revista_ilust_3

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    Neste nmero:Lelis

    Brad HollandIriam / Ilustrao Cientfica

    Orlando PedrosoJayme Cortez

    BaptistoRogrio Vilela

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    Revista Ilustrar est aumentando, e comela o volume de informao, com participaes de peso.

    Depois de quase 4 meses de contatos, finalmente terminamosuma longa e surpreendente entrevista com ningum menosque Brad Holland, uma lenda da ilustrao americana e mundial.

    a primeira vez que Brad Holland d uma entrevista para o Brasil,e exclusiva para a Revista Ilustrar.

    A seo 15 Perguntas tambm acabou sendo uma surpresa,com nmeros impressionantes de um grande ilustradore uma fera empresarial, Rogrio Vilela.

    Lelis d um banho com suas aquarelas, Batisto esbanjaenorme talento no seu passo a passo e Orlando Pedrosoarrasa quarteiro no sketchbook.

    E na seo memria conseguimos resgatar originaisprecisosos e raros (sim, foram mesmo os originais que

    conseguimos) de um dos maiores mestres da ilustraono Brasil: Jayme Cortez.

    Como se no bastasse, a revista ainda ganha de presente trsdedicatrias ilustradas exclusivas, de Rogrio Vilela, Lelis e Brad Holland.

    Como diria o ilustrador Faoza, essa edio est um biscoito fino.

    Abraos,

    Foto:

    arquivoRicardoAntunes

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    revistailustrar

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    om uma aquarela delicada mas muitoexpressiva, Marcelo Lelis tem conquistado osprincipais prmios nos maiores sales de

    ilustrao de humor do Brasil.

    Isso depois de ter sado da pacata cidadede Montes Claros, no norte de MinasGerais, indo para Belo Horizonte para

    trabalhar no jornal O Estado de Minas.

    De l foi para So Paulo, diretopara o jornal Folha de So Paulo,

    trabalhando por 6 anos.

    Volta a Belo Horizante e ao

    jornal anterior, onde est desde2006, intercalando o trabalho

    no jornal com ilustrao paralivros infantis e juvenis.

    Depois de ter escrito dois livros, recebeu a propostada editora franco-belga Casterman para um lbum de

    histria em quadrinhos com 120 pginas, com previsode lanamento para setembro de 2008.

    A seguir, a aquarelas de Lelis.

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    Foto

    :arquivoLelis

    Lelis

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    Qual a sua formao e quais os materiais que utiliza nas ilustraes?

    Sou autodidata. Por uma questo dedesafio pessoal, somente aquarela sobre papel,sem intervenes digitais.

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    Quais as reas em que mais tem atuado atualmente?

    Atualmente sou ilustradordo jornal Estado de Minas aqui em Belo Horizonte e estoutrabalhando num grande lbum de quadrinhos para a editora franco/belga Casterman.

    Alm disso, quando estou mais folgado, ilustro livros infantis e juvenis para editoras.

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    Como costuma ser o processo de criao a partir de uma encomenda?

    A primeira coisa ver a minuta do contrato pr ver se h tens horripilantes.

    Depois de vencida essa enormebatalha inicial em que h idase vindas interminveis, comeao trabalho de esboodas imagens.

    Aprovados os esboos,

    no tem muita cerimnia: tinta!

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    Foto:

    arquivoBradHolland

    2008BradHollan

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    m 1943 nascia nos EUA,Bradford Wayne Holland, aquele queviria a ser um dos mais respeitadosilustradores dos Estados Unidos, econsiderado por muitos como um dosmais importantes ilustradoresamericanos vivos.

    Do seu estdio em Nova York, BradHolland construiu uma slida carreira,

    em especial no mercado editorial.

    Membro do New York Society ofIllustrators, Holland um grandedefensor da preservao dos direitosde criao na propriedade intelectual.

    A seguir, uma longa e surpeendenteentrevista que Brad Holland concedeu

    exclusivamente para a Revista Ilustrar.

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    PERGUNTA: Revista Ilustrar Quais so as tcnicas que voc utiliza no seu trabalho?RESPOSTA: BRAD HOLLAND Para grandes trabalhos eu uso leo. Para coisas rpidas, uso acrlica. Tambmdesenho a nanquim, pastel e carvo para sketchbooks. Quando entrei para a profisso, disseram-me que euno devia fazer isso. Supostamente voc deveria usar uma tcnica, e supostamente este seria o seu estilo.

    P Como voc define a diferena entre a sua tcnica e o seu estilo?R Bem, tcnica como voc usa um meio. Estilo como voc usa a sua personalidade.

    P - Voc quer dizer que como voc expressa a sua personalidade no seu trabalho?R - Exato. Por exemplo, em acrlica, eu seco o pincel e aplico em sucessivas camadas. Isto tcnica. Estilo o que acontece quando voc no est pensando no estilo e o jeito de desenhar ou pintar vem naturalmente.

    P Voc sempre fez esta distino entre tcnica e estilo? Mesmo no comeo da sua carreira?R Sim, mas quando eu comecei, o tipo de trabalho que eu fazia era pouco comum para o mercado

    homens acorrentados a ncoras ou pessoas com cabeas de aves, coisas desse tipo. Os editores no sabiammuito bem o que fazer com isso. Ento eu pensei que teria mais chance de ter meus trabalhos publicadosse eu tivesse uma tcnica simples algo que no fosse muito caro para reproduzir. Assim, eu limitei meusprimeiros trabalhos a desenhos em preto e branco. Depois, quando tive este trabalho estabelecido nomercado, comecei a fazer trabalhos com cores tambm.

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    P Como os diretores de arte reagiram a isso?R Bem, como eu disse, comercialmente, no se deveria mudar de tcnica. Isso me tirou muitotrabalho. Todo mundo dizia que isso atrapalharia minha carreira. Eu comecei a receber telefonemasde diretores de arte perguntando se haviam dois Brad Hollands e qual deles eu era. Da, eucomecei a escrever artigos e as pessoas pensaram que haviam trs! Acho que eles no pensavamque artistas podiam escrever. Depois, comecei a fazer desenhos em pastel. Num estilo muitoprprio.

