revista pró-inovação - edição 9

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Uma publicação da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica Edição Especial Entrevista: diretora da ABDI, Maria Luisa Leal fala sobre a política industrial do setor ANO lV Nº 9 - maio/junho 2013 Novo momento da saúde Congresso debate o reconhecimento da indústria de equipamentos e materiais para o setor como área estratégica entre as políticas públicas e órgãos reguladores do País Novo momento da saúde

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Page 1: Revista Pró-Inovação - edição 9

Uma publicaçãoda Sociedade BrasileiraPró-Inovação Tecnológica

Edição Especial

Entrevista: diretora da ABDI,

Maria Luisa Leal fala sobre a política

industrial do setor

ANO lV Nº 9 - maio/junho 2013

Novo momento da saúdeCongresso debate o reconhecimento da indústria deequipamentos e materiais para o setor como área estratégica entre as políticas públicas e órgãos reguladores do País

Novo momento da saúde

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Uma publicaçãoda Sociedade BrasileiraPró-Inovação Tecnológica

Sumário

editorial

Sociedade BrasileiraPró-InovaçãoTecnológica

Presidente:João Carlos Basilio

Vice-presidentes:Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira,

Paulo Skaf e Robson Braga de Andrade

Conselheiros:Carlos Alexandre Geyer, Celso Antônio Barbosa,

Dante Alario Junior, Franco Pallamolla,Humberto Barbato, Luiz Aubert Neto,

Ogari de Castro Pacheco e Paulo Godoy

Diretoria:Roberto Nicolsky,

Fabián Yaksic e Fernando Varella

Pró-Inovação é a revista da Sociedade Brasileira

Pró-Inovação Tecnológica

ExpedienteCoordenação editorial:

Contextual ComunicaçãoJornalista responsável:

Natália CalandriniTextos:

Jessica GamaProjeto e produção editorial:

Ricardo MeirellesDiagramação:Jessica Gama

Comercial e Marketing: Alexandre Nicolsky

Circulação: 2.500 exemplares

Protec - Sociedade BrasileiraPró-Inovação Tecnológica

Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - CentroRio de Janeiro - RJ

CEP 20020-050Tel.: (21) 3077-0800Fax.: (21) 3077- 0812

[email protected]

Notas............................................................................................................................................ 2Parcerias – Empresas mostram que é possível inovar .................................................................. 3Fomento – Edital contempla projetos de inovação em equipamentos e dispositivos médicos ..................4Especial – Magnamed é vencedora do Prêmio Inova Saúde 2013 ..................................................6Compras públicas – Ministério da Saúde prevê intensificação do uso do poder de compras .......... 7Entrevista – Diretora da ABDI fala sobre a política industrial do Plano Brasil Maior ...................8Regulação – Anvisa propõe medidas para reduzir o tempo dos processos de registro...................... 10Espaço Rets.......................................................................................................................... 12

www.protec.org.br 1

Um movimento de sucesso

A indústria de produtos e equipamentos

para saúde vive um momento de extrema

importância. O crescimento do mercado global

e o início das medidas de incentivo à inovação

para a redução do déficit comercial brasileiro no

setor marcam o novo posicionamento da

indústria. Por isso, com a proposta de

contribuir para a evolução e debate destas

políticas públicas através do diálogo entre

indústria, representantes do setor e Governo, a

Abimo, entidade representativa do setor, e a

Protec promoveram a segunda edição do

Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde (Cimes) que

aconteceu nos dias 16 e 17 de abril, em São Paulo. Em razão da importância deste

movimento, os principais debates realizados no evento têm sua cobertura neste

número da Pró-Inovação.

Um dos destaques da edição é o lançamento do edital “Inova Saúde -

Equipamentos Médicos”, que com recursos de R$ 600 milhões se destaca na

articulação das políticas industriais por ser exclusivo para o setor de equipamentos

médicos. Destinado ao desenvolvimento de tecnologias prioritárias para a saúde, a

chamada pública contemplará projetos de inovação em equipamentos e dispositivos

médicos, refletindo antigas reivindicações do setor.

Em continuidade ao debate da edição anterior, sobre o longo tempo de espera

para a liberação do registro de produtos e as dificuldades para obtenção e renovação

do Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF), a reportagem com o presidente

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, traz novas

perspectivas para o setor. A agência prevê uma atualização do marco regulatório

para a construção de medidas eficazes que atendam à realidade da indústria e

possibilitem a redução do tempo dos processos de registro.

A edição traz, ainda, entrevista com a diretora da Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial (ABDI), Maria Luisa Leal, que fala sobre as ações da

agência na construção da política industrial do setor. Esses e outros assuntos

estiveram em evidência no 2º Cimes e promoveram a identificação dos gargalos e a

integração entre os diversos atores para a definição de políticas mais objetivas e

adequadas para impulsionar ainda mais a inovação no setor.

