ricardo manuel pinheiro ferreira -...
TRANSCRIPT
Ricardo Manuel Pinheiro Ferreira
Aproveitamento de Energia emSistemas de Abastecimento de Água
Rica
rdo
Man
uel P
inhe
iro F
erre
ira
setembro de 2015UMin
ho |
201
5Ap
rove
itam
ento
de
Ener
gia
emSi
stem
as d
e Ab
aste
cim
ento
de
Água
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
setembro de 2015
Dissertação de MestradoCiclo de Estudos Integrados Conducentes aoGrau de Mestre em Engenharia Civil
Trabalho efectuado sob a orientação doProfessor Doutor Júlio Ferreira da Silva
Ricardo Manuel Pinheiro Ferreira
Aproveitamento de Energia emSistemas de Abastecimento de Água
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
AGRADECIMENTOS
Universidade do Minho iii
AGRADECIMENTOS
Esta secção permite-me demonstrar a minha gratidão a todos aqueles que contribuíram, de uma
maneira ou outra, para a realização deste trabalho. Queria em especial agradecer às seguintes
pessoas:
Aos meus pais que durante estes anos trabalharam para que nada me faltasse,
incentivando-me sempre, contribuindo deste modo para o meu êxito escolar;
A todos os meus amigos, em especial, ao Nelson Costa, Miguel Barros, Cláudio
Carneiro e Isaías Rodrigues por me terem acompanhado nesta longa e dura caminhada
de início a fim, e pelos vários momentos que proporcionaram;
À minha namorada Andreia Silva, por todo o apoio e compreensão que demonstrou
durante todo este tempo;
Ao professor Júlio Ferreira da Silva, pela disponibilidade e ajuda demonstrada ao longo
do ano letivo;
À KSB, em especial ao Sr.º Nuno Aleixo pela disponibilidade e auxílio nos dados
fornecidos;
À Universidade do Minho, por todos estes 5 anos de aprendizagem, pela enorme
estrutura que me permitiu concluir esta nova etapa, e por se tornar a minha segunda
casa;
RESUMO
Universidade do Minho v
RESUMO
Atualmente a sociedade encontra-se em constante desenvolvimento. A população cresce e exige
níveis de qualidade de vida mais elevado, necessitando-se cada vez mais de energia para
satisfazer o bem-estar da população. Todos estes fatores levam a que se proceda a uma
exploração acentuada dos recursos que a Terra tem para oferecer. Recursos esses que passam
pelo carvão, petróleo, gás natural, energia nuclear, energia hidroelétrica, entre outros.
Este trabalho de dissertação está centrado no aproveitamento de energia hidroelétrica em
sistemas de abastecimento de água. Neste tipo de sistemas é corrente a utilização de válvulas
redutoras de pressão como forma de uniformização e controlo de pressões. No entanto, a
utilização de microturbinas, ou de bombas reversíveis tornam-se uma alternativa a ser
implementada, na substituição das VRP´s, de modo a aproveitar a energia que está a ser
desperdiçada. A existência de um desnível acentuado e de um caudal garantido reúne as
condições ideais para produção da energia elétrica. A ideia da utilização de grupos de
eletrobombas (GEB) a funcionarem em sentido inverso, não é de agora, tem vindo a ser
estudada por países como os EUA, França e Alemanha.
O uso de GEB a funcionarem em sentido inverso é justificado devido ao simples facto de estas
serem estruturas menos complexas, ou seja, são fáceis de instalar, manter e operar. Outro fator
muito importante é o facto de estas serem produzidas em grande escala, podendo ser
encontradas com facilidade no mercado e em diversos modelos, e as peças serem encontradas
também com enorme facilidade. No entanto, estas apresentam, em geral, rendimentos inferiores
ao das turbinas convencionais. Contudo, basta fazer uma correta seleção da bomba, para que
estes contras sejam contornados.
No âmbito deste trabalho de dissertação, a atenção está centrada neste tipo de turbomáquinas,
ou seja, no uso de GEB a funcionarem em sentido inverso. Foi desenvolvido um algoritmo em
ferramenta de Excel, que serve de auxílio para que o estudo seja efetuado corretamente, e no
fim permita concluir, se esta solução é viável ou não viável, para futuramente instalar num
sistema de abastecimento de água.
Palavras-chave:
Energia hidroelétrica, Aproveitamento da energia em sistemas de abastecimento de água,
Válvulas redutoras de pressão, Bomba reversível
ABSTRACT
Universidade do Minho vii
ABSTRACT
Today the society shows a constant development. The population grows and requires levels the
quality of life increases and due to that even more energy is required to satisfy the welfare of
the population. All of these factors lead to a sharp exploitation of the resources that the Earth
has to offer. Those resources are mainly coal, oil, natural gas, nuclear energy, hydroelectric
power among others.
This dissertation is focused on the use of hydroelectric power in water supply systems. In such
systems it is common the use of pressure reducing valves as a form of standardization and
pressure control. However the use of micro turbines or reversible pumps becomes an alternative
to be implemented in the VRP´S replacement in order to harness the energy that is being wasted.
The existence of a sharp gap and guaranteed flow has the ideal conditions for the production of
electric energy. The idea of using of water pump system working as turbines is not recent; it
has been studied by countries like the U.S.A, France and Germany.
The use of water pump system working as turbines is justified due to the simple fact that these
pumps being less complex, in other words, they are easy to install, maintain and operate.
Another very important factor is the fact that these pumps are being produced in a large scale
in which we can find them very easily on the market and in different designs and the parts can
also be found very easily. However, these ones present, in general, lower incomes than the
conventional turbines. Still we just have to make the right selection of the pump to overcome
the cons.
Within this dissertation the attention is focused on this type of turbo machines, specifically in
the use of water pump system working as turbines. It was developed an algorithm in the Excel
tool serving as an aid for the study to be carried out correctly and in the end it allows to conclude
if the solution is viable or not so that in the future it may be possible to install a water supply
system.
Key-words:
Hydroelectric power, Energy used in water supply systems, Pressure reducing valves,
reversible pumps.
ÍNDICE DE TEXTO
Universidade do Minho ix
ÍNDICE DE TEXTO
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... III
RESUMO .................................................................................................................................. V
ABSTRACT .......................................................................................................................... VII
ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................................... XIII
ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................... XIII
ÍNDICE DE ANEXOS ......................................................................................................... XV
SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS .............................................................................. XVII
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
1.1. APROVEITAMENTO DE ENERGIA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ................... 1
1.2. OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ............................................................................................ 3
1.3. METODOLOGIA DE TRABALHO .......................................................................................... 3
1.4. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ...................................................................................... 4
CAPÍTULO 2. ESTADO DE ARTE ....................................................................................... 7
2.1. TURBOMÁQUINAS HIDRÁULICAS .......................................................................... 7
2.1.1. Tipos de máquinas hidráulicas ................................................................................. 9
2.1.1.1. Bombas .............................................................................................................. 9
2.1.1.2. Turbinas ........................................................................................................... 12
2.1.2. Classificação das turbomáquinas hidráulicas ......................................................... 13
2.1.2.1. Turbomáquinas hidráulicas de fluxo radiais .................................................... 13
2.1.2.2. Turbomáquinas hidráulicas de fluxo axial ...................................................... 14
2.1.2.3. Turbomáquinas hidráulicas de fluxo misto ..................................................... 15
2.1.3. Elementos construtivos de uma turbomáquina hidráulica ...................................... 17
2.2. VÁLVULAS REDUTORAS DE PRESSÃO................................................................. 19
2.2.1. Válvulas redutoras de pressão (VRP´s) .................................................................. 19
2.2.1.1. Tipos de funcionamento das VRP ................................................................... 20
2.2.2. Funcionamento VRP´s versus Bombas reversíveis ................................................ 22
CAPÍTULO 3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS
MATEMÁTICOS UTILIZADOS ......................................................................................... 25
3.1. FUNCIONAMENTO DAS TURBOMÁQUINAS - CARACTERÍSTICAS ....................................... 25
ÍNDICE DE TEXTO
x Universidade Do Minho
3.1.1. Velocidade de rotação ............................................................................................ 25
3.1.2. Velocidade específica ............................................................................................ 25
3.1.2.1. Velocidade específica - Geometria do propulsor/rotor ................................... 28
3.1.2.2. Velocidade específica - Curvas de funcionamento das bombas ..................... 30
3.1.3. Regimes de funcionamento das turbomáquinas hidráulicas .................................. 31
3.1.4. Pontos de funcionamento das turbomáquinas hidráulicas ..................................... 35
3.1.5. Potência fornecida pela bomba reversível ............................................................. 37
CAPÍTULO 4. METODOLOGIA DE CÁLCULO ............................................................ 41
4.1. ESCOLHA DA TURBOMÁQUINA ADEQUADA AO CASO DE ESTUDO .................................... 41
4.1.1. Condições de dimensionamento da bomba reversível ........................................... 41
4.1.2. Pré-seleção da bomba reversível a partir dos catálogos ......................................... 48
4.1.3. Condições de aspiração das turbomáquinas ........................................................... 51
4.2. PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ................................................................................. 53
4.2.1. Parâmetros considerados ........................................................................................ 54
4.2.1.1. Caudal considerado ......................................................................................... 54
4.2.1.1.1. Caudal consumido pela população nos diferentes casos de estudo ......... 54
4.2.1.2. Queda útil ........................................................................................................ 55
4.2.1.3. Perdas de carga principais e localizadas ......................................................... 56
4.2.2. Energia produzida pela bomba reversível .............................................................. 58
4.3. RENTABILIDADE DA CONSTRUÇÃO ................................................................................. 58
4.3.1. Benefícios económicos - Venda da energia elétrica produzida à rede pública ...... 59
4.3.2. Custos do empreendimento .................................................................................... 63
4.3.2.1. Investimentos iniciais ...................................................................................... 63
4.3.2.1.1. Custos iniciais .......................................................................................... 63
4.3.2.1.2. Custos de instalação e arranque da obra .................................................. 64
4.3.3. Custos de exploração ............................................................................................. 64
4.3.3.1. Custos de manutenção periódica ..................................................................... 64
4.3.3.2. Custos associados a anomalias que permitam algum tipo de paragem ........... 65
4.3.4. Custos relacionados com o ambiente e com o terreno ........................................... 65
4.3.5. Obtenção do custo total do aproveitamento hidroelétrico ..................................... 65
4.3.6. Método para a análise económica .......................................................................... 68
4.3.6.1. Valor Atual Líquido (VAL) ............................................................................ 69
4.3.6.2. Índice de Rentabilidade (IR) ........................................................................... 70
ÍNDICE DE TEXTO
Universidade do Minho xi
4.3.6.3. Período de Recuperação do Investimento (PRI).............................................. 70
CAPÍTULO 5. CASOS DE ESTUDO ................................................................................... 71
5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 71
5.2. DADOS DE SISTEMA EM ESTUDO ...................................................................................... 71
5.2.1. Considerações iniciais do projeto ........................................................................... 71
5.2.2. Dados relativos à população servida ...................................................................... 72
5.3. ANALISE TÉCNICA-ECONÓMICA ...................................................................................... 73
5.3.1. Caso nº 1 ................................................................................................................. 73
5.3.1.1. Análise técnica ................................................................................................. 73
5.3.1.2. Análise económica ........................................................................................... 76
5.3.1.2.1. Caracterização do sistema ........................................................................ 76
5.3.1.2.2. Parâmetros do Método usado na análise económica ................................ 77
5.3.2. Caso nº 2 ................................................................................................................. 77
5.3.2.1. Análise técnica ................................................................................................. 78
5.3.2.2. Análise económica ........................................................................................... 80
5.3.2.2.1. Caracterização do sistema ........................................................................ 80
5.3.2.2.2. Parâmetros do Método usado na análise económica ................................ 81
5.3.3. Caso nº 3 ................................................................................................................. 82
5.3.3.1. Análise técnica ................................................................................................. 82
5.3.3.2. Análise económica ........................................................................................... 84
5.3.3.2.1. Caracterização do sistema ........................................................................ 85
5.3.3.2.2. Parâmetros do Método usado na análise económica ................................ 85
5.3.4. Análise dos resultados obtidos ............................................................................... 86
CAPÍTULO 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS .................................................................................. 89
6.1. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 89
6.2. RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ........................... 91
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 93
ANEXOS ................................................................................................................................. 99
ÍNDICE DE TABELAS
Universidade do Minho xiii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Tabela síntese da classificação das turbomáquinas hidráulicas. ............................. 16
Tabela 2 - Resumo dos domínios de funcionamento das bombas hidráulicas (Barbosa, 1986).
.................................................................................................................................................. 33
Tabela 3 - Campo de aplicação das bombas reversíveis. ......................................................... 49
Tabela 4 - Custo total do aproveitamento. ................................................................................ 68
Tabela 5 – Considerações iniciais do projeto. .......................................................................... 72
Tabela 6 - Custo total do aproveitamento - Caso nº 1. ............................................................. 76
Tabela 7 - Características do sistema - Caso nº 1. .................................................................... 77
Tabela 8 - Parâmetros obtidos na análise económica - Caso nº 1. ........................................... 77
Tabela 9 - Custo total do aproveitamento - Caso nº 2. ............................................................. 80
Tabela 10 - Características do sistema - Caso nº 2. .................................................................. 81
Tabela 11 - Parâmetros obtidos na análise económica - Caso nº 2. ......................................... 81
Tabela 12 - Custo total do aproveitamento - Caso nº 3. ........................................................... 85
Tabela 13 - Caraterísticas do sistema - Caso nº 3. .................................................................... 85
Tabela 14 - Parâmetros obtidos na análise económica - Caso nº 3. ......................................... 85
Tabela 15 - Resultados obtidos - Caso nº 1, Caso nº 2, Caso nº 3. ........................................... 86
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Funcionamento das turbomáquinas hidráulicas (Barboza, 2015). ............................. 8
Figura 2 – Bomba de êmbolo (Roquim, 2015). ........................................................................ 10
Figura 3 - Bomba de engrenagem (Norberto, 2015). ............................................................... 10
Figura 4 - Bombas especial (AgSolve, 2015). .......................................................................... 11
Figura 5 -Bombas especiais (Barboza, 2015). .......................................................................... 11
Figura 6 - Turbinas Pelton (Ramos, 2015). .............................................................................. 12
Figura 7 - Turbina Turgo (Ramos, 2015). ................................................................................ 12
Figura 8 -Turbinas Francis (Sousa, 2015). ............................................................................... 13
Figura 9 - Constituição de uma turbina radial tipo Francis (Barboza, 2015). .......................... 14
Figura 10 - Constituição da turbina axial tipo Kaplan (Mini-Hídricas, 2015). ........................ 15
Figura 11 -Bomba de fluxo misto (Medeiros, 2015). ............................................................... 15
Figura 12 - Diferentes tipos de rotores (Machuca, 2015). ........................................................ 17
Figura 13 - Rotores fechados, semifechados e abertos (Ricardo, 2007). ................................. 18
Figura 14 - Sistema diretor de uma bomba funcionando como bomba (BFB) (Viana, 2013). 18
ÍNDICE DE FIGURAS
xiv Universidade Do Minho
Figura 15 - Sistema diretor de uma bomba funcionando em sentido inverso (BFSI) adaptado de
(Viana, 2013). .......................................................................................................................... 19
Figura 16 - Diferentes tipos de VRP´s (Ramos et al., 2004). .................................................. 20
Figura 17 - Estado ativo da VRP (Ramos, et al., 2004). .......................................................... 21
Figura 18 - Estado passivo da VRP aberta (Ramos, et al., 2004). ........................................... 21
Figura 19 - Estado passivo da VRP fechada (Ramos, et al., 2004). ........................................ 22
Figura 20 – Exemplo de um sistema onde poderá ser utilizado uma VRP (Oliveira, 2008). .. 22
Figura 21 - Funcionamento normal vs. Funcionamento TB (Ramos, et al., 2004). ................ 23
Figura 22 – Gráfico que associa velocidade específica, caudal e rendimento, adaptado de (Jean-
Marc, et al., 2015). ................................................................................................................... 27
Figura 23 - Velocidade específica vs. Geometria do propulsor, adaptado de (Barbosa, 1986).
