revista ped 2012 cemig

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    GUA,NA CEMIG, MAIS UMA FONTE DEENERGIA LIMPA E GRANDES NMEROS.Pensar no futuro fez da Cemig uma das maisfortes referncias no mercado mundial. Investindo

    no seu crescimento sustentvel, a Cemig hoje

    a maior empresa integrada do setor eltricobrasileiro. Com negcios em 23 estados brasileiros

    e no Chile, a Empresa ampliou suas participaes

    no setor eltrico, sendo ainda a terceira maior

    em gerao e transmisso e a maior em

    distribuio de energia no Brasil. Na Cemig,

    ampliar negcios investir cada vez mais

    em energias alternativas e compromissos

    renovveis com nossos investidores,

    a sociedade e o meio ambiente.

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    ndicendice

    PROJETOS ESTRATGICOS

    CHAMADAS DA ANEEL

    GESTO TECNOLGICA

    Caminhos do desenvolvimento

    Chamada 1

    Em busca da excelncia

    Metodologias avanadas Linha 1

    Operao diferenciada Linha 2

    Decises acertadas Linha 3

    Mudanas que geram melhorias Linha 4

    Modelo de auto desempenho Linha 5

    Chamada 3Calculadora a postos

    Chamada 5Transmisso em alta-tenso

    Chamada 6Por um fio

    Chamada 8Mudar preciso

    Chamada 10Usinas do Futuro

    Chamada 11

    Mais inteligncia na rede

    Chamada 13Energia vinda do sol

    Compartilhando o conhecimento

    7

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    ExpedienteExpediente

    Pesquisa e Desenvolvimento TecnolgicoInformativo do Programa de Gesto Estratgica de Tecnologia da Cemige dos Projetos de P&D Aneel

    Sede da Cemig, em

    Belo Horizonte

    Diretoria

    Diretor-Presidente:Djalma Bastos de Morais

    Diretor Vice-Presidente:Arlindo Porto Neto

    Diretor Comercial:Jos Raimundo Dias Fonseca

    Diretor de Distribuio e Comercializao:Jos Carlos de Mattos

    Diretor de Desenvolvimento de Negcios:Fernando Henrique Schuffner Neto

    Diretor de Finanas e Relaes com Investidores:Luiz Fernando Rolla

    Diretor de Gs:Fuad Jorge Noman Filho

    Diretor de Gesto Empresarial:Frederico Pacheco de Medeiros

    Diretor de Gerao e Transmisso:

    Luiz Henrique de Castro Carvalho

    Diretora Jurdica:Maria Celeste Morais Guimares

    Diretor de Relaes Institucionais e Comunicao:Luiz Henrique Michalick

    ImpressoDidtica Editora do Brasil

    Tiragem15 mil exemplares

    Foto de capaEugenio Paccelli

    Superintendncia de Tecnologia eAlternativas Energticas

    Alexandre Francisco Maia Bueno

    Editada pela Superintendncia deComunicao Empresarial

    Av. Barbacena, 1.200 - 19 andar - BeloHorizonte-MG - [email protected] -www.cemig.com.br

    Editor ResponsvelLuiz Henrique Michalick - Reg. N 2.211

    Coordenao de EdioElizeth Nunes da Silva

    EdioLicia Linhares e Fernanda Maria

    RevisoCludia Rezende

    Projeto Grfico editora!

    EditoraoPress Comunicao Empresarial

    Fotografia

    Eugenio Paccelli

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    EditorialEditorial

    UMA HISTRIA DE INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO

    Ao completar 60 anos, a Companhia Energtica de Minas Gerais Cemig se orgulhade promover, constantemente, a integrao do setor energtico com as empresasde desenvolvimento de tecnologia e a rea acadmica, por meio de seus projetosde Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Atravs de polticas e aes frente deseu tempo, fundamentais para o domnio nacional da tecnologia de gerao,transmisso e distribuio de energia eltrica, a Companhia sempre teve um papel

    fundamental na vanguarda tecnolgica do setor energtico brasileiro.

    Com isso, alcanamos o reconhecimento dos rgos reguladores, das demaisempresas do setor, de universidades e institutos de pesquisa e tambm dosconsumidores, principal razo dos investimentos em novas tecnologias.

    H quatro anos, dentro do novo marco regulatrio, a Agncia Nacional de EnergiaEltrica (Aneel) introduziu inovaes com a modernizao de seu Programa dePesquisa & Desenvolvimento, voltado para o setor energtico brasileiro. Com isso,os investimentos em P&D passaram a ser priorizados para os temas consideradosestratgicos, por meio das Chamadas de Projetos de P&D Estratgico. J so quase

    R$ 500 milhes investidos em 32 projetos de P&D, aprovados no mbito das 13chamadas de pesquisa j realizadas pela Aneel.

    Participar de forma ativa dessas chamadas a oportunidade que faltava para quea Cemig permanea na vanguarda do processo de evoluo tecnolgica do setorenergtico nacional.

    Um exemplo disso o Programa Brasileiro de Rede Eltrica Inteligente, no quala Cemig est executando um amplo estudo sobre a viabilidade e a aplicao datecnologia de smart grid ao sistema eltrico nacional. Nesse caso, o Brasil sequerapresenta atrasos tecnolgicos em relao a outros pases, mas precisamosconhecer como essa inovao pode se incorporar realidade brasileira, com suas

    necessidades e caractersticas peculiares. Mas h inmeros outros exemplos,como a pesquisa de linhas de transmisso de alta tenso em longas distncias,o desafio de superar os obstculos para interligao da gerao distribuda aosistema eltrico, a busca da melhoria no planejamento do desempenho da geraoe transmisso e na metodologia de definio de tarifas.

    Portanto, como os leitores podero perceber nesta stima edio da Revistade Pesquisa & Desenvolvimento, o Grupo Cemig, por meio de suas subsidiriasintegrais, controladas e coligadas, tem assumido uma posio de protagonistanesse novo momento do setor. Essa presena se baseia na crena, que norteou asaes da Cemig nessas seis dcadas: a de que os setores da Companhia, de formageral, representam para a Empresa o que ela representa para a sociedade, ou seja,

    ser uma ferramenta para o crescimento e o desenvolvimento de todos.

    Arlindo Porto NetoDiretor Vice-Presidente

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    Ricardo Guimares apoia

    o incentivo da Cemig

    para o desenvolvimento

    da cincia e da

    tecnologia em Minas.

    P R O J E T O S E S T R A T G I C O S

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    P R O J E T O S E S T R A T G I C O S

    Estar, em 2020, entre os dois maiores grupos

    de energia do Brasil, em valor de mercado, com

    presena relevante nas Amricas e lder mundial

    em sustentabilidade do setor . guiada por essa

    viso que a Cemig tem investido e estruturado a sua

    rea de pesquisa. Hoje, o Programa de Pesquisa e

    Desenvolvimento (P&D) do Grupo Cemig recebe

    investimentos anuais de R$ 70 milhes, nmero que

    comprova o seu vigor e sua importncia na construo

    do direcionamento estratgico do Grupo.

    Alinhado s diretrizes de crescimento empresarial e

    sustentabilidade, Alexandre Bueno, superintendente

    de Tecnologia e Alternativas Energticas, reitera o

    compromisso da Empresa de caminhar no sentido

    das energias limpas e renovveis. Trabalhamos no

    desenvolvimento da energia elica, solar e, tambm,na explorao do gs natural, que, apesar de ser um

    combustvel fssil, at duas vezes menos poluente

    do que o carvo, por exemplo, explica. Alm disso,

    tambm, apostamos na expanso da gerao de

    energia oriunda da biomassa, principalmente aquela

    vinda de forma residual, como o aproveitamento de

    gases de carvoaria e siderurgia.

    Participar de forma ativa das Chamadas de Projetos de

    P&D Estratgicosrealizadas pela Agncia Nacional de

    Energia Eltrica (Aneel), cujos projetos so voltadospara o desenvolvimento da rea energtica do pas,

    revela-se a oportunidade ideal para que a Cemig

    continue na vanguarda do processo de evoluo

    tecnolgica que tem beneficiado todo o setor. Das 13

    chamadas realizadas pela agncia desde 2008, 11 esto

    em andamento, estando a Cemig presente em 9. Essa

    participao se justifica pela nossa crena de que o

    programa de pesquisa deve agir como uma alavanca de

    sustentabilidade, crescimento e eficincia operacional,

    argumenta o superintendente.

    Nesta edio da Revista P&D, o leitor receber

    um panorama completo sobre o andamento e os

    resultados das Chamadas de P&D Estratgicos em que

    CAMINHOS DO DESENVOLVIMENTOPrograma de P&D da Cemig tem participao ativa nas Chamadas de Projetosde P&D Estratgicos realizadas pela Aneel

    Segundo Alexandre

    Bueno, a Cemig

    est presente em 9

    das 11 chamadas

    de Projetos de P&D

    Estratgico emandamento

    Chamadas de Projetos de P&D Estratgicos so editais publicados pelaAneel, convidando as empresas de energia eltrica a se pronunciaremquanto ao interesse em financiar/executar um projeto de P&DEstratgico. Projeto Estratgico aquele cujo tema ou escopo escolhido de grande relevncia para o setor de energia eltrica e apresenta,normalmente, elevada complexidade e grandes investimentos, o querequer a atuao conjunta e articulada de vrias empresas da rea ede instituies de pesquisa, alm do acompanhamento da Aneel e deentidades intervenientes. Nos editais, so apresentadas caractersticasdo projeto a ser proposto, tais como motivao, objetivos, premissas,resultados esperados e prazo de execuo. Alm disso, eles determinamcritrios para a participao, como designao de uma empresaproponente, entidades executoras e composio da equipe. A propostade projeto estratgico construda pela empresa interessada passa poruma avaliao inicial da agncia e, caso seja aprovada, sua execuo acompanhada por meio de reunies peridicas.

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    P R O J E T O S E S T R A T G I C O S

    O engajamento da Cemig ao

    liderar e participar de vrios

    projetos indiscutvel, diz

    Mximo Pompermayer

    a Cemig est presente. Dentre eles, AlexandreBueno destaca o da Chamada 10, sobre redes

    inteligentes, e o da Chamada 13, que trata

    de energia solar. Em ambos os temas, ns

    j atuvamos em iniciativas internas. Por

    isso, participar das chamadas que visam ao

    aperfeioamento dessas tecnologias foi um

    movimento natural, explica o superintendente.

    8

    CHAMADAS PARA O CRESCIMENTO

    Em 2008, quase 10 anos aps a sua criao, o

    programa de P&D regulado pela Aneel passou

    por uma importante reviso. At ento, os

    projetos aprovados eram aqueles que surgiam

    a partir de demandas e necessidades de

    instituies de pesquisa e empresas do setor

    energtico. Com a Resoluo Normativa

    n 316, foram definidos temas prioritrios

    e estratgicos para nortear as pesquisas,

    reduzindo, significativamente, a disperso dosinvestimentos realizados.

