revista tipo | pra tudo existe assunto

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Revista produzida por Diego Meneghetti e Tiago Jokura, em 2002, para a conclusão do curso de comunicação social, habilitação em jornalismo, na Unesp (Bauru, SP).

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assim...

Uma revista, como o próprio nome lhe impõe,deve se caracterizar por revistar, ou melhor dizendo,

relançar a vista sobre o que está a nossa volta

tratando de retratar e recontar algo a respeito

que sirva, entretenha ou mesmo interesse a alguém.

de ter em cada edição um assunto específico sob o qual

sem tirar nem pôr, salvo a pequena peculiaridade

Esse é o tipo de coisa que a t ipo se propõe a oferecer,

serão costuradas as reportagens, crônicas, publicidades

elementos gráficos e tudo o mais que venha a vestir

seu corpinho bem paginado e, nessa edição, molhadinho.

Ao despi-la, a tipo deleitrá seu olhar com idéias em forma

de imagens e letras, [que aqui podem ser a mesma coisa]

deixando a melhor impressão, sem mudar de assunto!

a tipo é uma revista experimental, apresentadacomo trabalho de conclusão do curso dejornalismo da faculdade de arquitetura, artes ecomunicação da unesp (universidade estadualpaulista), sob orientação do prof. dr. LucianoGuimarães.

dezembro, 2002

jornalistas:

revisor:

colaboradores:

w w w . r e v i s t a t i p o . c o m

diego.pontoglio.meneghettitiago.reis.jokura

fernando.teixeira.gregio

renato.endrigo.coelhojosmar.da.silva.batista

04

O fluxo das matérias da tipo segue de

acordo com o tema de cada edição e se di-

vide em três blocos principais para lhe pro-

porcionar um melhor acompanhamento das

idéias desenvolvidas ao longo da revista.

O primeiro bloco [ sólido ] engloba infor-

mações de ordem mundial ou internacional.

Depois disso, no segundo [ líquido ], es-

tão as repor tagens que tem a ver com o as-

pecto social do assunto apresentado.

O terceiro bloco [ vapor ] fecha a revista

com matérias leves, de interesse pessoal.

Os ícones abaixo ajudarão você a se ori-

entar dentro da tipo:

siga o fluxo

[ sólido ], página 06 a 17

[ líquido ], página 18 a 39

[ vapor ], página 40 a 50

| água [ www.revistatipo.com ]

Page 5: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

fluxoSekhet Aaru, o campo dos papirus [ Nosso ...]América das águas [ Para grande parte da ...]

saneamento de Estado [ Já os acostumamos ...]

a herança dos Guaranis [ Para os mais desavisados ...]

conversa de pescador [ O título é mais um clichê ...]

“a água me dá independência” [ 1998 era o ano ...]

navegar é preciso! [ Não é de hoje que os ...]

úmidas lembrancas [ E pensar que tudo começou...]

sob cuidado de ETEs [ Não se assuste! Os ETEs ...]

toma um copinho d’água que melhora [ A água ...]

usar racionalmente ou racional usualmente [ Dias ...]

dando nó em pingo d’água [ A tipo é uma revista ...]

água para todos os gostos [ Ué, pensaria você ...]

o primeiro tombo de São Francisco [ Disseram que ...]

filme, pipoca e edredom [ Dizem que vida de ...]em outras palavras: [ Deus soprou o fôlego de ...]

salva-águas [ Você sabia que o maior oceano ...]

entrevista: Rodrigo Agostinho [ O bate-papo foi ...]

beba-me! [ Imagine-se tendo que vender alguma ...]

manual do escalda-pés [ Comece relaxando ...]

contagotas [ Era fatal o enfrentamento. ...]

no fundo da poca? [ A água é o recurso natural ...]

perder peso é sopa [ Compre já Elissbelt e ...]

refresco em pó [ Em outubro deste ano, a região ...]

lavando as folhinhas [ Sabe aquelas folhinhas de ...]

para a sua digestão [ Um tipo de roteiro para ...]

águas de atraso [ Tipo é raiz de tipografia, ...]

protótipo [ a t ipo satisfaz o gosto dos olhos ...]

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água |[ www.revistatipo.com ]

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osso exemplo podeser ingênuo, não há

problema. Mas você, leitor,já se sentiu mal ao ver umacriança, na praia, perderseu brinquedo na maré sor-rateira do litoral (na maio-ria das vezes era umbaldinho colorido comaquelas pazinhas, tambémcoloridas, que, juntos,montam uma cabeça de pa-lhaço ou algo do tipo). Obrinquedo rapidamente vaipara o fundo do mar, e acriança fica com aquelesentimento de perda, umsoluço de choro e você, comum aperto no coração. Sepossível corre numa loja ecompra logo outro brin-quedo semelhante.

Mas isso não tem nadaa ver com a matéria quevocê lê nesse momento.Talvez um pouco. Falare-mos aqui sobre uma lendaque até hoje é comentadapor estudiosos desde otempo de Platão, na Gréciaantiga. Aliás, quem não

acredita na lenda diz que ofilósofo foi o primeiro res-ponsável por toda essa es-peculação que fala de umacivilização perdida no fun-do do mar. Há quem digaque Atlântida não passa deuma obra da cabeça dePlatão; que nunca existiu,exceto nas mitologias.

O episódio do baldinhoda criança foi só pra vocêentrar no clima da praia esentir o poder de "sucção"do mar! Sim, pois a histó-ria conta que foi dessa for-ma que Atlântida desapa-receu: sugada pelo oceano,logo após o fim da últimaglaciação. Já faz um tem-po, cerca de 11.600 anosatrás. Todo o continentedos atlantes pra dentrod'água até hoje.

Vários pesquisadores jáprocuraram a exata locali-zação da cidade submersa,porém sem nunca obter su-cesso. Talvez seja porquetodas as buscas partiram desuposições ou relatos mito-lógicos deixados pelos an-tigos, como os egípcios (quea chamavam de SekhetAaru, Campos dos Papirus,em português), gregos,maias, astecas e hindus.

Cada uma dessas civiliza-ções fizeram referências àAtlântida ao seu modo,dando cada uma um nomeao continente, hoje, perdi-do no fundo do mar (se éque ele um dia existiu).

O professor de Enge-nharia Nuclear da UFMG(Universidade Federal deMinas Gerais), ArysioNunes dos Santos, 63, écontrário à idéia de queAtlântida não passa de umalenda. Para ele, o continen-te perdido é o berço de to-das as civilizações e fontede toda a religião e ciênciadesenvolvida no mundo.Esse conhecimento teriasido passado à frente pelosatlantes que conseguiramsobreviver ao fim de sua ci-vilização. O cientista acre-

dita que Atlântida era osantuário dos deuses de to-das as religiões. Até o an-tigo dilúvio que váriascrenças pregam seria o ex-termínio da civilizaçãopelo oceano.

Segundo o professor, ofato de ninguém até hoje terencontrado a cidadesubmersa (e veja que tenta-tivas não faltaram) seriaporque todos procuram noslugares errados. Um tantoóbvio! Mas é verdade:Atlântida não tem relaçãocom o oceano Atlântico; es-taria situada na região daIndonésia, perto do mar daChina. E como foi inunda-da pela última glaciação,toda a cidade estaria abaixodo fundo do mar, submersae subterrânea.

Atlântida seria uma ci-dade rodeada por altasmontanhas ao seu norte,protegendo-a assim dosventos fortes da Ásia. Pos-suiria uma tecnologiaavançadíssima (incluindobombas atômicas, vejasó...), sistema político euma avançada engenhariagenética: animais domésti-cos, como o cavalo, viriamde lá, igualmente ao trigo,milho, feijão...

sólido | atlântida

n

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Para comprovar suatese, o professor Nunes citavários mitos astecas e maias,nos quais está o apareci-mentos do tomate, mandio-ca e milho (elementos quenão existiam na Europa atéo "descobrimento" da Amé-rica). Muitas dessas históri-as contam que as sementesdesses alimentos haviamsito trazidas pelos deusese imperadores fundado-res de suas nações (nocaso, os atlantes sobrevi-ventes do dilúvio).

No meio de tanto mis-tério, a tipo promove umconcurso: quem conse-guir obter algum vestígiode Atlântida ganha umlindo baldinho de plásti-co e várias pazinhascolordas, que, juntos,montam uma cabeça deum palhacinho! Um lindopresente para uma crian-ça que adora praia...

Mais informações sobre acivilização de Atlântida nosite da tipo:[www.revistatipo.com]

Imagine que, a partir desse mo-

mento, o planeta sofresse mais

uma glaciação, e ao final, todas

as calotas polares se derretessem.

O planeta seria uma aguaceira só!

No cinema, Kevin Costner já

protagonizou um filme dessa na-

tureza, Waterworld, em 1995.

No filme, a população vive em

barcos e ilhas ar tificiais. Não

existe nenhum lugar de terra fir-

me. Um misterioso aventureiro

(Kevin Costner) vive comer-

cializando tudo que é possível,

inclusive terra pura, a mercado-

ria mais valiosa desta época.

Após ser preso injustamente, ele

é liber tado por uma comerciante

que exige que ele a leve embora

e junto com eles uma garota

(Tina Majorino), que tem nas

costas o mapa para se chegar a

Terraseca, o único e lendário lo-

cal com terra firme. Mas o chefe

de uma gangue (Dennis Hopper)

resolve perseguí-los, pois tam-

bém deseja encontrar este local.

O filme pretendia ser um ho-

mônimo do sucesso Mad Max.

Na época da sua produção foi o

filme mais caro de todos os tem-

pos, 175 milhões de dólares.

Recebeu uma indicação ao Os-

car, por efeitos sonoros, mas

ganhou 3 Framboesas de Ouro

(premiação norte-americana aos

piores filmes do ano). A direção

é de Kevin Reynolds, mas no fi-

nal de suas gravações, Reynolds

abandonou os sets de filmagem;

Kevin Costner acabou dirigindo

o restante do filme.

Na distribuição da água ao

mundo, o deser to do Atacama,

no Chile, ficou por último na

fila e não conseguiu pegar sua

par te. Esse trecho chileno é

considerado o mais seco do

mundo; esteve sem chuvas du-

rante 1571 anos (de 400 a

1971). Possui uma a l t i tude

média de 2400 metros e tem-

peraturas que var iam de 0º

à noite até 400 durante o dia.

na outra margem

se fosse hoje...

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América

Para grande parte da

população do sul e

sudeste brasileiros,

abrir uma torneira e ter

água em abundância em

casa é uma situação

trivial. O Brasil, de

forma geral, é um país

bem privilegiado quanto

a esse recurso natural:

cerca de 18% de toda a

água doce do planeta

está em nosso território.

sólido | dia interamericano da água

[ www.revistatipo.com ]| water

Page 9: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

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bundância de água doce não éuma realidade em países como

Índia e Paquistão, na região daCaxemira, e nos EUA e México, no flu-xo dos rios Colorado e Concho. Nesseslocais, além dos conflitos internos, pro-blemas envolvendo a água também afli-gem a população.

A disparidade é tamanha que, noBrasil, já está em debate a possibilida-de de exportação da água como alter-nativa econômica para regiões ribeiri-nhas da Amazônia, por exemplo. E te-mos que ter em mente que a água, dojeito como a utilizamos hoje, é um re-curso finito.

Em defesa desse bem natural, vári-as organismos nacionais e internacio-nais atuam em sua preservação. Nessesentido, foi criado há dez anos o DiaInteramericano da Água, idealizadopela Associação Interamericana deEngenharia Sanitária e Ambiental(Aidis), Associação Caribenha de Águae Águas Residuais (CWWA) e a Orga-nização Pan-americana da Saúde(Opas), durante o 23º CongressoInteramericano da Aidis, em Cuba.

Foi acertado que a data seria lem-brada sempre no primeiro sábado deoutubro de cada ano. Desde então, acelebração da água vem acontecendona maioria dos países da América La-tina e do Caribe e também em algunsEstados brasileiros. Pioneiramente, aseção gaúcha da Associação Brasileirade Engenharia Sanitária e Ambiental(Abes/RS) instituiu, em 1994, a Sema-na Interamericana da Água. Em abril

do ano passado, a Organização dosEstados Americanos (OEA) se incor-porou à iniciativa.

Neste ano, o Dia Interamericanoda Água, celebrado em 5 de outubro,foi marcado pelo lançamento da IX Se-mana Interamericana da Água no RioGrande do Sul. O evento, que ocorreude 12 a 19 de outubro, teve o apoio de41 órgãos governamentais e não-go-vernamentais, universidades, conse-lhos e associações profissionais, e re-sultou em cerca de 800 atividades emtodo o estado.

O tema deste ano, "Não ao Desper-dício, Não à Escassez", remete parauma reflexão sobre a forma de utiliza-ção desse bem natural, cada dia maisraro para grande parte da população e

ecossistemas no mundo. O Rio Grandedo Sul, por exemplo, estado com gran-de potencial hídrico, tem diversas re-giões com problemas de escassez.

A IX Semana Gaúcha teve umcalendário que reuniu diversosaspectos da água: o lado sagrado, otécnico, o artístico, o social, o biológico,o econômico, o histórico, o educativo,enfim, diversas dimensões desterecurso natural. Seminários, palestras,exposições fotográficas, mutirões delimpeza e de plantios de árvores emnascentes e atividades de educaçãoambiental fecharam o programa dasemana. O resumo da campanha podeser obtido no site da SecretariaEstadual do Meio Ambiente do RS -www.sema.rs.gov.br

das águas

2 de Fevereiro - Dia mundial das zonas úmidas

14 de Março - Dia mundial de ação contra barragens e pelos rios,

as águas e a vida

22 de Março - Dia Mundial da Água

8 de Junho - Dia mundial do oceano

17 de Junho - Dia mundial do combate da deser tização

e da seca

16 de Setembro - Dia mundial de limpeza do litoral

4 de Outubro - Dia da Ecologia

outras datas

a

[ www.revistatipo.com ] water |

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[ www.revistatipo.com ]10

sólido | política

| ujë

Page 11: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

á nos acostumamos com a rotinadas privatizações, é bem verda-

de. Faz parte da nossa rotina pagar-mos serviços telefônicos e energéticospara empresas francesas, espanholas,italianas etc.