.................................................................................................................................................. 29
Figura 24 - Velocidade especifica vs. Curvas características da bomba (Barbosa, 1986). ...... 30
Figura 25 - Variação da altura de elevação, da potência e do rendimento com o caudal a rotação
constante (Oliveira, 2008). ....................................................................................................... 31
Figura 26 - Domínios de funcionamento da bomba hidráulica em regime variável (Ramos &
Borga, 2000)............................................................................................................................. 32
Figura 27 - Parâmetros de Suter representados graficamente (Ramos & Borga, 2000). ......... 34
Figura 28 - Curvas características da bomba reversível para diferentes velocidades de rotação
(Ramos & Borga, 2000). .......................................................................................................... 35
Figura 29 - Determinação do ponto de funcionamento. ........................................................... 36
Figura 30 - Ponto de funcionamento de uma bomba reversível (Ramos & Borga, 2000). ...... 36
Figura 31 - Eficiência da bomba vs. Eficiência da turbina (Ramos & Borga, 2000). ............. 38
Figura 32 - Curva característica da turbina bomba para diferentes velocidades específicas:
Caudal turbinado vs. Rendimento esperado; Caudal Turbinado vs. Queda útil, respetivamente
(Rocha, 2008). .......................................................................................................................... 39
Figura 33 - Relação entre queda útil e velocidade específica para diferentes tipos de turbinas
(Barbosa, 1986). ....................................................................................................................... 42
Figura 34 - Gráfico para obtenção da eficiência máxima da bomba, adaptado de (Chapallaz, et
al., 1992). ................................................................................................................................. 43
Figura 35 - Coeficiente de altura (Medeiros, et al., 2004). ...................................................... 44
Figura 36 - Coeficiente de caudal (Medeiros, et al., 2004). .................................................... 44
Figura 37 - Região para aplicação de bombas centrífugas a funcionarem em sentido inverso
(Beluco, 1994). ......................................................................................................................... 46
ÍNDICE DE ANEXOS
Universidade do Minho xv
Figura 38 - Organigrama resumo do método de cálculo utilizado. .......................................... 47
Figura 39 - Domínios de aplicação das bombas (Barbosa, 1986). ........................................... 48
Figura 40 - Diagrama em mosaico para 1450 rpm (Barbosa, 1986). ....................................... 49
Figura 41 - Diagrama em mosaico para 2900 rpm (EFAFLU, 2015). ..................................... 50
Figura 42 - Diagrama em colina para velocidade de rotação de 1450 rpm (Barbosa, 1986). .. 51
Figura 43 - Altura de restituição (Santos, 2013). ..................................................................... 52
Figura 44 - Fatores de ponta horários (MSBII, 1991). ............................................................. 55
Figura 45 - Valor do coeficiente de perda de carga localizada para singularidade e conexões
(UNESP, 2015). ........................................................................................................................ 58
Figura 46- Custo do equipamento eletromecânico (Balarim, et al., 2004). ............................. 66
Figura 47 - Custo do equipamento eletromecânico. ................................................................. 66
Figura 48 - Custo Estudos & Projetos. ..................................................................................... 67
Figura 49 - Diagrama de consumo ........................................................................................... 73
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1 - Diagrama em colina KSB ...................................................................................... 101
Anexo 2 - Catálogo KSB Etanorm 080- 65-200 .................................................................... 103
Anexo 3 - Catálogo KSB Etanorm 065-050-200 ................................................................... 105
Anexo 4 - Catálogo KSB Etanorm 100-080-200 ................................................................... 107
Anexo 5 - Dados iniciais - Caso nº1 ....................................................................................... 109
Anexo 6 - Valorização da energia elétrica produzida – Caso nº1 .......................................... 111
Anexo 7 - Análise do ciclo de vida - Caso nº1 ....................................................................... 113
Anexo 8 - Dados inicias - Caso nº2 ........................................................................................ 115
Anexo 9 - Valorização da energia elétrica produzida - Caso nº2 ........................................... 117
Anexo 10 - Análise ciclo de vida - Caso nº2 .......................................................................... 119
Anexo 11 - Dados iniciais - Caso nº3 ..................................................................................... 121
Anexo 12 - Valorização da energia elétrica produzida - Caso nº3 ......................................... 123
Anexo 13 - Análise de ciclo de vida - Caso nº3 ..................................................................... 125
SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
Universidade do Minho xvii
SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
GEB Grupos de Eletrobombas
BR Bomba reversível
BFSI Bomba funcionando em sentido inverso
BFB Bomba funcionando como bomba
E1 Energia hidráulica à entrada
E2 Energia hidráulica à saída
W Energia mecânica no eixo do rotor
VRP´s Válvulas Redutoras de pressão
Hm Cota a montante
Hj Cota a jusante
HVRP Cota da válvula redutora de pressão
L.E Linha de energia
jt Perda de carga unitária
jreal Perda de carga unitária
L Comprimento da conduta
� Velocidade de rotação
��� Velocidade específica no ponto de funcionamento ótimo
� Caudal bombeado no ponto de rendimento ótimo
��� Velocidade específica da turbina
� Potência obtida com abertura total do distribuidor para Hu
�� Queda útil
� Eficiência
� Altura de elevação no ponto de rendimento ótimo
�� Eficiência hidráulica da turbina
�� Eficiência hidráulica da bomba
Mb,b Momento resistente da bomba
H0 Altura da elevação
WH Parâmetros de Suter para altura de elevação
WT Parâmetros de Suter para o momento resistente
SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
xviii Universidade Do Minho
θ Ângulo de regime de funcionamento das turbomáquinas hidráulicas
CCBR Curva característica da bomba reversível
CCI Curva características de instalação
pf Ponto de funcionamento
�� Potência teórica
�� Caudal turbinado
�� Peso volúmico do fluido
�� Potência teórica
�� Potência útil
��� Rendimento bomba reversível
�� Rendimento do gerador
�� Rendimento do transformador
Pfluxo Potência que é transmitida à bomba pelo fluxo
Pgerador Potência fornecida pela bomba ao gerador
�� Rendimento da bomba
CR Fator de correção
BEP Ponto de rendimento ótimo da turbomáquina hidráulica
��� Velocidade específica da bomba
CH Coeficiente de altura
CQ Coeficiente de caudal
��� Altura útil da bomba
��� Altura da BR
��� Caudal turbinado
��� Caudal da BR
Hc Altura útil corrigida
Qc Caudal corrigido
�� Altura correspondente á pressão atmosférica
�� Altura correspondente á pressão do vapor
������ Número de Thoma
���� Pressão atmosférica local
SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
Universidade do Minho xix
�� Tensão de saturação do vapor líquido
� Coeficiente de resistência
D Diâmetro da conduta
U Velocidade média de escoamento no interior da conduta
g Aceleração da gravidade
� Rugosidade equivalente
� Velocidade média do escoamento no interior da conduta
� Viscosidade cinemática
I Investimentos iniciais
Ci Custos iniciais
Cc Custos de instalação
Pinst Potência instalada
Cee Custo do equipamento eletromecânico
Cep Custo estudos & projetos
VF Valor futuro do dinheiro
VA Valor atual do dinheiro
ni Número do ano relativamente ao momento inicial
��� Cash flow de exploração do período
� Despesas do investimento inicial;
� Taxa de juro
�� Receitas de exploração do projeto no período
�� Custos de exploração do projeto no período
�� Custos de exploração do projeto no período
IR Índice de rentabilidade
PRI Período de Recuperação do Investimento
CF Somatório das parcelas (Lucros/Benefícios)
INTRODUÇÃO
Universidade do Minho 1
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
1.1. Aproveitamento de energia em sistemas de abastecimento de água
A sociedade encontra-se em constante desenvolvimento, exige níveis de qualidade de vida mais
elevados, necessitando cada vez mais de energia para satisfação do seu bem-estar, tanto a nível
económico como social. Em paralelo, a população cresce a um ritmo exponencial, facto que
acentua a exploração acentuada de recursos da Terra, como carvão, petróleo, gás natural,
energia nuclear, energia hidroelétrica, biomassa entre outros. Como resultado, as políticas de
consumo de energia são sustentadas no conceito de desenvolvimento sustentável. Este é
definido como desenvolvimento suficiente para satisfazer as necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de gerações futuras (Silva, 2011).
Especialmente na Europa, as temáticas das energias renováveis e da eficiência energética,
representam cada vez mais um papel determinante no âmbito do desenvolvimento sustentável.
De forma a poder-se atingir a sustentabilidade energética, a procura de energia máxima deverá
ser aplicada a todo o tipo de sistemas.
Atualmente, 2 a 3% do consumo de energia no mundo, são usados no bombeamento e
tratamento de água. Este consumo poderia ser reduzido em pelo menos 25% através de ações
de melhoria da eficiência com melhor desempenho (Marchis et al., 2014). Assiste-se a uma
mudança do clima global, sendo este um grande potencial de reduzir os lençóis freáticos e
prejudicar o abastecimento de água em várias áreas, o que leva a que no futuro o valor da água
e a intensificação do uso de energia seja ainda mais elevado (ALLIANCE, 2002).
Nestas ultimas décadas, umas das principais preocupações dos gestores de sistemas de
abastecimento de água tem sido a minimização de perdas de água que, em média mundial,
chegam aos 40% de toda a água consumida (Ramos et al., 2004). A maior preocupação passa
pela auto-sustentabilidade económica/ambiental dos sistemas de abastecimento de água, que
passa pelo consumo de energia nesses mesmos sistemas, e pelo controlo da pressão.
A ideia de usar bombas, a funcionar em sentido inverso, para produção de energia elétrica não
é recente. Países como EUA, Alemanha e França têm vindo a utilizar as bombas hidráulicas de
fluxo, desde as centrifugas de vários estágios, mistas e axiais, em sentido inverso, substituindo
INTRODUÇÃO
2 Universidade do Minho
as turbinas convencionais (Pelton, Francis e Hélice) para gerar energia em pequenos recursos
hidroenergéticos (Viana, 2011). Estudos experimentais, efetuados por Viana, (2011), levaram
à conclusão que, caudal e a altura da bomba funcionando em sentido inverso (BFSI), são
maiores que os valores registados pelas bombas no máximo rendimento, resultando numa maior
potência para as BFSI.
O uso destas é justificado, devido ao facto de serem menos complexas, ou seja, fáceis de
instalar, manter e operar (Jain & Patel, 2014), e também devido ao simples facto de estas serem
produzidas em grande escala, podendo ser encontradas com grande facilidade no mercado e em
diversas gamas de potências e tamanhos, dependendo do tipo de aproveitamento hidroelétrico.
Segundo Chapallaz, et al., (1992), o custo de investimento das bombas reversíveis podem ser
até 50% inferiores ao custo de uma turbina convencional (especialmente para unidades
pequenas inferiores a 50 kW). Isto pode ser uma questão muito importante para projetos com
orçamentos limitados e possibilidades de empréstimo.
No âmbito deste projeto, a atenção está focada em turbomáquinas hidráulicas, mais
concretamente, em bombas reversíveis. O uso destas obriga ao conhecimento de vários critérios
para que, a sua seleção seja realizada corretamente. O dimensionamento completo de uma
bomba afasta-se do ramo da engenharia civil, constando apenas no projeto a apresentar pelo
fabricante destas. Mas, no entanto, certos aspetos de pré-dimensionamento poderão ser
abordados pelo projetista, não só de carater teórico, mas também de caracter prático como se
pode ver no Bureau of Reclamation (Stelzer & Walters, 1977).
O erro mais comum, na escolha de uma bomba reversível, acontece quase sempre quando se
pretende escolher uma determinada bomba a partir do catálogo de qualquer fabricante tendo em
conta a queda útil e caudal turbinado. Contudo, devido ao facto das curvas de desempenho
retratarem unicamente o funcionamento da bomba, a unidade poderá ser subdimensionada e
consequentemente acabará por não cumprir os requisitos pretendidos. Por isso, velocidade de
rotação, velocidade específica, regimes de funcionamento são alguns dos parâmetros de
dimensionamento que permitem calcular o ponto de rendimento ótimo da turbina, a partir do
qual se vai escolher uma bomba equivalente que permita satisfazer as condições pretendidas
(Oliveira, 2008).
INTRODUÇÃO
Universidade do Minho 3
1.2. Objetivos da dissertação
O objetivo geral desta dissertação será avaliar se, as bombas reversíveis, se tornam uma
alternativa viável a implementar nos sistemas de abastecimento de água. Para tal, pretende-se
elaborar uma ferramenta em Excel onde se poderá avaliar a viabilidade deste tipo de sistemas.
Assim, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
Avaliação do comportamento da bomba a funcionar em alternativa à válvula redutora
de pressão
Como um dos temas deste trabalho é aproveitar a energia dissipada para a produção de energia
elétrica, é muito importante conhecer onde e como esta é desperdiçada. Uma situação onde se
assiste a este fenómeno e em sistemas onde são utilizadas as válvulas redutoras de pressão.
Como já foi dito anteriormente neste documento, estas são consideradas estruturas dissipadoras
de energia, e usadas para uniformização e controlo de pressão, dando origem a perdas de carga
localizadas. Visto isto, é então necessário avaliar e estudar se a substituição destas, por bombas
reversíveis, se tornam numa boa alternativa para os sistemas de abastecimento de água.
Avaliação da viabilidade da produção de energia
O objetivo de um aproveitamento hidroelétrico será sempre a produção de energia elétrica a
partir da energia do fluido, onde se pretende avaliar, se a venda da energia elétrica produzida
se torna uma boa fonte de rendimento ao longo do período de vida útil.
Para a implantação destes sistemas (bombas reversíveis) é necessário a construção de uma
estrutura onde se vai, posteriormente, inserir a energia produzida na rede pública. Além disso,
é importante e necessário contabilizar todos os custos envolvidos no empreendimento, como o
investimento inicial, manutenção, exploração, operação e equipamentos. Após isto, está-se em
condições de proceder a viabilidade de uma construção deste tipo.
1.3. Metodologia de trabalho
A metodologia deste trabalho vem de acordo com os objetivos apresentados anteriormente.
Desta forma, a metodologia é constituída pelas seguintes etapas:
I. Estudo sobre turbomáquinas hidráulicas
INTRODUÇÃO
4 Universidade do Minho
II. Estudo das válvulas redutoras de pressão
III. Avaliação da viabilidade da produção de energia
IV. Casos de estudo
Neste trabalho de dissertação, numa primeira parte, será realizado um estudo sobre as
turbomáquinas hidráulicas, o seu funcionamento, classificação, constituição e principais
características de funcionamento. Posteriormente ainda será reservado um pequeno espaço para
o estudo das válvulas redutoras de pressão.
Este trabalho de dissertação terminará com o estudo da viabilidade da implementação de uma
bomba reversível num sistema adutor entre dois reservatórios.
Nota:
É de salientar, que a metodologia deste trabalho de dissertação engloba o desenvolvimento e
aplicação de um algoritmo em Excel, capaz de auxiliar na perceção e conclusão dos resultados
do comportamento do sistema implantado nos sistemas de abastecimento de água.
1.4. Organização da dissertação
Esta dissertação está dividida em seis grandes capítulos.
O capítulo 1 é referente à INTRODUÇÃO e tem como principal objetivo dar a conhecer
alguma informação sobre o tema em estudo, assim como os objetivos, metodologia e
organização adotada neste trabalho de dissertação.
O capítulo 2 refere-se ao ESTADO DE ARTE, e tem como principal objetivo dar a conhecer
o conceito geral das turbomáquinas hidráulicas, o seu funcionamento, como se podem
classificar e a sua constituição. Neste capítulo ainda se reserva um pequeno espaço para o estudo
das válvulas redutoras de pressão.
No capítulo 3 desenvolve-se a DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E
FORMULAÇÃO DOS MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS. Pretende-se dar a
conhecer o funcionamento das turbomáquinas hidráulicas nomeadamente dar a conhecer
algumas noções sobre as suas características de funcionamento. Ainda neste capítulo se
exploram as condições de aplicabilidade destas turbomáquinas hidráulicas associadas a bombas
reversíveis.
INTRODUÇÃO
Universidade do Minho 5
No capítulo 4 apresenta-se a METODOLOGIA ADOTADA nesta dissertação, desde a seleção
da turbomáquina utilizada até à análise técnico-económica.
O capítulo 5 desenvolve a ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA dos diferentes casos de estudo
propostos.
No capítulo 6 apresentam-se as principais CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS retiradas após realização deste trabalho.
Por fim as duas últimas secções deste trabalho estão reservados para a BIBLIOGRAFIA e
ANEXOS.
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 7
CAPÍTULO 2. ESTADO DE ARTE
2.1. TURBOMÁQUINAS HIDRÁULICAS
Quando se pretende elevar ou transportar água a grandes distâncias, são utilizados vários tipos
de máquinas hidráulicas, como por exemplo, as turbomáquinas, rodas de água, bombas de
êmbolo, ejetores.
Pode-se dizer que as máquinas hidráulicas são dispositivos mecânicos, através do qual, se escoa
um fluido permitindo a ocorrência de transferências de energia. Estas transferências de energia
são propiciadas pelas interações dinâmicas entre o dispositivo e o fluido.
No grupo das máquinas hidráulicas encontram-se as turbomáquinas. O termo provém do latim
turbo, que significa movimento circular. É corrente, por este motivo, estas serem chamadas de
máquinas rotodinâmicas (Braga, 2015). Estas consistem em máquinas de fluidos, de
movimento rotativo, constituídas por um rotor com pás de roda hidráulica. Elemento este, que
conduz à transferência de energia entre o eixo e o fluido. Pode, no entanto, existir um conjunto
de pás fixas para orientar o fluxo e modificar a sua velocidade.
As turbomáquinas podem absorver a potência pelo eixo, e aumentar a carga do fluido (bombas)
ou extrair a energia do fluido e converte-la em potência (turbinas). De seguida, é apresentado
um breve esquema, onde é mais percetível perceber a troca de energia para as diferentes
categorias de turbomáquinas estudadas.
Então segundo (Braga, 2015) têm-se:
Turbomáquinas recetoras ou bombastransferência de energia mecânica recebida
do exterior para o líquido.
E mecânica E cinética E pressão
Turbomáquinas motoras ou turbinasrecebem energia mecânica do líquido
tornando-a disponível.
E pressão E cinética E mecânica
ESTADO DE ARTE
8 Universidade do Minho
De seguida, temos na Figura 1, um esquema que permite entender melhor o funcionamento das
turbomáquinas hidráulicas.
Figura 1 - Funcionamento das turbomáquinas hidráulicas (Barboza, 2015).
Assumindo que a turbomáquina apresenta um rendimento igual a unidade, é então possível
escrever a seguinte expressão (Barboza, 2015):
E1-E2=W (2.1)
Onde:
E1 = Energia hidráulica à entrada;
E2 = Energia hidráulica à saída;
W = Energia mecânica no eixo;
Quando interpretado da melhor forma pode-se concluir:
Se E1<E2, Têm-se que W é negativo. Pode-se dizer que houve transferência de
energia do rotor para o fluido. Neste primeiro caso está-se na presença de um
funcionamento de uma bomba.
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 9
Se E1>E2, Têm-se que W é positivo. Está-se na presença de um caso contrário ao
anterior, onde a energia transportada pelo fluido é transferida e absorvida pelo rotor.
Está-se, então, na presença de um funcionamento de uma turbina.
Dentro das turbomáquinas hidráulicas ainda se pode incluir as bombas reversíveis. Estas como
próprio nome indica, têm um sentido reversível, ou seja, podem funcionar como bomba ou
como turbina invertendo também deste modo o sentido de escoamento. Estas reúnem
características de funcionamento comum aos das bombas e das turbinas.
Visto isto, pode-se afirmar que a energia do rotor tanto pode ser negativa, como positiva,
dependendo se esta fornece ou recebe energia do fluido.
2.1.1. Tipos de máquinas hidráulicas
2.1.1.1. Bombas
As bombas hidráulicas são classificadas de acordo com o mecanismo de transferência de
energia (Barboza, 2015), ou seja, pelo recurso utilizado para transferir energia para o fluido. A
classificação mais usual nos dias de hoje é a seguinte:
Bombas de deslocamento positivo ou alternativas Neste tipo de bomba o
escoamento do fluido é causado pelo aumento da pressão comunicado pela bomba
através de elementos com movimento alternativo ou rotativo.
o Exemplos de bombas alternativas Bombas de êmbolo (Figura 2), bombas de
diafragma e Bombas de pistão.
o Exemplos de bombas rotativas Engrenagens (Figura 3), Lóbulos ou palheta.
A aplicação deste tipo de bombas é fundamental em casos onde é necessário um
escoamento constante independente de variação de carga sobre a bomba, e também quando o
volume deve ser medido com precisão já que o escoamento produzido pela bomba é, em função,
apenas da sua rotação.
ESTADO DE ARTE
10 Universidade do Minho
Figura 2 – Bomba de êmbolo (Roquim, 2015).
Figura 3 - Bomba de engrenagem (Norberto, 2015).
Bombas especiais (Figura 4, Figura 5) Geralmente são fabricadas com materiais
especiais, dependendo do tipo de aplicação. Um exemplo de uma bomba especial é a
bomba peristáltica, Figura 4, onde a sua aplicação é para doseadores de substâncias
químicas que não podem entrar em contato com metais ou lubrificantes usados nas
bombas.
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 11
Figura 4 - Bombas especial (AgSolve, 2015).
Figura 5 -Bombas especiais (Barboza, 2015).
O tubo é flexível e é amassado progressivamente pelo rolete/tracionador fazendo com que a
pressão aumente e empurre o fluido no tubo (Barboza, 2015).
Bombas hidrodinâmicas ou turbo-bombas Estas são conhecidas também, como
bombas hidráulicas de Fluxo. Transferem quantidade de movimento para o fluido
através da aceleração provocada por um elemento rotativo dotado de pás, denominado
rotor.
ESTADO DE ARTE
12 Universidade do Minho
2.1.1.2. Turbinas
Relativamente às turbinas, estas são classificadas, de um modo geral, de acordo com o processo
de conversão de energia hidráulica em energia mecânica, em dois grandes grupos:
Turbinas de ação São conversores hidrodinâmicos, que num primeiro instante
transformam a energia hidráulica disponível, em energia cinética para posteriormente
incidir nas pás do rotor, transformando-a assim em mecânica.
o Exemplos de turbinas de reação Turbinas Pelton (Figura 6), Turgo (Figura 7)
e Michell-Banki.
Figura 6 - Turbinas Pelton (Ramos, 2015).
Figura 7 - Turbina Turgo (Ramos, 2015).
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 13
Turbinas de reação Neste tipo de turbinas o rotor está totalmente submerso na água,
à medida que se dá o escoamento de água ocorre uma diminuição da pressão e da
velocidade.
o Exemplos de turbinas de reação Turbinas Francis (Figura 8), Hélice, Bulbo e
Kaplan.
Figura 8 -Turbinas Francis (Sousa, 2015).
2.1.2. Classificação das turbomáquinas hidráulicas
As turbomáquinas hidráulicas podem-se classificar, de acordo com a direção principal do
escoamento na turbomáquina, ou seja, segundo a trajetória do fluido no rotor. Podendo ser de
escoamento do tipo axial, radial ou misto.
2.1.2.1. Turbomáquinas hidráulicas de fluxo radiais
As turbomáquinas de fluxo radial, ou também chamadas de centrífugas, são aquelas em que o
escoamento do fluido, através do rotor, percorre uma trajetória perpendicular ao eixo do rotor.
Ou seja, o fluido entra no rotor numa direção axial e sai na direção radial.
ESTADO DE ARTE
14 Universidade do Minho
Exemplos de turbomáquinas hidráulicas de fluxo radial Bombas centrífugas e
turbinas Francis (Figura 9).
Figura 9 - Constituição de uma turbina radial tipo Francis (Barboza, 2015).
2.1.2.2. Turbomáquinas hidráulicas de fluxo axial
Neste tipo de turbomáquinas o escoamento do fluido através do rotor é paralelo ao eixo do
rotor), ou seja o fluido entra e sai do rotor numa direção axial.
Exemplos de turbomáquinas hidráulicas de fluxo axial Turbinas hidráulicas tipo
Kaplan (Figura 10) e Hélice.
