revista-ruminantes #6

68

Upload: revista-ruminantes

Post on 16-Mar-2016

242 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

A revista da Agropecuária

TRANSCRIPT

Page 1: Revista-Ruminantes #6
Page 2: Revista-Ruminantes #6

Plano alimentar

PROVISTRESSPROVILAMB 2

PROVILAMB 3PROVILAMB 23

ÁGUAFORRAGEM

Nº Dias 0-7 45 65Peso(kg) 12-16 22-25 30-35

Page 3: Revista-Ruminantes #6

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 3

Partindo do pressuposto de que as empresas comfins lucrativos, por mais bem classificadas faceao interesse público, terão no futuro que contar

apenas consigo próprias para a sua sobrevivência, semquaisquer apoios, o editorial da presente edição sugereum parecer, em nossa intenção construtivo, sobre a si-tuação das que se encontram em vias de insolvência oupodem para lá caminhar.

Na nossa vida profissional, por vezes encalhamos comdeterminados entraves que complicam, atrasam e acabampor prejudicar o nosso negócio, quando no fundo muitasvezes se trata de problemas de lana caprina, de resoluçãofácil, se os encararmos com a cabeça fria onde o bom sensotorna o que é difícil facilitado —, em vez de passarmos avida a queixar-nos, o que leva à acumulação de cargas ne-gativas e com elas a um stress que nos tira a alegria deviver e a força necessária para encontrar medidas acertadaspara poder continuar. E porque não, pensarmos na forma detrabalho do vizinho que, começando do nada, com omesmo número de cabeças tem uma empresa sem dívidase consegue sobreviver apesar da crise?

Hoje em dia, em explorações como as que se destinamà produção de carne e/ou leite, tão sujeitas à imprevisibili-dade do clima e de outros fatores externos não controlá-veis, não nos podemos dar ao luxo de falhar naquilo quedepende só de nós. Como princípio básico que deve regertoda e qualquer gestão da criação de gado, o mesmo deveseguir no sentido do essencial para a obtenção de um custode produção sustentado em termos quantitativos e quali-tativos. Para tanto, devemos tentar que a prática da gestãoda exploração seja apoiada em todo o suporte científico etécnico de que nos pudermos socorrer; e que, efetivamente,esse suporte seja posto em prática (cumprimento de planosde vacinação, programas alimentares, adubações das cul-turas, etc.).

A correta atuação no que respeita a todos os passos ine-rentes à criação dos animais, desde o plano alimentar, sani-tário até à sua comercialização e distribuição, deve respeitarprioritariamente o investimento em termos de custo/benefí-

cio, onde muitas vezes os ganhos residem na eliminação dedesperdícios. As despesas devem ser atentamente estimadascom a aquisição correta da maquinaria e equipamentos coma melhor relação do custo hora/utilização/benefício compa-rativamente com o trabalho pago a terceiros, com os ordena-dos de empregados fixos face aos sazonais e vice-versa, eassim sucessiva e constantemente no que respeita a todos osgastos obrigatórios da exploração.

No tocante à comercialização, fazemos um enfoque es-pecial, na medida em que o “golo” de todas as empresastem por mira o lucro; o qual, como toda a gente avisadasabe mas nunca é demais recordar, só resulta quando omontante das despesas, subtraído ao montante das vendas,é igual a um número positivo que seja compensatório.

E, por fim, comungando com a sábia regra “um negócio sóé bom quando é interessante para as duas partes”, expressa-mos a nossa surpresa e contestação por não haver uma lei queproíba que a carne e o leite estejam ao abrigo do dumping,quando já é vedado a todos os demais comerciantes venderprodutos abaixo dos custos de produção ou de revenda.

A menção do parágrafo anterior, que infelizmente traduzo que já está a acontecer a criadores de gado, para além doprejuízo causado envolve também consigo um universo decredores prejudicados, bancos, empresas fornecedoras, tra-balhadores, de entre outros, que no fundo acaba por fazerparte e agravar a crise que atravessamos.

Depois do que vimos e admirámos, pela TV, sobre o pa-triotismo demonstrado durante o recente campeonato daEuropa, onde um batalhão de portugueses, que consomecarne e leite, se deslocou à Polónia é à Ucrânia, de avião,de carro e até de bicicleta, com dinheiro próprio ou empe-nhados, para o pagamento de hotéis com preços fabulosos,esperamos que, com um igual amor à Pátria e por muitomenos dinheiro, vá passar a registar-se uma procura prefe-rencial, em todos os estabelecimentos, de alimentos pro-duzidos em Portugal.x

N.G.

SOBREVIVER EMTEMPOS DE CRISE

Page 4: Revista-Ruminantes #6

4 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Rum nantesFICHA TÉCNICA

BOLETIM DE ASSINATURA

POR TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA: NIB: 0038 0000 3933 1181 7719 0Quando efectuar a transf. bancária mencione o seu nome (como referência) e envie fax (219 833 359) ou e-mail([email protected]) com o comprovativo de pagamento e os seus dados fiscais.POR CHEQUE (À ORDEM DE NUGON, LDA) Junto envio cheque nº . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .s/ Banco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .na quantia de . . . . . . . . . . .Fill with data and enclose a cheque to NuGon, Lda. (address below)Bank transfer data: IBAN PT: PT50 0038 0000 3933 1181 7719 0 SWIFT: BNIFPTPL • Beneficiary: NUGON, LDA

MODO DE PAGAMENTO | Payment:

Morada p/ envio | Address: Revista Ruminantes - R. Nelson Pereira Neves, Lj. 1 e 2 • 2670-338 Loures - Portugal

1 ano (4 exemplares) 1 year (4 issues)

Preços | PricesPortugal Europa

EuropeResto do MundoOther Countries

20 € 60 € 100 €

#

MORADA | Address

TEL. EMAIL

CÓDIGO POSTAL | C.P. LOCALIDADE | City PAÍS | Country

NOME | Name

ASSINATURA | Signature

ACTUALIDADES

Pedido reforço dos apoios ao setor lácteo.................6A cetose poderá custar 27.600 euros/ano por cada 100 vacas..................................................6França alcança a maior produção de leite dos últimos 24 anos .................................................6Produtores do Reino Unido esperam aumentar a sua produção de leite............................................6A alimentação da população em 2050 .......................7Alltech lança programa para recém licenciados.........8Produtores não aprovam substituição de raças.........8Vitamina D contra a mastite das vacas .....................8Concurso Nacional da Raça Bovina Limousine .........8

BEM-ESTAR ANIMAL

A peeira - fonte de fraco rendimento e de muito sofrimento............................................48

CONHEÇA A LEI:

Servidão de água: o ato de pedir “emprestado” ao vizinho do lado .................................................64

ECONOMIA

OBSERVATÓRIOBreves comentários e previsões sobre o mercado de matérias-primas: Colheita recorde de milho no horizonte...........................................................34

Perspectiva do mercado leiteiro: Crescimento recordena produção mundial em 2011.............................36

ENTREVISTAS

Produção de leite na Herdade da Fonte Insonsa ....10Como rentabilizar a exploração de leite ...................14

EQUIPAMENTOS

Novidades de equipamentos..............................44, 60

EQUIPAMENTOS

Transição da ordenha convencional para automática - Factores críticos de sucesso............58

Harvest Lab - Um laboratório à disposição doagricultor................................................................62

FEIRAS

Calendário de feiras .................................................66

PRODUÇÃO

Será o arraçoamento único o caminho certo? .........12Optigen - A solução alternativa para baixar custos na alimentação ......................................................16

A dieta de bovinos de leite mediante a fase do seu ciclo produtivo ...........................................20

Raças de carne - Que raça escolher para melhoraro meu efectivo?.....................................................22

Valorização da silagem de milho..............................26Micotoxinas e sua influência na incidência de doenças metabólicas em ruminantes....................28

Optimizar custos de produção..................................32Produção nacional de carne de bovino: Novas Oportunidades e Desafios.....................................38

Engorda de borregos - Programa alimentar sem palha..............................................................40

Enfocar na qualidade do pasto economiza dinheiro ...............................................42

Stress do calor..........................................................46Veterinário em campo:Biosegurança e controlo reprodutivo - Vale a pena na actual conjuntura do negócio do leite? ............52

Maneio neonatal - Saúde do vitelo (parte 1) ............54Preparar o Unifeed (TMR) - Que ingredientes adicionar primeiro?................................................56

RUMINARTE

A arte no campo .......................................................67

ÍNDICE

EDIÇÃO Nº6JULHO | AGOSTO | SETEMBRO 2012

DIRECTORAFrancisca Gusmão| [email protected]

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ana Vieira; André Preto; António Cannas;Carlos Flecha; Daniel Oliveira; DavidCatita; Diogo Camarate; George Stilwell;IACA; Inês Ajuda; Ivo Carregosa; JerónimoPinto; João Salvador; Joos van Acht; JoséManuel Torrado; Luís Marques; LuísQueirós; Luís Veiga; Manuel Ortigão;Noelia Silva-del-Rio; Odino Almeida; PauloCosta e Sousa; Pedro Castelo; RadkaBorutova; Roland Winter; Samantha Cassi;Sofia Ramada.

AGRADECIMENTOSDário Guerreiro; Leandro Pires; Pedro Vigoroux.

PUBLICIDADEAmérico Rodrigues, Catarina Gusmão| [email protected]

DESIGN E PRE-IMPRESSÃOAna Botelho, Patrícia Pereira| [email protected]

ASSINATURASJoão Correia| [email protected]

IMPRESSÃO Peres - SocTipE.N. nº10 - Km 108,3 - Porto Alto2135-114 Samora Correia

ESCRITÓRIOSR. Nelson Pereira Neves, Nº1, Lj.1 e 2 - 2670-338 LouresTel. 219 830 130 | Fax. 219 833 359| [email protected]

PROPRIEDADE / EDITORNugon, Lda. / Nuno GusmãoContribuinte nº: 502 885 203Sede: Rua São João de Deus, Nº212670-371 Loures

Tiragem: 8.000 exemplaresPeriodicidade: TrimestralRegisto nº: 126038Depósito legal nº: 325298/11

• O editor não assume a responsabilidadepor conceitos emitidos em artigos assinados,textos publicitários e anúncios publicitários,sendo os mesmos da total responsabilidadedos seus autores e das empresas queautorizam a sua publicação.

•Reprodução proibida sem autorização daNUGON, LDA

• Alguns autores nesta edição já adoptaram o novo acordo ortográfico.

Site: www.revista-ruminantes.com

www.facebook.com/RevistaRuminantes

Page 5: Revista-Ruminantes #6
Page 6: Revista-Ruminantes #6

ACTUALIDADES MUNDO

6 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Pedido reforço dos apoios ao setor lácteoNa reunião do Conselho de Ministros da Agri-cultura, realizada em Junho passado, no Lu-xemburgo, as delegações da Polónia e daLituânia reiteraram a sua petição para que aComissão Europeia tome medidas para ajudaro setor lácteo. A Polónia já havia levantado estaquestão na reunião do Conselho de Abril, insis-tindo que os preços da manteiga, do leite em pódesnatado e do leite na origem não pararam dedescer desde o início do ano. O ministro espanhol da Agricultura, Miguel AriasCañete, apoiou estas petições de aumento das me-

didas de apoio, bem como de manutenção do re-gime de quotas leiteiras. De acordo com Arias Ca-ñete verifica-se uma descida de preços muitoimportante, que não pode ser qualificada como sa-zonal, havendo elementos estruturais que reque-rem, da parte da Comissão, que sejam de imediatocolocadas em marcha as ajudas e reimplementadasas restituições à exportação, para além da consoli-dação de outras medidas de mercado que incenti-vem o crescimento dos preços.Para além de Espanha, outros países apoiaram aspropostas da Polónia e da Lituânia, a saber: Bél-

gica, Hungria, Letónia, Eslovénia, Portugal, Gré-cia e Bulgária.A Comissão Europeia insistiu que conhece perfei-tamente a situação em que se encontra o setor lác-teo, já que faz o seu acompanhamento continuado.Tem previsto voltar a este tema na reunião do Con-selho de Julho e declarou estar na disposição deativar as medidas apropriadas, para além das me-didas de armazenamento privado já em aplicação,quando considere necessário.x

França alcança a maior produção de leite dos últimos 24 anosNa campanha 2011/12, as entregas acumuladasde leite em França superaram os 24.000 milhõesde litros de leite, ou seja, mais 4% que na cam-panha anterior. O volume de entregas é o maisalto desde 1988. Não obstante, as entregas deleite vão manter-se 3% abaixo da quota, esta-belecida em 25,5 milhões de ton. Observou-seque a diferença entre entregas e quotas dimi-nuiu, embora tivesse vindo a aumentar desde2008/09.No conjunto da UE, as entregas de leite na campa-nha 2011/12 deverão ultrapassar em cerca de 2% asda campanha precedente. Estima-se que 6 estados-membros, entre os quais a Alemanha, Holanda eIrlanda ultrapassem a sua quota.

A revista La France Agricole publicou no mês pas-sado uma notícia acerca desta situação que referia,segundo a organização agrária daquele país, Coor-dination Rurale, o crescimento de 4% na recolhade leite em França pressagia uma “nova crise doleite”, pelo que a referida organização reclama“medidas urgentes de regulação da produção, à es-cala europeia”. Segundo a mesma fonte de infor-mação, um comunicado da Organisation desProducteurs de Lait referiu que “Ao desejar produ-zir mais e mais para satisfazer mercados não rentá-veis ou para tentar contrariar as importações deleite dos nossos vizinhos europeus, é inevitável ve-rificar que a fileira leiteira está cada vez mais de-sestabilizada. Recolher um pouco mais de leite,

mas pagar a totalidade dos 24 mil milhões de litrosmuito mais barato aos produtores pode ser um novonegócio bastante rentável para algumas empresas,mas fatal para numerosos produtores. A regulaçãodos volumes é uma necessidade e passa pelo rea-grupamento dos produtores, de forma totalmenteindependente dos transformadores. E isso só podeser feito se realizado a uma escala europeia e atra-vés da criação de uma agência de regulação”. ‘’Éurgente reduzir a produção leiteira. Se a França e aEuropa pretendem efetivamente uma nova crise nosetor [...], é fundamental que os nossos responsá-veis políticos entendam de imediato os sinais dealarme e ativem as medidas de urgência visando aregulação da produção à escala europeia”. x

A cetose poderá custar 27.600 euros/ano por cada 100 vacasOs produtores de gado bovino poderão estara perder até 27.600 euros/ano por cada 100vacas de leite devido à elevada presença decetose, de acordo com as declarações de DickEsslemont, especialista em doenças metabóli-cas, no recente Congreso Mundial de Buiatria

decorrido em Lisboa.Dick Esslemont afirmou que os custos diretose indiretos das cetoses geram um custo acres-cido de 0,034 euros por litro de leite produzido.Os custos diretos incluem o aumento da mão-de-obra veterinária e pecuária, um maior uso

de medicamentos, o desaproveitamento doleite e a quebra de produção. Uma correta ges-tão e administração pode reduzir a incidênciade cetose, e um tratamento apropriado pode re-duzi-la, concluiu Esslemont. x

Produtores do Reino Unido esperam aumentar a sua produção de leiteCada ano que passa reduz-se o numero de

produtores de leite, não só em Espanha mastambém no resto da UE. Contudo, os queficam têm mais confiança no setor, pelomenos é assim no Reino Unido. O inquéritoque anualmente é realizado pelo Conselho Lác-teo do Reino Unido demonstrou que em 2012,cerca de 36% dos produtores tem previsto au-mentar a sua produção nos próximos 2 anos,em comparação com apenas 31% que pensava

fazê-lo em 2011. Além disso o questionáriodeste ano mostra que o aumento previsto daprodução é o maior registado na história do in-quérito, que se faz desde 2004.Por outro lado, caiu a percentagem de pro-

dutores que têm previsto abandonar o setor.Enquanto que em 2011 pensavam fazê-lo cercade 13% dos produtores, em 2012 só cerca de7%. Estes dados equivaleriam a que em 2011,e durante os dois anos seguintes 2,2 produtores

deixaria o setor por dia, enquanto que em 2012seria só 1,2 produtores/dia os que abandona-riam o setor. Na obstante, há que ter em conta,que em 2012 menos de um terço dos produto-res tem o leite com única fonte de rendimento.A grande maioria dos inquiridos sentem-se

muito confiantes ou extremamente confiantescom o futuro do setor. Um 38% dos inquiridosesperam investir na sua exploração, no mínimo60.000 euros nos próximos 5 anos. x

Page 7: Revista-Ruminantes #6

ACTUALIDADESMUNDO

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 7

A alimentação da população em 205028° Simpósio Internacional de Saúde e Nutrição Animal AlltechA cidade de Lexington, em Kentucky, EUA

recebeu, em maio passado, o 28 ° Simpósio In-ternacional de Saúde e Nutrição Animal da All-tech. Cerca de 3 mil pessoas de mais de 90países estiveram presentes no evento que con-tou com 13 sessões. Na abertura do evento, Pearse Lyons, presi-

dente e fundador da Alltech, entregou a Medalhade Excelência ao ex-governador de Kentucky efundador do restaurante KFC, Mr. John Y. BrownJunior. A Alltech oferece esta medalha em reco-nhecimento às pessoas que se destacaram na áreada pesquisa ou da agroindústria. Num segundomomento, Karl Dawson, Diretor Global de Pes-quisa e do Centro de Nutrigenómica da Alltech,comentou o investimento da empresa de 3 milmilhões de dólares para sequenciar o genoma hu-mano. Os efeitos da nutrição animal no gene hu-mano também foram comentados.Durante o simpósio ocorreu também a entrega

do troféu aos vencedores do Prémio AlltechJovem Cientista, conhecido pelo seu nome em in-glês “Alltech Young Scientist”.

O encerramento oficial deste encontro contou,ainda com as palestras de Ronan Power, Diretordo Centro de Nutrigenómica e Nutrição AnimalAplicada da Alltech, que abordou o combate asdoenças desde as células; de Mark Lyons, vice-presidente da Alltech, sobre o mercado chinês,segundo ele, um dos países repleto de oportuni-dades e que seguramente será a maior economiado mundo; e de Catherine Keogh, vice-presidentede marketing da Alltech, que discursou sobrecomo a empresa está construindo uma grandemarca no agronegócio e a influência das redes so-ciais, que podem trabalhar em prol da agricultura.Um dos principais temas abordados no con-

gresso foi a alimentação da população. Estima-se que até 2050 nove mil milhões de pessoashabitem o planeta, o que será um desafio paratoda a cadeia alimentar. Quatro representantes deinfluência na indústria discutiram o tema: TomArnold, CEO, Concern da Irlanda; Sean Rickard,palestrante senior em economia, Cranfield Uni-versidade, do Reino Unido; Dr. Marcus ViniciusPratini de Moraes, ex-ministro da agricultura do

Brasil; e Tom Dorr, CEO do Conselho de Grãosem Washington DC, EUA.Neste debate a água foi abordada e destacada

como um recurso limitado que afeta diretamentea produção agrícola e agropecuária. Outro assuntoem destaque foi a relevância do controle sanitá-rio, assim como a intervenção da Organização In-ternacional de Comércio (OIC) em filtrar eaprovar as regulamentações locais, ao que se re-fere as barreiras comerciais, com determinadosprodutos em situações de contaminação, comopor exemplo a vaca louca.Patrini destacou a importância da redução do

protecionismo para a liberdade da agricultura.“A redução do nível regulatório na área de meioambiente é necessária para que a agricultura sedesenvolva ao ponto de ser possível alimentar 9mil milhõess de pessoas no futuro” disse. JáSean Rickard reforçou que o futuro da alimenta-ção está nas mãos dos grandes produtores degrãos e que os pequenos e médios terão que criarcooperativas e se unir para poder competir numfuturo próximo.x

Page 8: Revista-Ruminantes #6

ACTUALIDADES MUNDO

8 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Vitamina D contra a mastite das vacas Investigadores do Serviço de InvestigaçãoAgrária dos EUA descobriram que a vita-mina D poderia oferecer um tratamento al-ternativo ao uso de antibióticos paracombater a mastite. Em estudo está a capa-cidade que uma forma natural da vitaminaD (a feromona designada 25-hidroxivita-mina D) tem de alterar a resposta do sistemaimunitário da vaca, face ao agente patogé-nico Streptococcus uberis que pode causara mastite. Os resultados das investigações indicam quesão necessários níveis precisos da vitamina Dna corrente sanguínea para prevenir afeções

tais como o raquitismo ou o enfraquecimentosdos ossos. São necessários níveis mais eleva-dos da vitamina para ter um correto funciona-mento do sistema imunitário. A feromona25-hidroxivitamina D está presente no sangue,mas não existe muita vitamina desta no leite.No estudo, as vacas receberam a vitamina Dpor injeção, diretamente no quarto afetado daglândula mamária. Seguidamente, os cientis-tas recolheram dados sobre o consumo deração pelas vacas, o número de bactérias noleite, a produção de leite, os níveis da vita-mina no sangue e a temperatura corporal detodas as vacas. Observaram uma redução sig-

nificativa nas contagens de bactérias e menossintomas clínicos de infeção grave nas vacastratadas com a vitamina D, comparativamentecom as vacas que não receberam qualquer tra-tamento. Na fase recente da infeção, enquantoque a vitamina D reduziu os números de bac-térias, também favoreceu a produção maiselevada de leite.Estes resultados sugerem que a vitamina D po-derá ajudar a reduzir o uso de antibióticos paratratar a mastite. Para além disto, a vitamina Dtem o potencial de reduzir outras enfermidadesvirais ou bacterianas, tais como infeções dotrato respiratório. x

Produtores não aprovam substituição de raças Ao contrário do que defendem os investigadoresda Universidade dos Açores, os produtores de leiteda Região não acreditam que seja benéfica a in-trodução de novas raças de bovinos. Com o desa-parecimento do sistema de quotas leiteiras em2015, a comunidade científica sugere a substitui-ção da raça Holstein por vacas que produzammenos leite mas de melhor qualidade. O presidente da Federação Agrícola dos Açores,

Jorge Rita, diz que a introdução de novas raçasdeve ser ponderada e analisada de forma transver-sal, não acreditando na necessidade dessa introdu-ção para aumentar a qualidade do leite.O dirigente agrícola afirma que qualquer redução naprodução leiteira teria impactos negativos no setor eque a introdução de vacas Jersey (animais que pro-duzem um leite mais rico em proteína) na Regiãonão tem tido sucesso por variadas razões, desta-

cando o facto de a combinação de volumes produ-zidos e quantitativos de matéria útil obtidos sermuito mais favorável no caso da raça Holstein.Jorge Rita recordou ainda que alterações profun-das na fileira do leite na região teriam um forte im-pacto nos produtores e seus rendimentos, mastambém junto da indústria que se preparou e in-vestiu visando transformar os atuais volumes deleite produzidos na região.x

Alltech lança programa para recém licenciadosA Alltech anunciou uma nova iniciativaeducacional para recém-licenciados. O All-tech Graduate Development Program, re-centemente anunciado por Pearse Lyons,fundador e presidente da empresa, oferece20 oportunidades para estudantes de gra-duação e pós-graduação.Consiste em 12 meses de experiência profis-sional num dos escritórios da empresa, pelo

mundo, onde os participantes irão aprendercomo o agronegócio internacional funciona,acumulando experiências em gestão que certa-mente enriquecerão as suas carreiras futuras.As oportunidades abrangem várias áreas daempresa, incluindo aquacultura, algas, ciênciasagrárias, marketing, financeira, operação, re-gulamentar, tecnologia de fermentação e 'lifesciences', o novo campo de pesquisa e desen-

volvimento da Alltech.O programa executivo de 12 meses começa nocentro de biociências da Empresa em Dunboyne,na Irlanda e tem continuação num dos 128 escri-tórios espalhados por todo o mundo.Para mais informações sobre o programa porfavor visite:http://www.alltech.com/about/careers/alltech-gra-duate-programx

Concurso Nacional da Raça Bovina LimousineComo acontece anualmente, terá lugar nos pró-ximos dias 20 a 22 de Julho, em S. Teotónio,Odemira, o Concurso Nacional da Raça BovinaLimousine. Este evento, o mais importante daraça a nível nacional, é realizado na FACECO,e contará com a presença de mais de uma cen-tena de animais dos melhores criadores a nívelnacional.No primeiro dia, 20 de Julho, sexta-feira, será

realizado o julgamento das fêmeas, seguindo-se nodia 21, sábado, o julgamento dos machos, culmi-nando este evento com os campeonatos gerais, no

dia 22 de Julho, domingo.O Júri do Concurso Nacional Limousine virá ex-

pressamente de França para julgar os animais a con-curso, estando geralmente presentes comitivas deFrança, Espanha e da região autónoma dos Açores,onde a raça tem crescido continuamente, à seme-lhança do que acontece no continente. A proximidade deste evento da Costa Alente-

jana, e as suas belezas naturais acrescenta aindamais um motivo de interesse para visitar o Con-curso e a região.x

Page 9: Revista-Ruminantes #6
Page 10: Revista-Ruminantes #6

ENTREVISTA

10 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Com o desaparecimento da cultura do tabaco, osagricultores da Beira Baixa — região onde estavalocalizada cerca de 60% da plantação a nível nacional— tiveram que procurar alternativas. Outrora produtor de tabaco, José Manuel Torrado,proprietário da Herdade da Fonte Insonsa, gere agora oseu negócio de produção de leite de cabra e ovelha efaz queijo de cabra em queijaria própria.

