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EsPCEx 1 EsPCEx, onde tudo começa Escola Preparatória de Cadetes do Exército REVISTA PEDAGÓGICA 2018 – 19ª Edição – Publicada pela Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Campinas,SP. Fone: (0xx19)37442000,Fax:(0xx19) 37442073. www.espcex.eb.mil.br, ISSN 1677- 8359. A Nossa Capa homenageia a Artilharia da Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial. A imagem de fundo reproduz uma obra do artista plástico Pedro Ernesto Luna, ex-aluno da Escola Preparatória de São Paulo, integrante da Turma Ten Cel Edgard de Alencar Filho (1955-1956). Na parte superior, delimitando o nome da Escola, à esquerda, vê-se a imagem que ilustrou a capa da primeira Revista Pedagógica, editada no ano do Jubileu de Ouro da EsPCEx e, à direita, o Brasão da EsPCEx. Criação: Eduardo Tramonte Cappellano Publicitário Nossa Capa Comando da Escola Marcus Alexandre Fernandes de Araujo – Cel Comandante e Diretor de Ensino Alexandre de Oliveira Moço – Cel Subcomandante e Subdiretor de Ensino Jean Lawand Júnior – Ten Cel Comandante do Corpo de Alunos Divisão de Ensino André Freitas Pinto – Cel Chefe da Divisão de Ensino Língua Portuguesa I Guaraci Alexandre Vieira Collares – Cel Chefe da Seção de Português História Militar I Sérgio Aparecido Bueno de Oliveira – Cel Chefe da Seção de História Língua Inglesa I Antônio José Luchetti – Cel Chefe da Seção de Inglês Língua Espanhola I José Francisco Martinez – Cel Chefe da Seção de Espanhol Física I João Alves de Paiva Neto – Cel Chefe da Seção de Física Cibernética I Ricardo Henrique Paulino da Cruz – Cel Chefe da Seção de Cibernética I Química I Maria Lúcia Fernandes Batista e Silva – Ten Cel Chefe da Seção de Química I Cálculo I Wilson Roberto Rodrigues – Cel Chefe da Seção de Cálculo I ********************************* Direção da Revista e Diagramação: Jorge Luiz Pavan Cappellano – Cel Arte Final: Eduardo T Cappellano– Publicitário Revisão: Edson de Campos Souza – Cel Professor de Português Fotolito e Impressão: EGGCF Tiragem da Revista: 1000 exemplares - Distribuição Gratuita - Os conteúdos dos textos, o uso das imagens e a bibliografia apresentados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, as opiniões da direção da Revista e da EsPCEx. ***

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Page 1: Revista Pedagógica 2014 - Exército Brasileiroa capa da primeira Revista Pedagógica, editada no ano do Jubileu de Ouro da EsPCEx e, à direita, o Brasão da EsPCEx. Criação: Eduardo

EsPCEx

1EsPCEx, onde tudo começa

Escola Preparatória de Cadetes do Exército

REVISTA PEDAGÓGICA 2018– 19ª Edição –

Publicada pela Escola Preparatóriade Cadetes do Exército. Campinas,SP.Fone: (0xx19)37442000,Fax:(0xx19)37442073. www.espcex.eb.mil.br, ISSN1677- 8359.

A Nossa Capa homenageia aArtilharia da Força ExpedicionáriaBrasileira nos campos de batalha da 2ªGuerra Mundial. A imagem de fundoreproduz uma obra do artista plásticoPedro Ernesto Luna, ex-aluno da EscolaPreparatória de São Paulo, integranteda Turma Ten Cel Edgard de AlencarFilho (1955-1956). Na parte superior,delimitando o nome da Escola, àesquerda, vê-se a imagem que ilustroua capa da primeira Revista Pedagógica,editada no ano do Jubileu de Ouro daEsPCEx e, à direita, o Brasão da EsPCEx.

Criação: Eduardo Tramonte CappellanoPublicitário

Nossa Capa

Comando da EscolaMarcus Alexandre Fernandes de Araujo – Cel

Comandante e Diretor de Ensino

Alexandre de Oliveira Moço – CelSubcomandante e Subdiretor de Ensino

Jean Lawand Júnior – Ten CelComandante do Corpo de Alunos

Divisão de EnsinoAndré Freitas Pinto – Cel

Chefe da Divisão de Ensino

Língua Portuguesa IGuaraci Alexandre Vieira Collares – Cel

Chefe da Seção de Português

História Militar ISérgio Aparecido Bueno de Oliveira – Cel

Chefe da Seção de História

Língua Inglesa IAntônio José Luchetti – CelChefe da Seção de Inglês

Língua Espanhola IJosé Francisco Martinez – CelChefe da Seção de Espanhol

Física IJoão Alves de Paiva Neto – Cel

Chefe da Seção de Física

Cibernética IRicardo Henrique Paulino da Cruz – Cel

Chefe da Seção de Cibernética I

Química IMaria Lúcia Fernandes Batista e Silva – Ten Cel

Chefe da Seção de Química I

Cálculo I Wilson Roberto Rodrigues – Cel

Chefe da Seção de Cálculo I

********************************* Direção da Revista e Diagramação: Jorge Luiz Pavan Cappellano – Cel Arte Final: Eduardo T Cappellano– Publicitário

Revisão: Edson de Campos Souza – Cel Professor de Português Fotolito e Impressão: EGGCF

Tiragem da Revista: 1000 exemplares

- Distribuição Gratuita -

Os conteúdos dos textos, o usodas imagens e a bibliografiaapresentados são de responsabilidadede seus autores e não expressam,necessariamente, as opiniões dadireção da Revista e da EsPCEx.

***

Page 2: Revista Pedagógica 2014 - Exército Brasileiroa capa da primeira Revista Pedagógica, editada no ano do Jubileu de Ouro da EsPCEx e, à direita, o Brasão da EsPCEx. Criação: Eduardo

EsPCEx

EsPCEx, onde tudo começa2

Sumário

EditorialMarcus Alexandre Fernandes de Araujo – Cel Comandante e Diretor de Ensino daEsPCEx..............................................................................................05

EsPCEx 78 Anos de história – Linha do tempoJorge Luiz Pavan Cappellano – Cel Professor de Português e Chefe da Seção doPatrimônio Histórico e Cultural da EsPCEx...............................................06

Amor à Profissão: um valor desenvolvido em Língua Portuguesa IWallace Franco da Silva Fauth – Ten Cel Professor de Português daEsPCEx...............................................................................................18

As Boas Práticas Logísticas Desempenhadas por um Batalhão Logístico doExército BrasileiroAndré Freitas Pinto – Cel Chefe da Divisão de Ensino da EsPCEx.......................26

A Sociometria e o Início da Formação do Perfil Profissiográfico no EnsinoSuperior MilitarCamila Sobral Teixeira Krausz – 2º Ten OTT Pedagoga ...............................31

Autorregulação da Aprendizagem: uma experiência no Ensino SuperiorMilitarAna Cláudia Rocha Barbosa – Pedagoga...................................................36

Avaliação de Proficiência Oral em Disciplina de Língua Estrangeira: relatode experiênciaMaria da Graça Duarte Baroncelli – Ten Cel Professora de Inglês e VivianeFátima Pettirossi Raulik - Professora de Inglês ........................................43

A Importância da Empatia do Adjunto de Comando no Assessoramento doProcesso DecisórioEleandro Casagrande – ST Adjunto de Comando da EsPCEx..............................47

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3EsPCEx, onde tudo começa

Distinção entre Obras e Serviços de Engenharia e Serviços Comuns deEngenharia e Reflexos na LicitaçãoDavi Horr – 2º Sgt Músico .....................................................................51

Administração Pública e Desenvolvimento SustentávelDavi Horr – 2º Sgt Músico e Tiago Baratto de Castro – 3º Sgt Músico ................58

Artigos de Iniciação à Pesquisa Científica dos Discentes da EsPCEx

A Missão Militar FrancesaLeonardo Lemos Dill – Aluno da EsPCEx...................................................64

Aplicação do Sistema de Posicionamento Global (GPS) na OrientaçãoGustavo Ferreira Amorim – Aluno da EsPCEx.................................................67

A Importância do Exame Psicológico no Concurso de Admissão da EsPCExCalebe Bartex Frota – Aluno da EsPCEx...................................................70

Ferrolho RotativoArthur Florentino de Oliveira – Aluno da EsPCEx...........................................75

Núcleo de Mergulhadores Autônomos (NUMAUT)Ariana Cristina Mota Zimmermann – Aluno da EsPCEx....................................79

As Bruxas da Noite e a Presença de Mulheres na Linha BélicaMatheus Spinelli Fernandes – Aluno da EsPCEx.............................................84

Desenvolvimento de Valores e Atributos da Juventude Militar em Formação

L NAEJorge Luiz Pavan Cappellano – Cel Professor de Português e Chefe da Seção doPatrimônio Histórico e Cultural da EsPCEx. ....................................................88

Inauguração do Ginásio Poliesportivo General Zenildo Zoroastro de LucenaJorge Luiz Pavan Cappellano – Cel Professor de Português e Chefe da Seção doPatrimônio Histórico e Cultural da EsPCEx. ....................................................92

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EsPCEx

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Nossos Comandantes

General de ExércitoEduardo Dias da Costa Villas Bôas

Comandante do Exército

General de Exército Mauro César Lourena Cid

Chefe do Departamento de Educação eCultura do Exército

General de DivisãoJoão Batista Bezerra Leonel Filho

Diretor de Educação Superior Militar

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EsPCEx

5EsPCEx, onde tudo começa

EDITORIAL

(*) O Coronel de Artilharia Marcus Alexandre Fernandes de Araujo incorporou-se àsfileiras do Exército como aluno da EsPCEx em 13 de fevereiro de 1984. Graduou-sena Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 1990, cursou a Escola deAperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) em 1998 e a Escola de Comando e Estado-Maior (ECEME) em 2007. Realizou os Cursos Básico de Paraquedista (1993), Mestrede Salto (1996), Básico de Salto Livre (1997), Estudo de Defesa do Royal College ofDefense Studies-Londres/Inglaterra (2016). Dentre outras funções, foi instrutor dosCursos de Artilharia da AMAN, da ESAO e da Seção de Logística da ECEME;Assessor de Artilharia da Cooperação Militar Brasileira no Paraguai; Comandante do32º Grupo de Artilharia de Campanha (Brasília-DF), Oficial do Gabinete do Comandantedo Exército e Chefe do Gabinete da Secretaria-Geral do Exército. Atualmente éComandante e Diretor de Ensino da EsPCEx.

A Revista Pedagógica da EsPCEx é um espaço aberto para publicação de trabalhosacadêmicos de professores e instrutores, de registro da produção escrita de iniciaçãocientífica de nossos alunos e de divulgação de atividades que, de forma subjacente,contribuem para o desenvolvimento da juventude militar em formação.

A EsPCEx é uma instituição moderna, dinâmica, que se adapta às novas tendênci-as de ensino e aprendizado, alinhando-se com o que há de mais moderno no ambienteeducacional para melhor formar os futuros oficiais do Exército Brasileiro.

É nesse contexto que publicamos a 19ª edição da Revista, que apresenta, dentreoutros temas, A Linha do Tempo da EsPCEx, contendo os principais acontecimentos deseus 78 anos selecionando e preparando os Cadetes de Caxias; Amor à Profissão: umvalor desenvolvido em Língua Portuguesa I; As Boas Práticas Logísticas Desempenha-das por um Batalhão Logístico do Exército Brasileiro; A Sociometria e o Início da For-mação do Perfil Profissiográfico no Ensino Superior Militar; Autorregulação da Aprendi-zagem: uma experiência no Ensino Superior; Avaliação de Proficiência Oral em Discipli-na de Língua Estrangeira: relato de experiência; A Importância da Empatia do Adjuntode Comando no Assessoramento do Processo Decisório; Distinção entre Obras e Servi-ços de Engenharia e Serviços Comuns de Engenharia e Reflexos na Licitação; Adminis-tração Pública e o Desenvolvimento Sustentável; uma série de artigos de iniciação àpesquisa científica, elaborados por nossos discentes; e o registro de dois eventos queatuam como vetores na construção de valores e atributos na formação militar.

Os conteúdos dos textos desta publicação não são definitivos, mas servem paraalimentar uma sadia discussão e a troca de conhecimentos entre educadores e apren-dizes. A busca permanente por novas técnicas de ensino e aprendizagem é fator indis-pensável para a evolução da sociedade e o aprimoramento do ser humano.

Ao proporcionarmos a oportunidade de produzir textos para uma revista pedagó-gica, estamos, também, promovendo uma conscientização da importância do domínioda linguagem para o bom desempenho acadêmico e do futuro oficial, pois, além dosconteúdos, os fundamentos da Língua Portuguesa sempre serão essenciais em todasas atribuições profissionais.

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EsPCEx

EsPCEx, onde tudo começa6

Jorge Luiz Pavan Cappellano(*)Professor de Língua Portuguesa e Literatura

EsPCEx, ONDE TUDO COMEÇA

EsPCEx – 78 Anos de HistóriaLinha do Tempo

No dia 17 de setembro de 2018, aEsPCEx comemorou 78 anos de exis-tência, 18 dos quais vividos na históri-ca Escola Preparatória de Cadetes deSão Paulo, sediada, de 1940 a 1958,na Rua da Fonte, n.91, na Bela Vista,na capital do estado.

Foi naquele prédio ONDE TUDO

COMEÇOU. Lá foram criadas as duasprimeiras Companhias de Alunos, aCompanhia de Comando e Serviço(CCSv), os símbolos do Comando e oprimeiro Estandarte-Distintivo da Es-cola.

Quando a Escola veio para Campi-nas, em 1959, trouxe na bagagem,além do mobiliário, documentos, livrose veículos militares, um inestimávelpatrimônio cultural e anímico,construído em quase duas décadas, queconsolidaram e criaram uma identida-de para esta tradicional Escola Militar.

No decorrer desses anos, muitascoisas foram se modificando, quer pelaprópria evolução da sociedade, quermotivadas pelos constantes avançostecnológicos. A Escola, sempre aten-ta, foi-se adaptando às novidades, im-pondo intenso ritmo de ensino e apren-dizagem, o que lhe garantiu uma posi-ção de vanguarda na área do Ensino euma excelência na preparação dos fu-turos cadetes da AMAN.

No ano de 2010, o Departamentode Ensino e Cultura do Exército (DECEx)começou a desenvolver estudos parapromover a atualização curricular de to-dos os seus estabelecimentos de ensi-no, visando à modernização do Siste-ma de Ensino Bélico.

A partir de 2012, a EsPCEx incluiuem seu currículo os conteúdos do 1ºano da Academia Militar das AgulhasNegras (AMAN), passando a se consti-tuir o primeiro dos cinco anos de for-mação do oficial do Exército Brasileiro.

Em 2017, pela primeira vez na his-tória da EsPCEx, foram incorporadas 40alunos do sexo feminino, constituindoa primeira turma de jovens mulheres aserem qualificadas como futuras ofici-ais na linha de formação do Combaten-te Bélico do Exército Brasileiro.

Tudo parece muito simples quan-do descrito cronologicamente depois deanos de enfrentamentos e desafios nabusca da consolidação de ideais sonha-dos por inúmeras gerações que passa-ram pela EPSP, EPC e EsPCEx.

A nossa atual EsPCEx é o teste-munho de que o ensino e a cultura sãoriquezas de nossa oficialidade comba-tente e de nosso Exército Brasileiro. Énesta Casa do Saber “Onde Tudo Co-meça”. A bravura e a resiliência dospioneiros da Rua da Fonte, na saudosa

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EsPCEx

7EsPCEx, onde tudo começa

Escola Preparatória de São Paulo, fo-ram a semente fecunda que inspirouos continuadores da EPC e da EsPCEx.

Conhecer os detalhes quepermearam essa maravilhosa trajetó-ria do ensino preparatório militar é iden-tificar uma instituição de ensino doExército Brasileiro cuja vocação maior,ao longo desses 78 anos, foi servir àPátria Brasileira por meio da educaçãoda juventude militar em formação.

Ombro a ombro, sucessivas gera-ções de alunos marcharam na busca deseu maior ideal: ser oficial do ExércitoBrasileiro.

Para os nossos leitores, que nãoconhecem com profundidade a trajetó-ria de nossa Escola, apresento, de for-ma sintética, a Linha do Tempo que seformou no decorrer desses 78 anos,para que possam compartilhar dosacontecimentos que marcaram a tra-jetória desta maravilhosa instituição deensino superior militar, patrimônio cul-tural da cidade de Campinas-SP, doExército Brasileiro e do País.

Linha do Tempo

1939 – Criação da Escola Pre-paratória de Porto Alegre (EPPA)

O Decreto - Lei nº 1.123, de 27 defevereiro de 1939, transforma o antigoColégio Militar de Porto Alegre em “Es-cola de Formação de Cadetes”. O arti-go 1º do Decreto nº 3.828, de 15 demarço de 1939, que trata das instru-ções provisórias para matrícula no novoestabelecimento de ensino, modifica-va o nome para “Escola Preparatória deCadetes de Porto Alegre”.

1940 – Criação da Escola Pre-paratória de São Paulo (EPSP)

O Decreto -Lei nº 2.584, de 17 desetembro de 1940, publicado no DOUde 19 de setembro e Boletim do Exér-cito nº 38, cria a Escola Preparatóriade Cadetes de São Paulo.

1940 – Criação do Estandarte –Distintivo da EPSP.

O modelo foi aprovado pelo De-creto nº 5.108, de 12 de janeiro de1940, publicado no DOU de 15 de ja-neiro de 1940. Esse modelo era o mes-mo da EPPA e foi adotado pela EPSP.

Escola Preparatória de PortoAlegre -1939

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx - Arno Wollmann - 1930/1940

Escola Preparatória de SãoPaulo -1940

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

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EsPCEx

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Primeiro Estandarte-Distintivoda Escola Preparatória de São

Paulo - 1940

1941 – Primeiro Local deFuncionamento da EPSP

A Escola permaneceu neste local ,em caráter provisório, por 18 (dezoito)anos.

O prédio, na época, em fase aca-bamento, na capital do Estado de SãoPaulo, está situado na Rua da Fonte(atual Rua Adma Jafet), nº 91, no bair-ro da Bela Vista, onde hoje funciona oHospital Sírio-Libanês.

Formatura Matinal da EPSP -1941

1941 – Nomeação do primeiroComandante da EPSP

Octávio Saldanha MazzaCel Comandante da EPSP

Foi nomeado Comandante da EPSP,por meio de decreto presidencial, de28 março de 1941, o Cel OctávioSadanha Mazza.

1941 – Início das Atividades deEnsino da EPSP

Início em 2 de junho de 1941, pu-blicado no BI da EPSP, de 2 junho de1941.

1941 – Criação da Biblioteca Escolar

Criada em 25 de julho de 1941,com obras doadas pelos professores epela Interventoria do Estado de SãoPaulo.

1941 – Aprovação das insígnias edistintivos da EPSP

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

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EsPCEx

9EsPCEx, onde tudo começa

1941 – Distintivo da EPSP

1941 – Simbolos das Companhias

1941 – Insígnia do Comandante

1941 – Insígnia do Comandante doBatalhão Escolar

1941 – Insígnia de Comandante deCompanhia de Alunos

1941 – 1º Compromisso à BandeiraNacional

No dia 19 de novembro de 1941,na Praça Paissandu, na capital do Es-tado de São Paulo, pela primeira vez,os alunos da recém-criada Escola Pre-paratória de Cadetes de São Paulo pres-tavam o solene Compromisso à Ban-deira Nacional.

1º Compromisso à Bandeira NacionalPraça Paissandu

1942 – Criação da Escola Prepara-tória de Cadetes de Fortaleza (EPF)

O Decreto-Lei nº 4.006, de 9 dejaneiro de 1942, publicado no DOU de12 de janeiro de 1942, criava a EPF.

Escola Preparatória de Cadetes deFortaleza (EPF)

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

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1943 – Visita do Futuro Comandanteda Força Expedicionária Brasileira

No dia 17 de junho de 1943, a EPSPteve a honra de receber a visita do GenJoão Baptista Mascarenhas de Moraes,que, nessa época, era o Comandanteda 2ª Região Militar. O fato foi regis-trado no Boletim Escolar nº 151, de 2de julho de 1943.

1944 – Primeiro Concurso paraProfessores da Escola Preparatóriade São Paulo

No dia 17 de janeiro de 1944, foirealizado um concurso para preenchi-mento de vagas de professores civis emilitares. Professores aprovados:

- História do Brasil: Cap ManoelCarneiro Pereira, Maj Sílvio Correia deAndrade e o Prof Civil Raul de Andradae Silva;

- Aritmética e Álgebra: Prof CivilJosé Manuel Soares Moreira e o TenAntonio Astorga. O Prof Moreira lecio-nou Matemática na EsPCEx até a suaaposentadoria na década de 1970.

Dentre os aprovados em 1944, oProf. Moreira foi o último a deixar aEsPCEx.

1944 – Compra do Terreno para aConstrução da Escola Preparatóriade Campinas

O Estado de São Paulo, represen-tado pelo Interventor Fernando de Sou-za Costa, em parceria com o Ministérioda Guerra, promoveu a aquisição doimóvel escolhido para a instalação daEPC, por meio do Decreto-Lei nº 13.906,de 20 março de 1944 (Diário Oficial doEstado de São Paulo, de 21 de marçode 1944). O Diário Oficial do Estado deSão Paulo nº 243, de 28 de outubro de1944, publicou a Lei nº 14.259, queautorizou a compra de mais uma faixade terreno destinado à construção daEscola.1944 – Início da Construção daEscola Preparatória de Campinas

Em julho de 1944, a Diretoria deObras Públicas do Estado de São Paulofirmava um contrato com a empresaSociedade Construtora Brasileira Ltda,encarregada de iniciar a construção daEPC. O arquiteto e engenheiro Hernanido Val Penteado ficou com a responsa-bilidade de criar os primeiros desenhose coordenar a construção da sede danova Escola de Cadetes.

Início da Construção da EPC

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

Primeiros Professores da EPSP

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

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11EsPCEx, onde tudo começa

Em 15 de março de 1946, o entãoComandante da EPSP, Coronel ArthurRescket Hall, recebeu ordens do esca-lão superior para criar a Banda de Mú-sica da EPSP. No dia 29 de março de1946, sob a regência do 2º Ten JuvenalCarneiro, 35 músicos realizaram a pri-meira apresentação oficial da Banda deMúsica.

1946 – Publicação do PrimeiroExemplar da Revista dos Alunos

1948 – Um Curso em Três Anos

De 1940 a 1947, a EPSP funcionouapenas com o 3º ano do Curso Cientí-fico (atual Ensino Médio). A partir de1948, passou a oferecer os três anosdo Curso Científico.

1949 – Novo Plano de Uniformes

Novos Uniformes das Escolas Preparatórias1ºUniforme 2ºUniforme 3ºUniforme 4ºUniforme 5ºUniforme

De 1940 a 1951, o Corpo de Alu-nos da EPSP portava uniformes seme-lhantes aos da Escola Militar doRealengo, transferida para Resende-RJa partir de 1944, então denominadaEscola Militar de Rezende – ainda es-crita com “Z”. Em 23 de abril de 1951, aEscola Militar de Rezende passou a sechamar Academia Militar das AgulhasNegras.

Em 14 de dezembro de 1949, oDecreto nº 27.548, publicado no DOUde 30 dezembro de 1949, aprovava oPlano de Uniformes para as EscolasPreparatórias. Estabelecia que, a par-tir de 1952, nenhum aluno das EscolasPreparatórias poderia portar peças deuniforme que não constassem do novoplano. Até esta data, haveria uma to-lerância.

1954 – Criação do Código de Honra

No dia 3 de julho de 1954, foi ofi-cializada a introdução do “Código deHonra da EPSP”, quando o Corpo deAlunos prestou o seguinte juramento:

1946 – Criação da Banda de Músicada EPSP

Banda de Música da EPSP

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

Primeiro Exemplar da Revista dosAlunos da EPSP

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EsPCEx, onde tudo começa12

“eu, de livre e espontânea vonta-de, perante a Bandeira de minha Pá-tria, o Estandarte de minha Escola ecom o testemunho de meus camara-das, prometo cumprir, legalmente, to-das as disposições do nosso Códigode Honra, plenamente convicto de que,ao traí-lo, terei sacrificado a minhaprópria carreira”.

1958 – Unificação do Estandarte-Distintivo das Escolas Preparatórias

A partir do Decreto nº 44.220, de31 de julho de 1958, foi instituído umestandarte único para as três escolaspreparatórias, diferenciando-os pelolaço militar e pelo distintivo de cadaescola.

Estandarte-Distintivo das EscolasPreparatórias

1958 – Doação do Imóvel da EPC

O prédio, parcialmente concluídoda EPC, foi entregue às autoridadesmilitares por meio do Decreto-Lei nº4.818, de 26 de agosto de 1958, con-forme publicação no Diário Oficial doEstado de São Paulo nº 189, de 27 deagosto de 1958.

1959 – Mudança de Sede

No dia 5 de janeiro de 1959, aCompanhia de Comando e Serviço daEPSP, destacamento precursor da mu-dança de sede, iniciava o deslocamen-to para a cidade de Campinas. Nessemesmo dia, foi publicado, no BoletimInterno da EPSP, o Decreto presiden-cial nº 45.275, de 23 de janeiro de 1959,que transferia a EPSP para Campinas-SP. Com esse ato, a Escola passou a sechamar “Escola Preparatória de Campi-nas (EPC).

1961 – Extinção das Três EscolasPreparatórias

O Decreto nº 166, de 17 de no-vembro de 1961, publicado no Boletimdo Exército nº 48, de 2 de dezembro de1961, transformou as escolas prepara-tórias de cadetes de Porto Alegre eFortaleza em Colégios Militares e de-terminou que a Escola Preparatóriade Campinas fosse extinta a partir de31 de dezembro de 1963.

A EPC Parcialmente Concluída

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

A Nova Sede

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

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13EsPCEx, onde tudo começa

1963 – Revogação da Extinção daEPC

O Decreto nº 52.948, de 26 denovembro de 1963, publicado no DOUde 27 de novembro de 1963, revogou oartigo do Decreto nº 166, de 17 denovembro de 1961, que extinguia aEPC.

1965 – Jubileu de Prata

No dia 17 de setembro de 1965, aEPC comemorou 25 anos de existênciacom a realização de inúmeros eventos,destacando-se a 1ª edição da NAE,competição esportiva envolvendo equi-pes de alunos do Colégio Naval, daEscola Preparatória do Ar e da EscolaPreparatória de Campinas, que se tor-naria tradicional entre as escolas mili-tares congêneres – I NAE.

1967 – Nova Denominação da EPC

A Portaria nº 175-GB, de 3 de ju-lho de 1967, publicada no DOU de 13de julho, alterou o nome da EPC paraEscola Preparatória de Cadetes do Exér-cito, com o objetivo de vincular o nomedo Estabelecimento de Ensino com asua finalidade.

1967 – O Novo Código de Honra doAluno da EsPCEx

O Código de Honra da EPSP nas-ceu por iniciativa dos alunos daquelaEscola. Em 1967, a nova versão destecódigo foi introduzida por iniciativa doComando da EsPCEx e estabelecia quetodos os alunos deveriam assinar o Li-vro de Honra, assumindo o compromis-so de se conduzir segundo as normastranscritas no Termo de Abertura doLivro e nos artigos do Compromisso doAluno. Este Código de Honra vigorouaté 1973, quando esses compromissospassaram a integrar o currículo de es-tudo e desenvolvimento da InstruçãoMilitar, tomando-se por referência oEstatuto dos Militares.

1968 – Criação da 3ª Companhia deAlunos

No dia 13 de março de 1968, o BIda EsPCEx nº 50 publicava a transfe-rência de alunos da 1ª e 2ª Companhi-as para a nova companhia que estavasendo formada – a 3ª Cia de Alunos,que adotou a “Pantera” como símbolorepresentativo de seus integrantes. Apartir desta data, o Corpo de Alunospassou a ser constituído por três Com-panhias: 1ª Cia – Águia; 2ª Cia – Leãoe 3ª Cia – Pantera. Solenidade de Abertura da I NAE

Ginásio do Taquaral, Campinas-SP

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx

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EsPCEx

EsPCEx, onde tudo começa14

1971 – Placas Comemorativas deFormatura

Desde 1971, as turmas formadasna EsPCEx registram sua passagem poreste estabelecimento de ensino cominauguração de uma placa em bronze,na qual consta o nome de todos osalunos formandos. As placas são afi-xadas nas paredes internas da PérgulaTiradentes, embora existam três delasem outros locais da Escola. Em 1973,por iniciativa do Comando, a PérgulaTiradentes passou a ser o local defini-tivo para esta homenagem. Com essatradição surgiu uma outra: todos osanos, no mês de dezembro, os ex-alu-nos retornam à EsPCEx para comemo-rar o transcurso de mais um decêniode formatura, afixando, ao lado da Pla-ca Comemorativa original, uma outraplaca, de menores dimensões, queassinala a passagem da data. Para asturmas formadas na Escola Preparató-ria de São Paulo também foi reservadoum local especial na PérgulaTiradentes, onde as placas comemora-tivas daquelas turmas pioneiras foramafixadas.

