ÓrgÃo bissemanal do partido operÁrio revolucionÁrio...

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ASSAS EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO MEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL ANO 19 - Nº 353 - DE 18 DE FEVEREIRO A 04 DE MARÇO DE 2007 - R$ 2,00 Abaixo todo sigilo! Abertura e publicação de toda contabilidade do Estado! Exposição de todos os gastos da presidência da República, do Judiciário e do Parlamento! Tribunais Populares para julgar e punir a burguesia pelos crimes de classe! Todo apoio à luta dos operários da GM! Em defesa do direito irrestrito de greve! Abaixo as punições ao sindicato metalúrgico! Bolívia: A Constituição Política do MAS não põe em risco a democracia burguesa

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ASSAS

EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS

ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIOMEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL

ANO 19 - Nº 353 - DE 18 DE FEVEREIRO A 04 DE MARÇO DE 2007 - R$ 2,00

Abaixo todo sigilo! Abertura e publicaçãode toda contabilidade do Estado!Exposição de todos os gastos da presidênciada República, do Judiciário e do Parlamento!Tribunais Populares para julgar e punira burguesia pelos crimes de classe!

Todo apoio à luta dos operários da GM!Em defesa do direito irrestrito de greve!Abaixo as punições ao sindicato metalúrgico!

Bolívia: A Constituição Política do MASnão põe em risco a democracia burguesa

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2 – MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008

Governo Lula mais uma vez acuadoNem bem encerrou o caso Renan Ca-

lheiros e a CPMF foi derrubada, quandoparecia que Lula ia respirar algum sosse-go, veio à tona o escândalo dos cartõescorporativos. O Portal Transparência,criado por Lula, deixou vazar informa-ções sobre gastos envolvendo familiaresdo presidente, considerados confidenci-ais. Foi o suficiente para se levantar aponta do pano e mostrar que os cartõesservem a gastos estapafúrdios, a desper-dício e a vantagens pessoais. Enfim, ser-vem a mordomias e roubalheiras.

Rapidinho, a ministra da IgualdadeRacial, Matilde Ribeiro, foi afastada docargo. Em seguida, o ministro dosEsportes, Orlando Silva (PCdoB), caiuem desgraça pela compra de uma tapio-ca, devolveu 31 mil reais gastos com ocartão à espera de investigação. Foi umrecurso usado para também não ser afas-tado. Mas uma porção de ministros estáembaralhada com o uso do cartão.

O mais importante para oPSDB/DEM é a gastança com as residên-cias presidenciais e com a segurançamontada a familiares. A partir da presi-dência da República, se multiplica a redede usuários do cartão corporativo. OPortal de Transparência mostrou seruma máscara para a bandalheira. Ogrosso do desperdício e das falcatruaspermanece escondido sob a sigla de se-gurança nacional.

Assim, o governo ficou estupefato dealguém de dentro do sistema ter deixadoir para o Portal os gastos com sua filhaem Florianópolis. É claro que aí está odedo do PSDB/DEM. Esses partidos sãoorgânicos ao Estado e sabem de tudo oque se passa em suas entranhas.

As denúncias de dispêndio e de obs-curidade dos gastos já tinham sido feitasno primeiro mandato de Lula. O gover-no permaneceu tranqüilo, considerandoque o cartão foi uma invenção do gover-no Fernando Henrique Cardoso e quesua face oculta era intocável pelo princí-pio burguês de segurança nacional (gas-tos com o Presidente, com as ForçasArmadas e com os órgãos de repressão -Abin, PF etc.). Mas o volume das falca-truas deu margem ao vazamento de in-formações no Portal, legalizou o fato edeu base às denúncias dos partidos, es-corados por uma grande campanha da

imprensa pró-PSDB/DEM.Certamente, a oposição sabia de

tudo, mas não tinha base legal para ar-mar o ataque ao governo. Autorizou apublicação de dados sobre a Presidência,por algum de seus agentes internos. Éassim que funciona a política burguesa,quanto às lutas internas ao Estado.

Os gastos em free-shop de Matilde ea tapioca de Orlando Dias foram usadosapenas como ofensiva desmoralizantecontra o governo para abrir caminho amais um episódio da crise política, quenão deu um minuto de descanso a Lula.

CPI dos cartões

As CPIs são tribunas de disputas in-terburguesas no parlamento. Até poucotempo as esquerdas ditas revolucionári-as as defendiam acreditando ser um ins-trumento democrático de luta contra acorrupção e os governos. A farsa não tar-dou a se revelar. Mais uma vez as qua-

drilhas representadas pelos partidoscapitalistas se digladiam em torno dopoder, mas estão unidas em favor da ex-ploração da maioria oprimida.

PSDB e DEM colheram assinaturaspara constituir uma CPI mista (Senado eCâmara Federal), porque assim os go-vernistas não teriam o predomínio.Alvoroçou o governo, que acusou osoposicionistas de porem em risco a segu-rança do Presidente e a própria seguran-ça nacional. De nada adiantou, aofensiva do PSDB/DEM já era calcula-da.

Os estrategistas do governo resolve-ram mudar o contra-ataque: passaram acolher assinaturas para uma CPI apenasdo Senado, com o objetivo de “investi-gar” as contas dos cartões desde sua im-plantação por FHC. Ocorre que osagentes de Lula sabem perfeitamente so-bre as falcatruas e rapinagem acoberta-das pelos cartões corporativos da épocaem que PSDB e DEM (PFL) estiveram nopoder.

Ladrão não deve atacar ladrão, senão vira guerra de quadrilha. Essa é aameaça do líder do governo no Senado,Romero Jucá (PMDB), experiente políti-co, que foi também líder de governo deFHC, quando o PMDB fazia parte da co-alizão com PSDB e DEM (PFL).

Ocorre que o PSDB e DEM se achamsuficientemente amparados na burgue-sia para enfrentar a ameaça do governo.A força das quadrilhas partidárias estána fração capitalista que as apóia. Lulaterá apoio de alguma das poderosas fra-ções que tanto tem ajudado? Aqui está aincógnita para se saber para onde vaimais esse episódio da crise política. Já hásinais dados pela grande imprensa deque o sigilo de algumas contas deve serpreservado. Por enquanto o PSDB/DEMreagiram contra a esfarrapada justificati-va de segurança nacional e denunciamque Lula quer se safar da investigação àscustas do governo anterior, que não so-freu nenhuma denúncia contra o uso doscartões.

Na verdade, todos querem se safar.Pelo jogo regimental, Romero Jucá

teve seu pedido de CPI devolvido, tendode refazer o texto e as assinaturas. Emmeio a essa disputa, o PT do estado deSão Paulo revelou os gastos do governo

Crise: sem sossego para Lula

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MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008 – 3

Serra com os cartões. Há dispêndios do“arco da velha”. Resposta do PSDB: o PTquer se livrar da CPI dos cartões.Armou-se assim o campo das negocia-tas. O deputado Carlos Sampaio, doPSDB, estabeleceu um acordo com os go-vernistas de montar a CPI mista e que in-vestigaria também o período de FHC.

Para os governistas está bem assim.Podem ter a presidência e a relatoria daCPI mista e ainda por cima com poderespara expor as contas de FHC, se assimfor necessário.

O acordo de Carlos Sampaio abriuuma crise nas fileiras da oposição. Comoinvestigar FHC, se não há nenhuma de-núncia formulada? A ala fernandista doPSDB e lideranças do DEM vêem na ma-nobra do governo a possibilidade do “fe-itiço virar contra o feiticeiro” ou então aoposição se desmoralizar não podendofazer nada contra Lula, que se safou dascrises anteriores. Acrescenta-se o fato deo governo controlar completamente aCPI mista. Neste ponto, PSDB e DEMameaçam fazer uma segunda CPI, só doSenado, para assim ter a chance de con-trolar em parte as investigações.

O que se vê nesse espetáculo de ex-cremento é que todos os governos mer-gulham na corrupção, que é inerente ao

Estado burguês. A política burguesa ex-pressa o apodrecimento do sistema capi-talista, de fome e miséria da maioriatrabalhadora. O PT reformista a assumiuplenamente, assim se tornou parte dasquadrilhas estatais.

Tribunal Popular

Os crimes dos partidos burgueses,dos capitalistas e de seus agentes não po-dem ser investigados consequentementee punidos os culpados. As CPIs são umcirco que serve apenas às disputas inter-burguesas e para enganar a população.Somente a classe operária e a maioriaoprimida mobilizadas podem desmas-carar a ladroagem dos políticos da bur-guesia.

Os partidos da ordem e o governo sa-bem que os trabalhadores não estão or-ganizados para terem uma posiçãoprópria e independente, por isso seacham livres para levar adiante as de-núncias entre si, fazer as CPIs fraudulen-tas e processar a crise política semextrapolar os muros do Estado. A buro-cracia sindical é conivente com essa situ-ação.

O POR em contraposição leva aos ex-plorados a defesa da constituição de um

Tribunal Popular, independente e revo-lucionário.

Abaixo todo sigilo!

Lula, partidos aliados e PT defendemnão expor todos os gastos com os cartõesem nome da segurança do Presidente, desua família e da nação. O sigilo diz res-peito à segurança dos representantes daburguesia, do Estado e de seu aparatomilitar-repressivo. Serve para acobertarda população o parasitismo da burocra-cia estatal, os interesses corporativos doscapitalistas, as falcatruas, transações etoda sorte de ladroagem.

Eis as bandeiras dos pobres e oprimi-dos: “Abaixo todo sigilo”, “Abertura epublicação de toda contabilidade doEstado”, “Exposição de todos os gastosda presidência da República, do Judiciá-rio e do Parlamento” “Tribunais Popula-res para julgar e punir de verdade aburguesia corrupta”.

Para que isso possa ocorrer e que sepossa desmascarar o jogo contábil ditotransparente pelos três poderes, é neces-sário que a classe operária lidere um mo-vimento contra a burguesia e suasinstituições.

Multinacional exige maior exploração e destruiçãode direitosEm defesa do sindicato dos metalúrgicos de SãoJosé dos Campos

A General Motors (GM) anunciou um plano de reduçãosalarial, flexibilização de direitos e implantação do Banco deHoras. Os operários rejeitaram a proposta patronal. Mostra-ram a farsa da empresa que exigia o Banco de Horas paracontratar 600 temporários.

No dia 20 de fevereiro haverá um ato em São José dosCampos contra as medidas da GM. Na ocasião também ha-verá o protesto contra a Embraer que recorreu à Justiça parapunir o sindicato dos metalúrgicos com uma multa de cincomilhões de reais.