A exploração tem 220 hectares, dos quais cerca de 100 ha sãode prados permanentes, a maioria de regadio. Ocupa 18 ha comtriticale e 6 ha com cevada. O efectivo da exploração é compostopor um rebanho de 850 ovelhas de leite cruzadas e um rebanho decabras, de 350 Murcianas puras.

O leite de ovelha produzido na exploração é para venda e o leitede cabra para produção de queijo – marca Queijo da Fonte.

Quais as opções que considera na altura de instalar um pradopara pequenos ruminantes de leite?

Na escolha das variedades a utilizar, contamos com o aconse-lhamento técnico da empresa que nos fornece as sementes combase na sua experiência nesta região. Utilizamos sempre uma mis-tura de gramíneas e trevos com o melhor equilíbrio nutricional,maximizando a produção de nutrientes. Ao arraçoamento obtidosão “adicionados” os nutrientes que faltam no prado para a pro-dução de leite desejada.

Utiliza prados anuais ou permanentes? A maioria são prados permanentes de regadio e sequeiro. Al-

guns hectares (poucos) estão com anuais, Speedmix, mas basica-mente porque dá jeito ao maneio da exploração. Por exemplo, esteano, devido à seca, estamos a fazer 20 hectares de sorgo parafenar, como fonte de fibra e, claro, na busca de encher os palhei-ros que estão vazios.

Que análises de solos faz? As análises ao solo estão a cargo da empresa fornecedora de se-

mentes; em função do resultado das análises, são-nos sugeridasas correcções a fazer. As análises mais frequentes para a implan-tação de um prado são o pH, o azoto, o fósforo e potássio, em-bora o pH seja o factor a que damos mais ênfase.

Como faz o acompanhamento técnico das culturas? Maioritariamente é feito pelos técnicos das empresas privadas

que são nossos fornecedores, neste caso, os dos fertilizantes. Porregra fazemos um acordo de compra de produtos e serviços. Osnossos fornecedores são nossos “parceiros”, e sempre que solici-tado, aparecem. Se quero ter a certeza se devo fazer alguma cor-recção ao solo, se devo fazer um corte, se o maneio do prado estáa ser o adequado ou se vejo alguma coisa de anormal, recorro aoseu aconselhamento.

Como faz a optimização da alimentação do rebanho, ou sejaquem calcula o ‘gap’ de nutrientes em falta e como procedepara supri-lo?

O seguimento da alimentação é feito actualmente pelo médicoveterinário José Caiado, com uma visita mensal e pelo engenheirozootécnico João Mateus. São eles que fazem o balanço entre aquiloque temos na propriedade e o que temos que comprar, com o ob-jectivo de maximizar a utilização daquilo que produzimos e redu-zir a quantidade de “nutrientes” que compramos fora. Por exemplo,para facilitar o maneio, o eng.º João Mateus criou um concentradoúnico na sala de ordenha para as ovelhas e cabras.

Produção de leite na Herdade da Fonte Insonsa

José Manuel Torrado, proprietário da Herdade da Fonte Insonsa

Page 11: Revista-Ruminantes #6

ENTREVISTA

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 11

O facto de fabricar queijo condiciona a escolha das pastagense forragens que utiliza?

Sim, as forragens são escolhidas para se conseguir uma alimen-tação variada, natural e saudável, que confiram características depaladar e sabor único ao Queijo da Fonte. A pastagem verde forneceácidos gordos polinsaturados na alimentação dos animais, o quepermite a produção de um leite e de um queijo mais saudáveis.

No que diz respeito ás forragens, qual a importância, do pontode vista económico, da exploração estar implantada numa zonade regadio?

Estando numa zona de regadio e tendo pastagem todo o ano,temos uma alimentação mais uniforme, regular, constante, evi-tando assim a compra de forragens fora da exploração, que pode-riam não obedecer aos critérios exigentes que temos para a nossaprópria produção de forragens. Tanto na composição como no ti-ming do corte. Ou seja, mais que uma questão económica, é umaquestão da qualidade do produto final.

Qual a vantagem e desvantagem de fazer leite no Verão?No Verão existe menos leite no mercado, e isso, ainda que possa

não representar vender o leite mais caro, garante, a quem o possaproduzir, o escoamento garantido para o resto do ano.

No meu caso, o custo acrescido de produção nesta altura é com-pensatório, uma vez que as parições mais bem sucedidas são pre-cisamente as de Junho/Julho, altura do ano em que o índice demortalidade nas crias é muito baixo por não existirem diarreias.Para além disto, no Verão consigo mais €1/kg peso vivo na vendados borregos e cabritos do que em Fevereiro/Março em que opreço ronda €2,5/kg. Ou seja, os custos extra de produzir no Verãosão compensados pelo aumento de produtividade e pelo preço devenda dos produtos.

A silagem é uma opção na sua exploração? Porquê?Não temos usado silagem até agora, mas estamos equipados

para o fazer. O maneio alimentar que estamos a usar dá-nos con-fiança e qualidade no produto final, e como temos grande quanti-dade de prados, com possibilidade de pastoreio todo ano, até agoranão se colocou a questão de fazer e utilizar silagem.

Em que medida é que o actual negócio constitui uma alternativarentável à cultura do tabaco que fazia anteriormente nesta ex-ploração?

O tabaco foi efectivamente uma cultura que trouxe à nossa re-gião riqueza, inovação e mesmo qualidade de vida para as po-pulações residentes na envolvência às áreas de cultivo. Com oprevisível fim desta cultura, concentrámos os nossos esforçosno efectivo pecuário que entretanto tínhamos adquirido e, paraaumentar a rentabilidade da exploração, fizemos a queijaria. Dequalquer forma, a rentabilidade do nosso negócio quebrou sig-nificativamente quando comparada com a cultura do tabaco. Emparte talvez pela subida dos fertilizantes, dos combustíveis…

Que decisões de gestão/maneio na exploração pensa tomar outomou, na situação actual em que o preço do leite é relativa-mente baixo para os actuais custos de alimentação?

Construímos uma queijaria que já labora à 3 anos, para aumen-tar o valor acrescentado pelo menos no leite produzido que con-seguimos transformar. Por outro lado, tentamos produzir forragenscom a máxima qualidade para baixar/optimizar os consumos/cus-tos de concentrado. De resto, e como política da casa, estamossempre a tentar melhorar os índices produtivos dos rebanhos.

Qual a sua opinião em relação ao futuro da produção de leite equeijo dos pequenos ruminantes?

Existem ameaças muito sérias a este sector, como o uso de leiteem pó no fabrico de queijo, o leite fresco importado de Espanhaa baixo preço, para além de continuarmos com grandes dificul-dades de mão-de-obra para as ordenhas. Somos obrigados a for-mar estrangeiros cujos conhecimentos nesta área são nulos. Temostambém a dificultar-nos o negócio os elevados preços dos com-bustíveis e fertilizantes. x

“Existem ameaças muito sérias à produção deleite e queijo dos pequenos ruminantes, como ouso de leite em pó no fabrico de queijo, o leitefresco importado de Espanha a baixo preço,para além de continuarmos com grandes

dificuldades de mão-de-obra para as ordenhas.”

Page 12: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

12 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

O sector do leite atravessa um período de algumaincerteza em relação a muitos aspectos relacionadoscom a produção e o mercado. É neste contexto dedúvidas para os produtores de leite, que se tornafundamental pensar na forma de produzir procurandoreduzir os custos de uma forma racional semcomprometer os níveis de produção. Nessa ópticavárias alterações podem ser equacionadas. Iremosneste artigo apenas relacionar o sistema dearraçoamento único com outro em que se utilizamdois lotes diferentes (alta produção e baixa produção)mais adequados às necessidades nutricionais dosanimais para a fase em que se encontram.

As vacas actualmente possuem grande potencial produtivo e, nonosso entender, o caminho futuro deverá ser maximizar as pro-duções e longevidade dos animais. Obviamente que isto deveráser feito de forma coerente e sustentada. Para além disto, o factode se privilegiarem arraçoamentos únicos (isto é, o mesmo lotepara todos os animais) não permite às vacas em início de lac-tação exprimirem todo o seu potencial comprometendo deforma irreversível a sua produção anual. Por outro lado, comeste sistema as vacas em final de lactação ingerem um arra-çoamento com um nível energético, proteico, mineral e vita-mínico superior às suas necessidades, representando umelevado desperdício económico.

Trabalhar com dois lotes (alta e baixa produção) é mais difícil,quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista prático. Apre-sentamos dois sistemas de produção distintos, um em que se utilizaapenas um arraçoamento – Lote Único – comparado com outro sis-tema em que são utilizados dois arraçoamentos distintos (Alta eBaixa Produção). Neste último caso, o lote de alta produção é for-mulado para vacas em início de lactação com produções médias diá-rias superiores a 35 litros e/ou dias de lactação inferiores a 120 dias.No entanto, é possível permanecer neste lote com mais de 180 diasde lactação desde que produzam mais de 35 litros. Enquanto o Lote

Será o arraçoamento único o caminho certo?

LOTE ÚNICOCusto p/ Animal/Dia= 4,85 € (108 €/ton MB) (229 €/ton MS)

Matéria-Prima Preço(€/ton)

QuantidadeDistribuida Caracteristicas Nutricionais (/Kg MS)

Kg MS UFL PDIN PDIE PDIA Ca PMB MS g g g g g

Silagem de MilhoPB8 AMD30

50 27,00 8,72 31,00 0,90 52,00 66,00 18,00 2,20 1,80

Feno AzevémPB8

110 3,00 2,70 90,00 0,62 55,00 70,00 24,00 3,90 2,20

Silagem AzevémPB11

35 5,60 1,97 35,00 0,85 74,00 68,00 20,00 4,60 2,60

Farinha VLÚnica

330 9,00 7,96 88,44 1,09 196,93 170,63 120,11 14,48 7,23

Total 44,60 21,35 47,05 0,93 109,39 106,36 62,81 7,30 3,98LOTE ALTA PRODUÇÃO

Custo p/ Animal/Dia= 5,78 € (122€/ton MB) (250 €/ton MS)

Matéria-Prima Preço(€/ton)

QuantidadeDistribuida Caracteristicas Nutricionais (/Kg MS)

Kg MS UFL PDIN PDIE PDIA Ca PMB MS g g g g g

Silagem de MilhoPB8 AMD30

50 28,00 8,68 31,00 0,90 52,00 66,00 18,00 2,20 1,80

Feno AzevémPB8

110 3,20 2,88 90,00 0,62 55,00 70,00 24,00 3,90 2,20

Silagem AzevémPB11

35 5,00 1,75 35,00 0,85 74,00 68,00 20,00 4,60 2,60

Farinha VL Altas

350 11,00 9,69 88,12 1,16 204,05 179,59 126,20 15,49 7,32

Total 47,20 23,00 48,74 0,97 118,12 114,52 64,50 8,20 4,24LOTE BAIXA PRODUÇÃO

Custo p/ Animal/Dia= 4,28 € (102 €/ton MB) (219 €/ton MS)

Matéria-Prima Preço(€/ton)

QuantidadeDistribuida Caracteristicas Nutricionais (/Kg MS)

Kg MS UFL PDIN PDIE PDIA Ca PMB MS g g g g g

Silagem de MilhoPB8 AMD30

50 26,00 8,06 31,00 0,90 52,00 66,00 18,00 2,20 1,80

Feno AzevémPB8

100 3,30 2,96 90,00 0,62 55,00 70,00 24,00 3,90 2,20

Silagem AzevémPB11

35 5,00 1,75 35,00 0,85 74,00 68,00 20,00 4,60 2,60

Farinha VL Altas

326 7,50 6,65 88,61 1,07 196,84 168,89 120,17 14,84 7,26

Total 41,80 19,42 46,47 0,91 103,99 101,99 54,05 7,00 3,80

Pedro Castelo,Engº Agrónomo, REAGRO SA [email protected]

Luís Veiga, Engº Zootécnico, REAGRO SA [email protected]

Pedro Castelo,Engº Agrónomo, REAGRO SA [email protected]

Luís Veiga, Engº Zootécnico, REAGRO SA

Tabela 1

Page 13: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 13

de Baixa Produção é indicado para vacas com produções inferioresa 35 litros e numa fase mais adiantada na lactação.

De acordo com os nossos parâmetros nutricionais, os arraçoa-mentos descritos anteriormente (tabela 1) foram formulados uti-lizando silagens e feno de azevém comuns em Portugal. Para oalimento concentrado considerámos valores de mercado para asmatérias-primas com custos de fabrico teóricos.

No que ao balanço proteico diz respeito (tabela 2), verifica-mos que no Lote Único as vacas em início de lactação estão emcarência, resultando numa penalização das performances leitei-ras, enquanto no final de lactação ingerem em excesso. Aindaem relação à proteína digestível por dia (PDD – quantidade totalaportada por dia de proteínas degradáveis a nível ruminal), noinício de lactação o valor deve-se situar entre 2,2 e 2,5 Kg/dia.Como podemos observar na tabela 2, no sistema Lote Único asvacas no arranque de lactação estão em défice, resultando numapotencial diminuição quer da matéria azotada degradável, querda síntese microbiana.

Relativamente à energia, como sabemos, no início de lacta-ção a capacidade de ingestão das vacas é reduzida e insufi-ciente para satisfazerem as suas necessidades, por isso, quantomenor for o nível energético da ração maior será esse défice.Para além disto, em caso de hipoglicémia uma parte dos ácidosaminados presentes no sangue podem ser mobilizados via fígado

para a síntese de glucose (neoglucogénese a partir de ácidos ami-nados). Este fenómeno pode conduzir a uma diminuição da síntesede proteínas ao nível do úbere e por consequência a uma dimi-nuição do TP (teor proteico) no leite. Assim, com o lote de altaprodução é possível reduzir esse défice através de um arraçoa-mento mais energético (tabela 3). Para além destas limitações, aperda de condição corporal em arranque de lactação tem umacorrelação directa com a fertilidade, ou seja, quanto menorfor a perda de peso maior será a taxa de sucesso da insemina-ção, sendo este um aspecto muito importante.

Para finalizar, a análise económica (tabela 4) torna-se impres-cindível para se poder comparar as diferenças entre estes dois sis-temas de produção. Além das vantagens técnicas de um loteadequado para cada fase, podemos observar que a margem por1000 litros produzidos é significativamente superior no início delactação, altura em que as vacas libertam uma maior margem. Ográfico 1 compara duas curvas de lactação utilizando a equação* doINRA (instituto superior de pesquisa agronómica, França) para pro-dução potencial de multíparas referentes aos níveis máximos deprodução permitidos com os arraçoamentos descritos na tabela 1.Assim, considerando o leite pago a 0,32 €/litro, o valor de produ-ção com o sistema Lote Único é de 2412 € por lactação enquantoutilizando dois lotes alimentares o valor é de 3129 €. x

*- PLpotencial = PLMáxima Potencial X [ 1,047 – (0,69 X e -0,9 X Semana lacta-ção) – (0,0127 X Semana lactação) – (0,5 X e -0,12 X ( 45 – Semana gestação))]

Balanço Azotado ArraçoamentoUnidade Lote Único Alta Produção Baixa Produção

PL por PDIN Litros 39,11 50,11 34,37

PL por PDIE Litros 37,78 48,31 33,53

PDIN g/Kg MS 109,39 118,12 103,99

PDIE g/Kg MS 106,36 114,52 101,99

PDIA g/Kg MS 57,66 64,5 54,05

Proteina Bruta % MS 15,6 16,5 14,8

DT % 61,81 60,78 62,72

LYSDI/PDIE % PDIE 6,78 6,8 6,73

METDI/PDIE % PDIE 1,82 1,8 1,85

Proteina Digestível p/ dia Kg/dia 2,02 2,31 1,8

Balanço Energético ArraçoamentoUnidade Lote Único Alta Produção Baixa Produção

PL por UFL Litros 32,34 42,15 27,42

UFL UFL/Kg MS 0,93 0,97 0,91

Amido + Açucar % MS 27,72 29 25

Glucidos Rápidos % MS 14,29 14,19 13,43

GTD % MS 51,33 51,67 50,97

Matéria Gorda Bruta % MS 2,84 3,16 3,13

Análise Económica ArraçoamentoUnidade Lote Único Alta Produção Baixa Produção

Custo Total €/animal 4,85 5,78 4,28

Custo Total/1000 L €/1000 L 150,47 136,93 157,3

Custo Concentrado €/animal 2,97 3,86 2,45

Custo Concentrado/1000 L €/1000 L 92,92 91,95 90,66

Margem bruta €/animal 5,42 7,69 4,39

Margem Bruta/1000 L €/1000 L 169,53 183,07 162,7

50,0

45,0

40,0

35,0

30,0

25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

0,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Litros

Meses de lactação

Gráfico 1 - Curvas de produção Lote Único vs 2 lotes

Row 2 Row 8

Tabela 2

Tabela 3

Tabela 4

Page 14: Revista-Ruminantes #6

ENTREVISTA

14 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Luís Marques - Consultor em vacas de leite

“Em tempos difíceis, há que tomar as decisõescertas na produção de leite”

Com a escalada dos preços das matérias primas para o fabrico derações e com o preço pago à produção de leite a baixar, o produ-tor confronta-se com uma situação complicada a nível económico.O que tenho verificado, na prática, é uma tendência do produ-

tor para administrar menos quantidade de concentrado às vacas,quantidade essa insuficiente para cobrir as necessidades nutricio-nais. Esta atitude não é seguramente a opção mais correcta. A ge-nética actualmente existente nas explorações é bastante apurada,podemos mesmo orgulhar-nos porque estamos no pelotão dafrente em relação a este assunto. Porém, este apuramento genéticotem a sua parte negativa, ou seja, os animais deixaram de ser tãoresistentes quando submetidos a condições menos favoráveis. Ve-jamos, a maior parte dos problemas existentes nas vacas verifi-cam-se após o parto até ao pico da lactação (mais ou menos 60dias após o parto), e ocorrem por vários motivos, sendo um deleso balanço energético negativo devido à baixa capacidade de in-gestão por um lado e às grandes exigências nutricionais por outro.Se administrarmos menos nutrientes, as performances de pro-

dução vão seguramente agravar-se e os picos de lactação vão se-guramente ficar abaixo dos estábulos com planos alimentares bemelaborados. Animais mal alimentados têm também uma maior in-cidência de problemas na fertilidade e saúde animal em geral. Estassituações acarretam um agravamento financeiro da exploração.

Assim, o que proponho nestas situações não é diminuir aração, mas sim:- eliminar animais que estão no estábulo e que não aportam ren-

tabilidade, como sejam vacas com mamites crónicas, animais quese arrastam com problemas de fertilidade há bastante tempo, ani-mais que já passaram a sua idade produtiva e nos quais se verificaum declínio na sua performance. Concluindo, no estábulo a se-lecção tem de ser mais apertada, os animais devem ser muito bemalimentados consoante as suas necessidades e, seguramente, aopotencializarmos a produção o retorno económico é superior.- encontrar todos os meses o custo de produção de um litro de leite

em termos alimentares, retirando daí conclusões.- no que se refere às forragens, estudar a possibilidade de incor-

porar novas culturas na exploração. A silagem de milho continuaa ser a rainha das forragens, seguida da silagem de erva. Existemcada vez mais produtores a iniciarem a produção de luzerna, peloseu interesse essencialmente como fonte de proteína. Já a beter-raba forrageira, que é produzida em muitos países e que se adaptamuito bem nos nossos terrenos, é uma excelente fonte de açucares(energia), interessante para incorporar nos planos alimentares dasvacas, e pouco vista em Portugal.Comente estes assuntos com os seus técnicos assistentes e adapte

as melhores soluções à sua exploração.

Como rentabilizar a exploração de leiteNum cenário em que se perspectiva a descida do preço do leite ao longo do anoe a continuação do preço elevado dos alimentos (concentrados e forragens), quemedidas de gestão recomenda ou está a implementar na sua exploração?

Page 15: Revista-Ruminantes #6

ENTREVISTA

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 15

Jos van AchtProdutor de leite, com uma vacaria com um total de 620 vacas

“O mais importante é fazer as forragens na nossa exploração ou próximo”.

Parece-me claro que um dos pontos importantes para fazer facea períodos difíceis será melhorar o efectivo, eliminando os animaiscom menos potencial genético e os animais com problemas. Nósestamos muito longe da situação óptima, estamos no Interior, ondeas temperaturas são muito altas, e não estamos a controlar todos osfactores, como seja o bem-estar animal. Isso resulta num refugoobrigatório de 28%, devido a vacas com problemas de fertilidade,patas, úberes. Num futuro próximo, esperamos conseguir aumen-tar o efectivo em 200 vacas e, como não queremos comprar maisanimais no exterior, como fizemos até ao final de 2009, estamos ainseminar as novilhas com sémen sexado e a aproveitar todas asvacas que fiquem prenhas e que não apresentem problemas. Dequalquer forma, no futuro e como, aliás, já começa a acontecer,vamos tentar não aumentar a taxa de refugo, mas torná-lo parcial-mente voluntário, ao vender as vacas de menor potencial leiteiro. Para além disto, continuamos a utilizar a mesma quantidade de

concentrados por vaca e dia e estamos a tentar, cada vez mais, me-lhorar a qualidade e quantidade de forragem. Em termos de des-pesa/custo do litro de leite, algumas coisas são importantes epodem ser feitas, como seja comprar matérias primas para mistu-rar na exploração, eliminando alguns custos de transporte e fabrico.Mas o mais importante é, como nos encontramos numa zona deregadio (Caia-Elvas), conseguirmos fazer as forragens na nossa

exploração ou nas proximidades, em terras alugadas, conseguindopôr as silagens no silo de forma mais barata do que uma vacariaque necessite de ir buscá-las a grandes distâncias.

Outras coisas que ajudam, e que estamos a tentar fazer, são:usar as melhores variedades de sementes para produzir a maiorquantidade e a melhor qualidade de forragens possível, ou utilizaros melhores inoculantes de silagem do mercado para aumentar adigestibilidade das silagens e assim obter um melhor aproveita-mento em termos de energia e proteína por parte das vacas, poisquanto mais nutrientes conseguirmos fornecer às vacas a partirdas nossas forragens, menores serão os custos com matérias pri-mas compradas ao exterior. x

2º Dia do Azevém No passado dia 24 Abril realizou-se o 2ºdia do Azevém, organizado pela em-presa Barenbrug, empresa produtora ecomercializadora de sementes, e pelaForte, Lda., distribuidora em Portugalde tractores e equipamentos das marcasFendt, Kverneland e McHale. Esta de-mostração decorreu na Herdade doCasão, em Montemor-o-Novo.

Do programa fez parte a apresentaçãoda empresa Barenbrug pelo Export Ma-nager, Martin Dekker, que referiu que aprodução de sementes de forragens daempresa tem lugar em diferentes países,em que 85% das terras de produção estãona Europa e América do Norte e que é for-

necedor de campos de futebol do Europeuda Polónia /Ucrânia. Martin Dekker, apre-sentou, para além do produto estrela –Barspecta II, o novo azevém mistura -Prota Plus, mistura de gramíneas e legu-minosas especialmente desenvolvida paraPortugal, e que graças à presença do trevofaz elevar o nível proteico da forragem,factor muito importante, pois o preço ac-tual das matérias primas proteicas está aníveis muito altos.A empresa Probimor, Lda através de

Marta Guerreiro, apresentou as Medidasde Apoio à Instalação de Pastagens Biodi-versas, no âmbito do projecto Terraprimae as Medidas de Combate e Mitigação daSeca 2012.