    Direcionamos recursos para projetos de

    maiores relevncia e contedo tecnolgico.

    Uma das consequncias dessa orientao

    foi o aumento substancial do valor mdio

    dos projetos, subindo de R$ 550 mil, na

    fase anterior, para cerca de R$ 2 milhes,

    atualmente, esclarece Mximo Pompermayer,

    superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento

    e Eficincia Energtica da Aneel. Para ele, o

    engajamento da Cemig ao liderar e participar

    de vrios projetos estratgicos indiscutvel.

    Na Chamada 13, por exemplo, alm de ser a

    proponente de um dos projetos aprovados, a

    Cemig j tinha se antecipado ao tema, com

    o projeto de Energia Solar Fotovoltaica, na

    cidade de Sete Lagoas, cujo escopo e modelo

    de implantao foram subsdios importantes

    para a elaborao da chamada pblica, observa

    Mximo. As 13 chamadas de pesquisa realizadas

    pela agncia desde 2008 deram origem a 32

    projetos, que permitiram investimentos da

    ordem de R$ 490 milhes em temas de grande

    importncia para o futuro do setor eltrico

    nacional.

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    Tratar um problema de alta complexidadede relevncia, que influencia nas decises deoperao de todas as usinas produtoras de energiano Brasil. Esse o desafio de cinco projetosestratgicos que contam com a colaboraodas diretorias de Gerao e Transmisso e deComercializao da Cemig, em parceria comorganizaes e institutos de pesquisa. O esforoconjunto e coordenado de vrias empresas dosetor de energia eltrica de entidades executorastem como objetivo desenvolver ferramentas para

    auxiliar a realizao do planejamento da operaoenergtica do Sistema Interligado Nacional (SIN),que abrange as regies Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte do Norte do pas, queainda caracterizada por sistemas isolados.

    Atualmente, o Operador Nacional do Sistema(ONS) emprega os softwares Newave (modelopara otimizao hidrotrmica para subsistemasequivalentes interligados) e Decomp (modelopara otimizao da operao de curto prazo combase em usinas individualizadas), desenvolvidospelo Centro de Pesquisas de Energia Eltrica(Cepel), para o clculo do despacho hidrotrmico,isto , a quantidade de energia necessria a serproduzida, em cada instante, pelas hidreltricas etermeltricas do SIN.

    Esse modelo, desenvolvido no final dos anos 1980,apresenta limitaes para acompanhar o padrotecnolgico atual. O racionamento de energiaocorrido em 2001 reforou a necessidade de se

    EM BUSCA DA EXCELNCIA

    Cemig participa das cinco linhas de pesquisa para a melhoria dossistemas que controlam o despacho hidrotrmico

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    repensar essas metodologias, propondomodelos de acordo com os anseios dasociedade e capazes de operar em temposde escassez ou abundncia energtica. Osprojetos de Pesquisa e Desenvolvimento(P&D) nessa rea so importantes paraviabilizar o atendimento ao mercado deenergia eltrica com menor custo possvel,com garantia de oferta energtica equalidade ambiental.

    Para alcanar esse objetivo, o sistemaprecisa considerar muitas variveis: adificuldade de prever a disponibilidade degua (afluncias futuras s usinas), queser somada ao estoque disponvel (volumearmazenado nos reservatrios), com ainterdependncia temporal (correlaoserial das vazes fluviais) e espacial (em

    relao operao das usinas hidreltricaslocalizadas em diversas regies); o tamanhoe a quantidade dos reservatrios de guaassociados s usinas; as restries ao usoda gua dos reservatrios para gerao

    de energia eltrica devido a outras atividades(uso mltiplo), como navegao, irrigao,saneamento, e as questes quanto s funesno lineares, como a produtividade das usinase a funo de custos das termeltricas, quetrazem dificuldades modelagem matemtica.

    De acordo com o Banco de Informaes deGerao da Agncia Nacional de EnergiaEltrica (Aneel), atualmente, existem 182usinas hidreltricasno pas, divididas entreaquelas com reservatrios e as conhecidascomo fio dgua, presentes em quatro regiesgeoeltricas. No entanto, a expectativa deque esse nmero cresa. Apenas em 2012, 11usinas hidreltricas esto sendo construdase outros 11 empreendimentos, outorgadosentre 1998 e 2012, ainda no tiveram as obras

    iniciadas. Existem, ainda, 424 pequenascentrais hidreltricas e 375 centrais geradorashidreltricas. Esse conjunto responsvel por65,72% da matriz eltrica brasileira.

    Nesse cenrio repleto de variveis, as opespara a operao no futuro so influenciadaspelas decises tomadas no presente. Almda possibilidade de aperfeioamento dosmodelos oficiais, os cinco projetos quecontam com a colaborao da Cemigbuscam novas abordagens e solues,permitindo aprimoramentos nos processosassociados ao planejamento e programaoeletroenergtica, atendendo ao mercado deenergia eltrica com menor custo possvele garantindo a oferta futura de recursosenergticos.

    Nas prximas pginas, ser possvel conhecermais sobre cada uma das linhas de pesquisa que

    viabilizam a implantao de novos sistemas.Para cada projeto, foi formado um ComitTcnico, com representantes de empresasproponentes e cooperadas (caso da Cemig) etambm de instituies executoras.

    Cemig investe em

    projetos de P&D que

    buscam otimizar a

    operao das usinas

    produtoras de energia

    no Brasil

    Quanto capacidadede regularizao, asusinas hidreltricas sodivididas em dois tipos:usinas com reservatriode acumulao, quepossuem capacidade deregularizar as vazesde um ms, um ano oumesmo de vrios anos,e usinas a fio dgua, ouseja, sem capacidadede regularizaoou com volumesuficiente somentepara regularizao dedescargas semanais oudirias.

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    da energia armazenada. Para o professorda UFJF, Andr Lus Marques Marcato, pormeio dessas novas tcnicas, conseguiremosobter resultados referentes ao planejamentooperacional de cada usina.

    A melhoria das tcnicas de otimizao para o

    despacho hidrotrmico vital para o sistemaeltrico brasileiro. Ele ir permitir o uso maiseficiente dos recursos disponveis, sinalizara melhor estratgia de investimentos e,

    METODOLOGIAS AVANADASProjeto cria plataforma computacional que servir como alternativa aoSIN para administrar com mais preciso os despachos hidrotrmicosnecessrios em mdio e longo prazos

    Para Henrique Braga,

    o desafio adequar a

    metodologia atual de

    distribuio de energia a

    um novo cenrio

    Em um pas de dimenses continentais como oBrasil, levar energia que apresente os mesmosnveis de qualidade em todos os estados dafederao um desafio grande. Para melhoraro planejamento do desempenho do sistema degerao e transmisso, est sendo propostauma metodologia de trabalho que possacomplementar a atual. Batizada de ProgramaoDinmica Estocstica (PDE) Fast Convex Hull,ela baseada em sistemas de energia integradoscom tcnicas inteligentes. Paralelamente, foiconstrudo um softwareque permitir a melhoriada gesto da distribuio dos blocos de energiaque so gerados por cada usina.

    Contando com a cooperao de 19 empresas,entre elas, a Cemig, o projeto tem comoproponente a Duke Energy International eGerao Paranapanema S/A e conta com aPontifcia Universidade Catlica do Rio deJaneiro (PUC Rio) e a Universidade Federal deJuiz de Fora (UFJF) como instituies executoras.O nosso maior desafio fazer com que ametodologia atual, definida h mais de trsdcadas, possa acompanhar um cenrio muito

    diferente, caracterizado por transformaeseconmicas e climticas, afirma HenriqueNunes Braga, da Gerncia de PlanejamentoEnergtico da Cemig.

    Com esse intuito, professores e alunos doprograma de ps-graduao em EngenhariaEltrica atacaram o desafio da otimizaodo sistema. A partir de uma tese de doutoradoorientada em conjunto pela PUC Rio e pelaUFJF, eles apresentaram a metodologia de PDE

    Fast Convex Hull,na qual possvel explorara questo por meio da reamostragem deestados e de modelos estatsticos, ideais paraa construo de cenrios artificiais de evoluo

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    ainda, definir o Preo de Liquidao dasDiferenas (PLD), impactando no valor dacadeia de suprimento de energia eltrica.Isso importante para avaliar e preversituaes como a que vivenciamos no incio de2008, quando houve a elevao do preo daenergia eltrica em algumas regies do pas,completa o professor da PUC Rio ReinaldoCastro Souza.

    NOVA FERRAMENTA

    Como produto final dessa linha de pesquisa,foi construda uma plataforma computacionalque cria exemplos de cenrios hidrolgicos,possibilitando, assim, o melhor planejamentoda operao nos horizontes de mdio elongo prazos. O sistema permite umaatuao mais pr-ativa dos agentes do SINe a proposio permanente de mudanas eaprimoramentos metodolgicos na cadeia demodelos computacionais, pontua o professor

    Reinaldo. Segundo ele, um ganho adicional dotrabalho foi o aumento da interao entre as

    empresas do setor e o meio acadmico. Issoajuda a melhorar a qualificao da formao demo de obra, observa.

    Nos ltimos anos, a anlise de risco nasoperaes comerciais realizadas pelos agentesde gerao passou a ser considerada commuito mais cuidado pelas empresas, e orisco est diretamente associado ao uso dosrecursos energticos resultante da deciso dodespacho hidrotrmico do SIN.

    Para Anderson Mitterhofer, gerente de Risco,Portflio & Crdito da Duke Energy, a iniciativa uma grande oportunidade oferecida ao setor.O programa uma ferramenta importantepara o desenvolvimento da indstria deenergia eltrica nacional, e o tema abordado um dos pontos principais do modeloimplantado, com impacto na operao dosistema eletroenergtico brasileiro e, tambm,no mercado, conclui. O estudo teve incio em

    janeiro de 2010 e foi concludo em dezembrode 2011.

    Reinaldo Souza acredita

    que a interao entre

    o meio acadmico e o

    setor de energia ajuda a

    qualificar a mo de obra

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    OPERAO DIFERENCIADAProjeto cria softwareque considera a produtividade detalhadade cada hidreltrica

    Criado como uma alternativa aos programasNewave e Decomp, utilizados oficialmenteno setor eltrico brasileiro, o softwareHydrolab prope uma nova maneira de operar

    as usinas. Esse programa de computadorrecebeu a implementao do modelo de

    Generalizaes

    devem ser

    evitadas na hora

    de representar as

    caractersticas das

    hidreltricas, pontua

    Jos Ricardo Mendes

    Otimizao do despacho hidrotrmico combase em nico cenrio futuro de vazes

    afluentes (cenrio previsto a partir da sriehistrica de vazes).

    Otimizao do despacho hidrotrmico com base em 200cenrios futuros de energias afluentes (vazes afluentes sotransformadas em energias afluentes devido agregaode usinas hidreltricas em subsistemas equivalentes).

