revista online escaladaint #5

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A Escalada por Edemilson Padilha, fotos, Psicobloc por Felipe Dallorto, Lynn Hill, entrevista com Cintia Daflon, Lapa do Seu Antão, Ombro do escalador, Highline por Caio Salomão "AFeto".

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- escalada - fotos - artigos - entrevista -

05

escaladaintREVISTA

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Gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que colaboraram com a re-vista, especialmente: Caio “AFeto”, Cíntia Daflon, Edemilson Padilha, Marcella Romanelli, Felipe Belisario, Felipe Dallorto, Fernando Koberle e Gabriel Ramos.

Abraços e boas escaladas!Equipe EscaladaINT

conta to@esca lada in t .com.br

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“ Fui para a Patagônia Argentina só com minha mochila e voltei carregado de experiências e de novos amigos. Foi naquele momento que descobri que não existem montanhas impossíveis e que quando estamos prepara-dos o universo conspira a nosso favor, é só dar o primeiro passo em direção ao cume!”

Edemilson Padilha

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Psicobloc

Entrevista:Cintia Daflon

Personagem:Linn Hill

HighLineKrenak

Onde escalar:Lapa do Seu Antão

A Escalada

Ombro do escalador

FOTOS

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Felipe Conquistando em Mallorca (setor Brazil)

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Por: Felipe Dallorto

O Deep Water Soloing, também conhecido como Psicobloc, é uma modalidade da escalada praticada em falésias a beira mar, rio ou lago, onde o esca-lador usa a água como forma de proteção em caso de queda. Nesta modalidade não usamos cordas ou proteções fixas, apenas sapatilhas e magnésio.

Embora a modalidade seja vista como um estilo re-lativamente novo de escalada, ela provavelmente se originou na década de 1960 na ilha de Maiorca na Espanha. Na época escaladores boulderistas co-meçaram como brincadeira de verão e os mesmos não subiam mais de 5 metros e depois se jogavam na água.

A modalidade só tomou forma nos anos 70, quando o escalador espanhol Miquel Rieira, realmente traçou um objetivo de chegar ao topo da falésia que pos-suía 20 metros de altura e foi daí que surgiu o nome “Psicobloc” batizado pelo próprio Miquel. A palavra “PSICO” significa Psicológico, pois você escala muitos metros sem qualquer tipo de segurança e a palavra “BLOC” de Bloco ou falésia.

A modalidade virou febre na Europa e países como Grécia, Itália, Irlanda e Inglaterra, adotaram o estilo de escalada de Maiorca.

escaladajpa.com.br

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No Brasil, há indícios que a modalidade começou parecido com Maiorca, muitos escaladores da década de 80 e 90, já frequentavam points de escalada que hoje são clássicos, como cânions de Furnas e Serra do Cipó em Minas Gerais e na pedra do Urubu/ Urca no Rio de Janeiro e após as escaladas, os mesmos se refrescavam e brincavam nas cachoeiras, rios e mares destes lugares.

Mas assim como no princípio da modalidade em Maiorca, os escaladores brasileiros desta época, faziam apenas uma brincadeira. Somente após a exibição do filme Psicobloc de Klem Loskot, o Brasil passou a conhecer a modalidade e suas regras.

No ano de 2006, motivado por este mesmo filme fui ao lago da Pedra Hime em Jacarepaguá no Rio de Janeiro e comecei a abrir vias de psicobloc em suas paredes. Eu já conhecia e frequentava o local por suas montanhas e falésias, mas só nesta data após o conhecimento da modalidade decidi escalar neste estilo as grandes paredes do lago que chegam a 18 metros de altura.

Rapidamente o lago ficou muito popular e frequen-tado por escaladores de toda parte. No entanto as paredes do lago foram formadas por uma antiga pe-dreira, o que não é natural e nem bonito na visão dos escaladores.

Com as imagens de Maiorca em minha mente, fiquei pensando se no Brasil, pudéssemos ter um lugar com extrema beleza assim como a ilha mediterrânea e foi daí que iniciei minha busca por psicobloc no Brasil.

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Felipe conquistando a primeira via de psicobloc no Lago

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Juntamente com a escaladora Flavia dos Anjos, co-meçamos as expedições, tivemos claro nossas frus-trações como a ilha filhote da Ilha Redonda, mas também fizemos descobertas exuberantes. Dentre os locais que visitei e conquistei, Arraial do Cabo é simplesmente a Maiorca Brasileira, paredes altas e negativas, caves perfeitas e água azul cristalina, abrimos diversos setores e vias incríveis neste lugar de extrema beleza.

No Nordeste conquistamos nos cânions do Talhado, afluente do rio São Francisco. Este é um dos lugares que mais pegou no psicológico, pois suas paredes ne-gativas de arenito de até 30 metros ultrapassam o li-mite de segurança. O arenito é bastante quebradiço e uma queda pode vir inesperada e dependendo da altura a água vira asfalto e você pode morrer. O Hos-pital mais próximo fica cerca de 4 horas de carro.

