revista o dirigente cristão

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O Dirigente Cristão Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul - ADCE Nº 169 - Ano XVIII - Novembro/ 2009 Cedida pelo Jornal Solidário Banco de Alimentos: a sociedade atuando no combate à fome Impresso fechado. Pode ser aberto pelos Correios A ADCE-RS se despede de Dom Antônio do Carmo Cheuiche, seu fundador, registrando todo o respeito, a saudade e a gratidão por tudo o que fez, especialmente para os leigos dirigentes cristãos, não só de empresas, mas de diversas profissões, inclusive políticos. A ADCE-Serra homenageou Dom Antônio com missa em sua intenção.

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Revista O Dirigente Cristão da ADCE-RS.

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O DirigenteCristão

Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul - ADCENº 169 - Ano XVIII - Novembro/ 2009

Cedida pelo Jornal Solidário

Banco de Alimentos: a sociedade atuando no combate à fome

Impresso fechado. Pode ser aberto pelos Correios

A ADCE-RS se despede de Dom Antônio do Carmo Cheuiche, seu fundador, registrando todo o respeito, a saudade e a gratidão por tudo o que fez, especialmente para os leigos dirigentes cristãos, não só de empresas, mas de diversas profissões, inclusive políticos.A ADCE-Serra homenageou Dom Antônio com missa em sua intenção.

O Dirigente CristãoÓrgão Informativo da Associação de Dirigentes Cristãos

de Empresa do Rio Grande do Sul (ADCE-RS)Filiada à ADCE/UNIAPAC/Brasil

PresidenteAntonio D’AmicoVice Presidente

Antonio PiresClodoaldo Silveira

Assessoria DoutrináriaPe. Sergio Mariucci - Pastor Carlos Dreher

Monsenhor Urbano ZillesEditor In Memoriam

Fulvio de Silveira Bastos

SedeCentro Arquidiocesano de Pastoral

Praça Monsenhor Emílio Lotterman 96, conj 12Bairro Floresta CEP 90560-050 Porto Alegre/RS

Fones (51) 3332.0811Fax: (51) 3222.8997

e-mail: [email protected] Diretor

José Antonio Célia (Porto Alegre)Carlos Egídio Lehnen (Porto Alegre)

Luceval Delazzeri - Serra (Caxias do Sul)Euclides Sirena - Serra (Caxias do Sul)

Sergio Ricci - Planalto Médio (Passo Fundo)Ubiratan Oro - Planalto Médio (P. Fundo)

Vicente Borin (Santa Maria)Luiz Fernandes da R. Pohlmann (Santa Maria)

Gilmar Vicente Lazzari - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul)

Paulo Bohn - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul)

ComissõesAlecio Ughini - Baptista Celiberto

Carlos Egídio Lehnen - Cláudio O. KoehlerFrancisco Moesch - Gilberto Lehnen

José Antonio Célia - José Juarez Pereira Luiz Arthur Giacobbo - Ricardo Jakubowski

Rita Campos Daudt - Sergio Kaminski

Edição:

Rua Jerusalém, 415 - CEP 91420-440 - Porto Alegre/RSFone: (51) 3392.0055Editor: Carlos Damo

Reportagem e Diagramação: Cíntia Machado DRT/RS14080

[email protected]

Tiragem 3500 exemplaresCirculação Bimestral - Distribuição Gratuita

É permitida a reprodução total ou parcial das matérias aqui publicadas, desde que conservada a forma e

citados a fonte e o autor. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

Seminário aborda o tema honestidadeA ADCE Porto Alegre reuniu seus associados no sábado, 19

de setembro, em seminário que discutiu a honestidade. O tema central foi abordado por três dife-rentes aspectos: Mons. Urbano Zilles definiu o que é ser hones-to; o vice-presidente do EMAUS e advogado Emerson Vidal, apli-cou o tema honestidade à políti-ca; Guilherme Guaragna, diretor da Braskem, discorreu sobre a honestidade nos negócios.

