em 3 (três) Lotes” . A Audiência Pública objeto deste aviso será realizada às 09h, do dia 05 de julho de 2018, no Auditório Principal da Universidade Corporativa da CEDAE, sito à Rua Euclides da Cunha, nº 81 - 4º andar, São Cristóvão, Rio de Janeiro/RJ. Informações sobre o procedimento estarão à disposição dos interessados no site da CEDAE - www.cedae.com.br para consulta. COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE CNPJ: 33.352.394/0001-04 CONCESSÃO DE LICENÇA COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS – CEDAE, torna público que recebeu do Instituto Estadual do Ambiente – INEA, a LICENÇA DE OPERAÇÃO LO nº IN045017, com validade até 22 de maio de 2023, que a autoriza Sistema de coleta e de tratamento de esgoto em estação de tratamento em nível secundário (ETE Penha) com vazão média de 600L/s, composto por 45,8 Km de troncos coletores e 9,4 Km de linhas derecalque e as seguintes estações elevatórias: EE 56 – Vila de João, EES 57 – Maré I, EES 58 – Maré II, EE 59 – Fundão, EES 101 – Roquete Pinto I, EES 102 – Roquete Pinto II, EES Vila Operária, EES 60 – Faria Timbó, EE Parque Tecnológico, na RUA CUBA, 01 – PENHA, município de Rio de Janeiro. Processo nº E-07/506576/2010. PERTO DE VOCÊ MAVERICK HOLDING S.A. CNPJ/MF nº 16.855.255/0001-76 - NIRE 33.3.003.0423-1 Edital de Convocação. Ficam os acionistas da Maverick Holding S.A. (“Cia. ”), Cia. com sede na Rua México, 168, sls 306 a 313, Centro/RJ, Cep 20031-143, convocados a se reunirem, em 1ª convocação, em AGE (“As- sembleia”) a ser realizada às 11hs do dia 02/07/2018, na sede da Cia., para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: aumento de capital social no valor de até R$50.000.000,00 mediante emissão de até 1.250.000 ações ordinárias e até 1.250.000 ações preferenciais, pelo preço de emissão de R$20,00 por cada ação, as quais poderão ser integralizadas em dinheiro, bens ou crédito. Diretora, Patricia Coelho. DRF Polícia prende suspeito de explodir agências bancárias para furtos Policiais da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) pren- deram um suspeito de explodir várias agências bancárias com o objetivo de furtar dinheiro de caixas eletrônicos no Rio de Janeiro. Rodrigo Correia Mar- tins de Piedade, conhecido como Loirinho, tinha contra ele um mandado de prisão preventiva por roubo duplamente quali- ficado. De acordo coma Polícia Civil, Loirinho foi preso em sua casa, na comunidade do Fogueteiro. Estava com uma pistola Glock 40, adaptada para disparar tiros em rajada. Na ação também foi recuperado um veículo roubado. Ainda segundo a Polícia Civil, ele é apontado como um dos líderes de uma quadrilha especializada em furto de cai- xas eletrônico com emprego de material explosivo. Outros sus- peitos de integrar o grupo cri- minoso também foram identifi- cados. O suspeito tem inúmeras anotações criminais por roubo, com prisões anteriores. Na madrugada de ontem, cri- minosos explodiram uma agên- cia bancária em frente ao mer- cado municipal Cadeg, no bairro de Benfica, na zona norte do Rio. Policiais foram chamados ao local e entraram em confronto com os criminosos. Várias pes- soas ficaram presas no meio do fogo cruzado. Durante o tiroteio, uma pes- soa que estava no local ficou ferida e foi encaminhada para o Hospital Municipal Salgado Filho. Buscas foram feitas na região, mas os responsáveis não foram presos, segundo informa- ções da Polícia Militar. FORÇAS ARMADAS Exército destrói quase 9 mil armas no Rio de Janeiro em ato da Intervenção Parte das armas foi apreendida em atividade criminosa e duas mil recolhidas de batalhões da PMRJ O Exército destruiu on- tem 8.549 