Já no campo, assistiu-se a uma de-monstração, explicada pelo responsávelda Forte - João Lopes, das máquinas pre-sentes, nas operações de corte e enfarda-mento do azevém. x

Page 16: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

16 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

A produção animal vive à escala global, um enormedesafio à sua rentabilidade motivada pela forte subidados preços das matérias-primas utilizadas naalimentação. Com os conhecimentos de que se dispõehoje, não se vislumbra a possibilidade do regresso dospreços aos níveis médios históricos do passado. Os preços das matérias-primas energéticas eespecialmente das fontes proteicas como a “soja”continuam a manter uma tendência de forte subida. O bagaço de soja (44% PB) ultrapassa, nestemomento, a marca psicológica dos 400 euros/tonelada.Este facto tem também impacto direto nas alternativasproteicas à soja, caso da colza, girassol, destilados decereais, que seguem a mesma tendência.

Face a este desafio, alternativas à utilização de fontesproteicas vegetais continuam a ser equacionadas nosentido de controlar os custos da alimentação, masigualmente a formular dietas mais equilibradas nasdiferentes frações proteicas e na relaçãoforragem/concentrado da sua matéria-seca (MS),assegurando assim uma melhor eficiência alimentar euma melhoria do retorno económico para o produtor.

EFICIÊNCIA RUMINAL

É evidente que em ruminantes é fundamental trabalhar na me-lhoria da eficiência ruminal, pois a complexidade da microbiolo-gia do rúmen oferece ainda um elevado potencial demelhoramento. Na realidade, no sentido de melhorar a digestãoem ruminantes, é essencial um enfoque no aumento da populaçãomicrobiana que representa em si a fonte de proteína que irá serutilizada pelo animal na produção e manutenção dos requerimen-tos fisiológicos e produtivos do animal.O objetivo fundamental é identificar estratégias nutricionais que

possam maximizar a sincronização das frações de proteína e ener-gia de uma forma a disponibilizar os nutrientes ideais para o au-mento da produção de proteína microbiana no rúmen com impactona digestibilidade da dieta.

PROTEÍNA SOLÚVEL

A proteína solúvel é a fração proteica que é mais rapidamente so-lubilizada no líquido ruminal, logo mais rapidamente disponível paraser usada pelas bactérias ruminais, especialmente as que digerem afibra das forragens. Ela é fundamental para uma boa eficiência ru-minal. Muitas vezes a alimentação de vacas leiteiras e novilhos temum nível de proteína solúvel inferior ao que seria necessário, poisexistem poucas matérias-primas disponíveis no mercado (caso docorn gluten feed) para cumprir com este requisito nutricional. Se-gundo estudos realizados pela universidade da Pensilvânia (gráficoabaixo), a quantidade de amónia no rúmen oscila ao longo do dia,comprovando que é essencial assegurar uma concentração superiora 12 mg/dL para maximizar a performance das bactérias celulolíti-cas (Swabb et al. 2005). Abaixo do nível acima indicado, o azoto,elemento essencial para o metabolismo, é um fator limitante e con-sequentemente a atividade bacteriana no rúmen diminui.Conseguir cumprir o requerimento em proteína solúvel fica

muitas vezes dependente da utilização de ureia, produto que nasquantidades necessárias pode comportar riscos e que muitas vezesos produtores pecuários não gostam de ver fornecido na alimen-tação dos seus animais.

OptigenA solução alternativa para baixar custos na alimentação

Serviços Técnicos Alltech

A deficiência de amoníaco,na ausência de libertação controlada ureia

Concentração de requisitos de amoníaco necessária para as bactérias do rúmen

sem libertação controlada de ureia

com a libertação controlada de ureia

Tempo após a ingestão

Amon

íaco no

rúmen

mg / d

l

alim

enta

ção

a.m

.

alim

enta

ção

a.m

.

flexã

o

flexã

o

flexã

o

flexã

o

flexã

o

flexã

o

20

18

16

14

12

10

8

6

4

2

00 2 4 6 9 12 15 22 24

Concentração de amóniana ausência de libertaçãocontrolada ureia

Page 17: Revista-Ruminantes #6
Page 18: Revista-Ruminantes #6

18 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

FONTE DE NPN DE LIBERTAÇÃO LENTA – OPTIGEN:

Face a este problema e com o objetivo de maximizar a capaci-dade fermentativa das bactérias ruminais, a Universidade de Cor-nell, EUA, desenvolveu uma tecnologia inovadora que permitiuotimizar a quantidade de proteína solúvel constante no rúmen atra-vés do uso de uma fonte de azoto não proteico de libertação lenta,com aplicação tanto em animais de leite, como de carne. A tecnologia utilizada de microencapsulação e a densimetria

específica permitem um ritmo de degradação muito idênticoàquele que observa na digestão ruminal do bagaço de soja (Fig.1).Este facto permite ao nutricionista, mediante reformulação dadieta, uma menor utilização de fontes vegetais ricas em proteínasolúvel como a “soja” proporcionando uma fonte de azoto cons-tante indispensável à população bacteriana, melhorar a sincroni-zação da fração proteica com as fontes de energia da dieta e evitarpicos elevados de amoníaco no rúmen e valores elevados de ureiano sangue que são prejudiciais à saúde e fertilidade.

APLICAÇÃO PRÁTICA

Os resultados e benefícios para o produtor têm sido observadostanto em Portugal como em Espanha, onde numerosos centros deengorda de novilhos têm comprovado não apenas os melhores re-sultados zootécnicos como também menos problemas associadosa timpanismo e fezes melhor digeridas que resultam de uma fun-ção ruminal mais estável e saudável. Tais resultados são observa-dos tanto em novilhos alimentados com o uso de carros Unifeedcomo nos que são alimentados a ração e palha.Em vacas leiteiras, o Optigen não apenas liberta o espaço ne-

cessário para o uso de mais silagem de milho (acima dos 30 kiloscomo hoje pretendem muitos produtores) e/ou outras forragensnecessárias à diminuição dos custos da alimentação, como for-nece a proteína solúvel indispensável ao bom aproveitamento ru-minal da silagem expresso em maior produção de leite.Em novilhos de engorda, o Optigen igualmente liberta espaço

para uso de mais forragens como assegura condições para a me-lhor digestão fibrolítica da palha. O seu uso eficiente em novilhosficou mais uma vez recentemente demonstrado por um estudocontrolado realizado em Itália, que permitiu obter um ganho extrade 40 euros por animal.

VANTAGENS

CONCLUSÃO

No atual contexto económico e face ao aumento do preço dasmatérias primas, nomeadamente das fontes proteicas como o ba-gaço de soja que contribuem para o agravamento dos preços dasdietas em Portugal, o Optigen representa uma alternativa segurafornecendo aos animais uma fonte de nitrogénio solúvel necessá-rio ao rendimento e eficiência das dietas utilizadas tanto em vacascomo em novilhos sem os riscos associados à utilização de ureia. Pelas razões técnicas e económicas acima expostas, é uma so-

lução adequada para o produtor, respondendo aos desafios eco-nómicos colocados à manutenção da rentabilidade e viabilidade daPecuária Nacional. x

(Bibliografia disponível por solicitação)

Figura 1Curva de libertação do Azoto: Optigen, bagaço de soja e Ureia

Vacas Leiteiras Novilhos de Engorda

Diminuição do uso da “soja” nas dietas. Um kilode Optigen corresponde em termos proteicos acerca de 6 kilos de bagaço de soja 44%;

Melhoria da síntese proteica microbiana;

Aumento da digestibilidade dos alimentosfonte de fibra como é o caso das forragens;

Menor quantidade de proteína necessáriapara produzir um kilo de carne;

Maximização da ingestão das forragens commenor uso de concentrados;

Redução de 1% no teor de proteína brutadas fórmulas destinadas ao fabrico de ali-mentos compostos para novilhos em cresci-mento e engorda;

Aumento da síntese de proteína microbiana,logo menor necessidade de fontes proteicasbypass em vacas de alta produção;

Menor consumo de alimento;

Diversos estudos científicos realizados em di-ferentes países permitem observar um au-mento de produção de 1,2 litros de leite por dia;

Melhoria geral dos parâmetros produtivosconfirmada por um melhor Ganho Médio diá-rio e Índice de Conversão alimentar.

A melhoria da digestibilidade da dieta (con-firmado pela observação física das fezes)melhora a eficiência alimentar e disponibilizamais energia, cujos efeitos benéficos têmsido observados em vacas no pico de lacta-ção através de uma melhoria da condiçãocorporal.

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

120

100

80

60

40

20

0

% nitrog

ênio lib

ertado

Tempo (horas)0 10 20 30 40

Optigen II

Bagaço de soja

Ureia

Page 19: Revista-Ruminantes #6

Pioneer® disponibiliza aos agricultores portugueses produtos e serviços quelhes possibilitam tirar o maior rendimento possível das suas explorações agrícolas.

Ao disponibilizar sementes que são o resultado de um esforço constante na área dainvestigação e desenvolvimento, adaptados às diversas particularidades das regiõesagrícolas, comprovando os resultados no terreno, contribui para a rentabilização dasculturas.

Pioneer®. A segurança do seu sucesso.

PIONEER HI-BRED SEMENTES DE PORTUGAL, S.A.DuPont Agriculture & NutritionCampo Pequeno, 48 - 6º ESQ. • 1000-081 Lisboa - PORTUGAL • TEL.: 21 799 80 30 • FAX: 21 799 80 50

Page 20: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

20 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

A dieta de bovinos de leite mediante a fase do seu ciclo produtivo

A formulação de dietas para bovinos de leite baseadana fase do ciclo produtivo é um conceito que foiintroduzido no início da década de 80, e que estácentrado nas modificações da dieta baseadas narelação entre as alterações da produção de leite,capacidade de ingestão e peso metabólico, ao longo dociclo de lactação da vaca. Foi sem dúvida um passoevolutivo, e possível, à medida que a dimensão dasexplorações foi aumentando e a possibilidade dedividir em grupos os animais, mediante a fase do cicloprodutivo, foi também sendo maior.

Nos últimos anos, o conhecimento das alterações fisiológicasque ocorrem desde o pré-parto até ao fim da lactação tem sidobastante aprofundado, e alguns artigos de elevado interesse, no-meadamente de Investigadores da Universidade de Michigan (Mi-chigan State University), acerca da Teoria de Oxidação Hepática(TOH), têm revelado alguns indicadores interessantes acerca dasmodificações necessárias na dieta, ao longo do ciclo produtivo.

Temos focado, nos últimos artigos, os factores determinantesna digestibilidade do amido, e de que forma podemos avaliar ataxa de digestão dos mesmos a nível ruminal. No seguimento dosmesmos, tentaremos agora debater que tipo de “amidos”, mais“rápidos” ou “lentos”, serão necessários em cada uma das fasesmais importantes da lactação da vaca.

INGESTÃO

Geralmente, pensamos na capacidade de ingestão como umafunção do peso metabólico, produção de leite requerida, condi-ções climatológicas, frequência de alimentação, tamanho da par-tícula, tempos de retenção ruminal, e velocidade de fermentaçãodo amido e da fibra.

Recentemente, novas aproximações ao tema, como a Teoria daOxidação Hepática (TOH), têm revelado e trazido à discussão vá-rios factores que necessitam de ser considerados para maximizara ingestão em bovinos de leite.

A TOH sugere que a oxidação dos ácidos gordos, propionato,lactato e aminoácidos, no fígado, é um factor muito importante econdicionante da capacidade de ingestão.

Os sinais fisiológicos que controlam a ingestão alteram-se,desde o período de transição no parto, até ao período final da lac-tação. Parece que durante a fase de transição o controle da inges-tão é altamente influenciado pela oxidação hepática dos ácidosgordos não esterificados (NEFA), pela distensão ruminal duranteo pico de lactação, e pela produção de propionato nos animais emfase final de lactação (Allen e Bradford, 2009a). Estes factorespoderão contribuir para formular dietas que optimizem ainda maisa ingestão de alimento.

TRANSIÇÃO PARA INÍCIO DE LACTAÇÃO

Os níveis elevados de Ácidos Gordos não esterificados (NEFA),provenientes da mobilização de gordura corporal, deprimem a in-gestão durante o período de transição. Por esse facto, uma formade maximizar a ingestão passa por controlar a mobilização de re-servas corporais, durante o período de transição e início de lacta-ção. A concentração de insulina plasmática e a sensibilidade dostecidos à mesma diminui várias semanas pré-parto, o que contri-bui para o aumento da mobilização de gordura corporal. Apesar dabaixa capacidade de ingestão, este facto ajuda a vaca em transiçãoa manter constante a concentração de glucose plasmática.

A concentração de insulina plasmática e a sensibilidade dos te-cidos à mesma mantém-se baixa durante o início da lactação, ele-vando os níveis de NEFA. O período de tempo em que os NEFAse mantêm elevados depende do animal e da taxa de mobilização

Page 21: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 21

Conte com a Pioneer. Nós estamos sempre por perto.

[email protected]

de gordura e de remoção da mesma pelo fígado e glândula ma-mária. A utilização dos NEFA pela glândula mamária é impor-tante para diminuir os níveis dos mesmos.

No entanto, a elevada oxidação dos NEFA no fígado reduz a in-gestão de alimento, aumenta o potencial para fígado gordo e au-menta a exportação de corpos cetónicos, quando a capacidadeoxidativa do fígado não é total (Alan e Bradford, 2009a). A ingestãode alimento limitada pelos níveis elevados de NEFA atrasa o au-mento da concentração plasmática de glucose, resultando em pro-dução de leite reduzida, devido à produção limitada de lactose. Poresse facto, é desejável aumentar a concentração de glucose no iní-cio de lactação, porque estimula a produção de insulina no pâncreas.

A decisão de limitar a fermentescibilidade do amido pode au-mentar a ingestão de Matéria Seca no início de lactação. O pro-pionato, principal produto da digestão do amido, é absorvido ataxas elevadas e rapidamente transportado para o fígado para pro-duzir glucose. Se o propionato for absorvido mais rapidamentedo que é utilizado para produzir glucose, será oxidado, produ-zindo ATP e emitindo um sinal de saciedade ao cérebro. Tipica-mente este facto não é um problema em vacas em início delactação, devido ao facto do fígado, nesta fase, aumentar signifi-cativamente de dimensão. No entanto, o propionato também esti-mula a oxidação da Acetil CoA, que tipicamente se apresenta emquantidades elevadas nesta fase, devido à oxidação parcial dosNEFA, e isso pode resultar também num aumento da produção deATP, emitindo a mesma mensagem de saciedade ao cérebro (Allene Bradford, 2009a).

A necessidade de propionato para produzir glucose, estimular ainsulina, reduzir a mobilização das reservas corporais e aumentara ingestão terá de ser balanceada com o seu potencial de emitir si-nais de saciedade ao cérebro devido à produção de ATP, explicadoacima. Alterar então a fermentescibilidade do amido nesta faseparece ser uma estratégia mais desejável do que substituir amidopor fonte de fibra digestível.

Nesta fase então, por fim, o nutricionista poderá considerarestas opções, segundo Allen e Bradford, 2009a:

- Não deverá ser administrada na dieta fontes de gordura su-plementar, visto que a limitação de ingestão pelos altos ní-veis de NEFA é já uma realidade;

- Manipular a dimensão da partícula do grão ou utilizar fari-nha de milho em detrimento de pastone, de forma a limitara digestão do amido a nível ruminal, passando este a ser di-gerido no intestino, com a consequente produção directa deglucose;

- Utilizar outros precursores da glucose com menor efeito es-timulante da Acetil CoA, como o glicerol ou frutose.

PICO DE LACTAÇÃO

À medida que as vacas se aproximam do pico de lactação, aconcentração plasmática mais elevada de glucose estimula a pro-dução de insulina, reduzindo a lipólise e as concentrações deNEFA e Acetil CoA. A redução desta e a maior necessidade deprodução de glucose reduz a oxidação hepática e os sinais de sa-ciedade para o cérebro.´

Nesta fase a Oxidação Hepática não é um factor determinantena ingestão. O foco agora deverá estar na qualidade da Fibra Neu-

tro Detergente (NDF) das forragens, nomeadamente na concen-tração, digestibilidade e fragilidade, de forma a formularmos die-tas com tempos de retenção baixos e elevada fermentescibilidadeda fibra. Durante esta fase, a formulação da dieta deverá:

- Se possível, diminuir a concentração de silagem de erva emdetrimento de silagem de leguminosas, que têm tempos deretenção mais baixos;

- Maximizar a utilização de silagem de milho, cuja fibra é di-gerida rapidamente no rúmen;

- Utilizar fontes de amido altamente fermentescível, no sen-tido de maximizar a ingestão de energia e promover a pro-dução de proteína microbiana;

- Limitar a ingestão de gorduras insaturadas, que pode redu-zir a motilidade ruminal.

FIM DE LACTAÇÃO

À medida que as necessidades de energia diminuem após o picode lactação, o impacto da distensão ruminal é menor, e a ingestãoé novamente regulada pela Oxidação Hepática.

As vacas, no fim de lactação, são mais sensíveis à insulina, de-rivam mais energia para adipose, requerem menos glucose e sãomais susceptíveis à depressão de gordura no leite.

As dietas administradas nesta fase deverão:- Manter a condição corporal próxima do 3;- Conter forragens com maior tempo de retenção;- Conter fontes de amido menos fermentescível;- Conter fontes de fibra não forrageira para ajudar a diluir aconcentração de amido;

- Limitar as gorduras insaturadas em animais já susceptíveisà depressão de gordura no leite.

CONCLUSÃO

A ingestão é influenciada por diversos factores,como ambientais, fisiológicos e ligados à dieta ad-ministrada. Temos agora uma ideia mais clara decomo podemos ajustar a dieta à fase fisiológica davaca de leite, podendo dessa forma optimizar a pro-dução de leite a um custo o mais baixo possível.

Referências: Allen, M.S., e B.J. Bradford, 2009a. Strategies tooptimize feed intake in lactating cows. WDCS Advances in DairyTechnology. 21:161-172.

Page 22: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO GENÉTICA

22 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Em bovinos de carne, os cruzamentos sãofrequentemente utilizados com o objectivo deaumentar a produtividade, concentrando numúnico indivíduo característicaseconomicamente interessantes presentes emduas ou mais raças distintas, por meio dacomplementaridade.

O cruzamento entre mães de raças autóctones e paisexóticos, muito frequente em Portugal, permite dispor,com o mínimo de investimento, de filhos adaptados àscondições difíceis de regime extensivo com velocida-

des de crescimento superiores, melhores índices deconversão, etc., que as verificadas na raça autóctone.

Claro que cabe ao produtor definir em que quer me-lhorar o seu efectivo, seja no rendimento da carcaça, nafacilidade dos partos, na adaptação da carcaça às exi-gências do mercado, etc.

Nesta “mesa redonda” apresentamos os argumentosde três produtores de linhas puras, para a escolha dumadestas três raças, Angus/Charolês/Limousine, comoraça melhoradora de um efectivo. Ou seja, aquilo queum produtor poderá esperar quando cruzar o seu efec-tivo com uma destas três raças.

Raças de carneQue raça escolher para melhorar o meu efectivo?

Roland Winter, produtor da raça Aberdeen-Angus

“Tudo começou em 1992, quando vim para Portu-gal com os cavalos Quarto de Milha. Dois anos de-pois, comprei as primeiras vacas de outras raçasapenas com o intuito de treinar os cavalos. Em 1998,importei as primeiras Aberdeen Angus, já conhecia araça desde 1975 que na Suíça é a nº1. A partir daí, oefectivo começou a crescer com várias importaçõesde Inglaterra, Irlanda e Dinamarca, até chegar ao quetenho hoje, mais ou menos 90 vacas divididas em 3rebanhos, um deles de 17 Vermelhas. Para alémdisso, tenho investido para melhorar a genética domeu rebanho usando a técnica de inseminação artifi-cial e construí um subcentro de sémen para disponi-bilizar sémen de Angus de excelentes linhas aomercado nacional.”

A raça que eu escolheria para melhorar um efectivobovino seria, sem dúvida, a raça Aberdeen Angus.

Apesar de estar agora a dar os seus primeiros pas-sos em Portugal, hoje tem o maior efectivo mundialem bovinos de carne, sendo a raça preferida para aselecção e criação de gado nos principais países pro-dutores (ex: EUA, Argentina ou Austrália), porque asua adaptabilidade aos mais variados climas e condi-ções de maneio é extraordinária.

Considero que a raça Aberdeen-Angus é “multi-funcional”, por que as suas características raciais res-pondem às várias necessidades dos produtores. A suafacilidade no parto (peso médio de 35kg) faz-se comque seja a eleita no cruzamento industrial em raçasde carne e leiteiras. No caso particular das raças exó-ticas exploradas em Portugal, o facto da Angus serprecoce trás vantagem no cruzamento para se au-

mentar o vigor híbrido para a produção O seu tem-peramento dócil e a dominância mocha facilitam omaneio e a segurança na exploração o que se traduznuma maior eficiência reprodutiva.

Na linha materna, a raça também evidência as suasvantagens, pois sendo uma raça precoce significaestar sexualmente activa muito cedo, o que permitecolocar as novilhas à cobrição com 15 meses paravirem a parir com 2 anos. Sendo assim, a manutençãode boa condição corporal após o parto resulta nummais rápido retorno ao cio e à cobrição (i.e. antes dos83 dias) conseguindo-se facilmente obter um vitelo acada 365 dias. Aliada à excelente capacidade alei-tante, é fácil perceber que durante a vida útil produ-tiva existe uma optimização do número de animaispor vaca. Faço o desmame por volta do 6/7mesescom pesos médios que rondam os 280kg.

O facto de ser uma raça precoce também indicauma eficiente conversão de forragem em peso e um

Page 23: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃOGENÉTICA

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 23

David Catita, produtor de Limousine

A escolha de uma raça melhoradora para um efec-tivo bovino deve ser consciente e baseada em dadosconcretos, uma vez que, como tudo na agricultura, osprocessos de transformação são lentos, assim como arecuperação de eventuais opções de mudança quenão tenham resultado como esperado.

Os aspectos fulcrais para o sucesso de um efectivopecuário são claros.

Em primeiro lugar, os animais devem ser de fáciladaptação e boa rusticidade, para possibilitar a de-monstração das suas qualidades. Neste contexto, araça Limousine ocupa uma posição cimeira, adap-tando-se facilmente a todas as regiões de Portugal,de norte a sul e do litoral ao interior. É actualmente araça pura com maior número de touros puros em pro-dução no panorama nacional, com mais animais quetodas as outras somadas, ficando claro a sua enormeadaptação às condições nacionais.

Em segundo lugar, e considerando a necessidade deredução de perdas e de custos com os recursos huma-nos afectos às explorações, importa garantir que asvacas não apresentem dificuldades no momento doparto, fase esta que concentra mais de 70% das mor-tes de uma exploração. A facilidade de partos da raçaLimousine é enorme, sendo uma das suas maioresqualidades e que transmite à descendência, com ani-mais entre 35 kg e 45 kg à nascença e com reprodu-tores seleccionados há décadas pela grande dimensãoda bacia, aspecto fulcral para a facilidade de partos.

Em terceiro lugar, importa garantir que a raça se-leccionada apresente rapidez de crescimento aliadaao rendimento de carcaça, onde a raça Limousineapresenta valores de excelência, com pesos médiosao desmame acima dos 280 kg e com rendimentos decarcaça acima dos 62%, devido ao osso fino e à ele-vada proporção de carne de qualidade na carcaça,com reduzido desperdício.

A raça Limousine é ainda uma raça melhoradoracom elevada fertilidade, com boas qualidades mater-

nais de cuidados com as crias e elevada produção lei-teira, sendo estes aspectos importantes numa fase deaperfeiçoamento produtivo de um efectivo.

A minha exploração — Fonte Corcho — localiza-se em Serpa, sendo constituída essencialmente pormontado de azinho e olival. A dureza do solo, a ne-cessidade de reduzir problemas e a opção por ter ospartos concentrados no Outono fez-me escolher araça Limousine, e actualmente todo o investimentorealizado tem sido muito compensador.

