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CUIDAR REVISTA SPDM/PAIS ano 1 - nº 3 - maio/2017 REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL Reduzir números de óbito de crianças tem sido desafio para a saúde. P.5 PEQUENOS HERÓIS CARIOCAS P.4 MAIS QUE PROFISSIONAIS, SERES HUMANOS P.4 RESULTADO SURPREENDENTE

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CUIDARREVISTA SPDM/PAIS

ano 1 - nº 3 - maio/2017

REDUÇÃO DAMORTALIDADEINFANTILReduzir números de óbito de criançastem sido desafio para a saúde.

P.5 PEQUENOS HERÓISCARIOCAS

P.4 MAIS QUE PROFISSIONAIS,SERES HUMANOS

P.4 RESULTADOSURPREENDENTE

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REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL

Sementes

do futuroReduzir números de óbito de crianças

tem sido desafio para a saúde.

Éconsiderada mortal idade

infan#l aquela que ocorre até oprimeiro ano de vida, sendo

classificada em três cate$ orias:neonatal precoce (falecimento entrezero e 7 dias); neonatal tardio (faleci-mento entre 7 e 28 dias) e mortalida-de pós-neonatal( entre 28 dias e umano).

Trata-se de um problema mundial,mas que apresenta índices bastantediversificados de acordo com acondição econômica de cada país.Isso porque o tema em questão estáli$ ado diretamente a fatores comodesnutrição, falta de orientação às$ estantes, deficiência da assistênciahospitalar durante o parto e pós-parto, falta de acompanhamento da$ estação (consultas, exames de pré-natal) e até ausência de saneamentobásico – caracterís#cas de re$ iões

menos desenvolvidas economica-mente.

No $ eral, os índices de mortalida-de infan#l têm diminuído, e o Brasilpar#cipa deste movimento. Se$ undoo IBGE, entre 2000 e 2015, a naçãoverde e amarela diminuiu a taxa de29,02 para 13,82 por mil nascidosvivos.

O município de São Paulo apareceentre os locais que têm apresentadoqueda nestes índices, reduzindo ataxa de 11,1 para 10,8 entre 2014 e2015. Uma re$ ião da cidade paulista-na que merece destaque pela redu-ção do indicador é , que no anoPerusde 2014 chamava atenção porapresentar índice maior do que o domunicípio, carre$ ando o peso de15,6 mortes a cada mil nascidosvivos.

A boa no"cia é que os profissiona-

is de saúde da re$ ião não aceitaramconviver com este dado, e se debru-çaram sobre o tema para mudar esta– dura – realidade.

Inicialmente, as Unidades Básicasde Saúde ( U B S ) da re$ ião, aSupervisão Técnica de Saúde (STS), apopulação, por meio do ConselhoGestor, e a SPDM/PAIS se unirampara iden#ficar as dificuldadesenfrentadas e implantar melhoriasno serviço. Esta aproximação permi-#u que as unidades compar#lhassemexperiências e alinhassem as açõesem prol da redução da mortalidadeinfan#l.

Por meio de encontros periódicos,foi levantado um problema comum atodas as Unidades: a necessidade deor$ anizar al$ uns fluxos internos,criando .protocolos de atendimento

Além disso, houve um movimento02

Profissional ensinandomassagem para a mãe

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de conscien!zação entre todas ascate# orias profissionais das equipes:A$ ente Comunitário de Saúde,Enfermeiro, Médico e, inclusive,Administra#vos. Assim, a equipeinteira passou a se enxer$ ar comoresponsável por assis#r as $ estantesda comunidade, acionando a equipemul#disciplinar do Núcleo de Apoio àSaúde da Família (NASF) quandopercebem a necessidade.

Em uma visita domiciliar feita poruma Enfermeira a uma parturiente,por exemplo. Se a profissionalpercebe que o recém-nascido estáabaixo do peso ideal, aciona aNutricionista do NASF para forneceras orientações necessárias à mamãe.Ou ainda, caso um ACS note sinais depossível depressão pós-parto,informa o caso para acompanhamen-to de um Psicólo$ o, também doNúcleo.

Os foram# rupos de # estantes

intensificados nas unidades em quejá exis#am, e criados nos serviçosque não os possuíam. As equipesreforçaram as orientações sobrealeitamento materno, importânciado pré-natal e outras par#cularida-des que só quem carre$ a o bebêdurante 9 meses sabe. Dores nalombar, oscilações de humor, ansie-dade, dificuldade para respirar esono excessivo são al$ umas dassituações caracterís#cas desteperíodo.

Indo além da atenção primária, asunidades envolvidas se uniram àsmaternidades de Cachoeirinha,Taipas e de Perus para compar#lhar aresponsabilidade pela vida dosmenores de um ano, também traba-lhando a questão do alinhamento defluxos entre os serviços.