O fato do sindicato resistir aos planos de flexibilização echamar os trabalhadores à luta contra a redução salarial temlevado os patrões e a Justiça a atacarem os direitos políticoselementares de manifestação e greve. A violência do Estadocontra o direito de greve vai ao ponto de impor multas im-

pagáveis, com o objetivo de quebrar o sindicato. Está nahora de uma grande campanha nacional pela derrubada detoda legislação anti-greve.

A luta em São José dos Campos deve ser ponto de parti-da para que a Conlutas, a qual está filiado o sindicato meta-lúrgico, convoque todas as forças que se reivindicam doclassismo e dos direitos democráticos dos trabalhadores aorganizar uma campanha que penetre em todas as fábricas eoutros locais de trabalho e que ganhe as ruas. Enquanto nãose questionar com luta de massa a monstruosa lei de greve,os movimentos isolados ficam à mercê de qualquer juiz e dapolícia que representam os interesses dos exploradores.

Todo apoio à luta dos operários da GM!

Em defesa do direito irrestrito de greve!

Abaixo as punições ao sindicato metalúrgico!

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4 – MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008

DenúnciasSalário Mínimo Real é defesada vida

Todo início de ano, o governo retoma a velha discussão so-bre o reajuste do salário mínimo. O fato é que o valor desse salá-rio mal dá para comprar a cesta-básica, porque o custo dosprodutos básicos (feijão, óleo e outros) teve aumento exorbitan-te. O Dieese, que serve de parâmetro para a demagogia da bu-rocracia sindical, divulgou que o salário mínimo necessário éde R$1.924,59. E é sabido que o Dieese não leva em conta ou su-bestima em seus cálculos itens importantes para a vida do tra-balhador.

O problema é que 30% da população que possui empregorecebe R$380,00. Na região Nordeste, são 48%. Milhões de apo-sentados estão condenados, pois com esse salário não dá paracomprar os remédios. E a juventude enfrenta a destruição dacapacidade físico-mental ao se sujeitar à escravidão do saláriomínimo.

O senador petista, Paulo Paim, apresentou à Comissão deAssuntos Sociais (CAS) uma emenda que estipulava que o va-lor do salário mínimo fosse o dobro do crescimento do PIB, em2008. O que na verdade se resumia a R$ 413,00. O relator da co-missão descartou de pronto. O petista também pediu à Comis-são de que fosse garantido o mesmo reajuste do valor do saláriomínimo aos aposentados. Disse que a proposta é resultado deum acordo entre governo e centrais sindicais. Resposta: isso de-penderá da votação no plenário do Congresso. Portanto, a es-mola do reajuste dos aposentados está submetida aosparlamentares, que ganham rios de dinheiro para legislar emfavor dos negócios da burguesia.

Os trabalhadores devem rejeitar toda essa farsa e sair emdefesa da vida dos milhões de assalariados e aposentados.

Nossa posição: O salário mínimo tem de ser o necessáriopara manter a família do trabalhador. Para isso, deve ser discu-tido e calculado pelas assembléias de base. Em nossos cálculos,esse valor é superior a R$ 2.500,00.

Nossa luta: A defesa do salário mínimo vital permite a uni-dade dos explorados. Estes devem rechaçar a politicagem dosdeputados e dos burocratas sindicais. A conquista do saláriomínimo vital só pode se dar por meio da ação direta – manifes-tações, greves, ocupações e outros métodos do proletariado.

Desavenças entre liderançasdo MST e governo Lula

Lula anunciou que acelerará as desapropriações de terrapara efeito de reforma agrária. Para o governo, a reforma agrá-ria implica compra de terras. O MST disse que Lula gastou maisde 1 bilhão de reais por ano na compra de terras e que as desa-propriações caíram para 200 mil hectares por ano. Está aí porque dizemos que se trata de um governo a serviço dos capitalis-tas. Enche os bolsos dos ruralistas com o pagamento supervalo-rizado das terras.

A UDR, central dos latifundiários, quer mais. Exige que ogoverno abandone o “projeto de reforma agrária” e aumente a

criminalização o movimento dos sem-terra. Na realidade, Lulase acovarda diante da bancada ruralista do Congresso e, porisso, se recusa a modificar os índices de produtividade rural,reivindicado pelo MST.

Para a direção do MST, o governo Lula é de “disputa”, porisso o apóia. Mas, nesse jogo, quem tem levado vantagem é aburguesia. E a função do movimento social seria modificar essarelação de força. Falso. O governo Lula é de submissão à bur-guesia. Não por acaso, manteve a legislação de 1975, que deter-mina a “produtividade rural, conforme as exigências dosruralistas, e aceitou renegociar a dívida dos fazendeiros, esti-mada em 140 bilhões de reais.

O movimento dos trabalhadores sem-terra deve rejeitar oapoio ao governo Lula e se colocar no campo de classe dos ex-plorados. A luta pela terra é de classe contra classe. Deve, tam-bém, rechaçar a política de compra de terras e todas as leis quecriminalizam o movimento e punem as lideranças. Os campo-neses, aliados com a classe operária, têm a tarefa de defenderum programa de expropriação sem indenização e entrega dasterras aos pobres do campo.

Reação da cúpula da IgrejaCatólica

Diante das ocupações de terra e das declarações do bispo daCPT, a Igreja Católica, por meio da CNBB, reagiu dizendo:

1.A posição do bispo de Presidente Prudente em favor das“invasões” não é a da Igreja e nem da CNBB, que condenam asinvasões;

2.O bispo está desautorizado em falar em nome da Igreja. Ereafirmou que a autonomia das dioceses não pode ferir a “dou-trina geral da Instituição”.

De fato, a Igreja é defensora da propriedade privada dosmeios de produção, portanto da terra. O bispo José Maria Libó-

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MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008 – 5

rio, da Pastoral da Terra, sente o drama dos sem-terra e se vêobrigado a defender as ocupações de terra. Mas a condição debispo o impede de ser conseqüente na defesa do fim da propri-edade privada da terra.

Desemprego e subemprego,assim inicia o ano letivo

Milhares de professores não conseguiram emprego. Outrosmilhares assumiram pouquíssimas aulas, unicamente para nãoperder o vínculo de trabalho com o estado. Em todas as direto-rias de ensino de São Paulo, a situação foi a mesma.

O governo se manteve irredutível: fechou salas, eliminoudisciplinas da grade curricular, demitiu os coordenadores, im-pôs os projetos que certamente serão direcionados às parceriasprivadas, determinou o conteúdo das disciplinas, o método eas formas de avaliações. Reafirmou a avaliação de desempenhodos professores e estipulou 45 dias para recuperar os índicesnegativos de aprendizagem dos alunos.

Diante de todas essas medidas, a burocracia da Apeoesp re-solveu marcar assembléia depois do fato consumado (14 demarço). Enfatizou que não poderia contrariar as decisões toma-das pelos dirigentes do funcionalismo, que se posicionaramcontrários à assembléia no mês de fevereiro e favoráveis a umato no Palácio, no dia 29. Querem dar tempo para que as aulas

iniciem, os desempregados se conformem com o destino, os su-bempregados se esgotem de correr de escola em escola e a mai-oria sem aula se transforme em professor-eventual (contratomais precarizado). Coisa de pelegada!

Nossa posição: Os professores devem combater o governo ea burocracia, defendendo:

�Que nenhum professor fique sem aula. Emprego a todosatravés da Estabilidade imediata e Escala Móvel das Horas deTrabalho (divisão das horas de trabalho entre os trabalhadoresda educação);

�Fim da resolução 92 que impõe a grade curricular para oensino médio; Fim de todas as medidas que eliminam direitos ecriam o desemprego;

�Salário Mínimo Vital para todos os trabalhadores da edu-cação de, no mínimo, R$ 2500,00;

�Abaixo toda a reforma educacional de Serra e Lula e da le-gislação e medidas que a sustenta, incluindo as avaliações ex-ternas (Saresp, Prova Brasil etc.);

�Abaixo a avaliação desempenho;�Fim da farsa do “Jornal Pedagógico”. Defesa da liberdade

de cátedra;�Reabertura de salas e escolas fechadas e construção de no-

vas escolas onde for necessário;�Máximo de 25 alunos por sala; aulas de 45 minutos no pe-

ríodo diurno e 40 no noturno.

Campanha pela redução da jornada de trabalhoAs burocracias da CUT, Força Sindical e outras divulgaram

a campanha pela redução da jornada de trabalho, de 44 horaspara 40 horas semanais, sem redução do salário. Pretendem co-lher assinaturas (5 milhões) até o dia 1º de maio e entregar aoCongresso Nacional e ao governo. Para isso, montaram as ban-cas de coleta no centro de São Paulo e outras capitais. Justificama campanha com o argumento de que essa redução de 4 horaspossibilita a criação de 2,2 milhões de empregos.

A direção da CUT se dirigiu à Brasília para pedir que Lulaassinasse o abaixo-assinado, dizendo que a proposta partiu deLula. Mas o Presidente recomendou que a iniciativa da campa-nha deveria ficar com as Centrais, para evitar o embate entregoverno e oposição. A Força Sindical pediu ajuda de Lula seposicionando assim: “eu sei que o senhor não vai assinar, maspode ajudar muito a reduzir a jornada de trabalho”. Portanto,queriam o aval aberto do governo para a campanha de assina-turas. Lula se esquivou.

Campanha demagógica

1.As burocracias sindicais foram as que assinaram os acor-dos salariais, que previam aumento da jornada de trabalho.Um exemplo foi o acordo de Banco de Horas. Diziam que setratava da “jornada de trabalho flexível” para evitar as demis-sões, implantada no ABC em 1995. O acordo previa que a jorna-da variasse conforme a produção (produção maior, maiorjornada). Os capitalistas aproveitaram ao máximo para sugar aforça de trabalho e as demissões foram grandes. O banco de ho-ras passou ser regra para os patrões em quase todos os setores.

2.O presidente da CUT em 1997, Vicentinho, ex-deputado e

ex-dirigente do sindicato metalúrgico do ABC, dizia que erapreciso constituir uma comissão tripartite (governo, burocratase empresários) para discutir a regulamentação em lei, “36 horassemanais para 2003 e 32 horas semanais para 2008”. Bastou gal-gar a tribuna do Parlamento para legislar contra seus própriosdiscursos de burocrata sindical. Abandonou a redução de jor-nada escalonada e serviu de canal para o governo FHC imporum duro golpe à aposentadoria.

