órgão de divulgação do mercado segurador ano 89 nº885

21
ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DO MERCADO SEGURADOR ANO 89 Nº885 ABRIL/ MAIO/ JUNHO DE 2013 Em entrevista exclusiva, a Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Mariana Meirelles, diz que o setor segurador pode fazer a diferença no desenvolvimento sustentável do País Na rota do crescimento Marco Antonio Rossi assume a presidência da CNseg, com o compromisso de manter a trajetória de evolução do mercado

Upload: others

Post on 07-Nov-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

órgão de divulgação do mercado segurador aNo 89 Nº885 aBril/ maio/ JuNHo de 2013

Em entrevista exclusiva, a Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Mariana Meirelles,diz que o setor segurador pode fazer a diferença no desenvolvimento sustentável do País

Na rota docrescimentoMarco Antonio Rossi assume a presidênciada CNseg, com o compromisso de manter a trajetória de evolução do mercado

Revista de Seguros – 3

Sumário

5 EntrevistaSecretária de Articulação do MMA, Mariana Meirelles afirma que o setor de seguros inova, oferecendo cada vez mais serviços que levam em conta a questão da sustentabilidade.

26 Meios RemotosA Susep deve aprovar, em breve, a contratação de apólices pela internet, celular e televisão digital. Os novos canais de venda prometem revolucionar a venda de seguros.

8 Posse Conselho DiretorO papel de investidor do mercado segurador e a grandiosidade dos números que ostenta foram destacados por Marco Antonio Rossi na solenidade de sua posse.

28 SustentabilidadeA igualdade de gêneros no setore o empoderamento feminino estão relacionados ao aspecto social dos PSI, que preveem a redução das desigualdades.

22 Estudos CNsegFrutos da supervisão baseada em riscos, a exigência de elevação de capital e a rentabilidade podem impactar o retorno das empresas, especialmente as de microsseguro.

30 Balanço SocialAs ações que demonstraram a valorização das ideias sustentáveis para o setor, em 2012, mereceram uma publicação especial: o Balanço Social do Mercado Segurador Brasileiro.

24 Obra em EstádiosEstimativas apontam que os consórcios construtores dos estádios de futebol, nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo, investiram cerca de R$ 36 milhões na contratação de apólices de seguro.

32 Saúde SuplementarA normatização para utilização de órteses e próteses, que integra o conteúdo da Agenda Regulatória 2013/2014, faz parte do eixo que trata da sustentabilidade do setor.

PRESIDENTEMarco Antonio Rossi

1º VICE-PRESIDENTEJayme Brasil Garfinkel

VICE-PRESIDENTES NATOSMarcio Serôa de Araujo Coriolano,Marco Antônio da Silva Barros, Osvaldo do Nascimento e Paulo Miguel Marraccini

VICE-PRESIDENTEMário José Gonzaga Petrelli Patrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas

DIRETOR NATOLuiz Tavares Pereira FilhoDIRETORESAcacio Rosa de Queiroz Filho, Alexandre Malucelli, Antonio Cássio dos Santos, Antonio Eduardo Márquez de Figueiredo Trindade, Francisco Alves de Souza, João Francisco Silveira Borges da Costa, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, Nilton Molina, Pedro Cláudio de Medeiros B. Bulcão, Pe-

dro Pereira de Freitas, Sebastian Ramon Arcuri, Thierry Marc Claude Claudon, William Alan Yates e Wilson Toneto

CONSELHO FISCALEfetivosHaydewaldo Roberto Chamberlain da CostaLaênio Pereira dos SantosLúcio Antonio MarquesSuplentesJosé Maria Souza Teixeira Costa e Luiz Sadao Shibutani

CONSELHO SUPERIORPRESIDENTEJorge Hilário Gouvêa VieiraCONSELHEIROSAcacio Rosa de Queiroz Filho, Carlos dos Santos, Francisco Caiuby Vidigal, Jayme Brasil Garfinkel, Jorge Estácio da Silva, José Castro Araújo Rudge, José Roberto Marmo Loureiro, Luis Emilio Maurette, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco Antonio Rossi, Mário José Gonzaga Petrelli, Nilton Molina, Patrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas, Pedro Pereira de Freitas, Paulo Rogerio Caffarelli, Thierry Marc Claude Claudon e Wilson Toneto

CONSELHEIROS NOTÁVEISAlberto Oswaldo Continentino de AraújoEduardo Baptista Vianna, João Elisio Ferraz de Campos e José Américo Peón de Sá

CONSELHEIROS – SINDICATOSJoão Gilberto Possiede e Júlio César Rosa REVISTA DE SEGUROSÓrgão de divulgaçãodo mercado seguradorPUBLICAÇÃO INTEGRANTEDO CONVÊNIO DE IMPRENSADO MERCOSUL – COPREME.Em conjunto com SIDEMA (Serviço Informativo do Mercado Segurador da República Argentina),EL PRODUCTOR (Publicação da Associação de Agentes e Produtores de Seguro da República Oriental do Uruguai) e Jornal dos Seguros (Publicaçãodo Sindicato dos Corretores deSeguros e de Capitalização do Estadode São Paulo).

CONSELHO EDITORIALÂngela Cunha, Luiz Peregrino Fernandes Vieira da Cunha, José Cechin, José Ismar Alves Tôrres, Neival Rodrigues Freitas,Solange Beatriz Palheiro Mendes

Editora-chefe:Ângela Cunha (MTb/RJ12.555)

Coordenação Editorial:VIA TEXTO AG. DE COMUNICAÇÃ[email protected] - 2262.5215 Jornalista Responsável:Vania Mezzonato – MTB 14.850Assistente de produção:Marcelo MezzonatoColaboradores:Bianca Rocha, Denise Bueno, Francisco Noel, Joao Maurício Rodrigues, Jorge Clapp, Larissa Morais, Márcia Alves, Maria Luisa Barros, Vagner Ricardo, Vania MezzonatoFotografia:Erica Ramalho, Carlinhos Rodrigues, Daniela Meireles, Julio Fernandes, Marcelo Bravo, Rosane BekiermanProjeto Gráfico: Maraca Design

REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA:Gerência de ComunicaçãoSocial – CNsegAdriana Beltrão, Claudia Mara eVagner Ricardo.Rua Senador Dantas, 74/12º andar, Centro - Rio de Janeiro, RJ – CEP 20031-201Telex: (021) 34505-DFNESFax: (21) 2510.7839Tel. (21) 2510.7777www.viverseguro.org.brE-mail: [email protected]ório CNseg/Brasília – SCN/Quadra1/Bloco C – Ed. Brasília – Trade Center – sala 1607Gráfica: WalprintDistribuição: Serviços Gerais/CNsegPeriodicidade: TrimestralCirculação: 7 mil exemplaresAs matérias e artigos assinados são de responsabilidade dos autores. As matérias publicadas nesta edição podem ser reproduzidas desde que identificada a fonte.

Distribuição Gratuita

E Mais... 4 – Editorial; 17 – Opinião; 18 – Resíduos Sólidos; 34 – Capitalização; 36 – ENS; 37 – Artigo Jurídico; 38 – Biblioteca.

Revista de Seguros – 4 Revista de Seguros – 5

Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, a administradora de empresas Mariana Meirelles vem se dedicando a uma missão especial: coordenar o debate para fazer avançar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída por lei em 2010. No posto desde maio, Mariana está à frente da organização da 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, que acontece de 24 a 27 de outubro, em Brasília, para discutir temas como a adoção de sistemas de logística reversa em alguns ramos da economia e o fim dos lixões a céu aberto, em todo o País, até janeiro de 2014.Diante desses e de outros desafios rumo a uma sociedade sustentável, o mundo empresarial tem responsabilidades intransferíveis – incluindo-se aí a indústria de seguros, assinala a secretária nesta entrevista. “O setor segurador cumpre um papel relevante e pode fazer a diferença, pelas perspectivas que tem e pela proximidade com o Ministério do Meio Ambiente. É essa a nossa aposta”, afirma. Quando era vice-presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Mariana Meirelles conheceu de perto várias iniciativas sustentáveis do mercado segurador, como avaliadora do Prêmio Antônio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros, da CNseg.

Editorial EntrevistaMariana Meirelles

“Um setor que podefazer a diferença”

Diálogo mais amplocom o Governo

O negócio do seguro é proteger pessoas, bens e patrimônio. E, ao cumprir com a sua missão de prevenir, indenizar, repor e mitigar perdas, o setor exerce importante papel no desenvolvimento socioeconômico do País – quer por sua contribuição à formação da poupança interna, por meio de suas reservas técnicas, quer pelo pagamento à sociedade de impostos e subsídios ao Governo ou ainda pela geração de emprego.

Quando esse discurso é traduzido em números, ganha força e poder de convencimento. Foi o que aconteceu, em maio, na cerimônia de posse do novo Conselho Diretor, em Brasília. Representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que prestigiaram o evento ao lado de cerca de 500 convidados, deixaram o local impressionados com a grandiosidade dos dados do setor exibidos em vídeo.

Para se ter uma ideia deste montante, em 2012 o mercado acumulou mais de R$ 500 bilhões em provisões técnicas, arrecadou R$ 252 bilhões em prêmios, pagou à sociedade R$ 119 bilhões em indenizações, resgates e benefícios, transferiu para os cofres públicos R$ 14 bilhões em impostos e outras contribuições e gerou 100 mil oportunidades de trabalho. O setor já representa 6% do PIB, mas, como reconhece o recém-empossado presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi, ainda está aquém de sua capacidade.

Muito há que ser feito e as estratégias para promover o crescimento contínuo do mercado passam, necessariamente, pelas parcerias público-privadas. A significativa presença de governantes, políticos e magistrados na posse de Rossi, e o re-conhecimento da importância do setor, manifestado em discurso pelo vice-presidente da República, Michel Temer, na oca-sião, levam a crer que a interlocução com o Governo ganhou amplitude.

O mercado avançou também na questão da responsabilidade social e da sustentabilidade, como revela o Balanço Social do Mercado Segurador 2012, lançado em junho pela CNseg. Cerca de 60% das 90 empresas do setor que participaram da pesquisa realizada pela Confederação têm setores destinados a desenvolver ações nessas áreas; 67% contam com códigos de ética e de conduta e 71% adotam política de contratação de fornecedores. Com o lançamento dos Princípios para Sus-tentabilidade em Seguros, há um ano, pela ONU, o mercado passou a pensar e agir de forma diferente, prometendo con-quistas ainda maiores e mais eficazes para o desenvolvimento sustentável do setor, do País e do planeta.

Esses assuntos fazem parte desta edição, que traz ainda matérias que mostram os desafios e oportunidades para o setor,como, por exemplo, o apoio do seguro garantia a grandes obras de infraestrutura e a utilização dos meios remotos

como canal de venda de seguros, a ser regulamentada em breve pela Susep.Boa leitura!

ÂNGELA CUNHAEditora

ARQ

UIv

O M

MA

DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS A CNseg realizou, em maio, seminário para analisar e debater os

impactos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O objetivo é integrar diferentes agentes do mercado na busca de soluções compar-tilhadas e de segurança jurídica diante da nova legislação. A PNRS, que virou lei em agosto de 2010, prevê exigências que interferem em dife-rentes negócios – para o mercado segurador, uma das principais impli-cações é a responsabilidade solidária pelo ciclo de vida de um produto.

ARQ

UIv

O C

NSE

G

Revista de Seguros – 6 Revista de Seguros – 7

sustentável. Na Rio+20, por exemplo, o setor empresarial foi muito bem tratado.

A incorporação de valores de responsabilidade

ambiental ao dia a dia de um número cada vez maior

de empresas indica que o País está no caminho certo?

A mudança de padrões de consumo e pro-dução passa pela incorporação de novos valores às atividades das empresas. É um processo que está em curso, transformando empresas e mer-cados. Um foco de atenção deve ser dado às pe-quenas e médias empresas. Grandes empresas que são líderes em sustentabilidade cumprem um papel importante nesse processo. Utilizan-do-se do poder de compra, elas devem induzir práticas sustentáveis na cadeia de fornecedores.

Nesse processo, qual o papel a ser desempe-

nhando pelo mercado brasileiro de seguros, que

vem buscando alinhar sua atuação aos princípios

globais de sustentabilidade do setor?

O mercado brasileiro de seguros vem avançando a passos largos nos últimos anos. Empresas líderes do setor inovam, oferecendo cada vez mais serviços que levam em conta a questão da sustentabilidade. O Prêmio Antônio Carlos de Almeida Braga, edição 2012, promovi-do pelaCNseg, demonstrou práticas exemplares desenvolvidas pelas empresas do mercado. São práticas que podem ser adotadas em diversos segmentos do setor de seguros, como residen-ciais, de automóveis e até mesmo de saúde. Por meio dos casos apresentados no prêmio, pude estudar muitas experiências interessantes e transformadoras no setor, como o uso de tintas à base d’água em oficinas, no lugar de solventes, e o apoio ao consumidor no descarte da linha branca, bem de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O setor cumpre um papel relevante e pode fazer a diferença, pelas pers-pectivas que tem e pela proximidade como Ministério do Meio Ambiente. É essa a nossa aposta.