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 15
Figura 10 - Constituição da turbina axial tipo Kaplan (Mini-Hídricas, 2015).
2.1.2.3. Turbomáquinas hidráulicas de fluxo misto
Neste tipo de turbomáquinas hidráulicas o escoamento no rotor vai apresentar componentes nas
direções axial e radial, ou seja, o escoamento predominante é diagonal. O fluxo encontra-se
numa direção intermédia entre o radial e o axial (Figura 11).
Figura 11 -Bomba de fluxo misto (Medeiros, 2015).
Para melhor entender a classificação das turbomáquinas hidráulicas, está representado na
Tabela 1, uma síntese, onde se faz referência as turbinas de reação e as bombas hidrodinâmicas,
ESTADO DE ARTE
16 Universidade do Minho
uma vez que, neste trabalho de dissertação a atenção está centrada nestas turbomáquinas
hidráulicas.
Tabela 1 - Tabela síntese da classificação das turbomáquinas hidráulicas.
Classificação tendo em conta a transferência de energia
Classificação tendo em conta a direção do escoamento
Turbomáquinas hidráulicas
Turbinas de reação
Turbinas de fluxo axial Turbinas de fluxo radial Turbinas de fluxo misto
Bombas hidrodinâmicas ou turbo-bombas
Bombas centrífugas ou de fluxo radial
Bombas mistas Bombas axiais
Neste trabalho de dissertação, vai ser estudado e aprofundado o uso de bombas reversíveis e,
para tal, como se pode visualizar no quadro anteriormente apresentado, pode-se inserir estas
mesmas turbomáquinas hidráulicas em 3 grupos diferentes:
Bomba reversível do tipo radial ou centrífuga;
Bomba reversível do tipo mista;
Bomba reversível do tipo axial;
A aplicação de bombas reversíveis com vista a produção de energia elétrica, não é recente.
Vários países como por exemplo EUA, Alemanha e França têm vindo a utilizar os diferentes
tipos de bombas hidráulicas a funcionarem em sentido inverso para produção de energia elétrica
em pequenos aproveitamentos hidroelétricos, substituindo deste modo o uso das turbinas
convencionais (Viana, 2011).
Pesquisas realizadas por Viana, com bombas centrífugas, permitiram chegar à conclusão que
estas se tornam uma alternativa viável para utilizar como bombas reversíveis, mas, no entanto,
recomendam o seu uso para potências baixas, nomeadamente, abaixo de 50kW. O uso deste
tipo de bombas deve ser considerado como uma alternativa atrativa, uma vez que este tipo de
equipamentos apresentam bom desempenho e exigem poucas modificações para funcionarem
em sentido inverso (Balarim et al., 2004).
No entanto, é importante perceber quais as alterações que se registam quando uma bomba se
encontra em funcionamento normal, ou quando esta funciona em sentido inverso. Quando esta
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 17
funciona em sentido inverso, verifica-se que o difusor da bomba passa a ser o injetor da bomba
reversível, assim, a roda deixa de ser um elemento impulsionador.
2.1.3. Elementos construtivos de uma turbomáquina hidráulica
A composição das turbomáquinas hidráulicas (bombas e turbinas) é idêntica e muito simples,
logo, neste caso o estudo dos seus elementos construtivos torna-se bastante fácil.
Uma turbomáquina é constituída por dois elementos principais, o rotor e o sistema diretor
(Medeiros, 2015).
O rotor (Figura 12) é o órgão principal de uma turbomáquina hidráulica. É, especialmente neste
órgão, que ocorre tanto a transformação de energia mecânica em energia de fluido, como
também a transformação de energia contida no fluido em energia mecânica. Este é um órgão
móvel e está sempre ligado a um eixo que atravessa a carcaça da turbomáquina. Para além disso,
o rotor é dotado de saliências, que são denominadas pás, que quando se encontram em contacto
com o fluido recebem ou transmitem energia para este (Medeiros, 2015).
Figura 12 - Diferentes tipos de rotores (Machuca, 2015).
Os rotores ainda podem ser classificados de acordo com a forma das pás. Podem ser do tipo
fechado, semifechado, semiaberto e aberto (Figura 13) sendo, estes dois últimos casos, para
situações onde o fluido possua sólidos em suspensão (Ricardo, 2007).
ESTADO DE ARTE
18 Universidade do Minho
Figura 13 - Rotores fechados, semifechados e abertos (Ricardo, 2007).
Já o sistema diretor (Figura 14) encontra-se situado em zonas diferentes, ou seja, se se está na
presença de uma bomba este encontra-se posterior ao rotor. O sistema diretor, neste tipo de
turbomáquinas, tem como principal objetivo conduzir o fluido, de modo a evitar grandes
impactos e choques à saída. Numa bomba centrífuga, o sistema diretor de saída é conhecido
por difusor. É, essencialmente, um tubo construído para que a pressão cresça no sentido de
escoamento, diminuindo assim a energia cinética (Medeiros, 2015).
Figura 14 - Sistema diretor de uma bomba funcionando como bomba (BFB) (Viana, 2013).
Quando se está na presença de uma turbina, o sistema diretor (Figura 15) encontra-se antes do
rotor. Este tem como principal função, conduzir o fluido para que este passe pelas pás giratórias
existentes no rotor, reduzindo assim os efeitos de choques. Tem como principal objetivo
transformar a energia potencial armazenada no fluido, que se encontra em movimento, em
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 19
energia cinética antes de chegar ao rotor. Numa turbina, o sistema diretor funciona como um
injetor que trabalha ao contrário do funcionamento dos difusores (Medeiros, 2015).
Figura 15 - Sistema diretor de uma bomba funcionando em sentido inverso (BFSI) adaptado de (Viana, 2013).
2.2. VÁLVULAS REDUTORAS DE PRESSÃO
Em sistemas de abastecimento de água o uso de válvulas redutoras de pressão como forma de
uniformização e controlo de pressões dá origem a perda de carga localizada, através da redução
da pressão a jusante. Estas válvulas podem ser controladas quer mecanicamente, quer
eletronicamente e permitem uma gestão mais eficiente do nível de serviço pretendido. Estes
dispositivos têm grande importância no controlo das pressões em excesso levando a uma perda
de carga desperdiçada. A substituição dessas válvulas, por microturbinas ou bombas
reversíveis, podem ser apresentadas como uma solução alternativa para o controlo dessas
mesmas pressões, assim como, para produção de energia. A existência de desníveis acentuados
e caudal garantido levará a pressões efetivamente maiores, que por sua vez levará a benefícios
associados à produção de energia elétrica (Ramos et al., 2004).
2.2.1. Válvulas redutoras de pressão (VRP´s)
Segundo Ramos et al., (2004) as válvulas redutoras de pressão (VRP´s), (Figura 16), quando
são utilizadas como estruturas dissipadoras, são utilizadas nos sistemas hidráulicos como forma
ESTADO DE ARTE
20 Universidade do Minho
de uniformização e controlo de pressões, estando na origem de perdas de carga localizadas
devido aos valores de pressão registados a jusante serem baixos.
Figura 16 - Diferentes tipos de VRP´s (Ramos et al., 2004).
O funcionamento de uma VRP é muito simples, consiste simplesmente na ativação de um
pequeno dispositivo que tem como principal função a obstrução, sempre que a pressão
verificada a jusante for demasiadamente elevada, este dispositivo permite reduzir o valor da
pressão para o valor pretendido. Se por outro lado a pressão registada a jusante for mínima, essa
válvula abre totalmente de maneira a diminuir a perda de carga, e do mesmo modo, aumentando
a linha de energia e pressão a jusante.
2.2.1.1. Tipos de funcionamento das VRP
Segundo Ramos et al., (2004) distinguem se três tipos fundamentais de funcionamento das
VRP´s.
Estado ativo da válvula (Figura 17) A válvula origina uma perda de carga localizada
reduzindo assim o valor da pressão verificada a jusante.
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 21
Figura 17 - Estado ativo da VRP (Ramos, et al., 2004).
Estado passivo com válvula aberta (Figura 18) A válvula vai estar totalmente
aberta, esta vai verificar que a pressão a montante é insuficiente e inferior à carga de
definição da válvula e, portanto, a VRP vai-se manter aberta permitindo que a pressão
a montante e a jusante sejam as mesmas, com a exceção da perda de carga localizada
introduzida pela aplicação da VRP. Ainda é importante salientar que, para que a perda
de carga seja minimizada, a VRP deve ser dimensionada de modo que a sua capacidade
máxima seja superior ao caudal de dimensionamento do sistema (Ramos, et al., 2004).
Figura 18 - Estado passivo da VRP aberta (Ramos, et al., 2004).
Estado passivo da válvula fechada (Figura 19) Sempre que a pressão a jusante seja
superior à verificada a montante a válvula vai funcionar apenas como impedimento de
inversão de deslocamento.
Legenda:
Hm Cota a montante;
VRP Válvula redutora
de pressão;
Q Caudal;
HVRP Cota da VRP;
L.E Linha de energia;
Legenda:
Hm Cota a montante;
VRP Válvula redutora
de pressão;
Q Caudal;
HVRP Cota da VRP;
Hj Cota a jusante;
ESTADO DE ARTE
22 Universidade do Minho
Figura 19 - Estado passivo da VRP fechada (Ramos, et al., 2004).
2.2.2. Funcionamento VRP´s versus Bombas reversíveis
No âmbito deste trabalho de dissertação, o tipo de válvulas estudado, são as válvulas de estado
ativo onde se pretende aproveitar a energia dissipada para a produção de energia elétrica. A
utilização de bombas reversíveis, podem ser uma alternativa viável a implementar em sistemas
onde estejam a ser usadas as VRP´s, visto que estas, como já foi referido anteriormente, estão
a dissipar energia que poderia ser aproveitada.
De seguida, ( Figura 20) pode-se ver um esquema onde poderá ser utilizado uma VRP, onde,
jt representa a perda de carga unitária, que toma o valor da relação dada pela diferença de cotas
do reservatório a montante e a jusante, e do comprimento da conduta, L. Por outo lado, jreal
representa também uma perda unitária originada pela imposição das condições de pressão à
entrada do reservatório a jusante.
Figura 20 – Exemplo de um sistema onde poderá ser utilizado uma VRP (Oliveira, 2008).
Legenda:
Hm Cota a montante;
VRP Válvula redutora
de pressão;
Q Caudal;
HjCota a jusante;
ESTADO DE ARTE
Universidade do Minho 23
Quando num sistema de adução por gravidade, se está na presença de um sistema com um
desnível acentuado, usualmente são usadas as VRP´s. Estas, como já vem sendo explicado neste
documento, permitem a redução da pressão a jusante funcionando como dispositivos de
dissipação de energia. Energia esta, que poderia ser aproveitada quer por turbinas quer por
bombas reversíveis.
De seguida são apresentados dois gráficos retirados de Ramos, et al., (2004), (Figura 21), que
mostram as curvas características de uma bomba em funcionamento normal e de uma bomba
funcionando em sentido inverso, onde se pode observar a variação da potência, altura de
elevação/queda útil e rendimento com variação de caudal.
Figura 21 - Funcionamento normal vs. Funcionamento TB (Ramos, et al., 2004).
Analisando os gráficos existentes na Figura 21, pode-se ver que a bomba trabalha diferente de
uma turbina. Isto deve-se ao simples facto de estas apresentarem diferentes sentidos de rotação,
que por sua vez estão ligados a geometria do rotor.
As bombas reversíveis são usadas em pequenas centrais hidroelétricas de modo a converterem
a energia potencial hídrica em energia potencial elétrica. Estas, segundo Santos, (2010) são
fabricadas em série, (diminuindo o custo de fabrico e de manutenção), não necessitam de mão-
de-obra especializada para a manutenção, e a sua instalação é simples. Além disso é considerado
um equipamento robusto, logo as peças podem ser encontradas com alguma facilidade. No
ESTADO DE ARTE
24 Universidade do Minho
entanto, estas mediante Santos, (2010) apresentam rendimentos inferiores ao das turbinas
convencionais, não apresentam distribuidor (funciona como dispositivo de controlo hidráulico)
e por fim não permitem variações de carga como uma turbina convencional.
Estes pequenos contras podem ser contornados basta que a escolha da bomba para funcionar
em sentido inverso seja efetuada corretamente.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 25
CAPÍTULO 3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E
MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
3.1. Funcionamento das turbomáquinas - Características
A escolha de uma bomba reversível depende, principalmente, de dois fatores, a altura de queda
e o caudal. No entanto, existem outros fatores que devem ser tomados em conta quando se
pretende instalar este tipo de turbomáquina. Esses fatores são, a velocidade de rotação e a
velocidade específica de deslocamento. De seguida, nesta secção, vão ser enumerados e
estudados esses mesmos parâmetros. Ainda nesta secção, vão ser explicadas as perdas de carga,
regimes e pontos de funcionamento, potências e rendimentos para melhor serem entendidos os
diferentes casos de estudo, ou seja, o estudo técnico económico que será realizado
posteriormente.
3.1.1. Velocidade de rotação
Para a seleção do tipo de máquina adequada para cada situação, é fundamental o parâmetro
velocidade de rotação, este é dado por, n, e traduz o número de rotações do rotor da
turbomáquina hidráulica por minuto, está associado à forma e às propriedades dos rotores das
turbomáquinas. O seu valor serve de base para caraterizar séries de máquinas geometricamente
semelhantes em diferentes catálogos de fabricantes.
3.1.2. Velocidade específica
Velocidade específica é um índice adimensional de projeto, que identifica a semelhança
geométrica de bombas. É usada, essencialmente, para classificar os impulsores de acordo com
os seus tipos e proporções. Bombas com o mesmo n, mas de tamanhos diferentes, são
consideradas geometricamente semelhantes.
Segundo Stelzer & Walters, (1977) pode-se admitir que todas as considerações relativas à
velocidade específica da bomba reversível, são referidas à velocidade específica no ponto de
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
26 Universidade do Minho
rendimento ótimo. Neste ponto a velocidade específica numa turbomáquina mantém-se
constante independente da variação da velocidade de rotação.
Pode-se, então, traduzir velocidade específica como sendo a velocidade de uma turbomáquina
geometricamente semelhante a primeira que funcionando com igual rendimento, impulsiona
um caudal unitário a uma altura de elevação unitária, no caso de uma bomba, ou que fornece
uma potência unitária no caso de se estar a falar de uma turbina.
Então, segundo Stelzer & Walters, (1977):
Uma bomba girando à velocidade n, impulsiona o caudal Q, a uma altura de elevação H,
apresentando uma velocidade especifica – nsp que de acordo com as leis de semelhança se pode
calcular através de:
��� = � ∗��/�
��/� (3.1)
Onde:
���= Velocidade especifica no ponto de funcionamento ótimo, (m,m3/s);
� = Velocidade de rotação, rot/min;
� = Caudal bombeado no ponto de rendimento ótimo, m3/s;
� = Altura de elevação no ponto de rendimento ótimo, m;
Para facilitar a seleção da turbomáquina, alguns autores apresentam gráficos com a velocidade
específica associada a outros parâmetros característicos, como se pode ver na Figura 22, onde
está relacionado o rendimento máximo com o caudal e a velocidade específica.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 27
Figura 22 – Gráfico que associa velocidade específica, caudal e rendimento, adaptado de (Jean-Marc, et al., 2015).
Uma turbina girando à velocidade n fornece uma potência P, sob a queda útil, Hu, a que
corresponde os melhores rendimentos e potência máxima sob esta queda, ou seja, potência
obtida com a abertura total do distribuidor, tem uma velocidade especifica, ���, que de acordo
com as leis de semelhança, calcula-se por:
��� = � ∗��/�
Hu�/� (3.2)
Onde:
���= Velocidade especifica da turbina, (m,kW);
� = Velocidade de rotação, rot/min;
� = Potência obtida com abertura total do distribuidor para Hu, kW;
�� = Queda útil, m;
Segundo Stepanof demonstrado por Stelzer & Walters, (1977) no Bureau of Reclamation,
pode-se ver que existe uma correlação entre as equações 3.1 e 3.2, onde Stepanof, usando os
mesmos parâmetros Q e H, para os dois diferentes tipos de turbomáquinas hidráulicas chegou-
se à seguinte equação:
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
28 Universidade do Minho
��� = ��� ∗ � (3.3)
Onde:
���= Velocidade específica da turbina;
���= Velocidade específica da bomba;
� = Eficiência É igual à raiz quadrada da melhor eficiência da bomba;
Ainda, segundo Stelzer & Walters, (1977), pode-se ver que o valor mínimo teórico da relação
entre a queda útil da turbina e a altura de elevação da bomba, nos respetivos pontos de
rendimento ótimo para um funcionamento de uma bomba reversível, é dado por:
��
�=
1
�� ∗ �� (3.4)
Onde:
� = Altura de elevação no ponto de rendimento ótimo, m;
�� = Queda útil no ponto de rendimento ótimo, m;
�� = Eficiência hidráulica da turbina;
�� = Eficiência hidráulica da bomba;
Quando estamos na presença de uma bomba reversível, o cálculo da velocidade específica é
determinada usando a expressão de cálculo (3.1).
3.1.2.1. Velocidade específica - Geometria do propulsor/rotor
De acordo com Barbosa, (1986), verifica-se que existe uma relação entre características das
bombas hidráulicas e a velocidade específica, nomeadamente, na geometria do propulsor. Na
Figura 23 está estabelecida precisamente a variação da geometria do propulsor de três bombas
de categorias diferentes, com velocidade de rotação idênticas, com as respetivas velocidades
específicas.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 29
Figura 23 - Velocidade específica vs. Geometria do propulsor, adaptado de (Barbosa, 1986).
Analisando a Figura 23, e segundo Barbosa, (1986), verifica-se que a velocidade específica
varia de acordo com os diferentes tipos de turbomáquinas hidráulicas. Esta variação de
velocidade específica permite-nos classificar as turbomáquinas hidráulicas sendo elas lentas ou
rápidas. Deste modo, pode-se fazer uma distinção entre as três categorias de bombas mediante
o intervalo de velocidades específicas. Assim sendo têm-se:
Bombas centrífugas Neste tipo de turbomáquinas hidráulicas o escoamento, como
já foi visto anteriormente, é radial e na Figura 23 verifica-se que a velocidade específica
apresenta valores até 80 rot/min. Os propulsores são de grandes dimensões, o que
permite fazer com que a água percorra trajetórias longas. Pode-se visualizar na Figura
23 que a medida que a velocidade específica aumenta a dimensão do rotor diminui,
pelo que se pode concluir que a trajetória da água no rotor também vai diminuindo.
Bombas mistas O escoamento nestes casos é um escoamento misto, e apresenta
valores de velocidades especificas no intervalo de 80 a 130 rot/min. A geometria do
rotor destas bombas origina componentes radiais e axiais de velocidade à saída do
impulsor.
Bombas axiais Neste ultimo caso pode-se ver que a velocidade específica apresenta
valores superiores ou iguais a 130 rot/min.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
30 Universidade do Minho
3.1.2.2. Velocidade específica - Curvas de funcionamento das bombas
As diferentes velocidades específicas fazem com que as curvas características das bombas
sejam diferentes. Na Figura 24 onde o eixo das abcissas representam a relação entre o caudal e
o caudal ótimo e onde o eixo das ordenadas corresponde a relação entre a altura de elevação e
altura de elevação correspondente ao caudal ótimo, verifica-se que a medida que a velocidade
específica aumenta os valores registados na origem são mais elevados, levando assim a um
declive mais acentuado (Barbosa, 1986).
É de salientar ainda, que as curvas apresentadas representam diferentes números de velocidade
específica e são obtidos através da equação 3.1.
Figura 24 - Velocidade especifica vs. Curvas características da bomba (Barbosa, 1986).
É importante, no entanto, entender o interesse que as curvas características apresentam quando
apresentam a variação de potência, da altura de elevação e do rendimento com o caudal para
uma velocidade de rotação constante.
Na Figura 25 encontra-se representações típicas dessas características, com valores
correspondentes ao rendimento ótimo para os diferentes tipos de bombas.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 31
Figura 25 - Variação da altura de elevação, da potência e do rendimento com o caudal a rotação constante (Oliveira, 2008).