3.A burocracia da CUT/metalúrgicos do ABC aceitou a im-posição da multinacional Volks de redução da jornada com re-dução de 30% no salário. Em seguida, a multinacional voltou àcarga máxima e manteve os salários reduzidos.

4.Os burocratas da Força Sindical puseram o Ministro doTrabalho (Carlos Lupi) para aplicar a política dos capitalistas,que é a reforma sindical e trabalhista.

Como se vê, a burocracia trai os trabalhadores, aplica as me-didas governamentais e sela pactos com os capitalistas. Mas,volta e meia, comparece conclamando as reivindicações dos ex-plorados.

Milhões de assinaturas para quê?

A campanha tem como método recolher as assinaturas parao apoio à emenda constitucional 393/01. O objetivo é conven-cer os parlamentares da justeza da reivindicação para que vo-tem favorável à emenda. Portanto, é o velho método desubmeter as reivindicações ao crivo do Parlamento, que legislaem favor dos interesses da classe capitalista.

A burocracia rejeita o método próprio dos explorados, que é

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a luta direta. Não convoca assembléias, não unifica as campa-nhas, não rejeita a lei anti-greve e faz de tudo para impedir queos instintos de classe do proletariado venham à tona. Usa, porisso, o método que é genuíno da burguesia: pressão a deputa-dos, negociações de cúpula, emendas constitucionais e outrosda mesma natureza.

Os burocratas querem arrastar os trabalhadores para colhermilhões de assinaturas e submetê-las ao Congresso, atolado decorruptos.

Redução de jornada: dois caminhos

A redução da jornada faz parte da luta histórica do proleta-riado internacional. As primeiras greves foram causadas pelasjornadas excessivas e tiveram como reivindicação a jornada de8 horas. No Brasil, o nascimento da classe operária foi marcadopelo combate contra os patrões e governos pela redução da jor-nada. Na década de 80, o movimento grevista exigia a reduçãoda jornada de 48 horas para 44 horas. A greve metalúrgica de1985 arrancou essa redução, que só mais tarde, em 1988, foi es-tendida a todos os trabalhadores. Portanto, a experiência nosmostra que a redução da jornada é uma luta árdua, que depen-de da força do proletariado.

As direções burocráticas se apartaram dos métodos do pro-letariado e passaram a defender a política burguesa e seus mé-todos. Como protagonistas do “sindicalismo de resultado”,alegam que a experiência do passado não serve para os novostempos (os da “reestruturação produtiva”). Rejeitam organizaro movimento grevista e ludibriam os explorados de que é pos-sível conquistar a redução da jornada sem necessidade de parara produção. Pretendem arrastar os trabalhadores para que es-tes apóiem sua estratégia.

Os explorados devem rejeitar o caminho traçado pela buro-cracia e exigir a convocação de assembléias para que coletiva-mente possam aprovar a única saída para arrancar a reduçãoda jornada.

Diminuir a jornada não garante mais emprego

A experiência nos mostra que a diminuição da jornada nãoestá na relação direta com o aumento de emprego. Os capitalis-tas apresentam suas saídas: a) aumentar a produtividade pormeio das máquinas, com menos trabalhadores; b) ampliar o ro-dízio de mão-de-obra e contratação com salários mais baixo; c)dar mais “flexibilidade” aos contratos de trabalho. Dirão sem-pre: no Brasil a carga tributária é excessiva, o governo tem de re-duzir os impostos e taxas que incidem na folha de pagamentos.

Por isso, a luta pela redução da jornada para que haja em-prego a todos requer o enfrentamento com o patronato e os go-vernos. A burocracia sindical reivindica um pouco mais deemprego, como se os capitalistas fossem ceder aos milhões queassinaram o abaixo-assinado. Para eles, a questão de mais em-prego está vinculada à queda de seus lucros. Um exemplo re-cente: a França reduziu a jornada para 35 horas semanais e issonão significou o crescimento do emprego. Ao contrário, au-mentou a superexploração e a flexibilização do trabalho. A bur-guesia fraudou a redução, lançando mão da precarização dotrabalho e redução salarial. Mesmo assim o desemprego é alto.

Redução para 40 horas mantém o desemprego

A maioria dos sindicatos e Centrais fazem a campanha deassinaturas para que o governo modifique a Constituição de 88,concedendo a jornada de 40 horas. Fazem barulho em tornodos possíveis empregos que poderiam vir com a redução de 4horas semanais. Dizem que 2,2 milhões de postos de trabalhopoderão ser criados. Mas o problema é que o número de de-sempregados é muito superior a esses postos pretendidos. Bas-ta ver que 2 milhões de jovens anualmente estão prontos para omercado de trabalho. Há também os milhões de desemprega-dos que não mais fazem parte das estatísticas, constituem oexército de reserva crônico do capitalismo.

A burguesia proprietária dos meios de produção explora aforça de trabalho por meio das jornadas estafantes e aumentodo ritmo de trabalho (produtividade). Os trabalhadores, des-possuídos dos meios de produção, estão obrigados a vender aforça de trabalho à burguesia. Esse funcionamento do sistemacapitalista impõe à maioria explorada a condição de assalaria-dos (escravos) do capital. Como mercadoria, a mão-de-obraestá sujeita às lei do mercado. Inverter essa lógica é se colocarcontra o sistema de exploração do trabalho.

A burocracia sindical não defende o fim da exploração dotrabalho. Aceita dividir os trabalhadores entre empregados edesempregados. Ao reivindicar 40 horas, pretende incluir al-guns desempregados e manter excluídos boa parte deles. Porisso, não há nada de democrático, como se pretende passar. Oemprego a todos deve ser defendido como um direito traba-lhista impostergável.

Reação dos capitalistas

O direito ao trabalho é a defesa da sobrevivência de milhõesde trabalhadores. A burguesia, para lucrar, necessita ampliarcada vez mais o exército de reserva e usá-lo como meio parapressionar os que estão empregados. Quanto maior é o núme-ro, mais baixo é o salário e maior é a rotatividade.

Diante da reivindicação da burocracia, os capitalistas res-ponderam negativamente com o argumento de que essa re-dução de 4 horas implicaria a elevação dos custos dasempresas da ordem de 10%. Alegam que determinados seto-res sofriam queda de produtividade. O que significa que fa-rão pressão aos deputados e governo para não alterar ajornada. Na relação de forças no Estado, é sabido que levamvantagem.

Os trabalhadores devem rechaçar toda essa falácia dos capi-talistas. Estes nunca lucraram tanto e a produtividade na indús-tria, nesses últimos 15 anos, cresceu 150%, portanto exploraramcomo nunca os assalariados. Usaram o Banco de Horas para nãocontratar e usam a hora-extra para aumentar os ganhos. Por isso,a reivindicação de redução da jornada significa combate diretoaos exploradores, é luta de classe contra classe.

Por que reivindicar a escala móvel dashoras de trabalho

A redução de jornada implica defender a escala móvel dashoras de trabalho. Trata-se de uma reivindicação que permite

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MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008 – 7

que todos tenham sua fonte de existência, que é o trabalho.Para isso, é preciso dividir as horas nacionais de trabalho portodos os que estão aptos. O número de horas semanais é fixadoa partir desse cálculo.

Os capitalistas responderão um grande Não! O governo e osparlamentares dirão que isso quebra a economia. A burocraciasindical gritará que isso é utópico. E não poderia ser diferente:todos estão na defesa do sistema capitalista.

A escala móvel se choca com os alicerces do modo de pro-dução capitalista. A existência do capitalismo depende da ex-

ploração, da concorrência de um trabalhador com o outro, odesemprego, do exército de reserva de mão-de-obra, da preca-rização das relações de trabalho e de toda sorte de desgraçapara a maioria oprimida. Contrapor-se a todas essas mazelasdo capital é uma tarefa daqueles que se reivindicam do progra-ma da classe operária.

A reivindicação de escala móvel das horas de trabalho per-mite soldar a luta dos que estão trabalhando com a dos milhõesde desempregados. O que dá força para enfrentar os capitalis-tas, governos e burocratas sindicais.

“Nova Central Cresce e incomoda Lula”Com esse título, o Jornal O Estado de São Paulo dedicou uma

página inteira para a Conlutas. Sabemos da intenção repressivadeste órgão da burguesia. O tom é de alerta sobre o perigo deuma central radical. Não por acaso, o artigo veio em seguida aoCongresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores emEducação (CNTE), em que os delegados da oposição expulsa-ram aos gritos o Ministro da Educação, Fernando Haddad. So-brelevou o fato da Conlutas ser a maior representaçãooposicionista.

A articulista Liliana Nunes destacou o sindicato do ensinopúblico superior (Andes) como um dos principais sindicatos fi-liados e ao fato da Conlutas ser “o braço sindical do PSTU”. Aidéia de que a Conlutas “incomoda Lula” vem da constataçãode que a nova organização “começa a reunir, mesmo ex-tra-oficialmente, sindicatos de funcionários públicos, comoeducação, saúde e seguridade social”.

O artigo não descreve a organização da Conlutas na classe ope-rária, apenas divulga os seguintes números: 90 sindicatos já filiadose 200 a serem filiados. As principais categorias seriam “servidorespúblicos, trabalhadores da área de educação e previdência”.

Para efeito comparativo, apresenta um quadro da situação dasdemais centrais ou organização pré-central (o caso da indefinidaIntersindical): CUT, 3.125 sindicatos (principais categorias - servi-dores públicos, metalúrgicos, bancários e trabalhadores rurais);Nova Central Sindical (NCST), constituída em 2005, 8 confedera-ções, 136 federações e 1.116 sindicatos (trabalhadores em trans-porte); Força Sindical, “832 registrados no Ministério do Trabalho,700 ainda não reconhecidos e 300 preparando documentação”(metalúrgicos e bancários); União Geral dos Trabalhadores(UGT), fundada em 2007, com a fusão da Confederação Geral dosTrabalhadores (CGT), Social Democracia Sindical (SDS) e CentralAutônoma dos Trabalhadores (CAT), 680 sindicatos (comerciári-os); CTB, criada em 2007, 530 sindicatos (trabalhadores rurais);CGTB, 127 filiados e 300 em fase de filiação (metalúrgico).

