revista noize #05 - julho de 2007

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Jimmy Hendrix Queens of the Stone Age Sónar Pata de Elefante

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New Order se separa

O baixista do New Order, Peter Hook, confirmou a separação da banda. Segundo o músico, os integrantes seguirão rumos diferentes. Na entrevista concedida à rádio BBC 6, ele mencionou “razões pessoais” para o fim e não deu detalhes sobre os mo-tivos. O fim será “de uma vez por todas”, e os membros seguirão carreiras separadas.O New Order foi formado no início da década de 1980 em Manchester, na Ingla-terra. A banda sucedeu o Joy Division após a morte do vocalista Ian Curtis e caracteri-zou-se pela mistura de pop, rock e música eletrônica que marcou os anos 80. Depois de despontarem nessa década, enfrentaram dificuldades na metade dos anos 90 e atra-

vessaram um breve hiato até 2001, quando retornaram com Get Ready. Lançaram mais um disco em 2005 e realizaram turnê no ano seguinte.Ao longo dos anos, destacou-se por can-ções como “Bizarre Love Triangle”, “Blue Monday”, “True Faith” e “Regret”.

Blunt tem a cançãomais irritante

A balada “You’re Beautiful”, de James Blunt—que, recentemente, ouviu pela im-prensa um belo fora de Gisele Bündchen (“Quem é esse? Não, me desculpe. Não faço idéia de quem você está falando”)—pode ter até agradado ao público da novela Belíssima, mas a imprensa inglesa parece não compartilhar dessa opinião. De acordo com o tablóide The Sun, a canção é a mais irritante de todos os tempos. Vale lembrar que ela alcançou o topo das paradas em 11 países no ano de 2005, inclusive no Reino Unido. Apesar disso, não houve perdão.A lista é formada por 10 músicas, e as esco-lhas aparentemente não são definidas pelo sucesso comercial das canções—tanto que “Crazy Frog”, de Axel F., vice-campeã no

torneio de irritação, esteve em primeiro lugar em 13 países. A terceira colocada, “Mmm Bop”, dos australianos prodígios do Hanson, chegou a estar durante três sema-nas no topo da parada britânica.A canção mais nova a entrar na lista é o hit “Grace Kelly” (2007), de Mika, e a mais antiga é “Shout” (1964), da cantora Lulu. Chamam a atenção as presenças de Celine Dion com a titânica “My heart will go on” e Los Del Rio com a sapeca “La Macarena”.

Veja a lista completa:

1. You’re Beautiful – James Blunt2. Crazy Frog – Axel F.3. Mmm Bop – Hanson4. Mr Blobby – Mr Blobby5. Birdie Song – The Tweets6. Shout – Lulu7. Agadoo – Black Lace8. Grace Kelly – Mika9. My Heart Will Go On – Celine Dion10. La Macarena – Los Del Rio

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New Order se separa

O baixista do New Order, Peter Hook, confirmou a separação da banda. Segundo o músico, os integrantes seguirão rumos diferentes. Na entrevista concedida à rádio BBC 6, ele mencionou “razões pessoais” para o fim e não deu detalhes sobre os mo-tivos. O fim será “de uma vez por todas”, e os membros seguirão carreiras separadas.O New Order foi formado no início da década de 1980 em Manchester, na Ingla-terra. A banda sucedeu o Joy Division após a morte do vocalista Ian Curtis e caracteri-zou-se pela mistura de pop, rock e música eletrônica que marcou os anos 80. Depois de despontarem nessa década, enfrentaram dificuldades na metade dos anos 90 e atra-

vessaram um breve hiato até 2001, quando retornaram com Get Ready. Lançaram mais um disco em 2005 e realizaram turnê no ano seguinte.Ao longo dos anos, destacou-se por can-ções como “Bizarre Love Triangle”, “Blue Monday”, “True Faith” e “Regret”.

Blunt tem a cançãomais irritante

A balada “You’re Beautiful”, de James Blunt—que, recentemente, ouviu pela im-prensa um belo fora de Gisele Bündchen (“Quem é esse? Não, me desculpe. Não faço idéia de quem você está falando”)—pode ter até agradado ao público da novela Belíssima, mas a imprensa inglesa parece não compartilhar dessa opinião. De acordo com o tablóide The Sun, a canção é a mais irritante de todos os tempos. Vale lembrar que ela alcançou o topo das paradas em 11 países no ano de 2005, inclusive no Reino Unido. Apesar disso, não houve perdão.A lista é formada por 10 músicas, e as esco-lhas aparentemente não são definidas pelo sucesso comercial das canções—tanto que “Crazy Frog”, de Axel F., vice-campeã no

torneio de irritação, esteve em primeiro lugar em 13 países. A terceira colocada, “Mmm Bop”, dos australianos prodígios do Hanson, chegou a estar durante três sema-nas no topo da parada britânica.A canção mais nova a entrar na lista é o hit “Grace Kelly” (2007), de Mika, e a mais antiga é “Shout” (1964), da cantora Lulu. Chamam a atenção as presenças de Celine Dion com a titânica “My heart will go on” e Los Del Rio com a sapeca “La Macarena”.

Veja a lista completa:

1. You’re Beautiful – James Blunt2. Crazy Frog – Axel F.3. Mmm Bop – Hanson4. Mr Blobby – Mr Blobby5. Birdie Song – The Tweets6. Shout – Lulu7. Agadoo – Black Lace8. Grace Kelly – Mika9. My Heart Will Go On – Celine Dion10. La Macarena – Los Del Rio

Inéditas do Queen sem Freddie Mercury

Pelo menos é essa a intenção dos rema-nescentes da banda, que já gravaram nove canções com Paul Rodgers (Bad Com-pany e Free) subs-tituindo Freddie. O álbum deve ser lan-

çado em 2008, quando também ocorrerá uma turnê. Da formação clássica, o projeto conta com o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor, pois o baixista John Deacon se apo-sentou nos anos 90. Após Made in heaven (1995), será o primeiro registro de inédi-tas sem o alicerce do Queen. Paul Rodgers disse à Billboard que o trabalho tem fluí-do naturalmente. “Nós estamos deixando o trabalho mais ou menos se desenvolver por si só e não estamos nos pressionando de forma alguma”, conta. Para ele, o novo material é “interessante” e tem uma abor-dagem mais blues para as composições.A turnê do Queen + Paul Rodgers foi ini-ciada em 2005 e rendeu um disco e um DVD ao vivo chamado Return of Champions. O álbum que está sendo gravado ainda não possui título.

No Doubt aquecendo para retorno

O No Doubt se reuniu em recente show de Gwen Stefani para tocar três músicas e encheu de esperanças os fãs da banda. A participação ocorreu em show solo da vo-calista em Irvine, na Califórnia. Tony Kanal, Tom Dumont e Adrian Young se juntaram à cantora no bis da apresentação e executa-ram “Just a girl”, “It’s my life” e “Spiderwe-bs”, provocando o momento mais empol-gante da noite.Gwen consagrou-se como artista solo de-pois de lançar os álbuns Love. Angel. Music. Baby e The Sweet Escape, que, mesmo não

tendo boa recepção por parte da crítica, venderam aos borbotões e a consolidaram como ícone pop. O No Doubt não lança material inédito desde Rock Steady, de 2001, e entrou em férias em 2004. A banda já começou a tra-balhar em estúdio e promete retornar com tudo no ano que vem.

no primeiro semestre.Segundo o estudo do NPD Group, a líder é a Wal-Mart (15,8%), seguida da Best Buy (13,8%). A Amazon tem participação de 6,7% nas vendas de música nos EUA.O crescimento da loja iTunes, de acor-do com o NPD Group, se deve às fortes vendas do tocador de música digital iPod durante as festas de fim de ano. As canções digitais e álbuns comprados pelo iTunes só podem ser tocadas nos iPods ou no pró-prio computador através do software iTu-nes, exceto se gravadas em CD.

Lou Reed organizamostra fotográfica

O expoente do under-ground nova-iorquino, Lou Reed, ex-líder do Velvet Underground, es-tréia como curador de uma mostra fotográfica em Nova York. O músico reuniu 80 fotos do ar-

quivo da agência Magnum e construiu uma exposição intitulada New York Genius, sedia-da na galeria Steven Kasher, em Manhattan. A mostra integra uma série de eventos alu-sivos ao 60º aniversário do espaço.Reed dedicou as suas escolhas à sua cida-de-natal e procurou destacar personagens que fazem parte da história de Nova York. Estão retratadas as figuras de músicos, dan-çarinos, pintores, atores e escritores que deram um ar sublime à metrópole.A lista inclui o artista multimídia Sammy Davis Jr., a cantora de jazz Billie Holiday, o “pai do soul” James Brown, o trompetista Miles Davis, o precursor da pop art Andy Warhol, o cantor de jazz Louis Armstrong, a atriz Marilyn Monroe, o arquiteto Frank Lloyd Wright, o pugilista Muhammad Ali, entre tantos outros.Reed também participa como fotógrafo e enfoca sua particular visão da cidade, a qual inspirou a maior parte de suas canções. A mostra ficará aberta ao público até o co-meço de setembro no Museu Andy Warhol, em Pittsburgh.

Apple cada vez maior

A loja virtual do iTunes, da Apple, atingiu a marca de 10% de participação no mercado e alcançou a terceira posição no varejo de música dos EUA. Com a ascensão, superou o site de comércio eletrônico Amazon.com

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Page 8: Revista NOIZE #05 - Julho de 2007

A baiana Pitty grava seu primeiro DVD ao vivo no dia 06 de julho, no Citibank Hall, em São Paulo. O registro será composto pelas principais músicas dos dois álbuns e duas canções inéditas (“Malditos Cromossomos” e “Pulsos”), que serão disponibilizadas no site oficial da cantora para que as pessoas saibam a letra na apresentação.Pitty esperou para ter um repertório mais desenvolvido antes de partir para a gravação de um registro ao vivo. “Se fosse para ter cedido às pressões externas, já teríamos feito há muito tempo. Resolvemos gravar agora para registrar esta primeira fase—quatro anos, dois discos”, diz. Servem de inspiração para a música outros DVDs

ao vivo como o do Muse (Absolution Tour) e do Queens of The Stone Age (Over the years and through the woods).No www.pitty.com.br/aovivo, um blog disponibiliza notícias, fotos e vídeos sobre os preparativos do show, informações gerais da apresentação, dicas de transporte e hospedagem para fãs e caravanas de fora de São Paulo, entrevista com a Pitty, além de contatos das empresas envolvidas. O álbum será lançado em setembro nas versões CD, DVD e DualDisc (disco em que um lado é CD e o outro é DVD). A direção do show será de Joana Mazzucchelli, que já trabalhou com Skank e Planet Hemp.

O vinil do single “Icky Thump” já colocou The White Stripes na história do mercado fonográfico britânico. O disco bateu o re-corde de single mais vendido, entrando na parada direto no segundo lugar e vendendo mais de 10 mil cópias em apenas dois dias.O ranking Music Week, da revista NME, aponta a banda Wet Wet Wet, com o sin-gle de “Love Is All Around”, tema do filme Quatro Casamentos e um Funeral, como úl-tima a conseguir ultrapassar essa barreira,

Vinil dos White Stripes bate recorde

Pitty grava DVD ao vivo

mesmo que tenha demorado 15 semanas para chegar às 50 mil cópias.A banda lançou o compacto em vinil da música “Rag and Bone”, na cor vermelha, e um branco, com “Icky Thump”. As duas cores fazem parte da “programação vi-sual” da banda. Segundo o diretor da XL Recordings, Richard Russell, a iniciativa “dá aos consumidores algo fora do comum e, ao mesmo tempo, que tem a marca dos White Stripes”.

8 noize.com.br

Page 9: Revista NOIZE #05 - Julho de 2007

O Weezer, depois de um hiato de dois anos, prepara a sua volta para 2008. O vocalista Rivers Cuomo publicou um comunicado no site oficial da banda. Nele, o músico in-forma que o Weezer começa a gravar as músicas de seu sexto álbum no início de julho, com previsão de lançamento do CD para a primeira metade do ano que vem.A banda formada no início dos anos 90 e autora de pérolas indie rock como “Hash Pipe”, “Say it ain’t so”, “Buddy Holly” e “Island in the Sun” não lança nada desde Make Believe (2005).Já The Verve, de canções como “Bitter Sweet Symphony” e “The Drugs Don’t

Weezer e The Verve estão de volta

Work”, prepara para novembro o lança-mento de um álbum de inéditas e a realiza-ção de uma turnê pela Inglaterra.A banda britânica se separou em 1999, dois anos depois do aclamado Urban Hymns. O retorno contará com Richard Ashcroft, can-tor e guitarrista, o guitarrista Nick McCabe, o baixista Simon Jones e o baterista Peter Salisbury. Simon Tong, que tocava guitarra na formação original, continuará em seu projeto atual, The Good, the Bad and the Queen, de Damon Albarn (Blur e Gorillaz).O anúncio da volta foi realizado no site www.theverve.tv. Os ingressos para a turnê estarão à venda a partir do dia 6 de julho.

Starbucks lançaSonic Youth

Depois de Paul McCartney, com Memory Almost Full, o selo da rede de cafeterias Starbucks prepara-se para lançar uma co-letânea da banda Sonic Youth. O álbum irá conter faixas escolhidas por personalida-des como Jeff Tweedy (Wilco), o estilista Marc Jacobs, o cantor e compositor Beck e a atriz Portia de Rossi.A informação foi passada pelo vocalista e guitarrista Thurston Moore. Ele acrescen-tou que, além de eleger suas favoritas, os fa-mosos escreveram algo sobre a música que escolheram. O CD, sem data de lançamento, trará uma faixa inédita do Sonic Youth.

9noize.com.br

Page 10: Revista NOIZE #05 - Julho de 2007

O Tim Festival promete, mas não teremos a sorte de recebê-lo no Rio Grande do Sul. Quem, no entanto, puder subir até uma das capitais contempladas, terá a oportunidade de conferir, pelo menos, as apresentações de Bjork, Arctic Monkeys, The Killers e Ju-liette and The Licks, primeiras atrações de renome internacional confirmadas para o evento.O Tim Festival irá ocorrer entre 25 e 31 de outubro em quatro capitais brasileiras: Rio de Janeiro (Marina da Glória), São Paulo (Anhembi), Curitiba (Pedreira Paulo Leminski) e Vitória (Teatro da UFES). Ainda não foram divulgadas informações sobre datas, preços e locais de venda dos ingres-sos, mas a confirmação de três bandas que jamais realizaram shows no Brasil é certeza de público expressivo em todas as capitais.Os ingleses do Arctic Monkeys chegam ao país embalados pelo sucesso de seus dois primeiros discos: Whatever people say I am, that’s what I’m not (2006) e Favourite Worst Nightmare (2007). Em entrevista realizada no início do ano, Alex Turner, vocalista da banda, havia manifestado interesse em to-car no Brasil.O The Killers traz seu repertório repleto

de hits das pistas, como “Mr.Brightside” e “Somebody told me”, além das belíssi-mas “When you were young” e “Read my mind”. A banda de Las Vegas também lan-çou dois álbuns.Björk vem ao país com repertório baseado em clássicos e canções de seu novo e elo-giado CD, intitulado Volta. O álbum foi con-siderado pela crítica uma visita ao passado da artista, mas com um olhar direcionado ao futuro, vislumbrando possibilidades para a humanidade.A última atração é Juliette and The Licks, encabeçada pela atriz e roqueira Juliette Lewis, de Um Drink no Inferno e Assassinos por Natureza. O disco, intitulado Four on the Floor, foi bem recebido pela maioria da críti-ca e comprovou o talento musical da atriz.Outra atração que estaria confirmada é o duo francês Air, do hit “Sexy Boy”. A lista de possíveis nomes em negociação é extensa e confirma a tendência do Tim Festival de privilegiar nomes ligados às cenas roqueira e eletrônica. Entre os artistas cotados es-tão a cantora Amy Winehouse e os grupos Scissor Sisters, The Klaxons, Kaiser Chiefs e Antony & The Johnsons.

