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Revista Concreto 77TRANSCRIPT
& Construes
SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUO
Instituto Brasileiro do Concreto
ECOEFICINCIA DO CONCRETOE DAS ESTRUTURASDE CONCRETO
Ano XLII
77JAN-MAR
2015ISSN 1809-7197www.ibracon.org.br
PERSONALIDADE ENTREVISTADA
MERCADO NACIONAL
NORMALIZAO TCNICA
LUIZ HENRIQUE CEOTTO:DIRETOR DE PROJETO ECONSTRUO DA TISHMANSPEYER
O FUTURO DA INDSTRIA DECIMENTO NUMA ECONOMIADE BAIXO CARBONO
ABNT NBR 9783:ACEITAO DE APARELHOSDE APOIO DE ELASTMEROFRETADO
2 | CONCRETO & Construes
Instituto Brasileiro do ConcretoOrganizao tcnico-cientfica nacional de defesae valorizao da engenharia civil
Fundada em 1972, seu objetivo promover e divulgar conhecimento sobre a tecnologia do concreto e deseus sistemas construtivos para a cadeia produtiva do concreto, por meio de publicaes tcnicas, eventostcnico-cientficos, cursos de atualizao profissional, certificao de pessoal, reunies tcnicas e premiaes.
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pelo IBRACON, inclusive o Congresso Brasileiro
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do Concreto
tcnicas do IBRACON e de at 20% nas
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publicaes do American Concrete Institute
intercambiando conhecimentos e fazendo valer
(ACI)
suas opinies tcnicas
Fique bem informado!www.ibracon.org.br
facebook.com/ibraconOfce
twitter.com/ibraconOfceCONCRETO & Construes | 3
u sumrio
sees 7 Editorial 8 Converse com IBRACON 9 Encontros e Notcias 13 Personalidade Entrevistada:CRDITOSCAPA
Perspectiva de edificaesladeando a Avenida dasNaes Unidas,com destaque para o
Centro EmpresarialNaes Unidas (CENU),e o Tower Bridge.Crdito: Tishman Speyer
202533414858657177
Luiz Henrique Ceotto 86 Mercado Nacional 97 Mantenedor116 Acontece nas Regionais122 Agenda de Eventos
REVISTA OFICIAL DO IBRACONRevista de carter cientfico, tecnolgico e informativo para o setor produtivo da construo civil, para o ensinoe para a pesquisa em concreto.ISSN 1809-7197Tiragem desta edio:5.500 exemplaresPublicao trimestral distribuidagratuitamente aos associadosJORNALISTA RESPONSVELFbio Lus Pedroso - MTB [email protected]
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
PUBLICIDADE E PROMOOArlene Regnier de Lima [email protected] [email protected]
Nanotubos de carbono: sustentabilidadedos materiais cimentcios
PROJETO GRFICO E DTPGill [email protected]
ACV e Produo mais Limpa em empresasde artefatos de cimento
ASSINATURA E [email protected]
Emisses de CO2 em pavimentos de concretoarmado e reforado com fibrasConcreto ontem: cimento amanhPropriedades mecnicas de concretos com RCDCAD com escria de ferro-nquel comoagregado midoPropriedades mecnicas do concreto com cinzade bagao de cana de acarCCR com fibras de polipropileno
GRFICAIpsis Grfica e EditoraPreo: R$ 12,00As ideias emitidas pelos entrevistados ou em artigos assinadosso de responsabilidade de seusautores e no expressam, necessariamente, a opinio do Instituto.
Todos os direitos de reproduo reservados. Esta revista e suas partesno podem ser reproduzidas nemcopiadas, em nenhuma forma deimpresso mecnica, eletrnica, ouqualquer outra, sem o consentimento por escrito dos autores e editores.
105
Sustentabilidade em projeto de estrutura deconcreto armado
Concreto drenante e a sustentabilidade
Instituto Brasileiro do Concreto
INSTITUTO BRASILEIRODO CONCRETOFundado em 1972Declarado de UtilidadePblica Estadual | Lei 2538de 11/11/1980Declarado de UtilidadePblica Federal | Decreto86871 de 25/01/1982DIRETOR PRESIDENTETlio Nogueira Bittencourt
INSPEO E MANUTENO
DIRETOR 1 VICE-PRESIDENTEJulio Timerman
Anlise da segurana em estruturas de concretoexistentes Parte II
DIRETOR 2 VICE-PRESIDENTENelson Covas
NORMALIZAO TCNICA
112
IBRACONRua Julieta Esprito SantoPinheiro, 68 CEP 05542-120Jardim Olmpia So Paulo SPTel. (11) 3735-0202
Durabilidade de estruturas impermeabilizadas porcristalizao
ENTENDENDO O CONCRETO
98
COMIT EDITORIAL MEMBROSArnaldo Forti Battagin (cimento e sustentabilidade)Elton Bauer(argamassas)Enio Pazini de Figueiredo (durabilidade)Evandro Duarte(protendido)Frederico Falconi (projetista de fundaes)Guilherme Parsekian (alvenaria estrutural)Hugo Rodrigues (cimento e comunicao)Ins L. da Silva Battagin (normalizao)ria Lcia Oliva Doniak(pr-fabricados)Jos Tadeu Balbo (pavimentao)Nelson Covas (informtica no projeto estrutural)Paulo E. Fonseca de Campos(arquitetura)Paulo Helene (PhD, Alconpat, Epusp)Selmo Chapira Kuperman (barragens)
Copyright 2015 IBRACON
ESTRUTURAS EM DETALHES
92
PRESIDENTE DO COMITEDITORIALEduardo Barros Millen(protendido)
Aparelhos de apoio estruturais
DIRETOR 1 SECRETRIOAntonio D. de FigueiredoDIRETOR 2 SECRETRIOArcindo Vaquero Y MayorDIRETOR 1 TESOUREIROClaudio Sbrighi NetoDIRETOR 2 TESOUREIROCarlos Jos Massucato
6 | CONCRETO & Construes
DIRETOR DE MARKETINGHugo da CostaRodrigues FilhoDIRETOR DE EVENTOSLuiz Prado Vieira JniorDIRETORA TCNICAIns Laranjeirada Silva BattaginDIRETOR DE RELAESINSTITUCIONAISRicardo LessaDIRETOR DE PUBLICAESE DIVULGAO TCNICAPaulo HeleneDIRETORA DE PESQUISAE DESENVOLVIMENTOAna Elisabete PaganelliGuimares A. JacinthoDIRETORA DE CURSOSIria Lcia Oliva DoniakDIRETORA DE CERTIFICAODE MO DE OBRARoseni Cezimbra
u editorial
Comunicao, conhecimentoe inovaoCaro leitor,
O
Brasil est passando por mais um perodo de
reta utilizao do con-
turbulncia. J passamos por outros, graves
creto,
e no to graves. A extenso e profundidade
de outros meios, da revista Concreto & Construes,
das dificuldades atuais s saberemos exata-
que nesta edio aborda como assunto de capa a
mente depois que as tivermos ultrapassado.
sustentabilidade.
atravs,
alm
Sim, porque certamente elas sero vencidas, graas for-
Assunto este colocado nesta edio, exatamente para
a, competncia, resistncia e coragem do brasileiro, cuja
contribuir para a soluo dos problemas atuais que atra-
tolerncia e pacincia esto se esgotando.
vessarmos, pois atravs das tecnologias de concretosde alto desempenho, autoadensveis e pr-moldados,
Nesse contexto, os meios de comunicao tm papel fun-
o desperdcio minimizado e a reduo do consumo de
damental na informao dos fatos, devendo ser precisos
materiais e insumos atingida.
e ticos, de modo a no distorcer os acontecimentos. Emhiptese alguma aceitvel qualquer tipo de censura.
No quesito comunicao, procurando tornar sua leitura mais produtiva, a nossa revista, atravs do conhe-
O conhecimento das questes tcnicas em jogo e seu uso
cimento do jornalista responsvel Fabio Lus Pedroso,
na direo e sentido do bem, do progresso e do desenvol-
das sugestes do Conselho Editorial e, em especial,
vimento, tambm fazem parte da soluo.
das sugestes do Diretor de Publicaes e DivulgaoTcnica do IBRACON, Paulo Helene, inovou e se revi-
Inovao a palavra do momento.
talizou atravs de um novo Projeto Grfico, com as seguintes mudanas:
Nas situaes de crise ela que diferencia os sobreviventes dos que ficam para trs.
uaumento da rea da mancha grfica, com reduo demargens e espaos em branco;
A cadeia da construo, toda ela muito afetada pelos
umudana de duas para trs colunas nas principais sees;
acontecimentos, tem que atuar nas trs frentes: comu-
umudana de vinhetas das pginas e das molduras das
nicar para no se isolar, buscar e fornecer o conheci-
figuras e tabelas, adequando-as ao novo padro grfico.
mento que tem, conforme suas necessidades e competncia, e inovar para se diferenciar do lugar comum
Com isso, a Revista abre espao para mais artigos tcni-
e sobreviver.
cos e maior facilidade de leitura, sem onerar o oramento.
A engenharia nacional em todos os seus nveis est no m-
Esperamos que, assim, nossos leitores e patrocinadores
nimo equiparada s mais capazes e competentes do mun-
possam ter leitura mais agradvel, maior volume de infor-
do em todos os estgios: desde o planejamento, projeto,
maes e, com isso, poder adquirir mais conhecimento
construo at a manuteno. Evidentemente, desde que
para poder inovar.
tenha tempo para isso.EDUARDO BARROS MILLENDe seu lado, o IBRACON faz a sua parte cumprindocom sua misso de valorizar, divulgar e defender a cor-
Presidente
do
Comit Editorial
da
Revista CONCRETO & ConstruesCONCRETO & Construes | 7
u converse com o ibraconENVIE SUA PERGUNTA PARA O E-MAIL: [email protected] TCNICAS
que tambm pode ocorrer nos con-
fala das propriedades esperadas para
cretos fluidos e nos autoadensveis
a argamassa de assentamento , porm
inmeros artigos e em alguns livros
(existe ensaio especfico para medir
Patologia do Concreto,
segregao interna). De forma am-
observei que os autores de tais textos
pla, a exsudao tambm uma for-
estabelecem a segregao do concreto
ma de segregao particular, ou seja,
uso de uma junta de assentamento mais
(e,
segregao da gua de amassamen-
resistente no contato da laje ( ou con -
to do concreto.
trapiso ) com a alvenaria estrutural ?
bichei-
Quanto segunda pergunta, sem
BRUNO MACCAGNAN
podem ser considera -
dvida a aplicao de inibidor de
das sintomas de que algo no vai bem na
corroso causa danos ao concreto.
estrutura ou so apenas erros de exe -
Os inibidores de corroso tm atu-
cuo ou escolha dos materiais ?