A minha experiência com outras raças resultou emproblemas de parto, no caso de raças mais ossudas, eem vacas muito frias, com baixa fertilidade e com ne-cessidades energéticas de arrefecimento muito ele-vadas, nas raças originárias de climas frios.

Com a raça Limousine os problemas de parto sãopraticamente inexistentes, abaixo de 4%, e os GMDrondam os 1200 gramas/dia. Em termos de índicesde conversão, os valores variam entre os 4 e os 5 kgMS/kg PV, e os animais atingem valores de peso vivo

acabamento mais rápido, pois inicia a deposição degordura de cobertura e intramuscular (marmoreado)mais cedo. Assim, faz mais sentido falar em rendi-mento por área de produção (kg/ha) do que por ani-mal (kg de carcaça).

A padronização conferida pelas características daqualidade da carcaça e da carne, faz com seja a raçamais conhecida no mundo e onde o nome ANGUSreflecte qualidade da carne. A qualidade da carne, éporventura a característica que a torna mais conhe-cida e lhe vale o rótulo da “melhor carne do mundo”e por isso tem impulsionado a criação de regimes de

certificação com base no genótipo Angus. Isto significa colocar ao dispor da produção, da co-

mercialização e do consumidor uma carne diferen-ciada onde a qualidade sensorial está em primeirolugar. Sendo assim, o retorno das mais-valias ao se-leccionador e ao produtor de carne são maiores. Estefacto já se verifica em Portugal, onde a procura dereprodutores não pára de aumentar e onde o cruzadojá está a valer pelo menos 4,20€/kg de carcaça. Àparte das virtudes raciais, o espaço e os mercados aconquistar dão-me cada vez mais segurança na esco-lha que fiz - a raça Aberdeen-Angus.

»

Page 24: Revista-Ruminantes #6

Contactos das Associações:• www.charoles.com.pt • www.limousineportugal.com • www.aberdeen-angus.pt

PRODUÇÃO GENÉTICA

24 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

João Salvador, produtor de Charolês

A Quinta dos Gamos, situada em pleno coração doRibatejo, foi fundada em 1985, no lugar de Foros deAlmada, no concelho de Benavente. Dispõe de umaárea de 50 hectares de regadio, com prados de pasta-gens permanentes semeados criteriosamente, comvista a alimentar as vacas e todo o gado bovino quenela pastam de forma eficaz, sabido que uma boa ali-mentação, um bom maneio e uma genética adequada,a par de outros factores, contribuem de forma deci-siva para produzir animais de qualidade.

A produção da casa assenta, essencialmente, na criade bovinos das raças Charolesa e Alentejana e aindano cruzamento industrial das duas raças, tirando assimpartido das potencialidades de ambas. A Charolesa éa número um em produção de carne, e um criador devacas é essencialmente um produtor de carne.

Na herdade temos uma vacada alentejana pura,aquela que eu considero ser a melhor raça autóctone,e uma vacada charolesa pura, que é aquela que emtermos mundiais será a melhor produtora de carne.Comparando o crescimento destes animais puros,posso afirmar que os Charoleses têm um crescimentodiário superior em 40% à raça alentejana. O ganhomédio diário do Charolês chega a ser durante largosperíodos superior a 2 kg por dia, e com 12 meses devida chega aos 650 kg pv.

O futuro da carne passa por produzir qualidade, eesta depende de vários factores, entre eles da gené-tica. É muito importante saber escolher o reprodutoradequado à exploração para onde vai “trabalhar” eter uma alimentação adequada. Sem uma boa ali-mentação, não se tira proveito da genética. O rendi-mento de carcaça é sempre superior aos 60%,chegando nalguns casos perto dos 70%. A experiên-cia diz-me que ao fim de um ano de vida, com amesma alimentação e maneio, um charolês pesa sem-pre mais 10 a 15% do que a Limousine.

“Por vezes, diz-se que as vacas cruzadas com cha-rolês parem mal! Todos os animais parem bem e mal.O charolês, por norma, dá animais pesados apesar dehaver linhas que dão animais mais leves, e as nossasraças autóctones são normalmente pequenas e nemsempre bem alimentadas, não tendo capacidade, nem

bacia nem ventre para gerar um bezerro que à nas-cença possa pesar mais de 40 Kg. Por isso, têm algu-mas dificuldades. Mas se estivermos atentos aospartos e virmos que alguma vaca está para parir ecom dificuldades, devemos puxá-la à manga e ajudarno parto. Nada que não se passe com as mulheres,todas elas são ajudadas. A verdade é que, quando asmulheres deixaram de parir debaixo das árvores ouem casa, a mortalidade baixou. Porque não aplicar osnossos conhecimentos aos animais?

De qualquer forma, o grande problema é o desa-justamento do perfil da vaca ao charolês. A maioriados produtores, quando quer comprar charolês, optapelo melhor, o maior; quando aquilo que deveria serfeito com qualquer raça seria comprar um reprodutorque se ajustasse ao perfil das vacas do comprador. Eutenho vacas alentejanas cruzadas com charolês e nãotenho problemas de parto. A razão deve-se a ter me-tido um touro com características mais esqueléticasdo que musculosas que fazem bezerros com 35/40 kgà nascença. O sucesso dum reprodutor é também aadaptabilidade à região para onde vai; comprando emPortugal, a adaptação é sempre mais rápida, de qual-quer forma é muito importante criar condições detranquilidade e bem estar para que ele se adapte ra-pidamente. x

acima dos 650 kg com cerca de 14 meses.O escoamento dos animais tem sido fácil, uma vez

que se trata de animais muito procurados e valoriza-

dos, com um dos valores mais elevados do mercadode engorda, em virtude das suas elevadas perfor-mances de crescimento.”

»

Page 25: Revista-Ruminantes #6
Page 26: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

26 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

O objetivo da conservação de forragens épreservar ao máximo as qualidades dasforragens verdes no momento da colheita,assegurando um alimento apetente e comelevado valor nutritivo.A ensilagem de forragens verdes permiteobter bons resultados, desde que se cumpramdeterminadas regras na colheita e narealização do silo.

A silagem consiste na conservação de uma forragemcom alto conteúdo em humidade, mediante acidifica-ção do meio, produzida por fermentação láctica. Pre-tende-se então incentivar a fermentação láctica paraque, o mais rapidamente possível, se produza ácidoláctico com o objetivo de baixar o pH para níveis ondea atividade bacteriana cesse, de modo a atingir a esta-bilidade do silo.Durante o processo de ensilagem, verificam-se vá-

rios tipos de perdas, que põem em causa a qualidadenutricional do produto final, a silagem. Como conse-quência, o seu valor alimentar diminui, refletindo-seisso na performance dos animais.Verifica-se que as fermentações indesejáveis são res-

ponsáveis por uma grande parte das perdas na silagem.Sabendo que as fermentações lácticas são aquelas

que nos interessam aumentar no processo de ensila-gem, pois contribuem para uma rápida estabilizaçãodo silo, com valores de pH que impedem o desenvol-vimento dos microrganismos indesejáveis, será de todoo interesse acelerar o seu início.

Assim, podemos dizer que os objetivos para obter-mos uma silagem de qualidade são, por um lado, atin-gir rapidamente o pH de estabilidade e por outro,termos o maior número possível de bactérias lácticas.

Aumentar o nº de bactérias lácticas por toneladade forragem verde, permite:• Acelerar o início da fermentação láctica• Menor consumo dos nutrientes da forragem verde• Redução das perdas do valor nutritivo da silagem• Maior estabilidade e duração da silagem• Melhor qualidade da silagem

Um inoculante biológico favorece um rápido au-mento do número de bactérias lácticas por tonelada de

erva verde, acelerando o processo fermentativo, con-seguindo-se por isso uma diminuição mais rápida dopH e uma maior formação de ácido láctico. Devido àredução das fermentações indesejáveis nas fases ini-ciais do processo de ensilagem, favorece-se a conser-vação das qualidades nutritivas da forragem verde.Com um menor consumo dos nutrientes da forragem

verde obtemos, assim, uma silagem de melhor quali-dade alimentar. Para atingir este objetivo a Vitas Portugal, através

dos diversos departamentos de investigação do GrupoRoullier, desenvolveu um inoculante biológico, o SILAPRILIS PRO.

O SIL APRILIS PRO foi desenvolvido através deuma seleção meticulosa de fermentos lácticos, propió-nicos e enzimáticos provenientes de pesquisa biotec-nológica aplicada de estirpes isoladas da flora naturalda silagem e que foram selecionadas devido à sua per-formance acidificante e capacidade de adaptação.

Devido às suas características, SIL APRILIS PRO:• Permite maior preservação do valor nutritivo da si-lagem;

• Reduz as perdas de matéria seca;• Evita o desenvolvimento de bactérias indesejáveis;• Reduz o desenvolvimento de fungos;• Aumenta a estabilidade do silo após a aberturaA Vitas Portugal continua a defender uma busca per-

manente de novas e mais adequadas soluções para osnossos clientes. Para mais informações e esclareci-mentos, não hesite em contactar o técnico Vitas maispróximo de si.

Valorização da Silagem de MilhoDepartamento Técnico Comercial Timac Agro \ Vitas Portugal

Page 27: Revista-Ruminantes #6
Page 28: Revista-Ruminantes #6

28 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Detectar quando as micotoxinas estão a prejudicar a saúde e as performances é extremamente difícil.

Algumas micotoxinas, como a Zearalenona, afectam principalmentea reprodução e são relativamente fáceis de identificar.

Elevados níveis de micotoxinas podem causar intoxicaçõesagudas e alterações dramáticas na produção de leite e saúde ani-mal... Infelizmente a situação mais comum e mais difícil de iden-tificar acontece quando o alimento contem baixas doses demicotoxinas e os efeitos para a saúde são sub-clínicos. A presençade micotoxinas na ração está muitas vezes relacionada com o au-mento de doenças metabólicas como cetoses, retenção placentá-ria, torção do abomaso, mastites, metrites, manqueira, aumentodas células somáticas e diminuição da produção leiteira.

As micotoxicoses diminuem o rendimento devido à baixa deprodução de leite e sua qualidade e aumentando os custos em te-rapias inadequadas.

As micotoxinas podem ser o agente primário de problemas agu-dos de saúde ou produção em vacas, mas usualmente são um fac-tor que contribuem para problemas crónicos incluindo maiorincidência de doenças, redução da performance reprodutiva.

A sua acção é exercida através de quatro mecanismos primários:(1) redução do consumo ou recusa, (2) redução na absorção dos nu-trientes e desequilíbrio metabólico; (3) alterações do sistema endó-crino e exócrino; e (4) supressão imunitária. O reconhecimento doimpacto das micotoxinas, na produção animal tem sido limitadopela dificuldade de diagnóstico. Os sintomas são muitas vezes ines-pecíficos e os seus efeitos progressivos tornam o diagnóstico difí-cil ou impossível devido à complexidade e diversidade de sintomas.

MASTITES, METRITES

Mastite é a inflamação da glândula mamária por definição. Asmastites ocorrem como resposta primária a uma infecção bacte-riana intramamária, mas que poderá ser também devida a fungos,algas ou Mycoplasma. Os traumas físicos, térmicos ou químicospredispõem a glândula mamária à infecção. A ocorrência da ma-mite depende da interacção do agente com factores ambientais(Zhao and Lacasse, 2007).

Metrite é a inflamação das camadas musculares do útero e do en-

dométrio. Os factores de risco para o aparecimento de metrite pósparto são: retenção placentária, distócia, aborto, prolapso uterino,febre do leite, má higiene no parto, Cetosis etc. (Palmer, 2003).

Resultados de uma exploração com 3200 vacas, 3000 novilhase 400 vitelos mostram que o decréscimo médio em mastites e me-trites após o uso de Mycofix® Plus (15 – 30 g/vaca/dia) foi de 0.3% e -32.5 %, respectivamente (Figura 1 e 2). A contaminação deTMR era 800 ppb de deoxynivalenol e 38 ppb de zearalenona.

Micotoxinas e sua influência na incidência de doenças metabólicas em ruminantes

Antes do uso do Mycofix®Plus Durante o uso de Mycofix®Plus

60

50

40

30

20

10

0

01.01.2011

08.01.2011

15.01.2011

22.01.2011

29.01.2011

09.02.2011

12.02.2011

19.02.2011

26.02.2011

09.03.2011

12.03.2011

19.03.2011

26.03.2011

02.04.2011

09.04.2011

16.04.2011

23.04.2011

30.04.2011

y = -0,2183x + 8897,6R² = 0,3883

Figura 2 – Incidência do total de mastites durante 151 dias. O campo verde representa a presença de Mycofix®Plus na ração

Incidência de mastites no total Linear (Incidência de mastites no total)

Antes do uso do Mycofix®Plus Durante o uso de Mycofix®Plus

70

60

50

40

30

20

10

0

01.01.2011

08.01.2011

15.01.2011

22.01.2011

29.01.2011

09.02.2011

12.02.2011

19.02.2011

26.02.2011

09.03.2011

12.03.2011

19.03.2011

26.03.2011

02.04.2011

09.04.2011

16.04.2011

23.04.2011

30.04.2011

07.05.2011

y = -0,2459x + 10027R² = 0,6723y = -0,2459x + 10027R² = 0,6723

Figura 1 – Incidência do total de mastites durante 158 dias. O campo verde representa a presença de Mycofix®Plus na ração

Incidência de mastites no total Linear (Incidência de mastites no total)

Radka Borutova, Gestora de Produto, BIOMIN Holding GmbH

[email protected]

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

Page 29: Revista-Ruminantes #6
Page 30: Revista-Ruminantes #6

30 Ruminantes •Julho | Agosto | Setembro • 2012

LAMINITES

Outro aspecto a tomar em conta é a alta incidência de laminitesnas vacarias com alimentos contaminados por micotoxinas. Lamini-tes só por si causam graves prejuízos económicos, devido à baixaprodução de leite, disturbios reprodutivos, aumento de refugos e decustos com tratamentos.

Num estudo conduzido em 2010 por Pirestani e Toghyani ficouprovado que o aumento dos níveis de aflatoxina (de 13.01 a 110.63ppb) no arraçoamento, era responsável pelo aumento da AflatoxinaM1 em amostras de leite. Também se verificou que estes níveis cau-saram problemas reprodutivos por retenção placentária.

A prevalência das laminites foi significativamente afectada pelonível de aflatoxina (P ≤ 0.05) no leite. Concluiu-se que existia umaforte relação entre os níveis de aflatoxinas e laminites e retençãoplacentária.

Existiu uma relação significativa entre aflatoxinas e laminites(Tabela 2). Isto pode ter sido devido à aflatoxina e o seu efeito naLAMINA do casco, ao solo de má qualidade, deficiências nutri-cionais e mau maneio. Em comparações entre animais normais e

com laminites verificou-se, nestes últimos, um ligeiro aumentono intervalo entre parto e a primeira inseminação.

Esta diferença pode estar relacionada com a dor causada pela la-minite devido a micotoxinas que, por causa da redução do consumo,conduz a menor ingestão de energia, desequilíbrio hormonal e nutri-cional (Ozsoy‘s et al., 2005; Sood and Nanda, 2006).

Korosteleva et al. (2009) observaram que 500 ppb de deoxynivalenolpode reduzir a actividade fagocitária e neutrofila, e consequentementedeterminar sintomas sérios, quando mastites e laminite estão presentes.

Laminite é o mais predominante sintoma de intoxicação por Alkaloi-des de Ergot alem de baixo ganho de peso e agaláxia. (Whitlow, 1993).

CONCLUSÃOÉ bem conhecido que todas as micotoxinas suprimem o sistema

imunitário e impedem o normal funcionamento do rúmen, mesmoa níveis que não causem sintomas metabólicos ou fisiológicos,

É importante saber que as micotoxinas diminuem o consumo

de alimento o que conduz à diminuição de produção de leite, umaalimentação adequada e equilibrada, em conjunto com um pro-grama de controlo de micotoxinas, são a chave para a óptima per-formance na produção animal.

CÉLULAS SOMÁTICAS (SCC)

A contagem de células somáticas em amostras do tanque do leitesão um bom indicador da saúde do úbere. As células somáticas noleite são principalmente glóbulos brancos produzidos pela vacapara destruir as bactérias causadoras de mamite que entram noúbere e para reparar tecido lesado. Estas células estão sempre pre-sentes no leite mas quando existe invasão do úbere por microor-ganismos ou se a mama é lesionada, o número de SCC aumenta.As lesões tecidulares e o aumento das SCC resultantes de mami-tes podem bloquear os ductos galactóforos da mama, resultandoem baixa produção de leite quando as células produtoras de leite,situadas acima da lesão, são destruídas. Uma estimativa das perdas,derivada de contagem de SCC é apresentada na Tabela 1. Segundoesta, manadas com contagens acima de 500.000 SCC podem con-duzir entre 8 a 20 % de quebras de produção devido à presença de

mamites sub-clínicas (www.omafra.gov).O máximo permitido por lei de SCC, nos Estados Unidos, são

750.000/ml. Este limite é alto comparativamente a outros limitesinternacionais. A Nova Zelândia e a Austrália, têm como a Eu-ropa, limites de 400.000/ml e o Canadá de 500.000/ml.

Noutro teste avaliámos o uso de Mycofix® Plus numa vacariacom ocorrência de múltiplas micotoxinas. As SCC, antes da utiliza-ção de Mycofix® Plus, eram muito elevadas, reflectindo os elevadosproblemas de mastite nas vacas. A adição de 25 g/vaca/dia de My-cofix® Plus ao alimento diminuíram os efeitos negativos da conta-minação por 1025 ppb B-trichothecenes (nivalenol, deoxynivalenol,15 acetyl-deoxynivalenol) e 120 ppb zearalenona. A inclusão deMycofix® Plus no alimento, reduziu as SCC significativamente (Fi-gura 3).

Tabela 1 – Perdas estimadasde leite relacionadas com contagens de élulas somáticas

Stiles and Rodenburg, 1996

Contagem SCC Perdas Produção Leite (%)100,000 0200,000 2300,000 4400,000 6500,000 8600,000 10700,000 12800,000 14900,000 161.000,000 18

Durante o uso de Mycofix®Plus

600

500

400

300

200

100

0

06.02.2006

21.02.2006

08.03.2006

23.03.2006

07.04.2006

22.04.2006

05.05.2006

22.05.2006

05.06.2006

21.06.2006

05.07.2006

21.07.2006

05.08.2006

20.08.2006

04.09.2006

19.09.2006

04.10.2006

19.10.2006

03.11.2006

18.11.2006

03.12.2006

18.12.2006

02.01.2007

17.01.2007

01.02.2007

15.02.2007

03.03.2007

18.03.2007

02.04.2007

17.04.2007

Figura 3 - Contagem de células somáticas no leite a granel(o período de controle antes de Mycofix®Plus)

Tabela 2 – Correlação entre aflatoxina e laminite em vacarias

* Significativo a partir ≤ 0.05; n.d. = não detectado

CorrelaçõesAflatoxina M1 B1 B2 G1 G2 TotalExploração A (13.01 ppb Afla) 0.022 0.112 n.d. -0.011 -0.011 -0.112Exploração B (110.63 ppb Afla) 0.432* 0.425 0.323 0.389 n.d. 0.425

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

Page 31: Revista-Ruminantes #6

®

Tecadi, Lda. Rua Cidade de Santarém, Zona Industrial, Várzea 2005-002 SantarémTel.: (351) 243 329 050 E-Mail: [email protected] • www.tecadi.pt

Lutrell Pure – A chave que gere a energia com inteligência

E tudo se reduz a leite

Page 32: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

32 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Nos passados dias 18 e 19 deAbril, a Tecadi organizou emVairão (Vila do Conde) eBunheiro (Murtosa),respectivamente, 2 colóquiossubordinados ao tema”Reduzir os efeitos da crise,optimizando os custos deprodução” e que servirampara as apresentações doLUTRELL (um produtoBASF) e do COMBI CLA,contendo ambos ómega 6,destinados a melhorar afertilidade das vacas leiteirasbem como a sua produção.

Estes colóquios contaram com apresença de 25 pessoas cada um,entre produtores de leite, nutricio-nistas e médicos veterinários. Porparte da Tecadi estiveram presentesos Eng.ºs Luís Ferraz, Paula Ven-tura e Manuel Ortigão e a Dra. Ma-falda Ferraz.

O Eng.º Luís Ferraz, sócio-ge-rente da Tecadi deu as boas-vindase fez uma breve apresentação daempresa, destacando que nos seus15 anos de vida a Tecadi tem vindoa crescer de forma regular e susten-tada, quer no mercado nacional,quer na exportação. Referiu que aTecadi representa em Portugal em-presas de referência mundial nasáreas da Química Fina e NutriçãoAnimal, como a BASF, LALLE-MAND, HAMLET PROTEIN, etc.além de desenvolver diversas mar-cas próprias. A Tecadi possui a certi-ficação ISO 9001-2008 reconhecidapela APCER.

O Eng.º Jorge Gallardo da BASFfez uma apresentação breve daCompanhia líder mundial da indús-tria química, que emprega cerca de110.000 pessoas em 370 locais deprodução e que facturou em 2011mais de 73 mil milhões de euros.

Na sua apresentação destacou a

BASF Nutrition & Health com aqual a Tecadi colabora.

Seguidamente a Engª SilviaSchmid (BASF) fez a apresentaçãodo LUTRELL, seus resultados téc-nicos e experiências. Apresentou oprincípio activo do produto, o ácidolinoleico conjugado (CLA) prote-gido da degradação no rúmen e seumodo de actuação. Mostrou a im-portância de um produto destinadoao periparto das vacas que contrarieo balanço energético negativo desteperíodo da vida dos animais. Mos-trou que dessa forma se consegueajudar o metabolismo, reduzindo agordura hepática e melhorando adisponibilidade de glucose no pós-parto. As vacas alimentadas comLutrell apresentam melhor condi-ção corporal, menor incidência decetoses e outros problemas meta-bólicos e melhor fertilidade, con-substanciada numa menor taxa denão retorno, num encurtamento do

Optimizar custos de produçãoA Tecadi propõe aos produtores de leite ”reduzir os efeitos da crise, optimizando os custos de produção”

[email protected]

Manuel Ortigão , Eng.º Zootécnico, TecadiTécnico - Comercial Zona Norte e Açores

Page 33: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 33

intervalo entre partos e num menorrefugo de vacas por problemas defertilidade. A produção de leite ésignificativamente aumentada, ha-vendo a registar também uma li-geira redução do teor butiroso doleite. São reduzidos os custos commedicamentos. Apresentou resulta-dos de Centros de Investigação e deensaios de campo.

O Eng.º Manuel Ortigão, téc-nico-comercial da Tecadi na zonaNorte e Açores, apresentou algunsdos resultados preliminares de umano de ensaios com LUTRELL emPortugal.

Num trabalho científico aindanão publicado (U.A.) foi realçado ofacto de serem mais elevados os ní-veis de progesterona no sangue dasvacas alimentadas com Lutrellcomparativamente ao controlo.

Em diversos ensaios de campo,alguns dos quais em exploraçõescom robot de ordenha, foram reco-lhidos os dados dos referidos robotsbem como dos contrastes leiteiros,dos relatórios do nutricionista, domédico veterinário assistente e doprograma Bovinfor.

Houve a preocupação de fazer aavaliação económica dos resultadosobtidos com a produção de leite e

com a redução dos dias open, tendosido atribuído um valor de 3€ porcada dia open a menos. Em 3 dasexplorações a empresa compradorado leite não valoriza o teor butiroso;no entanto, para efeitos de avalia-ção económica do ensaio, conside-rámos como se houvesse pena-lização pela ligeira redução da gor-dura.

O retorno médio ponderado doinvestimento nessas explorações foide 6:1 considerando a penalizaçãopela quebra do teor butiroso; de 7:1não havendo essa penalização(Quadro 1).

(*) Em 3 das explorações o comprador do leite não valoriza o teor butiroso, mas aqui calculamos como se houvesse penalização.(**) n.s. - Diferenças não significativas.(***) Valor ainda não calculado mas que consideramos que corresponde a uma redução do refugo de 30 a 50% com Lutrell.