armas nas dependências do Ba- talhão de Manuten- ção e Suprimento de Armas do Exército, em Deodoro, na zona oeste da cidade do Rio de Ja- neiro. A ação faz parte das ope- rações conduzidas pelo Gabi- nete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro nos batalhões da Polícia Militar em Bangu, Jacarepaguá, de Operações Po- liciais Especiais (Bope). Parte das armas foi apre- endida em atividades cri- minosas, outras entregues voluntariamente e duas mil recolhidas de batalhões da Polícia Militar, após testes que concluíram que as armas estavam obsoletas e sem con- dições de uso na atividade policial. Durante a cerimônia, o porta-voz do Comando Mili- tar do Leste (CML), Carlos Cinelli, lembrou que a ação faz parte da Operação Vulcão, que cumpre acordo de cooperação técnica firmada com o Conse- lho Nacional de Justiça (CNJ) e o Comando do Exército em novembro do ano passado. “O Exército já faz essa destruição periodicamente, mediante convênio com o Con- selho Nacional de Justiça e o Comando do Exército, por meio dos comandos de áreas. Aqui, no Rio, em face do pro- cesso de intervenção que esta- mos vivendo, a destruição tem contorno diferenciado, uma vez que falamos de origens dis- tintas: são armamentos retira- dos das mãos de criminosos, entregues voluntariamente por colecionadores ou, ainda, reco- lhidas de alguns batalhões da PM do estado por estarem obsoletas e sem condições de uso”, afirmou. Segundo o porta-voz, uma das prioridades das for- ças conjuntas é a apreensão de armamentos pesados atu- almente em poder dos trafi- cantes. Neste ano foram reti- rados de circulação quase 200 fuzis, tanto pela Polícia Militar como pela Polícia Civil. Só na semana passada foram apreen- didos quase 10 fuzis, em ação da PM. A ação está inserida em medidas estruturantes neces- sárias à padronização da logís- tica de armamento e munição das polícias do estado, infor- mou. Cinelli lembrou que exis- tem hoje, nas mãos da PM, armas de diferentes calibres e diferentes modelos, e que demandando diferentes tipos munições. “Então fica muito difícil de organizar essa logís- tica de distribuição”, afirmou. “O secretário de Segu- rança tem dito que fuzil na mão de criminosos é um aten- tado à democracia. Estamos fazendo um esforço muito grande nesse sentido. Também temos dito que os efeitos da intervenção não são de curto prazo: são efeitos de médio e longo prazo e, basicamente, frutos de ações estruturadas que estão sendo priorizados pelo Gabinete de Intervenção. Porque os pequenos roubos de ruas, nas lojas de conve- niência e nos postos de gaso- lina são feitos com armas de pequeno porte, o que também nos preocupa.” O porta-voz do CML garan- tiu que essas ações emergen- ciais de retirada de arma- mento de circulação aconte- cem o tempo todo. “O que acontece é que, muitas vezes, pelo impacto e letalidade que o fuzil causa ele concentra mais as atenções. Mas não podemos esquecer que armamentos de pequeno porte, como o revól- ver a pistola, também causam muitos transtornos e mortes junto à população. Porque os pequenos roubos de ruas, nas lojas de conveniência e nos postos de gasolina são feitos com armas de pequeno porte e que também são frutos de pre- ocupações entre nós”. De acordo com o porta-voz, os policiais têm tentado apre- ender fuzis da melhor maneira possível. “Mas é muito difícil apreender este tipo de arma- mento em larga escala, porque a técnica de armazenamento por parte da criminalidade não é como no passado, quando centralizavam tudo em uma reserva de armamento único. Hoje eles fragmentam, pulve- rizam a guarda: então o reco- lhimento tem sido feito frag- mentado”, disse.