Outra
ao qumica e como toda reao
dvida : a aplicao de inibidor de cor -
qumica depende de um equilbrio
Pelo que consigo enxergar, essa jun-
roso diretamente no concreto , seja
entre os compostos qumicos do
ta difere das outras por ser de regu-
por descuido ou por desconhecimento ,
cimento (que so variveis de um a
larizao, com espessura entre 0,5
acarreta em danos a este material ?
outro cimento), da concentrao de
a 3 cm. Uma junta muito espessa
IVAN P. FERRO
cloretos no ambiente e da composi-
Em
relacionados
por conseguinte , os ninhos de con -
cretagem )
como sendo manifestao
patolgica .ras ou
minha dvida : as
bexigas
Escola
de
Engenharia
o do inibidor. Tudo deve respeitar
Piracicaba (EEP/FUMEP) e associado
do
IBRACON
certo balano estequiomtrico para
Estudantede
A
de
Engenharia Civil
da
gostaria de lhe pergunta se existe al guma explicao lgica que justifique o
Estudante de Engenharia Civil na Universidadede Caxias do Sul
deformvel (fraca) pode prejudicar odesempenho da parede. Tambm
bem funcionar. Concentraes de
um ponto mais sujeito umidade e
Segue o diagnstico relativo pri-
inibidor abaixo das porcentagens
outras condies adversas.
meira pergunta:
ideais, por exemplo, fica bom com
Por isso, deve ser feita sob toda a
mecanismo: ausncia de pasta ou
3 a 5%, mas s se usa 1,5%, ou
face do bloco e com trao mais rico.
argamassa no trao de concreto
acima de 6%, pode funcionar ao re-
por deficincia de dosagem, ou
vs, ou seja, vai acelerar a corroso.
por lanamento sobre frmas e
Sem falar nos efeitos secundrios
armaduras limpas, ou por falta de
de reduzir a resistncia do concreto
massas fortes tm maior resistncia
vibrao;
compresso.
compresso, mas so mais susce-
sintoma: ninhos de concretagem;
PAULO HELENE,
origem: procedimento inadequa-
IBRACON
diretor de publicaes tcnicas do
e diretor da
PhD Engenharia
A
agentes
causadores:
operrios
mal treinados;
busca sempre um equilbrio. Arga-
tveis a fissuras.GUILHERME PARSEKIAN,
do de concretagem durante aexecuo;
Em todo caso, a definio do trao
P s -Graduaopartir de comentrios de executores
das obras e de alguns engenheiros , ve rifiquei
em
P rograma
de
Construo Civil
da
professor do
Estruturas
e
UFSCar e membro do Comit Editorial
o uso de um trao mais rico
em cimento para realizar a junta de
ERRATA
capacidade resistente do concre-
primeira fiada da alvenaria .
a
A informao de que o MIS/RJ tem
to e reduz vida til da estrutura;
leitura da
ABNT NBR 15812-2 A lve-
previso de vida til de 75 anos, que
prognstico: acarreta reduo da
- B locos
R ealizei
cermicos ,
ao: precisa corrigir corretamente.
naria estrutural
O termo segregao do concreto
referente execuo , e no encontrei
no se aplica somente a ninhos de
nenhuma referncia para essa condio ,
concretagem. Esse termo tambm
que vem sendo usada com mais frequn -
se aplica a excesso de vibrao, que
cia em minha regio .
acarreta uma segregao interna,
ria
8 | CONCRETO & Construes
Estrutural
em
S eu
livro
A lvena-
Blocos C ermicos
aparece na pgina 46 da edio 76da CONCRETO & Construes, noconsta em projeto, especificaoou memria da obra, devendo serdesconsiderada.
u encontros e notcias | LIVROS
Clculo e detalhamento de estruturasusuais de concreto armado
D
epois de mais de treze anos, trs
cerca de dezoito mil exemplares ven-
usa concreto de classes C50 a C90.
revises, vrias reimpresses e
didos, o livro Clculo e detalhamen-
Fruto
to de estruturas usuais de concreto
dos dois autores em diversas ins-
armado chega a sua quarta edio
tituies de ensino em cursos de
pela EdUFSCar. Os engenheiros ci-
graduao, ps-graduao e espe-
vis Roberto Chust Carvalho e Jasson
cializao, principalmente na UFS-
Rodrigues de Figueiredo Filho manti-
Car, e da vivncia adquirida com a
veram o formato e a sequncia das
participao em inmeros projetos
edies anteriores e, para facilitar o
de estruturas de concreto, a obra
uso e aplicao dos assuntos con-
continua sendo um livro didtico
tidos, criaram adendos (para cada
destinado a alunos de cursos de en-
captulo) em que renem as frmulas
genharia civil e a profissionais que
empregadas.
desejam aprofundar seus conheci-
Uma reviso ampla do texto e exerc-
mentos no clculo e detalhamento
cios foi realizada para adaptar o con-
de estruturas de concreto armado,
tedo s prescries da norma ABNT
apresentando fundamentos tericos
NBR 6118, de 2014, contemplando
bsicos acompanhados de exem-
o clculo de elementos em que se
plos prticos.
da
experincia
acadmica
A INDSTRIA DE ESTRUTURAS PR-MOLDADAS NO BRASILTEM VIABILIZADO IMPORTANTES PROJETOS.
As vantagens destesistema construtivo,presente no Brasil hmais de 50 anos:
Eficincia Estrutural;Flexibilidade Arquitetnica;Versatilidade no uso;Conformidade com requisitos estabelecidos em normas tcnicas ABNT(Associao Brasileira de Normas Tcnicas);Velocidade de Construo;Uso racional de recursos e menor impacto ambiental.
CONHEA NOSSAS AES INSTITUCIONAISE AS EMPRESAS ASSOCIADAS.
Empresa associada
www.abcic.org.brCONCRETO & Construes | 9
u encontros e notcias | LIVROS
Sustentabilidade na indstria de blocos e pavimentosde concreto: avaliao de ciclo de vida modular
A
MODULAR
BLOCOS DE CONCRETO
Avaliao do Ciclo de Vida
estimar faixas nos cinco principais
(ACV) metodologia norma-
lizada para o levantamento dosprincipais
impactos
MODULAR
MODULAR
BLOCOS DE CONCRETO
PAVIMENTO INTERTRAVADO
mo de energia e gua, emisso de
causados por um produto ou serviMODULAR
CO2 e gerao de resduos no pro-
PAVIMENTO INTERTRAVADO
cesso de produo. Para o estudo
fluxos de entrada e sada de seuprocesso produtivo. Para tornar aACV factvel em sistemas que nopossuam todos os dados mensur-
indicadores do setor de blocos deconcreto: uso de materiais, consu-
ambientais
o, por meio da quantificao dos
O objetivo do Projeto ACV-m foi
Sustentabilidade na indstriade blocos e pavimento de concretoAvaliao de Ciclo de Vida Modular
foi utilizada a metodologia da ACVsimplificada, denominada modular,por representar uma primeira etapa,
veis disponveis, o Conselho Bra-
com um escopo especfico, para a
sileiro de Construo Sustentvel
execuo de uma ACV completa.A obra, editada pelo CBCS,
(CBCS) desenvolveu um projetopara levantamento de impactos
www.cbcs.org.br
www.abcp.org.br
www.blocobrasil.com.br
ABCP e Bloco Brasil, apresenta ametodologia ACV-m, sua implemen-
ambientais causados pela indstria
tao na indstria brasileira de blo-
brasileira de materiais de construo (Projeto ACV Modular), inicial-
blocos de concreto para alvenaria
cos de concreto e os indicadores
mente implementado no setor de
e para pavimento.
ambientais obtidos.
Ao utilizar a frma 80x72,5 cm,o cliente encontra sua disposioalguns fornecedores, podendonegociar melhores preos.
10 | CONCRETO & Construes
u encontros e notcias | EVENTOS
Congresso Brasileiro de Concretagem,Pr-moldados e Agregadosealizado nos ltimos dias 4 e 5 de
R
da Ala da Ponte Paulo
maro, no Hotel Radisson, em So
Guerra, localizada em Recife
Paulo, o Congresso Brasileiro de Con-
e projetada pelo Eng. Jos do
cretagem, Pr-moldados e Agregados
Patrocnio Figueiroa, da En-
(Brascon 2015) contou com a presena
gedata. O segundo e terceiro
de 130 profissionais do setor brasileiro
lugar ficaram com a Ponte de
de construo civil.
Laguna, em Santa Catarina,
Realizado pela GMI Global, a programao do evento teve sesses
Palestra do Prof.Paulo Helene noBrascon 2015
e o Museu da Imagem e doSom, no Rio de Janeiro.
tcnicas e comerciais, mesa-redonda
Conseguimos reunir os
sobre acidentes em estruturas de con-
profissionais mais destaca-
creto e 15 palestras com especialistas,
dos na rea de concreto e pr-mol-
durante o debate de cada sesso en-
alm de rea de exposio com produ-
dado, que compartilhou as ltimas
riqueceu e contribuiu para a troca de
tos e servios das empresas do setor.
ideias, prticas e desenvolvimentos
informao do setor no pas, avaliou
Durante o evento, houve a premia-
no setor atravs de excelentes pa-
Marlia Cardoso, gerente de desenvol-
o Obra mais notvel de concreto,
lestras realizadas durante o evento. A
vimento ao cliente, da GMI Global.
vencida pelo projeto Ponte Estaia-
participao ativa dos congressistas
CONCRETO & Construes | 11
u encontros e notcias | EVENTOS
Brazil Road Expo 2015eira de infraestrutura viria e rodovi-
F
gicas disposio para o moni-
ria, com participao dos fabricantes
toramento das estruturas de pon-
e distribuidores de equipamentos e pro-
tes. O engenheiro da Associao
dutos para construo e manuteno
Brasileira de Cimento Portland
de estradas e vias urbanas, pontes, via-
(ABCP), Ronaldo Vizzoni, apre-
dutos e tneis, pavimentao em asfalto
sentou os pavimentos de concre-
e concreto, solues para drenagem,
to como alternativas construtivas
conteno de encostas, segurana, si-
sustentveis. O vice-presidente
nalizao e gesto de vias e rodovias,
do IBRACON mostrou o estado
a Brazil Road Expo 2015 aconteceu no
da arte da normalizao brasi-
Transamrica Expo Center, em So Pau-
leira na inspeo de pontes. E o
lo, de 24 a 26 de maro.
engenheiro da Cassol, Gustavo
O Instituto Brasileiro do Concreto
Rovaris, trouxe, para o pblico
(IBRACON) esteve presente no evento,
presente de aproximadamente 40
com a organizao, em conjunto com
Road Expo. No Seminrio, que acon-
profissionais, o caso do complexo do
a Associao Brasileira da Construo
teceu no dia 24 de maro, no perodo
Itagua, no Rio de Janeiro, obra geren-
Industrializada de Concreto (Abcic), do
da manh, o presidente do IBRACON,
ciada e construda pela empresa.
Seminrio de Infraestrutura Viria e Mo-
Prof. Tulio Bittencourt, apresentou as
bilidade Urbana no Congresso da Brazil
ferramentas computacionais e tecnol-
Informaes: www.brazilroadexpo.com.br
Para construir seusprojetos mais importantes,conte com a fora dovergalho Gerdau GG 50.A fora da transformao.