1972 – Capela Santo Tomás deAquino

O Projeto Básico de arquitetura daCapela é de autoria de Hernani do ValPenteado (1969). As linhas de cons-trução harmonizam-se com as do mo-delo do Conjunto Principal da EsPCEx.A semelhança não está só no aspectoexterno da construção, mas em cadadetalhe do acabamento interior daCapela. A maravilhosa obra, em estilocolonial espanhol, foi inaugurada em20 de janeiro de 1972. A Capela,edificada para desenvolver aespiritualidade e a união das pessoas,

cumpre seu papel aproximando a co-munidade civil dos moradores dos bair-ros vizinhos da família militar na cele-bração da vida e da fé cristã.

1973 – Inauguração do Salão CarlosGomes

No dia 15 de novembro de 1973,era inaugurado o Salão Nobre daEsPCEx, que recebeu o nome de “SalãoCarlos Gomes”, uma justa homenagema um dos mais ilustres brasileiros e ci-dadão campineiro, o grande maestroAntonio Carlos Gomes. O Salão, emestilo colonial espanhol, é uma fiel tra-dução das linhas idealizadas pelo en-genheiro e arquiteto Hernani do ValPenteado no ano de 1944. Trata-se de

Salão Carlos Gomes

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx, Seção de Comunicação Social

A Capela Santo Tomás de Aquino

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx, Cel Cappellano

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15EsPCEx, onde tudo começa

um ambiente de maior beleza estéticada EsPCEx. O Salão guarda em seu in-terior um inestimável acervo da cidadede Campinas-SP: o Conjunto de Lus-tres do antigo Teatro Municipal da ci-dade, demolido no ano de 1966. Em1996, com o objetivo de resolver qual-quer pendência quanto à guarda doslustres, o Comando da EsPCEx solici-tou ao Conselho de Defesa doPatrimônio Cultural de Campinas(CONDEPACC) a abertura de um Pro-cesso de Tombamento deste bempatrimonial. Em 20 de agosto de 1996,o Diário Oficial do Município de Campi-nas publicou a Resolução nº 24/96 doCONDEPACC, atendendo à solicitaçãode Tombamento do Conjunto de Lus-tres. A Resolução está transcrita no Adi-tamento nº 16 ao Boletim Interno nº169, de 11 de setembro de 1996, daEsPCEx.

1977 – Inauguração do NovoRefeitório da EsPCEx

No dia 10 de dezembro de 1977,por ocasião da formatura da TurmaBarão do Rio Branco, era inauguradopelo Embaixador Azeredo da Silveira oNovo Refeitório da EsPCEx.

1983 – Inauguração do NovoEstande de Tiro

Como parte das comemoraçõesdos 43 anos de EsPCEx, no dia 17 se-tembro de 1983, foi inaugurado oEstande de Tiro ao Alvo, construído pelaCRO/2.

1989 – Novo Modelo de Ingresso naEsPCEx e AMAN

O Boletim do Exército nº 16, de 21de abril de 1989, publicou a Portaria nº

12, do Chefe do Departamento de En-sino e Pesquisa (DEP), com as instru-ções reguladoras para implantação donovo modelo de ingresso na EsPCEx,AMAN e de alunos oriundos dos Colégi-os Militares.

Segundo as Normas, a partir de1990, a EsPCEx passaria a funcionarapenas com o 3º ano do Ensino Médio,e a AMAN teria um Concurso de Admis-são ao 1º ano do Curso Básico, desti-nado a candidatos civis e de ColégiosMilitares.

A edição nº 1 foi lançada em 1990.Ficou suspensa por dez anos. Orelançamento ocorreu em 17 de setem-bro de 2000, quando a EsPCEx come-morou 60 (sessenta) anos de existên-cia.

1991 – Mudança de Subordinação daEsPCEx

1990/2000 – Lançamento daRevista Pedagógica da EsPCEx

Revista Pedagógica da EsPCExEdição Ano 2000

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EsPCEx

EsPCEx, onde tudo começa16

A Portaria Ministerial Reservada nº57, de 22 de novembro de 1991, mu-dou a subordinação da EsPCEx da Dire-toria de Ensino Preparatório eAssistencial (DEPA) para a Diretoria deFormação e Aperfeiçoamento (DFA).

Projeto EsPCEx 2000

Em 1996, o Departamento de En-sino e Pesquisa (DEP) promoveu estu-dos para a modernização do ensino emtodos os seus estabelecimentos, visan-do à modernização do Ensino MilitarBélico. Essa iniciativa foi consolidadano documento intitulado Fundamentospara a Modernização do Ensino.

Para responder esses desafios, aEsPCEx realizou uma parceria com aFaculdade de Educação da UNICAMP ecom a IBM-Indústria de Máquinas eServiços, iniciando o Projeto EsPCEx2000.

Dentre as principais ações reali-zadas, destacaram-se a preparação deprofessores e instrutores, que realiza-ram um curso de pós-graduação de 420(quatrocentas e vinte) horas, ministradopor pesquisadores do Núcleo deInformática Aplicada à Educação – NIEDda UNICAMP.

2001 – Criação do Memorial daEsPCEx

O Memorial da EsPCEx foi criadono segundo semestre de 2001, quandoo Cel R1 Raul Nelson Reigada Leme,Prof. de História, iniciou os trabalhospara inventariar e catalogar o acervohistórico e cultural da EsPCEx.

A Portaria nº 089, de 11 de abrilde 2016, do Comandante do Exército,em face da relevância desse espaço

cultural para a formação dos alunos daEsPCEx, oficializou a criação do“Memorial da Escola Preparatória deCadetes do Exército”.

2010 – Tombamento do ConjuntoArquitetônico da EsPCEx

A Resolução nº 101, de 1º de ju-nho de 2010, do Conselho de Defesado Patrimônio Cultural de Campinas(CONDEPACC), publicada no Diário Ofi-cial do Município de Campinas, em 3 dejunho de 2010, tombou “O ConjuntoArquitetônico da EsPCEx”.

2012 – Adoção do Ensino de NívelSuperior

A EsPCEx, a partir de 2012, incluiuem seu currículo os conteúdos do 1ºano do Curso Básico da AMAN de Ensi-no Superior, passando a se constituir oprimeiro dos cinco anos de formaçãodo oficial do EB. Essas transformaçõesforam normatizadas na Portaria nº 178-EME, de 13 de novembro de 2012.

2017 – Inclusão do Sexo Feminino naLinha de Formação do CombatenteBélico no Exército Brasileiro

No dia 18 de fevereiro de 2017,em formatura presidida pelo Gen Ex

Memorial da EsPCEx

Foto: acervo do Memorial da EsPCEx , Cel Cappellano

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(*) O Coronel Professor Jorge Luiz Pavan Cappellano foi aluno da EsPCEx, formando-seem 1972. Graduou-se na Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN, no Serviço deIntendência, em 1976. Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais – EsAO (nívelmestrado), em 1986. Especializou-se em Informática Aplicada à Educação Construtivista(pós-graduação) pela UNICAMP, em 1997. É autor dos livros: “Memorial da EsPCEx, da Ruada Fonte à Fazenda Chapadão, 65 Anos de História” (2007); “Diário da Escola Preparatóriade Cadetes de São Paulo” (2011) ; “A Escola Preparatória de Cadetes do Exército e o MeioAmbiente - O Verde-Oliva Protegendo o Verde” (2015); “Crônicas e Contos” (2018) e “Catálogodo Memorial da EsPCEx” (2018). Atualmente é Professor de Português e Chefe da Seçãodo Patrimônio Histórico e Cultural da EsPCEx.E-mail:[email protected]

Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, Co-mandante do Exército, 410 alunosda Turma 2017 (378 homens e 32 mu-lheres) iniciaram a sua trajetória deformação profissional, participando datradicional solenidade de Entrada dosNovos Alunos pelo Portão das Armasda EsPCEx. Pela primeira vez na histó-ria da EsPCEx, foram incorporados 32alunos do sexo feminino, com idadeentre 16 e 22 anos, constituindo a pri-meira turma de jovens mulheres a se-rem qualificadas como futuras oficiaisna Linha de Formação do CombatenteBélico do Exército Brasileiro.

2018 – As Novas Dependências daSeção de Saúde da EsPCEx

No dia 2 de julho de 2018, foi re-alizada a inauguração da nova Seçãode Saúde da EsPCEx. As obras, inicia-das em 2016, foram conduzidas e fis-calizadas pela Comissão Regional deObras da 2ª RM (CRO/2), sendo con-cluídas em maio de 2018.

A instalação possui 521 m2 de áreaconstruída, tendo a seguinte constitui-ção: 6 enfermarias (2 femininas e 4masculinas), treze banheiros (4 femi-ninos e 9 masculinos), sala de emer-gência, sala de observação e medica-ção, farmácia avançada, almoxarifadoavançado, copa e toda a infraestruturanecessária para prestar atendimentoaos alunos e militares da EsPCEx.

2018 – As Novas Dependências doGinásio Poliesportivo General ZenildoZoroastro de Lucena

No dia 2 de julho de 2018, foi re-alizada a inauguração das novas de-pendências do Ginásio PoliesportivoGen Zenildo Zoroastro de Lucena, des-tinado à prática esportiva dos integran-tes da EsPCEx. A obra do Ginásio teveinício em abril de 2016 e foi concluídano mês de maio de 2018. Com áreaconstruída de aproximadamente 4.800m2, possui uma quadra poliesportiva;arquibancadas com capacidade paraacomodar 750 pessoas sentadas; au-ditório; salas de musculação, de esgri-ma e de judô; uma pequena enferma-ria; vestiários; banheiros; além de ins-talações administrativas e de salas deinstrução e de troféus.

(...)

Essa caminhada não se encerracom ponto final, mas, sim, com reti-cências (...), que denotam continuida-de de acontecimentos, que, por teremsido precedidos por uma grande e sig-nificativa história, nos fazem crer queo futuro irá, com certeza, reafirmar, commaior intensidade, o importante papelselecionador e formador da Escola“Onde Tudo Começa”.

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Introdução

Ten Cel Wallace Franco da Silva Fauth (*)Professor de Língua Portuguesa e Literatura

Os perfis profissiográficos dos con-cludentes dos cursos de formação egraduação nas armas e quadros ofere-cidos pela Academia Militar das Agu-lhas Negras (AMAN) têm em comum,nos seus eixos transversais, o valor“amor à profissão”.

O eixo transversal, de acordo como Art. 12 das Normas para a Constru-ção de Currículos (NCC – EB60-N-06.003) consiste “numa lista de com-ponentes de grande importância parao desempenho profissional, engloban-do: atitudes, capacidades cognitivas,morais, físicas, motoras e valores (gri-fo nosso), que permeiam todo o pro-cesso formativo e orientam as açõesdidáticas e de avaliação.” O Art. 13, domesmo documento, complementa:

Art. 13. Os componentes do eixotransversal serão desenvolvidos eavaliados no âmbito das atividadesde sala de aula, situaçõesintegradoras e projetos facilitadores,por intermédio de estratégias didá-ticas definidas nas orientaçõesmetodológicas dos PLANID e PLADIS.

Os valores e os outros componen-tes do eixo transversal foram escolhi-dos com base nas Normas para o De-senvolvimento e Avaliação dos Conteú-dos Atitudinais (NDACA). Ao observar

os perfis profissiográficos de todos oscursos da AMAN, constata-se que o va-lor “amor à profissão” foi consideradoimportante na formação de todos osoficiais da linha bélica de ensino doExército Brasileiro.

A NDACA assim define o valor“amor à profissão”:

É a demonstração da satisfação porpertencer à Instituição, externadapela demonstração cotidiana de cul-to de valores como o entusiasmo, amotivação profissional, a dedicaçãointegral ao serviço, o trabalho porprazer, a irretocável apresentaçãoindividual, a consciência profissional,o espírito de sacrifício, o gosto pelotrabalho bem feito, a prática cons-ciente dos deveres e da ética mili-tares e a satisfação do dever cum-prido. Explica o jargão militar de: “Vi-brar” com as “coisas” do Exército.

À primeira vista, não parece que adisciplina Língua Portuguesa I poderiaser capaz de desenvolver esse valor, jáque há uma ideia preconcebida de queo estudo de Português fecha-se no do-mínio de morfologias e sintaxes, com apreocupação única de levar os alunos aclassificar orações com excelência, anão cometer erros de grafia e a usarcorretamente a pontuação e os acen-tos. Essas lições são importantes, sim,

Amor à Profissão: um valordesenvolvido em Língua

Portuguesa I

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para que se compreenda melhor umtexto, mas desde que a EsPCEx passoua selecionar alunos já com o EnsinoMédio completo, essa linha de estudoficou para trás.

Em nossas provas de concurso,cobramos, sim, a compreensão da sin-taxe, a ortografia, bem como a acentu-ação gráfica e a correta pontuação, poisqueremos alunos que dominem o bási-co para empreendermos novas atitu-des diante da linguagem que nos cer-ca. A partir desse conhecimento inici-al, podemos partir para uma aborda-gem que privilegie não só o conheci-mento intelectual, mas também o de-senvolvimento de competênciassocioemocionais.

Antecedentes

A partir da década de 90, intensi-ficou-se o debate sobre a importânciade uma educação plena que valorizas-se não apenas os conteúdos cognitivos,mas que desenvolvesse no indivíduohabilidades para a vida em uma pers-pectiva que desse um sentido de hu-manidade e de civilização. Foi nesseperíodo que o termo “inteligência emo-cional” ganhou a mídia, principalmentedepois da publicação do livro de mes-mo nome pelo psicólogo e redator deCiência do The New York Times, DanielGoleman, em 1995. Até então, umapessoa era considerada mais inteligen-te quanto maior fosse seu Quoeficientede Inteligência (QI), obtido em testesdiversos, o que mudou depois de vari-ados estudos sobre o assunto.Goleman assim definiu a inteligênciaemocional, em 1998:

“...capacidade de identificar os nos-sos próprios sentimentos e os dosoutros, de nos motivarmos e de ge-rir bem as emoções dentro de nós enos nossos relacionamentos.”

No Relatório Delors (Relatório paraa UNESCO da Comissão Internacionalsobre Educação para o Século XXI), de1996, foram determinados quatro pila-res para a educação: aprender a co-nhecer, aprender a fazer, aprender aconviver e aprender a ser. Os dois pri-meiros já são bem conhecidos por nós.A novidade está nos dois últimos que,conforme o documento, adquirem amesma importância. Eis a definição:

Aprender a conviver, desenvolven-do a compreensão do outro e a per-cepção das interdependências – re-alizar projetos comuns e preparar-se para gerenciar conflitos – no res-peito pelos valores do pluralismo, dacompreensão mútua e da paz.Aprender a ser, para desenvolver, omelhor possível, a personalidade eestar em condições de agir com umacapacidade cada vez maior de au-tonomia, discernimento e responsa-bilidade pessoal. Com essa finalida-de, a educação deve levar em con-sideração todas as potencialidadesde cada indivíduo: memória, racio-cínio, sentido estético, capacidadesfísicas, aptidão para comunicar-se.

E conclui:

No momento em que os sistemaseducacionais formais tendem a pri-vilegiar o acesso ao conhecimento,em detrimento das outras formasde aprendizagem, é mister conce-ber a educação como um todo. Essaperspectiva deve no futuro inspirare orientar as reformas educacionais,seja na elaboração dos programasou na definição de novas políticaspedagógicas.

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Nos anos 2000, várias experiênci-as de mudanças nos currículos escola-res foram realizadas e percebeu-se agrande importância dessas habilidadessocioemonocionais para o sucesso navida profissional futura. Em 2009, noCanadá, o Ministério da Educação deOntário alterou as diretrizes curricularespara desenvolver essas habilidades nosalunos, e a ideia logo expandiu-se paraoutros distritos. Após um trabalho deconsulta pública que envolveu direto-res, professores, estudantes, funcio-nários de escola, membros da comuni-dade, uma conclusão foi percebida cla-ramente, como salientou JenniferAdams, Diretora de Educação da redede escolas de Otawa:

“O que surgiu claramente desse pro-cesso foi que o papel da escola nãopode se restringir apenas às com-petências acadêmicas, mas quetem toda uma gama de habilidadessociais que precisam ser desenvol-vidas. Entre elas, as principais são:criatividade, espírito inovador ecolaborativo, estar aberto a novasideias e lidar com desafios”

O Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento (PNUD), emseu Relatório Brasil de 2010 traz, nocapítulo 10: Valores e Educação, umainteressante conclusão:

A despeito de muitas versões e in-terpretações sobre o valor da edu-cação, dois significados parecem seros mais proeminentes:i) educação como formação para omercado de trabalho: um cidadãoescolarizado tem maior capital hu-mano e consequentemente maioreschances de conseguir um emprego.Com maiores qualificações, maiortambém é a chance de um maiorrendimento pelo seu trabalho;

ii) educação como formação para avida: responsável por dar aos indiví-duos um sentido de humanidade ecivilização, incluindo normas de con-vivência e comportamentossocializantes, dando um ideal comume um sentido de pertencimento so-cial.

Em 2015, em Paris, foi adotado,por 184 Estados-membros da UNESCO(Organização das Nações Unidas paraa Educação, a Ciência e a Cultura), oMarco de Ação da Educação. Esse do-cumento foi resultado de um esforçocoletivo que envolveu consultas profun-das e abrangentes, que foramconduzidas e assumidas pelos paísese facilitadas pela UNESCO, bem comopor outros parceiros. Ali está uma dire-triz para apoiar o desenvolvimento deavaliações que considerem outros fa-tores que não só os cognitivos:

Apoiar o desenvolvimento de siste-mas de avaliação mais sólidos paraa EDS [educação para o desenvolvi-mento sustentável] e a ECG [edu-cação para a cidadania global] e,desse modo, avaliar resultados deaprendizagem cognitivos, socio-emocionais e comportamentais(grifo nosso) usando ferramentasexistentes e comprovadas quandopossível, identificando necessidadespara o desenvolvimento de novasferramentas, incluindo uma amplagama de países e regiões, bem comolevando em consideração o traba-lho do Instituto de Estatística daUNESCO (UNESCO Institute ofStatistics – UIS) e de outros parcei-ros.

O que está acontecendo, portan-to, em âmbito internacional, é um mo-vimento para reconhecer que a inteli-gência não se compõe apenas por fato-res cognitivos, mas por fatores sociais

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e emocionais. Esse reconhecimento,com base em pesquisas e discussõesintensificadas ao longo das duas últi-mas décadas, tem levado a mudançascurriculares em escolas de todo o mun-do.

O mais interessante de tudo issoé que nossa Instituição vem, mesmoque empiricamente, trabalhando essesfatores desde o início do século XX.

O Exército Brasileiro e a FormaçãoIntegral

Em 1917, as palestras de OlavoBilac proferidas entre 1915 e 1916 emprol do Serviço Militar obrigatório fo-ram publicadas em um livro intitulado“A Defesa Nacional”. Para Bilac, o Bra-sil passava por uma crise não só políti-ca e econômica, mas também moral.Havia, segundo ele, falta de um fortesentimento de solidariedade nacional.Defendia, então, que se todos os ho-mens passassem pelo Exército, obri-gatoriamente, e fossem devidamenteeducados sob uma visão ampla, pas-saríamos a ter uma sociedade melhor.O índice de analfabetismo na época eraenorme e não havia escola para todos,por isso foi criada a Liga da DefesaNacional que defendia, principalmen-te, essa educação mais universal:

É inconcebível a vitória de uma de-mocracia sem instrução da massapública. Estabelecemos a República;mas pode viver dignamente umaRepública, uma pátria republicana,quando a maior parte dos seus fi-lhos seja de analfabetos, e, portan-to, de inconscientes?

O poeta parnasiano entendia quea educação não deveria comprometer-se apenas com o ensino de conteúdose, já há mais de cem anos, percebia aimportância de se abranger outros cam-pos:

A instrução não é completa, quandose refere unicamente à ciência e àarte, à inteligência e ao trabalho.São indispensáveis também a saúdedo corpo e da alma, a força corpo-ral e a disciplina. Terceiro ponto: ainstrução militar. Precisamos de ins-trução militar e de exército nacio-nal, para a defesa do nosso territó-rio e da nossa civilização, e para adefesa individual do organismo físi-co e moral de cada brasileiro. Preci-samos de exército nacional, mas nãodo exército nacional que hoje temos:queremos um exército verdadeira-mente nacional, sendo a própria na-ção composta de cidadãos soldados,em que cada brasileiro seja o pró-prio exército e o exército seja todoo povo.

Nessa busca por uma união nacio-nal por intermédio da educação, Bilacantevia uma responsabilidade aindamaior para os oficiais na missão deensinar:

Agora, o nosso exército será, nãouma escola de violência ofensiva,mas uma escola de consciênciadefensiva, de paz altiva, e de ci-vismo. E, aqui, ainda são mais ne-cessárias, e ainda mais rigorosasdevem ser as virtudes do oficial.No quartel, o oficial deve ser comoo professor na escola primária: umsacerdote, um diretor de inteligên-cia e de caracteres.

Desde então, a formação do sol-dado e do oficial pauta-se não só nosdois pilares primordiais (aprender aconhecer e aprender a fazer), mas tam-bém, mesmo que de maneira empírica,nos pilares que só viriam a ser conhe-cidos a partir de fundamentações teó-ricas cem anos depois, no relatório deJacques Delors: aprender a conviver eaprender a ser.

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EsPCEx, onde tudo começa22

Em muitos quartéis, nas Compa-nhias de Cabos e Soldados, é comumencontrarmos em local de destaque ede passagem as inscrições dos valoresmilitares que posteriormente foramdefinidos no Vade-Mecum de Cerimo-nial Militar do Exército Valores, Deve-res e Ética Militares (VM 10), de 2002:Patriotismo, Civismo, Fé na Missão doExército, Amor à Profissão, Espírito deCorpo e Aprimoramento Técnico-Profis-sional.

Não é de hoje, portanto, que oExército Brasileiro preocupa-se comuma formação mais abrangente de seusintegrantes. Os estudos mais recen-tes vêm a colaborar para o aprimora-mento de nossos profissionais do en-sino no que diz respeito a essa forma-ção integral que deixa de privilegiarapenas o lado cognitivo do ser huma-no.

O “Amor à Profissão” e a LínguaPortuguesa

A nossa abordagem em línguaportuguesa na EsPCEx pôde deixar delado o preconizado para o currículo deEnsino Médio, já que passamos a Ensi-no Superior. Nossa preocupação, ago-ra, não é mais fazer o aluno reconhe-cer um sujeito, um objeto direto, umaoração subordinada subjetiva em fra-ses descontextualizadas. Nosso obje-tivo é levá-lo à compreensão do quese lê e como aplicar esses conhecimen-tos de sintaxe na prática dissertativa.

Partimos em direção a um campomais prático de leitura e de produçãotextual. O aluno é levado a ler sobredeterminado tema, discutir com ospares e elaborar teses a respeito datemática apresentada. A escolha dostemas é o que vai levar ao desenvolvi-

mento do valor “amor à profissão”.Dez dias antes das avaliações,

disponibilizamos no Ambiente Virtualde Aprendizagem (AVA) uma coletâneade textos sobre o assunto geral quelevará a um tema específico com o qualo aluno tomará contato apenas nomomento da avaliação.

Para exemplificar, disponibiliza-mos, na primeira Avaliação de Controle(AC1) de 2016, textos com títulos como:“Atletas falam sobre as dificuldades queenfrentam no esporte e na vida”, “De-fesa terá cerca de 38 mil militares atu-ando nos jogos olímpicos”, “Atletasbrasilienses esbarram na falta de pa-trocínio para viagem à Argentina”. Es-colhemos como tema “A participaçãode atletas militares na RIO 2016”, comum texto inicial motivador.

Ao ler os textos de apoio (sempremais de dez), os alunos são levados aconhecer mais profundamente as ativi-dades mais atuais realizadas pela For-ça Terrestre e, com isso, desperta-senele o amor à profissão, por passarema conhecer aspectos que normalmentenão são divulgados pela mídia em ge-ral.

Desde 2013, dois anos após a Es-cola firmar-se como de Ensino Superi-or, passamos a adotar temas voltadospara a atividade militar. Como exem-plo, já foram propostos temas como:“A importância do patriotismo para odesenvolvimento do Brasil”; “Ainternacionalização da Amazônia”; “Em-prego ou não das Forças Armadas nocombate ao crime organizado”; “O Exér-cito Brasileiro como fator de desenvol-vimento da Amazônia”; “PROTEGER(Sistema Integrado de Proteção de Es-truturas Estratégicas Terrestres), estecom a seguinte descrição complemen-

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tar: Produza um texto dissertativo-argumentativo, expondo seu ponto devista sobre duas ou mais áreas sensí-veis que, na sua opinião, merecemmaior atenção em grandes eventos, ar-gumentando sobre as razões que justi-ficam a escolha para cada uma delas.”;“A participação de atletas militares naRIO 2016”; “As mídias sociais e o Exér-cito Brasileiro”; “Guerra cibernética:uma real ameaça à segurança do Bra-sil”; “Braço forte, mão amiga: duasvertentes antagônicas?”; “Uma ForçaTerrestre multifacetada num único exér-cito”; “A atuação recorrente na segu-rança pública banaliza a atividade-fimdas Forças Armadas?”; “O que o Exér-cito realiza, diz realizar e o que a po-pulação imagina que ele realiza: a ima-gem da Instituição é constituída porretalhos?”; “As guerras e as violaçõesao direito internacional”. Todos essestemas vão acompanhados de muitostextos que levam o aluno a amar a pro-fissão a partir do momento em quepassa a conhecer mais profundamenteas atividades da nossa Instituição.

Além desse valor, nosso PLADIScontempla outros de igual importância,mas é o “amor à profissão” que maisdesenvolvemos ao manter o corpo dis-cente inteirado das atividades que ForçaTerrestre põe em ação. Os assuntos sãopesquisados em revistas como DefesaNacional, além de páginas do Exército,como o EBLOG (http://eblog.eb.mil.br/), por exemplo. Essas páginas sãodivulgadas ao final de cada texto quecompõe a coletânea e quando realiza-mos trabalhos em grupo de produçãotextual.

Conclusão

Paul Tough, em seu livro “Umaquestão de caráter”, apresenta a ideiaque ele chama de “hipótese cognitiva”,que é “a crença, raramente anunciada,mas ainda assim generalizada, de queo sucesso hoje em dia depende basi-camente de nossa capacitaçãocognitiva — o tipo de inteligência quepode ser avaliado em testes de QI,incluindo a capacidade de identificarletras e palavras, calcular, detectarpadrões — e de que a melhor maneirapara desenvolver essas capacitações épraticá-las tanto quanto possível, co-meçando o mais cedo possível.” Nodecorrer do livro, que tem como subtí-tulo “Por que a curiosidade e a deter-minação podem ser mais importantesque a inteligência para uma educaçãode sucesso”, o escritor apresenta umasérie de pesquisas que indicam o quejá foi dito em parágrafos anterioresneste artigo: há outros aspectos tãoimportantes quanto o cognitivo paraserem desenvolvidos nos alunos. Se-gundo alguns estudos apresentados naobra de Tough, “o que mais importa nodesenvolvimento de uma criança não éa quantidade de informação introduzidaem seu cérebro nos primeiros anos devida. O importante é ajudá-la a desen-volver um conjunto muito diferente dequalidades, entre elas persistência,autocontrole, curiosidade, escrupulosi-dade, determinação e autoconfiança.”

Interessante observar que as nos-sas escolas de formação militar já vêmtrabalhando esses aspectos, às vezescom nomenclatura um pouco diferente,mas com o mesmo objetivo: uma for-mação integral do ser humano, não ape-

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nas cognitiva, mas baseada nos ou-tros dois pilares citados no RelatórioDelors: “aprender a conviver” e “apren-der a ser”. Aspectos, portanto,atitudinais, como passou a ser deno-minado no Exército Brasileiro.

O desenvolvimento atitudinal dooficial formado pela AMAN começa naEsPCEx e segue por toda a carreiramilitar por meio de avaliações cons-tantes. A problemática maior, não sóno Exército, mas em todo o mundo,está em como avaliar de maneira maisjusta esse tipo de aprendizado. O Re-latório de Desenvolvimento Humano2009/2010 mostra que essa preocupa-ção continua, como se observa na apre-sentação do documento feita pelo Co-ordenador-Residente do Sistema ONUno Brasil e Representante-Residentedo PNUD, Jorge Chediek:

Seguindo a tradição dos Relatóriosde Desenvolvimento Humano desde1990, este relatório explora as fron-teiras da mensuração do desenvol-vimento ao introduzir novas esta-tísticas na área de valores, assimcomo novos estudos que propõemum Índice de Desenvolvimento Hu-mano Municipal de Curto Prazo. Es-sas novas estatísticas e esses es-tudos devem ser vistos comoexploratórios, como um convite aodiálogo, ao aprimoramento de no-vas formas de avaliação emonitoramento do desenvolvimen-to humano.

Essa dificuldade na avaliação estáem permanente debate e há trabalhossérios voltados para tentar solucionaressa questão, como, por exemplo, oProjeto de Acompanhamento e Avalia-ção da Área Atitudinal (P4A), que con-tém vários instrumentos de avaliação

e já está em uso na AMAN. Segundo oTen Cel Art R/1 José Carlos TeixeiraJúnior e o Cel R/1 Cav Jeferson SgnaolinMoreira, autores do artigo “O desen-volvimento atitudinal do oficial forma-do pela AMAN”, publicado em 17 denovembro de 2017 no site defesanet,“O P4A demonstrou ser um instrumen-to valioso para a observação, desen-volvimento e avaliação dos discentes,contribuindo para o atendimento dascompetências previstas no perfilprofissiográfico do militar formado pelaAMAN.”

