revista nufac

20
www.amigosnacultura.org. www.palmares.gov.br/br Dezembro 2013 | N ° 01

Upload: amigos-na-cultura

Post on 24-Mar-2016

218 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Revista NUFAC | 1

www.amigosnacultura.org.www.palmares.gov.br/br

Dez

embr

o 20

13 |

N °

01

2 | Revista NUFAC

CRISTIANE QUADRA. DENIS FELIX. EDUARDO HENRIQUE. MARCELA BUENO. MAYARA VIEIRA. MOISES DOS SANTOS. NILZIELLY APARECIDA. MAYARA VIEIRA.

ROGERIO SILVA. ROSANA JANE. THAIANE SARA. VANESSA DA SILVA. BRUNA BARCELON.DAIANE ABREU.

GABRIEL DOS SANTOS. ISABELE BATISTA. GABRIELLI CAROLINE.

LUCAS VINICIUS. GABRIEL LUCAS. MAIARA DE SOUZA.

MATHEUS MOURA. PEDRO HENRIQUE. RONALDO SERAPIÃO.

RUDSON RIBEIRO. THALITA SAMPAIO. NATÃ VITOR. JHONATAN DOS SANTOS.

MESSIAS RODRIGUES. GEISIELLE ALINE. ANNE COROLINE

DIAGRAMADO, EDITADO E DESENHADO POR:

DIREÇÃO DE ARTE: VINÍCIUS VARGAS

PRESIDENTE: MARCO AURÉLIO | COORDENADORA GERAL DE PROJETOS: RENATA CIPRIANO COORDENADOR PEDAGÓGICO: RODRIGO MATIAS | ASSISTENTE SOCIAL: SAMIR GAIONE

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO: JANE KELLY | ASSISTENTE ADMINISTRATIVO: MARCOS VINÍCIUS DELGADO PROGRAMADOR CULTURAL/ INSTRUTOR: LUCAS FAGUNDES ASSISTENTE DE AUDIOVISUAL/ INSTRTOR: VINÍCIUS VARGAS

COORDENADOR DE AUDIOVISUAL/INSTRUTOR: DIEGO BONIFACIO | AUXILIAR DE AUDIOVISUAL: PAULO CÉSARINSTRUTOR: LURIAN ENDO | INSTRUTOR: BRUNO BRETTAS | INSTRUTOR DE TEATRO: ROBSON FREIRE

ESTAGIÁRIA DE ADMINISTRAÇÃO: BARBÁRA CUNHA

TEXTOSRENATA CIPRIANO | JORNAL DIÁRIO DO VALE |

JORNAL A VOZ DA CIDADE | FUNDAÇÃO PALMARES

REVISÃOSAMIR GAIONE

CONTEÚDO

EventosABERTURA DO NUFAC AçãoEMISSÃO DE DOCUMENTOS CursoNUFAC 2014 CursoEDITORAÇÃO ELETRÔNICACursoOPERADOR DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOCursoPRODUÇÃO DE VÍDEOCursoPRODUTOR CULTURALCursoHISTÓRIA DA ÁFRICACursoFIGURINISTAFotografia“MEU OLHAR MEU PARAÍSO”IntervençõesPAPO RETOPatrocinadorO QUE É A FUNDAÇÃO PALMARES?NUFACENCERRAMENTO

04 |

06 |

07 |

08 |

09 |

10 |

11 |

12 |

13 |

14 |

15 |

17 |

18 |

V

4 | Revista NUFAC

ABERTURA DO NUFAC Amigos na Cultura é uma Organização não Governamental que realiza projetos socioculturais na região Sul fluminense visan-do contribuir com o desenvolvimento social e humano de jovens moradores das comuni-dades periféricas através de projetos sociocul-turais, em parceria com a iniciativa privada e o poder público nas três esferas governamentais. A Organização está entre as dez instituições

escolhidas no Brasil que implantarãoo Núcleo de Formação

de Agente Cultural da Juventude Negra (Nufac).