O ao da Gerdau tem a fora da transformao.
A qualidade da sua obra comea pela estrutura. Por isso, conte com a fora dovergalho Gerdau GG 50. Com ele, voc tem a resistncia que sua construoprecisa, alm de toda a confiana de uma marca que voc j conhece.Vergalho Gerdau GG 50.
www.gerdau.com.br
/gerdau
12 | CONCRETO & Construes
/gerdausa
u personalidade entrevistada
Luiz Henrique
Ceotto
F
ormadoengenheirocivil pelaUniversidadede Braslia,Luiz Henrique
Ceotto especializou-se emengenharia de estruturasna Escola de Engenhariade So Carlos, daUniversidade deSo Paulo.Com passagens porgrandes empresasdo setor imobilirio ede empreendimentobrasileiro, como Impare Encol, onde chegouao cargo de diretor deconstruo, Ceotto atualmente diretor deprojeto e construo daTishman Speyer.Membro do Comit deTecnologia e Qualidadedo Sinduscon-SP,Ceotto atua tambmcomo professorconvidado do curso demestrado profissional daEscola Politcnica daUniversidade deSo Paulo.
CONCRETO & Construes | 13
IBRACON Conte-nos sobre sua
Luiz Henrique Ceotto Hoje, para
no deve ser tanto na construo,
carreira profissional.
edifcios localizados em reas urbanas,
mas sim no seu uso. No fundo, a
Luiz Henrique Ceotto Meu pai
toda tecnologia que possa reduzir o
sustentabilidade para edifcios urbanos
engenheiro civil e eu o ajudava nas
consumo de gua e de energia eltrica
deve ter como prioridade fazer edifcios
construes. Por isso, a opo pela
extremamente bem-vinda e desejada.
econmicos, de fcil manuteno e que
Engenharia foi natural. Formei-me
Fala-se muito da sustentabilidade
possam ser reutilizados no futuro.
na Universidade de Braslia (UnB).
durante o perodo da construo,
Depois, fiz mestrado em engenharia
mas, numa rea urbana, onde no se
IBRACON O que estudos recentes
de estruturas na Escola de Engenharia
devastam florestas, o maior impacto
indicam quanto ao balano entre custos
de So Carlos (EESC-USP). Participei
da edificao no meio ambiente vem
de implantao de solues sustentveis
da empresa de projetos SRTC durante
de seu uso, durante sua vida til. Uma
em projeto de edificaes e o retorno
uns trs anos. Fui scio do Nelson
premissa da Tishman que se custa
propiciado em termos de benefcios para os
Sato, ainda meu amigo, na SRTC.
muito, ento impacta muito. O impacto
usurios, construtores e investidores?
Em seguida, foi trabalhar na Encol,
ambiental se traduz em diversas formas.
Luiz Henrique Ceotto Antigamente,
em 1979, em plena crise do BNH,
difcil homogeneizar todas essas
havia esta dvida. Hoje, ela no
que deixou o mercado imobilirio
formas numa nica unidade. Uma
existe mais. O payback de qualquer
sem financiamento. Em razo disso,
maneira indireta de medir o impacto
tecnologia que possa ser adotada
sai da Encol e me tornei prestador
seria, ento, medir o custo da operao.
para economizar gua e energia num
de servios para diversas empresas
Desde a concepo at a operao, se
edifcio alcanado em trs ou quatro
nos ramos petrolfero (Wirth Latina)
impacta, custa. Se for analisado o custo
anos. E vai cada vez mais ser pago em
e alcooleiro (Dedini, Zanini). At ser
do edifcio durante 50 anos, tempo que
menos tempo, porque a tendncia da
convidado novamente para trabalhar
o ciclo de vida de um edifcio no Brasil
energia e da gua ficarem mais caras,
na Encol, onde fiquei nove anos,
(aqui, no pas, temos considerado dois
no apenas no Brasil, mas no mundo.
chegando ao cargo de diretor de
ciclos de 50 anos, com um profundo
Um exemplo disso so os elevadores
construo. Depois disso, fui diretor
retrofit entre esses dois perodos; na
inteligentes. Chama-se o elevador
de construo da Inpar, que hoje a
Europa, consideram-se quatro ciclos
inteligente teclando o andar para
Viver. Em seguida, tornei-me diretor de
de 50 anos), apenas 15% deste custo
aonde voc vai. O computador faz uma
projeto e construo da Tishman.
gerado at o final da construo. O
programao sofisticada, reduzindo
restante do custo durante sua vida
os percursos do elevador. Alm disso,
IBRACON Em algumas palestras e
til. Este restante consiste em gua e
esses elevadores tm uma frenagem
artigos, voc tem defendido o uso de
energia consumidas, bem como em
regenerativa, consistindo numa freio
tecnologias construtivas capazes de
materiais consumidos e emisso de
eletromagntico que produz energia, ao
diminuir o impacto da construo no
gs carbnico para as atividades de
invs de desperdi-la em calor, que,
meio ambiente.
manuteno. Assim, da ordem de 80
antes era armazenada num capacitor,
projeto, quais as principais inovaes que
a 85% do impacto do edifcio no meio
para uma nova partida do elevador,
podem ser introduzidas para tornar uma
ambiente ocorre durante sua vida til.
mas, que hoje, entra diretamente na
edificao sustentvel?
Sendo assim, a prioridade do projeto
rede eltrica, diminuindo o consumo
Do ponto de vista do
NUMA REA URBANA,O MAIOR IMPACTO DAEDIFICAO NO MEIOAMBIENTE VEM DESEU USO
14 | CONCRETO & Construes
NO SOMENTE UMA QUESTOTICA, MAS UM FATO ECONMICO ODE LIDERAR UM PROJETO VISANDO SUSTENTABILIDADE
de energia eltrica. H dez anos, o
retrofitados com facilidade, com um p
IBRACON A Certificao LEED
elevador inteligente era muito caro, em
direito que permita a passagem de novas
(Liderana em Energia e Projeto
torno de 15 a 20% mais caro que o
instalaes que se fizerem necessrias.
Ambiental) e a Certificao AQUA (Alta
elevador convencional. Hoje em dia, a
A ideia no precisar demolir um edifcio
Qualidade Ambiental) tornaram-se
diferena deve ser de 2 a 3%. Cada vez
para fazer um novo, mas aproveit-lo no
sinnimos de edifcios sustentveis.
mais as tecnologias esto ficando mais
mximo possvel. preciso ter shafts
Essas certificaes ambientais so
baratas e, como cada vez mais a gua
sobrando, com ocupao de 50% nos
compatveis com os critrios defendidos
e a energia esto ficando mais caras,
verticais. Temos na Tishman o seguinte
por voc? Elas tm atendido bem as
a diferena de preos entre novas e
ditado: no sabemos as tecnologias
necessidades do mercado construtivo
velhas tecnologias diminui. Nas minhas
que sero usadas daqui a 30 anos,
nacional? Ou se fazem necessrias
palestras, em pesquisas de custos
mas meus edifcios vo suportar essas
adaptaes realidade construtiva
feitas por mim, tenho demonstrado
tecnologias. preciso ter pisos elevados,
nacional?
para o pessoal que, atualmente,
para passar sistemas eltrico e de
Luiz Henrique Ceotto Muitas vezes,
burrice no investir. No somente
dados, e vos maiores entre pilares. So
o peso dado a determinados itens
uma questo tica, embora a tica seja
itens que precisam estar compostos
so diferentes. O LEED nasceu nos
importante, mas um fato econmico
como diretrizes de projeto. Isto o
Estados Unidos e, por isso, a prioridade
o de liderar um projeto visando
que considero um edifcio realmente
dada energia maior do que gua,
sustentabilidade. Hoje em dia, quem
sustentvel.
porque l a infraestrutura de captao
constri edifcios no pensando em
e canalizao da gua melhor do que
sustentabilidade est construindoedifcios que sero inviveis no futuroprximo. So edifcios gastese de manuteno e operaoextremamente caras, que inviabilizamo edifcio.IBRACON As estimativas custo/retorno dessas solues valem tambmpara o retrofit?
Luiz Henrique Ceotto Valem sim, notenho dvidas. claro que, noretrofit, fica-se um pouco mais limitado.Por exemplo, no edifcio que estamos(Centro Empresarial das Naes Unidas),feito pela Tishman h quinze anos,estamos atualizando a tecnologia. Aarte na construo de edifcios no apenas torn-los econmicos, masprojet-los para que possam ser
Faria Lima 3500, com pr-certificao Leed GoldCONCRETO & Construes | 15
OS EDIFCIOS CERTIFICADOSSO PARQUES DE AVALIAODE DESEMPENHO E DEDESENVOLVIMENTO DEALTAS TECNOLOGIAS
a daqui. Mas, independentemente da
projetos e formas de contratao?
a importncia da certificao no pelo
prioridade, todos tocam fortemente nos
Luiz Henrique Ceotto Tenho visto
nmero de edifcios certificados, mas
itens que dizem respeito durabilidade,
muito mais discurso do que realidade.
pelo impacto positivo que traz para todo
ao consumo de energia e gua durante
Uma coisa que o governo poderia
setor, especialmente para o setor de
e aps a construo. Ouve-se muita
fazer uma reduo de impostos para
edifcios j construdos.
bobagem por a: O LEED americano,
dispositivos que economizam energia
Ento, qual deveria ser a prioridade
defende os interesses americanos e foi
e gua, principalmente no sentido de
governamental? Primeiro: propiciar
feito na realidade americana. A realidade
incentivar o retrofit. A grande realidade
financiamento para que a populao
do mundo uma s do ponto de vista
a seguinte: da ordem de 1% a 2%
pudesse adquirir essas tecnologias
energtico: temos que economizar!
das cidades so renovadas todo
mais econmicas de energia e de
Pode-se discutir que o peso dado a um
ano. O pessoal fala: Esse negcio de
gua, como as lmpadas LED, que
item maior do que o que daramos,
certificao uma grande bobagem
gasta de 10 a 15% de uma lmpada
mas o que importa nessas certificaes
porque a cidade se renova, em mdia,
comum. Segundo: diminuir os
que conduzem a projetos de edifcios
em 1% ao ano; os edifcios sustentveis
impostos para esses produtos, para
bastante razoveis. A certificao
so 0,1% deste 1%; ento, o impacto
que ficassem mais acessveis ainda.
um processo orientado para fazer
positivo nenhum!. Mas, no bem
Com essa renncia fiscal o governo
edifcios sustentveis. Esse processo
assim. Os edifcios certificados so
estaria ganhando, porque ele investiria
precisa ser incorruptvel. preciso uma
parques de avaliao de desempenho e
menos em infraestrutura. Se reduzirmos
terceira parte, uma ONG, de absoluta
de desenvolvimento de altas tecnologias,
o consumo de energia e de gua, a
confiabilidade, para dizer sociedade
que, depois, sero disseminados para
infraestrutura comea a sobrar para
que o edifcio foi feita de acordo com
toda sociedade. So cones, no sentido
novos edifcios, sem necessidade de
os princpios da sustentabilidade. Por
de que os outros podero se orientar
novos investimentos.
isso, uma certificao brasileira difcil.
por eles. Os elevadores inteligentes
Embora a certificao do Ministrio de
foram desenvolvidos para certificao.