As empresas, os governos e a sociedade têm

avançado na percepção e prevenção dos riscos

ambientais no terreno da atividade econômica?

Acho até que as empresas, os governos e a sociedade têm avançado na percepção de que sustentabilidade gera oportunidades, indo além da preocupação com impactos e riscos ambien-tais. São oportunidades relacionadas à criação e consolidação de novos mercados e ao desen-volvimento de negócios sustentáveis. Exemplos contundentes: usinas à base de energia renovável e implantação de sistemas de logística reversa.

Do ponto de vista da educação ambiental,

quais os grandes desafios do Brasil?

O principal desafio da educação ambiental é a promoção da mudança cultural necessária para reorientar o consumidor em direção ao consumo consciente, tendo em vista a finitude dos recursos do planeta.

Os temas ligados à responsabilidade ambiental

das empresas tendem a ter peso na 4ª Conferência

Nacional do Meio Ambiente, em outubro?

O foco da conferência é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305, de 2010, que tornou a implantação de sistemas de logística reversa obrigatória – para algumas cadeias produtivas – e desejável para as demais. Discutir a forma de implantação desses sistemas, com o objetivo de dar destinação ambiental-mente correta aos resíduos, é a principal contri-buição do setor empresarial nesse processo. Por outro lado, um dos instrumentos dessa política, regulamentado em novembro de 2012, é o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê a eliminação dos lixões a céu aberto até janeiro de 2014. Eles devem ser substituídos por aterros sanitários, que podem ser implementados em consórcios públicos pelos municípios. Este deve-rá ser um dos grandes assuntos políticos da con-ferência, que é a nossa grande chance de disse-minar a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Como a iniciativa privada pode ajudar neste

contexto?

O setor privado, além da implantação da lo-gística reversa, pode colaborar se envolvendo na instalação de aterros sanitários e no tratamento de resíduos, por meio de parcerias público-pri-

vadas ou concessões. Pode também trabalhar na recuperação dos gases dos aterros, prestando um serviço social e ambiental importante.

O que o mercado segurador deve fazer para par-

ticipar com sugestões dos debates da conferência?

Um dos conceitos da Política Nacional de Resí-duos Sólidos é a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, o que abrange desde o importador e o produtor até o consumi-dor, passando por todos os segmentos da socieda-de. Isso inclui o setor de seguros, que parece estar distante desse ciclo, mas não está. São resíduos sólidos, por exemplo, os gerados pelos serviços de saúde, que interagem com as seguradoras. Uma das formas de participação na conferência nacional criadas pelo Ministério é a das conferências livres, que podem ser realizadas por grupos de um lugar ou de um setor, a fim de encaminhar recomenda-ções à nossa secretaria, que as levará à conferência nacional. O setor de seguros pode organizar uma conferência livre e gerar as suas recomendações.

A senhora é uma das integrantes da Rede Mu-

lheres Brasileiras Líderes para a Sustentabilidade.

Fale um pouco dos objetivos e do seu trabalho

nessa iniciativa.

A Rede de Mulheres Líderes para a Sustenta-bilidade é uma plataforma que hoje reúne cerca de 500 participantes, com o objetivo de atrair e mobilizar as líderes que atuam em empresas públicas e privadas, entidades não governa-mentais e outras organizações interessadas na sustentabilidade. A rede pretende implementar um conjunto de iniciativas que possam causar impacto pela relevância ou pela cobertura das ações em três agendas: o papel das mulheres nos conselhos de administração das empresas; o incentivo ao empreendedorismo verde e aos negócios sustentáveis sob a liderança de mu-lheres; e as mudanças necessárias nos padrões de consumo e produção atuais. O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, exerce a secretaria executiva dessa iniciativa e apoia a implementação da Plataforma 20, plano de ação da rede para o ano de 2020. •

Entrevista Mariana Meirelles

Revista de Seguros – Como as empresas

podem contribuir para ampliar a difusão, na so-

ciedade brasileira, de temas estratégicos como a

produção e o consumo sustentáveis?

Mariana Meirelles – As empresas fazem parte da solução, na construção de um mundo susten-tável, adotando novos padrões de produção e de consumo. Não se trata aqui de reduzir o con-sumo por reduzir, mas, sim, de estabelecer novas bases para o consumo consciente, orientado por princípios de sustentabilidade e pelo reconheci-mento de que o planeta tem os seus limites.

Poderia dar exemplos de boas práticas sustentáveis

adotadas por empresas e setores econômicos no Brasil?

Empresas de vários setores têm feito a diferença.

A Unilever é um caso exemplar de inclusão da sustentabilidade no seu core business. Como prática sustentável, podemos citar a iniciativa de implantação de estações de reciclagem na rede de supermercados Pão de Açúcar. A empresa também assumiu a meta de reduzir à metade, até 2020, o impacto dos gases de efeito estufa gerados durante o ciclo de vida de seus produ-tos. Outro exemplo é o Banco Santander, que investe capital próprio em projetos de geração eólica de energia. Falando do setor de seguros, o Itaú Seguros tem oferecido a seus clientes de seguro residencial a possibilidade de coleta ade-quada de resíduos nas casas. São muitas as prá-ticas inovadoras e relevantes já adotadas pelas empresas que atuam no Brasil.

A distância entre mercado e compromisso

ambiental é, definitivamente, coisa do passado?

A distância vem se encurtando, mas ainda há muito a fazer. Considero, porém, que estamos num novo patamar de discussão da sustentabi-lidade no País, bem diferente daquele de duas décadas atrás. Quem esteve na Rio-92, a Con-ferência das Nações Unidas sobre o Meio Am-biente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, sabe que o setor empresarial era marginalizado e tratado como vilão da preservação ambiental, ainda que já tivesse começado a se mobilizar. O mundo mudou. Hoje, as empresas são conside-radas parte da solução para o desenvolvimento

“O principaldesafio daeducação

ambiental é apromoção da

mudança culturalnecessária para

reorientar oconsumidorem direção

ao consumoconsciente, tendo

em vista a finitudedos recursos do

planeta.”

“O mercadobrasileiro deseguros vemavançando apassos largos nosúltimos anos.Empresas líderesdo setor inovam,oferecendo cadavez mais serviçosque levam emconta a questão dasustentabilidade.”

Por FRANCISCO NOEL

Revista de Seguros – 8 Revista de Seguros – 9

O papel de investidor institucional exercido pelo mercado segura-dor brasileiro, fundamental para o desempenho econômico e o

crescimento do País, e a grandiosidade dos números que ostenta foram destaques de um vídeo apresentado na posse do novo presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi, que assumiu o comando da entidade para o triênio 2013/2016.

A concorrida cerimônia aconteceu em Bra-sília, no Centro de Convenções Brasil 21, em 7 de maio, e contou com a presença de mais de 500 convidados, entre eles, o vice-presidente da República, Michel Temer, e os titulares dos Ministérios de Relações Institucionais, Aviação Civil, Cidades e Saúde, além de magistrados,

Por vAGNERRICARDO

da economia, como a de infraestrutura, por exemplo. “Apesar desta expansão observada nos últimos anos, a penetração do setor ainda está muito aquém de sua capacidade”, afirmou Marco Antonio Rossi em seu discurso (leia a íntegra nas páginas 10 e 11), lembrando que o Brasil ocupa o 15º lugar no ranking mundial do seguro.

Estimando que o crescimento do mercado segurador pode ultrapassar o desempenho do PIB em pelo menos 5% ao ano, durante seu man-dato à frente da CNseg, Rossi acredita que o País subirá alguns degraus no ranking mundial em pouco tempo, atingindo taxas proporcionais ao tamanho da economia.

Para tanto, acrescentou ele, o mercado preci-sa estar cada vez mais preparado para atender às demandas da sociedade brasileira, incluindo um

Posse Conselho Diretor

Cerimôniaressalta

solidez eimportânciado mercado

vídeo institucional apresenta números que demonstram a pujança do setor de seguros a mais de 500 convidados.

senadores, deputados e autoridades do mer-cado (veja box).

Produzido exclusivamente para o evento, o vídeo ressaltou o volume das provisões técnicas do mercado, que somam mais de R$ 500 bilhões – recursos investidos em aplicações financeiras, am-pliando a oferta de poupança doméstica –; o fatu-ramento de cerca de R$ 252 bilhões registrado no ano passado, que representa quase 6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional; e a geração de cem mil empregos diretos; entre outros destaques.

Cada vez mais dinâmicos desde a estabili-zação da moeda brasileira, os números confir-mam o crescimento exponencial do mercado nas duas últimas décadas, sua incorporação à rotina de milhões de famílias brasileiras e sua importância como aliado de áreas estratégicas

JULI

O F

ERN

AN

DES

avanço mais agressivo sobre as classes C e D, e aprofundar o diálogo com o poder público, para dispor de um marco regulatório que possibilite ao mercado assumir riscos cada vez maiores e desonerar o Estado, no fim das contas.

Momentos de emoçãoA execução do Hino Nacional na voz de

Toni Garrido (vocalista da banda Cidade Negra) comoveu a plateia, assim como a homenagem pública que Jorge Hilário Gouvêa vieira, que deixa a presidência da entidade, fez em agrade-cimento a seus colaboradores e aos líderes do mercado que partiram durante seu mandato, deixando marcas na história do seguro e na vida de muitas pessoas.

Referia-se a Rony Lírio, que auxiliou Bea-

Marco Antonio Rossi

sela compromisso com o

mercado segurador, em

um discurso pontuado

por agradecimentos,

sendo acompanhado

atentamente por seus pares

do novo Conselho Diretor

da CNseg e por autoridades

governamentais

Revista de Seguros – 10 Revista de Seguros – 11

Posse Conselho Diretor

“Firmo o compromisso de honrar a confiança que em mim depositaram”

“Minhas Senhoras e meus Senhores,

Neste momento solene, em que recebo de meu antecessor na Presidência da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Ge-rais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização, meu amigo Jorge Hilário Gouvêa Vieira, a responsabilidade do man-dato que me foi confiado pelos ilustres representantes das instituições do mercado segurador brasileiro, tenho diante de mim três sentimen-tos que se distinguem e que se completam.

O sentimento de gratidão por todos os que têm participado de minha vida pessoal e profissional, especialmente à minha esposa Maria Isabel e aos nossos filhos, aqui representados pela minha filha Mariana. O sentimento de honra, pela delegação do cargo que me foi conferido.

E a consciência da magnitude do desafio que deverá ser o exercício da Presidência de uma instituição da relevância da CNseg, à qual cabe a responsabilidade de representar os interesses do mercado segurador.

E, ao aceitá-lo, quero agradecer à Organização Bradesco e, em especial, ao Grupo Bradesco Seguros, instituição na qual tenho trabalhado por mais de três décadas, compartilhando o esforço comum de milhares de colaboradores. Foi vivendo o dia a dia dessa grande corporação que construí minha carreira profissional no mer-cado segurador.

Expresso também toda a minha gratidão ao Sr. Lázaro de Mello Brandão, visionário e nobre exemplo do valor do trabalho. E ao Sr. Lui-

Não posso deixar de agradecer aos meus colegas de Diretoria, no momento inaugural de nosso mandato, a confiança em mim de-positada. Tenho ao meu lado alguns dos mais respeitados dirigentes de instituições, que ampliam, para muito além das empresas que comandam, sua visão de cidadania voltada para a construção de um País socialmente mais justo e mais seguro.

Lado a lado, teremos a honra de dar continuidade ao impor-tante trabalho já desempenhado pelos 15 ex-presidentes da CNseg e respectivas Diretorias, que foram protagonistas de uma história de seis décadas de muita dedicação e empenho em favor do en-grandecimento do mercado segurador. Peço a todos uma salva de palmas para esses notáveis brasileiros.

Minhas senhoras e meus senhores, permitam-me enfatizar que tenho a noção exata do significado e da responsabilidade do cargo que me foi confiado. E a escolha de Brasília para este ato de trans-missão de cargo remete a 1992, quando um dos meus antecessores, João Elisio Ferraz de Campos, aqui tomou posse para o cumprimen-to do primeiro de seus mandatos à frente da Fenaseg.

Na época, o que se pretendeu foi mostrar que a Federação das Seguradoras se dispunha a estreitar e aprofundar os laços e a inter-locução com os Poderes da República.

Agora, teremos a honra de representar este segmento – o mercado segurador brasileiro, um dos suportes mais sólidos do desenvolvimento econômico e social de nosso País.

de natureza previdenciária e resgates de títulos de capitalização.

Outra evidência da importância de nosso mercado para a economia do País é sua parti-cipação estratégica no processo de formação de poupança interna e sua atuação como investidor institucional, por apresentar massas crescentes de reservas disponíveis para apli-cação em projetos essenciais ao desenvolvi-mento do País. Em 2012, o mercado segurador brasileiro acumulou provisões técnicas supe-riores a R$ 520 bilhões.

Além disso, a atividade seguradora contabiliza em seu balanço social o fato de ser um grande propiciador de oportunida-des de trabalho: mais de cem mil pessoas integram empresas de seguros e corretoras.