O pro- grama escrito pelo Amigos naCultura recebeu a maior nota de todo o Bra-sil na avaliação do Governo Federal. Barra Mansa será a única cidade do estado do Rio de Janeiro a receber o projeto; o trabalho será realizado a partir da formalização do convênio firmado entre a organização e o Ministério da Cultura /Fundação Palmares. O projeto é uma realização do Ministério da Cultura - Fundação Palmares, e duran-te sua apresentação a comunidade, no Sesc Barra Mansa, homenageou Abdias do Nasci-mento, ativista do movimento, ex-deputado,secretário estadual e senador, pintor au-todidata, escritor, jornalista, poeta e ator. Segundo o presidente do Amigos, Mar-co Aurélio Soares Alves, a cidade receberá uma verba de R$600 mil. “Esperamos que os governantes saibam do tamanho da respon-sabilidade que é para uma cidade ter um Nufac. Os polos foram escolhidos por con-ta do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que é menor nessas áreas”, explicou o presidente, informando que o projeto dis-ponibiliza 200 vagas para os cursos culturais a

ABERTURA DO NUFACjovens negros de Barra Mansa. Os bairros contemplados são: Paraíso de Cima, Vista Alegre e Getúlio Vargas. Os alunos terão aulas de Produção Cultural, Produção de Vídeo, Editoração Eletrônica, Operador de Áudio e Figurinista. Além disso, os alunos de todos os cursos terão formação em História da Áfri-ca e da Cultura afro-brasileira. Os responsáveis pelo projeto estão percorrendo as comuni-dades e cadastrando os jovens, as aulas começam no próximo dia 11 e cada aluno r e c e b e r á uma bolsa auxílio de R$ 100. Presente no evento, o dire-tor da Fundação Palmares do Ministério da Cultura, Mar-tvs Chagas, o projeto pos-sibilita sonhar. “Percebemos que existem pessoas que pre-cisam de atenção maior do que os outros, e a comuni-dade negra precisa de atenção. Vamos dar oportunidade dos jovens negros de 15 a 29 anos de serem produtores, artistas; não apenas aprender o oficio, mas aprender a sonhar, que possa ter um ideal”, descreveuMartvs. As aulas serão min-istradas nos Cieps dos bair-ros citados e algumas oficinas serão realizadas no Laboratório

Multimeios do UBM. “Nós temos um laboratório que é utilizado pelo curso de Jornalismo do UBM e disponibilizamos para as aulas práti-cas que demandam equipamentos de comunicação e es-paço específico. OUBM é parceiro do Amigos na Cultura e quer con-tribuir

Revista NUFAC | 5

“Somos Todos Abdias do Nascimento”, a peça foi produzida especial-mente para o lançamento do Nufac. No espetáculo, Teatro, Dança e Audiovisual dialogam em uma narrativa bibiográfica divida em oito partes:Bairros, Infância, Lutas, Identidade, Plenitude, Arrependimen-tos, Convocação e Amigos, que gradativamente revelam o home-nageado, interpretado pelos jovens artistas formados pelas oficinas

dos projetos socioculturais realizados pelo Amigos na Cultura.

ESPETÁCULO

nesse processo de mudança na vida desses jovens”, disse

Fernando Vitorino, c o o r d e n a d o r de Extensão Univers i t ár ia na Centro Uni-

versitário de Barra Mansa.

6 | Revista NUFAC

A principal proposta do NUFAC é oferecer formação profissional à jovens negros e negras... mas o NU-FAC realizado pelo Amigos na Cul-tura ampliou o seu papel social:

No início das atividades dos 200 jovens par-ticipantes do projeto apenas 55 possuíam a documenta-ção civil (Iden-tidade e CPF). O Serviço So-cial do Ami-gos na Cultura realizou uma ação junto às famílias e auxi-liou na emissão de 165 documentos de agentes cul-turais e seus familiares, ampliando o acesso a um direito básico de cidadania.