ADCE Serra reúne novos dirigentesO 62º Encontro de Reflexão da ADCE Serra reuniu mais de

50 pessoas entre os dias 11 e 13 de setembro. De acordo com o presidente da associação, Luceval Delazzeri, inúmeros aspectos contribuí-ram para tornar-se um evento marcante. “Foi consenso do grupo que Deus foi o centro de todos os atos e que Ele é o nosso 1º sócio quando o as-sunto é harmonização dos am-bientes de trabalho”, destacou.

Dirigentes Cristãos 2009 escolhidosAs ADCE’s de Porto Alegre e da Serra já

definiram seus Dirigentes Cristão do Ano. Na capital o nome selecionado foi o do Diretor de Empreendimentos da Braskem, Guilherme Guaragna. O jantar que marca a home-nagem acontecerá dia 24 de novembro, às 19h, no Jockey Clube. Na serra o Dirigente Cristão do Ano é, na verdade, um casal: Roberto Vitório Boniatti e Maria Elena Manozzo Boniatti. Os agraciados são pesso-as que se destacam por ideais humanitários.

Schiavo Fotografias

Conexão

Con

exão

Arquivo Pessoal

[O Dirigente Cristão] [3]

Con

exão

Tá na mesa reuniu inúmeros adeceanosA ADCE Serra promoveu no dia 17 de

outubro o evento gastronômico beneficente tá na mesa com a ADCE.

Dirigentes reuniram-se no MéxicoA Cidade do México abrigou entre os dias

30 de Setembro e 2 de Outubro o XXIII Con-gresso Mundial da Uniapac. O tema do en-contro foi “Valores para a construção de um mundo melhor”. Esteve presente na abertura do evento, além das autoridades da Uniapac, a primeira dama, Margarita Zavala de Calde-rón, que inaugurou o congresso. Destacou-se ainda durante o encontro a presença do pre-sidente mexicano, Felipe Calderón Hinojosa e do ex-presidente do FMI Michel Camdes-sus. Hinojosa é filho do fundador do USEM de Morelia, Michoacán

Jonas Rosa

mentos conta com suas próprias nutricionistas. “Temos muito cui-dado com o alimento”, destaca.

Até o início de outubro exis-tiam dez Bancos no estado e um no RJ. O Banco de Alimentos de Porto Alegre foi o primeiro do Brasil e não tinha como meta criar outros, mas eles foram surgindo. Ainda em outubro as cidades de Venâncio Aires e Gra-vataí inauguraram seus bancos. Antes do final do ano Cruz Alta e Rio Grande se integrarão à rede e para 2010 as cidades de Bagé, Bento Gonçalves, Capão da Ca-noa, Novo Hamburgo e São Ga-briel devem entrar.

A metodologia do Banco de Alimentos permite que o mesmo seja implantado em cidades de qualquer porte. “Guaíba, Viamão e Imbé são cidades de pequeno porte que possuem Banco”, expli-ca Bernhard. O Banco do Vale dos Sinos é um exemplo de alternati-va de viabilização. As cidades de São Leopoldo, Esteio, Sapucaia e Portão uniram-se e criaram um só banco para as quatro cidades para baixar custos.

FuncionamentoO Banco de Alimentos conta

com a atuação de voluntários para arrecadação. Aos sábados essas pessoas ficam na porta dos supermercados solicitando doa-

O Banco de Alimentos com-pletará em dezembro nove anos atuando no combate à fome. Nes-se período espalhou-se pelo Rio Grande do Sul e atingiu também o Rio de Janeiro.

A ADCE foi idealizadora do Banco de Alimentos do RS, o primeiro deles. Na época o então presidente da ADCE Brasil, Al-berto Augusto Perazzo, trouxe de Lisboa, onde já existia entidade semelhante, um folder da mes-ma. Eduardo Albersheim Dias, primeiro a ocupar o cargo de pre-sidente do Banco de Alimentos, conta que a partir daí ele e outros dois adeceanos, Celso Lehnen e Juarez Pereira, que sempre se incomodaram com o desperdício de alimentos, inspiraram-se e mobilizaram-se para criar o Ban-co de Alimentos do RS. Reunindo parceiros deram origem a ele.