Essa é a grandeza do mandato que

segurador nesses segmentos, que levam proteção e assistência a milhões de pessoas, não tem um caráter concorrencial ou inibi-dor da ação pública.

Na verdade, os sistemas complemen-tares de previdência e assistência à saúde, operados pela iniciativa privada, têm sido parceiros do Estado no esforço de efetivar o acesso da população a esses serviços.

O Brasil vive o limiar de um tempo novo, na dimensão e na variedade de sua vida econômica e social, cujos sinais já podem ser anunciados considerando os grandes proje-tos do País, principalmente aqueles voltados à expansão de sua infraestrutura.

Somam-se a eles as obras que estão em andamento para viabilizar a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas em-

zCarlos Trabuco, a quem tive a honra de su-ceder na gestão de nosso Grupo Segurador, e que desempenhou papel fundamental na transformação do mercado segurador, parti-cipando ativamente da criação da ANAPP, na década de 1990, e da estruturação da atual CNseg, no início deste século, e com quem tenho a oportunidade de aprender todos os dias de nosso convívio.

Estendo também minha admiração e respeito a cada uma das 128 companhias seguradoras, 26 entidades abertas de pre-vidência complementar, 14 sociedades de capitalização e aos milhares de corretores de seguros que integram esse importantíssimo segmento da economia nacional e que pres-tam os mais relevantes serviços à população.

Em 2012, como vocês viram em nosso vídeo, na soma de seus vários ramos e áreas, o mercado segurador brasileiro registrou produ-ção global de R$ 252 bilhões. A participação do setor na formação da riqueza nacional, que até a década de 1990 representava pouco mais de 1% do PIB, em 2012, alcançou cerca de 6% do Produto Interno Bruto.

Mas a verdadeira importância de nosso mercado para a vida econômica e social do País vai muito além desse registro de pro-dução e de índices de crescimento. Do total arrecadado em 2012, nada menos que R$ 119 bilhões foram devolvidos à população e aos agentes econômicos sob a forma de pagamento de indenizações de sinistros, despesas médico-hospitalares,benefícios

acabo de aceitar, e diante do qual me pergunto: quais são os nossos principais desafios? Destaco inicialmente o dever e o compromisso de manter o mercado em sua trajetória de desenvolvimento, em sua linha de parceria com a população brasileira e com nossas instituições.

Para tanto, torna-se fundamental ampliar ainda mais a interlo-cução com os poderes públicos, buscando a melhor sintonia entre o que pode ser uma lógica ideal de regulação e uma proposta de modernidade e aperfeiçoamento do mercado.

Pode-se afirmar que a interlocução do mercado segurador com o governo tem evoluído satisfatoriamente nos últimos anos. Os órgãos reguladores têm assumido uma atitude democrática ao concederem a oportunidade de nos pronunciarmos nas audiências públicas, quando se busca a convergência em torno de temas que afetam diretamente o dia a dia de nosso segmento.

Nessa perspectiva, o Brasil tem usufruído de um balizamento normativo que coloca a atividade sob o enfoque do consumidor, procurando criar as condições ideais para facilitar o acesso de maior parcela da sociedade à proteção.

Também foi graças à interlocução produtiva e aos consequen-tes acertos do marco regulatório, sob o controle da Susep e da ANS, que nosso mercado pôde manter-se a salvo das ondas de pessi-mismo e crise recentes, que afetaram duramente alguns mercados seguradores internacionais.

Fica evidenciado, portanto, que os acertos democráticos de uma boa lógica estatal de regulação podem ser o diferencial positivo da economia brasileira, que busca o crescimento sólido e sustentável.

Outro foco de nosso mandato diz respeito a ampliar e facilitar o acesso da população aos produtos massificáveis, sobretudo ao microsseguro. Nunca é demais lembrar que a atuação do mercado-

nosso território, que demandam inúmeras modalidades de proteção do seguro. E, nessa perspectiva, a atividade seguradora passa a ser entendida como pré-condição para o desenvolvimento do País.

Para tal, é imprescindível atuar estrategicamente na evolução da qualificação do quadro de profissionais que atuam no mercado segurador, que deverão estar cada vez mais preparados para aten-der aos desafios impostos pelo crescimento.

É entendimento comum a necessidade de capacitação técnica das pessoas envolvidas na nossa atividade e, particularmente, da-queles profissionais que tratam diretamente com o público.

Cabe destacar que o mercado segurador já possui mecanismos próprios de formação e qualificação de seus profissionais, por meio daFunenseg, que atua na geração de conhecimento e promoção de uma cultura própria do nosso segmento.

Com a parceria da Funenseg, pretendemos incentivar a ex-pansão dos programas de certificação e qualificação de nossos profissionais, conscientes da esperada e já iniciada expansão das oportunidades de negócios do mercado segurador.

Finalmente, reafirmo diante dos Senhores e das Senhoras, por tudo que representa esse grande desafio, minha inteira disposição para institucionalmente assumi-lo, pois estou certo de que o Brasil, a CNseg e todo o mercado segurador podem contar com a participação de meus ilustres companheiros de Diretoria, dos presidentes das Federações e de cada um dos senhores, diante de quem, solenemente, firmo o compro-misso de honrar a confiança que em mim depositaram.

Muito obrigado”.

Marco Antonio Rossi

“Assim como a Carta de Itaipava foi o guia das ações institucionais

do setor durante os últimos três anos, a gestão de Marco Antonio

Rossi terá o seu planejamento estratégico como bússola no

próximo triênio. Nele, certamente, estarão contempladas frentes

institucionais de grande relevância para o fortalecimento do mercado,

levando-se sempre em conta a pluralidade das empresas.”

Jorge Hilário

“A cooperação com o Poder Público e os órgãos reguladores,

visando ao aprimoramento do marco regulatório do setor

também estão no topo das prioridades da CNseg. Nesse

sentido, torna-se vital desenvolver ações para disseminar ainda mais

a cultura do seguro, reforçando a imagem da Confederação

como provedora de conteúdo e incentivadora do diálogo aberto

com a sociedade.”

Jorge Hilário

Revista de Seguros – 12 Revista de Seguros – 13

Posse Conselho Diretor

JULI

O F

ERN

AN

DES

JULI

O F

ERN

AN

DES

Quem é Marco Antonio Rossi

triz Larragoiti na condução da SulAmérica, na ausência de Antônio Larragoiti; ao ex-minis-tro Rafael Magalhães, que presidiu a Fenaseg numa época de muita tensão no mercado; a ArarinoSallum de Oliveira, o primeiro diretor--presidente não acionista da Bradesco Segu-ros, que assumiu a quase impossível missão de substituir Antonio Carlos de Almeida Braga na presidência da Bradesco Seguros; e a Leonídio Ribeiro, um líder incansável na defesa da livre iniciativa.

Ao se despedir do cargo, Jorge Hilário desta-cou as principais ações institucionais de sua ges-tão, incluindo o esforço para aprimorar o marco regulatório do setor, as medidas para disseminar a cultura do seguro e o estímulo à inclusão de novos consumidores a partir do microsseguro, entre outros tópicos contidos na Carta de Itaipa-va, documento que norteou as ações ao longo do período em que a CNseg esteve sob seu comando.

Ao presidente e membros do Conselho Diretor, ele disse: “Uma das principais missões de quem assume a presidência da CNseg é, sem sombra de dúvida, atuar como arauto das empresas seguradoras, previdenciárias e de

capitalização. Aliás, esta importante função não é somente do presidente, mas de todo o Conselho Diretor. Certamente, desafios e bar-reiras, já conhecidos ou não, surgirão no ca-minho deste grupo de arautos que hoje inicia sua participação na nova gestão da CNseg, comandada por Marco Antonio Rossi. Mas, com a força e a união do setor, será possível contornar obstáculos, propor soluções e abrir canais de diálogo. Com as Federações, Sindi-catos, empresas seguradoras, colaboradores, autoridades reguladoras, o Poder Público e a sociedade em geral”.

Magnitude do cargoSem esconder o entusiasmo, Marco An-

tonio Rossi entregou uma placa em reconhe-cimento aos esforços feitos por Jorge Hilário para fortalecer o mercado de seguros durante

suagestão, e demonstrou estar preparado para a missão, ratificando a magnitude e a respon-sabilidade do cargo. No discurso, ele defendeu a necessidade de ampliar a interlocução com os poderes públicos e elogiou a atitude demo-crática dos órgãos reguladores de ouvir o setor por meio de audiências públicas. “Essa ação tem contribuído para estabelecer um baliza-mento normativo da atividade em linha com os interesses dos consumidores”.

Outra prioridade sua são ações institucionais para ampliar e facilitar o acesso da população aos produtos massificados, seguidas de melho-rias na qualificação técnica dos profissionais do mercado segurador, sobretudo daqueles que tratam diretamente com o público.

Ele frisou ainda que o mercado pagou à sociedade, na forma de pagamento de indeni-zações de sinistros, despesas médicas,benefícios

Momento solene e de

emoção: os presentes

cantam o Hino Nacional

Marco Antonio Rossi integra a Organização Bradesco há 32 anos e, atualmente, é presidente do Grupo Bradesco Seguros e vice-presidente executivo do Banco Bradesco. Atuou na Bradesco Vida e Previdência desde a sua funda-ção, tendo ocupado sua presidência até março de 2009, quando passou a presidir o grupo segurador. É também presidente do Conselho de Administração da EuropAssis-tance Brasil Serviços e Assistência.

Foi presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), vice-presidente da CNseg, e membro do Conselho da LimraInternational. Marco Antonio Rossi possui MBA em Altos Estudos de Estratégia e Geopo-lítica, pela Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP), é graduado em Gestão de Marketing, e pós-graduação em Gestão do Cliente, ambos pela Universidade Paulista. Sua gestão na CNseg compreende o triênio 2013/2016.

Revista de Seguros – 14 Revista de Seguros – 15

Posse Conselho Diretor

previdenciários e resgate de títulos de capita-lização, mais de R$ 119 bilhões, cumprindo à risca seu papel de proteger pessoas, empresas e patrimônios.

A solenidade de Brasília foi encerrada com rápido discurso do vice-presidente, Michel Temer, que destacou a significativa presença de políticos e empresários no evento como uma demonstração prévia da importância do setor e dos apoios que a CNseg e o novo presidente terão para ajudar o Brasil a crescer com tranquilidade.

O vice-presidente avaliou positivamente os números do setor, afirmou que o mercado segu-rador foi favorecido pela conjuntura econômica e acrescentou que o seguro colabora para a paz social ao levar tranquilidade às pessoas. Ao en-cerrar a solenidade, Temer pediu à plateia – que o atendeu, com entusiasmo – uma salva de pal-mas ao novo presidente da CNseg.

Novo Conselho Diretor da CNseg• Presidente: Marco Antonio Rossi - Bradesco Seguros.

• Primeiro Vice-Presidente: Jayme Brasil Garfinkel - Porto Seguro Cia de Seguros Gerais.• Vice-Presidentes: Mário José G. Petrelli - Icatu Seguros S.A.; Patrick Larragoiti Lucas -SulAmérica Cia. Nacional de Seguros.

• Vice-Presidentes Natos: Marcio Serôa de Araujo Coriolano (FenaSaúde); MarcoAntônio da Silva Barros (FenaCap); Osvaldo do Nascimento (FenaPrevi); Paulo M.Marraccini (FenSeg).

• Diretores: Acacio R. de Queiroz Filho - Chubb do Brasil; Alexandre Malucelli - JMalucelli Seguradora S.A.; Antonio Cássio dos Santos - Zurich Minas Brasil Seguros S.A.;Antonio Eduardo Trindade - Itaú Seguros S.A.; Francisco Alves de Souza – COMPREV;João Francisco S. Borges da Costa - HDI Seguros S.A.; Jorge Hilário Gouvêa Vieira- SulAmérica; Nilton Molina - Mongeral AEGON Seguros e Previdência S.A.; PedroCláudio BocayuvaBulcão - Sinaf; Pedro P. de Freitas - American Life Cia de Seguros;Sebastian Ramon Arcuri - HSBC Vida e Previdência S.A.; Thierry Marc Claude Claudon- Caixa Seguradora S.A.; William A. Yates - Prudential do Brasil S.A.; Wilson Toneto -Mapfre Seguros S.A.

• Diretor Nato: Luiz Tavares Pereira Filho - Vice-Presidente Executivo da Fenaseg.

JULI

O F

ERN

AN

DES

ROSA

NE

BEKI

ERM

AN

JULI

O F

ERN

AN

DES

Números do mercado

segurador, que já

representa 6% do PIB, são

apresentados em vídeo

durante cerimônia de posse

Homenagem: Marco Rossi reconhece esforços de Jorge

Hilário para fortalecer o setor durante sua gestão na CNseg

Membros do

Conselho Diretor na

cerimônia de posse de

Marco Antonio Rossi

Revista de Seguros – 16 Revista de Seguros – 17

Posse Conselho Diretor

Presenças ilustres reforçam a importância do setor

Autoridades do governo brasileiro e do mercado de seguros prestigiaram a posse de Marco Antonio Rossi. A saber: Michel Temer, vice-presidente da República; os ministros Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais), Wellington Moreira Franco (Secretaria de Aviação Civil); Aguinaldo velloso Borges Ribeiro (Ministério das Cidades), Alexan-dre Padilha (Ministério da Saúde); Aloysio Correa da veiga (Tribunal Superior do Trabalho) e Jorge Mussi (Supremo Tribu-nal de Justiça); os magistrados Guaraci de Campos (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) e Samuel Meira Brasil Junior (Tribunal de Justiça do Espírito Santo); sete senadores, entre eles, o presidente do Senado, Renan Calheiros; e mais de 20 deputados de várias bancadas.