Roberto Nicolsky

Diretor-geral da Protec

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2 Pró-Inovação em Revista - Ano IV - nº 9 - maio/junho 2013

Nova agência para o fomento à inovação

Financiamento não-reembolsável

Inovacred Incentivo para tecnologias assistivas

Um projeto de lei em andamento na Câmara Municipal de São Paulo prevê a criação de uma mega-agência para fomentar investimentos na cidade. A proposta de criação da SP Negócios é atuar na elaboração e concessões de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e no fortalecimento da imagem da cidade como polo de negócios no Brasil e no exterior. O órgão é uma reestruturação da Companhia São Paulo de Parcerias (SPP) e funcionará como uma empresa privada com a possibilidade de entrar no capital de empresas que se instalarem na capital paulista. Além disso, também passará a subsidiar projetos de inovação tecnológica de micro e pequenas empresas. A unidade de fomento para auxiliar o microempreendedorismo será a Agência São Paulo de Desenvolvimento (ADE Sampa), para concessão de microcrédito, assessoria jurídica e qualificação profissional para micro e pequenos empreendedores. A agência terá orçamento de R$ 2,9 milhões em 2013 e ficará responsável por um programa de incentivo a inovações em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), que oferecerá subsídio de até R$ 25 mil para pessoas físicas, micro, pequenas e médias empresas desenvolverem projetos para o Programa para a Valorização de Iniciativas Tecnológicas, batizado de "Vai TEC".

Empresas interessadas em recursos não-reembolsáveis para o financiamento de projetos de inovação tecnológica através do programa Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) têm até dezembro de 2013 para ingresso de novos projetos. O apoio da Embrapii será oferecido pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), e pelo Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Senai/Cimatec). Todos os investimentos do projeto – financeiro e econômico – serão divididos entre as participantes. O INT atenderá, preferencialmente, as indústrias nas áreas de energia e saúde, enquanto o IPT atuará na área de bionanomanufatura e o Senai-Cimatec em processos de automação e manufatura. Os projetos poderão ser desenvolvidos até dezembro de 2015. Para saber mais sobre o programa entre em contato pelo e-mail: [email protected] ou pelo telefone: (21) 2123-1267.

A Agência Estadual de Fomento (AgeRio) atuará como agente repassadora da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no programa Inovacred, que oferece financiamento para micro, pequenas e médias empresas. Inicialmente, a agência disponibilizará R$ 30 milhões, podendo chegar até R$ 80 milhões para aplicação no desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, modelos de negócio e marketing ou no aprimoramento dos já existentes. Os valores de cada proposta poderão variar de R$ 150 mil a R$ 2 milhões para micro e pequenas empresas, e R$ 10 milhões para médias empresas. Mais informações acesse o site da agência: www.agerio.com.br

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) lançou, em maio, o edital Apoio ao desenvolvimento de tecnologias assistivas – 2013. Com recursos de R$ 2 milhões para o fomento de atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos inovadores, a chamada financiará até 30 projetos que promovam o direito à cidadania de pessoas com necessidades especiais. Serão selecionados projetos em temas definidos como prioritários, como saúde, transporte, trabalho, acessibilidade e segurança. Os recursos do programa financiarão tanto despesas de capital na aquisição de material permanente e equipamentos, quanto despesas de custeio como material de consumo, reformas e adaptações de infraestrutura, e serviços terceirizados. Poderão participar do edital inventores independentes, empresas sediadas no estado do Rio de Janeiro, empreendedores individuais ou pesquisadores com vínculo empregatício ou funcional em Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) sediadas no estado. O prazo para a submissão de propostas é até o dia 24 de junho e os resultados preliminares devem ser divulgados em 18 de julho. Para mais informações sobre o edital acesse: www.faperj.br

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sparcerias

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Indústria precisa formar parcerias

e atualmente a inovação é uma S prioridade para o desenvolvimento industrial, na área da saúde essa tendência se confirma. As significativas conquistas da indústria, como o Marco Legal da Inovação, as desonerações tributárias, e a margem de preferência para a indústria de materiais e equipa-mentos para saúde, refletem a mudança do cenário de incentivos à produção industrial nacional.

Apesar destes avanços na formação da política industrial e de ciência e tecnologia, a indústria ainda possui muitos gargalos para alcançar a competi-tividade frente aos importados. Entre eles, a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ainda enfrenta dificulda-des na articulação de parcerias para transferência de tecnologia e formação de recursos humanos. Sobre os desafios, o 2º Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde (Cimes) debateu o direcionamento das estraté-gias de inovação no setor.

Para o professor Eduardo Costa, do Centro de Engenharia Biomédica da Universidade Estadual de Campinas (CEB/Unicamp), os profissionais pre-cisam ter uma boa qualificação para serem capazes de inovar. Ele acredita que, atualmente, diversos problemas impossibilitam a transferência de tecnologia, como, por exemplo, a buro-cracia enfrentada pela academia.

O professor aponta que, mesmo com a complexidade para obtenção de

recursos, os institutos e pesquisadores conseguem desenvolver inovações com grande potencial, mas as soluções desenvolvidas acabam arquivadas. “Nós temos vários pedidos de concessão de patentes, mas de transferência de tecno-logia apenas um ou dois”, explicou Costa.

Como exemplo da importância da formação de mais parcerias entre empresas e universidades, o presidente da Fanem, Djalma Luiz Rodrigues, cita a experiência da empresa na industrializa-ção de uma produção científica desen-volvida por um aluno de mestrado do CEB/Unicamp, que deu origem a um radiômetro aplicado a fototerapia.

“O produto até hoje é referência nos trabalhos clínicos para a medição do excesso de radiação no tratamento da bilirrubinemia, que afeta 80% dos bebês e pode ter consequências desastrosas”, contou Rodrigues.

Necessidade de inovar

No Brasil, a indústria de materiais e equipamentos para saúde é, em grande parte, atendida por empresas de médio e pequeno porte. Atualmente, as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) representam 99,1% da participação econômica do País, e são responsáveis por atender aproximadamente 30% das compras públicas realizadas pelo Governo Federal. Em razão deste cenário, as médias e pequenas empresas estão investindo para ampliar a partici-pação de mercado, mas ainda não

conseguem atender o principal requisito de competitividade para qualquer negócio: a capacidade de inovação.