    Otimizao do Despacho Interligado Nacional(Odin), constitudo de trs mdulos principais:otimizao do despacho hidrotrmico,simulao do despacho hidrotrmico e

    previso de vazes.

    O modelo apresenta uma proposta comusinas individualizadas, alimentadopor previso de vazes para a operaoenergtica de mdio prazo do SistemaInterligado Nacional (SIN), sendo umaalternativa ao modelo atual, que estocstico, equivalente e linearizadopor partes. Para avaliar o desempenhodo modelo Odin, foram realizados testes

    comparativos com os modelos em vigor,por meio da simulao no histrico devazes. Jos Ricardo Mendes, da Gerncia dePlanejamento Energtico da Cemig, explicaque o mdulo de otimizao desenvolvido,que ganhou o nome de Sinopt, baseia-se emmodelagem determinstica, individualizadae no linear. Esse tipo de abordagem podeser considerado mais adequado. No modeloatual, usinas hidreltricas so agregadaspara reduzir o nmero de variveis no

    processo de otimizao. Todavia, a agregao

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    implica a necessidade de simplificaesexpressivas na modelagem do problema,representando de forma imprecisa ascaractersticas operacionais das hidreltricase a interdependncia entre elas, explica JosRicardo.

    De acordo com Donato Filho, diretor deRegulao da EDP Bandeirante, a empresaoptou por ser a proponente no projeto devido vontade de contribuir para os processos

    de aperfeioamento das metodologias queinfluenciam na precificao da energia.Para qualquer atividade empresarial,incluindo a gerao e a comercializao deenergia, fundamental que o processo deformao de preos seja compreensvel,transparente e consistente, afirma. Apesarde reconhecer as qualidades do sistemaatual, Donato acredita que h sempre espaopara melhorias nos processos que envolvemmodelos computacionais. O projeto contou,

    ainda, com a Universidade Estadual deCampinas (Unicamp) como executora e coma cooperao de 18 companhias, entre elas, aCemig.

    Quantidade de energiaproduzida (em MW-mdios) por unidade devazo turbinada (emm/s), em uma usinahidreltrica.

    Para Donato Filho, o

    processo de definio

    de preos, em qualquersetor empresarial, deve

    ser trasparente

    INVESTIMENTO RECONHECIDO

    O trabalho revelou que o modelo estocstico,utilizado atualmente e que representaa incerteza das vazes afluentes futurasatravs de mltiplos cenrios hidrolgicos,no mais adequado que o modelodeterminstico proposto. Por outro lado, autilizao de uma metodologia no linear,em que a produtividadede cada hidreltrica varivel em relao vazo e ao nvel do

    reservatrio, mostrou-se mais eficiente,segundo os pesquisadores. A no linearidadee a no agregao permitem modelar maisdetalhadamente os parmetros do problema(caractersticas das hidreltricas, custos decombustvel das termeltricas e outros),representando de forma mais fidedigna arealidade fsica.

    Os pesquisadores, que comearam asatividades em dezembro de 2009 e

    finalizaram em janeiro de 2012, concluramque o otimizador do P&D forneceu polticasoperativas de mnimo custo, mas com

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    O Odin proporciona,

    entre outras vantagens,um clculo da gerao

    termeltrica mais estvel

    ao longo do tempo

    importantes diferenas em relao aosotimizadores oficiais. Ao contrrio doNewave, o Odin considera a sazonalidade dagerao hidreltrica de forma mais aderenteao mercado de energia, proporcionando umclculo da gerao termeltrica mais estvelao longo do tempo. Os nmeros fornecidospelo Odin permitiro tambm mantermaior quantidade de gua armazenadanos reservatrios, com um custo menor emais estvel, considerando o horizonte deplanejamento.

    O professor Secundino Soares Filho, daUnicamp, afirma que a parceria com asempresas financiadoras (proponentes ecooperadas) foi fundamental para viabilizaro projeto. Ele explica que, em alguns testesde comparao com o modelo atual, aproposta resultou em uma reduo de 7,5%no custo esperado de operao, aumentode 26% na energia armazenada final,

    reduo de 10% no valor esperado do customarginal de operao (CMO) e de 30% nasua volatilidade. Alm disso, o modeloOdin proporcionou expressiva diminuiode risco e de profundidade de deficit que

    indica a probabilidade da ocorrncia defalta de energia. Na comparao com omodelo Decomp para o Programa Mensalde Operao Eletroenergtica (PMO)de setembro de 2011, por exemplo, foiobservada maior estabilidade no CMO,explica.

    O trabalho foi premiado em primeiro lugarno Congresso de Inovao Tecnolgica emEnergia Eltrica (Citenel), realizado em

    agosto de 2011, em Fortaleza (CE). Essaconquista consolida o sucesso do projeto,que se deve, em grande parte, participaodas empresas cooperadas, com importanteatuao da Cemig, observa Donato. Oestudo traz como inovao uma metodologiadiferenciada e transparente para o despachohidrotrmico do SIN, com operao maiseconmica e segura, alm de uma alternativapara a formao de preos mais estveise benefcios de comercializao. Isso tudo

    feito com a integrao das ferramentasde previso, otimizao e simulao,interfaces amigveis de comunicao com ousurio e menor tempo de processamentocomputacional, conclui Jos Ricardo.

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    C H A M A D A 1

    DECISES ACERTADASSoftware criado para a melhoria dos despachos hidrotrmicosaposta em interface amigvel e sistema de suporte deciso

    Seguindo o exemplo dos demais softwares

    desenvolvidos a partir da Chamada Pblica

    01/2008 da Aneel, o Sistema de Suporte

    Deciso (SSD Hidroterm) tambm investe

    em uma abordagem individualizada da

    produo das usinas. Contudo, a proposta

    inova ao investir na criao de uma tcnica

    de otimizao aplicada ao planejamento da

    operao energtica de mdio prazo do Sistema

    Interligado Nacional (SIN).

    Os resultados parciais demonstram a

    viabilidade da metodologia proposta, j que

    utiliza uma plataforma computacional moderna,

    com recursos que a caracterizam como um

    Sistema de Suporte Deciso, com interfaceamigvel e gerenciamento de banco de dados,

    A operao da

    usina hidreltrica de

    Trs Marias poder

    ser beneficiada

    pelo trabalho feito

    pela Cemig, em

    parceria com outrasinstituies

    afirma Paulo Barbosa, professor da Universidade

    Estadual de Campinas (Unicamp).

    Os pesquisadores esto desenvolvendo

    um ambiente computacional com recursosmodernos de banco de dados e interface

    com o usurio, permitindo a obteno de

    variveis relevantes para o planejamento

    hidrotrmico e a definio do custo operativo

    dos subsistemas. O projeto, que comeou em

    setembro de 2010 e ainda est em andamento,

    ser aplicado no planejamento da operao do

    conjunto de usinas trmicas e hidrulicas do

    SIN, considerando os limites de intercmbio

    entre os subsistemas e outras restries

    tpicas da operao de curto e mdio prazos.A expectativa de que, ao final do projeto, o

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    C H A M A D A 1

    resultado caracterize um sistema computacionalrobusto, focado no planejamento da operao

    do sistema hidrotrmico brasileiro, no horizonte

    de mdio prazo, alternativo ao modelo atual,

    acredita Paulo Barbosa.

    Nessa linha, a empresa proponente foi a

    Companhia Energtica de So Paulo (Cesp), com

    a cooperao de 17 empresas, e tendo como

    executora a Fundao para o Desenvolvimento

    Tecnolgico da Engenharia FDTE (USP/

    Unicamp). As etapas so desenvolvidas deforma cooperativa, evitando, ao mesmo

    tempo, redundncias e lacunas. Outro objetivo

    estabelecer um amplo dilogo com os

    agentes do setor eltrico brasileiro, para que

    sejam incorporados no modelo os anseios

    da comunidade tcnica, com a realizao de

    workshopse cursos abertos aos tcnicos das

    empresas cooperadas e demais entidades

    interessadas nos temas.

    CONTRIBUINDO PARA AAMPLIAO DO SISTEMA

    Segundo Ronei Neves, da Gerncia de

    Planejamento Energtico da Cemig, a

    complexidade do SIN se deve ao porte e pela

    extenso geogrfica das usinas hidreltricas,

    alm do fato de estar em constante expanso.

    Os desafios apresentados para o projeto so,

    em curto prazo, contribuir com uma nova

    metodologia para um bom nvel de equilbrio

    entre o custo operativo e a segurana do

    abastecimento; em mdio prazo, subsidiar

    as decises de expanso do sistema, com

    qualidade ambiental, explica Ronei. Como

    benefcios, a proposta traz a possibilidade de

    se ter resultados de otimizao por usinas e

    poder compar-los com os modelos oficiais

    utilizados pelo SIN, analisando, principalmente,

    a volatilidade que ocorre nos preos de curto

    prazo. Para ilustrar isso, a movimentao anual

    na Cmara de Comercializao de Energia

    Eltrica (CCEE) gira em torno de R$ 2 bilhes.

    Considerando que 10% desse montanteUm dos desafios subsidiar as decises de expanso do

    sistema com qualidade ambiental, afirma Ronei Neves

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    C H A M A D A 1

    tm origem na volatilidade dos preos, ou

    seja, cerca de R$ 200 milhes, caso esse

    novo modelo indique outros resultados, as

    empresas devero propor aperfeioamentos

    nos modelos oficiais existentes, para obter

    mais coerncia e economia na operao.

    Lus Fernando Nogueira, gerente da Diviso de

    Planejamento Energtico e Programao da

    Produo da Cesp, explica que a organizao

    do setor se tornaria invivel sem o apoio

    de ferramentas computacionais robustas e

    confiveis. Todo o planejamento eltrico

    e energtico brasileiro est calcado em

    programas especialmente desenvolvidos

    para tratar os mais diversos insumos, da

    a importncia de participar de projetos

    como esse. A consolidao do ambiente

    de comercializao de energia somente foi

    possvel devido implantao de sistemas

    especialistas e sobre as bases dos modelos de

    otimizao hidrotrmica, explica.

    Historicamente, os modelos de melhoria,

    simulao e previso tiveram suas

    implementaes associadas evoluo

    da capacidade de processamento dos

    computadores. Com a regulamentao

    relacionada P&D no Brasil, nos anos 2000,

    criaram-se novas fronteiras para a pesquisa,

    e a Agncia Nacional de Energia Eltrica

    (Aneel) promoveu chamadas pblicas, dando

    preferncia a projetos cooperativos e permitindoimportantes aprimoramentos nos processos

    associados ao planejamento e programao

    eletroenergtica. exatamente nesse contexto

    que a Cesp se insere, considerando o arranjo

    de projeto cooperado como um elemento

    viabilizador dos estudos, em funo de suas

    dimenses, pontua o gerente.

    No caso da linha 3, em que somos proponentes,

    esperamos que as metodologias propostas

    sejam citadas futuramente como as bases para

    novos modelos que contenham apelo tcnico e

    transparncia, conclui Lus Fernando.