Felipe conquistando no Nordeste Cânions do Talhado

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Tive o prazer de conhecer os cânions de Furnas em Minas Gerais a convite do Felipe Alvares (Kbeça), lu-gar de grande beleza e grandes paredes também, o único problema é que o cume fica cerca de 80 me-tros, ou seja, você escala até o limite de segurança e depois se joga o que não é muito agradável.

Após essas conquistas, fui conhecer Maiorca a convi-te dos Irmãos Pou, Iker e Eneko, onde tive a grande honra de conquistar um novo setor com os irmãos bascos na Meca da modalidade. A impressão que tive quando escalei a primeira via no local é que não exis-te lugar mais que perfeito para a modalidade. Foi uma experiência totalmente enriquecedora, meus olhos brilhavam ao ver aqueles arcos e caves perfei-tas, onde também tive o prazer de aprender e esca-lar com o Cris Sharma e Miquel Rieira, dois grandes escaladores e incentivadores da modalidade.

Depois de muitas escaladas e aprendizado da moda-lidade na Espanha, fui para as Ilhas Tijucas no Rio de Janeiro, este lugar é de fácil acesso, cerca de 5 minutos de barco você estará praticando a modalida-de. A Ilha possui diversos cânions e paredes perfeitas para iniciantes e para escaladores de ponta. Abrimos diversas vias e setores onde certamente os projetos mais desafiadores irão surgir na cave futurística da Ilha Pontuda. As vias curtas do cânion de dentro da Ilha Alfavaca possuem aproximadamente 7 metros e não chegam a afetar “psico”, mas formam o cenário ideal para aprender a cair na água e entender como funciona a modalidade.

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Após seis anos estudando e praticando psicobloc vi e vivenciei a beleza dessa modalidade. Nela os proje-tos são trabalhados da maneira mais pura possível. Não se pode rapelar para ver a linha da via, muito menos fazer top rope. Cada queda no crux significa repetir tudo de novo para tentar novamente; e cada vez que se vence um crux, o restante é novidade, pois é uma escalada à vista.

Para ser realmente psicobloc, devemos subir no mí-nimo 10 metros de altura, onde afeta o psicológico do escalador, abaixo disso, é apenas um boulder com colchão de água e arriscar um movimento requer mais que coragem, não basta livrar-se do medo da queda como acontece nas falésias, devemos sim nos livrar deste medo, mas também, principalmente, do-minar o corpo para o posicionamento adequado no caso de uma queda na água. A leveza da inexistên-cia de equipamento e a não necessidade de costurar também nos permite uma conexão maior com a es-calada em si. É um prazer de poder solar, cair e se levantar de novo.

Acredito que o psicobloc, tanto no mundo, como no Brasil, ainda vai se desenvolver muito mais. No nosso país temos milhares de quilômetros de costas e rios esperando serem explorados e meu sonho é desbra-var cada centímetro. Aqueles que tiverem a oportunidade de conhecer o psicobloc, recomendo começar devagar, estudando seus limites e respeitando a ética da modalidade. Sempre verifique o fundo antes de entrar e observe as condições da maré, se está baixa ou alta, pois faz diferença na hora da queda. Boas escaladas e bons vôos.

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Yosemite Shortest Straw – tentativa em solitário no El CapitanFoto: arquivo pessoal

Entrevistacom Cintia Daflon

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Como começou a escalar?Comecei a escalar com amigos. Eu gostava de caminhar e tinha amigos que escalavam e que insistiam para que eu experimentasse. Nunca tinha me imaginado escalando porque tenho muito medo de altura, mas desde a primeira vez que escalei eu gostei muito da sensação de conseguir vencer o desafio. Minha primeira parceira de escalada foi a Francine Machado. Nós éramos uma das pouquíssimas meninas que escalavam na época. Já era difícil uma meni-na escalando, duas juntas então... era exótico (risos).

Onde foi sua escalada mais marcante?Foram muitas... Minhas primeiras escaladas em parede no Rio de Janeiro. Minha primeira escalada em neve e alpina na Patagônia, o Cerro Solo e Agulha Guillaumet. A pri-meira vez que subi o Dedo de Deus na Serra dos Órgãos e a via Leste em Salinas (RJ). A viagem a Chamonix, onde escalamos a Aresta Dus Cosmics, a Petit Vert e fizemos uma tentativa no Mont Blanc.

Já passou algum perrengue?Muitos! (risos) O mais marcante foi quando iniciei o mon-tanhismo que fizemos a caminhada ao Pico Paraná (PR) e acampamos com chuva. A chuva tomou conta de tudo, acampamos num lugar muito ruim, molhou tudo e passei uma noite do cão tremendo de frio. Já me meti numa con-quista com meu marido numa parede de 600 metros, com paradas em móvel ou em platô e apenas 4 grampos batidos. Pensamos em conquistar só um pedacinho e levamos pou-ca água, mas como estava fácil, fomos subindo, subindo e quando vimos não valia a pena voltar... Ficamos sem água, chegamos no cume à noite, nos perdemos na trilha de vol-ta, mas no fim deu tudo certo (risos) passei muita sede, mas aprendi a lição. Já me meti numa escalada na Patagônia na qual avaliamos mal as condições do tempo e pegamos uma parede que deveria estar com neve, mas estava apenas com

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gelo duro e quebradiço e onde rolava muita pedra... foi adrenante, chorei muito (risos), chegando o colo me per-guntaram se eu queria voltar, veja só, indignada disse que só voltava depois de chegar no cume, afinal passei um per-rengue um medo desgraçado pra descer do meio??? Nem pensar. Na volta procuramos um lugar mais “seguro” (se é que existe isso na Patagônia) para descer. Mas foi uma experiência marcante e muito enriquecedora.