Sinais dos tempos do Real e do seu"mentor e pai", Fernando HenriqueCardoso no comando da nação. Tem-pos de enxugar o Estado.

Por enquanto a Petrobrás continuaem nossas mãos, e se não fosse por al-gumas iniciativas legislativas, a palavra"enxugamento" poderia chegar ao ex-tremo de seu significado mais simples.

Um projeto de lei de autoria do de-putados Inácio Arruda (Pc do B), pu-blicado em fevereiro de 2001, conseguiufazer frente a uma possível política dedesestatização dos serviços de sanea-mento básico (distribuição de água, co-leta e tratamento de esgoto) no Brasil.

A proposta em vigor alterou pro-cedimentos do Programa deDesestatização Nacional, excluindo osaneamento básico da lista de servi-ços "privatizáveis".

O texto de justificativa do projetode lei nº 4167 começa assim: "A água éum bem de domínio público e um re-

curso natural limitado, como sublinhaa Lei que Institui a Política Nacional deRecursos Hídricos".

A justificativa segue apontando vá-rios argumentos que solidificam a posi-ção de resistência do projeto diante dointeresse de empresas estrangeiras nopotencial hídrico nacional (cerca de 12%das reservas de água doce mundiais) eno setor de saneamento que, segundo aAssociação Nacional dos Serviços Mu-nicipais de Saneamento, obtém receitaanual de cerca de R$ 10 bilhões.

Os riscos de controle do saneamen-to básico por empresas estrangeiras vãoalém do provável aumento do custo doserviço. O preço das tarifas geralmen-te sobe em decorrência de compromis-sos de ampliação e de melhoramentosna qualidade e no alcance populacionaldo serviço, impostos às empresasgestoras pelo governo que cede o con-trole dos setores privatizados.

O maior risco, no caso do saneamen-to, é o de que uma eventual má-prestaçãode serviço possa afetar a saúde pública.Nesse caso, o governo estaria cedendo umsetor que é fundamental para a manuten-ção de uma garantia que é de sua respon-sabilidade proporcionar a cada cidadão.

Atualmente, cerca de 5% do setorde saneamento nacional está sob con-trole de grupos estrangeiros. Tais par-ticipações já ocorrem no Paraná e nointerior do estado de São Paulo. EmManaus, segundo o texto de justifica-tiva do projeto, a empresa francesaLyonnaise Des Eaux controla o sanea-mento básico e vem prestando ummau serviço, deixando de atender al-gumas áreas da cidade.

Dentre os demais argumentos en-contrados no projeto de lei está umquadro de políticas adotadas em vári-os países em desenvolvimento que têmacordos com o FMI, prevendo aprivatização dos setores de saneamen-to básico, demonstrando a tendência deabertura do setor à iniciativa privadaem países que tem a política atreladaàs metas impostas pelo Fundo.

Além de combater a entrega demais um patrimônio público e estraté-gico do país para a livre exploração docapital estrangeiro, o projeto de lei nº4167 tem como objetivo manter o con-trole do saneamento sob a esfera deatuação municipal, garantido constitu-cionalmente, mas ameaçado pelo Exe-cutivo federal.

J

O texto do projeto pode ser encontrado no site do deputado Inácio Arruda, líder do PC do B na Câmara Federal

[www.camara.gov.br/inacioarruda/proposicoes/pl4167_01.htm]ou no site da tipo. Lá, você poderá encontrar maio-

res informações sobre os acordos, citados nas matérias, entre alguns países e o FMI, que dizem respeito à cessão

de serviços como o de saneamento básico.

11[ www.revistatipo.com ] ujë |

Page 12: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

Para os maisdesavisados, nossa

querida América doSul tinha dono antes de

espanhóis e portugueseslançarem-se além-mar

para desbravar essaterrinha. Aliás, tinha dono

muito antes de ser batizada deAmérica.Pois é, especialmente nas terras

que hoje chamamos Brasil, os“donos do pedaço” fizeram umabreve amizade com os lusitanospara depois serem assaltados,assassinados, apelidados de índiose praticamente sumirem do mapajuntamente com seu idioma, o tupi-guarani.

Mal sabiam, melhor, malsouberam o tamanho da herançaque pisavam.

sólido | aqüífero guarani

[ www.revistatipo.com ]12 | woha

Page 13: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

omo hoje em dia a moda é de ten-tar corrigir erros ancestrais com

homenagens cosméticas, cientistas sul-americanos decidiram denominar a he-rança relatada acima como aqüíferoGuarani, em homenagem ao povo quehabitou as terras abrangidas por essaque talvez seja a maior reserva de águadoce do mundo.

Para se ter uma idéia do seu tama-nho, basta saber que o aqüífero tem umvolume de água capaz de abastecer todaa população do Brasil por 2500 anos.Isso tudo calculado, sem levar em con-ta o volume de reposição do aqüífero,ou seja, ignorando a quantidade deágua que ele absorve da superfície e omantém renovado.

Tá certo, mas afinal, o que vem aser um aqüífero?

Você tem todo o direito de não saber,assim como o candidato ao governo deSão Paulo, José Genoíno (PT). Mas aocontrário dele, você pode admitir.

Um aqüífero nada mais é do que umlençol d'água subterrâneo. Acontece queo Guarani tem uma extensão de 1,2 mi-lhão de km2 e atravessa oito estados bra-sileiros (Mato Grosso, Goiás, MatoGrosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais,Paraná, Santa Catarina e Rio Grande doSul), além de atingir boa parte deParaguai, Argentina e Uruguai.

Com todos esses dados você podefacilmente calcular a importânciadesse reservatório de água doce para

o consumo humano, abastecimentode empresas e, principalmente, paraa agricultura.

O que vem chamando atenção nosúltimos tempos é a contaminação doaqüífero em locais com intensa ativida-de agrícola, principalmente aquelesmais próximos a áreas de recarga. Nes-sas áreas, geralmente situadas nas bor-das do aqüífero, a cerca de 40m ou 50mda superfície, o lençol d'água fica maisexposto à água das chuvas e dos rios,que carrega consigo os agrotóxicos uti-lizados na lavoura.

As regiões onde a incidência decontaminação mais preocupa são anascente do Araguaia, arredores deRibeirão Preto, e algumas áreas no suldo país. Todas elas apresentam emcomum a prática da monocultura agrí-cola intensiva. As várias aplicaçõesanuais de agrotóxicos requeridas aca-bam por carregar o solo e conseqüen-temente contaminar o aqüífero. Umamedida alternativa é adaptargradativamente as culturas próximasdos rios, garantindo que a agriculturaintensiva seja praticada apenas emáreas distantes das margens.

No primeiro turno das eleições

2002 para governador do estado de

São Paulo, a rede Record realizou um

debate no qual o candidato do Par ti-

do dos Trabalhadores, José Genoíno

passou por maus lençóis.

Aconteceu quando foi pergunta-

do sobre a questão da poluição do

aqüífero Guarani. Evidentemente, a

questão par t iu do candidato do

Par tido Verde, Pinheiro Pedro, que

pediu para Genoíno discorrer a res-

peito do problema.

Como não sabia do que se tratava

e talvez temesse ser ridicularizado ao

afirmar desconhecer a situação,

Genoíno gastou seus minutos regu-

lamentares de resposta num falatório

sem fim, que popularmente, chama-

mos de "encher lingüiça".

Na réplica, Pinheiro, pronta e sin-

teticamente, explicou o que era o

aqüífero Guarani, e do que se tratava

sua pergunta, que insisitiu, não fora

respondida por Genoíno.

Imediatamente, em sua tréplica,

Genoíno emendou: "Mas foi justa-

mente isso que eu disse!"

outro grave problema diz respeitoaos poços artesianos que são implan-tados indiscriminadamente e em segui-da abandonados.

A extrema quantidade de poços di-minui a pressão das águas do aqüífero,prejudicando o abastecimento de algu-mas regiões onde o lençol está mais dis-tante do solo. Os poços abandonadossem vedação adequada, por sua vez,propiciam a entrada de terra e de águaspoluentes no aqüífero.

olhando para o futuro, devemosanalisar a importância política e estraté-gica, cada dia maior, do aqüífero Guarani.Estudos da ONU prevêem, já para 2025,que metade da população mundial sofre-rá com a carência de água doce para con-sumo e demais atividades produtivas.

Por isso, o Brasil (país que abriga amaior extensão territorial do aqüífero)precisa reunir forças com os países vi-zinhos para preservar a soberania e osinteresses da região, que certamenteserá muito assediada pelas potênciasmundiais, com destaque para nossossempre "interessados primos" de Amé-rica. Aqueles mesmo, do norte.

c

um caso genuíno

13[ www.revistatipo.com ] woha |

Page 14: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

título é mais um clichê que a tipotraz, é verdade. Mas vamos dei-

xar de lado o papo dos pescadores evamos ao que interessa (ou não!): co-nhecer algumas bizarrices dos ocea-nos; seres que habitam profundezasonde o humano é incapaz de chegar.Como um diálogo com um pescador,você acredita se quiser!

� Você sabia que algumas fonteshidrotermais (fraturas na crosta terres-tre submersa que expelem gazes alta-mente tóxicos) possuem as criaturas quecrescem mais rapidamente no planeta?São vermes gigantes que, com a ajudade bactérias simbiontes (um tipo de pa-rasita, mas que ajuda o verme) fixam ocarbono mais rápido que plantas.� Algumas dessas bactérias po-

dem ser usadas na proteção da pele (doshumanos) contra os raios nocivos do sol.� Um peixe que se chama Feiti-

ceira! Ela mora em abismo oceânicos

o (as tais fossas subma-rinas), possui 4 cora-ções, não tem estômago,e apesar de cega, tem o ol-fato e o tato muito aguça-dos. Dizem os pescadoresque, no último inverno, elaimplantou 50 ml de silicone emcada brânquia!� Às vezes, algumas bolhas de

metano em gás brotam do fundo dooceano. São tão poderosas que po-dem afundar navios.� A semelhança está somente no

nome, mas nosso próximo presidente,Luis Inácio Lula da Silva, o Lula, temum homônimo que habita os fundos domar da Califórnia que não é nem umpouco simpático.� No fundo do Oceano Pacífico,

na cidade subterrânea de Fenda doBikini, mora uma esponja do marquadrada e amarela, chamada BobEsponja. Ele estrela um desenho do

canal pagoNickelodeonque atual-

mente tambémé exibido pela TV

Globo. Na história,Bob mora dentro de um abacaxi nofundo do mar, tem um caracol comobicho de estimação e trabalha numalanchonete fritando hambúrgueres.� O "gobie", do arquipélago de

Chagos, no Oceano Índico, é o menorpeixe marinho vertebrado. Quandoadulto, mede cerca de 8,5 milímetrosde comprimento. O mais leve é o"gobie" das Ilhas Samoa, na Oceania.Não pesa mais que dois miligramas.

Outras curiosidades você encontra no site www.mbari.org

[ www.revistatipo.com ]14

sólido | curiosidades

| ma'a

Page 15: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

pensar que tudo começou na água,ou no líquido sei lá o que, naquela

coisa que tinha na barriga da minha mãe.Foi em Sampa. Terrinha boa, mas comágua e ar não tão bons. E foi por causa doar que comecei a ficar doente. Sempre fal-tava ar nos meus pulmões, ainda maisquando faltava água no ar. Minha mãe sedesesperava com minhas noites mal-dor-midas e só eu sabia o quanto sofria equantas vezes pensei que nunca mais res-piraria. Talvez isso tenha feito com queminha mãe pensasse em algumas solu-ções. Achava algumas esdrúxulas, mas nodesespero fazia tudo sem reclamar. Bebiduma água verde viscosa cujo cheiro mevem à cabeça até hoje e ainda me dá en-jôo; cuspi dentro da boca de um peixe queacabava de ser fisgado de um rio sujo, masnada disso me salvou. Até que apareceuuma médica pediatra (a qual recorro atéhoje quando adoeço!) que disse que erabom eu começar a nadar para melhorar.Fiquei ainda mais desesperado. Tinha pa-vor de água. Cada vez que via água, maiságua surgia dos meus olhos. Lembro-medo dia em que entrei na piscina do clubepara minha primeira aula de natação. Foimuito emocionante. Aquele monte de gen-te me incentivando a entrar e eu resistin-do. Mas não é que no final eu consegui?Então eu fiz a minha primeira aula de na-tação. Comecei e gostei. Gostei muito, ali-ás. Era um pirralhinho, devia ter meus oitoou nove anos e foi aí que tive meus pri-meiros impulsos de homem grande. Tam-bém, com aquela professora... Era loira,linda e muito... cheia de curvas. Seu nomeera Leila. Ah, como era bom quando elapassava na nossa frente ensinando o nado

lembrançasde costas. Eu, meu irmão e nosso amigoDaniel ficávamos babando. Os dois fica-vam cochichando, achando que eu nãosabia de nada, mas eu sabia sim. Eu era oqueridinho dela... Bem, as aulas continu-aram e uma aluninha nova apareceu. Meucoraçãozinho bateu mais forte. Já tinhameus dez anos. Ela se chamava Flaviana,era magrinha, tinha um ano a menos queeu e era linda. Tentava fazer as aulas sem-pre do lado dela. Às vezes não dava, eramuito disputado. Ainda bem que ela es-tudava na minha escola e fazia dança comminha irmã, assim ficava mais fácil. Masbom mesmo foi o dia do bailinho da aca-demia delas. Dancei com ela e lembro atéhoje do perfume que ela usava. Recebitambém um correio elegante dela, mas nãoentendi direito. Estava escrito "mais valeperder um minuto na vida do que perdera vida em um minuto". Não falei com elanaquele dia. Guardei o bilhete por maisde dez anos na carteira, mas nunca maisfalei com ela. Hoje ainda a vejo algumasvezes. Está ainda mais linda. Virou ummulherão. Nem deve imaginar que foi aprimeira pessoinha pela qual meu cora-ção bateu mais forte. Não deve nem se lem-brar mais de mim... Bom, mas eu conti-nuei a nadar, minha doença nunca maisse manifestou e eu passei a treinar sériocom quinze anos, mas eu não tinha talen-to para aquilo, meus tempos não eram tãobons, e eu resolvi parar. O pior é que ain-da hoje penso na Flaviana... Mas tudobem, depois apareceu a Michele, que já éoutra história... E pensar que tudo come-çou na água, ou no líquido sei lá o que,naquela coisa que tinha dentro da barri-ga da minha mãe.

r e n a t o . c o e l h o

úmidas

e

[ ]

15

pausa pra prosa

ma'a |

Page 16: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

ão é de hoje que os brasileiros co-nhecem as aventuras e peripéci-

as de gente como Amyr Klink e a fa-mília Schürmann.