    P Ento eles achavam que haviam quatro Brad Hollands?R No, eles acharam que eu tinha um filho pequeno que estava fazendo meu trabalho.No final das contas, acho que a maioria das pessoas se acostumaram ao fato de uma pessoa poder fazermais de um tipo de coisa. Hoje, eu vejo pessoas mudando de tcnicas o tempo todo.

    P Olhando para a sua carreira, quem influenciou o seu trabalho?R Todos e ningum.

    P Quero dizer, artisticamente. Que artistas o influenciaram?

    R Bem, um artista um acumulado de impresses e sensaes. Muito do que voc registra das suasexperincias, fica enterrado na sua cabea e aparece de tempos em tempos. E quando voc precisa deuma imagem, de repente ela aparece do nada.

    P Ok, ento voc se refere influncia da experincia. E sobre a influncia dos artistas?R claro que a forma que voc d s expresses sempre influenciada por outra arte. Mas se vocno tem uma ligao direta com a sua criatividade interior, voc vai acabar por copiar trabalhos de outraspessoas.

    P Estas influncias evoluiram atravs dos anos?R Claro. E a cada estgio voc joga fora qualquer parte de cada influncia que no seja verdadeirapara voc enquanto retm e constri sobre a parte que verdadeira.

    P Pode desenvolver mais?R Bem, os estgios do seu desenvolvimento so construdos dentro da sua embriologia psicolgica. como a evoluo: Por trs da parte do seu crebro que voc faz aritimtica e imagens e palavrascruzadas, voc ainda tem o crebro de uma cobra.

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    P Uma metfora interessante. Quer falar mais um pouco sobre isto?R Quando era jovem eu faziatiras de quadrinhos.Hoje, eu no gostaria de fazer, mas todasque eu fiz so parte dos trabalhos que eu fao. o equivalente artstico do meu crebro decobra.

    P Num artigo da Print Magazine, o autor Steven Heller lista N. C. Wyeth, EdwardHopper, Leonard Baskin, Roland Topor, Goya e Heinrich como influncias chave.R Todos estes foram. Mas ele deixou de fora Hokusai, Ben Shahn e Diego Rivera, provavelmenteminhas maiores influncias.

    P E como cada um deles influenciou voc?R Do Ben Shahn eu aprend que voc pode reinventar figuras ao invs de desenhar realisticamente;de Hokusai aprend a economia de estilo; de Rivera aprend como dar s figuras um tipo devolume renascentista.

    P Todos eles com excepo de N. C. Wyeth foram artistas. Voc no foi influenciadopor ilustradores?R No. Eu nunca fui apaixonado por ilustrao.

    P Isso no pouco usual? Para citar Heller novamente: No ironico que (Holland)tenha escolhido falar atravs da ilustrao, talvez a mais difcil forma de arte para

    transmitir um pensamento individual.R Bem, ns vivemos num tempo dominado pela comunicao de massa. S faz sentido trabalharem lugaresonde aspessoas vejamo seu trabalho.Mas eu nuncaquis ilustrarartigos. Eupensei quepodia fazerquadros, depois

    cas-los com otexto.

    P O quevoc querdizer comcas-los com otexto?R Imagine que voc um editor. Voc trancaum redator numa sala eum artista em outra.Depois voc d para osdois o mesmo trabalho.Um escreve um artigosobre o assunto, o outrodesenha uma imagem.Da voc casa os dois e espera que ocasamento d certo.

    P esse o modo quevoc aborda sua arte?R Sim. Eu nuncaentend porqu uma

    forma de expresso temque duplicar outra.

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    P Heller diz que esta sua abordagemtem mudado radicalmente apercepo de ilustrao. Ele escreveu Antes de Holland se estabelecer... asrevistas americanas e a publicidadeeram dominadas pela fotografia.Holland no s desbravou um caminhoconceitual para uma fase decorativada ilustrao americana; ele fez isso

    contra uma forte resistncia.R Ele est certo. Como eu disse: nocomeo a maioria dos editores no entendiao que eu estava fazendo. Eles noconcebiam que as imagens viessem comos artigos, ento alguns assumiram queeu no dominava a arte de ler.Elespensavam que isto era a razo porqueminhas imagens eram to diferentes. Maseu no posso culp-los. Eles estavamacostumados a ter ilustraes literais paraos seus artigos e eu estava trazendoimagens de pessoas com cobras saindodas suas cabeas, ou um executor numacadeira de rodas. Um diretor de arte disseque eu no precisava de um editor, euprecisava de um terapeuta.

    P Qual voc diria que foi o seuprimeiro triunfo?R Quando um dia eu entrei no antigoprdio da Playboy em Chicago e deixei meuportfolio. Voltei no dia seguinte para pegarde volta, esperando que me expulsassemde l. Ao invs disso,

    Art Paul, o diretor de arte, pediu-me paracolaborar com um trabalho todos os meses.

    P Que tipo de trabalho voc fez para eles?R Desenhos, todos os meses para uma sesso chamada Ribald Classics. Eu chamava de

    Dirty Fairy Tales (N. de traduo: Contos de Fadas Sacanas).

    P E para isso voc fezR Imagens sacanas, sim fiz! Eu tinha sado do colegial h apenas 2 anos, ento isso foi muito divertido.Uma vez, eu estava no estado do Arkansas que a minha terra natal, e sa para comprar a Playboy paraver meu trabalho. O vendedor disse que no venderia para mim. Disse que eu era muito novo e que eutinha que ter uma autorizao da minha me.

    P E ela deu?R Voc est brincando? Minha me no gostaria de me ver com uma Playboy tanto quanto no gostavados meus desenhos.

    P Ento, como voc foi da Playboy para o New York Times?R Uma vez que eu tinha trabalho regular da Playboy, eu estava mais ou menos seguro. A Playboy era,naquele tempo, a revista que melhor pagava no mundo, assim com uma imagem por ms eu ganhava todoo dinheiro que precisava para viver. Isso me deu tempo para trabalhar para muitos jornais hippies.

