revista téchne gruas

5
A grua certa: fixa, móvel ou ascensional Leia mais: Manual de Aplicação da NR-18. José Carlos de Arruda Sampaio. Editora Pini. Soluções para subir e descer na obra. Revista Téchne nº 55. Ubiratan Leal Viabilidade desse tipo de transporte vertical deve ser analisada por critérios logísticos e de produtividade Uma frase, muito comum no pensamento de alguns construtores, resume bem como a grua é vista por boa parte do setor: "Não uso porque não tenho verba para isso". Equipamento símbolo de obras grandiosas com orçamentos generosos, as gruas acabaram não se disseminando mais justamente pela imagem que possuem. Dissociaram-se de obras pequenas e médias, em que, supostamente, não há recursos financeiros para esse tipo de "extravagância". Excluir sumariamente as gruas, porém, pode ser uma medida antieconômica. E, para se saber exatamente quais os ganhos e perdas decorrentes do uso de gruas, é necessário realizar um correto cálculo do uso do equipamento. "Já vi engenheiro de construtora grande dizer que comparou a grua com o custo de uma bomba que levasse concreto ao último pavimento", conta Paulo Melo Alves de Carvalho, diretor de gruas da Alec (Associação dos Locadores de Equipamentos à Construção Civil). "Independente do resultado que ele obteve, o cálculo foi equivocado por não considerar que a grua serve para transportar outras coisas além do concreto." A melhor forma de saber se a grua é ou não viável em uma determinada obra é elaborando, antes da construção começar, um projeto de canteiro que inclua logística, transportes internos, pontos de recebimento de materiais e acessos à obra. Com isso em mãos, o construtor tem condições de saber o que a grua movimentaria e fazer um comparativo de produtividade, perda de materiais e velocidade de execução. Revista Téchne http://www.cspublisher.com/admin/produtos/PTE/engenharia-civil/71/... 1 de 5 22/10/2008 21:35

Upload: odagil-banzato

Post on 12-Jan-2016

17 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Gruas

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Téchne Gruas

A grua certa: fixa, móvel ou ascensional

Leia mais:

Manual de Aplicação da NR-18.

José Carlos de Arruda Sampaio. Editora Pini.Soluções para subir e descer na obra.

Revista Téchne nº 55.Ubiratan Leal

Viabilidade desse tipo de transporte vertical deve ser analisada por critérioslogísticos e de produtividade

Uma frase, muito comum no pensamento de alguns construtores, resumebem como a grua é vista por boa parte do setor: "Não uso porque não tenhoverba para isso". Equipamento símbolo de obras grandiosas com orçamentosgenerosos, as gruas acabaram não se disseminando mais justamente pelaimagem que possuem. Dissociaram-se de obras pequenas e médias, em que,supostamente, não há recursos financeiros para esse tipo de "extravagância".

Excluir sumariamente as gruas, porém, pode ser uma medida antieconômica.E, para se saber exatamente quais os ganhos e perdas decorrentes do uso degruas, é necessário realizar um correto cálculo do uso do equipamento. "Já viengenheiro de construtora grande dizer que comparou a grua com o custo deuma bomba que levasse concreto ao último pavimento", conta Paulo MeloAlves de Carvalho, diretor de gruas da Alec (Associação dos Locadores deEquipamentos à Construção Civil). "Independente do resultado que eleobteve, o cálculo foi equivocado por não considerar que a grua serve paratransportar outras coisas além do concreto."

A melhor forma de saber se a grua é ou não viável em uma determinada obraé elaborando, antes da construção começar, um projeto de canteiro queinclua logística, transportes internos, pontos de recebimento de materiais eacessos à obra. Com isso em mãos, o construtor tem condições de saber oque a grua movimentaria e fazer um comparativo de produtividade, perda demateriais e velocidade de execução.

Revista Téchne http://www.cspublisher.com/admin/produtos/PTE/engenharia-civil/71/...

1 de 5 22/10/2008 21:35

Page 2: Revista Téchne Gruas

Também é importante analisar cada canteiro como algo único, evitandogeneralizações, como uma muito corrente no setor que considera que umagrua substitui 12 trabalhadores enquanto estiver operando. "Índices comoesse não devem ser aplicados sem que se baseiem nas condições reais docanteiro", explica Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor da Poli-USP."Dependendo do caso, esse número pode ser muito maior ou muito menor."