Gestão do desperdício“A atividade do empresariado,

principalmente cristão, tem papel importante no desenvolvimento do Banco de Alimentos”, coloca o atual presidente da unidade de Porto Alegre, Paulo Renê Ber-nhard. Ele explica que os empre-sários estão muito presentes na gestão dos Bancos de Alimentos e por isso a instituição funciona como uma empresa. Utiliza as ferramentas de gestão para man-tê-la e viabilizá-la.

Uma das ações foi estabele-cer parcerias. “Temos no Banco de Alimentos uma extensão das

faculdades de nu-trição. De início trabalhávamos apenas com a Unisinos, agora com todas”, ex-plica Bernhard, ressaltando que além dos núcleos das universidades, o Banco de Ali-

Gerindo o combate a fomeO Banco de Alimentos é mantido por empresas e conduzido como tal

[4] [O Dirigente Cristão]

Av. das Indústrias, 400 - Porto Alegre/RS - 51 3371.1022 - Anchieta - 90.200-290 - www.serki.com.br

Em fundações sempre as melhores soluções

Creche benefiaciada pelo Banco de Alimentos

“O Banco de Alimentos se orgulha de ser uma insti-tuição que realmente presta serviço à sociedade.”

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ções, usando já conhecidos cole-tes azuis. Os alimentos coletados são recolhidos por cerca de 20 a 30 caminhões todos os sábados, segundo Bernhard, que explica que também os motoristas e todos os que trabalham na arrecadação são igualmente voluntários.

“Hoje contamos com o poder público e conseguimos reunir todas as universidades, elas es-tão conosco, de mãos dadas”, orgulha-se o presidente do Ban-co de Alimentos do RS. Apenas em Porto Alegre já foram dis-tribuídos 12 milhões de quilos de alimentos. Mensalmente são distribuidas 250 toneladas e 331 instituições são beneficiadas.

“Criamos ainda o Clique Ali-mentos. A pessoa dá um clique e doa sem gastar nada”, conta Ber-nhard. A doação, patrocinada por empresa parceira, pode ser feita em www.cliquealimentos.com.br

Outros setoresA partir da idéia do

Banco de Alimentos sur-giram outros seguindo a mesma lógica de recolher onde sobra e distribuir onde falta. A atuação dos Bancos Sociais é tradu-zida por sua bandeira: “transformando desperdí-cio em benefício”.

Porto Alegre tem hoje o Banco de Tecidos Humanos, também pioneiro no Brasil. O banco fica na Santa Casa e tem parceria com a TAM, para viabilizar a doação a outros estados. Outros que sur-giram foram o Banco de Medica-mentos, o Banco de Computado-res, o Banco de Projetos Comuni-tários, que orienta pessoas sobre como utilizar recursos do governo para projetos comunitários.

O Banco de Livros está arreca-dando livros parados na estante,

Voluntários do Banco de Alimentos atuando no recolhimento e distribuição

inclusive os anteriores a reforma ortográfica. Os livros serão utili-zados na montagem de bibliote-cas em locais onde o estado não alcança. Veja detalhes em www.livroinedito.com.br

Os bancos recebem os exce-dentes de quem não tem o que fazer com eles e os repassam a pessoas que utilizam, gerando renda, no caso da área têxtil, por exemplo, ou aplacando necessi-dade, como no caso dos alimen-tos. “Doar é algo que precisa ser admitido na nossa sociedade”, salienta Bernhard.

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[6] [O Dirigente Cristão]

de Mao Tse Tung estava em 1% e hoje aumentou para aproxima-damente 4%. O período atual representa, portanto, uma reto-mada do crescimento. Um resgate daquilo que o país já teve.

A política chinesaIrmão de deputado federal

chinês, Lee tem assim uma fonte segura de conhecimento acerca da política daquele país. A partir daí, defende que o Partido Co-munista chinês não constitui um monobloco, pois existem subgru-pos, dentro do próprio partido – o que chama de pluripartidarismo.

Lee conta que a meritocracia é a chave para entrar no parti-do, ou seja, bons contatos e suas capacidades reconhecidas. Os membros do Partido Comunista passam por um processo de capa-

citação. Antes de assumir qual-quer cargo, estudam em escola específica que os treina e só então passam a exercer atividades, ini-cialmente fiscalizadas.