Pode-se ver que existe uma diferença a nível de potência entre as bombas centrífugas e as
bombas axiais, onde nas bombas centrífugas a potência aumenta com o caudal e nas bombas
axiais verifica-se precisamente o contrário.
3.1.3. Regimes de funcionamento das turbomáquinas hidráulicas
As curvas características referidas na Figura 25, correspondem a um funcionamento da bomba
num estado normal, isto significa, quando esta recebe uma determinada energia proveniente do
exterior para elevar um dado caudal, Q0, a uma dada altura de elevação, H0. Pode-se, então,
considerar neste caso a altura de elevação e caudal (H0 e Q0 ) como sendo positivos.
Um tipo diferente de representação dos diferentes regimes de funcionamento de uma bomba
hidráulica, é a representação segundo um diagrama cartesiano. Neste diagrama está assinalada
a velocidade de rotação em função do caudal, assim como a altura da elevação, H0, e o momento
resistente da bomba, Mb,b. Estão representados também os diferentes domínios representativos
dos principais regimes de funcionamento (bombagem, dissipação e turbinamento) (Barbosa,
1986).
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
32 Universidade do Minho
Estes quatro parâmetros utilizados referem-se ao ponto de funcionamento ótimo e podem ser
definidos pela seguinte forma, onde as condições nominais (R) referem-se ao ponto de melhor
eficiência: (Ramos & Borga, 2000)
� =�
�� (3.5)
� =�
�� (3.6)
ℎ =�
�� (3.7)
� =��
��� (3.8)
Os sinais de � e � definem os quatro quadrantes, enquanto os sinais de ℎ e � indicam os
diferentes regimes de funcionamento da turbomáquina hidráulica (Figura 26).
Figura 26 - Domínios de funcionamento da bomba hidráulica em regime variável (Ramos & Borga, 2000).
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 33
Na tabela seguinte está representado um quadro resumo sobre os domínios de funcionamento
das bombas hidráulicas, tendo em conta o gráfico anteriormente apresentado.
Tabela 2 - Resumo dos domínios de funcionamento das bombas hidráulicas (Barbosa, 1986).
Setor Momento
resistente
(b)
Altura de
elevação
(h)
Velocidade de
rotação
(n)
Caudal
(q)
Bombagem
normal + + + +
Dissipação + - + +
Turbinamento - - + +
Dissipação - - - +
Bombagem - + - -
Dissipação - + - -
Turbinamento + + - -
Dissipação + + + -
Na Figura 26 está representado, então, num diagrama cartesiano os principais regimes de
funcionamento da turbomáquina hidráulica em função de um ângulo θ, que varia entre 0º e 360
º. Este ângulo é obtido usando a expressão seguinte:
θ =�
� (3.9)
Onde � e � foram definidos anteriormente.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
34 Universidade do Minho
Como se pode ver no diagrama cartesiano apresentado anteriormente, o regime de
funcionamento, que mais se aproxima a uma bomba reversível, encontra se no terceiro
quadrante. Pode-se verificar, que vai ocorrer um turbinamento normal, onde o sentido de
rotação do impulsor e o escoamento do fluido vão dar origem ao turbinamento.
As curvas características das turbomáquinas podem ser definidas pelos parâmetros de Suter
para queda, WH, e momento resistente, WT.
�� =ℎ
�� + �� (3.10)
�� =�
�� + �� (3.11)
Na Figura 27 pode-se visualizar os parâmetros de Suter representados sob a forma gráfica.
Figura 27 - Parâmetros de Suter representados graficamente (Ramos & Borga, 2000).
No gráfico apresentado anteriormente os valores do eixo das abcissas representam o ângulo, θ,
enquanto que o eixo das ordenadas representa os diferentes valores obtidos para os parâmetros
de Suter anteriormente descritos. Ainda neste gráfico a zona, a sombreado, representa o campo
de aplicação de um funcionamento de uma turbina
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 35
3.1.4. Pontos de funcionamento das turbomáquinas hidráulicas
Num sistema quando se pretende instalar e usufruir de uma bomba reversível, esta está sujeita
a caudais e quedas úteis que variam em determinados intervalos. A curva característica de
instalação (CCI) expressa a relação existente entre o caudal turbinado e a queda útil disponível
correspondente.
Visto isto, com o auxílio dos parâmetros de Suter, abordados anteriormente (equações 3.10 e
3.11) é então possível traçar as curvas características da bomba reversível (CCBR), (Figura 28),
para diferentes velocidades de rotação em função de q e h, duas variáveis que representam a
percentagem de caudal turbinado e a queda útil no ponto de rendimento ótimo, respetivamente.
O valor negativo de q, representa unicamente a inversão do sentido de funcionamento da
bomba.
Figura 28 - Curvas características da bomba reversível para diferentes velocidades de rotação (Ramos & Borga, 2000).
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
36 Universidade do Minho
Para facilitar o cálculo do ponto de funcionamento de um sistema, têm-se na Figura 29, um
gráfico onde está representado as CCI e CCBR e onde a intersecção entre essas mesmas curvas
permite tirar o desejado ponto de funcionamento.
Figura 29 - Determinação do ponto de funcionamento.
Para evitar situações de instabilidade sempre que uma bomba trabalhe em sentido contrário, o
seu ponto de funcionamento deve coincidir com a curva que origina a maior potência. Este
ponto está localizado próximo do ponto de rendimento ótimo. Esta instabilidade pode ser
explicada devido ao facto das curvas características de instalação, quando intersectam com a
linha de potência, originarem dois pontos diferentes (Ramos & Borga, 2000).
Figura 30 - Ponto de funcionamento de uma bomba reversível (Ramos & Borga, 2000).
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 37
Analisando a Figura 30, pode-se ver a interseção das duas curvas (CCI e CCTB) com o
diagrama em colina de potências, que permite obter o ponto de funcionamento máximo.
3.1.5. Potência fornecida pela bomba reversível
A queda útil e o caudal são os dois principais fatores que estão na origem da produção de energia
gerada através de uma turbomáquina hidráulica.
Neste trabalho de dissertação o mais importante é a potência gerada no turbinamento. Esta será
obtida usando a expressão seguinte, onde se pode ver que esta vai depender da queda útil e do
caudal turbinado.
�� = �� ∗ �� ∗ �� (3.12)
Onde:
�� = Potência teórica, W;
�� = Caudal turbinado, m3/s;
�� = Queda útil, m;
�� = Peso volúmico do fluido, N/m3;
Esta é a equação geral para o cálculo de uma potência. No entanto, verificam-se sempre perdas
de vários tipos, nomeadamente fugas de água, perdas de energia no interior da turbomáquina,
pelo que, então, é necessário utilizar um fator de minoração, que permita simular essas mesmas
perdas. Esse fator é, então, designado por rendimento, representa-se pela letra η e dá origem a
uma nova equação expressa abaixo.
�� = (�� ∗ �� ∗ ��)∗ ( η��) (3.13)
Onde:
η�� = Rendimento bomba reversível;
Quando se está a trabalhar com uma bomba funcionando em sentido contrário, é importante
entender como esta funciona a nível da potência, ou seja, está-se na presença de duas potências
distintas. A potência que é transmitida à bomba pelo fluxo, o qual se designa por Pfluxo, e a
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
38 Universidade do Minho
potência fornecida pela bomba ao gerador designado por Pgerador . A diferença entre estas duas
potência é que a Pfluxo é dependente da altura útil e caudal turbinado, enquanto a Pgerador é
dependente da velocidade de rotação e do momento resistente.
Portanto a equação da potência útil da turbina-bomba é dada por:
�� = ��� ∗ �� ∗ ��� ∗ ( η�� ∗ η� ∗ η�) (3.14)
Onde, segundo (Ramos & Borga, 2000), o uso de uma bomba reversível leva ao surgimento de
duas potências, como já foi explicado anteriormente. Portanto, quando se está na presença de
uma bomba em funcionamento normal, o rendimento desta é dado por:
η� = ������
�������� (3.15)
Se, se estiver na presença de uma bomba reversível, o rendimento pode ser dado por uma
equação semelhante à anterior definida na seguinte forma:
η� = ��������
������ (3.16)
No entanto, é necessário ter em atenção que numa bomba reversível, o seu ponto de melhor
eficiência não é aquele quando esta funciona com o distribuidor totalmente aberto como se pode
ver na Figura 31. Nesta figura, pode-se visualizar graficamente o caso de uma bomba onde o
seu ponto de rendimento ótimo, para um valor de caudal igual ao caudal bombeado, é de
aproximadamente 77%, enquanto no caso de uma turbina, quando o distribuidor está totalmente
aberto, é então de 80%.
Figura 31 - Eficiência da bomba vs. Eficiência da turbina (Ramos & Borga, 2000).
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
Universidade do Minho 39
No entanto, para que seja estimada a potência útil corretamente é, então, necessário converter
o rendimento da turbina-bomba quando esta se encontra a bombear para o rendimento a
turbinar. Para tal, é usualmente utilizado a aplicação de um fator de correção, designado por
CR. Fator este, que na maioria dos casos é fornecido pelos catálogos do fornecedor e que se
multiplica pelo rendimento da bomba, ficando a expressão da seguinte forma:
��� = �� ∗ CR (3.17)
Os valores do fator de correção variam entre 0.92 e 0.99 (Oliveira, 2008), e portanto pode-se
concluir que um rendimento de uma bomba reversível é sempre inferior ao rendimento da
bomba em funcionamento normal.
No entanto, nem sempre os fabricantes fornecem dados corretos sobre este fator de conversão,
assim, nestes casos, é possível estudar o funcionamento da turbina-bomba recorrendo a
gráficos, como o da Figura 32. Nestes gráficos estão representadas as curvas características da
turbina-bomba, para diferentes velocidades de rotação específica, mas com velocidade de
rotação constante (Rocha, 2008).
Figura 32 - Curva característica da turbina bomba para diferentes velocidades específicas: Caudal turbinado vs. Rendimento esperado; Caudal Turbinado vs. Queda útil, respetivamente
(Rocha, 2008).
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS E MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS
40 Universidade do Minho
Estes gráficos servem, então, de referência para determinar o rendimento e queda útil
correspondente a uma determinada percentagem de caudal turbinado. Importa referir que BEP
expresso no gráfico da Figura 32, indica o ponto de rendimento ótimo da turbomáquina
hidráulica.
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 41
CAPÍTULO 4. METODOLOGIA DE CÁLCULO
4.1. Escolha da turbomáquina adequada ao caso de estudo
Como já tem vindo a ser estudado neste documento, a colocação de uma turbina-bomba em
sistemas de abastecimento de água, torna-se uma solução viável e bem aceite para controlo e
redução da pressão a jusante, mas principalmente para o aproveitamento da energia dissipada
para a produção de energia elétrica.
Torna-se, então, muito importante que a seleção da turbomáquina a utilizar, seja feita
corretamente, de modo a que esta não seja sobredimensionada e cumpra os requisitos mínimos
desejados.
Segundo Oliveira, (2008), o erro mais comum na escolha da turbomáquina, passa por ter em
conta as condições existentes no sistema (caudal e queda útil) para, através do uso dos catálogos
do fornecedor, proceder à escolha da turbina-bomba, o que não se torna o procedimento mais
correto, visto que os gráficos fornecidos representam somente as curvas características do
desempenho do funcionamento de determinada turbomáquina, o que pode levar, como já foi
dito anteriormente, ao seu sobredimensionamento.
4.1.1. Condições de dimensionamento da bomba reversível
Para se proceder à escolha da turbomáquina hidráulica, terá de se começar por determinar o
caudal turbinado e queda útil (Qtu e Hut, respetivamente), assim como a velocidade de rotação
pretendida (�). Depois disto está-se, então, em condições de calcular a velocidade específica
(���).
No entanto, é importante referir que existem alternativas que permitem estimar o valor do
caudal turbinado, assim como a queda útil tendo em conta a turbomáquina desejada, como se
pode ver na Figura 33.
METODOLOGIA DE CÁLCULO
42 Universidade do Minho
Figura 33 - Relação entre queda útil e velocidade específica para diferentes tipos de turbinas (Barbosa, 1986).
Para que se possa fazer uma seleção correta da bomba reversível, existem essencialmente dois
métodos, um proposto por Viana e outro proposto por Chapallaz, et al., (1992).
Neste trabalho de dissertação o método utilizado é o método proposto por Chapallaz, et al.,
(1992). Segundo este autor, num primeiro instante deve ser calculada a velocidade específica
com base nos dados fornecidos pelo aproveitamento hidroelétrico. Para tal utiliza-se a equação
3.1.
Após este importante passo é, então, necessário converter a velocidade específica determinada
anteriormente, para velocidade específica da bomba. Para tal, este autor utiliza a seguinte
equação:
��� =���
0.89 (4.1)
Outro passo muito importante é converter também o valor do caudal que posteriormente será
turbinado. O autor utiliza a seguinte expressão analítica:
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 43
�� =��1.3
(4.2)
É de salientar que os fatores 0.89 e 1.3, expressoras nas equações 4.1 e 4.2,respetivamente, são
dois fatores propostos por Chapallaz, et al., (1992).
Estando-se, então, na posse dos valores do caudal e da velocidade específica respetivamente
convertidos, com o auxílio do gráfico da Figura 34, é então possível estimar o rendimento
máximo da turbomáquina hidráulica.
Figura 34 - Gráfico para obtenção da eficiência máxima da bomba, adaptado de (Chapallaz, et al., 1992).
No gráfico da Figura 34 pode ver-se que se estiver a falar de uma velocidade específica de 85
rot/min e de um caudal de 0.15 m3/s, aproximadamente, têm-se um rendimento máximo por
volta dos 83%.
METODOLOGIA DE CÁLCULO
44 Universidade do Minho
Conhecendo-se a velocidade específica e o rendimento da bomba, obtém-se os coeficientes de
altura (CH) e caudal (CQ). Estes dados podem ser determinados graficamente (Figura 35 e Figura
36).
Figura 35 - Coeficiente de altura (Medeiros, et al., 2004).
Figura 36 - Coeficiente de caudal (Medeiros, et al., 2004).
Atendendo aos gráficos das Figura 35 e Figura 36, pode-se ver que os intervalos de coeficientes
de altura e caudal são [1.2; 2.4] e [1.2; 2.0], respetivamente.
Estando-se na posse destes dois coeficientes, está-se em condições de determinar a altura e
caudal da bomba reversível, através das seguintes equações:
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 45
���� = ���
�� (4.3)
���� = �����
(4.4)
Onde:
��� = Altura útil da bomba, m;
��� = Altura da BR, m;
��� = Caudal turbinado, m3/s;
��� = Caudal da BR, m3/s;
A altura e o caudal calculado utilizando as fórmulas anteriores são referentes à velocidade de
rotação proposta inicialmente, portanto devem ser corrigidas para a rotação expressa no
catálogo do fabricante, através das equações seguintes:
�� = ������
∗ ���� (4.5)
�� = ������
∗ ���� (4.6)
Onde:
�� = Altura útil corrigida, m;
�� = Caudal turbinado corrigido, m3/s;
�� = Velocidade de rotação do catálogo, rpm;
Visto isto, é possível verificar a disponibilidade da bomba centrifuga escolhida para funcionar
em sentido inverso. Para tal, segundo Balarim, et al., (2004), através da Figura 37, pode-se
analisar se é aconselhável a bomba funcionar em sentido inverso.
METODOLOGIA DE CÁLCULO
46 Universidade do Minho
Figura 37 - Região para aplicação de bombas centrífugas a funcionarem em sentido inverso (Beluco, 1994).
Depois deste passo, onde a bomba está escolhida, recorrendo aos catálogos dos fabricantes, é
necessário tomar conhecimento do rendimento da bomba, (η�) , para que possa ser convertido
no rendimento da bomba reversível, ( η��). Para tal, como está explicado no subcapítulo “
Potência fornecida pela bomba reversível”, basta multiplicar pelo fator de correção fornecido
pelos fornecedores nos catálogos.
Conhecendo todas as variáveis utilizadas para o cálculo da potência útil da bomba reversível
(equação 3.14), está-se, então, nas perfeitas condições de estimar a potência gerada pela bomba
reversível.
É importante referir que, neste passo somente o rendimento da bomba é multiplicado pelo fator
de correção, os restantes dados não sofrem qualquer tipo de alteração. Isto é, os dados do caudal
turbinado, altura útil e os restantes rendimentos mantêm-se inalterados, mantendo-se as
condições iniciais do projeto.
Para tornar mais fácil a compreensão da metodologia adotada, em seguida, é apresentado um
organograma (Figura 38).
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 47
Figura 38 - Organigrama resumo do método de cálculo utilizado.
Dados iniciais :
Hut
Qtu
n
Calcula-se:
nsp (equação 3.1 )
nsp / 089
Qtu/1,3
Obtendo-se:
nsb
Qb
Recorrer à figua 34
obtem-se:
(rendimento máximo) ηmáx
Através:
Hut
Qtu
nsp
nmáx
Recorrer aos gráficos 35 e 36
obtém-se:
CH e CQ
Usando equação 4.3 e 4.4
Determina-se:
HBR e QRB
Usando equação 4.5 e 4.6
Determina-se:
Hc e Qc
Usando :
Hc
Qc
Catálogos dos fabricantes
Conhecendo-se:
ηb (obtido no catálogo do fabricante)
CR , Hut , Qtu , ηt , ηg , �f
Determina-se:
Pu
METODOLOGIA DE CÁLCULO
48 Universidade do Minho
Depois de estarem definidas todas as condições de dimensionamento, como foi explicado neste
subcapítulo “ Condições de dimensionamento da bomba reversível”, está-se em condições
de se proceder à estimativa da produção da energia elétrica.
4.1.2. Pré-seleção da bomba reversível a partir dos catálogos
A seleção da turbomáquina usando os catálogos dos fabricantes é muito simples, basta ter
conhecimento do caudal e da altura útil devidamente convertidos para bomba a funcionar em
sentido inverso. Após este procedimento e com o auxílio de um gráfico, como o da Figura 39,
é possível fazer uma seleção do tipo de bomba que melhor se enquadra no caso de estudo.
Figura 39 - Domínios de aplicação das bombas (Barbosa, 1986).
Segundo Balarim, et al., (2004), pode-se ver o campo de aplicação das bombas reversíveis
(Tabela 3).
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 49
Tabela 3 - Campo de aplicação das bombas reversíveis.
É corrente nos catálogos dos fabricantes serem encontrados diagramas, designados por
diagramas em mosaicos ou mosaicos de utilização, que indicam, numa representação cartesiana
(H, Q), os domínios de funcionamento, em boas condições, de um modelo de bombas
hidráulicas de um certo tipo, correspondendo, em geral, cada mosaico a uma velocidade de
rotação. Na Figura 40 e Figura 41, estão representados dois diagramas em mosaicos relativos a
duas velocidades de rotação diferentes (1450 rpm. e 2900 rpm.), sendo estes dois modelos
referenciados por dois números, onde o primeiro representa o diâmetro interior da conduta de
aspiração e o segundo o diâmetro do impulsor (Barbosa, 1986).
Figura 40 - Diagrama em mosaico para 1450 rpm (Barbosa, 1986).
METODOLOGIA DE CÁLCULO
50 Universidade do Minho
Figura 41 - Diagrama em mosaico para 2900 rpm (EFAFLU, 2015).
Com este recurso que os catálogos dos fabricantes nos fornecem, torna-se mais fácil a pré-
seleção da bomba que melhor se adapta às condições iniciais. No caso de se tratar de uma bomba
em funcionamento normal, o caudal a elevar e o desnível topográfico a vencer, só poderão ser
definidos com um certo rigor depois de conhecidas as características da bomba e só a partir daí
é possível calcular as perdas de carga, correspondentes ao caudal previamente considerado, e
determinar um valor aproximado da altura de elevação. No caso da pré-seleção de uma bomba
reversível, o seu processo é muito simples, basta considerar os parâmetros caudal a turbinar e
queda útil devidamente convertidos para funcionamento de bomba reversível e com a ajuda dos
diagramas em mosaicos, a bomba reversível escolhida corresponde à área do gráfico onde se
intersectam as duas retas (Barbosa, 1986).