Quando decidiu se tornar instrutora de escalada? Como foi?Na verdade acho que tenho por quem puxar, minha mãe é professora e gosto de ensinar, brincava muito de professo-ra quando criança e infernizava minha mãe para ajudá-la a corrigir provas e cadernos dos alunos dela (risos). Mas decidi trabalhar com escalada quando me casei (com um escalador) e vim morar no Rio. É gostoso ensinar e mais ainda encontrar meus ex-alunos escalando e muitas vezes melhor que eu!

Como é viver da escalada no Brasil? Quais são os prin-cipais desafios?Não é fácil para quem não é montanhista. Não dá pra ficar rico, mas como montanhista não tem muita frescura e nor-malmente são seres mais caseiros, dá pra pagar as contas e ainda juntar um dimdim para viajar ao estilo mochileiro. Pra quem gosta de ficar ao ar livre, não se importa com os mosquitos, com o calor, que não tem frescura, nem medo de animais com lagartixas, cobras, aranhas, formigas, etc. é maravilhoso. Nada se compara a não ter um chefe no cangote pressionando, ou estar preso entre 4 paredes com ar condicionado tendo que cumprir um horário de traba-lho ingrato (mesmo que não tenha nada pra fazer) quando lá fora brilha um sol lindo e um céu azulado. Mas como

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em qualquer profissão, tem que gostar do que faz, tem que sa-ber lidar com as pessoas, tem que ter paciência, criatividade, didática e muita psicologia. Apesar das vantagens exige muita responsabilidade levar outras pessoas para escalar ou ensinar isso pra elas.

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Fale um pouco sobre os livros que publicou.Na verdade eu sou co-autora apenas do livro Escale Me-lhor e com Mais Segurança. Os outros dois livros (Guia da Ura e Guia da Floresta) os autores são o Flavio Daflon (meu marido) e nosso amigo Delson Queiroz. De qualquer forma eu ajudo nesses dois últimos na parte de diagrama-ção, confecção dos croquis no computador, dando segu-rança nas vias, ajudando na revisão, etc.O Guia de Escaladas da Urca foi um dos primeiros guias de escalada publicados no Brasil, até então existiam apenas catálogos e apostilas de escaladas e normalmente circula-vam apenas em seus locais de origem. Quando conheci o Flávio o guia estava em sua 2ª edição e ainda era bem bá-sico. Trabalhamos juntos na terceira edição e fizemos um upgrade e tanto. Lembro de sonhar a noite com Photoshop e Corel Draw (risos) de tanto fazer croquis nesses progra-mas.O Guia de Escaladas e Trilhas da Floresta da Tijuca deu bastante trabalho, mas se vai fazer, tem que fazer bem fei-to, essa é nossa idéia.O Escale Melhor e com Mais Segurança nasceu da nossa necessidade de ficar confeccionando apostilas para os cur-sos de escalada da Companhia da Escalada e da percepção da falta de livros técnicos de escalada no Brasil. Lá fora você encontra de tudo, aqui só tínhamos o livro do Re-quião (Cordas e Nós para Montanhistas) e uns dois ou três do Sérgio Beck (com Unhas e Dentes, Primeiros Socorros em Montanha...) que estavam muito defasados, pois não eram atualizados e hoje em dia creio até que estão esgo-tados, sem edição. Acho que há muito espaço ainda para esse material técnico. Um bom exemplo que surgiu recen-

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temente é o livro do Davi Marski, Escalada e Trekking em Alta Montanha. O Escale Melhor veio para dar um apoio aos cursos de escaladas e aos escaladores autodidatas que tinham muitas dúvidas. É claro que não é um substituto de um professor, mas ajuda a minimizar as chances de aciden-tes com quem aprendeu a escalar com os amigos.Não é fácil publicar livros no Brasil. Contratar uma editora só vale a pena se você vender milhões (o que não é o caso de livros de escalada e montanha), pois a porcentagem que ela dá ao autor é irrisória. Pra valer a pena tem que ser in-dependente e de preferência conseguir um bom patrocínio. É gratificante contribuir com conhecimento, mas dá muito trabalho e não dá pra agradar a gregos e troianos. Mas a gente tenta (risos).