    Lus Fernando

    destaca o apoio da

    tecnologia para o

    desenvolvimento dos

    projetos

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    C H A M A D A 1

    MUDANAS QUE GERAM MELHORIASPlataforma criada para agir como suporte metodologia atual

    Fazer uma operao sombra ao modelo

    Newave e aplicar melhorias em mdulosespecficos. dessa forma que os

    pesquisadores definem a plataforma

    computacional que est sendo criada pela

    Fundao de Ensino e Engenharia de Santa

    Catarina (Feesc/UFSC), com a cooperao

    de 18 empresas, e que conta com a Tractebel

    como proponente. O foco a construo

    de uma ferramenta de alto desempenho

    que permita a determinao da poltica de

    operao do Sistema Interligado Nacional

    (SIN), em um horizonte de mdio prazo.

    Alosio Chaves de Carvalho, da Gerncia de

    Planejamento Energtico da Cemig, explica

    que, alm do Newave, o Operador Nacional de

    Sistema (ONS) utiliza o Decomp (modelo paraotimizao da operao de curto prazo com

    base em usinas individualizadas), acoplado ao

    modelo Newave, que informa o custo marginal

    de operao, parmetro mais importante para o

    clculo do preo da energia do mercado de curto

    prazo. Pela falta de acesso ao cdigo fonte,

    os modelos tm sofrido crticas. O projeto tem

    o objetivo de fazer uma rplica do Newave e

    propor melhorias, explica Alosio.

    Para ele, o modelo proposto destaca-se,ainda, pelo fato de estar sendo construdo com

    cdigos de programao abertos. Os agentes

    conhecero no somente os resultados, mas

    20

    Usina hidreltrica

    de So Simo

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    C H A M A D A 1

    tambm o que est dentro do cdigo. Dessa

    forma, aumenta-se a probabilidade de soluo

    de problemas e de novas implementaes, diz.

    Erlon Finardi, coordenador do projeto e

    professor no Laboratrio de Planejamento

    de Sistemas de Energia Eltrica (LabPlan), daUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

    explica que, como resultado final do projeto, ser

    entregue um modelo que permite ao usurio

    avaliar os diversos avanos discutidos ao longo das

    pesquisas. Alm de realizarmos o desenvolvimento

    tcnico do projeto, vale destacar que a equipe contou

    com a participao de dois consultores internacionais:

    os professores Andrew B. Philpott, da Universidade

    de Auckland, da Nova Zelndia, e Tito Homem-de-

    Mello, da Universidade Adolfo Ibaez, do Chile. Comoresultados cientficos, destacam-se a publicao de

    um artigo em revista tcnica e a participao em trs

    congressos internacionais, conclui Finardi.

    21

    O modelo proposto

    aumenta a possibilidade

    de soluo de

    problemas e de novas

    implementaes,

    segundo Alosio de

    Carvalho

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    Ao rever totalmente a metodologia dos procedimentos

    de planejamento de operao utilizados atualmente,

    o projeto prope o desenvolvimento de um modelocomputacional de otimizao do despacho hidrotrmico

    de usinas individualizadas, com horizonte de mdio

    prazo e que considere, de maneira detalhada, as

    equaes regentes e as restries do problema. A Copel

    Geraco e Transmisso atua como proponente do

    trabalho, cuja execuo est sob a responsabilidade da

    Universidade Federal do Paran e da Lactec.

    Iniciada em abril de 2010, a pesquisa possui forte

    potencial inovador, uma vez que as premissas e tcnicas

    adotadas sero revistas sob a ptica da conjunturaatual do setor eltrico brasileiro, do aprimoramento

    das tcnicas de otimizao e do barateamento da

    capacidade de processamento computacional. Essa

    abordagem caracteriza-se por enfatizar a incerteza das

    vazes futuras no planejamento da operao do Sistema

    Interligado Nacional (SIN).

    O gerente geral do projeto, Mrcio Bloot, da Copel,

    explica que a ideia do desenvolvimento de um modelo

    de planejamento energtico diferente do atual

    antiga entre os profissionais da empresa. Ele conta

    que, quando houve a publicao da chamada para

    esse tema, j havia na empresa as premissas do que

    acreditavam ser o caminho para uma linha de pesquisa

    MODELO DE ALTO DESEMPENHO

    Projeto prope a criao de programa computacional que alieagilidade e confiabilidade

    22

    Para proporsolues adequadas,

    Grazziano Motteran

    defende que preciso

    enxergar os detalhes

    C H A M A D A 1

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    C H A M A D A 1

    BENEFCIOS PARA TODOS

    O modelo em desenvolvimento

    rev toda a abordagem de gerao

    de sries sintticas de afluncias

    sob uma perspectiva nova. O

    pacote computacional roda em um

    ambiente de alto desempenho.

    Logo, todo o setor eltrico beneficia-se desses estudos, o que vem sendo

    comprovado por meio do interesse

    demonstrado por instituies do

    setor, como o Operador Nacional

    do Sistema (ONS), a Cmara de

    Comercializao de Energia Eltrica

    (CCEE), a Empresa de Pesquisa

    Energtica (EPE) e a prpria Aneel,

    entre outros, conclui o engenheiro

    Marcelo Rodrigues Bessa, da Lactec.

    alternativa ao paradigma atual. Dessaabordagem, resultaram muitas vantagens

    para a Copel e para a gerao de energia no

    pas, tais como o treinamento e a atualizao

    de tcnicos das empresas em novos mtodos

    de otimizao, a apresentao academia

    dos problemas enfrentados no planejamento

    energtico nacional e a pesquisa resultante, que

    certamente mudar a forma de pensarmos o

    setor, conta.

    23

    Marcelo Bessa ressalta

    o envolvimento das

    instituies do setor

    energtico no projeto

    C H A M A D A 1

    Grazziano Motteran, da Gerncia dePlanejamento Energtico da Cemig, explica

    que o modelo usado atualmente faz muitas

    simplificaes do sistema energtico. O

    modelo atual agrega as usinas existentes em

    determinadas regies em uma grande usina. Essa

    tcnica simplifica bastante o problema e viabiliza

    uma soluo em um tempo aceitvel. Em

    contrapartida, surgem imperfeies no momento

    de indicar a produo energtica ideal de cada

    usina, justamente por no conseguir enxergar os

    detalhes de cada uma delas, explica. Grazzianoacrescenta que desenvolver uma soluo que

    permita otimizar o despacho hidrotrmico

    individualizado por usina, com a incerteza das

    vazes, um trabalho de alta complexidade

    e, consequentemente, tem elevado custo

    computacional. Para garantir que o modelo

    tenha um tempo de execuo vivel, ele ser

    desenvolvido em clustersde computadores e

    implementado sob as premissas da computao

    de alto desempenho.

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    C H A M A D A 3

    A alocao dos custos de transmisso no setor

    de energia eltrica necessita de uma profunda

    reflexo. Por um lado, o mtodo de tarifao

    deve promover a competio e fornecer uma

    estrutura de encargos simples, transparente ecom grau razovel de previsibilidade. Por outro,

    ele deve ser capaz de originar a eficincia no

    uso, a operao e a expanso das redes. Priorizar

    CALCULADORA A POSTOSEstudo quer tornar mais eficiente e preciso o clculo das tarifasreferentes transmisso de energia eltrica

    alguns desses quesitos em detrimento dos

    demais d origem a diferentes sistemticas de

    tarifao, o que faz com que cada pas tenha sua

    prpria metodologia.

    Diante desse cenrio controverso, surge a

    necessidade de se estudar qual a Metodologia

    para Alocao dos Custos do Sistema de

    Transmisso mais adequada ao modelo

    energtico brasileiro. Ao longo de 21 meses,

    de janeiro de 2010 a setembro de 2011, foram

    gerados oito relatrios, analisados e aprovados

    por todas as empresas participantes. Entre elas a

    Cemig, a Duke Energy (proponente) e a Andrade

    & Canelas Consultoria e Engenharia. No mbito

    acadmico, a contribuio veio da Universidade

    Federal de Juiz de Fora (UFJF).

    O estudo considerou questes fundamentais,

    como a utilizao do despacho proporcional

    no Brasil; o uso de valores de potncia

    despachada; a capacidade instalada no clculo

    das parcelas locacionais; o selo e os encargos

    das interligaes; os diferentes modelos

    para a eliminao de alocaes negativas; a

    avaliao de tarifas em um despacho alternativo,denominado Norte-Nordeste Importador.

    Ao todo, ocorreram trs encontros com a

    Agncia Nacional de Energia Eltrica (Aneel). No

    primeiro, em dezembro de 2009, detalhamos

    todos os objetivos e o escopo do estudo, conta

    o engenheiro de Planejamento do Sistema

    Eltrico da Cemig, Aelton Marques de Faria. O

    segundo, marcado para agosto de 2010, teve

    o intuito de avaliar o andamento do trabalho.

    No terceiro e ltimo, em setembro de 2011, foiapresentado o relatrio final.

    Aelton de Faria

    destaca que o mais

    importante resultado

    do estudo foi o

    desenvolvimento deum programa capaz

    de realizar o clculo

    de tarifas nodais de

    transmisso

    24

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    C H A M A D A 3

    FRUTO DO TRABALHO

    O principal resultado do projeto foi o

    desenvolvimento de um programa prottipo

    no comercial (Tust) capaz de realizar o clculo

    de tarifas nodais de transmisso para o Sistema

    Interligado Nacional (SIN), sendo que foram

    estudados casos do ciclo 2007-2008 e 2011-

    2012. O programa computacional foi escrito,

    inicialmente, para aplicao em sistemas de

    pequeno porte. A verso final, com capacidade

    para simulao do SIN, foi feita em linguagemC++ e faz parte do escopo do projeto.

    A gesto do projeto, a cargo da Duke Energy,

    junto s outras empresas participantes,

    desenvolveu uma metodologia que permite

    utilizar qualquer despacho de gerao para o

    clculo da tarifa, pois ela sensvel s variaes.

    O novo programa fornece, separadamente, as

    componentes locacionais e o selo da tarifa de

    transmisso de cada ponto da rede, tornando

    possvel aos agentes saberem quanto pagam pela

    capacidade utilizada e pela no utilizada.

    A metodologia Tust mostrou-se robusta sob

    o ponto de vista eltrico e flexvel em relao

    tarifao. A utilizao efetiva da rede de

    transmisso capturada de forma transparente

    pela tarifa locacional, bem como sua capacidade

    disponvel por meio da parcela selo. Os encargos

    relativos s interligaes podem ser tratados sem

    a necessidade de se impor condies de despachoespecficas, por meio da seleo de critrio

    especfico de clculo.

    A expanso da rede eltrica brasileira, com a

    adio de novas linhas de interligao (diminuio

    das distncias eltricas) e a redefinio dos

    despachos bsicos correspondentes (aumento

    dos montantes de potncia), determinar o

    novo posicionamento da referncia virtual e,

    consequentemente, as novas tarifas nodais,

    explica Aelton. O projeto desenvolvido e aflexibilidade oferecida pelo novo programa

    podero auxiliar a Aneel na proposta de

    aprimoramento da aplicao da Tust.