A Intersindical não se reconhece como central. O artigo aapresenta formada por 80 sindicatos apoiadores, principal-mente em metalúrgicos e funcionalismo, “dissidência da CUT,ligada principalmente ao oposicionista PSOL”, com participa-ção de membros do PCB.

Segundo a opinião do presidente da CUT, Arthur Henriqueda Silva, “a Conlutas faz muita propaganda, mas tem poucossindicatos” e o PSTU a criou “como espaço para fazer oposi-ção.” Em relação à CTB, diz que o PCdoB e PSB resolveram cin-dir a CUT não por oposição, mas para ganhar visibilidadepolítica. O secretário da CTB tem outra explicação, considera

que a CUT “capitulou ao governo e se confundiu com ele”. Ocoordenador da Intersindical, Paulo Vieira Carvalho, conside-ra que é preciso construir uma nova central “sem que haja par-tidarização”, como é o caso da CTB. José Maria de Almeida, daConlutas, explica que a CUT “se transformou em base de sus-tentação do governo”.

Expusemos as principais informações e considerações quecompõem o artigo “Nova Central Cresce e incomoda Lula”. Ébem provável que não haja precisão quanto aos números desindicatos filiados a cada central e que as explicações quanto aoporquê das cisões com a CUT sejam incompletas.

O mais importante é que o artigo não demonstra com clare-za o peso dos sindicatos operários em cada central. Tudo indicaque a CUT e, em seguida, a Força Sindical controlam a maiorparte dos sindicatos operários. Se forem corretas as informa-ções gerais, as cisões com a CUT não impuseram a ela, nessesentido, grandes perdas. O que não significa que as cisões nãoforam importantes.

O PCdoB com sua CTB arrastou da CUT mais sindicatos ru-rais, que devem abarcar o proletariado agrário e camponesesproprietários. O PSTU levou mais sindicatos ligados ao funcio-nalismo e à educação, os sindicatos operários devem ter menorpeso, embora o sindicato metalúrgico de São José dos Camposseja estratégico para a luta de classe. A Intersindical declarou terem sua base sindicatos metalúrgicos e de funcionários, não sesabe também a proporção e a força social que de fato congrega.

De qualquer forma, as três cisões com a CUT significaramimportantes perdas. A existência de 8 organizações indica bru-tal fragmentação da organização sindical. Representa divisõescriadas pelas facções burocráticas. É do interesse da burguesiae do seu Estado o estilhaçamento. Quanto mais divididos e bu-rocratizados os sindicatos e Centrais, melhor para os capitalis-tas e seus governos controlarem a luta de classe.

Por uma Central Única, classista e revolucionária

Lembremos que a CUT foi a primeira central a ser construí-da depois do regime militar. Organizou-se sob o governo Fi-gueiredo, último ditador, impulsionada pelas greves do ABC.Parte da velha burocracia combateu sua fundação. PCdoB fezcampanha contra seu nascimento e só mais tarde a ela aderiu.Hoje vemos que os estalinistas não fizeram senão uma mano-bra tática para fortalecer seu aparelho sindical, e em seguidaromper a CUT. Primeiro, ajudaram o PT a burocratizá-la e esta-tizá-la ao governo Lula. Depois rompem com o argumento de

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8 – MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008

que a CUT perdeu a independência.Ao lado da CUT, a velha burocracia foi montando seus apa-

ratos, do tipo NCST, CGTB. Novos burocratas ligados à velhaburocracia criaram Força Sindical e UGT.

O processo de burocratização da CUT e estatização reduziuenormemente os atritos com os outroras adversários e seus con-correntes. Notamos que as facções burocráticas foram se acomo-dando, estabeleceram a divisão aparelhista e frearam as disputas.

A decisão do PSTU de liderar um processo de cisão da CUTe formação da Conlutas se deu antes da iniciativa doPCdoB/PSB. Dois argumentos guiaram a iniciativa: a CUT setornou governista e está completamente burocratizada. Defato, isso ocorre e resulta em política favorável aos explorado-res e de sustentação do capitalismo. A burguesia vem atacandodireitos dos assalariados, aumentando a taxa de exploração emantendo milhões em situação de desemprego crônico. Masnem a estatização nem a burocratização autoritária justificamromper a CUT, sem que seja resultado das massas em luta, queleve ao enfraquecimento da burocracia e permita colocar a uni-ficação das organizações contra o divisionismo burocrático. Aprematura burocratização da CUT e a estatização expressam aimpossibilidade de sindicatos independentes sob o capitalismoputrefato, a não ser que estejam sob uma direção revolucioná-ria e sirvam de instrumento da revolução proletária.

A cisão da Conlutas e da Intersindical se dá no terreno doaparelhismo sindical, o que compromete a tarefa de derrotar aburocracia e constituir uma direção revolucionária para o mo-vimento operário e demais explorados. O fato do PSTU reivin-dicar a cisão pela esquerda contra a burocracia petista não oexime da responsabilidade de aprofundar a divisão já existen-te, como comprova o número de centrais.

É preciso ter claro que a CUT está burocratizada e serve aogoverno burguês de Lula porque a maior parte dos sindicatosestá sob sua direção. A Força Sindical, UGT, CTB etc dividem ostrabalhadores porque controlam parte significativa dos sindica-tos. Se não expulsarmos a burocracia dos sindicatos, a começarpelos estratégicos, não haverá possibilidade de derrotar o divisi-onismo burocrático e a política pró-capitalista imperante.

A posição de constituir a Conlutas com uma parcela minoritá-ria do sindicalismo e travar a luta pela desfiliação da CUT não fazsenão fortalecer o divisionismo burocrático e afastar a tarefa deconstituir uma única central classista e revolucionária. A campa-nha de desfiliação tem levado à divisão dos trabalhadores no seiodos sindicatos, que se agravará pela intervenção da CTB.

É incompreensível para as bases a luta por constituir umanova central, quando proliferam organizações. Se as massas es-tão sob a direção da burocracia vestida de reformista e da buro-cracia direitista, a tarefa não é criar uma nova organização, masconstituir uma fração revolucionária, programática, que enca-bece as reivindicações e as lutas. Somente a ampla mobilizaçãodo proletariado, em choque com a direção burocrática do sindi-catos, poderá criar novas organizações.

Uma fração revolucionária poderá se potenciar no combatee expressar novas exigências organizativas que superem a divi-são e estabeleçam a unidade organizativa dos explorados. Nes-se sentido, nem o governo nem a burocracia da CUT estãopreocupados com a Conlutas. Poderá dar trabalho em certasáreas do funcionalismo, que procuram a via da greve e que aConlutas poderá expressá-las, caso o PSTU queira nessa etapade construção fortalecer seu aparato sindical.

O POR levanta a bandeira e trabalha pela Central Única,classista e revolucionária.

Capitalistas reduzem salário médioO Ministério do Trabalho revelou que em 2005 o salário mé-

dio dos trabalhadores com carteira profissional assinada era12,5% menor que dos demitidos e que em 2007 a diferença caiupara 9%. Traduzindo em números: a média salarial daquelesque foram demitidos em 2005 era de R$ 616,00 e dos novos con-tratados, R$ 547,00; em 2007, R$ 707,00 e R$ 643,00.

Como se vê, houve aumento da taxa de exploração e maio-res ganhos para os capitalistas. As massas trabalhadoras fica-ram mais pobres e os burgueses mais ricos.

Os exploradores simplesmente usaram a rotatividade damão-de-obra para rebaixar o seu custo. No lugar dos demiti-dos, contratavam outros com salários menores. A terceirizaçãode parte da força de trabalho auxiliou os capitalistas a ganha-rem mais à custa dos assalariados.

Houve muita ilusão de que sob o governo Lula a onda deflexibilização do trabalho iria acabar. Ao contrário, avançou oprocesso “neoliberal” de ataque às condições de trabalho e aosdireitos trabalhistas. Está aí à vista a expropriação do saláriomédio em 12,5% e 9%.

As burocracias sindicais da CUT, Força Sindical etc. ajuda-ram os capitalistas a aumentar a exploração e, assim, evitaramque a classe operária se chocasse com o governo burguês deLula. O argumento de que é melhor manter postos de trabalhocom salário menor, dito pela burocracia petista e forcista, jogoua favor dos exploradores. As campanhas salariais praticamente

foram abolidas. As demissões foram aceitas. A rotatividade foiconsiderada como fator normal da economia de mercado.

O governo e a burocracia atuaram em favor do refluxo domovimento operário e cercaram o caminho da luta da peque-na-burguesia assalariada, particularmente a luta do funciona-lismo. As ilusões das massas no governo petista têm custadocaro às suas condições de vida e atrasado a conquista de sua or-ganização independente.

A burguesia teve, assim, campo aberto para aumentar ataxa de exploração. Mas é uma questão de tempo. Tudo indicaque a crise econômica nos Estados Unidos se generalizará. Asvantagens econômicas que Lula, PT e burocracias usam contraos explorados desaparecerão e mostrarão o quanto a classeoperária foi esmagada e o quanto terá ainda de sofrer para queo sistema capitalista continue a existir.

É preciso mostrar aos trabalhadores as raízes capitalistas da mi-séria da maioria e as forças políticas que sustentam a burguesia.

Colocam-se como tarefas imediatas: 1. Recuperar as perdas; 2.Retomar as campanhas salariais; 3. Pôr fim à flexibilização do traba-lho (demissões, terceirizações, redução de salários, aumento da jor-nada, aumento do ritmo do trabalho); 4. Desenvolver bandeiras: fimde todo desemprego (escala móvel das horas de trabalho); fim da di-ferenciação salarial (trabalho igual, salário igual); 5. Fim do rebaixa-mento salarial pela via da inflação (escala móvel de reajuste salarial);6. Organizar a luta unitária dos explorados pelo emprego e salário.