De acordo com a coordenadora de Projetos de Bens Intensivos em Tecno-logia do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Francisca Pontes Aquino, entre as MPMEs, o setor de equipamentos médi-cos, odontológicos e hospitalares tem 72% das empresas concentradas na região sudeste, das quais 7% são atendidas por programas de inovação do Sebrae. Segundo ela, a atividade de inovação custa caro e por isso requer um trabalho contínuo para superar as dificuldades do processo, como o baixo registro de patentes, a ausência de uma cultura de inovação, e o acirramento da competição que afeta o mercado. “O Sebrae tem realizado um trabalho de sensibilização para introduzir a cultura de inovação no universo das pequenas empresas”, declarou.

Entre as principais ações implanta-das pelo Sebrae, Francisca destacou o projeto Serviços em Inovação e Tecno-logia (SebraeTec), que tem o objetivo de promover o acesso a serviços e instru-mentos de inovação e tecnologia aos pequenos negócios. “Através da con-sultoria e aproximação dessas empresas de entidades tecnológicas, o programa oferece um subsídio de até 90% do investimento, visando à melhoria de processos e produtos ou à introdução de inovações”, concluiu.

Troca de conhecimentos entre empresa e universidade viabiliza inovações na área da saúde

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4 Pró-Inovação em Revista - Ano IV - nº 9 - maio/junho 2013

Edital disponibilizará R$ 600 milhões para fomentar o desenvolvimento empresarial de equipamentos e dispositivos médicos

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Crédito para empresasCrédito para empresas

déficit comercial do setor de equipa-O mentos para a saúde tem crescido nos últimos anos. Em 2012, o saldo negativo foi de US$ 3,7 bilhões, enquanto no ano de 2007 atingiu US$ 1,7 bilhão, o que representa um aumento médio anual superior a 16,5%. Para possibilitar a inversão deste quadro, o Plano Inova Saúde, anunciado em abril, se destaca na articulação das políticas industrial e de ciência, tecnologia e inovação por incluir um edital exclusivo para o setor de equipamentos médicos. Destinado ao desenvolvimento de tecnologias priori-tárias para a saúde, o “Inova Saúde - Equipamentos Médicos” tem recursos de R$ 600 milhões, até 2017, para projetos de inovação em equipamentos e dispo-sitivos médicos com foco em hospi- tais, empresas, universidades e institutos de pesquisa.

Os recursos disponibilizados no edital estão inseridos no âmbito do Plano Inova Empresa e representam quase o dobro dos investimentos do setor no ano de 2012, que contabilizou um total de R$ 307 milhões. A medida reflete antigas reivindicações e sinaliza uma mudança de cultura do Governo quanto à estrutu-ração de políticas públicas mais efetivas para elevar o padrão tecnológico do parque produtivo nacional.

Os recursos para o fomento à inovação ofertados no plano são de origem estruturada com recursos de R$ 50 milhões do Ministério da Saúde (MS), R$ 275 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e igual valor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Porém, apesar de utilizar recursos destes três órgãos, o plano utilizará uma porta

única para distribuição do crédito através da Finep.

O edital foi tema de apresentação durante o 2º Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde (Cimes), que contou com a participação de representantes das instituições, que em conjunto disponibilizam os recursos do programa. Entre os principais pontos apresentados, destacam-se as formas de financiamento oferecidas no edital, que terá recursos reembolsáveis, não-reem-bolsáveis e de participação acionária divididos em quatro linhas temáticas: diagnósticos in vitro e por imagem; dispositivos implantáveis; equipamen-tos eletromédicos e odontológicos; e tecnologias da informação e comuni-cação para saúde.

De acordo com o superintendente de Tecnologia para o Desenvolvimento

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fomento

Social da Finep, Maurício França, o objetivo do programa é atuar em toda a cadeia de inovação com foco em ações estratégicas e estruturantes para o desenvolvimento sustentável do Brasil. “O plano é um processo de inovação sistêmico para mitigar o risco do esforço de inovação. Quando se disponibiliza o crédito, o custo do risco de inovar é reduzido, gerando fluxo antes de a empresa começar a pagar as despesas principais”, declarou França.

Apesar de oferecer recursos inéditos para a redução do risco de inovação no setor de materiais e equipa-mentos para saúde, o edital ainda reserva poucos recursos para a subvenção econômica, principal mecanismo de mitigação real do risco de inovar, que através de recursos não-reembolsáveis custeia as atividades de inovação das empresas. A concessão destes recursos é de apenas R$ 30 milhões, sendo o maior volume de capital destinado ao crédito reembolsável via financiamento. Ou seja, as empresas poderão estender o pagamento dos custos com projetos de inovação, mas continuarão a assumir o risco de inovar nos gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) caso o projeto não se torne um produto para o mercado.

Tendências

Hoje, o mercado de equipamentos para saúde no País tem um esforço de inovação de 2% - percentual acima da média nacional – e é constituído por empresas de médio e pequeno porte, geralmente com a oferta de produtos de média e baixa tecnologia. Em oposição a este cenário, a estimativa de crescimento da população e prevalência de doenças crônico-degenerativas exigirá a amplia-ção da inovação industrial para atender a demanda do País.