    P Tais comoR Rat, Screw, The New York Ace. Estes iam saindo de vrias garagens do Lower East Side. Steven Hellerera diretor de arte de metade deles. Mas um rapaz chamado JC Suares dirigia o Screw e o New York Times

    simultaneamente. Ele viu as coisas que eu fazia para a Playboy e para os jornais hippies e levou um montede trabalhos meus para o Harrison Salisbury. Harrison era o editor do Times que estava apenas comeandoa pgina Op-ed (abreviatura de Opposite editorial que geralmente feito na forma e contedo deeditorial, porm representa a opinio individual de um colaborador afiliado ou no ao jornal, neste caso).

    2008 Brad Holland

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    P Citando Steve Heller novamente: Holland queria ilustrar ideias mais do que iluminarpalavras, e somente o desenvolvimento de uma nova linguagem imagtica poderialibert-lo das tradies restritas da ilustrao. Seu lxico visual, uma mistura iconogrficauniversal e representao subjetiva, ajudaram a definir o estilo da Op-ed do NewYork Times.R Sim em retrospecto mas na poca isso era muito controverso. No incio dos anos 70,havia um artigo na New York Magazine chamado All the News thats Fit To Befuddle. (Nota datraduo:Todas as notcias que Confundem)

    P Befuddle (Nota da traduo: Confuso)?R Sim. Confuso. O artigo era sobre os desenhos que saam no New York Times. Dizia (euconsigo citar de memria): Alguns leitores dizem que mil anos de pesquisa no seriam suficientespara tornar estas imagens inteligveis que algo que eu devo falar sobre essa frase emparticular, a propsito mas o que o autor tentava dizer mesmo que ele no fosse bom escritoro bastante para dizer isso simplesmente era que muitas pessoas achavam minhas imagenssem sentido. Como se eu estivesse gozando das pessoas. A opinio dele era que ilustradoresdeveriam ilustrar. Muita gente partilhava desta opinio especialmente editores.

    P E voc pensava que imagens deveriam andar pelas suas prprias pernas?R Bem, s se elas tivessem pernas. Eu no tinha problema se outras pessoas queriam ilustraesliterais. Eu que no queria fazer nenhuma.

    P Que outras formas de arte, alm de visuais influenciaram o seu trabalho?Filosofia, literatura? Heller acrescenta que voc foi tambm influenciado por filsofos

    como BertrandRussel, ArthurKoestler eLoren Eisley. Eele escreve:Algum podedizer queHolland elemesmo umfilsofo

    confinado numcorpo deilustrador.R - Eu sempreachei que algumestava trancado l. De vezem quando, eu sinto eletentando sair.

    P Mas voc v as suasimagens tentando fazerafirmaes filosficas?

    R No algo que eupense quando estoupintando. Eu s tento prnarizes no lugar certo e onmero certo de dedos nasmos. Heller talvez tenhaa ideia de uma revistaalem que uma vez mechamou de um ilustradormetafsico americano. Eugosto disso; esta foi nova.Depois disso, achei quegostaria de ser listadocomo um metafsico naagenda telefnica imagine o tipo de trabalhosque isso traria.

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    P Na pesquisa e desenvolvimento de novos conceitos, quais so as suas fontesmais produtivas?R Meu humor intelectual.

    P E o que mais?R Meus sketchbooks.

    P Na fase de produo de uma imagem, o trabalho manual em si, o que vocaprendeu sobre manter suas imagens novas e contemporneas?

    R O que eu aprendi no tentar. Eu comeo uma imagem como se eu nunca tivesse pintadoantes. Se isso no me mantiver novo, nada o far.

    P Qual o seu processo de criao? Voc segue sempre uma orientao especficade clientes ou tem liberdade para desenvolver seus projetos?R Bem, clientes geralmente me chamam porque querem o tipo de imagens que eu fao.Por isso, no difcil dar-lhes o tipo de imagens que eles querem.

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    P Quando, na sua carreira, voc comeou a ter este tipo de liberdade?

    R Eu sempre controlei meu prprio trabalho. Sempre fabriquei a mim mesmo, sempre fiz imagens dasminhas prprias ideias, tomei minhas prprias decises. Cometi meus prprios erros. Mas claro, comeceipor criar um nicho para mim mesmo. Quando comecei, decidi que faria s minhas prprias idias e nuncafaria mudanas para ningum. Nesta altura, isso custou-me muitos trabalhos, mas eu consegui umareputao por fazer um certo tipo de imagens. Da, as pessoas comearam a me chamar para fazer aqueletipo de imagens. Isso deu-me muito controle desde o comeo.

    P Qual a sua sugesto para os ilustradores brasileiros, para que possam se defender dainvaso dos bancos de imagem?R Primeiro, que no dem suas imagens para um banco. Bancos de imagens no so agncias, soconcorrentes. E porqu voc daria aos concorrentes o trabalho que eles precisam para tirar os seusclientes? Em segundo lugar, arquive seus trabalhos e deixe-os disponvel num site ou atravs de um portal

    onde voc possa negociar seus prprios valores. Terceiro, junte-se a outros artistas para proteger seusdireitos. Isso muito importante. Veja o que aconteceu aos roteiristas de Hollywood. Eles entregaramseus direitos nos anos 30 pelo direito de sindicalizao. Quando eles entregaram seus direitos, elesentregaram o controle artstico sobre as suas obras.

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    P So muito conhecidos osseus esforos pelos direitosdos ilustradores profissionais.Como voc v que o cliente eo ilustrador tm mudadonestes ltimos anos, natentativa de manter nossasnegociaes num padro dequalidade, assim como

    contratos, valores e questesde propriedade?R A internet trouxe ummomento decisivo na histria daarte. A maneira comopercorremos as mudanas queesto vindo nos prximos anosdeterminaro como os artistasiro cobrar nos prximos cemanos. Esta a nica razo porqueeu me envolv nisto. Eu no gostode briga, mas nem sempre voc

    escolhe as suas lutas. Aqui estocomo as coisas tm mudado:

    No passado, ns licencivamosnosso trabalho atravs derelaes diretas com nossosclentes. Eles licenciavam o usode uma imagem para um usoespecfico e pagavam um preoespecfico por isso. Normalmentens cedamos os direitosprimrios. Ficvamos com osdireitos secundrios ningumpensava que elas valeriam mais.Mas agora, com a internet, todosvem estes direitos secundrioscomo uma maior fonte de lucro.