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MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008 – 9

São Paulo

Plenária estadual do funcionalismoEstá prevista uma plenária do funci-

onalismo público para o dia 23 de feve-reiro. O POR considera importante ainiciativa de unificar os servidores pararesponder às medidas governamentais.O método da discussão coletiva, sobre abase de um plano de lutas e da organiza-ção da resistência por meio da ação dire-ta, é fundamental para quebrar oimobilismo e a fragmentação impostospelas burocracias sindicais. O êxito daplenária dependerá desse objetivo. Pon-tos fundamentais:

1. Combater nas ruas àsmedidas de Lula/Serra/Kassab

Os governos intensificaram os ata-ques ao funcionalismo público. Protege-ram uma casta composta de juízes,militares, parlamentares etc. e descarre-garam as medidas de corte de recursosaos serviços públicos sobre a maioria.Impuseram a Reforma da Previdênciapara diminuir os salários e dificultar asaposentadorias e preparam novas açõesnesse sentido. Destruíram os Planos deCargos e Salários por meio da elimina-ção das conquistas, como a evoluçãofuncional por tempo de serviço. Instituí-ram pisos salariais abaixo de 3 saláriosmínimos. Demitiram milhares de con-tratados para favorecer as empresas pri-vadas e a terceirização. Implantaram asavaliações de desempenho para intimi-dar uma parcela da classe e expandir asdemissões. Governo Lula e oposiçãoburguesa estão juntos na execução des-sas metas pró-imperialistas. Têm o com-promisso de manter o superávitprimário, o pagamento das dívidas in-terna e externa e proteger os negóciosdos capitalistas.

Para o funcionalismo empobrecido,não há outra via senão responder comseus próprios métodos. A unidade e aação coletiva são os únicos meios paraenfrentar os capitalistas e seus governos.

2. Derrotar as burocraciassindicais servis

A burocracia da CUT e duas dezenasde direções sindicais, diante das últimasmedidas de cortes anunciadas por Lula,correram atrás do governo para tentarmanter os acordos firmados com as dire-ções do funcionalismo, entre eles o de re-ajuste salarial. Mas o Ministro doPlanejamento, Paulo Bernardo, voltou aenfatizar a perda da CPMF e propôs adi-amento das negociações, que veio pormeio do palavreado de “repactuação”.Lamentaram a resposta do Ministro equestionaram o fato dele não tocar nosuperávit primário. Aproveitaram paraaconselhar o governo que não deve utili-zar a decisão do STF contra as greves dofuncionalismo. E concluíram que nãohavia “intransigência” por parte do Mi-nistro. Com esses argumentos, a buro-cracia acoberta que o governo despejasobre os trabalhadores a perda daCPMF. Nesse sentido, governo e oposi-ção (PSDB/DEM), estão totalmente deacordo.

Resultado da negociata: não mexerãouma palha em favor das reivindicações.

Os servidores públicos têm pela fren-te o obstáculo das direções burocráticasque sustentam o governo. Romper essabarreira é a tarefa colocada. Sem a inde-pendência dos sindicatos frente ao go-verno não é possível defenderconseqüentemente as reivindicações.

3. Pôr em prática ademocracia sindical

O funcionalismo conta com direçõesavessas ao método de luta dos oprimi-dos. São corporativistas, favoráveis àsnegociatas de cúpula, alimentam as ilu-sões na via parlamentar e mantêm ossindicatos como aparelhos e/ou agênci-as de prestação de serviços. Quando fa-

lam em unidade, é para aumentar opoder de pressão dessa cúpula dirigentenas conversas com os governos. Recen-temente, passaram a constituir a chama-das mesas (fóruns) de negociaçõespermanentes, que têm se transformadoem obstáculo à mobilização e à greve.

A unidade que os servidores preci-sam só pode estar assentada nas deci-sões coletivas. Trabalhar pelasassembléias conjuntas e pela imposiçãoda democracia operária é o caminho aser percorrido.

O grande problema está na enormedivisão do funcionalismo criada pelasburocracias. A defesa das assembléiasunificadas é o ponto de partida para sol-dar as forças do funcionalismo.

4. Reivindicações que unificamo combate

A plenária deve discutir um progra-ma de reivindicações capaz de impulsio-nar a unificação e a luta direta contra apolítica dos governos. Eis o fundamen-tal:

a)Rechaçar as reformas governamen-tais que retiraram direitos. Revogaçãoda lei de greve e de toda legislação quecriminaliza o movimento e pune os fun-cionários;

b)Combater o desemprego – defesada estabilidade a todos os contratados eimplantação da escala móvel das horasde trabalho;

c)Defender o piso salarial do funcio-nalismo através da luta pelo salário mí-nimo vital e da escala móvel de reajuste;

d)Fim da DRU e de todos os mecanis-mos que saqueiam dinheiro da saúde eeducação;

e)Rejeitar as medidas que favorecema privatização dos serviços públicos le-vantando a bandeira da estatização semindenização e constituição do sistemaúnico estatal da educação, saúde, previ-dência, sob o controle dos trabalhadores.

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10 – MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008

Volta às aulasManifesto da Corrente Proletária estudantil

Em defesa do ensino público e gratuitoO ensino superior público é um direito

democrático negado à maioria da popula-ção. O governo destina menos de 4% doPIB para educação.

São 2.398 universidades particulares con-tra 257 públicas. O vestibular impede o acessode todos à universidade pública. Milhões dejovens sequer concluem o ensino médio.Quem consegue ingressar na universidadeenfrenta a dificuldade de não ter garantidasas condições materiais para concluir seus es-tudos (moradia, bolsas, transporte, etc.).

A política educacional do governo apro-funda essa situação. A Reforma Universitária,que vem sendo implementada por meio deprojetos de lei e o PDE (Plano de Desenvolvi-mento da Educação) lançado no ano passado,em consonância com a Reforma, objetivamincentivar a expansão do ensino mercantil emdetrimento do ensino público. Estes ataquesdo governo contra a educação respondemainda às exigências dos organismos financei-ros internacionais (Banco Mundial, FMI) paraque se cortem os gastos públicos, mantendoos índices do superávit primário para o paga-mento da dívida externa.

Como parte dos planos governamenta-is para a educação, o PDE privilegia osgrandes empresários da educação com oaumento de número de bolsas doPROUNI. Com uma fachada assistencialis-ta para os estudantes pobres, o governo“compra” as vagas ociosas das universida-des particulares ao invés de investir nauniversidade pública.

Para as universidades federais, condi-ciona o mísero aumento de 20% de recur-sos a um plano de metas que inclui oenxugamento dos currículos, o aligeira-mento da formação acadêmica e o aumen-to do número de alunos em sala de aula.

Além disso, outras medidas de destruiçãoda universidade pública e mercantilização doensino se manifestam: a implementação doensino à distância; a ampliação da iniciativaprivada dentro das universidades públicasatravés das fundações; o atrelamento das pes-quisas às multinacionais; a precarização dotrabalho docente, etc.

A defesa do ensino público e gratuitopara todos só é possível se destruímos oensino pago. O movimento estudantil nãopode aceitar a coexistência da rede públicae da rede privada de ensino. Por isso, é ne-cessária a mobilização massiva para de-nunciar e combater a mercantilização e areforma educacional do governo Lula.

O que fazem as direções do MEA organização nacional dos estudantes

depende da UNE. Entretanto, a direção des-ta entidade (UJS/PCdoB), está diretamenteligada ao governo Lula. Por isso, apóia suasmedidas para a educação e não defende asreivindicações elementares dos estudantes.

No ano passado, o movimento estu-dantil retomou suas lutas com a resistênciacontra os planos dos governos, tanto esta-dual quanto federal, desencadeando umamplo processo de mobilização por todopaís com as ocupações de reitorias, algu-mas arrancadas pela tropa de choque.

A prova da submissão da UNE ao go-verno foi que a sua direção, por apoiar oPDE, atuou contra a mobilização estudan-til. Agiu como freio à tendência nacionalde luta para não se chocar com as políticasdos governos e impediu a unificação naci-onal do movimento das ocupações.

O distanciamento da UNE com as reaisnecessidades dos estudantes fez com queum setor, liderado pelo PSTU, ao invés delutar pela independência da UNE, respon-desse à estatização da entidade com a estra-tégia de ruptura e criação de uma outraentidade nacional, a CONLUTE (Coorde-nação Nacional de Luta dos Estudantes).Uma ruptura que não partiu da ação massi-va dos estudantes, mas sim do PSTU.

O resultado dessa ruptura foi o fortale-cimento da direção burocrática e governis-ta. Parte da oposição que permanecedentro da entidade, mesmo buscando seagrupar na FOE (Frente de Oposição deEsquerda/PSOL), é incapaz de lutar porum programa revolucionário.

A Corrente Proletária rechaça o divisio-nismo no movimento estudantil e defendeque se constitua uma oposição revolucioná-ria dentro da UNE para varrer essa direção eimpulsionar a luta pelo ensino publico e gra-tuito, enfrentando os governos e capitalistasdo ensino e unindo-se às lutas mais geraisdos trabalhadores.

QUE A UNE ROMPA COM OGOVERNO!

Pela real autonomia edemocracia universitáriaO escândalo dos cartões corporativos

que atingiu ministros e funcionários do go-verno expôs agora os privilégios da buro-cracia das Universidades Federais. Nototal, os gastos chegaram a mais de 3,5 mi-lhões. A farra com o dinheiro público vaidesde consumos em padarias de alto pa-drão até lojas de festas.

A Universidade Federal de São Paulo(UNIFESP), por exemplo, gastou com oscartões corporativos, em 2007, mais de 290

mil. O reitor desta universidade, que repri-miu com a tropa de choque os estudantesque ocuparam a diretoria acadêmica noano passado, gastou grande parte de suafatura de R$ 9.500 em restaurantes de luxo.

No bojo das denúncias dos cartões, veioà tona o escândalo envolvendo o reitor daUniversidade de Brasília (UnB) e a Fundaçãode Empreendimentos Científicos e Tecnoló-gicos (FINATEC) vinculada à universidade.A Fundação, envolvida em outras denúnciasde corrupção, destinou verbas que seriampara pesquisas cientificas e tecnológicas dauniversidade para reformar e mobiliar oapartamento do reitor. Isso demonstra que,enquanto as universidades públicas sofremcom a falta de recursos, a burocracia univer-sitária (reitoria e uma casta de professores li-gados a ela) esbanja o dinheiro público . Éessa corja que comanda a universidade.

De forma antidemocrática, a escolhados reitores das universidades federais é fe-ita a partir de uma lista com três nomes, esubmetida ao presidente da república.

Por isso, as políticas dos governos, quedestroem o ensino público, são defendidase colocadas em prática por essa corja. Asparcerias público-privadas, fundações,ampliação de terceirizações, privatizaçãode espaços etc., são aplicadas sem resistên-cia pelas reitorias. Esta representa os inte-resses dos governos e da classe dominanteno interior da universidade, contra os inte-resses da maioria que estuda e trabalha.Não é à toa que tratam como caso de polí-cia as manifestações estudantis.