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Page 1: Rio de Janeiro - storage.googleapis.com§ão... · tória do Império Serrano. Nós levamos uma série de recor-tes de jornais, livros antigos, com letras da década de 1940, 1950

Quinta-feira, 21 de junho de 2018 - Diário Comercial - 7

Rio de Janeiro

MEMÓRIA ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

Músicos criam grupo sobre sambas esquecidosLedahí Dias Nascimento

tinha 14 anos quando, no quin-tal de sua casa, a Escola de Samba Império Serrano foi fundada no Rio de Janeiro, em 1947. Filha de Tia Eulá-lia, matriarca da escola de samba carioca, Dona Leda – hoje com 85 anos – é uma memória viva das primeiras décadas do samba. Às vezes, a lembrança daquele tempo vem em forma de verso, em um cantarolar saudoso, e, assim, uma melodia esquecida pode fazer história.

A memória de sambistas da velha guarda é o principal material de trabalho do agru-pamento paulistano Glória ao Samba, que pesquisa músicas inéditas – nunca gravadas – das primeiras décadas do século 20 e que vivem apenas nas recor-dações de antigos integrantes das escolas de samba. Mais de 300 canções já foram redesco-bertas. Depois elas são toca-das em rodas de samba que fazem homenagem a compo-sitores e escolas.

O trabalho de campo dos agrupamentos, grupos forma-dos de músicos que se dedi-cam a pesquisar sambas anti-gos, é um verdadeiro quebra--cabeças. Muitas vezes, uma estrofe é descoberta com uma pessoa e um trecho seguinte se

desvenda com outra. “A gente fica estimulando a memória dos sambistas antigos: ‘E esse pedaço aqui?’. Primeiro eles dizem: ‘ah, não lembro’. Mas aos poucos eles vão lem-brando”, descreveu Paulo Mathias, integrante do agrupa-mento. O advogado Rafael Lo Ré, outro integrante, contou que esses encontros, normal-mente, são informais. “Acima de tudo, a gente gosta de fazer aquilo, e acaba cultivando uma amizade. Então a gente repassa os bons tempos, vai falando, mostra uma letra ou outra e chega à melodia”.

No caso de dona Leda, o agrupamento conseguiu resga-tar várias músicas. “Ela assis-tiu, desde pequena, às mani-festações de samba em casa. É um documento vivo da his-tória do Império Serrano. Nós levamos uma série de recor-tes de jornais, livros antigos, com letras da década de 1940, 1950 e ela lembrou da melo-dia”, contou Paulo Mathias, outro integrante do agrupa-mento. Ele se refere à música O Último Baile da Corte Impe-rial, composição de Silas de Oliveira, Waldir Medeiros e João Fabrício, que agora é can-tada de forma completa em rodas de samba.

Antes que Dona Leda can-

tasse O Último Baile da Corte Imperial, a letra era apenas um registro histórico do samba enredo de 1953 do Império Serrano no livro Silas de Oli-veira – do jongo ao samba enredo, publicado em 1981. No encontro do agrupamento com a sambista, ocorrido na sua casa, em 2014, os versos ganharam batucadas inéditas e a canção se completou. “O último baile imperial/foi reali-zado na antiga Ilha Fiscal. Os ilustres visitantes homenagea-dos/partiram para seu país dis-tante/com o êxito brilhante, emocionados”, diz a letra da música resgatada.

Subir o morro para ir à casa de um sambista octogenário, perambular nos bares à pro-cura de um amante do samba, manter o olhar atento na qua-dra das escolas para identificar integrantes da velha guarda e viajar o estado em busca de pistas que levem a um antigo membro de escola de samba são algumas das estratégias utilizadas pelos componentes do Glória ao Samba nos 10 anos de trajetória. “A música e a pesquisa caminham lado a lado, a gente não diferencia. A gente gosta de falar sobre samba, de cantar, de compor. Nossa escola é falar sobre os antigos, exercitar esse samba

dos antigos compositores. A gente só sabe fazer desse jeito”, explicou Rafael Lo Ré.

“Às vezes, a gente aprende com uma pessoa que não era compositora, mas que, de alguma forma, era membro da escola e que se lembra. Alguma pessoa mais antiga. É atrás dessas pessoas que a gente está correndo: morado-res antigos, octogenários”, continuou Lo Ré. O caderni-nho de Jolete Azevedo, a Tia Jujuca, 89 anos, foi fundamen-tal para algumas descobertas. Paulo Mathias relatou que, por causa da religião evangélica, ela já não frequentava rodas de samba, mas as lembranças permaneceram.