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Page 11: Revista NOIZE #05 - Julho de 2007

Eu já tinha pen-sado várias vezes em escrever sobre coisas que têm me incomodado em demasia na mídia

“especializada” em música, a chamada im-prensa musical. Daí eu voltava atrás e refle-tia: “segura um pouco que a coisa vai me-lhorar, te acalma”. Mas, honestamente, nos últimos dias perdi a paciência.A minha crítica (e vou dar nome aos bois, sim) está voltada para as publicações emi-nentemente musicas/artísticas, isto é: Revista da MTV, Rolling Stone e Bizz. No caso da Revista da MTV, fui (porque deixei de ser) assinante desde o número 1. No início, achei genial ter uma publica-ção desse tipo no país. Sempre disse que merecíamos uma bela revista sobre mú-sica, moda, comportamento e tal. Como acompanho detalhadamente cada edição, tenho conhecimento de causa para criti-car, e digo: a revista decaiu muito. Acho que isso já é sentido no mercado consumidor, tendo em vista que, inicialmente, esta pu-blicação era vendida tanto pelo sistema de assinaturas como em bancas. Atualmente, existe apenas para aqueles que a assinam (e deixei este grupo justamente porque o nível de conteúdo me desagradou no de-correr do último ano em progressão ge-ométrica crescente e constante). Quem é antenado sabe que a emissora mudou seu posicionamento, principalmente em 2007. A música passou a ocupar um plano se-cundário e uma avalanche de toda a sorte de programas “sem sal” afogaram a antiga programação. Fazia muito tempo que eu não lia a Bizz. Mês passado, resolvi criar coragem e ad-quirir um exemplar para espiar como an-dam as coisas atualmente. Novamente uma surpresa triste: matérias tendenciosas e conteúdo fraco. Agora vamos ao ponto mais delicado des-sa questão toda: fiquei animadíssimo quan-do descobri que a Rolling Stone teria uma

edição nacional. Parecia um sonho que se realizava, nem dava para acreditar. Assim como a Revista da MTV, comprei (e venho comprando) todas as edições, desde o nú-mero 1. Pude observar bem como eles tra-tam os textos e as matérias (principalmen-te no que se refere a críticas e resenhas). Novamente uma decepção enorme!!!O que tem me deixado extremamente irritado é que, principalmente na Rolling Stone, observo um time arrogante e até em certos casos, ignorante. Ignorante sig-nifica aquele que ignora, que desconhece determinado assunto. E é isso que tenho notado em minhas leituras. Você pode se perguntar: se é tudo tão ruim, você com-pra isso por quê? Compro, porque preciso estar informado e sintonizado com o que acontece no mercado fonográfico (no qual trabalho), mesmo que com informações distorcidas e equivocadas.As minhas colocações não fazem parte de um discurso solitário. Lido com diversas esferas de públicos, consumidores de cul-tura (“de massa”, hype e indie), formadores de opinião, estudantes universitários, pro-dutores culturais, artistas, e não foi uma nem duas vezes que ouvi relatos queixo-sos, inflamados e tristes a esse respeito. Realmente ainda continuo sentindo falta de publicações que tratem eminentemente destas questões artísticas com seriedade.Adoraria escrever aqui neste espaço da-qui a alguns meses e dizer: puxa vida, enfim temos publicações musicais dignas de res-peito em nosso mercado, num país aonde existem centenas de grandes artistas que dependem da boa vontade e coerência de um punhado de publicações para que seus trabalhos possam chegar aos ouvidos, mentes e corações de ouvintes igualmen-te ansiosos por uma novidade interessante. Como a prórpia MTV dizia, “desligue a TV e vá ler um livro”. Por hora, realmente pa-rece que é o melhor a ser feito.

Ticiano PaludoProdutor musical e professor da FAMECOS/PUCRS

[email protected] - myspace.com/ticianopaludo

A concorrência que me perdoe…por Ticiano Paludo

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Dublinpor Cristiane Santarem

visitado por milhares de turistas todos os dias. Lá, você encontrará músicos de rua, pe-ças de teatro ao ar livre, pessoas simplesmen-te felizes, os mais famosos pubs de Dublin com música irlandesa (a princípio um tanto estranha, mas torna-se contagiante) e a cer-veja, muita cerveja.Ao estudante que pensa em ficar um longo tempo, depois de estar legalizado no país, existem muitas oportunidades de moradia e trabalho. O tipo de moradia mais comum são as casas de família (para os primeiros meses), mas também há a oportunidade de arranjar um apartamento—que na maior parte das ve-zes é dividido com outros estudantes, pois o custo de vida quando se trata de moradia é muito caro. Quanto ao trabalho, todos dizem que existe um tipo de “máfia brasileira” aqui, pois nós praticamente dominamos a distribui-ção do Herald e do Metro (os dois jornais da-dos de graça na rua pela manhã), compostos em sua maior parte por brasileiros, e um dos melhores salários do trabalho terceirizado na Irlanda: €8,65 iniciais por hora.Depois de todas essa informações sobre a Irlanda, o mais importante (novamente) é que você não esqueça seu guarda-chuva… e venha aproveitar o que esse país tem de melhor.

O Melhor de Dublin:

Rádio – Phantom FM 105.2 phantomfm.com

Casa de Shows – Arlingthon HotelCultura – Museu Viking DubliniaComida – SubwayLugar – St. Stephen Green Park

Dublin, conhecida co-mo a terra dos gno-mos, dos celtas e da cerveja, é também a terra da chuva. Se vo-cê estiver pensando

em vir para Dublin, a capital da República da Irlanda, você precisa aprender certas lições, como nunca esqueça de trazer o seu guar-da-chuva—você pode ser pego desprevenido por uma garoa que, em minutos, se tornará uma grande tempestade. E isso acontece qua-se todos os dias. Aliás, depois de uns dois ou três dias por aqui você acreditará piamente que São Pedro também é irlandês.Deixando a chuva lá fora, Dublin tem muitos pontos turísticos: o Trinity College é a facul-dade mais antiga de toda a Irlanda. Lá, você encontrará toda a parte histórica da coloni-zação, contada no Book of Kells, e a Biblioteca Nacional, com mais de 600 mil livros. Outros pontos turísticos muito interessantes a se-rem visitados são o Dublin Castle e a prisão Kilmainham Gaol, onde foi filmado Em Nome do Pai, e que está desativada desde 1801. Aos mais religiosos, a catedral de Christ Church, datada do século XI, é o prédio mais antigo de Dublin, e você pode assistir alguns concertos musicais lindíssimos nela.Bom, depois da parte histórica, podemos fa-lar um pouco da boêmia desta cidade. Depois da paixão que os irlandeses têm pelo rugby, não se tem dúvida de que a Guinness, cer-veja irlandesa, é a maior delas. O lugar que, com certeza, é o mais visitado e adorado por todos os turistas e irlandeses é o Temple Bar, um dos pontos mais contagiantes de Dublin,

San Diegopor Thaís Abraham

San Diego, são palco tanto para artistas na-tivos, como Tristan Prettyman, quanto para mais conceituados, como Silverchair, Snoop Dogg, Donavon Frankenreiter e Matt Costa, companheiros de Jack Johnson.Foi no House Of Blues que Britney Spears, após sair da clínica de reabilitação, se apre-sentou por apenas 18 minutos. Funcionários da casa disseram que fãs viajaram horas vin-do de todos os cantos do país para presti-giá-la. Os ingressos esgotaram em questão de minutos e custaram nada mais, nada menos que 250 dólares.Além dos superbadalados pubs, bares e bo-ates, o leque musical dessa mágica cidade é variadíssimo. Todos que derem uma passadi-nha por lá devem dar uma conferida na vida noturna da região. Os que estão abaixo da maioridade (21 anos na Califórnia) não preci-sam se desanimar; sempre há uma house party rolando em algum lugar. Outra dica é descer para Tijuana e aproveitar as loucas noites do Safari Club. Só não esqueçam do passaporte! San Diego consegue reunir diversos ritmos, culturas e tribos num único lugar. Sunny San Diego, como é conhecida por muitos brasilei-ros, é indiscutivelmente um lugar mágico. E o que não falta é diversão.

A sempre ensolara-da cidade da costa sul californiana tem mui-to a oferecer a seus residentes e visitan-tes. Uma qualidade

de vida indiscutível, praias belíssimas e mui-to bem freqüentadas, altas ondas quebrando quase o ano inteiro e uma vida noturna bem agitada com inúmeras opções são os pontos marcantes da região.Além de tudo isso, a encantadora cidade tam-bém é palco de um eclético cenário musical. San Diego recebe os mais variados tipos de bandas e não há um mês sem algum grande concerto. Bandas universalmente conhecidas e aclamadas como Red Hot Chili Peppers, Silverchair, The Wailers, Alanis Morissette, The Pretenders, Bob Dylan and his band (en-tre outras) estão sempre visitando a cidade.Pennywise, Slighly Stoopid e Pepper parecem curtir bastante a city, já que de uns tempos pra cá não ficam um ano sequer sem passar pelo Soma (berço de grandes bandas como Blink 182). São sempre shows sold out, sendo preciso correr para garantir os ingressos.San Diego possui espaços amplos, descolados e com ótima infra-estrutura, estando sem-pre prontos para receber os astros da músi-ca. Embarcadero e Sports Arena são dois dos mais conhecidos lugares, sempre apresen-tando alguns dos grandes, como Black Eyed Peas, Ben Harper, John Mayer, Sheryl Crow e Mariah Carey. Outras casas menores, como 4th&B—que promove o Carnaval, na mes-ma época do nosso, no melhor estilo brasilei-ro—e House Of Blues, ambas no centro de

O Melhor de San Diego:

Rádio – 91X (FM 91.1) 91x.com

Casa de Shows – House of BluesRevista – Happy MagazineComida – Nico’s Mexican FoodLugar – Ocean Beach

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Dublinpor Cristiane Santarem

visitado por milhares de turistas todos os dias. Lá, você encontrará músicos de rua, pe-ças de teatro ao ar livre, pessoas simplesmen-te felizes, os mais famosos pubs de Dublin com música irlandesa (a princípio um tanto estranha, mas torna-se contagiante) e a cer-veja, muita cerveja.Ao estudante que pensa em ficar um longo tempo, depois de estar legalizado no país, existem muitas oportunidades de moradia e trabalho. O tipo de moradia mais comum são as casas de família (para os primeiros meses), mas também há a oportunidade de arranjar um apartamento—que na maior parte das ve-zes é dividido com outros estudantes, pois o custo de vida quando se trata de moradia é muito caro. Quanto ao trabalho, todos dizem que existe um tipo de “máfia brasileira” aqui, pois nós praticamente dominamos a distribui-ção do Herald e do Metro (os dois jornais da-dos de graça na rua pela manhã), compostos em sua maior parte por brasileiros, e um dos melhores salários do trabalho terceirizado na Irlanda: €8,65 iniciais por hora.Depois de todas essa informações sobre a Irlanda, o mais importante (novamente) é que você não esqueça seu guarda-chuva… e venha aproveitar o que esse país tem de melhor.

O Melhor de Dublin:

Rádio – Phantom FM 105.2 phantomfm.com

Casa de Shows – Arlingthon HotelCultura – Museu Viking DubliniaComida – SubwayLugar – St. Stephen Green Park

Dublin, conhecida co-mo a terra dos gno-mos, dos celtas e da cerveja, é também a terra da chuva. Se vo-cê estiver pensando

em vir para Dublin, a capital da República da Irlanda, você precisa aprender certas lições, como nunca esqueça de trazer o seu guar-da-chuva—você pode ser pego desprevenido por uma garoa que, em minutos, se tornará uma grande tempestade. E isso acontece qua-se todos os dias. Aliás, depois de uns dois ou três dias por aqui você acreditará piamente que São Pedro também é irlandês.Deixando a chuva lá fora, Dublin tem muitos pontos turísticos: o Trinity College é a facul-dade mais antiga de toda a Irlanda. Lá, você encontrará toda a parte histórica da coloni-zação, contada no Book of Kells, e a Biblioteca Nacional, com mais de 600 mil livros. Outros pontos turísticos muito interessantes a se-rem visitados são o Dublin Castle e a prisão Kilmainham Gaol, onde foi filmado Em Nome do Pai, e que está desativada desde 1801. Aos mais religiosos, a catedral de Christ Church, datada do século XI, é o prédio mais antigo de Dublin, e você pode assistir alguns concertos musicais lindíssimos nela.Bom, depois da parte histórica, podemos fa-lar um pouco da boêmia desta cidade. Depois da paixão que os irlandeses têm pelo rugby, não se tem dúvida de que a Guinness, cer-veja irlandesa, é a maior delas. O lugar que, com certeza, é o mais visitado e adorado por todos os turistas e irlandeses é o Temple Bar, um dos pontos mais contagiantes de Dublin,

San Diegopor Thaís Abraham

San Diego, são palco tanto para artistas na-tivos, como Tristan Prettyman, quanto para mais conceituados, como Silverchair, Snoop Dogg, Donavon Frankenreiter e Matt Costa, companheiros de Jack Johnson.Foi no House Of Blues que Britney Spears, após sair da clínica de reabilitação, se apre-sentou por apenas 18 minutos. Funcionários da casa disseram que fãs viajaram horas vin-do de todos os cantos do país para presti-giá-la. Os ingressos esgotaram em questão de minutos e custaram nada mais, nada menos que 250 dólares.Além dos superbadalados pubs, bares e bo-ates, o leque musical dessa mágica cidade é variadíssimo. Todos que derem uma passadi-nha por lá devem dar uma conferida na vida noturna da região. Os que estão abaixo da maioridade (21 anos na Califórnia) não preci-sam se desanimar; sempre há uma house party rolando em algum lugar. Outra dica é descer para Tijuana e aproveitar as loucas noites do Safari Club. Só não esqueçam do passaporte! San Diego consegue reunir diversos ritmos, culturas e tribos num único lugar. Sunny San Diego, como é conhecida por muitos brasilei-ros, é indiscutivelmente um lugar mágico. E o que não falta é diversão.