Eles são típicos brazucas que resol-veram viver e viajar o mundo de umamaneira nada convencional, velejando.As semelhanças, porém, param por aí:

Amyr Klink era um economista e ad-ministrador de empresas bem-sucedi-do, quando decidiu fazer em 1984, so-zinho e a remo, a travessia do Atlânti-co Sul. Daí em diante não parou mais.

Obteve o reconhecimento nacio-

nal, velejando solitário com o Paratii.Amyr Klink pesquisou e fez ainvernagem polar, viajando daAntártida até o Ártico num total de 27mil milhas em 642 dias.

Atualmente, Klink está animadoe orgulhoso com o novo barco: oParatii 2, projeto 100% brasileiroque anda, segundo o próprio Amyr,deixando grande personalidades domundo náutico que navegam naAntártida impressionados.

Klink iniciou em outubro uma cir-cunavegação iniciada na Antártida como Paratii2, e deverá percorrer 50 mil

milhas em 1095 dias de viagem. Juntocom a equipe de mais três tripulantes,insistentemente classificados como co-mandantes pelo velejador, Klink pre-tende obter imagens de ondas, na re-gião da Antártida, que chegam a atin-gir de 20 a 30 metros de altura e nuncaforam registradas.

Segundo os planos, em maio de2003 a equipe deverá estar rumandopara o Ártico até chegar a China onderealizará a segunda etapa da viagempelo país, de onde partirá para comple-tar a circunavegação e retornar ao Bra-sil em 2005.

n

sólido | aventuras

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Já os catarinenses da famíliaSchürmann resolveram viajar pelomundo morando dentro do seu veleiro,o Aysso. Os filhos de Vilfredo e Heloísa(Pierre, David, Wilhelm e Kat) estuda-ram por correspondência e em algunspaíses por onde passaram durante asexpedições familiares pelo globo.

Entre 1997 e 2002, os Schürmannparticiparam do projeto Magalhães,em homenagem ao navegador portu-guês Fernão de Magalhães que, a ser-viço do reino da Espanha, foi o co-mandante da primeira viagem de cir-cunavegação terrestre.

A família seguiu o mesmo roteirode Fernão pelos oceanos Atlântico, Pa-cífico e Índico. A aventura terminou nodia 22 de maio de 2000, na baía dePorto Seguro, na comemoração do ani-versário de 500 anos do Brasil. Duran-te o projeto a família Schürmann con-tou com dois "penetras" na tripulação,ochileno Jaime Hector Gatica Mendez ea brasileira Sabrina Jachowicz, queajudaram como marujos e como assis-tentes de captação e transmissão deimagens via internet.

Eles seguem viajando atualmentepela costa brasileira e mantém uma

casa em Santa Catarina, a AdventureHouse.

A "base terrestre" dos Schürmannestá localizada na ilha de Porto Belo, a55km de Florianópolis, em um terrenode 400 mil m2 de Mata Atlântica, ondevisitantes podem conhecer mais a res-peito da família através de seu acervoparticular de fotos e objetos trazidosdas viagens, além de participar de cur-sos e atividades pedagógicas relaciona-dos à educação ambiental.

www.amyrklink.com.br

www.familiaschurmann.com.br

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Page 18: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

u sempre gostei de água", foi assimque começou o papo que a tipo le-

vou com a atleta de natação, portadorade deficiência, Fernanda Luiza de Aze-vedo Lima, paulistana de 22 anos, duasmedalhas de ouro no pré-Mundial denatação, realizado em dezembro de2001 em Mar del Plata, na Argentina.

Marcamos de nos encontrar naAACD (Associação de Assistência a Cri-anças Deficientes), onde ela ia trocar osvelcros que prendem o seu suporte depernas, para em seguida ir até a auto-escola fazer matrícula. Esse pequenoperíodo do dia da Fernanda já nos dá

uma boa idéia de como é a vida de umportador de deficiência.

Ela chega acompanhada da amigae fiel escudeira Jacqueline, que a levapara todos os lugares. Um tanto tími-da no início da conversa, Fernanda vaise descontraindo e começa a contarmais sobre sua vida enquanto seguimoso caminho para a auto-escola, ao ladoda estação Vila Mariana do Metrô: "Eumoro no Jardim São Paulo (zona nortede São Paulo) e fui encontrar a auto-escola especializada mais próxima sóaqui na zona sul. Ainda bem que o Me-trô passa perto de casa...", relata. O lon-

go trajeto percorrido por Fernanda,passando por ... estações, seria pratica-mente inviável se tivesse que ser feitode ônibus, tanto pelo tempo de locomo-ção como pela dificuldade que teriapara subir e descer, já quepouquíssimos veículos facilitam o aces-so aos cadeirantes. "Nas estações a gen-te tem acesso facilitado", ressalta.

Além da auto-escola, que vai pagarcom dinheiro que recebeu trabalhan-do em traduções inglês-português, já seprepara para o vestibular de turismo:"Eu não espero andar pra fazer as coi-sas! Ainda luto para andar, mas não

“e

líquido | esporte

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Page 19: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

vou deixar de fazer uma faculdade, deaprender a dirigir, para isso; senão,acabo perdendo meu tempo".

E é pra não perder tempo que elavem treinando firme na academia WEcom o técnico Wellington Gama, doClube dos Paraplégicos de São Paulo -CPSP, para seguir disputando campe-onatos estaduais, regionais, nacionaise internacionais na sua categoria.

Ela explica, para os leigos, que ascategorias não agrupam os atletas portipo de deficiência, mas por nível fun-cional, que é avaliado por técnicos pre-parados especialmente para essa sele-

ção. Ou seja, na mesma prova podemcompetir atletas com as mais variadasdeficiências físicas ou mentais, desdeque tenham o rendimento nivelado emum patamar comum.

Mesmo sem incentivos públicos,tanto em forma de patrocínio como eminfra-estrutura de treinamento, neces-sários para uma preparação competi-tiva adequada, Fernanda levou ouronas provas dos 50m e 100m livres, nopré-Mundial. Na prova dos 50m bor-boleta, da qual é recordista brasileira,também venceu, mas teve o resultadocassado por uma irregularidade na bra-

çada, apontada pelo fiscal de prova.Ela segue, agora, em busca do índi-

ce nas provas em que compete para po-der disputar o Pan-Americano e voltara Mar del Plata, onde será disputado oMundial. Para isso, em novembro, via-ja até Natal, onde irá competir no cam-peonato Nacional. Existe, também, aesperança de que, mantendo o nível téc-nico, Fernanda possa participar dos Jo-gos Paraolímpicos de Atenas, em 2004.

Daí, ou melhor, de lá, quem sabeela não pode dar uma escapadinha,alugar um carro e finalmente conhe-cer a Inglaterra.

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ão se assuste! Os ETEs que podem estar toman-do conta da água que você já utilizou em casa,

não são seres extraterrestres. São, na verdade, as Es-tações de Tratamento de Efluentes, conhece?

se na sua casa funciona o sistema defossa sanitária, os efluentes [água já aproveitada emcasa, juntamente com seus dejetos] são armazenadosem um grande buraco escavado no quintal.

Bom, talvez você não tenha fossa em casa e mandeseus efluentes diretamente para os rios, como fazemvárias empresas, poluindo-os.

Em busca de uma forma mais racional para controlara água utilizada tanto em casa como em empresas, a op-ção ideal é o sistema de esgoto encanado. O problema éque não há redes de esgoto em todas as localidades, o queacaba deixando algumas regiões sem essa alternativa.

Algumas empresas, como a Sabesp [Companhia deSaneamento Básico do Estado de São Paulo], mantêmETEs em locais onde há ligação com a rede de esgotos.Neles, a água consumida e seus dejetos passam por tra-tamentos químicos e biológicos que possibilitam seureaproveitamento para abastecer residências e estabe-lecimentos comerciais e industriais.

A política de tratamento de efluentes é muito bené-fica para o consumidor domésticoe e muito interessan-te para as empresas, que podem valorizar sua imagemrespeitando o meio ambiente, além de se encaixar nos

Você sabe o destino da água que vai emborapelo encanamento quando utilizamos o

banheiro, a pia da cozinha etc?

sob cuidado de

ETEs

parâmetro legais quanto a emissão de poluentes nos rios.Se a empresa fica em uma região onde não há li-

gação com o sistema público de esgotos, pode optarpor investir implantando a ligação direta com o siste-ma, ou por armazenar seu esgoto nas próprias depen-dências e enviá-lo em caminhões para o Posto de Re-cebimento de Resíduos Líquidos mais próximo.

A Sabesp, porém, só aceita efluentes "que não ve-nham causar danos ao sistema coletor de esgotos, aoprocesso biológico do tratamento e à saúde dos ope-radores". A empresa emissora fica responsabilizadapor todos os procedimentos de controle e monito-ramento da qualidade dos efluentes, bem como da suamanutenção e eventual transporte para as estaçõesde tratamento [mais detalhes no site da tipo]. Tudo deacordo com as normas técnicas da Sabesp.

a grande contribuição das ETEs é,sem dúvida, a preservação do meio-ambiente. Alémde poupar água dos reservatórios de distribuição eabastecimento, já que os efluentes são tratados parareadequar-se às condições de consumo, evita-se acontaminação do solo por fossas irregulares que se-riam usadas caso não houvesse esgoto encanado.Também reduz-se o volume de esgoto lançado dire-tamente nos rios por residências e empresas, pro-blema que em cidades como São Paulo transformouos rios em monumentais esgotos a céu aberto.

líquido | tratamento de águas

n

[ www.revistatipo.com ]20 | ur

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água é, sem dúvida, um elemen-to fundamental para que a vida se

mantenha, nos mais variados níveis eespécies. Além de servir para a manu-tenção das funções vitais de plantas eanimais, em geral, a água também fun-ciona, em muitos casos, como o própriohabitat de milhares de espécies de se-res viventes que, inclusive, servem dealimento ao homem.

Em algumas condições, o ser huma-no chega a utilizar a água como remé-dio. Por exemplo, o soro caseiro (feitocom água e um pouco de açúcar e sal) éuma das maneiras mais práticas de so-correr uma pessoa desidratada.

Não satisfeito em ingerir o líquidopara manter a saúde, o homem cada diapega mais gosto por praticar epesquisar sobre formas de hidrotera-pia, seja utilizando as propriedades dovapor d'água (como nos escalda-pés),seja exercitando ou descontraindo osmúsculos em piscinas ou banheiras dehidromassagem.

Ao mesmo tempo em que podemoscontar com a água para prevenir, sa-nar e remediar enfermidades, ela podeser (ou ter) em si, a causa de várias do-enças que nos assolam.

Estima-se que 80% das enfermidadesde países em desenvolvimento, como oBrasil, sejam causadas por água de máqualidade, onde proliferam as doenças deveiculação hídrica: aquelas transmitidas

por microorganismos nocivos ou porsubstâncias tóxicas presentes na água.Entre essas doenças estão: leptospiro-se, meningite, cólera, diarréia, hepati-tes A e E, febre tifóide, disenteria etc.

A água também pode se relacionarcom animais que transmitem doençasaos homens (vetores). É o caso da den-gue, pois seu mosquito transmissor (ojá famoso, Aedes Aegypt) precisa deágua parada (de preferência "sujinha")para se reproduzir. A esquistossomose(ou barriga d'água) é outro exemplo: oesquistossomo se hospeda em umcaramujo para depois viver na água de

lagos e rios e parasitar o homem.A falta de água, que geralmente re-

sulta em falta de higiene, também podefacilitar o surgimento de doenças comocoqueluche, difteria, tuberculose, etc.

Por esse aspecto ambíguo da água,que ora pode ser vital e outrora fatal,deve-se manter o cuidado de ferver oufiltrar a água a ser usada para ingestãoe preparo de alimentos.

Também recomenda-se lavar a cai-xa d'água de seis em seis meses, tirar aágua acumulada em pneus velhos, gar-rafas, latas e vasos e não utilizar águasde córrego ou de enxurradas.

Assim como nós, seres humanos,

somos cercados pelo ar (indispen-

sável para nossa vida, mas que

transmite e espalha várias doenças

entre nós), os peixes vivem dentro

de uma "atmosfera" líquida (e tam-

bém não estão livres das doenças

que lá transitam).

Segundo a especialista em doen-

ças que acometem os peixes, Maria

José T. Ranzani Paiva, as enfermida-

des dos peixes podem ser devidas a:

- Causas físicas: radiações sola-

res, temperatura, traumatismos;

peixe também sofre

- Causas químicas: alcalinidade,

pH, toxinas e contaminantes;

- Causas biológicas: vírus, bacté-

rias, fungos e parasitos.

E não é que os peixes sofrem mes-

mo é com os parasitos!

Segundo a especialista, em 1986

estimava-se haver cerca de 9760 es-

pécies de parasitos que debilitam a

saúde dos peixes. Atualmente, é ta-

refa das mais difíceis fazer uma con-

tagem desse tipo, já que a cada dia

são descober tas novas espécies.

Pois é, peixe também sofre.

a

líquido | enfermidades

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Page 22: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

líquido | tratamento de efluentes

ias desses atrás, o país, ou me-lhor, o povo teve que apagar as

luzes e sentiu na pele, no bolso, na se-gurança e em mais um monte de lugaro que pode acontecer diante daiminência da falta de energia elétrica.É claro que, antes da falta de luz pro-priamente dita, faltou planejamentopara gerir os recursos energéticos e,para ajudar a piorar, faltou água.

Na ocasião, cada cidadão foi con-vocado a salvar a pátria, que, por en-quanto, se safou da crise energética.

Resultados do alarme do apagão? OBrasil ganhou um tempinho para tomarprovidências em relação à manutençãoe ampliação da geração energética. Aopovo, além da ingratidão da “mãe gen-til”, representada pelo seu governo fe-derativo, um (b)ônus: manutenção doaumento “emergencial” da tarifa peloskilowatts consumidos (que deveria vi-gorar apenas enquanto durasse a guer-ra contra o apagão).

Ok, antes que reclamem a mençãodas flores: muitos aprenderam (namarra, é verdade) a racionalizar o usode energia elétrica e passaram a con-sumir menos. O que não é nada louvá-vel, pois o querido (b)ônus acima men-

cionado impediu o consumidor, queaprendeu a economizar os kilowatts, dever a economia efetivada em seu bolso.

o tempo passa, o tempo voae enquanto a energia continua numaboa, começou a faltar água de novo.

Só que o problema, agora, é noabastecimento das cidades. Nem con-temos com o Nordeste, onde o proble-ma, em várias áreas da região, é crôni-co e, muito além disso, político.

O interior de São Paulo é um bomexemplo. Em uma de suas temporadasmais quentes e secas da história, a re-gião chegou a registrar, nos ares de Ri-beirão Preto, o menor índice de umi-dade relativa da história do Brasil: 7%.

Várias cidades do país estão à beirade uma crise de abastecimento hídrico quesó pode ser resolvida de duas formas. Aprimeira é a chuva, e tem que ser muita.

A segunda, mais “racional”, é não es-perar que a solução caia do céu. Em ou-tras palavras: convoque-se o contingentepopular e cidadão para salvar o Brasil!

Bem ou mal, de novo na marra, tere-mos a chance de aprender a economizar.Antes que o governo precise economizarpor nós através do racionamento.

A diferença emrelação ao alarme doapagão é que, além denão se tratar, por en-quanto, de uma crisenacional, desperdiça-mos muito maiságua do que energiaelétrica. Para tirar aprova é só reparar noquanto gastamoságua à toa lavando ocarro ou a calçadacom mangueira, to-mando banhos demo-rados etc.

Resta-nos econo-mizar, dentre tantasoutras formas, inclu-sive na bolacha águae sal. Você tem me-nos sede: bebe menoságua. A Tostinesvende menos: usamenos água. E quemsai ganhando é Bra-sil (como dizem).

Vamos pois àluta! Racional ou“racionadamente”.

d

líquido | uso racional

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23[ www.revistatipo.com ]

tipo é uma revista, embora singu-lar no que diz respeito ao tema de

cada edição, pluralista e democrática.Por isso, além de respeitarmos o

leitor que não está nem aí para essepapo de economia de água, dedicamosnossas páginas para ajudá-lo quando agarganta secar de vez.

Como estimativas da ONU indicamque a água vai ser artigo de luxo para"meio mundo" (literalmente), a partirde 2025, resta explorarmos o volume de1.351 milhões de km3 de água salgadaque temos em nossos oceanos e mares.

Segue-se, inteiramente gratuito eexclusivo, o "Guia Prático t ipo deDessalinização"*. De posse dessa téc-nica, teremos mais um bom motivopara ir à praia (não espere que seu che-fe compreenda isso):

osmose reversaO processo baseia-se em subme-

ter a solução salgada a pressão. Émais ou menos assim: pressionada, asolução atravessa uma membranasemipermeável, com poros microscó-picos onde ficam retidos sais,microorganismos e outras impurezas.A água purificada fica, assim, sepa-rada da solução salgada.

Agora, arranjar a tal da membranaé o grande problema! Se você soubercomo adquirir uma "membranaosmótica sintética semipermeável", en-tre em contato com a tipo;

dando nó em

pingo d'águadessalinização térmicaEsse é o processo mais antigo e é

baseado no ciclo natural da água.Grandes tanques a céu aberto, tam-pados com placas de vidro, abrigama água salgada.

A luz do sol atinge a água, que eva-pora, se condensa no vidro e deixa o salno fundo do tanque. Em seguida, a águaescorre por um sistema de escoamentopara ser armazenada.

Com esse sistema, se não der sol,além de não dar praia não vai terágua para beber.

congelamentoMuito fácil!Quando congelamos água salgada,

obtemos o gelo puro, separado do sal.Ou seja, quando a coisa apertar, vá atéa praia, encha sua bandejinha de gelo,coloque no freezer e você terá gelo"doce", que quando for descongelado,se tornará, obviamente, água doce.

Outra alternativa é viajar até a ca-lota polar mais próxima e trazer mui-to gelo para estocar em casa. Mas podehaver um problema nesse expediente,além das dificuldades da viagem. Masespecialistas alertam para o perigo deutilizarmos água proveniente do der-retimento de gelo polar. Há o perigode sermos assolados por vírus e bac-térias, hoje erradicados ou controla-dos, que podem ter resistidoencubados nos pólos.

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Outra alternativa, provavelmente mais rentável, é investir no cultivo de côco. Além de

garantir água para a família (água de côco, que chique!), você pode faturar algum: os

adeptos das nossas técnicas de dessalinização, que lotarão a praia, certamente preferi-

rão comprar uma aguinha de côco gelada em vez de ralar para tirar sal da água do mar.

líquido | alternativa

zol |

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é, pensaria você, como pode ha-ver água para todos os gostos se

uma das principais lições que nos en-sinaram na escola foi a de que esse lí-quido é, além de inodoro e incolor, in-sípido, ou seja, sem sabor [ao menos emsua versão potável].

Tudo bem, você tem todo o direitode achar que toda água é igual, comote ensinaram na escola, mas a tipo se vêobrigada a te oferecer uma, digamos, re-educação a esse respeito.

Afinal, você certamente ficariachocado ao saber que a água "pura"não é própria para o consumo huma-no, não é?

água salgadaApresenta grande concentração de

sais dissolvidos. A água do mar, por

exemplo, contém muito cloreto desódio, nosso tão popular sal de cozinha.

Representa 97,5% do volume deágua terrestre e cobre aproximadamen-te dois terços da superfície do nossoplaneta. Ah, e claro, não é própria parao consumo. A não ser que vocêdessalinize-a [saiba como na página 23.Talvez um dia venhamos a precisar!].

água docePresente em rios, lagos, chuva, len-

çóis d'água e fontes. É assim chamadapor não ser salgada como a água domar. É recolhida em estações de trata-mento para dar origem a água potávelque recebemos encanada em casa parautilizarmos no banho, lavagem de rou-pas, preparo de alimentos etc. Repre-senta 2,5% de toda a água da Terra.

água potávelÉ, por definição, límpida e inodora

na fonte. Quando tratada, pode apre-sentar um leve gosto e cheiro de cloro.Por conter uma pequena quantidade desais minerais e oxigênio dissolvidos,torna-se benéfica para o organismo dosseres vivos e própria para o consumo.

água pura = água destiladaA água só permanece em seu esta-

do puro [H2O] quando destilada, apre-sentando em sua formulação apenashidrogênio e oxigênio. Não é encontra-da na natureza, tendo que ser obtida,em laboratório, por meio de umdestilador.

Não possui nenhum tipo de impu-reza, como micróbios ou substânciastóxicas, mas também não apresenta

líquido | tipos de água

u

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sais minerais e ar dissolvidos, tornan-do-se imprópria para consumo. É maiscomumente utilizada em automóveis ena fabricação de remédios.

A diferença entre a água destiladae a água que consumimos é a de que naágua potável há uma pequena quanti-dade de sais minerais e oxigênio dis-solvidos [no caso de água encanada etratada em estações aqui no Brasil, ve-rifica-se a presença de cloro e de flúorno líquido], elementos que não existemna água "pura".

água mineralEncontramos nas fontes naturais

vários tipos de águas minerais, que sãochamadas assim por apresentaremmaior concentração de sais dissolvidosem sua composição, se comparadas à

água tratada que recebemos em casa. Amaioria das águas minerais são consi-deradas terapêuticas, tanto quando uti-lizadas para banhos quanto paraingestão. Alguns tipos são:

� Água salobra: levementesalgada, não forma bolhas quandoem contato com sabão. Imprópriapara a ingestão.� Água acídula: rica em gás

carbônico (CO2). Também conhecidacomo água gasosa. Tem um sabor áci-do e ajuda na digestão.� Água magnesiana: como o

nome diz, é rica em magnésio. Boa parao estômago e o intestino.� Água alcalina: rica em bicarbo-

nato de sódio. Indicada para acidez noestômago e cálculos renais.

� Água sulfurosa: usada em tra-tamentos para a pele e até no combateà diabetes. Contém substâncias à basede enxofre.� Água ferruginosa: rica em fer-

ro, combate a anemia.� Água termal: brota da fonte

com temperatura elevada. Muito utili-zada para algumas doenças de pele.

água que passarinho não bebe

Como o próprio nome diz, não hápassarinho que beba!

Essa é aquela água ardente, quevem da cana, mas não é doce.

Você conhece por vários nomes,como cachaça (marca brasileira regis-trada), pinga, caninha, birita, mardita,branquinha, mé e por aí vai...

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líquido | história

| acqua

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acqua |

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o primeiro tombo de São Francisco

ormi mal à noite. Estava eufóri-co. Como de costume, acordei an-

tes do despertador tocar. Havia chama-do uns amigos para essa viagem. Dor-miram em casa, não eram da cidade.Despertei-os e depois de meia hora es-távamos na estrada.

Dirigi sem parar durante uns 300quilômetros. Estávamos na estrada fa-zia umas 4 horas. Por vezes, vários bu-racos impediam nossa passagem; tive-mos que contornar pedras e troncosdo caminho. Entramos, então, numaestrada de terra e não saímos maisdela. Quase 100 quilômetros a uma ve-locidade de cerca de 50 km/h fizeramque a gente tardasse um pouco maisem nosso destino.

A vegetação era um misto de cer-rado (uma vegetação baixa, um pou-co seca) com caatinga (sabe o cer-rado? Então, a caatinga é mais seca,com árvores retorcidas...). Não sedistinguia muita coisa: a terra já nãotinha o aspecto marrom aver-melhado como antes. Era de um tommais pálido, semelhante ao ocre davegetação seca. O tempo tambémnão ajudava; o céu estava áspero,num tom cinzento, com nuvens pou-co carregadas mas que teimavam emnão chover. O dia estava abafado.

À essa altura, a preocupação jáestava nas mentes de Karina, Ale-xandre e Guilherme, meus compa-nheiros de viagem; o combustível docarro já era escasso e não havia nemum cisco de civilização naquela es-

trada. Quem diria um posto de ga-solina. Só poeira. E quanta poeira.

Pouco mais de 10 quilômetros echegamos ao vilarejo de São José doBarreiro. Havia duas ruas de terrabatida, uma praça circular e, em suafrente, ao lado de uma mercearia,um posto de combustível. Lá abas-tecemos o carro e perguntamos pelacidade de São Roque de Minas, pon-to referência de nossa entrada dosantuário que procurávamos. O ra-paz, meio preguiçoso, explicou queteríamos que andar mais um pouco,talvez uns 15 quilômetros, seguindopela mesma estrada que estávamos.

já era cerca de uma hora datarde. O dia continuava abafado e quen-te. E nós com fome. O lanche que a mãede Alexandre havia preparado para nos-sa viagem tinha terminado uns 50 qui-lômetros atrás. Passamos na mercearia:dois refrigerantes, um pacote de biscoi-to de polvilho e dois de bolachas reche-adas. Um de sabor morango, outro dechocolate. Foi nosso almoço. Não po-díamos demorar. Não sabíamos o ca-minho ao certo e qualquer atraso po-deria significar passar a noite na estra-da, uma vez que o local da primeiraqueda de São Francisco era protegidopelo estado e fechava à noite. Segundoo frentista para quem pedimos infor-mações, se conseguíssemos chegar atéo poente do sol, o qual naquelas ban-das se dava às seis horas da tarde, po-deríamos achar um "pouso" lá perto.

Mas teria que ser até as seis da tarde;após esse horário, o santuário estariafechado. Procuramos não nos demorarcom as bolachas e seguimos viagem.

Passamos em outro vilarejo:Vargem Bonita. Procuramos o porquêdo nome, mas já era tarde: a cidade eratão pequena que não conseguimos re-parar direito nem na praça central,também circular. Continuamos via-gem; tínhamos que chegar rápido.

O pára-brisa do carro, ressecado,não deixava mais a gente enxergar nadaà frente. Nessa parte da viagem haviatrocado de lugar com Alexandre, quemdirigia o carro. Logo chegamos ao queparecia ser a final de nossa viagem pelaestrada de "chão batido", como os mo-radores de lá chamam a estrada de ter-ra. Estávamos em São Roque de Minase alguns minutos do local que procu-rávamos: exatamente onde o São Fran-cisco caiu pela primeira vez na vida.

a portaria do santuário estavaguardada por dois guardas. Tivemosque pagar uma taxa de entrada no lo-cal, para as manutenções que o Estadorealizava na área. O preço não foi caro:R$ 3,00. Andamos por mais algunsminutos em estrada de terra até che-garmos a uma bifurcação que nos mos-trou que estávamos ligeiramente per-didos: optando pela direita, estaríamosa 100 metros do local onde São Fran-cisco nasceu. Pela esquerda, nem ima-ginávamos. O que procurávamos exa-tamente era onde ele caiu pela primei-

d

| voda

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29[ www.revistatipo.com ]

ra vez, o local do milagre. No entantonão exitamos; a curiosidade foi grandee fomos até o dito local do nascimento.

Senti um pouco de frustração. O quevimos apenas foi uma placa indicandoo local. Eu e meus amigos pensávamosencontrar algo majestoso, uma manje-doura digna de alguém que se tornariagrande e benevolente à sua terra. Ape-nas algumas pedras e um riacho que seestendia ao horizonte. Nada mais.