    Assim, se tornaram num leilo de preos para quem quiser control-las.

    Os bancos de imagem vem que na Era da Informao, o trabalho criativo ser como carros e widgetsna Era Industrial. Ento, os ricos como Bill Gates (que dono da Corbis/Getty Images banco de imagem)quer deter os direitos de arte o mais possvel. Agora mesmo eles esto perdendo enormes somas dedinheiro licenciando arte para editoras porque esto virtualmente dando a preos predatrios. Eles tmque fazer isso para pr os clientes longe dos artistas. Eles sabem que se eles puderem prender editorassuficientes, eles podero tirar artistas suficientes do negcio; ento podero contratar jovens artistas

    para trabalhar para eles sombra de um contrato por trabalho. Assim, possuiro direitos para todos ostrabalhos futuros que eles licenciarem e isso os deixar subir os preos. Se forem bem sucedidos, issomudar o mercado totalmente. Getty e Corbis poderiam se tornar como os antigos estdios de Hollywood.Bill Gates poderia ganhar mais dinheiro com a Corbis do que com a Microsoft. Se os artistas queremcompetir a esta escala, deveriam tentar criar o que eu chamo de Copyright Bank.

    P Pode explicar o que significa isso?R Claro. Um Copyright Bank seria um banco normal, s que que voc depositaria l os seus direitosao invs de dinheiro. Os direitos continuariam a ser seus; voc poderia continuar fazendo negcios comofaz agora, exceto que o Copyright Bank poderia negociar melhor por todos os detentores dos direitos,os artistas. No uma ideia nova. A primeira coisa parecida com esta comeou em Paris em 1878 porVictor Hugo. Chama-se Association Litteraire et Artistique Internationale. Nos Estados Unidos, compositores

    comearam algo similar em 1914. Chama-se ASCAP, American Society of Composers, Authors andPublishers. Procure no Google. Se artistas puderam se juntar para comear algo como a ASCAP, pensoque os artistas no futuro tero grande poder de negociao no mercado. Se no, se tornaro artistas derua nos pases do terceiro mundo.

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    8BradHolland

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    P Olhando para a sua carreira e com toda a experincia hoje, qual seria a razo paravoc dizer vale a pena ser ilustrador?R Bem, eu no tenho a certeza se diria desta maneira. Ilustrao uma palavra antiga. Umapalavra em desuso. Vem de um tempo em que artistas ilustravam coisas. Ns mudamos isso.Muito do que fazemos hoje mais do que um comentrio grfico, embora esta seja uma formapretensiosa de dizer e eu no a usaria tambm. Mas mais certeira. Uma ilustrao ondevoc l algo e que ilustra o que voc l. O que muitos de ns fazemos hoje pr-literrio. Voctrabalha a partir do mesmo ponto de partida como um escritor, mas entrega um ponto de vistacomo imagem ao invs de um artigo. difcil de chamar isto de ilustrao.

    P Ento como voc se chamaria?R Eu nunca frequentei escola de arte ou faculdade, por isso nunca tive que me definir pelasaulas que tive. E nunca tive um carto de visita, ento nunca tive que me chamar de qualquercoisa. Mas se voc se intitula ilustrador, os crticos iro definir voc por aquilo que voc no .

    P Ou seja, no arte, no ilustraoR Sim. Eu sempre achei que era um engano chamar a ns mesmos ilustradores. Isso s ds pessoas uma razo para fortalecer um velho clich. Talvez se nos chamssemos artistaspopulares, ento os crticos teriam que dizer, isso no arte, isso arte popular. Assimteramos os crticos onde os queremos.

    2008BradHolland

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    Para saber mais sobre esforos para unir ilustradores nos Estados Unidos, aqui esto alguns links adicionais:

    Uma Declarao de Unidade por 12 organizaes de ilustradores americanos: apresentado por Brad Hollandpara a Assemblia Geral da Conferncia da Federao internacional de 2006 da Organizao dos Direitosde Reproduo em Aukland, New Zeland:

    http://illustratorspartnership.org/downloads/AIP_Coalition_White_Paper.pdf

    First Things about Secondary Rights by Brad Holland, Columbia Journal of Law and the arts, publicadopela Columbia University School of Law:

    http://illustratorspartnership.org/downloads/Holland_ColumbiaLawJournal.pdf

    Webcast: Steven Heller entrevista Brad Holland:

    http://www.core77.com/blog/broadcasts/core77_broadcast_brad_holland_on_intellectual_property_interviewed_by_steve_heller_6714.asp

    Para ler sobre a American Society of Composers, Authors and Publishers (ASCAP): www.ascap.com

    Para ler sobre Association Litteraire et Artistique Internationale (ALAI): www.alai.org

    2008 Brad Holland

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    or ser uma rea pouco conhecida, ailustrao cientfica muitas vezes vista comouma rea fechada exclusivamente a cientistas,o que no verdade.

    Justamente para promover e divulgar mais a

    rea da ilustrao cientfica, o grupo UNIC, umgrupo bem organizado de ilustradoresespecializados na rea est organizando o IIEncontro Nacional Sobre Ilustrao Cientfica, queser realizado entre os dias 16 e 18 de julho,em Curitiba, Paran.

    Aberto a todos os ilustradores, cientistas ou no.

    Saiba mais com informaes da ilustradorae cirurgi Iriam Starling, uma dasorganizadoras do evento.

    Foto:

    arquivoIriamStarling

    Iriam Starling

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    Cibele Santos

    Ilustrao cientfica tem o enfoque na riqueza e preciso da informao visuale usada em trabalhos cientficos, pesquisas e ensino, alm da divulgao dacincia de modo geral.

    Ela pode ser bem simples, at mesmo esquemtica, ou muito elaborada, retratandodetalhes em imagens realistas ou hiper-realistas.

    Devido ao rigor tcnico exigido e ao conhecimento especfico da rea da cincia, muitosprofissionais costumam se especializar em uma das modalidades de ilustrao cientfica.

    Embora os modelos biolgicos e ambientais (como na medicina, odontologia; entomologia,botnica, zoologia, biologia em geral; paleontologia, arqueologia, entre outros) sejammais comumente representados, a ilustrao cientfica pode englobar diversas profissesligadas ao desenvolvimento tecnolgico, como fsica, qumica, eletrnica, etc.