E a Fator 2?A Fator2 é uma revista de utilidade pública, que traz não só informação, mas muita coisa técnica e croquis bem úteis aos escaladores e montanhistas. No entanto dá muito tra-balho e não é fácil conseguir patrocínio. Como eu e Flavio temos que fazer tudo (dar aulas, fazer livros, cuidar do site, responder emails, etc.) tem épocas que fica inviável fazer tudo, por isso demos um tempo na publicação da Fator2. É melhor fazer uma coisa de cada vez bem feito do que fazer um monte de coisa mais ou menos. Mas acho importante ter uma publicação como a Fator2.

companhiadaescalada.com.br

(21) 2567-7105

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Na sua opinião, qual é a importância dos clubes e fede-rações de escalada no Brasil?A função dos clubes sempre foi reunir os escaladores e tro-car experiências. Acho importante a existência deles para as pessoas conhecerem outras pessoas com os mesmos in-teresses. Quem aprende a escalar no começo fica um pouco perdido sem ter um parceiro para continuar suas aventuras e nessa hora acho que o clube deveria suprir essa neces-sidade e mais ainda manter em suas sedes uma fonte de pesquisas sobre a história do montanhismo. Acho que os clubes deveriam ter a função de divulgadores, para que os leigos não tenham a idéia errada que tem do montanhista ou do escalador. Normalmente se você comenta com al-guém não escalador sobre escalada a resposta é sempre de chamando de louca ou suicida (risos).

Já as federações são de grande utilidade para lutar pelos direitos dos escaladores que ainda se encontram muito marginalizados na sociedade. O acesso vital à montanha nem sempre é conseguido sem a ajuda de uma instituição forte como uma federação ou uma associação. Regras e leis também podem ser deturpadas se não houver um órgão que realmente entenda da coisa e possa debater isso com os governantes. Acho importantíssimo apoiar e contribuir com as Federações. O problema é que como é um cargo voluntário, ainda falta gente com vontade ou com tempo para se dedicar a isso, então poucas pessoas extremamente competentes acabam ficando sobrecarregadas.

O que você acha que falta na escalada em nosso país?Apoio, patrocínio e reconhecimento. Somos quase um es-porte ET em nosso país (risos)! Mas já melhorou bastante nos últimos 10 anos.

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Quais são os projetos para o futuro?Não fazemos muitos projetos, nossas coisas são decididas meio de rompante (risos) é sempre uma surpresa. Um dia a gente coloca uma idéia na cabeça e manda ver confor-me dá. Mas há muitos lugares para conhecer, muitas mon-tanhas para subir e paredes para escalar. Então a idéia é curtir esses lugares (enquanto existem) e lutar para tentar mantê-los para as gerações futuras.

Mande um recado pra galera!Bom, meu recado pra galera é que não deixem o verdadei-ro espírito de montanha morrer. Não adianta só aprender a escalar, escalar forte, escalar difícil, escalar mais alto... o importante é não esquecer a solidariedade para com os outros, conhecer a história feita por nossos antepassados, conservar os lugares que freqüentamos para os que virão depois de nós, curtir a natureza com responsabilidade e respeito. O montanhismo não é apenas um esporte, é um estilo de vida. Vamos escalar, mas com responsabilidade para com os outros e com o que nos rodeia. Não temos que ser competitivos, temos é que nos divertir e sentir que podemos sempre contar com nossos parceiros na escalada e montanha.

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lynn hill

© John Evans

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Lynn Hill é uma lenda viva na escalada. Nasceu em Detroid (1961) e cresceu no sul da Califórnia. Duran-te a infância praticou ginástica olímpica e começou a escalar aos 14 anos.

Em 1978 já era considerada uma das melhores esca-ladoras da época. Um ano depois (79) foi a primeira mulher a subir um 5.12d (9A BR). Em 1993, mudou a definição do que é possível em escalada em rocha, com a primeira ascensão livre da via The Nose no El Capitan, uma das conquistas mais importantes da história da escalada.

Começou competir em 1986 na França e ao longo da sua vida acumulou várias conquistas de campeonatos (mais de trinta competições internacionais) e esca-ladas em rocha. Atualmente equilibra o seu tempo entre a escalada, corrida, esqui e seu filho.

Na escalada, prefere esportiva, boulder e escalada tradicional. Se considera determinada, focada, oti-mista, além de reflexiva e idealista. Diz que a quali-dade é melhor do que a quantidade.

Acredita que as competições tem algo positivo, já que ajudam o atleta a se preparar e a aprender a dar o seu melhor, naquele exato momento. Acha que isto foi outro aspecto que a ajudou na ascensão do The Nose.

Fonte: Adventure Zone, The Urban Climber Magazine, Planet Mountain, Moutain Zone PETZL e patagonia.com

“a escalada é uma meditação de movimento e é impossível ter sucesso e crescer na vida, se não se sentir desafiada regularmente.”