Há pouco tempo, jovens, negros, en-tre 14 e 29 anos, que moram em comu-nidades periféricas da cidade enfrenta-vam um problema fora da realidade da maior parte das pessoas. Eles não exis-tiam oficialmente. É que a maioria deles ainda não possuía um documento de identificação civil - identidade e CPF -, e em alguns casos, não havia nem mes-mo a certidão de nascimento. Isso é o que constatou a ONG Amigos na Cul-tura (AAA), que desenvolve projetos socioculturais em três bairros do mu-nicípio com baixo índice de Desen-volvimento Humano (IDH) - Paraíso de Cima, Vista Alegre e Getúlio Vargas.

Segundo dados da ONG, mais de 70% dos jovens inscritos em ofici-

nas de cultura do NUFAC (Núcleo de Formação de Agente Cultural da Juventude Negra) - programa do Go-verno Federal -, ficaram impedidos de receber a bolsa-auxílio (R$ 100) de

que tinham direito. O motivo seria a falta de documentos de identificação.

Por esse problema algumas pes-soas têm perdido ou retardado a oportunidade de conseguir um em-prego formal, capacitação e até acesso aos programas do Governo Federal, como por exemplo, o Bolsa Família.

O assistente social da ONG, Samir Gaione de Faria, expli-cou que esse levantamento foi feito a partir desse embargo.- Quando a gente começou a fazer as inscrições, precisamos de alguns do-cumentos básicos, até mesmo pela bol-sa-auxílio de que eles tinham direito. Então a gente precisava de identidade, CPF, comprovante de residência, para fazer a abertura das contas correntes, na Caixa Econômica, onde seriam de-positados esse dinheiro - informou.

Sem nenhum documento O assistente social disse que a maior incidência entre os moradores desses bairros era a de não possuir nenhum

d o c u m e n t o , e que através de pesquisas e quest ionários eles puderam concluir que essas pessoas só se preocu-pavam em ter os documentos apenas quando p r e c i s a v a m ingressar no mercado de tra-balho, ou quan-do chegassem à maioridade.

- Muitos não sabiam ou não achavam necessário e, por isso, não se preocupa-vam em ter esses documentos. Quan-do nós perguntávamos quando eles iriam emitir essa documentação eles respondiam que só a partir dos 18 anos, ou quando fossem trabalhar - disse.

Um exemplo disso é a artesã e mora-dora do Paraíso de Cima, Eliane Apare-cida da Silva, de 38 anos. Ela tem cinco filhos e apenas um deles, Matheus, de 14 anos, tem o registro de identidade.- Eu não tirei porque eu não ten-ho renda nenhuma. Quando meu telhado voou, molhou todos os docu-mentos, pedi pra defensoria pública, mas ainda não chegou. Agora eu vou tirar os documentos do meu filho mais velho, o César, porque ele não tem registro e necessita - falou ao ser questionada sobre o motivo de não ter emitido a documentação.

Jovens carentes viviam sem certidão de nascimento.

Revista NUFAC | 7

NUFAC 2014 “Estamos construindo so-nhos”, assim Marco Aurélio Soares Alves, presidente da As-sociação Amigos da Cultura de Volta Redonda (RJ), descreve a seleção da entidade no Edital Núcleos de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra (NUFAC’s) 2013, da Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP).

A Associação Amigos da Cul-tura foi selecionada e dará con-tinuidade ao trabalho de núcleo de formação iniciado em 2012, “o NUFAC ampliou nossos hori-zontes. Em outubro, 3 jovens ca-pacitados por nossa entidade e 2 monitores, representarão o Brasil no evento de teatro mundial “Ex-change Event”, na Dinamarca”, con-tou Marco Aurélio. Esses jovens irão participar de intercâmbios e

de oficinas de teatro; som e vídeo; produção cultural e cidadania.

Os monitores desta edição serão os jovens capacitados em 2011, “assim consolidamos a formação e a profissionalização dos jovens de nossa localidade”, finalizou.

A Fundação Cultural Palmares quer oportunizar a entrada de negros e negras no mercado de trabalho, “com capacitação para a cultura, alcançamos dois ob-jetivos, profissionalização para os jovens, e o fortalecimento das expressões artísticas afro-brasileiras com mais mão-de-obra especializada”, disse Lindi-valdo Júnior, diretor Departa-mento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira da FCP. É a Fundação Cultural Palmares

ajudando a construir sonhos.