    A expanso da rede eltrica e a

    redefinio dos despachos bsicos

    determinaro o novo posicionamento da

    referncia virtual

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    C H A M A D A 5

    26

    Criar as bases para a transmisso de energia

    eltrica um dos grandes desafios para o

    Brasil nos prximos anos. Dados da Empresa

    de Pesquisa Energtica (EPE) mostram que

    o consumo nacional registrou crescimento

    de 7,8% em 2010 em comparao a 2009. A

    previso de que, at 2020, o pas necessite

    aumentar em cerca de 50% sua capacidade de

    gerao e transmisso de energia.

    Para proporcionar o crescimento adequadodo sistema de transmisso, preciso investir

    em modernas tcnicas, equipamentos e

    instalaes capazes de transmitir a energia de

    forma integrada, sustentvel e rentvel. Por

    isso, a Cemig, ao lado de parceiros, examinou

    quais so as melhores Alternativas no

    Convencionais para a Transmisso de Energia

    Eltrica em Longas Distncias.

    Sob a coordenao da Eletrobras Eletronorte,

    a pesquisa foi desenvolvida em parceria entreCemig GT, Eletrobras Furnas, Companhia

    de Transmisso de Energia Eltrica Paulista

    (CTEEP) e Empresa Amazonense de

    Transmisso de Energia (Eate) empresa

    do Grupo Cemig. Foram contratadas para o

    desenvolvimento do projeto a Universidade de

    So Paulo (USP), por meio da Fundao para o

    Desenvolvimento Tecnolgico da Engenharia

    (FDTE), e a Universidade Federal do Rio de

    Janeiro (UFRJ), com o apoio da Fundao

    Coordenao de Projetos, Pesquisas e Estudos

    Tecnolgicos (Coppetec).

    Alternativas no convencionais so todas

    aquelas que, hoje, no Brasil, no existem ouesto em carter experimental em universidades

    e laboratrios. Cada uma delas foi avaliada

    sob o prisma de vrios quesitos, incluindo

    o desempenho e a viabilidade econmica,

    esclarece Sebastio Vidigal Fernandes Jnior, da

    Gerncia de Planejamento Eltrico da Cemig.

    Foram estudadas as seguintes alternativas:

    Corrente Contnua (CC) de 800 kV e Corrente

    Alternada (CA) de 1000 kV; Sistemas Flexveis

    em CA (Facts); Conversores de CA - Corrente

    Contnua (CC); Fonte de Corrente e de Tenso;CC em Multiterminais; Meia Onda; Via Cabos;

    Sistemas Multifsicos; Supercondutores de Alta

    Temperatura; Linhas Isoladas a Gs; e Clulas de

    Hidrognio.

    TRANSMISSO EM ALTA TENSO

    Transmisso de energia eltrica condio estrutural fundamentalpara o crescimento do Brasil

    C H A M A D A 5

    Sebastio Vidigal:

    alternativas no

    convencionais so

    aquelas que, hoje, no

    Brasil, no existem

    ou esto em carter

    experimental

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    C H A M A D A 5

    NOVO POLO ENERGTICO

    Com grandes bacias hidrogrficas e

    terrenos inexplorados, a Amaznia

    apresenta grande potencial hidrulico.

    Por estar distante cerca de 2.500

    km da regio Sudeste e 2.000 km da

    regio Nordeste, pontos de maiores

    concentraes de consumo do

    pas, exige o estudo das melhores

    alternativas para a transmisso de

    energia eltrica a longas distncias.Nos prximos anos, novas hidreltricas

    de grande porte sero construdas na

    regio amaznica e levaro energia

    eltrica para, praticamente, todas as

    regies do pas.

    RESULTADOS SIGNIFICATIVOS

    A tecnologia de CC para transmisso a longa

    distncia se apresentou como a mais competitiva

    em termos econmicos, tcnicos e comparativos.

    No Brasil, ela existe at 600 kV, como nos moldes

    da Usina de Itaipu. Foi estudada a aplicao em

    800 kV, assim como a CA em 1000 kV, que so no

    convencionais para mercado nacional, mas j so

    concebidas em outros pases, como China e ndia.

    A CC multi-terminais pode ser uma opo futura

    para certas aplicaes.

    Outra concluso se refere transmisso em

    CA, que alcanou um custo entre 20% e 30%

    maior que a CC. No Brasil, o no convencional

    qualquer valor acima de 750 kV. A transmisso

    CA em 1000 kV, apesar de ser mais onerosa, em

    aplicaes especficas, pode ser estratgica em

    malhas de integrao regionais e em eixos de alta

    capacidade (supergrid) e, por isso, no deve ser

    descartada.

    A transmisso Via Cabos a supercondutores

    ou a gs apresenta tambm um investimento

    muito elevado, mas tende a adquirir importncia

    cada vez maior, tendo em vista que as cargas

    eltricas tm aumentado com o crescimento

    urbano. A Meia Onda e a Multifsica mostraram

    que no so, no momento, aplicveis, seja por

    uma questo de custo ou seja por dificuldades

    operativa e tecnolgica.

    A tecnologia de produo de hidrognio se

    mostra interessante, apesar de seu alto custo,

    principalmente, quando no houver forma de

    armazenar energia. Os resultados devem ser

    avaliados daqui trs a quatro anos, visto que sua

    influncia abrange iniciativas de longo prazo

    em funo da maturao de novas aplicaes,

    esclarece o gerente do projeto, Geraldo Nicola,

    engenheiro de Projeto e Construo na Eletrobras

    Eletronorte. Destaca-se, ainda, a tendncia de

    adotar novos equipamentos, como conversoresde VSC e back to back, o semicondutor IGBT e o

    transformador com o supercondutor.

    PERSPECTIVAS

    O projeto est em fase de concluso. Ele

    foi iniciado em julho de 2010. A iniciativa

    ofereceu a oportunidade s entidades de

    pesquisas de realizar um intenso estudo do

    estado da arte das transmisses de energia

    no mundo, especialmente onde esto sendo

    construdos os sistemas mais modernos,

    analisa o coordenador do projeto, Jos Jardini,

    pesquisador da USP. No incio de 2012, os

    resultados da pesquisa foram apresentados emBraslia (DF). No ms de abril, os representantes

    das empresas e universidades visitaram

    Rssia, China e ndia pases de referncia na

    transmisso de energia eltrica a longa distncia

    , para consolidar as anlises realizadas durante

    o projeto de pesquisa.

  • 7/22/2019 Revista Ped 2012 Cemig

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    C H A M A D A 6

    POR UM FIO

    Tecnologia de cabos supercondutores promete revolucionar a

    transmisso e a distribuio energtica no pas

    A busca por tecnologias que aprimorem a gerao, a

    transmisso e a distribuio de energia no Brasil est

    ganhando fora. O setor produtivo e a comunidade

    cientfica esto trabalhando de forma cada vez mais

    prxima e sinrgica para equacionar as demandas

    crescentes do setor eltrico nacional. Um exemplo

    o projeto de P&D do Supercabo, desenvolvido pela

    Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

    em parceria com a Cemig, a Companhia de Transmisso

    de Energia Eltrica Paulista (CTEEP), a Transmissora

    Aliana de Energia Eltrica S.A. (Taesa) e as Transmissoras

    Brasileiras de Energia (TBE).

    Desde 2004, os pesquisadores do Laboratrio de

    Materiais e Dispositivos Supercondutores (LMDS) da

    UFRRJ pesquisavam o conceito de supercondutividade

    aplicado a sistemas eltricos de potncia. Em 2008,

    iniciou-se o contato entre a Cemig e os pesquisadores

    da instituio de ensino, visando ao desenvolvimento de

    um projeto de P&D sobre o tema. Uma das principaisvantagens da transmisso e da distribuio por meio

    de supercondutores a possibilidade que o material

    oferece de transportar grandes blocos de energia sem

    qualquer perda, aponta Carlos Alexandre do Nascimento,

    28

    Carlos Alexandre mostra

    um exemplo do super cabo

    engenheiro de Tecnologia e Normalizao da Cemig e

    gerente do projeto.

    O surgimento da chamada pblica 06/2008-2010 da

    Aneel, que tratava justamente da aplicao de novas

    tecnologias a sistemas de transmisso, revelou-se uma

    tima oportunidade para levar adiante o trabalho, com a

    possibilidade de dividir custos, riscos e virtualidades com

    outras empresas. O desafio grande, mas o esforo vlido. Esse assunto ir mexer com todo o setor eltrico,

    quebrando paradigmas, acredita Eden Carvalho Jnior,

    gerente do programa de P&D da TBE. Com a sua fase

    de estudos e planejamento finalizada em 2011, o projeto

    entra agora em seu perodo de execuo, com um prazo

    total de quatro anos para a concluso.

    Os primeiros passos so: desenvolver uma metodologia

    computacional de tratamento das propriedades desses

    materiais e atualizar a infraestrutura do LMDS da UFRRJ,

    para criar condies ideais para a implantao de umncleo integrado para pesquisas mais amplas, na rea de

    materiais eltricos e supercondutores aplicados ao setor

    eltrico. Paralelamente, vamos construir um segmento

    de cinco metros de cabo supercondutor, que ser aplicado

  • 7/22/2019 Revista Ped 2012 Cemig

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    C H A M A D A 6

    a uma instalao de 69 kV da Cemig. Da a razo debatizarmos o trabalho de Supercabo, explica Carlos

    Alexandre. Maureen Fitzgibbon Pereira, coordenadora

    do projeto na CTEEP, ressalta as qualidades da equipe

    da UFRRJ. Para ns, a parceria com a universidade ,

    tambm, uma tima oportunidade de aprendizado.

    O alto grau de comprometimento e a competncia

    da instituio, no que diz respeito ao assunto, so

    incontestveis, avalia.

    DESCOBERTA CENTENRIA

    A propriedade fsica da supercondutividade foi

    descoberta em 1911, pelo pesquisador holands

    Heike Kamerlingh Onnes. Em seus estudos, ele

    observou que certos materiais conduzem correntes

    eltricas sem resistncia ou perdas quando so

    resfriados a temperaturas extremamente baixas. O

    sistema a ser desenvolvido ser composto por um

    material cermico resfriado por nitrognio lquido,

    cuja temperatura operacional prxima de 2000C

    negativos. Segundo Gliender Mendona, coordenador

    do Departamento Regulatrio e Institucional egerente dos programas de P&D da Taesa, o projeto

    possui grande importncia estratgica para o pas.

    29

    Marcelo Naves

    acredita na fora

    da parceria entre o

    meio acadmico e as

    empresas

    Alm de contribuir para o crescimento sustentvelda nossa matriz energtica, ele permitir o domnio

    nacional da tecnologia de cabos supercondutores,

    argumenta.