A sempre ensolara-da cidade da costa sul californiana tem mui-to a oferecer a seus residentes e visitan-tes. Uma qualidade

de vida indiscutível, praias belíssimas e mui-to bem freqüentadas, altas ondas quebrando quase o ano inteiro e uma vida noturna bem agitada com inúmeras opções são os pontos marcantes da região.Além de tudo isso, a encantadora cidade tam-bém é palco de um eclético cenário musical. San Diego recebe os mais variados tipos de bandas e não há um mês sem algum grande concerto. Bandas universalmente conhecidas e aclamadas como Red Hot Chili Peppers, Silverchair, The Wailers, Alanis Morissette, The Pretenders, Bob Dylan and his band (en-tre outras) estão sempre visitando a cidade.Pennywise, Slighly Stoopid e Pepper parecem curtir bastante a city, já que de uns tempos pra cá não ficam um ano sequer sem passar pelo Soma (berço de grandes bandas como Blink 182). São sempre shows sold out, sendo preciso correr para garantir os ingressos.San Diego possui espaços amplos, descolados e com ótima infra-estrutura, estando sem-pre prontos para receber os astros da músi-ca. Embarcadero e Sports Arena são dois dos mais conhecidos lugares, sempre apresen-tando alguns dos grandes, como Black Eyed Peas, Ben Harper, John Mayer, Sheryl Crow e Mariah Carey. Outras casas menores, como 4th&B—que promove o Carnaval, na mes-ma época do nosso, no melhor estilo brasilei-ro—e House Of Blues, ambas no centro de

O Melhor de San Diego:

Rádio – 91X (FM 91.1) 91x.com

Casa de Shows – House of BluesRevista – Happy MagazineComida – Nico’s Mexican FoodLugar – Ocean Beach

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Page 14: Revista NOIZE #05 - Julho de 2007

Texto Gustavo Corrêa

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V ocê, um fanático por música do tipo que não larga o iPod e quer

sempre estar informado sobre o que surge de novo no mercado fonográfico, chega em casa e, sobre a sua cama, en-contra uma revista. Logo, percebe que é um exemplar importado dos Estados Unidos, caro, e isso te deixa ainda mais curioso. À medida que você folheia a pu-blicação, no entanto, percebe que os in-tegrantes de boa parte das bandas se vestem de formas parecidas, embora o seu conhecimento diga que o som de-las é bem diferente. A sua cabeça come-ça a funcionar: você se lembra do emo, dos Beatles, de paletós, dos góticos, dos anos 80, de David Bowie, Rolling Stones e The Smiths. Realmente, a confusão é grande. Roupas pretas apertadas, delineador nos olhos, maquiagem carregada e di-versos acessórios. Mas não só isso: há também a galera dos paletós, calças jus-tas, jeans estragados, luvas e sapatos de grifes famosas ou os velhos All-Stars sur-rados (aqui, sutis diferenças entre o que é nova-iorquino ou britânico). A misce-lânea de estilos que toma conta princi-palmente dos Estados Unidos e, como praticamente todo produto cultural de países mais desenvolvidos, é exportada para os quatro cantos do globo, é mais abrangente do que a mentalidade anti-emo e anti-mod poderia supor. O cruzamento da música e do fashion é antigo. A jornalista e consultora de moda Francesca Sperb comenta que as bandas capazes de influenciar as esco-lhas estéticas das pessoas se aproveitam de uma série de fatores. “A moda e a música se misturam. Tanto o estilo de vestir de bandas influentes quanto algu-mas coleções que vão para a passare-la partem de uma vontade coletiva que está presente na sociedade, na cultura, no momento sócio-econômico mundial e nos ânimos gerais da nação, mas que poucos conseguem identificar e trans-por para roupas. Esses poucos, sejam

bandas ou desfiles, acabam, com o tem-po, influenciando muitos. Influenciando tantos até chegar a um ponto de satura-ção e surgir uma nova influência”, conta. Diversos designers de moda colheram bons frutos da parceria rock e moda. Ainda nos anos 70, há aquele que tal-vez seja o mais importante e inspira-dor momento de parceria entre ambos, quando Vivienne Westwood e Malcolm MacLaren abriram a Sex e vestiram o movimento punk. A intenção de chocar as pessoas com peças como correntes, roupas rasgadas e camisetas com men-sagens e imagens pornográficas causou uma reviravolta e rompeu um padrão estético. Semeou uma conjunção entre o estilo musical e o impacto que tem no cotidiano das pessoas com a moda como produtora de tendências e ino-vações na forma como nos vestimos. O New York Dolls, por sua vez, criou a postura desafiadora de vestir homens de mulher, inaugurando o glam rock e preparando o terreno para tudo que viria a seguir. Indispensável, no entan-to, mencionar o camaleão David Bowie e sua gritante androginia como outra importante propensão estética dessa

década. Nos anos 80, surgem bandas como The Cure e The Smiths, que evo-cam a melancolia e a depressão na pes-soa de Robert Smith, líder da primeira, e em uma legião de seguidores do esti-lo gótico. É a década em que os músi-cos se misturaram aos manequins nas passarelas, e as divas da moda se encon-traram com as estrelas do rock nos pal-cos. Então surgem os anos 90, e o grun-ge resgata a revolta do punk em ícones como Kurt Cobain, com suas calças lar-gas, repletas de bolsos, e as tradicionais camisas de flanela. No final da década, ganha força o movimento hip-hop nor-te-americano, e os rappers tomam con-ta. As marcas registradas são roupas lar-gas e esportivas, complementadas por ornamentos como espessas correntes de ouro e prata.Nesse contexto, no começo da década em que estamos, algumas bandas nor-te-americanas sentem-se deslocadas e preferem tomar outros caminhos, for-temente influenciados pelos anos 80. É o caso do From First to Last, ban-da de screamo, importante no que tan-ge a submissão a um modelo estético em profusão no país. Os integrantes

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aderem ao amado e odiado pentea-do “emo”, a roupas pretas justas, a ma-quiagens e a letras sobre amor maca-bro. Outra inspiração para toda essa turma é Laranja Mecânica, obra-prima de Stanley Kubrick, que não só criti-ca a hipocrisia social, mas leva às telas um figurino impecável e flagrantemen-te cultuado por músicos da atualidade. Francesca comenta que algumas das in-fluências para esses músicos estão sen-do levadas para as passarelas por estilis-tas como Alexandre Herchcovitch. “Vale dar uma conferida no desfile masculino Verão 2008 do Alexandre Herchcovitch, apresentado agora no São Paulo Fashion Week. Ele coloca nas passarelas uma tendência heavy metal de vestir, que vai além do gótico e dark (que já pas-sou tanto pelas passarelas quanto pelas ruas) e que é uma antecipação de ten-dência para a moda masculina (não só de rock stars)”, diz.O designer que mais tem se destaca-do pela inspiração que recebe do rock para criar suas peças é Hedi Slimane, chefe das coleções masculinas da Dior. Slimane costuma utilizar rapazes ma-gros de traços delicados e com postu-ra pós-romântica (rockers) em seus des-files, abusando de silhuetas rock. Não é à toa que as principais bandas emo nor-te-americanas possuem pelo menos um “rostinho bonito” entre seus inte-grantes. É o caso de The Academy Is…, My Chemical Romance, Fall Out Boy e Panic! At The Disco, que também se es-baldam em influências bem definidas para o emo. Como não poderia ser di-ferente, o modo como eles se vestem influencia milhares de pessoas no mun-do todo. Então, não chega a surpreen-der que muita gente utilize os trajes e adereços recorrentes do estilo sim-plesmente para ficar parecido com os ídolos. Além das bandas ditas emo, que se fazem notar mais significativamente pelo visual, há outras que não são distin-guidas dessa forma. No entanto, alguns

integrantes destas aderem a elemen-tos comuns a essa turma, mesmo que extraídos de outras origens. Os voca-listas de Green Day e Red Hot Chili Peppers, Billie Joe Armstrong e Anthony Kiedis, respectivamente, são exemplos claros de roqueiros norte-americanos que, apesar de não pertencerem a ban-das consideradas emo, caracterizam-se por certas sutilezas e vaidades peculia-

res. Kiedis, com suas fantasias e mistu-ras ousadas, mais recentemente pegan-do carona com a turma das roupas pre-tas, calças coladas e chapinha no ca-belo; e Billie Joe, mantendo-se fiel às unhas pintadas, ao delineador de olhos e aos cortes e penteados efêmeros—ditados, provavelmente, por cabeleirei-ros em sintonia com as tendências mais

ousadas. Rock stars como Kiedis e Billie, segundo Francesca, beneficiam-se por estarem sempre ligados nas principais tendências. “Bandas de rock são difu-soras. Influenciam não só a moda, mas também comportamentos. Mas os rock stars mais influentes geralmente estão de olho na moda. E o que fazem é usar da moda o que lhes interessa, sem se vi-timizar”, opina.Importante para entender o que ocor-re nos Estados Unidos é não esquecer de tudo que veio da Europa e, princi-palmente, da Inglaterra. Afinal, uma das correntes, a dos nova-iorquinos do Strokes, se agarra a bandas inglesas dos anos 70 para construir um visual pare-cido: calças afuniladas e justas, paletós e jaquetas bem anos 70, All-Stars e ca-beleiras desarrumadas ou modeladas ao estilo nerd. Também há o grupo dos que optam pelas grifes e pela qualida-de dos tecidos e cortes. A banda galesa Lostprophets (que já esteve para new metal, rock alternativo ou, para o infer-no com as classificações, rock) é uma que se destaca pela elegância de seus integrantes—ao menos em ensaios para revistas (vide Rock Sound nº 96) e em aparições sociais. Mesmo que ti-rem sarro do fato de as pessoas obser-varem como eles se vestem e aponta-rem as eventuais mudanças em seus tra-jes, fica clara a preocupação com a apa-rência, especialmente da parte do voca-lista Ian Watkins. Nessa mesma edição da revista gringa, ele ironizou a atenção devida a esses detalhes, mas não hesitou em pegar jaquetas de milhares de dóla-res das estantes da Versace quando teve a oportunidade, que lhe foi concedida pela própria Donatella Versace, cuja fi-lha é fã da banda. Independentemente do estilo, fica claro que as bandas nor-te-americanas têm seguido padrões es-téticos bem definidos. Para quem apre-cia moda, está aí algo para se observar e ver quais serão as próximas tendências.

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Texto Natália UtzTexto Fernando Corrêa18 noize.com.br

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D

ois anos antes de lançar o disco do qual trata esta matéria, o autor da faça-

nha tocava em qualquer buraco. E assim, como por acidente, 24 me-ses depois, lá estava ele, tocando a guitarra com os dentes em frente a multidões boquiabertas. Diretamen-te dos bares de Seattle, o primeiro e único, o mito Jimi Hendrix liderava The Jimi Hendrix Experience, banda que invadiu o cenário londrino, e dei-xou Eric Clapton e Pete Townshed, do The Who com medo de ficarem desempregados. Era 1967, o ano da psicodelia.

Um pouco de experiência de vida com ingenuidade interiorana; irreverência com timidez; ponto com vírgula. Um ca-nhoto tocando uma guitarra para des-tro. Espere um pouco, algo está errado! Que nada. Hendrix foi um experimento maluco que efervesceu em sua colorida mistura. E rápido como aqueles experi-mentos das aulas de química do colégio, desapareceu. Não sem antes deixar os observadores embasbacados. Uau.

Are You Experienced é o nome do disco. Assim mesmo, sem interrogação. Não é uma pergunta, mas uma afirmação, um convite cortês, algo do tipo “expe-rimente, você não vai se arrepender”. Modesto e preciso, o título é uma dica de que o conteúdo é bombástico. E se é assim hoje, imagine naquele maio de 1967, quando Londres conheceu antes do resto do mundo o álbum de estréia mais fantástico que a indústria musical já pariu. Foxy Lady, Purple Haze, Hey Joe, Fire, Third Stone From the Sun—jóias da discografia hendrixiana, frutos das es-cassas sessões de gravação que apre-sentaram ao mundo o inigualável James Marshall Hendrix.

Fratura, frustração, futuro

Como todo mito, Hendrix não nasceu famoso. O mais perto que sua infância passou da de um rock star foi nas be-bedeiras de sua mãe, que dificilmente dava as caras em casa. Até o dia em que sumiu de vez: morreu em 1958, quando Jimi tinha 16 anos. No mesmo ano, ele foi expulso do colégio, por ser visto de mãos dadas com uma colega branca, e ganhou do pai seu primeiro violão. Al Hendrix era jardineiro, e o violão, usado. Jimi viveu boa parte da sua infância com a avó, já que o clima em casa não era dos melhores. O instrumento provou ser uma companhia mais agradável do que Al, que fazia o que podia para com-pensar sua ausência, sem muito sucesso. Até porque, se havia sucesso rondando aquela família, ele já estava predestinado ao pequeno James.

Aos 19 anos, Jimi dá seu primeiro gran-de salto—como pára-quedista. Era um garoto encrenqueiro, ao ponto de as autoridades darem a ele duas opções: exército ou xadrez. Em 1961, ele entrou para o esquadrão “Águias Gritantes” da 101ª Divisão Aerotransportada, de Fort Campbell, Kentucky. Seu pai lhe mandou a guitarra semanas mais tarde, e entre uma sessão de saltos e outra, ele ficava palhetando acordes de blues. Caminhando pelo esquadrão, o pára-quedista Billy Cox ouviu um som que lhe agradou. Billy tocava baixo e, logo, na companhia de Hendrix e de um ba-terista, animava as noites-sem-mulheres das Forças Armadas americanas. A ban-da durou pouco mais de um ano: em dezembro de 62, depois de fraturar o tornozelo em um salto, os tempos de caserna acabaram.

Warrior

Não fosse a fratura no tornozelo, talvez Hendrix tivesse morrido na Guerra do Vietnã. Ao invés disso, ele juntou seus trapos camuflados e voltou pra casa. Porém, a cidadezinha do estado de Wa-shington não era onde Hendrix queria dar seguimento a sua vida.

Com seus dotes guitarrísticos mais de-senvolvidos, a primeira coisa que ele fez foi formar uma banda com Billy Cox, que também abandonara o esquadrão. Os dois partiram para o Tenessee—ca-sa do blues, do jazz, do country—, onde seu grupo The King Kasuals tocava em botecos escuros em troca de mixarias.

“Ei, a Terra é meu lar. Sou muito in-quieto pra fincar raízes.” —Jimi Hen-drix

A vida da banda se estenderia pelos próximos dois anos, nos quais Hendrix saiu à busca de mais gente com quem dividir o palco.Entre 62 e 65, foram mais de 40 formações diferentes. Nessa sala-da de músicos, incluindo gente famosa como B.B. King e Little Richard, Jimi foi dando forma ao seu estilo brilhante e eloqüente. Foi então que decidiu tentar a sorte em New York.