Edital NUFAC 2013 – Com recur-sos do Fundo Nacional de Cultura (FNC), o Edital vai selecionar 10 (dez) propostas de entidades que possuam a capacidade técnica e administrativa para oferecer cur-sos de formação profissional na área cultural para jovens negros e negras de todo o Brasil. Serão in-vestidos cerca de R$ 4 milhões na formação profissional de 1.200 jo-vens do ensino fundamental e mé-dio, completo e incompleto, ori-undos das classes sociais C, D e E.Cada Núcleo receberá o orça-mento necessário para custear as despesas com 120 jovens. Cada aluno receberá também uma Bolsa Incentivo que poderá ter a duração de até 10 (dez) meses, dependendo do período de duração do curso.

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Como foi ministrar as aulas do NUFAC?

Como um ex agente Cultural oriundo de um dos projetos do Amigos na Cultura do ano de 2009, foi uma experiên-cia inovadora e que trouxe com ela muitos bons desafios, posso dizer que ministrar as aulas me amadureceram bas-tante, cada dia na Fábrica era uma novidade que os agentes falavam e que abastecia o meu saber e estar de frente com uma galera que regulava idade comigo acho que foi o ponto mais forte, que no começo do

ano pensei que seria o maior obstáculo para se vencer. Poder observar em cada aula o crescimento de cada agente Cultural, o aflorar de talen-tos foi muito enriquecedor.

Quais os resultados alcançados durante o ano?

Foram muitos, acho que o principal foi a forma que hoje eles pensam e olham para si mesmos, com orgulho do que são e o que são capazes de fazer com suas ideias, aqui cito a Bruna Barcelon (Agente Cultural do Vista Alegre) que

teve uma ideia e correu atrás de realiza-la, criando assim a primeira Mostra Cultural Afro-brasileira do bairro Vista Alegre, a maneira com a qual eles pensam e tratam seus preconceitos, pois o ob-jetivo principal de cada curso é que o Agente Cultural ter-mine o ano formado e sa-bendo basicamente tudo so-bre o curso, mais além disso, nossa metodologia permite o algo a mais de não somente sa ber a teoria e a prática do que ensinamos, mas, fazendo com que os agentes culturais alcancem sua plena cidadania.

Realizar processos de Editoração Eletrônica, por meio de digitalização tratamento de imagens, diagramação de páginas, ilustração digital de demais procedimentos relacionados com a área.

INSTRUTOR: VINÍCIUS VARGAS8 | Revista NUFAC

Como foi ministrar as aulas do NUFAC?

Para mim foi uma experiência inovadora, pois foi a primeira vez na vida que ministrei aulas. Foi um pouco difícil no começo, porque tinha dúvidas em relação a vários aspectos de ministrar aula, inclusive na minha própria capacidade como instrutor. O que ajudou foi o conteúdo pro-gramático do curso de áudio e iluminação, pois eu pude tra-balhar assuntos que gosto e domino. Outra coisa que queria destacar foi que através das aulas e dos exercícios propostos que pude aprender a editar vídeos.

Assim, sinto que aprendi bas-tante ministrando essas aulas.

Quais os resultados alcançados durante o ano?

Acho que foram alguns re-sultados interessantes. Com re-lação aos agentes, acho que eles conseguiram um grande avanço em relação ao comportamento, principalmente no Getúlio Var-gas. No começo do ano, se eu saísse de sala durante a exibição de um filme, quando eu voltava a sala estava de cabeça pra baixo. No último filme que passei para eles, eu tive que sair da sala para resolver um problema com a

moça do lanche, quando voltei a sala estava do mesmo jeito que havia deixado. Outro resultado visível é em relação a leitura de textos. No começo quando pas-sava um texto para eles lerem era uma grande dificuldade, ne-nhum agente conseguia ler bem. Já em uma mesma atividade ao final do ciclo temático os mes-mos obtiveram um resultado muito melhor em relação a lei-tura. Um outro resultado foi em relação a introdução a arte da luz e do som todos os agentes mudaram suas visões em relação a sua própria capacidade de fazer produtos artísticos, através do viés da iluminação e da sonoplastia.