Em seguida, deverá ser consultado o diagrama de colina de rendimentos da turbina-bomba
pré-selecionada, que pode apresentar uma aspeto idêntico ao da Figura 42, correspondente a
uma bomba 125-250 como pode ser determinada no diagrama em mosaico para 1450 rpm.
Neste novo diagrama as curvas representadas a traço mais forte correspondem ao diâmetro do
impulsor. Este pode ser ajustado sem afetar em grande escala o rendimento da turbomáquina,
desde que o ponto de funcionamento se situe no interior da área referenciada (Barbosa, 1986).
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 51
Figura 42 - Diagrama em colina para velocidade de rotação de 1450 rpm (Barbosa, 1986).
Estando, assim, realizada a escolha da turbomáquina, e para que a seleção desta seja concluída,
esta será complementada com a análise das respetivas condições de aspiração. Este ponto será
estudado no próximo subcapítulo.
4.1.3. Condições de aspiração das turbomáquinas
O fenómeno de cavitação é um problema frequente nas turbomáquinas hidráulicas, e se não for
controlada, nem corrigida, a cavitação pode trazer algumas consequências como:
Redução da performance da turbina;
Vibrações excessivas;
Desgaste e erosão;
Quando se pretende instalar uma turbina hidráulica de reação, tem de se ter em atenção a altura
de restituição, �� , (Figura 43). Esta é definida pela distância da turbina ao nível de jusante.
Para que seja evitada a cavitação nas turbinas de reação, quanto maior for a altura de restituição
menor será a pressão em A (Oliveira, 2008).
METODOLOGIA DE CÁLCULO
52 Universidade do Minho
Figura 43 - Altura de restituição (Santos, 2013).
Segundo Santos, (2013), para que não ocorra o fenómeno de cavitação, o valor da altura de
restituição nunca ser superior a:
�� − �� − ������ ∗ � (4.7)
Onde:
�� = Altura correspondente á pressão atmosférica (����
�� );
�� = Altura correspondente á pressão do vapor (��
�� );
������ = Número de Thoma;
� = Queda útil, m;
���� = Pressão atmosférica local, N/m2;
�� = Tensão de saturação do vapor líquido; N/m2;
Portanto têm-se:
�� < �� − �� − ������ ∗ � (4.8)
O Número de Thoma para as turbinas hidráulicas de reação, nomeadamente para as turbinas
Francis e de Kaplan, é definido por:
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 53
Turbina
Francis ������ = 4.68 * 10-4 * n1.41 (4.9)
Turbina
Kaplan ������ = 4.24 * 10-4 * n1.46 (4.10)
Onde n representa a velocidade de rotação da turbomáquina hidráulica.
4.2. Produção de energia elétrica
O aproveitamento de energia hidroelétrica consiste no aproveitamento da energia hidráulica
para a produção de energia elétrica. A energia libertada, aquando da passagem de uma
determinada quantidade de água por uma turbomáquina hidráulica, designada por turbina-
bomba, faz mover um rotor, que por sua vez aciona um gerador elétrico.
Para que se possa fazer um estudo mais correto da avaliação da produção de energia elétrica, é
importante que as condições de funcionamento sejam bem definidas. Destas destacam-se:
Análise e obtenção de dados relativos ao consumo;
o Crescimento populacional / População servida;
o Capitações;
Caudais que posteriormente serão turbinados;
Determinação das perdas de carga;
o Perdas de carga contínuas;
o Perdas de carga localizadas;
Curvas características para definição das condições de funcionamento da turbomáquina
hidráulica;
Neste capítulo será abordado o tema “ Produção de energia elétrica”, onde vão ser explicados
alguns dos parâmetros utilizados para este fim.
Segue-se, então, numa maneira mais pormenorizada, alguns dos parâmetros que influenciarão
o caso em estudo.
METODOLOGIA DE CÁLCULO
54 Universidade do Minho
4.2.1. Parâmetros considerados
4.2.1.1. Caudal considerado
Um dos parâmetros mais importantes, para que se possa fazer uma análise económica correta
da estrutura que se pretende instalar, é a escolha do caudal que será utilizado para turbinar. O
grave problema que se verifica para definir este mesmo parâmetro de dimensionamento, deve-
se ao facto que, num sistema de distribuição de água, o consumo desta varia com o tempo, ou
seja, varia ao longo dos dias e consequentemente ao longo dos anos dependendo da necessidade
da população servida por este. Logo, como se pode verificar, a dificuldade está em escolher e
adotar um valor de caudal turbinado. No entanto, este problema pode ser superado numa
primeira instância conhecendo-se os caudais médios diários num determinado local e
posteriormente tomando conhecimento da previsão do caudal médio consumido pela população
servida.
Visto isto, numa primeira parte deste trabalho de dissertação, e de modo a tornar mais simples
o estudo da turbina-bomba, será considerado o abastecimento entre dois reservatórios com um
desnível significativo e caudal médio constante. Após isto, será tido em conta o abastecimento
de água conforme a necessidade da população servida.
4.2.1.1.1. Caudal consumido pela população nos diferentes casos de estudo
O primeiro caso de estudo proposto é um caso simples onde não se considera o abastecimento
de água à população servida por este sistema (Anexo 5).
Já num segundo caso é tido em conta esse mesmo abastecimento público, onde se considera
dois casos distintos variando o tempo de abastecimento do reservatório a jusante (Anexo 8 e
Anexo 11). Como é de conhecimento público o consumo de água diário é variado, e portanto,
foi necessário recorrer a um gráfico de fatores de ponta horários do consumo de água (Figura
44).
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 55
Figura 44 - Fatores de ponta horários (MSBII, 1991).
É de salientar que o reservatório de abastecimento público no instante t=0s, se encontra com
um volume inicial igual à soma do volume de regularização com a reserva para incêndios,
valores estes obtidos usando o Decreto Regulamentar 23/95, artigo nº70.
No entanto, isto só se aplica se a BR for instalada numa rede de distribuição, o que não é o caso
nesta dissertação. Nesta dissertação a implementação da BR encontra-se num sistema de
transporte e nestes caso o caudal que passa na adutora depende essencialmente do desnível,
diâmetro e rugosidade do material.
4.2.1.2. Queda útil
O valor da queda útil vai ser um valor muito importante, não só para o cálculo da potência útil
gerada pela turbomáquina hidráulica, mas também para o escolha do tipo da turbina-bomba a
utilizar.
Num sistema de adução entre dois reservatórios, onde existe um desnível significativo entre os
mesmos e onde está implantado um grupo turbina-bomba, é importante ter em atenção, que a
queda útil considerada é um valor onde não se pode desprezar as perdas de carga, quer elas
sejam principais ou localizadas.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0-1
1-2
2-3
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-1
0
10
-11
11
-12
12
-13
13
-14
14
-15
15
-16
16
-17
17
-18
18
-19
19
-20
20
-21
21
-22
22
-23
23
-24
0,250,250,250,250,250,25
1
2,672,67
0,8 0,8 0,8
1,5 1,5
0,8 0,8 0,8 0,8
2 2 2
0,7
0,43 0,43
Fact
ore
s d
e p
on
ta
Horas
Factores de ponta horários
METODOLOGIA DE CÁLCULO
56 Universidade do Minho
4.2.1.3. Perdas de carga principais e localizadas
Para que se possa quantificar as perdas de carga primeiramente é necessário conhece-las. Para
tal, este subcapítulo refere-se essencialmente as perdas de carga, quer principais quer
localizadas.
As perdas de carga, também conhecidas por perdas de energia, resultam do atrito do fluido, ou
seja, da sua viscosidade, da resistência oferecida pelas paredes em virtude da sua rugosidade e
das alterações da trajetória das partículas líquidas impostas pelas peças e dispositivos usados.
Darcy e Weisbach chegaram à expressão geral da perda de carga válida para qualquer líquido,
e que pode ser escrito da seguinte forma:
�= �
�∗
��
2 ∗ � (4.11)
Onde:
� = Coeficiente de resistência;
D = Diâmetro da conduta;
U = Velocidade média de escoamento no interior da conduta, m/s;
g = Aceleração da gravidade, 9.81 m/s2;
O coeficiente de resistência é obtido através da equação de COLEBROOK-WHITE, ou seja:
1
��= −2 ∗ log�
�
3.7 ∗ �+
2.51
�� ∗ �� � (4.12)
O número de Reynolds, Re, é obtido através da seguinte expressão:
�� = � ∗ �
� (4.13)
Onde:
� = Rugosidade equivalente, m;
� = Velocidade média do escoamento no interior da conduta, m/s;
� = Viscosidade cinemática, m2/s;
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 57
Com as expressões, em cima descritas, é possível calcular o valor de j. Numa primeira fase,
usando a equação 4.11 e 4.12, e de uma forma iterativa, é possível determinar o valor de f.
Por fim, e com o valor de j calculado, é possível determinar a perda de carga principal, usando
a seguinte expressão:
�ℎ� = � ∗ � ( �) (4.14)
Além das perdas de carga, anteriormente descritas para movimentos uniformes, existem outras
perdas de carga que correspondem a regimes variados. Estes regimes são estabelecidos em
trechos curtos e devidos a alterações bruscas das condições do movimento, nomeadamente a
entrada e saída de reservatórios, na entrada da turbina-bomba e nas curvas existentes nas
condutas adutoras.
Como se pode ver na equação seguinte, estas perdas de carga são em função de dois fatores. O
primeiro corresponde ao coeficiente de perda de carga localizada, K, e o segundo fator à altura
cinética da expressão generalizada do teorema de Bernoulli. Este segundo fator corresponde à
energia cinética por unidade de peso do fluido que atravessa uma secção transversal do
escoamento, animadas de uma velocidade U.
�ℎ� = � ∗ ��
2 ∗ � (4.15)
O valor do coeficiente de perda de carga localizada (Figura 45) é obtido usando, como
referência, certas tabelas já desenvolvidas por vários autores, como se pode visualizar na tabela
seguinte:
METODOLOGIA DE CÁLCULO
58 Universidade do Minho
Figura 45 - Valor do coeficiente de perda de carga localizada para singularidade e conexões (UNESP, 2015).
4.2.2. Energia produzida pela bomba reversível
A fórmula seguinte é muito importante para que se possa realizar uma melhor análise da energia
produzida pela turbina-bomba. Como se pode verificar anteriormente neste documento,
nomeadamente no capítulo 3, nomeadamente no subcapítulo “ Potência fornecida pela
bomba reversível “, é possível calcular um valor pontual da potência fornecida pela
turbomáquina hidráulica.
Este passo torna-se indispensável na medida em que permite, de um modo mais correto, calcular
a rentabilidade do sistema instalado. Permite determinar a quantidade de energia por
determinado tempo que o sistema é capaz de produzir.
� = ∑(�� ∗ ��) (4.16)
4.3. Rentabilidade da construção
Quando se pretende efetuar a instalação de um novo sistema de aproveitamento de energia em
sistemas de abastecimento de água, o estudo da viabilidade deste tipo de projeto deve ser
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 59
efetuado de tal modo onde o principal objetivo será a redução dos custos. Logo, terá de ser feita
uma correta avaliação económica ao longo da vida útil do empreendimento.
No âmbito deste projeto, este mesmo estudo, compreenderá a instalação de uma bomba
reversível em sistemas de adução entre dois reservatórios, sendo o reservatório a jusante aquele
que permitirá o abastecimento público.
Os benefícios que advém de um aproveitamento deste tipo, depende unicamente da energia
produzida e da sua venda a uma entidade de rede elétrica nacional, que ao longo dos anos sofre
valorização pela sua venda de acordo com o tarifário de compra de energia elétrica. Já no que
diz respeito aos custos, estes devem compreender todos os custos associados ao investimento
inicial, exploração, e manutenção.
No entanto de uma forma mais resumida, a análise económica engloba uma serie de parâmetros
descritos abaixo:
No que diz respeito aos custos iniciais de investimento, aqui estão englobados todos
os valores relativos a serviços relacionados com a engenharia, (Estudos e projetos)
equipamentos (grupo bomba e motor), ensaios e todos os materiais necessários à sua
devida instalação.
Já relativamente aos benefícios económicos, como já foi dito anteriormente neste
capítulo, estes só serão obtidos pela venda da energia a uma entidade nacional da rede
elétrica.
Relativamente aos custos de exploração, neste caso, vão se ter em atenção os custos
com o pessoal especializado, seguros, custos ambientais se assim for o caso, custos
referentes a paragens não planeadas, e por fim custos de manutenção e de reparação.
Por fim, no que diz respeito ao período temporal considerado, este terá de ser
considerado tendo em conta o tempo de vida útil do empreendimento, e também terá
de se ter em conta os prazos para amortização dos investimentos.
4.3.1. Benefícios económicos - Venda da energia elétrica produzida à rede pública
Para a obtenção dos benefícios económicos foi utilizado o Decreto-lei 225/2007, anexo
referente a Republicação do anexo II do Decreto-lei nº 189/88, de 27 de Maio, recentemente
METODOLOGIA DE CÁLCULO
60 Universidade do Minho
alterado para Decreto-Lei nº 153/2014, de 20 de outubro. Portanto, a faturação é obtida
utilizando as seguintes expressões, expressas no decreto-lei de 225/2007.
LEVIPC
IPCZPA(VRD)PV(VRD)PF(VRD)KMHOVRD
ref
mmmmmm
1
11 (4.17)
Onde:
VRDm é a remuneração aplicável a centrais renováveis no mês m;
KMHOm é um coeficiente facultativo que modula os valores PF(VRD)m, PV(VRD)m e
PA(VRD)m em função do posto horário em que a energia tenha sido fornecida;
PF(VRD)m é a parcela fixa da remuneração aplicável a centrais renováveis, no mês m;
PA(VRD)m é a parcela ambiental da remuneração aplicável a centrais renováveis, no
mês m;
PV(VRD)m é a parcela variável da remuneração aplicável a centrais renováveis, no mês
m;
IPm-1 é o índice de preço no consumidor, sem habitação, no continente, referente ao mês
m-1, tendo por base IPCREF;
IPCREF é o índice de preços no consumidor, sem habitação, no continente, referente ao
mês anterior ao do início do fornecimento de eletricidade a rede pela central renovável;
LEV representa as perdas, nas redes de transporte e distribuição, evitadas pela central
renovável, toma o valor de 0,015 no caso de centrais com potência maior ou igual a 5
MW, e de 0,035 no caso de centrais com potência inferior a 5MW;
Z é o coeficiente adimensional que traduz as características específicas do recurso
endógeno e da tecnologia utilizada na instalação licenciada. Para as centrais hídricas:
Z=4,5.
As centrais renováveis deverão decidir, no ato de licenciamento, se optam ou não pela
modulação tarifária traduzida pelo coeficiente KMHO. Para as centrais renováveis que, no ato
de licenciamento e nos termos do número anterior, tiverem optado pela modulação tarifária
traduzida pelo coeficiente KMHO, este tomará o seguinte valor:
ECR
ECRKMHOECRKMHOKMHO
m
v,mvpc,mpc (4.18)
Onde:
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 61
KMHOpc é um fator que representa a modulação correspondente a horas cheias e de
ponta, o qual, para efeitos do presente anexo, toma o valor 1,15;
ECRpc,m é a energia produzida pela central renovável nas horas cheias e de ponta do mês m, expressa em kWh;
KMHOv é um fator que representa a modulação correspondente a horas de vazio, o
qual, para efeitos do presente anexo, toma o valor 0,80;
ECRv,m é a energia produzida pela central renovável nas horas de vazio do mês m,
expressa em kWh;
ECRm é a energia produzida pela central renovável no mês m, expressa em kWh.
Para as centrais renováveis que, no ato de licenciamento não optarem pela modulação tarifária
traduzida pelo coeficiente KMHO, este tomará valor 1.
As horas de vazio, no período de hora legal de Inverno, ocorrem entre as 0 e 8 horas e entre as
22 e 24 horas, sendo as restantes horas consideradas de cheias e de ponta. Para o horário legal
de Verão as horas de vazio ocorrem entre as 0 e as 9 horas e entre as 23 e 24 horas, sendo as
horas restantes consideradas de cheias e de ponta.
O valor de PF(VRD)m da expressão 4.17 é calculado através da seguinte expressão:
med,mpot,mrefm POTCOEFPF(U)PF(VRD) (4.19)
Onde:
PF(U)ref é o valor unitário de referência para PF(VRD)m o qual deve corresponder à
mensualização do custo unitário de investimento nos novos meios de produção cuja
construção é evitada por uma central renovável que assegure o mesmo nível de garantia
de potência que seria proporcionado por esses novos meios de produção. Toma o valor
de 5,44€/kW por mês e será utilizado, em cada central, durante todo o período em que
a remuneração definida por VRD seja aplicável;
COEFpot,m é um coeficiente adimensional que traduz a contribuição da central
renovável, no mês m, para a garantia de potência proporcionada pela rede pública. O
seu valor é calculado através da fórmula seguinte:
METODOLOGIA DE CÁLCULO
62 Universidade do Minho
5762480 dec
m
m
decm
ref,m
ref,m
pot,mPOT
ECR
NDM,
/POTECR
NHO
NHPCOEF
(4.20)
Onde:
NHPref,m é o número de horas que a central renovável funcionou à potência de
referência no mês m, o qual é avaliado pelo quociente ECRm/POTdec;
NHOref,m é o número de horas que servem de referência para o cálculo, no mês m, de
COEFpot,m o qual é avaliado pelo produto 0,80x24xNDMm;
ECRm é a energia produzida pela central renovável no mês m, expressa em kWh;
POTdec é a potência da central, declarada pelo produtor no ato de licenciamento,
expressa em kW;
NDMm é o número de dias do mês m, o qual, para efeitos do presente anexo toma o
valor 30;
POTmed,m é a potência média disponibilizada pela central renovável à rede pública no
mês m, expressa em kW.
O valor de POTmed,m da expressão 4.19, é calculado através da fórmula seguinte:
m
mdecmed,m
NDM
ECR;POTPOT
24min (4.21)
O valor de PV(VRD)m previsto no expressão 4.17, é calculado através da fórmula seguinte:
mrefm ECRPV(U)PV(VRD) (4.22)
Na fórmula do número anterior, PV(U)ref é o valor unitário de referência para PV(VRD)m, o
qual deve corresponder aos custos de operação e manutenção que seriam necessários exploração
dos novos meios de produção cuja construção é evitada pela central renovável. O seu valor
toma de 0,036 €/kWh e será utilizado, em cada central, durante todo o período em que a
remuneração definida por VRD seja aplicável.
O valor de PA(VRD)m previsto no n.º 4.17, é calculado através da fórmula seguinte:
mmrefm ECRCCRECE(U)A(VRD) P (4.23)
Onde:
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 63
ECE(U)ref é o valor unitário de referência para as emissões de dióxido de carbono
evitadas pela central renovável, o qual, deve corresponder a uma valorização unitária
do dióxido de carbono que seria emitido pelos novos meios de produção cuja construção
é evitada pela central renovável. Toma o valor de 2x10-5 €/g e será utilizado, em cada
central, durante todo o período em que a remuneração definida por VRD seja aplicável;
CCRref é o montante unitário das emissões de dióxido de carbono da central de
referência, o qual toma o valor de 370 g/kWh e será utilizado, em cada central, durante
todo o período em que a remuneração definida por VRD seja aplicável.
4.3.2. Custos do empreendimento
4.3.2.1. Investimentos iniciais
Quando se fala em investimento inicial, têm-se de estar ciente que este engloba, não só os custos
da construção civil, das tubagens e/ou outros acessórios, mas também os custos associados à
instalação e arranque da obra. Portanto, pode-se dizer que o investimento inicial, I, se traduz
pela soma dos custos inicias, Ci, e os custos de instalação, Cc (Oliveira, 2008).
I = Ci + Cc (4.24)
Visto isto, para que se possa fazer uma análise correta sobre a rentabilidade do empreendimento,
é necessário compreender e analisar todas as parcelas envolvidas no caso. Posteriormente, estão
explicadas, de forma simples, todas as parcelas fundamentais para uma análise deste tipo.