Chegando a NYC, Hendrix precisou batalhar por oportunidades de mostrar seu talento. Les Paul, criador do modelo de guitarra de mesmo nome, assistiu a um teste dele para tocar em uma casa noturna em Greenwich Village. Les Paul não falou com Jimi, que foi rejeitado por ser louco e tocar alto demais.

Os donos do bar tinham razão: Hendrix tocava alto, muito alto.

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Emancipação

“Jimi Hendrix tocava de um jeito que fazia meu dedão furar a bota” —Little Richard

Embora o “pequeno” Richard tenha negado isso anos depois da morte de Jimi, o que consta na história é que o primeiro não gostava da maneira como o segundo roubava a cena ao tocar de um jeito muito “cintilante” na The Up-setters, banda de apoio de Richard. É irônico que muito da performance de Jimi tenha sido aparentemente inspirada no estilo loucão de Ricardinho. Um dia, o ônibus dos Upsetters partiu sem ele. Cansado de receber puxões de orelha pelo seu brilho, o garoto James formou com diversos amigos a Jimmy James and The Blue Flames. O reconhecimento que alcançaram em NY rendeu alguns encontros notáveis, finalmente aproxi-mando Jimi da gente boa que poderia apresentá-lo ao mundo.

O encontro que ditou o rumo da car-reira de Hendrix aconteceu em mais uma noite no Cafe Wha?, em Greenwi-ch Village. Ele vinha se apresentado no Wha? com freqüência, e numa noite, Linda Keith, mulher de Keith Richards tinha lhe visto tocar e ficou impres-sionada. Então, falou sobre Jimi a Chas Chandler, baterista do Animals, que passou por lá e viu Jimi detonando sua mistura de bases de blues com solos do além. Chandler tinha a sensação de que Jimi poderia estourar, e uns trocados suficientes para levá-lo ao outro lado do Atlântico. O Reino Unido borbu-lhava, e o rock psicodélico era a bola da vez. Um legítimo negão com blues e soul na veia, tocando a guitarra de maneira loucamente única, estava fada-do ao reconhecimento em um cenário como este. Para tanto, Chas arranjou uma banda de apoio.

The Jimi Hendrix Experience

Chegar à Inglaterra foi como pegar ca-rona no tornado de Dorothy rumo ao mundo de Oz (Mágico de Oz, espan-talho, homem de lata…). Só que para Hendrix, o furacão continuou. Londres era um outro universo, e isso abriu sua cabeça mais do que qualquer coisa. Em pouco tempo, ele estava morando no apartamento de sua nova namorada, Kathy Etchingham e alternando seus dias entre dormir, tocar guitarra sozi-nho, tocar com os amigos recém-feitos e ficar com Kathy.

Chas armou um esquema para montar a nova banda: ele marcava jams e con-vidava os pretendentes sem dizer de quem se tratava. Ao fim do barulho, se as coisas saíam bem, Jimi se apresentava. Foi assim com Noel Redding, baixista da Experience. Acontece que Redding era guitarrista. A frustração de Redding com a guitarra e a facilidade de Hendrix com o baixo teriam gerado diversos de-sentendimentos até a saída de Noel da banda, anos mais tarde. Para as baque-tas, Chas chamou Mitch Mitchell, cuja escola jazzeira seria determinante no som do Experience.

Depois de excursionar com o grupo pela França, Chas decidiu que era hora de gravar alguma coisa. “Pai” Chand-ler só tinha dinheiro para uma música, então Jimi escolheu “Hey Joe”, cover sem autor definido, que Hendrix vinha tocando em suas apresentações. Uma semana depois, Chas levou a banda ao estúdio novamente para gravar o lado B do compacto. Hendrix gravou duas composições suas, “Stone Free”, que foi a escolhida para entrar no disco, e “Can you see me?”, que foi incluída mais tarde em Are You Experienced. Chas con-seguiu que o compacto fosse lançado pela Track Records, dos empresários do The Who.

O homem e sua guitarra

Quem assiste a vídeos de Hendrix tocando logo percebe que a guitarra é como uma extensão de seu corpo, algo que os psicanalistas caracteriza-riam como sexual. Jimi torna isso evi-dente ao “transar” com seu amplifica-dor antes de pôr fogo em sua amada Fender Stratocaster no Monterey Pop Festival de 1967. Antes, ainda anunciou: “sacrificarei uma coisa que eu amo, mas é a coisa certa a se fazer”. De fato, Hendrix era tímido e a guitarra era seu instrumento de comunicação—e como comunicava, como falava aquela Stratocaster! Talvez por ele achar que cantava mal: durante as gravações de Are You Experienced, Eddie Kramer, en-genheiro de som, teve que estender lençóis, atrás dos quais Jimi cantava protegido dos olhares alheios.

“Vamos, deixe-me tocar, eu me ex-presso melhor com a guitarra”, res-mungava Hendrix em entrevista ao apresentador Dick Cavet, misturando bom humor a uma certa evasão. Em seguida, deixaria as pessoas sem acre-ditar no que viam: no meio de “Hear my train a comin’”, Jimi levava o ins-trumento à boca e começava a tocar com os dentes.

Hendrix dominava o uso de efeitos aliando feedback (fenômeno gerado quando a guitarra é posicionada de frente para as caixas de som) a dis-torção, o que gerava uma microfonia gritante, que com a alavanca da guitar-ra, se liqüefazia em sons de mísseis e bombardeios. Ele sabia muito bem o que estava fazendo. Segundo Hendrix, seu cabelo black power era elétrico e captava todas as vibrações. Talvez por isso ele soubesse tão bem a força de sua música nas pessoas.

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O Experimento

A concepção de Are You Experienced confunde-se com a trajetória de Jimi em Londres, afinal, o ritmo das duas era ditado pelo recheio na carteira de Chas. Embora tenha se estendido por meses, a gravação do disco durou apenas 72 horas de estúdio. O Sgt. Pepper’s, dos Beatles, levou longos 129 dias para vir ao mundo—49 vezes mais do que The Jimi Hendrix Experience gastou com a obra-prima dos debut albums. As mú-sicas eram registradas aos punhados, várias por sessão—“Wind Cries Mary”, por exemplo, foi aprendida e gravada pela banda nos vinte minutos finais de um dia de gravação. O Experience foi um fator importante de seu próprio sucesso. O espírito de improviso de Hendrix dependia de entrosamento, e isso eles tinham de sobra. Em matéria da Guitar World (setembro de 2002), Redding diz nunca ter conseguido tocar “Maniac Depression” com outros músi-cos. Experiências dependem da química.

“‘Wind Cries Mary’ foi aprendida e gra-vada em vinte minutos.”

As baterias com traços de jazz de Mi-tchell, quando vestidas na selvageria do rock’n’roll, eram um prato cheio que Jimi fazia transbordar com seu cardápio. Rock, soul, funk, blues, R&B, folk—Hen-drix juntou tudo. A chave da experiência estava na mistura, nas bases pé-no-chão do blues aliadas ao fluxo de consci-ência imprevisível de seus solos. Noel se virava bem no baixo, e Mitchell era decisivo: se fosse muito careta, o som não decolava; se fosse muito viajante, o som se perdia no espaço. Space e Earth eram os dois elementos que, segundo Jimi, deveriam estar em equilíbrio para a música sair boa.

Efeito Colateral

As 72 horas de gravações, divididas em três estúdios diferentes, renderam mais do que apenas um álbum. Antes do lançamento de Are You Experienced, Hen-drix já havia alcançado o 10º lugar nas paradas Britânicas com os singles “Hey Joe”, “Purple Haze” e “The Wind Cries Mary”.

Em 12 de maio de 1967, chegava às lojas do Reino Unido Are You Experienced. Um mês depois, já ocupava a 3ª posição no Top 10. Não fosse a genialidade inegável de Sgt. Pepper’s, Experienced teria che-gado ao 1º lugar. O álbum de 11 faixas permaneceu nas paradas por 33 sema-nas, e isso que as já conhecidas “Purple Haze” e “Hey Joe” ficaram de fora da track list.

Nos Estados Unidos, o disco foi lançado pela Release Records. Os produtores americanos chutaram fora “Remem-ber”, “Can you see me?” e “Red Hou-se”, que eles consideravam estar aquém das expectativas norte-americanas. No lugar delas, colocaram os singles que foram hits na Inglaterra. O motivo para tanto era simples: a explosão de Jimi na Europa não causara estrago nenhum no além-mar.

Por insistência de Paul McCartney com os organizadores do Festival Pop de Monterey, Hendrix foi chamado para tocar na noite de 18 de junho. Ao fim do show, antes de sua intensa versão de “Wild Thing”, olhando para o públi-co por trás de suas pálpebras inchadas, Hendrix anunciou que sacrificaria sua amada. Ao fim da música, bateu com sua guitarra no chão até quebrá-la em pe-daços. Ajoelhou-se, encharcou de fluido os destroços de madeira e tocou fogo. Imortalizou-se naquela chama que, na história, nunca se apagou.

The Jimi Hendrix SessionNonsense e fluxo de consciência

Uma sala escura, som com o volume altíssimo e uma preparação de nível para o DVD que está para começar. Os dois jovens sentados no sofá, co-pos em punho, pouco conhecem da música de Hendrix. No DVD player, uma pequena seta indica que o vídeo começou a rodar.“Bah, ó esse cara. No esporte, os ne-gão são os mais casca, na guitarra o negão é o mais casca, no baixo se pá aquele baixista do YouTube… é o esti-lo virtuose né.”“É ‘marra sincera’, é o feeling…”“…cada barulho é calculado”“Olha só, o cara saía pra mexer no am-plificador e continuava tocando com a outra mão. E ainda dava essa caidinha. Ó, a caidinha! Hahahaha”“É pra fazer um uóóóum… tipo o Angus Young, que fazia um ta-na-na-na, e a galera ehhhhhhhhhhhhhhhhhh!”

Chega o gran momento de Monte-rey…“Tá fraquinho ele, hein. Demorou pra quebrar essa guitarra.”“Mas é casca meu, tem o braço parafusado.”“É, isso é real… a galera devia tá assustada”

Tira o DVD, põe Are You Experienced“Ele toca com a, com a, com a alma.”

Third Stone From the Sun“Olha esse som, cara!”“Ó o vento, shhhhhhhhhhh.”“Batera bem jazz… Bah, o cara real-mente se importava com a música.”

Depois de meia hora ouvindo Are You Experienced, começa a tocar a renega-da “Remember”“Bah, esse som é muito Sessão da Tarde”“Agora é o Michael J. Fox num con-versível, chegando pela estrada na cidade.”“Hahahah, ‘versão brasileira, Cine Vídeo, São Paulo’”

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Texto Gustavo CorrêaFoto Divulgação

N esse mundo animal do rock, o elefante encerra um belo ciclo para já ingressar

noutro. Com passadas firmes, trilhas, turnê pelo país, e muita música de rock instrumen-tal, a Pata de Elefante está prestes a lançar o segundo CD. “Vai surpreender quem já conhece nosso trabalho”, adianta o bateris-ta Prego. Tem Daniel e Gabriel que revezam no baixo e na guita e essa é a formação do power trio. Pata de Elefante, em uma porção de letras…

NOIZE: Vocês estão encerrando a turnê do primeiro disco. Como foi a experiência nes-ses anos?Prego: faz dois anos e meio que a gente lançou. O disco saiu no meio de dezembro de 2004. Bah, daí pra frente muita coisa aconteceu; muita coisa legal. A gente participou de vários festivais em outros lu-gares. Tem o Bananada, o Goiânia Noise, em Goiânia, tem o Calango, em Cuiaba. Festivais independentes. A Feira de Música Independente de Brasília.Daniel: o disco nos levou para todos esses lugares. Ele deu bastante certo, o nome da banda e a banda em si apareceu com o disco.NOIZE: O som de vocês é contagiante. A ins-piração de compor canções vem do quê? Daniel: às vezes tenho umas idéias. Vou tentar fa-zer um som em tal onda, mas, às vezes, isso não dá muito certo. Vem uma música que não tem nada a ver com que o que tu tá pensando na época. Pode vir pronta a idéia, não tenho uma técnica. Às vezes vem do nada mesmo.Gabriel: é uma necessidade do cara botar o negó-

Texto Natália UtzFotos Rafael Rocha22 noize.com.br

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cio para fora. Inspiração, eu não sei ex-plicar, se é um negócio que vem do ar.Prego: é um lance de necessidade mui-to porrada. Tanto como comer, dormir, ir ao banheiro. Lá pelas tantas eu come-ço a me sentir incomodado, tenho que botar algo para fora. Seja por que eu tô bem, seja por eu tô mal, alegre ou muito triste. Tenho que materializar o que eu estou sentindo em forma de música.NOIZE: As possibilidades musicais são infinitas, mas tanto som já ro-lou… existe uma dificuldade de não se repetir ou ainda ser original?Gabriel: olha, eu acho que no nosso caso não tem muita dificuldade de ser original, por que nós somos uns caras bem estranhos mesmo. Acho que a gen-te não tá na moda. Estamos completa-mente por fora, caga e anda para esse lance. A gente faz as coisas baseadas no que a gente gosta mesmo. Claro que es-tamos repetindo coisas que nossos ído-los fizeram, mas todo mundo faz isso. Mas eu não sinto assim, vejo que tudo o que a gente faz sai com uma cara nossa. Tu pode reconhecer a influência clara-mente, mas tem uma identidade muito forte que vem da nossa “porralouquice” mesmo.Prego: a gente cria baseado nas re-ferências que a gente tem, mas é algo

nosso, autêntico e que tem uma iden-tidade.NOIZE: Vocês tocam em outras bandas também. O que a Pata pro-porciona que as outras não?Daniel: no palco tem um lance que é mais gratificante. Eu não tive nunca em outra banda o lance que rola com a nossa.Gabriel: é onde tem a química mais forte, já toquei com um monte de gente e nunca cheguei num resultado tão bom quanto esse. Em meu coração, eu resolvi que… tem umas minas por aí, mas essa é a mais legal mesmo. Essa é a noiva.Prego: essa é a que eu amo. O engra-çado é que isso rolou desde o primeiro show. Nós nos conhecemos um pouco antes, e quando começamos a tocar, as pessoas que estavam lá no local, de repente, na primeira música tinha gen-te uivando, se descabelando. Aí a gente sacou. Se olhava, “o que está acontecen-do?”. Nunca tinha acontecido comigo, com eles também não. Daí eu pensei: “achei a banda”. Gabriel: a gente simplesmente come-çou a tocar e alguma coisa aconteceu, do nada. Foi um momento mágico.NOIZE: O cenário de Porto Alegre favorece ao rock de que forma?Gabriel: acho que favorece no senti-

do de ter um monte de músico bom de rock. O cara tem que se puxar e tem que fazer bem mesmo. É o rock gaúcho. Nós vemos banda lá de Pernambuco soar mais gaúcho que nós, por que os caras são fãs de rock gaúcho. É um negó-cio muito clássico mesmo, então a gente tem um parâmetro alto. Não podemos fazer qualquer coisa. Os caras que vie-ram antes já fizeram bem.Fazer trilhas, músicas, viajar, ver o público dançar. Qual o grande ba-rato de um músico?Daniel: tudo. Fazer uma música legal, que tu ouça e tu diga: “ah, essa música é boa”. Que toque as pessoas. Elas vêm e falam “eu imaginei tal e tal coisa com aquele som e fiquei emocionado”, sabe? Isso aí é uma parte muito forte da coisa. Conhecer vários lugares. Quando é que eu ia conhecer Goiânia se não fosse pela música? Cuiabá…Prego: as pessoas vêm falar sincera-mente “bah, eu tava no show de vocês e me tocou mesmo”. Então não é um lance tipo o fenômeno da mídia. Não, a coisa fala por si só. Isso nos dá força para seguir e nos deixa realmente seguros de que estamos fazendo algo que emociona as pessoas. De repente, vai deixá-lo mais feliz naquele dia.