A composição dos conselhos superio-res (CONSU, etc.) expressa o caráter auto-ritário da burocracia acadêmica. Nãopodemos acreditar que nossas reivindica-ções serão atendidas por meio da simplesintervenção, numericamente insignifican-te, dos representantes estudantis dentrodessa estrutura autoritária que impõe avontade de uma minoria de professores.

O movimento estudantil tem de destruira estrutura de poder que reina na universi-dade. Por sermos maioria e não termos inte-resses corporativos (dependência econômicae relações profissionais) nosso papel é cen-tral na transformação da universidade.

Defendemos a assembléia geral univer-sitária como meio de organização e mobili-zação para avançar na destruição daburocracia e se tornar o órgão de poder nauniversidade.

A real democratização e a autonomiada universidade só serão concretizadascom seu controle por aqueles que nela es-tudam e trabalham.

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MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008 – 11

A Estatuinte não alterará a estruturaantidemocrática da universidade

Reitoria começa o debate sobre Congresso Estatuinte e já mostra os rumos que serão trilhados:mais centralização e atropelo das reivindicações estudantis.

Quem toma as decisões nauniversidade?

A estrutura de poder da USP é extre-mamente antidemocrática. Há uma cas-ta ultraminoritária que tudo decide. Aessa casta chamamos burocracia univer-sitária. À maioria resta submeter-se ou,no máximo, dar alguns palpites. Os queestudam e trabalham sequer podem es-colher seu reitor. Este é escolhido pelogovernador do estado a partir de umalista tríplice. Esses três nomes são seleci-onados através de uma votação em queos professores titulares detêm esmaga-dora maioria. Resumindo, trata-se deum processo excludente e autoritário.

Mas por que é assim a estrutura depoder da universidade? Respondemos: éassim porque a burocracia representa osinteresses da classe dominante no interi-or da universidade. Atualmente, temcomo principal atribuição impor umapolítica privatista, contrária aos interes-ses da maioria. Esta política privatistaimplica na destruição do caráter públicoe atualmente vem sendo imposta aospoucos e insistentemente na USP.

Já são muitos os serviços privatiza-dos, como os de manutenção e limpeza.Outros serviços, como o de cópias (xerox)e mesmo as lanchonetes também são pri-vadas, do que resulta para o estudante opagamento de preços abusivos. Aos fun-cionários destas empresas são impostosbaixíssimos salários e contratos precari-zados, praticamente sem direito traba-lhista algum. Aos empresários queexploram esses serviços ficam garantidasas altas taxas de lucratividade. E, sempreque pode, a burocracia se aproveita paraarrancar também algum dinheiro.

Daí a conclusão de que a luta pela ga-rantia do caráter público da universida-de deve passar também pelo combate àburocracia universitária.

Democratizar?A maior parte das correntes de es-

querda tem como bandeira estratégicapara a universidade a democratização daestrutura de poder por meio da paridadenos conselhos. Essas correntes cla-mam por uma mudança estatutária. Para

isso, levantam a bandeira de EstatuinteSoberana e Democrática, como se a buro-cracia pudesse realizar uma estatuinte as-sim. Defendem, portanto, a manutençãoda estrutura burocrática, mas com algunsremendos. Ignoram o fato de que, man-tendo-se a estrutura burocrática, os privi-légios da casta reacionária continuarãoprevalecendo e o caráter público da uni-versidade continuará ameaçado.

A atual estrutura de poder, antide-mocrática, corresponde à universidadede classe, que serve aos interesses daburguesia. Nós da Corrente Proletária

da Educação – POR defendemos a des-truição da universidade de classe e cons-trução de uma nova universidade,ligada à produção social, laica, gratuita epara todos, que só pode ser fruto de umanova sociedade, socialista. Esta universi-dade deve estar sob o controle de quemestuda e trabalha, através do GovernoTripartite submetido à Assembléia GeralUniversitária (Maioria Estudantil).

Qual função cumprirá aEstatuinte?

Há tempos que algumas correntes po-líticas - umas até reivindicam o trotskismo- defendem a bandeira de Estatuinte comoresposta à ausência de democracia na uni-versidade. Durante a ocupação da reitoria(primeiro semestre de 2007) apresentaramessa bandeira, contribuindo com a confu-são generalizada que marcou a fase finalda mobilização. A negociação ao redor daestatuinte serviu de instrumento para pôrfim à ocupação. No entanto, não perde-ram a pose e se apressaram em mostrar ocompromisso da reitoria em relação aoCongresso Estatuinte como uma das vitó-rias do movimento. À época, denuncia-mos a Estatuinte como um engodo, quenão seria capaz de transformar a estruturadecisória da universidade.

Agora, a reitoria tomou a iniciativa eantes do início das aulas já movimentasuas peças no tabuleiro. Para começar,marcou o congresso para o primeiro se-mestre. As correntes que defendem a Esta-tuinte reclamam, pedindo mais tempopara dialogar com os estudantes. A reitoraapresentou uma série de resoluções a se-

rem discutidas; a principal delas prevêmaior centralização da estrutura de poder,ficando a eleição da lista tríplice (três no-mes dentre os quais o governador do esta-do escolhe o reitor) a cargo de umacomissão super-poderosa.

Tudo isso mostra o que já dissemosanteriormente: as reivindicações dosque estudam e trabalham não passarãopor esse mecanismo burocrático. Alémdisso, quem decidirá no congresso? Aprópria burocracia. Que tipo de resolu-ção se tomará? As mais reacionárias.

Estatuinte e reformauniversitária

As estatuintes brotaram com o final daditadura militar: para a classe dominantee seus governos, era preciso adaptar asuniversidades ao novo regime político. Aconstituição do atual estatuto da USP e deoutras universidades é resultado dessasreformas. O reformismo petista assumiupara si a bandeira de estatuinte como ex-pressão da reforma da universidade semmudar seu caráter de classe, pela via danegociação com a burocracia universitáriae governos. Repetimos que não é possíveltransformar a universidade sem destruir aburocracia universitária e colocá-la nasmãos de quem estuda e trabalha. Defen-der a bandeira da estatuinte é defender avia da reforma da universidade preser-vando a burocracia autoritária e, com ela,a essência de todas as deformações passa-das, presentes e futuras na universidadede classe (burguesa).

A conquista da real autonomia da uni-versidade em relação aos governos e podereconômico só pode se realizar por meio dasoberania da Assembléia Geral Universitá-ria, e de um governo tripartite (estudantes,funcionários e professores) subordinado aela. A assembléia geral é o organismo pró-prio da mobilização. É por meio da mobili-zação e da unidade com os explorados queo movimento estudantil poderá caminharpara transformar totalmente a universida-de. Assim, a assembléia universitária émeio e fim ao mesmo tempo: ela permite aunidade na luta de todos os que estudam etrabalham já; e garante pela mobilização asoberania de suas decisões no futuro.

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12 – MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008

UEL: fim da paridade. Ataque privatista àdemocracia e autonomia universitárias

No final do ano passado, a reitoria tentou aprovar no Con-selho Universitário a proposta de acabar com a regra vigentepara eleição do reitor. Atualmente, os votos dos estudantes,funcionários e docentes são ponderados de modo a preservar aparidade entre os três setores. Em lugar disso, os grupos maisconservadores da universidade e a reitoria pretendem reduziro peso dos votos de estudantes e funcionários a apenas 15%para cada setor. A mobilização dos estudantes e funcionáriosadiou essa decisão para o inicio de 2008.

Trata-se de uma alteração reacionária. Ao invés de se avan-çar na democratização estabelecendo o voto universal, restrin-ge-se o peso eleitoral dos estudantes e funcionários. E aspropostas brotam em câmaras, departamentos e conselhos quejá são majoritariamente compostos por docentes, viciando desaída o caráter democrático da decisão. Além disso, reforçandoo autoritarismo do procedimento, sequer são fundamentadoscom argumentos nem expostos em fóruns mais amplos de dis-cussão e debates em que a opinião dos estudantes e funcionári-os possa se expressar.

É certo que a mera participação direta na eleição de um rei-tor não garante a democracia nem a autonomia universitárias.Considerando que o nome do (docente doutor) mais votadoapenas encabeça uma lista submetida ao Governador – que équem de fato escolhe–, a eleição não passa de uma consulta.Existe, além disso, uma relação estreita entre a cúpula da buro-cracia universitária (docentes) e o governo, que na prática su-bordina sempre a universidade pela natureza do vínculo – adependência das verbas diversas para pesquisa, investimentos,expansão, venda de serviços diversos, quando não de projetospolíticos eleitorais.

Apesar disso, a paridade na indicação do reitor foi umavanço se comparada à situação em que o reitor era diretamen-te indicado pelo Governador – sem mediar nenhuma consulta-,

e, com relação a outras universidades, em que a escolha é feitaapenas por um colegiado de docentes. Mediante a paridade, foipossível que as diversas posições políticas e ideológicas que ca-racterizam a universidade se expressassem na hora de escolheras autoridades, pois as diversas correntes foram obrigadas adefender suas propostas junto a funcionários e estudantes,além do segmento docente.

O fim da paridade servirá precisamente para inibir essapossibilidade e concentrar o poder nas mãos das camarilhasdocentes mais poderosas, aquelas que têm vínculo com o Esta-do mais consolidado e há mais tempo, impondo sua conduçãosobre o conjunto. Essas mesmas camarilhas, aliás, são tambémas que têm defendido a degradação do caráter publico da uni-versidade, mediante a venda de serviços, as pós-graduaçõespagas e preparam agora um pacote para que a UEL entre no ne-gócio do ensino a distância.

A autonomia universitária é impensável sem uma partici-pação decisiva dos estudantes no governo da universidade.Isso porque é o único setor para quem a universidade é um fimem si mesmo, pois lá está apenas para formar a sua personali-dade intelectual, profissional e ideológico-política. Os outrossetores, principalmente os docentes da cúpula universitária,desenvolvem vínculos financeiros, políticos e de carreirismoprofissional que os levam a degradar as finalidades da univer-sidade. A grande maioria faz da Universidade apenas seu meiode vida, um mero emprego.

A Corrente Proletária na Educação defende o voto univer-sal na escolha dos reitores, mas defende, principalmente aAssembléia Geral Universitária como a máxima autoridade, or-ganismo em que vale o princípio de “um homem um voto”. De-fendemos a urgência de organizar uma frente de luta contra ofim da paridade em que se discutam todas as propostas e se ca-minhe para a organização da Assembléia Geral Universitária.