O crescimento dentro do partido também é resultado da meritocracia: os melhores passam a atingir melhores postos. “A Chi-na é uma nação de meritocracia. O concurso lá existe há dois mil anos: a meritocracia faz parte da cultura”, defende Lee.

Na China os cidadãos são in-centivados a buscar seu próprio crescimento, conta. Lá não exis-tem programas de doações em dinheiro como o programa brasi-leiro Bolsa Família, por exemplo. “A China ensina a pescar, não dá o peixe”, esclarece.

Para Lee, a força de seu país está em seu governante e na con-tinuidade do governo. “Uma na-ção não é nada senão o seu diri-gente. A Coréia do Norte e a Co-réia do Sul têm a mesma língua, a mesma cultura, o mesmo passado, mas os dirigentes são diferentes e isso muda tudo. O mesmo aconte-

O Chinês não acha que está crescendo, mas que está res-gatando o seu passado. Nós sempre fomos uma nação de-senvolvida.

Do outro lado do mundoA política e os costumes de um dos principais personagens do mundo atual: a China

Uma China diferente daquela vista todos os dias nos jornais foi apresentada pelo chinês Elio Lee em sua palestra na ADCE. Lee, que veio para o Brasil fugindo do comunismo e já habita o país há algumas décadas, mostrou o pa-norama político de seu país, além de trazer outras curiosidades.

A China é um país muito an-tigo e já teve muito mais repre-sentatividade que hoje. De acordo com Lee, houve uma época em que o PIB do planeta era dividido igualmente entre Roma e China. Depois disso, Roma se fragmen-tou, dando origem a todas as ci-vilizações ocidentais, enquanto a China continuou sendo o mesmo país. Lee conta que na época de Marco Pólo a China tinha cerca de 25 ou 30% do PIB mundial. Depois caiu para 20%; na época

Elio LeeNasceu em Shangai, na Chi-na e está no Brasil desde os 11 anos de idade. Veio para cá fugindo do comunismo. É formado em Química pela USP e em Economia de Empresas pela FGV/ SP. Já trabalhou em empresas como Petrobras e Avipal, é pales-trante em economia mundial e consultor de investimentos.

Con

exão

Curiosidades* Na China não existem disputas motivadas por valores espirituais, as pendências acontecem no cam-po político.* A escrita vertical decorre da base empregada em sua origem: os bambus. Os símbolos do alfa-beto chinês vieram de objetos, por exemplo, sol e lua são re-presentados por desenhos que lembram seus formatos. Os sím-bolos das palavras abstratas vêm também de idéias abstratas, a representação da palavra boa, por exemplo, vem da soma de duas outras: mulher e filho.* O número de mulheres que tra-balha na China é alto. Compará-vel com a situação do RS, onde a disputa entre mulheres e homens no mercado de trabalho é equili-brada.* A China tem milhares de pro-vérbios e através deles expres-sa sua cultura. Dois exemplos: “Mata um, educa mil” e “Mate a

Tai Chi ChuanElio Lee também dá aulas de Tai Chi Chuan, ou Tai-jiquan, conforme a grafia original. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira no Parcão, em Porto Alegre, há cinco anos e são gratuitas. Inicialmente faz uma ses-são para si e em seguida, às 8h30min para o público. “É um grande legado que eu quero repassar para o Bra-sil”, explica.

galinha sempre aproveitando para mostrar pro macaco”.* A cultura chinesa leva às crian-ças desde cedo ensinamentos como estratégia, aliança, traição.

ceu com a Alemanha Oriental e a Ocidental”, exemplifica.

A possibilidade de falta de um governante adequado é, para Lee, a maior ameaça à China. Esse, se-gundo ele, é o problema da Coréia do Norte e também dos estados brasileiros com exceção de SP. “O estado de São Paulo é diferente dos demais porque desde o gover-no Covas mantém o mesmo par-tido no governo. Aqui no RS, a cada mandato troca-se o partido.” Os exemplos reforçam mais uma vez a idéia de continuísmo, que para ele é essencial.