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Durante uma entrevista, contou como se preparou para a The Nose:

“Primeiro e mais importante, eu acreditei em mim mesma. Então eu treinei… muito! Cinco meses só para a primeira ascensão em livre em menos de 24 horas. O treino era tanto físico quanto mental. Eu corria, escalava, me exercitava… mas acima de tudo eu me concentrei no aspecto mental, como me apro-ximar da escalada de um ponto de vista psicológico. A motivação, estilo e ascensão foram o resultado de uma preparação intensa. E isso consequentemente enfatizou minha convicção que escalar não é sim-plesmente sobre alcançar o cume, mas sim, tudo o que gira ao seu redor. O caminho pelo qual você al-cança o cume. Isso significa viver cada momento com entusiasmo, no caminho que te leva em direção ao objetivo.Eu tentei ser uma só com a pedra e o meu corpo, o máximo possível. Dosando minha energia, achando somente o tanto necessário para cada movimento. Minha motivação era: ser paciente e relaxar, sempre! Sem pressa, sem raiva, porque eu sinto que isto não pertence à escalada, ou pelo menos não me perten-ce. Eu procurei por um ser “iluminado” em tudo. Uma ascensão completamente fluida, sendo uma só com a parede. Movimentos em total harmonia, procuran-do pelo ritmo certo, excluindo todos os pensamentos que não tem nada relacionado com a escalada. Eu o encarei como a busca pelo perfeito estado de espíri-to na escalada”.

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Sacos de magnésio diferenciadosfacebook.com/hipnosemag

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“Eu senti que aquela competição, a vontade de vencer, alcançar o topo, são coisas inerentes a nós; mas em al-gumas vezes é importante dar um passo à frente, ama-durecer, e examinar a vida de um ângulo diferente”.

Depois de participar de eventos internacionais duran-te 6 anos, afirma que parar de competir lhe deu uma nova sensação de liberdade. Ela sentia falta de fazer parte de um grupo, viajar com amigos, apreciar a vida da escalada; aspectos que caracterizaram o começo da carreira de escaladora dela. Além disso, ela decidiu que era hora de avançar para objectivos mais interessantes, mais alinhados com os seus valores e desejos de uma escaladora.

Quando questionada sobre como ela escolhe os proje-tos, Lynn Hill afirma que eles tem que ser motivados por objetivos pessoais. Aconselha que o grau não é impor-tante, a experiência que deve ser significante.

© Reini Fichtinger

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seatosummit.com.br

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Equipe Sea to Summit Brasil

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Caio Salomão “AFeto” Foto: Lucas MelloKrenak

HighLine

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Por Caio Salomão “AFeto” A tradução da palavra “HighLine” para o português é “Linha Alta”, mas não é só isso que essa palavra signi-fica, HighLine vai muito além de uma mera linha alta, para mim ela significa, liberdade, superação, medo, adrenalina, auto-controle, desafio...

E foi atrás dessa mistura de sensações que me lancei em mais um HighLine, em uma região próxima a Cidade de Resplendor-MG, na companhia de vários amigos que também foram para conhecer todo o potencial do local para a prática da escalada, um potencial tão grande e praticamente virgem, onde está sendo criado o Parque Estadual dos Sete Salões.

O local que fica perto das margens do Rio Doce a muito tempo atrás era território indígena da Tribo Krenak (Bo-tocudos), que depois das “guerras justas” do Governo Colonial foram dizimados e expulsos para uma região próxima, hoje restaram poucos deles que ainda tentam preservar o modo de vida e cultura, resquícios dos an-tepassados desse povo podem ser encontrados em algu-mas faces de rocha que possuem pinturas rupestres. Como sempre, abrir HighLine é um verdadeiro quebra-cabeça, e dessa vez não foi diferente, rodei pelas várias agulhas de quartizito até achar o lugar ideal com 25m de altura aproximadamente. Começamos então a armar no fim da tarde do sábado para na manhã de domingo finalizarmos.

Caio Salomão “AFeto” Foto: Lucas Mello

HighLine

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Sobe, desce, puxa daqui, olha dalí...E finalmente estava quase tudo pronto, só restava esticar a fita que deu na medida certa, achei que ficaria com 20m no máximo de distância, acabou que ficou com 35m e um leve desní-vel, o que dificultaria a travessia pois um dos lados ficou mais alto, nessa hora bateu uma incerteza se seria pos-sível atravessar, mas só vendo na prática se ficaria bom ou não e começamos a esticar, puxamos o máximo de corda que tínhamos, uns 4m, agradeci a ajuda de Lucas Mello, pois sem ele não teria conseguido armar, passei o esparadrapo e pronto, hora de andar, deu certo.

Amarrei minha segurança, olhei para baixo e de cara já sabia que não podia cair no começo, pois os 5m iniciais estavam expostos, caso caísse direto na minha solteira tinha um platô embaixo me esperando, mas mesmo as-sim fui, e logo depois dos 5m caí me agarrando na fita, decidi então ir para o outro lado que era mais tranqüilo, não foi muito tranqüilo mas dessa vez levantei na fita e consegui ir lutando até o final permanecendo em cima, depois dei mais algumas idas e vindas e sensação de de-ver comprido, como é bom sentir isso, ainda mais com a galera passando aquela vibe positiva embaixo, fiquei muito feliz e mais motivado para a próxima!!!

Gostaria de agradescer todos os meus amigos que em-barcaram nessa trip: Naoki Arima, Lucas Mello, Evie Negro, Sandro Souza, Luiz Celso, Porko, Vanessa, Fa-brício Amaral e Denise Telles.