    Visualmente, no h diferenas externas detectveis

    entre o cabo convencional e o Supercabo. Entretanto,

    a sua capacidade de transmisso e distribuio de

    energia resultar em uma queda drstica na quantidade

    de redes eltricas. Um nico Supercabo pode

    substituir at dez cabos convencionais, j que possui

    nveis de potncia muito superiores. Sua aplicaoreduzir o adensamento de circuitos, to problemtico

    nos grandes centros, observa o professor Marcelo

    Neves, coordenador do projeto na UFRRJ.

    Ele afirma, ainda, que a parceria firmada entre o meio

    acadmico e as empresas ser fundamental para que a

    tecnologia dos cabos supercondutores se consolide e

    seja disseminada com confiana no setor eltrico. Por

    se tratar de organizaes com reconhecida competncia

    em P&D, teremos a garantia de um financiamento

    robusto e ininterrupto, alm da participao de umcorpo tcnico qualificado, avalia. O custo total do

    projeto est orado em R$ 13 milhes.

  • 7/22/2019 Revista Ped 2012 Cemig

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    C H A M A D A 8

    MUDAR PRECISOEstudo prope nova metodologia de estrutura tarifriacondizente com o atual arranjo do setor eltrico brasileiro

    Desenvolvido na dcada de 1980 pelo

    Departamento Nacional de guas (Dnaee)

    e pela Eletrobras, o modelo de estrutura

    tarifria para a distribuio de energia eltrica

    se manteve praticamente inalterado por 30

    anos. A metodologia criada quela poca

    foi um importante marco, sendo, inclusive,

    conhecida como a Nova Tarifa de Energia

    Eltrica. Contudo, de l para c, as adaptaes

    promovidas no acompanharam o ritmo

    de transformaes no setor eltrico, que

    exigem a reviso da metodologia e uma nova

    proposta para a estrutura tarifria. Isto , para

    a diferenciao das tarifas de energia eltrica

    por conjunto de usurios por hora e por nvel de

    tenso.

    A desverticalizao do segmento,

    transformando-o em quatro negcios

    diferenciados Distribuio, Transmisso,

    Comercializao e Gerao ,a migrao do

    regime de custo do servio para o de regulao

    por incentivos, a demanda por modernizao e

    simplificao dos instrumentos metodolgicos

    e a necessria eficcia dos sinais econmicos

    das tarifas de distribuio de energia eltrica

    so alguns dos quesitos que motivaram uma

    nova configurao estrutura tarifria. Os

    sinais econmicos passaram a ficar distorcidos,

    prejudicando tanto as distribuidoras quanto os

    consumidores e a sociedade.

    Da, a grande motivao de empreender o

    projeto Metodologia para Estabelecimento de

    Estrutura Tarifria para Servio de Distribuio

    de Energia Eltrica. Esse estudo estratgico

    teve uma receptividade muito grande dasdistribuidoras, uma vez que a estrutura tarifria

    vigente est desatualizada, levando a diversos

    malefcios para as distribuidoras e os usurios,

    frisa Anglica Tozatto Baptista, da Gerncia de

    Tarifas da Cemig.

    30

    As linhas de pesquisa

    incluram avaliao

    da estrutura tarifria

    vigente, prospecode novas tecnologias

    de medio e

    controle de consumo

    e resultaram em

    publicaes sobre o

    assunto

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    C H A M A D A 8

    DO INCIO AO FIM

    O projeto trabalhou, paralelamente, com vrias

    linhas de pesquisa, que foram: estudar o estado

    da arte dos modelos e tcnicas mundialmente

    aplicados; avaliar a estrutura tarifria vigente,

    identificando os sinais econmicos distorcidos;

    elaborar proposta tarifria que inclui novos

    postos e modalidades tarifrias; prospectar

    novas tecnologias de medio e controle do

    consumo de energia.

    O encerramento das atividades ocorreu

    em novembro de 2011. Alm dos relatrios

    entregues Agncia Nacional de Energia

    Eltrica (Aneel), com os resultados e as

    concluses, o trabalho gerou a publicao

    de trs livros, e houve a participao ativa

    dos pesquisadores no processo de Audincia

    Pblica 120/2010-Aneel, que atualizou

    a metodologia de estrutura tarifria das

    distribuidoras. Ao lado da Cemig, tambm

    participaram do projeto as empresas

    Elektro como proponente da iniciativa;

    Grupo AES; Grupo CPFL; Ampla; Light;

    Bandeirante; Escelsa; CEEE; Coelba; Cosern;

    Celpe; Cemar; Ceal; CEB; Cemat; Celpa;

    Copel; Grupo Energisa; e Chesp. Ao todo,

    foram 31 distribuidoras de energia eltrica,

    entre privadas e estatais, que representam

    16 grupos econmicos, que concentram

    aproximadamente 85% do mercado brasileiro

    de distribuio.

    O Instituto Abradee da Energia foi contratado

    pelas distribuidoras como executor do

    projeto. A entidade liderou as atividades

    com o auxlio do Comit Gestor, composto

    pelos pesquisadores indicados pelos

    parceiros envolvidos. Ao todo, o Comit

    recebeu propostas de quatro instituies de

    ensino e cinco consultorias, das quais foram

    selecionadas a Fundao Centro Tecnolgicode Juiz de Fora (FCT), a Fundao de Pesquisa e

    Assessoramento Indstria de Itajub (Fupai) e

    as consultorias: Daimon, TR, Quantum, MC&E

    e Siglasul.

    A Cemig, assim como as demais organizaes,

    teve participao fundamental para o sucesso do

    estudo. Houve uma troca de experincia entre

    o que vivenciado nas empresas e as propostas

    do setor acadmico e dos consultores. O projeto

    permitiu que fossem discutidas e pontuadas as

    deficincias do modelo at ento existente deestrutura tarifria, as prticas internacionais e

    as novas propostas de metodologia, enaltece

    Anglica.

    Para Anglica

    Baptista, um dos

    maiores benefcios

    do estudo sua

    boa receptividade,

    j que a estrutura

    tarifria vigente est

    desatualizada

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    C H A M A D A 5

    PARTICIPAO DA SOCIEDADE

    Em 2010, a Aneel abriu a Audincia Pblica 120/2010 para discutir nova proposta de

    metodologia de estrutura tarifria. Com isso, antes das concluses dos trabalhos,

    os pesquisadores e os agentes executores tomaram a deciso de direcionar seus

    estudos para a anlise da proposta de estrutura tarifria feita pela Aneel. Esse fato

    representou um grande desafio para o projeto, uma vez que, antes mesmo de

    finalizar as concluses dos trabalhos, foram produzidas anlises e contribuies de

    melhoria ao modelo proposto em audincia pblica.

    Tambm representou uma grande oportunidade para que os assuntos discutidos no

    ambiente do projeto de P&D pudessem alcanar o seu objetivo principal, que era o deinfluenciar na proposio de uma nova metodologia de estrutura tarifria.

    De acordo com o coordenador do projeto

    e diretor da Abradee, Marco Antnio de

    Paiva Delgado, a misso foi cumprida:

    oferecemos contribuies concretas para o

    aprimoramento do tema, de suma importncia

    para o pas, conciliando objetivos muitas vezes

    considerados antagnicos, como modernizar

    e simplificar mtodos e procedimentos. Atarifao sob contestao de mercado, em

    nosso entendimento, mais coerente ao atual

    regime de regulao por incentivos, permite

    conciliar mtodos e resultados das revises

    tarifrias para o estabelecimento da estrutura

    tarifria e, ainda, oferece mais dinamismo e

    eficcia ao mercado.

    Ainda segundo Marco Delgado, pode-se afirmar

    que, ao internalizar os sinais econmicos de

    competio entre energticos e opes de

    suprimento disponveis aos consumidores,

    estamos, de maneira abrangente,

    compreendendo o comportamento da carga

    para propor modalidades tarifrias eficientes

    para esses usurios. Para o gerente do projetoe especialista em Regulao da Elektro, Saulo

    de Tarso Castilho Jr., ao encerrarmos o estudo,

    temos a certeza de que nosso legado contribuir

    de forma significativa na produo de solues

    para um tema complexo e importante para

    o aperfeioamento de um setor que , por

    natureza, desenvolvimentista.

    Entender o

    comportamento

    da carga

    fundamental para

    propor modalidades

    tarifrias eficientes,

    diz Marco AntnioDelgado

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    C H A M A D A 1 0

    Em resposta a essas mudanas nas

    caractersticas de precipitao e evaporao,

    o comportamento hidrolgico das grandes

    bacias hidrogrficas do planeta ser alterado,

    gerando severas implicaes aos micro e macroambientes que circundam o corpo hdrico. Por

    isso, quantificar essas possveis alteraes no

    ciclo hidrolgico fundamental para definio

    de medidas de mitigao nos estudos de

    planejamento dos usos da gua.

    com esse objetivo que a AES Tiet

    proponente do projeto com cooperao da

    Cemig, por meio da rea de Planejamento

    Energtico e das diretorias de Comercializao

    e de Gerao e Transmisso intitulado Efeitos

    de Mudanas Climticas no Regime Hidrolgico

    de Bacias Hidrogrficas e na Energia

    Assegurada de Aproveitamentos Hidreltricos.

    O estudo, que busca quantificar as possveis

    USINAS DO FUTURODevido s mudanas climticas, pesquisa busca mensurar os impactos e definirmedidas mitigatrias para o uso correto da gua das bacias hidrogrficas

    A resposta hidrolgica das bacias hidrogrficas

    est intimamente relacionada, entre outros

    fatores, s caractersticas climticas da bacia de

    drenagem. Sendo assim, qualquer influncia no

    regime de chuva tem potencial para interferir nadisponibilidade hdrica, tanto superficial quanto

    subterrnea, sobretudo quando essas mudanas

    ocorrem drasticamente e em um curto perodo

    de tempo.

    Os relatrios do Intergovernmental Panel on

    Climate Change (IPCC), que sintetizam os

    principais estudos globais sobre o clima, indicam

    que as modificaes na composio qumica da

    atmosfera, resultante da queima de combustveis

    fsseis, afetam o balano de radiao solar

    alterando o equilbrio energtico do sistema

    climtico. Essa interferncia no equilbrio

    energtico modifica, por sua vez, os ndices de

    precipitao e evaporao em nvel regional.

    33

    As chuvas so fatores

    importantes para o

    abastecimento das

    usinas hidreltricas,

    como a de Volta

    Grande

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    C H A M A D A 1 0

    No fcil fazer previses seguras sobre o queacontecer com o clima e, principalmente,

    com as vazes fluviais, devido ao aumento da

    concentrao de gases que causam o efeito

    estufa na atmosfera. Mas estima-se que as

    mudanas climticas podero provocar, nas

    prximas dcadas, grandes impactos em

    algumas bacias hidrogrficas brasileiras. Dessa

    forma, a reduo das chuvas poder diminuir

    os estoques de gua e, consequentemente,

    ocasionar a reduo da capacidade de gerao

    de energia hidreltrica no pas.