Sobre o regime de governo chinês, Lee trás uma visão di-ferente da corrente. Para ele, lá existe a democracia da minoria, ou seja, haveria democracia den-tro do grupo formado pelos in-tegrantes do Partido Comunista. O palestrante reforçou sua idéia explicando que a democracia que existe hoje no mundo é bem diferente daquela que surgiu na Grécia.

TibeteO Tibete é uma região muito

importante para a China e é rei-vindicada também por Taiwan. “O Tibete representa água e por isso a China não vai abrir mão”, explica Lee. Durante o inverno a região fica coberta de neve e no verão alimenta os rios, sendo res-ponsável por alta parcela da água disponível no território chinês. A província tibetana oferece ainda outra benefício a esse país, uma vez que serve como proteção na disputa de fronteiras com a Índia.

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O futuro chegou

inflação, passando de 1% para 5% em menos de um ano. Boa parte dos empréstimos subprime eram de juros flutuantes. Assim, ao aumentar os juros a hipoteca aumentou e consequentemente a inadimplência. “Os bancos tam-bém não puderam mais honrar os títulos repassados e ficaram com muitos ativos podres em sua carteira, ou seja, tinham o direito de resgatá-los, mas não o conse-guiam fazer”, explica o professor.

A partir daí a crise desenca-deou. Os bancos deixaram de em-prestar uns para os outros, provo-cando o engessamento do consu-mo e dos investimentos. A crise mostrou-se na economia real, começou a afetar o crescimento, depois a produção, entrando en-tão em uma espiral recessiva, de acordo com Azevedo.

O momento atualHoje em dia tanto o PIB mun-

dial, quanto o comércio inter-nacional demonstram evolução negativa em termos globais. De acordo com Azevedo, desde 2000 até 2008, ambos os indicadores cresciam. Devido à crise interna-cional a previsão para este ano é que o primeiro caia 1,3% e o segundo 11%. Trata-se da maior queda do comércio internacional e a segunda maior do PIB desde o final da II Guerra Mundial.

Aquela velha máxima que dizia que o Brasil era o país do futuro, finalmente faz sentido, as expectativas tornaram-se realida-de. De acordo com o doutor em Economia André Azevedo, o país passou pela atual crise econômica muito mais forte do que pelas cri-ses anteriores. Prova disso, é que foi dos últimos a entrar na crise e dos primeiros a sair da mesma.

A criseA crise financeira mundial

originou-se no mercado imobili-ário subpprime norte-americano e em função da globalização da economia ganhou dimensões in-ternacionais. Conforme Azevedo, a área imobiliária trazia então características que facilitaram a ocorrência da crise: taxas de juros muito baixas durante muito tem-po, incentivando o consumo em um país onde ele já é naturalmen-te alto; falta de regulação adequa-da nos bancos.

Azevedo explica que os ban-cos faziam empréstimos com o dinheiro das hipotecas do tipo subprime e transformavam o cré-dito em títulos, que eram revendi-dos para outros bancos, frequen-temente de outros países. Por isso a crise se disseminou.

Recentemente os EUA se viram obrigados a aumentar a taxa de juros para combater a

A evolução da economia brasileira tornou o país mais forte para reagir à crise

Ao analisar, entretanto, a situação dos países do BRIC e a dos países desenvolvidos separa-damente, nota-se que o primeiro grupo apresenta situação mais fa-vorável, com quedas menores nos índices. “Todos estão piorando, só que uns mais que os outros. EUA, Canadá, UE e Japão apre-sentam situação de queda maior, porque foram os bancos dessas

[8] [O Dirigente Cristão]

André AzevedoMestre em Economia pela UFRGS e doutor, também em Economia, pela University of Sussex. Atua como Consultor Econômico da Federasul e Coordenador de Pós-Gradua-ção na Unisinos.

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localidades os afetados”, esclarece o economista.

Os países do BRIC caem ape-nas 6,4% no comércio interna-cional, enquanto esse índice fica em 13,5% para os desenvolvidos. Em relação ao PIB acontece o mesmo, os países emergentes não caem tanto e os desenvolvidos apresentam sua maior queda des-de o pós-guerra: 4%.