    A ilustrao cientfica utilizada em livros didticos, jornais, revistas, peridicos emgeral e em material publicitrio de empresas que atuam no meio cientfico e acadmico.

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    A Unio Nacional dos Ilustradores Cientficos formada por uma equipe deilustradores cientficos, a maioria profissional.

    hoje o nico frum organizado de discusso e divulgao da ilustrao

    cientfica no pas.

    A UNIC surgiu a partir de discussesna comunidade IlustradoresCientficos do Orkut, iniciadaspelo Rogrio Lupo, emabril de 2006.

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    Eduardo Parentoni Brettas

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    Inicialmente pretendia-se fazer um encontro informal para se discutir a construo deuma instituio que pudesse congregar os ilustradores cientficos, mas conseguiu-se umaparceria com a UFMG, atravs de um de nossos colegas.

    Assim, em novembro, foi realizado o I Encontro Sobre Ilustrao Cientfica em BeloHorizonte e a I Exposio Itinerante.

    Nesse meio tempo foi montado um grupo de discusso para facilitar a integrao dos

    membros e o planejamento dos eventos.

    Depois do I EBIC, foi organizado um grupo Gestor que no s norteia os trabalhos,mas tambm bota a mo na massa.

    Diana Carneiro

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    Ftima Zagonel

    Iriam Starling

    O tema para o II EBIC Ilustrao Cientfica e

    preservao da natureza.

    No apenas por que esse umassunto na moda, mas por queos ilustradores cientficos, aolongo da histria dahumanidade, tm sepreocupado e contribudo paraa preservao da natureza.

    Conhecer para preservar mais que uma frase de efeitoou um slogan, mas a mais puraverdade e, mais que isso, umanecessidade.

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    O plano promover um encontro a cada 2 anos. O tema e o organizador, bemcomo a cidade sede para o prximo encontro so definidos ao final de cada evento.

    J existem algumas idias que esto sendo discutidas para o prximo encontro,mas que ainda no foram definidas.

    Leandro Lopes

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    Cibele Santos

    Renata Cunha

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    Rogrio Lupo

    Ftima Zagonel

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    H um grupo de discusso no Yahoo, mas somente para profissionaisda rea ou aspirantes:http://ilustracaocientifica.multiply.com

    H tambm uma pgina da entidade:

    http://br.groups.yahoo.com/group/ilustradorescientificosbr

    E aqui a pgina do Encontro com a programao e orientaes para inscrio:www.cibp.com.br/ebic

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    Eduardo Parentoni Brettas

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    Foto:arquivoBlogIlustraBrasil

    OrlandoPed

    roso

    lm de ilustrador ecartunista (e tambm membroda diretoria da SIB - Sociedadedos Ilustradores do Brasil),Orlando Pedroso tambm um

    grande artista plstico, rea emque tem dedicado parte de seutempo, com exposies pelo Brasil.

    Do tempo dividido entre o trabalhocomo ilustrador e artista plstico, sodesenvolvidos intensivamente estudose esboos de uma qualidade artsticae expressividade enormes.

    Alguns exemplos do sketchbook deOrlando podem ser vistos agora, naspginas seguintes.

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    difcil definir o trabalho deJayme Cortez, pois adjetivos no faltam.

    Ele foi um dos mais brilhantes,talentosos, influentes e criativos artistasque j atuaram no Brasil.

    E como muitos de uma gerao,tambm ele era estrangeiro, vindo de

    Lisboa, Portugal, mais tarde senaturalizando brasileiro, e trazendo com

    ele toda uma revoluo na forma de sedesenhar e pensar em ilustrao.

    Nascido a 8 de setembro de 1926 emLisboa, foi autodidata, e seus primeirostrabalhos foram publicados em 1944 narevista portuguesa O Mosquito.

    Foto

    :arquivoEdnaCortez

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    Em 1947 vem para o Brasil,desembarcando no portode Santos e se fixando emSo Paulo, logo comea apublicar tiras para o jornalDirio da Noite.

    Um ano depois casa-se coma brasileira Maria EdnaMartins. Na mesma poca,trabalhou com Messias deMello na Gazeta Juvenil atcomear a trabalhar paraa editora La Selva.

    Esse foi um momento

    marcante para JaymeCortez e para o mercadode histrias em quadrinhosno Brasil.

    Nessa poca os EstadosUnidos viviam o perodo domacarthismo e sua aperseguio a tudo o que

    era considerado subversivo,incluindo histrias emquadrinhos com temasconsiderados imprprios.

    ltimo trabalhoexecutado porJayme Cortez, semchegar a assinar

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    Devido a isso, numa poca em que grandeparte dos quadrinhos era importado, muitasrevistas americanas deixaram de serenviadas ao Brasil.

    Para suprir a demanda, o mercado nacionalcomeou a produzir suas prprias histrias,

    e uma das pessoas que estavam frentedesse time era Jayme Cortez, criandohistrias com mais afinidade culturanacional, em especial histrias de terror,completamente caadas nos EUA, masabrindo espao tambm para contos infantis.

    Essa exploso de criatividade e produode revistas nacionais teve quase sempre

    o incentivo e a superviso de Jayme Cortez, frente das empresas por onde trabalhou.

    Artista rigoroso e exigente, sempre utilizavafotos ou modelo vivo em seustrabalhos, numa poca em que aindano havia esse costume no Brasil.

    Grande defensor do crescimentoprofissional dos artistas, Corteztambm participou da luta peloreconhecimento e valorizao dosquadrinhos no Brasil.

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    Em 1951, foi um dos organizadores daPrimeira Exposio Internacional deHistrias em Quadrinhos, expondo emmuseus pela primeira vez os quadrinhoscomo forma de arte, e a forma de se veros quadrinhos mudou definitivamente.

    Alm de ilustrador e quadrinista, trabalhoupor longos anos como diretor de criaoda agncia de publicidade McCann Erickson,e mais tarde como diretor de merchandisinge animao dos estdios de Maurcio deSouza, tendo sido tambm professor naEscola Panamericana de Arte.