Estávamos ainda mais exautos. De-cidimos voltar até a entrada do santu-ário e nos informar do caminho corre-to que teríamos que seguir. O relógioapontava 5 horas da tarde. Havíamosandado o dia inteiro sem sucesso deencontrar o local que procurávamos.Na portaria do santuário, os guardasnos informaram que daquele ponto nãoera possível chegar até o local da que-da, exatamente o que procurávamos.Disseram que teríamos que contornaro santuário até a entrada de númeroquatro. Perguntamos sobre a bifurca-ção esquerda da estrada; era o cami-nho que cerca de um ano atrás, um vi-sitante, que tinha o mesmo objetivonosso, optou e acabou morrendo. Vol-tamos, então, à estrada. Teríamos ain-da que chegar antes do poente do sol,que se aproximava rapidamente. Ale-xandre continuou nos guiando.

Rapidamente retornamos aVargem Bonita e pegamos uma estradasecundária, escondida ao lado do cemi-tério do vilarejo. Aquela era a correta.Seguimos por mais vinte minutos pela

estrada que se estreitava com a vegeta-ção agora fechada. O dia estava termi-nando; nossa visão era pouca, prejudi-cada pela pouca luz e pela poeira da es-trada. Seguíamos muito cansados.

Chegamos à entrada de númeroquatro exatamente às seis horas da tar-de. O portão de madeira estava aberto,no entanto, sem guardas. Entramos.Percorremos alguns metros, um pou-co ressabiados pela dúvida. De repen-te, escutamos um apito atrás de nós: erao guarda. O santuário já estava fecha-do, não podíamos permanecer ali. Con-tamos a ele nossa história, explicamosque já havíamos entrado no santuárionaquele dia, porém pela entrada núme-ro um. Falamos que ficamos confundi-dos com as estradas e por esse motivoestávamos atrasados. Mostramos queestávamos interessados no local a pou-cos instantes dali. O local da primeiraqueda do São Francisco.

Depois da conversa ele nos deixouentrar, com uma ressalva: não poderí-amos seguir muito pelo caminho; esta-va tarde e o sol já havia ido dormir.Seria perigoso seguir até o local do mi-lagre. Teríamos que acampar perto daentrada dois e só no dia seguinte che-gar ao nosso objetivo. Concordamos epagamos mais uma pequena taxa pelo"pouso". Montamos acampamento;perto de nossas barracas, um casal deviajantes fazia companhia para a gen-te. Sem nenhum lampião ou lanternana bagagem, fomos dormir logo. O ca-sal possuía uma lanterna, mas não qui-

semos atrapalhar. A noite se erguia aosom de alguns insetos e animais. Aofundo, um riacho corria suavemente.

no dia seguinte, Alexandre eGuilherme acordaram antes queKarina e eu. Logo nos arrumamos, de-sarmamos as barracas e seguimos apé pela trilha na mata. Uma trilha si-nuosa, fechada, com muitas pedraspelo caminho, mas repleta de espe-rança. O dia era outro: o sol estavaforte e claro, estampado no azul semnuvens do céu.

Logo o caminho começou a ficarmais íngreme. Firmamos o passo nadescida de algumas encostas. Ao nos-so lado, distante uns 600 metros, umparedão de rocha nos observava, se-reno e imponente. Parecia que guar-dava ou escondia algo. Como só está-vamos descendo, concluímos que aparte do santuário onde estávamos nodia anterior era no alto do paredão.

No caminho não encontramos ne-nhuma pessoa, o que achamos estranho.Cruzamos pelo riacho que embalou nos-so sono à noite. Uma água cristalina egelada contrastava com o clima árido eseco. Chegamos a um mirante onde pu-demos descansar. Ao fundo, o chapadãocomeçava a se abrir. Estávamos certosde que o local da queda estava próxima.Seguimos pela trilha.

Um último esforço para subir ummonte de pedras que parecia que ca-íram de uma forte explosão nos dei-xou em um nível mais elevado do ca-

voda |

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Cer to que não é o maior em extensão, mas o mais carismático

do Brasil, merecendo até ser chamado por Velho Chico, o rio São

Francisco nasce no município mineiro de São Roque de Minas, na

Serra da Canastra e percorre 3.161 quilômetros até sua foz no po-

voado de Cabeço, Alagoas.

Após sua primeira represa, em Três Marias (MG) o São Francisco

torna-se navegável. Passa para o estado da Bahia e, ao nor te do ter-

ritório baiano, possui mais uma represa, a Sobradinho. Na sua cons-

trução, as cidades de Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Casa Nova

tiveram que ser reconstruídas e quase 12 mil famíl ias foram

recolocadas. Nessa altura, já é par te impor tante na irrigação de boa

área do ser tão brasileiro.

O rio faz o contorno dos estados da Bahia e Pernambuco, se interrom-

pe na disputa entre Petrolina e Juazeiro e chega à divisa entre Alagoas e

Sergipe para mais uma vez ser represado, agora em Paulo Afonso.

Em 4 de outubro de 1501, o descobridor Américo Vespúcio avistou

o rio e o batizou. Era dia de São Francisco de Assis.

O Parque Nacional da Serra da Canastra fica em Minas Gerais e acolhe

a nascente do São Francisco, sua primeira cachoeira e mais dezenas de

quedas d'água menores de outros rios. É protegido por leis federais e

mantido pelo Ibama. Para visitá-lo, o visitante tem pagar uma taxa de R$

3,00. É proibido qualquer tipo de degradação ambiental.

A área fica a 40 km de São Roque de Minas, a 27 km de Vargem Bonita

e a 10 km do distrito de São José do Barreiro. Não há linha de transpor te

coletivo. Se não for possível chegar de carro, a melhor opção é ir de ôni-

bus de Piumhi até Vargem Bonita e tentar uma carona. O local é repleto de

prática de espor tes radicais e trilheiros off-road, com motos ou jipes.

No parque, é possível acampar apenas per to da por taria 4, pagando uma

taxa de R$ 6,00. O camping tem boa infraestrutura com banheiros, quios-

ques e churrasqueiras. Não é permitida a entrada com bebidas alcoólicas.

Podem ser feitas reservas de camping pelo fone do escritório do Ibama

em São Roque de Minas: (37) 34331195.

minho. Olhamos para frente: lá esta-va! O paredão finalmente dava es-paço a uma abertura bem no meiode suas rochas. Da abertura jorravaágua que caía pelos 200 metros do

chapadão até formar uma grandepiscina natural gélida e transparen-te, com alguns peixinhos nos bura-cos das pedras. Encontramos nossoobjetivo. O rio São Francisco, após

nascer no alto da Serra da Canastra,percorria 14 quilômetros e formavasua primeira cachoeira, a Cascad'Anta. Um milagre que ninguémquestionava sua criação.

o primeiro tombo de São Francisco

[ www.revistatipo.com ]30 | aigua

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d i e g o . m e n e g h e t t i

d

31

izem que vida de jornalista é corri-da, agitada. Tudo em cima da hora.

Tudo pra ontem. Aliás, devia ter feitotudo ontem. Hoje, com essa chuva, esta-ria dormindo, ou assistindo televisão. Emépocas que antecedem o Natal [como essaem que estou], a tevê costuma passar al-guns filmes de minha infância. Seria bomassistir, agora, De Volta para o Futuro II,por exemplo. Deitado no sofá, tevê liga-da, uma bacia de pipoca, a chuva lá fora.Mas não dá. Ontem nada fiz e hoje estouaqui. Na chuva. Não molhado; mas cer-cado por ela. Escrevendo este texto. SãoPedro [se quiser, acredite] não deve gos-tar de jornalista. Sim, pois tenho que aca-bar o texto, nessa chuva que não pára,ajudar a diagramar todo o resto da revis-ta [o que não é pouco] e ainda produziralgumas fotos. Existe o tal do relatóriotambém. Pra quê relatar? Mostrar comofizemos? Mostrar todos os segredos?Como se houvesse algum...

Há de dar tempo. Se a chuva parar. Háde parar. Se bem que chover é bom. Bompara as plantações, para curar a tosse, paradormir gostoso, debaixo do edredom. Ecom um cobertor de orelha... Essas noitesde primavera que mais parecem invernosão o que há para uma noite bem dormi-da! Um ventinho que balança a cortina faza gente levantar logo pra fechar a janela.Daqui um pouco as gotas aparecem paraembalar o sono. Mas com bastante volu-me podem até virar pesadelo. Como essede agora. É melhor eu parar de viajar emmeus sonos e fazer meu trabalho. Aliás, otrabalho engrandece o homem. Se não nofim do mês, uma hora há de engrandecer.

e edredomE essa chuva, uma hora há de parar.Agora a pouco, disse que São Pedro

deve não gostar de jornalista. Acho [ape-nas achismo] que pode ser verdade. Lem-bro-me duma reportagem na nascente dorio São Francisco. Não sei se eles conver-saram antes, mas, bem no dia, uma belachuva fina nublou todo o céu e molhouas pedras perto da nascente. Uma pena:o visual antes da chuva daria boas fotos.

Chuva. A daqui ainda não parou. Estáparecendo aquelas férias que todos, umdia, já passaram em Ubatuba, litoral deSão Paulo. O enredo é igual em todas ashistórias: "Ah, foi bom, chegamos na sex-ta à noite, dormimos logo para aprovei-tar o sábado de sol na praia, mas no ou-tro dia foi só chuva. Ubachuva. No do-mingo continuou nublado, mas sem águacaindo pelo céu. Na segunda de manhã,quando estávamos voltando pra casa,abriu um sol daqueles!" É sempre igual...

Agora está passando outro filme natv que gostaria de assistir, debaixo doedredom e ao lado do cobertor. E a chu-va ainda continua, penando ainda maisminha labuta. Mas vida de jornalista éassim mesmo, corrida e agitada. Semhorários predefinidos, sem hora parachegar e para acabar de trabalhar. Semdar atenção para o mau tempo [pra tra-balhar, não pra dormir].

Esse é o grande lance: o trabalho.Mais valia e tantos outros lances. Tra-balho para finalizar. Revista para fe-char... Mas temos que dar um passo apóso outro. É bem verdade. Primeiro tenhoque terminar esse texto.

Se bem que... já terminou.

filme, pipoca

[ ]

pausa pra prosa

aigua |

Page 32: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

esde o momento mágico, quandosomos privados da sombra e água

quentinha do útero materno e dados àluz; aquele momento inicial, úmido eúnico que todos já vivemos, do qualguardamos, registramos, anunciamose compartilhamos a data com os queri-dos e agregados pelo resto de nossasvidas, não sobra sequer úmido regis-tro na cabeça de quem quer que seja. Apartir daí, a maré da vida nos carregapor um mundo repleto de símbolos emaniqueísmos, velados ou não.

Assim como tudo que há entre a ter-ra e o firmamento cabe entre o bem e omal, todas as coisas que nos são palpá-veis podem muito bem ser categorizadasentre secas e molhadas, como na carac-terística seção de supermercado.

Para povos que gozam a oportuni-dade de não depender de um supermer-cado, a categorização continua valendo,porque de água, certamente eles preci-sam. Desde o morador da região do de-serto de Atacama [ver pág.: 7], que podeaté não saber o que é chuva, até o maisdistante esquimó [que deve ter vistomais gelo do que propriamente água navida], todos os seres viventes necessitamda boa e velha água para viver.

Certamente, não há símbolo de vidamais universal do que esse elemento lí-quido, sem forma definida e ao mesmotempo tão multiforme, que vai do geloao vapor; que pode ser encontradorecobrindo os pólos, pairando pela at-e

m o

utras p

alavra

s:

mosfera, em uma fôrma na geladeira ouenchendo os mares e rios mundo afora.

Por isso nos valemos de tantos si-nais, códigos e representaçõesiconográficas, algumas vezes univer-sais, da água. Aliás, a presente ediçãoda nossa revista é um tipo de prova ca-bal, impressa e documental da buscahumana de simbolizar, em nossa comu-nicação cada vez mais imagética, o lí-quido que inunda, alimenta, refresca,preenche e rega o planeta.

A água, em si, une o imaginário e avivência de todos os habitantes do pla-neta. Em qualquer parte do mundo, umagricultor torce por chuva. Criançasarrumam espaço para brincar nas mí-nimas poças d'água, do mesmo jeitoque se esbaldam embaixo de chuvastorrenciais. As mesmas chuvas que po-dem destruir cidades, História, e tan-tas vidas que se vão pela correntezaseguindo o mesmo destino de milharesde lágrimas secas pela estiagem.

o H2O, símbolo do símbolo,serve para mostrar esse lado trágico efatal da água. A representação químicado solvente universal, certamente soacomo ininteligível dialeto para milhõesde pessoas que não têm acesso à educa-ção de qualidade em centenas de paí-ses; problema menos grave comparadoà milhões de outras (ou mesmas) pes-soas que não dispõem de água minima-mente potável para consumo e higiene.

Deus soprou o fôlego de vida em um molde, a Si semelhante, formado debarro, que é o pó da terra molhado. Aliás, muito bem molhado.

Nós, seres humanos, mantemos uma curiosa relação proporcional comnosso planeta natal: a substância do barro humano, tal qual a do globoterrestre, é dissolvida (ou composta) em 70% de água.

Volume que já foi derramado, também por Deus, no dilúvio, do qualpoucas vidas e um barco se safaram.

Vivemos e dependemos da água, para o bem ou para o mal.

d

líquido | simbologia

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Page 33: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

33

A água que funciona como com-bustível para nossos órgãos e funçõesvitais, possibilitando o fluxo incessan-te do sangue por todo nosso corpo,além de servir como nada já inventa-do ou imaginado para matar a sede,também é a responsável pelo nossoapodrecimento quando repousamosa sete palmos do chão. A umidade pre-sente em nosso corpo de morte, pro-porciona condições ideais para quefungos e bactérias se alimentem, mul-tipliquem e acelerem o nosso proces-so de volta ao pó da terra.

o que, aliás, não importa.Desde o momento mágico, quando

somos privados da sombra e águaquentinha do útero materno e dados àluz; aquele momento inicial, úmido eúnico que todos já vivemos, do qualguardamos, registramos, anunciamose compartilhamos a data com os queri-dos e agregados pelo resto de nossasvidas, não sobra sequer úmido regis-tro na cabeça de quem quer que seja. Apartir daí, a maré da vida nos carregapor um mundo repleto de símbolos emaniqueísmos, velados ou não.