A lista de personalidades incluía

os titulares da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), respectivamente, Luciano Portal San-tanna e André Longo Araújo de Mello; o secretário-adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique de Oliveira, representando o ministro Guido Man-tega; o presidente do Conselho de Ad-ministração do Banco Bradesco, Láza-ro Brandão, o presidente do Banco Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e vários outros presidentes de entida-des empresariais, como a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e a Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), por exemplo. •

JULI

O F

ERN

AN

DES

JULI

O F

ERN

AN

DES

ROSA

NE

BEKI

ERM

AN

ROSA

NE

BEKI

ERM

AN

Da esq. p/dir.: Senador Francisco Dornelles;

Lázaro Brandão, o Ministro do Trabalho, Manoel

Dias, e, sentado, Antonio Carlos de Almeida Braga

Michel Temer, vice-presidente da República

A Ministra-chefe da Secretaria de Relações

Institucionais, Ideli Salvati; o vice-presidente da

República, Michel Temer; e o diretor de Relações

Governamentais da CNseg, Antonio Mazurek

Da esq. p/ dir.: Luiz Carlos Trabuco Cappi, Marco Antonio Rossi, Antonio Carlos de Almeida Braga,

Lázaro Brandão e Nilton Molina

Opinião AntonIo PEntEAdo MEndonçA

O novo comando

“O setormantém

crescimentoconsistente

porque o perfilda sociedade

brasileiramudou eos novos

integrantes daclasse média

estão exigindoprodutos

de proteçãoeficientes.”

A CNseg tem novo presidente e nova diretoria. Como se pode ver pelas ou-tras matérias, a posse em Brasília foi um

sucesso, sob qualquer ângulo que se analise o evento. Mas isso não aconteceu de graça. Ao longo dos últimos 20 anos, o setor de se-guros tem se destacado como um dos que mais crescem na economia brasileira. Mesmo este ano, com o PIB amargando um aumento quase vegetativo, o setor deve apresentar taxa acima de dois dígitos, o que pode levar a um falso paradoxo, já que seguro sempre foi visto como um setor de apoio da economia. Como seguro estaria crescendo se as atividades que ele garante estão praticamente estagnadas?

cosestão aí, atrasadas, mas a todo o vapor. Além delas, os investimentos em infraestru-tura urbana, mobilidade, transporte, energia, exploração de petróleo, armazenagem etc. também contribuem para a conta, mas numa escala muito menor.

Antes de falar do novo presidente da CNseg, cumpre deixar claro – ele sabe disso – que, desde antes da oficialização de seu nome como candidato, eu considerava Marco Anto-nio Rossi a pessoa certa para assumir a direção da Confederação. Não porque não houvesse outros nomes capacitados para a missão, mas por entender que, neste momento da vida nacional e de desenvolvimento da atividade seguradora, ele era quem apresentava as quali-dades de liderança, ética e competência profis-sional mais apropriadas.

Marco Antonio Rossi tem uma carreira exemplar num dos maiores conglomerados empresariais brasileiros. A soma do nome da empresa que ele dirige, com seus atributos pessoais e profissionais, é o melhor atestado-

Desde antes da oficialização de seu nome como candidato, eu considerava Marco Antonio Rossi a pessoa certa para assumir a direção da Confederação.

A resposta é simples. O setor mantém cresci-mento consistente porque o perfil da sociedade brasileira mudou e os novos integrantes da classe média estão exi-gindo produtos de proteção eficientes, que lhes garantam a manutenção do novo modo de vida, evitando o seu retor-no para a pobreza.

É verdade, as grandes obras para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpi-

para uma gestão competente, capaz de aparar arestas, levar em conta os interesses individuais e coletivos e azeitar o relacionamento entre várias entidades do mercado. Além disso, ele tem a habilidade necessária para aplai-nar o caminho do bom entendimento com o Governo.

Com os demais diretores que foram eleitos, a nova Dire-toria daCNseg tem tudo para fazer uma grande gestão. •

DIv

ULG

ãO

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA - Jornalista e especialista em seguros e previdência

Revista de Seguros – 18 Revista de Seguros – 19

Por um mercado sust entável

Seminário realizado no Rio de Janeiro debate os impactos da Política Nacional de Resíduos Sólidos para o setor segurador.

Resíduos Sólidos

Por LARISSA MORAIS C

om o objetivo de analisar e debater os impactos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para o mer-cado segurador, a CNseg realizou em

27 de maio, no Rio de Janeiro, um seminário reunindo interlocutores da iniciativa privada e do governo. Os debates visaram ainda integrar diferentes agentes do mercado na busca de soluções compartilhadas e de segurança jurídi-ca diante da nova legislação.

A PNRS, que virou lei em agosto de 2010, estabeleceu para os anos seguintes exigências que interferem em diferentes negócios. Para o setor segurador, uma das principais implicações diz respeito ao estabelecimento da responsabili-dade solidária pelo ciclo de vida de um produto. Sendo assim, o descarte adequado de um au-tomóvel recuperado por uma seguradora, por exemplo, deve ser feito por essa empresa.

Ainda não está claro, contudo, até onde vai o papel das seguradoras em casos mais complexos envolvendo danos ambientais. Há os que acre-ditam que as seguradoras têm ampla respon-sabilidade pelos bens sob sua alçada e os que rechaçam a ideia e defendem que as empresas devem se proteger desse tipo de responsabili-zação. A boa notícia é que os debates sobre o tema estão apenas começando. A diretora executiva daCNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes,anunciou na abertura do evento que

a Confederação promoverá uma série de even-tos setoriais em torno da PNRS.

O diretor executivo da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), Renato Campos Martins Filho, abordou a importância das entidades na condução de acordos em prol da susten-tabilidade do setor há mais de uma década e lembrou que desequilíbrios ambientais afetam diretamente o negócio das seguradoras. “O mercado de seguros e a preservação do meio ambiente não podem deixar de andar de mãos dadas”, afirmou.

Acordos e responsabilidadesNa primeira mesa, sobre “Aspectos gerais

da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, a

secretária de Articulação Institucional e Cidada-nia Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Mariana Meirelles, destacou a importância da mobilização setorial no processo de implemen-tação da PNRS.

Ela elogiou o engajamento do setor de segu-ros e adiantou que o acordo de cooperação com seguradoras e bancos saiu de consulta pública e está sendo negociado com o Banco Central para ser implementado já no ano que vem. “Uma das orientações que recebi no Ministério é dar sequ-ência a esses acordos setoriais, costurando planos efetivos e transformadores. Não serão planos coercitivos, mas mobilizatórios”, disse.

Um desafio para o Governo é criar normas para que os relatórios ambientais das empresas-

tornem-se compatíveis com suas demonstra-ções financeiras. A secretária recomendou que o setor de seguros envolva-se na Conferência Na-cional de Meio Ambiente, que terá debates no âmbito estadual de julho a setembro e declarou: “O setor empresarial foi o vilão, hoje é parte da solução para o desenvolvimento sustentável”.

Implicações jurídicasNo painel sobre “Implicações jurídicas da

Política Nacional de Resíduos Sólidos para as em-presas de seguros”, o consultor ambiental Marco Antônio Parreira Ferreira provocou: “Quem dos senhores conhece os aterros para onde vão resí-duos de capotamentos de automóveis?”

Ferreira, que é coordenador da Subcomissão de Seguro de Responsabilidade Ambiental da FenSeg e subscritor de RC Ambiental da Itaú Se-guros, alertou para o risco jurídico e de imagem

Mariana Meirelles: “O setor empresarial foi o vilão, hoje é

parte da solução para o desenvolvimento sustentável”

Solange Beatriz: “Os eventos realizados com este foco

trazem importante contribuição para que o setor possa

cumprir plenamente seu papel frente à nova legislação”

Fabián Pons levou ao

evento a bem-sucedida

experiência Argentina:

desarticulação da máfia de

desmanches e criação de

centro de reciclagem para

peças automotivas

MA

RCEL

O B

RAvO

MA

RCEL

O B

RAvO

ARQ

UIv

O C

NSE

G

Revista de Seguros – 20 Revista de Seguros – 21

Resíduos Sólidos

a que seguradoras estão submetidas e disse con-siderar que o setor precisa avançar muito, e com rapidez, para ter uma postura ambientalmente mais comprometida, em linha com a PNRS.

Ele recomendou que as seguradoras façam análise de seus prestadores de serviços, compro-metendo-se com os mais adequados. Para ele, “se você é dono do resíduo, é o responsável por ele.” A responsabilidade é direta, com risco inclu-sive de implicação penal para administradores. Disse ainda que as seguradoras precisarão ter um mapeamento de sua exposição a riscos para apresentar a seus acionistas. Por outro lado, a legislação abrirá novas oportunidades para pro-dutos que cubram riscos ambientais.

Seguros integradosO painel seguinte, sobre “Integração das

PNRS nas operações de seguros”, contou com a participação de Carlos Zoppa, diretor da Terra Brasilis Resseguros; Eduardo Menezes, superinten-dente Executivo da Bradesco Seguros Auto/ RE; Jorge Costa Laranjeiro, especialista da Itaú Segu-ros, e de Gerson Arruda, engenheiro químico.

Para tentar dimensionar o desafio das seguradoras frente à nova lei, Gerson Arruda apresentou cases de empresas que tiveram que lidar com produtos de difícil descarte, frutos de acidentes. Dar uma destinação adequada a cer-tos produtos não depende só da boa vontade das empresas, mas da solução de uma série de entraves jurídicos e governamentais.

Já Eduardo Menezes disse acreditar que as empresas não serão responsáveis pelo destino de tudo que seguram. “Nosso mercado não pode assumir tudo. É importante que as segu-radoras criem cláusulas contratuais para se res-guardar de uma responsabilização excessiva”.

Na mesma linha, Carlos Zoppa defendeu a definição de responsabilidades no momento da contratação de serviços e a criação de roteiros de inspeção de risco – hoje pouco explorados. Já Jorge Costa Laranjeiro defendeu a troca de informações entre empresas, para mapeamento de riscos, e também um maior cuidado com a contratação de prestadores de serviços.

Peças automotivasÀ tarde, na abertura do painel sobre “Reci-

clagem de peças automotivas”, o argentino Fabi-án Pons, diretor do Centro de Experimentación eSeguridadvial (Cesvi), contou como seu país conseguiu desmontar a máfia dos desmanches de automóveis e criar um centro de reciclagem de peças automotivas.

Para isso, foi fundamental a criação de uma lei, em 2003, regulando o setor de autopeças, bem como a implementação de um conjunto de ações governamentais para inibir o crime organizado. Em 2004, o Cesvi encarou o projeto de criação desse centro de reciclagem, o Ces-viauto, abastecido somente de carros de perda total. As autopeças passaram a ser recuperadas e revendidas com selo de “autorizadas”, deses-timulando o mercado negro e evitando o des-carte inadequado.

Como bom exemplo de descarte de um bem recuperado, o moderador Paulo Miguel Marraccini, presidente da FenSeg, citou o caso de uma seguradora alemã que leiloou, com grande repercussão, vestidos de noiva salvos de um loja afetada por um vendaval. Em vez de mandar incinerar as peças, com pequenos danos, a seguradora promoveu um leilão que fez a alegria de centenas de noivas. “O reaproveitamento de ‘salvados’ deve ser feito em todos os setores, inclusive o de peças automotivas”, afirmou, acres-centando que os bons exemplos devem ser compartilhados.

Os debates tiveram continuidade com a par-ticipação do diretor executivo da FenSeg, Neival Freitas; do vice-presidente da Porto Seguros, Luiz Alberto Pomarole; do professor da Escola de Direito da Fundação Getulio vargas/RJ, Ricardo Morishita; e do coordenador da Coordenadoria de Relações Internacionais da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Gustavo Adolfo de Araújo Caldas.

Indutoras de transformaçãoO último painel, traçando “Panorama

Geral sobre o Resseguro de Responsabilida-de Civil e Ambiental sob a ótica do PNRS”,

foimoderado por Marco Antônio Ferreira, da Itaú Seguradora e da FenSeg, e trouxe contri-buições de mais cinco convidados: Pedro Ivo GricoliIokoi, presidente da Subseção da OAB de Pinheiros (responsabilidade penal no ge-renciamento de resíduos); Cláudio Galante, da WGRA Gerenciamento de Riscos Ambientais (atendimento a emergências ambientais no tombamento de resíduos); José valverde, da Freitas Penteado Advogados (responsabilidade compartilhada); NatháliaGallinari, coordenado-ra da área de Riscos Ambientais da AIG Segu-ros Brasil (seguro para geradores de resíduos sólidos); e Katia Papaioannou, subscritora da-Argo Seguros Brasil (seguro para transporte de produtos perigosos).