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Caio Salomão “AFeto” Foto: Evie Negro

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LAPA DO SEU ANTAOGabriel Ramos na via Velha Virgem 8c Foto: Gustavo Baxter

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LAPA DO SEU ANTAO

Por: Marcella Romanelli, Felipe Belisario e Gabriel Ramos

Escalada de lazer na Lapa do Seu Antão

Há mais de um ano a comunidade escaladora brasileira vem acompanhando as notícias sobre a Lapa do Seu An-tão. Trata-se de um pico de escalada esportiva na região da APA Carste de Lagoa Santa - Minas Gerais, vizinha ao Baú e Lapinha.

Desde que a área passou a ser freqüentada e as vias es-portivas equipadas, deu-se início a um bonito trabalho de manejo da área natural, com o conhecimento e apoio do proprietário das terras, transformando a Lapa em uma re-ferência neste tipo de trabalho. A abertura de vias, a manu-tenção de trilhas, as contenções, as delimitações de áreas naturais, as sinalizações de vias e setores, tudo isso vem sendo desenvolvido pelos chamados Guardiões da Lapa, juntamente com quem se dispõe a ajudar. Aos poucos per-cebemos que a maioria dos escaladores visitantes da Lapa compartilhava de nossas idéias e se mostrava disposta a se envolver com algum tipo de trabalho, reforçando a idéia da criação de um clube de escalada de lazer.

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Por isso nasceu o Montis, Clube de Escalada de Lazer. Turismólogos, biólogos, engenheiros ambientais, ad-vogados, bombeiros ou simplesmente escaladores, en-fim, várias pessoas decidiram reunir suas forças e suas experiências para que junto com o crescimento do es-porte cresça também a mentalidade de conservação e carinho com os ambientes naturais que usufruímos para as nossas práticas de lazer e que nos trazem tantas alegrias. E na Lapa a gente vivencia isso a todo instante!

Em Minas Gerais o esporte vem crescendo muito e a pre-ocupação em “formar” bons escaladores está sempre pre-sente. Consideramos que o bom escalador é aquele que pratica a escalada com segurança, sempre alerta, aberto a novas idéias e consciente de seus atos. Muitos alunos de academias de escalada de Belo Horizonte têm tido o seu primeiro contato com a escalada em rocha na Lapa do Seu Antão. Neste ambiente essas pessoas estão tendo a chance de descobrir a atividade e os cuidados com a conservação da área desde a primeira visita. Percebemos que aqueles que tomaram gosto pela escalada em rocha se vêem aplicando essas experiências em outros picos.

O trabalho dos Guardiões da Lapa não tem se restringido ao manejo da área de escalada. Aproveitamos a curiosidade da garotada de Fidalgo que apareceu na Lapa para conferir o que estava acontecendo, e demos início ao projeto de aulas de escalada para a criançada.

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Esta é umas das metas do Clube que tentará melhorar a qualidade de vida dos moradores de Fidalgo através da escalada.

Como reconhecimento e incentivo para o nosso proje-to, recebemos uma grande quantidade de equipamentos doados por iniciativa de escaladores assíduos do pico, amigos e especialmente a academia Rokaz (BH) que nos presenteou com sapatilhas, cadeirinhas, sacos de mag-nésio e até mesmo roupas esquecidas há muito tempo na academia e que foram repassadas aos meninos durante as aulas. Agora os nossos alunos como o Gustavo, o Fernando, o PC, Tigrão e Cia, escalam usando sapati-lhas nos seus números, cadeirinhas apropriadas para os de menor gabarito e etc. Não é raro ver uma turminha de até 10 crianças, alguns filhos de trabalhadores das pedreiras da região, escalando conosco nos finais das tardes de sábado.

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Nestes últimos anos, temos vivenciado uma nova fase da escalada em Minas. Os escaladores estão se unindo e dispostos a mudar a história da atividade marcada pelos fechamentos de importantes campos escola de escalada.

É um conceito defendido pelo clube de escalada lúdica, consciente e segura. Estamos conseguindo plantar essa semente em cada escalador que visita a Lapa e percebe-mos que nossas idéias vêm ganhando espaço dentro de cada visitante. Durante o processo de reabertura da Lapa, vimos vários escaladores se unindo e reunindo os esfor-ços, cada um dentro da sua área, para assegurar a legali-dade da prática do nosso esporte.

Placa indicativa de interdição provisória de vias Foto: Marcella Romanelli

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Andréa Rios na via Velha Virgem 8c Foto: Gustavo Baxter

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Texto e Fotos: Edemilson M. Padilha

A Escalada

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Texto e Fotos: Edemilson M. Padilha