OPERADOR DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO

Montar e operar sistema de som durante as gravações e transmissões de shows e demais eventos.

INSTRUTOR: LURIAN ENDORevista NUFAC | 9

PRODUÇÃO DE VÍDEO

Como foi ministrar as aulas do NUFAC?

Foi uma grande experiên-cia muito proveitosa, mesmo com todas as dificuldades para chegar às escolas devido aos meus estudos durante a manhã na faculdade. Esse ano tive muitas descober-tas, nessa nova atividade que foi ministrar aulas, aprendi muito com meus alunos e es-pero que tenham aprendido comigo também. Como estu-

dante de admistração pública foi muito importante traba-lhar com projeto social e ver na prática as dificuldades de se implantar uma política pública.

Quais os resultados alcançados durante o ano?

Creio que os resultados foram satisfatórios os alunos produzi-ram dois curtas por fábrica, de-batemos muitos temas e meu maior objetivo é que os alunos tenham aprendido a assistir

obras audiovisuais de forma crítica, alguns alunos desper-taram interesse da realização de obras próprias e enviá-las para festivais. Esse interesse dos alu-nos me deixa muito feliz e com a sensação de dever cumprido.

Elaborar roteiros e produzir filmes documentários e ficcionais, tendo noção de todas as etapas de produção e veiculação.

INSTRUTOR: BRUNO BRETTAS10 | Revista NUFAC

PRODUÇÃO CULTURAL

Como foi ministrar as aulas do NUFAC?

Uma experiência única, cada dia uma novidade. Eu particularmente gosto muito de sala de aula, de estar com adolescentes, eles tem uma energia muito boa que só precisa ser bem direcionada. E esse era o desafio, pegar todo esse gás, toda essa en-ergia e fazer dela uma sin-ergia, para que assim todos nós crescêssemos a cada dia.

Ir para sala de aula não para descarregar o nosso conhe-cimento, afinal os meninos e meninas tem muito a nos en-sinar. Observar talentos sen-do aflorados, aperfeiçoados, uma troca muito enriquece-dora. Ver o brilho nos olhos ao ver cada produção final-izada, enfim não tem preço esses momentos vividos. Quais os resultados alcança-dos durante o ano?

Cada agente cultu- ral teve uma conquista, os que se envolviam pouco, se envolveram, os “sem” talentos deram show...Ver a criatividade deles ao lidar com os imprevistos de produção, e a mesma criativi-dade para construir histórias únicas. E ao ver que eles compreenderam que existem outros caminhos, que é pos-sível sonhar, que é possível realizar sonhos, nos dá a sen-sação de missão cumprida.

Elaborar coordenar e executar projetos culturais e eventos diversos, por intermédio de captação de recursos públicos ou privados.

INSTRUTOR: DIEGO BONIFACIO Revista NUFAC | 11

HISTÓRIA DA ÁFRICA

INSTRUTOR: PEDRO LORENZO12 | Revista NUFAC

Como foi ministrar as aulas do NU-FAC?

Uma experiência enriquecedora, principalmente por apresentar novos fatos de algo que as pessoas já tem uma opinião formada e, depois dessa apre-sentação, ver antigos pré-conceitos e preconceitos serem deixados de lado. A realidade vivida pelos agentes cul-turais da juventude negra dos bairro Paraíso de Cima, Getúlio Vargas e Vis-ta Alegre não é muito fácil. O Paraíso de Cima é o bairro que tem o menor IDH (índice de desenvolvimento hu-mano) da região Sul Fluminense do estado do Rio de Janeiro, o Getúlio Vargas tem um alto índice de crimi-nalidade e o Vista Alegre é o bairro mais populoso da cidade. No entanto,

o que vi, no processo de desenvolvi-mento do NUFAC, foi, no Paraíso de Cima os agentes transformarem seu bairro em um reino encantado de re-speito e igualdade, no Getúlio Vargas histórias de tragédia serem a matéria-prima para a arte e no Vista Alegre cada agente tendo orgulho de falar de seu bairro, sua origem e sua cor.