A palestra de encerramento foi apresentada pelo superintendente de Políticas de Saneamen-to da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, victor Zveibil, representando o secretário Carlos Minc. Zveibil confessou que, no processo de ela-boração da lei que instituiu a PNRS, não pensou no papel das seguradoras, mas que, após assistir o seminário da CNseg, passou a vê-las como importantes indutoras de transformações para a toda a sociedade.

A diretora executiva da Confederação, Solange Beatriz, encerrou os trabalhos, afir-mando: “Os eventos realizados com este foco trazem importante contribuição para que o setor possa cumprir plenamente seu papel frente à nova legislação”. •

A nova lei e o setor de segurosO que é: A lei 12.305/10 institui a Política Nacional de Re-

síduos Sólidos (PNRS), marco regulatório para o tratamento de resíduos sólidos no país.

Linhas gerais: A lei define diretrizes para reduzir a geração de resíduos sólidos (domésticos, industriais, da construção civil, eletrônicos etc.) e a poluição.

Responsabilidade compartilhada: Fica instituída pela nova lei. Significa que fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e os municípios (titulares dos servi-ços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos) são corresponsáveis pelo o ciclo de vida dos produtos. Prevalece no setor de seguros a visão de que as seguradoras tornam-se tam-

bém responsáveis pelo descarte adequado dos bens que garan-tem, nos casos de sinistro.

Logística reversa: Conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos aos seus geradores para que sejam tratados ou reapro-veitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos. Ou seja, é o retorno dos resíduos ao setor industrial após a venda e o consumo de produ-tos. Trata-se de um dos aspectos da nova lei que também implica potencialmente as seguradoras. Passaria a ser de responsabilidade dessas empresas o retorno “limpo”, tanto quanto possível, de bens como automóveis salvados e máquinas, por exemplo.

Ricardo Morishita, da

FGV, participou dos debates

em torno da reutilização

de peças automotivas em

veículos sinistralizados

Paulo Marraccini: “O

reaproveitamento de

‘salvados’ deve ser feito em

todos os setores, inclusive o

de peças automotivas”M

ARC

ELO

BRA

vO

MA

RCEL

O B

RAvO

Revista de Seguros – 22 Revista de Seguros – 23

Estudos CNseg

A exigência de elevação de capital e a rentabilidade

Este artigo pretende indicar em que medida as crescentes exigências de elevação de capital das seguradoras, decorrentes da adoção do regime de supervisão baseada

em riscos, importam em queda dos níveis de ren-tabilidade das empresas, especialmente daquelas dedicadas à operação do microsseguro.

Ficou demonstrado, contrariamente à intuição, que o crescimento das empresas – re-presentado pela maior captação de prêmios – impacta diretamente a sua rentabilidade, visto que as exigências de capital estão vinculadas ao volume de prêmios.

Por ter sido desenvolvido numa época de discussão da necessidade de capital para micros-seguros, o foco é dirigido a esse ramo de seguro. Desde logo, conclui-se que o volume de prêmios não deve constituir (e não constitui) o único fator (e talvez não o determinante) para fixação do

capital exigido no microsseguro, por que: I. No microsseguro, há substancial pulve-

rização de riscos, tratando-se de produto mas-sificado em que são oferecidas coberturas de pequeno valor;

II. Por essa razão, não se verifica oscilação relevante no PL da seguradora que opera no ramo, uma vez que nessa carteira não ocorrem sinistros de vulto;

III. A inocorrência dessa variabilidade nos eventos cobertos pelo microsseguro torna me-nos necessário o aporte de capital adicional, que se destina exatamente a absorver o impacto de sinistros de vulto com baixa previsibilidade.

Evidentemente, algumas dessas conclusões podem ser extrapoladas para outros ramos com as mesmas características de massificação. Um ponto que parece ser comum a todo o mer-cado é que o aumento de capital ocorre num momento economicamente delicado de de-créscimo nas taxas reais de juros de aplicações financeiras. Neste cenário, deveria se tornar mais atrativa a alocação de capital no mercado segu-rador, que historicamente já possui uma renta-bilidade maior à obtida nos títulos do governo. Todavia, demonstra-se que os incrementos de capital exigidos pelo modelo de regulação neu-tralizam essa vantagem.

Como amplamente divulgado, o regulador baseou-se nas características inerentes ao ne-gócio para definir o novo capital mínimo, para

Frutos da supervisão baseada em riscos, as exigências podem impactar a rentabilidade das empresas, especialmente as de microsseguro.

microsseguradora ou não, estudando, com certo nível de confiança, a experiência de sinistro, probabilidade de default para o risco de crédito com ressegurados, entre outros. Desta maneira, sua metodologia não inclui a experiência prática do negócio do ponto de vista de rentabilidade, nem a realidade macroeconômica do País. O trabalho intitulado “Custo de Capital – Investi-mento no Mercado de Microsseguros do Brasil”, disponibilizado na área de “Estudos” do site da CNseg e aqui sintetizado, analisa tais pontos diante dos novos requerimentos de capital.

Por meio da análise de sensibilidade de fato-res específicos, como o crescimento de prêmio, o resultado operacional, ganho financeiro e au-mento de capital, em função do anterior àquele baseado em risco, foram simuladas, durante um período de cem anos, as operações de uma empresa fictícia que opera em microsseguros. Com tais resultados, avaliaram-se duas medidas de retorno de capital: a Taxa Interna de Retorno (TIR) e a Rentabilidade Anual. A TIR, principal-mente para novas empresas, avalia de forma ampla a perpetuidade do negócio.

Levando-se em conta que o capital requeri-do é uma função do prêmio arrecadado, o gráfi-

co abaixo mostra que, para garantir a viabilidade do negócio, uma empresa de microsseguros teria que manter seu crescimento de prêmio moderado, sob pena de comprometer os níveis de rentabilidade. No entanto, mesmo isso não será relevante caso o requerimento de capital aumente exageradamente. Nesse sentido, foi possível observar que valores equivalentes a um acréscimo de mais que 50% do capital podem atrasar muito o retorno do investimento e o amadurecimento da empresa.

Concluindo, entende-se que do ponto de vista gerencial, de manutenção da seguradora, ou de entrada no negócio, o aumento de requerimento de capital viria num momento pouco propício para o segmento de microsseguros, quando deverá ocorrer: o crescimento da arrecadação, pois o ne-gócio possui na massa de segurados a sua força. Assim, a reflexão sobre o tema é muito oportuna, principalmente quando se sabe que está para ser regulamentada a última parcela de capital de risco – risco de mercado – que poderá entrar em vigor justamente quando deverá ocorrer a consolidação do mercado de microsseguros brasileiro. •Núcleo de Estudos e Projetos da CNseg

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20%

Rent

abili

dade

Crescimento do prêmio

1 1,25 1,5 1,75 2 2,25 2,5 2,75 3 Rentabilidade

Impacto na rentabilidade anual com o crescimento do prêmio anual, para diferentes aumentos no requerimento de capital

A partir desta edição,

a Revista de Seguros

apresentará periodicam

ente um artigo-

resumo de um trabalho realizado pel

o

Núcleo de Estudos e Pro

jetos da CNseg

disponível no portal da

Confederação. Criado

em 2010, o Núcleo começou a func

ionar

em 2011, tendo como atribuição

prestar

assessoramento às áreas da CNseg

e das Federações associ

adas.

Revista de Seguros – 24 Revista de Seguros – 25

Apoio do seguro ao maior evento esportivo do mundo

Nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo, estima-se que os consórcios construtores investiram cerca de R$ 36 milhões nas apólices de seguro.

O brilho no olhar de quem esteve nos estádios de futebol já entregues para a realização da Copa das Con-federações mostra o orgulho de ser

brasileiro. Apesar dos percalços, as seis arenas foram erguidas ou reformadas com o apoio dos executivos de seguradoras, corretoras e ressegu-radoras – e poucos são os investidores que colo-cam dinheiro em um empreendimento sem ter a segurança de que ele se concretizará. É aqui que entra o seguro de garantia, explica Rogério verga-ra, presidente da Comissão de Riscos de Crédito e Garantia da FenSeg, que cuida do segmento que movimenta vendas anuais de R$ 800 milhões.

Especificamente para 12 estádios localizados nas cidades escolhidas para os jogos da Copa do

Mundo, estima-se que os consórcios de constru-tores investiram cerca de R$ 36 milhões com a compra de apólices que oferecem garantia em torno de 10% do valor dos orçamentos, tanto aos órgãos estatais que administram as obras como aos empresários que investiram nos em-preendimentos. “Os valores em riscos assumidos pelas companhias envolvem contratos de cerca de R$ 1 bilhão, sejam para construir do zero ou reformar estádios”, disse vergara.

Até o início da Copa das Confederações, em junho, nenhum sinistro no ramo de Garantia havia sido registrado. Pelo contrário, o que se viu foi o aumento do volume de prêmios por conta da necessidade da elevação dos valores finais das obras, em relação ao orçamento inicial. “A cada aumento no valor é necessário fazer um endosso no programa de seguros”, explica o executivo.

Juntas, as seis arenas tiveram um incremen-to de 24,2% no valor dos investimentos, que totalizaram R$ 4,3 bilhões. Nesta conta entram a Arena Pernambuco, em Recife (R$ 532 milhões), o Estádio Mané Garrincha, em Brasília (R$ 1,05 bilhão), o Castelão, em Fortaleza (R$ 518,6 mi-lhões), o Mineirão, em Belo Horizonte (R$ 695 milhões), o Maracanã, no Rio de Janeiro (R$ 1,2 bilhão) e o Fonte Nova, em Salvador (R$ 689 milhões). “Investimentos dessa monta geralmen-

Obra em Estádios

Por DENISE BUENO

te não ficam sem contratar o seguro garantia. Independentemente do contrato, construção ou reforma, recursos privados ou estatal, as obras contaram com a proteção do seguro garantia”, afirma vergara.

Mas ainda há outros estádios, fora do circui-to da Copa das Confederações, que contam com apólices de seguros, como o Arena da Baixada, em Curitiba, orçado em R$ 209 milhões; Beira- Rio, em Porto Alegre, R$ 330 milhões; o Arena Dunas, em Natal, com investimentos de R$ 350 milhões; o Arena Amazônia, em Manaus, por R$ 515 milhões; o Arena Pantanal, em Cuiabá, por R$ 519,4 milhões; e o Itaquerão, em São Paulo, com valores estimados em R$ 820 milhões.

Em paralelo ao seguro garantia, vigorou o seguro de riscos de engenharia, geralmente acionado quando algum acidente acontece durante a construção, como foi o caso do Mara-canã, com parte do teto desabando por conta de bolsões de água que se formaram em razão das fortes chuvas registradas em maio. “Todas as obras com valores acima de R$ 40 milhões são acompanhadas de perto pelos técnicos das seguradoras, que visam ao bom andamento do projeto e, consequentemente, a entrega da obra nas condições acordadas”, frisa o presidente da Comissão de Garantia.

A segunda fase de contratação de seguros começou assim que as arenas foram colocadas em uso e envolve riscos operacionais, nomeados e de responsabilidade civil. “São praticamente obrigatórios, assim, todos serão contratados”, afirma Renato Rodrigues, presidente da Comissão de Seguros de Responsabilidade Civil da FenSeg.

Além do garantia, vários outros seguros compõem o programa de seguros do empreen-dimento, como para os contratos de concessão da administração dos estádios. “Na licitação ven-cida pela Odebrecht, responsável pela gestão do Maracanã pelos próximos 30 anos, está incluído o seguro, renovado anualmente, que garante ao governo a receita estabelecida em contrato”, explica Rodrigues.

Os contratos envolvem riscos de concessão, de acordo com a responsabilidade do concessio-nário, como os operacionais e os de responsabi-lidade civil geral, incluindo risco ambiental, Di-rectors & Officers e equipamentos. Além desses, as seguradoras sugerem também o seguro de riscos diversos de eventos gerais, responsabili-dade civil de eventos, ‘no show’ e também afi-nidades, que seria o seguro de vida e acidentes pessoais para constar nos ingressos e também ser ofertado aos associados.

Especialista em RC, Renato Rodrigues desta-ca que há os seguros obrigatórios pela FIFA, que constam no Stadium Agreement Cover – riscos operacionais, RC eventos, riscos diversos, even-tos com cobertura de ‘no show’, vida e acidentes pessoais de toda a equipe que trabalha no even-to, transporte dos equipamentos e responsabili-dade civil geral, com ampla cobertura de todos os envolvidos, desde o construtor até o vende-dor de pipoca. Há ainda a apólice ‘all risks’ que envolve o seguro de terrorismo, lucros cessantes, acidentes pessoais público e dos atletas, para pedidos de indenizações por intoxicação causa-das por comidas e bebidas servidas durante os jogos, e assistência para profissionais terceiriza-dos e voluntários.