No Exército Brasileiro, a antigui-dade do oficial, que o acompanhará du-rante toda a carreira militar, é conquis-tada por meio de provas que medem,basicamente, a capacidade intelectu-al. Há outras notas, como as relativasao Treinamento Físico Militar que, nosomatório final, contam pouco para aavaliação geral. A própria disciplinaInstrução Militar tem sua nota compostabasicamente por atividades de escrita,realizadas em provas com o mesmoestilo que privilegia o conhecimentocognitivo. Atualmente, as notas deavaliações atitudinais já são usadaspara compor o grau final dos cursos,mas ainda de maneira bastante tími-da.

Chegará o dia em que esse graufinal obtido pelo militar será compostoigualmente por conhecimentos intelec-tuais e habilidades atitudinais de ma-neira bastante criteriosa. Quando issoacontecer, o ônus de ordenar os milita-res por antiguidade deixará de ficar res-trito ao plano cognitivo.

Enquanto esse momento não che-ga, a Seção de Língua Portuguesa con-tinua a desenvolver as várias atitudes,capacidades e valores da área

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atitudinal, sobretudo o valor “Amor àProfissão”, a partir do oferecimento deleituras sobre o trabalho realizado peloExército tanto no Brasil quanto no ex-terior, com a finalidade de levar o alu-no a entusiasmar-se com a Instituição,a “vibrar” com as “coisas” do ExércitoBrasileiro e, dentre outros aspectos, aexteriorizar esse valor, permanente-mente, pela consciência profissional.

Bibliografia

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(*) O Tenente-Coronel Wallace Franco da Silva Fauth foi aluno da EsAEx, formando-seem 1996, na área de Magistério – Língua Portuguesa. Possui os seguintes cursos: Licen-ciatura Plena em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pelas Faculdades IntegradasSimonsen, do Rio de Janeiro-RJ; Escola de Aperfeiçoamento de Ofi ciais (nível especia-lização), em 2006. Apresentou trabalhos no 3º e 6º Encontro Pedagógico do Ensino Mé-dio Militar (EPEMM), promovidos pela EsPCEx, com os temas: “A poesia na sala de aula”e “A poesia fora da sala de aula”. Atualmente é professor de Língua Portuguesa I naEsPCEx.

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As Boas Práticas LogísticasDesempenhadas por um Batalhão

Logístico do Exército Brasileiro

André Freitas Pinto (*)Chefe da Divisão de Ensino da EsPCEx

Introdução

A Logística é a área da gestão res-ponsável por prover todos os meios ne-cessários para a execução das ativida-des operacionais e administrativas deuma organização. O termo “Logística”foi inicialmente usado na Grécia antigapelos militares para definir os desdo-bramentos de suprimentos e tropas noterreno. Posteriormente, ela passou aser usada por civis para suprir os locaisque foram destruídos pelas guerras.

Atendendo à necessidade deacompanhar a estruturação da cadeiade manutenção do Exército, foi criado,em 25 de abril de 1960, o 4º Pelotãode Manutenção e Apoio (4º Pel Mnt Ap),organização de manutenção embrioná-ria, na área do Planalto Central, queposteriormente se transformou no 16ºBatalhão Logístico (16º BLog) (Fig. 1).

Figura 1 - Entrada principal do 16º B Log

Fonte: Pinto (2014)

Os principais produtos armazena-dos no 16º B Log são: peças de reposi-ção para veículos administrativos eoperacionais; combustíveis e lubrifican-tes; e armamentos e munições.

As principais características daorganização são descritas a seguir:

a) Instituição da AdministraçãoPública Federal responsável pelalogística de materiais, equipamentos,viaturas e armamentos do Exército Bra-sileiro, nos estados de Goiás, Tocantinse Distrito Federal;

b) Organização Militar (OM) demédio porte, com setores logísticos bemdefinidos e descentralizados, com muitoboa apresentação das instalações e lim-peza, de um modo geral. Os recursoshumanos são bem treinados, motiva-dos e com grande espírito de cumpri-mento de missão para apoiar os seusclientes no mais curto prazo possível;

c) Além das possibilidades normaisde um Batalhão Logístico, a estruturaatual da OM permite, em tempo de paz,a fabricação de material de Intendên-cia e tinta automotiva, com maquináriopróprio, a partir de insumos adquiridos,a fosfatização de armamentos e acapacitação de pessoal em mecânicabásica Land Rover.

Tem como objetivo prestar apoiologístico, nas Funções Logísticas de

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Suprimento, Manutenção, Saúde, Trans-porte e Recursos Humanos, às OM da3ª Bda Inf Mtz, principalmente nasFunções Logísticas de Manutenção (até2º escalão) e Saúde.

A organização estrutura-se confor-me o organograma da Figura 2, descri-ta a seguir:

Figura 2 - Organograma do 16º BLog

O 16º B Log é uma organizaçãomilitar com um efetivo em torno de 450militares entre oficiais, subtenentes,sargentos, cabos e soldados, divididosem quatro companhias ou subunidades,quatro seções de assessoramento (S1/S2/S3/S4), um centro de operações deapoio logístico (COAL) e uma seção deaquisição, licitação e contratos (SALC).As companhias são subunidadesoperacionais, subordinadas diretamen-te ao comandante do batalhão, e seclassificam em: Companhia de Coman-do e Apoio; Companhia Logística deSuprimento; Companhia Logística deManutenção; e Companhia Logística deSaúde.

O presente trabalho tem por fina-lidade a identificação das boas práti-cas logísticas desempenhadas pelo 16ºBatalhão Logístico (16º B Log) do Exér-cito Brasileiro

Identificação das Boas PráticasLogísticas do 16º Batalhão Logístico

São utilizados os seguintes equi-pamentos, pela organização, no setorde armazéns: uma empilhadeira elétri-ca; duas transpaleteiras manuais; doiscarros plataforma; dois carros arma-zém. No setor de manutenção de au-tos, são utilizados os seguintes equi-pamentos: duas máquinas dejateamento de areia; duas máquinastorneadoras; duas máquinas de soldas;duas máquinas de bombas injetoras;duas estufas para pintura de autos;duas máquinas para alinhamento ebalanceamento de pneus; dois eleva-dores para autos; vinte e cinco viatu-ras (administrativas e operacionais). Osequipamentos utilizados proporcionamos seguintes benefícios para a organi-zação: facilitar e flexibilizar a carga,descarga, movimentação e acondicio-namento de materiais; facilitar eagilizar a manutenção e o reparo deviaturas auto.

Os programas ou softwares utili-zados para o controle logístico são oSimatex, para entrada, saída e contro-le de estoques, e o Audatex, para le-vantamento do valor de mercado depeças. Esses softwares de controle tra-zem os seguintes benefícios para a or-ganização: o Audatex ajuda no contro-le de preços de peças de veículos noprocesso de licitação e empenho des-tes materiais; o Simatex realiza todo ocontrole de materiais no âmbito doExército Brasileiro.

A organização possui uma ListaBásica de Materiais (LBM), onde sãoarmazenados itens básicos de manu-tenção de viaturas auto. O acesso àrelação é realizado por meio do

SCmtCmt

S1 S2 S3 S3COALSALC Sec Sv Ge

Pel Com

Sec Cmdo

CCAp

Pel Cmdo

Pel Ap

Sec Cmdo

Cia Log Sup

Pel Sup e Trnp

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Cia Log Mnt

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Div Cmdo

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Pel Sup Cl IIIe Mun

Pel Sup Cl Ie Agu

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SIMATEx, software que gerencia o con-trole de material no âmbito do ExércitoBrasileiro.

São armazenados cerca de 4.000itens na organização. Os tipos de ma-teriais armazenados são essencialmen-te peças para manutenção de viaturasauto. Os materiais são classificados daseguinte forma: Material classe III(combustíveis e lubrificantes); Materi-al classe V (Armamento e munições);Material classe IX (peças para manu-tenção de viaturas auto). A necessida-de de identificação de ressuprimentode mais produtos ou materiais se dápor meio do estabelecimento de umnível de estoque mínimo. Os pedidosde novo produto ou material são feitospor meio de Documento Interno doExército (DIEx).

O setor de compras é operado porquatro militares com curso de forma-ção de pregoeiros.

Para cadastramento dos fornece-dores, é exigido que a empresa estejacom o “nada consta” no Sistema deCadastramento de Fornecedores(SICAF). O número de fornecedores re-gionais, nacionais e internacionais é es-tabelecido por todos os que estão ca-dastrados no SICAF e estejam em situ-ação regular. O tempo médio do pedidoaté a chegada do produto ou materialna organização é de cerca de três me-ses, para a logística puxada, e de cer-ca de um a dois dias, para a empurra-da.

O desembarque do material é rea-lizado na área de recebimento e a con-ferência na área de recebimento e ex-pedição, localizada nas instalações daCompanhia Logística de Manutenção.

O mecanismo de entrada ou ca-dastro de produtos ou materiais no sis-

tema de estoque da empresa é feitoda seguinte forma: primeiramente, éfeito o recebimento físico do material;depois, esse material é colocado na áreade expedição; após análise pelo pes-soal do Centro de Operações e ApoioLogístico (COAL), é dada a entrada dosmateriais no sistema Simatex; após darentrada no sistema, o material é libe-rado para ser arrumado nas prateleirasou no local de guarda.

A retirada dos produtos ou mate-riais da área de conferência para osracks, estantes ou local de armazena-gem (pulmão) é feita por meio deempilhadeira, transpaleteiras ou carri-nhos manuais. A organização possuitrês armazéns, utilizados para arma-zenagem de materiais das Classes III,V e IX. Todos do tipo “galpões de recin-to fechado”, que são bem arejados.

As prateleiras são identificadas porletras (A, B, C,...), e os níveis das pra-teleiras por números, onde um é o ní-vel mais alto. Já as ruas não têm iden-tificação. A organização não possuitempo médio de armazenagem dos ma-teriais da Classe IX (peças de viaturaauto) e as demais classes (combustí-veis, lubrificantes e armamentos), queficam aguardando somente o tempo ne-cessário de recebimento, conferência edistribuição.

O nível de estoque mínimo e má-ximo de cada item é definido por meiode histórico. O ponto de ressuprimentoé definido quando o item chega ao es-toque mínimo para os itens com histó-rico. Os demais, conforme necessida-de (pedido). Não existe um controle deperdas. Há somente controle da vali-dade dos produtos, ou seja, dos pro-dutos a vencer.

Não existem produtos de limpeza

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próximos a de alimentos humanos. So-mente existem produtos de limpezapara consumo interno do batalhão queficam em galpões separados. Essesprodutos não ficam a cargo do pessoalde logística. A limpeza, a higienizaçãoe a iluminação do ambiente de arma-zenagem são muito boas.

É realizado inventário de três emtrês meses e duas auditorias por ano,sendo uma realizada pela Inspetoria eControladoria de Finanças do Exército(ICFEx) e outra pela 3ª Bda Inf Mtz(Grande Comando enquadrante).

A retirada dos produtos das pra-teleiras é feita da seguinte maneira:para pedidos internos, faz-se o cadas-tro dos pedidos de materiais no siste-ma; o COAL separa e loteia os pedi-dos; é expedida uma guia de forneci-mento; é dado o consumo dos materi-ais por setor específico; os materiaissão listados, separados, retirados, en-tregues e é efetuada a baixa no siste-ma.

Para pedidos externos, o proces-so é semelhante ao feito para pedidosinternos, porém iniciados por meio deguia externa. A área de separação econferência de materiais e produtos éa mesma área destinada ao recebimen-to. A baixa no estoque e o embarqueno veículo são realizados por meio dosoftware SIMATEx.

O tempo médio para atendimentodo pedido do cliente é de cerca de no-venta dias para os itens de suprimen-tos puxados e de um a dois dias paraos itens de suprimentos empurrados.

Os principais itens estocados (ma-teriais usados para suprir ou permitir oprocesso produtivo) são: materiais daClasse III (combustíveis e lubrifican-tes); materiais da Classe V (Armamen-

tos e munições); materiais da ClasseIX (Peças para viaturas auto).

Os funcionários da linha de frente(atendimento ao público) são os mili-tares do COAL. Os funcionários da re-taguarda (estrutura interna para garan-tir a compra, a integridade e a entregado material) são os demais militaresda Cia Logística de Manutenção. A co-municação para separação de produtoou material é feita por meio de Docu-mento Interno do Exército (DIEx).

A geração de pedido de ressuprirocorre quando o nível de estoques che-ga ao mínimo. Então é gerado o pedidode ressuprimento por meio de DIEx aoCOAL, que se encarrega de iniciar o pro-cesso de aquisição de materiais. Areprogramação dos estoques mínimo emáximo é feita de acordo com as previ-sões de demandas geradas por gran-des eventos ou operações planejadas,que serão realizadas futuramente.

A organização trabalha comlogística reversa de pós-consumo, pelaqual os produtos consideradosinservíveis são enviados para o bata-lhão, que os recebe, faz as reparaçõesnecessárias e os redistribui aos usuá-rios ou vende por meio de leilões aomercado local, para seremremanufaturados ou transformadosnovamente em matéria-prima.

Os itens mais utilizados nalogística reversa são armamentos,móveis e principalmente viaturas. Foiobservado o caso específico de umaviatura Land Rover (Fig. 3), repatriadado Haiti, que chegou ao Brasil pratica-mente inutilizável, passou por umagrande reforma e agora está sendoredistribuída para uma organizaçãomilitar, com necessidade de uma via-tura operacional da mesma categoria.

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Fig. 3 Viatura Land Rover (repatriada doHaiti e restaurada para redistribuição)

Consideções Finais

Este trabalho teve por objetivo aidentificação das boas práticaslogísticas desenvolvidas por um bata-lhão logístico do Exército Brasileiro lo-calizado em Brasília-DF, dentro do con-texto das logísticas de distribuição, deprodução e reversa.

Ao longo do artigo, foi possívelnotar que as atividades logísticas de-sempenhadas, bem como o comprome-timento, o espírito de corpo e de cum-primento de missão, por parte dos mi-litares integrantes da organização, con-tribuíram significativamente para redu-zir o tempo de ressuprimento, o apoioàs organizações subordinadas, oposicionamento como referência naci-onal de logística militar e, sobretudo,para o aumento da operacionalidadecombativa do Comando Militar do Pla-nalto.

Buscou-se, por meio da organiza-ção tomada como estudo de caso, mos-trar que a implantação dessas opera-ções logísticas é possível, e que asvantagens decorrentes são extrema-mente valiosas e essenciais para opronto atendimento das demandas dosseus clientes. É uma organização queatua no Distrito Federal há 54 anos,que se tornou uma referência nacionalde logística militar e, portanto, tem re-sultados concretos de que é viável autilização de operações logísticasoperacionais, bem como garantir oacompanhamento desses processospara estar sempre em um círculo demelhoria constante.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logísticaempresarial [recurso eletrônico]. Tradução: Raul Rubenich. 5. ed.Dados eletrônicos. Porto Alegre: Bookman, 2007.CASTRO, A. L. C. de. Organograma do 16 Blog. Brasília: 16 Blog,2014.FONSECA, V. P. Índice de Avaliação da Competitividade Logísticapara o Transporte Rodofluvial do Polo Industrial de Manaus. 2013.143 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)-UFAM/PPGEP, Manaus, 2013.GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo:Atlas, 2010.MARTINS, G. de A; THEÓPHILO, C. R. Metodologia da InvestigaçãoCientífica para Ciências Sociais Aplicadas. 2. ed. São Paulo: Atlas,2009.MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Logística Reversa.Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/logistica-reversa>. Acesso em: 24 set. 2014.NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição.10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.PAOLESCHI, B. Logística Industrial Integrada: Do Planejamento,Produção, Custo e Qualidade à Satisfação do Cliente. 2. ed. SãoPaulo: Érica, 2009.VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. 1. ed.São Paulo. Atlas, 2000.

Bibliografia

(*) O Coronel André Freitas Pinto graduou-se na Academia Militar das Agulhas Negras -AMAN, no Curso de Infantaria, em 1992. Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais -EsAO, em 2000. Possui os seguintes cursos: Bacharel em Ciências Militares - AMAN (1992);Operações na Selva Categoria B - CIGS (1993); Curso de Piloto Comercial de Avião e Voo porInstrumentos - Aeroclube do Amazonas (1999); Mestre em Operações Militares - EsAO (2000);especialista em Bases Geo-Históricas para a formulação - ECEME (2005); Prevenção deAcidentes Aeronáuticos - CENIPA (2014); e, Bacharel em Administração de Empresas -Universidade Federal do Amazonas (2017). Dentre outras funções, foi Instrutor da EsSA de1996 a 1997, do Centro de Instrução de Guerra na Selva de 2004 a 2007, do Colégio Militar deManaus de 2008 a 2011/2015 a 2016. Atualmente é o Chefe da Divisão de Ensino da EsPCEx.

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A Sociometria e o Início daFormação do Perfil

Profissiográfico no EnsinoSuperior Militar

Camila Sobral Teixeira Krausz (*)Pedagoga

Resumo

O presente trabalho tem o objeti-vo de apresentar o processo de forma-ção do perfil profissiográfico1 no Ensi-no Superior Militar iniciado na EsPCEx.Construir esse perfil é algo complexo.É preciso entender que o militar é umprofissional formado para atuar a favorda defesa do Estado pela administra-ção da violência, sendo importante eli-minar quaisquer vestígios de violênciade sua personalidade. O foco da for-mação na EsPCEx é a progressividadeno desenvolvimento de atitudessocioafetivas, que servirão para o per-fil do profissional militar. Para avaliar-mos a progressividade do desenvolvi-mento desse perfil, baseamo-nos nasociometria pela aplicação do testesociométrico. A técnica é aplicada co-letivamente levando em consideraçãoa opinião de cada membro do pelotão2

em que os alunos estão inseridos. NaEscola, o teste é aplicado em três mo-mentos diferentes, sendo possívelacompanhar a evolução dos alunos emrelação as suas superações e cresci-mento pessoal, ou identificar os déficesque precisam ser trabalhados, para quese possa alcançar o objetivo de cons-truir o perfil profissiográfico desses alu-nos. O regime de funcionamento docurso na EsPCEx é de internato, o quepromove a vida coletiva e favorece as

Palavras-chave: sociométrico;interação social, perfil profissiográfico,atitudes socioafetivas.

interações sociais e o desenvolvimen-to das atitudes necessárias à forma-ção de um oficial militar

(1) Conjunto de características ou competências necessárias ao desempenho de uma atividade, cargo ou função.

(2) Menor unidade militar sob o comando de um oficial.

Desde 2012 a Escola Preparatóriade Cadetes do Exército (EsPCEx) tra-balha com o Ensino Superior, sendo oprimeiro ano de formação do bacharelem Ciências Militares. Este ensino épautado em um modelo de educaçãobaseado no Ensino por Competências,em que o aprender de maneira signifi-cativa atribui sentido ao que se apren-de. A base do Ensino Militar Superiorfundamenta-se também nas teorias deaprendizagem de Jean Piaget e LevVygotsky.

Uma vez inserido no ambientemilitar, o sujeito deverá ter a capaci-dade de adaptar-se a novas experiên-cias impostas por um ambiente pauta-do em disciplina e hierarquia e adquirirnova cultura por meio de relações soci-ais com seus superiores e pares.

Para Illeris (2013),O saber e o comunicar são, em suanatureza,altamente interdependen-tes, de fato, praticamenteinseparáveis: por mais que o indiví-duo pareça agir por conta própriaem busca por significados, ninguémpode fazê-lo sem a ajuda dos siste-

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EsPCEx, onde tudo começa32

mas simbólicos da cultura. O homemforma e é formado pela cultura(ILLERIS apud BRUNER, 2013, p.189-190).

A interação social é importantepara o desenvolvimento humano. JeanPiaget (1896-1980) já a apontava comoum fator do desenvolvimento, na me-dida em que temos a necessidade detrocar e conviver com o outro, comocondição para o avanço e desenvolvi-mento cognitivo.

Como o regime de funcionamen-to do curso na EsPCEx é de internato,promove a vida coletiva e favorece asinterações sociais, pois comporta emseu meio processos dinâmicos queenvolvem a socialização, diante da di-versidade cultural existente, uma vezque recebe alunos oriundos de todosos cantos do Brasil. Trabalha-se a to-lerância e o respeito, o que influenciao desenvolvimento do indivíduo e aconstrução de sua identidade militar.

Para nortear o comportamento e aformação militar dos alunos, há umagama de normas disciplinares impos-tas pela instituição, haja vista que aformação é de caráter normativo e dis-ciplinar, tendo como pilares básicos adisciplina e hierarquia. Por essa razão,se faz importante o trabalho voltadopara a socialização com a utilização dasociometria.

O foco da formação do futuro ca-dete é a progressividade no desenvol-vimento de atitudes socioafetivas queservirão para a formação do carátermilitar. Dentre as diversas atitudes quesão objetos de observação e de de-senvolvimento, constantes do PerfilProfissiográfico do oficial militar, sãopriorizadas aquelas imprescindíveis àconstrução da identidade militar dofuturo oficial do EB. São elas:

autoconfiança, abnegação, adaptabili-dade, decisão, dedicação, disciplina in-telectual, discrição, iniciativa, organi-zação, persistência, responsabilidade,sociabilidade, camaradagem, coopera-ção, equilíbrio emocional, honestida-de, lealdade, sociabilidade, combativi-dade e rusticidade.

Para avaliarmos a progressividadedo desenvolvimento do perfilprofissiográfico adotado pelo ExércitoBrasileiro, baseamo-nos na sociome-tria, que é uma técnica analítica paraestudo de interações entre grupos, cri-ada pelo psicoterapeuta Jacob Levy Mo-reno (1972). Em seus estudos sobre arelação entre estruturas sociais e bem-estar psicológico, o sociométrico per-mite adquirir informações em questio-nários com perguntas objetivas, com afinalidade de identificar pessoas isola-das do grupo ou possíveis líderes (po-sitivos e/ou negativos). “Moreno reco-menda o teste objetivo” (SARAVALI,2005, p.67) pelo qual os membros dogrupo devem apenas fazer sua esco-lhas obedecendo aos critérios positivo(aceitação) e negativo (rejeição). Atécnica tem como objetivo diagnosti-car interações entre pessoas de umgrupo, e jamais deve ser usado contrao grupo.

Moreno (1972) denominavasociometria como uma técnica que:

Se baseia nas afinidades entre os in-divíduos e as configurações que re-sultam de suas interações espontâ-neas. Estas configurações nos aju-dam a reconstruir os grupos sociais.(SARAVALI, 2005 apud MORENO,1972a, p.41).

Para checar o desenvolvimento dasatitudes, a EsPCEx emprega o testesociométrico. Por meio dele, é possívelverificar a opinião de cada membro do

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pelotão, em que o aluno está inserido,em relação a aplicação ou demonstra-ção das atitudes de seus pares em di-versas atividades militares e em salade aula, uma vez que todos estão sem-pre em contato direto uns com os ou-tros, o que torna a convivência fatorelevante na avaliação das atitudesprevistas no perfil profissiográfico. Daía importância das relações sociais exis-tente entre eles.

A técnica da sociometria é aplica-da coletivamente a todos os pelotõesdas Companhias de Alunos3, no tempode aproximadamente 90min. Cada alu-no recebe um questionário com per-guntas que fazem referência às atitu-des. Eles devem indicar o nome de 2companheiros dentro de cada situaçãoproposta, sendo uma indicação positi-va e outra negativa.

Na Escola, o teste sociométrico épreparado pela subseção de orienta-ção educacional com foco nas compe-tências atitudinais e é aplicado em trêsmomentos: no primeiro momento le-vam-se em consideração atitudes im-portantes já identificadas no convívioentre os alunos desde o início do ano.No segundo momento, o teste é apli-cado logo após a primeira atividade decampo, em que os alunos testam assuas habilidades e competências mili-tares, desenvolvidas durante o 1o se-mestre. E, no terceiro momento, apli-ca-se o teste após o último campo,chamado de Exercício de Longa Dura-ção – ELD, já próximo ao fim do 2o se-mestre, com intuito de checar algumasatitudes desenvolvidas durante o ano,bem como comparar a evolução do pro-cesso de desenvolvimento atitudinal.

Para Giacaglia (2009),

De fato, não existe um teste“sociométrico” preparado. O que sefaz é pedir a quem se submete a eleque, de acordo com certos critéri-os, escolha pessoas, colocando onome delas em papéis fornecidospelo aplicador. Este é o esquemageral. O que muda são as instru-ções, passadas de acordo com a fi-nalidade para a qual o teste estejasendo aplicado, e a maneira de selidar com os resultados (GIACAGLIA& PENTEADO, 2009, p. 175).

Em cada aplicação, são verificadasnovas atitudes, e o aluno que antesera tido como negativo pelo pelotãopode passar a ser visto de forma posi-tiva ou vice-versa. Assim é possível ob-servar a evolução dos alunos em rela-ção as suas superações e crescimentopessoal, ou identificar os défices queprecisam ser trabalhados para que sepossa alcançar o objetivo de colaborarna construção do perfil profissiográfico,no quesito relativo às atitudessócioafetivas desses alunos.

(3) é uma organização que integra a estrutura operacional e administrativa de uma escola militar. A EsPCEx possui três companhias dealunos.

A profissão militar requer uma rí-gida formação, que é diferenciada pe-los valores pregados e as competênci-as exigidas no exercício profissional.Desenvolver atitudes é de fundamen-tal importância para a excelência des-sa formação, uma vez que a profissãomilitar possui características específi-cas que são pautadas em conteúdosatitudinais. Desenvolver atitudes ine-rentes à profissão levará o militar àsua plenitude profissional.

Durante toda a carreira, o militarconvive com risco. Sujeita-se a precei-tos rígidos de disciplina e hierarquia,não possui estabilidade geográfica, o

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que lhe coloca em contato com dife-rentes culturas, podendo residir, emlocais inóspitos e destituídos deinfraestrutura de apoio à família. É umacarreira que, necessariamente, exigededicação exclusiva e disponibilidadede 24 h. O militar precisa internalizar ovínculo permanente e ininterrupto coma carreira, uma vez que existe a insta-bilidade geográfica e outras caracte-rísticas inerentes à profissão.

Desenvolver atitudes socioafeti-vas, construir o perfil profissiográfico eaperfeiçoar a personalidade do alunomilitar são importantes no sentido deque ele/ela precisará aprender a lidarcom as diversas características peculi-ares e muitas vezes, difíceis da vidamilitar. Um profissional militar que nãoconsegue ser abnegado, equilibradoemocionalmente, dedicado, responsá-vel, adaptável, sociável, persistente,camarada, rústico, entre outras carac-terísticas, terá grande dificuldade deprosperar na carreira, podendo, muitasvezes, desistir pelo caminho de sua for-mação e/ou de sua própria carreira.

É preciso entender, ainda, que omilitar do Exército Brasileiro é um pro-fissional formado para atuar em favorda defesa do Estado pela administra-ção da violência, devendo, portanto, eli-minar qualquer vestígio de violência desua personalidade.

A profissão militar exige umaformatação de um perfil profissiográ-fico. Moldar esse perfil em um ser hu-mano é algo complexo, principalmentedevido à bagagem que cada sujeito trazconsigo de anos de cultura e educaçãofamiliar.

O aluno, ao ingressar na EsPCEx,deve estar aberto a novos conceitos,portanto as manifestações de

desapreço, de deseducação, de incoe-rência e de maus tratos devem ser com-batidas, uma vez que a profissão mili-tar não admite esse tipo de despreparopsicológico e emocional, pois os alu-nos, futuros cadetes de Caxias, são pre-parados para serem líderes militares.

O trabalho da Seção Psicopedagó-gica da EsPCEx, em sua Subseção deOrientação educacional (SOE), passa poridentificar se as atitudes previstas noperfil profissiográfico estão sendointernalizadas pelos nossos alunosneste primeiro ano da formação, quese dá na EsPCEx. Para se tornarem ofi-ciais militares, os alunos ainda percor-rerão um caminho de 4 anos na Acade-mia Militar das Agulhas Negras (AMAN),onde terão que aperfeiçoar tais atitu-des.

Assim, a sociometria surge comouma técnica, e os testes sociométricoscomo importante ferramenta na forma-ção do perfil profissiográfico no EnsinoSuperior Militar, visto que, ao conside-rar as opiniões dos alunos em relaçãoaos seus pares, os instrutores poderãoorientá-los corretamente na busca daexcelência profissional.

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(*) A 2 º Tenente OTT Camila Sobral Teixeira Krausz é graduada em Pedagogia – Ciênciada Educação pela Universidade da Amazônia (UNAMA) Manaus-AM; especialista emPsicopedagogia e Gestão e Docência na Educação Básica pela Universidade Santa Cecília(UNISANTA), Santos-SP; Atualmente exerce a função de Psicopedagoga da SeçãoPsicopedagógica da EsPCEx.