    Em 1986 Jayme Cortez ganhou na Itlia

    o importante prmio Caran DAche poruma vida dedicada ilustrao ereconhecimento de sua obra notvel,comemorando 50 anos de profisso.

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    Chegou a escrever e publicar 3 livros sobre desenho e ilustrao: A Tcnica dodesenho, Mestres da Ilustrao e Manual Prtico do Ilustrador.

    Na rea editorial, ilustrou grande parte dasobras de Jos Mauro de Vasconcelos, entreeles Meu P de Laranja Lima.

    Como quadrinista, deixou a sua marcaatravs de um trao nico, exuberante echeio de riqueza, em especial em duas desuas mais conhecidas obras: Zodiako eO Retrato do Mal.

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    Jayme Cortez faleceu em 1987 devido a um ataque cardaco, depois de doisdias internado em decorrncia de uma homerragia no abdomem, pouco antesde completar 61 anos.

    Faleceu sem ver pronto o seu ltimo projeto, o lbum Saga do Terror, quehavia deixado praticamente pronto, e que foi publicado depois de sua mortepela editora Martins Fontes.

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    q

    pem conheido do

    pblico devido aos seus trabalhoseditoriais, em especial com a

    sua participao constante nojornal O Estado de So Paulo,Eduardo Baptisto tem umtrabalho fcil de ser reconhecido,em grande parte por causa deum estilo muito pessoal.

    Trabalhando com vetorial noPhotoshop, acaba mesclando o

    mundo vetorial com o pixel,criando peas de forte impactogrfico.

    Para explicar melhor como feitoesse processo, Baptistoparticipa desse passo-a-passo,explicando em detalhes cadaetapa at o resultado final.

    p

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    O esboo sempre feito no papel, e jcontm toda a inteno de luzes e sombras,baseadas nas fotos de referncia.

    Na camada de baixo, preencho odesenho com as cores bsicas.

    Em seguida, com o lao, seleciono asreas de sombras, sempre tendo as

    fotos e o esboo como referncia.

    Usando umamesa de luz,transfiro odesenho paraoutro papel. Esse

    o desenho atrao que servirde base para ascores. Nesse trao,uso canetasnanquimdescartveis 0.1e 0.3. Essedesenho a

    trao

    digitalizadopara ser

    colorido no Photoshop. Em seguida, ajustoo contraste e limpo toda a parte branca.Elimino o fundo e duplico a camada. Nacamada de cima eu elimino toda a partebranca e preservo a transparncia,deixando nela s o trao preto.

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    Sucessivas camadas de sombras, dasmais claras para as mais escuras, vosendo sobrepostas (etapas 5, 6 e 7).

    Agora hora de colocar os brilhos. Oprocesso o mesmo, selecionando as reascom o lao. No caso, foram duas camadasde tons diferentes (etapas 8 e 9).

    Camada de sombra.

    Camada de sombra.

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    No caso desse desenho, recorria aplicao de fotos para obtera textura das cobras.

    Sobre essa textura, apliquei uma cor emmultiply para modificar a cor original e

    aproxim-la dos tons usados no desenho.

    Quando todas as cores da figura esto definidas,comeo a colorir o trao, que est preservadonuma camada parte, conforme as cores queesto por baixo. Isso praticamente elimina o

    contorno, deixando o desenho mais leve.Por ltimo, preencho o fundo com um ligeirodegrad, simulando um efeito de luz leve portrs da figura.

    Camada de brilho.

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    STEPBYSTEP:BAPTISTO

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    Foto:arquivoRicardoAntunes

    o difcil encontrarno mercado grandes ilustradorescheios de talento e reconhecidos portodos como grandes artistas.

    No entanto, difcil encontrar aquelesque, alm de grandes ilustradores eartistas, tambm saibam ser grandesempresrios, elevando a profisso deilustrador a um nvel profissional,empresarial e de rentabilidade

    excepcionais.

    Rogrio Vilela conseguiu isso atravsde talento prprio, inteligncia e umaexcelente estrutura profissional,atravs de seu estdio Fbrica deQuadrinhos, e de sua extenso, oMundo Canibal.

    Vilela conta um pouco dessa trajetriae dos resultados que o acompanham.

    FbricadeQuadr

    inhos

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    Fiz um curso de desenho de um ano em SoBernardo do Campo, ainda menino e logodepois na Escola Panamericana de Artes, aos14 anos, convivendo com mestres queagradeo at hoje por terem estado ao meulado, como Manoel Victor, Ricardo Antunes e

    Miniguitti.Antes disso, me lembro desenhando corridas de carros(culpa do Speed Racer) nas paredes de casa comcanetinhas Silvapen, no cho da rua, usando tijolos,no guarda-roupas da minha me, e at em folhas depapel. Sem tcnica, sem teorias, na base da tentativa eerro. Instinto puro. Meus amigos, familiares eram oscrticos da poca. A decidi que queria aprender a usartintas, a desenhar as fotos que no conseguia...

    Ento, aos 14 anos, consegui meu primeiro emprego numaagncia pequena no ABC. Fazia a arte-final de anncios de vendade carros, imveis e todo tipo de coisa que precisasse de bordasdiferenciadas, usando esquadros, rgua, curva francesa, imagineique trabalhar na minha rea seria chato pra caramba. Treinava notime de futebol do Santo Andr na mesma poca. Creio que os cursos que fiz servirampara entender que o que eu fazia de uma maneira despreocupada podiam ser o meu ganha-po.

    Era um momento da minha vida que dividia meu tempo e sonhos entre futebol e a ilustrao.Sabia que uma hora teria que decidir entre os dois. E quando peguei o meu primeiro trabalhonuma editora que entendi o que queria fazer: ilustrao. Pedi demisso da agncia e comeceia trabalhar em casa, como free-lancer. Para Super, comecei a fazer ilustraes todo ms,depois veio a Placar e a Playboy. Carlos Grasseti, ento diretor de arte, ao contrrio dos

    outros clientes at aquele momento, encomendou-me um trabalho sem briefing.No me disse nada sobre tcnica usar, sobre enquadramentos, sobre o que ele pensavasobre a matria. Se vira, ele disse, quando entregava um texto para ler. Demorei praentender o recado, mas descobri que o que ele estava fazendo era o certo. Conheo suatcnica, seu estilo, por isso te chamei. Foi um ponto-de-virada na minha vida.