Uma participação e tanto da indústria de seguros no apoio para que o maior evento do mundo aconteça de forma segura para todos, dos acionistas aos torcedores. •

“Os valoresem riscosassumidos pelascompanhiasenvolvemcontratos decerca de R$ 1bilhão, sejampara construir dozero ou reformarestádios”

Rogério Vergara

“Na licitaçãopara a gestãodo Maracanãnos próximos30 anos, estáincluído oseguro, quegarante aogoverno a receitaestabelecida emcontrato”

Renato Rodrigues

Reforma do Maracanã: o custo final

das obras ficou cerca de 50% mais alto do

que o previsto no orçamento original

ERIC

A R

AM

ALH

O

Revista de Seguros – 26 Revista de Seguros – 27

Meios Remotos

Novos canais prometem revolucionar venda de seguros

A regulamentação de novos canais de venda digitais promete revolucionar a comercialização de seguros e planos de previdência privada no Brasil. A Su-

sep encerrou a consulta pública sobre o uso de meios remotos e, em breve, deve aprovar a con-tratação de apólices pela internet, pelo telefone celular ou pela televisão a cabo ou digital.

O superintendente da autarquia Luciano Portal Santanna acredita que a regulamentação da venda online, já prevista para os microsse-guros, facilitará a inserção de uma importante parcela da população neste mercado, cujo cres-cimento vem batendo na casa dos dois dígitos.

Para o presidente da FenaPrevi, Osvaldo do Nascimento, a modernização regulatória e os novos produtos são estratégicos para elevar a participação do setor. “Podemos representar 6% do PIB em cinco anos, mas temos que ter condi-ções estruturais para alcançar esta meta”, diz o executivo, que aposta que o consumidor estará integralmente conectado às plataformas digitais.

Mas a contratação de planos de previdência complementar aberta não poderá ser feita por

Por MARIA LUISA BARROS

meios remotos. A emissão de certificado de pre-vidência será autorizada desde que efetuada sob a hierarquia da Infraestrutura de Chaves Públicas (ICPBrasil), com identificação de data e hora de envio e recebimento.

Principais desafiosAtingir esse público será um dos principais

desafios para operadoras e corretores de se-guros, que deverão investir nos novos canais eletrônicos para aumentar seu faturamento. De acordo com dados da e-Bit, em 2012, foram re-gistrados cerca de 40 milhões de consumidores online no Brasil. O crescimento do e-commerce

Susep encerrou a consulta pública e deve aprovar, em breve, a contratação de apólices pela internet, celular e televisão digital.

nos últimos 15 anos foi de 3.536%.As seguradoras que aderirem aos canais

online de vendas deverão ficar atentas às exi-gências da Susep para dar garantias ao consu-midor. As empresas terão que enviar mensagens de educação financeira ao segurado, enquanto durar o contrato. O documento eletrônico, com a quitação do prêmio ou da primeira parcela, servirá de prova da contratação do seguro.

Na opinião do presidente da Comissão de Microsseguros e Seguros Populares da CNseg e diretor-executivo do Grupo Bradesco Seguros, Eugênio velasques, o setor de seguros tem van-tagem competitiva em relação às vendas online, pois, historicamente, o mercado financeiro e bancário investem em tecnologia para dar mais segurança aos clientes.

“A tecnologia facilita a acessibilidade e pro-picia a disseminação de produtos e serviços de forma mais abrangente. Proporciona comodida-de e conveniência de uma maneira muito mais ágil e dinâmica, num mundo que tenta encurtar as distâncias e ganhar tempo”, afirma velasques.

Segundo ele, as vendas pelo celular ou por outro meio eletrônico tendem a baratear o custo dos produtos. “Entendo que as tecnologias pro-porcionarão ao mundo do microsseguro custos mais baixos por conta da eliminação do papel e de rotinas operacionais”, diz.

Contrato em papelA contratação de seguro por meios remotos,

sem a emissão de documentos contratuais físicos, não elimina totalmente o uso do papel. O segura-do poderá solicitar a impressão do documento ou o fornecimento do contrato em sua versão física.

O consumidor também poderá desistir do contrato no prazo de sete dias corridos a contar da assinatura da proposta, no caso de contratação por apólice individual ou certificado individual, ou do pagamento do prêmio, no caso de aquisição por bilhete, desde que faça uma comunicação formal à seguradora.

Na contratação por apólice ou por certificado individual, a proposta de seguro poderá ser assina-da por meio de login e senha pré-cadastrados pelo segurado ou por sua identificação biométrica.

Essa possibilidade, contudo, não se aplica à contratação de plano de seguro com cobertura por sobrevivência. Nesse caso será necessário o preenchimento de proposta com assinatura formal.

Transações via web Algumas corretoras se anteciparam às mudanças e se especializaram nas transações via web para conquistar novos clientes. É caso da minutosegu-ros. com.br, cujas cotações são online e a venda é feita por telefone com auxílio de consultores. “O brasileiro já utiliza o site para fazer cotações e ter mais embasamento para escolher o produto e a seguradora, mas ainda sente necessidade de con-versar com o corretor para tirar dúvidas e pedir conselhos”, afirma o sócio-diretor Marcelo Blay.

Levantamento feito pela TaClaro.com, outra corretora especializada na venda pela internet, com seis mil clientes, mostrou que 73% das apó-lices comercializadas são novas e apenas 27%, renovações. A maioria das pessoas que compra seguros online (77%) são homens, casados (58%) e têm entre 18 e 40 anos (73%).

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os estados que mais registram contratos pelos meios digitais. “A venda online permite que o consumidor conheça detalhes de produtos menos conhecidos”, observa João Cardoso, sócio da TaClaro.com.

Nesse novo cenário, empresas e profissionais devem se acostumar a utilizar cada vez mais os canais digitais, (Facebook, Orkut, Twitter, blogs) 24 horas por dia e sete dias na semana, para divulgar produtos e campanhas, mas, sobretudo, educar as novas gerações para a importância de se prote-ger o patrimônio e planejar a aposentadoria. •

“A venda online permite que o consumidor conheça produtos menos conhecidos, como o seguro residencial, contra doenças da mulher e pet”

João Cardoso

“O brasileiro já utiliza o site para realizar cotações, mas ainda sente a necessidade de

conversar com o corretor para tirar dúvidas e

pedir conselhos”

Marcelo Blay

Osvaldo do Nascimento:

“Podemos representar 6%

do PIB em cinco anos, mas

temos que ter condições

estruturais para alcançar

esta meta”

Eugênio Velasques: “Entendo que as tecnologias

proporcionarão ao mundo do microsseguro custos mais baixos

por conta da eliminação do papel e de rotinas operacionais”

JULI

O F

ERN

AN

DES

BRA

DES

CO S

EGU

ROS

Sustentabilidade

O empoderamento da mulher no setor de seguros

Para as mulheres que compõem o grupo das executivas em cargos de liderança no seguro, a ascensão na carreira depende de estudo e postura profissional.

As mulheres não querem apenas condições de igualdade com os ho-mens – elas querem também parte do poder que está nas mãos do sexo

oposto. O empoderamento da classe feminina, termo inspirado no “empowerment” do idioma inglês, tem conceito muito amplo e abrangen-te. “Significa ter acesso ao poder, começando pela autonomia financeira, conquistada pela oportunidade de trabalhar, e física, pelo direito de decidir sobre quantos filhos se quer ter e quando, além do exercício da cidadania”, expli-ca Rebecca Tavares, representante no Brasil da ONU Mulheres, entidade criada pela Organiza-ção das Nações Unidas, em 2010, para trabalhar pela “Igualdade de Gênero e o Empoderamen-to das Mulheres”.

O desenvolvimento da sociedade e a eleição de uma mulher para a presidência da República são considerados avanços, mas ainda longe do ideal almejado. Tanto que na política, as mulhe-res não chegam a representar 12% dos parla-mentares, bem menos que a média de 24% da América Latina. Segundo Rebecca, a defasagem salarial no País também é grande em relação a gêneros e raça – as mulheres ganham, em mé-dia, 75% dos salários dos homens, mas as negras recebem apenas 15% dos salários dos homens brancos.

Menos valorizadasA origem dessas desigualdades está na es-

colha das mulheres por profissões menos valo-rizadas, situação que a ONU Mulheres pretende reverter por meio da promoção de políticas no setor privado e público. “Reivindicamos a flexi-bilidade de horários, a estabilidade de emprego depois da licença maternidade, creches etc., para que não sejam reduzidas as possibilidades de ascensão profissional”, diz.

No âmbito do setor de seguros, a igualdade de gêneros e o empoderamento feminino estão relacionados ao aspecto social dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI, na sigla em inglês), que também preveem a colaboração das empresas na redução das desigualdades.

“A adesão aos PSI indica o compromisso do mercado com a ampliação do número de mu-lheres. O setor segurador não impõe barreiras para esse crescimento, tanto que algumas segu-radoras já têm até metas para a inclusão de mu-lheres nos cargos gerenciais”, diz Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora executiva da CNseg, acrescentando que a Confederação iniciou uma pesquisa para avaliar a presença feminina no setor. “É uma iniciativa pioneira do mercado e será de grande valor”, afirma.

Cargos de chefiaEmbora as mulheres sejam maioria no setor

de seguros – 57%, segundo o último Balanço Social da CNseg –, elas ainda não dividem os cargos de chefia em igualdade com os homens, afirma Solange Beatriz. “A mulher tem uma capa-cidade incrível de tomar decisões sobre diversos temas ao mesmo tempo, na vida profissional e pessoal. Esse papel multifacetado exige um es-forço muito maior no sentido de equilibrar todas

Por MÁRCIA ALvES

Solange Beatriz: A mulher tem uma capacidade incrível de tomar decisões sobre diversos temas ao mesmo tempo, na vida profissional e pessoal. Esse papel multifacetado, exige um esforço muito maior no sentido de equilibrar todas estas funções”

Rebeca Tavares: “Reivindicamos a

estabilidade de emprego depois da maternidade,

creches e outros, para que não sejam reduzidas

as chances de ascensão profissional”

Helena Mulim: “É uma questão cultural e a mudança depende de as mulheres acreditarem que é possível ocupar os mesmos espaços que os homens”

Cláudia Diniz: “A presença feminina no seguro está

aumentando rapidamente a ponto de se tornar uma

tendência irreversível”

Eliana Diederichsen: “As mulheres precisam se livrar de sua educação conservadora e se conscientizar de que precisam ser multitarefas”

DIv

ULG

ãO

DIv

ULG

ãO

DIv

ULG

ãO

DIv

ULG

ãO

CA

RLIN

HO

S RO

DRI

GU

ES

estas funções. Essas características associadas à determinação e ao foco transformam a mulher em um profissional talhado ao sucesso”, analisa.

Para Angeles de Magalhães, vice-presidente executiva da Interbrok de Seguros, a predominân-cia masculina em cargos de direção não é resul-tado de discriminação do mercado, mas da falta de interesse das mulheres. Usando o seu próprio exemplo de mãe e profissional, Angeles acha que as mulheres devem lutar pela igualdade, mas sem pleitear privilégios. “Reunião na escola do filho não é prerrogativa para desmarcar uma reunião de trabalho. Independentemente do gênero, o que o mercado valoriza é a postura profissional”, afirma.

Empenho femininoA diretora de administração da Susep, He-

lena Mulim venceslau, acrescenta, ainda, a ne-cessidade de empenho do público feminino em estudar e se aprimorar. Como profissional que in-gressou no setor público por meio de concurso e construiu carreira sólida, ela relata que muitas de suas colegas de trabalho não avançaram por falta de disposição para se dedicar aos estudos. “É uma questão cultural e a mudança depende de as mulheres acreditarem que é possível ocu-par os mesmos espaços que os homens”, diz.

“A presença feminina no seguro está aumen-tando rapidamente a ponto de se tornar uma tendência irreversível”, analisa a presidente do Sindicato dos Corretores de Pernambuco (Sincor--PE), Cláudia Gerlane Cândido Diniz. Embora o mercado seja complexo e exija maior qualificação, ela avalia que as mulheres levam vantagem por-que são mais determinadas e disciplinadas. “Tudo é uma questão de esforço, dedicação, estudos e interesse pela atividade profissional”, ensina.

A diretora operacional da Sabemi Segura-dora, Eliana Schwingel Diederichsen, também atribui à questão cultural o motivo pelo qual as mulheres ainda não ocupam mais cargos de liderança. “Aquelas que têm entre 30 e 40 anos precisam se livrar do legado cultural de sua edu-cação conservadora e se conscientizar de que precisam ser multitarefas, enfrentando a dupla jornada e cumprindo as exigências da profissão”, diz ela, que já acumula 30 anos de carreira. •

Revista de Seguros – 28 Revista de Seguros – 29

Revista de Seguros – 30 Revista de Seguros – 31

Balanço Social

O compromisso do mercado com a sustentabilidade

As ações do mercado têm sido pautadas por uma abordagem estratégica associada às questões ambientais, sociais e de governança.