4.3.2.1.1. Custos iniciais
Os custos iniciais, posteriormente retratados, dizem respeito a todas as operações pré-obra,
assim como, a compra de equipamentos e respetiva instalação. De uma forma mais sintetizada,
serão apresentados, a seguir, todos esses custos iniciais. Têm-se então:
Construção civil;
Equipamentos mecânicos (bomba e motor);
METODOLOGIA DE CÁLCULO
64 Universidade do Minho
Estudos, projetos, especificações, ou seja, serviços relacionados com o ramo da
engenharia;
Ensaios realizados para início da construção;
4.3.2.1.2. Custos de instalação e arranque da obra
Nos custos de instalação e arranque estão incluídos:
Instalação da turbomáquina e diferentes acessórios;
Ligação das tubagens;
Instalações elétricas;
Avaliações e regulações da construção;
4.3.3. Custos de exploração
Neste tipo de custos estão englobados os custos referentes a:
Custos de manutenção periódica;
Custos associados a anomalias que permitam algum tipo de paragem;
4.3.3.1. Custos de manutenção periódica
Estes custos serão minimizados ao máximo, para que as paragens sejam rápidas e eficazes
impedindo a perda de produção de energia elétrica. Neste tipo de manutenção cabe, ao
fabricante em causa, propor o tipo de intervenção a realizar, assim como, a periodicidade desta.
No entanto, deve ter-se em conta que estas intervenções devem ser, como já foi dito
anteriormente, rápidas e eficazes, podendo, então, optar-se por intervenções um pouco mais
extensas, mas em longos períodos de tempo, ou então em intervenções curtas, mas em curtos
períodos de tempo.
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 65
4.3.3.2. Custos associados a anomalias que permitam algum tipo de paragem
Já no que diz respeito a custos associados a anomalias que possam ocorrer e que permitam
longas paragens, nestes casos este tipo de intervenções requer a retirada da turbomáquina para
outros locais, ou seja, para uma oficina para que possa ser reparada. Portanto, terão de ser
englobadas todo o tipo de despesas associadas a intervenção, assim como, a perda de produção
durante o tempo de ausência da turbomáquina hidráulica. No entanto, tudo isto pode ser
minimizado se ao longo do tempo este tipo de paragens forem programadas, tomando todo o
tipo de medidas para que estes custos sejam reduzidos ao máximo.
4.3.4. Custos relacionados com o ambiente e com o terreno
Neste caso só devem ser contabilizados se implicarem grandes alterações no ambiente. Pode-
se englobar os custos associados ao aluguer ou posse do terreno em causa.
No caso de estudo não serão englobados este tipo de despesas, uma vez que o empreendimento
não requer qualquer tipo de risco para o ambiente e já se encontra na posse da empresa em
causa.
4.3.5. Obtenção do custo total do aproveitamento hidroelétrico
Neste trabalho de dissertação o custo dos equipamentos eletromecânicos foi obtido usando um
trabalho realizado por Balarim, et al., (2004), onde se pode ver, que o custo total desse mesmo
aproveitamento é dependente da potência a ser instalada. Com base na informação recolhida
neste documento também é percetível que este não varia linearmente (Figura 46).
METODOLOGIA DE CÁLCULO
66 Universidade do Minho
Figura 46- Custo do equipamento eletromecânico (Balarim, et al., 2004).
Com base nos dados explícitos no gráfico anterior pode-se criar um gráfico convertendo-o para
a unidade de Euro, onde 1 Euro equivale a 4.21 Reais Brasileiros chegando-se ao seguinte
gráfico (Figura 47):
Figura 47 - Custo do equipamento eletromecânico.
y = 0,3772x2 + 8,9897x + 610,31R² = 0,9989
0
500
1000
1500
2000
2500
0 10 20 30 40 50 60
Cu
sto
Eu
ro/K
W
Potência KW
Custo de equipamento electromecânico
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 67
Após isto, com os dados obtidos, efetuou-se várias regressões, e selecionou-se aquela que mais
se aproxima dos dados iniciais, chegando-se então à seguinte regressão polinomial:
Cee = 0,3772*Pinst^2+8,9897*Pinst+610,31 (4.25)
R² = 0,9989 (4.26)
Onde:
Pinst = Potência instalada, kW;
Cee = Custo do equipamento eletromecânico,€;
Os custos dos Estudos e Projetos estão hoje em dia dependentes do mercado, ou seja de
concursos ou negociações diretas. Antigamente existia uma norma para o cálculo dos
honorários de obras públicas que consistiam num conjunto fórmulas logarítmicas. Essas
fórmulas variavam em função da classe.
O custo do estudo e projeto foi calculado tendo em conta a Portaria de 7 de Fevereiro de 1972
publicada no suplemento ao Diário do Governo, nº35, 2º Série, de 11 de Fevereiro de 1972.
Onde se obteve o seguinte gráfico (Figura 48):
Figura 48 - Custo Estudos & Projetos.
y = 0,3117x0,8287
R² = 0,9999
0
5 000
10 000
15 000
20 000
25 000
30 000
35 000
0 200 000 400 000 600 000 800 000 1 000 000 1 200 000
Cu
sto
Est
ud
os&
Pro
jeto
(€
)
Custo da obra (€)
Custo Estudos & Pojetos
METODOLOGIA DE CÁLCULO
68 Universidade do Minho
Através de uma regressão potencial chegou-se à seguinte equação:
Cep = 0,3117*Vobra0,8287 (4.27)
R² = 0,9999 (4.28)
Onde:
Cep = Custo estudos & projeto, €;
Vobra = Valor da obra, €;
Relativamente aos restantes componentes contabilizados para o custo total do aproveitamento,
foram considerados os seguintes custos (Tabela 4):
Tabela 4 - Custo total do aproveitamento.
a) Bomba centrifuga Dados
fornecidos pela KSB
b) Equipamentos eletromecânicos Equação
4.25
c) Estudo e projeto Figura
48/Equação 4.27
d) Construção civil 20000.00 €
e) Custo de instalação 2*(a+b)1
f) Custo total do aproveitamento hidroelétrico a+b+c+d+e
g) Custo M & O (5% *Custo
total) 1
Relativamente ao custo de construção civil, o valor considerado engloba o custo de uma
estrutura de betão armado, para controlo e implantação da bomba reversível, assim como, o
custo associado a remoção da válvula redutora de pressão já existente.
4.3.6. Método para a análise económica
Pode ser estabelecida uma relação entre unidades monetárias desfasadas no tempo através do
recurso ao sistema de preços, onde a taxa de juro é o valor da unidade monetária futura. Portanto
1 Obtido (Lopes & Martinez, 2006)
METODOLOGIA DE CÁLCULO
Universidade do Minho 69
segundo Zumido, et al., (2006), o valor temporal do dinheiro é obtido através da equação
seguinte:
�� = �� ∗ (1 + �)� (4.29)
Onde:
VF = Valor futuro do dinheiro;
VA = Valor atual do dinheiro;
j = Taxa de juro;
n = Número do ano relativamente ao momento inicial, ( n=1,2,3…);
4.3.6.1. Valor Atual Líquido (VAL)
O valor atual líquido é um critério financeiro utilizado para avaliar investimentos através da
diferença entre os custos e benefícios gerados por um projeto. Um projeto de investimentos é
considerado rentável quando o seu valor de VAL é positivo.
Este valor de VLA pode ser calculado através da seguinte fórmula:
VAL = ∑���
(���)�− ��
��� (4.30)
Onde:
��� = Cash flow de exploração do período p;
� = Despesas do investimento inicial;
� = Taxa de juro;
Sendo que de um modo mais prático, este valor é calculado em ferramenta de Excel como sendo
a soma da coluna lucros/prejuízos. Os melhores projetos serão aqueles com maiores valores
positivos de VLA.
METODOLOGIA DE CÁLCULO
70 Universidade do Minho
4.3.6.2. Índice de Rentabilidade (IR)
O índice de rentabilidade ou retorno do investimento é obtido pelo quociente entre os benefícios
económicos e o investimento inicial. É então dado pela seguinte expressão:
�� =∑
(�� ��� )
(���)�����
∑��
(���)�����
(4.31)
Onde:
�� = Receitas de exploração do projeto no período p;
�� = Custos de exploração do projeto no período p;
� = Taxa de juro;
�� = Despesas de investimento no momento p;
O índice de rentabilidade de um projeto está relacionado com o respetivo valor atual líquido:
Se o IR= 1, então o valor atual líquido do projeto é nulo;
Se o IR> 1, então o valor atual líquido do projeto é superior a 1, o que torna o projeto
rentável;
Se o IR <1, então o valor atual líquido do projeto é negativo, o que perfaz o projeto não
aceitável;
4.3.6.3. Período de Recuperação do Investimento (PRI)
Esta técnica permite obter o número de períodos que decorrem até que os capitais investidos
sejam recuperados. Portanto o período de recuperação do investimento é dado pela seguinte
expressão:
PRI = ni* (�/��) (4.32)
Onde:
ni = Número de períodos de análise do projeto de investimento;
I = Valor do investimento;
CF = Somatório da parcela (Lucros/Prejuízos);
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 71
CAPÍTULO 5. CASOS DE ESTUDO
5.1. Considerações iniciais
Este trabalho de dissertação engloba a instalação de uma bomba reversível num sistema de
adução já existente, onde esteja a ser desperdiçada energia através das válvulas redutoras de
pressão.
É importante referir que, como se está a tentar implementar um sistema em algo hipoteticamente
já existente, este já possui determinadas características, pelo que, terá de se ter em atenção a
consideração dessas condições iniciais.
Portanto, assumindo que o sistema engloba dois reservatórios, um a montante e outro a jusante
distanciado cerca de 950 metros, com um diâmetro de 0.300 metros, e um desnível de 80 metros
entre reservatórios sendo o de jusante o que permite o abastecimento público. Entre dois
reservatórios, assume-se a existência de uma válvula redutora de pressão, em que o principal
objetivo é a sua substituição por uma bomba em funcionamento inverso.
Importa salientar, que sempre que a bomba reversível estará a funcionar durante 360 dias por
ano, sendo os restantes considerados para manutenção e, ainda, sempre que não ocorrerá
turbinamento o sistema estará dotado de um sistema “bypass” que permitirá o abastecimento
do reservatório de distribuição. Este sistema de “bypass” se for necessário englobará um
dispositivo que permita a redução da pressão.
O principal objetivo é estudar se a implantação de uma bomba reversível, se torna uma
alternativa viável a instalar. Para tal, foram criados vários cenários para que no final os
resultados obtidos fossem conclusivos e satisfatórios.
5.2. Dados de sistema em estudo
5.2.1. Considerações iniciais do projeto
O sistema adutor entre dois reservatórios é caraterizado por:
CASOS DE ESTUDO
72 Universidade do Minho
Tabela 5 – Considerações iniciais do projeto.
Designação Valor considerado Unidades
Diâmetro D 300 mm
Comprimento L 950 m
Gravidade g 9,81 m2/s
Área de superfície As 0,071 m2/s
Desnível Hb 80 m
Coeficientes de perda de carga localizada
K
Saída de reservatório K1 0,001 m
Turbina-bomba K2 0,0025 m
Tendo em conta os critérios limites de velocidade mínima e máxima, é possível determinar a
gama de valores do diâmetro da conduta adutora. Os critérios utilizados para este fim foram:
� ≥ 0.83 ∗ ��.�� ; D ≤ 1.46 ∗ ��.� (5.1)
Considerando uma velocidade mínima de 0.6 m/s e uma velocidade máxima de 1.5 m/s.
O valor do fator de resistência para efeitos de cálculo foi de 0,02.
5.2.2. Dados relativos à população servida
Para os casos em estudo foi considerado que o reservatório de distribuição abastecia cerca de
15000 habitantes. De acordo com o Decreto Regulamentar 23/96, artigo nº13, considera-se
uma capitação média por habitante de 150 L/dia.
Com estes valores anteriormente obtidos é possível determinar a utilização média anual (Vdma),
dado então por:
���� = 150∗ 25000= 3750 m3/dia (5.2)
O diagrama de consumos para a população servida, foi obtido tendo em conta os fatores de
ponta, facto este, que já se encontra explicado no capítulo 4, subcapítulo “Caudal consumido
pela população servida nos diferentes casos de estudo”. De seguida é apresentado o gráfico
de consumos ao longo de 24 horas (Figura 49).
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 73
Figura 49 - Diagrama de consumo
5.3. Analise técnica-económica
5.3.1. Caso nº 1
Este primeiro caso de estudo como já foi dito anteriormente, trata-se meramente de um caso
simples onde se arbitra um determinado caudal obtendo-se assim o tempo de turbinamento.
5.3.1.1. Análise técnica
Neste caso foi se arbitrado o caudal de turbinamento (50 L/s) e posteriormente determinado o
tempo de turbinamento. No entanto, foi necessário determinar a capacidade de armazenamento
do sistema, recorrendo-se ao Decreto Regulamentar 23/96, artigo nº70. Para tal, neste caso
considerou-se que o volume de armazenamento é determinado tendo em conta a utilização
média diária anual.
Portanto têm-se:
11 11 11 11 11 11
43
116116
35 35 35
65 65
35 35 35 35
87 87 87
30
19 19
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
0
20
40
60
80
100
120
140
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
VO
LUM
E A
CU
MU
LAD
O
Q(L
/S)
TEMPO (HORAS)
Diagrama de consumo
Caudal consumido Volume acumulado
CASOS DE ESTUDO
74 Universidade do Minho
�������������� ≥ � ∗ ���� (5.3)
Sendo:
K=1.25
Vmda (em metros cúbicos) = 3750 m3 / dia
Têm-se:
�������������� ≥ 1.25 ∗ 3750 ≥ 4688 m3 (5.4)
O tempo de turbinamento é determinado através de:
����� = ����
����= �
����
(��∗���)∗ 3600� = 21 ℎ (5.5)
Todos estes cálculos foram desenvolvidos com o auxílio da ferramenta Excel, cuja justificação
e modo de cálculo se encontra no Anexo 5
.Seguindo a metodologia apresentada no capítulo 3, tendo conhecimento do caudal, queda útil
e velocidade de rotação, determina-se a velocidade específica.
Condições iniciais:
Qt= 0.050 m3/s
Hu= 78.385m
n = 2900
rot/min
Cálculo:
��� = � ∗��/�
��/�
��� = � ∗0.050�/�
78.385�/�
���= 25 rpm
Utilizando o método proposto por Chapallaz, et al., (1992):
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 75
Condições iniciais:
Qt= 0.050 m3/s
���= 25 rpm
Cálculo:
��� =���
�.��=28 rpm
�� =��
�.�=0.038 m3/s
Figura 34
Rendimento
máximo
(η�á�) = 77
%
Com o auxílio da Figura 35, Figura 36, equação 4.3 e 4.4, converte-se a altura útil e o caudal,
para bomba a funcionar em sentido inverso, e posteriormente com o auxílio das equações 4.5 e
4.6, corrige-se para a rotação expressa no catálogo do fabricante, portanto:
Condições iniciais:
��� = 28 rpm
�� = 0.038 m3/s
Hut = 78.385 m
Figura 35 e 36
CQ = 1.45
CHu = 1.30
Cálculo:
QBR= Qtu / CQ
HBR= Hut / CHu
QBR =0.030 m3/s
HBR =54.058 m
Equação 4.5 e
4.6
Hc= 54.058 m
Qc = 0.030 m3/s
Catálogos dos
Fabricantes
No catálogo do fabricante de bombas centrífugas, para posteriormente funcionarem com
turbinas, escolheu-se a bomba adequada ao caso de estudo, ou seja, uma bomba ETN 80-65-
200, com rendimento esperado de 77 %.
Estando a bomba escolhida, e arbitrando os valores de ��, ��, e CR, está-se em perfeitas
condições de calcular a potência fornecida pela turbomáquina hidráulica.
CASOS DE ESTUDO
76 Universidade do Minho
Condições iniciais:
��= 77 %
��= 0.050 m3/s
Hut = 78.385 m
��= 0.99
��= 0.95
CR = 0.952
Cálculo:
Equação 3.14, 3.17 e 4.16
��� = �� ∗ CR
��� = 0.76 ∗ 0.952
�� = ��� ∗ �� ∗ ��� ∗ � η�� ∗
η� ∗ η��
�� = (0.050∗ 75.981∗
9.810)∗ ( 0.77 ∗ 0.952∗
0.95 ∗ 0.99)
� = ∑(�� ∗ ��)
�� = 27 kW
� = 199
MW.ano
5.3.1.2. Análise económica
De seguida é apresentado um resumo geral das características do caso de estudo em causa,
assim como a avaliação dos diferentes índices referidos no capítulo 4 “ Rentabilidade da
construção” no subcapítulo “ Método de análise económica”.
5.3.1.2.1. Caracterização do sistema
Tabela 6 - Custo total do aproveitamento - Caso nº 1.
a) Bomba centrifuga 2385.92 €
b) Equipamentos eletromecânicos 1113.62 €
c) Estudo e projeto 1886.12 €
d) Construção civil 20000.00 €
e) Custo de instalação 6999.09 €
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 77
f) Custo total do aproveitamento hidroelétrico 32384.75 €
g) Custo M & O 1619.24 €
Tabela 7 - Características do sistema - Caso nº 1.
Potência instalada 27 kW
Produção energética anual média 199 MW.ano
Valorização da produção energética anual 16897.10 €/ano
Custo do investimento inicial 32384.75 €
Despesas de manutenção e operação 1619.24 €
5.3.1.2.2. Parâmetros do Método usado na análise económica
Tabela 8 - Parâmetros obtidos na análise económica - Caso nº 1.
Valor Líquido Atualizado 1154144 €
Índice de Rentabilidade 7.30
Período de Recuperação de Investimento (anos) 1.12
5.3.2. Caso nº 2
Este segundo caso de estudo como já foi dito anteriormente, trata-se de um caso onde se
considera o abastecimento público realizado pelo reservatório de distribuição a jusante. Neste
caso é considerado que o abastecimento do reservatório ocorre durante 24 horas.
CASOS DE ESTUDO
78 Universidade do Minho
É de salientar, que o reservatório a jusante se encontra com um volume inicial constituído pelo
somatório do volume de regularização com a reserva necessária para incêndio, condições
expressas no Decreto Regulamentar 23/96, artigo nº70.
5.3.2.1. Análise técnica
Neste caso, o tempo de turbinamento é de 24h e o caudal de turbinamento é determinado através
de:
���� = ����
����= �
����
��∗����� ∗ 1000= 43 �/� (5.6)
O volume inicial, como já foi dito é determinado através de:
Vi= Vregularização + Volume anti-incêndio = 1228 m3 (5.7)
Foi necessário determinar a capacidade de armazenamento do sistema e para tal recorrendo-se
à equação expressa no Decreto Regulamentar 23/96, artigo nº70, substituindo neste caso o
Qmda pelo Vi, calculado anteriormente, para o cálculo do volume de armazenamento.
Portanto têm-se:
�������������� ≥ � ∗ �� (5.8)
Sendo:
K=1.25
Vi = 1228 m3
Têm-se:
�������������� ≥ 1.25 ∗ 1228 ≥ 1535 m3 (5.9)
Todos estes cálculos foram desenvolvidos com o auxílio da ferramenta Excel, cuja justificação
e modo de cálculo se encontra no Anexo 8.
.Seguindo a metodologia apresentada no capítulo 3, tendo conhecimento do caudal, queda útil
e velocidade de rotação, determina-se a velocidade específica.