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Autorregulação da AprendizagemUma Experiência no Ensino

SuperiorAna Cláudia Rocha Barbosa (*)Pedagoga

Introdução

Iniciamos esse artigo falando decomo surgiu a necessidade de desen-volver um trabalho pedagógico comvistas ao processo de aprendizagem,no sentido de colaborar com os alunose alunas que demonstraram possuir di-ficuldades escolares ao iniciarem suaformação acadêmica na Escola Prepa-ratória de Cadetes do Exército(EsPCEx), que, desde 2012 apresenta– se com uma nova realidade educaci-onal, tendo em vista a migração do En-sino Médio para o Ensino Superior e doEnsino por Objetivos para o Ensino porCompetências.

A Seção Psicopedagógica daEsPCEx tem como uma de suas fun-ções, acompanhar e favorecer o desen-volvimento de habilidades e competên-cias nas áreas atitudinais ecomportamentais dos alunos, bemcomo trabalhar de forma preventiva naárea pedagógica, evitando problemasfuturos, além de atender e encaminharos casos particulares que necessitamde profissionais especializados. Assimpensando, procura estar sempre atua-lizada nas questões pedagógicas e psi-cológicas com foco no bem-estar e nodesenvolvimento holístico dos alunos.

Em busca de aprimoramento téc-nico profissional, a Seção Psicopedagó-gica da EsPCEX realizou uma visita em2015 ao setor de Orientação Educacio-nal do Serviço de Apoio ao Estudante(SAE) da Universidade Estadual de

Campinas (Unicamp) para conhecer oque aquela Universidade faz em prolde seus alunos nessa área do desen-volvimento humano.

A visita ao SAE da UNICAMP e en-trevistas com o corpo técnico profissi-onal daquela instituição apresentaramà equipe da EsPCEx um projeto voltadopara a Autorregulação da Aprendiza-gem, que é desenvolvido nessarenomada instituição. Assim, surgiu ointeresse em estudar e oportunizar aAutorregulação da Aprendizagem aosalunos da Escola, que, porventura, apre-sentassem algum tipo de dificuldadenessa área. São exemplos de dificul-dades: atenção, concentração, memó-ria, métodos e hábitos de estudo, or-ganização, gerenciamento de tempo,TDAH, dentre outros.

O Ensino Superior Militar, iniciadona EsPCEx, apresenta uma realidadeescolar voltada ao exercício de práti-cas de estudo autônomas, que susten-te a motivação para aprender e aproatividade. Nesse novo ambienteeducacional, alguns alunos apresentamdificuldades em adaptar-se à nova pro-posta de ensino, sendo importante queencontrem seu sentido de agência(Bandura,2008), para um melhor desen-volvimento educacional.

Bandura (2008) denomina que osentido de agência humana está calca-do no entendimento da reciprocidadeentre aspectos pessoais,

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comportamentais e ambientais, quepodem levar o sujeito a agir intencio-nalmente em relação ao seu própriofuncionamento cognitivo e,consequentemente, sua aprendizagem,de acordo com as circunstâncias da vida.

Dessa forma, foi oferecido aos alu-nos um projeto voltado para aautorregulação da aprendizagem, adap-tado ao contexto militar, que buscaprepará-los para a eficácia e eficiênciaem seu processo de aprendizagem, oque colabora com desenvolvimentocognitivo e motivacional.

Uma das vertentes desse projetosegue em direção à equalização do tra-balho pedagógico e psicopedagógicodesenvolvido na Escola, para que osalunos que apresentam dificuldadesnas diversas áreas do conhecimentoaprimorem seu sentido de agência(BANDURA, 2008) e suas habilidades,o que pode favorecer a igualdade decondições exigidas, uma vez que o sis-tema educacional do Exército émeritocrático.

Entende-se que, para alcançar osíndices exigidos pela Escola, o discen-te deve se fortalecer nas áreascognitiva, emocional e social, desen-volver atitudes como: responsabilida-de, disciplina, dedicação, entre outros,sem esquecer a autorregulação daaprendizagem.

O projeto Autorregulação da Apren-dizagem desenvolvido na EsPCEx foiprevisto para ocorrer em três momen-tos, que foram chamados de oficinaspsicopedagógicas, sendo uma oficinarealizada no primeiro semestre e duasno segundo semestre de 2016.

Entende-se a importância de de-senvolver esse projeto, para que pos-sa levar os alunos da EsPCEx a com-

preender e melhor desenvolver seu sen-tido de agência, preparando-se de for-ma mais efetiva em sua vida acadêmi-ca e profissional.

Autorregulação da Aprendizagem

A autorregulação da aprendizagemapresenta-se para o aluno como im-portante ferramenta na construção daresponsabilidade pessoal de regular edirigir – metacognitivo, motivacional ecomportamentalmente – seus própriosprocessos de aprendizagem(ZIMMERMAM, 1990).

Para Lopes da Silva (2004), aautorregulação é uma ação dinâmica,temporal, intencional, planejada e com-plexa.

Zimmerman (2000, 2002) afirmaque a autorregulação da aprendizagemrefere-se a pensamentos, sentimentose ações planeados e sistematicamen-te adaptados, quando necessário, parafomentar a motivação e a aprendiza-gem.

Em educação, o conceito deautorregulação compreende um vastoconjunto de estratégias e processos deaprendizagem, como a organização deobjetivos, resgate do conteúdo apren-dido, a gestão de tempo, a construçãode um ambiente de trabalho favorável,a elaboração de conhecimentos acadê-micos e a procura de ajuda necessária,entre outros (Rosário e cols., 2006).

Segundo Biggs (1991, apud PEREI-RA, 2012), a aprendizagem é determi-nada por uma grande variedade de ra-zões, que por sua vez determina a qua-lidade do resultado. Desse modo, aaprendizagem é consequência das di-mensões cognitiva, comportamental emotivacional do aluno, que são ativadasna construção das diversas aprendiza-

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gens (ZIMMERMAM, 1989 apud PEREI-RA, 2012). Nesse sentido, aautorregulação defende o indivíduocomo o principal ator, ou seja, comoprotagonista de seu processo de apren-dizagem, promovendo a sua participa-ção ativa e autônoma nesse processo(VEIGA SIMÃO, 2004).

Rosário (2004, p. 37) define aautorregulação como “[...] um proces-so ativo no qual os sujeitos estabele-cem os objetivos que norteiam a suaaprendizagem tentando monitorizar,regular e controlaras suas cognições,motivações e comportamentos com ointuito de os alcançar”, favorecendo ainternalização de conhecimentos e ha-bilidades.

Para Schunk e Usher (2013, p. 19apud POLYDORO, 2015 p.204), os “co-nhecimentos e habilidades sãointernalizados quando estão sob o con-trole autorregulatório do estudante,diferentemente de ações nãointernalizadas que estão sob o contro-le dos outros”.

Para melhor entender aautorregulação da aprendizagem,Bandura (1993) apresenta alguns con-ceitos em sua teoria sociocognitiva.Apresenta o conceito de “modelagem”,que defende uma mudança no compor-tamento, na cognição e no afeto, ad-quirido pelo indivíduo por meio de ob-servação de modelo, ou seja, pelaexperiência vicária.

Bandura (1993) defende três ideiascomo importantes no processoautorregulatório. São elas: auto-observação, pela qual o indivíduoanalisa o próprio comportamento;autojulgamento, que compara asmetas preestabelecidas pelo estudan-te e suas realizações; e a autorreação.

Apresenta também algumas competên-cias básicas, dentre elas, a competên-cia da autorreflexão, que é a capaci-dade do indivíduo poder analisar as suasexperiências, pensar sobre seus pro-cessos de raciocínio, modificando-osquando necessário. Desse modo, ad-mite-se que,

[...] é a posse consciente, conhe-cedora e controlada destes meiosinternos e externos que pode levaros estudantes a exercer um papelativo na construção dos seus sabe-res, na concretização das suas as-pirações, na elaboração e direçãodos seus objetivos intelectuais,afetivos, sociais e profissionais, eque lhes garante uma integraçãoativa e responsável na sociedade(LOPES DA SILVA, VEIGA SIMÃO & SÁ,2004, P. 59-60).

Polydoro et al (2015, p. 205) de-fende que “as vivências pessoais,interpessoais, institucionais e de es-tudo são objetos desse diálogo e mos-tram possibilidades de pensamento e/ou comportamentos, provocando refle-xões, questionamentos e orientações”,o que beneficia o processo deautorregulação da aprendizagem. Esseprocesso, de forma particular, leva osalunos autorregulados a se apresenta-rem como agentes de seu comporta-mento, e desenvolvem a aprendizagemcom proatividade, o que leva o aluno àmotivação e utilização de estratégiascognitivas adequadas para atingirembons resultados em sua formação.O Projeto

O projeto desenvolvido na EsPCEx,teve como foco a oferta de ferramen-tas pedagógicas e psicopedagógicas;o favorecimento do autoconhecimento;a interação social; o compartilhamentode experiências (dificuldades, anseiose facilidades na vida escolar); o

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gerenciamento de situações-proble-mas; a regulação e direção, em termosmetacognitivos e comportamental, dospróprios processos de aprendizagem ea mobilização de recursos cognitivos,motores e afetivos em cenários que exi-gem competências diversas. Os temasforam relacionados aos estudos, estra-tégias de aprendizagem (memória, con-centração, raciocínio lógico, etc.),gerenciamento de tempo eautorregulação.

O estudo baseou-se na experiên-cia do Grupo de Pesquisa em Psicolo-gia e Educação Superior (PES) da Fa-culdade de Educação da UniversidadeEstadual de Campinas (UNICAMP), quese desenvolve em parceria com o Gru-po Universitário de Investigação emAutorregulação (GUIA), coordenadopelo Prof. Pedro Rosário, da Universi-dade do Minho (Portugal), e fundamen-tou-se no livro Comprometer-se Com oEstudar na Universidade: Cartas doGervásio ao Seu Umbigo, de Pedro Ro-sário e colaboradores (2006),

O livro Cartas de Gervásio ao seuUmbigo apresenta o projeto voltadopara a promoção da autorregulação daaprendizagem e o conhecimento decla-rativo, procedimental e condicional dasestratégias de aprendizagem. É umconjunto de 13 (treze) cartas temáticasde um personagem, aluno do 1º ano dauniversidade, chamado Gervásio, queconversa com seu umbigo em um diá-logo metacognitivo, descrevendo suasobservações, dúvidas e experiências.O objetivo de cada carta é implementaruma ou mais estratégiasmetacognitivas, que podem ser orga-nizadas segundo as fases daautorregulação baseado no modelo

sociocognitivo proposto por Zimmerman(2002) e Rosário (2004).

O modelo sociocognitivo propostopelos autores citados apresenta umadinâmica processual, explicitada pormeio de um processo cíclico denomina-do PLEA (planejamento, execução eavaliação de tarefas). Destaca aautorregulação em função do nívelmetacognitivo, motivacional ecomportamental das tarefas de apren-dizagem em que os alunos estão en-volvidos. Assim, por meio da escolha,do controle das atividades e dasvivências pessoais, os alunos poderãotornar-se agentes/protagonistas nosdiferentes âmbitos da aprendizagem.

O projeto autorregulação da apren-dizagem, desenvolvido na EsPCEx, foiproposto para ser desenvolvido pormeio de oficinas psicopedagógicas, emtrês seções coletivas de noventa mi-nutos cada uma, divididas por Compa-nhia de Alunos1. O público-alvo foramos alunos que apresentaram baixo ren-dimento escolar nas primeiras avalia-ções do ano letivo de 2016; aquelesque declararam, no questionário deanamnese aplicado no iniciam do anoletivo, serem possuidores de algumadificuldade cognitiva e/ou outros alu-nos indicados pelos professores e ins-trutores. Cada oficina recebeu, no má-ximo, 50 (cinquenta) alunos.

A primeira oficina foi realizada nomês de junho de 2016 e teve como ob-jetivo geral favorecer o autoconheci-mento e o conhecimento mútuo entreos colegas. No segundo semestre foiprevista a execução das outras duasoficinas propostas no projeto.

As atividades programadas para asoficinas foram desenvolvidas por meio

(2) Uma Companhia de Alunos é uma organização que integra a estrutura operacional e administrativa de uma Escola Militar. A EsPCExpossui três companhias de alunos.

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de técnicas de dinâmica de grupo e es-tratégias de processos deautorregulação da aprendizagem, ex-posições dialogadas dos assuntos empauta, leitura compartilhada de algu-mas adaptações das cartas de“Gervásio ao seu umbigo”, slides,vídeos, discussões em plenária, bemcomo trabalho em grupos pequenospara que os alunos continuassem suasreflexões acerca de seu próprio proces-so de aprendizagem com a finalidadede serem equipados para oenfrentamento de suas tarefas educa-cionais com maior qualidade e profun-didade.

Na primeira oficina, inicialmentefoi aplicado um questionário de difi-culdades escolares e, em seguida, fo-ram trabalhadas as cartas de número6 (seis) e número 12 (doze), cujosobjetivos são, respectivamente, reco-nhecer as diferentes fases quanto aoPLEA (Planejamento, Execução e Ava-liação) em relação à aprendizagem ereconhecer os sinais de ansiedade du-rante as avaliações e identificar estra-tégias para amenizá-las, tendo em vis-ta a aproximação das avaliações esco-lares. Logo após o trabalho com ascartas, foram realizados exercícios re-lativos aos temas trabalhados, parapromover a internalização dos objeti-vos propostos.

Em relação à carta número 6 (seis)intitulada: Quem governa tua apren-dizagem? Como se distinguem dosdemais alunos que obtêm sucessoescolar? O trabalho foi realizado empequenos grupos, em que os alunosfizeram uma discussão sobre o tema eresolveram uma situação-problema uti-lizando as estratégias propostas no pro-cesso cíclico do PLEA e, em seguida,

responderam às perguntas relativas aotítulo da carta.

A carta número 12 (doze),intitulada: Afinal, o que é isso da an-siedade face aos testes? foi trabalha-da de forma individual, para que os alu-nos tivessem a oportunidade de pen-sar sobre sua própria aprendizagem,preenchendo dois quadros relativos aoautoconhecimento. O primeiro trata deseus pensamentos, sentimentos e com-portamentos em dois momentos dis-tintos: antes e durante as avaliações.No segundo quadro, os alunos aponta-ram as preocupações em relação às ava-liações, traçando ações para melhoriade seus processos avaliativos e estra-tégias na resolução das provas.

A proposta de atividades para asoficinas seguintes foi com base na car-ta número 4 (quatro), com título: Sa-bes como vencer a procrastinação,Gervásio? que tem como objetivo, tra-balhar o gerenciamento do tempo, dis-cutir algumas maneiras de organizar eescolher a melhor forma de estudar, bemcomo favorecer a atenção e concentra-ção referentes aos distratores internose externos que afetam o processo deestudar; e na carta número 5 (cinco),com título: Por que é que esquece-mos? que objetiva discutir os aspec-tos do funcionamento da memória decurto e longo prazo e as condições quefavorecem uma aprendizagem mais con-sistente e profunda.

Na última oficina do ano, foi tra-balhada a carta número 13 (treze), comtítulo: Que tal vai o teu estudo,Gervásio? com a finalidade de fazeruma autoavaliação dos estudos duran-te o ano e provocar reflexões acercadas mudanças no comportamentoautorregulatório.

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Ao final de cada oficina foi ofere-cido um protocolo de devolutiva da ati-vidade proposta, com vistas aoautoconhecimento, para levar o alunoa reflexões sobre a importância pesso-al no processo de aprendizagem, bemcomo sugestões para a melhoria doprojeto oferecido pela SOE.

Considerações

Os alunos participantes do proje-to foram acompanhados ao longo doano letivo com foco na evolução de seusprocessos de aprendizagem.

Fazendo uma análise comparativada autorregulação da aprendizagemcom a fala do poeta Drummond deAndrade (1985, p.537), “Ninguém éigual a ninguém. Todo o ser humano éum estranho ímpar”, entende-se que aautorregulação da aprendizagem vaialém da expectativa de existir umaaprendizagem autorregulada, pois édada ao estudante a possibilidade deedificar o seu conhecimento por meiode aprendizagens significativas, atri-buindo valores que são próprios dessaconstrução.

Acredita-se que o trabalho desen-volvido pela SOE proporcionou aos alu-nos da EsPCEx a busca de estratégiase processos de aprendizagem, como aorganização de objetivos, o resgate doconteúdo aprendido, a gestão de tem-po, a construção de um ambiente detrabalho favorável e a elaboração deconhecimentos acadêmicos, o que podelevá-los a lograr êxito em toda sua for-mação acadêmica profissional.

Espera-se que esse projeto, pro-posto em 2016 pela SOE da EsPCEx,possa ter colaborado efetivamente como desenvolvimento da Autorregulação

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da Aprendizagem dos alunos da Esco-la.

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(*) A Professora Ana Claudia Rocha Barbosa é pedagoga, formada pela UniversidadeFederal do Ceará (UFC); especialista em Educação Infantil pela Universidade Estadual doCeará (UECE), em Psicopedagogia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e em Docênciado Ensino Superior pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tem formação emPEI ( Programa de Enriquecimento Instrumental) nos níveis I e II, reconhecidos pelo ICELP(The International Center for the Enhancement of Learning Potential – Centro Internacionalpara o Melhoramento do Potencial de Aprendizagem). Foi Orientadora Educacional do ColégioMilitar de Fortaleza de 1995 a 2009. Atualmente exerce a função de Pedagoga da Seção deAcompanhamento Pedagógico da EsPCEx.

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Avaliação de Proficiência Oral emDisciplina de Língua Estrangeira:

relato de experiência

Viviane de Fátima Pettirossi Raulik (**)Professora de Inglês

Maria da Graça Duarte Baroncelli (*)Professora de Inglês

Introdução

De acordo com Luoma (2004), ahabilidade de falar uma língua estran-geira é, com certeza, a mais difícil dese avaliar de modo confiável, pois,geralmente, ela ocorre durante umainteração face a face, em tempo real,entre o interlocutor e locutor. O profes-sor tem que fazer julgamentos instan-tâneos a respeito de uma gama deaspectos como, por exemplo, fluência,pronúncia, correção e nível de lingua-gem, bem como o gênero do discurso ea posição do interlocutor.

Além disso, a natureza dainteração, os tipos de tarefas que sãoapresentadas ao aluno, os tópicos abor-dados e as oportunidades que são ofe-recidas para que ele demonstre a suahabilidade em falar a língua estrangei-ra estudada terão impactos no desem-penho do aluno e, consequentemente,no seu resultado.

Outro aspecto importante a serconsiderado na avaliação tradicional(face a face) da produção oral em lín-gua estrangeira é que esse tipo de ava-liação demanda muito tempo para suaexecução, onerando a carga-horária docurso e, muitas vezes, inviabilizando-a, principalmente se houver um núme-ro grande de alunos em sala de aula.

Nesse sentido, a tecnologia nostraz algumas possibilidades. Aperformance dos alunos pode ser gra-vada pelo professor/examinador e estepode ouvir/assistir em outro momen-to, fora da sala, ou o professor podeainda delegar a tarefa de gravar a ava-liação oral aos próprios alunos, que,em sua maioria, possuem os equipa-mentos necessários para isso(smartphone, tablet, etc).

A seguir, descreveremos uma ex-periência de avaliação oral na discipli-na Língua Inglesa I da Escola Prepara-tória de Cadetes do Exército, gravadaem formato digital e entregue via e-mail, nos anos de 2017 e 2018.

Descrição da Atividade

A avaliação oral aconteceu no pri-meiro semestre e abordou os assuntosinformações pessoais, na primeira uni-dade didática, e rotina, na segunda uni-dade, ambos constantes no Plano daDisciplina (PLADIS). No decorrer dasunidades, foram trabalhados gramáti-ca, vocabulário e pronúncia e as habili-dades de ler, escrever, ouvir e falar.

O primeiro passo, quando um pro-fessor, uma equipe ou uma instituiçãose propõe a avaliar a produção oral deseus alunos, é criar situações em quese possam obter amostras de lingua-gem que sejam relevantes dentro de

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um contexto previamente delimitado(FUTURELEARN.COM).

Essa contextualização é necessá-ria para que essas amostras sejamequivalentes a situações da vida real.Para isso, três fatores devem ser leva-dos em consideração: para quemestamos falando, por que estamos fa-lando e a condição ou contexto socialno qual estamos falando.

Além disso, precisamos de um for-mato e de uma tarefa(FUTURELEARN.COM). Nossa avaliaçãofoi dividida em duas partes, de acordocom os objetivos da primeira e da se-gunda unidades. A primeira tarefa con-sistia em fornecer informações pesso-ais, e a segunda, em descrever suarotina na escola. O formato para asduas tarefas foi a apresentação oralindividual. A contextualização foi deli-mitada através de uma situação-pro-blema: “um grupo de visitantes estran-geiros está na escola e você precisase apresentar a eles (primeira parteda avaliação) e descrever sua rotinana escola (segunda parte).”

Após delimitarmos a tarefa, o for-mato e a contextualização, precisáva-mos organizar os diversos elementosque iriam compor a avaliação, taiscomo: data de entrega, modo de en-vio, previsão de falhas tecnológicas,segunda chamada, etc. Colocar a ati-vidade em prática tornou-se o nossomaior desafio, principalmente em 2017,quando executamos a atividade nes-ses moldes pela primeira vez.

Os alunos receberam, em aula,material impresso (um por aluno) con-tendo as orientações para a avaliação.Tais orientações incluíam: a situação-problema, a tarefa, o formato, o con-teúdo de gramática e o vocabulário quedeveria ser usado, prazo estabelecido

para execução e entrega por e-mail edetalhes práticos e técnicos, tais como:tempo máximo de duração de cadavídeo, maneira apropriada de nomear oarquivo, maneira apropriada de preen-cher o campo assunto do e-mail, reco-mendações em relação ao tamanho doarquivo, qual uniforme deveria ser usa-do, tipo de enquadramento, endereçosde e-mail de todos os professores equais itens iriam constar na Ficha deAvaliação do Aluno (gramática, voca-bulário, fluência e pronúncia). Tambémfoi disponibilizada uma cópia da Fichade Avaliação para que os alunos tives-sem acesso ao seu formato e aosdescritores de fluência e desempenho.

Todos esses detalhes de organi-zação e padronização foram de sumaimportância para que o aluno e o pro-

fessor tivessemconfiabilidade noinstrumento deavaliação, já que, apartir dele, seriaatribuída a nota deAvaliação de Acom-panhamento do pri-meiro semestre. No

entanto, tratando-se de nossa primei-ra experiência, em 2017, foram neces-sárias diversas reuniões entre os pro-fessores da disciplina e, também, cons-tantes e produtivas orientações e su-gestões advindas da Subseção de Ava-liação da Aprendiza-gem (SSAA), paraque chegássemos aum desenho final daatividade que pudes-se ser passado aoaluno com clareza econfiabilidade.

Al Albert

Al Marcus Silva

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Ao optarmos pela gravação emvídeo, e não apenas em áudio, passa-mos para o aluno a responsabilidadede produzir uma linguagem audiovisual,agregando significados através de suasescolhas, pois o vídeo não iria captarapenas sua voz, mas sua apresenta-ção pessoal, sua postura, cenário defundo, objetos e ruídos do ambiente.De acordo com Kress e Van Leeuwen(2006[1996]), todos esses fatores sãoformas multissemióticas de comunica-ção, linguagens que interagem soma-das e interligadas, não separadas. Noentanto, são fatores simples e dinâmi-cos que fazem parte de nosso dia adia.

Nas duas imagens obtidas atra-vés de captura de tela, podemos verdois alunos em seus respectivosvídeos. No primeiro, a Aluno Albertoptou por fazer seu vídeo numa postu-ra menos formal. No segundo exem-plo, temos um padrão utilizado commais frequência, gravado na sala deaula, o aluno está em pé e com as mãosem posição de descansar.

Colocar tudo isso em prática nãofoi tarefa fácil, pois há uma certa com-plexidade num processo como esse,como, por exemplo, as barreiras técni-cas: falta de internet, diferentes for-matos de arquivos produzidos por dife-rentes celulares, falta de experiênciade alguns alunos ao manusear acâmera, e-mails que chegam sem ne-nhum anexo, e-mails não identificadosapropriadamente, etc. Todos essespercalços tiveram que ser administra-dos conforme foram acontecendo, po-rém, passo a passo, fomos conseguin-do galgar novos degraus no aprimora-mento da avaliação oral na EsPCEx.

Considerações Finais

Através da tecnologia, vislumbra-mos um novo caminho, possibilitandoo aumento da confiabilidade na avalia-ção da produção oral, por parte do ava-liador e do avaliado, em relação aosproblemas que vínhamos encontrandona interação face a face. O professornão precisava mais fazer julgamentosinstantâneos a respeito de uma gamade aspectos que compõem a avaliaçãooral. Ele podia ver e ouvir a tarefa oralsendo executada pelo aluno quantasvezes necessitasse. Além disso, nautilização do recurso digital, o feedbackda avaliação podia ser dado ao alunoatravés do uso dessa mesmatecnologia, possibilitando tempo paraanálise e reflexão por parte aluno e doprofessor.

Outro ponto importante é que nãohouve a necessidade de utilizar o tem-po em sala de aula para se avaliar gran-des turmas, pois a tecnologia possibi-litou a execução da tarefa oral e suaavaliação fora do espaço da sala deaula.

***

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Bibliografia

FUTURELEARN.COM. BRITISH COUNCIL. Languageassessment in the classroom – Online Course. Disponível em:<https://www.futurelearn.com/courses/language-assessment>. Acessoem: 17 jul 2018.

KRESS, G.; VAN LEEUWEN. Reading images: the grammar ofvisual design. London; New York: Routledge, 2006 [1996].

LUOMA, S. Assessing speaking. Cambridge University Press, 2004.

(**) A Professora civil Viviane de Fátima Pettirossi Raulik é licenciada em Letras pelaPontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), possui curso de pós-graduaçãoLato Sensu em Metodologia de Ensino da Língua Inglesa, Cambridge CAE (Certificate inAdvanced English) e é mestra em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual deCampinas (UNICAMP) na Linha de Pesquisa Linguagens e Tecnologias. Atualmente exercea função de professora de Inglês da EsPCEx.

(*) A Tenente-Coronel R/1 do Quadro Complementar de Oficiais Maria da Graça DuarteBaroncelli foi aluna da EsAEx, formando-se em 1996. Possui os seguintes cursos: Letras- Licenciatura Plena em Língua Inglesa, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas– PUCC (1993), Inglês no Mills College, pela EF – International Language School, emOakland, CA, EUA (1994); Especialização em Atualização Pedagógica pelo CEP/UFRJ(1997); Certificado de Proficiência ECPE, pela Universidade de Michigan; Extensão emAprimoramento Profissional para Professores de Inglês, pela Universidade Estadual deCampinas (2000) e Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais - EsAO (2005). Foi professorade inglês na EsPCEx no ano de 1995, como professora civil e, posteriormente, de 1998 a2018, como professora militar.

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A Importância da Empatia doAdjunto de Comando no

Assessoramento do ProcessoDecisório

Eleandro Casagrande (*)Adjunto de Comando

ResumoO Exército é estruturado em Co-

mandos Militares distintos quenorteiam suas missões baseados nascaracterísticas geopolíticas e missõesimpostas. Uma Organização Militar éuma célula deste organismo. Isto de-termina sua missão. O presente traba-lho explora a necessidade do conheci-mento da intenção do comandante noprocesso decisório para o corretoassessoramento. Para atingir este ob-jetivo, o artigo faz uma análise doselementos presentes neste processo esua repercussão na tropa. Assim, con-clui-se que o Adjunto de Comando épeça essencial para que a tropa assi-mile corretamente as ordens do coman-do.

Palavras-chave: Entendimento,Intenção, Assessoramento, Decisão.

Introdução

As decisões do Comandante nãosurgem apenas de suas intenções ouinstintos de comando. São frutos deuma necessidade estrutural do Exérci-to Brasileiro, dependendo das caracte-rísticas regionais de relevo,situacionais, culturais e outras.

A missão de defesa da Pátria e agarantia dos poderes constitucionais,entre outras, é reservada às ForçasArmadas, e mais especificamente aoExército Brasileiro, por meio de leis. AConstituição Federal de 1988, em seu

artigo 142, define a que se destinamas Forças Armadas, enquanto a Lei Com-plementar (LC) nº 97, posteriormentealterada pela LC nº 117, de 2/9/2004,discorre sobre o cumprimento dadestinação constitucional exposta, so-bre a organização, o preparo e o em-prego das Forças Armadas, sobretudonas Operações de Garantia da Lei e daOrdem, bem como estabeleceu atribui-ções subsidiárias do Exército.

O Brasil é um país continental commais de 8,5 milhões de quilômetrosquadrados. Sua faixa de fronteiratotaliza 15.719 quilômetros e vizinhacom quase todos os países do conti-nente, exceto Chile e Equador. Seu li-toral mede 7.491 quilômetros de ex-tensão. Consequentemente, para de-fender um território tão extenso, faz-se necessário um exército igualmentegrandioso. O Exército Brasileiro se di-vide em 08 grandes Comandos Milita-res que, por sua vez se ramificam emDivisões de Exército, Regiões Militares,Brigadas, totalizando mais de 500 Or-ganizações Militares, além de váriasDiretorias e Instituições de Ensino.

As diferentes regiões brasileirasapresentam características específicase essas peculiaridades ditam as mis-sões de cada uma delas. Enquanto oComando Militar da Amazônia se ocu-pa da defesa da maior reserva florestaldo mundo, o Comando Militar do Oeste

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e o Comando Militar do Sul rondam nos-sas fronteiras, e assim por diante.