Quais os resultados alcançados durante o ano?

São muitos, mas cito três em es-pecial. A da agente cultural Bruna, do Vista Alegre, que teve a iniciativa de montar uma mostra da cultura afrobrasileira em seu bairro, ver os agentes culturais do Getúlio Vargas

serem elogiados por profissionais da comunicação, com anos de experiên-cia, pela produção da radionovela que eles criaram e de ver agentes culturais negras, meninas, em sua grande maio-ria do Paraíso de Cima, que alisavam seu cabelo assumindo seu cabelo cre-spo com orgulho e utilizando novos penteados valorizando sua negri-tude. Ninguém às mandou fazer isso, tudo aconteceu por causa de uma mudança de pensamento é isso é en-riquecedor. Sempre digo que nós não “achamos” talentos, eles já estavam lá, o que fazemos é dar um palco para poderem brilhar e mostrar que, quando lhes são dadas oportunidades, eles escolhem um caminho diferente.

Como foi ministrar as aulas do NUFAC?

Para ministrar o curso de figurino foi preciso muito estu-do e pesquisa, durante o ano fui percebendo e adaptando todo o conteúdo para melhor en-tendimento dos meus agentes.Tudo que parecia fácil na teoria, na prática foi preciso um novo olhar, ensinar não é tão simples!As aulas precisam sempre serem bem pensadas, para pro-por uma atividade era preciso

buscar novas referências que nem sempre estava acostumado.

Quais os resultados alcançados durante o ano? Os resultados foram muito bons, perceber que novas jane-las foram abertas nas cabeças de cada agente, novos conhe-cimentos foram incorpora-dos no dia a dia dessas muitas meninas e desses dois grandes meninos, para mim é extrema-mente bonito ver cabelos ca-

cheados de novo, turbantes sendo usados cotidianamente, intervenções nas próprias ves-timentas, acredito que como figurino faz parte da visuali-dade cênica interferiu muito na forma que os agentes se viam e como existe um novo olhar para a própria beleza!É preciso deixar claro que novos horizontes foram mostrados também a mim.

FIGURINOCriar e compor figurinos, desenvolver acessórios e adereços para épocas específicas, realizar pesquisa

de modas, costumes para compor o figurino.

INSTRUTOR: LUCAS FAGUNDES Revista NUFAC | 13

“MEU OLHAR, MEU PARAÍSO”Com uma câmera fotográ-fica na mão e a ideia de en-sinar crianças e jovens que até então nunca tiveram a ex-periência de trabalhar com a arte, o fotó-grafo argentino Martin Rosen-thal criou um projeto que visa ensinar os jovens a terem uma experiên-cia com as len-tes fotográficas. Em parceria com o Ami-gos na Cul-tura, ele está desenvolvendo um livro com imagens do bairro Paraíso de Cima, em Barra Mansa.

Com o nome de “Meu Olhar Meu Paraíso”, a publicação vai con-ter trabalhos de alunos da ofi-cina de fotografia do Núcleo de Formação de Agente Cultural da Juventude Negra (Nufac), mate-rial este produzido sob a orien-tação de Rosenthal em oficinas com alunos do próprio bairro.Segundo Martin, os alunos foram divididos em grupos para fotogra-far temas específicos, que retra-tam a realidade das famílias que vivem no assentamento do bairro.- As oficinas com os alunos estão sendo realizadas em três etapas: a primeira aconteceu em março, a segunda acontece agora em junho e a última será realizada em outubro, onde o livro será concluído - revela, acrescentando que no total são cerca de 20 jo-vens que participam das oficinas.

- Dividimos o grupo em temas es-pecíficos para que a comunidade seja fotografada em sua totalidade, desde o macro na arquitetura com vistas gerais, infraestrutura, comér-cio até fotografar diretamente den-tro das casas, nas quais se permita o acesso. Cada grupo tem tarefas temáticas específicas, assim como técnicas artísticas diferentes, por exemplo, preto e branco - explica.