O tema da sustentabilidade passou a ter importância estratégica para o mercado segurador nos últimos anos e se trans-formou em uma de suas principais ban-

deiras de atuação. Não por acaso, a série de ações e iniciativas que demonstraram a valorização das ideias sustentáveis para o setor, em 2012, mereceu ser retra-tada em uma publicação especial: o Balanço Social do Mercado Segurador Brasileiro, que nos anos anteriores integrava o Relatório Anual.

A ação mais representativa deste novo conceito que permeia as atitudes de empresas e entidades seguradoras foi o lançamento mundial dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI , sigla em inglês), formulados pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI), que aconteceu em junho, no Rio de Janeiro, durante o 48º Seminário da Internacional Insurance Society (ISS), rea-lizado paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Ação globalA ação selou o compromisso do mercado bra-

sileiro de seguros com a sustentabilidade e apontou quatro metas básicas que envolvem um plano de ação global, para desenvolver e expandir o gerencia-

mento de risco e soluções ino-vadoras em seguros, proporcionando instrumentos de gestão de riscos em prol da sustentabilidade ambiental, social e de governança.

Signatária do termo de adesão aos Princípios junto com 33 seguradoras mundiais – entre elas quatro brasileiras –, a CNseg não mediu esforços para disseminar o conceito de sustentabilidade entre seus pares.

Alguns exemplos foram a manutenção do tema como norteador da terceira edição do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros para o Desenvolvimento Sustentável; a in-corporação dos parâmetros dos PSI pelo Protocolo de Intenções assinado em 2009 e ampliado em 2012 com diretrizes alinhadas aos PSI; e a designa-ção de uma Comissão Especial para acompanhar a adoção desses princípios e propor planos de traba-lho para o desenvolvimento sustentável.

Boas práticasAs seguradoras brasileiras também vêm fazendo

sua parte, exercendo o papel de indutoras das boas práticas de sustentabilidade e incentivando o público a consumir os produtos de seguros de forma cons-ciente. Os resultados da segunda edição da pesquisa feita pela CNseg para medir as ações internas das companhias com foco na responsabilidade socioam-biental mostram a consolidação desta tendência.

O estudo envolveu a participação de 92 empresas associadas à CNseg, que representam cerca de 80% da arrecadação do setor, e revelou

Por vANIA MEZZONATO

que a maioria (59%) já tem uma área designada para desenvolver ações de responsabilidade social e/ou sustenta-

bilidade; 67% têm um Código de Ética e Conduta; e 43% criaram programas inter-nos voltados para o trabalho voluntário.

Além disso, 71% das empresas con-sultadas têm políticas de contratação de fornecedores e 63% possuem processos de

monitoramento de fornecedores / prestado-res de serviços. Entre aquelas que monitoram, 21% fazem vistorias anuais em seus processos

de monitoramento; 18% anuais; e 4% mensais.As empresas do mercado também pa-

trocinaram projetos ou ações de responsabi-lidade social no ano passado – e apenas 24% utilizaram os benefícios das leis de incentivos

fiscais (Lei Rouanet, Fundação para Infância e Adolescência – FIA, e Lei de Incentivo ao Esporte). A maioria dessas iniciativas (94%) foi apoiada exclu-sivamente pelas empresas e apenas 4% tiveram o apoio do poder público nos projetos que desen-volveram ao longo do ano.

Foco no consumidorA relação com o consumidor também se tornou

requisito estratégico para a sustentabilidade da indús-tria de seguros no País, frente à expansão do mercado e ao lançamento de novos produtos, estimulado pela ascensão de milhões de brasileiros ao consumo. A CNseg assumiu o compromisso de difundir novas prá-ticas para promover a aproximação do mercado com seus clientes, com base na simplificação dos contratos e na abertura de novos canais de comunicação.

Outra iniciativa foi a criação das ouvidorias das seguradoras e a publicação do Guia de Acesso às Ouvidorias do Mercado Segurador, também lançado no ano passado. A ferramenta ajuda a promover a transparência na relação entre seguradoras e consu-midores e favorece e conciliação.

Estas iniciativas vêm contribuindo para reduzir o número de reclamações contra o setor nos órgãos de proteção ao consumidor – e levaram ainda à queda de 18% no número de queixas registradas nas ouvidorias.

Todas estas ações, somadas às iniciativas de responsabilidade socioambiental de seguradoras bra-sileiras e ao papel social desempenhado pelos quatro segmentos do mercado – Seguros Gerais, Previdência Privada, Saúde Suplementar e Capitalização –, estão detalhadas nas 228 páginas da edição 2012 do Balan-ço Social do Mercado Segurador, que terá também sua versão em inglês publicada no portal da CNseg. •

As seguradorasbrasileirasexercem o papelde indutoras deboas práticas desustentabilidadee incentivamo público aconsumirde formaconsciente.

A relação como consumidortambém setornou requisitoestratégicopara asustentabilidadeda indústriade seguros noPaís, frente àexpansão domercado.

Revista de Seguros – 32 Revista de Seguros – 33

Saúde Suplementar

O conteúdo da Agenda Regulatória 2013/2014

A Agenda Regulatória é um instrumento de planejamento que reúne os temas prio-ritários que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tratará no próximo

biênio, com sete eixos temáticos e 36 projetos. Se-gundo o diretor-presidente da ANS, André Longo, a agenda é um compromisso básico da ANS com a sociedade durante o respectivo biênio, que se materializa na maioria dos projetos para os quais a Agência realiza estudos, voltados para os eixos te-máticos referentes à Garantia de Acesso e Qualidade Assistencial, Sustentabilidade do setor, entre outros.

Há projetos importantes relacionados a estes dois eixos. Um deles é o aprofundamento dos estudos sobre modelos de reajuste para planos individuais, com a preocupação de que reflitam o melhor desempenho assistencial das operadoras. Outro projeto está relacionado ao estudo e aos incentivos regulatórios para as operadoras adota-rem modelos e estratégias assistenciais centradas no Plano de Cuidado aos pacientes.

Os demais eixos são Relacionamento entre operadoras e prestadores, Incentivo à

concorrência, Garantia de acesso à informação, integração da Saúde Suplementar com o SUS e Governança regulatória.

Órteses e prótesesSegundo André Longo, a preocupação com

a normatização da cobertura de órteses e próte-ses ultrapassa o campo da Saúde Suplementar. Por isso, lembra que o Ministério da Saúde criou, no dia 25 de março deste ano, por meio da Por-taria nº 455, uma força-tarefa com a participação de vários órgãos e entidades, incluindo a ANS, para a verificação da regularidade da aquisição e utilização de órteses, próteses e materiais espe-ciais pelas unidades de saúde que atuam dire-tamente ou de forma complementar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

A ANS estabelece também o Rol de Procedi-mentos e Eventos em Saúde, definido pela Reso-lução Normativa nº 211/2010, alterada pelas RNs nº 262/2011 e nº 281/2011. O Rol constitui a cobertura mínima obrigatória garantida pelos planos de saúde comercializados a partir de 02/01/1999, bem como para aqueles contratados anteriormente, desde que adaptados à Lei 9656/1998.

Para os planos adquiridos antes de 1º de janeiro de 1999, não adaptados à Lei 9656/1998, a cobertura obrigatória a ser garan-tida é a que consta das cláusulas contratuais acordadas entre as partes.

Materiais especiaisAndré Longo lembra que não há obriga-

toriedade de cobertura para órteses, próteses e materiais especiais (OPME), para os contratos

Por JOãO MAURÍCIO RODRIGUES

assinados antes da vigência da Lei 9656/1998, não adaptados, dos quais constem cláusulas expres-sas de exclusão de cobertura destes materiais, à exceção do fornecimento de lentes intraoculares na cirurgia de catarata, quando este procedimen-to tiver cobertura expressa em contrato.

“Cada contrato entre beneficiário e ope-radora de plano, anterior a vigência da Lei 9656/98, deverá ser analisado pontualmente para que se possa concluir se determinados procedimentos, inclusive órteses e próteses, possuem cobertura, de acordo com as cláusulas contratuais ou se estão contemplados nas ex-clusões previstas”, esclarece.

Órteses, próteses e materiais especiais (OPME) cuja colocação exija a realização de procedimento cirúrgico têm cobertura obriga-tória nos planos regulamentados pela Lei n.º 9.656/1998. “No entanto, a Lei permite a exclu-são de cobertura a materiais não ligados ao ato cirúrgico e faculta a exclusão de cobertura aos procedimentos clínicos ou cirúrgicos, bem como órteses e próteses, para fins estéticos

nos planos privados de assistência à saúde”, explica o diretor-presidente da ANS.

Prerrogativa do médicoNa Saúde Suplementar, cabe ao médico-

-assistente a prerrogativa de determinar as características (tipo, matéria-prima e dimen-sões) das órteses, próteses e materiais especiais necessários à execução dos procedimentos contidos nos anexos da RN nº 262/2011.

Quando for solicitado pela operadora de plano privado de assistência à saúde, o profis-sional requisitante deve, nas situações em que justificar clinicamente a sua indicação, oferecer pelo menos três marcas de produtos de fa-bricantes diferentes, quando disponíveis, que atendam às características especificadas, dentre aquelas regularizadas junto à Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa). “A ANS não esta-belece critérios para determinar a equivalência ou similaridade entre órteses, próteses e ma-teriais especiais, pois esta é uma atribuição da Anvisa”, complementa André Longo. •

A normatização para utilização de órteses e próteses faz parte de um dos eixos temáticos, aquele que trata da sustentabilidade do setor.

“Na Saúde Suplementar, cabe ao médico a prerrogativa de determinar as características das órteses, próteses e materiais necessários à execução dos procedimentos.”

“Para os planos adquiridos antes de 1999, não adaptados à Lei 9656/1998, a cobertura obrigatória é a que consta das cláusulas contratuais firmadas entre as partes.”

André Longo: “A Lei

n.º 9.656/1998 faculta a

exclusão de cobertura aos

procedimentos clínicos

ou cirúrgicos, bem como

órteses e próteses, para

fins estéticos nos planos

privados de assistência à

saúde”

ARQ

UIv

O A

NS

Revista de Seguros – 34 Revista de Seguros – 35

Capitalização

Novas regras entram em vigor e beneficiam consumidor

A Superintendência de Seguros Pri-vados (Susep) publicou, no fim do ano passado, a Circular 460/12, que estabelece novas regras para a dis-

tribuição, cessão, subscrição e publicidade na comercialização de títulos de capitalização. A norma determina uma série de mecanismos que visam proteger os direitos dos consumido-res, exigindo das sociedades de capitalização mais transparência e um cuidado maior na im-plementação de suas estratégias de marketing e nas eventuais parcerias com distribuidores varejistas. A circular vigora a partir de meados de julho/13.

Segundo o presidente da Federação Nacio-nal de Capitalização (FenaCap), Marco Antonio Barros, o princípio básico é garantir que os consumidores saibam exatamente o que estão comprando e conheçam as características do produto antes de adquiri-lo. “A FenaCap enxerga as mudanças com otimismo, pois, em um am-biente de regras claras, todo o mercado e o pró-prio consumidor só têm a ganhar”, afirma.

Conceito genéricoApesar de a norma ter agradado, existem ain-

da algumas dúvidas relacionadas, por exemplo, ao conceito genérico estabelecido de distribuidor de títulos de capitalização. Isso porque há, na prática, inúmeras situações peculiares que cada empresa encontra em seu dia a dia. Também está sendo analisada a situação dos contratos assina-dos antes da nova regulamentação.

Essas regras trouxeram mudanças significativas para o setor e a maior dificuldade na sua implemen-tação é o prazo exíguo para se efetuar a adaptação dos produtos, substituir a folheteria, modificar os processos internos e externos e alterar os sistemas operacionais e gerenciais. Diante desta situação, Marco Barros informa “que encaminhou ofício à Su-sep solicitando a prorrogação do prazo para entrada em vigor da circular em questão, a fim de permitir

Por JORGE CLAPP

que as sociedades de capitalização tenham melho-res condições de se adaptar às novas regras”.

Para o presidente da FenaCap, também é preciso ver quais as implicações desses procedimentos na prá-tica e avaliar novas formas de treinamento. “Somente no curso do processo é que veremos o grau de dificul-dade para implementação dessas regras”, comentou.

A nova regulamentação também é vista com bons olhos pelo vice-presidente da SulAmérica Ca-pitalização (SulaCap), Sérgio Diuana, que considera os consumidores os maiores beneficiários dessas medidas. “O maior controle dos distribuidores vai permitir uma seleção melhor das empresas que comercializam os títulos de capitalização, dando, assim, mais garantia aos consumidores de que toda a operação está sendo acompanhada e que todos os participantes estão aptos a operar na distribui-ção e administração dos títulos”, diz Diuana.

Para ele, nas parcerias firmadas entre empre-sas de capitalização e distribuidores, deve constar uma série de pontos relacionados na circular, incluindo a permissão de acesso da Susep a todos os contratos e convênios celebrados, assim como às dependências dos distribuidores.

Condições de comercializaçãoMarco Barros concorda que o novo cenário

será ainda melhor para o consumidor e lembra que os distribuidores terão que esclarecer to-das as condições de comercialização de títulos, informando aos clientes o tipo de produto que está comprando, como suas características, valor, prazos de capitalização e carência, além dos seus direitos e obrigações. Além disso, os telefones das centrais de atendimento a clientes das sociedades de capitalização deverão estar visíveis e acessíveis.