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Texto Frederico Vittola24 noize.com.br

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S obre a terra seca e árida do deserto da Califórnia, onde o calor é tão bár-

baro que provoca alucinações nos despre-cavidos, surgiu no início dos anos 90 um quarteto liderado por Joshua Homme, na época um jovem de 17 anos. Ao lado do amigo Nick Stephen Olivieri e outros dois músicos, eles formaram o Katzenjammer, ou simplesmente Kyuss, a banda que foi o embrião do Queens of the Stone Age.

Esse grupo de heavy metal lançou quatro discos e foi uma das mais bem-sucedidas bandas do “desert rock”. O subgênero que caracterizava grupos dos arredores do Palm Desert, na Califórnia, contava com fortes influências da música latina, com elementos de psicodelia e punk rock. O desert rock era também uma reação à cena de Los Angeles, considerada vazia e fútil. Divergências os integrantes levaram ao fim o Kyuss, e Josh decidiu partir rumo a Seattle, onde o movimento grunge ebulia e para onde estavam viradas as atenções da vanguarda musical. Junto ao Screaming Trees, como segundo guitarrista, participou da turnê do álbum Dust, em 1996. A partir de 1997, com as atividades do Screaming Trees cada vez mais ocasionais, Josh encon-trou tempo para desenvolver um projeto pessoal: “The Desert Sessions”. De volta às terras áridas do interior californiano, Josh buscou a inspiração que procura-va em sessões experimentais de estúdio, onde trabalhou com músicos e amigos de estrada como Mike Johnson (Dinosaur Jr.), Mark Lanegan (Screaming Trees), Peter Buck (R.E.M.) e Ben Sepherd (Soundgar-den). Localizada no Rancho de la Luna, as imediações eram repletas de cogumelos alucinógenos. As músicas eram escritas em questão de horas, trabalhadas e gravadas ali mesmo. Foram registrados cinco álbuns, compilações com dois volumes em cada, nos quais o importante era deixar o lance rolar. Depois da maratona e com a cabe-ça cheia de idéias, Josh montou o Queens of the Stone Age, chamando novamente o amigo e ex-companheiro Nick Olivieri para ser o seu baixista. Em setembro de 1998, a banda lança seu disco de estréia

homônimo, pela gravadora Loosegroove (de Stone Gossard, guitarrista do Pearl Jam). O álbum teve uma repercussão im-pressionante e ajudou a fixar o nome do Queens of the Stone Age como uma das grandes promessas do rock contemporâ-neo. O sucesso do primeiro disco levou a banda a ficar na estrada por quase dois anos, tocando junto com nomes do calibre de Bad Religion, Rage Against the Machine e Smashing Pumpkins. O som? Uma reto-mada do peso do Kyuss, revigorado com influências resultantes da troca de experi-ências com diversos músicos. Menos atre-lado a rótulos, o flerte com sons mais mo-dernos e universais transformaram o pri-meiro disco do QOTSA na melhor mistura entre o que o Kyuss fez, suas influências

e a novas tendências de Josh. O segundo disco, Rated R, é recebido com entusiasmo pela crítica, mas não atinge grandes cifras em vendagem, apesar de singles candidatos a hit como “Feel Good Hit of the Sum-mer” e “The Lost Art of Keeping a Secret”. Participaram da gravação diversos nomes, dentre os quais Mark Lanegan e Barrett Martin (Screaming Trees) e Rob Halford (Judas Priest). A partir daí, o Queens come-ça a sofrer uma série de mudanças em suas formações. Durante uma exaustiva turnê de mais dois anos pelo mundo, o Queens incluiu uma apresentação no Rock in Rio III, em janeiro de 2001. Nesta apresentação, Nick Olivieri foi preso, após tocar pelado durante todo o show, cobrindo as partes íntimas apenas com seu baixo.

“Whoa, people in Carnival here dance naked, why I can’t do the same?”

No ano seguinte, a banda grava Songs for the Deaf, desta vez com Dave Grohl nas baquetas, participando inclusive da tour pe-los EUA. O sucesso entre público e crítica é quase unânime. As faixas “No One Kno-ws” e “Go with the Flow” viram hits e o disco chega à marca de 900 mil cópias. Mas quanto maior era o sucesso do QOTSA, maiores eram as loucuras que Olivieri fa-zia. A gota d’água foi durante uma apresen-tação em que lançou garrafas de Corona cheias na platéia. Ele também foi condena-do por agredir a namorada, e desvinculado do Queens no final de 2004. Lullabies to Paralyze é recebido bem pelo público, que na semana de lançamento do disco leva o Queens ao topo das paradas da Billboard. O álbum alterna ótimos refrões com jam sessions entediantes e momentos menos inspirados. “Tangled Up In Plaid” lembra a fase mais hardcore da banda e “In my head” mostra que a capacidade de Homme de criar melodias harmoniosas é cada vez maior. Mas a ausência do “maluco beleza” Olivieri é sentida nos momentos em que o Queens tenta aumentar o passo. Em no-vembro do mesmo ano, Over the Years and Through the Woods surge como registro das apresentações ao vivo ao longo da história do Queens of the Stone Age. No mês pas-sado, o Queens of the Stone Age lançou Era Vulgaris. O disco vem para não deixar a bola do Queens murchar e ainda tem o trabalho de espantar o fantasma de Nick Olivieri. Destaques para “I’m Designer”, “Into The Hollow” e “Make It Wit Chu”—esta última um registro recuperado das Desert Sessions. Era Vulgaris consegue que os Queens Of The Stone Age não se re-pitam, nem fiquem estagnados. Se por um lado revela que Olivieri era fundamental nos momentos de uma pegada mais con-tundente, por outro reafirma o que o ta-lento de Josh Homme garante o seu lugar ao sol. Brilhante mas implacável, bem como no deserto californiano.

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G ritos, muitos gritos. Um som que acordaria a vizinhança e assustaria

uma criancinha. Provavelmente, de uma maneira geral, esta seria a primeira im-pressão para quem ouve o new metal. Isso à primeira vista, é claro. De forma simplista, pode-se dizer que são guitar-ras pesadas, timbres graves, versos ber-rados e letras marcadas pela emoção—verdadeiros relatos de conturbadas experiências de vida.Em meados dos anos 90, bandas como Korn e Deftones difundiram o new metal, ou nu metal, e despertaram a ira de alguns fãs de metal, que repudiavam a mescla do rap e da música eletrônica com o que consideravam, puramente, heavy metal. Posteriormente, tantas ou-tras despontaram no cenário mundial e consagraram o estilo.A banda desta edição preenche os re-quisitos necessários para ser uma ban-da de new metal: um “estilo diferente” (como eles próprios se descrevem), elé-tricos no palco, um baterista que adora

rap e histórias de sobra para rechear as músicas.Ingressaram no univer-so musical com aulas de piano e flauta. Tocam juntos faz um tempo, já passaram por bandas diferentes, mas tornaram-se Negative Zero mesmo em 2006, ano em que eles tocaram em Ben-to Gonçalves, ganharam alguns festivais e, de quebra, em um deles venceram os ex-companheiros de banda, que não sa-biam o que estavam perdendo quando “correram” os guris do grupo.Todos participam na criação de cada música: o vocalista escreve em inglês e os arranjos são discutidos pelos quatro. As temáticas tratam sobre conflitos vi-venciados por eles, e as letras são fortes, cantadas e tocadas de forma intensa. Nos shows, se transformam em “demô-nios” no cenário composto pela postura elétrica, pelos berros e pelo barulho dos instrumentos. Recebem o incentivo e o

apoio da família e dos amigos (sem fa-lar que contam, freqüentemente, com a ajuda de um amigo em especial, o Pedro, que já virou o roadie da Negative Zero).Depois de mais de um ano juntos, en-frentando todas as dificuldades de quem está começando, dizem que assim cres-ceram musicalmente, ficaram mais cria-tivos e estão mais entrosados. Confiam no próprio potencial e não pensam em desistir. Acreditam na cena do país, mas principalmente valorizam a cena gaúcha. Pois bem, quem quiser ouvir o trabalho dos guris é só acessar www.noize.com.br.

Texto Bibiana H. Bolson

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Texto Carol De Marchi Souza30 noize.com.br

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Texto Carol De Marchi Souza

D e 14 a 16 de junho, mais de 80 mil jovens de todo o mundo invadiram

Barcelona para curtir 72 horas de shows, DJ sessions e performances de altíssimo nível. Foi o Sónar, Festival de Música Avan-çada e Arte Multimídia, considerado o me-lhor da Europa, quiçá do mundo.Em 2007, artistas de todo o planeta tota-lizaram 180 atrações distribuídas na pro-gramação, cujo formato habitual consiste basicamente de duas partes: Sónar de Día e Sónar de Noche. O primeiro é uma expe-riência quase surreal. O interior do CCCB (Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona) e do MACBA (Museu de Arte Contemporânea de Barcelona) vira palco de live-sets impressionantes de arte van-guardista, muitas vezes interativa. Os dois espaços são vizinhos e têm fundos para uma praça que, em tempos de Sónar, é fe-chada. Coberta por um tapete de grama artificial, a área se transforma em uma ver-dadeira vila musical em plena zona central da cidade. Bares, palcos e pistas de dança também fazem parte do cenário onde o público senta, dança e circula, explorando o que há de melhor até o cair do sol. O Sónar de Noche é montado na Fira 2 (Gran Vía), uma gigantesca estrutura nor-malmente utilizada para feiras comerciais internacionais, tão recorrentes na capital catalã. São quatro palcos (Sónar Park, Só-nar Pub, Sónar Lab e Sónar Club), e ainda um pequeno parque de diversões, bancas de merchandising, praça de alimentação, inú-meros bares e banheiros consideravelmen-te limpos para um festival deste porte.Para os amantes da arte multimídia e das criações audiovisuais, o espaço Sonorama, no Centro de Arte Santa Mônica, comple-menta a maratona sonora.

É dada a largadaSeguindo a tônica do festival diurno, a tar-de de quinta-feira deu início ao Sónar com muitas surpresas. Teve de tudo, de todas as partes. Desde a etérea Piana vinda do Ja-pão até os barceloneses Night of the Brain, cujo punk-eletrônico estremeceu o chão. Quem abriu oficialmente o festival foram os Beastie Boys, na chamada Gala Event,

com um concerto instrumental e semi-exclusivo, seguidos apenas por Narod Niki. Ao passear por gêneros como a salsa, o reggae, o rock e até mesmo a bossa nova, o trio nova-iorquino recebeu elogios em-polgados da crítica. Os fãs que preferem a vertente mais hip-hop da banda curtiram mesmo a apresentação na noite seguinte, quando os vocais foram retomados e os hits de sucesso contagiaram a massa. Mais de 20 mil pessoas foram ao complexo Só-nar na Fira 2. O alvoroço era visível em toda a cidade. Destaque também para o elegante Cornelius, lançando seu novo disco Sensous, e o mestre do minimalismo techno Richie Hawtin. Timo Maas encerrou a festa que ninguém queria que acabasse. Horas antes, no Sónar de Día do dia 15, um excelente intervalo na batida acelerada foi Nicole Willis & Soul Investigators. Grooves sacudiram a galera, surpreendendo quem

achava que no Sónar só toca “bate-estaca”. A música de KTL (metal eletrônico), Junior Boys (eletro pop) e Lovemonk Soundsys-tem (uma mistura de tudo) ao final da tar-de de sábado preparou o terreno para o último e longo suspiro noturno.Na noite de sábado, a euforia era menor na chegada à Fira, apesar de o público ser igualmente numeroso. A festa começou a ser esquentada pelos veteranos do quarte-to pós-punk Devo, de Ohio. Entre as atra-ções, Angel Molina, Mogwai e Calle 13. Um dos ápices da noite foi dividido pelo clássi-co do techno Jeff Mills, sempre impecável, e La Mala Rodríguez, sensação espanhola do momento com seu hip-hop de la calle. Não faltaram mãos agitadas no ar para ovacio-nar a cantora.O clima “mais do mesmo” teve suas tré-guas com Ame, por exemplo. A dupla Frank Wiedemann e Kristian Beyer mostraram a

que vieram e trouxeram pitadas novas à cena house, techno e freestyle. Alguns os classificaram como “nova sensação”. Seria um renascimento do deep house?Outra dupla que não ficou devendo foi a Altern8. Sua sessão rave retro chegou a ser considerada pelo respeitado jornal El País como a melhor da noite. Enlouqueceu a multidão. O gran finale ficou nas mãos de ninguém menos que Miss Kittin e Dave Clark. Foi difícil deixar a festa. As milhares de pessoas que insistiram em aproveitar o Sónar até o último minuto ainda rondaram o complexo por algum tempo. O espírito raver marcou a manhã de domingo, legiti-mando de alguma forma o smiley-símbolo.

Na pista paralelaO festival de música avançada gera um tsu-nami de eventos paralelos, popularmente chamados de Off-Sónar ou AntiSónar. Um deles foi a festa promovida pela agência Raum, a Raum Playa Festival, no Parc del Fórum. Em colaboração com diversos selos, gravadoras e artistas, foi montado um gi-gantesco sound system onde rolou electro, house, techno e dance até o nascer do sol. Os ingressos custavam menos da metade do preço do Sónar.Talvez o mais concorrido tenha sido o An-tiSónar oficial, que é inteiramente grátis e localizado a apenas algumas quadras da Fira 2. A alternativa atrai o público que busca música eletrônica ultra-pesada, hardcore e até mesmo reggae. O objetivo principal é ser diferente do mainstream. Também não faltou gente que saiu do Sónar às sete da manhã e foi fazer seu after por lá.O final de semana foi arrematado pela fes-ta na praia de Marbella, que não necessita grande divulgação, pois a propaganda de boca em boca e a tradição de anos ante-riores já consolidou sua fama. Na tarde de domingo, grandes nomes que tocaram no Sónar se apresentaram na beira da praia e fizeram a festa até altas horas da noite. As picapes foram montadas num chiringuito (o equivalente espanhol aos nossos quiosques de beira de praia). A pista de dança foi a areia. O preço, claro, zero.