Martin conta que antes de saírem para fotografar, os alunos foram orientados por ele e também pe-

los instrutores do Amigos na Cultura.- Quero que es-tes jovens apren-dam o processo completo, desde o debate da ideia até a produção fi-nal que será resul-tada na publicação do livro. Eles irão participar de todo processo de mon-tagem até mesmo das escolhas das fo-tos que estarão no livro, de 150 a 200 imagens - revela, acrescentando que o saldo que leva da experiência é muito positivo.- Estou nova-mente impressio-

nado com o trabalho realizado. Ter a oportunidade de conhecer e se envolver com a comunidade conhecendo os jovens do projeto é uma experiência muito válida. Du-rante esse período revelamos mui-tos talentos. Pude perceber que os jovens que participaram das ofici-nas passaram a acreditar mais em si mesmo, em suas capacidades, e isso é gratificante, torna o tra-balho ainda mais especial - conta.O fotógrafo finaliza revelan-do que pretende dar continui-dade aos trabalhos com o Ami-gos na Cultura e que por hora, a ideia é procurar recursos para a publicação do exemplar.- Estamos procurando uma editora, fechando algumas parcerias para que o livro seja publicado em breve. Pretendo continuar trabalhando com o Amigos na Cultura que me recebeu muito bem. Em breve ter-emos mais novidades - adianta.

“Pude perceber que os jovens que participaram das oficinas passaram a acreditar mais em si mesmo”

14 | Revista NUFAC

PAPO RETO O projeto Papo Reto foi criado com o objetivo de assistir o ado-lescente e propiciar a construção de um ambiente favorável de re-flexão acerca de temas relaciona-dos a realidades específicas entre as/os adolescentes e jovens das comunidades onde se inserem os Núcleos de Formação de Agen-tes Culturais da Juventude Negra.

Revista NUFAC | 15

Durante o período de 06 me-ses foram realizados encontros mensais durante o período das oficinas do NUFAC onde foram trabalhados temas específicos como: sexualidade; autoconhe-cimento e identidade (auto-esti-ma); preconceito/ violência e re-lacionamento familiar (gênero).

Deste modo, foram realizadas atividades de exposição de vídeos, dinâmicas de grupo, dramatizações, jogos e rodas de discussão entre outras. As atividades foram pen-sadas a partir das necessidades do público-alvo, identificadas através do olhar social dos instrutores jun-tamente com o Assistente Social do Amigos na Cultura, no qual mediou e criou este projeto de intervenção.

Bacharel em Serviço Social e Mestre em Serviço Social pela PUC- RIO, especialista na área de: Gênero, Sexualidade, Identi-dade de Gênero e Políticas Públi-cas de Assistência Social e Saúde, Luiza Cassemiro, foi a segunda participante do projeto Papo

LUIZ

A C

ASS

EMIR

O

Reto, no bairro Vista Alegre/BM. Luiza, Abordou o tema so-bre diversidade e através de vídeos curtas e um bate-papo com os agentes culturais conse-guiu levantar novas demandas sobre questões familiares e outras relacionadas ao preconceito com

relação à aceitação e discussão de temas como homossexuali-dade na adolescência, gravidez e relacionamento sexual precoce.

A Associação Colorindo LGBT do Sul Fluminense, realizou a pri-meira intervenção do projeto Papo Reto nas comunidades onde es-tão situados os NUFAC’s (Vista Alegre/ Paraíso de Cima e Getúlio Vargas), com a temática voltada para sexualidade com as turmas de figurino, abordaram sub temas

como a prostituição homossexual na adolescência, fato que tem ocor-rido nos bairros e dentre eles (al-guns participantes do NUFAC).

O presidente do colorindo Ra-fael Delgado e José Luiz Soares Araujo, também integrante do grupo, falaram das suas dificul-

dades com a família e sociedade na questão de gênero e como con-seguiram superar barreiras com dedicação e empenho. Além dos agentes culturais de figurino do Vista Alegre, foram convidados jovens e adolescentes do bairro não participantes do NUFAC.