“A re$ ião possui poucos equipa-mentos de saúde para o atendimentode toda a população. Nesse sen#do,

as unidades do território têm seesforçado muito e se or$ anizado parasuprir as necessidades dos usuários,principalmente em relação a $ estan-tes e crianças, estabelecendo umarede de comunicação e de serviçosmais inte$ rados, o que vem dandobons resultados. Poder fazer partedessa história como profissional dasaúde e moradora é muito $ ra#fican-te", afirma a Enfermeira Adriana

Vieira, Preceptora de Educação

Permanente.

Outra providência que beneficiou

o atendimento das futuras mamães

foi o monitoramento mais minucioso

d a s q u e d efi n e m u m am eta squan#dade mínima de consultas que

as $ estantes devem passar. Este

monitoramento ocorreu a par#r de

contrato de $ estão elaborado pela

Secretaria Municipal de Saúde de São

Paulo e firmado com a SPDM/PAIS.

Para monitorar a frequência das

NEONATAL (NN)

NN

Precoce

NN

Tardio

PÓS-NEONATAL

Zero 7 dias 28 dias 1 ano

Representação esquemática dos componentes da Mortalidade Infantil

Curso de gestante

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usuárias existe um sistema online

que exibe o histórico das $ estantes

da unidade em tempo real. “Sei

quantas $ estantes tenho, de quantas

consultas par#ciparam... Tenho um

controle do perfil epidemioló$ ico”,

exemplifica Felipe Cardim Gomes da

Silva, Gerente da UBS Perus.

Reunir a população por meio de

eventos, extrapolando as dependên-

cias das unidades, foi mais uma das

estraté$ ias que as equipes encontra-

ram para abordar o assunto em

questão com os usuários. O Mamaço,

encontro realizado na Semana

Mundial do Aleitamento Materno (1

a 7 de a$ osto de 2016), contou comrodas de conversa, encenação teatrale oficina de shantala (técnica indianade massa$ em em bebês), tudo issona Praça Inácio Dias, em frente àestação Perus da CPTM.

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A atenção necessária para com os próprios profissionais que compõem oserviço de saúde não foi esquecida pelos $ estores. A criação do Pro$ rama“Cuidando do Cuidador”, que consiste em encontros periódicos para arealização de vivências de valorização, autoconhecimento e fortalecimentode vínculo entre os colaboradores, refle#u na qualidade do atendimento. “A$ ente vai ser feliz quando? Só quando che$ a em casa, ou o trabalho podefazer parte dessa felicidade? O que faz a diferença é o “ a mais” que você dá.Se o Gerente cuida (da equipe), os funcionários também passarão isso parao paciente”, declara Nara Pala#ni, Gerente da UBS Vila Caiúba.

MAIS QUE PROFISSIONAIS,SERES HUMANOS

Este conjunto de ações, somadoao esforço de cada profissional,rendeu si$ nifica#va queda na taxa demortalidade infan#l de Perus,passando de 15,6 mortes a cada milnascidos vivos, em 2014, para 11,6em 2015.

“Nós perdíamos muitas criançasabaixo de 1 ano de vida, e hoje essesdados mudaram, pela dedicação dasmães, pelo atendimento dos cole$ asda UBS, pelo protocolo da $ estante,pelo atendimento dos hospitais e,0

depois, pelo aleitamento mater-no, que sozinho responde por maisde 15% da melhoria desses índices”,

observa Dr. Marco Antônio, Pediatra

e representante da Supervisão

T é c n i c a d e S a ú d e ( S T S )Pirituba/Perus. “Perus (hoje) estácom níveis muito próximos aos dosmelhores bairros de São Paulo, sóque a$ ora tem de estabilizar. Nãobasta a#n$ ir o nível; é precisoimplementar medidas para que eledure por mais tempo”, conclui.

RESULTADOSURPREENDENTE

Caminhada do programaCuidando do Cuidador

O índice demortalidade

infantil de Perusfoi reduzidode 15,6 para

11,6 no períodode um ano.

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No Rio de Janeiro, especificamen-te na Área de Planejamento 5.3,houve uma queda de 22,8% na taxa

de mortalidade infan#l entre os anos

de 2000 e 2015. Trata-se de uma

evolução si$ nifica#va, mas que deve

ser comemorada com cautela, já que

número a#n$ ido em 2015 (16,8 por1000 nascidos vivos), ainda é maiordo que o índice do município nomesmo ano, que foi de 10,8.

A redução destes dados é respon-sabilidade de todos os níveis deatenção à saúde: primário, secundá-rio e terciário, cada um cumprindoseu papel. Os $ randes hospitaiscontam com pessoal, equipamentose tecnolo$ ia adequada para atuar naredução da mortalidade neonatalprecoce. É o caso do HospitalMunicipal Pedro II, unidade daSecretaria Municipal de Saúde do Riode Janeiro $ erenciada em parceriacom a SPDM/PAIS.

A unidade conta com uma UTIneonatal com 20 leitos para os casosque necessitam de atenção especial,como prematuros, bebês comdificuldade de respirar ou de sealimentar, entre outras complica-ções.

