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JCarlos O pai da ilustração no Brasil é homenageado em Festival no Rio OSGEMEOS conquistam os muros do velho mundo TAG Magazine nº 1 Edição Especial www.tagmagazine.com.br Revista Tag.indd Spread 1 of 16 - Pages(32, 1) Revista Tag.indd Spread 1 of 16 - Pages(32, 1) 11/06/2009 02:02:04 11/06/2009 02:02:04

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Participe e envie sua arte:graffi [email protected]

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GRAF

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EDITORIAL

CRIAÇÃO E PROJETO GRÁFICO: Eduardo Teixeira,

Helio Jorge, Leandro Cabral, Raphael Vaz e Pedro

EDITOR RESPONSÁVEL: Eduardo Teixeira

EDITOR TÉCNICO: Helio Jorge

COLABORAÇÃO: Pedro e Raphael Vaz

REDAÇÃO: Leandro Cabral

EDITOR DE ARTE: Eduardo Teixeira e Leandro Cabral

EDITOR DE FOTOGRAFIA: Pedro e Raphael Vaz

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA E REDAÇÃO: Helio Jorge

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10Meesmsmo o ararte, o o grgrafi te não éé rreconhhecido, étrtraatadadoo cocommo marginall. É É precisos escolherumum lugugarr o ondnde ningguém vvá utitililizar, mas queses ja visto pporo mmuiitaa gentee. NãN o é fáfácil alguémdar autorização o para sse e grafifi tar o pprópriomuuro, , mas acoontece, principaalmlmente, por-quq e e osos ppichadoores respeitam osos desennhose nãão passaamam p poror ccima, não rabisscaam.m UUmatata o o dede ccononsis dederaraçãção popor pap rte dedeles. “E E fofoia a papartrtiri disso qqueue a as s pepessssoas começaram a a pep did r r parara g grarafi fi tatarr osos m muroso de sus as casas”,diz Alinine da crew HNF (Hoppee Never FaFails). Aline Moraes C Crereororuska, que trabalha nacasa de câmbio ddoo Aeroporto Internacionalde Guarulhos, comemeççou a grafi tar através doconvite de um m ama iggo o e e por gostar de e arartete. Ele estuda n na a ETETE E (Escola Técnicca a EsEstatadual)do Brááss,s, o ondnde a mamaioioriia a dooss grgrafiafi tteiros deSãSãão o PaPaPaululo se connhehehececece e ee s s see foforma, ela conta.Nunnnca a ipip chc ouou e aachchchaa hhohorrrrívível, , o o quq e cocontntntrara-riria a lenda de qquee t todododo grgrafiafi t teiro já foi umdid a pichadororor..

AsAs o irigeg ns d desses artistass u urbrbana os sssããão bemdifefefereeentntntesese . . AlAlAlgugugunsnsn vvêmêmêm d do Hip Hop, outros dosqquadrinhos, ilustrações ou artes plásticas e,sim, há os que passam da pichação papara ografi te, mas são poucos. Cláuudid o Donato veio das artes plplááásticas e e

vive ddooo grrrafi te e da ilustraçãç o. EElele a aafifi rma queee esessssse mercaddo está crescendo muito, sobretu-dodoo n no o o exexterior. Titi Freak, por exemplo, famosogrgrafi tteieieiror e reconhecido por seus desenhoscacacarar cterísísticos na região da Liberdade, estánanana Inglaterra organizando uma exposição deseus traabalhos.

AsAA pesssooas, aaoa contratarem esses artis-taat s, gerraaalmeentnte não querem nada que ppareça rrududee neeem rebelde. Querem perso-nagens jáá consagrados ou mesmo aqueles criados pepeelolos prprópóó rios grafi teiros e até fi -guras abstrataas.s. O preço depende do ta-manho doo m mururoo, dda parede e fi ca por volta de R$250 0,00,0, s semem contar a mão-de-obra. As latas de spsppraaray y y são de R$13,00 a 15,00. Mesmo prefefererrininindodoo t odo o trabalho feito com spray, ooos grafiafifi teiros às vezes misstutu-ram látex, isssso o inteterfr ere no preço tambéém.m. Quem graafi fi ttta pppororr puro hobby banca todo o material, traababalalhhha praticamente de graça e pelo encantoo e e pprarazez r da arte urbana.