    IMPACTOS MENSURADOS

    Para evitar resultados como esse, o projeto

    prev o desenvolvimento de um software

    especfico, responsvel por criar cenrios de

    mudanas climticas de longo prazo. O intuito

    avaliar como as alteraes no clima podem

    afetar a gerao de energia hidreltrica e

    quais os impactos nos montantes de energia

    assegurada. Alm disso, ser possvel verificar

    como essas mudanas climticas podem afetar

    os custos operacionais individuais das centrais

    hidreltricas.

    De acordo com Mrcio Shiguenori Kuwabara,

    analista de Planejamento da Tractebel, o maior

    fator de aleatoriedade das vazes advm da

    chuva. Mudanas no seu comportamento

    podem ocorrer em funo do uso do solo,

    da variabilidade e da mudana climticadecorrentes de efeitos naturais do meio

    ambiente ou antrpicos. Com a pesquisa,

    poderemos analisar o histrico de vazes das

    usinas hidreltricas e avaliar a disponibilidade

    e a confiabilidade das fontes renovveis de

    energia eltrica, explica.

    Isso porque, como afirma Henrique Nunes,

    da Gerncia de Planejamento Energtico da

    Cemig, daqui a 100 anos, a quantidade de gua

    dos rios brasileiros ser alterada, tornando-seainda mais necessrio mensurar o impacto

    decorrente e implantar um plano de ao. Para

    analisar essas possibilidades, precisaremos

    alteraes de energias asseguradas das usinashidreltricas do Sistema Interligado Nacional

    (SIN), vem sendo executado por um consrcio

    formado pelo Instituto Nacional de Pesquisas

    Espaciais (Inpe), pela Universidade Federal do

    Rio Grande do Sul (UFRGS), pela Universidade

    Federal de Itajub (Unifei), pela consultoria

    Andrade & Canellas, pela Marangon Engenharia

    e pela IX Consultoria.

    Srgio Frontin,

    coordenador do

    projeto e pesquisador

    da UnB.

    Alexandra

    Vidal destaca a

    importncia do

    acompanhamento

    do clima para

    fundamentar os

    investimentos no

    setor eltrico

    34

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    C H A M A D A 1 0

    SITUAO EMERGENCIAL

    realizar previses de chuva no Brasil, isto ,criar vrios modelos climatolgicos provveis,

    transformando-os em previso de vazo das

    hidreltricas. Posteriormente, vamos estudar

    essas hipteses por meio dos modelos de

    otimizao de despacho hidrotrmico, para

    ver como as usinas hidrulicas se comportaro

    nesses novos cenrios, diz.

    PRXIMOS PASSOS

    A pesquisa, iniciada em outubro de 2011 e com

    durao prevista de 24 meses, atualmente,

    encontra-se em fase preliminar de estudo,

    sem resultados conclusivos. No entanto, j

    possvel detectar uma mudana climatolgica,

    como a redistribuio das chuvas nas regies

    brasileiras. Em alguns lugares onde chove

    muito vai comear a chover pouco e vice-versa.Mas ainda no sabemos quo menos ou mais

    isso vai impactar na gerao de energia, conta

    Henrique Nunes.

    Ao final dos estudos, a expectativa de

    identificar o novo perfil de gerao das

    usinas no futuro. A partir de um conjunto de

    cenrios de clima associados ao aquecimento

    global, ser possvel determinar o impacto na

    energia assegurada das centrais hidreltricas

    brasileiras. o que ressalta Alexandra VidalJanurio Susters, da rea de Estudos e Gesto

    de Energia da Andrade e Canellas Energia.

    Isso se faz necessrio para determinar

    investimentos posteriores no setor eltrico,

    inclusive, no que se refere construo de

    usinas na Bacia Amaznica.

    A comunidade cientfica tem realizado estudos para avaliar os impactos das atividades

    antropognicas nos ltimos 300 anos sobre o meio ambiente, em particular, como as

    trocas de gua e energia entre a superfcie terrestre e a atmosfera (que so determinantes

    das caractersticas climticas) foram afetadas pelas atividades humanas.

    Uma pesquisa bastante abrangente, ocorrida em 2008, analisou o impacto das mudanas

    climticas, especificamente sobre a produo de energia, no sistema interligado brasileiro.

    Esse trabalho considerou tais mudanas de uma forma bastante simplificada, alterando as

    mdias e os desvios padres utilizados para gerar os cenrios das vazes naturais utilizadas

    no planejamento do setor eltrico. Nesse caso, tambm as alteraes impostas s srieshidrolgicas foram baseadas em apenas um nico modelo climtico, a partir das previses

    do modelo global HadCM3. A principal concluso foi que a maioria das bacias brasileiras

    com aproveitamentos hidroeltricos sofreria uma reduo das vazes.

    No entanto, a identificao desses impactos ainda mais complicada, porque outros

    fatores, como as mudanas do uso da terra e da gua, podem ocorrer de maneira

    simultnea. Em algumas bacias brasileiras, por exemplo, houve a identificao de

    interferncias nas vazes mdias em um perodo recente, que podem estar relacionadas

    tanto s mudanas no regime pluviomtrico quanto s alteraes no tipo de vegetao

    existente. Paralelamente, houve um aumento dos usos consuntivos da gua, o que

    contribuiu para a reduo da vazo observada em postos fluviomtricos ou afluentes aos

    reservatrios de usinas hidroeltricas.

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    Um fenmeno que o avano tecnolgico

    tem proporcionado a combinao de vrios

    componentes em um mesmo aparelho. Televisorescom acesso internet so cada vez mais comuns.

    Celulares com cmeras fotogrficas embutidas

    no so novidade h tempos. Seguindo uma lgica

    semelhante de convergncia tecnolgica, a Smart

    Grid (Rede Inteligente) incorpora rede eltrica

    sistemas de telecomunicaes e dispositivos

    inteligentes, que permitem tanto ao consumidor

    MAIS INTELIGNCIA NA REDENovas tecnologias agregam telecomunicao e inteligncia ao sistemaeltrico, aumentando a eficincia na distribuio e no consumo

    36

    C H A M A D A 1 1

    quanto concessionria melhorar o consumo e a

    gesto da energia. Por ser um tema novo, ainda

    necessrio adequar legislaes e avaliar questestcnicas. Assim, atendendo chamada pblica da

    Agncia Nacional de Energia Eltrica (Aneel) sobre

    o Programa Brasileiro de Rede Eltrica Inteligente,

    a Cemig, juntamente com mais 36 empresas

    cooperadas, est realizando um amplo estudo

    sobre a viabilidade e a aplicao da tecnologia ao

    sistema eltrico nacional.

    Vista de Belo

    Horizonte (MG)

  • 7/22/2019 Revista Ped 2012 Cemig

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    Iniciado em janeiro de 2011, o projeto foi orado

    em R$ 9 milhes e est sob a coordenao

    do Instituto Abradee de Energia. Queremos

    mostrar para a Aneel os requisitos para que

    se instale uma rede como essa no Brasil.

    Para tanto, tivemos que avaliar a situao

    das redes de distribuio atuais, no que diz

    respeito a medio, automao de subestao,

    infraestrutura de tecnoIogia da informao e

    telecomunicaes, diz Daniel Senna, gestordo projeto Cidades do Futuro na Cemig. Ele

    explica que, por ser um assunto novo em

    mbito mundial, o Brasil no apresenta atrasos

    tecnolgicos em relao a outros pases.

    realmente um caso de entender melhor como a

    novidade se adequar s nossas necessidades.

    Segundo Daniel Senna, o Brasil noapresenta atrasos em relao a

    outros pases, pois o assunto novo

    no mundo inteiro

    CIDADES DO FUTURO

    Comprovando mais uma vez o

    seu pioneirismo, a Cemig j est

    transformando as Redes Inteligentes em

    realidade, por meio de um importante

    programa interno chamado Cidades do

    Futuro. O municpio escolhido como piloto

    Sete Lagoas, localizado a 70 km de Belo

    Horizonte. O objetivo fornecer subsdios

    tcnicos concretos para a anlise dosdesafios que envolvem a implementao

    das novas redes. Iniciado em novembro

    de 2010, o programa entra agora em uma

    das suas fases mais importantes, com

    a instalao de medidores inteligentes

    em 3.800 residncias selecionadas. As

    substituies comeam a partir de julho.

  • 7/22/2019 Revista Ped 2012 Cemig

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    NOVOS MEDIDORES

    Um aspecto importante das redes so as novas

    funcionalidades que os medidores eltricos

    residenciais podem ganhar. Ao contrrio

    dos atuais, que realizam apenas a leitura

    do consumo de energia da casa, os novos

    aparelhos funcionam como pequenas centrais

    de comunicao, oferecendo, em tempo real,

    diversas informaes sobre o fornecimento

    prestado quela residncia. Ele pode indicar

    variaes nos nveis de tenso e informar aconcessionria sobre algum problema que

    causou o corte na energia, por exemplo. O

    novo sistema permite, ainda, que o morador

    monitore o seu gasto, determinando, inclusive,

    em quais horrios seu consumo maior.

    CONFIRA ALGUNS DOS BENEFCIOS

    DAS REDES INTELIGENTES APONTADOS

    PELO PROJETO

    :: Melhoria da qualidade: reduo da energia

    no distribuda.

    :: Reduo de perdas comerciais: identificao

    mais precisa das fraudes e furtos.

    :: Reduo de perdas tcnicas.

    :: Reduo de custos operacionais.

    :: Mais agilidade e contedo nas informaes

    disponveis para os consumidores.

    :: Melhoria das relaes entre a concessionria

    e os consumidores.

    Os trabalhos realizados sero concentradosem dois livros, que mostraro o sucesso das

    redes inteligentes, garante Nelson Leite

    GANHOS MTUOS

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    C H A M A D A 1 1

    Definir quais funcionalidades sero integradas aomedidor tambm um dos assuntos abordados

    pelo estudo. Desenhamos alguns cenrios

    possveis, considerando as diferentes regies

    do pas, argumenta Daniel. Nas simulaes

    de aplicabilidade da rede no Brasil, criadas

    pelo estudo, foram construdos trs cenrios:

    conservador, moderado e acelerado. O mais

    otimista prev 75% das residncias integradas ao

    novo sistema at 2030. Os principais resultados

    obtidos a partir do extenso trabalho de pesquisa

    que realizamos daro origem a dois livros, quesero publicados em breve. Um fator importante

    evidenciado pelos estudos que o sucesso das

    redes inteligentes est diretamente ligado ao

    modelo regulatrio a ser adotado, revela Nelson

    Fonseca Leite, presidente da Associao Brasileira

    de Distribuidores de Energia Eltrica (Abradee).

    ENVOLVENDO MAIS SETORES

    Pela sua importncia e abrangncia, era

    fundamental que o projeto conseguisse atrair

    a ateno de outros setores governamentais.