A situação do BrasilO Brasil aparece em condição

positiva perante a realidade mun-dial. Azevedo explica que o país foi dos últimos a entrar na crise e dos primeiros a sair. “Nosso cres-cimento negativo durou apenas dois trimestres, enquanto os EUA e a Europa estão há quatro nessa situação”, salienta, informando que a previsão para esse trimestre é de crescimento ainda maior da economia brasileira, de 2,5 a 3%.

Entre os fatores que fizeram com que o Brasil se saísse melhor nessa crise está, de acordo com o economista, a diversificação das exportações. Até 2002 metade do que se exportava tinha como destino EUA e UE, em 2009 esse índice caiu para 32% com o au-mentou das exportações para os países emergentes. “Desde o ano passado a China é o país que mais consome do Brasil. Já não depen-demos mais tanto dos países de-senvolvidos”, esclarece.

Outro ponto é que pela pri-meira vez desde sua independên-cia o Brasil é credor. “As nossas reservas internacionais são maiores do que a dívida externa

e o índice de inadimplência é baixíssimo, ou seja, atrai investi-mentos”, explica Azevedo. Deter-minante para a resistência à crise é também a alteração no regime de câmbio, atualmente flutuante, que amortece os efeitos.

Cenário econômico brasileiroA taxa Selic despencou 5%

de janeiro para cá, de 13,75% a.a. para 8,75% a.a.. “Temos a menor taxa real de juros da nossa história, em torno de 4% ao ano, mas ela ainda é a segunda maior do mundo. Muitos países já estão com a taxa próxima do zero”, ex-plica o economista.

A mudança da política cam-bial libertou a política monetária para atuar no que, de acordo com Azevedo, é o que realmente importa: controlar a inflação e maximizar o crescimento. Os ju-ros baixaram; os impostos foram reduzidos e os gastos do governo aumentaram drasticamente.

“Em termos quantitativos nos-so déficit é muito baixo compara-do com o mundo. O problema é a qualidade do nosso gasto”, coloca o economista. Esse aumento de gastos está divido em três frentes, em números proximados: gastos com pessoal, de 59,6 para 72,2

bilhões; custeio, de 40 para 49 bilhões; investimento, de 9,9 para 12 bilhões. “O que menos au-mentou é o que mais deveria ter aumentado, os investimentos”, argumenta Azevedo. “Gastos com investimentos são bons porque aumentam a competitividade e podem ser reduzidos em caso de crise. Gastos com pessoal não po-dem ser cancelados”, completa.

Depois da crise todas as moe-das se valorizaram em relação ao dólar, segundo o economista, a tendência é o processo continuar.

Em termos de comércio ex-terior, o Brasil é o 22º maior exportador do mundo e o 24º maior importador. O país perdeu espaço: as exportações caíram em 25% e as importações em 31%. “Nossos principais produtos de exportação estão caindo mais. É a Ásia que está segurando as expor-tações brasileiras atualmente”, alerta Azevedo.

De acordo com as projeções, pode-se esperar estabilidade na economia para esse ano e reto-mada do crescimento para o ano que vem. A balança comercial de 2009 ficará parecida com a de 2008. Para 2010 deve diminuir um pouco em função do aumento das importações.

[O Dirigente Cristão] [9]

[10] [O Dirigente Cristão]

Nova ordem socialADCE-SP e CNBB promoveram congresso abordando o tema em outubro

A abertura ao diálogo en-tre a Igreja e os Empresários

1. MemóriaA ADCE tem feito, na primeira

década deste século e milênio), grande esforço em manter o di-álogo com os bispos, visando, assim, caminhar em sintonia com as diretrizes da Igreja e seus pastores. Ao longo desses anos, viveu-se uma virtude indispen-sável para o amadurecimento da prática do diálogo: a perseverança e a devida dose de paciência. A bem da verdade, a perseverança foi praticada principalmente por parte dos empresários da ADCE e sua diretoria.