Além das questões financeiras e gerenciais, há aspectos técnicos que podemser determinantes na escolha do meio de transporte vertical da obra. Porexemplo: se o projeto prevê a adoção de componentes pesados como painéis,estruturas pré-moldadas ou banheiro pronto, as gruas são obrigatórias. Nosentido oposto, a indisponibilidade desses equipamentos na região pode levarà escolha de outros sistemas.

No canteiro

A fase de planejamento não termina aí. Caso a construtora defina o uso dagrua, deve informar o calculista. Essa necessidade se deve às cargas queesses equipamentos transmitem ao corpo da estrutura. Uma grua ascensionalpesa, em média, 25 t. No caso de gruas com torres fixas, prendê-las às lajesresulta em um aumento de cargas horizontais. Não são raros os casos denecessidade de reforço - mesmo que temporário - da estrutura.

O consumo de energia também deve ser analisado. Cada grua consome, emmédia, 35 kVA/h. Por isso, o uso de duas gruas na mesma obra podeaproximar a demanda de energia do limite máximo de entrada instalada pelaconcessionária. Nesses casos, a construtora deve avisar previamente aconcessionária e fazer uma outra entrada, do tipo estaleiro.

A última questão gerencial a se considerar é a contratação da mão-de-obra.Alguns empreiteiros fazem o preço pela metragem do empreendimento,desconsiderando que uma grua reduz a quantidade de trabalhadores nocanteiro. "Os benefícios financeiros obtidos com a redução da mão-de-obravão direto à empresa subcontratada", alerta Fábio Martins Garcia, diretortécnico da construtora paulista Conceito. "É contraditório buscar um sistemapela economia com mão-de-obra e repassar os ganhos."

Com o projeto de canteiro definido, já há subsídios para a especificaçãoadequada do equipamento. Em geral, é analisada a capacidade de carga e ocomprimento da lança. No Brasil, as gruas mais usadas em obras deedificação têm momento máximo de 360 t.m e lanças que variam entre 20 e60 m.

As duas características estão interligadas. Um dos fatores que compõe ocálculo da capacidade de carga é o momento, resultado da multiplicação dacapacidade de carga pela distância da ponta da lança ao eixo central (atorre). Por isso, uma grua pode erguer materiais mais pesados nas partesmais próximas da torre. No entanto, a capacidade de carga também pode sercondicionada pela resistência do conjunto polia-cabo. Os locadores efabricantes devem fornecer manuais técnicos que mostram a capacidade doequipamento em cada situação.

Revista Téchne http://www.cspublisher.com/admin/produtos/PTE/engenharia-civil/71/...

2 de 5 22/10/2008 21:35

Page 3: Revista Téchne Gruas

TIPOS DE GRUA

Ascensional

Características

Instalada no interior do prédio, passa por janelas abertas nas lajes ou pelopoço do elevador. No primeiro caso, pode ser necessário executar elementosque transfiram essa carga extra para os pilares. Normalmente, a grua temtorre de 6 a 12 m e fica presa em cerca de dois pavimentos abaixo do últimopronto. Para desmontar, é recomendável que se "deite" a lança sobre umalaje sem obstáculos após a retirada da torre. Caso a lança fique suspensasobre, por exemplo, uma caixa d'água, será necessário o uso de guindastespara a retirada das peças.

Vantagens

Como necessita de menos peças que uma grua de torre fixa, o custo médiotorna-se menor. O posicionamento central na edificação permite um raio deação global, principalmente em empreendimentos com apenas uma torre.Além disso, serve-se da própria fundação do edifício.

Desvantagens

Se o canteiro não for bem planejado, o elevador pode ser entregue sem que agrua tenha sido desmontada. Outra questão é o tamanho da lança. Uma gruaascensional com lança longa sobrecarrega a estrutura que a sustenta peloaumento do peso próprio do equipamento. Esse tipo de grua também exigemaior cuidado de impermeabilização. Muitas vezes, a janela em que éimplantada atravessa o local onde será executada a caixa d'água. Nesseponto, haverá concreto com idades diferentes e cuidados de compatibilizaçãoe impermeabilização são importantes para evitar vazamentos.

Torre fixa com lança também fixa

Características

Posicionada no lado externo da edificação, deve ser estaiada ou presa aocorpo do edifício. Para desmontar, deve haver espaço no canteiro para quetoda a lança fique no chão após a retirada das peças da estrutura.

Vantagens

Se comparada às ascensionais, pode ter maior capacidade de carga etamanho de lança, além de não interferir no andamento da obra nas lajes.Também pode ser colocada entre duas torres para atender a ambas emempreendimentos com mais de uma edificação.

Desvantagens

Por causa da relação entre peso e altura, necessita de fundação própria.Dependendo do tamanho da lança, há mais risco de interferir nos imóveisvizinhos. A carga horizontal provocada pelo estaiamento ou fixação da torreno prédio não pode ser desconsiderada pelo calculista. Por fim, tem customédio mais alto que as ascensionais, já que possui mais peças.

Torre fixa com lança móvel

Revista Téchne http://www.cspublisher.com/admin/produtos/PTE/engenharia-civil/71/...

3 de 5 22/10/2008 21:35

Page 4: Revista Téchne Gruas

Características

Semelhante à de lança fixa, mas tem maior versatilidade por contar comlança móvel para a realização de movimentos verticais.

Vantagens

Tem altura máxima maior que as de lança fixa. Além disso, a subida da lançapode servir como manobra para evitar choques com edificações vizinhas. Porfim, a distribuição de esforços com a lança levantada confere uma pequenavantagem estrutural (redução do momento) em comparação com as gruas delança fixa.

Desvantagens

Se comparadas às ascensionais, possuem as mesmas desvantagens de umagrua de torre e lança fixas. Outra desvantagem é a resistência ao vento. Alança erguida chega a alturas maiores, onde o vento é mais forte,aumentando consideravelmente os esforços horizontais.

Torre móvel

Características

A torre desloca-se sobre rodas apoiadas em trilhos. A pequena "ferrovia"deve ser convenientemente ancorada no solo.

Vantagens

Pode atender a diversos edifícios em condomínios com várias torres, como emconjuntos habitacionais.

Desvantagens

Como não possui estaiamento, nem é presa no corpo dos edifícios, tem alturalimitada.

Recomendações de uso

Nem todas as condições de uso de gruas são determinadas pelo projeto docanteiro. Por ser um equipamento que pode provocar acidentes, a grua temum capítulo próprio na NR-18 (Norma Regulamentadora das Condições e MeioAmbiente do Trabalho na Indústria da Construção Civil).

Veja as principais dicas de segurança:

A ponta da lança e o cabo de aço de sustentação devem ficar no mínimo a 3m de qualquer obstáculo e ter afastamento da rede elétrica que atendaorientação da concessionária local

As medidas correspondem a margens de segurança adotadas para evitar

choque entre a grua e edificações ou a rede elétrica, já que o equipamento

possui estrutura metálica.

O primeiro estaiamento da torre fixa ao solo deve se dar necessariamente no8o elemento e, a partir daí, de cinco em cinco elementos

Esses são valores considerados suficientes para garantir um travamento

adequado da torre do equipamento com a edificação.

Revista Téchne http://www.cspublisher.com/admin/produtos/PTE/engenharia-civil/71/...

4 de 5 22/10/2008 21:35

Page 5: Revista Téchne Gruas

É proibido qualquer trabalho sob intempéries ou outras condiçõesdesfavoráveis que exponham a risco os trabalhadores da área. (...) A gruadeve estar devidamente aterrada e, quando necessário, dispor de pára-raiossituado a 2 m acima da ponta mais elevada

Com estrutura metálica, a grua se transforma em um imenso pára-raios. Por

isso, evita-se o uso do equipamento durante as chuvas.

É proibido o uso da grua para arrastar peças

O atrito causado pelo arrasto aumenta a carga da grua, podendo

desestabilizá-la.

É proibida a utilização de travas de segurança para bloqueio demovimentação da lança quando a grua não estiver em funcionamento

Pelo formato e altura, a grua proporciona uma considerável resistência ao

vento. Se estiver desativada, a lança deve estar solta para girar a favor do

vento, como uma biruta. Caso contrário, a carga horizontal pode

desestabilizar o equipamento.

É obrigatória a instalação de dispositivos de segurança ou fins de cursoautomáticos como limitadores de cargas ou movimentos, ao longo da lança

A própria grua não deve permitir sobrecarga, travando sempre que isso

acontecer. Acidentes graves podem ocorrer pela falha desse dispositivo de

segurança, como a queda da carga.

Revista Téchne http://www.cspublisher.com/admin/produtos/PTE/engenharia-civil/71/...

5 de 5 22/10/2008 21:35