Para o gerente setorial do Comple-xo Industrial da Saúde do BNDES, João Paulo Pieroni, as empresas brasileiras têm efetividade em vários segmentos, mas não conseguem atender o mercado com um conjunto completo de produtos para hospitais, abrindo espaço para importações. Em reflexo a esta tendên-cia, o plano tem como uma das priorida-des o conceito de soluções custo-efetivas que visam trazer soluções passíveis de

compra pelo Estado. “O conceito pretende reduzir os

custos da saúde com as transições epidemiológicas e demográficas que aumentam o gasto do sistema de saúde pública e privada em inovações para atender a demanda por tratamentos”, diz Pieroni.

Políticas públicas para a saúde

Sobre o incentivo ao desenvolvi-mento de tecnologias prioritárias para a saúde e a necessidade de ampliação do acesso a bens e serviços, o diretor do departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde/SCTIE do MS, Eduardo Jorge Oliveira, ressalta a am-pliação do orçamento e das ações concretas do setor público e privado nas políticas industriais e de inovação para o Complexo Industrial da Saúde (CIS).

Entre as ações adotadas pelo MS, estão: o avanço no marco regulatório e normas internas da portaria de critérios para as Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs); a priorização para patentes estratégicas; o novo marco regulatório das compras públicas; e a ampliação do uso do poder de compras no Sistema Único de Saúde (SUS). “Até então, não se tinha uma ação efetiva. Agora, começa-se a construir uma agenda para elevar a competitividade no

setor”, afirmou o diretor.De acordo com Eduardo Jorge,

cerca de 30% dos investimentos em P&D no País têm origem na saúde, e por isso a previsão de investimentos do MS no período de 2013 a 2017 será de aproxima-damente R$ 8,2 bilhões, incluindo o Plano Inova Saúde, com os editais de equipamentos e biotecnologia e fárma-cos, o Profarma III, e as Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs) via instituições públicas.

Além do edital, o MS prevê ainda o lançamento de dois editais no âmbito do fundo setorial de saúde CT-Saúde (MCTI/MS), que estimula a capacitação tecnológica nas áreas de interesse do SUS. São eles: o edital de projetos cooperativos entre Instituições Cientí-ficas e Tecnológicas (ICTs) e empresas para desenvolvimento de tecnologias estratégicas com recursos de R$ 20 milhões; e o de otimização da infraestru-tura de pesquisa em engenharia biomédi-ca para ICTs com R$ 25 milhões.

O conceito pretende reduzir

os custos da saúde com as transições epidemiológicas edemográficas que aumentam o gasto

do sistema em inovações para

atender a demanda por tratamentos

João Paulo Pieroni, .

gerente setorial do Complexo Industrial da Saúde do BNDES

“O apoio do BNDES, da Finep

e do Ministério da Saúde a projetos de inovação será de até 90% do valor total de cada proposta. Para participar do processo de seleção do edital, estão aptas empresas brasileiras que possuem receita operacional bruta (ROB) superior a R$ 5 milhões e planos de negócio com valor mínimo de R$ 1 milhão. Também serão avaliados itens como: a aderência aos objetivos do Inova – Equipamentos Médicos; o conteúdo tecnológico e consistência da estratégia da empresa; capacida-de técnica, gerencial e financeira; e o nível de impacto do projeto para a saúde. As organizações interessa-das devem enviar uma carta de manifestação de interesse até o dia 14 de junho de 2013. Para mais in formações acesse o edi ta l completo em: www.finep.gov.br

Processo de seleção

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6 Pró-Inovação em Revista - Ano IV - nº 9 - maio/junho 2013

especial

Pequenas ideias, grandes inovaçõesEmpresa vencedora do Prêmio Inova Saúde 2013 mostra que é preciso focar no cliente

I Encontro Anual da Associação O Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) teve como destaque a cerimônia de entrega do Prêmio Inova Saúde 2013 que aconteceu no dia 15 de abril, em São Paulo, véspera do 2º Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde (Cimes). Na quarta edição da premiação, a empresa Magnamed Tecnologia Médica foi premiada pelo desenvolvimento do OxyMag, um ventilador pulmonar eletrônico de transporte de emergência. O prêmio reconhece indústrias nacionais determi-nadas a inovar no País, e tem o objetivo de estimular a pesquisa e o desenvolvi-mento de novas tecnologias para a elevação do patamar tecnológico da indústria brasileira em benefício da saúde humana.

A inovação permite o atendimento de pacientes desde o neonatal de extremo baixo peso até o pediátrico e adulto por meio de um sistema inédito de ajuste instantâneo dos parâmetros de ventila-ção. Com design moderno, ergonômico e versátil, o produto é o único ventilador de transporte nacional certificado pela Norma Internacional DIN EN 794-3 e o menor ventilador da categoria, pesando apenas 3,25 kg. O OxyMag possui bateria recarregável com mais de 6 horas de autonomia e conta com um sistema de assistência técnica remota via internet. De fácil manuseio, o sistema promove o ajuste instantâneo e simultâneo de todos os parâmetros ventilatórios e limites de

alarmes com um único toque sobre uma das três figuras na tela touch screen, e ainda integra dois monitores importan-tes na ventilação: o capnógrafo e o oxímetro de pulso.

A Magnamed é uma fabricante de equipamentos para ventilação pulmonar e anestesia. A companhia 100% nacional iniciou sua trajetória em 2006 como uma empresa incubada da Universidade de São Paulo (USP). Vencedor da premia-ção, o primeiro produto registrado pela empresa foi o OxyMag no ano de 2011, que levou cerca de 5 anos para ser desenvolvido. Para o engenheiro Tatsuo Suzuki, sócio da Magnamed, o segredo para inovar está em focar e identificar as necessidades dos clientes. “A inovação é

a arma para vencer qualquer obstáculo, são pequenas ideias que permitem inovar”, explica.