IBRACON Como as mudanas
Minas e Energia (MME), o PROCEL, est
Hoje, vo para toda a sociedade.
climticas podero impactar as
sendo feita de maneira bastante honesta
Antigamente, ter uma fachada de
edificaes?
e competente. Estou vendo com bons
vidros significava ter dentro do edifcio
adotadas na fase de projeto podero
olhos que essa certificao brasileira,
uma estufa. Agora, no. A tecnologia
defender o edifcio desse impacto?
que bastante simples, que cabe tanto
de vidros est to sofisticada que a
Luiz Henrique Ceotto Temos duas
num edifcio e quanto num dispositivo,
quantidade da energia que passa por
situaes. Aquela em que o edifcio
tem chances de vingar. Precisa-se
ele muito pequena, em torno de 20
impacta o meio ambiente, com os
evoluir um pouco mais nos requisitos e
a 30%. Os edifcios sustentveis so
consumos e emisses. E aquela em que
nas pontuaes.
cones que puxam uma quantidade
as mudanas climticas, caracterizadas
de tecnologias que, depois de dois
por longos perodos de seca e perodos
IBRACON O governo tem incentivado
ou trs anos que foi implantada, ficam
muito intensos de chuvas, impactam
a construo sustentvel em termos de
disponveis para toda sociedade a um
as edificaes. Em perodos de seca
reduo de impostos, financiamento de
custo muito baixo. Temos que avaliar
e calor, usa-se mais o ar condicionado
16 | CONCRETO & Construes
De que forma, solues
e os sistemas hidrulicos, criando anecessidade de maiores reservas degua e de dispositivos que economizemo uso da gua. Em perodos de altaconcentrao de chuva, a rede pblica sobrecarregada, fazendo retornar asguas pluviais e os esgotos para osedifcios, inundando garagens. Ento, preciso projetar a rede de esgotodo edifcio para ter vlvulas para nodeixar o esgoto retornar, com tanquesde armazenamento desse esgoto,enquanto as galerias no esvaziam, por
Fachada do edifcio do complexo Castello Branco Office Park
duas a trs horas. necessrio preverde energia, seja de material. A construo
reservatrios no edifcio para armazenara enorme quantidade de chuva,
IBRACON Os Selos de Certificao
manual, artesanal, traz normalmente
esperando a galeria de gua pluvial
de processos e produtos, emitidos
grandes desperdcios. A construo
ceder, e proteger as entradas desses
por associaes, empresas e rgos
trabalha com materiais que, na sua
edifcios contra o transbordamento das
governamentais, so um passo importante
produo, consomem muita energia ou
guas da chuva para as garagens.
do setor brasileiro rumo construo
emitem muito gs carbnico. O cimento
Com relao energia eltrica, durante
sustentvel?
consome muita energia e emite muito
os grandes temporais acontece
Luiz Henrique Ceotto So. Desde
gs carbnico na sua produo, porque,
geralmente falta de energia. Os edifcios
que se tenha um selo honesto,
no fundo, a produo de cimento
precisam ser dotados de geradores
controlado por entidades que
consiste em retirar o gs carbnico
a gs ou diesel, de modo que, neste
tenham credibilidade junto
do calcrio, para que ele possa reagir
caso, passe a operar em ilha, isolado da
sociedade, no sentido de avaliar o
novamente com a gua. Fala-se em
rede pblica de energia, mantendo seu
produto quanto ao atendimento de
6% as emisses de gs carbnico de
funcionamento. Alm disso, necessrio
requisitos, como economia de gua,
pases industrializados na produo de
colocar filtros e redundncias no sistema
de energia e de emisso de gs
cimento. O alumnio e ao consomem
eltrico do edifcio, de modo que,
carbnico, entre outros.
muita energia.
substitudo, sem afetar o funcionamento
IBRACON A industrializao da
IBRACON Quais tm sido as
do edifcio. Hoje em dia, projeta-se
construo outro passo importante
barreiras para uma maior incorporao
o edifcio para se retirar qualquer
rumo construo sustentvel?
da industrializao na construo de
componente de grande porte sem
Luiz Henrique Ceotto A industrializao
edifcios no
mexer em mais nada: paredes, calhas
da construo envolve alta produtividade,
Luiz Henrique Ceotto O setor est
eltricas, etc. A manutenbilidade total.
o que reverte em menos desperdcio, seja
mudando gradativamente, mas
caso um componente queime, ele seja
Brasil?
A INDUSTRIALIZAO DACONSTRUO ENVOLVE ALTAPRODUTIVIDADE, O QUE REVERTEEM MENOS DESPERDCIO, SEJA DEENERGIA, SEJA DE MATERIAL
CONCRETO & Construes | 17
O papel da Embrapa dentro de
Mas, falta muita coisa para evoluir. Daqui
uma poltica de desenvolvimento da
uns dois anos, preciso formar uma
agricultura foi fundamental para o Brasil.
Comisso para revisar a Norma. Temos
A construo civil precisa de uma
que melhorar itens que colocamos
Embrapa e precisa de uma poltica
em nvel mnimo. Um desses itens o
clara para aumentar a produtividade.
isolamento acstico entre pavimentos;
A construo civil tem sido usada
outro o nvel de escorregamento de
politicamente at hoje para absorver
pisos cermicos. Temos que ter um
mo de obra pouco qualificada. Existe
captulo sobre sistemas eltricos.
pouca liderana no setor construtivobrasileiro, que so muito mais polticas
IBRACON O uso de materiais
do que tcnicas, que possam orientar o
reciclados e reciclveis uma realidade
setor no sentido do desenvolvimento.
no mercado imobilirio nacional?
IBRACON Que contribuies so
tipos de materiais para os quais o nvel
esperadas neste segmento dos edifcios
de aproveitamento alto, como o
Luiz Henrique Ceotto Existem certos
verdes advindas da vigncia da
Tower Bridge Corporate,com Certificao Leed Gold
Norma de
alumnio e o ao. Provavelmente, de 30
Desempenho?
a 40% do ao consumido reciclado.
Luiz Henrique Ceotto A Norma
Normalmente, esta reutilizao
de Desempenho foi um trabalho
acontece com os materiais mais caros.
a mentalidade do empresrio da
iniciado pelo Instituto de Pesquisas
No setor cimentceo, temos a utilizao
construo civil no Brasil ainda
Tecnolgicas de So Paulo (IPT)
das escrias de alto forno no cimento.
a de empilhar tijolos. Hoje, poucas
e continuado por empresas do
O CP-III utiliza muita escria de alto
empresas de construo fazem
Sinduscon-SP (Sindicato da
forno, que era um problema ambiental.
planejamentos estratgicos e essas
Construo de So Paulo). Depois
Mas, agora, estamos utilizando um
poucas raramente utilizam a tecnologia
de muito luta, a norma foi aprovada.
cimento com mais de 50% de escria
construtiva como ferramenta para
Houve muita reao em cima de
de alto forno. O CP-III chega mesma
viabilizar seu projeto estratgico.
requisitos bsicos e rudimentares.
resistncia do cimento comum, mas de
Qualquer outro setor produtivo
Discutimos coisas que foram
maneira mais lenta.
utiliza a tecnologia como base para
discutidas na Europa e nos Estados
Existe uma forma de projetar, com
sua competitividade e para seu
Unidos h mais de cinquenta anos.
coordenao modular, que outra
planejamento estratgico. A construo
Assim, o papel da norma muito
maneira de reduzir o desperdcio.
civil um dos poucos setores onde
importante, porque, se elementar,
Embora a norma de coordenao
empresrios no discutem tecnologia,
significa que no fazemos nem isso!
modular exista no pas, ela no
que no impacta no planejamento
A qualidade das edificaes no Brasil
obedecida pelos fornecedores de
estratgico da empresa.
ruim. A partir de agora, o cliente
materiais e componentes.
Por outro lado, no existe uma poltica
tem a ferramenta que ele precisa
setorial para a construo civil, como,
para fazer cumprir a Lei de Defesa do
IBRACON Como voc v as pesquisas
por exemplo, houve para a agricultura.
Consumidor na rea de edificaes.
realizadas nas universidades brasileiras
18 | CONCRETO & Construes
A CONSTRUO CIVIL UM DOS POUCOSSETORES ONDE OS EMPRESRIOS NODISCUTEM TECNOLOGIA, QUE NO IMPACTA NOPLANEJAMENTO ESTRATGICO DA EMPRESA
FALTA LIDERANA,UMA POLTICA DEDESENVOLVIMENTOTECNOLGICO PARA O SETOR
sobre a incorporao de resduos ao
incompatibilizao de projetos, por
e os sistemas prediais e reduz a
concreto, por exemplo, em substituio
falta de uma viso geral e integrada do
interferncia entre estrutura e paredes.
ao cimento e aos agregados?
empreendimento por parte de arquitetos,
Os sistemas computacionais vm para
estudos tm boas perspectivas de ser
projetistas e tcnicos, o que gera
facilitar a construo, de modo a no se
aplicados no mercado construtivo?
desperdcios de materiais, de tempo e de
improvisar durante a construo.
Luiz Henrique Ceotto H quinze
dinheiro.
anos, tnhamos o problema dos
conta do problema?
concretos normalmente produzidos no
solues?
construtivo tm sido atuantes na
mercado paulista serem de at 20Mpa.
Luiz Henrique Ceotto Antes do BIM
formulao e implementao de diretrizes
Enquanto que, na universidade, fazia-se
precisaramos mudar a mentalidade
e na disseminao do conhecimento para
concretos de 50Mpa. Isto porque os
do arquiteto brasileiro. O arquiteto
tornar as construes sustentveis?
aditivos para o concreto no eram feitos
nos Estados Unidos e na Europa
Luiz Henrique Ceotto Tem, mas
para o nosso cimento.
responsvel por todo projeto, pela
falta conversar. Temos muitas
O grupo de estruturas do Comit de
construtibilidade, pela coordenao
entidades de classe, mas que
Tecnologia e Qualidade do Sinduscon
dos projetos, e no apenas pela
conversam pouco. E existem algumas
juntou a cadeia fabricantes e
esttica. Aqui no Brasil o arquiteto
entidades que querem prevalecer
universidades para superar o
preocupa-se com a esttica e tem
sobre outras, o que um desastre.
problema. Um ano depois, tudo
horror coordenao de projetos,
Falta uma coordenao voltada para
mudou. Hoje, o normal nos edifcios
que feita por um terceiro e,
o desenvolvimento do setor com
50Mpa a um custo vivel: a diferena
normalmente, o arquiteto no se
focos claros, com um papel de cada
de custo entre o concreto de 20 e o
envolve nesta coordenao. Ento,
entidade muito bem negociado. Falta
de 50 deve ser de, no mximo, 15%.
muitas vezes a construtora modifica
isso. Muitas vezes existe uma atuao
Ento, no tem por que usar o de 20,
o projeto inicial e o arquiteto nem v.
descoordenada. Do resultados,
porque a durabilidade maior e a taxa
Tem que haver uma mudana radical
mas que poderiam ser, talvez, dez
de armadura menor no concreto
na maneira do arquiteto enxergar o
vezes melhores, se houvesse
de 50, que permite estruturas mais
seu trabalho. O arquiteto tem que ser
uma coordenao.
esbeltas e de melhor desempenho.
responsvel pelo projeto do comeo
Falta uma liderana, uma poltica de
at o fim, tendo que ajudar durante
IBRACON O que gosta de fazer em
desenvolvimento tecnolgico para o setor.
a obra, com a especificao, com o
seu tempo livre?