Total p/ mês Total p/ ano p/ vaca ano

Produção (L) + 3,18 L + 11760€ + 141120€ + 367€

Diferença na Gordura (%) (*) - 0,11 - 1166€ - 13992€ - 36€

Diferença na Proteína (%) (**) n.s. n.s. n.s. n.s.

Redução do intervalo entre partos (3€/dia open) -16 dias open + 1540€ + 18480€ + 48€

Refugo por infertilidade (***)

Despesa c/ Lutrell e ou Combi CLA (101 dias) - 1773€ - 21276€ - 55€

Benefício Líquido (com penalização da gordura) + 10361€ + 124332€ + 323€

Retorno do Investimento (incluindo teor butiroso) ROI 6 : 1

Benefício Líquido (sem penalização da gordura) + 11527€ + 138324€ + 359€

Retorno do Investimento (não incluindo teor butiroso) ROI 7 : 1

Quadro 1. Uso prático de Combi CLA e Lutrell

Resumo dos resultados de 5 explorações em Portugal (2011 -2012), num total de 385 vacas em lactação (média ponderada dos valores obtidos).

Page 34: Revista-Ruminantes #6

ECONOMIA

34 Ruminantes •Julho | Agosto | Setembro • 2012

Assim sendo, a indústria europeia põe todas as suasesperanças numa só ficha, a colheita recorde de milhoque se espera. Que se espera nos EUA, que se esperana Ucrânia e que se espera na UE.

O acréscimo nas áreas semeadas bem como a res-sementeira de algumas superfícies de cereais praga-nosos com milho, fizeram com que o hemisfério Nortetivesse uma das maiores áreas semeadas de sempre.

No entanto, se bem que até agora não haja nenhummotivo particular de sobressalto a história desta co-lheita ainda terá muitos capítulos por ler, a disponibi-lidade hídrica ou as temperaturas na floração sãosempre causas de melhores ou piores resultados quepoderão mudar todo o figurino de produção.

Em relação ao consumo, além da importância vitalque a situação macroeconómica pode ter nos seus pa-drões, um ponto adicional poderá ser importante.Num ano em que o trigo poderá ser uma matériaprima com um preço superior ao milho, a sua subs-tituição massiva por este deverá ocorrer. Não nocaso português que já premeia o milho na sua formu-lação habitual, mas países como a Espanha, a Itália ouos países do Norte da Europa, que premeiam cevadase trigos habitualmente, poderão encontrar-se com umdiferencial amplo destes cereais em relação ao milho,o que fará inevitavelmente aumentar o seu consumopondo um travão à sua queda acentuada mesmo que aprodução se verifique abundante.

Vindo isto a acontecer e comparando com omesmo período do ano passado, tudo aponta parauns preços mais favoráveis para a indústria (e con-sequentemente menos elevados à produção) estandoainda por ver qual será realmente a sua produção final,qual será o diferencial para o trigo e como é que estediferencial afectará positivamente o consumo demilho, uma vez que os dados da colheita de cereaispraganosos já se vislumbram com cortes em relaçãoao ano anterior.

No caso das proteínas, a palavra de ordem pa-rece mesmo ser total incerteza e total volatilidade,já que vemos os preços mudar 15 euros “da manhãpara a tarde”, o que pode transformar a compra numverdadeiro exercício de sorte.

Em termos gerais, não parece haver nada particu-larmente baixista até à colheita americana de Setem-bro/Outubro, mas a paz tambem não é de modo algumgarantida para depois.

Mais uma vez, as proteínas parecem querer en-caminhar-se para um novo patamar de preços; talcomo passaram do patamar de 300 euros para o pata-mar 400 euros, assim parecem dirigir-se em termosgerais para paragens mais altas, donde que cada baixaque apareça um pouco mais acentuada que o normalpode constituir uma boa oportunidade de compra. x

OBSERVATÓRIOBreves comentários e previsõessobre o mercado de matérias-primasPaulo Costa e SousaEngº. Agrónomo - Director Comercial da Louis Dreyfus Commodities - Portugal

Nota: Os preços e os cenários previstos para a evolução dos mercados de matérias-primas estão sujeitos a muitos imponderáveis e exprimem apenas opiniões profissionaisà luz do melhor conhecimento num determinado momento. Assim, a Revista Ruminantesnão garante a confirmação e/ou o cumprimento dos preços e previsões feitas sobre ospreços das matérias-primas sujeitas à analise do Observatório dos Mercados, nãoconstituindo assim ofertas de compra ou de venda.

COLHEITA RECORDE DE MILHO NO HORIZONTENeste momento parece vislumbrar-se algum raio de esperança napróxima campanha de cereais. De cereais, não, de milho, uma vez queos cereais praganosos fortemente prejudicados pelo Inverno rigorosonão terão uma colheita muito brilhante, mesmo longe disso.

Page 35: Revista-Ruminantes #6

ECONOMIA

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 35

EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS (em Euros/Tonelada) »Fonte: IACA

€/ton

Meses Meses

Meses Meses

€/ton

€/ton €/ton

Novilhos de engorda

Vacas leiteiras em produção

Borregos de engorda

Ovelhas leiteiras em produção

EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE MATÉRIAS-PRIMAS (em Euros/Tonelada) »Fonte: IACA

Bagaço de soja

Cevada Milho

Bagaço de colza

»

€/ton €/ton

€/ton€/ton

Page 36: Revista-Ruminantes #6

ECONOMIA

OBSERVATÓRIOPerspectiva do mercado leiteiro

CRESCIMENTO RECORDE NA PRODUÇÃO MUNDIAL EM 2011Fonte: IFCN

Fontes: IFCN, LTO, SIMA

ConjunturaA produção mundial de leite mundial no

ano de 2011 cresceu em 3,2% ou em 22,6milhões de toneladas relativamente a 2010(dados de produção de leite de vaca e de bú-fala, corrigido para 4% de gordura e 3,3% deproteína), de acordo com dados divulgadosna 13ª Dairy Conference do InternationalFarm Comparison Group (IFCN), realizadaem Junho passado em Kiel, na Alemanha. Esse crescimento foi maior do que o veri-

ficado em 2010 (16,3 milhões de toneladas)e também maior do que o crescimento re-corde anterior, registado em 2005/2006. Paracolocar o valor de 22,6 milhões de toneladasem perspectiva, basta referir que o mesmo ésuperior à produção anual de leite da NovaZelândia.Os principais factores impulsionadores

desse crescimento têm sido os preços favo-ráveis do leite e as condições climatéricas.Para além disso, o aumento do teor de gor-dura do leite nos Estados Unidos teve tam-bém algum impacto. Uma redução naprodução de leite foi observada na Rússia,na Ucrânia, na Bielorrússia e no Irão.

Custos de produção e resultadoseconómicos das explorações em 2011Resultados preliminares das comparações

do IFCN indicam que o aumento nos custosda alimentação animal em 2011 (+38,5%) le-varam ao aumento do custo de produção doleite. O aumento no custo foi mais forte emsistemas de produção de leite de alto rendi-mento. Para além disso, um amplo númerode países emergentes, como a China, a Índiae o Brasil, mostraram aumento nos custosmotivados pelo aumento dos níveis dos sa-lários. Em termos de rentabilidade das ex-plorações leiteiras, o ano de 2011 mostroubons resultados, à medida que na maioriados países o preço do leite aumentou maisdo que os custos.

Previsões para a produção de leite em 2012 e 2013Na Dairy Conference do IFCN, vários in-

vestigadores previram o crescimento da pro-dução de leite em 2012 e 2013 para os seuspaíses. A experiência da conferência do anopassado mostrou uma qualidade muito boade previsão. O IFCN previu um crescimentona produção de leite, em 2011, de 22,5 mi-lhões de toneladas e este ficou muito pró-

ximo das 22,6 milhões de toneladas. A pre-visão do IFCN para este ano é baseada nonível de preço do leite (0,40 dólares/quilo) econsiderando o actual nível de preços da ali-mentação animal. Assim e baseado nisso, oIFCN espera que a produção de leite cresçaentre 20 e 22 milhões de toneladas, em 2012e em 2013, respectivamente.

Preços mundiais do leite e seus impulsionadoresEm Maio de 2012, o preço mundial do

leite (baseado no preço para o leite em pódesnatado e para a manteiga) caiu para umnível de 0,35 dólares/quilo. Este preço estáa afectar o preço do leite ao produtor emquase todos os países do mundo e é moti-vado por um equilíbrio entre a oferta mun-dial e a procura. Isso significa que umamudança na produção e no consumo de leiteem cada região do mundo tem um impacto.O mapa-mundo abaixo mostra em que re-giões se verificou um excedente ou um dé-ficit em 2010. O actual baixo nível do preçodo leite é resultado de um forte crescimentona oferta de leite em importantes regiõescom excedentes, a qual foi maior do que o crescimento da procura em regiões defici-tárias.Principais países

que impulsionaram o crescimento (em milhões de toneladas de leite, 2011 vs 2010)

1 Índia 5,9

2 UE-27 3,0

3 EUA 2,2

4 Nova Zelândia 2,1

5 Paquistão 1,3

6 Argentina 1,2

7 Brasil 1,2

8 China 0,7

Excedente e déficit de leite, por regiões, em 2010

Excedente (milhões de toneladas)Déficit (milhões de tonedas)

36 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Page 37: Revista-Ruminantes #6

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 37

ECONOMIA

» PortugalLEITE À PRODUÇÃO

Preços Médios Mensais de Janeiro a Abril 2012Leite Adquirido a Produtores Individuais Fonte: SIMA

meses eur / Kg teor médio dematéria gorda (%) teor proteico (%)

ContinenteABR‘11 0.311 3.69 3.20MAI’11 0.309 3.63 3.18JUN’11 0.310 3.65 3.18JUL’11 0.310 3.67 3.19AGO’11 0.311 3.73 3.21SET’11 0.322 3.79 3.24OUT’11 0.324 3.81 3.22NOV’11 0.325 3.86 3.30DEZ’11 0.324 3.84 3.28JAN’12 0.324 3.81 3.26FEV’12 0.322 3.83 3.25MAR’12 0.315 3.74 3.25ABR’12 0.318 3.75 3.24

AçoreSABR‘11 0.295 3.67 3.24MAI’11 0.297 3.67 3.22JUN’11 0.295 3.66 3.18JUL’11 0.292 3.72 3.13AGO’11 0.296 3.76 3.10SET’11 0.314 3.91 3.19OUT’11 0.318 3.91 3.24NOV’11 0.321 3.93 3.28DEZ’11 0.315 3.78 3.20JAN’12 0.312 3.67 3.16FEV’12 0.311 3.63 3.17MAR’12 0.296 3.63 3.20ABR’12 0.296 3.61 3.20

PREÇO DO LEITE STANDARDIZADO (1) Fonte: LTO

(1) Preços sem IVA, pagos ao produtor; Preço do leite de diferentes empresasleiteiras para 4,2% de MG e 3,4 de teor proteico • (2) Média aritmética(3) Ajustado para 4,2% gordura, 3,4% proteina e contagem de células somáticas249,999/ml • (4) Inclui o pagamento suplementar mais recente

Últimos preços disponíveis ao fecho desta edição: 30 de Junho de 2012

Países CompanhiaPreço do leite

(€/100 Kg)ABril 2012

média últimos 12meses (4)

Bélgica Milcobel 29.55 33.22

Alemanha

Alois Muller 32.46 34.66

Humana Milchunion eG 31.05 33,70

Nordmilch 31.20 33,57

Dinamarca Arla Foods 32.19 35.15

Finlândia Hãmeenlinnan Osuusmeijeri 39.35 43.83

França

Bongrain CLE (Basse Normandie) 30.33 34.66

Danone 31.77 34.84

Sodiaal 30.00 34.43

Lactalis (Pays de la Loire) 31.87 34.41

InglaterraDairy Crest (Davidstow) 32.30 33.10

First Milk 29.77 30.18

IrlandaGlanbia 30.94 34.05

Kerry 31.00 33.50

Itália Granarolo (North) 41.64 41.04

HolandaDOC Kaas 31.09 36.41

Friesland Campina 30.51 36.99

Preço médio do leite - ABril (2) 32.18 35.16

Nova Zelândia Fonterra 30.07 30.20

E. U. A. 29.41 32.77

Os preços no mercado mundial e a sua volatilidade no futuroNo período de 30 meses de Novembro de 2009 a Abril de 2012,

os preços no mercado mundial mantiveram-se estáveis num inter-valo entre 0,40 e 0,50 dólares por quilo de leite. Nesse período, ocrescimento da procura foi um pouco mais forte do que o cresci-mento na oferta e os volumes que faltaram foram supridos por stocks.Agora, os preços relativamente altos do leite criaram uma situaçãoonde a oferta de leite é maior que a procura. Como resultado, o preçodo leite caiu para menos de 0,40 dólares/quilo.A volatilidade do preço futuro a nível mundial dependerá bastante

da constituição de stocks estratégicos e da transmissão de indicaçõesdos preços mundiais aos produtores de leite e consumidores. Se essatransmissão for rápida, o que significa que os preços aos produtorese consumidores acompanham os preços mundiais, a volatilidade serábaixa. No caso de baixos preços mundiais, os produtores de leite re-cebem a indicação para produzir menos. Os preços aos consumido-res cairão, o que levará a um aumento no consumo de leite. Ambosajudam a trazer a oferta e a procura a um novo equilíbrio.Se a transmissão não ocorrer ou se for lenta, a volatilidade será

muito maior, uma vez que os produtores e os consumidores não re-cebam a indicação dos preços.Existe uma série de sinais de que a indústria láctea está a enfren-

tar uma baixa transmissão do preço do leite, especialmente em pe-ríodos em que os preços declinam. Nesse cenário, os preços mundiaisdo leite podem ser cíclicos, como é muito comum nos mercados degado bovino e suíno. Se esse for o caso, a questão principal é quanto

durará o ciclo de uma altura para a outra. No passado, esse tempo foide 3 a 3,5 anos até que os preços mundiais alcançassem níveis muitoaltos no final de 2008 e começo de 2011. Uma vez que esse é o com-primento do ciclo, a fase de elevados preços mundiais de leite deveráocorrer em 2014.

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

38

36

34

32

30

28

26

24

22€ /

100 k

g

Preço médio do leite em Abril 2012(€0.90 /100 Kg menos que em Abril de 2011)

O preço médio calculado do leite das entregas efectuadas em Junho de 2012é de €32.18 por 100 Kg de leite standard. Este valor representa uma descidade 2,7% comparativamente com Abril de 2011 (- €0,90). Comparado comAbril de 2011, o preço médio de Abril teve um decréscimo de € 0,9.

Font

e: L

TO, J

unho

201

2

Page 38: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO

38 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

INTERVENÇÕES

Martin Pamiseux, da Oxybiotop, expli-cou o processo de funcionamento e as van-tagens de uma gestão e valorização deefluentes pecuários baseadas em novas tec-nologias.

André Preto, da MSD, abordou o tema domaneio sanitário em explorações de engordade bovinos. Os riscos sanitários, segundo re-feriu, podem ter diversas proveniências: a ori-gem dos animais (avaliar performancesprodutivas e sanitárias); o tipo de desmame(com 45 dias pós-desmame a percentagem docusto com tratamentos representa 9% contraos 27% de 14 dias de permanência pós-des-mame); o transporte (não se relaciona os kmpercorridos com os tratamentos realizados,apenas com o peso; uma hora de transporterepresenta uma quebra de 2% do peso); as ins-talações (é importante ter uma relação cor-recta entre a dimensão do pavilhão e a cargaanimal); e as doenças infecciosas – pneumo-nias e clostrideos (a maior parte das vezes estámais do que um agente envolvido). Relativamente aos custos de uma engorda,

referiu estarem ligados com os seguintes“mandamentos”: Instalações – Selecção deorigens dos animais – Maneio dos animais –Aposta na prevenção (boas práticas – vaci-nação, desparasitação) – Privilégio da eficá-cia do tratamento (uso correcto dosantibióticos) – Produção com eficiência erentabilidade.

David Gouveia, do Gabinete de Planea-mento e Políticas do MAMAOT*, apresen-tou uma caracterização do sector, falou daestratégia e instrumentos disponíveis, assimcomo da reforma da PAC. Referiu ainda queo consumo de carne de bovino tem vindo aaumentar, ainda que ligeiramente; que a pro-dução de carne não tem acompanhado o au-mento de consumo, mas baixado; e que oefectivo de vacas aleitantes tem-se mantido,ao contrário do das vacas leiteiras que temdescido.As perspectivas, a seu ver, são de aumento

da produção na UE27 e no mundo em geral.Disse ainda que se prevê uma redução dasexportações e uma maior competição mun-dial; que os preços altos da matérias primaspara alimentação animal deverão manter-se.E que a comunidade europeia irá assumir-secomo um ‘driver’ pelo lado da importaçãoda maioria das matérias primas agro-ali-mentares, ou seja, deixará de ter o papel de“fazedor de preços no mercado mundial” epassará a ser cada vez mais um operador depreços. Este responsável referiu também que o

objectivo deste governo é reduzir o déficeda balança comercial, substituindo as im-portações por produção portuguesa. As ten-dências do consumo de carne de bovinoapontam para uma procura cada vez maisexigente e sofisticada e para um crescimentoem termos de valor e não de volume. E a

nova realidade de um mercado global leva aque se trabalhe em ganhos de escala e deprodutividade (concentração da oferta comorganização de produtores e organização dasfileiras em Interprofissionais), na diferen-ciação e no papel dos operadores (produzirpara o mercado - organização sectorial).Quanto à reforma da PAC, adiantou que

nada está decidido mas que haverá quase se-guramente ajudas directas e medidas de mer-cado, estas últimas orientadas à melhoria daposição negocial da produção e da rede desegurança.

Eunice Silva, do Clube de Produtores doContinente, que existe desde 1998, disse nasua intervenção que o clube leva o melhor dePortugal ao consumidor e que tem como ob-jectivos o crescimento, a partilha e a inova-ção. O Clube conta actualmente com 244membros e 2974 produtores e é certificado.Tem também um centro de processamentode carnes e o seu mais recente desenvolvi-mento é o projecto IGP Açores em skinpack (www.clubedeprodutores.continente.pt ).

Na sua intervenção, Jerónimo Pinto con-cluiu que a associação tem a “obrigação” dedefender, valorizar e promover a carne bo-vina nacional. E focou temas importantescomo a promoção do “sabor do nosso saber”,os contactos com a distribuição e a valoriza-ção da produção nacional acrescentando

Produção nacional de carne de bovinoNovas Oportunidades e DesafiosA ANEB, Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos realizou, em final de Março, uma reunião sob o tema Novas Oportunidades e Desafios para a ProduçãoNacional de Carne. Este evento teve lugar em Vila Franca de Xira e contou com a presença do secretário de estado, José Diogo Albuquerque.Sob a coordenação de Jerónimo Pinto, presidente da Direcção da ANEB, foram debatidos vários desafios que se colocam ao sector, nomeadamente a volatilidadedas matérias primas, o REAP, a nova PAC 2014 e a Mercosul.

Page 39: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO

valor, inovando. Como salientou, “No fundoa carne tem que saber bem e fazer bem.”

José Diogo Albuquerque, Secretário deEstado da Agricultura, referiu-se à impor-tância de Portugal ser auto-suficiente; à con-centração da oferta (países fortes têm sempre

comercialização através de agrupamentos deprodutores); e à cadeia alimentar (que fun-cione com maior repartição das margens ecoerência, trabalho que está a ser realizadopelo ministério). Em relação à PAC fez saberque, por enquanto apenas existem propostasque vão ser discutidas, e que Portugal tem

propostas alternativas. Terminou dizendoque a gestão do risco – seguros agrícolas – éum assunto que está em revisão e que já seestão a fazer apólices com “fonte comunitá-ria”. Terminou dizendo que “os agricultoressão também para ajudar a nossa economia,não são só para produzir alimentos”. x

*MAMAOT - Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 39

Page 40: Revista-Ruminantes #6

40 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

SISTEMAS INTENSIVOS – APONTAMENTOS

Maneio - recepção dos Animais- Separar os borregos em função do peso e sexo;- Separar animais que se encontrem doentes;- Apenas introduzir nas engordas animais saudáveis e que sai-bam comer;- Administrar electrólitos;

Tratamentos profiláticos- Rações com antiparasitários;- Reforço vit E e Selénio (sistema imunitário)- Vacinação conforme programa da exploração (enterotoxémia,pasteurela, ...)

Instalações – indicações gerais- Limpas, desinfectadas e com boa cama;- Lotes de 75 a 100 animais;- Densidade 2 animais por m2;- Volume mínimo de ar 1 a 1,5 m3 por animal;- Manjedoura 1 m por cada 20 animais;- Bebedouro 1 m por 100 borregos, 1 ponto por cada 25/30 animais,os melhores são os de nível constante;- Ventilação estática e dinâmica.

ANÁTOMO-FISIOLOGIA DOS OVINOS ALGUNS FUNDAMENTOS

Nos ovinos adultos, só as partículas com diâmetro inferior a2 mm podem passar através do orifício retículo-omasal. Nos bor-regos têm que ser inferiores a 1mm.

Compartimentos gástricos

Borrego Ovelha Adulta

1- rumen, 2 - reticulum, 3 - omasum, 4 - abomasum

São duas as vias que permitem o esvaziamento do conteúdo ruminal:- A absorção e eructação do substrato alimentar resultante da fer-mentação microbiana (fração não lenhificada);- A evacuação das partículas não degradadas para os comparti-mentos posteriores.

Engorda de BorregosPrograma alimentar “sem palha”

A produção de carne de borrego tem vindo a concentrar-se, cada vez mais, emgrandes explorações da especialidade, com sistemas intensivos altamenteprofissionalizados, preocupados em maximizar a eficácia e em minimizar os custos.Nestas explorações, o programa alimentar “sem palha”, permite diminuir o peso damão-de-obra, a dependência de factores externos e rentabilizar as infraestruturassem colocar em causa a segurança alimentar e os resultados zootécnicos.

Carlos Flecha, Provimi Iberia - Departamento de ruminantes

[email protected]

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

4

4

3

32

2

1130%

80%70%

7%

Page 41: Revista-Ruminantes #6

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 41

A saliva é segregada durante a ingestão e a ruminação dos ali-mentos. Um borrego pode segregar até 5 litros/dia de saliva, o queconstitui cerca de metade da capacidade de um adulto (10 l/dia). A saliva é rica em substâncias tampão ( bicarbonatos e fosfatos)

e o seu pH é ligeiramente alcalino (8,2).No peso do conteúdo ruminal, a água representa cerca de 80%.

É proveniente dos alimentos, da água de bebida e, principalmente,da saliva.O tempo de mastigação dos concentrados moídos é baixo, assim,

a produção de saliva é menor.Em contrapartida os grãos secos dos cereais são bem mastiga-

dos pelos pequenos ruminantes . Verificamos que, nos sistemas de alimentação ad libitum de bor-

regos, a ingestão da dieta diária processa-se em cerca de uma de-zena de “comidas”.

BASES DO PROGRAMA ALIMENTAR “SEM PALHA”:

Administrar um alimento composto completo com uma formu-lação adequada ás necessidades nutricionais dos animais e umaapresentação física cuidada:- 40 a 50% de cereal integral;- 50 a 60% de concentrado sob a forma de granulado de alta qua-lidade.

A administração de palha ou feno nos comedouros não é necessária.

JUSTIFICAÇÃO FISIOLÓGICA:

- O tamanho do orifício retículo-omasal do borrego permite aretenção do grão do cereal no rúmen e assim possibilita a suaruminação e mastigação.- O pericárdio confere ao grão de cereal uma acentuada resistên-cia à degradação ruminal, provocando a sua maceração, com orespectivo aumento de tamanho (inchado) – efeito forragem.- Os grãos inteiros são mastigados e ensalivados em pequenasquantidades (bolos alimentares pequenos) fornecendo aorúmen o amido em pequenas quantidades. O ritmo é marcadopela mastigação do cereal (125-150 movimentos por minuto).- Cada mastigação do bolo ruminal produz saliva e desse modo,água e substâncias tampão (bicarbonato e fosfato).- Esta forma de aportar o amido ensalivado possibilita a que nãoexistam acidoses.- Ao utilizar, nas condições do alimento já aqui referidas, o grãointeiro como substituto da forragem, podemos prescindir douso da palha na engorda intensiva de borregos.

ENSAIOS COMPARATIVOS – RESULTADOS DE CAMPO EM EXPLORAÇÃO INDUSTRIAL

Condições geraisNúmero de ensaios = 3: Primavera; Verão; Inverno.Número de lotes por ensaio = 3: GR/CP (granulado+palha);

GR/SP (granulado, sem palha); GI/SP (granulado+cereal integral,sem palha).Peso vivo médio de entrada no ensaio: Primavera = 17,2

kg/borrego; Verão = 19,5 kg/borrego; Inverno = 18,2 kg/borrego.Peso vivo médio de saída = 25 kg/borrego.

Quadro resumo

GMD (ganho médio diário); CMD (consumo médio diário); IC (índice de conversão)

CONCLUSÕES

O sistema baseado num alimento composto completo - concen-trado sob a forma de granulado + cereal integral sem administra-ção de palha garante que:- Os resultados zootécnicos são atingidos;- A palha não é necessária, a mão-de-obra fica com mais dispo-nibilidade para realizar outras tarefas;- O empate de capital em palha armazenada deixa de existir;- Há uma ingestão mais lenta e uma maior ruminação com re-dução da incidência de acidoses (perdas e mortalidades);- O custo de produção fica mais baixo e os resultados da explo-ração melhores.

PRIMAVERAGR/CP GR/SP GI/SP

GMD 172 173 181CMD 807 728 547IC 4,7 4,1 3

VERÃOGMD 107 116 118CMD 497 494 515IC 4,6 4,2 4,3

INVERNOGMD 301 249 264CMD 1160 960 1090IC 3,9 3,8 4,1

GR/CP GR/SP GE/SPCUSTO 1,26 1,18 1,05

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Page 42: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

42 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

PREÇOS DOS ALIMENTOS A UM NÍVEL ELEVADO!

A elevada procura de matérias-primas dos países em desenvol-vimento e um aumento da produção de biocombustíveis são apon-tados como as principais razões dos elevados preços dosalimentos. O mercado mundial dos produtos de base tem enfren-tado uma enorme mudança nos últimos cinco anos e os preçosestão estruturalmente mais elevados do que previamente. Como aprodução de lacticínios ainda está muito dependente de concen-trados (grãos, soja) estes desenvolvimentos levam a custos maiselevados para a produção de leite. Com a expectável volatilidadedos preços do leite a partir de 2015, isto significa que é incerta arentabilidade estável da produção agrária.

FOCO NA QUALIDADE DA FORRAGEM

A melhor maneira de diminuir os custos do concentrado semperder produção de leite é aumentando a qualidade da forragem.As forragens com teor de açúcar e NDF-digestibilidade maioressão mais saborosas e conduzem a uma ingestão maior de energiatotal e de proteínas. Existe uma grande diferença entre as explo-rações agrícolas no que diz respeito à quantidade de leite que é

produzido a partir de forragem. Explorações agrícolas com umaqualidade forrageira muito boa são capazes de produzir 60% detodo o seu leite a partir de forragem. No entanto, se a qualidadeda forragem cai, esta proporção pode diminuir para 40% oumenos. Um exemplo do impacto económico é mostrado na tabela.Numa situação em que pode ser produzido mais 5% de leite a

Barenbrug

Enfocar na qualidade do pastoeconomiza dinheiro

2002

350

300

250

200

150

100

50

0Preç

os d

o m

erca

do m

undi

al (€

/ton)

2011

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

trigo milho farelo de soja

Page 43: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 43

partir de forragem, pode economizar-se 1 kg de concentradopor vaca e por dia. Com os preços actuais dos alimentos, istodiminui os custos totais de alimentação em €0,80 por 100 kgde leite. Numa exploração agrícola com 1 milhão de kg deleite, isto significa uma economia de cerca de €8.000 euros.

MAIS LEITE A PARTIR DAS MELHORES VARIEDADES

O primeiro passo para obter mais leite a partir de forragem,é começar com as melhores variedades para as suas pastagens.As variedades Barenbrug não são apenas seleccionadas pelasexcelentes colheitas que permitem, mas também porque sãosinónimo de qualidade. Isso significa que são ricas em açúca-res e que têm um elevado nível de digestibilidade e de pro-teína. As variedades Westerwoldicum Barspectra II e Bartigraprovaram ser muito bem sucedidas no Sul da Europa. Estas va-riedades produzem mais folhas e têm um teor significativa-mente maior de matéria seca na planta. Disso resulta queproporcionam um rendimento extremamente elevado por hec-tare. Além disso, uma grande resistência à doença e à ferru-gem da copa garantem que é muito saborosa.

Situação padrão(exemplo):

5% mais leite a partir de forragem:

Ração alimentícia: 13 kg DM da forragem (silagem, feno, milho)8,0 Kg concentrados (16% CP; € 0,22/kg)

Custos dos concentrados:€ 12.00 / 100 Kg leite

• Ingestão de forragem aumenta 3-4%• Mais energia e proteína da forragem• Diminui: 1,0 Kg concentrado ↓Custos dos concentrados:€ 11,2 / 100 Kg leite

Menores custos da alimentação € 0,80 / 100 kg leite

Por uma produção de leite igual de 30 kg de leite (4,0% gordura/3,45% proteína)

Preç

os d

o m

erca

do m

undi

al (€

/ton)

11000

10500

1000

9500

9000

Variedades padrão Westerworld

Barspectra II /Bartigra

Page 44: Revista-Ruminantes #6

44 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

EQUIPAMENTOS

Novidades de equipamentoA nova gama Fendt 300 Vario

A nova gama 300 Vario da Fendt foi aumentada com um novo mo-delo de topo, o Vario 313 com uma potência máxima de 135 hp, eagora cobre a faixa de potência dos 95 aos 135 hp. Os novos trato-res 300 Vario são alimentados por um motor Deutz de 4.04 litros, 4cilindros com tecnologia de quatro válvulas e um sistema de injeção1.600 bar common rail de alta pressão. A nova série Fendt 300 Vario incorpora a nova tecnologia SCR

para o cumprimento com a norma de emissões Euro 3b (Tier IV in-terim), presente nas séries 700, 800 e 900 Vario. A transmissão éVario ML 75, de elevada eficácia e permite o ajustamento infinita-mente variável da velocidade desde 20 metros/hora até 40 km/hora,tornando esta gama adaptada a uma série de aplicações, desde as cul-turas especializadas, culturas em linha, operações em campo abertoaté ao trabalho diário na exploração. O sistema de gestão do trator TMS é agora standard na Série 300.

Principais melhoramentos introduzidos

- Todos os elementos de comando encon-tram-se incorporados centralmente na colunade direcção e na consola lateral direita. Novoneste segmento de potência é também o com-putador de bordo, que mostra informação im-portante sobre as medições de superfície e detempo. O Variostick reúne numa única ala-vanca, a alavanca de velocidades principal, ade grupos, os grupos sob carga e o controlo dasvelocidades super-lentas.

- Em combinação com o carregador frontalFendt Cargo, disponível em vários modelos, o300 Vario é ideal para desempenhar operaçõesde carga em edifícios e estábulos graças tam-bém à sua grande manobrabilidade.

- A remodelação dos travões permitiu aumentar o peso totaldas 8 toneladas do modelo predecessor para 8,5 toneladas.Graças a um peso em vazio reduzido de 4.230 kg (309 Vario),consegue-se uma carga útil de até 4.270 kg e uma relaçãopeso/potência de apenas 33 kg/CV (313 Vario).

- No sistema hidráulico reformou-se sobretudo o elevadortraseiro que apresenta agora uma força de elevação de cerca deseis toneladas (5.960 daN), mais meia tonelada do que no mo-delo anterior.

- Novo melhoramento no raio de viragem: a combinação deum comprimento de 4,15 m, uma bitola de 2,35 m e um ângulode viragem de 52 graus permite obter um raio de viragem de ape-nas 4,2 metros e, desta forma, uma ótima manobrabilidade. x

Page 45: Revista-Ruminantes #6

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 45

EQUIPAMENTOS

Independentemente do tamanho da exploração,a qualidade do leite é melhor quanto mais rápidaé a sua refrigeração. A GEA Farm Technologieslançou no mercado uma nova série de tanques derefrigeração — designada PCool — específicapara explorações pequenas e pontos de recolha.Com capacidades entre 320 e 1950 litros, é muitosimples de utilizar e dispõe de eficiente potênciafrigorífica e excelentes propriedades isoladoras.Os tanques refrigeradores PCool oferecem a

potência frigorífica perfeita com um mínimo con-sumo energético. Os evaporadores STI de açoinoxidável conseguem uma ótima transferência

térmica. Estão desenhados de forma a que o re-frigerante se distribui de forma perfeita por todaa superfície. O retorno do óleo ao evaporador ga-rante uma lubrificação adequada, alta fiabilidadee uma longa vida. Os tanques de refrigeração sãoisolados com espuma de poliuretano livre deCFC. Assim, os produtores também podem refri-gerar e armazenar perfeitamente pequenas quan-tidades de leite com baixo consumo de energia.Como a temperatura entre ordenhas aumentamuito pouco, mantém-se a qualidade do leite.

O poder de refrigeração é monitorizado e con-trolado por um dispositivo eletrónico A4 com umecrã digital. As unidades de refrigeração e os agi-tadores pré-ajustados de fábrica arrefecem o leitede forma rápida e fiável com baixo consumo deenergia. Durante a primeira ordenha, atrasa-se au-tomaticamente o início do arrefecimento. Paramedir com precisão o volume de leite, todos ostanques de leite PCool são calibrados com umasonda de nível de aço inoxidável.x

Eficiência de refrigeração para pequenasexplorações leiteiras

Nova tecnologia John Deere Kernelstar de processamentode maçarocas em ensiladoras automotrizes

A John Deere anunciou que continuará a me-lhorar o seu nível de competência no sector debiomassa e alimentação para o gado através daaquisição duma inovadora tecnologia de proces-samento de grão/forragem para ensiladoras auto-motrizes. Os correspondentes direitos depropriedade intelectual foram adquiridos pela em-presa CAWI, que tinha comercializado previa-mente esta solução sob o nome MasterCracker.O conceito KernelStar baseia-se num design

patenteado de disco "chanfrado" que permite umtratamento mais intensivo do grão, em compara-ção com o design convencional de rolo cilíndricoou outros designs de disco presentes no mercado."Além de um melhoramento no processamentodo grão, pode conseguir-se uma redução signifi-cativa das partículas de comprimento excessivo,assim como uma redução do consumo energéticodos componentes", explicou Richard Halsall,chefe da divisão de marketing de ensiladoras au-tomotrizes. O novo design aplica discos entrela-çados perfilados, o que aumenta a superfície emelhora assim o processamento da colheita. "Aforma especial patenteada dos discos propor-ciona-lhes uma largura efetiva de processamentoquase três vezes maior que a do processador de

grão tipo convencional com rolo standard", acres-centou Halsall.Este ano será anunciada a integração total do

conceito nas ensiladoras automotrizes John Deerecomo uma opção instalada de fábrica; entretanto,podem adquirir-se kits que permitem adaptar asensiladoras automotrizes. Este novo componenteintegra-se perfeitamente num número de soluçõespara ensiladoras automotrizes John Deere deponta no sector, entre as que se contam inovado-ras soluções para frentes de corte, o cilindro re-cortador DuraDrum e o galardoado sensor dehumidade e composição HarvestLab". x

Page 46: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO

46 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

ALIMENTAÇÃO

Stress do calor

COMO MINIMIZAR O STRESS DO CALOR ?

A vaca, sendo um animal homeotérmico, tem de manter relati-vamente constante a sua temperatura corporal (38ºC - 39ºC) para as-segurar o seu normal metabolismo.

Em situações de excesso de calor ambiental, o animal tem queser ajudado a maximizar os seus processos de termo-regulação datemperatura corporal, para perder calor por várias vias:

por irradiação - à medida que aumenta a temperatura ambiental,diminui a diferença térmica entre o animal e o ambiente, redu-zindo-se a quantidade de calor que o animal pode perder por ir-radiação - donde a necessidade de os animais poderem dispor dezonas frescas, sombreadas e bem ventiladas.

por evaporação - a dissipação de calor por evaporação do suor éum processo relativamente pouco eficaz na vaca leiteira, poisesta dispõe de menos glândulas sudoríparas que outras espécies.Para maximizar o arrefecimento por evaporação, existem siste-mas de humidificação associada a ventilação.

por respiração - há perda de calor por respiração se o ar inspiradofor mais fresco que o expirado.Se a humidade do ar expirado for superior à do inspirado, émaior a perda de calor através da respiração.A redução da temperatura e da humidade ambientais aumenta aeficácia da perda de calor por esta via.

consumo de água fresca - sendo fresca, a água de bebida baixaa temperatura do tracto digestivo (boca, esófago, rumen e abo-maso), além de repor o equilíbrio hídrico das perdas por suda-ção e respiração.

redução da actividade e da ingestão alimentar - dado que a ac-tividade muscular, o metabolismo basal e a fermentação rumi-nal originam a produção de calor, nos períodos mais quentes avaca “defende-se” reduzindo a sua actividade muscular e so-bretudo a ingestão de alimentos mais fibrosos (cuja digestãoaumenta as contracções das paredes do rúmen e o calor resul-tante da sua fermentação ruminal).

Jerónimo Pinto, Engenheiro Agrónomo, Eurocereal SA

[email protected]

O calor dos dias quentes do verão provoca STRESStérmico nas vacas leiteiras, com forte impacto na suaeficácia metabólica e nos seus resultados produtivos /reprodutivos.

O animal entra em stress quando a temperatura ambiente ultra-passa o limite superior da sua zona de conforto térmico (23-25ºC),sobretudo quando a humidade relativa do ar for mais elevada.

Quando a soma da temperatura ambiente + humidade relativado ar supera o valor de 100, o animal entra em stress de calor,reduz a ingestão alimentar e baixa a produção leiteira e a efi-cácia reprodutiva, aumentando o risco de ocorrência de váriosproblemas metabólicos.

A intensidade e a gravidade do stress do calor sobre os animaissão dadas internacionalmente pelo Índice de Temperatura-Humi-dade (THI) - segundo o qual mesmo temperaturas de apenas 22ºC-23ºC já podem ser causa de stress se a humidade relativa do ar formuito elevada (>80%).

A 25ºC de temperatura ambiente e humidade relativa (HR) doar superior a 75%, a temperatura corporal das vacas atinje 40ºC –como se os animais estivessem com febre.

A 37ºC (que muitas vezes ocorrem em instalações mal ventiladas),o stress sofrido pelos animais varia entre grave (25% humidade),muito grave (50% humidade), até poder ser fatal (>80% humidade).

Influência do calor como factor de “stress” nas vacas leiteiras

Fatal

46.7

45.0

43.3

41.7

40.0

38.3

36.7

35.0

33.3

31.7

30.0

28.3

26.7

25.0

23.3

21.70 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% Humidade Relativa

Tempe

ratura

Muito Grave

Stress Grave

Stress Ligeiro

Sem Stress

Page 47: Revista-Ruminantes #6

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2011 47

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

É necessário formular arraçoamentos específicos para o pe-ríodo do verão, ajustar o maneio alimentar e evitar que os animaispossam seleccionar e rejeitar os componentes mais “fibrosos” daalimentação.

Tendo em vista minimizar os efeitos do stress do calor em vacasleiteiras, as estratégias a adoptar durante o verão deverão incidirsimultaneamente sobre:

1 - as condições ambientais2 - o maneio alimentar3 - a composição da alimentação

1 - CONDIÇÕES AMBIENTAIS

Zonas de SombraVasta experiência tem demonstrado que a existência de sombra

sobretudo nas áreas de alimentação e repouso minimiza signifi-cativamente a redução da ingestão alimentar / produção leiteiradurante o tempo quente do verão.

VentilaçãoInstalações bem projectadas devem dispor de sistemas de ven-

tilação estática devidamente dimensionados para promover a ne-cessária circulação e renovação do ar. Porém, no verão, estaventilação estática pode ter que ser reforçada com ventilação di-nâmica/forçada (ventiladores) - quase sempre sobre a manjedourade forma a que, nas épocas quentes, a zona de alimentação sejamais fresca e confortável para incitar os animais a maior consumo.

É importante realçar que o tipo de ventilador adequado paraexplorações leiteiras é distinto dos doutras espécies.

RefrescamentoO sobreaquecimento das instalações pode ser reduzido me-

diante a pintura de branco ou metalização da superfície externadas coberturas, o seu isolamento térmico interno e/ou a utilizaçãode aspersores sobre as coberturas.

A opção por sistemas de humidificação deve ser bem estudada,dada a relação temperatura - humidade.

A nebulização (“humidity fog”) e a micro-aspersão (“fine-spray” ou “mist”) refrescam o ambiente em situações de baixa hu-midade relativa do ar. A aspersão (“sprinkling”) molha os animaiscom alta humidade relativa do ar.

Quando bem seleccionados e utilizados, estes sistemas podemser muito eficazes no refrescamento do ambiente.

2 - MANEIO DA ALIMENTAÇÃO

O impacto que o stress do calor tem na produção leiteira resultasobretudo da redução na ingestão alimentar.

Sobretudo nas épocas mais quentes, é necessário redobrar a aten-ção às estratégias de maneio que se sabe serem mais determinantespara maximizar a ingestão alimentar:

• reduzir a dominância social e a competição alimentar• disponibilizar alimentação fresca quando as vacas saem da ordenha• disponibilizar alimentação nos períodos mais frescos do dia (in-

cluindo a noite)• limpar frequentemente a manjedoura dos restos acumulados• vacas primíparas e recém-paridas separadas das restantes• disponibilizar suficiente espaço de manjedoura para todas as vacas• aumentar a frequência de administrações diárias da alimentação• proceder à alimentação por grupos / fases de produção• ajustar o cálculo do arraçoamento às condições ambientais...

Chama-se especialmente a atenção dos utilizadores de sistemasde alimentação automática para a necessidade de, durante o tempoquente, redobrar o controlo da descarga dos seus silos, dada a maiorpossibilidade de a ração (especialmente se for farinada) ficar agar-rada às paredes dos silos e poder não chegar aos animais.

3 - COMPOSIÇÃO DA ALIMENTAÇÃO

Com o aumento da temperatura ambiente aumentam as neces-sidades nutricionais de manutenção e, ao mesmo tempo, reduz-

se a capacidade de ingestão alimentar, nas seguintes proporções:Assim, o arraçoamento a utilizar nas épocas mais quentes tem

de ser quantitativa e qualitativamente distinto dos utilizadosnoutras épocas do ano.

Nos arraçoamentos de verão deve ter-se como objec-tivos prioritários:1 - Aumentar a ingestão alimentar:

• aumentar a frequência de administrações diárias• utilizar forragens de melhor qualidade• usar alimentos com melhor palatabilidade• balancear muito bem o arraçoamento-total

2 - Aumentar a concentração nutricional do arraçoamento:• aumentar a concentração energética• aumentar proteina “by-pass”• melhorar a qualidade e digestibilidade da fibra• incluir “buffers”, niacina, leveduras, gordura protegida, etc.• reforçar os níveis de Vitaminas A e E e de mineraisespecialmente Potássio (K), Sódio (Na) e Magnésio (Mg)

3 - Assegurar total disponibilidade e a máxima qualidade daágua de bebida (uma vaca consome 2-4 litros de água por kg demat.seca + 3-5 litros/ kg leite produzido). x

Temperatura ºC Necessidades Manutenção Ingestão Alimentar20 — —25 + 4 % - 7 %30 + 11 % - 23 %35 + 20 % - 40 %40 + 32 % - 56 %

Stress do Calor - Factores determinantes

Ambiente Animal Alimentação

• Temperatura

• Humidade

• Ventilação

• Sombra

• Estrutura social

• Produção leiteira

• Condição corporal

• Estado de saúde

• Nº refeições por dia• Balanço nutricional• Natureza da fibra• Qualidade das forragens• Humidade arraçoamento • Palatabilidade alimentos • ÁGUA fresca e limpa

Page 48: Revista-Ruminantes #6

BEM ESTAR ANIMAL

48 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

A peeira (foot rot, em inglês) pode surgir sob diversas formas –desde a que é designada de benigna, até à forma extensa com ne-crose profunda dos tecidos. O agente primário, e determinantedesta doença podal, é a bactériaDichelobacter nodosus, ao qual seassocia normalmente a bactéria ubiquitária Fusobacterium ne-crophorum, e possivelmente alguns outros microorganismos comoTreponema spp.. A gravidade das lesões depende essencialmenteda estirpe de D. nodosus presente, a que corresponde capacidadesdiversas de digerir a queratina e tecido conjuntivo sub-cutâneo.

Se bem que a doença apenas surja quando as duas bactérias re-feridas se associam e complementam, é também verdade que nasexplorações onde não há D. nodosus não se verifica a existênciade peeira. Tendo em conta que F. necrophorum se desenvolve esobrevive bem em praticamente todo o lado, é claro que, para seentender como a peeira se transmite, se combate e se previne, é es-sencial ter a noção das características da bactéria D. nodosus. Tal-vez surpreendente para alguns é o facto desta bactéria ser muitopouco resistente no ambiente, ou seja, a manutenção da doençano rebanho passa pela presença de portadores, mesmo que semsinais clínicos muito evidentes. A esta característica adiciona-se ofacto de se tratar de uma bactéria anaeróbica estrita (apenas se de-senvolve em ambientes sem oxigénio).

As condições propícias à sobrevivência do agente D. nodosussão: temperaturas acima dos 10º C e uma humidade relativa alta,o que corresponde, no nosso clima, aos meses da Primavera e doOutono. Mesmo quando se estabelece o contexto perfeito, a so-brevivência da bactéria fora do animal não ultrapassa os 7-10 dias,o que significa que a erradicação através de vazio sanitário daspastagens e parques até não é muito problemática. A bactéria étambém sensível à maioria dos desinfectantes e à secura sendo,por isso, relativamente fácil garantir a sua eliminação dos estábu-los através da remoção das camas, lavagem com desinfectantes emanutenção do piso exposto ao ar e sol durante umas semanas.

As estirpes mais benignas de D. nodosus geralmente apenas cau-sam um “escaldão” do espaço interdigital, que se caracteriza porpele avermelhada, húmida, sem cheiro e causando pouca dor e co-

xeira. As situações mais graves dependem da associação de três fac-tores: presença de uma estirpe maligna de D. nodosus, uma feridaou simplesmente uma punção da pele da zona interdigital e a ac-tuação de F. necrophorum. Esta última irá facilitar a penetração eproporcionar e ambiente óptimo (sem oxigénio) para a primeira sedesenvolver, multiplicar e digerir os tecidos profundos do casco.

George Stilwell, Inês Ajuda, Ana Vieira , AWIN – Animal Welfare Indicators Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

A peeira - fonte de fraco rendimento e de muito sofrimento

A peeira é uma das doenças que mais ameaça o bem-estar de ovinos. A dor intensaé muitas vezes identificada pela posição dos animais (e.g. andar de “joelhos”)

Dependendo da estirpe de Dichelobacter nodosus as lesões podem ir de simples es-coriações a necrose profunda dos tecidos das extremidades

A peeira é uma doença infecciosa que afecta o espaço interdigital e as unhasde pequenos ruminantes, e especialmente as dos ovinos. Pode causar dorintensa, relutância ao movimento, perda de apetite e emagrecimento (>10%).Por estas razões deve ser considerada uma forte ameaça ao bem-estar animale ao sucesso económico das explorações.

CAUSAS, TIPOS, SINAIS E EVOLUÇÃO DA DOENÇA

Page 49: Revista-Ruminantes #6
Page 50: Revista-Ruminantes #6

BEM ESTAR ANIMAL

50 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Nestes últimos casos o espaço interdigital está coberto de crostas,sob as quais se observa tecido necrosado com um cheiro pútrido, eo próprio estojo córneo (unha) poderá estar separado do tecido vivode crescimento por material infectado e necrosado. Em situações ex-tremas a infecção pode atingir estruturas muito fundas da extremi-dade podal. A peeira pode afectar uma ou mais patas e causa dormuito intensa que se manifesta por graus crescentes de coxeira, in-cluindo o não apoio da pata afectada, andar de “joelhos” oumesmo a prostração.

O TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA PEEIRAComo já se referiu, os caprinos parecem ser menos susceptíveis

a esta doença quando comparado com os ovinos, e mesmo dentrodesta última espécie existem raças com graus diferentes de pre-disposição às formas graves de peeira. Neste momento, uma dasequipas do nosso projecto AWIN procura perceber o porquê destadiferença através da identificação dos genes envolvidos. A espe-rança será a de conseguir criar, através de selecção genética, ani-mais com estruturas podais mais resistentes à penetração e acçãodas duas bactérias.

Até termos essa população mais resistente, temos de dar prio-ridade a outras formas de combate e profilaxia. Como se referiua bactéria determinante é pouco resistente no ambiente e é nessafragilidade que se deve basear os programas de erradicação dadoença. Quatro factos tornam esta abordagem, aparentementesimples, numa actuação bem mais complicada:

i) os poucos conhecimentos dos produtores sobre a origem epropagação da doença, leva-os a “saltar”, circundar ou simples-mente ignorar aspectos fundamentais do controlo da peeira;

ii) animais com pouco sinais de doença mantêm e espalham abactéria, perpetuando a infecção do ambiente e logo dos coabi-tantes;

iii) a dificuldade em se manter pastagens e parques sob vazio du-rante cerca de 15 dias, ou o facto da transumância obrigar os reba-nhos indemnes a passar regularmente por locais frequentados poranimais infectados;

iv) a relutância de alguns produtores em eliminar do rebanhocertos animais que por serem incuráveis, ou portadores crónicos,nunca deveriam ser retidos.

Se se conseguir ultrapassar estes entraves é possível eliminar adoença, mas para tal é preciso empenho e alguma paciência, jáque o programa demorará algum tempo a ser concluído e os re-sultados poderão não ser muito evidentes no início.

A primeira fase do programa passa pela observação cuidadosa detodas as patas de todos os animais e a separação em grupos infec-tados e não-infectados. O primeiro grupo obviamente que tem deestar confinado a pastagens e parques não infectados e deverá pas-sar por um pedilúvio (pelo menos) uma vez por semana. Os ani-mais infectados devem ser tratados (corte de cascos, tratamentoantimicrobiano local e, eventualmente, sistémico) e as suas patasdevem passar pelo pedilúvio (não o mesmo do grupo não infectado)todos os dias. Pouco a pouco, os animais do grupo infectado serãotransferidos para o grupo saudável, ou refugados, no caso de se ve-rificar que os tratamentos não estão a controlar a infecção. A vigi-

lância tem de ser continuada e apenas poderão ser passados para oprimeiro grupo aqueles animais que seguramente não são portado-res assintomáticos. Este programa deverá ser orientado e acompa-nhado por um médico-veterinário que será aquele mais capaz dedistinguir graus de infecções e promover o tratamento adequado.

A vacinação pode ser vista como uma opção, mas devido aosefeitos secundários e à fraca resposta imunitária de alguns ani-mais, apenas deverá ser utilizada em rebanhos com uma eleva-díssima prevalência de peeira e apenas até à redução desta paraníveis baixos.

O momento do ano para iniciar um programa de erradicação dapeeira depende de uma série de circunstâncias. Se bem que pareçaser preferível avançar no tempo seco (verão) ou frio (inverno), o quepode acontecer é ser mais difícil detectar os portadores nestas altu-ras. Também a fase reprodutiva e produtiva dos animais e a dispo-nibilidade de pasto condicionam e limitam a possibilidade de dividiro rebanho nos tais grupos e de mantê-los separados sem recorrer àtransumância.

O tratamento dos animais afectados varia com a gravidade docaso: as infecções benignas são tratadas apenas com antimicro-biano tópico (e.g. aerossol) ou através de pedilúvios; enquantoque os casos malignos implicam o corte das unhas, limpeza e la-vagem das lesões, aplicação local de antimicrobianos e, nos casosde infecções profundas, antibiótico injectável. Sendo que a dor éum componente importantíssimo desta doença, é lógico pensarque a administração de analgésicos será benéfica não só para sal-vaguardar o bem-estar, mas também para evitar quebras impor-tantes de produção e perda de condição corporal. A exequibilidadee o interesse económico do combate à dor em pequenos rumi-nantes com coxeiras está também a ser alvo de investigação pelanossa equipa do AWIN.

Finalmente, uma palavra sobre bio-segurança. Não faz sentido en-veredar por um programa deste tipo se este não for acompanhado eprocedido por fortes medidas de bio-segurança. Por exemplo, ani-mais comprados devem ser bem examinados e, se possível, manti-dos em quarentena durante uma a duas semanas. Será escusado dizerque esta mesma medida deve ser obrigatória em qualquer rebanhoque não esteja afectado pela peeira, pois, como já se disse, apenas aausência do D. nodosus poderá garantir a ausência da doença. x

»

A resistência da bactéria D. nodosus aumenta em condições de calor ehumidade, que podem ser proporcionadas por camas húmidas e elevadadensidade nos parques.

Page 51: Revista-Ruminantes #6
Page 52: Revista-Ruminantes #6

52 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Acha que a biossegurança numa exploração leiteira é importantenos dias que correm?

As medidas de biossegurança devem-se basear no seguinte prin-cípio: “A prevenção é melhor do que a cura". Prevenir a introdu-ção e disseminação de agentes patogénicos nas explorações, deforma a assegurar o bem-estar dos efectivos bovinos, assim comoa saúde pública, contribuindo para garantir a segurança dos pro-dutos de origem animal. Um dos principais benefícios da imple-mentação do plano de biossegurança é a redução dos custosresultantes das doenças e um aumento da produtividade. Como"cada caso é um caso", cada exploração agrícola deve desenvol-ver, em colaboração com o seu Médico Veterinário, um plano fle-xível e prático de biossegurança adaptado as suas exigências.

Aconselha a fazer controlo reprodutivo? O que se pode ganharcom isso?

Na conjuntura atual, para uma exploração ser rentável tem demaximizar todos os factores que influenciam positivamente asaúde dos seus animais e, consequentemente a produção de leite.O controlo reprodutivo surge como um dos "pilares" fundamen-tais nas explorações de vacas leiteiras, pois permite "acompanhar"o animal desde o momento do parto até que este é confirmadocomo gestante, tendo como principal objetivo situar o intervaloparto-concepção à volta dos 120 dias em leite. Este facto é im-portante porque quanto mais tarde a vaca é inseminada ou ficagestante, maior o número de dias em lactação e menor a produçãode leite/vaca/dia.

Quais as mais valias de fazer diagnósticos de gestação por eco-grafia?

Na prática bovina, a ultrassonografia tornou-se num meio dediagnóstico muito importante para avaliar o sistema reprodutivofeminino. Apresenta as seguintes vantagens:

1 - Realizar um diagnóstico de gestação mais precoce; 2 - De-

tectar a viabilidade do embrião; 3 - Determinar o sexo fetal; 4 -Compreender e avaliar a dinâmica folicular; 5 - Identificar alte-rações uterinas e ováricas;

O uso da ecografia transrectal é uma técnica mais dispendiosae implica mais conhecimentos e experiência por parte do opera-dor, no entanto apresenta inúmeras vantagens, tornando-se viá-vel, aumentando a eficiência do controlo reprodutivo numaexploração de bovinos de leite. x

Biosegurança e controlo reprodutivoVale a pena na actual conjuntura do negócio do leite?

Daniel Dias de Oliveira

[email protected]

• ao 30º dia de gestação • ao 55º dia de gestaçãoEcografia do embrião

Daniel Dias de Oliveira tirou o mestrado integrado em MedicinaVeterinária pela Escola Universitária Vasco da Gama em 2011.Exerce actividade profissional no distrito de Braga.

Entrevista pela Revista Ruminantes

PRODUÇÃO SAÚDE ANIMAL

Page 53: Revista-Ruminantes #6
Page 54: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO SAÚDE ANIMAL

54 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

A recria de jovens é a fonte derejuvenescimento da exploração, quer ela sejade aptidão leiteira, quer de aptidão cárnica,sendo que muitas vezes é o “parente-pobre”da exploração, pois é vista como um“sorvedouro” de recursos e trabalho. No casodas explorações leiteiras, a importação deanimais já recriados era a solução para aentrada de animais, no entanto, como aexperiência ditou, também foi ponto deentrada de várias doenças produtivas como oBVD, IBR, mastites, micoplasmas, entreoutras.

Esta problemática é bastante complexa e pode ser di-vidida por duas fases, relativamente ao maneio que podeser feito com a mãe, e os fatores referentes ao vitelo/vi-tela. Neste aspeto dividimos o artigo em duas partes.O maneio de bovinos leiteiros é muito diferente do

maneio dos bovinos de aptidão cárnica, sendo queneste conjunto de artigos, é assinalado em que aptidãoo fator descrito é importante.

Maneio NeonatalSaúde do vitelo - parte I

1 – Biossegurança (CL)

Sendo já um tema recorrente, a biossegurança pres-supõe que o estatuto sanitário da exploração deve sermantido num nível elevado, sendo que a presença dealgumas patologias, como o BVD e a Neosporose,podem condicionar o aparecimento de vitelos com al-terações imunitárias, ou congenitamente mais fracos.

2 – Evitar distócias (CL)

As dístócias representam a principal causa do atrasode toma de colostro em vitelos, principalmente em ex-plorações de carne.Os fetos que estejam em sofrimento durante o parto

sofrem hipoxia (redução dos níveis de oxigenação),sendo que como consequência estes animais sãomenos eficientes na absorção do colostro.Neste aspeto específico a escolha dos machos que

possuam facilidade de partos, é um dos passos quedeve ter tido em conta, além da seleção de fêmeas quepossuam uma boa estrutura dos ossos da pélvis, logocapacidade de parição.

3 – Condição corporal (CL)

A condição corporal condiciona os dois lados da in-teração mãe-feto (como pode observar na imagem 1).

Na exploração de carne, a capacidade do produtorem acompanhar o estado reprodutivo é menor, devidoa vários fatores:¥ Época de cobrição – a indefinição da data de co-

brição – desconhecimento da data de parto;¥Nutrição – no seguimento do ponto anterior, con-

diciona o acompanhamento nutricional adaptado ao es-tadio reprodutivo do animal.

André Pires Preto, Médico Veterinário, Serviços Técnicos MSD Saúde Animal

[email protected]

Condição corporalBaixa Excessivo

Efeito no neonato

• Falta de peso ao nascimento

• Falta de vitalidade

Efeito na vaca

• Distócia por debilidade

• Baixa qualidade colostral

• Baixa produção leiteira

Efeito no neonato

• Vitelos com elevado peso ao nascimento

• Vitalidade do vitelo

Efeito na vaca

• Distócia

• Problemas metabólicos peri-parto

Sigla

C Aptidão cárnica – Exploração normalmente em extensivo

LAptidão leiteira –Exploração intensiva

Tabela descritiva das consequências que as diferentes condiçõescorporais podem ter na interacção neonato-vaca.

Page 55: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃOSAÚDE ANIMAL

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 55

Nas vacas de leite a data de parto prevista é conhecida,sendo que ao nível do maneio, é determinante no acom-panhamento nutricional, no entanto, por vezes em algu-mas explorações encontramos vacas que ao partopossuem uma condição corporal demasiado elevada, de-vido a curvas de lactação muito persistentes, logo vacas

alimentadas com alimento muito rico até muito tarde.O ajuste da condição corporal antes da seca (bovinos

de leite), e antes dos 7 meses de gestação (bovinos decarne), deve ser avaliado e posto em prática, condi-cionando a lactação futura e possíveis problemas me-tabólicos.

4 – Período de secagem (LC)

As vacas secas pertencem a mais um grupo dosque merecem menor atenção na exploração, pois nãocontribuem diretamente para a entrada de capital naexploração. Mas o período seco possui uma impor-tância fundamental para a recuperação/preparação daglândula mamária, para a produção de colostro e pos-teriormente de leite. Já Newman em 1991, entre ou-tros investigadores, verificaram a redução da duraçãodo período seco e a quantidade de colostro produzida(que pode chegar a -2,2kg caso o período de secapasse dos 60 para os 45 dias). Além do mais, o pe-ríodo seco, é a altura em que é possível curar deter-minadas ocorrências de mastites, facto sobejamenteconhecido pelos profissionais do leite (produtores e

seus médicos veterinários), mas nas raças de carneexistem referências a uma taxa de incidência de mas-tites de 30 a 65% (Paape et al, 2000).

O correto maneio da vaca seca:• Registo de mastites;• Tratamento de secagem;• Tempo de recuperação- principalmente no casode explorações leiteiras;

• Política de refugo de animais que tenham tidoepisódios anteriores de mastite.

Estas são medidas que quando bem delineadas edevidamente executadas dão origem a resultadospositivos, nos dois tipos de exploração, além da mu-dança dos animais para os parques/cercas de pariçãopara acompanhamento cuidadoso do parto.

5 – Qualidade do colostro (CL)

A qualidade colostral depende, dos pontos que foramfocados anteriormente, bem como a exposição aosagentes infeciosos presentes na exploração. É do co-nhecimento comum, que o colostro de vacas multíparaé mais rico em anticorpos que o colostro de novilhasou vacas de 2ºparto (ver imagem 2). Aquando da utili-zação de uma mistura de colostro (não esquecer a te-mática da biossegurança, principalmente em relação àparatuberculose), podemos estar a reduzir a qualidadeglobal do colostro. Como boa prática de maneio pode-mos aumentar artificialmente essa qualidade colostral,estimulando artificialmente a resposta imunitária dosanimais, pelo menos em relação aos agentes mais pas-siveis de provocar diarreias neonatais, e cuja imuni-dade possa ser estimulada, nomeadamente E.coli,rotavírus e coronavírus. Mas este procedimento im-plica uma estimulação numa determinada janela de va-cinação, que é bastante específica, pois a produção deanticorpos e migração destes para o ubere obedece a ti-mings muito estreitos (até 15 dias antes do parto).Sendo esta janela de oportunidade bastante estreita,devem ser feitas escolhas adequadas em relação às ca-racterísticas da vacina, e aos seus momentos de apli-cação em conjunção com o maneio da época deparições, sendo que este último fator, nas exploraçõesde leite está mais facilitado.

No entanto, convém lembrar, que a resposta imuni-tária também está dependente de outros fatores comoa carga parasitária, principalmente em animais em ex-

tensivo, implicando um maneio correto dos animais.A abordagem à exploração e a preparação do parto

deve contar com quem realmente conhece a explora-ção e o seu maneio - o produtor, mas devendo o papeldo médico veterinário ser tido em conta, não só na úl-tima fase do “problema” – o parto – mas sim na pre-paração de tudo o que ele implica.Estes cinco (5) passos, podem ser considerados para

a avaliação e melhoramento dos procedimentos, noque concerne aos cuidados a ter ao nível da mãe. Nopróximo número da revista Ruminantes, contamos co-locar a parte II do artigo, que descreve quais os pontoscríticos ao nível do vitelo/vitela.

Qualidade do colostroVariação com o número de partos

Número do parto

Quali

dade

do

colo

stro

(% d

e lg

)

Primeiro Segundo Terceiro Quarto ou mais

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

Variação da qualidade do colostro com o aumento do númerode partos (Adaptado de Gonzales, 2001)

Page 56: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

56 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Para perceber qual a ordem correcta paraadicionar os ingredientes no reboquemisturador, é necessário ter em consideraçãoas propriedades fisicas dos ingredientes queafectam a mistura, tais como o tamanho,forma, densidade, capacidade de absorção deágua (higroscopia), electricidade estática eaderência.

HUMIDADE DOS INGREDIENTES

Ingredientes secos de partícula pequena fixar-se-ãoem ingredientes com altos niveis de humidade, taiscomo a silagem ou o melaço.

Assim, é importante misturar adequadamente os in-gredientes secos antes de adicionar os húmidos. Destaforma, imagine que está a fazer um bolo em sua casa.Primeiro, irá adicionar a farinha, dado ser o ingredienteque utilizará em maior quantidade e por se tratar de umingrediente seco. Adicionada a farinha, possivelmenteadicionará açucar e finalmente levedura ou outro in-grediente seco utilizado em pequenas quantidades. Porúltimo, serão adicionados os ingredientes ditos “pega-josos”, tal como por exemplo o óleo ou os ovos.

DENSIDADE DOS INGREDIENTES

Ingredientes mais pesados irão afundar-se, ingre-dientes mais leves irão flutuar. A silagem de milho é33% mais densa que a silagem de luzerna, e o mineralmisturado pode ser 2 ou 3 vezes mais denso do quematérias primas proteicas) ou a mistura de grãos. In-gredientes com baixa densidade e partículas de com-primento longo, tal como o feno, devem seradicionados primeiro, seguidos de ingredientes comalta densidade e partículas de baixo comprimento, quese afundarão.

As diferentes propriedades físicas dos ingredientesincluídos na ração da vaca fazem com que seja muitodifícil obter uma ração uniformemente misturada, es-pecialmente usando o sem-fim de design simples damaioria dos unifeeds. Muitos produtores de leite usamalimentos provindos de fábricas de rações ou prepa-ram eles próprios as suas misturas de forma a assegu-rar que os cereais, matérias primas proteicas,

subprodutos, minerais, e premixes são misturados cor-rectamente. É interessante verificar que, num estudoconduzido para avaliar a uniformidade da mistura dealimentos fabricados em fábricas, concluiu-se que ape-nas 50% das amostras tinham um coeficiente de va-riação (CV) aceitável de menos de 10%; no entanto,20% das amostras tinham um CV acima dos 30%.Comparando o equipamento usado nas explorações vso utilizado nas fábricas de ração, podemos assumir queos “concentrados” produzidos nas explorações sãoainda menos uniformes que os produzidos nas fábri-cas. As implicações dos “concentrados” com alto CVsão o facto de as vacas possivelmente não comerem amesma proporção de ingredientes em cada porção quecomem, e alguns ingredientes caros (i.e. minerais pesa-dos) poderem não estar uniformemente distribuídos aolongo do comedouro.

Preparar o Unifeed (TMR)Que ingredientes adicionar primeiro?

Noelia Silva-del-Río, Universidade da Califórnia e Milkproduction.com

Page 57: Revista-Ruminantes #6

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 57

Misturar forragens com cereais moídos, misturas pro-teicas, subproductos, minerais e premixes é um desafioainda maior. Dependendo da marca e do tipo de unifeed,o fabricante recomendará uma ordem de “ingredientesmais apetecíveis” por forma a preparar a mistura (TMR).Carros misturadores verticais permitem a incorporaçãode feno não processado, que deve ser adicionado comoprimeiro ingrediente devendo, no entanto, o tempo demistura ser cuidadosamente controlado para assegurarque o comprimento das partículas não é excessivamentereduzido. Embora alguns modelos de unifeeds de misturahorizontal de sem-fim equipados com facas também per-mitam a incorporação de feno não processado, a unifor-midade da mistura será melhor quando este tenha sidoprocessado anteriormente.

Caso não existam especificações do fabricantedisponíveis, deverá ser considerado o seguinteprotocolo:

1º. Feno longo que necessita de ser processado.2º. No caso de não ser pretendido um processamento deforragens (feno ou silagem) subsequente, adicionar emprimeiro lugar os grãos ou concentrados seguidos dosingredientes que serão incorporados em pequenasquantidades, tais como os minerais e as vitaminas.

3º. Forragens que não necessitam de ser processados.4º. Líquidos devem ser os últimos ingredientes.

No entanto, apenas depois de conduzir várias tentativasna produção de misturas em explorações, com diferentessequências no adicionar dos ingredientes, podemos che-gar à conclusão de qual a ordem de ingredientes mais de-sejável por forma a obter uma ração uniformementemisturada.

Um produtor de leite colocou-me a seguinte questão:“Todo o meu feno está picado. Se adicionar o feno comoprimeiro ingrediente no TMR, este ficará demasiado pro-cessado. No entanto, se o adicionar como último ingre-diente, flutuará e não será misturado. O que devo fazer?”

Os problemas da mistura de feno descritos pelo produtor de leite podem ser resolvidos daseguinte forma:

- Diminuindo a acção cortante do misturador, retirandofacas. No entanto, se o misturador for usado para pre-parar outras rações, talvez esta não seja uma soluçãoprática.- Aumentando a densidade do feno, através de:

1) embebê-lo em água ou melaço, ou 2) pré-misturá-lo com ingredientes húmidos, talcomo a silagem.

- Preparando uma pré-mistura com todos os ingredien-tes TMR com excepção do feno. Adicionando assim ofeno como primeiro ingrediente e depois então a pré-mistura. x

Page 58: Revista-Ruminantes #6

58 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Os sistemas de ordenha tradicionais estão a dar lugara sistemas de ordenha automático, mais conhecidoscomo robots de ordenha.Hoje em dia, esta tecnologia adquiriu um grau de

maturidade tal que o ritmo de conversão para estes sis-temas aumenta muito de ano para ano um pouco portodo o mundo.A gestão de uma exploração com ordenha automá-

tica difere significativamente da gestão das explora-ções tradicionais: novos parâmetros a controlar, outraforma de proceder no maneio e diferentes rotinas detrabalho.O objectivo deste trabalho é divulgar alguns dados

sobre a produção e qualidade do leite num estudo re-cente (EUA), definindo alguns factores chave do su-cesso para uma boa transição entre o sistemaconvencional e o automatizado.Os primeiros estudos sobre sistemas de ordenha au-

tomática na Europa (AMS) mostraram um aumento dacontagem de células somáticas nos tanques (BTSCC)e dificuldades para os agricultores se adaptarem à ges-tão das novas rotinas (Rasmussen et al., 2002).

Desde essa altura, a tecnologia e a gestão da infor-mação dos AMS evoluíram bastante, melhorando con-sideravelmente com a sua introdução plena nos EUA eem alguns países da Europa, nomeadamente Portugal(2004). O apoio à gestão da exploração melhorou deforma a assistir os produtores durante a fase de transi-ção, da ordenha convencional para a ordenha automa-tizada.O estudo acerca do qual apresentamos aqui alguns

resultados foi efectuado através de inquéritos na Inter-net a um grupo de cerca de sessenta produtores de leiteque começaram a utilizar o AMS - Lely Astronaut®entre Janeiro 2008 e Janeiro de 2011. As questõesforam colocadas por categorias:1) Configuração da exploração (tamanho do reba-nho / tipo de estábulo / Balanço alimentar / esta-bulação livre e relação de camas / tipo de cama /limpeza das camas);

2) Resultados 3 meses antes e 1 ano depois da in-trodução do AMS: (produção / nºordenhas / SCC/ PI / DIM / Reprodução / Taxa de abate e razões/ uso de BST;

Transição da ordenhaconvencional para automáticaFactores críticos de sucesso

Ivo Carregosa e Odino Almeida, ALTEIROS – Equipamentos e tecnologias Lda.

EQUIPAMENTOS

Page 59: Revista-Ruminantes #6

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 59

3) Intensidade de apoio à gestão de exploração du-rante a transição para o AMS;

4) Recomendação dos utilizadores para outros que ve-nham a começar no futuro.