Para Suzuki, o prêmio representa o reconhecimento de toda equipe que participou do desenvolvimento do produto e um estímulo para continuar desenvolvendo produtos inovadores. “Este prêmio alimenta a nossa vontade de inovar e é um estímulo para que a empresa continue inovando cada vez mais”, comemora.

O Prêmio Inova Saúde 2013 contou com 17 inscritos, dos quais foram selecionados quatro finalistas concorren-tes ao troféu com o Título de Excelência em Inovação, ao cheque de R$ 50 mil, e a oportunidade de participação em uma das feiras internacionais do segmento apoiadas pelo projeto Brazilian Health Devices, fruto da parceria entre a Abimo e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Além do vencedor, mais três empresas concorreram à etapa final: Braile Biomédica, com o produto Centriflux; Duan, com o produto Venoscópio; e Micromar, com o produto Sistema de Navegação AIMNAV.

Novo estudo setorial

Durante o encontro, a Abimo divulgou um estudo setorial feito em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), que fornece números estratégicos para o setor de equipamentos e produtos para saúde com relação ao período de 2012. De acordo com os dados econômicos, a produtividade do setor cresceu em média 5% ao ano, enquanto o indicador da indústria de transformação caiu 4%. Apesar da estimativa positiva, o comércio exterior sinaliza para o preocupante aumento das importações.

Da esquerda para direita: Ruy Baumer (Sinaemo), Dirceu Barbano (Anvisa), Tatsuo Suzuki (Magnamed) e Franco Pallamolla (Abimo) na solenidade

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compras públicas

Compras públicas beneficiam setorMargem de preferência de até 25% sobre importados promete elevar a competitividade de equipamentos e produtos médicos nacionais

um consenso na indústria brasileira É que as compras governamentais são um poderoso instrumento de incentivo à inovação. Marcando os avanços deste mecanismo da política industrial, amplamente utilizado em todo o mundo para alavancar setores que fornecem atividades prioritárias, desde o segundo semestre de 2012 o Governo Federal oferece preferência a equipamentos de saúde fabricados por empresas nacionais nas compras para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Durante apresentação no 2º Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde (Cimes), o diretor do departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde/SCTIE do Ministério da Saúde, Eduardo Jorge Oliveira, ressaltou que hoje o Ministério da Saúde busca atender aos programas assistenciais, mas também procura reverter o quadro comercial negativo do setor, através de mecanismos para a política industrial. “Atualmente o Ministério da Saúde estima a utilização de cerca de R$ 30 bilhões em compras públicas, como consequência de um processo de reordenamento”, afirmou.

De acordo com Eduardo Jorge, para beneficiar a indústria através de instrumentos de licitação pública para os produtos fabricados no País, ou com algum conteúdo tecnológico nacional, foi estabelecida a margem de preferência para o setor. O benefício foi estabelecido com a publicação do decreto nº 7.767/ 2012 que permite o sobrepreço de até 25% para equipamentos e produtos médicos.

A porcentagem de concessão do benefício é baseada no valor tecnológico

agregado ao produto, que prevê uma variação de 8% a 25% em função da complexidade tecnológica. Os produtos podem ser classificados em baixa (8%), média-baixa (15%), média-alta (20%) e alta (25%).

Entretanto, o nível de complexida-de tecnológica não considera somente o produto, mas leva em conta o valor tecnológico agregado ao processo produtivo. “Às vezes um produto não tem grande valor tecnológico, porém o processo produtivo que o origina sofre a agregação de valor e conhecimento importantes para garantir o domínio do processo”, contou.

O Ministério da Saúde estima

a utilização de cerca de

R$ 30 bilhõesem compras

públicas

Eduardo Jorge Oliveira, .

diretor do departamento do Complexo Industrial e Inovação

em Saúde/SCTIE

“ “

A primeira aquisição beneficia-da pela decisão foi de 2.125 ambulân-cias para a cobertura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), com investimento de R$ 326,3 milhões. Eduardo Jorge explicou que a

margem de preferência aplicada foi de 12%. A próxima compra que priorizará equipamentos nacionais já está em andamento, e consiste em um projeto piloto destinado à aquisição de 42 equipamentos para Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Segundo o diretor, o Ministério da Saúde possui ainda outros dois mecanis-mos para ampliar o incentivo a produção nacional de materiais e equipamentos para saúde. O primeiro é a Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que tem em análise produtos do setor como marcapasso e equipamentos para hemodiálise. O segundo é a compensa-ção tecnológica, ou offset, que contempla compras internacionais de grande volume e estabelece alguma forma de compensação ao País através da transferência de tecnologia, implantação de fábricas ou centros de pesquisa.

Implantada pela primeira vez no Brasil, a medida viabilizou um programa de radioterapia, que produzirá mais de 80 equipamentos até julho do próximo ano e prevê um grau de interação produtiva de até 40%. “A proposta é atrair centros de pesquisa, desenvolvi-mento e inovação (PD&I) para o País, estimular a produção local de produtos e o desenvolvimento de fornecedores de partes e peças de alto custo ou de grande impacto sanitário e social”, concluiu.

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Política industrial para o Complexo Industrial da Saúde tem foco em PD&I

8 Pró-Inovação em Revista - Ano IV - nº 9 - maio/junho 2013

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tre

vist

aentrevista

articulação de políticas favoráveis e A eficazes para o setor de materiais e

equipamentos para saúde é vista pela

indústria como fundamental para

alcançar a isonomia frente aos importa-

dos. Rumo a isto, o Plano Brasil Maior,

lançado em 2011 pelo Governo Federal,

vem estabelecendo a política industrial,

tecnológica, de serviços e de comércio

exterior no País com foco no estímulo à

inovação e à produção nacional.