Essa experiência teve início num tempo de dificuldades, onde havia reservas de ambas as par-tes (bispos e empresários). Tais reservas estão hoje superadas, podendo-se afirmar que o terreno está pronto para urna cooperação e um relacionamento bem mais estreitos.

Assim, há um grande avanço, mas é necessário que os empre-sários cada vez mais se sintam parte da Igreja, partilhando suas alegrias, dificuldades, projetos e sonhos. Certamente a igreja, em sua estrutura hierárquica, também deverá crescer mais no acolhi-mento aos empresários, que são seus filhos e como tal devem ser amados.

Olhando para trás, expressa-mos gratidão por aqueles empre-sários que sustentaram o sonho da ADCE e se esforçaram para construir esse diálogo quando ele parecia ainda tão difícil. A Igreja de São Paulo teve em Dom Paulo

Evariste Arns (1970-1998) um dos iniciadores do diálogo. Foi seguido por Dom Cláudio Hummes (1998-2006), um grande entusiasta dessa causa e que foi responsável pelo envolvimento da CNBB no processo. Dom Odilo Pedro Scherer segue o mesmo caminho e tem estimulado a continuação do diálogo, partici-pando, na medida do possível dos encontros.

2. Instâncias de diálogo na Igreja no Brasil - CNBB

Na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, além da Comissão Episcopal de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, a quem organica-mente está ligada essa experiência, há um empenho da Comissão para a Cultura, Educação e Comunicação Social. Pelos valores que prega, a ADCE tem também afinidade com a Comissão da Vida e da Família. Ao todo, na CNBB são dez as comis-sões episcopais de pastoral.

A comissão da Caridade, Justiça e Paz propõe-se como expressão da solicitude da Igreja para com os po-bres. Aborda a questão do trabalho, da política, da promoção humana e justiça social, à luz da evangélica opção pelos pobres, tendo presente o princípio de subsidiariedade (cf. Encíclica Caritas in Veritate 57-58);

A comissão para Educação, Co-municação e Cultura quer ser uma instância de evangelização a partir do mundo da educação e de um novo processo educacional, com o comprometimento dos meios de comunicação, a exemplo de Cristo, Mestre perfeito da comunicação, que anunciou o Reino de Deus a partir da cultura de sua época;

A comissão 'Vida e Família' trata questões da bioética e defe-sa da vida humana, da dignidade inviolável da pessoa humana, a importância da família, os valores morais perenes e indispensáveis na vida da sociedade.

3. A compreensão do diá-logo

O diálogo entre Igreja e em-presários pode ser entendido tendo em mente os seguintes sujeitos (protagonistas): bispos - empresários cristãos - os demais empresários - os católicos das comunidades eclesiais, os cristãos engajados na transformação da sociedade, como os agentes das pastorais sociais. O Papa Bento menciona: "nós, as autoridades políticas e os operadores econômi-cos" (Caritas in Veritate, n. 78).

Nos encontros, bem como nos propósitos para o dia a dia, ressal-ta-se a central idade da Palavra de Deus no Evangelho de Jesus Cris-to e da Doutrina Social da Igreja "Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo".

4. Os recentes Documentos da Igreja

É de se ressaltar, com alegria, a colaboração que a ADCE deu para a Campanha da Fraternidade 20 I O, na pessoa do Dr. Carlos Camargo, que teve participação em uma das revisões do texto-base. O tema da CF 2010 é "Eco-nomia e Vida' e foi organizada pelo CONIC: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil.

Hoje, há um instrumento novo de grande importância e utilidade para o crescimento do diálogo: a

A ADCE-SP e a CNBB pro-moveram o simpósio A Pessoa, Solidariedade e o Bem Comum - O desafio de construir uma nova ordem social, nos dias 24 e 25

de setembro, em São Paulo-SP. A ADCE-RS esteve representa-da pelo seu presidente Antônio D’amico, e ainda pelo adeceano Jaime Lorandi, de Caxias do

Sul, que palestrou no evento. A ADCE-RS destaca a palestra do bispo auxiliar de São Paulo, Dom Pedro Luiz Sringhini, apresenta-da em artigo abaixo:

[O Dirigente Cristão] [11]

nova Carta Encíclica de Bento XVI,

Caritas in Veritate, que reflete sobre a vida da empresa e o pa-pel do empresário, no contexto em que propõe um ordenamento econômico mundial justo e hu-mano e um modelo de desen-volvimento baseado na solidarie-dade e na defesa da vida do ser humano e do meio ambiente.

Outros documentos: Deus Caritas est (2005); Documento de Aparecida (2007); Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - CNBB (2008-2010); Mudanças climáticas cau-sadas pelo aquecimento global - Profecia da Terra, elaborado pela Comissão espiscopal de pastoral para o serviço da Caridade, Justi-ça e Paz (2009) .

5. Atuais desafios e com-promissos comuns:

- o mundo do trabalho e as relações sociais daí decorrentes: a economia, a empresa. Desta-quem-se iniciativa de projetos sociais com crianças, adolescen-tes e jovens carentes, especial-mente qualificação profissional:

- nova ordem econômica em que a economia esteja em função do ser humano e não do lucro. O Papa Bento afirma que é necessário "fundar um verdadei-ro humanismo ... um humanismo

cristão" (CIV n. 78). O modelo eco-nômico atual empobrece o povo e degrada o meio ambiente;

- nova ordem ambiental a partir da qual se possa reconci-liar economia e ecologia; novo parâmetro civilizatório capaz de superar o consumismo e a degra-dação ambiental. Como entender as mudanças climáticas, fruto da ação humana e do aquecimento global? Cabe referência à futura CF 2011: 'Fraternidade e a Vida no Planeta':

- ética nas relações entre os seres humanos e na vida social. Ética na política: como vencer a chaga da corrupção e da impunidade, que gera sempre mais desigualdade e violência?

A encíclica Caritas in Veritate se refere à ética na empresa, isto é, ao "modo de conceber a empresa" segundo a "responsabilidade social" e "parâmetros éticos" (n. 40). In-vestir não é apenas um fato técnico mas humano e ético (idem). "Hoje fala-se muito de ética no campo econômico, financeiro, empresarial" (n. 45); "novas formas de empre-sa" (n. 46) "capazes de conceber o lucro como um instrumento de humanização do mercado e da so-ciedade" (n. 47);

- diálogo fé e razão e busca de solução a partir da mística e espi-ritual idade. "O desenvolvimento implica atenção à vida espiritual" (CIV 79);

6. Responsabilidade Social: - compromisso com a justiça,

cidadania, ética, aca-bar com a corrupção; superação da violência e construção de uma cultu-ra de paz (CF 2009);

- Eco-nomia de comunhão (Movimento dos Focolares: Chiara Lubi-

ch). Trata-se da criação ou da rees-truturação de empresas, pequenas ou grandes, entendidas como co-munidade de pessoas, cujos pro-prietários livremente distribuem os lucros de acordo com novo critério, respondendo a três finalidades: I) consolidação da empresa com justos salários e respeito às leis vi-gentes; 2) ajuda aos necessitados e criação de postos de trabalho; 3) sustento a estruturas aptas para formar pessoas capazes de viver a cultura da solidariedade, a cultura da partilha. João Paulo II usou pela primeira vez esta expressão em ou-tubro de 1992, em Santo Domingo.

- Economia solidária. "Apóiem-se as diferentes iniciativas de eco-nomia solidária, como alternativas de trabalho e renda, consumo soli-dário, segurança alimentar, cuidado com o meio ambiente, formas de finanças solidárias, trabalho cole-tivo e busca do desenvolvimento local sustentável e solidário" (DGAE 190). A CF 2010 vai abordar o tema 'Economia e Vida'. Considerar aqui o trabalho da Cáritas (nacional, diocesana, etc ... ). A Cáritas é citada na encíclica DCE 31; e nas diretrizes da CNBB - DGAE 182. Destaque-se aqui a necessidade da geração de postos de trabalho:

- Voluntariado. "Tal empenho generalizado constitui, para os jo-vens, uma escola de vida que edu-ca para a solidariedade e a disponi-bilidade a darem não simplesmente qualquer coisa, mas darem-se a si próprios" (DCE 30; DGAE 185);