OuO tro exemplplp o oo dada popularização dessa street art é o tttrabalhhlho o de Donato na capa do CD ded MM Marjorie Esttiiana o. A partir de uma foto dela, usou-se a ttécéccnnica do stencil (uma forma de ggraraafifi fi tatar usususanando papel vazado e, então, aplica-se a tinta por cima desse molde) em muros da Barra Funda em SP. As fotos tiradas desses desenhos foram usadas na capa e no encarte do CD. Outro procceseessoso qq ueuee existe é o free hand, em que se ppiininttata llivivreremmente, cria-se sem a limita-ção dodoo molde..

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OGRAFFITIE O STATUS DE ARTE

No fi nal da década de 1960 e início dos anos 70, jovens do condado de Bronx, em Nova York,fi zeram ressurgir essa forma de arte. Há duasteorias complementares que explicam a origem dos grafi teiros modernos. Uma afi rma que o gra-fi te surgiu no Hip Hop. A outra defende que te-nha surgido em NY. O que une essas duas visões é o fato de esses grafi teiros serem integrantesdas gangues dos guetos de NY, onde o Hip Hop sempre esteve presente.

DeDesdsde o começo, a temática eeera rrevololucucucionária, chhamanndo a atenção para oss pproroblb emass dddo gov-erno e questões s sociais. Os ddedesenhos eeststavam, em sua maiior parrtee, nos trenns, issso,o, p pororrquq e a ainteençn ãoão e erara pasassasar a mensagaggemem p aara o maioor número de pessssoaas.s. OOs s mum ros erramm alvoss cc cono -stantes tambémém.

O grafi te é uma das artes de rua que se espalhapelos muros, túneis e viadutos da cidade. Pode carregar um signifi cado social, político ou sim-plesmente ser um vazio artístico. Esse símbolo de rebeldia e clandestinidade surgiu na picha-ção e foi herdado pelo grafi te, tornou-se arte.

Cada grafi teiro tem um estilo, sua marca, e é pos-sível reconhecer tal artista em qualquer de ses us

o reconhecimene to é atravésés trtrababalalalhohoh s.s. E Entrer eles oncem, são as ccrews. CaCaCada dododo g grurupoppo aaa q q ueue pertendade própria, artistas cocoomm mcrcrcrewee tem umaaa i i idededentnn idnsnsns n nososos d desenhos. Os inte-ccac raraactcc erísticacas sss cococomummunnnhecem m m aa arartet e o eststilo dos s grgrgranananttetes,s,s, à à ààs ss s vvevev zezees,s, c connonhpo, temm cc onntatato, mamam s nãnãoo cocompmpmpanananheheheiririrososos dd do o o o grgrgrgruppumente, pooorqrqueue e ststãoão e esppspal-sesesese c ccconononhehecececemm m pepepessssssssoaoaoaoalmlmlmlmhile, EUA, BBBrraasisil,l eeettc.hhah dodooss pepep loloo MM MMéxéxéxéxiicico,o,oo, C CCChhh

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BUSCANDO A MORFEO:ENTRE SUEÑOS

Y PESADILLASO grupo mexicano DSR está fazendo uma exposição que explora a interpretação dos sonhos. O grupo é composto por 6 componentes, entre eles designers, ilustradores e grafi teiros que desen-volvem uma série de trabalhos artísticos.

A mostra inspirada em sonhos lúdicos e universos insólitos da cultura mexicana, marca mais um evento do grupo que desponta e envia sua arte com ironias sociais para todo o mundo.

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1923 - Rio de Janeiro RJ - Publica na revista O Malho a charge Lições de Profi laxia, criticando a nova cam-panha de saneamento promovida por Carlos Chagas.

1923/1925 - Rio de Janeiro RJ - Colabora no periódico Frou-Frou

1924/1925 - Rio de Janeiro RJ - Ilustra o Álbum Cinematográfi co do Para Todos

1926 - Rio de Janeiro RJ - Ilustra a capa do livro Mãe d’Água, escrito por Herman Lima (1897 - s.d.) e publicado na cidade de Salvador

1928 - Rio de Janeiro RJ - Colabora no periódico Papagaio

1930 - Rio de Janeiro RJ - Realiza anúncios publicitários para a Caixa Econômica Federal, para a Light e para o Cassino Atlântico

1930 - Rio de Janeiro RJ - Escreve a peça teatral É do outro mundo, encenada no Teatro Recreio com músicas de Ary Barroso (1903 - 1964) e J. Cristóbal. Os cenários e os fi gurinos da peça também são de sua autoria

1931/1936 - Rio de Janeiro RJ - Faz capas para as revistas O Cruzeiro, A Noite, A Lanterna, A Nação, A Hora, Beira-Mar e Fon-Fon

1933 - Rio de Janeiro RJ - Escreve, ilustra e publica o livro infantil Minha Babá

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1907/1908 - Rio de Janeiro RJ - Colabora na re-vista Fon-Fon

1908/1921 - Rio de Janeiro RJ - Trabalha na re-vista A Careta, fundada por Jorge Schmidt

1909/1914 - Rio de Janeiro RJ - Publica nas pá-ginas da revista A Careta, a série de caricaturas que compõem a coleção intitulada Almanaque de Glórias, onde caricaturou centenas de per-sonalidades nacionais e estrangeiras da esfera política, das ciências e das letras

1909/1911 - Rio de Janeiro RJ - Colabora na publicação O Filhote da Careta. A ilustração de capa da primeira edição é de sua autoria e sati-riza Rui Barbosa (1849 - 1923)

1911 - Rio de Janeiro RJ - Na edição de 25 de fevereiro da revista A Careta, executa uma char-ge intitulada Entrave, onde satiriza a fi gura do Presidente Marechal Hermes da Fonseca

1912/1913 - Rio de Janeiro RJ - Colabora na re-vista O Juquinha1913 - Rio de Janeiro RJ - Publica charge Os Noi-vos, na revista A Careta, onde satiriza o casa-mento do Presidente Hermes da Fonseca (1855 - 1923) com a caricaturista Rian (1886 - 1981)

1914/1921 - São Paulo SP - Colabora na revista A Cigarra

1915 - Rio de Janeiro RJ - Publica na revista A Careta a charge Vão Resolver o Problema, satirizando o projeto governamental de criar banheiros públicos na cidade

1918 - Rio de Janeiro RJ - Dirige juntamente com Álvaro Moreyra (1888 - 1964) o periódi-co O Malho

1918 - Rio de Janeiro RJ - Concede entrevista a Bastos Tigre para a seção intitulada Meus Segredos, publicada na revista D. Quixote

1918/1921 - Rio de Janeiro RJ - Colabora nas revistas D. Quixote, pertencente a Bastos Ti-gre; Eu sei Tudo e Revista da Semana

1918/1921 - São Paulo SP - Colabora na re-vista A Vida Moderna1919 - Rio de Janeiro RJ - Colabora na Revista Nacional e nos periódicos O Jornal e Zum-Zum

1920 - Rio de Janeiro RJ - Executa juntamente com Fernando Correia Dias (1893 - 1935) a ornamentação do álbum oferecido ao Rei Al-berto da Bélgica, durante sua visita a cidade

1920/1930 - Rio de Janeiro RJ - Publica cari-caturas da sua personagem Melindrosa nas páginas dedicadas à crônica social da revista Para Todos

1921/1923 - Rio de Janeiro RJ - Colabora no periódico O Dia

1922/1930 - Rio de Janeiro RJ - Trabalha como diretor artístico das publicações da Empresa O Malho, ilustrando as revistas Para Todos, Ilustração Brasileira, O Malho, O Tico-Tico, Álbum de Cinearte, Leitura Para Todos, Almanaque do Malho e Almanaque do Tico-Ti-co. Nas revistas O Malho e Para-Todos publica uma série de charges políticas e em algumas delas assina sob o pseudônimo Léo

1922/1941 - Rio de Janeiro RJ - Ilustra o peri-ódico Beira-Mar

Buscando uma Morfeo (Procurando Morpheus) é uma exposição da DSR CREW (Jenka, Mokre, Mookiena, Nández, Saner, e Zhon) da Cidade do México. É o resultado de 6 meses de documentação de seus sonhos coletivos, na qual os membros anotou cada um dos seus sonhos, os resultados são lúcido-imagens gráfi cas que vão do surreal ao interior psique, a partir do individual ao coletivo. A mostra apresenta uma instalação de áudio e de plástico, onde as pessoas passem a fazer parte deste grande Morpheus preenchido com sonhos e pesadelos.

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político, a República Velha, a Revolução de 30, o Estado Novo e as duas Guerras Mundiais. Sua crônica visual não deixa escapar a moder-nização segregadora do projeto urbanístico de Pereira Passos e neste sentido retrata tanto os hábitos afrancesados das classes mais fa-vorecidas - com seu footing e chás da tarde na Confeitaria Colombo - como o nascimento da cultura do morro, a disseminação das favelas e a sobrevivência da cultura carioca do Rio an-tigo no bairro da Lapa.

Um de seus tipos mais famosos é a fi gu-ra da Melindrosa, criada em 1920. Esta foi por ele imortalizada com sua silhueta esguia, olhos redondos, o cabelo cortado a la garçon-ne, com o característico pega-rapaz na testa e ao lado do rosto, a boca em forma de coração pintada com batom forte. Essa mulher, misto de criança ingênua e garota refi nada e sensu-al, presente em toda produção de J. Carlos, quase sempre sendo cortejada ou perseguida por um ou mais homens.

Também os políticos da época não esca-param ao traço mordaz de J. Carlos. Rodrigues Alves, Affonso Penna, Nilo Peçanha, Washing-ton Luiz, Dutra, entre outros, forneceram farto material para o artista. Mas com a instalação do Estado Novo e a censura, o artista volta-se no fi nal dos anos 1930 para a realidade crua da guerra em charges abertamente antinazis-tas.

J. Carlos também cria no início dos anos 1920 os personagens infantis Jujuba, Lampa-rina, Goiabada e Carrapicho, numa época em que quase ninguém se preocupava com o pú-blico infantil. Não à toa, quando Walt Disney vi-sita o Brasil por ocasião do lançamento de seu fi lme Fantasia, tenta, sem êxito, levar o artista brasileiro para Hollywood. Há quem diga que o personagem do criador americano Zé Carioca é baseado no personagem Papagaio de J. Car-los, que Disney teria visto em sua passagem pelo país. Ironicamente, ao deixar de desenhar seus personagens infantis em 1941, J. Car-los afi rma: “Fi-los durante mais de vinte anos, mas hoje, um esforço tamanho para quê?...Por quê?...A remuneração é tão insignifi cante.Quem é que pode concorrer com esses origi-nais estereotipados estrangeiros?”.

J. Carlos (1884 – 1950)

Nascimento/Morte 1884 - Rio de Janeiro RJ - 18 de junho 1950 - Rio de Janeiro RJ - 2 de outubro

Vida FamiliarAvô do fotógrafo Miguel Rio Branco (1946)

CronologiaChargista, caricaturista, desenhista, pintor e ilustrador 1902 - Rio de Janeiro RJ - Começa a trabalhar no periódico O Tagarela, dirigido por Raul Peder-neiras (1874 - 1953) e K. Lixto (1877 - 1957)

1903/1904 - Rio de Janeiro RJ - Colabora no periódico A Avenida

1905 - Rio de Janeiro RJ - Colabora no periódico O Amor, assinando seus trabalhos sob o pseu-dônimo Jocotó

1905/1907 - Rio de Janeiro RJ - Colabora nas revistas O Malho e Século XX, ambas perten-centes a Max Fleiuss

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J. Carlos é um dos mais originais ca-ricaturistas brasileiros da primeira me-tade do século XX. O humor, a rapidez e clareza de seu traço registram as mu-danças de costumes e comportamento ocorridas no Rio de Janeiro, na virada do século XIX. Sua vida artística inicia-se em 1902 na revista Tagarela.

Contudo, é como desenhista exclu-sivo da revista ilustrada Careta entre 1908 e 1921 - onde apresenta semanal-mente uma charge para capa e seis de-senhos internos - que seus personagens tornam-se conhecidos e populares. No entanto, durante sua carreira J. Carlos contribui para quase todas as revistas importantes da época como O Malho, Para Todos, A Cigarra e Vida Moderna (ambas de São Paulo), Revista Nacio-nal, Cinearte, Fon-Fon, A Avenida, Tico-Tico (semanário infantil), O Papagaio, O Cruzeiro e A Noite. Em mais de 40 anos, J. Carlos conta com uma produção esti-mada em 100 mil desenhos, sendo que também realiza trabalhos no campo da publicidade entre 1931 e 1936 (entre seus clientes

encontram-se a Caixa Econômica Fe-deral, a Casa Baby e a Companhia Cine-matográfi ca Cinédia), ilustrações de livros, decoração, cenário para peças de teatro, escultura e programação visual.

No início seu traço ainda se mostra va-cilante e um pouco pesado, mas com o tem-po, principalmente depois dos anos 1930, aprimora seu desenho que, com infl uências da art deco, se torna estilizado, elegante e sobretudo cada vez mais nítido. Seus origi-nais são realizados a lápis, recebendo aca-bamento em bico-de-pena e nanquim, às vezes guache para engrossar o traço. Para as cores dá preferência à aquarela, usan-do muito dois tons alternados sobre fundo branco, quase sempre em grandes superfí-cies chapadas.

O motivo por excelência das charges de J. Carlos é o carioca, seus hábitos e seu en-torno. Seus desenhos testemunham o surgi-mento do telefone, da fotografi a, do chope, do samba, do bonde elétrico, do automóvel, do cinema, do rádio, do avião, da cultura do futebol, da praia e do carnaval, e no campo

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Mulheres também grafi tam! Sim as mulheres vieram para desmistifi car que o grafi te e o hip hop é um universo apenas para os homens, hoje em dia assim como em muitas profi ssões elas vem buscando seu espaço e se revelando ótimas grafi tei-ras. Essa prática foi tão bem vista pelas mulheres que contagiou até as crianças. Desde cedo elas aprendem sujando as mãos de tinta e spay se divertem e nem se dão conta de que estão fazendo ali. naquela brincadeira o que muitos marmanjos tem como profi ssão.

O universofeminino

invade ografite

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José Carlos de Brito Cunha (Rio de Janeiro RJ 1884 - idem 1950). Chargista, caricaturista, desenhista, pintor, ilustrador. Inicia sua carrei-ra em 1902, na revista O Tagarela, dirigida por Raul Pederneiras (1874 - 1953) e K. Lixto (1877 - 1957). No ano seguinte, contribui com diver-sas publicações adultas e infantis até que, em 1908, emprega-se na revista A Careta, fundada neste mesmo ano por Jorge Schmidt, nela atu-ando até 1921. Paralelamente, colabora com di-versas publicações, entre elas as revistas Fon-Fon, A Cigarra e O Malho, sendo esta última dirigida por ele a partir de 1918.

Ao longo de sua carreira J. Carlos, com suas charges, faz a crônica do processo de ur-banização da capital carioca e dos seus efeitos sociais. Entre 1922 e 1930, exerce o cargo de diretor artístico das empresas O Malho, onde inicia uma grande série de charges de cará-ter político, satirizando fatos e personalidades nacionais e estrangeiras. A vertente política é explorada pelo artista desde o início de sua car-reira, sendo ele o responsável pela execução

de uma série de charges antibelicistas execu-tadas no período abrangido pelas duas gran-des guerras e principalmente durante os dois governos de Getúlio Vargas (1883 - 1954). Es-ses trabalhos são publicados principalmente na revista A Careta.

Aproveitando-se da relativa fl exibilidade da censura imposta por Vargas em relação à polí-tica internacional, o artista publica uma série de ilustrações cujo conteúdo tinha como foco crí-tico a política imperialista norte-americana evi-denciada após o término da Segunda Grande Guerra (1939-1945). Trabalha incansavelmente até a data de sua morte, ocorrida em 1950, na redação da revista A Careta.

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J. Carlos foi um criador de tipos, todos captados fi elmente pelo seu olhar perspicaz e inspirados em tipos comuns da cena carioca, que via no dia-a-dia. Sempre trabalhou de forma incansável, marcou presença de forma indelével em praticamente todas as revistas ilus-tradas da época, durante quase meio século. Mas, a sua obra não fi cou restrita às charges e ilustrações. Este artista fez incursões como

autor do teatro de revista, com a peça É do Outro Mundo. E uma de suas faces menos conhecidas é a de escultor. Ele fez bustos e esta-

tuetas caricatas de vários políticos. Hoje, J. Carlos é reverenciado com o nome em uma rua do Jardim Botânico, um busto em praça pública no mes-

mo bairro e o nome de uma escola municipal em Irajá. Teve ainda uma medalha em sua homenagem, um broche em cerâmica com a imagem da “Melindrosa” e a

decoração da cidade no carnaval de 1970 baseada em sua obra.

stu

nommo bair

em sua hom

J. Carlos

E assim nasce mais uma CREW, cheia de estilo, muito charme e aquele toque feminino que encontramos em tudo que elas fazem.

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Os irmãos paulistanos Otávio e Gus-tavo Pandolfo - gêmeos idênticos -, 32 anos, que têm muros grafi tados nos quatro cantos do planeta - EUA (Nova York, Los Angeles, São Fran-cisco), Austrália, Alemanha, Portu-gal, Itália, Grécia, Espanha, China, Japão, Cuba, Chile e Argentina .Hip hop Otávio e Gustavo começaram a grafi tar no fi nal dos anos 80 , no bairro do Cambuci (zona sul de São Paulo), onde nasceram. Eles milita-vam no movimento hip hop, quan-do este alcançava o auge no Brasil. Além de grafi tar, a dupla percorria a cidade fazendo apresentações de break (modalidade de dança de rua que, juntamente com o rap e o

próprio grafi te, são marcas do movi-mento nascido nos EUA, na década de 70). “A gente freqüentava a Es-tação São Bento (do Metrô), que na época era o point dos caras que curtiam hip hop”, conta Gustavo. Os irmãos fazem questão de deixar claro, contudo, que, do fi nal dos anos 80 para cá, apesar de continuarem a participar de eventos ligados ao hip hop, seu vínculo com o movimento mudou radicalmente. “A gente co-nhece bastante a cultura, teve uma ligação forte. Então, de vez em quan-do, acontece um convite assim. Mas, hoje em dia, nosso trabalho não tem nada a ver mais com o hip hop”.

OS GEMEOSOS GEMEOSCONQUISTAM OS MUROSCONQUISTAM OS MUROSDO VELHO MUNDODO VELHO MUNDO

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"Eles precisavam de artistas que representassem a nossa

cultura atraves das artes plasticas ou das artes visuais".destacam entre outros trabalhos de grafi teiros

com os quais convivem: são delicadas e pare-cem fazer parte de uma outra realidade.Desde que foram levados ao exterior para mostrar seus trabalhos na Alemanha, em 1999, osgemeos viajaram por diversos países da Europa e pelos Estados Unidos, expondo, criando e aprendendo. A primeira mostra individual dos gêmeos idênticos de 33 anos, no Brasil, aconteceu em 2006 na Galeria Fortes Vilaça, com o título de “O Peixe que Comia Estrelas Cadentes”.

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a gente fez em Nova York tam-bém”, continua, referindo-se à estréia deles no circuito for-mal de arte contemporânea, com uma grande exposição na Deitch Projects Gallery (que representa Keith Haring e Jean-Michel Basquiat, artis-tas que também alcançaram fama usando o grafi te como linguagem). “Acho que aca-bou rolando assim: ´Pô, como os caras são de São Paulo e nunca fi zeram nada aqui? Va-mos fazer, meu, tá na hora de fazer”, acredita Otávio.Embora a paixão pela atividade nas ruas não tenha arrefecido, os rapazes não escondem a em-polgação com a nova empreita-da. Sobretudo, segundo contam, pela miríade de possibilidades implicadas em mostrar seu tra-balho em uma galeria, fazendo

uso de um espaço que, nas pa-lavras de Otávio, “pode ser transformado em 100%”. “Você pode ter um trabalho tridimen-sional, pode ter luz, música, pode ter objeto, você pode fazer uma coisa se movimentar”.Grafi te, só lá fora, mas é quase em uníssono que Os Gêmeos dizem que o que eles vão exi-bir nas dependências da Fortes Vilaça não é grafi te. “Aqui den-tro é arte, arte contemporânea”, esclarecem. Quem não tiver a oportunidade de estar em São Paulo para ver a exposição d´Os Gêmeos, nem puder ex-plorar a cidade para descobrir a marca deles impressa nos muros, há outras alternativas para conhecer um pouco mais da arte desses paulistanos. Uma delas é folhear o livro inglês Graffi ti Brasil (Org.:

Tristan Manco, Caleb Neelon, Ignácio Aron-ovich e Louise Chin - Ed. Thames & Hudson).Outra opção é visitar o site Flickr, onde fãs dos irmãos espalhados pelo mundo (fotógrafos amadores e profi ssionais) publicam imagens de instalações e muros grafi tados pela dupla de artistas quando em passagem por suas cidades. O endereço é: http://www.fl ickr.com/groups/osgemeos/ .Em novembro de 2005, como parte de um projeto, Os Gêmeos, juntamente com outros conhecidos grafi teiros da cena nacio-nal , pintaram vagões do Metrô da Trensurb ( Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre).Otávio e Gustavo Pandolfo. Ou, simples-mente, osgemeos. Eles viajaram o mundo por conta das personagens que pintam pela cidade desde o fi m da década de 80. Para os irmãos, o graffi ti permite expressar senti-mentos contraditórios da vida na metrópole.No bairro do Cambuci, região Central da ci-dade, muitos muros descascados e imóveis abandonados receberam estampas de es-tranhas fi guras amarelas e cabeçudas, com corpos quadrados e membros fi nos. Elas se

"A gente faz fi ninho, isso tambem e estilo nosso."

Gustavo

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“Grafi te x pichação”Um olhar um pouco mais atento permite concluir que o grafi te feito hoje por Otávio e Gustavo mantém poucas semelhan-ças com aquele que ainda dá sinais de beber da fonte dos precursores : os “manos” afro-americanos que se criaram no Bronx. Essas diferenças entre estilos costumam vir à baila na sempre revigora-da polêmica “grafi te x pichação”. Con-trovérsia na qual Os Gêmeos prefe-rem não jogar lenha. “A gente já não agüenta mais responder perguntas do tipo qual a diferença entre grafi te e pichação? ´ Isso não importa”, dis-para Gustavo.O nível de elaboração e a riqueza de detalhes dos murais

grafi tados pelos gêmeos vêm, segundo eles, de uma obsessão pela prática do desenho. Eles contam que nunca fi zeram um curso. O estudo, ainda hoje, acontece em casa. “A gente sempre estudou, desde pequeno: de-senho, desenho, desenho”. Fino traço foi jus

tamente essa aplicação que ajudou a forjar o estilo de Os Gêmeos. Para eles,

as principais características de seu trabalho vêm da maneira como o desenho é feito: “O jeito de a gente usar o spray, a linha, o contorno...”, expli-ca Gustavo. “A gente faz fi -

ninho -- isso também é estilo nosso”.A preocupação com

detalhes fi ca evidente também na criação dos trajes de seus perso-

nagens. “A estampa das roupas também é uma característica que a gente tem”. Os per-sonagens, mostrados em situações que ora parecem saídas de sonho, ora da dura reali-dade brasileira, são todos revestidos de um lirismo sem paralelo nesse tipo de manifesta-ção artística.”O que a gente quer, o jeito como fi ltra as informações, a gente coloca através dos personagens”.Quando o assunto se apro-funda na questão das infl uências artísticas, ambos preferem não citar nomes. “Acho que começam com a arte brasileira, a cultura popular brasileira”, revela Otávio, “e vão até tudo o que a gente sonha, vê, sente, ouve”. Fino traço foi justamente essa aplicação que ajudou a forjar o estilo de Os Gêmeos. Para eles, as principais características de seu tra-balho vêm da maneira como o desenho é feito: “O jeito de a gente usar o spray, a lin-

A gente sempreestudou

desde pequeno: desenhodesenho, desenho.

Otávio

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ha, o contorno...”, explica Gustavo. “A gente faz fi ninho -- isso também é estilo nosso”.A preocupação com detalhes fi ca evidente também na criação dos trajes de seus perso-nagens. “A estampa das roupas também é uma característica que a gente tem”. Os personagens, mostrados em situações que ora parecem saídas de sonho, ora da dura realidade brasileira, são to-dos revestidos de um lirismo sem paralelo nesse tipo de manifestação artística.”O que a gente quer, o jeito

como fi ltra as informações, a gente coloca através dos personagens”.Quando o assunto se aprofunda na questão das infl uências artísticas, ambos preferem não citar nomes. “Acho que começam com a arte brasileira, a cultura popular brasile-ira”, revela Otávio, “e vão até tudo o que a gente sonha, vê, sente, ouve”.E Volpi? A confusão sobre a supos-ta infl uência do artista no estilo de pintura de Os Gêmeos tem mais de uma explicação. A primeira delas: as bandeirinhas, que se

repetem no traje de vários dos per-sonagens criados pelos irmãos, segundo eles, teriam a mesma ori-gem das que, a partir dos anos 50, tornaram-se freqüentes na obra de Volpi: as festividades juninas (São João, Santo Antônio e São Pedro).Alfredo Volpi (nascido na Itália em 1896 e falecido em 1988), como Os Gêmeos, morou quase toda a sua vida no Bairro do Cambuci. Gustavo conta que, quando crianças, ele e o irmão estiveram, em certa ocasião, no ateliê do artista. “Gostamos do trabalho dele, mas não virou infl uên-cia”, ressalta. A gente tem muito dessa coisa do brasileiro, do im-proviso, das coisas que o brasileiro faz para se virar. Tem muito dessas improvisações no nosso trabalho”, argumenta Otávio, aludindo ao fato de que Volpi, além de autodidata, se encarregava de fazer seus próprios pincéis e telas. Outra “coincidência”: o artista, que veio da Itália ainda criança, iniciou-se na pintura como “decorador de paredes”, ou seja, fa-zendo uso do mesmo tipo de supor-te que, décadas mais tarde, nota-

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bilizaria Os Gêmeos do Cambuci.Filme para Nike, a visibilidade al-cançada pelo trabalho da dupla, presente em muros ao redor do planeta, acabou rendendo-lhe convites como o da Nike. Otávio e Gustavo foram contratados para fazer a parte gráfi ca do documen-tário patrocinado e co-produzido (juntamente com a O2 Filmes) pela fabricante de materiais esportivos.“Ginga - A Alma do Futebol Brasil-eiro” teve direção de Hank Levine, Marcelo Machado e Tocha Alves e produção-executiva a cargo do cin-easta Fernando Meirelles. O lan-çamento no Brasil aconteceu em abril de 2006. “Convidaram a gente por ter esse estilo bem brasileiro de pintar”, conta Otávio. “Fizemos as vinhetinhas e decoramos to-das as peças passadas no fi lme”.Fernando Meirelles gostou tanto da experiência de trabalhar com Os Gêmeos, que os convidou para auxiliarem na produção das anima-ções para a série televisiva da Rede Globo, Cidade dos Homens. “A gente fez a animação com ele. Foi um out-

ro experimento”, lembra Otávio . “A gente falou : vamos fazer uma brin-cadeira , vamos ver no que é que dá”.Ainda por conta do trabalho para a Nike, Otávio e Gustavo passaram quatro meses viajando por cidades de sete países. Eles contam que a proposta da turnê - batizada de Bra-sil - era fazer uma festa brasileira em cada local visitado. Em cada cidade, acontecia uma exposição com o tra-balho dos grafi teiros e a exibição do fi lme Ginga. “Eles precisa-vam de artistas que representassem a nossa cultura através das artes plásticas ou das artes visuais”, explica Gustavo. Outros suportes foram entre uma viagem e outra que surgiu a proposta de desen-har um tênis espe-cial para a marca. Os calçados, produzidos em edição limitada e lançados apenas nas

cidades visitadas durante o tour or-ganizado pela Nike, tiveram a parte traseira, a língua e a palmilha ilus-tradas pelos grafi teiros. Sobre o con-vite que os traz agora a São Paulo quem fala é Gustavo: “Veio da Már-cia e da Alessandra (Márcia Fortes e Alessandra Ragazzo d´Aloia, só-cias-fundadoras da galeria). Elas já conheciam o nosso trabalho e o que

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