“Ela contou que, quando estava lavando louça ou fazendo outra coisa, costu-mava lembrar das músicas que eram cantadas, lembrava dos compositores e anotava tudo em um caderninho. Ali tinha uma infinidade de sambas do começo do Império Serrano. Foi assim que ela cantou mui-tos sambas antigos e desconhe-cidos para as pessoas da nossa geração”, disse Mathias.

Outro samba que teve a melodia redescoberta por Dona Leda conta um pouco da história da escola. “Impé-rio não tem padrinho, que eu

saiba. A Portela ia batizar, mas já naquele ano nós ganhamos. Assim que a Império fundou foi campeã, aí já ficaram abor-recidos. Segundo ano, a Impé-rio campeã outra vez, aí o jor-nal: ‘Escola de Madureira é a escola que brilha’. Aí, pronto, começou a inimizade”, relem-brou. Da intriga se fez samba. A Portela cantou: “Portela é despida de vaidade. Vitória para a Portela é banalidade, é banalidade, é banalidade”. E o Império retrucou: “Este é o Império Serrano, campeão de quatro anos. Quem disse que vitória é banalidade, para o Império não é novidade”.

Recortes de jornais da época encontrados em biblio-tecas, livros sobre a história das escolas de samba ou até mesmo prospectos – folhas impressas com as letras que eram distribuídas nas rodas de samba – são alguns dos meios utilizados pelos integrantes do Glória ao Samba para desco-brir músicas inéditas. Mas, às vezes, a própria memória do sambista é a fonte de pesquisa. Foi assim com Jarbas Soares, o Binha do Salgueiro, que reve-lou, em 2008, a Rafael Lo Ré, a canção Em 59, balançamos a roseira.

“Comecei a conversar com ele por telefone, a fazer uma

amizade, para agendar uma ida ao Rio de Janeiro. Pelo telefone mesmo, ele me cantou esse samba”, relembrou Lo Ré. Se o encontro com Binha demo-rasse mais de ocorrer, a melo-dia poderia não ter sido recu-perada, pois o sambista morreu em 2017. Paulo Mathias des-taca que Binha do Salgueiro foi também um dos autores do pri-meiro samba enredo a falar da matriz africana do Brasil, com Chico Rei, de 1964, quando a agremiação foi vice-campeã do carnaval carioca e que teve a Portela como primeiro lugar.

O primeiro samba enredo da escola Paraíso do Tuiuti, por sua vez, nunca fora gravado. A descoberta da melodia ocorreu a partir do encontro com um dos compositores, Jorge Car-doso, em 2014. O Desenlace do Doutor Roquete Pinto embalou o desfile de 1955. “Ele estava cantando muitos sambas, sem muito critério, e eu estava gra-vando tudo. Quando aparecia algo diferente, ficava atento. Até que ele cantou esse samba. Eu não toquei mais o cavaqui-nho e ele cantou”, relatou Lo Ré. Cardoso também integrou a ala dos compositores da Acadê-micos do Salgueiro, sendo res-ponsável pelo desenho símbolo da escola. O sambista morreu em julho de 2017.

FERNANDEZ DE OLIVEIRA NETTOEMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S.A.

CNPJ nº 07.935.917/0001-27Aviso de extravio de livros societários. Fernandez de Oliveira Netto Empreen-dimentos e Participações S.A., inscrita no CNPJ 07.935.917/0001-27, com sede na Praia de Botafogo, 501, sala 101, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ e com seus atos constitutivos arquivados na JUCERJA, sob o NIRE 33.3.0027750-1, comunica à praça e ao mercado em geral para diversos fins o extravio dos seguintes livros: (i) Livro de Registro de Ações Nominativas nº 01; (ii) Livro de Transferência de Ações Nominativas nº 01; (iii) Livro de Atas de Assembleias Gerais nº 01; (iv) Livro de Presença de Acionistas nº 01; e (v) Livro de Atas das Reuniões de Diretoria nº 01. O presente aviso já havia sido publicado na página 8 do Diário Oficial da União no dia 22/01/2014, mas em razão do disposto no art. 264, § 1º, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (“Decreto 3000/99”) e no art. 10º do Decreto-Lei 486/69, o presente comunicado está sendo republicado.

ESTADO DO RIO DE JANEIROSECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE

COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS

AVISO

A COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE torna público que fará realizar, em atendimento ao disposto no Art. 39 da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, e suas modificações posteriores, a AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 001/2018, referente à contratação de empresa(s) para “Operação e Otimização do Sistema de Leitura, Medição, Faturamento e Arrecadação, com Gerenciamento e Operação de Ações Comerciais em toda a área de Concessão da CEDAE, em 3 (três) Lotes”. A Audiência Pública objeto deste aviso será realizada às 09h, do dia 05 de julho de 2018, no Auditório Principal da Universidade Corporativa da CEDAE, sito à Rua Euclides da Cunha, nº 81 - 4º andar, São Cristóvão, Rio de Janeiro/RJ. Informações sobre o procedimento estarão à disposição dos interessados no site da CEDAE - www.cedae.com.br para consulta.

COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE

CNPJ: 33.352.394/0001-04

CONCESSÃO DE LICENÇA

COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS – CEDAE, torna público que recebeu do Instituto Estadual do Ambiente – INEA, a LICENÇA DE OPERAÇÃO LO nº IN045017, com validade até 22 de maio de 2023, que a autoriza Sistema de coleta e de tratamento de esgoto em estação de tratamento em nível secundário (ETE Penha) com vazão média de 600L/s, composto por 45,8 Km de troncos coletores e 9,4 Km de linhas derecalque e as seguintes estações elevatórias: EE 56 – Vila de João, EES 57 – Maré I, EES 58 – Maré II, EE 59 – Fundão, EES 101 – Roquete Pinto I, EES 102 – Roquete Pinto II, EES Vila Operária, EES 60 – Faria Timbó, EE Parque Tecnológico, na RUA CUBA, 01 – PENHA, município de Rio de Janeiro. Processo nº E-07/506576/2010.

PERTO DE VOCÊ

MAVERICK HOLDING S.A. CNPJ/MF nº 16.855.255/0001-76 - NIRE 33.3.003.0423-1

Edital de Convocação. Ficam os acionistas da Maverick Holding S.A. (“Cia.”), Cia. com sede na Rua México, 168, sls 306 a 313, Centro/RJ, Cep 20031-143, convocados a se reunirem, em 1ª convocação, em AGE (“As-sembleia”) a ser realizada às 11hs do dia 02/07/2018, na sede da Cia., para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: aumento de capital social no valor de até R$50.000.000,00 mediante emissão de até 1.250.000 ações ordinárias e até 1.250.000 ações preferenciais, pelo preço de emissão de R$20,00 por cada ação, as quais poderão ser integralizadas em dinheiro, bens ou crédito. Diretora, Patricia Coelho.

DRF ���������������������������������������������������������

Polícia prende suspeito de explodir agências bancárias para furtos

Policiais da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) pren-deram um suspeito de explodir várias agências bancárias com o objetivo de furtar dinheiro de caixas eletrônicos no Rio de Janeiro. Rodrigo Correia Mar-tins de Piedade, conhecido como Loirinho, tinha contra ele um mandado de prisão preventiva por roubo duplamente quali-ficado.

De acordo coma Polícia Civil, Loirinho foi preso em sua casa, na comunidade do Fogueteiro. Estava com uma pistola Glock 40, adaptada para disparar tiros em rajada. Na ação também foi recuperado um veículo roubado.

Ainda segundo a Polícia Civil, ele é apontado como um dos líderes de uma quadrilha especializada em furto de cai-xas eletrônico com emprego de

material explosivo. Outros sus-peitos de integrar o grupo cri-minoso também foram identifi-cados. O suspeito tem inúmeras anotações criminais por roubo, com prisões anteriores.

Na madrugada de ontem, cri-minosos explodiram uma agên-cia bancária em frente ao mer-cado municipal Cadeg, no bairro de Benfica, na zona norte do Rio. Policiais foram chamados ao local e entraram em confronto com os criminosos. Várias pes-soas ficaram presas no meio do fogo cruzado.

Durante o tiroteio, uma pes-soa que estava no local ficou ferida e foi encaminhada para o Hospital Municipal Salgado Filho. Buscas foram feitas na região, mas os responsáveis não foram presos, segundo informa-ções da Polícia Militar.

FORÇAS ARMADAS ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

Exército destrói quase 9 mil armas no Rio de Janeiro em ato da IntervençãoParte das armas foi apreendida em atividade criminosa e duas mil recolhidas de batalhões da PMRJ

O Exército destruiu on-tem 8.549 armas nas dependências do Ba-talhão de Manuten-

ção e Suprimento de Armas do Exército, em Deodoro, na zona oeste da cidade do Rio de Ja-neiro. A ação faz parte das ope-rações conduzidas pelo Gabi-nete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro nos batalhões da Polícia Militar em Bangu, Jacarepaguá, de Operações Po-liciais Especiais (Bope).

Parte das armas foi apre-endida em atividades cri-minosas, outras entregues voluntariamente e duas mil recolhidas de batalhões da Polícia Militar, após testes que concluíram que as armas estavam obsoletas e sem con-

dições de uso na atividade policial.

Durante a cerimônia, o porta-voz do Comando Mili-tar do Leste (CML), Carlos Cinelli, lembrou que a ação faz parte da Operação Vulcão, que cumpre acordo de cooperação técnica firmada com o Conse-lho Nacional de Justiça (CNJ) e o Comando do Exército em novembro do ano passado.

“O Exército já faz essa destruição periodicamente, mediante convênio com o Con-selho Nacional de Justiça e o Comando do Exército, por meio dos comandos de áreas. Aqui, no Rio, em face do pro-cesso de intervenção que esta-mos vivendo, a destruição tem contorno diferenciado, uma

vez que falamos de origens dis-tintas: são armamentos retira-dos das mãos de criminosos, entregues voluntariamente por colecionadores ou, ainda, reco-lhidas de alguns batalhões da PM do estado por estarem obsoletas e sem condições de uso”, afirmou.

Segundo o porta-voz, uma das prioridades das for-ças conjuntas é a apreensão de armamentos pesados atu-almente em poder dos trafi-cantes. Neste ano foram reti-rados de circulação quase 200 fuzis, tanto pela Polícia Militar como pela Polícia Civil. Só na semana passada foram apreen-didos quase 10 fuzis, em ação da PM. A ação está inserida em medidas estruturantes neces-

sárias à padronização da logís-tica de armamento e munição das polícias do estado, infor-mou.

Cinelli lembrou que exis-tem hoje, nas mãos da PM, armas de diferentes calibres e diferentes modelos, e que demandando diferentes tipos munições. “Então fica muito difícil de organizar essa logís-tica de distribuição”, afirmou.

“O secretário de Segu-rança tem dito que fuzil na mão de criminosos é um aten-tado à democracia. Estamos fazendo um esforço muito grande nesse sentido. Também temos dito que os efeitos da intervenção não são de curto prazo: são efeitos de médio e longo prazo e, basicamente,

frutos de ações estruturadas que estão sendo priorizados pelo Gabinete de Intervenção. Porque os pequenos roubos de ruas, nas lojas de conve-niência e nos postos de gaso-lina são feitos com armas de pequeno porte, o que também nos preocupa.”

O porta-voz do CML garan-tiu que essas ações emergen-ciais de retirada de arma-mento de circulação aconte-cem o tempo todo. “O que acontece é que, muitas vezes, pelo impacto e letalidade que o fuzil causa ele concentra mais as atenções. Mas não podemos esquecer que armamentos de pequeno porte, como o revól-ver a pistola, também causam muitos transtornos e mortes

junto à população. Porque os pequenos roubos de ruas, nas lojas de conveniência e nos postos de gasolina são feitos com armas de pequeno porte e que também são frutos de pre-ocupações entre nós”.

De acordo com o porta-voz, os policiais têm tentado apre-ender fuzis da melhor maneira possível. “Mas é muito difícil apreender este tipo de arma-mento em larga escala, porque a técnica de armazenamento por parte da criminalidade não é como no passado, quando centralizavam tudo em uma reserva de armamento único. Hoje eles fragmentam, pulve-rizam a guarda: então o reco-lhimento tem sido feito frag-mentado”, disse.