Entre os representantes institucionais

do plano, a Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial (ABDI)

desempenha importantes ações para

alavancar a competitividade da in-

dústria nos mercados interno e externo

em direção ao desenvolvimento

econômico e social. Sobre as ações, a diretora da

ABDI, Maria Luisa Leal, explica que a

política industrial para o Complexo

Industrial da Saúde (CIS) está focada no

fortalecimento da produção nacional e

da estrutura de suporte para a pesquisa,

desenvolvimento e inovação (PD&I).

Para isto, a agência pretende desenvol-

ver Agendas Tecnológicas Setoriais

(ATS) para realizar o mapeamento de

tecnologias relevantes e articulação dos

segmentos até 2014. Além disso, a

diretora também destaca outras ações

definidas para o CIS que estiveram em

pauta nos debates do 2º Congresso de

Inovação em Materiais e Equipamentos

para Saúde (Cimes).

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Maria Luisa Leal

Política industrial para o Complexo Industrial da Saúde tem foco em PD&I

Page 11: Revista Pró-Inovação - edição 9

www.protec.org.br 9

As Agendas Tecnológicas

Setoriais previstas para a saúde

podem e devem se constituir

como subsídios importantes para

a indústria nacionalalcançar melhores

níveis de densidade tecnológica

entrevista

Qual é a visão da ABDI sobre a impor-tância da inovação na indústria de materiais e equipamentos para a saúde frente à política do Plano Brasil Maior?

Maria Luisa Leal: Os objetivos da política industrial para o Complexo Industrial da Saúde (CIS) estão voltados para o fortalecimento da produção local e da estrutura de suporte para a pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Tendo em vista que a concorrência é um processo dinâmico orientado pela busca de oportunidades de mercado que gerem lucro, a inovação constitui uma das principais estratégias de geração de diferencial competitivo. O Plano Brasil Maior tem a inovação como eixo estratégico e instrumento facilitador da entrada, ampliação e manutenção de mercados. Organizar e promover a inovação como meio para atingir a diversificação de produtos e a consolida-ção de competências é um dos grandes desafios dessa política.

Entre as principais ações do Plano Brasil Maior, quais podem ser desta-cadas em benefício do setor?

M.L.: Nesse sentido, entre as medidas da Agenda Estratégica do plano para o setor, podemos destacar a definição de

margem de preferência de até 25% para produtos manufaturados e serviços nacionais que atendam às normas técnicas brasileiras e incorporem inovação no setor de saúde em atendi-mento à Lei 12.349/2010.

Quanto à agenda tecnológica setorial, como a ABDI vem apoiando o desen-volvimento e domínio de tecnologias prioritárias para a saúde no País?

M.L.: Um importante dispositivo do Plano Brasil Maior para a promoção da inovação no setor da saúde é o mapea-mento das tecnologias relevantes, por meio do desenvolvimento das Agendas Tecnológicas Setoriais (ATS) que, no caso do CIS, abordará os seguintes temas: biofármacos com foco em anticorpos monoclonais; nanotecnolo-gia; órteses, próteses e materiais especiais; equipamentos para diagnósti-co de imagem e in vitro no local; medicina regenerativa (terapia celular, terapia gênica, bioengenharia de tecidos etc); e telemedicina. Esse mapeamento, que será realizado em 2013 e 2014, busca identificar as tecnologias com efetivo potencial de produção no País.

Considerando que o Brasil possui um dos maiores sistemas públicos de saúde, quais seriam as ações prioritá-rias para o fortalecimento da indústria da saúde?

M.L.: Os ministérios da Saúde (MS) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) estão atuando em parceria no âmbito do Plano Brasil Maior, de forma a estimular a inovação e o desenvolvimento do CIS no sentido de reduzir a vulnerabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS). A articulação institucional integrada e coordenada entre os diversos agentes, o uso do poder de compra do Estado, a ampliação e modernização da infraestrutura tecno-lógica, a agenda de financiamentos, a atualização e fortalecimento do marco regulatório e a incorporação tecnológica são ações definidas para o CIS dentro do Plano Brasil Maior. É necessário aprofundar esse conjunto de instrumen-tos para que eles sejam ágeis e eficazes de forma a produzir efetivos resultados na competitividade da indústria de mate-riais e equipamentos médicos.

Quais ações poderiam ser implemen-tadas para reduzir o déficit da balança comercial e estabelecer o desenvolvi-mento sustentável do SUS?

M.L.: O uso do poder de compra do Governo contribui para o aumento da escala de produção e acumulação de capital, porém, é necessário apostar também na diferenciação e na exporta-ção. Somente com o estabelecimento de estratégias de exportação e investimen-tos governamentais e privados em tecnologias relevantes para o setor de saúde é que se terá escala para o desen-volvimento de produtos inovadores. Da mesma forma, as Agendas Tecnológicas Setoriais previstas para a saúde podem e devem se constituir como subsídios importantes para a indústria nacional alcançar melhores níveis de densidade tecnológica nos seus portfólios, aumen-tando assim sua participação no mercado interno, além de atingir novos mercados. Enf im, estamos aprovei tando as sinergias entre as ações do Plano Brasil Maior e o interesse do setor produtivo, para que o SUS e suas demandas atuem como catalisadores para o desenvolvi-mento e fortalecimento do setor da saúde e da indústria nacional.

Estamos aproveitando as sinergias entre

as ações do Plano Brasil Maior e o interesse do setor produtivo,

para que o SUS e suas demandas

atuem como catalisadores para o

desenvolvimento e fortalecimento

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Anvisa prevê alterações no marco regulatório Agência reguladora pretende reduzir o tempo dos processos de registro e simplificar a obtenção do Certificado de Boas Práticas de Fabricação

longo tempo de espera no processo O de cadastro ou registro de novos produtos é um dos principais gargalos do setor de materiais e equipamentos para a saúde quando o assunto é inovação. Depois da etapa de pesquisa de um novo produto, é preciso iniciar o processo de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que fiscaliza a qualidade, eficácia e segurança para que os produtos possam ser comercializados. Entretanto, o período de análise e aprovação dos processos é longo, leva em média de seis a 24 meses, o que impacta diretamente no retorno financeiro e distribuição de recursos para a pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas empresas. Questionado sobre o assunto, o presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, apresentou as ações da agência para viabilizar a concretização de projetos que possibilitem a redução do tempo atual dos processos de registro, durante o 2º

Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde (Cimes).

Barbano admite que a agência enfrenta um gargalo no tempo de registro de materiais médicos, principal-mente no segmento de implantes ortopédicos e cardíacos, e ressalta a importância da construção de medidas eficazes para a inversão deste quadro. Para agilizar os processos, ele destaca a necessidade de mudanças internas, na estrutura regulatória de trabalho e, principalmente, de pensamento. “O marco regulatório não pode ser conde-nado, ele deve ser adaptado às novas tecnologias e cenários sociais”, defendeu.

De acordo com Barbano, no contexto da regulação sanitária, a agência está diretamente relacionada ao desenvolvimento tecnológico. Ela não poderia mais ser vista como uma barreira à inovação, e sim como uma participante ativa do desenvolvimento social. “A

regulação não deve ser uma barreira burra, ela precisa ser vista como um processo inteligente de garantia da segurança, qualidade e proteção dos produtos”, afirmou.

Como medida inicial para agilizar o processo de registro, o presidente destaca a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 50, de 13/09/2012. A RDC permite que produtos objeto de Parcerias de Desenvolvimento Pro-dutivo (PDP) – seja público/ público e público/privado – ou de interesse estratégico do Sistema Único de Saúde (SUS) tenham o registro provisório ainda durante o processo de desenvolvimento ou de transferência de tecnologia. A resolução já está em vigor, mas contabi-liza apenas um registro solicitado nesta nova condição.

Entre as ações de reestruturação de trabalho, Barbano apresentou a modernização da gestão interna da

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agência, que desde o ano passado foi dividida em cinco diretorias. A divisão foi orientada pela execução de processos para atender melhor cada área de atuação e etapas de mercado.

Na área de autorização e registro sanitário, a agência prevê a agilidade na liberação dos processos com a simplifi-cação da análise referente ao cadastro e classificação das alterações de registro através do peticionamento eletrônico para o setor de materiais e equipamentos para saúde. “Vamos simplificar o cadastro de produtos quanto à documentação e análise, que devem ser realizadas por meio eletrônico até o fim do ano, e terá um formato objetivo de aprovação”, explicou.

Marco regulatório

Com relação à regulação, a reno-vação estrutural conta com a proposta de alteração do decreto nº 74.094/77. A proposta, já encaminhada para a Casa Civil, prevê a exclusão de um conjunto de dispositivos que aumentam a burocracia, que assim ficarão reduzidos de 171 para 30. Para Barbano, a proposta marca a atualização do sistema regulatório que não consegue mais atender satisfatoria-mente às necessidades da indústria nacional. “Sem inovação não há competi-tividade e, para isto, é preciso criar um ambiente propício para inovar. A Anvisa sabe disto, e desde 2009 tem uma agenda de inovação para ajudar a criar uma estrutura regulatória que possibilite este ambiente”, declarou.

A reestruturação regulatória conta ainda com seis proposições de ajuste dos marcos legais da Anvisa e da Lei nº 6360/76. Um dos ajustes abrange a renovação da Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF). A proposta prevê a alteração da dinâmica de exigência do certificado que deve ter o prazo de validade estendido de 2 para 4 anos.

Além disso, outro ajuste inclui a possibilidade do reconhecimento de auditorias e inspeções internacionais realizadas por organismos certificadores capacitados no Brasil e em outros países, o que pode diminuir o número de inspeções internacionais e nacionais em 80%. “A proposta é quebrar o monopólio do Estado na Certificação de Boas Práticas de Fabricação, preservando à

agência a atividade fiscalizadora da qualidade”, declarou.

Segundo o presidente, outra proposição pretende reduzir a atuação da agência em processos de normati-zação. A proposta transformará a Autorização de Funcionamento de Empresas (AFE) em uma atividade cadastral e deve eliminar a análise anual de mais de 110 mil processos relativos a farmácias, drogarias, distribuidoras, e outros. As autoriza-ções poderão ser emitidas pelas

autoridades sanitárias dos municípios, o que deve diminuir o esforço de recursos humanos da Anvisa com o processo burocrático. “Fazer mais vigilância e menos normatização é algo inevitável”, comentou.

Já na adequação do processo de análise para revalidação na etapa de pós-registro, a validade dos registros de produtos sujeitos à vigilância sanitária será alterada e passará a ser estabelecida conforme o critério de risco sanitário. Em classes de baixo risco, a agência permitirá que produtos que não apre-sentaram ocorrências de falha ou risco sejam revalidados de forma automática sem a necessidade de uma nova avaliação visando à otimização da capacidade operacional.