    A partir da abandonei tcnicas que no gostava, apesar de me dar muito bem com elas(tchau aergrafo) e passei a estudar mais, misturar tcnicas, tintas e principalmente, atrabalhar mais tempo no rafe, na idia do que na produo da ilustrao, propriamentedita (ainda que acredite que a pintura j comea na hora que umjob me passado).

    Sou grato a esta poca, quando publiquei em praticamente todas as revistas do Brasil,

    noites e noites em claro, ao mesmo tempo que terminava a faculdade de publicidade.Ganhando alguns prmios, como o da Folha nas categorias de ilustrao e tiras, da Bienalinternacional de Quadrinhos e Salo de Humor de Piracicaba, veria minha carreira dar umaguinada de 180 graus...

    Ao tomar contato com a arte seqencial, no final dos anos 80, percebi que podia contar histriasmais complexas que nas ilustraes, afinal, eram vrias pginas com vrios quadros de ilustrao.Na poca, ilustradores e artistas plsticos (Bill Sienkiewicz, Dave McKean, Kent Williams, entreoutros), estavam migrando para o mercado dos comics e vi uma oportunidade nica de expandirminha fronteira como artista.

    Fiz um teste e, no comeo dos anos noventa j estava publicando quadrinhos nos EUA, no queficou conhecida como invaso brasileira ao mercado gringo, j que cerca de vinte pessoas entredesenhistas, ilustradores e coloristas comearam a fazer revistas para os americanos, trabalhandoaqui, mandando o material via FEDEX. Ao mesmo tempo, fazia capas e cards para empresas domercado de RPG (role playing game).

    E a partir da, uma nova mudana estava em curso...

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    Foi nessa poca, trabalhando para osEUA que apareceu a idia de montara Fbrica de Quadrinhos.

    Eu tinha um estdio bem equipado, e

    dava aulas na Escola Panamericana hum bom tempo e em conversas comprofissionais da rea, comentava quemeu sonho era montar uma estruturalegal, para fazer no s ilustraes,mas animaes, filmes, trabalhar comrdio, TV e internet.

    A Fbrica ento acabou sendo umaextenso do que fazia, numa escala

    maior, alm de abrirmos uma escola de arte tambm.

    Comeamos com 5 scios, e duas empresas, nos fundos de um consultrio psquitrico(!!!). Logo tivemos que mudar o estdio-escola para uma casa maior e depois para umacasa maior e melhor localizada na Av. 9 de Julho (em So paulo).

    Saram scios, entraram scios, mudamos de endereo mais algumas vezes e hoje aFbrica est a, firme e forte, completando 10 anos este ano.

    As coisas acabaram acontecendo naturalmente. No houve um momento em que possadizer que tenha tomado esta deciso. Minha carreira como ilustrador estava consolidadae isto era o mais importante. Me deu segurana para os prximos passos.

    Quando comecei a ilustrar, ainda queria provar muita coisa pra mim mesmo, provar queera capaz de conseguir este ou aquele efeito na pintura, fazer esta capa, conseguir trabalharcom aquela editora... Quando completei estas etapas, senti que queria mudar o rumo dosmeus trabalhos.

    Meu tempo dividido entre a produo de Jobs e montagem de novos projetos, da criao negociao. Isto significa que escrevo roteiros, visito clientes, ilustro, crio personagens, vozes...

    Somos uma produtora. Como tal, fazemos todo tipo de material de pesquisa, de storyboard aanimatics, produzimos filmes finais de animao. E produzimos contedo prprio.

    Para as mais diversas mdias. Temos um portal que acaba de mudar para o UOL, programas nardio, revistas em quadrinhos, lbum de figurinhas e uma dezena de produtos licenciados comnossa marca, de chicletes a mochilas.

    Pode baixar animaes ou ringtones pelo celular, acessar o site, comprar a camiseta: no requerprtica, nem tampouco experincia, qualquer criana se diverte, qualquer adulto se fascina...

    Sempre gostei de escrever. De contar histrias. Trabalho com sonhos, com meus sonhos,e como eles esto sempre mudando, tento acompanh-los, fazendo isto ou aquilo,conforme as oportunidades vo aparecendo.

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    Eu publicava uma tira na Folha chamadaCanibytes e, na mesma poca, tinha umaluno na escola, O Rodrigo Piologo quetinha um personagem, o Carlinhos.

    tinha um site bem tosco, mas engraado.Vi uma possibilidade boa de colocar noar um monte de idias nossas e projetosengavetados.

    TVs e a internet, aps o estouro da bolha,me pareceu o local ideal para testarmosum universo de personagens politicamenteincorretos.

    difcil dar o exato alcance do Mundo Canibal, jque comeamos a mensurar o pblico faz poucotempo. Sabemos que a maioria do pblico masculino, na faixa dos 14 aos 25.

    Temos alguns nmeros que ajudama a gente a

    nos posicionar em relao ao futuro dospersonagens. Hoje o site tem mais de 850.000visitantes nico/ms, e ultrapassamos a barreirados 2.000.000 de acessos/ms.

    J tivemos em uma nica comunidade do Orkut,mais de 250.000 pessoas, temos mais de 100.000pessoas cadastradas no site e a animao maisfamosa, Avaiana de Pau, j foi exibida mais de 13milhes de vezes.

    Lanamos o primeiro DVD do Mundo Canibal eassinamos contrato de licenciamento para diversos

    produtos, alm de replicar o contedo para celulare rdio so alguns das novas oportunidades denegcio.

    Na verdade, ele comeou a ser viabilizado peloprprio site, que tem na venda dos espaospublicitrios uma renda mensal crescente.

    Alm disso, recebemos um fee mensal pelahospedagem do site em um portal, afinallevamos uma audincia respeitvel aoparceiro, na rea de entrenimento.

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    Ano passado foi como uma nova fase doMundo Canibal.

    J tnhamos uma legio de fs, rodamoso Brasil dando palestras e divulgando ospersonagens, mas comeamos a sernotados pela crtica especializada comoreferncia em humor e animao 2D.

    Ganhamos o HQ Mix e o Prmio emGramado de melhor filme, comBiribinha Atmica.

    O nmero at hoje de cerca de 2 milhes e trezentas exibies.

    Sim, no dia de lanamentosdas animaes o servidor

    no agenta.

    Por isso, e por outros motivos,estamos migrando para a UOL.

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    Na rdio, levamos os principaispersonagens e acrescentamos uns

    novos, que s existem por enquantona rdio.

    So quadros de dois a trs minutos,durante a programao diria da rdio.

    Estreamos na 89 de Campinas, estamosem So Paulo, litoral Norte e PortoAlegre e o plano expandir para maiscidades e estados.

    Surgiu de uma encomenda para uma histria em Quadrinhos para contar a histria doSo Lus, um colgio tradicional de So Paulo, fundado por jesutas e com forte ligaocom a cidade.Na primeira reunio apresentei a idia de misturar fatos histricos com uma histria defico, a trajetria de um menino e seu av, ambos alunos do colgio, que fazem umaviagem fantstica pelo tempo, atravs da histria de ambos, do Colgio e da cidade de

    So Paulo.

    Foi algosurpreendente aforma como no saprovaram o projeto,comoacompanharamcaptulo a captulo odesfecho da histria.

    Foram 48 pginaspintadas, a partir deroteiro calcado numaprofunda pesquisahistria.

    Estamos negociando umaverso mais longa, com maispginas, sketchese uma encadernaodiferenciada, com umaeditora, para levar paraprateleiras de livrarias.

    Este projeto, chamado deTodas as Coisas, foi

    distribudo de graainicialmente na regio daAv. Paulista, com umatiragem de 15 milexemplares cada captulo.

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    Dos projetos que esto mais encaminhados, temos o lanamentodo lbum de figurinhas e da Revista em Quadrinhos, aindapara este semestre. O segundo volume do DVD do MundoCanibal para o final do ano e a produo do longa metragemde animao, com previso de trmino em 2010. Estamosrestruturando o site, ampliando e criando sees novas.

    Finalizamos um piloto para uma emissora de TV, misturandovdeo e animao e temos roteiros para uma sitcom. Ms quevem estria um projeto encomendado pelo Flamengo, compersonagens a la Mundo Canibal.

    Para a Fbrica, estamos ampliando e abrindo ainda este anouma rea para cuidar da produo de filmes finais parapublicidade e longas para cinema em formato digital. Temos um curso na UniversidadeUniSantanna de produo de Contedo digital para entretenimento, com durao de 2 anose meio.

    E outros tantos que podemos deixar para a prxima entrevista, pois esto no forno ou nacabea...

    Este um ano importante para ns e especialmente para mim, pois fecho um ciclo. Comeceisozinho, em casa, desenhando, pintando, atendendo clientes. Sozinho. Uma empresa deum homem s. Parti para uma estrutura com funcionrios, contas altas para pagar,esquecendo meu nome como ilustrador para trabalhar marcas da empresa e de personagens.

    Agora, aos 10 anos de Fbrica, tempo de voltar a tocar projetospessoais, ainda que dentro daFbrica de Quadrinhos. umprocesso doloroso, demorado, feitonos intervalos e madrugadas, masurgente. Esperei muito tempo.

    Comecei a escrever uma minissrieem quadrinhos, um projeto antigo,megalomanaco e que gostodemais, chamado Joquemp;

    comeamos dois curtas metragensbaseados em roteiros meus, volteia pintar quadros e a produzir como nunca.Sem esquecer dos projetos em andamentoda Fbrica, do Mundo Canibal.

    Tive scios que se foram, outros que vieram,talentos imensos que passaram por aqui,que esto e que podero ser descobertospela Fbrica, amigos para sempre.

    E tem os sonhos, sempre os sonhosempurrando o cansao do dia-a-dia para

    longe. Tem a vontade de fazer, de produzir,de contar histrias. Em qualquer suportee mdia que seja possvel.

    Antes de mais nada, tudo.

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    Moleskine um tradicional bloco para sketchbook muito procurado entre artistas. Apartir dele foi criado o Moleskine Project, um site onde qualquer artista, bom ou noto bom assim, que use o moleskine possa postar seus estudos, servindo de espaode expresso para todos. So centenas de postagens. Show!

    http://moleskineproject.com

    O artista americano Brian Dettmer desenvolveu umtrabalho de escultura diferente e espetacular.

    Pegando em livros comuns e entalhando as folhas deforma cirrgica, faz com que os livros revelem umanova viso, ligando informaes que antes estariamisoladas, criando assim um novo universo.

    No existe uma pgina oficial, mas vrios sites na net

    exibem seu trabalho. Aqui ficam dois exemplos:http://packergallery.com/dettmer2/dettmer.html

    http://centripetalnotion.com/2007/09/13/13:26:26

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    O que acontece quando um matemtico e umabiloga resolvem se juntar para produzir peasde joalheria?

    O resultado um design diferente lembrando

    formas orgnicas, fruto da unio dos americanosJessica Eve Rosenkrantz e Jesse Louis-Rosenberg.

    Olhando o site deles e as fotos no Flickr d parase perceber onde buscam inspirao.

    http://n-e-r-v-o-u-s.com/

    http://www.flickr.com/photos/jrosenk/

    J saiu o n 13 da Revista Sacapuntas, nossacolega argentina tambm dedicada ilustrao.

    Matria imperdvel com os trabalhos incrveis doilustrador Lisandro Demarchi, entre outros.

    www.a-d-a.com.ar/sacapuntas.php

    Ulisses Azeredo tem desenvolvido, sozinho,um gigantesco levantamento sobre todasas capas de quadrinhos de terror publicadasno Brasil desde a dcada de 30, muito bemorganizado por editoras, vale a pena:

    www.nostalgiadoterror.com

    Frum recentemente lanado dedicado ailustrao digital brasileira, tem umaproposta bacana, semelhante ao CG Society(mas ainda beeeeemmmm no comeo):

    www.renderbrasil.com.br

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    Voc acabou de devorar um novo nmeroda Revista Ilustrar.

    Uma edio sempre histrica, j que a nicarevista 100% brasileira, voltada para o mercado

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