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 79
Condições iniciais:
Qt= 0.043 m3/s
Hu= 78.783 m
n= 2900 rot/min
Cálculo:
��� = � ∗��/�
��/�
��� = � ∗0.043�/�
78.783�/�
���= 23 rpm
Utilizando o método proposto por Chapallaz, et al., (1992):
Condições iniciais:
Qt= 0.043 m3/s
���= 23 rpm
Cálculo:
��� =���
0.89= 26 ���
�� =��1.3
= 0.033 �3/�
Figura 34
Rendimento
máximo
(η�á�) = 76 %
Com o auxílio da Figura 35, Figura 36, equação 4.3 e 4.4, converte-se a altura útil e o caudal,
para bomba a funcionar em sentido inverso, e posteriormente com o auxílio das equações 4.5 e
4.6, corrige-se para a rotação expressa no catálogo do fabricante, portanto:
Condições iniciais:
��� = 26 rpn
�� = 0.033
m3/s
Hut = 78.783 m
Figura 35 e 36
CQ = 1.34
CHu = 1.47
Cálculo:
QBR= Qtu / CQ
HBR= Hut / CHu
QBR =0.025 m3/s
HBR =53.594 m
Equação 4.5 e
4.6
Hc= 53.594 m
Qc = 0.025 m3/s
Catálogos dos
Fabricantes
CASOS DE ESTUDO
80 Universidade do Minho
No catálogo do fabricante de bombas centrífugas, para posteriormente funcionarem com
turbinas, escolheu-se a bomba adequada ao caso de estudo, ou seja, uma bomba ETN 65-50-
200, com rendimento esperado de 72 %
Estando a bomba escolhida, e arbitrando os valores de ��, ��, e CR, está-se em perfeitas
condições de calcular a potência fornecida pela turbomáquina hidráulica.
Condições iniciais:
��= 72 %
��= 0.043 m3/s
Hut = 78.783 m
��= 0.99
��= 0.95
CR = 0.98
Cálculo:
Equação 3.14, 3.17 e 4.16
��� = �� ∗ CR
��� = 0.72*0.98
�� = ��� ∗ �� ∗ ��� ∗ ( η_�� ∗
η_� ∗ η_� )
�� = (0.043∗ 78.783∗
9.810)∗ ( 0.72 ∗ 0.98 ∗ 0.95 ∗
0.99)
� = ∑(�� ∗ ��)
�� = 22
kW
� = 186
MW.ano
5.3.2.2. Análise económica
De seguida é apresentado um resumo geral das características do caso de estudo em causa,
assim como a avaliação dos diferentes índices referidos no capítulo 4 “ Rentabilidade da
construção” no subcapítulo “ Método de análise económica”.
5.3.2.2.1. Caracterização do sistema
Tabela 9 - Custo total do aproveitamento - Caso nº 2.
a) Bomba centrifuga 2394.06 €
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 81
b) Equipamentos eletromecânicos 997.34 €
c) Estudo e projeto 1875.56 €
d) Construção civil 20000.00 €
e) Custo de instalação 6782.80 €
f) Custo total do aproveitamento hidroelétrico 32049.76 €
g) Custo M & O 1602.49 €
Tabela 10 - Características do sistema - Caso nº 2.
Potência instalada 22 kW
Produção energética anual média 186 MW.ano
Valorização da produção energética anual 14844.20 €/ano
Custo do investimento inicial 32049.76 €
Despesas de manutenção e operação 1602.49 €
5.3.2.2.2. Parâmetros do Método usado na análise económica
Tabela 11 - Parâmetros obtidos na análise económica - Caso nº 2.
Valor Líquido Atualizado 996345 €
Índice de Rentabilidade 6.37
Período de Recuperação de Investimento (anos) 1.29
CASOS DE ESTUDO
82 Universidade do Minho
5.3.3. Caso nº 3
Este terceiro e último caso de estudo enquadra-se no segundo cenário proposto, ao tratar-se de
um caso onde é considerado o abastecimento público realizado pelo reservatório de distribuição
a jusante. Considerou-se que o abastecimento do reservatório a jusante ocorre durante 12 horas.
É de salientar, que o reservatório a jusante se encontra com um volume inicial constituído pelo
somatório do volume de regularização com a reserva necessária para incêndio, condições
expressas no Decreto Regulamentar 23/96, artigo nº70.
5.3.3.1. Análise técnica
Neste caso, o tempo de turbinamento é de 12h e o caudal de turbinamento é determinado através
de:
���� = ����
����= �
����
��∗����� ∗ 1000= 87 �/� (5.10)
O volume inicial, como já foi dito é determinado através de:
Vi1= Vregularização + Volume anti-incêndio = 905 m3 (5.11)
Foi necessário determinar a capacidade de armazenamento do sistema e para tal recorrendo-se
à equação expressa no Decreto Regulamentar 23/96, artigo nº70, substituindo neste caso o
Qmda pelo Vi, calculado anteriormente, para o cálculo do volume de armazenamento.
Portanto têm-se:
�������������� ≥ � ∗ �� (5.12)
Sendo:
K=1.25
Vi = 905 m3
Têm-se:
�������������� ≥ 1.25 ∗ 905 ≥ 1132 m3 (5.13)
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 83
Todos estes cálculos foram desenvolvidos com o auxílio da ferramenta Excel, cuja justificação
e modo de cálculo se encontra no Anexo 11
.Seguindo a metodologia apresentada no capítulo 3, tendo conhecimento do caudal, queda útil
e velocidade de rotação, determina-se a velocidade específica.
Condições iniciais:
Qt= 0.087 m3/s
Hu= 75.132 m
n= 2900 rot/min
Cálculo:
��� = � ∗��/�
��/�
��� = � ∗0.087�/�
75.132�/�
���= 33 rpm
Utilizando o método proposto por Chapallaz, et al., (1992):
Condições iniciais:
Qt= 0.087 m3/s
���= 33 rpm
Cálculo:
��� =���
0.89= 38 ���
�� =��1.3
= 0.067 �3/�
Figura 34
Rendimento
máximo
(η�á�) = 83 %
Com o auxílio da Figura 35, Figura 36, equação 4.3 e 4.4, converte-se a altura útil e o caudal,
para bomba a funcionar em sentido inverso, e posteriormente com o auxílio das equações 4.5 e
4.6, corrige-se para a rotação expressa no catálogo do fabricante, portanto:
Condições iniciais:
��� = 38 rpn
�� = 0.067
m3/s
Hut = 75.132 m
Figura 35 e 36
CQ = 1.24
CHu = 1.32
Cálculo:
QBR =0.054 m3/s
HBR =56.918 m
Equação 4.5 e
4.6
Hc= 56.918 m
CASOS DE ESTUDO
84 Universidade do Minho
QBR= Qtu / CQ
HBR= Hut / CHu
Qc = 0.054 m3/s
Catálogos dos
Fabricantes
No catálogo do fabricante de bombas centrífugas, para posteriormente funcionarem com
turbinas, escolheu-se a bomba adequada ao caso de estudo, ou seja, uma bomba ETN 100-80-
200, com rendimento esperado de 80 %.
Estando a bomba escolhida, e arbitrando os valores de ��, ��, e CR, está-se em perfeitas
condições de calcular a potência fornecida pela turbomáquina hidráulica.
Condições iniciais:
��= 80 %
��= 0.087 m3/s
Hut = 75.132 m
��= 0.99
��= 0.95
CR = 0.952
Cálculo:
Equação 3.14, 3.17 e 4.16
��� = �� ∗ CR
��� = 0.80*0.952
�� = ��� ∗ �� ∗ ��� ∗ ( η_�� ∗
η_� ∗ η_� )
�� = (0.087∗ 75.132∗ 9.810)∗
( 0.80 ∗ 0.952∗ 0.95 ∗ 0.99)
� = ∑(�� ∗ ��)
�� = 46
kW
� = 198
MW.ano
5.3.3.2. Análise económica
De seguida é apresentado um resumo geral das características do caso de estudo em causa,
assim como a avaliação dos diferentes índices referidos no capítulo 4 “Rentabilidade da
construção” no subcapítulo “Método de análise económica”.
CASOS DE ESTUDO
Universidade do Minho 85
5.3.3.2.1. Caracterização do sistema
Tabela 12 - Custo total do aproveitamento - Caso nº 3.
a) Bomba centrifuga 4434.93 €
b) Equipamentos eletromecânicos 1814.46 €
c) Estudo e projeto 2324.56 €
d) Construção civil 20000.00 €
e) Custo de instalação 12498.78 €
f) Custo total do aproveitamento hidroelétrico 41072.73 €
g) Custo M & O 2053.64 €
Tabela 13 - Caraterísticas do sistema - Caso nº 3.
Potência instalada 46 kW
Produção energética anual média 198 MW.ano
Valorização da produção energética anual 17164.46 €/ano
Custo do investimento inicial 41072.73 €
Despesas de manutenção e operação 2053.64 €
5.3.3.2.2. Parâmetros do Método usado na análise económica
Tabela 14 - Parâmetros obtidos na análise económica - Caso nº 3.
Valor Líquido Atualizado 1132484 €
Índice de Rentabilidade 5.65
Período de Recuperação de Investimento (anos) 1.45
86 Universidade do Minho
5.3.4. Análise dos resultados obtidos
De seguida, é apresentado uma tabela, onde apresenta o resumo dos resultados obtidos para os
diferentes casos de estudo e que servirá para concluir o estudo efetuado.
Tabela 15 - Resultados obtidos - Caso nº 1, Caso nº 2, Caso nº 3.
Casos de estudo Caso nº 1 Caso nº 2 Caso nº 3
Caudal turbinado 0.050 m3/s 0.043 m3/s 0.087 m3/s
Tempo de Turbinamento 21 Horas 24 Horas 12 Horas
Potência útil 27 kW 22 kW 46 kW
Produção energética anual média 199 MW.ano 186 MW.ano 198 MW.ano
Valorização da produção energética anual 16897.10 €/ano 14844.20 €/ano 17164.46 €/ano
Custo do investimento inicial 32384.75 € 32049.76 € 41072.73 €
Despesas de manutenção e operação 1619.24 € 1602.49 € 2053.64 €
Valor Líquido Atualizado 1154144 € 996345 € 1132484 €
Índice de Rentabilidade 7.30 6.37 5.65
Período de Recuperação de Investimento 1.12 1.29 1.45
Com base nos resultados obtidos, pode-se observar que o caso nº3, é aquele que estará a
funcionar em menos tempo pelo que, o caudal é elevado em relação aos dois primeiros casos e
a potência útil da turbomáquina hidráulica neste caso é bastante superior aos casos 1 e 2.
Relativamente à energia produzida por ano, como esta depende da potência útil e do tempo de
funcionamento da bomba reversível, verifica-se que no caso nº1, é aquele que apresenta uma
maior quantidade de energia produzida.
Universidade do Minho 87
Já relativamente à sua valorização, pode-se verificar, que esta não varia significativamente de
caso para caso, ou seja, esta compreendida entre 14844€ e 17200€. Isto faz com que o balanço
ao fim do ciclo de vida do empreendimento seja favorável ao caso nº1, comparando os valores
obtidos do custo inicial, despesas de manutenção e a venda da energia produzida a entidade
responsável.
Como o índice de rentabilidade está relacionado com o respetivo valor atual líquido, um projeto
torna-se aceitável (rentável) quando este mesmo índice é superior a unidade. No entanto ainda
se torna mais rentável quanto maior for o valor atual líquido, e com base nos resultados obtido
verifica-se que o maior valor do índice de rentabilidade é precisamente para o caso nº1, com
um valor de 7.30 e um valor líquido atual de 1154144 €.
Outro dado obtido, muito importante e que justifica o caso nº1 como o mais rentável é o valor
obtido para o período de recuperação do investimento. Quanto menor for esse mesmo valor,
mais aceitável será o projeto em causa. Verifica-se que o caso nº1 é aquele que apresenta o
valor mais baixo, sensivelmente 1.12, que se traduz em cerca de um ano e 2 meses.
Neste caso, pode-se concluir que o caso nº1 é aquele que mais agrada, ou seja o reservatório a
montante debitando um caudal de 0.050 m3/s durante 21 horas, tempo de funcionamento da
turbomáquina hidráulica. Isto, durante 360 dias por ano, ficando os restantes, como já foi dito
para manutenção e operação. Durante esses dias de manutenção o abastecimento do reservatório
a jusante, que servirá para abastecimento da rede será assegurado pelo sistema de “bypass”
instalado. Qualquer tipo de paragem ou imprevistos que possam ocorrer durante o ciclo de vida
do empreendimento, pode ser feita qualquer intervenção durante as restantes horas em que não
ocorrerá turbinamento.
Portanto pode-se concluir que a instalação de um sistema onde se aplica o uso de uma bomba
reversível se torna de qualquer modo rentável. Cabe aos responsáveis estudar detalhadamente,
caso a caso e escolher aquele que agrade ao responsável por um projeto deste tipo.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Universidade do Minho 89
CAPÍTULO 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Neste capítulo far-se-á a descrição das principais conclusões e recomendações para eventuais
desenvolvimentos futuros.
6.1. CONCLUSÕES
Este trabalho de dissertação teve como principal objetivo estudar a aplicação de novas soluções
que podem ser implementadas para o aproveitamento de energia hidráulica disponível em
sistemas de abastecimento de água. Para tal, recorreu-se a um estudo técnico-económico, da
aplicabilidade de uma bomba reversível, num determinado sistema de abastecimento de água
hipoteticamente já existente.
Os objetivos estabelecidos no início deste semestre foram alcançados de um certo modo
satisfatórios, mas não na sua totalidade, uma vez que o estudo em instalações reais
enriqueceriam ainda mais este trabalho de dissertação.
A aplicação deste tipo de sistemas instalados em sistemas adutores de abastecimento de água,
tornam-se uma mais-valia uma vez que estas estruturas já estão construídas e a maior parte dos
componentes destes sistemas já se encontram no projeto inicial de construção, bastando
somente adaptar a aplicação da bomba reversível sem por em causa o fim para que esta estrutura
foi estabelecida.
Após isto, basta estudar os sistemas de abastecimento de água onde se esteja a verificar a
existência de energia dissipada, normalmente quando estão aplicadas as válvulas redutoras de
pressão, e tornar condições favoráveis para a aplicação de bombas reversíveis de modo a
aproveitar essa mesma energia.
Através da análise económica dos três casos de estudo realizados pode-se observar que o valor
líquido atualizado (VLA), ao fim de 40 anos, não é muito elevado. Tal facto é justificado uma
vez que, o custo do investimento inicial é baixo assim como os custos de manutenção e operação
e ainda pelos baixos custos da venda da energia produzida e inserida na rede nacional.
No entanto, ainda pode ser justificado devido ao simples facto das turbomáquinas utilizadas,
bombas reversíveis, apresentarem baixos rendimentos.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
90 Universidade do Minho
Contudo esta solução apresentada não deve ser descartada, uma vez que, esta se torna uma
alternativa capaz de se tornar autossuficiente e aproveitando um recurso que a Terra nos oferece
para a produção de energia elétrica.
Apesar disso as bombas oferecem vantagens significativas para funcionarem em sentido
inverso.
O mercado encontra-se bastante desenvolvido. Estas turbomáquinas hidráulicas são produzidas
em grande escala, e em grande diversidade, podendo ser encontradas em qualquer parte. Assim
como algumas peças que posteriormente possam avariar também podem ser encontradas em
qualquer parte do Mundo, uma vez que a maioria dos fabricantes oferece serviços pós-venda
em quase todo o Mundo. Além disto estas turbomáquinas hidráulicas apresentam uma ampla
faixa de tamanhos e potências, atendendo aos diversos tipos de aproveitamentos hidroelétricos.
Uma das vantagens mais importantes nos dias de hoje é relativamente aos custos de
investimento. Segundo Chapallaz, et al., (1992), o custo de investimento das bombas
reversíveis podem ser até 50% inferiores ao custo de uma turbina convencional (especialmente
para unidades pequenas inferiores a 50 kW). Isto pode ser uma questão muito importante para
projetos com orçamentos limitados e possibilidades de empréstimo.
Relativamente ao estudo efetuado neste trabalho de dissertação pode-se concluir que o uso de
bombas reversíveis se torna de qualquer modo rentável. O valor líquido atualizado e o índice
de rentabilidade obtidos para os diferentes 3 casos propostos são positivos, mostrando que para
estes mesmos casos o projeto se torna aceitável e rentável. Outro fator muito importante no qual
os resultados foram bastante satisfatórios foram os valores obtidos para o período de
recuperação de investimento, no qual não foram muito elevados.
Pode-se observar e concluir que num aproveitamento hidroelétrico, o estudo bem realizado dos
consumos da população servida pelo reservatório a jusante é muito importante, uma vez que,
permite determinar com critério a capacidade máxima do reservatório. Isto permite economizar
ao máximo os custos associados à construção do reservatório.
Contudo, fica ao critério dos responsáveis deste tipo de empreendimentos estudar
detalhadamente caso a caso e escolher aquele que melhor agrade aos responsáveis por um
aproveitamento deste tipo.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Universidade do Minho 91
É importante salientar que ainda existe bastante matéria a aprofundar sobre a aplicação destas
turbomáquinas hidráulicas, e que se deve ter em conta alguns fatores que não foram estudados
neste trabalho, como por exemplo os fenómenos de cavitação. Neste trabalho estes fenómenos
não foram contabilizados e para os diminuir considerou-se que a bomba reversível encontra-se
afogada.
Apesar de, no decorrer deste trabalho de dissertação serem encontradas algumas dificuldades,
nomeadamente na obtenção de dados reais para que a análise técnico-económica realizada
permitisse obter resultados mais verossímeis, pode-se considerar que foi dado um contributo
positivo no que diz respeito à aplicabilidade de uma bomba reversível, visto que em Portugal
este é um tema pouco desenvolvido. Além disso, a realização deste trabalho permite
impulsionar novos projetos que futuramente podem ser desenvolvidos.
Com o trabalho desenvolvido adquiriu-se mais e novos conhecimentos sobre as turbomáquinas
hidráulicas, nomeadamente sobre o seu funcionamento, constituição e características. Além
disso, ainda permitiu entender as várias variáveis utilizadas na seleção de uma bomba
reversível.
Relativamente ao estudo técnico-económico desenvolvido, este permitiu concluir que a
aplicação de uma bomba reversível é uma alternativa viável a ser instalada em sistemas adutores
onde se está na presença de uma situação com desnível acentuado e caudal constante.
6.2. RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Como foi dito anteriormente este trabalho de dissertação teria sido muito mais proveitoso se o
estudo fosse realizado tendo em conta uma situação real, onde os dados fornecidos levassem a
resultados mais verossímeis e mais próximos da realidade. Futuramente este seria um ponto de
enorme interesse para que fosse efetuado um estudo real.
Outra das temáticas passíveis de serem exploradas em trabalhos futuros são os fenómenos de
cavitação e a influência destes quando se aplica uma bomba reversível.
Por fim, futuramente, seria de enorme interesse melhorar a identificação dos diversos custos e
benefícios envolvidos, incluindo a quantificação das funções de custo.
BIBLIOGRAFIA
Universidade do Minho 93
BIBLIOGRAFIA
AgSolve. (15 de Março de 2015). Bomba peristáltica 410. Obtido de
http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.agsolve.com.br/imgprodutos/imagen
s/1070_3.jpg&imgrefurl=http://www.agsolve.com.br/produtos/bombas-de-
amostragem/bomba-peristaltica-
410&h=492&w=600&tbnid=aYZEbhikEnsmNM:&zoom=1&docid=98ex1CpI-
4WW3M&ei=s8z9VOyIA
ALLIANCE. (2002). Água e Energia: Aproveitando as oportunidades de eficientização de
água e energia não exploradas nos sistemas de águas municipais . Institute of
international education.
Balarim, R., Targa, A., Filho, V., Filho, A., & Wiecheteck, K. (2004). Custo de bombas
centrífugas funcionando como turbinas em microcentrais hidroelétricas. Artigo técnico,
219-225.
Barbosa, N. (1986). Mecânica dos fluidos e hidráulica geral . Porto: Porto Editora .
Barboza, A. (10 de Março de 2015). INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS HIDRÁULICAS. Obtido
de http://estacio.academia.edu/:
http://www.academia.edu/7711258/INTRODU%C3%87%C3%83O_%C3%80S_M%
C3%81QUINAS_HIDR%C3%81ULICAS
Beluco, A. (1994). Viabilidade de microcentrais hidrelétricas baseadas no emprego de
equipamentos de mercado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecênica :
Dissertação para Obtênção do Título de Mestre em Engenharia, 189. Porto Alegre,
Brasil.
Braga, J. (4 de Março de 2015). Hidráulica II-Turbomáquinas. Obtido de pt.slideshare.net:
http://pt.slideshare.net/joaobraga9465/9-turbomquinas-hidrulicas-pt1
Chapallaz, J. M., Eichenberger, P., & Fisher, G. (1992). Manual on Pumps Used as Turbines.