CO

LOR

IND

O

16 | Revista NUFAC

O que é a Fundação Palmares?

A Fundação Cultural Pal-mares é uma instituição públi-ca Federal voltada para pro-moção e preservação da arte e da cultura afro-brasileira, entidade vinculada ao Minis-tério da Cultura (MinC).

Neste ano de 2013, a FCP comemora 25 anos de trabalho por uma política cultural igual-itária e inclusiva, que busca contribuir para a valorização das manifestações culturais e artísticas negras brasileiras como patrimônios nacionais.

Nesse quarto de século, a FCP já emitiu mais de 2.272

certificações, documento que reconhece os direitos das co-munidades quilombolas e dá acesso aos programas sociais do Governo Federal. É refer-ência na promoção e preserva-ção das manifestações culturais negras e no apoio e difusão da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da História da África e Afro-brasileira nas

FUNDAÇÃO PALMARES

escolas. A Fundação já dis-tribuiu publicações que pro-movem, discutem e incentivam a preservação da cultura afro-brasileira e auxiliam professo-res e escolas na aplicação da Lei.

• C O M P R O M E T I M E N T O com o combate ao racismo, a promoção da igualdade, a valorização, difusão e preser-vação da cultura negra;

• CIDADANIA no exercício dos direitos e garantias individuais e coletivas da população negra em suas manifestações culturais;

• DIVERSIDADE, no reconhe-cimento e respeito às identidades culturais do povo brasileiro.

Visita da representante da Fundação Palmares no NUFAC

17 | Revista NUFAC

“Neste ano de 2013, a FCP comemora 25 anos de trabalho por uma política cultu-

ral igualitária e inclusiva”

Amigos na Cultura realiza formatura de profissionais da área da cultura

No dia 04 de dezembro, foi realizada a cerimônia de encer-ramento do projeto NUFAC. O evento foi realizado no Teatro do Colégio João XXIII na cidade de Volta Redonda, a celebração da formação foi marcada pela entrega dos certificados de con-clusão dos cursos aos agentes culturais formandos nos cursos de Produção Cultural, Produção de Vídeo, Figurinista, Editoração Eletrônica e Áudio e Iluminação. A Cerimônia foi apresentada e conduzida pela jovem equipe Amigos na Cultura que mostrou as produções criadas pelos alu-nos participantes dos cursos dialogando em uma dinâmica informal e divertida. Os figurinos usados pelos apresentadores, os

vídeos e filmes curtas-metragens que foram exibidos, o cenário e luz do evento são criações dos alunos dos cursos do NUFAC. Durante o evento, foram pre-miados os destaques dos cur-sos por bairro, uma maneira de reconhecer o esforço e dedi-cação dos alunos e formandos dos cursos. Isso de certa forma emocionou a todos, os mesmos falaram a todos os presentes a im-portância que o NUFAC teve na sua vida, e as oportunidades que a partir de agora vão poder ter. Contamos também com a fala do ator Lázaro Ramos, in-titulado como “Amigo Oculto” do NUFAC, com um vídeo gra-vado, o ator fala da satisfação ao saber dos Formandos do Curso

e da iniciativa da Fundação Pal-mares ao proporcionar esta ini-ciativa para jovens de comuni-dades, que muita das vezes não possuem sonhos e perspectivas de vida. Assim o mesmo chama atenção dos Agentes Culturais para nunca pararem de sonhar e de estudar porque eles po-dem mais se assim quiserem. O evento foi um sucesso, mui-to dos agentes culturais tiveram sua primeira formatura, e com isso propiciamos estimular para que essa seja a primeira, mas não a única, que eles possam sonhar e alcançar novos sonhos a partir das possibilidades que se abrirão para eles a partir da iniciativa da Fundação Palmares e com o apoio do Amigos na Cultura.

18 | Revista NUFAC

VEM AÍ

NUFAC 2014“Amigos da Cultura foi selecionado e dará

continuidade ao trabalho de núcleo de formação iniciado em 2012.”

Revista NUFAC | 19

REALIZAÇÃO:

APOIO: PRODUÇÃO: