richard serra
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trabalho de história da arte, richard serraTRANSCRIPT
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Graduação em Arquitetura e Urbanismo
RICHARD SERRA:
reconstrução do espaço e ressignificação das experiências individuais
Maria Honória Ferreira
Raissa Campos da Silva
Fernanda Israel Pio
Poços de Caldas
2015
A experiência existencial através das obras de Richard Serra
Richard Serra nasceu em 1938, em São Francisco na Flórida, é formado em literatura inglesa
pela universidade de Yale. Expõe em galerias, mas sua especialidade é tirar esculturas do
pedestal e coloca-las nas ruas. Tais esculturas são de forma gigantesca, feitas de aço e pesam
toneladas. 1
Visitantes do Museu Guggenheim Bilbao caminham pelas esculturas "The Matter of Time", em 2011 (Foto: Rafa Rivas/AFP/Getty Images)
Tanto no ambiente externo quanto no interno as obras de Richard Serra são um convite à
interação, na imagem acima observamos uma representação da obra “The Matter of Time”, o
conjunto da obra tem cerca de 1200 toneladas e mais de 430 pés de comprimento. A
constituição da obra obriga que o observador adentre às estruturas, interaja, sinta a estrutura e a
textura. Trata-se de uma experiência sensorial, existencial. A obra existe no tempo e na
observação, existe na interação. A obra traz uma ideia de temporalidade múltipla, e a
experiência está totalmente ligada à disposição do observador de explorar tanto a obra quanto
suas vivências anteriores.
“É função da arte, em particular, tornar acessíveis modos não vistos de se ver.”2
1 EVELIN, Guilherme. Richard Serra: “A era das estrelas da arquitetura está em declínio”. (Entrevista) Época, Globo. 2014.Disponível em: http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2014/05/brichard-serrab-era-das-estrelas-da-arquitetura-esta-em-declinio.html2 SERRA, Richard. “Conferência Belknap”. in: Richard Serra. Escritos e entrevistas, 1967-2013. São Paulo:Instituto Moreira Salles, 2014. p.239.
Richard Serra
Escultura “Tilted Arc” de Richard Serra, sul de Manhattan. (Foto: Touch of a Class)
A obra representada na imagem acima, da década de 1980 consiste em uma parede de aço
ondulada, maior nas extremidades, mas ainda tão alta em toda sua extensão que torna
impossível que se veja outra pessoa posicionada na outra face da grande parede. A obra foi
encomendada pelo programa Arts-In-Architeture do US General Services Administration for the
Federal Plazza em Nova York. A obra sofreu rejeição do público e foi removida em 1989.3
Serra busca com suas obras uma redefinição do espaço arquitetônico, Ana Luiza Nobre discorre
sobre uma exposição de desenhos do artista:
A exposição Richard Serra: desenhos na casa da Gávea é bem mais, portanto, que uma mostra de desenhos de um dos maiores artistas contemporâneos. Os trabalhos foram posicionados pelo próprio artista em paredes e vitrines. Mas a ação de Serra, mais uma vez, foi muito além da disposição das obras e envolveu uma redefinição profunda do espaço arquitetônico em que elas se situam – embora a operação tenha se resumido, efetivamente, à remoção dos painéis de vedação que recobriam os panos de vidro e as colunas soltas que caracterizam a sintaxe modernista da casa projetada por Olavo Redig de Campos no final da década de 1940. 4
3 Richard Serra. Touch of a Class. Disponível em: http://www.touchofclass.com.br/_main/artistas/_artistadomes/2015-07_richardserra.html4 NOBRE, Ana Luiza. Serra: desenho-espaço. Blog do IMS, 2014. Disponível em: http://www.blogdoims.com.br/ims/serra-desenho-espaco
Salas da exposição Richard Serra: desenhos na casa da Gávea, no IMS no Rio de Janeiro. No alto: obras da série Courtauld transparency; acima: Reversals. Fotografias de Cristiano Mascaro.