Oportunismo do PSTU no movimento estudantilNos dias 26 e 27 de janeiro, em Salvador, o Conselho Nacio-

nal de Estudantes de História contou com 10 entidades, entrecentros e diretórios acadêmicos. Com esse quórum, o PSTU eseus aliados aproveitaram que estavam em maioria para apro-var um indicativo de ruptura com a UNE. Para eles, a luta dosestudantes de história é condicionada à construção do novoaparelho e não ao enfrentamento da burocracia estalinista/pe-tista.

O PSTU alardeou o indicativo do CONEHI nos quatro can-tos do Brasil como uma vitória do movimento de história, masescondeu seu fracasso no último Encontro Nacional de Estu-dantes de História (instância máxima) ocorrida em Cuiabá.Nesse Encontro, do qual participaram mais de 700 estudantes,a proposta de ruptura com a UNE foi derrotada depois de umintenso debate nos GDs e na plenária final. Ao contrário do queo PSTU fala, aquele resultado foi muito expressivo e represen-tativo dos estudantes de história do país. Já a manobra oportu-

nista e artificial de Salvador se opõe ao interesse majoritáriodos estudantes. O grave desse embate é que a rejeição da pro-posta de desfiliação da UNE fortalece a burocracia estalinista.O Encontro não poderia apenas dizer não ao divisionismo daConlute, mas também não à política de colaboração do PCdoBcom o governo. O POR se posicionou pela ruptura da UNE como governo e toda diretriz burguesa implantada pelo PCdoB.

Assim, a prática de aprovar resoluções a qualquer custo,ressuscitar burocraticamente executivas de cursos apenas paraaprovar sua ruptura aventureira mostra que de fato o PSTU secomporta como a burocracia da UNE. É preciso denunciarcada falsa vitória oportunista.

O divisionismo do PSTU não fortalece o movimento estu-dantil, pelo contrário, o enfraquece e abandona a grande massade estudantes que nas escolas privadas são imobilizados pelapolítica governista da direção da UNE.

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MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008 – 13

Metalúrgicos do ABC:

Burocracia acaba com eleição direta para a direçãodo sindicato

Antes, para eleger a direção do sindicato, se realizava ape-nas uma eleição, e qualquer trabalhador ou trabalhadora pode-ria se lançar candidato em uma chapa. Desta forma, a eleiçãopara a direção do sindicato acontecia de forma direta.

Em 1998, aqueles que estão na direção do sindicato criaramos Comitês Sindicais de Empresa (CSE’s) e, com eles, uma novaregra que acabou com a eleição direta para a direção do sindica-to, quando diz que só quem for eleito para os Comitês Sindicaispoderá fazer parte da chapa para concorrer à direção do sindi-cato. Com a criação dos Comitês, agora, para eleger a direçãodo sindicato, são realizadas duas eleições.

Por exemplo, nos dias 10 e 11 de março, acontecerá a primei-ra eleição para os Comitês Sindicais, onde serão eleitos direto-res sindicais em 100 empresas. Nos dias 22 e 23 de abril,acontecerá a segunda eleição, na qual somente os diretores queforem eleitos para os Comitês Sindicais poderão fazer parte dachapa para disputar a direção do sindicato. Ao definir que so-mente os diretores eleitos para os CSEs podem fazer parte dachapa para disputar a direção, a diretoria do sindicato acaboucom a democracia operária, ou seja, com o direito de qualquertrabalhador lançar-se candidato numa chapa para concorrer à

direção sindical.Aqueles que estão na direção do sindicato acabaram com a

eleição direta para tentar impedir que os trabalhadores que nãoconcordam com sua política de parceria com os patrões os retiremda direção. Os burocratas querem ficar eternamente na direção dosindicato negociando com os patrões os acordos de demissão, ter-ceirização, redução de salários e direitos dos trabalhadores.

Convocamos todos os metalúrgicos (as) do ABC para jun-

tos fazermos uma campanha permanente em defesa de elei-

ção direta para a direção do sindicato.

Nossa proposta:

Que qualquer trabalhador ou trabalhadora possa lançar-secandidato numa chapa para disputar a direção do sindicato, in-dependentemente se foi ou não eleito para os Comitês Sindicais.

Construir uma nova direção para o sindicato

A Corrente Proletária dos Metalúrgicos (POR) atua no mo-vimento sindical com o objetivo de organizar os trabalhadorespara construir as comissões de fábrica independentes, classis-tas e revolucionárias em todas as empresas. A maioria das co-

Acreditar nas nossas próprias forças e na unidadedos explorados

O governador Ivo Cassol (PPS), junto com os parlamentares,faz mais um ataque aos trabalhadores de educação estadual, cri-ando uma lei complementar de nº 420, de 09 de janeiro de 2008.Essa lei diminui a quantidade dos servidores que são liberadospara a composição da diretoria do sindicato. Em todo estado,eram liberados 28; agora, apenas 3. A liberação de dirigentes sin-dicais deve ser uma decisão de assembléia e, portanto, sujeita àrevogação pelos que liberaram. Não devemos aceitar nenhumainterferência do governo, somente que cumpra com a decisão deliberação, conforme os critérios aprovados pelos trabalhadores.

O ataque aos trabalhadores é fortalecido por meio do Plano deAceleração de Crescimento – PAC do governo Lula, que exige ocorte de recursos à educação. Não é só, pois o PAC da Educação(PDE) impõe a avaliação do desempenho ao servidor, através daqual se o funcionário faltar ao trabalho, no caso de professor, perdea gratificação de incentivo ao magistério no mês trabalhado, quecorresponde a 33% do salário; revogam uma Emenda Constitucio-nal que garantia reajuste de 10% anual para os trabalhadores.

Neste contexto, esta primeira assembléia, que aconteceu no dia08 de fevereiro, foi esvaziada. Os descontentes com as medidas go-vernamentais esperavam que fosse uma assembléia bem convoca-da, massiva e que colocasse a proposta de greve. Mas, a burocraciaconvoca a assembléia para fortalecer as ações legalistas como “so-lução” para as reivindicações dos trabalhadores em educação.

Desde o primeiro mandato, Cassol ataca violentamente os ser-vidores estaduais principalmente os da educação. Nunca atendeuas mínimas reposições salariais. Na verdade, segue a política dogoverno Lula, na medida em que congela o salário dos servidores

por mais de dez anos e apressa a reforma trabalhista.As lições da greve do ano passado devem estar presentes

entre os trabalhadores. A categoria tem na cabeça um acordofeito entre parlamentares e o governo para acabar com a resis-tência. Daí a importância das assembléias, onde as decisõessão coletivas. É o meio para conter a burocracia que dirige osindicato, que prima pelos acordos de cúpula com o governo eparlamentares.

Outra lição: nada de acreditar em promessas fáceis de pe-ríodos eleitorais. As reivindicações serão conquistadas pormeio da luta direta, decidida nas assembléias de base.

A Corrente Proletária da educação chama atenção para osseguintes pontos:

- Imediata reposição salarial dos trabalhadores em educa-ção do Estado;

- Derrubada do veto do governo Cassol contra a liberaçãodos servidores estaduais;

- Sala com no máximo 25 alunos;- Aulas de 45 minutos no turno diurno e 40 no noturno;- Abaixo toda reforma educacional privatizante do governo

Lula e seguida pelos governos estaduais e municipais;- Abaixo a avaliação do desempenho, que tem como finalida-

de punir os trabalhadores com o desemprego ou arrocho salarial;- A escola única, laica e vinculada à produção social – a esco-

la científica;- Estabilidade e emprego para todos através da escala mó-

vel das horas de trabalho (divisão das horas de trabalho com to-dos os trabalhadores em educação)

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14 – MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008

missões de fábricas e Comitês Sindicais está nas mãos dadireção do sindicato que, como sabemos, não defende os inte-resses dos trabalhadores. A direção do sindicato é aliada aospatrões e apóia o governo burguês de Lula, que defende a pro-priedade privada, a exploração da maioria (proletariado) poruma minoria (burguesa).

A direção do sindicato informou que haverá eleição para osComitês Sindicais em 100 empresas. Ao todo, serão 269 direto-res que serão eleitos nas fábricas. O grande problema é que to-dos esses Comitês Sindicais surgiram a partir de umanegociação que aconteceu entre a direção do sindicato e os pa-trões. Como é a direção do sindicato que negocia a criação dosComitês Sindicais com os patrões, também são eles que indi-cam quem fará parte dos Comitês Sindicais nas empresas. Comisso, a maioria dos Comitês Sindicais segue a política de concili-ação e parceria da direção do sindicato.

O Feijóo, presidente do sindicato, disse na Tribuna Metalúr-gica que “com o aumento dos Comitês Sindicais aumentou aorganização nos locais de trabalho, já que o sindicato saiu daporta das fábricas e foi para dentro delas”. Tudo conversa fia-da.

Perguntamos: Com a criação dos Comitês Sindicais au-

mentou a organização dos trabalhadores como diz o Feijóo?

Com a criação dos Comitês Sindicais os trabalhadores

conquistaram algum direito nos últimos anos? Não.

A direção do sindicato criou os Comitês Sindicais. As de-missões, as terceirizações, a retirada de direitos acontecem emtodas as empresas e a direção do sindicato nada faz. Ao contrá-rio, a direção sindical continua com sua política pelega, negoci-ando acordos de demissão, redução de salários e direitos comoaconteceu no ano passado na Volkswagen, onde o Feijóo, os di-retores sindicais e representantes da Chapa Um defenderam eaprovaram um acordo que permitiu a Volkswagen demitir3.600 trabalhadores até 2008, contratar trabalhadores temporá-rios ganhando um terço do salário atual, aumentar a jornada de40 para 42 horas, Banco de horas, etc. Será que é esse tipo deacordo que o Feijóo diz ser um avanço na organização dos tra-balhadores? O que os trabalhadores devem fazer com o Feijóo esua turma de traidores da chapa um? Nossa resposta: Os traba-lhadores devem expulsá-los da direção do sindicato, das co-missões de fábricas e dos Comitês Sindicais. Temos detransformar as Comissões de fábricas e os Comitês Sindicaisem instrumentos que estejam a serviço da luta dos trabalhado-res contra os patrões, contra a exploração capitalista, ou seja,que defendam as reivindicações vitais dos explorados por meioda ação direta, que estejam a serviço da luta dos operários e de-mais oprimidos pela destruição do sistema de exploração capi-talista.