Ainda, outras proposições pre-vêem o reconhecimento de auditorias e inspeções internacionais realizadas por agências com capacidade reconhecida pela Anvisa, o que deve diminuir em 60% o número de inspeções internacio-nais, e a isenção de taxas para microem-

preendedores individuais e agricul-tores familiares.

Diálogo com o setor

De acordo com o diretor institu-cional da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Márcio Bósio, a indústria de equipamentos e materiais para a saúde vive um impor-tante momento em que passa a ser reconhecida como uma área estratégica entre as políticas públicas e órgãos reguladores da saúde no País que antes voltavam atenção exclusivamente para a indústria de medicamentos.

Para o presidente da Anvisa, além das ações propostas pela agência é fundamental que as normas fiquem claras para que o setor e produtos estejam aptos a competir e se inserir no mercado global. Para isto, ele enfatiza a participação da indústria e represen-tantes como a Abimo na promoção do estabelecimento de diretrizes efetivas.

“Por exemplo, no segmento ortopédico não há clareza de quais ensaios ou normas devem ser adotados. Em combate a isso a Abimo está internalizando um importante conjunto de normas para que em até dois anos o Brasil passe a ter um padrão normativo internacional”, afirmou.

Sem inovação não há

competitividade e, para isto,

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Abendi – Associação Brasileira de Ensaios

Não Destrutivos e Inspeção

Abifina - Associação Brasileira das

Indústrias de Química Fina, Biotecnologia

e suas Especialidades

Abimo – Associação Brasileira das

Indústrias de Artigos e Equipamentos

Médicos e Odontológicos

Abiquim – Associação Brasileira da

Indústria Química

ABM – Associação Brasileira de

Metalurgia, Materiais e Mineração

Abraco – Associação Brasileira de

Corrosão

Abravest – Associação Brasileira do

Vestuário

Abripur – Associação Brasileira da

Indústria do Poliuretano

ABTCP – Associação Brasileira Técnica de

Celulose e Papel

CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos

FBTS – Fundação Brasileira de

Tecnologia da Soldagem

IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia

do Couro, Calçado e Artefatos

IPDEletron – Instituto de Gestão de

Pesquisa e Desenvolvimento para a

Indústria Elétrica e Eletrônica

IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento de Fármacos e Produtos

Farmacêuticos

IPD-Maq - Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento Tecnológico da

Indústria de Máquinas e Equipamentos

ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha

Itehpec – Instituto de Tecnologia e

Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria

e Cosméticos

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Nanotecnologia em cosméticos em debate

O Encontro Internacional de Nanotecnologia em Cosméticos, promovido pelo Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Itehpec), braço tecnológico da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), será realizado nos dias 12 e 13 de agosto, em São Paulo. Com o tema “A Nanotecnologia como fator de competitividade das empresas”, o encontro irá reunir renomados especialistas do Brasil e do exterior para discutir sobre os aspectos da nanotecnologia que estão em evidência na atualidade. Serão abordados diversos temas relacionados a soluções para as demandas tecnológicas do setor. Para mais informações, acesse: www.itehpec.org.br

II Simpósio Nacional de Biorrefinarias

O II Simpósio Nacional de Biorrefinarias (SNBr) será realizado de 24 a 26 de setembro de 2013, em Brasília. Promovido pela Embrapa Agroenergia em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) e a Sociedade de Engenharia Química e Biotecnologia da Alemanha (Dechema), o evento tem o objetivo de promover a discussão sobre o potencial e os desafios das biorrefinarias contribuindo para o desenvolvimento da economia verde. A proposta do seminário é reunir representantes da indústria, Governo, instituições de pesquisa e academia para debater temáticas relacionadas aos segmentos de agroindústria, bioenergia, química, química fina, biotecnologia, e papel e celulose. Informações: www.snbr2013.com.br

Capacitação técnica para a siderurgia

A Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Automotivo e Informática do Médio Paraíba e Sul Fluminense (Metalsul) vão oferecer 14 cursos de capacitação de pessoal até o final do ano para aumentar a produtividade e competitividade das empresas do setor. Os cursos auxiliarão empresas na criação de competências, trazendo informações atualizadas para os profissionais que trabalham direta ou indiretamente em atividades ligadas a Meio Ambiente, Qualidade, Ciência e Engenharia de Materiais Metálicos, Conformação, Tratamento Térmico e Aplicação de Materiais. As aulas serão ministradas a partir do dia 15 de maio, em Volta Redonda (RJ). Para conferir a agenda acesse: www.abmbrasil.com.br

ABTCP traz inovações em 2013

A Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) irá realizar o 46º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel nos dias 8 e 10 de outubro, em São Paulo. O evento é o maior da América Latina no setor e tem o tema “Tecnologias Limpas e Ecoeficiência”, que irá trazer sessões técnicas sobre recuperação e utilidades, meio ambiente, recursos de base florestal, engenharia e manutenção, e celulose e papel. Entre as novidades do congresso estão a sessão técnica florestal inédita, organizada em parceria com o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), e o equilíbrio da programação entre trabalhos acadêmicos e práticos. As mudanças no perfil do congresso e do novo posicionamento da associação refletem um momento de transformações positivas após a reestruturação da governança corporativa da entidade, que agora tem à frente da recém-criada diretoria executiva da ABTCP, o executivo Darcio Berni. Para mais informações sobre o congresso acesse: www.abtcp2013.org.br

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