No total, responderam cerca de 58% dos produtoresconvidados que indicaram as principais alterações no de-sempenho da sua exploração antes e depois do arranquedo sistema automático de ordenha:a) a produção diária de leite aumentou significativa-mente em todas elas, tendo a média de subida entretodas as participantes no inquérito sido de 5%. Re-banhos ordenhados duas vezes por dia sem o usode BST aumentaram a sua produção de leite em10%. Cinco rebanhos pararam de utilizar BST du-rante o período de transição para o AMS. A idade eo tipo de exploração não tiveram efeitos significa-tivos na produção de leite;

b) o BTSCC e PI não foram significativamente dife-rentes, o que é um resultado melhor do que em es-tudos anteriores, que mostraram uma diminuiçãoda qualidade do leite depois da introdução dosAMS. (Rasmussen et al., 2002);

c) a melhoria do BTSCC durante a transição para oAMS está dependente do nível de SCC antes do ar-ranque: explorações com alta SCC (>250k) antesda AMS reduziram significativamente; exploraçõescom um nível nomal de BTSCC (<250k) antes dainstalação dos robots não se alteraram significati-vamente (Figura 1).

d) os resultados da reprodução melhoraram no pri-meiro ano após o arranque do AMS. A média dedias para o primeiro parto, dias para a concepção e

intervalo entre partos baixou significativamente: -4, -7 e –9 dias respectivamente (T-Test: 0,037,0,14e 0,002 resp.).

e) as taxas de refugo não se alteraram significativa-mente, mas explorações com taxas altas antes, me-lhoraram no primeiro ano após o arranque do AMS.Explorações com boas taxas de refugo antes doAMS mantiveram-se constantes (Figura 2).

f) as razões para o refugo dos animais mudaram noprimeiro ano do AMS: Taxas de refugo por inferti-lidade e idade baixaram (-11% e -4,1% resp.) e astaxas de refugo por ordenha lenta e colocação dostetos aumentaram (+5,3% e +9,3%).

g) outros aspectos da gestão da exploração mostraramalgumas alterações depois do arranque, tais como:1) Quanto maior a densidade de vacas (vacas / es-tabulação livre) maior o aumento de SCC, 2)Menor relação camas / vacas mostrou um aumentode SCC, e 3) Maior densidade de vacas, maior in-tervalo até ao primeiro parto.

h) a longevidade dos animais não é fácil de medir dadoo intervalo de tempo desde a introdução dos AMS.Mas é muito provável que o efeito total sobre os re-sultados anteriormente apresentados contribuampara uma maior longevidade dos animais.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESOs Sistemas AMS têm diversos sensores adicionais

que medem um grande conjunto de dados sobre os ani-mais, em conjunto com as diversas ferramentas e soft-ware disponíveis permitem aos produtores serem

Figura 1: Mudança OS SCC (x1000), após AMS Startup400300200100

0-100-200-300-400

SCC antes da instalação

0 100 200 300 400 500 600R2 = 0.3427

Figura 2: Variações das taxas de abate vs taxas derefugo antes de AMS

30

20

10

0

-10

-20

Taxas de reforma antes da instalação

R2 = 0.34270 10 20 30 40

EQUIPAMENTOS

»

Page 60: Revista-Ruminantes #6

60 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Referências:• Rasmussen, M.D., M. Bjerring, P. Justesen and L. Jepsen 2002. Milk quality on Danish farms with automatic milking systems. J Dairy Sci. 85:2689-2878.• Ben Smink, Peter Kool e Rik van der Tol. Lely USA Inc., Pella IA, USA. Lely Industries N.V., Maassluis, the Netherlands

proactivos em vez de reactivos, sendo assim possívelresolver os problemas antes de estes surgiram. Isto é,permite actuar na prevenção de muitas situações quenum sistema convencional de ordenha apenas se po-deria agir de forma curativa.Bons resultados não são conseguidos apenas por má-

quinas mas sim associados á aplicação de boas práticasde gestão e maneio das vacas.Os produtores entrevistados deram recomendações a

futuros utilizadores de AMS, incluindo: “Mudar a ges-tão diária, utilize as ferramentas informativas.”,“Tenha um nutricionista experiente em AMS, porque aalimentação é um factor chave para o sucesso do sis-tema AMS.”, “Visite outras explorações robotizadas eaprenda com elas.”, “Prepare-se, tenha tempo paraouvir os especialistas da Lely, pois eles têm experiên-cia” e “Prepare o rebanho para a transição: saúde, ali-mentação, patas e conforto animal”. x

EQUIPAMENTOS

DETEÇÃO DE CIOS MAIS EFICAZA Nedap Agri lançou no mercado um sistema de deteção de

cios, que veio alargar a sua gama deprodutos Lactivator: o Lactiva-tor Real-Time.“Este sistema fornece uma

informação em tempo realsobre o momento ótimo deinseminação de uma vaca”,anunciou a empresa. O raioda antena é de 50 metros. Estesistema deteta igualmente“qualquer diminuição de acti-vidade permitindo detectarpotenciais problemas de

saúde nos animais”. O Lacti-vator Real-Time só está disponível na versão bracelete. x

www.nedap-lactivator.com

Novidades de equipamento

»

PREVISÕES PRECISAS SOBRE A INGESTÃOO software de arraçoamento Rumineo aumenta a sua pre-

cisão em relação à estimativa de ingestão e de produção deleite. Uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2011em 29 explorações (sistemas milho e sistemas feno) permi-tiu comparar a ingestão real com a ingestão estimada pelosoftware. “Observou-se 200 g por vaca e por dia de diferençapara as rações à base de milho e 90 gr MS para as rações àbase de feno, observa a equipa ruminantes Prisma. É menosde 1% de erro!”

A previsão do Rumineo permite estimar a produção lei-teira real com 0,5 l de desvio para dietas á base de silagemde milho, e com 0,6 l para dietas à base de feno. O desviomédio entre a produção leiteira real e a previsão Rumineo éde 1,7%. Ele era de 3,7% em 2001, calculado numa ante-rior pesquisa feita com a mesma metodologia.x

www.typex.fr/actualites/prisma-un-nouveau-logiciel-rumineo

Page 61: Revista-Ruminantes #6

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 61

EQUIPAMENTOS

O Lely Vector é a mais recente inovação da Lely nocampo da ordenha automática. Este sistema de alimentação automático garante um for-

necimento constante de alimentos de uma forma flexível,24 horas por dia, 7 dias por semana. O processo é total-mente automatizado e garante a flexibilidade ideal paracriadores de gado que utilizam o sistema, permitindo defi-nir e ajustar a estratégia de alimentação para diferentes gru-pos de animais.

Funcionamento: Os alimentos são armazenados numa cozinha, uma área

aberta sem quaisquer obstáculos, em que todos os tipos de ali-mentos podem ser armazenados, cada um no seu própriolocal. Dependendo do tamanho deste compartimento, o ali-mento pode ser armazenado durante um período de até trêsdias, permitindo aos criadores de gado e às suas famílias des-frutarem de mais tempo livre.Uma tenaz para captura dos alimentos move-se sobre a

cozinha para selecionar os alimentos e colocá-los no robotde mistura e alimentação. A tenaz de captura varre toda aárea de armazenamento dos alimentos selecionados parauma alimentação específica e recolhe os alimentos a partirdo ponto mais alto.Um distribuidor de concentrados monitoriza as quanti-

dades de ração que podem ser estabelecidas e medidas coma máxima precisão. Além disso, pequenas quantidades desais minerais e aditivos podem ser misturados com os con-centrados. Um interface do usuário com ecrã tátil é usadopara definir o plano alimentar e a cozinha. É também pos-sível programar as dietas consoante os diferentes grupos deanimais e exibir uma variedade de relatórios.O sensor de nível de alimentação é uma prova de força

tecnológica. O robot sabe exatamente que quantidade de ali-mento existe na manjedoura e determina quando e onde énecessário alimento, sem ser exigida qualquer intervençãodo produtor. Como existe um fornecimento contínuo de ali-mentos, não é necessário fazer grandes quantidades, por-tanto a alimentação é sempre fresca. x

ALIMENTAÇÃO AUTOMATIZADA,FLEXÍVEL E FRESCA

Page 62: Revista-Ruminantes #6

EQUIPAMENTOS

62 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

A tecnologia HarvesLab da John Deere permite, pela primeira vez, a detecção exacta dosconstituintes dos materiais forrageiros, tanto no momento da recolha como no silo.O pilar maestro desta tecnologia é o sensor HarvestLab que utiliza a tecnologia do

Infravermelho Próximo (NIR) para medir o nível de presença de certos constituintes das plantase pode tanto ser usado em campo, montado numa picadora de forragem, como de maneiraindependente, em modo estacionário, conseguindo-se os resultados em questão de segundos.

Análise dos constituintes das plantas atravésda tecnologia de Infravermelho Próximo

A tecnologia NIR demonstrou, durante os últimos30 anos, ser o método ideal para a avaliação da quali-dade dos produtos agrícolas. De modo a cumprir comas exigências dos clientes, a John Deere desenvolveuo sensor HarvestLab em cooperação com a empresaZeiss. Graças a esta tecnologia, é agora possível reali-zar análises precisas de constituintes, para além da ma-téria seca, tais como açúcares, amido, proteína eADF/NDF, numa questão de segundos. Estes dados

podem ser obtidos em tempo real durante o trabalhode recolha do material em campo, estando totalmenteintegrados com os sistemas de agricultura de precisão,permitindo assim criar mapas detalhados duma explo-ração ou mesmo duma parcela específica. Atravésdesta informação, é possível tomar decisões agronó-micas in situ, como pode ser a decisão de aplicação dediferentes doses de fertilizante numa dada parcela.

Harvest LabUm laboratório à disposição do agricultor

Diogo Camarate Campos, John Deere Ibérica, S.A.

[email protected]

Page 63: Revista-Ruminantes #6

EQUIPAMENTOS

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 63

Porquê a detecção dos constituintes do material forrageiro?

Segundo questionários efectuados, nalgumas re-giões, menos de 10% dos agricultores efectua análisesde amostras do produto recolhido, sendo que noutrasregiões, até 50% dos agricultores realiza análises umavez por ano.Como resultado destes questionários nota-se que,

mesmo para aqueles que efectuam um maior númerode análises, não existe a possibilidade de adaptar dia-riamente a alimentação de acordo com a qualidade realdo alimento.

Aplicação agronómica

A aplicação desta tecnologia persegue diferentes ob-jectivos-chave, focados especialmente na melhoria darentabilidade das explorações pecuárias. Alguns pon-tos a destacar são:• análise e detecção de valores nutritivos do alimentoproduzido na exploração;• determinação exacta do valor comercial da forra-gem através da análise constante dos constituintes(normalmente a comercialização baseia-se em doisvalores: peso e percentagem de matéria-seca);• cálculo do conteúdo energético disponível no siloe da qualidade dos diferentes nutrientes;• alta frequência de medições para evitar erros nasamostras, conseguindo-se até 17 medições por se-gundo.

Fundamento técnico

Com base num elevado número de análises, os fo-todiodos InGaAS demonstraram ser os mais precisos,sendo que detectam Comprimentos de Onda dentroda gama de Infravermelhos Próximos (entre 950 e1530nm).

A informação de cada uma das moléculas pode serdetectada pelo sensor depois de se ter armazenado orespectivo gráfico de calibração (criado a partir de cen-tenas de análises diferentes).A energia de luz do sensor HarvestLab atravessa, é

reflectida ou absorvida, sendo que em casos normais a

penetração é inferior a 1mm. Dum modo mais claro, osensor detecta um espectro, comparando-o com osdados armazenados nos respectivos gráficos de cali-bração e, no momento que detecte uma equivalência,obtém-se o valor correspondente.

Vantagens técnicas

Alguns dos benefícios que se podem obter pela uti-lização desta tecnologia são:• uma análise rápida que permite medições eficazes,comparativamente com as medições em laboratório;• a adaptação a condições variáveis, graças aos tem-pos de análise consideravelmente reduzidos;• ter uma noção muito concreta do conteúdo reco-lhido, durante a colheita ou ao terminar a tarefa;• o aumento da produção láctea ou a obtenção debiogás estão directamente relacionados com a per-centagem de elementos presentes na silagem, peloque é necessário conhecer na perfeição a sua quan-tidade no material forrageiro;• o controlo preciso da adição de inoculante à sila-gem em função dos conteúdos de açúcar, para umapreparação óptima do produto da forragem picada,para fazer frente à fermentação láctea;• a possibilidade de aumentar a rentabilidade na pro-dução de leite/carne/bioenergia;• optimização do consumo de alimentos compostos,sendo possível determinar as dosagens directa-mente com base na informação dos nutrientes pre-sentes na forragem;• fácil utilização.

Fonte de Luz

Detector

Amostra

Figura 2: Medição NIR

Figura 1: Base da tecnologia NIR

Comprimento de onda

Nº onda106 5000 2500 800 400 170 20 nm10 200 4000 12500 25000 60000 5*105 cm-1

Micro Longo Médio Próximo Visível Ultra Vacum Raio-Xonda IR IR IR violeta UV

Tons devibrações

moleculares

Transições eletrônicasMolecular

Elétrons de ligação

Elétrons nãovinculativos

Rotação Vibração p - Systems

Page 64: Revista-Ruminantes #6

CONHEÇA A LEI

64 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

Drª Sofia Ramada, licenciada em direito

www.fladvoga.com

Servidão de Água: O ato de pedir “emprestado” ao vizinho do lado

Sendo a água um bem limitado e de grande impor-tância, a sua utilização coloca frequentemente umasérie de questões que não passam despercebidas.

Uma das mais importantes no contexto jurídico é semdúvida a servidão de água que se caracteriza pela pos-sibilidade de se aproveitar a água de um determinadosolo ou prédio de outrem (dito serviente), na estrita me-

dida das necessidades do beneficiário (dito solo/prédiodominante), e mediante o pagamento de uma indemni-zação ao proprietário do prédio ou solo serviente.

Na verdade, quando o proprietário de um dado soloou prédio não tiver nem conseguir obter água sufi-ciente para a irrigação do mesmo, pode aproveitar aságuas dos prédios vizinhos, pagando o seu justo valor.

COMO OPERA LEGALMENTE ESTE APROVEITAMENTO DE ÁGUA ALHEIA?

A lei permite que a servidão de água surja por con-trato, testamento, usucapião e a destinação do pai defamília, podendo ainda ser imposto por decisão judicialou administrativa.No caso da constituição por contrato, o proprietá-

rio do prédio sem irrigação negoceia directamente a ob-tenção de água com o proprietário do prédio por ondea irrigação irá ser exercida, podendo as partes estipularou não um preço. Obtido o acordo, é necessário, paraque a servidão seja válida, formaliza-lo por escriturapública ou por documento particular autenticado.

A servidão por destinação do pai de família surge,por exemplo, quando o dono de dois prédios transmiteum deles a outra pessoa que irá usufruir da água dooutro. Esta operação assenta numa manifestação devontade do vendedor, devendo verificar-se sinais vi-síveis e permanentes como a existência de tubos con-dutores de água à superfície ou subterrâneos, ou de umpoço comum aos dois prédios utilizado por ambos osproprietários, desde momento anterior à transmissão dapropriedade do prédio. Esses sinais devem durar du-rante o período de utilização de água do prédio vizinhoe não levantar dúvidas quanto à sua concreta existência.

Já a usucapião ocorre quando, durante um períodoque pode variar entre quinze ou vinte anos, alguémcaptou água num prédio vizinho, de forma contínua eà vista de toda a gente, sem qualquer tipo de oposiçãoe, para esse efeito, efectuou obras visíveis e perma-

nentes no local onde existia a fonte ou nascente.As servidões que se constituem por usucapião ou por

destinação do pai de família são as que mais problemaslevantam na prática, em virtude da exigência de sinaisexplícitos e continuados de exploração de um dado pré-dio para a obtenção de água. Estes sinais têm que serperceptíveis à vista de qualquer pessoa, dos donos dosprédios envolvidos ou terceiros, que passe no local enão devem originar qualquer tipo de incertezas sobre arelação de servidão entre os prédios envolvidos.

A servidão nasce por meio de testamento quando oautor do mesmo constitui sobre um determinado pré-dio que pertence à respectiva herança uma servidão deágua a favor de prédio de terceiro ou de prédio por eledeixado a terceiro.

Interessa ainda referir as servidões de aqueduto eescoamento que têm forte aplicação no domínio in-dustrial e agrícola.

Na servidão de aqueduto, permite-se a construçãode uma infra-estrutura que transporte a água para oprédio “carenciado” através do prédio serviente. Estadeverá assumir a forma, natureza e direcção mais con-venientes para o solo “carenciado” mas também amenos dispendiosa para o prédio serviente, devendo odono do prédio “carenciado” indemnizar o dono doprédio serviente pelos prejuízos que a obra provoque.Ocorrendo uma infiltração ou erupção de águas ou adeterioração das obras feitas no aqueduto, o proprie-

Page 65: Revista-Ruminantes #6

CONHEÇA A LEI

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012 65

tário do prédio serviente tem ainda, a todo o tempo, odireito de ser indemnizado do respectivo prejuízo.

Existindo uma servidão de aqueduto, a Lei permite aconstituição forçada de uma servidão de escoamento

quando, através de obra para fins agrícolas ou indus-triais, nasçam águas em algum prédio ou para ele sejamconduzidas de outro prédio, havendo direito a indem-nização do eventual prejuízo para o prédio serviente.

COMO TERMINA A RELAÇÃO DE SERVIDÃO?

A lei prevê as seguintes possibilidades: a) pela reu-nião dos dois prédios, serviente e “carenciado”, ditodominante, na mesma pessoa; b) pelo não uso daágua durante vinte anos, qualquer que seja o mo-tivo; c) pela renúncia; d) pela aquisição, por usu-capião, da liberdade do prédio e ainda e) pelodecurso do prazo, se a servidão tiver sido consti-tuída temporariamente.

Salientemos os casos em que as servidões se extin-guem por renúncia, por não uso durante vinte anose por usucapião.

No caso de renúncia, o dono do prédio beneficiadopela servidão, desiste da servidão de água devendoessa desistência ser feita por escritura pública ou do-cumento particular autenticado.

Em relação à extinção por não uso durante vinteanos, há que ter em atenção que este prazo tem semprede ser respeitado. Quer se trate de uma situação de nãouso por impossibilidade permanente e irremediável,como é o caso de a nascente secar ou ser dado outro des-tino ao edifício onde estava a fábrica a que tinha acessoo dono do prédio dominante para captar a água, ou setrate de impossibilidade temporária, por exemplo, emque a água utilizada passe a ser imprópria para consumoe em que através de um processo químico ou por elimi-nação da fonte de contaminação esta se pode tornar po-tável, decorridos os 20 anos a servidão extingue-se.

A extinção das servidões adquiridas por usucapião,e só a estas nos referimos, podem terminar pela aqui-sição da liberdade do prédio, isto é, o que se verificaquando o proprietário do prédio serviente manifesta asua oposição ao exercício da servidão; as servidõesassim adquiridas podem também ser extintas pelo tri-bunal, a requerimento do proprietário do prédio ser-viente, uma vez demonstrada a sua desnecessidade emrelação ao prédio dominante. O que se entende pordesnecessidade? Será toda a falta de justificação paraa manutenção de um encargo para o prédio serviente,atenta a inutilidade ou escassa utilidade da existênciade servidão para o prédio dominante. Esta avaliaçãodeverá ser feita pela ponderação das circunstânciasconcretas de cada caso, sendo que os elementos ne-cessários à avaliação da desnecessidade têm de ser for-necidos por quem pretende a extinção.

Como nota final deve referir-se que os proprietáriosde quintas muradas, quintais, jardins ou terreiros adja-centes a prédios urbanos estão isentos da servidão deágua, podendo em contrapartida adquirir o prédio “ca-recido” pelo seu justo valor sendo que, inexistindoacordo quanto ao “justo valor”, o preço será fixado ju-dicialmente; e, no caso de serem dois ou mais os pro-prietários interessados, abrir-se-á licitação entre eles,revertendo o excesso para o vendedor.

Page 66: Revista-Ruminantes #6

EUROTIER Hannover - AlemanhaA EuroTier - Exposição Internacional da DLGde Produção Animal e Técnicas de Gestão –

vai ser o ponto de convergência dos profissionais da produção animal, de 13 a 16 de no-vembro. No Parque de Exposições de Hannover, Alemanha, a EuroTier apresentará umavez mais as novas tendências e inovações nos setores de criação animal — bovinos, sui-nos, caprinos e aves, bem como em bioenergia e a aquicultura, gestão e prestação deserviços. São separados 1.900 expositores e 140 mil visitantes, naquele que é consideradocomo uma das feiras mais importantes dedicada à produção animal, na Europa. www.eurotier.com

FEIRAS

66 Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro • 2012

19 A 22 DE JULHO

AGROLEITE Póvoa de Varzim - PortugalDe 19 a 22 de Julho, decorrerá em S.Pedro de Rates, Póvoa de Varzim, maisuma edição da Agroleite — a IX Feira Agrí-cola do Leite. Esta feira, promovida e or-ganizada pela LEICAR – Associação dosProdutores de Leite e Carne, tem ediçãoanual e apresenta uma mostra significativadas empresas ligadas ao setor presentesnesta região, a par com concursos de ani-mais, funcionando como um ponto de en-contro para os profissionais das fileiras doleite e da carne. www.leicar.pt

Não deixe de visitar...

IX FEIRA AGRÍCOLA DO LEITE

11 A 14 SETEMBRO

SPACE Le Creusot - FrançaO salão profissional e internacional paratodos os intervenientes do mundo dos cria-dores de gado, terá lugar de 11 a 14 de se-tembro, no Parc-Expo de Rennes, França.Osalão reúne uma oferta completa para todosos intervenientes no setor bovino (leite ecarne), porcino, avícola, cunícola e ovino. Ossetores mais representados pelos exposito-res em 2011 foram: Alimentação animal: 507;Equipamentos de criação animal: 369; Ins-talações e equipamentos: 261; Genética einseminação artificial: 253; Manutenção, ele-vação, carga e transporte: 187 – Saúde ani-mal: 134. Em 2011 marcaram presença1300 expositores, dos quais 340 internacio-nais, com mais de 60 mil metros de superfí-cie de exposição; e mais de 108 milvisitantes. Cerca de 750 animais rigorosa-mente selecionados estiveram expostos noSalão.www.space.fr

4 A 6 SETEMBRO

INNOV-AGRI Outarville, Orléans - FrançaA terra já está a ser preparada para aco-modar cerca de 300 expositores e os maisde 90.000 visitantes, entre agricultores,cerealistas, criadores de gado, empresá-rios, consultores e distribuidores que visi-tarão esta feira ao ar livre. No total são160 hectares dedicados a exposições, de-monstrações de equipamentos e camposde ensaio de culturas.O Innov-Agri é tam-bém o local ideal para se atualizar em ma-térias relacionadas com o sector agrícolaatravés de conferências.www.ia.innovagri.com

3 A 5 DE OUTUBRO

SOMMET DE L’ÉLEVAGE Clermont-Ferrand - FrançaDe 3 a 5 de Outubro, no Centro de Expo-sições Grande Halle D’Auvergne, em Cler-mont-Ferrand, França, terá lugar aexposição Sommet de l’Elevage, que re-presenta uma das principais feiras euro-peias dedicadas aos profissionais dacriação de gado: Blonde d’Aquitaine (raçade carne) e Abondance (raça leiteira). Nacategoria dos ovinos, as raças de Suffolk eBlanche do Maciço Central serão igual-mente avaliadas em concursos nacionais.Na exposição de 2012, estarão presentes,no total, mais de 2 mil animais e quase 70raças. São esperados para esta edição1.300 expositores e 80 mil visitantes, in-cluindo 3.500 visitantes internacionais,para um evento repleto de seminários, edas mais recentes inovações tecnológicase atividades relacionadas com a indústria.www.sommet-elevage.fr

13 A 16 DE NOVEMBRO

5 E 6 DE SETEMBRO

AGROGLOBAL Valada do Ribatejo - PortugalEm Setembro próximo, nos dias 5 e 6(entre as 9h30m e as 18h), irá realizar-sea 3ª edição da Agroglobal, a Feira do milhoe das grandes culturas. Mais uma vez, naLezíria do Tejo, em campos cultivados epreparados para o efeito, teremos a maiorreunião de empresas e instituições ligadasao agronegócio do nosso país, permitindoa todos os profissionais do setor um amplodebate sobre os produtos e soluções hojedisponíveis para todas as áreas da ativi-dade agrícola.www.agroglobal.com.pt

25 A 28 DE OUTUBRO

FEIRA DE CREMONACremona - ItáliaA feira internacional de vacas de leite deCremona celebra a sua 67ª edição esteano. A última edição reuniu 847 exposito-res, dos quais 17% estrangeiros, 56 con-venções e seminários e mais de 75 milvisitantes. Reconhecida pela sua espe-cialização na fileira do leite, esta grandefeira continua a representar uma exce-lente oportunidade de encontro e de trocade informações e experiências para todosos profissionais deste sector.www.cremonafiere.it

7 A 11 DE NOVEMBRO

EIMAA Feira de máquinas e equipamentos agrí-colas de Bolonha, uma das mais importan-tes da Europa do setor, vai realizar-se emnovembro próximo, entre os dias 7 e 11.Com uma superfície de exposição de maisde 103 mil m2 e cerca de 1.600 exposito-res, esta grande exposição de equipamen-tos, serviços e soluções, que atualmente serealiza a cada dois anos, é local de visitaobrigatório para quem precisa de ficar a pardas novidades em mecanização aplicadaaos mais diversos setores da agricultura eda agro-pecuária, floresta e componentes.www.eima.it

Page 67: Revista-Ruminantes #6
Page 68: Revista-Ruminantes #6