Ele ressalta também que a Circular traz uma extensa lista de vetos, entre eles o que proíbe a cobrança de quaisquer valores adicionais àqueles relativos ao título de capitalização no ato da venda.

E ambos destacam o fato de a norma surgir em um momento especial para o setor de ca-pitalização. “O mercado vem tendo um desem-penho excepcional. Nossa expectativa é de um crescimento do faturamento da ordem de 20% em 2013”, prevê Barros.

Diuana também aposta na manutenção des-se cenário. Na visão dele, o setor será favorecido pela entrada de novas empresas e o lançamento de produtos. “O ano deve fechar com cerca de R$ 20 bilhões de faturamento e provisões de R$ 25 bilhões”, projeta. •

A norma exige mais transparência das sociedades de capitalização e cuidado para implementar suas estratégias de marketing.

ARQ

UIv

O S

ULA

CA

P

Sérgio Diuana: “O

controle dos distribuidores

vai permitir uma seleção

melhor das empresas que

vendem os títulos e dar mais

garantia aos consumidores”

“A FenaCapenxerga asmudanças comotimismo, pois,em um ambientede regras claras,todo o mercadoe o próprioconsumidor sótêm a ganhar”

Marco Barros

Setor distribui R$ 2,6 milhões em prêmios por dia

Dados da FenaCap indicam que, nos quatro primeiros meses deste ano, o setor de capitalização gerou um total de receita de R$ 6,1 bilhões, valor 20,7% maior que o acumulado até abril de 2012. As reservas técnicas atingiram o patamar de R$ 23,5 bilhões, com crescimento de 15,7%.

As empresas de capitalização distribuíram

mais de R$ 309 milhões em prêmios a clientes contemplados em sorteios, de janeiro a abril. Isso significa uma média expressiva de quase R$ 2,6 milhões a cada dia. Em comparação ao primeiro quadrimestre de 2012, o total de prêmios distribu-ídos cresceu 10,9%.

Além desses valores, foram devolvidos aos clientes, na forma de resgates, R$ 3,9 bilhões. Na avaliação do presidente da FenaCap, Marco Anto-nio Barros, essas premiações, sem dúvida, são um grande atrativo e funcionam como um estímulo a mais para que as pessoas desenvolvam disciplina para guardar dinheiro.

Revista de Seguros – 36 Revista de Seguros – 37

Escola Nacional de Seguros

Responsabilidade social em alta

Por BIANCA ROCHA

Carla Pieroni: “São

programas que geram

resultados satisfatórios

para a sociedade e,

principalmente, para o

setor de seguros”

Sucesso em 40 municípios das regiões Sul e Sudeste do Brasil, o programa Se Essa Rua Fosse Minha, promovido pela Escola Nacional de Seguros, pretende

atingir um total de 160 mil alunos beneficia-dos desde seu lançamento até o final de 2013. Criado em 2010 em parceria com a Editora Fama, a iniciativa tem o objetivo de difundir a educação no trânsito de forma sistematizada e contínua para alunos do Ensino Fundamental de escolas públicas municipais.

A ação faz parte da linha de projetos da instituição na Área de Responsabilidade Social, que conta ainda com o Asas para voar, Amigo do Seguro e Saber Seguro. “São quatro pro-gramas que visam oferecer à sociedade novas oportunidades educacionais, ampliando a missão da Escola de promover conhecimento e capacitação em Seguros” afirma a superin-tendente de Comunicação e Marketing, Carla Pieroni.

A proposta é estimular a reflexão sobre comportamentos adequados, cidadania e preservação da vida. “O escopo das atividades inclui promover a inclusão e a produção de conhecimento, habilitar e aperfeiçoar os futu-ros profissionais do mercado e, ainda, divulgar as formas de atuação do segmento de seguros no País”, afirma.

Atividades didáticasO programa Se Essa Rua Fosse Minha lança

mão de personagens de história em quadri-

nhos. O material utilizado inclui livros específi-cos para alunos, pais e professores. Há também jogos eletrônicos e outras atividades didáticas.

Segundo Carla, a iniciativa promove o treinamento dos professores, que recebem sugestões práticas para engajar os alunos e conscientizar os pais. “O aprendizado sobre a educação no trânsito impacta a vida das crianças e suas famílias, e todos acabam se tornando cidadãos mais conscientes, influen-ciando positivamente as pessoas que os cercam”, completa.

O Amigo do Seguro foi o primeiro pro-grama de responsabilidade social criado pela Escola, em 2002, para dar oportunidades de qualificação profissional e inserção no merca-do a jovens entre 16 e 20 anos, que estejam cursando o Ensino Médio em escolas públi-cas. É desenvolvido em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Funda-ção Mudes, Techmail e Agência Brasileira de Estágio (ABRE). O programa já qualificou mais de 2,1 mil jovens.

Capacidade criativaTambém voltado para alunos de Ensino

Médio em escolas públicas, o programa Asas para voar, lançado em 2007, consiste na doa-ção de livros e promoção de concursos, para estimular a leitura e a capacidade criativa dos participantes. Até o final do ano, o nú-mero de escolas beneficiadas pelo programa chegará a 13.

O Saber Seguro é o único dos quatro pro-gramas com foco na formação de adultos que já atuam no mercado de seguros. São doados livros técnicos editados pela Escola a sindicatos de corretores e de seguradoras de todo o País. A iniciativa criada em 2007 já beneficiou 19 sindi-catos com a doação de 1,7 mil exemplares. •

Quatro projetos da Escola Nacional de Seguros levam conhecimento, capacitação e conscientização a milhares de crianças e jovens pelo Brasil.

DA

NIE

LA M

EIRE

LES

A vulnerabilidade dos usuários nos meios eletrônicos

Nesse mundo de ilimitada liberdade, os internautas não contam com ferramentas que lhes preservem a intimidade.

Muitos conceitos jurídicos atraves-saram séculos imunes aos efeitos do passar do tempo. Entretanto, os avanços tecnológicos das últimas

cinco décadas imprimiram efeitos significativos na vida em sociedade, transformando-a e alteran-do as relações entre os indivíduos, entre estes e o trabalho e mesmo na composição da família.

O advento de novas formas de comunicação, a disseminação da informação online, por áudio ou visual, conectando todos em todo o mundo, veio alterar decisivamente o comportamento e as formas de se relacionar em sociedade.

No âmbito coletivo, as novas tecnologias, cada vez mais acessíveis e acessadas por todas as classes econômicas e sociais, deram ensejo a no-vos fenômenos de massa com impactos políticos, econômicos e jurídicos inimagináveis.

Além das fronteirasDa Primavera Árabe às recentes manifesta-

ções pela “Tarifa Zero”, que tomaram as ruas da maioria das capitais brasileiras, a utilização da co-municação pelos meios eletrônicos, internet, face-book, twitter etc., foi decisiva para a mobilização popular e a disseminação de fotos e depoimentos dos episódios para além das fronteiras geográficas.

Quando fechamos o foco para o individual, nos deparamos com a pouco percebida, mas significativa,vulnerabilidade dos usuários dos meios eletrônicos de comunicação.

Preservadas e protegidas no texto constitucio-nal, no inciso X do artigo 5º da CFRB que determi-na que “são invioláveis a intimidade, a vida privada,

a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” no ambiente virtual elas estão expostas e fragilizadas.

Nesse mundo de ilimitada liberdade, inter-nautas experientes ou principiantes não contam com ferramentas que lhes assegurem ou preser-vem a intimidade. Não dispõem de meios que os protejam da invasão à privacidade, ofensa à honra ou à imagem pessoal.

Tatuagens digitaisA utilização indevida de dados já está bana-

lizada – e, uma vez colocados na internet, esses dados permanecem sempre rastreáveis, tatua-gens digitais indeléveis. Sem meios eficazes de prevenção, o remédio jurídico é a Lei nº 12.737 de 30/11/2012, em vigor desde março.

A nova lei alterou o Código Penal de 1940, Decreto-Lei nº 2.848/40 para dispor sobre a tipi-ficação (agora) criminal dos delitos informáticos e, para que ao grande avanço se somem as deci-sões para indenização aos danos material ou mo-ral à intimidade, vida privada, honra e imagem.

De olhos postos no presente e com o texto legal adequado às necessidades atuais os juízes po-derão punir os que cometerem crimes digitais sem ter que se valer de mecanismos de interpretação analógica da lei penal, como ocorria anteriormente.

Resta agora ao setor de tecnologia da infor-mação desenvolver mecanismos que possam garantir um elevado nível de segurança no am-biente digital, protegendo cidadãos e empresas que deles se utilizam. •

Artigo Jurídico

Por GLORIA FARIA

ARQ

UIv

O

CN

SEG

GLORIA FARIA - Superintendente

Jurídica da CNseg

Revista de Seguros – 38

Biblioteca

Logística ambiental de resíduos sólidos

Partindo de conceitos básicos sobre a questão ambiental, o livro aponta caminhos para o desenvolvimento sustentável.

À frente de uma equipe de especialis-tas da USP, Daniela B. Bartholomeu, doutora em Economia Aplicada, e José vicente Caixeta-Filho, doutor

em Engenharia, organizaram rico compêndio dedicado ao tratamento dos resíduos sólidos.

Em conjunto com José Eduardo H. Branco, doutorando em Engenharia de Transportes, e Maria A. Pinheiro, mestre e doutoranda em Economia Aplicada, discorrem sobre conceitos de logística, benefícios e ganhos de produti-vidade da sua aplicação e sua adequação no Tratamento dos Resíduos Sólidos Domiciliares e dos Resíduos de Serviços de Saúde.

Junta-se ao grupo, enriquecendo o conteú-do com seus conhecimentos, o doutor e mestre em Economia Aplicada, Augusto H. Gameiro, e compartilham sua vasta experiência envolvendo Resíduos Sólidos e Sustentabilidade.

Partindo de conceitos básicos sobre a questão ambiental, apresentam justificativas, tecnologias que nos ajudam e o caminho para o desenvolvimento sustentável. Até que ponto a reciclagem dos resíduos e sua reutilização é um problema apenas dos governos ou pode se tornar uma atividade econômica rentável.

Que indicadores devem ser usados para definir o grau de crescimento de um país? E os recursos e insumos básicos são utilizados de modo sustentável? E os bens são produzidos

Logística Ambiental de Resíduos Sólidos Autores/Organizadores: Daniela Bacchi Bartholomeu e José vicente Caixeta-Filho Editora Atlas: 2011; 264 Páginas

DIv

ULG

ãO

Resenha por: José Fernando Baron Analista de sistemas, pós-graduado em Gestão Estratégica da Informação pela UFMG, gerente de Canais da Sonda IT - Aplicativos

de forma sustentável? Há realmente aumento do nosso bem-estar ou produzimos apenas o bem-estar de outros, em detrimento da nossa qualidade de vida? Estas e outras perguntas encontram respostas nesta obra.

Brindam-nos com experiências sobre como importantes cidades brasileiras e estran-geiras estão lidando com os acertos e erros na condução das políticas de tratamento de resíduos sólidos, como estão fazendo coletas, transportes e tratamentos.

Ao final, junta-se ao grupo o também douto-rando em Economia Aplicada Carlos Eduardo O. Xavier, e passe-se a discorrer sobre ferramentas de planejamento e tomada de decisão na gestão de resíduos, utilizando modernas técnicas de mode-lagem matemática e pesquisa operacional.

Trata de um dos melhores livros sobre o assunto, difundindo conhecimentos técni-cos e acadêmicos aos profissionais da área e também àqueles que se preocupam com o meio ambiente. •

TELECOMU-NICAÇÕES

MEIOS DE PAGAMENTO

SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO

CERTIFICAÇÃO DIGITAL

A força da VALID está aqui:Nas soluções desenvolvidas

sob medida para cada mercado,para cada cliente.

Serviços e produtos que prezampela qualidade e a escolha damatéria prima até a entrega da

produção final.de ponta a ponta, um processo

montado para atender asmais altas expectativas.

RIO DE JANEIRO, RJ

RUA PETER LUND 146/202

SÃO CRISTOVÃO

RIO DE JANEIRO, RJ

CEP 20930-390

(21) 3479-9100

PINHAIS, PR

RUA JANDAIA DO SUL 1073

EMILIANO PERNETA

PINHAIS, PR - CEP 83324-440

(41) 3525-2700

BARUERI, SP

ESTRADA DO INGAI 200

CAMPO DO GUPE

ALDEIA DA SERRA

BARUERI, SAO PAULO

CEP 06428-000

(11) 4772–7800

SÃO BERNARDO DO

CAMPO, SP

AVENIDA RUDGE RAMOS 1561

RUDGE RAMOS

SÃO BERNARDO DO CAMPO, SP

CEP 09639-000

(011) 4367-7222

SOROCABA, SP

RUA LAURA MAIELLO KOOK, 511

IPANEMA DAS PEDRAS

SOROCABA, SP - CEP 18052-445

(15) 3412-6100