Sempre temos algo que nos marca em nossa trajetória de mon-tanhistas. Pode ser uma via, uma paisagem, um lugar especial. Para mim o que mais me marcou foi uma escalada que não estava esperando. Destas que a gente imagina que vai fazer daqui a 10 anos e de repente, sem mais nem menos, acontece!Era final de 2004, estava cansado do trabalho e de tudo o que me cercava. Comprei uma passagem para esfriar um pouco a cabeça no gelo patagônico. Sem expectativas maio-res do que “dar um tempo”, parti para El Chaltén, sul da Argentina, onde esperava encontrar um parceiro de escala-da para tentar alguma das míticas montanhas da região. Lá chegando encontrei com um amigo que me apresentou o Ga-briel Otero, escalador argentino sem nenhuma experiência nas montanhas da região, mas segundo as palavras de nos-so amigo em comum: “escala bem, seguro e é buena onda”.Instalei-me no acampamento base e na primeira brecha de bom tempo partimos para a Agulha Guillaumet e cumbre-amos! Sentimo-nos os heróis, pois numa pequena janela de bom tempo conseguimos escalar uma bela linha de 500 metros de extensão. Um fato engraçado é que no retorno nos perdemos um do outro na trilha e eu voltei caminhando para o Acampamento Base por um trecho de 15 quilôme-tros que havíamos feito de carro! Mas isso é outra história...Só esta escalada já valia a temporada, todavia estávamos em-polgados demais. No acampamento conhecemos o espanhol Isaac Cortes que vinha da escalada esportiva para a tradicional e estava na mesma vibe. Decidimos partir para o vale entre o Conjunto do Fitz Roy e o do Cerro Torre. Lá escalamos duas agulhas em dois dias em uma janela excelente de bom tempo. Duas vias inacreditáveis: Rubio y Azul, Agulha Media Luna e

A Escalada

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Salvaterra-Cavallaro, Cerro El Mocho. Vias de 400 metros de extensão todas em fissuras perfeitas em um granito impecável. No terceiro dia de bom tempo acordamos em nosso bivaque assistindo a uma cordada de eslovenos que se aproximava do cume do Cerro Torre. Eu e o Isaac nos olhamos e pensamos a mesma coisa: o Cerro Torre não parece tão impossível...Naquele momento ampliamos nossos limites. Não foi fazer o cume do Cerro Torre que ampliou nossos limites, mas sim a decisão de escalá-lo. Quando comunicamos ao Gabriel nosso plano foi como se um raio o atingisse, ele não falava, só ficava olhando-nos boquiaberto. Foi hilário. Neste ponto tínhamos a equipe: Ed, Gabi e Isaac. E tínhamos um mega objetivo: escalar o mítico, o temido e sonho de consumo de todo escalador, o Cerro Torre! Contudo, antes de entrarmos na via, aquilo tudo começou a pesar sobre nossos ombros. Quando os outros escaladores nos perguntavam o que iríamos fazer era difícil admitir que entraríamos naquela montanha.Subi a trilha de aproximação como se estivesse carregando uma tonelada de preocupações na mochila. Todavia, as nuvens de apreensão se dissiparam quando deixamos a civilização para trás. Ali naquele ambiente hostil nos sentíamos mais confortáveis. Os irmãos Hubber, com seus telefones por satélite, nos disseram a hora em que o tempo iria melhorar e assim foi. Iniciamos a escalada numa bela manhã depois que várias equipes saíram apostando corrida. Usamos uma estratégia diferente para não pegar tráfego, mesmo assim, no segundo dia de escalada demoramos um tempão para passar uma equipe sulafricana e depois tivemos de esperar os times que desciam do cume. Foi bem estressante ter de escalar lento numa montanha que requer rapidez, mas não tínhamos alternativa.

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Outro ponto crítico era que como a janela de bom tempo já durava vários dias, a neve derretia e caiam pedras e pedaços de gelo a todo instante. Mas o pior estava por vir: anoiteceu, estávamos cansados e ainda faltava um esticão de corda dos mais complicados para atingirmos o gelo do cume. Coloquei à prova não somente toda a minha experiência como escalador, mas, principalmente o meu autocontrole. Quando saí de casa naquele início de 2005 nunca poderia imaginar que estaria, depois da meia noite, negociando com copperheads, rivets e

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Setor VentanasFoto: Marcella Romanelli

stoppers e me aproximando do cume de uma das montanhas mais difíceis do mundo. E também nunca poderia imaginar que pisaria o cume do Cerro Torre as 2 da madrugada em plena terça-feira de carnaval e que seria obrigado a bivacar sem saco de dormir sob o cogumelo de gelo cumbrero. Foi uma noite interminável; enquanto eu e o Isaac andávamos pelo cume para nos aquecer, o Gabriel roncava, sentado sobre as cordas.Foi incrível, uma das escaladas mais marcantes da minha vida.

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Fui para a Patagônia Argentina só com minha mochila e voltei carregado de experiências e de novos amigos. Foi naquele momento que descobri que não existem montanhas impossíveis e que quando estamos preparados o universo conspira a nosso favor, é só dar o primeiro passo em direção ao cume!

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www.clubemontis.com.br [email protected]

CHAPAS MONTIS

Salve comunidade escaladora!

É com grande satisfação que o Clube Montis lança o seu primeiro pro-duto: as chapeletas MONTIS. Como prometido e anunciado na festa de Boas Vindas, o Clube, em parceria com um dos seus filiados, desenvol-veu esse produto para incentivar a prática da escalada e o equipamento de vias esportivas na nossa região e em todo o Brasil.Essa ação dará autonomia ao Montis para desenvolver projetos de ex-ploração de novas áreas de escalada, equipamento de novas vias e ma-nutenção das que estão sob os cuidados do Clube, interferindo direta-mente no valor investido para a realização desses projetos.Definitivamente o Clube mostra, principalmente para os seus filiados, que nossa equipe luta para alcançar as metas e os objetivos traçados pelo Montis com o intuito de contribuir com o desenvolvimento da escalada.

Atenciosamente,

Equipe Montis

Material: FePo4Classe: Aço EPEspessura: 4,25mm - CP3Carga Máxima de Ruptura: 3170Kgf

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Este texto tem como objetivo levar informação à comunidade es-caladora sobre o funcionamento do ombro, sua anatomia e lesões decorrentes do esporte. A lesão do ombro na escalada não difere das demais atividades, isto ocorre porque a lesão está relacionada ao funcionamento e anato-mia do ombro como veremos a seguir . Ela está presente em ati-vidades que envolvam uso repetitivo do membro superior e mãos acima da cabeça, como vôlei, handbol, polo aquático e a maioria dos esportes de arremesso.

Ombro do escalador

Começando pela anatomia óssea, a articulação do ombro é forma-da pela cabeça do úmero, acrômio, extremidade da clavícula, gle-noide escápula (fig 1). O acrômio une-se à clavícula formando a articulação acromioclavicular, e a cabeça do úmero com a glenoide forma a articulação do ombro propriamente dita. Associado a isso há uma série de ligamentos que conferem estabilidade a essas arti-culações.

Em relação às partes moles, há os ligamentos já ditos, musculatura, cápsula articular, tendões, nervos e Bursa subacromial (abaixo do acrômio). A bursa existe em outras partes do corpo, funciona como uma almofada que dá suporte para o deslizamento de tendões e músculos.

A clavícula e a articulação acromioclavicular tem a função de dar sustentação ao membro superior. Funciona como se fosse as asas do avião que dão sustentação ao corpo. Havendo essa sustentação do membro superior, o braço fica livre para ter grande amplitude de movimento.

Imagens: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Texto: Dr. Fernando Koberle

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Os músculos do ombro são o subescapular, supra e infraespinho-sos, que unidos formam um tendão único que engloba a cabeça do úmero, o manguito rotador (fig. 2). A ação do subescapular tem a função de rodar o ombro para dentro (rotador interno), o infraespi-nhoso roda o ombro para fora (rotador externo) e o supraespinhoso tem como objetivo principal a elevação do ombro. A combinação da contração desses músculos confere todos os movimentos possí-veis do ombro.

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A inserção e ação do manguito na cabeça do úmero forma protube-râncias ósseas, a grande tuberosidade (inserção do supraespinhoso) e a pequena tuberosidade (inserção do infraespinhoso).

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Lesões do ombro

As lesões mais comuns do ombro são a bursite, tendinite do man-guito, estiramento da musculatura, lesões do manguito e luxação do ombro .

A bursite e a tendinite ocorre pela síndrome do impacto. Isto ocorre porque a Bursa e o supraespinhoso encontram-se entre a grande tuberosidade e o acrômio (espaço subacromial), e quando o ombro esta em elevação acima dos 90 graus, há uma diminuição desse es-paço, com conseqüente compressão da Bursa e do supraespinhoso (FIG 3). O impacto crônico ou agudo associado a esforço excessivo pode levar a lesão do manguito ( rotura do tendão). Os estiramen-tos musculares do ombro ocorrem como em qualquer outra parte do corpo, solicitação além do normal.

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As luxações do ombro também podem ocorrer na escalada. Enten-da-se por luxação quando ocorre perda da congruência articular. Trata-se de patologia grave com dor intensa e deformidade visível, podendo acarretar episódios recidivantes e possível cirurgia.

A luxação acromioclavicular já é uma afecção menos frequente na escalada, mas pode ser decorrente de trauma direto em região pos-terior do ombro ou na tentativa de evitar queda e tentar sustentar corpo, o ombro em elevação lateral. Nestes casos irá formar uma deformidade na região seguido de dor e impossibilidade de eleva-ção lateral do braço.

Pra quem tem alguma dúvida sobre esse tema ou gostaria de saber mais sobre lesões comuns na escalada, escreva para : [email protected]. Com o tempo estaremos enca-minhando as dúvidas e publicando as respostas no nosso site.

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Felipe Dallorto conquistando em Mallorca (setor Brazil) Foto: Arquivo pessoal

FOTOS

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Kalango no boulder TV Pirata - Itaqueri da Serra (SP) Foto: Ana Lígia

FOTOS

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Felipe Belisário na via Chico Xavier 10c - Lapa do Seu Antão (MG) Foto: Marcella Romanelli

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Alexandre Fei na A Lenda do Rotpunkt 9c - Lapa do Seu Antão Foto: Gustavo Baxter

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Ana na via Berne é foda 9c - Itaqueri da Serra (SP) Foto: Rafael Rodrigues

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Ana na via Berne é foda 9c - Itaqueri da Serra (SP) Foto: Rafael Rodrigues

Bia na via Denorex 5sup - Cuscuzeiro/ Analândia (SP) Foto: Alejandro Ph

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