E o fluxo da vida, a começar pelaprimeira memória, vai nos ressecar.Nosso barro encharcado, com o passardos anos, tornará ao pó.

E ficará a esperança de, no fim dascontas, sermos regados para ornamen-tar o jardim de Deus.

[ www.revistatipo.com ] akvo |

Page 34: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

ocê sa-bia que o

maior oceano é opacífico, certo? E queem meio minuto a va-zão do Amazonas mataria asede de todo o mundo? Que um came-lo pode beber 120 litros de água em 10minutos? Ao menos sabe que mais de70% do seu corpo é feito de água? Ago-ra a novidade que parece não nos as-sustar pelo imenso volume de água pre-sente no planeta (que, "não sei o por-quê", chamam de azul...): se a popula-ção continuar consumista e pouco pre-ocupada com o meio ambiente, um dia,a água do mundo vai acabar.

Já imaginou a vida sem água? Queser vivo seria, realmente, vivo?

É pra evitar esse abalo nosecossistemas mundiais que vários or-ganismos mundiais trabalham inten-samente na proteção e conservação dosrecursos hídricos do planeta. São Ongse associações que trabalham naconscientização das pessoas, principais(quem sabe as únicas) responsáveis peladestruição desse recurso natural.

A tipo fez uma pequena seleção dealgumas dessas Ongs do Brasil. Conhe-ça o trabalho delas e, se der umtempinho, ajude-as em seu trabalho depreservação e conscientização. Se nãotiver tempo, apenas feche a torneiraenquanto escova os dentes que já faz

bastante pela água e pelos seres quedependem dela pra viver.

Ondazulwww.gilbertogil.com.br/onda/

onda0.htm

Criada em 1990, em Salvador, porGilberto Gil, a Fundação Ondazul rea-lizou diversos projetos de educaçãoambiental e campanhas, entre masquais as famosas "Praia Linda - PraiaLimpa" e "Não Deixe o Mar Morrer naPraia" de grande impacto na opiniãopública, no início dos anos 90.

Projeto Tamarwww.projetotamar.org.br

Até o final de 70, não havia no Bra-sil qualquer trabalho de preservaçãodos animais do mar. As tartarugasmarinhas, por exemplo, estavam de-saparecendo rapidamente por causada captura em atividades de pesca, damatança das fêmeas e destruição dosninhos nas praias. Houve reação e de-núncias, inclusive de repercussão in-

ternacio-nal. Em

1980 começoua surgir o

Tamar, projeto queidentificava as espécies,

locais de ovas, períodos de repro-dução e principais problemas de sobre-vivência da espécie.

Projeto Mamirauáwww.pop-tefe.rnp.br

Atua na implantação da EstaçãoEcológica Mamirauá, a maior florestasubmersa do mundo, localizada na re-gião central da Amazônia. É o maiorprojeto de preservação de florestas tro-picais do planeta.

Vidáguawww.vidagua.org.br

Organização que trabalha, princi-palmente, na preservação da água, pormeio de projetos de conscientização eproteção ambiental. No seu programade Educação Ambiental, promove pa-lestras para alunos de escolas públicase privadas, e faz a capacitação de pro-fessores para orientações ecológicas defuturos estudantes. Possui também deviveiro de mudas que recupera áreasnativas degradadas da região centro-oeste do estado de São Paulo.

líquido | ong’s

[ www.revistatipo.com ]34

v

| too

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líquido | entrevista

35[ www.revistatipo.com ]

»

too |

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tipo: Você participou da fundação do

Instituto Vidágua?

Rodrigo: Eu participei da fundaçãocomo sócio-fundador, em 1994. Na épo-ca estava com 16 anos e não podia par-ticipar da primeira diretoria [quandoRodrigo fez dezoito anos, assumiu a pre-sidência da ong e a presidiu por doisanos].Eu senti que no interior de SãoPaulo não existiam movimentosambientais que não fossem ligados aquestões governamentais. A idéia foimontar uma ONG no interior de SãoPaulo; a partir disso surgiram váriasoutras ONGs no interior do estado. Atu-almente eu coordeno projetos, princi-palmente projetos fora de Bauru.

A Vidágua foi pioneira no estado de São

Paulo?

Ela foi a primeira ONG ambientalistado interior do estado de São Paulo. Fi-zemos várias parcerias com outrasinstituições da capital, como a Fun-dação SOS Mata Atlântica; isso criouum elo entre as ONGs que acabou for-talecendo as estruturas de meio-am-biente do interior do estado. Por exem-plo, o Instituto Vidágua já capacitoumais de mil professores na área deeducação ambiental, já proferiu pa-lestras para mais de 15 mil alunos,temos uma estrutura montada comlaboratório de controle de poluentes,um viveiro de produção de mudas na-tivas de nossa região.

Como vocês começaram?

Nós começamos com um quadro superpequeno; eram professores da USC [Uni-

versidade do Sagrado Coração], daUnesp [Universidade EstadualPaulista], e pessoas de outras áreas, eno começo era muito complicado, por-que as pessoas não conheciam nada demeio-ambiente, eram pessoas que atéentendiam de áreas ligadas à biologia equeriam fazer algo. No final consegui-mos fazer bastante coisa; é claro que ainstituição passou por um processo deamadurecimento, tivemos diversassedes até que conseguimos construirnossa sede própria... Aprendemos qualo papel de uma ONG, até onde podemoscaminhar, o que podemos fazer, poisuma ONG acaba surgindo por umadeficiência do estado e a sociedade deci-de unir-se e suprir a falta, ou mesmocobrar mudanças por parte do estado.Normalmente é assim que começam efuncionam os movimentos sociais.

Qual foi a principal conquista que vocês

fizeram, desde a fundação do Vidágua?

No início, nós trabalhávamos com pro-jetos temáticos. Começamos traba-lhando com o Rio Batalha, que forneceágua para a cidade. Desse projeto queoriginou o nome Vidágua, pois traba-lhamos com um tema ligado à vida dapopulação, que é a água, de um rio queestá situado na área rural de Bauru,então boa parte da população não co-nhece a real situação do rio. Nossos di-agnósticos apontavam que o Batalhaestava completamente degradado, comlançamento de esgotos, comassoreamento, com erosões...

Desse projeto nós partimos para di-versas iniciativas, mas um dos gran-

des méritos da instituição foi mostrarpara a sociedade bauruense como esta-va a situação do rio que fornecia águapara a cidade. A partir daí surgiramvários outros movimentos até de áreasgovernamentais no sentido de recupe-rar o rio. Muita coisa já foi feita, mas orio ainda continua com um estadomuito grave de degradação.

O que levou você, com 16 anos, a ajudar a

fundar a Instituição? Você foi um adoles-

cente cara-pintada?

Eu participei do movimento Fora-Collor, mas de uma maneira poucoamadurecida. Na época não tinha umconhecimento político tão grande e atéidade para participar de maneira maisativa. Mas algo que foi importante paramim foi participar da Conferência daONU de Meio-Ambiente em 92, no Riode Janeiro. Eu tinha 14 anos e decidi irpara a Conferência, por minha conta erisco. Eu já gostava muito de questõesambientais, estava acompanhandotudo aquilo que estava acontecendo, edecidi ir. Foi talvez isso que mostrou oque eu queria pra mim.

Durante a Conferência eu partici-pei de muitas manifestações porque,naquela oportunidade, a ONU não au-torizava que a sociedade civil partici-passe dentro do processo oficial, entãonós ficávamos do lado de fora, gritando"Fora Bush" [na época, o Bush pai, pre-sidente dos Estados Unidos]. E foi muitobom pra mim, participei de muitasreuniões, muitas conversas. A partirdaí comecei a trocar correspondênciacom o mundo inteiro, com outras or-

entrevista: rodrigo agostinho

[ www.revistatipo.com ]36 | too

Page 37: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

ganizações. Dois anos depois a genteestava fundando o Vidágua, que é co-nhecido nacionalmente, participa deprojetos internacionais, temos umsite que já conseguir plantar maisde um milhão de árvores através doprojeto "Clic Árvore", possui cerca de18 mil acessos por dia, é o siteambiental mais acessado do país. Issopra nós é muito legal.

Como consumidor, você é muito metó-

dico, toma banho, desliga o chuveiro en-

quanto se ensaboa...

Eu acabei aprendendo a me polici-ar, agora, eu acho que a gente não deveprecisa ter um grande estresse em re-lação a isso. Acho que não pode é usarcom desperdício, tanto a água, como aenergia elétrica, no nosso consumo di-ário. As pessoas vão ao supermercado efazem uma coleção de sacolinhas; cadaproduto que elas compram, embalamem uma sacola. Elas não precisam dis-so. Elas podem ter um consumo maisracional porque esse consumo refletenos problemas ambientais que a gentetem hoje. Mais consumo de plástico émais consumo de petróleo... Um petró-leo que poluiu o ar, poluiu o solo, poluiuo mar durante sua exploração, depoispoluiu tudo de novo no seu refino,processamento e na fabricação do plás-tico e se deixarmos, vai poluir nova-mente no desgaste do meio ambientepela sacola que jogamos em algum ter-reno vazio ou uma mata. As pessoastêm que consumir sabendo que podetrazer conseqüências para o meio am-biente. Eu tenho consciência de que a

fralda descartável que euusei quando eu era um bebêvai estar aqui na Terra du-rante os próximos cinco milanos. Eu não vou estaraqui, mas minha fraldavai estar...

Outra coisa é a econo-mia de energia. Boa par-te das pessoas acha quenão tem nada a ver com omeio-ambiente. Só quehoje os maiores problemasambientais do mundo sãodecorrentes do consumoenergético. O homem está vi-ciado em energia. Nós temoshoje, no Brasil, duas usinasatômicas, 58 usinas termo-elétricas em processo de cons-trução para atender esse con-sumo de energia. Mais de setebilhões de gás carbônico sãoemitidos na atmosfera de-correntes da produção deenergia, pela queima degás, petróleo e carvão.

Com a diminuição do pe-

tróleo, se pesquisa muito

utilizar a água como fonte

de combustão para moto-

res. A tendência é agravar

mais a situação do meio-am-

biente...

Um terço da população domundo, ou seja, dois bilhõesde pessoas, não tem acesso àenergia; 1,2 bilhão de pesso-as não tem acesso à água

»

[ www.revistatipo.com ]

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potável, um problema mais sério ainda,estando sujeitas a doenças sérias, desdeuma hepatite a uma disenteria, e issoagrava mais ainda problemas como amortalidade infantil. A estimativa é deque a cada 20 minutos, 80 crianças mor-rem no mundo por doenças ligadas à fal-ta de saneamento básico.

A gente tem um desafio que é levarágua potável e energia para todo mun-do, mas também um desafio de fazercom que esse consumo não destrua todoo planeta. O tema da nova Conferência[da ONU] é como atender as necessida-des da população sem compor as futu-ras gerações.

E qual a saída que você vê para todo esse

problema?

As pessoas têm que se organizar. Sejacomo for; seja em conselhos, movi-mentos sociais, criação de organiza-ções não governamentais... Tudo issoé muito importante. As pessoas têmque começar a agir. O primeiro pas-so é se organizar.

Depois disso, as pessoas começama amadurecer, a analisar quais os pon-tos estratégicos de cada cidade, de cadaregião. Existem cidades que têm pro-blemas de desertificação, têm cidadesque têm problemas de excesso de água,de chuvas ácidas... Problemas que po-dem estar interagindo com os proble-mas mundiais. A partir do momentoque a sociedade estiver organizada elapoderá resolver um problema aqui eali e daqui a pouco estará mudando omundo.O projeto Vidágua tem alguma parceria

com os Comitês de Bacias Hidrográficas

do estado?

Nós participamos da fundação de vári-os comitês. Hoje fazemos parte de doiscomitês, o Tietê-Jacaré e o Tietê-Bata-lha, que participo como vice-presiden-te. Nos comitês a gente tenta elaborarprojetos que possam significar umamelhoria no gerenciamento dos recur-sos hídricos da região. Um ponto muitoimportante que a gente ainda não con-seguiu é aprovar, em São Paulo, a co-brança pelo uso da água, que é diferenteda taxa que pagamos atualmente, pelobombeamento e tratamento da água atéchegar em nossa casa. A gente precisa-va desse dinheiro para conseguir resol-ver o problema do tratamento de esgo-tos, da disposição inadequada dos resí-duos sólidos do lixo, da questão das ero-sões, da falta de árvores nas margensdos rios... Os comitês têm essa tarefa,mas não temos os recursos necessários.A duas bacias juntas têm um orçamen-to de dois milhões de reais por ano pararesolver todos os problemas ambientaise, com certeza, esse recurso é muito es-casso. Só o tratamento do esgoto deBauru ficaria em cerca de 20 milhõesde reais. Se você for pensar que o comitêvai investir, durante dez anos, um re-curso que é disponível para 60 municí-pios, em apenas um município, não dá...

Quanto seria essa taxa do custo da água

por habitante?

No projeto que tramita na Assem-bléia Legislativa, seria cobrado um cen-tavo por cada metro cúbico de água. Apartir daí, cada comitê de bacia decidi-

ria se aumentaria a taxa, de acordocom suas necessidades. A idéia é come-çar a cobrar pelo consumo doméstico,depois de cinco anos incluir o consumi-dor industrial e a partir de dez anos,cobrar do consumo agrícola, que hojeconsome cerca de 70% da água trata-da do estado.

Com o Lula no governo, você acredita

que haverá mudanças?

É um grande avanço por dois motivos:para a sociedade, porque a vitória do Lulamostra pra todo mundo que qualquerpessoa, que seja de bem e está disposta aresolver problemas, ela pode chegar atéo poder. Para a autoconfiança da popula-ção isso é muito bom. Que ela pode cres-cer, que pode mudar de vida.