As Organizações Militares tem suasmissões reguladas pelo escalão supe-rior que, devido suas especificidades,buscam uma harmonia dentro de suaesfera de comando.

Para tanto, cada comandante pro-cura conduzir sua OM cumprindo as or-dens e determinações de seu escalãoenquadrante. A consciência das carac-terísticas regionais e de suas missõesespecíficas é de extrema importânciapara a devida compreensão da intensãodo Comando em seu processo decisório.

A Intenção do Comandante

Tendo em vista que uma OM temsua missão inserida num contexto desubordinação de Escalões Superiores,as intenções do seu comandante tam-bém segue esta premissa. Dessa for-ma, o processo decisório da missão deuma OM não se baseia na vontade ounas intuições de seu comandante, masem objetivos claros já traçados e defi-nidos. Seu Estado-Maior deve estar ali-nhado com esses preceitos para queos subordinados tenham uma compre-ensão real da missão.

Conforme previsto no Manual deCampanha - Processo de Planejamen-to e Condução das Operações Terres-tres EB20-MC-10.211, a intenção do co-mandante em suas decisões deve serpautada em três pontos: 1 - o propósi-to, ampliando seu entendimento; 2 -as principais atividades e tarefas aexecutar; e 3 - o Estado Final Deseja-do (EFD).

Expor claramente o propósito desua intenção é muito importante parao comando. Esta clareza vai expandir o

conhecimento da missão até o nívelmais subordinado da tropa, colaboran-do para o sucesso do cumprimento damissão. Toda a OM deve estar ciente“do propósito das operações e sua re-lação com a força como um todo”.

Definir as atividades e tarefas es-senciais para o cumprimento da mis-são é obrigação do comando para queo EM e subordinados tenham uma no-ção assertiva das missões objetivas ededuzidas que lhe competem. Então,essa definição deve ser clara e conci-sa.

Já o Estado Final Desejado (EFD),é a visão de futuro do comandante.Onde ele quer chegar. Seu planejamen-to estratégico para concluir uma ope-ração ou um objetivo imposto e busca-do pela OM. Quando todo o efetivobusca o mesmo EFD em uma mesmasituação operacional ou administrati-va, a OM se caracteriza como unidadee uniformidade.

Um ponto importante e que sem-pre deve se levar em consideração, é ocontexto onde se realizam as opera-ções, pois elas se desenvolvem quasesempre de maneira descentralizadas,porém, tudo deve estar sempre sob asorientações da intenção do Comandan-te, principalmente quando na ausênciade ordens, o que nos levará o adequa-do cumprimento dos objetivos propos-tos pelo Escalão Superior.

A intenção do comandante buscapossibilitar a iniciativa de seus subor-dinados, uma vez que, no cenário con-temporâneo no qual estamos inseridos,tudo se apresenta de forma muito vo-látil: novos atores podem surgir a qual-quer momento, transformações, mudan-ças e desafios que exigem de todosnós muito dinamismo e iniciativa para

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o cumprimento das mais diversas mis-sões. Esse dinamismo incentiva todosa terem em suas mentes o Estado Fi-nal Desejado pelo seu comandante,dentro de sua intenção, em todos osníveis. Nesse contexto, a intenção docomandante faz surgir uma confiançamútua entre o superior e o subordina-do, dando ainda a possibilidade dacriatividade e da improvisação. Assim,é indiscutível e indispensável que omilitar na função de Adj Cmdo, utili-zando sua capacidade de influenciarpela liderança, tenha sempre a corretainterpretação das intenções do Coman-dante, tendo em vista que este militardeve ser um elo importante na cadeiade liderança entre o comando e as pra-ças e deve fazer com que elas tenhamum correto entendimento das ordens,minimizando os erros e decisões preci-pitadas ou equivocadas, mas que es-tejam balizadas pela intenção do seucomandante.

Desta forma, não há como falarem cumprimento de missão sem levarem conta os integrantes da Organiza-ção Militar. O coeficiente humano sem-pre será o principal fator a ser conside-rado porque não é apenas uma peçavaliosa na execução das tarefas, massim a principal.

O Assessoramento do Adjunto deComando

Nesse contexto, o Adj Cmdo devegerar nos subordinados o interesse noentendimento do processo decisório,buscando a cooperação em favor dosobjetivos comuns se pautando peloexemplo, desta forma, terá condiçõesde fomentar a mudança de ideias e con-ceitos contrários às intenções do co-mandante, presentes na minoria da tro-

pa, que pode influenciar os demais.Outros fatores importantes ao en-

tender a intenção do comandante noprocesso decisório, são seus valorespessoais, suas características físicas,psicológicas, crenças e cultura, quetambém são agregados em suas mis-sões. Assimilar que uma decisão é pau-tada na missão e também na persona-lidade do ator principal amplia a per-cepção dos objetivos propostos peloEscalão Superior e como estes estãosendo batidos pela Organização Mili-tar.

A consciência situacional da mis-são diferenciada da Escola Preparató-ria de Cadetes do Exército, no âmbitoda Força Terrestre, é primordial e fun-damental para o sucesso no ímpeto documprimento da missão do Adj Cmdo.Há de se levar em conta as diferenças:de propósito, das principais atividadese tarefas a executar e do Estado FinalDesejado entre um Estabelecimento deEnsino e uma Organização Militaroperacional.

A EsPCEx é um Órgão de Forma-ção de Oficial de Carreira da Linha deEnsino Militar Bélico do Exército Brasi-leiro, conforme preconiza a Portaria Nr178-EME, de 13 de novembro de 2012,publicada no Boletim do Exército Nr 47,de 23 de novembro de 2012. Sendoassim, o primeiro ano de formação des-tes Oficiais, que complementarão seusestudos na Academia Militar das Agu-lhas Negras, em Resende-RJ. Em con-tra partida, uma Organização Militaroperacional, é vocacionada para o em-prego da tropa e para a formação daReserva Mobilizável.

Partindo desse pressuposto, o

O Adjunto de Comando da EsPCEx

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Adjunto de Comando precisa estar ali-nhado com a intenção do Comando daEscola, que é, naturalmente, mais vol-tada para a formação dos alunos doque para a tropa. No entanto, urge dis-pensar esforço para que as praças daEscola se conscientizem das particula-ridades e objetivos institucionais daEsPCEx, objetivando um ordenamentoda tropa com a visão e busca do Esta-do Final Desejado pelo comandante.

Assim, o desafio para o Adjuntode Comando da EsPCEx é trabalhar paraque a moral das praças mantenha-seelevada e que esses sejam continua-mente motivados e proativos em favordas ações de comando. Ainda, praticaro assessoramento sendo empático,tanto com os oficiais do Estado-Maior,quanto com as praças da Escola.

Considerações Finais

Inferir que não há necessidade deconhecimento, pela tropa, das inten-ções de seu comandante, é praticamen-te afirmar que não caminhamos namesma direção ou com a mesma inten-ção do comandante para o cumprimen-to das missões que surgem no cotidia-no da caserna. Muito embora, cienteque cada um deve conhecer, em seunível e dentro da cadeia de comando,suas atribuições, fica bastante claroque a intenção do comandante é uma

orientação aos seus subordinados parao cumprimento das missões, mesmo emsua ausência, para se atingir os efei-tos desejados.

Dessa forma, sabedor de que amissão do Exército Brasileiro é amplae complexa e, apesar disso, necessitaprimar pela unidade da instituição, oAdjunto de Comando pode e deve as-sessorar seu comandante, no tocanteàs praças de sua OM, de maneiraassertiva, eficaz e eficiente, durante oprocesso decisório. Praticar a empatiacom seu comandante e compreendercomo e o porquê de uma decisão, oajudará no seu intuito de manter o bem-estar da tropa e a coesão da Unidade.

***Bibliografia

- Manual de Campanha – LIDERANÇA MILITAR (C 20-10) – 2ª Ed2011; - Manual de Campanha - PROCESSO DE PLANEJAMENTO ECONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES TERRESTRES (EB20-MC-10.211)– 1ª Ed 2014; - Manual de Fundamentos – OPERAÇÕES (EB20-MF-10.103) – 4ªEd 2014; - FREITAS, Henrique et al. Informação e decisão: sistemas de apoioe seu impacto. Porto Alegre: Ortiz, 1997; - CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria da Administração.5. ed. São Paulo: Makron Books, 1997; - CARVALHO, Raul Espindola de. A IMPORTÂNCIA DA TOMADADE DECISÃO: e as Dificuldades Encontradas no Momento de Decidir.Brasília-DF: UNB, 2012.h t t p : / / b d m . u n b . b r / b i t s t r e a m / 1 0 4 8 3 / 3 9 0 9 / 1 /2012_RaulEspinduladeCarvalho.pdf - Military Review, Maio-Junho 2016 - Tomo 70, Numero 2 – EdiçãoBrasileira

(*) O Subtenente Leandro Casagrande foi aluno da Escola de Sargento das Armas(ESA), formando-se em 2006. Possui os seguintes cursos: Licenciatura Plena em LetrasPortuguês e Inglês da Universidade Estadual de Mato Grosso, concluída em 2005; Adjuntode Comando da Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas (ESSA), concluídoem 2017; Estudo de Política e Estratégia da Associação dos Diplomados da EscolaSuperior de Guerra (ADESG), concluído em 2018; Bacharelado em Teologia da Faculdadede Teologia Sulamericana (FTSA), concluída em 2018. Atualmente é o Adjunto deComando da EsPCEx.

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Distinção entre Obras e Serviços deEngenharia e Serviços

Comuns de Engenharia e Reflexosna Licitação

Davi Horr (*)2º Sargento Músico

Um dos serviços prioritários e co-muns em qualquer Unidade Militar é amanutenção de suas instalações. Nes-se momento, não estamos falando damanutenção relacionada à limpeza,mas, sim, da conservação e manuten-ção das estruturas físicas, ou seja, dacontratação de serviços de manuten-ção predial preventiva e corretiva.

Cada seção (ou qualquer outradenominação adotada) está fisicamen-te alocada em determinado espaçodentro da Organização Militar, e não háninguém melhor para saber dos pro-blemas da instalação que os própriosindivíduos que ali trabalham.

É de conhecimento geral que osrecursos financeiros para a conserva-ção e manutenção predial é provenien-te dos cofres públicos. Dessa forma,devem ser acompanhados, para suaconsecução, do devido processolicitatório. Nesse momento, dúvidaspodem surgir entre os interessados naconservação ou manutenção de seu es-paço físico.

Para orientar os esclarecimentosdessas dúvidas, seguem algumas con-siderações sobre obras, serviços de en-genharia, tendo como foco principal osserviços comuns de engenharia, quesão os únicos autorizados aos milita-res sem formação acadêmica em enge-nharia.

É importante a definição da mo-dalidade de processo licitatório. Deacordo com a solução escolhida o ca-minho a percorrer, pode ser diferente.A determinação de obra ou serviço deengenharia deverá ter seu objeto fun-damentado através de projeto básicoou determinando-se que se trata deserviço comum de engenharia, que seráapresentado em termo de referência.

Para elucidação dos caminhos aserem seguidos, deve-se analisar asdefinições que caracterizam as opçõesde licitação. A Orientação Técnica nº002/2009, do Instituto Brasileiro deAuditoria de Obras Públicas (IBRAOP)traz a definição de Obras e Serviços deEngenharia, visando uniformizar o en-tendimento da legislação e práticas per-tinentes à Auditoria de Obras Públicas.Essa orientação é utilizada pelo Exér-cito Brasileiro como referência.

Na OT nº 002/2009 da IBRAOPdefine o que são obras e serviços deengenharia por meio da análise de itensenquadradores, conforme segue:

“1. O objeto a ser contratado deve-rá estar perfeitamente caracteriza-do. A partir dessa caracterizaçãoserá feita a análise deenquadramento;2. Verificar se, para a realização doobjeto a ser contratado, será ne-cessária a utilização de conhecimen-tos técnicos específicos envolvendo

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Como se pode verificar, oenquadramento de obra ou serviço sefaz com respostas objetivas aos itensdescritos.

Se restar como resposta o item 9,está caracterizado o objeto desejadocomo serviço comum de engenharia,com vistas a serem objetivamente de-finidos através das especificações téc-

nicas e padrões de desempenho e qua-lidade, balizados pelas normas técni-cas e especificações usuais do merca-do, como balizado pela doutrina e con-firmado pelo Tribunal de Contas daUnião, bem como pelo Judiciário.

O Parecer nº 075/2010-DECOR/CGU/AGU, confeccionado pela Drª LuísaFerreira Lima, apresentado no Manualde Obras e Serviços de Engenharia (Fun-damentos da Licitação e Contratação),Cadernos da Consultoria-Geral da Uniãonº 6, está no mesmo diapasão em re-lação à caracterização de serviços co-muns de engenharia, como a seguirtranscrevemos:

a participação de profissionais habi-litados conforme o disposto na LeiFederal nº 5.194/66. Se a condiçãodo item 2 não for verdadeira, não éobra ou serviço de engenharia.3. Se a condição do item 2 for ver-dadeira, verificar se para a realiza-ção do objeto trata-se ação de cons-truir, reformar, fabricar, recuperarou ampliar um bem;4. Se, para a realização do objeto aser contratado, confirmem-se ositens 2 e 3, enquadra-se como Obrade Engenharia;5. Se a condição do item 3 não forverdadeira, verificar se a realizaçãodo objeto é atividade tal como: con-sertar, instalar, montar, operar,conservar, reparar, adaptar, man-ter, transportar, ou ainda, demolir;6. Se, para a realização do objeto aser contratado, confirmem-se ositens 2 e 5, enquadra-se como Ser-viço de Engenharia;7. Se a condição do item 5 não forverdadeira, verificar se a realizaçãodo objeto trata-se de serviços téc-nicos profissionais especializados deprojetos e planejamentos estudostécnicos, pareceres, perícias, ava-liações, assessorias, consultorias,auditorias, fiscalização, supervisãoou gerenciamento;8. Se, para a realização do objeto aser contratado, confirmem-se ositens 2 e 7, enquadra-se como Ser-viço de Engenharia;9. Se a condição do item 2 ou doitem 7 não forem verdadeiras, nãoé obra ou serviço de engenharia.”

“(…) pode-se definir serviço comumde engenharia como aquele que obe-dece a padrões de desempenho equalidade que podem ser definidosobjetivamente no edital, estando dis-ponível a qualquer tempo no mer-cado próprio, com características,quantidades e qualidades padroniza-das, sem alta complexidade técni-ca, e sem necessidade de acompa-nhamento e atuação relevante eproeminente e um engenheiro es-pecializado.Portanto, a realização do pregãopara a contratação de serviços co-muns – incluindo os de engenharia –tem sido bem aceito na doutrina,vez que (1) não existe restrição le-gal na lei n. 10.520/2002 e (2) que avedação contida no art. 6º do De-creto n.5.450/2005 se aplica ape-nas às obras de engenharia.Muito embora o art. 5º do Decreton. 3.555/2000 afirme textualmenteque “a licitação na modalidade depregão não se aplica às contrataçõesde obras e serviços de engenharia”,deve-se adotar o entendimento deque este último dispositivo foi afe-tado pelo art. 6º do Decreto n.5.450/2005, demais disso, a reda-ção inicial do referido decreto pre-

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via expressamente a utilização dopregão para serviços de “manuten-ção de bens imóveis” (Anexo II re-vogado), o que deve ser entendidocomo serviços comuns de engenha-ria.

Registre-se, por oportuno, a existên-cia de alguns julgados que mencio-navam a possibilidade de utilizaçãodo pregão inclusive para acontratação de obras comuns deengenharia. Entretanto, a Súmula n.257/2010 do Tribunal de Contas daUnião veio uniformizar o entendimen-to, no seguinte sentido:

“O uso do pregão nas contrataçõesde serviços comuns de engenhariaencontra amparo na Lei nº 10.520/2002”. Súmula/TCU nº 257/2010(DOU de 05.05.2010, S.1, p93).”

Esse assunto mereceu atenção doilustre Lucas Rocha Furtado (FURTADO,p. 642), para quem a distinção entreobra e serviço reside no seguinte crité-rio:

“O critério usualmente adotado paradistinguir esses dois contratos (obrae serviços) é o da verificação datangibilidade, da materialidade de seuobjeto. Será obra o contrato que crienova materialidade, o mesmo nãosendo verificado nos serviços. As-sim, no caso de um edifício que ne-cessite de “reforma”, como serácriado novo aspecto material, serálicitada e contratada a execução deobra. Ao contrário, na conservação(serviço), não será criado nenhumaspecto material visualmente novo”.

Definido que se trata de serviçoscomuns de engenharia, e não sendoobrigatória a participação de profissio-nal habilitado, o documento que fun-damentará o processo licitatório será oTermo de Referência. Esse termopossui função similar à do Projeto Bá-

sico previsto no art. 6º, IX, da Lei nº8.666/1993, que especifica o objeto aser licitado. Possui complexidade e exi-gências inferiores às do Projeto Bási-co, até porque se presta a especificarbens e serviços comuns, todavia con-tém todos os requisitos necessáriospara subsidiar a licitação.

Sobre o Termo de Referência,dispõe o art. 8º, incisos I e II, do De-creto nº 3.555/2000:

Art. 8º A fase preparatória do Pre-gão observará as seguintes regras:

“I – a definição do objeto deverá serprecisa, suficientemente clara, ve-dadas especificações que, por ex-cessivas, irrelevantes ou desneces-sárias, limitem ou frustrem a com-petição ou a realização do forneci-mento, devendo estar refletida notermo de referência;II – o termo de referência é o do-cumento que deverá conter elemen-tos capazes de propiciar a avalia-ção do custo pela Administração,diante de orçamento detalhado, con-siderando os preços praticados nomercado, a definição os métodos, aestratégia de suprimento e o prazode execução do contrato;(...)”. (nosso grifo)

O Decreto nº 5.540/2005, que re-gulamenta o Pregão na forma eletrôni-ca, também exige o Termo de Refe-rência na fase interna. Encontramostal determinação no art. 9º, que cuidadessa etapa do Pregão, e apresenta oconceito de Termo de Referência e oseu conteúdo obrigatório, constante dosparágrafos 1º e 2º do mesmo artigo, inverbis:

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Art. 9º Na fase preparatória do pre-gão, na forma eletrônica, será ob-servado o seguinte:I – elaboração de termo de refe-rência pelo órgão requisitante, comindicação do objeto de forma preci-sa, suficiente e clara, vedadasespecificações que, por excessivas,irrelevantes ou desnecessárias, li-mitem ou frustrem a competição ousua realização;II – aprovação do termo de refe-rência pela autoridade competen-te;III – apresentação de justificativada necessidade de contratação;(...)”.§1º A autoridade competente moti-vará os atos especificados nosincisos II e III, indicando os elemen-tos técnicos fundamentais que oapoiam, bem como quanto aos ele-mentos contidos no orçamento es-timativo e no cronograma físico-fi-nanceiro de desembolso, se for ocaso, elaborados pela administra-ção.§2º O termo de referência é o do-cumento que deverá conter elemen-tos capazes de propiciar avaliaçãodo custo pela administração diantede orçamento detalhado, definiçãodos métodos, estratégia de supri-mento, valor estimado em planilhasde acordo com o preço de merca-do, cronograma físico-financeiro, sefor o caso, critério de aceitação doobjeto, deveres do contratado e docontratante, procedimentos de fis-calização e gerenciamento do con-trato, prazo de execução e sanções,de forma clara, concisa e objetiva.”(nosso grifo)

Da análise dos dispositivos legaiscitados, pode-se concluir que o Termode Referência é a especificação técni-ca do objeto que será licitado por meioda modalidade de licitação Pregão ele-trônico, em nosso caso, para o registrode preços para contratação de bens eserviços comuns.

A Lei de Licitações e Contratosdefine o Projeto Básico como um ele-mento típico da licitação de obras ouserviços de engenharia, que requer pro-fissional habilitado, enquanto a legis-lação pertinente ao Pregão exige, paraa referida modalidade, a construção deum Termo de Referência.

De acordo com a Lei de Licitaçõese a boa técnica de engenharia, para sero objeto conceituado como obra, faz-se necessário averiguar se há necessi-dade da elaboração prévia de ProjetoBásico. Caso contrário, ainda por eli-minação, esse objeto só poderá ser de-finido como um serviço geral, ou seja,comum, que demanda apenas a descri-ção do objeto a ser executado, comose faz no Termo de Referência exigidona modalidade pregão.

Como a modalidade de licitaçãodeverá ser a de pregão eletrônico e deacordo com avaliação da conveniênciae oportunidade da Administração, de-terminou-se a realização de sistema deregistro de preços com base legal noDecreto nº 7.892/2013, conforme trans-crito:

“(…)Art. 3º O Sistema de Registro de Pre-ços poderá ser adotado nas seguin-tes hipóteses:I - quando, pelas características dobem ou serviço, houver necessida-de de contratações frequentes;II - quando for conveniente a aqui-sição de bens com previsão de en-tregas parceladas ou contratação deserviços remunerados por unidadede medida ou em regime de tarefa;III - quando for conveniente a aqui-sição de bens ou a contratação deserviços para atendimento a maisde um órgão ou entidade, ou a pro-gramas de governo; ou

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IV - quando, pela natureza do obje-to, não for possível definir previa-mente o quantitativo a ser deman-dado pela Administração.

De acordo com o inciso I, os servi-ços de manutenção predial preventivae corretiva são uma necessidade cons-tante dos órgãos da Administração paraa continuidade normal de suas ativida-des e funções; no caso do inciso II, ascontratações são feitas de acordo coma disponibilidade de crédito e autori-zação da autoridade competente, queavaliará a oportunidade e conveniên-cia para a Administração, que não temdatas exatas; com relação ao inciso III,mais de um órgão aderiu como partici-pante na SRP; e, em relação ao incisoIV, as manutenções corretivas não po-dem ser previamente quantificadas,somente as preventivas.

Há Acórdãos com enunciados namesma linha de entendimento, consi-derando os serviços comuns de enge-nharia como de pouca complexibilidade.Esses serviços possuem padrões de de-sempenho, qualidade e quantidade quepodem ser objetivamente definidos poredital, por meio de especificações usu-ais no mercado e passível da utilizaçãodo pregão eletrônico, exporespecificações e quantidades definidospor Termo de Referência, sem a neces-sidade de assinatura e/ou Anotação deResponsabilidade técnica de profissio-nal habilitado.

Acórdão: 3395/2015 – Plenário. Datada Sessão: 09/12/2015. Relator:BENJAMIN ZYMLER. Colegiado: Plená-rio. Área: Licitação. Tema: Modali-dade pregão. Subtema: Bens e ser-viços comuns. Assunto: Caracteri-zação de serviços comuns em en-

genharia.Enunciado: São considerados ser-viços comuns, tornando viável autilização do pregão para suacontratação, os serviços degerenciamento de obras, desdeque possuam padrões de desem-penho e qualidade que possamser objetivamente definidos noedital de licitação, por meio deespecificações usuais no merca-do. (nosso grifo)

Acórdão: 2314/2010 - Plenário. Datada Sessão: 08/09/2010. Relator:RAIMUNDO CARREIRO. Colegiado:Plenário. Área: Licitação. Tema: Mo-dalidade pregão. Subtema: Bens eserviços comuns. Assunto: Carac-terização de serviços comuns emengenharia.Enunciado: Deve ser utilizada,como regra, a modalidade pre-gão, preferencialmente em suaforma eletrônica, para aquisiçãode bens e serviços comuns, inclu-sive os de engenharia, a exem-plo dos serviços de manutençãodo sistema de distribuição deenergia elétrica. Nessa situação,o pregão somente poderá ser pre-terido quando comprovada ejustificadamente for inviável suautilização. (nosso grifo)

Acórdão: 2079/2007 - Plenário. Datada Sessão: 03/10/2007. Relator:MARCOS VINICIOS VILAÇA.Colegiado: Plenário. Área: Licitação.Tema: Modalidade pregãoSubtema: Bens e serviços comuns.Assunto: Caracterização de servi-ços comuns em engenharia.Enunciado: É cabível a utilizaçãode pregão para contratação deserviço de engenharia que te-nham padrões de desempenho equalidade que possam ser obje-tivamente definidos pelo edital,por meio de especificações usu-ais no mercado. (nosso grifo)

Acórdão: 286/2007 - Primeira Câma-

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ra. Data da Sessão: 13/02/2007.Relator: AUGUSTO SHERMANCAVALCANTI. Colegiado: PrimeiraCâmara. Área: Licitação. Tema: Mo-dalidade pregão. Subtema: Bens eserviços comuns. Assunto: Carac-terização de serviços comuns emengenharia em engenharia.Enunciado: É possível oenquadramento de obras e ser-viços de engenharia como servi-ços comuns, para fins de utiliza-ção da modalidade pregão. (nos-so grifo)

Acórdão: 2472/2011 - Segunda Câ-mara. Data da Sessão: 19/04/2011. Relator: AUGUSTO NARDES.Colegiado: Segunda Câmara. Área:Licitação. Tema: Modalidade pregão.Subtema: Bens e serviços comuns.Assunto: Caracterização de servi-ços comuns em engenharia.Enunciado: Serviços de operaçãoe manutenção predial, preventi-va e corretiva não apresentamcomplexidade, possuindo pa-drões de desempenho e qualida-de que podem ser definidos deforma precisa e suficientementeclara, por meio de especificaçõesusuais no mercado, sendo enqua-drados como serviços comuns e,portanto, passíveis de licitaçãomediante pregão. (nosso grifo)

Acórdão: 2664/2007 - Plenário.Data da Sessão: 05/12/2007.Relator: MARCOS BEMQUERER.Colegiado: Plenário. Área: Licita-ção. Tema: Modalidade pregão.Subtema: Uso obrigatório. Assun-to: Pregão obrigatório para aquisi-ção de bens e serviços comuns.Enunciado: É obrigatória a reali-zação de pregão eletrônico paraa contratação de serviços co-muns de engenharia, ou seja,aqueles serviços cujos padrõesde desempenho e qualidade pos-sam ser objetivamente definidospelo edital, por meio deespecificações usuais no merca-do. (nosso grifo)

Conclusão

Este assunto muito é ainda discu-tido e com várias interpretações. O quese pode levantar é que há amparo jurí-dico, tanto na doutrina quanto nos vá-rios Tribunais, para a tomada de deci-são com o fim de determinar o objetocomo sendo ou não, obra, serviço deengenharia ou serviço comum de enge-nharia. Esse último deve ser apresen-tado por meio de termo de referência eprocessado na modalidade de licitaçãodo pregão, independente do valor, po-dendo ser tradicional ou eletrônico, nãosendo obrigatória a participação de en-genheiro.

Acórdão: 3395/2015 – Plenário. Data da Sessão: 09/12/2015. Relator:BENJAMIN ZYMLER. Colegiado: Plenário. Área: Licitação. Tema:Modalidade pregão. Subtema: Bens e serviços comuns. Assunto:Caracterização de serviços comuns em engenharia.

Acórdão: 2079/2007 - Plenário. Data da Sessão: 03/10/2007.Relator: MARCOS VINICIOS VILAÇA. Colegiado: Plenário. Área:Licitação. Tema: Modalidade pregãoSubtema: Bens e serviços comuns. Assunto: Caracterização deserviços comuns em engenharia.

Acórdão: 286/2007 - Primeira Câmara. Data da Sessão: 13/02/2007. Relator: AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI. Colegiado:Primeira Câmara. Área: Licitação. Tema: Modalidade pregão.Subtema: Bens e serviços comuns. Assunto: Caracterização deserviços comuns em engenharia em engenharia.

Acórdão: 2472/2011 - Segunda Câmara. Data da Sessão: 19/04/2011.Relator: AUGUSTO NARDES. Colegiado: Segunda Câmara. Área:Licitação. Tema: Modalidade pregão. Subtema: Bens e serviços comuns.Assunto: Caracterização de serviços comuns em engenharia.

Acórdão: 2314/2010 - Plenário. Data da Sessão: 08/09/2010. Relator:RAIMUNDO CARREIRO. Colegiado: Plenário. Área: Licitação. Tema:Modalidade pregão. Subtema: Bens e serviços comuns. Assunto:Caracterização de serviços comuns em engenharia.

Acórdão: 2664/2007 - Plenário. Data da Sessão: 05/12/2007. Relator:MARCOS BEMQUERER. Colegiado: Plenário. Área: Licitação. Tema:Modalidade pregão. Subtema: Uso obrigatório. Assunto: Pregãoobrigatório para aquisição de bens e serviços comuns.

BRASIL. Advocacia-Geral da União (AGU). Consultoria-Geral da União.Ementário Jurídico do Departamento de Coordenação e Orientação deÓrgãos Jurídicos. 2.ed. Brasília: CGU/AGU, 2014. 115 p. il. Parecer nº

Bibliografia

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57EsPCEx, onde tudo começa

075/2010-DECOR/CGU/AGU.

BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Normas para licitaçõese contratos da administração pública. Brasília, DF.

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BRASIL. Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005. Regulamenta opregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviçoscomuns. Brasília, DF.

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FURTADO, Lucas Rocha. Curso de licitações e contratosadministrativos. Belo Horizonte. ed. Fórum. 2007.

Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (IBRAOP).ORIENTAÇÃO TÉCNICA OT – IBR 002/2009 OBRA E SERVIÇODE ENGENHARIA.

(*) 2º Sargento Músico Davi Horr possui graduação em Direito pela Universidade do Vale doItajaí – UNIVALI (2002). Pós-Gradução Lato Sensu em Direito Administrativo Aplicado peloComplexo de Ensino Superior de Santa Catarina (CESUSC) e Pós-Graduação em HistóriaMilitar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). É aluno de Mestrado do Programade Arquitetura, Tecnologia e Cidades da UNICAMP. Atualmente é Músico da Banda da EsPCEx.

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Administração Pública eDesenvolvimento Sustentável

Davi Horr (*)2º Sargento Músico

Tiago Baratto de Castro(*)3º Sargento Músico

Ao Administrador público são im-postas regras que regulam suadiscricionariedade. Para satisfação dointeresse da sociedade. Num patamarsuperior, há princípios cuja observân-cia é dever do agente público, sob penade incursão em sanções administrati-vas e penais, conforme o caso concre-to.

Os princípios básicos da Adminis-tração Pública estão consubstanciadosno texto constitucional pátrio sob aforma de cinco regras de observânciapermanente e obrigatória para o admi-nistrador: Legalidade, Moralidade, Fi-nalidade, Publicidade e Eficiência.

Para Sundfeld (1994, p. 18),

“os princípios são ideias centrais deum sistema, ao qual dão sentido ló-gico, harmonioso, racional, permi-tindo a compreensão de seu modode organizar-se.”

Em Celso Antônio Bandeira deMello (1997, p. 32), encontramos osprincípios como sendo:

[...] mandamento nuclear de umsistema, verdadeiro alicerce dele,disposição fundamental que se irra-dia sobre diferentes normas com-pondo-lhes o espírito e servindo decritério para sua exata compreen-

são e inteligência, exatamente pordefinir a lógica e a racionalidade dosistema normativo, no que lhe con-fere a tônica e lhe dá sentido har-mônico.

A posição de toda a doutrina temsido no sentido de destacar a supre-macia das normas emanadas da Cons-tituição Federal constante na superio-ridade dos princípios, como fonte naaplicação do direito, pois essas normaspossuem a função de estabelecer, noâmbito legal, as condutas a seremadotadas pelo administrador, ou seja,o que lhe é obrigatório, discricionárioou defeso de realizar.

Para Di Pietro (2003, p. 230), aprópria licitação é um princípio que vin-cula toda a Administração Pública emdireção ao Princípio da Indisponibilidadedo Interesse Público, exigindo que sejasomente adjudicada a proposta que me-lhor atenda ao interesse público.

Seguindo nessa linha em relaçãoaos conceitos e considerações sobre osprincípios, analisaremos dois em espe-cial, contidos no art. 3º, caput, da Leinº 8.666/93, que foram introduzidos aposteori:

O legislador, ao explicitar o princí-pio da seleção da proposta mais van-tajosa para a Administração, quer dei-xar claro que não se trata apenas do

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59EsPCEx, onde tudo começa

menor valor pecuniário, mas, sim, dopreço mais justo e a qualidade do bemou do serviço a ser contratado. Ou seja,o que atender de melhor modo ao inte-resse público pelo menor custo possí-vel.

A doutrina contribui, há longadata, para auxiliar os operadores da“máquina pública” a resolver um pro-blema constante na interpretação doque seria a proposta mais vantajosa,que, muitas vezes, é condicionada àobrigação da contratação pelo menorvalor pecuniário, em detrimento dasoma do menor custo financeiro com aqualidade esperada.

Nesse importante tema, Marçal(2012, p. 61) leciona:

Doutrinariamente, vantagem temcomo substrato a adequação e sa-tisfação do interesse coletivo por viade execução contratual. A maiorvantagem possível é auferida pelaconjugação de dois aspectos inter-relacionados. Um dos ângulos rela-ciona-se com a prestação a ser exe-cutada por parte da Administração;o outro vincula-se à prestação acargo do particular. E a maior van-tagem apresenta-se quando a Ad-ministração assumir o dever de re-alizar a prestação menos onerosa eo particular se obrigar a realizar amelhor e mais completa prestação.Fica configurada portanto, uma re-lação custo-benefício. A maior van-tagem corresponde à situação demenor custo e maior benefício paraa Administração, com vistas à sa-tisfação dos interesses mais dese-jados dos seus administrados.

No momento atual, os recursos pú-blicos são insuficientes para a satisfa-ção das necessidades de manutençãoe investimentos no setor público, masisso não pode levar a inflexõesengessadas em direção ao “mais bara-

to”, que, aparentemente, traz benefí-cios, por se obter algo em vez de nada.Isso se trata de um perigoso paliativovicioso, que, na realidade, pode trazerprejuízos.

Nesse mesmo norte, Juarez deFreitas (2012, p. 141) diz que a “pro-posta mais vantajosa será sempreaquela que, entre outros aspectos aserem contemplados, apresentar-se amais apta a causar, direta ou indireta-mente, o menor impacto negativo e,simultaneamente, os maiores benefí-cios econômicos, sociais e ambientais”.Vemos que a preocupação central nãoestá mais no custo financeiro, mas, sim,no conjunto de benefícios para a cole-tividade de ordem geral.

O segundo princípio a ser desta-cado nesse trabalho é o princípio dapromoção do desenvolvimento nacio-nal sustentável. Esse princípio apresen-ta, de maneira mais objetiva, as influ-ências e consequências das comprasestatais. Tal princípio estava contidona Medida Provisória nº 495/2010, quefoi posteriormente convertida em LeiFederal nº 12.349/2010, dando nova re-dação ao art. 3º da LLC, e sido regula-mentada pelo Decreto nº 7.546/2011.

Com a nova redação do art. 3º daLLC, os agentes da Administração Pú-blica tiveram que se adaptar a novosconceitos e determinações em seus pro-cessos licitatórios e contratuais, pois:

“Trata-se de uma mudança substan-cial de paradigma, uma vez que, coma nova redação do artigo 3º da Lein. 8666/1993, a seleção da melhorproposta não se restringe mais aoaspecto econômico-financeiro ime-diato, devendo-se buscar aquela quemelhor promova o desenvolvimentonacional sustentável, beneficiando

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não só as diversas cadeias produti-vas de bens e serviços do mercadointerno, com substancial impacto naeconomia do país, mas também asociedade, uma vez que, para a aqui-sição de bens e contratação de ser-viços e obras, serão consideradosos critérios e práticas de sustentabili-dade.” (OLIVEIRA, Lígia Fernandes de.Licitações públicas e o princípio dapromoção do desenvolvimentonacionalsustentável. Disponívelem:<http://domtotal. com/ noticia/1203254/2017/11/licitacoes-publi-cas-e-o-principio-da-promocao-do-desenvo l v imen to -nac i ona l -sustentavel/>. Acesso em 7 SET2018.

A partir desses novos paradigmasde transparência e devida aplicação dosrecursos públicos, foi criado oComprasnet. Esse portal de comprasdo governo federal, instituído e admi-nistrado pelo Ministério do Planeja-mento, Orçamento e Gestão, visadisponibilizar, em tempo real, à socie-dade informações referentes às licita-ções e contratações promovidas peloGoverno Federal, bem como permitir apesquisa sobre esses temas. Desta-cam-se a seguir extratos de interessesobre a posição do Governo em rela-ção ao princípio em questão:

“Algumas razões para incluir critéri-os ambientais nas contratações pú-blicas:Em primeiro lugar, desenvolver umapolítica de contratações públicasque leve em consideração critériosde sustentabilidade, sendo que estapossui grande relevância por se tra-tar de um instrumento indutor quepode influenciar o mercado e os pa-drões de consumo. O setor públicoestá entre os grandes consumido-res do mercado, gastando cerca de

10 a 15% do PIB.(…)A segunda razão é que adquirir pro-dutos de menor impacto ambientalrepresenta obter a contratação maisvantajosa, ainda que eventualmen-te não seja o menor preço disponí-vel no mercado quando comparadocom o de produtos convencionais.(...)A terceira razão é que a exigênciade critérios ambientais, sociais e eco-nômicos nas contratações públicas,confere coerência à atuação docomprador público relativamente aodever do Estado de proteger o meioambiente e fomentar o desenvolvi-mento econômico e social, integran-do a atuação das áreas meio comas políticas implementadas pelas áre-as fim.”. Site Comprasgovernamentais.Disponível em: <http://cpsustentave is .p lanejamento.gov.br/contratacoes-publicassustentaveis>.Acesso em 7 SET 2018.

Entre os operadores de licitações,as aquisições de bens e serviços sus-tentáveis, de um modo geral, apare-cem no mercado com um valor maior,tendo em vista tudo o que se acrescepor derivação (ou agregação), ou seja,para que o ciclo de sustentabilidade secomplete, não basta a contratação deum só bem ou serviço sustentável, maso seu conjunto. Então, para que as em-presas possam tornar esses bens maiseconomicamente viáveis, devem obri-gatoriamente ter acesso a incentivos,dentre eles subsídios e o interesse deaquisição por parte do Governo.

“Desse modo, o Estado também fo-menta o desenvolvimento de políti-cas de contratações públicas compráticas mais sustentáveis degerenciamento e gestão. É a licita-ção cumprindo a sua função social

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de recuperação e proteção do meioambiente.” JACOBY FERNANDES, Jor-ge Ulisses; e REIS, Ludimila. Critéri-os para o desenvolvimento nacionalsustentável nas licitações. Disponí-vel em:<https://canalabertobrasil.com.br/criterios-para-o-desenvolvi-mento-nacional-sustentavel-nas-licitacoes/>. Acesso em 8 SET 2018.

Uma das negativas para as aqui-sições de bens e serviços sustentáveispor parte dos agentes públicos estavana questão de adquirir somente o queseria mais “barato”, com a interpreta-ção equivocado do menor valor. Assim,não havia certeza nem garantias deque, se adquirissem bens e serviços depreço maior, não incorreriam contra de-terminação legal. Com o Princípio dapromoção do desenvolvimento nacio-nal sustentável, Jacoby Fernandes nosalerta para que

Conclusão

Os princípios destacados nessetrabalho se complementam. De umamaneira geral, parece que a preocupa-ção do legislador, posteriormente focodo administrador público, é acontratação eficiente socioambiental,que deverá alcançar um preço justo.Essa nova gestão pública (para alguns,holística) busca promover melhores re-sultados consideráveis possíveis com

“(...) os gestores públicos tiverammais segurança com a edição da re-gulamentação dos critérios desustentabilidade em licitações. A atu-ação da CISAP também ganhou des-taque e auxiliou os servidores públi-cos a terem suas rotinas baseadasna sustentabilidade.”

os meios disponibilizados. Levando-seem conta, ainda, que o maior consumi-dor e formador de cultura de consumoé a Administração pública, e qualquermudança de postura ou gestãoimpactará de maneira positiva ou ne-gativa o interesse público, faz-se ne-cessário o respeito a todos os princípi-os positivos do nosso ordenamento, nãodesconsiderando os que estão sendoconstruídos mundo afora.

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EsPCEx, onde tudo começa62

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 8. ed. SãoPaulo: Atlas, 2003.FREITAS, Juarez. Licitações Sustentáveis e o fim inadiável da miopiatemporal na avaliação das propostas. Revista da Procuradoria Geraldo Estado do Espírito Santo - Vitória, v.12, n.12, p. 51 – 70, 1º/2ºsem. 2012.JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses; e REIS, Ludimila. Critériospara o desenvolvimento nacional sustentável nas licitações.Disponível em:<https://canalabertobrasil.com.br/criterios-para-o-desenvolvimento-nacional-sustentavel-nas-licitacoes/>. Acesso em8 SET 2018.JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e ContratosAdministrativos. 15ª.Ed. São Paulo: Dialética, 2012.SUNDFELD, Ari Carlos. Licitação e contrato administrativo. SãoPaulo: Malheiros, 1994.MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo.São Paulo: Malheiros. 1997.OLIVEIRA, Ligia Fernandes de. Licitações públicas e o princípio dapromoção do desenvolvimento nacional sustentável. Disponívelem:<http://domtotal.com/noticia/1203254/2017/11/licitacoes-publicas-e-o-principio-da-promocao-do-desenvolvimento-nacional-sustentavel/>. Acesso em 7 SET 2018.Comprasgovernamentais. Disponível em: <http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/contratacoes-publicassustentaveis>. Acesso em7 SET 2018.

Bibliografia

(**)3º Sargento MúsicoTIAGO BARATTO DE CASTRO é aluno de licenciatura em Músicapelo Centro Universitário Claretiano. Atualmente é responsável por licitações para a Bandade Música da EsPCEx.

(*) 2º Sargento Músico Davi Horr possui graduação em Direito pela Universidade do Vale doItajaí – UNIVALI (2002). Pós-Gradução Lato Sensu em Direito Administrativo Aplicado peloComplexo de Ensino Superior de Santa Catarina (CESUSC) e Pós-Graduação em HistóriaMilitar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). É aluno de Mestrado do Programade Arquitetura, Tecnologia e Cidades da UNICAMP. Atualmente é Músico da Banda da EsPCEx.

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Artigos de Iniciação à Pesquisa Científica dosDiscentes da EsPCEx

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A Missão Militar Francesa

Resumo

A Missão Militar Francesa deveriaorganizar escolas para treinar oficiaisprofissionais e melhorar a capacidadede o Estado-Maior dirigir o Exército,reformulando manuais e regulamentosde treinamento, tática e pessoal (as-segurando um sistema de promoçõesque destacasse o mérito). Atuando nasescolas, esperava-se melhorar a absor-ção dos conhecimentos e o estabeleci-mento de uma unidade doutrinária. Osalunos que se destacassem deveriamapoiar (e no futuro substituir) seusmestres. A MMF participou também dainstalação das Escolas de Intendência,de Administração, de Veterinária, deAviação do Exército e de Cavalaria,assim como do Centro de Instrução deTransmissões e do Centro Militar deEducação Física.

Palavras-Chave: escolas, treinar.

Introdução

A Missão Militar Francesa foi umprojeto instaurado pelo Congresso Na-cional, visto que uma missão de talporte necessitava de uma autorização.A doutrina francesa à época, consoli-dada na recém-terminada I Guerra Mun-dial, era fortemente defensiva, estáti-ca e baseada em fortificações (resulta-do das imensas baixas nos combatesde movimento, pelas metralhadoras eartilharia pesada). Dado o tamanho eas características de nosso território,nossos efetivos e o inimigo potencial(Argentina), a MMF recomendava que

uma guerra aqui, ao menos inicial-mente, não se caracterizaria por umaatitude estática, mas pela ação emretirada, buscando posições mais se-guras no interior do Rio Grande doSul. O Gen Castello Branco, décadasdepois, comentaria que essa concep-ção criou uma mentalidade em quese viu o apogeu da defensiva, a seuver nociva ao Exército. Juntamentecom a expansão física do Exército, ocorpo de oficiais aperfeiçoou sua ca-pacidade de planejar, coordenar eexecutar suas funções, graças aoassessoramento dos militares france-ses.

Desenvolvimento

Uns argumentavam contra a vindade estrangeiros, temendo pela segu-rança nacional, porém havia os que lu-tavam por uma missão ampla, argu-mentando que os problemas encontra-dos no Exército eram grandes, comraízes na sua cúpula administrativa.Uma reunião é organizada pelo gover-no e mostra uma percepção de que asmudanças feitas no Exército até entãonão tinham sido eficientes, a Força aindacarecia de meios. Assim, a missão éautorizada.

Em seu contrato inicial, negociadoem Paris (1919), o general francêsGamelin foi escolhido como assistentetécnico de instrução e de organizaçãodo Chefe do Estado-Maior do Exército.

Leonardo Lemos Dill (*)Aluno da EsPCEx

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Determinava que a missão somente de-veria prestar contas ao Ministro da Guer-ra. O contrato era extremamente favo-rável aos franceses. Além da remune-ração generosa, proibia a contrataçãode outra missão estrangeira para finsmilitares e garantia, a eles, preferên-cia na venda de equipamentos milita-res.

Já sendo aplicada, a missão con-tribuiu para a reformulação dos manu-ais e regulamentos de treinamento,tática, e também atuou no pessoal, as-segurando um sistema de promoçõesque destacasse o mérito. Atuando nasescolas, o seu maior foco, esperavaotimizar a absorção dos conhecimen-tos e o estabelecimento de uma uni-dade doutrinária. Os alunos que sedestacassem, certamente viriam supe-rar e substituir, no futuro, seus mes-tres. Na Escola de Estado-Maior, foi ins-tituído um curso de revisão com umano de duração para oficiais que já ti-vessem passado pela escola, paraleloao curso regular (de três anos) paramajores e tenentes-coronéis, agorarequisito para servir no Estado-Maiordo Exército.

Passado um bom tempo desde aimplementação da MMF, observava-seque o Exército não só estava maior,mais eficiente e organizado, o seu per-fil geográfico, antes mais concentra-das pelas fronteiras Sul e Oeste e umpouco na capital federal, verificava umanova tendência de se aumentar a con-centração de forças militares onde selocalizava o poder político. Fruto dissofoi o incremento, nesse período, dosaquartelamentos da guarnição da VilaMilitar no Rio de Janeiro. Também, dasinovações surgidas na I Guerra Mundi-al e que foram alvo de atenção da MMF,

destaca-se um aperfeiçoamento notá-vel no material de artilharia, porém umponto problemático na doutrina fran-cesa era sua artilharia, excessivamen-te pesada e dependente de uma efici-ente rede de transportes, inexistenteno Brasil de então. As armas e os equi-pamentos adquiridos eram franceses,pois havia uma cláusula de preferên-cia, eles eram, na opinião dos oficiaisbrasileiros, de modo geral, menos efi-cientes que seus concorrentes norte-americanos, alemães ou ingleses e ain-da eram, em parte, excedentes de guer-ra, com a vida útil já comprometida,mas, mesmo com problemas, a moder-nização era inegável.

Conclusão

Embora nenhum de seus planos deação tenha sido efetivamente utiliza-do, a Missão Militar Francesa (MMF)representou um grande passo nareestruturação e modernização do Exér-cito Brasileiro, de forma a abrir novoshorizontes para aqueles que estavama frente de nossa força terrestre. Seusprojetos foram de grande importânciapara que houvesse uma readequaçãodo Plano de Defesa Nacional fossereformulado de acordo com as dimen-sões de nosso país, que na época con-tava com pouquíssimas unidades emsua faixa de fronteira, tendo em vistasua vasta extensão.

Como a MMF esteve à frente dasEscolas Superiores de nosso exército,a EEsM (Escola do Estado Maior) e aEsAO (Escola de Aperfeiçoamento deOficiais), as táticas francesas foramextremamente importantes no aprimo-ramento dos oficiais do Exército Brasi-leiro, na primeira metade no século XX,

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táticas estas que foram responsáveispela vitória francesa na 1ª Guerra Mun-dial, na época chamada de Grande Guer-ra. Porém, com o passar dos anos, tor-nou-se enfraquecida, e seu rendimen-to foi caindo a cada ano que passava,tornando-se de certa forma obsoleta.Com estopim da 2ª Guerra Mundial, fi-cou claro que as técnicas e táticas queum dia foram tão eficazes, através dadefesa (Linha Maginot), mostraram-seineficazes conta a blitzkrieg alemã, tor-nando a missão francesa obsoleta.

A MMF teve seu fim decretado em1940, quando a França já sob ocupa-ção alemã assinou o armistício e seusmilitares foram desmobilizados. Por fim,o Exército Brasileiro, que havia inves-tido tanto nas técnicas francesas, viu-se obrigado a recorrer às pressas a no-vas técnicas de combate, tendo em vis-ta que a tática francesa já não era efi-caz. Então a Força Terrestre brasileiraingressou no conflito já sob a doutrinanorte-americana de combate, que semostrava eficaz contra os alemães. Aofinal da guerra, o Exército Brasileirobuscou montar táticas que fossem com-patíveis com o território nacional e comseu efetivo.

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Bibliografia

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(*) O Aluno Leonardo Lemos Dill cursou o ensino fundamental e médio no Colégio JoãoXXIII em Porto Alegre, cidade onde nasceu. Atualmente, é aluno da 1a Companhia daEsPCEx, no primeiro dos cinco anos do Curso de Formação e Graduação de Oficiais decarreira da Linha de Ensino Militar Bélico, cujo ciclo se completa nos quatro anos docurso na AMAN. É integrante da Turma Bicentenário da Independência do Brasil.

Uniformes do Exército Brasileiro noInício da Missão Francesa

(Ilustrações de Jo´se Wash Rodrigues do livro Uniformes do Exército Brasileiro. Rio deJaneiro e Paris, 1922, de autoria de Gustavo Barroso – o João do Norte –,)

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A Aplicação do Sistema dePosicionamento Global (GPS) na

Orientação

Resumo

Introdução

O ato de se orientar é um dos maisimportantes para o ser humano desdeseus primórdios, e sua importância sócresceu, à medida que a civilização foievoluindo e todas as parcelas do mun-do foram colonizadas, pois é precisosaber situar-se em um dado território,conhecido ou não. A prática da orienta-ção é de extrema relevância não só emâmbitos gerais, como também é gran-de parte da atividade militar tanto de

instrução como em missões e opera-ções reais, pois, de acordo com o Ma-nual EB20-MF-10.101 (2014, p.2-1), “OExército Brasileiro é uma instituiçãonacional permanente e regular, organi-zada com base na hierarquia e na dis-ciplina, sob a autoridade suprema doPresidente da República, e destina-seà defesa da Pátria, à garantia dos po-deres constitucionais e, por iniciativade qualquer destes, da lei e da ordem”.Para isso, é preciso ter um domíniosobre o terreno e sobre as técnicas denavegação sobre ele. Desta forma, aorientação é realizada com frequênciadurante a formação do militar, e sãosempre investidos recursos de modoque sua execução seja cada vez maisefetiva e os resultados finais sejam osmelhores. O GPS (Global PositioningSystem) é um recurso que pode seraplicado nas atividades militares, poisele é capaz de localizar o usuário emqualquer lugar do mundo, definir rotase mostrar particularidades do terrenoem tempo real. Este artigo tem a fina-lidade de mostrar as diversas aplica-ções do GPS na orientação.

Desenvolvimento

O GPS pode ser usado para facili-tar as atividades de patrulha, por

O GPS é um dispositivo que per-mite o deslocamento por qualquer es-trada, campo ou região no planeta, poisfunciona à base da triangulação comno mínimo 3 satélites posicionados naórbita terrestre. Desta forma, ele podeser utilizado em diversas atividades deuso civil ou militar. No meio militar, estesistema pode ser aplicado em patru-lhas, pois proporciona um maior nívelde detalhes do terreno e auxilia namontagem do quadro auxiliar de nave-gação. Também pode ser utilizado naorientação militar, principalmente eminstruções no ensino militar bélico, epara atualização de cartas de navega-ção antigas.

Palavras-Chave: navegação, pa-trulha, orientação.

Gustavo Ferreira Amorim (*)Aluno da EsPCEx

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exemplo, pois dá uma melhor noçãodo espaço e do terreno em tempo real,já que seu sistema de triangulação econexão com satélites em órbita coma Terra forma uma imagem completado terreno com precisão variando en-tre 10 e 15 metros e todos os dadostopográficos da região atualizados, oque possibilita a escolha de melhoresrotas para incursão da equipe precur-sora ou de patrulha, reduzindo o tem-po de execução e os riscos de falha daatividade. A locação de pontos no es-paço geográfico fica mais fácil, porqueo GPS loca pontos com precisão, dan-do as coordenadas geográficas corre-tas, evitando erros comuns que podemocorrer ao se locar um ponto numa car-ta topográfica.

Como o sistema possui conexãodireta com os satélites que orbitam aTerra, as informações do terreno, comoaltitude e acidentes do relevo da rotaque o militar escolheu seguir, já estãodisponíveis no próprio GPS, tornando oestudo sobre a região e sua formaçãofísica mais pormenorizado, poupandotempo da equipe e facilitando a con-fecção do quadro auxiliar de navega-ção, que vai ajudar a equipe a execu-tar o percurso de forma correta e segu-ra, sem que haja desvios de trajeto ouaté perda do caminho. Este quadro tam-bém terá informações mais confiáveisque um confeccionado com base numaanálise convencional do terreno, devi-do à precisão do sistema deposicionamento já citada anteriormen-te. Também pode ser usado para auxi-liar as equipes de prevenção de aci-dentes em instrução, para o resguardoou em caso de alguma ocorrência, prin-cipalmente em lugares de campo aber-to, como, por exemplo, nas áreas de

instrução do 28º Batalhão de Infanta-ria Leve, em Campinas, e na FazendaBoa Esperança, em Resende, de modoa sinalizar áreas de risco e desviar ro-tas perigosas ou desconhecidas em des-locamentos em situações de resgate.

Este sistema também pode teraplicação em instruções de orientaçãona fase de formação do militar da Li-nha Bélica, como observado durante aOperação Tenente Iporan realizadapela Escola Preparatória de Cadetes doExército no ano de 2018, na cidade deCampinas, na qual um dos alunos decada equipe de navegação carregavaum dispositivo GPS que estava inte-grado a um sistema em um computa-dor localizado no início da instrução.Este computador monitorava os percur-sos que cada equipe fazia na pista, e,a partir desse caminho, o instrutor po-dia avaliar o desempenho e o aprendi-zado das técnicas da utilização do ter-reno como meio de progressão dadosem instrução individualmente. Outraaplicação seria a atualização de dadostopográficos de uma carta, pois emvárias situações não se tem um mate-rial recente disponível e acaba se usan-do um material desatualizado, como ob-servado no Posto de Observação (PO)dos alunos da EsPCEx realizado na Aca-demia Militar das Agulhas Negras, noqual se percebeu que os arredores doMorro Cadete Edson sofreram diversasalterações com o passar dos anos, no-vos trajetos que surgiram na estradaque circunda o Morro, ou odesmatamento de áreas de vegetaçãomais à frente do morro.

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Por fim, o GPS é um sistema delocalização que utiliza os satélites queorbitam a Terra para dar uma localiza-ção precisa na superfície do planeta, oqual pode ter diversas aplicações parao ser humano, e uma delas é a orienta-ção em campanha. Para o militar, é im-portante que tenha dados precisos so-bre sua posição e sobre todo o espaçoao seu redor, pois o sucesso de suamissão depende disso. Portanto, o GPSé uma ferramenta com vários aspectospositivos, que incrementam a ativida-de da orientação, como os citados nodecorrer deste artigo.

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Bibliografia

Manual EB20-MF-10.101

Manual EB20-MC-10.209

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http://www.espcex.eb.mil.br/index.php/eventos/373-futuros-cadetes-visitaram-a-aman-e-o-cavex-3

(*) O Aluno Gustavo Ferreira Amorim cursou o ensino médio no Colégio Militar de Curitiba– PR. Atualmente é integrante da 1ª Companhia de Alunos da EsPCEx, no primeiro anodos cinco anos do Curso de Formação e Graduação de Oficiais de carreira da Linha deEnsino Militar Bélico (Armas, Quadro de Material Bélico e serviço de Intendência), cujociclo se completa nos quatro anos da AMAN. É integrante da Turma do Bicentenário daIndependência do Brasil.

Conclusão

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A Importância do ExamePsicológico no Concurso de

Admissão da EsPCEx

Introdução

Calebe Bartex Frota (*)Aluno da EsPCEx

O exame psicológico remonta aofinal do século XIX, sendo utilizado paraas mais diversas finalidades. Desdeentão, além das diversas transforma-ções na maneira de se realizar essetipo de exame, houve, também, umredirecionamento de objetivo: os exa-mes psicológicos passam, agora, a tercaráter admissional, fazendo-se pre-sentes nos mais variados concursos.

O Exército Brasileiro, reconhecen-do a importância do exame para sele-cionar os seus combatentes, os quaisrealizam diversas atividades que exi-gem a boa saúde mental, inicia, em2012, com o sancionamento da lei12.705, a implementação da avaliaçãopsicológica como requisito para ingres-so nos seus cursos de formação.

Reflexo dessa lei, em 2019, o Con-curso de Admissão da EsPCEx passaráa possuir uma etapa a mais: a Avalia-ção Psicológica. Essa avaliação terácomo objetivo verificar as aptidõesgerais e específicas do candidato e,também, as características motivacio-nais e de personalidade.

O desenvolvimento dos aspectospsicológicos é, portanto, fator crucialpara a boa realização das atividadesdo militar combatente. Não fica claro,porém, nesse primeiro momento, osprocessos que acarretaram aimplementação do exame psicológiconos concursos, como são avaliados e,tampouco, as consequências tais exa-mes.

As diversas transformações soci-ais ocorridas no mundo ao longo dasdécadas refletem-se nas diretrizes doExército Brasileiro. É nesse contexto demudanças que a espinha dorsal do Exér-cito, a linha de formação de oficiaiscombatentes, movimentou-se em dire-ção ao aperfeiçoamento de seu concur-so de admissão, implementando o exa-me psicológico como etapa da seleção.Esse processo se deve ao reconheci-mento pela força armada, da importân-cia do melhor preparo psicológico parabem exercer a profissão de oficial com-batente de carreira do Exército Brasi-leiro.