Se tivssemos uma poltica que orientasse,
desempenho do edifcio.
Luiz Henrique Ceotto Gosto de
que financiasse teses e a aplicao dessas
O BIM , na verdade, um conjunto
comprar avies pequenos antigos,
teses na indstria, de uma maneira mais
de softwares para fazer o projeto e
na forma de sucata, para serem
uniforme e focada, o desenvolvimento do
as maquetes eletrnicas, evitando o
restaurados para eu voar. J restaurei
setor seria muito grande. Porque temos
problema das interferncias. A obrigao
quatro avies. Estou no quinto. Avies
equipes muitos boas no Brasil. Nosso
do setor executar obras e projetos
com 70 a 80 anos de idade. Moro
problema cultural falta de gesto.
com o mnimo de interferncias,
numa casa hangar, em Sorocaba. So
independentemente de usar ou no
cinquenta chcaras com uma nica
IBRACON Um problema tpico nos
o BIM. Laje plana com foro de gesso
pista, com vizinhos que adoram avies
canteiros de obras no pas o da
evita a interferncia entre a estrutura
antigos e os reformam para voar.
Esses
Que solues existem para darO BIM uma dessas
IBRACON As entidades do setor
CONCRETO & Construes | 19
u pesquisa e desenvolvimento
Nanotubos de carbono:um caminho para asustentabilidade demateriais cimentciosTARCIZO CRUZ C. DE SOUZA EngenheiroCTNanotubos
SEIITI SUZUKI EngenheiroIntercement
PTER LUDVIG ProfessorCEFET MG
JOS MARCIO CALIXTO, LUIZ ORLANDO LADEIRA ProfessoresUFMG
atmosfera, o que representa cerca de
MEHTA (2009), por meio do que
apelo s questes am-
5% das emisses globais, segundo o
ele intitulou como ferramentas sus-
bientais e a preocupao
WBCSD (2009). Esta uma relao
tentveis (sustainability tools), prope
com
sustentabilidade
preocupante, dentro do contexto do
interferncias tcnicas no modo de
so assuntos que cada vez mais de-
desenvolvimento da sociedade e da
produo do cimento e na concepo
vem estar incorporados s atividades
sustentabilidade, j que a demanda
e dimensionamento de estruturas de
industriais. Como um dos maiores se-
de cimento vem em crescimento ver-
concreto, buscando um menor consu-
tores da indstria, a Construo Civil
tiginoso e ser duplicada at o ano de
mo deste material. So trs essas fer-
no est fora de todo o contexto da
2030, segundo a mesma fonte.
ramentas: menor consumo de con-
1.INTRODUO
O
a
indstria sustentvel. produo de
O paradigma, ento, passa a ser
creto, menor consumo de cimento nos
cimento, insumo que largamente uti-
a coordenao entre o crescimento
traos de concreto e menor consumo
lizado na construo civil, atribuda
e o baixo impacto ambiental decor-
de clnquer na fabricao do cimento.
uma grande parcela da emisso global
rente deste. Em uma viso holstica,
A primeira e a segunda ferramen-
de dixido de carbono (CO2). O gs
com foco na indstria de produo
tas esto associadas ao modo de
que um dos grandes responsveis
de cimentos, esta deve atuar dentro
concepo estrutural e organizao
pelo agravamento do efeito estufa na
do conceito da ecologia industrial,
da cadeia produtiva da construo ci-
atmosfera tambm um subproduto
onde se incorpora, no processo de
vil. Com o atual desenvolvimento de
de etapas da produo do cimento.
produo, resduos oriundos de ou-
mtodos computacionais, possvel
Estudos mostram que, para cada to-
tras indstrias, em substituio s ma-
trabalhar de maneira bem efetiva a
nelada de clnquer produzida, emi-
trias-primas da prpria. Desta ideia,
otimizao dos materiais quando da
tida de 0,8 a 1,0 tonelada de CO2 na
surgem os cimentos compostos.
concepo estrutural de um edifcio.
20 | CONCRETO & Construes
duo em larga escala, envolve aindao uso de resduos siderrgicos, comalto teor de ferro como catalisador, reduz os custos de produo, alm decontribuir para uma melhor dispersodesses nanomateriais na matriz decimento, com ganhos de resistnciamecnica e durabilidade.
2. SNTESE DO CLNQUERNANOESTRUTURADOOs NTCs e NFCs so sintetizadosde acordo com a metodologia descrita em LUDVIG et al. (2011). A Figura 1
u Figura 1Esquema do reator para a sntese de NTC em clnquer por processo CVD(Chemical Vapour Deposition)
ilustra o sistema de sntese empregado.A presena das nanoestruturas decarbono foi confirmada por microscopia eletrnica de varredura (MEV), con-
A segunda ferramenta est relacio-
bre partculas de clnquer (LADEIRA
forme mostra a Figura 2. Os NTCs e
nada ao dimensionamento estrutural,
et al.,2008). Nanotubos de carbo-
NFCs sintetizados no clnquer possuem
associado escolha de uma idade do
no so uma forma alotrpica de to-
dimetro, comprimento e morfologia
concreto na qual cada elemento estru-
mos de carbono na forma de folhas
variados, o que pode ser explicado pela
tural dever ter desempenho pleno, de
de grafeno, apresentando um arranjo
variabilidade da matria-prima utilizada
tal forma que suporte os esforos atu-
hexagonal e enroladas de modo a for-
como catalisador (p de aciaria). Os di-
antes. Por fim, a terceira ferramenta
marem um cilindro (NTC de paredes
metros variam tipicamente entre 30 e
est relacionada ao desenvolvimento
simples) ou cilindros (NTC de paredes
100 nm, com o comprimento podendo
na tecnologia de produo do cimento
mltiplas). Os NTC de paredes simples
chegar a dezenas de micra (m).
e no estudo de adies e/ou agrega-
apresentam dimetros entre um e dois
Para a determinao do teor
dos que permitam ao concreto maior
nanmetros (10 m) e os de paredes
em NTCs e NFCs no clnquer na-
resistncia e durabilidade, com um
mltiplas, dimetros da ordem de de-
noestruturado,
consumo mais otimizado de cimento.
zenas de nanmetros. As NFCs so
-9
Entende-se que sob a tica do rea-
estruturas fibrosas de carbono, com
proveitamento de resduos e do desen-
estrutura no to bem definidas como
volvimento tecnolgico na produo
os NTCs, sendo as folhas de grafeno
do cimento, pode-se chegar a resulta-
no orientadas paralelamente ao eixo
dos que venham ao encontro do que
da NFC e formando uma estrutura no
MEHTA (2009) chama de Global Con-
formato de um tronco de cone. Apesar
crete Industry Sustainability, ou seja,
das dimenses diminutas desses ma-
enquadrando a indstria de produo
teriais, NTCs puros possuem excelen-
de cimentos na sustentabilidade.
tes propriedades mecnicas: a biblio-
Com o uso da nanotecnologia, um
grafia cita valores da ordem de 1,0 TPa
grupo de pesquisa na Universidade
para o mdulo de elasticidade e para
Federal de Minas Gerais (UFMG) de-
resistncia trao de aproximada-
senvolveu um mtodo para sintetizar
mente vinte vezes maior que a do ao.
nanotubos e nanofibras de carbo-
O mtodo desenvolvido para a sn-
no (NTCs e NFCs) diretamente so-
tese, alm de ser aplicvel para pro-
realizou-se
anlise
u Figura 2Imagem de MEV dos NTCs e NFCssintetizados nas partculasde clnquer
CONCRETO & Construes | 21
inicial e final para ambos os cimentos101100
525C
99
0.0006
adio do clnquer nanoestruturado.Os tempos de pega observados durante os ensaios, superiores ao tem-
0.0004
7,0%
97
0.0003
96
po convencional para esses tipos de
DTGA
Mass (%)
foram ligeiramente atrasados com a
0.0005
620C
98
0.0007
cimentos, podem ser explicados pelautilizao de aditivos plastificantes,
0.0002
95
que tm como objetivo a melhora da
0.0001
94
1,1%
93920
200
400
600
disperso dos NTCs/NFCs em meio
0.0000
aquoso, e que possuem efeito de re-
-0.0001
tardador de pega. Estes aditivos foram
800
adicionados s pastas contendo cln-
Temperature (C)
quer nanoestruturado, assim como spastas convencionais, em concentra-
u Figura 3Resultados da anlise termogravimtrica dos NTCs e NFCs sinterizadosdiretamente em clnquer. Preto: curva TGA; vermelho: curva DTGA
o igual.
termogravimtrica, verificando a per-
e 2 apresentam os resultados da ca-
4.PROPRIEDADES MECNICAS DO CIMENTONANOESTRUTURADO
da de massa da amostra. Os produ-
racterizao qumica e fsica, respec-
Corpos de prova de argamassas,
tos sintetizados em clnquer se de-
tivamente.
empregando o cimento CP-V, foram
compuseram em duas temperaturas:
Estes resultados mostram que a
preparados utilizando este material
a 525 C e a 620 C (Figura 3). Estes
adio de 0,3% de NTCs/NFCs aos
nanoestruturado para investigar o seu
dois picos de temperatura indicam a
cimentos tipo CP-III e CP-V no alte-
efeito nas propriedades mecnicas. Os
presena de dois tipos de materiais:
rou significativamente sua composio
traos utilizados foram na proporo
NFCs e NTCs, respectivamente. A
qumica, finura, demanda de gua e
de 1:3 e o fator gua cimento foi de
taxa de perda de massa na anlise fi-
perda ao fogo, sendo respeitados os
0,43. A areia empregada foi compos-
cou entre 7 e 10 %, correspondendo
limites definidos pelas normas brasilei-
ta de quatro fraes iguais em peso
ao teor total de NTCs/NFCs no mate-
ras. Por outro lado, tempos de pega
de granulometria igual a 0,15 mm,
rial nanoestruturado.