Um outro avanço é que, pela primei-ra vez, temos um partido comprometi-do com causas sociais no poder, compro-metido com questões diretamente liga-das ao setor produtivo e não à classe do-minante. Agora, como as elites vão "dei-xar" esse governo do Lula "acontecer" seráum problema. Até porque o governodele terá uma cobrança muito maiorem relação aos anteriores. Uma citaçãodo Lula no primeiro pronunciamentocomo presidente eleito foi que ele nãoteria o direito de errar. Ele terá que termuito cuidado em suas decisões, poiscada pisada de bola, uma coisa normalem nós seres humanos, pode represen-tar o fim do governo. A gente precisa teresperança de que ele consiga governarpra conseguir fazer a renovação do pac-to social do Brasil e todas as outras mu-danças que o país necessita.

entrevista: rodrigo agostinho

[ www.revistatipo.com ]38 | dowr

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e você acha que isso não é tarefapara qualquer um, está, neste

exato momento, dando aval, pessoale intransferível, para o prêmio Young

Creatives, outorgado a cada ano peloFestival Internacional de Propagan-da Lion Cannes a equipes de publici-tários do mundo todo.

O que, na primeira edição do prê-mio, eram cinquenta alemães concor-rendo, hoje são cerca de 700 partici-pantes de mais de 40 países.

Através de disputas nacionais depré-seleção, cada país participantemanda seus representantes, de até 28anos, para realizar tarefas como asdescritas no texto que paira acima dagarrafinha que ilustra esta matéria.

O Young Creatives, realizado desde92, se divide em duas categorias: na prin-cipal, cada equipe (dupla formada porum redator e um diretor de arte) tem 24horas para produzir um anúncio de pro-paganda impresso (pôster) para uma re-levante instituição sem fins lucrativos;

em seguida, as mesmas equipes têmmais24 horas para montar um website ouuma animação para ser veiculada nainternet promovendo a mesma institui-ção proposta para a categoria principal.Nessa categoria, denominada Web Page

/ Online Ad, cada dupla pode contar como auxílio de um web designer que passaa fazer parte da equipe.

a entidade indicada para esteano foi o Secretariado Internacionalpara Água [www.i-s-w.org], sediada emMontreal, Canadá. O Secretariado temcomo principal bandeira o trabalho emprol do direito de todas as nações te-rem acesso a água limpa.

Os anúncios se prestaram a reali-zar a publicidade em sua plenitude: ouseja, vender uma idéia e convencer.Todos os vencedores enfocaram o as-pecto miserável da água, que mata mi-lhões de pessoas sem condições deacesso ao líquido em sua forma potá-vel, ao redor do mundo.

Imagine-se tendo que vender alguma coisa. Agora, imagine que essa coisa a ser vendidaseja um dos artigos mais abundantes no nosso planeta. Não, não, isso não é tudo.

Imagine-se divulgando a face mais nojenta desse seu produto.De preferência com criatividade, impacto e leveza, claro.

Só isso? Ufa!

sÉ de secar a garganta e dar um nó!O primeiro lugar na categoria prin-

cipal, ficou com a equipe finlandesa for-mada por Antero Jokinen e Niklas Lilja

da SEK & Grey Oy.Os finlandeses apresentaram o

pôster com a imagem de um copinhode exame urinário, cheio de um líqui-do bem amarelo, fechado com tampi-nha azul e ornamentado por um sim-pático canudinho. Embaixo da ima-gem, a frase: 1,5 bihão de pessoa bebeágua mais suja do que essa urina(peep, em inglês).

A equipe brasileira, formada porThiago Z. Tripodi, da Agência Click,Vinicius S.Miike, da Lowe Lintas eTheo V. Rocha, da New Comm Bateslevou o prêmio na categoria Web Page

/ Online Ad.

Confira mais sobre o Young

Creative na versão online da tipo ouno site www.canneslions.com/youngcreatives

líquido | publicidade

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Page 40: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

A água é o recurso naturalmais abundante do planeta

Terra. Por enquanto, asociedade não se preocupou

em evitar a escassez dessebem vital para o

desenvolvimento humano.Agora que começa a se falar

no fim das reservasmundiais de petróleo, o ouro

preto, matéria-prima deuma infinidade de materiais,

como o plástico, ecombustíveis que movem os

carros e o planeta, opotencial energético da água

começa a ser estudado commais atenção.

vapor | tecnologia

[ www.revistatipo.com ]40 | dlo

Page 41: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

o início do século XX, James A.Charter teve a idéia de desenvol-

ver um motor que funcionasse comágua misturada à gasolina. Esse expe-rimento, popularmente chamado demotor à água, não teve muito sucesso,pois como a temperatura devia sermuito alta para a água ser instantane-amente vaporizada ao entrar no pis-tão, o motor corria sérios riscos de su-peraquecimento.

O método inusitado que o inventordesenvolveu para acusar o superaque-cimento consistia em instalar o motorabaixo dos assentos de passageiros.Assim, quem estivesse no carro, "sen-tiria na pele" o risco de permanecercom o motor ligado.

Hoje em dia, já existem notícias demotores que utilizariam apenas água.Através de energia elétrica, o hidrogê-nio se separa do oxigênio e é usadocomo combustível. Do escapamento saiapenas vapor d'água que não causa ne-nhum dano ao meio ambiente.

Aleksandr Rudenko, no jornal"Literaturnaia Gazeta" de 25 de junhode 1997, publicou reportagem sobreuma solução russa capaz de manter mis-turados água e gasolina no motor. Umaquantidade insignificante de um miste-rioso "emulgador", numa solução degasolina com 10% de água (sem adiçãode chumbo), dão origem ao Aquasin,combustível desenvolvido pelo doutorem ciências químicas Eduard Isaev jun-to com sua equipe de alunos.

O projeto teria sido rejeitado pelogoverno russo que, entre outras coi-

sas, depende muito do petróleo comofonte de exportação.

Segundo Rudenko, o Aquasin reduzde 3 a 5 vezes a emissão de monóxidode carbono na atmosfera, em relação àgasolina comum.

Além disso, afirma que a soluçãoreduz em 200º a temperatura do mo-tor e proporciona o aumento da potên-cia. O combustível que, segundo o de-senvolvimento das pesquisas pode che-gar a ter 70% de água, é capaz de per-mitir maior aproveitamento do seu

potencial energético. Basta instalar nomotor uma turbina para recapturar ereaproveitar os gases expelidos pelacombustão anterior.

Se essas tecnologias deixarem deser devaneios científicos dos pesquisa-dores e se mostrarem realmente viá-veis, você pode se imaginar, um dia,abastecendo seu motor de água.

Mas, enquanto houver petróleo, osdonos dos poços vão vigiar desde osoceanos até as reles poças d'água e dei-xar as barbas de molho.

n

A tendência e a exigência do mun-

do é produzir, cada vez mais, carros

menos poluentes ao meio-ambiente

(haja caminhões Mercedes no Brasil,

na maioria azuis, que mais soltam fu-

maça que andam). O fato é que as al-

ternativas aos motores movidos a de-

rivados de petróleo ainda são pouco

eficazes. Os carros (caríssimos) elé-

tricos têm pouca automação, andam

cerca de 150 quilômetros e têm que

ser recarregados. O motor a água não

passa de sonho. Mas um candidato

está se for talecendo nessa disputa:

automóveis movidos a hidrogênio.

Alguns protótipos já existiam, po-

rém utilizavam o hidrogênio numa re-

ação química para produzir eletrici-

dade, num processo chamado full cell.Agora o lance é diferente. Foi apresen-

tado no Congresso Mundial de Petró-

leo deste ano, no Rio de Janeiro, um

modelo da BMW, o 745h, que queima

o hidrogênio como se fosse gasolina.

E o mais interessante é que seu resí-

duo, ao invés de monóxido de carbo-

no (dos carros movidos a gasolina), é

vapor d’água! E para uma maior auto-

nomia, o carro ainda possui um tan-

que de 90 litros de gasolina.

No entanto lá vem o problema: o BMW

745h custa uma mixaria de 350 mil re-

ais e não pode rodar no Brasil, uma vez

que não existem postos de reabasteci-

mento de nitrogênio para carros (na Eu-

ropa inteira existem dez postos).

carro que emite água

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Page 42: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

t i a g o . j o k u r a

e

42

ra fatal o enfrentamento.A barreira de chuvafuncionava como uma

película contínua, ocasião ideal para um filmebom, apesar da inadequação do ambiente.

Na outra margem da rua, entregotascortinadas, só transparecia ela.

Os bilhetes vinham seguros comigo en-quanto ela temia por eles, sem saber que nãoserviriam mais: o espetáculo que me ofereciaera tão mais bonito, real, e espontâneo quan-to a sua pose despojada, sempre a esconderdos transeuntes desavisados a reserva de be-leza que insiste em não caber nela e, quemdera, me caberia para sempre cuidar bem...além do mais, eu vivia uma noite egoísta.

Não sei se me via ou me olhava. Se olhas-se, desconheceria minha face, perdida emuma silhueta tão distante das retinas e tez. Eessa história choveria mas não molharia, talcomo seguem aqueles que se cruzam sem sa-ber que poderiam viver juntos o grande amor.Se visse, eu sentiria, e daria, cabisbaixo, umsorriso comovido de convicção ante o subli-me, sempre necessário para que uma mulherte note e te precise para viver. E a história se-guiria como seguem aqueles que se esbarrame sem querer se esbaldam de amor, até quasese afogar, antes do entornamento.

Uma coisa nem outra. E a história flui comoaqueles que, ao se encontrar, sabem de tudo.

Conhecia aquela cabecinha de cor e atédo avesso. Por isso eu sabia que, pelo jeitoque batia um pé, sincronizado com o indica-dor oposto pelos braços cruzados, calculavaum bolo meu. Eu que não chegasse com des-culpa de chuva, porque pelo horário combi-nado, devia ter chegado antes.

contagotas

Não importava se o banho foi muito ebem-cheiroso, o perfume pouco e melhor.Como salva pela pontualidade, se manteriao mais seca possível diante de todo e qual-quer argumento meu. Que fosse em forma delágrimas, nem assim.

Mal sabia que antes das desculpas, an-tes de olhar-me ou ver, ouviria longe. Obarulhar da chuva a confundiria até escu-tar novamente e novamente meu grito. Sus-peitaria, entenderia, atenderia e cruzaría-mos a rua ao nosso encontro. Nos somaría-mos até perder a conta de nós dois e dasgotas que nos sumiam.

Os olhos se achariam sem saber se se per-diam ou se se ganhavam, se riam ou se chora-vam, tamanho o grau de encharcamento dapaisagem-feição.

A rima do beijo transbordaria, lavandoo coração que ainda estava guardado doderramamento de céu.

O roteiro, meu papel, já todo roto eencharcado [bem como os bilhetes], nãoprevi. Mas já sabia.

Dali para frente, era assim derramar otempo: tomar todo dia, pela manhã e quan-do demais precisasse, de um gole só e comgosto, o sorriso que eu sorriria se ela me vis-se para aspergir entre nós o amor dia e noitee orvalhá-lo no coração quando em repouso.

Pois é, estava tudo contagotejado, em al-gum lugar muito certo, que feliz da vida eurabiscaria em teus olhos, leitor [a]fluente, achuva e o enfrentamento, sabido, fatal eencharcado demais de cheiro de solo molha-do misturado com o dela.

Teria que mergulhá-la em mim. [ ]

pausa pra prosa

| shui

Page 43: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

omece relaxando. Se estiver fazendo algoque comprometa esta lição, pare, deixe para

outrora. Segure seu exemplar da tipo e exerça suafunção plena de leitor... descontraia-se. Calma-mente vá se condicionando para uma deliciosaprática. Respire. Sinta o ar entrando.

Você pode estar resfriado, gripado,com cãibras ou má circulação arterialnos membros inferiores. Não há proble-ma algum. Exceto se possui varizes mui-to pronunciadas; nesse caso, não realize aprática do escalda-pés. Pessoas com insô-nia, cólicas menstruais e torcicolos tam-bém podem praticar. Homens e mulhe-res. O importante é relaxar. Para isso,relaxe. Descontraia-se totalmente.

Agora, com o organismo mais cal-mo, e o sistema nervoso em equilíbrio,preste atenção: siga para um ambien-te fresco. Não gelado, não molhado.Fresco. Ao lado, você encontra a listade materiais necessários para aprática. Certifique-se quepossui todos os objetos emsua casa. No ambien-te já citado, que podeser a sala ou o quar-to, abra a janela atéum terço de sua

extensão. Se quiser praticar à noite,melhor. Siga com a mesma calma erelaxamento do corpo.

Sente-se confortavelmente em umacadeira ou em um sofá. Coloque a baciavermelha (ou de outra cor) próxima aseus pés. Encha-a de água da mesmatemperatura de seu corpo e insira seuspés na bacia. Relaxe seu corpo mais umavez. Se o procedimento estiver correto,suas pernas deverão estar molhadas dospés até a canela. Prossiga, relaxando.

Após alguns minutos, que podemser de 5 até 7, troque a água que estavana bacia por uma de maior temperatu-ra. Vá repetindo essa troca até que a tem-peratura da água atinja um montantesuportável. Não mais que isso. Não seexceda na primeira prática. Assim quefizer a última troca de água, fique cal-

mo; mentalize boas memórias e experi-ências fictícias por cerca de meia hora.Fique sempre com o corpo relaxado. Nãose altere desse estado. Sinta seus pés sedilatando, ficando mais fortes, mais se-renos. A energia provinda da bacia tomaseu corpo por inteiro.

Enxugue, então, seus pés com umatoalha macia e seca. Deite-se e, maisuma vez, relaxe. Veja como é deliciosaessa sensação de paz... Nesse momentoevite friagens. Para isso, feche a janelaque estava entreaberta.

Pronto. Se desejar pode cochilar al-guns instantes, que podem durar al-gumas horas. Não há problema. Aliás,os problemas que antes existiam, hãode terminar após o escalda-pés.

Essa prática pode ser feita uma vezou repetida durante alguns dias.

manual do escalda-pés

lista de materiaisUma bacia funda, mais ou menos

da altura de suas batatas da perna.

Uma toalha macia e seca

Outra pessoa para ficar esquentando água

43

vapor | hidroterapia

[ www.revistatipo.com ]

c

shui |

Page 44: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

vapor | frutas ricas em água

ompre já Elissbelt e emagreça sem

fazer força!”. “Tome o chá a base

de porangaba durante 7 dias e perca

mais de 5 quilos!”. Milagres, não?!