Palavras-Chave: exame psicoló-gico, combatente, oficial

O Histórico dos Exames Psicológicos

No final do século XIX, juntamen-te com a própria Psicologia, surgem ostestes psicológicos. Ao longo dos anos,esses testes foram definidos a partir

Resumo

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de diferentes técnicas e metodologiasde avaliação.

De acordo com Luiz Pasquali —personagem de grande importância àpesquisa científica brasileira nas áre-as de Psicometria, Avaliação Psicoló-gica, Psicologia Social e Organizacional— a história da Psicologia se divide emsucessivas décadas que são associa-das a autores e suas ideias.

Na primeira delas, na década de1880, Francis Galton considera a avali-ação correta aquela que tem comoparâmetros as medidas sensoriais.Para Galton, as informações que che-gam até nós dependem exclusivamen-te de nossos sentidos, pois são elesque as recebem, logo a mente humanadeveria ser estudada a partir das ca-pacidades dos aparelhos sensoriais. Nadécada de 1890, o psicólogo estado-unidense James Cattell adota as mes-mas ideias de Galton, porémimplementa-as com teses sobre o tem-po de reação ao estímulo.

Já na década de 1900, Alfred Binet,pedagogo e psicólogo, critica os méto-dos de avaliação existentes da época.A crítica vem devido às técnicas nãolevarem em conta outros aspectoscognitivos como memória, imaginaçãoe compreensão. Binet desenvolve, en-tão, testes de ordem crescente de di-ficuldade para avaliar o nível de inteli-gência e retardo.

Após esses, muitos outros auto-res destacam-se, marcando a forma deentender a Psicologia das respectivasdécadas. Os norte-americanos Kelleye Louis Thurstone e o inglês Cyril Burt,com as técnicas estatísticas de análi-se fatorial, permitiram identificar e clas-sificar diferentes traços de habilidades;Guilford, com sua Teoria da Estrutura

do Intelecto, na qual rejeita a visão deCharles Spearman de que a inteligên-cia poderia ser caracterizada em umúnico parâmetro numérico, propondotrês dimensões para uma análise pre-cisa.

Atualmente, a Teoria de Respostaao Item (TRI) é o que há de mais novono campo da Psicometria (área comumà Psicologia e à Educação). APsicometria clássica baseava-se naTeoria Clássica dos Testes (TCT). Essateoria possui o princípio básico de quequanto mais acertos, maior o conheci-mento. Já a TRI pressupõe que a pro-babilidade de acertos depende do nívelde domínio do aluno sobre o assunto,logo, as questões marcadas correta-mente serão de nível intelectual igualou menor que o dele.

A implementação

O processo de implementação, noentanto, exigiu um estudo prévio desua aplicabilidade no processo seleti-vo da EsPCEx. Houve, a partir daí, apreparação e realização das diversasmedidas necessárias ao bom funciona-mento da nova etapa do Concurso.

Foi em 2012, com a lei 12.705,sancionada pelo Presidente da Repú-blica, que o ingresso nos cursos de for-mação de oficiais e sargentos do Exér-cito passou a depender da aprovaçãoem exame psicológico, além das de-mais etapas,

Os órgãos militares responsáveispor iniciarem tal processo foram, emconjunto: a Diretoria de Educação Téc-nica Militar (DETMil), o Departamentode Educação e Cultura do Exército(DECEx) e o Centro de Estudos de Pes-soal (CEP). Com a criação do Centro de

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Psicologia Aplicada do Exército (CPAEx),porém, a continuidade do projeto pas-sou ser responsabilidade desse órgãorecém-criado.

A avaliação Psicológica, como pre-visto no edital do Concurso, será reali-zada após o candidato ter sido consi-derado apto no Exame Intelectual, noExame de Saúde e no Exame Físico. OExame Psicológico, por meio de entre-vistas, testes e outros, avaliará doisaspectos: o intelectivo e opersonalógico. O primeiro é destinadoa verificar as habilidades e aptidõesmentais dos candidatos de acordo como que se exigirá ao longo da carreiramilitar. Já o segundo aspecto verificaráas características de personalidade emotivacionais. Esses requisitos sãoavaliados pelo CPAEx através de umaComissão de Avaliação Psicológica(CAP). O método científico para essaavaliação foi escolhido levando-se emconta o reconhecimento em meio aca-dêmico científico e a eficiência em ou-tras Forças Armadas e instituições desegurança pública.

O ano de 2019 marcará, portanto,no Concurso de Admissão da EsPCEx, aimplantação de uma etapa não menosimportante que as demais, porém mui-to mais dificultosa na avaliação. Porisso, 7 anos desde o início do projetoaté a implantação no processo seleti-vo não serão suficientes para chegar auma conclusão acerca da melhor formade avaliar o candidato para a profissãode combatente de carreira. No entan-to, pode-se afirmar que os resultadosesperados serão alcançados, sendoeles: o cumprimento da lei 12.705 erecursos humanos mais bem selecio-nados.

A Experiência na Caserna

Por mais estudos que se realizem,o melhor termômetro que há sobre esseassunto é a experiência de vida daque-les que já incorporam-se a um corpo detropa do Exército. Desde já, pode-seconcluir sobre o quão importante é opreparo psicológico que o militar devepossuir para bem realizar suas ativida-des.

Os cursos de formação do ExércitoBrasileiro exigem dos alunos atributoscomo equilíbrio emocional, concentra-ção, desempenho sob pressão,autoconfiança, dentre outros, os quaisserão necessários em missões reais.Esses traços na personalidade que omilitar deve desenvolver, são trabalha-dos em atividades no terreno e no diaa dia, nas mais diversas atividades. NaEsPCEx, desde o período de adapta-ção, o aluno é submetido a situaçõesque exigem paciência, autoconfiança eperseverança. Ao longo do ano letivo,e de toda a formação, ocorre umgradativo aumento na dificuldade equantidade desse tipo de situação.Todo esse trabalho visa única e exclu-sivamente à preparação do militar paraenfrentar as mais diversas situaçõesque se apresentarão para ele quandoformado.

Não somente os militares em for-mação lidarão com o estresse, entre-tanto são os mais bem treinados paraele. A missão recente que mais exigiuo preparo das tropas brasileiras foi aMissão das Nações Unidas para esta-bilização do Haiti (MINUSTAH). “Comomanter o sono tranqüilo? Para nós, bra-sileiros, com toda a pobreza que te-mos, é inadmissível um cadáver ficaruma semana exposto à multidão quepassa indiferente. Lá, eu vi isso. Para

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estar lá, um ser humano precisa de todoo preparo psicológico. Ninguém se pre-ocupa com o outro”, relatou, o sargen-to Arquimedes Dal Castel, do 19º Ba-talhão de Infantaria Motorizado doExército, ao voltar do Haiti. Além dosargento Arquimedes, há muitos outrosque viram o caos de perto e sentiramas diferenças entre a realidade no quar-tel e nos momentos de crise. “[...]AMinustah, para ilustrar bem, é um mon-te de militar vivendo um terrívelestresse e se segurando na base doabraço um no outro.[...]. O negócio éque se a pessoa vai para lá sem estarbem ajustado, se irrita fácil.[...]Quandoentrava em crise, eu ficava num cantoe chamava para conversar um colegaque, por sinal, estava surtando e seperguntando ‘o que estava fazendo ali.” (conta oficial do 2° contingente).

Por situações que foram enfrenta-das no Haiti, portanto, é preciso o maiorpreparo possível do militar em toda asua extensão, do físico ao psicológico.Muito embora perceba-se que a experi-ência vivida nas situações de crise pa-reça ser única, deve-se buscar o menorchoque entre a realidade vivida na for-mação e a realidade vivida nos comba-tes. Por isso: Lembrai-vos da guerra.

Conclusão

O mundo transforma-se constan-temente em seus mais diversos aspec-tos, sendo um deles o conhecimentodos diversos saberes. A história des-sas transformações torna-se importan-te na medida em que se faz necessáriaa readequação de determinados pro-cedimentos. A lei 12.705 é um exem-plo de tais adequações. A sua impor-tância, porém, se evidencia melhor nos

relatos de experiência na tropa do queem qualquer estudo e previsão.

O exame psicológico acompanhouas mudanças ocorridas na Psicologia,baseando-se nas ideias de FrancisGalton e as medidas sensoriais, emCattel e sua teoria sobre o tempo dereação, Binet, com a sua crítica ao mo-delo de avaliação vigente e em diver-sos outros autores que marcaram a his-tória da Psicologia.

O Exército, então, reconfigura-sede maneira a acompanhar, também, astransformações dos exames psicológi-cos. A lei 12.705 marca esse fato, de-finindo a obrigatoriedade da avaliaçãopsicológica para o ingresso em algunsdos cursos de formação do EB.

Guiando o objetivo da seleção maiscerrada imposta por essa lei, as expe-riências vividas nos conflitos armados,como no Haiti, devem estar sempre namemória dos militares brasileiros eservir de referência a todos quartéis quepreparam soldados, sargentos e ofici-ais para o combate.

Os esforços empregados para a re-alização da inclusão do Exame Psicoló-gico no Concurso de Admissão daEsPCEx e a experiência de vida apre-sentados neste artigo evidenciam oconstante esforço do Exército Brasilei-ro para o aperfeiçoamento do seu efe-tivo. Pode-se, portanto, além de con-cluir que essa instituição pública fazjus à confiança que recebe do povo bra-sileiro, identificar que no ano de 2023a Academia Militar das Agulhas Negrasentregará às nossas tropas aspirantes-a-oficial mais bem preparados para re-alizar as diversas atividades inerentesao oficial do Exército Brasileiro.

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Bibliografia

MORAES SILVA, V.C. Maria. A compreensão da medida e a medidada compreensão: origens e transformações dos testes psicológicos.São Paulo, 2010.BANDEIRA ANDRIOLA, Wagner. Psicometria Moderna:características e tendências. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 20, n. 43,maio/ago. 2009JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur Arruda Leal;PORTUGAL, Francisco Teixeira. História da psicologia: rumos epercursos. Rio de Janeiro, 2006.https://www.algosobre.com.br/psicologia/os-testes-psicologicos-e-as-suas-praticas.html.- Acesso em: 10/08/2018.http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI52876-9531,00-DEPOIMENTOS+DE+SOLDADOS+BRASILEIROS+EM+MISSAO+NO+HAITI.html- Acesso em: 15/08/2018.https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0512200415.html- Acesso em: 15/08/2018EDITAL Nº 02 / SCONC, de 8 de maio de 2018, Processo Seletivo àEscola Preparatória de Cadetes do Exército.CPAEx - Centro de Psicologia Aplicada do Exército.

(*) O Aluno Calebe Bartex Frota cursou o ensino fundamental na Escola EstadualOlavo Bilac, em Resende, cidade onde nasceu, e concluiu o ensino médio no ColégioTiradentes da Brigada Militar, em Porto Alegre. Atualmente, é aluno da 1° Companhia daEsPCEx, no Curso de Formação e Graduação de Oficiais de carreira da Linha de EnsinoMilitar Bélico, cujo ciclo se completa nos quatro anos do curso na AMAN. É integranteda Turma Bicentenário da Independência do Brasil.

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Ferrolho Rotativo

Historicamente, o mundo é mar-cado por inovações tecnológicas. Emse tratando de materiais bélicos, aconstante busca por melhorias émarcada por grandes descobertas, aexemplo de Colt ( inventor do revól-ver). Devido ao caráter de urgência eda necessidade de surpreender o ini-migo, é, geralmente, no período dasguerras, que novas armas são criadasou aquelas que já existem são aprimo-radas. As armas de fogo foram inven-tadas na China no século XII, após ainvenção da pólvora. O canhão de mão,primeira arma de fogo de que se temregistro, era feito por um tubo de bron-ze, madeira ou bambu.

Introdução

Arthur Florentino de Oliveira (*)Aluno da EsPCEx

Revólver Colt

Fonte: http://atividadeparanorml.blogspot.com/2013/01/samuel-colt-samuel-colt-e-o-revolver-em.html

Canhão de Mão Chinês

Fonte: http://firearmsbrasil.com.br/historia-das-armas/historia-armas-fogo-matchlock-wheellock/

FUZIL IMBEL A2Fonte: https://saladearmas-oficial.blogspot.com/2017/

01/fuzil-imbel-ia2.html

O ferrolho é uma importante peçados armamentos atuais, sua função écrucial em se tratando do emprego daforça. Mediante isso, os conflitos atu-ais fazem com que a busca por novasferramentas seja constante. Dessamaneira, a Indústria de Material Bélicodo Brasil busca estar a par de outrasnações mundiais e empregou o ferro-lho rotativo no Fuzil IMBEL A2, armapresente em grande parte dos quar-téis brasileiros.

Palavras Chave: ferrolho, força,material bélico

Resumo

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No geral, o funcionamento dasarmas de fogo é o mesmo. Após oacionamento do gatilho, o percursor éliberado. Por meio da ação do martelo,ele irá para frente e atingirá uma pe-quena carga explosiva localizada naespoleta da munição. A explosão gera-da inflama a pólvora, força a saída doprojétil da câmara e, em seguida, amunição passará pelo cano em direçãoao alvo. Dentre os fatos citados, o fer-rolho é de suma importância, pois é eleque armazena o percursor.

Desenvolvimento

Tipos de Ferrolho

BOLT ACTION: criado em 1824 porJohann Nikolaus von Dreyse, esse tipode sistema é o mais antigo do merca-do. Nesse tipo de armamento, o ferro-lho é manipulado por meio de uma alça.Assim que o gatilho é acionado, o fer-rolho é destravado de seu impulsor elevado à retaguarda para que a abertu-ra da culatra seja executada. Dessaforma, o cartucho gasto pode ser ex-traído e ejetado. Assim que se finda orecuo do sistema, um novo cartucho écarregado na câmara.

Dentre as vantagens do sistemadescrito, podem-se destacar a preci-são do disparo, a facilidade que se temde montar e desmontar o armamento eo peso relativamente baixo comparadoaos armamentos da época. A grandedesvantagem é o grande tempo que seleva para executar um novo disparo,com isso sua cadência de tiro é reduzi-da.

Bolt ActionFonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Bolt_action#/

media/File:Vetterli_rifle_action.jpg

Mauser 98

Fonte: https://gundigest.com/rifles/5-excellent-european-bolt-action-rifles

Ferrolho Basculante: em se tratandodo Fz Automático Leve 7,62mm (FAL),o movimento do conjunto ferrolho/impulsor do ferrolho está intimamenterelacionado ao avanço ou recuo doêmbolo. Após a percussão, o conjuntoferrolho/ impulsor do ferrolho será res-ponsável pelo destrancamento do ar-mamento. Quando se finda o recuo dosistema, as molas recuperadoras pro-jetam o conjunto ferrolho- impulsor doferrolho para frente. É durante o avan-ço do ferrolho que o cartucho será libe-

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Impulsor do Ferrolho do FAL

Fonte: http://sistemasdearmas.com.br/sof/sofber3b.html

rado das abas do carregador, o carre-gamento da arma será feito e quandonão há mais como avançar, as rampasde trancamento do impulsor do ferro-lho e do ferrolho entram em contato efazem com que o este último abaixe.Dessa maneira, a principal desvanta-gem do sistema mencionado é o fatode que, quando o trancamento é reali-zado, há um breve destrancamentodevido à constante elástica da molarecuperadora. Com isso, ocorre um es-cape de gases maior do que o previstoe a arma tem seu funcionamento pre-judicado.

IMBEL FAL M964

Fonte: http://www.hardmob.com.br/estrategia-and-defesa/386805-fn-fal-fusil-automatique-leger-fuzil-

automatico-leve.html

Ferrolho Rotativo

Ao contrário do que se imagina,esse sistema não é recente. Foi no anode 1836 que o ferrolho rotativo foi in-ventado por Johann von Dreyse. O pri-meiro rifle giratório com dois pinos naextremidade do ferrolho era o rifle LebelModel 1886. Após o fechamento daarma, o ferrolho avança na extensãodo cano ou nos recessos de travamentodo receptor, e então gira; neste mo-mento, está travado no lugar. O ferro-lho permanece bloqueado até que aação é repetida, quer manualmentepelo operador, ou mecanicamente pelorecuo, dependendo da tecnologia doarmamento. A operação de recuo ouoperação de gás, em seguida, faz ro-dar o ferrolho e desbloqueia a partir daculatra de modo que possa ser retira-da. Na operação de gás, a porta de gásé tipicamente localizada a meio cami-nho do cano ou perto do cano da arma.Desta forma, funciona como um atra-so, garantindo que o ferrolho permane-ça bloqueado até que a pressão da câ-mara tenha diminuído para um nívelseguro.

Os ferrolhos rotativos são encon-trados em projetos de blowback atra-sado, operado por gás, acionado porrecuo, acionamento por parafuso, ala-vanca de ação e ação de bomba. Quan-do o percursor retrai, a cabeça ferrolhogira no sentido horário. Dentro do as-sunto discutido, o Fuzil Imbel A2 é oarmamento que o aluno da EsPCEx temcontato que possui o sistema de ferro-lho rotativo. A principal vantagem doferrolho rotativo é o fato de que otrancamento da arma se dá pelo méto-do de metal com metal. Sendo assim,o escape de gases desnecessário é

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FUZIL IMBEL A2

Fonte: https://saladearmas-oficial.blogspot.com/2017/01/fuzil-imbel-ia2.html

Bibliografia

https://en.wikipedia.org/wiki/Rotating_bolthttp://www.aman62.com/fuzil.htmlhttps://www.mundodasarmas.com/2017/05/tipos-de-sistemas-de-funcionamento-de.htmlht tp: / /bdex .eb .mi l .br / j spui /b i t s tream/1 /544 /1 /EB70-CI-11.405.pdf

evitado, fato que favorece o alcancedo armamento.

(*) O Aluno Arthur Florentino de Oliveira cursou o ensino fundamental e médio no ColégioAnglo Americano em Resende-Rj, cidade onde nasceu. Atualmente, é aluno da PrimeiraCompanhia de Alunos da Espcex, no primeiro dos cinco anos do curso de Formação eGraduação de Oficiais de carreira da Linha de Ensino Militar Bélico, cujo ciclo se completanos quatro anos do curso na AMAN. É integrante da Turma Bicentenário da Independênciado Brasil.

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Núcleo de Mergulhadores Autônomos(NUMAUT)

Resumo

O Núcleo de Mergulhadores Autô-nomos é um grêmio da Escola Prepara-tória de Cadetes do Exército que per-mite que os alunos aprendam o mergu-lho básico e os capacita para esta ati-vidade. Além de aproximar os alunoscom mesmos interesses, o NuMAutagrega valores de camaradagem e es-pírito de corpo, visto que seus exercíci-os sempre exigem um “canga”, quandonão todo o grupo de participantes docurso.

Com aulas teóricas e práticas, osalunos têm como atividade-fim o mer-gulho em Paraty, que possibilita, logoem seguida, o recebimento dacarteirinha PADI. Os então mergulha-dores têm autorização para mergulharem águas internacionais e, se quise-rem o aperfeiçoamento profissional,podem continuar com outros cursosavançados e específicos.

Palavras Chave: NuMAut, mergu-lhadores, aulas, mar, atividade, instru-tores, participantes.

Introdução

O Núcleo de Mergulhadores Autô-nomos, (NuMAut) tem a finalidade deapresentar a dinâmica do mergulho aosalunos da EsPCEx. Em 1992, baseadono que aprendeu no Curso de Mergulhode Bombeiro de São Paulo, o Tenentede Engenharia Paulo Alipio BrancoValença (hoje General Valença), coman-dante de pelotão, reuniu dez alunosvoluntários e ministrou algumas aulasteóricas, levando-os para mergulhar napiscina da AMAN. Assim, deu-se o pri-meiro passo para iniciar um curso demergulho.

O Mergulho Autônomo, diferente-mente do livre, é aquele em que o mer-gulhador utiliza equipamento SCUBA,que permite respirar embaixo d’água.O termo “autônomo” parte da ideia deque esta modalidade confere maior au-tonomia na respiração do mergulhador,que, por auxílio do cilindro de ar, o pra-ticante consegue alcançar maiores pro-fundidades e consegue manter-sesubmerso por muito mais tempo. Paraisso é necessário um Curso de Mergu-lho, propiciado aos alunos da EscolaPreparatória de Cadetes pela equipe doNuMAut.

Na Introdução do manualAdventures in Diving, uma das referên-cias bibliográficas utilizadas para estre

Ariana Cristina Mota Zimmermann (*)Aluno da EsPCEx

Foto: Alunos do NuMAut 2018, 1° Ten Flávio Costa

Núcleo de Mergulhadores Autônomos

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artigo, o autor descreve que o mergu-lho

“[...] é um veículo para uma amplaesfera de atividades e habilidadesrelacionadas que cria a aventura, odivertimento e a recreação, não im-portando o quão variados são osseus interesses.” “A rigorosa sele-ção aplicada aos candidatos a alu-nos do Centro de instrução de Guer-ra na selva (CIGS) colabora para amaior segurança na instrução, pre-servando a saúde e higidez do mili-tar que se voluntária a frequentar ocurso. A melhor capacitação física,exigida nos exames aplicados, re-força ainda o maior índice de con-clusão do curso.”

Desenvolvimento

O histórico do NuMAut firma-se em1994, quando o 1º Tenente de Enge-nharia Paulo Fernando Curci Curti (hojeCoronel Curti) e o 3º Sargento de En-genharia Flávio Augusto da Costa (hoje1º Tenente), que haviam realizado jun-tos o Curso de Mergulhadores da Mari-nha CIAMA, primeira fase do GRUMEC,tomaram a frente e voltaram com asatividades. Utilizando equipamentosemprestados pelo Corpo do Bombei-ros, foram dadas aos oficiais e sargen-tos da EsPCEx palestras e aulas queobtiveram alto rendimento e foramaperfeiçoadas, permitindo que o cursose iniciasse no ano seguinte e, assim,em 1995, a primeira turma do Núcleoda Escola foi montada, com parceriade uma escola civil.

A Escola de Mergulho Sailing &Diving e os Instrutores Sergio Viegas,Adalberto Ribeiro e Paulo Afonso fo-ram quem passaram a apoiar o cursoem 1996. Foi nesse ano também queas primeiras roupas de neoprene, ape-sar de usadas, foram compradas. Odinheiro investido para isso foi resul-tado de uma arrecadação realizada na

festa junina da Espcex na barraca doTchibum, brinquedo no qual alunos einstrutores da Espcex eram derrubadosna água. Foi realizado, enfim, emUbatuba, o primeiro mergulho em mar,e os mergulhadores formados (20 alu-nos e 4 oficiais) receberam a Credencialinternacional PADI Open Water Diver.Essa carteirinha de certificação do cur-so básico, que é a mesma recebida nosdias atuais, tem validade indeterminadae habilita mergulhos com luz naturalaté uma profundidade de 18 metros emqualquer parte do mundo.

Em 1997, o Tenente Curti e Sar-gento Flávio Costa foram credenciadoscomo DIVEMASTER. Nesse ano, o au-mento do interesse dos alunos pelocurso, somado à limitação de equipa-mentos, fez com que fosse exigido umteste inicial para selecionar quem po-deria participar, mas já em 1998 a es-cola Sailing e Diving sanou a deficiên-cia do material. Foram credenciadoscomo instrutores de mergulho pela PADIo apoiador Paulo Afonso, que passavaa participar efetivamente do NuMAut,e o 2º Sargento Flávio Costa. Já exer-cendo as novas funções, realizaram omergulho em Paraty, junto à operadorade mergulho Una Dive.

Em 1999, o valor arrecadado coma festa junina foi utilizado para com-prar máscaras e nadadeiras e, em 2000,foram formados mais 45 mergulhado-res, agora com a orientação do NuMAutpassada para o 1º Tenente de Enge-nharia Marcos. Em 2001, o grupo, alémdas atividades corriqueiras, participouda Campanha do Dia Internacional daLimpeza das águas em uma pedreiraem Salto de Pirapora, local em que ogrupo do ano subsequente tambémmergulhou, porém, com a turma de

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os responsáveis junto com a P.A.Diving.Em 2009, o SubTenente FlavioCosta retornou para Campinas, no 2º BLog L, e voltou a dar instruções para oNuMAut juntamente com o InstrutorPaulo Afonso. Nesse ano, o mergulhofoi em Paraty, com a OperadoraAnequim e o SCmt (Cel Cristovão) eFisc Adm da EsPCEx participaram dosmergulhos.

Em 2010, voltaram a mergulharcom a Operadora Una Dive em Paraty,sob orientação do 1º Tenente Leonar-do, e, nos anos seguintes, o desdobra-mento do curso deu-se da mesma for-ma, contando com a participação nãosó de oficiais, sargentos e alunos daESPCEx, como também de cadetes daAcademia Militar das Agulhas Negras,instruídos pelo 1º Tenente Vasconce-los (também em 2011 e 2012). ONuMAut foi orientado pelo 1° Tenentede Artilharia Esper em 2013, pelo 1°Tenente de Artilharia Souza Pinto em2014/15 e pelo Capitão de InfantariaSantos Júnior em 2016. No ano de 2017,a atividade foi dividida por semestre econtou com os oficiais orientadores, 1°Tenente de Cavalaria Ritton e 1° Te-nente de Cavalaria De Moraes, sendoque esse último continua ativo no cor-rente ano.

2002, essa Campanha foi realizada noslagos internos da ESPCEx orientadapelos oficiais Capitão Curti, 1º Tenen-te Marcos e 1º Tenente Alexandre Cos-ta, respectivamente, na 1ª, 2ª e 3ªCompanhia de Alunos e apoiada pelaEscola Marcel Alamino Diving.

Em 2003, novamente com apoiode equipamentos da Escola MarcelAlamino Diving, os mergulhos do CheckOut foram realizados na Pedreira emSalto Pirapora, mas, além disso, pos-teriormente, foi marcado um mergulhoem Angra dos Reis, em parceria com oColégio Naval, que forneceu tanto hos-pedagem como embarcação. Nessa oca-sião, foi gravada uma matéria sobre odia a dia do aluno com uma aula demergulho para o Globo Repórter, e oNuMAut ganhou reconhecimento e am-pla divulgação na mídia, como na EPTVe no Jornal Correio Popular, com os alu-nos na Campanha do Dia Internacionalde Limpeza das águas realizada naLagoa do Taquaral.

O Capitão Valença, fundador doNuMAut, em 1992, retornando para aEsPCEx, manteve-se na atividade até2003, quando foi selecionado para umamissão no exterior juntamente com oCapitão Curti. Afastavam-se tambémo Capitão Marcos, que foi para a EsAO,e o 1º Sargento Flávio Costa, que foitransferido para a GSI (Presidência) e,assim, o instrutor Paulo Afonso passoua assumir. Nos anos que se sucede-ram, os moldes do Curso permanece-ram sob a mesma direção, diferencian-do-se apenas por instrutores eorientadores. Em 2006, o oficialorientador Capitão de Engenharia Leal,os monitores 1º Tenente de Engenha-ria Leonardo Chaves e 1º Tenente deArtilharia Sanfelice e o instrutor PA eram Instruções do NuMAut 2018

Foto:NuMAut 2018, Al Ariana

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A atividade oferecida pelo NuMAuté dividida em três principais etapas demergulho, antecedidas por uma sériede preparações. O curso é aberto atodos, sem distinção de idade ou pre-cedência, mas, por ser uma atividadede elevado risco, os participantes pre-enchem termos de responsabilidade erespondem a alguns questionários so-bre saúde e possíveis causadores deproblemas, sendo totalmente respon-sáveis pela omissão de quaisquer in-formações. São consultados, também,por um médico que os habilita ou nãopara a realização da atividade, médicoque, inclusive, viaja na ocasião do mer-gulho em mar para imprevistos e even-tualidades.

Em sequência, são ministradasaulas teóricas, em que se ensina comode fato realizar o mergulho, como uti-lizar de maneira correta os equipamen-tos, o que fazer em caso de pane eformas de comunicação debaixo d’água.Em seguida, os alunos são submeti-dos a uma avaliação na qual se esperaum resultado de, no mínimo, 75% deacerto para avançar nas etapas do cur-so. No caso de não atingir o grau míni-mo, há a possibilidade de refazer aprova na quantidade de vezes neces-sária, o fato é: enquanto não se sou-ber os procedimentos e informações,não é possível seguir adiante no exer-cício. São oferecidos aos alunos mate-riais de estudos, como apostilas e DVD,para estudarem e poderem consultarem caso de dúvidas ou esquecimento.

Concluídas as formalidades e teo-rias, é iniciada a prática. O mergulholivre, primeira das três etapas, é reali-zado na piscina da Escola, e os alunosaprendem o controle da respiração e autilização da máscara, snorkel e nada-

deiras. A segunda etapa é o mergulhoem águas confinadas, que acontece nomesmo local, porém já é utilizado oequipamento completo, com colete, cin-to de lastro e cilindro de ar, e os alu-nos, em duplas, praticam o mergulho.A terceira e última etapa é a realizaçãodo mergulho em mar, ocasião em que ogrupo viaja, fica em uma pousada paraconfraternizar e, de barco, é levado atéo local do mergulho. Ao concluir o cur-so, os alunos recebem uma certificaçãoque possibilita continuar o mergulho,dada as condições, em qualquer lugare, ainda, é possível realizar o cursoavançado em seguida.