Germany: MHPG Series; Vol. 11.
EFAFLU. (18 de Abril de 2015). Bombas normalizadas. Obtido de
http://www.efaflu.pt/files/385.pdf
BIBLIOGRAFIA
94 Universidade do Minho
Gomes, P. H. (2010). Sistemas de Saneamento-Eficiência Energética . Brasil: Editora
Universitária-UFPB.
Jain, V., & Patel, N. R. (2014). Investigations on pump running in turbine mode: A review of
the state-of-the-art. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Volume 30 , 841-868.
Jean-Marc, c., Peter, E., & Gerhard, F. (15 de Abril de 2015). Manual on Pumps used as
Turbines.1992. Obtido de http://www.nzdl.org/: http://www.nzdl.org/gsdlmod?e=d-
00000-00---off-0hdl--00-0----0-10-0---0---0direct-10---4-------0-1l--11-en-50---20-
help---00-0-1-00-0-0-11-1-0utfZz-8-10-0-0-11-10-0utfZz-8-
00&a=d&c=hdl&cl=CL3.46&d=HASH011f05bf8734d88d1a080257.14.3#HASH011f
05bf8734d88d1a08
Lopes, E., & Martinez, B. (2006). A utilização de bombas funcionando como turbinas para
sistemas de recalque de água. VI SEREA - Seminário Iberoamericano sobre Sistemas
de Abastecimento Urbano de Água, 5 a 7 de Junho, 7.
Machuca, A. (20 de Março de 2015). slideplayer.com.br. Obtido de
http://slideplayer.com.br/slide/330861/
Marchis, D. P., Fontanazza, M., Freni, G., Messineo, A., Milici, E., Napoli, E., . . . Scopa, A.
(2014). Energy recovery in water distribution networks. Implementation of. 12th
International Conference on Computing and Control for the Water Industry, CCWI2013
(p. 10). Itália: Artigo científico.
Medeiros, A. (16 de Março de 2015). Classificação, descrição e elementos construtivos. Obtido
de ebah.pt: http://www.ebah.pt/content/ABAAAfZbwAH/teoria-geral-das-
turbomaquinas?part=4
Medeiros, A. (15 de Maio de 2015). Teoria geral das máquinas de fluxo. Obtido de
http://www.ebah.pt/: http://www.ebah.pt/content/ABAAAfZbwAH/teoria-geral-das-
turbomaquinas
Medeiros, M. (2004). A utilização de bombas operando como turbinas e geradores de indução
na geração de energia electrica. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Energia : Dissertação para obtenção do Título de Mestre em Ciências em Engeharia
da Energia. Universidade federal de Itajubá.
BIBLIOGRAFIA
Universidade do Minho 95
Medeiros, M. D., Rezek, J. J., & Viana, C. N. (2004). A utilização de geradores de indução
acionados por BFTs na geração de energia elétrica. (p. 10). Artigo científico.
Mini-Hídricas. (21 de Março de 2015). Obtido de eduvisilva.com.sapo.pt:
http://eduvisilva.com.sapo.pt/minihidrica.htm#int
MSBII. (1991). MSBII - Manual de saneamento basico nº2. Elementos Gerais, Direcção Geral
dos Recursos Naturais: Lisboa.
Norberto, S. (3 de Setembro de 2015). Bombas operação e manutenção. Obtido de
http://www.ebah.com.br/: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABXpEAI/bombas-
operacao-manutencao-cefet-ba?part=3
NURENE. (2009). Gerencamento de perdas de àgua e energia elétrica em sistemas de
abastecimento-Guia de profissional em treinamento, Nivel 2. Brasil: Secretária
Nacional de Saneamento Ambiental (org).
Oliveira, M. (2008). Recuperação de energia hidráulica em sistemas de distribuição de água.
FEUP: Dissertação para obtênção do grau de Mestre em Emgenharia civil -
Especialização em Hidráulica.
Ramos, H., & Borga, A. (2000). Pumps Yielding Power. (p. 11). Artigo cientifico.
Ramos, H., & Covas, D. (1999). O benefício Económico e ambiental da produção de energia
renovável em sistemas adutores . IV Silusba: Publicação com Referee Nacional .
Ramos, H., Covas, D., & Araújo, L. (2004). Válvulas redutoras de pressão e produção de
energia. (p. 14). Artigo cientifico.
Ramos, S. (10 de Março de 2015). PEA - 2420 : Produção de energia elétrica. Pea 2420
Geração hidrelétrica Parte 2 V2012. São Paulo, Brasil.
Ricardo, M. (2007). Estudo de grupos moto-bomba operando como grupos geradores em
microcentrais hidrelétricas. Itajubá.
Rocha, D. P. (2008). Metodologia de projecto de sistemas de produção de electricidade
descentralizada baseados em Energia Hídrica. Porto: Tese submetida no âmbito do
Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores , FEUP.
BIBLIOGRAFIA
96 Universidade do Minho
Roquim, E. (10 de Março de 2015). Bombas e Motores Hidráulicos. Obtido de ebah.com.br:
http://www.ebah.pt/content/ABAAABuJkAH/bombas-motores-hidraulicos-ecotronic-
pergamos
Santos, D. L. (2013). Análise de cavitação em uma turbina hidraulica do tipo Kaplan. Rio De
Janeiro, Brasil: Projeto de Graduação de Engenharia Mecânica , Universidade Federal
do Rio de Janeiro , Departamento de Engenharia Mecânica.
Santos, D. T. (Outubro de 2010). Avaliação do potencial energético associado a uma válvula
redutora de pressão- Caso de estudo. Covilhã: Dissertação para obtenção do Grau de
Mestre em Engenharia Civil , Universidade Da Beira Interior.
Silva, J. P. (2011). Microturbinas em redes de abastecimento da água. Tese de Mestrado em
Sistemas Energéticos Sustentáveis:Universidade de Aveiro: Departamento de
Economia,Gestão e Engenharia Industrial.
Sousa, J. (15 de Março de 2015). ebah.pt. Obtido de
http://www.ebah.pt/content/ABAAAATzIAE/tipos-turbinas-hidraulicas?part=2
Stelzer, S., & Walters, N. (1977). Estimating reversible punp-turbine characteristics. Colorado:
Artigo técnico.
Tecedeiro, L. (20 de Março de 2015). Hidráulica II. Obtido de pwp.net.ipl.pt:
http://pwp.net.ipl.pt/dec.isel/luistecedeiro/ficheiros_pdf/apontamentos/H2_Turbomaqu
inas_v2(ISEL).pdf
UNESP. (2 de Maio de 2015). Laboratório de Mecânica dos fluidos. Obtido de Departamento
de energia:
http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/labmecflu/PERDA%20DE%20CARGAlocal.pdf
Viana, C. (2011). Bombas de fluxo operando como turbina Por que usá-las ? PCH Notícias &
SHP News-Numero 12, 4.
Viana, C. (2013). A utilização de bombas funcionando como turbina (BFTs) em pequenos
aproveitamentos hidráulicos. SEMINÁRIO DE GESTÃO DO USO DE ENERGIA
ELÉTRICA NO SANEAMENTO. Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI, Instituto
de Recursos Naturais – IRN: Engenharias Hídrica e Ambiental, Grupo de Energia.
BIBLIOGRAFIA
Universidade do Minho 97
Zumido, A., Magalhães, G., & Vasco. (Dezembro de 2006). Análise Financeira de Projectos de
Software (VAL, TIR e PRI). 8. Algarve: Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade do Algarve.
ANEXOS
Universidade do Minho 99
ANEXOS
ANEXOS
Universidade do Minho 101
Anexo 1 - Diagrama em colina KSB
ANEXOS
Universidade do Minho 103
Anexo 2 - Catálogo KSB Etanorm 080- 65-200
ANEXOS
Universidade do Minho 105
Anexo 3 - Catálogo KSB Etanorm 065-050-200
ANEXOS
Universidade do Minho 107
Anexo 4 - Catálogo KSB Etanorm 100-080-200
ANEXOS
Universidade do Minho 109
Anexo 5 - Dados iniciais - Caso nº1
População servida 25000 hab
Capitação média por habitante
150 L/dia
Vmda 3750 m3
Caudal de turbinamento
50 L/s
Tempo de turbinamento
20,833 horas
21 horas
Horas de vazio
Horas de cheia
Sistema de adução
t(horas) Q(l/s)
Vacumulado (m3)
1 0-1 0 0
2 1-2 0 0
3 2-3 0 0
4 3-4 50 180
5 4-5 50 360
6 5-6 50 540
7 6-7 50 720
8 7-8 50 900
9 8-9 50 1080
10 9-10 50 1260
11 10-11 50 1440
12 11-12 50 1620
13 12-13 50 1800
14 13-14 50 1980
15 14-15 50 2160
16 15-16 50 2340
17 16-17 50 2520
18 17-18 50 2700
19 18-19 50 2880
20 19-20 50 3060
21 20-21 50 3240
22 21-22 50 3420
23 22-23 50 3600
24 23-24 50 3780
ANEXOS
Universidade do Minho 111
Anexo 6 - Valorização da energia elétrica produzida – Caso nº1
Dados decreto-lei 225/2007
Pinst(kW) 27
KMHOpc 1,15 Horas cheio
14 h
KMHOv 0,8 horas vazio
7 h
NDMm 30
PF(U)ref 5,44
PV(U)ref 0,036
ECE(U)ref*CCRref 0,0074
LEV 0,035
1/(1-LEV) 1,0362694
Z 4,5
IPCm-1/IPCref 1
Dias de um ano 360
Mês Ano
ECRm(kW) 16566,747 198800,959
ECRv,m 5566,427 66797,122
ECRpc,m 11132,854 133594,244
COEFpot,m 1,085 13,021
KMHOm 1,042 1,042
POTmed,a 26,507 26,507
PF(VRD)m 156,464 1877,565
PV(VRD)m 596,403 7156,835
PA(VRD)m 122,594 1471,127
VRDm(k€) 1408,091 16897
ANEXOS
Universidade do Minho 113
Anexo 7 - Análise do ciclo de vida - Caso nº1
Ano Custo de M &
O (€) Benefícios (Venda de
energia) (€) Lucros/Prejuízo (€) Acumulados (€)
0 0 0 -32951 -32951
1 1697 17404 15707 -17244
2 1748 17926 16178 -1065
3 1800 18464 16664 15598
4 1854 19018 17164 32762
5 1910 19588 17678 50440
6 1967 20176 18209 68649
7 2026 20781 18755 87404
8 2087 21405 19318 106722
9 2150 22047 19897 126619
10 2214 22708 20494 147113
11 2281 23390 21109 168222
12 2349 24091 21742 189964
13 2419 24814 22394 212359
14 2492 25558 23066 235425
15 2567 26325 23758 259183
16 2644 27115 24471 283654
17 2723 27928 25205 308859
18 2805 28766 25961 334821
19 2889 29629 26740 361561
20 2976 30518 27542 389103
21 3065 31434 28369 417472
22 3157 32377 29220 446692
23 3252 33348 30096 476788
24 3349 34348 30999 507787
25 3450 35379 31929 539716
26 3553 36440 32887 572604
27 3660 37533 33874 606477
28 3769 38659 34890 641367
29 3883 39819 35937 677304
30 3999 41014 37015 714318
31 4119 42244 38125 752443
32 4243 43511 39269 791712
33 4370 44817 40447 832159
34 4501 46161 41660 873820
35 4636 47546 42910 916730
36 4775 48972 44197 960927
37 4918 50442 45523 1006451
38 5066 51955 46889 1053340
39 5218 53514 48296 1101635
40 5374 55119 49745 1151380
ANEXOS
Universidade do Minho 115
Anexo 8 - Dados inicias - Caso nº2
População
servida 25000 hab
Capitação média por habitante
150 L/dia K 1,25
Vi 1228 m3
Vmda 3750 m3 Horas de
turbinamento 24 h
Varmazenamento 1535 m3 Anti-incendio 300 m3 Vregularização 928 m3
Caudal de turbinamento
43,403 L/s
43 Vinicial 1228 m3
Qmda 43 L/s
Horas vazio Horas cheia
Sistema de adução Abastecimento
publico
t(horas) Q(l/s) Vacumulado
(m3) Q(l/s)
Vacumulado (m3)
Diferença de volumes
acumulados
1 0-1 43 156 11 39 1345
2 1-2 43 313 11 78 1463
3 2-3 43 469 11 117 1580
4 3-4 43 625 11 156 1697
5 4-5 43 781 11 195 1814
6 5-6 43 938 11 234 1931
7 6-7 43 1094 43 391 1931
8 7-8 43 1250 116 808 1670
9 8-9 43 1406 116 1225 1409
10 9-10 43 1563 35 1350 1441
11 10-11 43 1719 35 1475 1472
12 11-12 43 1875 35 1600 1503
13 12-13 43 2031 65 1834 1425
14 13-14 43 2188 65 2069 1347
15 14-15 43 2344 35 2194 1378
16 15-16 43 2500 35 2319 1409
17 16-17 43 2656 35 2444 1441
18 17-18 43 2813 35 2569 1472
19 18-19 43 2969 87 2881 1316
20 19-20 43 3125 87 3194 1159
21 20-21 43 3281 87 3506 1003
22 21-22 43 3438 30 3616 1050
23 22-23 43 3594 19 3683 1139
24 23-24 43 3750 19 3750 1228
ANEXOS
Universidade do Minho 117
Anexo 9 - Valorização da energia elétrica produzida - Caso nº2
Dados decreto-lei 225/2007
Pinst(kW) 22
KMHOpc 1,15 Horas cheio 10 h
KMHOv 0,8 horas vazio 14 h
NDMm 30
PF(U)ref 5,44
PV(U)ref 0,036
ECE(U)ref*CCRref 0,0074
LEV 0,035
1/(1-LEV) 1,0362694
Z 4,5
IPCm-1/IPCref 1
Dias de um ano 360
Mês Ano
ECRm(KW) 16027,594 192331,133
ECRv,m 9349,430 112193,161
ECRpc,m 6678,164 80137,972
COEFpot,m 1,250 15,000
KMHOm 0,946 0,946
POTmed,a 22,261 22,261
PF(VRD)m 151,372 1816,461
PV(VRD)m 576,993 6923,921
PA(VRD)m 118,604 1423,250
VRDm(k€) 1237,017 14844
ANEXOS
Universidade do Minho 119
Anexo 10 - Análise ciclo de vida - Caso nº2
Ano Custo de M
& O (€) Benefícios (Venda de
energia) (€) Lucros/Prejuízo (€) Acumulados (€)
0 0 0 -32557 -32557
1 1677 15290 13613 -18944
2 1727 15748 14021 -4923
3 1779 16221 14442 9519
4 1832 16707 14875 24394
5 1887 17208 15321 39716
6 1944 17725 15781 55497
7 2002 18256 16254 71751
8 2062 18804 16742 88493
9 2124 19368 17244 105738
10 2188 19949 17762 123499
11 2253 20548 18295 141794
12 2321 21164 18843 160637
13 2391 21799 19409 180046
14 2462 22453 19991 200037
15 2536 23127 20591 220628
16 2612 23821 21208 241836
17 2691 24535 21845 263681
18 2771 25271 22500 286181
19 2854 26029 23175 309356
20 2940 26810 23870 333226
21 3028 27615 24586 357812
22 3119 28443 25324 383136
23 3213 29296 26084 409220
24 3309 30175 26866 436086
25 3408 31080 27672 463758
26 3511 32013 28502 492260
27 3616 32973 29357 521618
28 3724 33962 30238 551856
29 3836 34981 31145 583001
30 3951 36031 32080 615081
31 4070 37112 33042 648123
32 4192 38225 34033 682156
33 4318 39372 35054 717210
34 4447 40553 36106 753316
35 4581 41770 37189 790505
36 4718 43023 38305 828810
37 4859 44313 39454 868264
38 5005 45643 40637 908901
39 5155 47012 41857 950758
40 5310 48422 43112 993870
ANEXOS
Universidade do Minho 121
Anexo 11 - Dados iniciais - Caso nº3
População
servida 25000 hab
Capitação média por habitante
150 L/dia K 1,25
Vi 905 m3
Vmda 3750 m3 Horas de
turbinamento 12 h
Varmazenamento 1132 m3 Anti-incendio 300 m3 Vregularização 605 m3 Caudal de
turbinamento 86,80555556
L/s
87 Vinicial 905 m3
Qmda 43
Horas vazio
Sistema de adução Abastecimento
público Horas cheia
t(horas) Q(l/s) Vacumulado
(m3) Q(l/s)
Vacumulado (m3)
Diferença de volumes
acumulados
1 0-1 0 0 11 39 866
2 1-2 0 0 11 78 827
3 2-3 0 0 11 117 788
4 3-4 0 0 11 156 748
5 4-5 0 0 11 195 709
6 5-6 0 0 11 234 670
7 6-7 87 313 43 391 827
8 7-8 87 625 116 808 722
9 8-9 87 938 116 1225 617
10 9-10 0 938 35 1350 492
11 10-11 0 938 35 1475 367
12 11-12 87 1250 35 1600 555
13 12-13 87 1563 65 1834 633
14 13-14 87 1875 65 2069 711
15 14-15 87 2188 35 2194 898
16 15-16 0 2188 35 2319 773
17 16-17 0 2188 35 2444 648
18 17-18 0 2188 35 2569 523
19 18-19 87 2500 87 2881 523
20 19-20 87 2813 87 3194 523
21 20-21 87 3125 87 3506 523
22 21-22 87 3438 30 3616 727
23 22-23 87 3750 19 3683 972
24 23-24 0 3750 19 3750 905
ANEXOS
Universidade do Minho 123
Anexo 12 - Valorização da energia elétrica produzida - Caso nº3
Dados decreto-lei 225/2007
Pinst(kW) 46
KMHOpc 1,15 Horas cheio 9 h
KMHOv 0,8 horas vazio 3 h
NDMm 30
PF(U)ref 5,44
PV(U)ref 0,036
ECE(U)ref*CCRref 0,0074
LEV 0,035
1/(1-LEV) 1,0362694
Z 4,5
IPCm-1/IPCref 1
Dias de um ano 360
Mês Ano
ECRm(KW) 16497,849 197974,184
ECRv,m 4124,462 49493,546
ECRpc,m 12373,386 148480,638
COEFpot,m 0,625 7,500
KMHOm 1,063 1,063
POTmed,a 45,827 45,827
PF(VRD)m 155,813 1869,756
PV(VRD)m 593,923 7127,071
PA(VRD)m 122,084 1465,009
VRDm(k€) 1430,372 17164
ANEXOS
Universidade do Minho 125
Anexo 13 - Análise de ciclo de vida - Caso nº3
Ano Custo de M
& O (€) Benefícios (Venda de
energia) (€) Lucros/Prejuízo (€) Acumulados (€)
0 0 0 -41995 -41995
1 2163 17679 15517 -26478
2 2228 18210 15982 -10496
3 2294 18756 16462 5965
4 2363 19319 16955 22921
5 2434 19898 17464 40385
6 2507 20495 17988 58373
7 2582 21110 18528 76901
8 2660 21743 19084 95984
9 2740 22396 19656 115640
10 2822 23068 20246 135886
11 2907 23760 20853 156739
12 2994 24472 21479 178218
13 3084 25207 22123 200341
14 3176 25963 22787 223128
15 3271 26742 23470 246598
16 3369 27544 24174 270772
17 3471 28370 24900 295672
18 3575 29221 25647 321319
19 3682 30098 26416 347735
20 3792 31001 27209 374943
21 3906 31931 28025 402968
22 4023 32889 28866 431834
23 4144 33876 29732 461565
24 4268 34892 30623 492189
25 4396 35939 31542 523731
26 4528 37017 32488 556219
27 4664 38127 33463 589682
28 4804 39271 34467 624149
29 4948 40449 35501 659650
30 5097 41663 36566 696216
31 5250 42913 37663 733879
32 5407 44200 38793 772672
33 5569 45526 39957 812629
34 5736 46892 41155 853784
35 5908 48298 42390 896174
36 6086 49747 43662 939836
37 6268 51240 44972 984807
38 6456 52777 46321 1031128
39 6650 54360 47710 1078839
40 6849 55991 49142 1127980