Você, em algum dia de ócio pro-

dutivo, já deve ter assistido televisão

no período da tarde. Exceto filmes e

desenhos animados, a programação

atual da tv nesse período se resume

aos programas de entretenimento

que, basicamente, possuem receitas

culinárias, flashs ao vivo de algum

acidente ou seqüestro, fofocas e, cla-

ro, dicas de emagrecimento. Ibope;

quem não deseja emagrecer?

As pessoas ganham peso por dife-

rentes motivos, alguns até genéticos.

Acontece que para emagrecer, optam

muitas vezes pela mesma solução: as

dietas milagrosas; que não são san-

tas para tal. Nesses casos, é necessá-

rio muito cuidado.

Segundo a nutricionista Elisa

Catapan, da Beauty Care, esses proce-

dimentos não funcionam muito bem.

Todas as dietas ajudam a emagrecer,

no entanto prejudicam sua nutrição. A

nutricionista diz que as receitas mais

milagrosas para o emagrecimento são

as dietas à base de líquidos. Funciona

desta forma: a pessoa que quer ema-

grecer ingere, durante uma semana, só

líquidos. Valem sopas, sucos, água,

chás. Nada mais. Nada de mastigar.

Um perigo, pois, segundo a

nutricionista, o consumo apenas de lí-

quidos é deficiente na carga de proteí-

nas, carboidratos, vitaminas e fibras;

pode acarretar uma perda de nutrien-

tes e o risco da pessoa ficar anêmica. No

final, o balanço é negativo para a saúde.

Dietas à base de líquidos não são

raras: todos os shakes diets vendidos

na tv funcionam dessa forma. O primei-

ro problema está na falta de

mastigação, início da digestão. Os chás

à base de porangaba, alcachofra, cipó-

cabeludo e losma, não queimam gor-

duras, apenas fazem o intestino funci-

onar melhor, facilitando a digestão.

Existem ainda as ervas trituradas ven-

didas em feiras livres. Fuja delas. Não

há garantia de que são puras, podendo

ocasionar outros vários problemas

como intoxicação.

comer corretamente é a

melhor forma de emagrecimento. To-

dos dizem mas ninguém dá atenção a

isso. Para perder peso o melhor é ado-

tar uma reeducação alimentar, balan-

ceada e definitiva. Ou até que a balan-

ça pare nos números que você achar in-

dicados para sua altura e bem estar!

Essa reeducação significa comer de

tudo um pouco, em pequenas porções,

ingerindo carboidratos (pães e mas-

sas), proteínas (ovos, carnes e queijos)

vitaminas e fibras (frutas, verduras e

legumes). Há também a necessidade de

diminuir a quantidade de alimentos

ricos em açúcar e gorduras, como bo-

los e doces. Dessa forma você pode até

mudar de canal e assistir um filme, ou

quem sabe, desenhos como Ligeirinho,

Pica-Pau, ThunderCats...

“c

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Page 45: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

45[ www.revistatipo.com ] koO |

Page 46: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

m outubro deste ano, a região deRibeirão Preto [350 km de São

Paulo] marcou a menor taxa brasilei-ra de umidade relativa do ar: 7%. O arestava realmente quente e seco. Diasdepois, o fotógrafo Odilon Comodaro re-gistrou um dos maiores redemoinhosvistos na região. A foto foi feita na rodo-via Cândido Portinari, entre as cidadesde Franca e Batatais.

Nos centros urbanos, o vento nãoera capaz de balançar nem as árvoresmais altas. O clima abafado cansavaas pessoas e enchia sorveterias e lan-chonetes que vendiam sucos naturais.Sim, porque nesses dias de calor, nadamais refrescante que um suco natu-ral, bem geladinho, num copo de vi-dro com 500ml, com dois canudinhos[um rosa e o outro azul] num ambien-te sombreado e fresco!

Segundo Horst Otterstetter, ex-di-retor da Divisão de Saúde e Meio-Am-biente da Organização Pan-America-na de Saúde [OPS], cada pessoa neces-sita de 189 litros de água por dia paraviver, incluindo consumo, higiene epreparo de alimentos. Desse montan-

te, de 2 a 3litros são para o con-sumo direto.

Nesse sentido, a tipo traz para você,leitor sedento, duas receitas de sucos comfrutas que são ricas em água.

suco verde

½ maçã verdefolhinhas de hortelã1 fatia de melão1 kiwi1 caixinha [200 ml] de água de coco

abacaxi e hortelã

1 ¼ de copo de suco de tangerina1 rodela de abacaxi4 folhas de hortelã

Para as duas receitas, o modo depreparo é bem simples: bata todos osingredientes no liquidificador e retirea espuma antes de servir. Se preferir,pode adicionar gelo na mistura. Os sucosde frutas ricas em água possuempoucas calorias e mantêm seu corpo

bem hidratado, principalmente nocalor. A glicose da água de coco age como leve teor de açúcar das frutas,acelerando a absorção dos líquidos peloorganismo.

mas não exagereUma pessoa com insuficiência re-

nal facilmente retém líquidos em seucorpo, pois os rins não funcionam ade-quadamente e não conseguem elimi-nar os excessos de líquidos por meioda urina. Nesses casos, a alta ingestãode água diária causa aumento da pres-são arterial e inchaços nas mãos, pése pernas. Com o passar do tempo, épossível que ocasione complicaçõesmais sérias, como edema pulmonar eacúmulo de água no coração, deixan-do a pessoa com sério risco de vida. Agrande ingestão diária de sal ajuda aretenção de água pelo organismo.

Dessa forma, se você, leitor seden-to, tem esse mal, cuidado. Mantenha

e

vapor | frutas ricas em água

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Page 47: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

abe aquelas folhinhas de hor telã que você acabou de

usar no preparo do Suco verde [fique atento, leitor...

as da repor tagem ao lado]? Se você já preparou e se

deliciou com nossa receita, esperamos que, antes de fazê-

lo, você tenha lavado corretamente as tais folhinhas. Dá

um pouco de trabalho, por causa do seu reduzido tamanho

[comparadas, é claro, às folhas de alface ou couve]. Mas

sua correta lavagem e desinfecção é muito impor tante para

prevenção de doenças como verminoses, cólera, hepatite

A e B e até poliomielite.

Se você não sabe como fazer, vamos às lições de tra-

tamento de folhagens e verduras da tipo! O processo é

muito simples e rápido.

A lavagem dos alimentos segue o mesmo processo do tra-

tamento caseiro de água. Você vai precisar de cloro, ou

hipoclorito de sódio ou mesmo água sanitária, que vamos

usar em nosso exemplo [pode ser cândida... é a mesma coi-

sa, leitor! O lance é que elas possuem cloro em sua fórmula].

Primeiro lave as hor taliças em água corrente. Mergulhe-

as depois numa bacia contendo água da torneira mistura-

da com água sanitária na proporção de uma colher de sopa

de água sanitária para cada litro de água. Deixe assim por

cerca de 30 minutos. Para passar todo esse tempo, leia

algum bom livro [se quiser indicações de leitura, a tipo

mostra a você na página XX].

Depois dos 30 minutos, lave novamente em água da

torneira as verduras, que já estarão l impas e próprias

para o consumo.

Caso você queira utilizar outro composto de cloro no

tratamento de água ou verduras, a proporção é diferente

da água sanitária. Para mais informações acesse o site da

tipo [www.revistatipo.com] ou procure um posto de saú-

de próximo de sua casa.

u md i á l o g o

c o n s t a n t ecom seu médico

ou nutricionista eacompanhe diariamen-

te seu peso. A tipo ajuda você também acontrolar a água de seu corpo, com di-cas para reduzir o consumo diário deágua.

Vamos lá:

· Use copos pequenos para con-sumir líquidos;

· Tenha muito cuidado com o sal;· Não chupe gelo para matar a

sede! Bocheche ou gargareje com águaà temperatura ambiente e jogue fora.Escovar os dentes também ajuda;

· Se for tomar remédios no café-da-manhã ou lanche, aproveite o lei-te com café ou iogurte, não sendo ne-cessário ingerir mais um copo de águapara engolir os comprimidos;

· Quando sentir sede e saber quejá ingeriu muito líquido durante odia, tente consumir algum alimen-to [pois o alimento sólido alivia a sen-sação de "boca seca"] ou chupar umchiclete sem açúcar [para estimulara produção de saliva].

lavando as

folhinhas

s

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Page 48: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

Um tipo de roteiro para aqueles fins de tardes de domingo, sevocê não quiser dar um pulo na piscina. Mas vá devagar, poisa variedade aqui é grande e pode causar indigestão!

tipo... filme

Como água para chocolatedrama, México, 1992Direção de Alfonso Arau

Baseado em um romance do mesmonome de Laura Esquivel, o filme contaa história de um camponês chamadoPedro que, em 1910, em plena Revolu-ção Mexicana, se apaixona por Titi.

Podia ser mais uma historieta deamor, do tipo água com açúcar, masComo Água para Chocolate é um dosmais belos filmes do cinema latino-americano de todos os tempos. No anode 1993, foi a produção estrangeira demaior bilheteria nos Estados Unidos.

tipo,.. mais filme

A Pequena Sereia I e IIEstúdios Disney

Os filmes são uma adaptação parao cinema que conta a história de Ariel,uma sereia que se apaixona perdida-mente por um humano, ferindo todasas normas dos sete mares.

Os criadores de Disney transfor-maram Ariel numa jovem sapeca emoderna, que quer ir além de suasfronteiras em busca do amor. Recebeuos merecidos Oscar de Melhor TrilhaSonora e Canção.

No segundo filme, Ariel temMelody, um linda menina que não en-tende por que tem que ficar longe domar, que tanto ama, e não sabe expli-car o porquê. Morgana, filha da bruxavilã do primiro filme, quer a todo cus-to se vingar de Ariel e de seu pai, o ReiTritão. Para isso tenta capturar Melodyainda bebê.Não faltam os amigos deAriel, como o atrapalhado siri Sebasti-ão e o peixe Linguado.

tipo... livro

O parto na águaCornelia EnningEditora Manole, 200o

Não estranhe. Existe uma práticadas mulheres terem seus bebês dentroda água, feito peixes, manja? Este guiacompleto e prático descreve detalhada-mente os procedimentos e possibilida-

des de desenvolver essa tal técnica.Traz referências que vão desde o pre-paro pré-natal do casal e de seus fami-liares, à decoração do local do parto eàs diversas opções de piscinas, banhei-ras, utensílios e acessórios.

Passo a passo, é descrita a evolu-ção do trabalho de parto até a primei-ra amamentação do bebê, incentivan-do ainda o treinamento do bebê naágua após o parto.

Não tome suas considerações! Nãoseja preconceituoso; leia o livro e de-pois mande suas idéias para a tipo!

tipo... linguagem

Dar com os burros n'água

Uma expressão estranha. Confessa-mos que a redação da tipo procurou emvários dicionários idiomáticos e semân-ticos, mas não encontramos a origemdesta frase. Deve seguir o mesmo rumodas vacas que vão pro brejo. Mas seu sig-nificado é bem simples: Quando fazemosmuito esforço para conseguir algo e aca-bamos perdendo tudo de forma banal,damos com os burros n'água.

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vapor | cultura e lazer

| eau

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j o s m a r . b a t i s t a

49

Um mal, a pedra até parece um espinhoentre o rim e a uretra, obstruindo o caminho

solução é a água, que no mar é anilmas quando é suja, traz doenças mil

a saída essa: quando a água não prestaatitude lesta, beirando a pressa

de outra maneira vem a enfermidadenão escolhe feira, nem cor, nem idadecomeça como frieira nos dedos do pé

você queira ou não queira, desconfia o que éculpa da larva que traz verminosebarriga-d'água, esquistossomosede vermes padece toda patuléia

que também atinge a gran-paulicéiaa mão no ânus é um comichão

oxiúris, o vaso é prisãoa coisa mais buta é a diarréiao bicho minguta traz cefaléia

a situação é mais negra que a Trevaestafilococo, planária, ameba

o Aedes aegypti faz sucção

ipo é raiz de tipografia, técnica que abrange várias operações para a impressão de textos.Umaverdadeira arte. Entretanto, essas quatro letras possuem diversos significados.Tipo é sinônimo de exemplar, como essa revista que deu a honra de expressar-me.

A pequena palavra também pode ser entendida como pessoa esquisita, excêntrica. Um tipo[como eu]. Por fim, um tipo pode ser um modelo de algo.

Creio que o que vocês lerão abaixo é um tipo de paródia. Bem, paródia é uma imita-ção cômica de composições literárias. No meu caso, penso que é uma imitação um tantoburlesca de Águas de Março, do Tom Jobim; culpa de minhas restrições artísticas e mu-sicais. Mesmo assim, sem querer fazer tipo, agradeço o convite da tipo. Lá vai a paródia,então. Ela é tipo assim, entende...

águasde atraso

na pele e começa a irrupçãoágua empoçada, em garrafa e pneu

e por causa disso muita gente morreuágua pode ser bem mais doce que cana

mas sem cuidado parece até lamafindará algum dia essa febre terçã?quiçá o horizonte clareie amanhã

é a água parada, pesar, afliçãoachoque, moléstia, culpa do vibriãoo contágio acontece, vem a infecçãocólera no inverno, dengue no verão

é a água parada, pesar, afliçãoachoque, moléstia, culpa do vibrião

Um mal, a pedra até parece um espinhoentre o rim e a uretra, obstruindo o caminho

solução é a água, que no mar é anilmas quando é suja, traz doenças milfindará algum dia essa febre terçã?quiçá o horizonte clareie amanhã

é a água parada, pesar, afliçãoachoque, moléstia, culpa do vibrião

t

pausa pra prosa

[ ]

eau |

Page 50: Revista Tipo | pra tudo existe assunto

a

t i p o

r e f r e s c o u

os olhos leitores

colaborando com

o

desenvolvimento

s u s t e n t á v e l

util izando apenas

u m a

pedra de gelo

[ao lado dos

números de página]

p a r a

servir a revista

goste você ou não

tá tudo bem

o cl iente tem

s e m p r e

r a z ã o

v o l t e

s e m p r e

vapor | protótipo

[ www.revistatipo.com ]50 | água

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