    Esse objetivo tambm foi alcanado. Ao longo

    do ano passado, promovemos workshopscom

    a participao de representantes de diversos

    ministrios e outros rgos de governo, em Braslia

    (DF). Era preciso que esses rgos ficassem cientes

    do que essa tecnologia significa em termos de

    custo, funcionalidade e benefcios possveis,

    afirma Fernando Czar Maia, coordenador do

    projeto pelo Instituto Abradee. Percebemos em

    nossa pesquisa que, em todos os pases onde o

    tema estudado, existe um envolvimento forte

    do governo, geralmente, por meio da criao de

    fundos para investimento em redes inteligentes e

    na definio de leis para estabelecer as regras de

    medio, revela Denys Cludio Cruz de Souza,

    superintendente de Desenvolvimento e Engenharia

    da Distribuio.

    Com o seu desenvolvimento concludo emdezembro passado, a iniciativa entra agora,

    a pedido da Aneel, em uma segunda etapa.

    Os resultados foram to estimulantes que

    a agncia nos solicitou anlises adicionais.

    O objetivo criar uma metodologia de

    planejamento e uma ferramenta de clculo

    que ajude na formulao de polticas

    pblicas, revela Fernando.

    Em todos os pases onde o tema

    estudado, existe um envolvimento forte

    do governo, aponta Denys de Souza

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    ENERGIA VINDA DO SOLProjeto proposto quer descobrir quais so os requisitos necessrios paraincluir a energia solar fotovoltaica no mapa da matriz energtica nacional

    Para Bruno Marciano,

    o Brasil tem grande

    potencial para o

    desenvolvimento de

    energia fotovoltaica

    maneira ideal para captao? Como integr-la

    s redes convencionais de distribuio eltrica?

    Como comercializ-la? Para responder essas

    e outras questes, a Agncia Nacional deEnergia (Aneel) lanou a chamada 13/2011,

    intitulada Arranjos Tcnicos e Comerciais

    para a Insero da Gerao Fotovoltaica na

    Matriz Energtica Brasileira. A Cemig marca

    presena com um projeto que promete trazer

    respostas e solues inovadoras.

    A converso de energia solar em eletricidade

    uma tecnologia relativamente antiga.

    As placas semicondutoras, usadas para a

    captao da radiao do sol, podem serencontradas em artefatos variados, que vo

    desde calculadoras portteis at satlites

    espaciais. Com a busca por fontes alternativas

    de energia ganhando fora, surgiu o interesse

    governamental de potencializar o uso dessa

    fonte energtica limpa e abundante. Qual a

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    No Brasil, em um primeiro momento, a

    energia fotovoltaica foi utilizada em sistemas

    isolados, tambm chamados off-grid, para levar

    eletricidade a escolas, residncias e centros

    comunitrios localizados em regies distantes

    da rede de distribuio convencional. No

    projeto que estamos conduzindo, queremos

    estudar o aproveitamento da energia solarligada rede, de maneira complementar

    soluo convencional, explica Bruno Marciano,

    engenheiro de Tecnologia e Normalizao da

    Cemig e gerente do projeto.

    Diversos fatores caracterizam o momento

    como ideal para pesquisar o tema. Entre eles,

    Bruno destaca o interesse pblico crescente, o

    declnio do custo da tecnologia e a atratividade

    do mercado nacional. Com o agravamento

    da crise europeia, fornecedores estrangeirosesto de olho no Brasil. Alm disso, temos nveis

    excelentes de insolao. O pior local que temos

    em termos de radiao solar muito superior

    ao melhor local da Alemanha, considerada

    referncia mundial em gerao fotovoltaica,

    observa Bruno Marciano.

    Ao todo, a Aneel recebeu 18 propostas de

    projetos estratgicos para o tema. Somados,

    os investimentos chegam a R$ 400 milhes.

    Considerando que cada projeto aprovado ter

    que construir uma usina com capacidade de

    gerar entre 0,5 e 3 megawatts, os projetos

    apresentados iro fornecer 25 megawatts de

    energia. A proposta da Cemig apresentada

    Aneel em dezembro passado foi considerada

    um dos melhores trabalhos. Orado em cerca de

    R$ 9 milhes, ela tem a sua concluso prevista

    para 2014. Os executores do projeto so a

    Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    e a Efficientia, empresa subsidiria do Grupo

    Cemig. O projeto conta com a participao do

    grupo TBE e da Copel.

    USINA EXPERIMENTAL

    Energia solar no um tema novo para aCemig. A empresa j instalou milhares de

    sistemas fotovoltaicos para eletrificao de

    centros comunitrios, escolas e residncias

    rurais, alm de possuir pesquisas nas

    reas de produo de clulas solares e

    sistemas de pequeno porte conectados

    rede. Est sendo desenvolvido o projeto

    Mineiro Solar, para instalao de,

    aproximadamente, 1,5 megawatts sobre

    a cobertura do estdio que ser um dos

    palcos da Copa de 2014. Desde janeiro,est em construo a Usina Experimental

    de Gerao Solar Fotovoltaica, localizada

    em Sete Lagoas. Quando concluda,

    ela ser a maior usina do tipo no Brasil,

    com 3,3 megawatts de pico em painis

    fotovoltaicos, com capacidade de

    abastecer at 3.500 residncias. Junto

    a essas iniciativas, o P&D estratgico

    consolida a Cemig como liderana

    nacional no desenvolvimento da energia

    fotovoltaica.

    PROPOSTA INOVADORA

    O objetivo desse projeto descobrir

    as distncias em termos do custo entre

    gerao fotovoltaica no Brasil e as solues

    mais atrativas no mercado, considerando

    disponibilidade, aspectos tcnicos, tributrios,

    regulatrios e comerciais, informa o professorSelnio Rocha, coordenador do projeto na

    UFMG. Para encontrar tais respostas, os

    pesquisadores iro instalar, no ano que vem,

    uma planta de 500 kW, cujos processos de

    concepo, licitao de equipamentos, projetos

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    e servios permitiro conhecer os custos reais de

    um empreendimento como esse.

    O professor revela que esse foco da anlise

    inovador. Possivelmente, a planta ser instalada

    em um centro comercial. Todavia, no iremos

    observar a energia gerada para o consumo local,

    e sim, a energia evitada, ou seja, a eletricidade

    oriunda da soluo convencional que esse

    estabelecimento deixou de comprar em virtude

    do abastecimento adicional provido pela usina

    fotovoltaica, esclarece. No campo acadmico, o

    projeto envolve seis professores da UFMG e um

    da PUC Minas, que, a partir do tema, ir elaborar

    a sua tese de doutorado. Selnio acredita que

    um dos inmeros resultados do projeto ser a

    criao de cursos de especializao em energia

    solar, capacitando uma gerao de engenheiros

    no tema.

    O trabalho rduo encarado com otimismo e

    entusiasmo pelos parceiros envolvidos. Marco

    Aurlio Monteiro, coordenador do projeto

    pela Efficientia, reconhece que h um preo

    a ser pago pelo pioneirismo da empreitada.

    Teremos que explorar um territrio que ainda

    no foi totalmente explorado. Mas acreditamos

    no potencial da energia fotovoltaica. Ns, da

    Efficientia, queremos construir uma ponte entre

    o conhecimento acadmico e o mercado. Nosso

    objetivo transformar a tecnologia em um

    negcio, conclui o coordenador.

    O foco inovador

    fica por conta da

    observncia daenergia evitada,

    aquela que o

    estabelecimento deixa

    de comprar, explica

    Selnio Rocha

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    COMPARTILHANDO O CONHECIMENTOCemig dispe de diversas ferramentas de divulgao para quem desejaconhecer os resultados obtidos pelo P&D

    Ambientes que permitam a divulgao e a troca de

    conhecimento so fundamentais para a construoda pesquisa, argumenta Cludio Homero Ferreira,

    engenheiro de Tecnologia e Normalizao da

    Cemig. Com a experincia adquirida nos mais de

    20 projetos de P&D em que esteve envolvido, ele

    cita o Frum de Inovao Tecnolgica (FIT) como

    uma das ferramentas de divulgao mais eficazes.

    A presena de profissionais envolvidos nos temas

    apresentados no frum permite a confluncia de

    informaes e o debate de ideias que podem nos

    ajudar na construo dos projetos e seus resultados.

    Criar veculos de comunicao para informar

    sobre o andamento dos projetos de Pesquisae Desenvolvimento (P&D) algo inerente

    ao processo de produo de conhecimento

    cientfico. Atualmente, a Cemig conta com

    quatro grandes ferramentas de divulgao com

    caractersticas, alcance e propsitos especficos.

    Em todas, fica evidente o desejo no apenas de

    divulgar objetivos alcanados, mas tambm o

    de envolver toda a Empresa na corrente criativa

    que permeia os mais de 130 projetos de P&D que

    esto em andamento atualmente.

    Promovido pela

    Cemig, o FIT

    um espao

    para a troca de

    experincias

    sobre o setor

    energtico

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    Com periodicidade anual, o FIT, que em 2012chega a sua terceira edio, procura abordar trs

    temas considerados mais relevantes e atuais no

    momento de sua realizao. Anteriormente, o

    evento era chamado de Semana de Inovao

    e possua um carter mais expositivo. Com o

    novo formato, procuramos estimular o debate

    dos projetos, com a presena de especialistas

    explica Jaelton Avelar, gerente de Gesto

    Tecnolgica da Cemig. Esses debates acontecem

    em palestras e mesas redondas promovidas

    durante os dias de durao do frum.

    OUTROS MEIOS

    A Revista P&D e a internet so outras frentes

    de divulgao dos projetos utilizadas pela

    Empresa. Buscando atingir um pblico amplo, a

    publicao adota uma linguagem mais acessvel

    ao tratar de projetos selecionados a partir de

    um tema. Neste ano, o foco so as Chamadas

    de Projetos de P&D Estratgicos realizadas pela

    Agncia Nacional de Energia Eltrica (Aneel),mas j tivemos uma edio, por exemplo, na qual

    falamos dos Centros de Excelncia criados por

    meio dos recursos do P&D da Cemig, recorda

    Jaelton. Para Cludio Homero, a revista cumpre o

    papel no apenas de divulgar temas e pesquisas,

    mas tambm o de projetar as pessoas nelas

    envolvidas. Uma vez mencionados os nomes

    dos profissionais, pesquisadores externos que se

    interessem sobre o assunto podero entrar em

    contato e falar diretamente com os envolvidos,

    acredita o engenheiro.

    TEMAS DO FIT

    2010: Redes Inteligentes, Materiais

    Isolantes e Inspees No

    Convencionais

    2011: Energia da Biomassa, Meio

    Ambiente e Eficincia Energtica

    2012: Relacionamento Comerciale com o Cliente, Energia Elica e

    Energia Solar

    O linkdo programa de P&D presente no portal

    de internet da Cemig (www.cemig.com.br)

    tambm serve como um eficiente