Há ex-alunos do NuMAut que, hojeem dia, tornaram-se Instrutores eDIVEMASTER, sendo que o curso já for-mou mais de 800 mergulhadorescredenciados como Básico, Avançado eRescue Diver. Muitos mergulhadores for-mados pelo NuMAut servem no Coman-do de Operações Especiais e, além dis-so, a conclusão e a certificação permi-tem que auxiliem a atividade de bom-beiros quando acidentes em água oucavernas necessitam capacidade espe-cial para alcançá-las, por exemplo, bemcomo na recuperação de objetos perdi-dos pelos próprios alunos da ESPCEx,na transposição de obstáculos, no cam-po e em atividades corriqueiras que exi-jam passagem aquática.

A diretoria do NuMAut é compostapor alunos: um de cada companhia, umrepresentante geral no âmbito Corpode Alunos, um tesoureiro e um encar-regado de material. Os alunos selecio-nados para esses cargos são auxiliaresdos instrutores e realizam algumas fun-ções específicas dentro da equipe.

Os mergulhos, que de início eram

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realizados em Ubatuba com lancha rá-pida, mudaram para Paraty, saindo comduas escunas, e dessa maneira conti-nuam até a atualidade. A escolha as-socia-se à calmaria das águas, à proxi-midade da Escola, ao espaço para osônibus utilizados para deslocamento,à pousada com excelente custo-bene-fício e à própria cidade turística. Osmergulhos na Pedreira, por fim, para-ram por conta da segurança e, tam-bém, da falta de atrações embaixod’água; posteriormente, houve algumasexperiências em Angra dos Reis.

Conclusão

O Núcleo de Mergulhadores Autô-nomos é uma oportunidade única e oprimeiro passo para uma experiênciamarinha incrível. Para participar, existeum prazo (estipulado anualmente pelaequipe responsável pelo curso) para queo aluno manifeste sua vontade de rea-lizar a atividade. É possível parcelar ovalor do curso, da viagem e dos equi-pamentos, de forma que seja possívela participação do aluno, sendo consi-derados seus gastos.

Vale lembrar que, por ser umaagremiação, os alunos têm a chancede estender o círculo de amizades âm-bito Corpo de Alunos, além de poderpraticar a atividade fora da escola. Oque a realização e conclusão do NuMAut

oferece é incrível e exclusivo: não àtoa, sua procura tem aumentado con-sideravelmente ao passar dos anos.

***Bibliografia

https://www.facebook.com/NuMAut/https://www.instagram.com/bdo_padibr/Manual Adventures in DivingManual Open Water Diver

(*) A Aluno Ariana Cristina Mota Zimmermann cursou o ensino médio no Colégio Militarde Brasília - DF. Atualmente, é integrante da 1ª Companhia de Alunos da ESPCEx, noprimeiro dos cinco anos do Curso de Formação e Graduação de Oficiais de carreira daLinha de Ensino Militar Bélico (Armas, Quadro de Material Bélico e Serviço de Intendência),cujo ciclo se completa nos quatro anos do curso da AMAN. É integrante da TurmaBicentenário da Independência do Brasil e participante do NuMAut 2018.

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As Bruxas da Noite e a Presençade Mulheres na Linha Bélica

Matheus Spinelli Fernandes (*)

Aluno da EsPCEx

Resumo

As Bruxas da Noite foi um Regi-mento de bombardeiros noturnos queatuou durante a Segunda Guerra Mun-dial. Seus aviões eram obsoletos e todoo Regimento era composto exclusiva-mente por mulheres, desde os pilotosaté os mecânicos de voo. Durante aguerra, As Bruxas da Noite obtiveramgrandes vitórias e aterrorizaram as li-nhas alemãs.

Palavras Chave: Bruxas, Aviadoras.

Bruxas da Noite foram como fica-ram conhecidas as integrantes do 588ºRegimento de Bombardeiros Noturnos,que teve notória participação na Se-gunda Guerra Mundial. O 588º Regimen-to foi uma das três unidades da ForçaAérea Soviética compostas somente pormulheres e criadas em 8 de outubro de1941. O Regimento integrado por vo-luntárias foi formado pela CoronelMarina Raskova e dirigido pela MajorYevdokia Bershanskaya. Unidades comefetivo feminino como as Bruxas daNoite foram criadas devido aos esfor-ços de guerra e, nesse caso específico,pela influência da aviadora MarinaRaskova, que defendia a incorporaçãode mulheres para o combate nas For-ças Armadas Soviéticas.

Introdução

Início da Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial teveincio no dia 03 de Setembro de 1939,entretanto a União Soviética só entrouna guerra em junho de 1941, quandofoi invadida pela Alemanha Nazista.Desde de o início dos conflitos, os es-forços de guerra foram enormes, já queos soviéticos haviam sido atacados desurpresa por uma força muito superior.No início de 1942, o Exército Vermelhoainda PERDIA batalhas consecutiva-mente, mas a Indústria e, principalmen-te, suas Forças Armadas trabalhavamcom o máximo de empenho.

O 588º Regimento e suas Missões

Ainda em 1942, as mulheres co-meçaram a ser convocadas por meio depropagandas oficiais do governo paralutarem pelo país contra o nazismo.Dessa forma, elas começaram a ocuparlugares que outrora só eram preenchi-dos por homens, incluindo a frente debatalha. Foi em meio a essa conjuntu-ra que começaram a surgir unidades in-teiramente femininas, com destaquepara o 588º Regimento de Bombardei-ros Noturnos. Esse Regimento distin-guiu-se por diversos fatores como: serformado inteiramente por mulheres(desde o comando até as mecânicasde voo); uso de aviões obsoletos (dadécada de 1920); ausência deparaquedas devido à falta de espaço;ter causado grandes perdas aos inimi-

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gos; e por ter sido usado, adicional-mente, como arma psicológica.

MissõesO Regimento das Bruxas da Noi-

te, em seu auge, era composto por 40duplas que operavam a aeronavePolikarpov Po-2, de 1928. Os ataquesaconteciam durante a noite e as pilo-tos voavam muito baixo. Ao se aproxi-marem dos alvos desligavam os moto-res para não serem detectadas pelobarulho. O apelido “Bruxas da Noite”surgiu devido ao ruído feito pelo ar que,ao entrar em contato com as asas doavião, era, segundo os soldados ale-mães, semelhante ao ruído das vas-souras das bruxas da cultura popular.Entre maio de 1942 (batismo de fogodas Bruxas da Noite) e maio de 1945(fim da guerra), o Regimento cumpriumais de 24000 missões. Cada pilotovoou em mais de 800 missões em médiae despejou mais de 3 mil toneladas debombas (a capacidade de carga de cadaaeronave era de 260 kg). Ao fim daguerra, vinte e três pilotos foram con-decoradas com a mais alta honraria doExército Vermelho (Heroína da UniãoSoviética) e o Regimento perdeu 30pilotos em combate.

Aviadoras do 588º Regimento deBombardeiros

As Bruxas da Noite como Exemplopara o Projeto de Inserção do SexoFeminino na Linha de Ensino MilitarBélico (PISFLEMB)

Em 2017, 75 anos após o batismode fogo das Bruxas da Noite na Segun-da Guerra Mundial, por meio do Proje-to de Inserção do Sexo Feminino naLinha de Ensino Militar Bélico(PISFLEMB), surgiu no Exército Brasi-leiro a primeira turma de formaçãomilitar bélica da história do ExércitoBrasileiro com participação feminina.

Conclusão

Ao longo da história, observou-seque sempre houve mulheres que alme-jaram estar na frente de batalha. Exem-plos históricos como o de Joana D’Arc,que conduziu os franceses à vitória naGuerra dos Cem Anos, e Maria Quitériade Jesus Medeiros, heroína da Guerrada Independência do Brasil, Patrono doQuadro Complementar do Exército Bra-sileiro, que tem seus feitos compara-dos aos de Joana D’Arc e aos das Bru-xas da Noite na Segunda Guerra Mun-dial são evidências da capacidade ine-gável da mulher, se desejar estar nafrente de batalha.

Fonte: http://canalmare.com/wp-content/uploads/2018/07/Polikarpov-U-2-Bruxas-da-Noite-1944

As integrantes do Curso de Formação eGraduação de Oficiais de carreira da Li-nha de Ensino Militar Bélico poderãoseguir carreira no Serviço de Intendên-cia ou no Quadro de Material Bélico. Epoderão inclusive concorrer a Postos deOficiais Generais do Exército Brasilei-ro.

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Maria Quitéria

Bibliografia

(*) O Aluno Matheus Spinelli Fernandes nasceu em Ceres-GO, no dia 06 de Janeirode 1997. Cursou o ensino fundamental no Colégio Estadual Meira Mattos, em São Luizdo Norte-GO e o médio no Colégio Estadual Heloísa de Fátima Vargas, em NovaGlória-GO. Atualmente é Aluno da 1ª Companhia da EsPCEx, no primeiro dos cincoanos do Curso de Formação de Oficiais de carreira da Linha de Ensino Militar Bélico,cujo ciclo se completa nos quatro anos do curso na AMAN. É integrante da TurmaBicentenário da Independência do Brasil.

Alunos da EsPCEx

Fonte: http://correio.rac.com.br/_midias/jpg/2017/02/18/600x390/1_cadetesfemininas0073-7511010

F o n t e : h t t p s : / / p t . w i k i p e d i a . o r g / w i k i /M a r i a _ Q u i t % C 3 % A 9 r i a # / m e d i a /File:Domenico_Failutti-Maria_Quit%C3%A9ria.jpg

Retrato póstumo de Maria Quitéria,pelo pintor italiano Domenico

Failutti

Estudo realizado pelo Canal de YouTube Hoje na Segunda Guerramundial, disponibilizado em um vídeo no link:https://www.youtube.com/watch?v=0OmfU0qauBwE pelos sites abaixo:https://pt.wikipedia.org/wiki/Bruxas_da_Noitehttps://incrivelhistoria.com.br/bruxas-da-noite-segunda-guerra-mundial/Fontes das imagens:MariaQuitéria: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Quit%C3%A9ria#/media/File:Domenico_Failutti_-_Maria_Quit%C3%A9ria.jpgBruxas da Noite: http://canalmare.com/wp-content/uploads/2018/07/Polikarpov-U-2-Bruxas-da-Noite-1944..jpgAlunos da EsPCEx:ht tp: / /correio.rac.com.br/_midias/ jpg/2017/02/18/600x390/1_cadetesfemininas0073-7511010.jpgAcesso em 23 de Outubro de 2018.

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Desenvolvimento de Valores e Atributos daJuventude Militar em Formação

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Breve Histórico das CompetiçõesEsportivas da NAE

L NAE(registro)

A primeira competição reunindoalunos das Escolas Preparatórias deCadetes do Exército (EsPCEx), de Ca-detes do Ar (EPCAr) e do Colégio Naval(CN) teve início no dia 17 de setembrode 1965, na cidade de Campinas, porocasião das comemorações do Jubileude Prata da Escola Preparatória de Ca-detes de Campinas (EPC), ilustrepredecessora da EsPCEx.

O início das competições foramprecedidas da solenidade de aberturados jogos e da recepção e acendimentodo fogo simbólico, conduzido por umaGuarda de Honra, formada por alunosatletas de diversas modalidades, quesó foi extinto no encerramento das com-petições. Esse legado perdura até nos-sos dias.

Os anos se passaram, mas as tra-dições permaneceram vivas e, com elas,o maior objetivo desses jogos: o con-graçamento e o aprimoramento devalores e atributos da juventude mili-tar em formação nas três escolascongêneres, sem os quais não há ven-cedores.

A cada ano, na sede de uma dasescolas formadoras, por 7 (sete dias),esses alunos competem em váriasmodalidades esportivas, colocando,acima de tudo, a lealdade, o respeito,a honestidade, a sadia camaradagem,a disciplina e inúmeros outros valorespossíveis de serem exercitados atra-vés do esporte. Ao final das disputas,a Marinha, a Aeronáutica e o Exército

são os verdadeiros vencedores na pro-moção do primeiro exercício unindo osjovens alunos das três Forças, que, nofuturo, estarão irmanados na realiza-ção de manobras militares conjuntas,projetando as Forças Armadas Brasi-leiras no cenário nacional e internacio-nal, numa demonstração de verdadeiraintegração profissional, da mesma for-ma quando, da primeira vez, o fizeramno período de formação, nas competi-ções esportivas das escolas militares.

Abertura da L NAE

Este ano, a história se repetiu coma realização da L – NAE, sediada naEsPCEx, na cidade de Campinas-SP, noperíodo de 15 a 21 de setembro de2018.

A abertura dos jogos ocorreu nodia 15 de setembro, tendo como cená-rio de fundo o complexo esportivo Ge-neral Zenildo de Lucena, que abriga oEstádio da Fonte da EsPCEx. A soleni-dade foi presidida pelo Tenente Briga-deiro do Ar Ricardo Machado Vieira, Se-cretário de Pessoal, Ensino, Saúde eDesporto do Ministério da Defesa.Prestigiaram a solenidade as seguin-tes autoridades: Brigadeiro Intendentedo Ar José Jorge de Medeiros Garcia,Presidente da Comissão de Desportosda Aeronáutica; Gen Div R1 Jamil MegidJúnior; Gen Bda Luís Cláudio de MattosBasto, Comandante da 11ª Bda Inf L;

Jorge Luiz Pavan CappellanoProfessor de Língua Portuguesa e Literatura

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Gen Bda André Luiz Ribeiro CamposAllão, Chefe do Centro de CapacitaçãoFísica do Exército; Gen Bda R1 GilbertoSerra; Coronel Aviador Mauro Bellintani,Comandante da Escola Preparatória deCadetes do Ar; Cel Marcus AlexandreFernandes de Araujo, Comandante daEscola Preparatória de Cadetes do Exér-cito; e CMG Emerson Augusto Serafim,Comandante do Colégio Naval.

Coube ao Al Mateus MachiavelliBrunhara, da EsPCEx, a honra de con-duzir e acender o fogo simbólico.

Durante a solenidade de aberturada L NAE, o Comandante da EsPCEx,Cel Marcus Alexandre Fernandes deAraujo, dirigiu-se aos presentes comas seguintes palavras:

“Excelentíssimo senhor Tenente-Brigadeiro do Ar Ricardo MachadoVieira, Secretário de Pessoal, Saúde,Ensino e Desporto do Ministério daDefesa, cumprimentando cordialmen-te Vossa Excelência, saúdo osexcelentíssimos senhores oficiais-ge-nerais, as digníssimas autoridadesmilitares e civis já nominadas pelocerimonial, os integrantes das delega-ções do Colégio Naval, da Escola Pre-paratória de Cadetes do Exército e daEscola Preparatória de Cadetes do Ar eas senhoras e os senhores que noshonram com as suas presenças.

Sejam todos muito bem-vindos ànossa Escola!

Nesta manhã histórica para osdesportos nas Forças Armadas, a Es-cola Preparatória de Cadetes do Exér-cito sente-se profundamente honradaem receber nossas escolas coirmãspara a realização da quinquagésimaedição da NAE.

A história desta tradicional com-petição militar teve início no ano de

1965, quando, por ocasião da celebra-ção dos 25 anos de criação da EscolaPreparatória de Cadetes do Exército,surgiu a ideia de realizar uma competi-ção entre as escolas congêneres daMarinha, do Exército e da Aeronáutica,a exemplo da NAVAMAER. Assim, nomês de setembro daquele ano, reali-zou-se, em Campinas, a primeira NAE,na qual foram disputadas, apenas, asmodalidades de vôlei e de basquete.

Nos registros históricos da EsPCEx,consta que:

“os primeiros jogos foram dispu-tados com grande entusiasmo econstituíram-se numa verdadei-ra festa de congraçamento entreos futuros oficiais das três Forças,unindo fisicamente pelo esporteos jovens cujos espíritos já estãounidos pelo mesmo ideal de ser-vidão à Pátria.”

Desde então, as escolas se reve-zam anualmente para sediar a compe-tição, que deixou de ser realizada ape-nas no período em que a Escola Prepa-ratória de Cadetes do Ar teve suas ati-vidades temporariamente interrompi-das.

Com o objetivo de despertar o gos-to pelo esporte desde o início da vidamilitar, a NAE contribui para identificarvalores individuais e coletivos que, fu-turamente, poderão compor as repre-sentações desportivas militares brasi-leiras, honrando uma longa tradição detítulos, medalhas e recordes, que hádécadas enriquece a história esportivado País.

Mas o maior benefício dos jogosé, sem dúvida, o desenvolvimento dosvalores que temos em comum e quesão fundamentais à profissão militar,como determinação, coragem, espírito

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de corpo, camaradagem, honestidade,autoconfiança e dedicação, sem jamaisnegligenciar os princípios basilares dahierarquia e da disciplina.

Posso assegurar que os integran-tes da nossa Escola trabalharam incan-savelmente para organizar a melhorcompetição possível, superando todasas limitações, e com o máximo de aten-ção aos detalhes, para fazer com queesta semana de disputas esportivasfique eternamente marcada na lembran-ça de nossos jovens atletas.

Prezados Alunos do Colégio Naval,da EsPCEx e da EPCAr! É chegado o tãoesperado momento. É hora de mostrarraça, talento, energia e superação! Éhora de vibrar intensamente com asvitórias e de aprender a superar com

Resultados da L NAE

Modalidades 1º Lugar 2º Lugar 3º Lugar

Atletismo EPCAR EsPCEx CN

Natação CN EPCAR EsPCEx

Tiro EsPCEx EPCAR CN

Judô EPCAR CN EsPCEx

Orientação EPCAR EsPCEx CN

Xadrez CN EPCAR EsPCEx

Vôlei EPCAR EsPCEx CN

Esgrima EPCAR EsPCEx CN

Triatlo CN EPCAR EsPCEx

Futebol EPCAR CN EsPCEx

Basquete EsPCEx CN EPCAR

dignidade as derrotas! É hora de mos-trar que aquele ideal de amizade, con-graçamento e união pelo esporte – quenorteou a primeira edição dos jogos,em 1965 – permanece vivo até hoje!

Sejam bem-vindos! Parabéns peladedicação ao esporte e sucesso nascompetições da L NAE!”

Novos Records da L NAE

O aluno Sanmartin, da EPCAR, estabeleceu um novo Record da NAE para oTiro de Carabina de Ar, 10m, atingindo a marca de 593,6 pontos.

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Encerramento da L NAE

O Encerramento dos Jogos ocor-reu no dia 21 de setembro, no Estádioda Fonte da EsPCEx. A solenidade foipresidida pelo Gen Div Jorge AntonioSmicelato, Diretor do Departamento deDesporto Militar e antigo Comandanteda EsPCEx. Estiveram presentes asseguintes autoridades: Gen Div R1 JamilMegid Júnior; Gen Bda André Luiz Ri-beiro Campos Allão, Chefe do Centrode Capacitação Física do Exército; Co-ronel Aviador Mauro Bellintani, Coman-dante da Escola Preparatória de Cade-tes do Ar; Cel Marcus AlexandreFernandes de Araujo, Comandante daEscola Preparatória de Cadetes do Exér-cito; e CMG Emerson Augusto Serafim,Comandante do Colégio Naval.

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Patrocinadores da L NAE

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Inauguração do GinásioPoliesportivo General Zenildo

Zoroastro de Lucena(registro)

No dia 2 de julho, foi realizada ainauguração das novas dependênciasGinásio Poliesportivo da EsPCEx.

O novo prédio recebeu o nome de“Gen Zenildo Zoroastro de Lucena”, ex-comandante da EsPCEx no período de18 de fevereiro de 1978 a 23 de junhode 1979.

A solenidade contou com a pre-sença da Sra Maria Edith, esposa dohomenageado e sua filha. O Cel MarcusAlexandre Fernandes de Araujo, Coman-dante da EsPCEx, dirigiu-se aos pre-sentes com as seguintes palavras:

“A história da Escola Preparatóriade Cadetes do Exército teve início em17 de setembro de 1940, com a cria-ção da Escola Preparatória de Cadetesde São Paulo (EPSP), que começou afuncionar, já no ano seguinte, ocupan-do instalações provisórias no bairro daBela Vista, no prédio que hoje perten-ce ao Hospital Sírio-Libanês.

Em 1944, o Governo de São Pauloadquiriu um terreno na FazendaChapadão, em Campinas, e responsa-bilizou-se pela construção de 2/3 donovo prédio que abrigaria definitiva-mente a Escola Preparatória, ficando oterço restante por conta dos órgãos deengenharia do Exército.

Por diversas razões, a construçãoestendeu-se mais do que o previsto e,somente em janeiro de 1959, a Escolafoi transferida de São Paulo para Cam-

pinas, passando a funcionar em insta-lações, ainda inacabadas e deficien-tes em infraestrutura. A partir daqueleano, teve início um grande esforço ad-ministrativo para dar continuidade àsobras do conjunto arquitetônico daEscola, idealizado pelo engenheiroHernani do Val Penteado.

Durante a década de 1960,melhorias passaram a ser introduzidascom o objetivo de finalizar a constru-ção do prédio. Prosseguiram as obrasde ampliação da infraestrutura e, nofinal daquele período, foi concluída a3ª Companhia de Alunos.

Na década de 1970, foi realizadaa aplicação de reboco nas paredes ex-ternas da Escola, a colocação do gra-mado do Pátio Agulhas Negras, a cons-trução do Estádio da Fonte, das qua-dras de esportes coletivos, da CapelaSanto Tomás de Aquino, dos refeitóri-os e a inauguração do Salão Carlos Go-mes.

Cel Zenido Zoroastro de Lucena– Comandante da EsPCEx –

Jorge Luiz Pavan CappellanoProfessor de Língua Portuguesa e Literatura

(de 18 FEV 1978 a 23 JUN 1979)

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Já na década de 1980, o complexoesportivo foi ampliado, com a constru-ção de um pequeno ginásio, de qua-dras de tênis, do estande de tiro e doparque aquático.

Em 2012, a sanção da Lei Nr12.705 determinou que o ingresso naLinha de Ensino Militar Bélico deveriaser estendido para candidatos do sexofeminino, no prazo de até cinco anos.Após a aprovação de Diretrizes peloEstado-Maior do Exército, o Departa-mento de Educação e Cultura do Exér-cito deu início ao Projeto de Inserçãodo Sexo Feminino na Linha de EnsinoMilitar Bélico (PISFLEMB) eaprofundaram-se os estudos, já inici-ados, para a definição das adaptaçõesque deveriam ser feitas na Escola vi-sando a atender a essa nova realida-de.

Particularmente na área deinfraestrutura, levantou-se a necessi-dade de construção de alojamentos evestiários destinados ao público femi-nino, de adaptação e adequação debanheiros e de ampliação das instala-ções de saúde. Surgiu, ainda, a possi-bilidade de construir um novo

almoxarifado e um ginásio poliesporti-vo, antigas demandas da EsPCEx.

Assim, o PISFLEMB tornou-se umajanela de oportunidade no prossegui-mento das obras necessárias para amelhoria e a ampliação das instalaçõesda Escola. Após muitos planejamentos,discussões e a elaboração e execuçãodos projetos de engenharia, no final de2016 foram concluídas as obras deadaptação de banheiros e de constru-ção da Ala Feminina e, em março de2018, foram entregues as obras deampliação e adequação do vestiário doparque aquático.

Hoje, inauguramos duas importan-tes entregas do PISFLEMB na EsPCEx:a nova Seção de Saúde, com instala-ções modernas e adequadas para oatendimento médico de militares deambos os sexos, e o GinásioPoliesportivo, que agrega as instala-ções da Seção de Educação Física àsáreas para prática de atividades espor-tivas.

A obra do Ginásio teve início emabril de 2016 e foi concluída no mês demaio deste ano. Com área construídade aproximadamente 4.800 m2, possuiuma quadra poliesportiva; arquibanca-das com capacidade para acomodar 750pessoas sentadas; auditório; salas demusculação, de esgrima e de judô; umapequena enfermaria; vestiários; banhei-ros; além de instalações administrati-vas e de salas de instrução e de tro-féus. Sem dúvida, uma obra importan-te e que proporcionará melhores con-dições para o desenvolvimento dascompetências físicas desejáveis aofuturo oficial combatente do nossoExército.

Grandioso e imponente, o novoGinásio Poliesportivo receberá o nomedo General Zenildo de Lucena, em ho-

Ginásio Poliesportivo GeneralZenido Zoroastro de Lucena

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menagem ao saudoso Comandante des-ta Escola, no período de janeiro de 1978a junho de 1979.

Natural de São Bento do Una, emPernambuco, o Gen Zenildo foi decla-rado aspirante a oficial da arma deCavalaria em dezembro de 1950 e des-tacou-se ao obter a primeira coloca-ção no Curso de Aperfeiçoamento deOficiais da EsAO e no Curso de Coman-do e Estado-Maior da ECEME. Como Co-ronel, foi oficial do Gabinete do Minis-tro do Exército, Comandante do 2º Re-gimento de Cavalaria de Guarda e daEscola Preparatória de Cadetes do Exér-cito. Como General de Brigada, foi Co-mandante da 11ª Brigada de Infanta-ria Blindada, da Escola de Comando eEstado-Maior do Exército e Chefe doEstado-Maior do Comando Militar doSudeste. No posto de General de Divi-são, foi Diretor de Formação e Aperfei-çoamento e Vice-Chefe do Estado-Mai-or do Exército. Como General de Exér-cito, foi Chefe do Departamento-Geraldo Pessoal, Comandante Militar do Les-te e Ministro do Exército.

Apesar das inúmeras funções dedestaque que desempenhou durante asua brilhante carreira, era pela EscolaPreparatória de Cadetes do Exército queo General Zenildo nutria uma verda-deira paixão, seja no zelo com as suasinstalações, seja no cuidado com a pre-paração e o desenvolvimento das ati-vidades escolares. É no Memorial danossa Escola que repousa o seu bas-tão de comando, em permanente ex-posição.

Os Alunos da EsPCEx durante operíodo do Comando do então CoronelZenildo se formaram na AMAN nas tur-mas de 1982 a 1985 e, alguns deles,hoje, são Generais de Divisão ou de

Brigada (estão presentes, nesta sole-nidade, o Gen Joarez, o Gen Novaes, oGen Lancia e o Gen Costa Neves). Emcomum, todos guardam a lembrançacarinhosa de um Comandante que gos-tava dos seus Alunos, que sempre es-teve presente nas suas atividades eque se interessava pelas suas dificul-dades e angústias. A forma serena esegura na condução das atividades deensino fez com que conquistasse aamizade e o respeito de professores einstrutores, repercutindo na obtençãode elevados níveis de aprendizagem deseus Alunos. Enfim, um Comandanteadmirado por todos.

A homenagem da Escola para oseu eterno Comandante não se limita-rá ao nome deste Ginásio, que hojeinauguramos. A partir desta data, todoo complexo esportivo da EsPCEx, com-posto pelo Parque Aquático Cel Câma-ra, pelo Bosque da Nascente, pelo Ca-minho do Bem-Te-Vi, pelo Estádio daFonte, pelo Ginásio Cel Uchôa e pelasquadras esportivas, passará a ser de-nominado Complexo Esportivo GeneralZenildo de Lucena.

Esperamos que, com estas singe-las homenagens, possamos retribuir adedicação e o carinho de nosso antigoComandante, contribuindo para man-ter viva a sua memória dentre as futu-ras gerações de oficiais do Exército Bra-sileiro.

Mais uma vez agradeço à Sra Ma-ria Edith, esposa do Gen Zenildo, suasfilhas e netos, pela honrosa presençanesta solenidade.

Não poderia finalizar estas pala-vras sem prestar minha homenagem edemonstrar a admiração a todos oseternos Comandantes desta Escola,pelo trabalho incansável para propor-

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cionar as melhores condições para for-mação dos nossos Alunos. A perma-nente evolução e melhoria das insta-lações da EsPCEx é fruto da dedicaçãoe do empenho de todos os que me an-tecederam.

Agradeço, ainda, ao Departamen-to de Educação e Cultura do Exército,à Diretoria de Educação Superior Mili-tar e à equipe do Projeto de Inserçãodo Sexo Feminino na Linha de EnsinoMilitar Bélico, pelo permanente apoioe orientação, por se interessarem pe-los projetos da Escola e por levaremas nossas aspirações aos órgãosdecisores.

Ao Estado-Maior do Exército e aoDepartamento de Engenharia e Cons-trução, agradeço por compreenderemas necessidades da EsPCEx e por des-centralizarem os recursos necessáriospara viabilizar as obras de ampliaçãoque hoje inauguramos.

À Diretoria de Obras Militares, à2ª Região Militar e à Comissão Regio-nal de Obras/2, agradeço pelo esmero,qualidade e esforço na elaboração dosprojetos de engenharia, na licitação econtratação de empresas e na fiscali-zação dos serviços contratados, o quepermitiu que todos os trabalhos fos-sem executados conforme o planeja-do, sem intercorrências.

Por fim, agradeço a todos que, dealguma forma, contribuíram para trans-formar esse projeto em realidade.

Muito obrigado!”

A Sra Maria Edith e sua filha, acom-panhadas pelo Gen Ex R1 João CamiloPires de Campos e do Gen Ex MauroCésar Lourena Cid, Chefe do Departa-mento de Educação e Cultura do Exér-cito (DECEx), em ato solene, descerra-ram a placa de inauguração.

***

Bastão de ComandoGen Ex Zenido Zoroastro de Lucena

Ministro de Estado do Exército Brasileiro de 1992 a 1998