Algumas obras de Serra do final da década de 60, tem uma característica de repetição. Ora
placas de metal empilhadas, ora enfileiradas. No texto de Agnaldo Farias, intitulado “De
Richard Serra para Arquitetos” 5 a reflexão se dá no sentido de estabelecer uma relação entre
observador e espaço, e uma critica ao processo “sintomático” dos arquitetos nos projetos. Para
Serra a obra isola o observador e cria uma espécie de próprio tempo e espaço, tornando-o parte
do lugar, reestruturando a percepção da obra, do espaço, do tempo e de si.
Em entrevista à Época Richard fala sobre a experiência da escultura urbana:
Ao fazer uma escultura urbana, eu tenho que achar um lugar. Um lugar sempre tem um contexto, mesmo quando se trata de um local abandonado. Nunca há um contexto neutro. Ele sempre carrega significados ideológicos. Quando faço uma escultura urbana, eu tento então redefinir o espaço em termos da das minhas preocupações esculturais, não em termos da fisionomia existente do espaço. Não quero ser útil, ser subserviente, ser adaptado ou fazer arte aplicada. Eu quero interagir com a cidade, o contexto urbanístico, de modo a definir um espaço que eu considere escultural em termos da minha própria linguagem, extendendo a definição do que uma escultura pode se tornar. Muitas vezes, você faz um trabalho de arte que pode ser considerado inútil em um espaço urbano. As pessoas que estão no poder então são relutantes em dar uma permissão ou dar apoio para um trabalho que não está nem decorando, nem melhorando, nem embelezando o espaço das pessoas. Isso provoca um certo conflito. Os arquitetos frequentemente também ficam muito incomodados se você muda o propósito do espaço com uma preocupação escultural ou se você divide o espaço de um jeito diferente do que eles imaginavam. Seu trabalho como escultor, portanto, se torna crítico da arquitetura do jeito que os arquitetos organizam o espaço. Nenhuma linguagem pode ser crítica dela própria. É preciso uma outra linguagem para
5 FARIAS, Agnaldo. De Richard Serra para os arquitetos. São Paulo. Publicado na Revista Caramelo 6, 1993. 170 p.
criticá-la. Invariavelmente, a escultura urbana, por causa da sua grande escala, se torna então uma voz crítica da arquitetura e do contexto urbano.6
Percebemos que a característica das obras de Richard Serra é extremamente provocativa e
integrada ao ambiente e ao observador, ao ponto que passa a interferir no meio e no sujeito.
Suas esculturas são pela proporção e pelos materiais utilizados um trabalho coletivo de diversos
profissionais, do recorte da peça à possibilidade de se atingir a posição e o efeito requerido por
Serra. Vemos presente um caráter fenomenológico e existencial que amplia o significado da
obra e reestrutura o ambiente expositivo.
6 EVELIN, Guilherme. Richard Serra: “A era das estrelas da arquitetura está em declínio”. (Entrevista) Época, Globo. 2014.
Referências Bibliográficas
EVELIN, Guilherme. Richard Serra: “A era das estrelas da arquitetura está em declínio”.
(Entrevista) Época, Globo. 2014.
FARIAS, Agnaldo. De Richard Serra para os arquitetos. São Paulo. Publicado na Revista
Caramelo 6, 1993. 170 p.
NOBRE, Ana Luiza. Serra: desenho-espaço. Blog do IMS, 2014. Disponível em: http://www.blogdoims.com.br/ims/serra-desenho-espaco
Richard Serra. Touch of a Class. Disponível em: http://www.touchofclass.com.br/_main/artistas/_artistadomes/2015-
07_richardserra.html
SERRA, Richard. “Conferência Belknap”. in: Richard Serra. Escritos e entrevistas, 1967-
2013. São Paulo:Instituto Moreira Salles, 2014. p.239.