3.CARACTERIZAO FSICO-QUMICA DO CIMENTONANOESTRUTURADO
uTabela 1 Caracterizao qumica dos cimentos Portland CP-III e CP-V
Composto
Cimento CP-IIIpuro (%)
Cimento CP-IIIcom 0,3% deNTCs/NFCs (%)
Cimento CP-Vpuro (%)
Cimento CP-Vcom 0,3% deNTCs/NFCs (%)
presena dos NTCs/NFCs, foi realiza-
SiO2
25,89
25,60
21,03
20,89
da uma caracterizao fsico-qumica
Al2O3
6,64
6,56
5,12
5,07
dos cimentos CP-III e CP-V, fabrica-
Fe2O3
2,09
2,22
2,56
2,63
CaO
56,31
56,46
61,00
60,94
O teor de NTCs/NTFs foi de 0,3%
MgO
3,60
3,59
2,61
2,60
da massa de cimento. Os ensaios de
SO3
2,38
2,32
3,31
3,24
caracterizao foram realizados de
Na2O
0,28
0,30
0,28
0,28
K2O
0,59
0,58
0,74
0,73
Para se verificar a influncia da
dos pela Intercement, com a incorporao do clnquer nanoestruturado.
acordo com a normalizao brasileirapara cimentos Portland. As tabelas 122 | CONCRETO & Construes
0,30 mm, 0,60 mm e 1,2 mm. O teorde NTC/NFC do trao foi de 0,3 % com
uTabela 2 Caracterizao fsica dos cimentos Portland CP-III e CP-V
relao ao peso de cimento. Um aditivo plastificante foi utilizado para melhorar a fluidez e ajudar na dispersodos NTCs e NFCs. Alm dessas argamassas contendo material nanoestruturado, misturas de referncia (REF.),com exatamente o mesmo trao, foramproduzidas para cada tipo de suporte,porm sem NTCs ou NFCs.Para cada mistura, corpos de prova prismticos, no tamanho 40 x 40 x160 mm, foram moldados em frmasde acrlico. Os corpos de prova foramdesmoldados com um dia de idade emantidos em cura com gua at a datados ensaios. As argamassas foramensaiadas aos 28 dias de idade. En-
Composto
Cimento CP-IIIpuro (%)
Cimento CP-IIIcom 0,3% deNTCs/NFCs (%)
Cimento CP-Vpuro (%)
Cimento CP-Vcom 0,3% deNTCs/NFCs (%)
Finura Blaine(cm2/g)(NBR NM76)
4199
4209
4653
4752
Relaogua/cimentopara consistncianormal(NBR NM43)
0,280
0,286
0,297
0,302
Perda ao fogo (%)(NBR NM18)
2,69
2,74
3,72
3,64
Incio do tempode pega(NBR NM65)
475 min.
485 min.
205 min.
240 min.
Final do tempode pega(NBR NM65)
550 min.
565 min.
305 min.
320 min.
saios de flexo em trs pontos foramrealizados numa prensa servo-contro-
valores de resistncia de pelo menos
utilizando NTCs de alta qualidade em
lada com capacidade de 20 kN. Em
quatro corpos de prova.
mistura fsica (MELO et al., 2011). Es-
seguida, a resistncia compresso
Observou-se um ganho de 15% na
ses ganhos contribuem para um ma-
foi determinada numa das metades
resistncia trao e 43% na resistn-
terial de desempenho mecnico me-
do corpo de prova prismtico restan-
cia compresso como efeito da adi-
lhor, abrindo o caminho para novas
te. Os valores de resistncia de cada
o de NTCs e NFCs. Esses valores
aplicaes do cimento. O aumento da
composio apresentados nas Figuras
no foram significativamente diferentes
resistncia trao pode levar a uma
4 e 5 corresponderam s mdias dos
dos resultados obtidos anteriormente,
resistncia maior para a formao defissuras e trincas, o que melhora a durabilidade das estruturas construdascom adio de NTCs e NFCs.
5.MICROESTRUTURADos corpos de prova de argamassa previamente ensaiados, foram retiradas amostras para anlise da microestrutura. Os mtodos utilizados forama porosimetria por adsoro de nitrognio e picnometria de hlio.Os resultados observados durante a anlise de adsoro gasosa foram um aumento de 40% na rea superficial especfica e uma reduo de
u Figura 4Resultados dos ensaios de resistncia trao na flexo de argamassaspreparadas com clnquer nanoestruturado (verde) e de referncia (amarelo)
20% no dimetro mdio dos poros,quando comparado com as amostras das argamassas preparadas semCONCRETO & Construes | 23
das trs ferramentas podem ser influenciadas positivamente no rumoa uma indstria de construo maissustentvel. Um cimento com resistncia maior pode permitir a reduodo consumo de concreto nas estruturas, ou uma reduo do consumode cimento para obter um concretocom uma determinada resistncia. Asalteraes observadas na estruturados poros das argamassas sugeremum maior esforo necessrio para apenetrao de qualquer agente corrosivo. Isso influencia positivamente na
u Figura 5Resultados dos ensaios de resistncia compresso de argamassaspreparadas com clnquer nanoestruturado (verde) e de referncia (amarelo)
durabilidade dos materiais produzidosa partir de clnquer nanoestruturado,elevando os intervalos para qualquerinterveno de reparo ou reforo, au-
adio de NTCs/NFCs. Ao mesmo
mentos Portland CP-III e CP-V. Para
mentando a vida til e reduzindo os
tempo, um aumento de 2% na densi-
ambos os cimentos, a presena do
custos e impactos ambientais.
dade foi observado nas argamassas
clnquer nanoestruturado retardou tan-
contendo NTCs/NFCs. Esses resulta-
to o incio quanto final do tempo de
7.AGRADECIMENTOS
dos podem ser interpretados como um
pega. Por outro lado, foram observa-
Os
refinamento dos poros das argamassas
dos ganhos significativos nas resistn-
auxlio
produzidas com o clnquer nanoestru-
cias compresso e trao na fle-
Intercement e pela ajuda na realizao
turado, o que, por sua vez, pode levar
xo. Alm disso, as propriedades de
dos ensaios mecnicos por parte da
a uma menor permeabilidade diante de
microestrutura tambm foram altera-
Magnesita SA. O projeto parcial-
agentes corrosivos, melhorando, as-
das, incluindo um refinamento dos po-
mente financiado pelo INCT Nano-
sim, a durabilidade dessas estruturas.
ros e pequeno aumento da densidade.
materiais de Carbono, pela FAPEMIG
Essas propriedades podem con-
e pelo projeto CAPES/PROCAD. Os
autoresfinanceiro
6.CONCLUSES
tribuir para diminuir o impacto am-
experimentos
agradeceme
pelo
material
envolvendo
da
micros-
A adio de 0,3% de nanotubos/
biental causado pela indstria de
copia eletrnica foram realizados no
nanofibras em massa no alterou as
cimento. Utilizando a terminologia
Centro de Microscopia da UFMG
caractersticas fsico-qumicas dos ci-
proposta por MEHTA (2009), duas
(http://www.microscopia.ufmg.br).
uREFERNCIAS BIBLIOGRFICAS[01] ABNT NBR NM43: Cimento Portland Determinao da gua de consistncia normal no estado fresco. Rio de Janeiro, 2002.[02] ABNT NBR NM76: Cimento Portland Determinao da finura pelo mtodo de permeabilidade ao ar (mtodo Blaine). Rio de Janeiro, 1998.[03] ABNT NBR NM65: Cimento Portland Determinao do tempo de pega. Rio de Janeiro, 2003.[04] Ladeira, L. O.; Silva, E. E.; Oliveira, S.; Lacerda, R. G.; Ferlauto, A. S.; vila E. e Lourenon, E. Processo de sntese contnua e em larga escala de nanotubos decarbono sobre o clnquer de cimento e produtos nanoestruturados, Patente Brasileiro, INPI 014080002727 (30.04.2008).
[05] Ludvig, P.; Calixto, J. M.; Ladeira, L. O. e Gaspar, I. C. P. (2011) Using converter dust to produce low cost cementitious composites by in situ carbon nanotube andnanofiber synthesis, Materials, Vol. 4, pp. 575-584.
[06] Mehta, P. K. (2009) Global Concrete Industry Sustainability - tools for moving forward to cut carbon emissions, Concrete International, No. 2, pp. 45-48.[07] Melo, V. S.; Calixto, J. M.; Ladeira, L. O. e Silva A. P. (2011) Macro- and micro-characterization of mortars produced with carbon nanotubes, ACI Materials Journal,Vol. 108, No. 3, pp. 327-332.
[08] WBCSD, Cement Technology Roadmap Carbon emissions reductions up to 2050, 2009.
24 | CONCRETO & Construes
u pesquisa e desenvolvimento
Aplicao da ACV e daproduo mais limpa emempresas de artefatosde cimentoCLUDIO OLIVEIRA SILVAAssociao Brasileira de Cimento Portland - ABCP
VANDERLEY M. JOHNEscola Politcnica, USP
bientais de produtos, que de uma forma
consumidores para a diversidade e esti-
avaliao do ciclo de vida
geral no so representativos da diver-
mulando a melhoria.
- ACV a ferramenta do
sidade industrial de muitos setores. No
sistema de gesto ambiental
Brasil ainda mais incipiente
1.INTRODUO
A
A prtica de considerar que cadaproduto tem um impacto mdio, impe-
dados
A prtica internacional tem sido
de a diferenciao entre empresas do
gesto
considerar que, dentro de um mesmo
mesmo setor, alm de permitir o uso
ambiental. Em seu conceito, ela envolve
mercado e usando uma mesma rota
do greenwashing1,ou seja,
medir os fluxos de matria (incluindo ma-
tecnolgica, um produto padronizado
que uma empresas cuja tecnologia re-
trias primas, todos os resduos, emis-
tem tambm um impacto ambiental pa-
sulta em impacto ambiental muito aci-
ses de poluentes) e energia ao longo
dro, independente do seu fabricante.
ma da mdia setorial divulgue em sua
do ciclo de vida do produto. Como o
No entanto, importante observar que,
propaganda os impactos mdios seto-
ciclo de vida do produto inclui a fabrica-
diferentes empresas concorrentes, cer-
riais obtidos pelo esforo dos melhores
o, uso e descarte final do produto em
tamente possuem diferentes culturas
fabricantes. Neste cenrio, este fabri-
questo e tambm de todos insumos
e filosofias empresariais, equipes com
cante no tem qualquer incentivo para
nele utilizados. Assim o inventrio deve
capacidades diversas, variadas abor-
melhorar. A proposta de ACV Modular,
se estender tambm a cadeia de forne-
dagens tecnolgicas e podem utilizar
que esta sendo implantada na constru-
cedores e consumidores, requerendo
diferentes fornecedores para insumos
o civil brasileira, busca superar estes
enorme massa de dados.A ACV completa, devido sua com-
e maquinas. Estas diferenas podem
problemas: permite que pequenas e
implicar em variaes significativas de
medias empresas participem, pois seu
plexidade e custos elevados, de difcil
seus impactos ambientais para um mes-
modulo bsico simples; modular,
implantao em
pequenas e mdias
mo produto. Quando se fala de setores
pois pode ser expandida futuramente a
empresas. Em consequncia o uso da
industriais, ou de um produto padroniza-
uma ACV completa; no divulga dados
ACV tem ficado mais restrito s grandes
do blocos de concreto necessrio
mdios (ou tpicos) dos produtos, mas
corporaes, que a fazem esporadica-
comunicar ao mercado, no apenas um
a faixa de variao esperadas para
mente, e a estudos acadmicos. At o
valor mdio de indicadores de impacto
os impactos principais, impedindo o
momento a ACV gerou um nmero limi-
ambiental, mas sim as suas faixas de
greenwash; torna evidente aos con-
tado de indicadores de impactos am-
variao, alertando os fabricantes e os
sumidores
ISo14000
quantitativos
1
para
gerar
necessrios
osa
Termo utilizado para indicar a apropriao indevida de virtudes ambientais de determinado produto ou empresa, mediante o uso de tcnicas de marketing, com o objetivo de criar uma
imagem positiva junto o pblico alvo, acerca dos impactos ambientais, ocultando-se os reais impactos causados.
a
diferena
permite
entre
os
CONCRETO & Construes | 25
fabricantes de um mesmo produto ea necessidade de selecionar fornecedores; em consequncia, incentivaas empresas a melhorarem e a elaborarem declaraes ambientais dosseus produtos.Este trabalho tem como objetivoapresentar um caso prtico de uso daferramenta de ACV-Modular, na promoo de tecnologias de Produo maisLimpa no setor de blocos de concreto.
2. A PRODUO DE CIMENTO E O SETOR DE ARTEFATOS NO BRASILO setor de cimento responsvelglobalmente por cerca de 5% das emis-
u Figura 1Perfil da distribuio do cimento Portland consumido no Brasil em 2002e 2012 (SNIC, 2014)
ses de gases do efeito estufa GEE,devido a dois fatores intrnsecos ao
vas de menor custo, como a melhoria
to, e no apenas do cimento de forma
processo de produo do cimento Por-
da eficincia trmica e eltrica, o uso
isolada, uma opo importante. Uma
tland: a calcinao de matrias-primas e
de combustveis alternativos e a substi-
das formas de alcanar este objetivo a
o consumo dos combustveis necess-
tuio do clnquer por outros materiais,
otimizao do consumo de cimento na
rios para manter as altas temperaturas
como a escria de alto-forno, a cinza
produo dos produtos como concretos,
do forno de produo de clnquer. Nos
volante, as pozolanas e o fler calcrio
blocos e argamassas. Neste contexto, as
prximos anos, a expectativa que a
(WBCSD-CSI, 2014).
cadeias industriais que utilizam o cimento
participao da indstria nas emisses
O Brasil tem se tornado referncia
como principal insumo ganham impor-
de CO2 aumente, medida que a de-
mundial, com uma das taxa de CO2 por
tncia, pois dada sua capacidade tcni-
manda por cimento cresa, principal-
tonelada de cimento mais baixas do
ca so o local mais favorvel ao uso de
mente nos pases em desenvolvimento,
mundo graas a adoo das estratgias
tecnologias de otimizao de consumo
aumentado a presso ambiental sobre o
tradicionais. Em 2011, o Brasil apresen-
de cimento, atravs da aprimorao dos
setor de cimento (WBCSD-IEA, 2009).
tava indicador mdio de 568 kg CO2/t
processos produtivos envolvidos.
Conforme o World Business Council
de cimento, enquanto que a mdia
com este foco na cadeia industrial
for Sustainable Development WBCSD,
mundial dos melhores fabricantes era de
que destacamos as mudanas no
uma reduo significativa de emisses
629 kg CO2/t de cimento (WBCSD-CSI,
perfil da distribuio do consumo de
do setor de cimento pode ser alcana-
2014). Assim, diante da necessidade de
cimento no Brasil na ltima dcada,
da por meio da aplicao de tcnicas
ampliao da produo, as emisses de
demonstrando um expressivo cresci
de captura e armazenagem de carbono
co2 da indstria brasileira tende a cres-
mento da industrializao no uso do
(CAA), porm essas tcnicas deman-
cer. Mesmo que no tenha um substi-
cimento. Isto pode ser evidenciado
dam elevados investimentos e encare-
tuto competitivo em alta escala e preo
atravs dos dados fornecidos pelo SNIC
cem os custos de produo (CAMIO-
de produo: o aumento das emisses
Sindicato da Indstria do Cimento (Fi-
TO, 2013) (WBCSD-IEA, 2009). Esta
dever reduzir a competitividade do se-
gura 1). Em 2002, o perfil de distribuio
opo tem elevado custo social em pa-
tor, afetando o potencial de crescimento
do cimento consumido no Brasil apre-
ses em desenvolvimento e certamente
dos produtos base de cimento.
sentava o canal revenda com 70,1%
implica em reduo da competitividade.
Neste cenrio, o aumentar a com-
do consumo anual de cimento, sendo
Tradicionalmente a indstria de cimento
petitividade ambiental dos produtos e
que, em 2012, este nmero caiu para
tem adotado tradicionalmente alternati-
sistemas construtivos base de cimen-
54%. Entre os setores da indstria que
26 | CONCRETO & Construes
utilizam o cimento, destacam-se: as
para os especificadores e compradores
cas e mecanismos de gesto ambiental
concreteiras,
de
dos blocos de concreto. Assim foi supe-
baseados na anlise do ciclo de vida
12,8% para 21%, e o setor de artefatos
rada a falta de oferta de qualidade, an-
ACV, pois estes so pr-condio para
de cimento, que passou de 2,61% para
teriormente comum em diversas regies
padres mais sustentveis padres de
5% de participao no consumo anual
do Brasil. O setor tambm se alinhou s
produo e consumo e incremento da
de cimento no mesmo perodo, entre
demandas de racionalizao e industria-
ecoeficincia de produtos e servios
2002 e 2012 (SNIC, 2014).
lizao, fomentando o desenvolvimento
(HERTICH, 2005).
com
crescimento
O crescimento significativo dos lti-
de ferramentas, componentes comple-
A ACV inclui todo o ciclo de vida de
mos anos do setor de blocos de con-
mentares e mecanizao de processos,
um produto, processo ou sistema, en-
creto foi possvel devido a uma srie
aumentando a produtividade dos tradi-
globando a extrao e processamento
de aes estruturantes e de melhoria
cionais sistemas construtivos de alvena-
de matria-prima, a produo, trans-
continua desenvolvidos para superar as
ria e pavimentao.
porte e distribuio, o uso, reuso, ma-
deficincias identificadas (Figura 2). Des-
Atualmente, o novo e crescente de-
nuteno, reciclagem e disposio final
taca-se o aumento da articulao da ca-
safio imposto pelo mercado, e que deve
(HOXHA et al, 2014). O conceito do ci-
deia um dos resultados da criao da
atingir no s o setor de blocos de con-
clo de vida se estende tambm a cadeia
Associao de fabricantes BlocoBrasil
creto, mas todos os materiais e sistemas
de fornecedores e consumidores. Os
atravs de programas de melhoria da
construtivos, est ligado sustentabili-
parmetros para a realizao de uma
tecnologia e dos processos de gesto
dade. Disso decorre a grande importn-
ACV esto estabelecidos na norma ISO
dos principais fabricantes em diferentes
cia que o setor de blocos de concreto,
14040, e inclui etapas analticas: defini-
regies do pas, levando a atualizao
de forma pioneira, atribuiu a ferramentas
o de objetivo e escopo, criao do in-
do parque industrial, com aquisio, por
de gesto ambiental particularmente a
ventrio de ciclo de vida e interpretao
parte desse fabricantes, de modernos
Avaliao de Ciclo de Vida.
dos resultados (ISO 2006).
equipamentos de produo, alm das
Embora a ACV seja a melhor ferra-
aes de divulgao dos sistemas cons-
3. AVALIAO DE CICLO DE VIDA
menta para mensurar e comparar os
trutivos. As normas tcnicas sofreram
Em 2002, na cidade de Johannes-
impactos ambientais ao longo do ciclo
atualizao e ampla divulgao entre os
burg, ocorreu o encontro mundial para
de vida de produtos e servios, sua
fabricantes. Programas de certificaes
desenvolvimento sustentvel. Foco do
complexidade e custos de implemen-
de qualidade passaram a ser referncia
evento foi promover ferramentas, polti-
tao tornam seu uso bastante limitado, principalmente para pequenas emdias empresas (JOHN et al, 2013).Mesmo em pases europeus a maiorparte dos dados do ciclo de vida disponveis se referem a valores tpicos oumdios do setor, no permitindo quefabricantes e consumidores entendamdiferenas entre empresas que fazemum mesmo produto. Com o objetivo deviabilizar o uso da ACV em pequenas emdias empresas, com reduo de custos e prazos de implementao, e criarbenchmarks que incentivem prtica deproduo mais limpa, o CBCS Conselho Brasileiro da Construo Sustentvel apresentou na conferncia Rio+20
u Figura 2Desafios do setor de blocos de concreto frente ao mercado. Fonte: autor
uma proposta de desenvolvimento deACV com caractersticas que respeitamCONCRETO & Construes | 27
s especificaes da ISO 14040 e, aomesmo tempo, possibilitam o acesso deempresas de menor porte de diferentessetores industriais mesmo nos pasesem desenvolvimento.A metodologia proposta pelo CBCS,intitulada de ACV-modular (ACV-M) evolutiva modular j adotada pela construo na rea de qualidade: a adesoao sistema inicia com requerimentossimples, que se tornam mais sofisticados a medida que a empresa e o setorse tornam mais capazes. A simplificao resultado da reduo dos fluxos (ouaspectos) ambientais includos no mdulo bsico. Esses fluxos foram escolhidos com base nos seguintes critrios(JOHN et al, 2013):u Fluxos predominantes, aqueles com
u Figura 3Fluxos de entrada e sada na produo de blocos de concreto(Conselho Brasileiro de Construo Sustentvel CBCS. Apresentao doprograma ACV-M de blocos de concreto, 2012)
maior relevncia ambiental;u Facilidade de mensurao dos fluxospela prpria empresa e fcil auditoriapor terceira parte;
da cadeia da Indstria da Construo
melhoria, incentivando a introduo de
Civil (JOHN et al, 2013).
programas de produo mais limpa.
O fato de permitir a utilizao ampla
parao ACV completa. Ao possibilitar
4. A APLICAO PIONEIRA DA ACVM EM BLOCOS DE CONCRETO
u Fluxos que isoladamente sejam co-
a mensurao de impactos ambientais
Uma parceria entre ABCP, BLOCO-
erentes conceitos de pegada am-
em um nmero maior de empresas de
BRASIL, CBCS e Universidade de So
biental, que bastante popular.
um mesmo segmento, permite desen-
Paulo possibilitou a implementao,
Para um setor participar do progra-
volver um benchmark setorial na forma
pioneira desta metodologia no setor de
ma ACVm mdulo bsico deve incluir
de identificao clara das faixas de va-
blocos de concreto. Alm de permitir ao
pelo menos cinco fluxos:
riao dos impactos ambientais do se-
CBCS refinar a metodologia inovadora,
u Pegada de CO2;
tor, e no apenas com um nico valor
o estudo permitiu que o setor fosse pio-
u Consumo de energia;
mdio ou tpico. So estas as faixas dos
neiro na medio impactos ambientais
u Pegada de gua;
impactos e no um simples valor mdio
ao longo do ciclo de vida dos blocos de
u Pegada de resduos;
ou tpico, que so divulgados publica-
concreto para alvenaria e peas de con-
uIntensidade de uso de matria-
u Minimizao da necessidade de uso
da ACV por empresas de todos os por-
de dados secundrios de emisses,
tes um importante diferencial em com-
que introduzem erros;
mente em banco de dados. As faixas
creto para pavimentao, permitindo a
-prima.
evidenciam para os consumidores o
introduo de um processo de melhoria
Conceitualmente, a ACV-M pode
potencial de mitigao de seleo do
continuada do desempenho ambiental.
ser escalada at contemplar todas as
fornecedor. Em consequncia, criam
A Figura 3 apresenta o fluxo tpico de
anlises de uma ACV completa, depen-
demanda para que os fabricantes ofe-
produo dos blocos de concreto dos
dendo do porte da empresa e do pro-
ream declaraes ambientais de pro-
fabricantes avaliados. Como usual, o es-
duto, processo ou servio avaliado. Isto
dutos. Mas as faixas de variao so
copo do estudo envolveu os fluxos do
torna a ACV-M uma ferramenta mais
tambm um importante benchmark se-
bero at o porto da fbrica.
flexvel e apropriada grande diversi-
torial: tornam evidente para os fabrican-
Os indicadores de ACV foram ava-
dade de empresas e segmentos dentro
tes menos eficientes o seu potencial de
liados inicialmente em 33 fabricantes,
28 | CONCRETO & Construes
tes avaliados utiliza a mesma rota tecnolgica, com equipamentos de produosimilares e todos so certificados com oSelo de Qualidade ABCP, atestando queeste conjunto de fabricantes cumpre smesmas especificaes normativas paraos blocos de concreto. Mesmo assim,observa-se a grande variao, no s noindicador de CO2,mas a mesma variaoocorreu nos demais fluxos avaliados naACV-M aplicada neste grupo de fabricantes, como os indicadores de consumo de gua e de consumo de Energia.Outro aspecto importante que as emisses no foram controladas pelo teorde clnquer do cimento: embora tenham
u Figura 4Indicador de emisso de CO 2 blocos de concreto para alvenaria. Algunsresultados no foram considerados por serem considerados produtos deerro de inventrio. Verifica-se a grande disperso do indicador de CO 2entre os fabricantes (JOHN et all, 2014)
sido usados cimentos CPII, as menores emaiores emisses de CO2 foram obtidasusando cimento CPV. Detalhes dos resultados podem ser encontrados no relatrio final (JOHN et all, 2014)2.As faixas tambm demonstram aos
distribudos por diferentes regies do Bra-
e o CO2 emitido devido ao funcionamen-
fabricantes participantes o potencial
sil. Todos os fabricantes possuem o Selo
to da fbrica (CBCS, 2012).
de mitigao de pegada ambiental que
de qualidade ABCP, constituindo uma re-
A figura apresenta as faixas do indi-
estratgias de produo mais limpa po-
ferencia de desenvolvimento tecnolgico
cador CO2 para os blocos de concreto
dem trazer. Alm disso, a divulgao dos
e de qualidade. Os produtos avaliados
com funo estrutural com resistncia
indicadores da ACV-M concebida pelo
foram: blocos de vedao com resistn-
compresso de 4 MPa, 6 MPa, 8 MPa,
CBCS e colocada em prtica de forma
cia compresso de 2 MPa e dimenses
10 MPa, 12 MPa, todos com dimenses
pioneira no setor de blocos de concreto
normatizadas de (14x19x39) cm, blocos
de (14x19x39) cm, e blocos sem funo
permite alertar especificadores e consu-
estruturais com resistncias compres-
estrutural resistncia de 2 MPa, com di-
midores a solicitar informaes sobre o
so de 4 MPa, 6 MPa, 8 MPa, 10 MPa
menses (14x19x30) cm e (9x19x39) cm.
impacto ambiental dos produtos. Desta
e 12 MPa, com dimenses normatizadas
Para cada tipo de bloco, as bar-
forma cria um crculo virtuoso dentro do
de (14x19x39) cm e peas de concreto
ras representam a faixa do indicador,
setor, onde cada fabricante, tendo co-
para pavimentao nos formatos retan-
sendo destacado os nmeros individu-
nhecimento de seus indicadores e sua
gular e dezesseis faces, com resistncia
ais de identificao do fabricante que
posio dentro da faixa de indicadores
compresso de 35 MPa e 50 MPa.
apresentou respectivamente, o maior
de ACV-M, busque melhorar seu de-
Para ilustrar os resultados, a Figura
e o menor para o indicador avaliado.
sempenho, ganhando competitividade,
4 apresenta a variao de um dos indi-
Deste modo, pode-se verificar a grande
atravs da metodologia de Produo
cadores mensurados: o teor de emis-
disperso do indicador entre os fabri-
mais Limpa.
ses de CO2. O indicador de emisso de
cantes (JOHN et al, 2014).
CO2 composto pela emisso total por
Os resultados finais da ACV-M de
bloco, ou seja, a quantidade estimada
blocos de concreto apresentados na Fi-
A apresentao de ACV em forma
procedente da queima de combustveis
gura 4 ilustram a importncia de medir
de faixas de indicadores um passo
para o transporte das matrias-primas,
e divulgar as faixas de indicadores para
bastante importante e deveria ser ado-
extrao e processamento das mesmas
cada produto, pois o grupo de fabrican-
tado por toda a cadeia de materiais de
2
Disponvel http://www.acv.net.br
5. PRODUO MAIS LIMPA
CONCRETO & Construes | 29
construo, entretanto, necessrio
es Unidas para o Desenvolvimen-
tes, os dados so consolidados no re-
tambm que as empresas tenham fer-
to Industrial ONUD foi aplicada em
latrio do diagnstico, os quais eviden-
ramentas que as orientem de forma pro-
um fabricante do Estado do Rio de
ciam as oportunidades de melhoria. De
positiva a buscar um melhor posiciona-
Janeiro, envolvendo de cinco etapas
acordo com as prioridades da empresa,
mento dentro das faixas de cada setor.
(CTS Ambiental, 2012).
as oportunidades de melhorias so se-
Neste caso, a aplicao do conceito de
u Etapa 1 Planejamento
lecionadas e transformadas em Estudos
Produo Mais Limpa, tendo como pon-
de Casos. Por fim, so apresentadas as
to de partida o conhecimento dos indi-
u Etapa 2 Diagnstico ou Avaliao
cadores da fbrica e do setor em queela est inserida a condio adequada
Prvia;u Etapa 3 Estudos e Avaliaes
para tomada de decises.O conceito de Produo Mais Lim-
(Balano de Massa e de Energia);u Etapa 4 Desenvolvimento de Pro-
pa foi introduzido pela primeira vez pelo
jetos de Produo mais Limpa ou
Programa de Meio Ambiente das NaesUnidas (UNEP) em 1989, como uma
Estudos de Casos;u Etapa 5 Implantao e
abordagem inovadora para a conservao e gesto ambiental de recursos.
e Organizao;
move a eliminao de resduos, antes desua gerao, reduzindo sistematicamen-
pa e os benefcios estimados de cadaimplantao. A Tabela 1 apresenta umquadro resumo das oportunidades demelhorias e benefcios econmicosapresentados ao fabricante estudado.No futuro, a implantao da P+Lnas empresas de bloco ser precedida
Monitoramento dos Estudos
de um inventrio ACVm, gerando indi-
de Casos.
cadores e permitindo ao fabricante es-
Produo Mais Limpa uma estratgiade gesto ambiental preventiva, que pro-
oportunidades de Produo mais Lim-
tabelecer metas capazes de melhorar
5.1 O Programa de Produo mais Limpa implantado pelo CTS Ambiental
sua competitividade. Ao final do projetoo inventario ACVm pode ser repetido,permitindo mensurar o ganho atingido.
te a poluio e melhorando a eficinciada utilizao de recursos (UNEP, 2001).
A Etapa 1 envolve a capacitao da
6. CONSIDERAES FINAIS
O foco da metodologia minimi-
equipe da empresa com formao do
O conceito de ACV-M permite a im-
zar ou evitar a gerao de resduos,
eco-time que ser envolvido no projeto.
plantao em escala da ACV, podendo
reciclar os resduos gerados, aumentar
Durante o evento inicial de capacitao
gerar um cenrio favorvel indstria
a eficincia na utilizao das matrias-
e planejamento, o fabricante avaliado
da construo civil, composta por um
-primas, gua e energia e de reduzir os
estabeleceu, como expectativas do
grande nmero de pequenas e mdias
riscos para as pessoas e para o meio
Programa em sua empresa, os seguin-
empresas que encontram dificuldades
ambiente. (UNEP, 2002) O Programa de
tes parmetros:
em se diferenciar em termos de ecoefici-
Produo mais Limpa traz para as em-
u Aumento de produtividade;
ncia em meio a um grande nmero de
presas benefcios ambientais e econ-
u Reduo de desperdcios e no con-
fabricantes. Para o consumidor, a ACV-
micos, que resultam na eficincia global
formidades;
-M deve proporcionar indicadores de
do processo produtivo (CNTL, 2003). A
u Qualidade dos produtos;
impactos ambientais mais prximos da
existncia de um benchmark validado,
u Menor impacto ambiental;
realidade, facilitando a deciso de esco-
como o propiciado pela ACVm impor-
u Reduo de produtos rejeitados;
lha de um fornecedor ou de determina-
tante ferramenta para evidenciar o po-
u Diminuio de energia eltrica;
do tipo de produto.
tencial de melhoria.
u Reaproveitamento de paletes;
A ABCP, em parceria com a REDE-
u Reduo de rudo.
Entretanto, para que a ACV-Mpossa ser utilizada nos diferentes seg-
TEC Rede de Tecnologia e Inovao
Na etapa 2, realizado o diagns-
mentos dos materiais de construo,
e o Centro de Tecnologia SENAI-RJ
tico da empresa, com o detalhamento
deve-se estabelecer os critrios de de-
Ambiental CTS Ambiental, iniciou um
do fluxograma do processo produtivo
terminao dos fluxos predominantes
projeto piloto de implantao da meto-
e a quantificao de todas as entradas,
em cada um dos setores, devendo-se
dologia de Produo mais Limpa em
como matrias-primas, energia, gua e
estabelecer uma padronizao dos
fabricantes de blocos de concreto. A
insumos, assim como as sadas, como
procedimentos de mensurao destes
metodologia I da Organizao das Na-
produtos e resduos. Nas etapas seguin-
fluxos atravs de uma norma nacional,
30 | CONCRETO & Construes
oficializando a ACV-M como ferramenta
competitividade ambiental saudvel en-
busca por diferenciao. Incentivados
de entrada para elaborao de indica-
tre os fabricantes, gerando ganhos reais
pelo poder de escolha do consumidor,
dor de impacto ambiental.
para a diminuio de impactos