O Feijóo diz que, com a criação dos Comitês Sindicais, o sin-dicato saiu da porta das fábricas e agora está dentro das mes-mas. O grande problema é que agora a direção do sindicato estádentro das fábricas defendendo os interesses dos patrões e nãoos interesses dos trabalhadores.

A tarefa colocada: Construir as Comissões de Fábricas inde-pendentes, classistas e revolucionários em todas as empresas.Nada de Comitês Sindicais manietados pela direção.

Um chamado da Corrente Proletária aos metalúrgicos(as)

do ABC.

Apresentamos abaixo algumas propostas e chamamos ostrabalhadores que concordem com as mesmas para que nosprocure e juntos possamos construir as comissões de fábricasindependente, classistas e revolucionárias em todas as empre-sas.

Consideramos importante mostrar os principais problemase as propostas que defendemos para superá-los porque destaforma deixamos claro aos trabalhadores a diferença que existeentre a política revolucionária que defendemos e a política deconciliação e parceria da direção do sindicato.

Por exemplo:

1. Que proposta devemos defender para combater as de-

missões, retirada de direitos, ameaça e fechamento das fábri-

cas?

2. Que proposta devemos defender para acabar com a rota-

tividade de mão-de-obra?

3. Que proposta devemos defender para acabar com os sa-

lários de miséria que recebem os companheiros de empresas

terceiras?

4. Que proposta devemos defender para acabar com a divi-

são dos metalúrgicos em vários grupos?

5. Que proposta devemos defender para acabar com o de-

semprego de milhões de trabalhadores?

Nossas Propostas

a) Defendemos a greve, a ocupação das fábricas e como

conseqüência da luta o controle operário da produção (fábrica

sem patrão e sob o controle dos trabalhadores), como única

forma de combater as demissões, a retirada de direitos e o fe-

chamento das fábricas.

Nossa maior tarefa hoje é fazer com que os trabalhadoresvoltem a acreditar em seu método próprio de luta, que são asgreves, a ação direta, como única forma de conquistar as rei-vindicações e combater a exploração capitalista. A direçãodo sindicato há muito tempo não defende a ação direta, asgreves e passou a negociar com os patrões acordos de demis-são, redução de salários e direitos. Essa política contínua detraição fez com que muitos trabalhadores deixassem de acre-ditar na greve. Temos de mostrar aos trabalhadores que oproblema não está na greve. O problema está na política pe-lega da direção do sindicato que faz de tudo para que a grevenão seja vitoriosa.

b) Campanha salarial unificada. Fim da divisão dos meta-

lúrgicos em grupos. Pauta única de reivindicação. Piso salari-

al de R$ 2.500, 00 (salário mínimo vital a todos os

trabalhadores). Assembléia geral para unificar a luta. Comba-

ter o desemprego defendendo a divisão das horas necessárias

para produzir nacionalmente entre todos os trabalhadores,

empregados e desempregados, sem redução nos salários (es-

cala móvel das horas de trabalho).

c) independência do sindicato em relação aos patrões, o esta-

do e seus governos de plantão. Nenhum apoio ao governo bur-

guês/Lula. Unidade de operários, camponeses, estudantes e

demais oprimidos para derrotar nas ruas com o método da ação

direta as medidas do governo contra os trabalhadores. Defender

as reivindicações vitais das massas exploradas. Nenhuma co-

brança de impostos sobre os salários dos trabalhadores.

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MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008 – 15

Nesta edição:• Bolívia: O governo do MAS está es-

gotado• “A Constituição Política do MAS não

põe em risco a democracia burgue-sa”

Comitê de Enlacepela Reconstruçãoda IV Internacional

Artigos do Cerqui

Bolívia

O governo do MAS está esgotadoTal como o POR predisse,

o governo do MAS, reformis-ta pró-burguês, se esgotourapidamente.

Podemos comprovarque, a pouco mais de 2 anosde governo, já deu tudo oque podia dar, ou seja, prati-camente nada.

Sua nacionalização é umafarsa. Com a suposta socie-dade com as multinacionaisque exploram o gás, manteveseu controle sobre a produ-ção. YPFB não tem capacida-de alguma para dirigir aprodução. Enquanto isso, co-missões de alto nível do go-verno negociam com o Brasil e aArgentina a revisão dos contratos de ex-portação de gás, porque não estamos emcondições de cumprir com os mesmos. Arazão: as multinacionais não desenvol-veram novos poços e estamos necessi-tando delas para poder aumentar aprodução.

A Constituinte que devia, segundoos masistas, “transformar” pacifica-mente o país no marco da “cultura dodiálogo” (outra enganação dos indige-nistas puxa-sacos da burguesia), boico-tada pela oposição direitista, pariu aostropeções um projeto de Constituiçãoburguesa (que consagra a propriedadeprivada burguesa) sem nenhumatranscendência. Seu destino dependede quem se imponha na que-da-de-braço entre o governo e a oposi-ção direitista.

Evo disse que, porque deu o bônusJuancito Pinto para os estudantes do

primário e o bônus Dignidade aos ido-sos, “depois de tantos anos por fim fize-mos a revolução social”. A isso se reduzo conceito de revolução social do índioimpostor.

Revolução Social quer dizer trans-formar as bases da estrutura socialpara construir uma nova sociedadequalitativamente diferente. Acabarcom a propriedade privada sobre osmeios de produção, base da exploraçãocapitalista, e implantar a propriedadesocial, de modo que a riqueza social,produto do trabalho humano, seja detodos e para todos e não para uns pou-cos exploradores.

Para os explorados não existe nemesperança de solução dos seus proble-mas mais vitais: SALÁRIO MÍNIMOVITAL com ESCALA MÓVEL (que o sa-lário seja suficiente para viver digna-mente e se reajuste conforme a inflação),TRABALHOS PERMANENTES para os

DEMITIDOS (isto supõedesenvolvimento produ-tivo), TERRA para osCAMPONESES (estanca-dos no minifúndio im-produtivo oubarbaramente explora-dos como peões nos lati-fúndios do oriente),SAÚDE e EDUCAÇÃOÚNICAS, GRATUITAS eUNIVERSAIS etc.

Mas, enquanto os ex-plorados, como todos osanos, apodrecem com aágua até a cintura, pro-duto das inundações, ogoverno impostor e a di-

reita fascista continuam com a queda debraço pelos recursos públicos; o primei-ro para consolidar suas pobres reformas,os segundos para se constituírem nos re-izinhos de suas regiões (autonomias de-partamentais).

AOS EXPLORADOSCORRESPONDE:

Derrotar a conspiração fascista da di-reita nas ruas (nada de negociações,nada de referendos revogatórios paracontinuarem nos enganando), Evo é in-capaz de enfrentar seus patrões.

O governo impostor deve ser jogadono lixo porque não serve para nada.

NOSSA RESPOSTA:Retomar a estratégia revolucionária

própria da classe operária:Governo Operário e Camponês, Re-

volução Socialista.

Extraído do “Masas” boliviano nº 2069

de 15/02/2008

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16 – MASSAS – de 18 de fevereiro a 04 de março de 2008

Bolívia

“A Constituição Política do MAS não põe em riscoa democracia burguesa”

Tal afirmação foi dita por MiguelInsulza, Secretário-Geral da OEA, e nãoé falsa. A Constituição do MAS se orien-ta para consolidar o regime capitalistanos marcos políticos da democracia bur-guesa, opinião com a qual, seguramente,compartilham muitos políticos burgue-ses da mesma espécie de Miguel Insulzana América e Europa. Não é um descui-do ou negligência do embaixador nor-te-americano que até hoje não realizounenhuma crítica sobre o caráter antide-mocrático da Constituição aprovada pe-los constituintes do MAS. E a razão éuma só: os norte-americanos comparti-lham da mesma opinião do Secretá-rio-Geral da OEA.

Alheio à miséria e aos interesses regi-onais da burguesia boliviana, Insulza émais objetivo e reconhece o que a bur-guesia boliviana se nega a reconhecer:que a Constituição masista não sai “dosprincípios básicos de qualquer democra-cia”. Ante uma declaração que avalia ocaráter burguês e democrático da novaConstituição, Tuto Quiroga e toda a opo-sição burguesa, incluindo os represen-tantes da oligarquia crucenha (de SantaCruz), se sentem traídos e se lançam con-tra o Secretário-Geral da OEA, e o insul-

tam considerando-o um títere de HugoChávez. Pelo visto, as declarações deInsulza foram um balde de água fria emcima das pretensões políticas da oposi-ção burguesa, chegando ao extremo doGovernador Rubén Costas publicar umanúncio de uma página no qual não con-segue desmentir Insulza, ou seja, nãoexiste um argumento que demonstreque a Constituição do MAS atente ouafete qualquer um dos “princípios bási-cos de qualquer democracia”. A únicacoisa que faz é repetir sobre a ilegalidadede sua aprovação.

A conseqüência da política burguesafascista e racista de PODEMOS e a oli-garquia crucenha com relação à Consti-tuição masista é única: agrava seuisolamento internacional, o que favoreceo governo do MAS. A oposição burgue-sa, tão afeita à intervenção estrangeiranos assuntos internos do país, pode re-correr à OEA, mas em sua estupidez bur-guesa vai receber um novo revés.

Além do mais, para os políticos bur-gueses, a exemplo de Insulza, o grandemérito de Evo Morales e do MAS foi o dehaver submetido as massas, particular-mente a camponesa, e as direções sindi-cais ao regime burguês. Em nome de ser

um governo que responde às organiza-ções sociais, anulou as direções sindicaismediante propinas, cujos dirigentes es-tão mais interessados em conseguir parasi próprios algumas vantagens materia-is, e isto estão conseguindo, ao não reali-zar uma política que responda aosinteresses da classe operária. Na realida-de, o clima de convulsão social no país éo resultado do enfrentamento entre aoposição burguesa e o governo, ou seja,é o enfrentamento das oligarquias bur-guesas regionais de caráter fascista eracista com os camponeses e indíge-nas nos marcos da política burguesapró-imperialista. Politicamente, a pers-pectiva operária está ausente. É a oligar-quia burguesa fascista e racista que querderrubar o governo pró-burguês “cam-ponês” do MAS, sem se importar com otrabalho de Evo Morales e do MAS emfavor do regime capitalista e da demo-cracia burguesa. Uma de suas expres-sões menores é a Constituição, aprovadapelos constituintes do MAS. Trabalhoconspirativo que não consegue obter umrespaldo internacional, uma de suas ma-iores debilidades.

Extraído do “Masas” boliviano nº 2069,

de 15/02/2008

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