O diferencial do HMPII é que aequipe ultrapassa o conhecimentotécnico e olha para os pequenospacientes através da ó!ca dahumanização e do famoso “colocar-

se no lu$ ar do outro”. Para os profis-sionais, não basta u#lizar correta-mente a sonda $ ástrica, nem admi-nistrar corretamente a medicação,ou ainda monitorar os aparelhosrespiratórios aos quais os bebêsestão li$ ados. Tudo isso deve ser feitocom maestria, mas é preciso ir além.

O é uma dasmétodo can# uruinicia#vas que demonstra preocupa-ção ímpar com mãe e bebê. O conta-to pele a pele entre ambos, ainda que

periodicamente, enquanto nãoche$ a o tão esperado momento daalta, alivia a ansiedade da $ enitora eproporciona sensação de aconche$ oe se$ urança para o filho. O paitambém adere ao método, par#ci-pando desse importante momentode contato com o recém-nascido.

Outro método que merecedestaque é a u#lização de redes debalanço dentro das incubadoras,prá#ca que favorece a redução doestresse

PEQUENOS HERÓIS CARIOCAS

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estresse da criança que, além de ficartemporariamente privada do contatodireto com os pais, sente-se incomo-dada pelo uso dos aparelhos e/oumanuseio constante por parte doscolaboradores.

“A $ ente percebe no decorrerdessas terapias que o bebê temmelhora no quadro clínico, $ anhapeso mais rápido, a pe$ a (ato desu$ ar o seio da mãe) é mais rápida...A avaliação é muito boa”, afirmaAndré Luiz Reis Gracio, Coordenadorde Enferma$ em do HMPII.

A necessidade de lutar pelaprópria sobrevivência lo$ o ao nascerpode ser um processo des$ astantepara toda a família, por isso foiimplantado um horário especial paraa visita dos avós, fi$ uras tão impor-tantes e que ajudam a amenizar aansiedade e preocupação dos pais.

Além disso, os pequenos sãohomena$ eados pela equipe aoserem ves#dos com roupinhas desuper-heróis. É um ato simbólico,mas de $ rande relevância. O obje#voé que os pais não olhem para filhoscomo pessoinhas frá$ eis, mas comolutadores que batalham pela própriavida. “Já vi crianças entrarem aquicom 675 $ ramas e saírem daqui nocolo dos pais”, conta André.

Um caso, dentre muitos, quemarcou o Coordenador foi o de

(nome da criança). Seus pais, já semesperança pela falta de resposta dopequeno ao tratamento, o haviamlevado para o ba#smo na i$ rejacatólica. Se$ undo André, um diaantes de sair de férias, ele conversoucom os pais, incen#vando-os aacreditarem no que os olhos aindanão podiam ver. “Eu falei: vamosjuntar forças para que esta criançafique bem. Que vocês tenhamesperança!”, relembra.

Em seu retorno, André teve a$ rata surpresa de encontrar o bebêpar#cipando do método can$ uru ecom o uso de an#bió#co suspenso,somente a$ uardando $ anhar 45$ ramas para poder, depois de XX diasna UTI neonatal , finalmente ir para oaconche$ o do lar.

O olhar humanizado da equipe eas palavras de encorajamento econforto de André foram de tamanhaimportância para os pais, que estes ochamaram para ser padrinho do(nome da criança). O profissionalaceitou o convite e hoje pode ver seuafilhado crescer, sabendo de toda suabravura nos primeiros dias de vida.

“Para mim isso é muito compensa-tório. O meu trabalho cooperou paraaquela criança sair bem, o pai e a mãesaírem felizes. É tudo muito minucio-so, não só para mim, mas para toda aequipe”, conclui André.

FONTE: CEInfo 2015 - CEInfo 2016 - SP Demográfico, resenha de esta"s#cas vitais do estado de são Paulo, ano 16, nº 4 - Publicação Inves#mento em Atenção Primária: umaBole!mrevolução da saúde na Área Programá#ca 5.3 / Brasil Escola - Folha de São Paulo - IBGE - Istoé - Mundo Educação - Deepask - Prefeitura RJ - Vou nascer - MV, Sistemas de gestãoSitede saúde - Periódico Enfermagem Revista, PUC Minas / Canal forumjus.Youtube

REVISTA SPDM/PAIS CUIDAR É UMA PUBLICAÇÃO DA SPDM/PAIS

EXPEDIENTE: Sarah Azzari / Alexandra Oliveira - Chris#ane Camargo Miranda Augusto / Luciane Maria Radichi - Mariane Ceron - RosemeireRedação Revisão Geral Revisão TécnicaGrigio - Sônia Maria de Almeida Figueira / Rachel Reis / Nayla Emi UedaRevisão Ortográfica Projeto Gráfico e Diagramação

SPDM - Programa de Atenção Integral à Saúde - Rua Borges Lagoa, 232, Vila Clemen#no - São Paulo - SP / www.spdm-pais.org.br

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