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Dessa vez eles inovaram. A dupla lançou seu sexto disco em duas opções de pen drive para os fãs curtirem de uma maneira, diga-

mos, diferente. As treze faixas do álbum de puro basic rock garantem gui-tarras com volumes mais altos e um avanço musical, mostrando o que a banda sabe fazer de melhor. Grande destaque para a faixa-título, que pro-põe uma introdução deveras pesada ao disco, e um conteúdo que criti-ca a política norte-americana; para a divertida “Rag & Bone”, “You Don’t Know What Love Is (You Just Do As You’re Told)” e “Prickly Thorn, But Sweetly Worn”, que não deixa ninguém ficar parado. Esta é a sua chance de ouvir tudo o que você curtia na banda e não encontrou nos últimos trabalhos! Icky Thump traz de volta todos aqueles acordes marcantes e a certeza de que o bom rock’n’roll não falha nunca. Renata Crawshaw

Se você é um ícone da música, é natural que todo álbum que lançar esteja cercado por al-gum tipo de expectativa. No entanto, há sem-

pre uma impressão de que pouco será acrescido ao que já foi feito, pelo menos no que diz respeito a inovações e ousadias musicais. Black Rain é um bom álbum, e isso é inegável. Traz canções excelentes, como a que in-titula o disco, e “I don’t wanna stop”, na qual Ozzy declara no refrão que “sempre esteve no topo, não sabe o que está fazendo, mas não quer pa-rar”. O resto do álbum não fica abaixo. Para manter o padrão alto, o ex-vocalista do Black Sabbath se cercou de músicos gabaritados, como o gui-tarrista Zakk Wylde (Black Label Society), decisivo para o bom resultado final. Black Rain é rock pesado raro e de qualidade. Gustavo Corrêa

Os californianos do Maroon 5 estão de volta, com claras influências do pop oitentista. It Won’t Be Soon Before Long é o segundo disco

de estúdio do grupo. O primeiro CD, Songs About Jane, lançado em 2002, alcançou sucesso mundial com os megahits “Harder to Breathe” e “This Love”. O novo álbum vem num molde que promete sucesso comercial: as faixas se alternam entre baladinhas românticas e outras mais dançantes. As letras parecem sempre versar sobre decepções amorosas e a decorrente esperança de que tudo acabará bem. Apesar disso, segundo o vocalista e guitarrista Adam Levine, o primeiro single “Makes me Wonder” fala sobre a confusa política americana. O clipe está no YouTube. No vídeo, o coitado do moço tem que passar por uma situação constrangedora ao chegar ao aeroporto. Faça-me o favor… Nati Utz

Para entender o disco, basta ler o nome. Depois do lançamento do primeiro LP, em 1969, o ou-trora apenas sambista não se prendeu a deta-

lhes ou rótulos. Martinho da Vila, do Brasil e do Mundo, mostra um samba aberto a outras vertentes musicais. Claro que não tem heavy metal, mas ao samba ele encaixou reggae, rap, frevo, samba de raiz, samba-enredo, bossa, música gaudéria e assim vai. O carioca contou com a participação espe-cial de outros músicos para tocar e cantar junto. Negra Li, Cidade Negra, o primeiro bloco afro da Bahia, Ilê Aiyê, Fito Paez, Madeleine Peyroux e Elliana Pittman acrescentaram ao disco. Em 14 faixas, da sonoridade baiana à gaúcha, do inglês ao português brasileiro e de Portugal. Devagar, devaga-rinho, sem restrições. Nati Utz

Em Memory Almost Full, Paul McCartney nos mostra um álbum que, mesmo alternando altos e baixos, está acima do resto. Não há a coragem de outros tempos. No entanto, trata-se de um músico consolidado e ciente de que não precisa se esforçar tanto para lançar um bom disco. Isso ele comprova em canções como “Only Mama Knows”, um rock que começa meio esquisito, choroso, mas que se ajeita e empolga. Enquanto ainda estamos energizados por essa canção, Paul surge com a voz rasgada e melancólica na belíssima “You Tell Me”. O ânimo é recuperado em “Vintage Clothes”, que em pouco mais de dois minutos nos faz sorrir e refletir, pois a letra é magnífica: “Não se apegue a algo que está mudando rapidamente”, desabafa Paul. Quando já nos damos por satisfeitos, ele nos mostra as lindas “House of Wax” e “End of the End”. Sim, ele ainda é o melhor de todos. Gustavo Corrêa

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Deixemos de lado o fato de este ser um disco dos Beastie Boys. A impressão que fica

ao ouvir o início de The Mix Up, álbum todo ins-trumental, é agradável. Depois da quinta música, dá um estalo do tipo “mais uma banda”. The Mix Up é bem lounge, mas está “lounge” (ãi) de ser um grande álbum na categoria. Incursões pelo funk, trip-hop, pegadas dub pesadas: um CD bom de ouvir, mas sem nada de novo. Deixemos de lado o fato de os Beastie Boys serem um marco na história do rap, ao mostrar que bran-cos também sacam de “ritmo e poesia”. Assim, é possível escutar The Mix Up com ouvidos mais dispostos. Nando

Depois de lançar Exile in Oblivion (2004), que para muitos é o me-

lhor álbum da banda, o Strung Out se viu na obrigação de manter a média e criar outro dis-co essencial para fãs de hardcore rápido, virtu-oso e melódico. Todas as qualidades e variações que tornam a banda completa estão presentes no novo álbum. A jornada começa com a fúria e velocidade da canção de abertura, “Calling”, passando pela criatividade e entusiasmo de “Blackhawks Over Los Angeles”, a crítica po-lítica de “War Called Home”, a melodia, mais do que nunca, a la Strung Out de “Orchid” e a sensação de ter testemunhado outro grande ál-bum dos californianos. Gustavo Corrêa

Depois de quatro anos sem lançar um disco, finalmente Ma-rilyn Manson decide

sair da moita e revelar um álbum inédito. Ape-sar de os fãs não esperarem muito do novo trabalho, Manson se superou. Foi ele mesmo quem compôs todas as letras, se responsabili-zou pela arte, direção e design do disco. Des-taque para as faixas “If I Was a Vampire” e a single “Heart-Shaped Glasses (When the Heart Guides the Hand)”. Segundo o cara, o trabalho é considerado algo “destruidor e sexual, mas com uma batida dançante”. Definitivamente, é melhor ouvir o disco do que descrevê-lo. O recado está dado. Renata Crawshaw

Este é o álbum que apresenta ofi-cialmente Bob ao mundo. Catch a Fire foi o álbum de es-

tréia em uma grande gravadora, lançado pela Island Records. Gravado em 1973, conta com a formação original dos Wailers, sendo com-posto por Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wai-ler nos vocais, os irmãos Aston Familyman no baixo, Carlton Barrett na bateria e Earl Lindo no órgão. Clássicos como Kinky Reggae, Slave Driver, Concrete Jungle e No More Trouble cantam o duro cotidiano jamaicano, mostrando principalmente os problemas e as diferenças sociais da ilha. Destaque para a faixa “Concrete Jungle”, criada em moldes inusitados e com in-fluências do rock, visando tornar o reggae um produto de exportação. Catch a Fire chegou às 171ª e 51ª posições nas paradas da Billboard Pop Albums e Black Albums, respectivamente. É também o 123º álbum na lista dos 500 me-lhores álbuns de todos os tempos da revista Rolling Stone.

Um dos poucos registros da primeira tour dos Wailers em 1973 nos Estados Unidos. Foi gravado em um programa da rádio KSAN em São Francisco, e ainda contava com a formação origi-nal da banda já tendo atingido as paradas de sucesso. É um meio de sentir a energia dos originais Wailers ao vivo, porém de uma forma mais íntima e crua, com menos efeitos e improvisações

em todos os momentos. Aparecem trechos de uma entrevista concedida por Marley, na qual ele fala sobre, entre outros assuntos, Haile Selássie, a separação dos Wailers originais e sua música. Contém faixas que não foram gravadas neste programa, como “Am-a-do” e “I Shot The Sheriff”, que já mostram a segunda fase da banda que estava por vir com a entrada das I Threes e outros músicos que complementariam a banda após a saída de Peter Tosh e Bunny Wailer. Talkin Blues foi lançado em 1991 para lembrar os dez anos da morte de Bob Marley.

Em Survival, percebemos um trabalho que já traz outra cara, ou-tros músicos, mas os mesmos ideais. Gravado em 1979, é um ál-bum que concentra sua atenção em torno do tema África, e nos revela detalhes curiosos, como a canção composta em homena-gem à independência do Zimbábue, que leva como título o nome do país, e a canção “Ambush In The Night”, composta como forma

de protesto contra o atentado que Bob Marley sofreu anos antes, sendo atingido por um tiro. Hits como “One Drop”, “Africa Unite”, “So Much Trouble In The World” e “Ride Natty Ride”, entre outros, estão neste disco trazendo mensagens que continuam atuais nos dias de hoje.

por Fabiano Fava

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Um vasto material que promete risadas imprevisíveis. Com quase 60 anos, pare-ce que Rita Lee ain-da não teve vontade de sentar e ver no-

velas. Isso seria muito comum. Atualmente, o que contempla é o céu, à procura de um disco voador que a abduza. Ela é daquelas figuras ge-niais que a qualquer momento larga uma péro-la. Quando que iria imaginar que Rita Lee, ape-sar dos pesares, ainda sabe o Pai Nosso em la-tim? Lembrança da época em que sua mãe a levava à missa—e lá ia ela, atraída pelo órgão e o cheiro de incenso. Com falas temperadas com o sabor do mau humor, ironia e sarcasmo, ela pode ainda chocar ideologias caretas, sem-pre de plantão. Meninas boazinhas são chatas, toda mulher é louca e o seu negócio, desde os primórdios, foi violar a lei. Era só alguém proi-bir que lá estava Rita Lee para liberar. Ela con-ta sobre o início dos Mutantes, os primeiros encontros com Caetano, Gil, Tom Zé, a tur-ma tropicalista. No descarrego intenso de no-vas percepções musicais, era tudo uma mara-vilha e sua vida era um doce. Carmen Miranda, James Dean, uma mãe católica e um pai que adorava estudar discos voadores: esta mistu-ra de influências inusitadas só poderia gerar a irreverente Rita Lee. De todas as mulheres do mundo, ela é, sem dúvida, um carro abre alas da maluquice feminina e brasileira. Como diria Caetano, em seu depoimento com mui-to mais graça e poesia, ela “parecia uma figu-ra do futuro; mais do que uma musa, era uma Estátua da Liberdade”. A nossa mais antiga ro-queira em atividade fecha os olhos para lem-brar e conta parte de suas peripécias terres-tres em três DVDs: Ovelha Negra, Baila Comigo e Cor de Rosa Choque. As histórias são perme-adas com apresentações recentes de Rita Lee, no Rio e em São Paulo. Fotos sensacionais, o depoimento (excelente) de Tom Zé e ima-gens de shows com os Mutantes, Elis Regina e João Gilberto também fazem parte do mate-rial. Quase quarenta anos de estrada—imagi-ne você o que ela não teve para dizer. E o que não deu para dizer, é claro. Nati Utz

O DVD Beside you in time reúne 19 músicas da turnê de inverno do Nine Inch Nails, cinco da turnê de verão, dois videoclipes, três performances em en-

saios e ainda detalhes da discografia da banda. O prato principal são as enérgicas e megaproduzi-das apresentações dos músicos em Oklahoma e no Texas, que apresentam a banda visualmente enriquecida por luzes intermitentes e programa-das a fim de robustecer a aura industrial e gótica de suas músicas. A atuação do NIN é impecável e explosiva. O DVD somou-se a Year Zero (2007), último álbum da banda. Inclui canções de todos os álbuns do Nine Inch Nails, priorizando With Teeth, mas abrindo espaço para The Fragile, The Downward Spiral, Broken e Pretty Hate Machine. Gustavo Corrêa

A Sociedade do Bico de Luz é uma banda de pop rock daqui de Porto

Alegre. O EP que recebemos, auto-intitula-do, possui seis faixas. A primeira caracterís-tica que deve ser ressaltada é a qualidade sonora do registro, muito bem gravado e mixado. A outra é a qualidade das músicas. Sim, é música comercial do tipo que ma-chuca os ouvidos mais alternativos, mas tem potencial pela simplicidade e descom-promisso das letras e, especialmente, pelas melodias e refrões grudentos. Destaque para as radiofônicas “A musa do T2” e “6 de fevereiro”. Gustavo Corrêa

Quando você consegue abstrair a ponto de esque-cer suas crenças

pessoais e não ligar para as letras marca-das por referências repetitivas ao ritual do Santo Daime, a música é relaxante. Às vezes, quando dava play no disco voltando pra casa, achava um saco. Noutras, indo pro trabalho, os barulhinhos indianos cin-tilavam como o reflexo da água de um lago cheio de cisnes. Onírico. Para quem crê na jornada da transformação citada nas letras, é um prato cheio. Para os outros, mais uma possibilidade de ouvir cítaras e deixar a mente fluir. Nando Corrêa

Novas leituras para velhos sucessos. Le-vadas pelo também velho amigo violão e pela velha banda que já acompanha Nando há alguns anos, Os

Infernais—dessa vez acrescentada da presença de Lan Lan, ex-percussionista de Cássia Eller. Todas as chances para ter um DVD rotulado “mais do mesmo”. Mas não. Nando utiliza de um repertó-rio excelente, que passa por toda sua carreira em um formato inteiramente acústico, com um clima praiano (o DVD foi gravado na beira da Praia Ver-melha, em Ubatuba, litoral de São Paulo). Canções que ficaram “de fora” de seu último álbum ao vivo, como “A Fila”, “Bom Dia” e “A minha gratidão é uma pessoa”, ganham espaço junto aos grandes clássicos “Relicário”, “O Segundo Sol” e “Luz dos Olhos”. No entanto, os maiores destaques dessa apresentação ficam por conta das participações especiais de Samuel Rosa, cantando “Resposta” e “Eu e a Felicidade”, e de Negra Li, cantando “Negra Livre”, ambas compostas pelos artistas em parce-ria com Nando. R.R.

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Dirigido pelo mesmo David Fincher de Clube da Luta, Se7en e Quarto do Pânico, Zodíaco é, ao contrário do que muitos es-peravam, menos um filme de serial killer e mais um filme de investigação jornalística. O que acaba por ser a melhor coisa na pe-lícula e uma grata surpresa: Fincher evita cair nos clichês de filmes de psicopatas que, via de regra, foram estabelecidos por ele mesmo em Se7en, e se aproxima de clássi-cos como Todos os Homens do Presidente, onde o foco é a investigação. Por ser ba-seado em fatos reais, a própria época em que se passa a história é um elemento im-portante que se impõe no filme como um todo, já que a história cobre mais de uma década de eventos. A primeira metade do filme ocupa-se de reconstituir não apenas os assassinatos—alguns com realismo mar-cante, como o do casal esfaqueado—mas também o clima de insegurança e apreen-são quase paranóico que despencou so-bre San Francisco na época dos crimes. Um dos mais notório casos de assassinato-nun-ca-desvendado, enquanto a segunda meta-de ocupa-se em focar como o cartunista Robert Graysmith (interpretado por Jake Gyllenhall) continuou a investigação até chegar no mais provável suspeito de ser o assassino—o que resultou no livro do qual

o filme é adaptado. Nisso, corre-se uma década, tornando Zodíaco praticamente um filme de épo-ca, retratando um tempo distante em que não existia Google para auxiliar em pesqui-sas, computadores ou internet. E para um público acostumado a seriados como C.S.I, onde o criminoso é sempre capturado com base em detalhes microscópicos, o cho-que de ver o despreparo da polícia de en-tão na condução das investigações é gran-de. Reforça o choque ver como, paralelo à polícia, a investigação consome as vidas de todos que se envolvem com ela. Apesar da longa duração (são duas horas e meia de filme), nenhum momento é desperdiça-do. Quando colocado lado a lado de outros filmes sobre assassinos seriais, Zodíaco se impõe, não apenas pelo peso da realidade, mas pelo trabalho detalhista e meticuloso. Samir Machado

Shrek Terceiro foi preparado para agradar ao público infantil e pré-adolescente le-vando em conta que os dois outros fil-mes da série conseguiram divertir tam-bém os mais velhos. No entanto, a tercei-ra obra da série recebeu críticas negati-vas da imprensa especializada por fracas-sar nessa missão. Diferentemente dos an-teriores, Shrek Terceiro não foge do lugar-comum e torna-se apenas mais um filme de animação divertido. Mesmo assim, não se pode dizer o mesmo da trilha sonora, que é excelente.Entre os destaques está uma regrava-ção de Fergie, do Black Eyed Peas, para “Barracuda”, hit da banda Hearts. Na mú-sica, a cantora abusa dos agudos e de-monstra um talento inquestionável para interpretar canções de rock. Outra can-ção perfeita para o clima do filme é “Live and Let Die”, da banda Wings, que pos-sui uma roupagem misturando orquestra, piano e até mesmo um trecho reggae.Além das regravações, o álbum de 14 fai-xas traz Ramones (“Do You Remember Rock’N’Radio”), Wolfmother (“Joker and The Thief”), Led Zepellin (“Immigrant Song”) e Macy Gray (“What I Gotta Do”). Antonio Banderas e Eddie Murphy, que participaram da dublagem da ver-são em inglês da comédia, também estão em uma canção incluída no CD, intitula-da “Thank you (Falletin Me Be Mice Elf Again)”. Gus Corrêa

Fazer o público rir, mas sem obrigá-lo a isso—ou seja, abdicando de sátiras políticas, piadas de mau gosto e caretas imbecis. Eis a fórmula de O Grande Lebowski, comédia cult dirigida pelos irmãos Coen.O personagem central da história, interpretado por um inspirado Jeff Bridges, dá o tom descompromis-sado da fita. Lebowski, ou The Dude, como gosta de

ser chamado, é um tremendo vagabundo, cujas principais atividades consistem em usar dro-gas e jogar boliche com os amigos. Mas seus dias de vida mansa estão contados.Ao ser confundido com um milionário, Lebowski torna-se o protagonista de uma trama absurda, envolvendo seqüestradores niilistas, artistas excêntricos, uma mala cheia de cue-cas usadas e a indústria pornográfica, entre outras bizarrices. O filme é repleto de situa-ções engraçadas, mas as melhores cenas ficam por conta de John Goodman, com seus relatos excessivamente dramáticos e totalmente desconexos sobre a Guerra do Vietnã. Pedro Alencastro

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Depois de analisar a nova aventura do herói aracnídeo chega-se a uma conclusão óbvia: Spider-Man 3 não vingou. O jogo resume-se em seguir a história principal e fazer as missões paralelas, que são um tanto repetitivas. Apresenta sérios defeitos na jogabilidade (principal-mente nos combates) e nos gráficos (em especial na textura dos prédios), pontos fortes dos jogos anteriores do herói. A história apresentada, apesar de manter um link constante com a do filme, possui lacunas que deixam o seu andamento um tanto desconexo. E pra quem estava se perguntando sobre o traje escuro: sim, o Homem-Aranha pode usar a rou-pa preta na maior parte do jogo. E não, não é tão divertido quanto deveria… Eduardo D.

O GoEar é muito útil para ouvir músicas de diversos artistas, em um sistema idên-tico ao do YouTube. O funcionamento e objetivo do site são básicos: oferecer ao usuário acesso a canções postadas por ou-tras pessoas, executadas em um player no próprio GoEar. É possível disponibilizar o player do GoEar no seu blog ou site, assim como ocorre com o YouTube. Apresenta uma pequena janela de pesquisa e mostra os últimos arquivos adicionados ao site, que além da página principal, possui cinco ou-tras seções. A Search permite ao cadastrado procurar outros usuários do site e realizar a busca convencional (ou pela letra da músi-ca, que não é das melhores…). Há, também, ícones onde estão relacionados todos os artistas pela letra inicial ou por categorias.

Parada obrigatória para qualquer um que curta o músico e queira se informar a res-peito de seu novo disco, Memory Almost Full. O forte do site do ex-beatle é a interati-vidade. A seção que melhor atende a esse propósito é “you tell me”, onde perguntas a Paul são respondidas ao vivo. As respostas são limitadas, mas a maioria das questões mais básicas é contemplada.Há uma série de opções para conhecer pro-fundamente o novo CD. Trechos de todas as canções podem ser ouvidos. Também se tem acesso a um breve histórico da criação do álbum. Vídeos abordando Memory Almost Full em que Paul fala sobre as músicas ou realiza jams também são oferecidos pelo site. Outras seções importantes são a de notícias e compra do disco.

Dirigido pelo mesmo David Fincher de Clube da Luta, Se7en e Quarto do Pânico, Zodíaco é, ao contrário do que muitos es-peravam, menos um filme de serial killer e mais um filme de investigação jornalística. O que acaba por ser a melhor coisa na pe-lícula e uma grata surpresa: Fincher evita cair nos clichês de filmes de psicopatas que, via de regra, foram estabelecidos por ele mesmo em Se7en, e se aproxima de clássi-cos como Todos os Homens do Presidente, onde o foco é a investigação. Por ser ba-seado em fatos reais, a própria época em que se passa a história é um elemento im-portante que se impõe no filme como um todo, já que a história cobre mais de uma década de eventos. A primeira metade do filme ocupa-se de reconstituir não apenas os assassinatos—alguns com realismo mar-cante, como o do casal esfaqueado—mas também o clima de insegurança e apreen-são quase paranóico que despencou so-bre San Francisco na época dos crimes. Um dos mais notório casos de assassinato-nun-ca-desvendado, enquanto a segunda meta-de ocupa-se em focar como o cartunista Robert Graysmith (interpretado por Jake Gyllenhall) continuou a investigação até chegar no mais provável suspeito de ser o assassino—o que resultou no livro do qual

o filme é adaptado. Nisso, corre-se uma década, tornando Zodíaco praticamente um filme de épo-ca, retratando um tempo distante em que não existia Google para auxiliar em pesqui-sas, computadores ou internet. E para um público acostumado a seriados como C.S.I, onde o criminoso é sempre capturado com base em detalhes microscópicos, o cho-que de ver o despreparo da polícia de en-tão na condução das investigações é gran-de. Reforça o choque ver como, paralelo à polícia, a investigação consome as vidas de todos que se envolvem com ela. Apesar da longa duração (são duas horas e meia de filme), nenhum momento é desperdiça-do. Quando colocado lado a lado de outros filmes sobre assassinos seriais, Zodíaco se impõe, não apenas pelo peso da realidade, mas pelo trabalho detalhista e meticuloso. Samir Machado

Shrek Terceiro foi preparado para agradar ao público infantil e pré-adolescente le-vando em conta que os dois outros fil-mes da série conseguiram divertir tam-bém os mais velhos. No entanto, a tercei-ra obra da série recebeu críticas negati-vas da imprensa especializada por fracas-sar nessa missão. Diferentemente dos an-teriores, Shrek Terceiro não foge do lugar-comum e torna-se apenas mais um filme de animação divertido. Mesmo assim, não se pode dizer o mesmo da trilha sonora, que é excelente.Entre os destaques está uma regrava-ção de Fergie, do Black Eyed Peas, para “Barracuda”, hit da banda Hearts. Na mú-sica, a cantora abusa dos agudos e de-monstra um talento inquestionável para interpretar canções de rock. Outra can-ção perfeita para o clima do filme é “Live and Let Die”, da banda Wings, que pos-sui uma roupagem misturando orquestra, piano e até mesmo um trecho reggae.Além das regravações, o álbum de 14 fai-xas traz Ramones (“Do You Remember Rock’N’Radio”), Wolfmother (“Joker and The Thief”), Led Zepellin (“Immigrant Song”) e Macy Gray (“What I Gotta Do”). Antonio Banderas e Eddie Murphy, que participaram da dublagem da ver-são em inglês da comédia, também estão em uma canção incluída no CD, intitula-da “Thank you (Falletin Me Be Mice Elf Again)”. Gus Corrêa

Fazer o público rir, mas sem obrigá-lo a isso—ou seja, abdicando de sátiras políticas, piadas de mau gosto e caretas imbecis. Eis a fórmula de O Grande Lebowski, comédia cult dirigida pelos irmãos Coen.O personagem central da história, interpretado por um inspirado Jeff Bridges, dá o tom descompromis-sado da fita. Lebowski, ou The Dude, como gosta de

ser chamado, é um tremendo vagabundo, cujas principais atividades consistem em usar dro-gas e jogar boliche com os amigos. Mas seus dias de vida mansa estão contados.Ao ser confundido com um milionário, Lebowski torna-se o protagonista de uma trama absurda, envolvendo seqüestradores niilistas, artistas excêntricos, uma mala cheia de cue-cas usadas e a indústria pornográfica, entre outras bizarrices. O filme é repleto de situa-ções engraçadas, mas as melhores cenas ficam por conta de John Goodman, com seus relatos excessivamente dramáticos e totalmente desconexos sobre a Guerra do Vietnã. Pedro Alencastro

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Oito considerações importantes:A economia do esquema (última hora favorece consumidores de últi-ma hora): depois da supervalorização do preço dos ingressos (em sua maior alta, o VIP fechou em 300 pila), para desespero dos cambistas, o valor no local estava em queda. Na pechincha, teve gente que pagou 70 pila antes do show começar. Sim, mais barato do que os primeiros mil ingressos

promocionais de 90 reais.Segundo dados do meu gravador: um belo instrumental com muito batuque à base de bateria, baixo, cítara, saxofone, te-clados, guitarra, percussão e contrabaixo durou seis minutos e oito segundos, apro-ximadamente, até a diva entrar no palco.A duração das músicas, a sorte de se-rem longas e o refrão salvador: tava ruim de entender Hill, mas do meio para

O Symphony X matou a sede de centenas de fãs que há anos esperavam ansiosamen-te a vinda do grupo para o sul. As bandas Osmium e Magician foram as convidadas especiais, fazendo shows curtos e esquen-

o fim, o refrão socorria e dava tempo de cantar junto. Os ápices e o vasto repertório de su-cessos: duas horas de show é pouco para tudo que Hill já cantou. Não faltaram can-ções da carreira solo, com os Fugees ou de Bob Marley. Releituras de “To Zion”, “Doo Wop (That Thing)”, “Zimbabwe”, “Everything is Everything”, “Killing me Softly”, “Fu-Gee-La” e “Ready or Not”. Além do momento de cantar para o tri-color, foi durante essas músicas que o pú-blico interagiu. Toca Rauuul! Sim, eu ouvi: afinal, algum arriado tinha que gritar. A toalhinha, o seu multiuso, e a gran-de presença de palco: Hill era quem re-gia a banda. Parecia inventar e testar os sons na hora. A toalha que segurava ser-via não só para secar o suor, como era a batuta de um maestro de improviso. Ora o balanço forte do pano, acompanhado de “come on, come on”, ora o contrário, com o braço lento e a palavra “easy, easy”. Se necessário, ou quando queria, marcava o tempo de um a um dos treze músicos.Foi bom para vocês?: o público gostou do show. É claro que preferia ter entendi-do trilhões de vezes mais, sem exageros, o que Hill cantava ou falava. O veredicto: uma ótima apresentação sa-crificada pela acústica enlatada. Nati Utz

Lauryn Hill Pepsi On Stage, 12 de junho

Symphony X 14 de junho, Bar Opinião

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tando o público. A Osmium subiu ao palco pontualmente às 20h, trazendo seu heavy metal enérgico aos headbangers presentes. Os jovens músicos interagiram bem com a platéia e driblaram os problemas técni-cos. Às 21h, a Magician já estava a postos começando sua apresentação. A conhecida banda porto-alegrense de prog metal apre-sentou apenas músicas próprias, incluindo a nova “The Minstrel’s Domain”. Grande participação.Agitando o público logo de início, o Sym-phony X chega com “Of Sins and Shado-ws”, dando seqüência ao show com “Do-mination” (do álbum Paradise Lost, ainda

não oficialmente lançado no país). A fide-lidade dos fãs do grupo fez com que fosse possível ouvir o público inteiro cantando 100% do tempo, incluindo as composições mais novas. Em “Smoke and Mirrors” o Symphony X trouxe a lembrança da sua fase de consagração. O carisma de Rus-sel Allen e a perfeição técnica de Michael Romeo foram dois pontos observáveis ao longo do show. A banda finalizou com a ex-tensa The Odissey, matando a vontade de muitos. Espetáculo bem organizado pela Abstratti Produtora e Infinnity Produções. Porto Alegre precisa de mais desses!Murilo Bittencourt

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O que pode ser mais legal para se fazer numa segunda-feira à noite do que as-sistir a um show de covers bem executa-dos dos Beatles, incluindo o álbum Sgt. Peppers de cabo a rabo? Talvez tenha sido a chuva que castigava a cidade há dias, ou a overdose de shows comemo-rativos aos 40 anos daquela obra pri-ma psicodélica. Considerando-se esta última possibilidade, arrisco dizer que nenhum dos outros shows executou um repertório tão amplo e atípico com um cuidado tão grande quanto o Black-birds. E seus convidados, claro.A frente do Opinião denunciava: a noite era de casa vazia. Bom, antes “quase-só” do que mal acompanhado. No telão, o vídeo very crazy Yellow Submarine aque-cia o pessoal. O DJ tocava a concor-rência—Beach Boys, Kinks—quando a Blackbirds subiu ao palco. Escanca-raram com a magistral “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”—magistral até quando o guitarrista dá uma leve resvalada no riff inicial. Tudo entrou em sincronia e, porrada atrás de porrada, chegamos à execução cinco estrelas da reprise da música-título. O clímax al-cançado com “A Day In The Life” seria mantido por uma porção de clássicos.Do Please, Please Me ao Abbey Road, com direito a convidados especiais vestidos a rigor e guitarras Rickenbacker, a segunda parte do show foi especialmente diver-tida. Um “Magical Mistery Tour” pela obra Beatle: “I’m so tired”, “Don’t let me down”, “Your bird can sing”, “Hard Days Night”, “I saw her standing there”, “I want you”. A trinca “Golden Slumbers - Carry that weight - The End” foi pra matar. Fal-tou cuidado com as letras, vez ou outra um pouco embromadas. Mas hey, pelo bem do Mr. Kite teve até gaiteiro, tchê! Oh yeah, oh right. Fernando Corrêa

BlackbirdsBar Opinião, 11 de junho

Enquanto a seleção brasileira era derrotada pelos mexicanos, muitos garotos e garotas alheios à Copa América se concentravam no Bar Opinião para o show dos california-nos da Rufio. Nem o frio e a chuva fraca im-pediram os fãs de conferirem uma das últi-mas apresentações dos norte-americanos.Sim; para os desavisados, a banda acabou. Depois de três álbuns lançados, seis anos de estrada e mudanças na formação, os me-ninos provenientes do Rancho Cucamonga anunciaram sua separação. A sonoridade, que agora só poderá ser ouvida em CDs e MP3, baseia-se num hardcore melódico ao pé da letra. Batida forte e rápida, mas com guitarras bem trabalhadas e um vocal suave e afinadíssimo.A despedida ocorreu no dia 1º de junho, nos Estados Unidos. Logo após, saíram rumo à América do Sul, para sua derradeira turnê. Em maio de 2006, eles passaram por aqui mostrando seu CD mais recente, The Comfort of Home. Dessa vez, com a volta de Jon Berry no baixo, vieram a fim de deixar um último gostinho para seus admiradores.O show em Porto Alegre estava previs-to para ser o primeiro no Brasil, no dia 19. Devido a problemas com a conexão do

vôo—eles estavam na Argentina—e com a agenda do Opinião, os gaúchos tiveram que esperar. Mesmo assim, na quarta-fei-ra, do dia 27, todos se encontravam lá. A abertura da noite ficou por conta do punk rock da Parnalonga. As pessoas ainda entra-vam no local quando a Trill, segunda atração do evento, mostrava o seu post-hardcore. A terceira banda, Another Day, aqueceu o modesto e fiel público que esperava ansio-samente por Scott, Clark, Mike e Jon.À meia noite e dez, a Rufio aparecia para dar início ao espetáculo. De cara, manda-ram “White Lights”, para uma platéia ain-da tímida. Seguiram de “Still” e “Out of Control”. Apenas na quarta música, quando investiram com o hit “In My Eyes”, recebe-ram o retorno anunciado. Em coro, a em-polgação tomou conta do salão.Entre as canções, Scott Sellers (voz e guitar-ra) ensaiava umas duas ou três frases para conversar com os espectadores. Em uma parada, ele dedicou a música seguinte aos casais: “One Slowdance”. A balada acalmou os ânimos. Porém, quando voltaram com a velocidade da bateria de Mike Jimenez, os fãs enlouqueceram. Começou aí uma sé-rie de moshes. Para a felicidade geral, apenas dois seguranças, um em cada canto, faziam a proteção da banda. Aproveitando a faci-lidade, uma menina subiu em meio a uma performance e deu um beijo em Scott. Os músicos engatavam clássicos como “Why Wait”, “Dipshit” e “Mental games”. Devido a alguns excessos, os tais seguranças resol-veram ser mais rígidos. Ao vê-los puxando um jovem à força, o vocalista não gostou. “O que vocês estão fazendo? Não botem esse cara pra fora!”, pedia o líder da Rufio.Com “Save the World”, a primeira parte do show foi encerrada. Os californianos saí-ram e voltaram rapidamente para mais três músicas, sem surpresa alguma. Todos sa-biam que eles ainda não poderiam ir em-bora. Faltava uma música. E ela foi a ter-ceira do bis: o superhit “Above me” lavou a alma dos adolescentes fanáticos, fechando o show com chave de ouro. A banda pode ter acabado, mas com certeza deixou uma excelente lembrança para os fãs gaúchos. Cristiano Lima

Rufio Bar Opinião, 27 de junho

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Saudações, amigos headbangers! É cada vez mais visível em nos-sa “sociedade dos camisetas pretas” a presença de um tipo de metalhead um tanto quanto comum: os “metaleiros de apar-tamento”. Sim, eles existem, e em grande número. Pessoas que consomem o metal, compram CDs e camisetas, mas que dificil-mente comparecem aos shows, sejam eles pequenos ou grandes. Claro, os shows grandes eles ainda talvez, quem sabe, quiçá apareçam, mas isso só se a galera for, ou tiver carona, ou não es-tiver chovendo. Além disso, esse tipo de metalhead não consegue enumerar uma pequena lista de bandas locais; ele não dá bola pra isso, só quer saber do mainstre-

am, acha que músico gringo é mil vezes melhor que o nacional, enfim. O que agrava a situação é que o metal não é nem de longe um estilo musical popular, por mais que seja tocado em todos os continentes. Não ter o som veiculado na programação nor-mal das rádios, bem como uma fraca divulgação por parte da mídia em geral, faz com que, re-almente, apenas as grandes ban-das cheguem aos ouvidos des-tes. Se formos ver, apenas pela quantidade de camisetas pretas que podemos avistar nas ruas, o potencial de público metal em nossa cidade é absurdo, mas a pergunta que fica é: onde eles se escondem? Horns Up!!!

O reggae underground no Rio Grande do Sul está forte—cada vez mais forte, diga-se de passa-gem. Há quem diga que não. Infe-lizmente, acredito que esses que insistem em negar não estejam andando pela linha roots daqui.Há algumas edições da NOIZE que quero falar sobre certos “ir-mãos”. Não é propaganda, mas é incentivo e puro merecimento de quem vem andando na estra-da do cenário independente há al-gum tempo. Quero falar de ban-das como Pure Feeling, que está produzindo o seu segundo CD; de Enoreh, grande banda, gran-des músicos e que gravaram al-gumas músicas (muito boas por sinal) para mostrar seu trabalho; Massive, que assim como a banda

anterior vem gravando suas mú-sicas próprias; Down Babylon; Consciência Rasta; Sister Daphine and The King Tie Band; entre tan-tas outras que estão fazendo acontecer pelo ritmo.Precisava escrever e mostrar que o reggae nunca morre: ele se re-nova, e está grande. Assim como escrevi aqui na primeira edição, fico triste que o público às vezes não comparece como deveria, mas as bandas estão lutando para abrilhantar o reggae gaúcho e por tudo isso faço um apelo: conti-nuem gravando suas canções, ba-talhando por shows, festivais e parcerias, pois só assim algumas pessoas vão acreditar que o re-ggae roots existe no sul do Brasil. “From the roots come the rocks”.

Com a maioria das gravadoras mudando suas estratágias de atu-ar no mercado, poucos artistas do rap nacional gravaram seus discos. Estes poucos (principal-mente na época que a Trama con-tratou um monte de gente) não conseguiram uma exposição ex-pressiva. Parece que o merca-do ainda está com as portas fe-chadas pro estilo, que surge com uma cara bem street, mas acabou fazendo uma “cara de mau” quan-do o estilo “ladrão” predominou. Resultado? O mercado consumi-dor foi dominado pelo rap grin-go, e o rap nacional (com exce-ção do fenômeno Racionais) aca-ba nesse momento, “olhando pra fora pra poder entrar”. Porém, al-gumas fórmulas que funcionam

até hoje na gringa já foram des-cobertas há algum tempo e es-tão tendo o seu lugar nas rádios e pistas por aqui. É o caso do DJ Hum, que laçou o hit “Senhorita” (Cabal). DJ Hum sempre priori-zou os samplers de funk, originá-rios dos anos 70. Outra caracte-rística muito clássica no rap in-ternacional é a de usar um re-frão já conhecido e trazê-lo para uma releitura, como é o caso da Negra Li, que usou um refrão da Marisa Monte, que já colou! Bom, não vou me estender na reflexão; deixo isso pra vocês, pois como destaquei no título, é só mercado que estou falando aqui, e não da cultura hip-hop como um todo. Isso fica para as próximas colu-nas! Até mês que vem!

Ao contrário do que acontece na música erudita, não é da tradição da música popular a execução tal qual a partitura. Longe disso, o valor costuma estar no arran-jo informal, no improviso. Arthur Nestrovski faz um caminho dife-rente do usual no recém-lançado e já esgotado Jobim Violão. O primeiro disco solo do vio-lonista gaúcho radicado em São Paulo apresenta canções inter-pretadas a partir do que está es-crito no Cancioneiro Jobim (Jobim Music, 2000 / 2ª edição, 2002), que reúne cerca de 250 partitu-ras revisadas pelo próprio com-positor ou por seu filho. Para adaptar as composições origina-riamente para piano à execução em violão solo, Arthur teve o

cuidado de não intervir mais que o mínimo necessário para tradu-zir ao idioma de seu instrumento. O objetivo era revelar as idéias primeiras de Jobim, sem as modi-ficações incorporadas em tantos anos de recriações.A interpretação unicamente ins-trumental abre espaço para que se configure algo como um ka-raokê (de qualidade infinitamen-te superior, obviamente) silen-cioso em nossas mentes que can-tarolaram sem titubear canções como “Por toda a minha vida”, “Insensatez”, “Sem você” e “Eu sei que vou te amar”. Mais que uma incursão na essência de um dos pais da bossa nova, escutar Jobim Violão é uma viagem ao nos-so próprio imaginário musical.

Essência Jobiniana

Uma observação do mercado atual! Metaleiros de Apartamento

Reggae Raiz RS

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Be Mutant!

Sabe por que eu não gosto do bairro Cida-de Baixa? Primeiro, porque o nome faz jus a ele mesmo—principalmente em relação à limpeza e segurança. Depois, não tenho mais paciência pra muita coisa, com 33 anos e 17 deles dedicados à noite. Como a gente diz no Jiu-Jitsu: “tô cascorado”. Mas, para piorar minha visão daquele bairro, na última vez que conseguiram me arrastar para lá, me convencendo de que seria muito rápido, eis que uma turma que dividia a mesma calçada (sim, lá o legal é ficar na rua, de pé, olhando para as outras pessoas) e vestia uma roupa esquisita (um terninho sureca, sujo e fedido) dispara, no melhor sotaque gaúcho, o se-guinte: “Bah! Ainda bem que acabou aquela modinha de música eletrônica.”Pensei em esmurrar o ser, mas resolvi respi-rar e me foquei no assunto dos “queridos”. Como eles não sabiam nada de nada além dos próprios umbigos, em suas limitadas ro-das de amigos metidos a pós, pré, pseudo de quase tudo, resolvi desencanar e corri para casa, pensando em um texto para a NOIZE que rebatesse aquelas barbaridades. Obvia-mente não veio nada, pois aquilo não tinha conteúdo. Fica só uma dica, coisa cultural mesmo, para aqueles que compartilham da mesma opinião. A música eletrônica não morreu. Fato, não se fala mais nisso.E está na cara que o “rock” dos anos 00 não tem a mínima criatividade, não inova em nada; não existe um som com relevância dentro dessa nova era que não tenha bebi-do na fonte do eletrônico.Coisas legais como White Stripes, Franz Ferdinand, Bravery e Snow Patrol estão sempre sendo remixadas e viram hit de pis-ta. Muitas vezes recebem reconhecimento pelo remix e não pela versão do álbum, sem contar que a toda hora surge um DJ capaz de fazer tanto sucesso quanto um Fat Boy Slim da vida, pois esta é a cultura da músi-ca eletrônica—be mutant. “O novo sempre vem”, dizia a imortal Elis Regina. O difícil é surgir um outro Bob Dylan no rock. Milagre não existe, é outro fato.

Fueled by Ramen

John Janick e Vinnie Fiorelo (baterista do Less Than Jake) criaram em 1996, em Gai-nesville Florida, o que vem a ser hoje o mais rentável selo independente do mundo: o Fueled by Ramen. O nome é referente à comida, ramen (miojo), ou macarrão ins-tantâneo, particularidade do criador por ser acessível (quanto ao preço) no início da gravadora. Pete Wentz, baixista da ban-da Fall Out Boy, começou seu próprio selo em 2005, Decaydance Records, sendo um imprint da FBR. Essa junção fez com que o FOB lançasse em 2003 o seu primeiro CD, Take This To Your Grave, e chegasse aos ouvidos de 5 entre 10 adolescentes norte-americanos na época.De 96 para cá, muitas coisas mudaram. Demos de Jimie Eat World, Less Than Jake, Yellowcard e Slick Shoes foram lançadas, assim como fenômenos de vendas de Fall out Boy, Panic! At The Disco, The academy is, Paramore e o Gym Class Heroes. Hoje, Vinne Fiorelo não faz mais parte do selo. Veja a declaração do próprio: “Basicamente a mesma razão pela qual eu comecei esse selo é o motivo por qual eu tô saindo: a paixão pela música. Eu não sentia que as bandas que estávamos assinando pensavam da mesma maneira de quando comecei o selo. Parecia que a imagem era muito mais importante do que a própria música. Era a hora de sair e deixar o selo crescer”.O FBR começou do mesmo jeito que a maioria dos selos independentes: duas pes-soas apaixonadas por música(Vinnie e John) querendo ajudar bandas/amigos que eles acreditavam ser diferentes. Todos sabem que a entrada de Pete Wentz na gravadora foi um negócio megalucrativo, mas era essa a proposta dos caras? Acredito que não. Todos nós gostamos de dinheiro, mas daí a mudar o conceito das bandas, o visual e a proposta dos fundadores, já é demais!

Mapas para quem se perdeu.

Uma parede de som provocadora—em um mundo regrado pela superstição e intole-rância, o Bad Religion fica cada vez mais necessário. Enquanto a maioria das bandas com a metade do poder artístico se torna uma paródia estilosa, Bad Religion vem com criativa e renovada intensidade. Inegável passo à frente na evolução de um gênero que eles ajudaram a definir. As novas mú-sicas são brutalmente rápidas, com since-ridade irrecusável e comparáveis a nada que a banda já tenha feito. O disco também vem cheio de sons inesperados e refrões descaradamente pop. Mais ou menos assim definidos por eles mesmos, o disco New Maps of Hell tem lançamento programado para 10 de julho e está disponível na web para download.

Andam falando por aí que o Paul está de volta com seu novo disco. Andam até lendo Paul McCartney… quem disse que ele foi para voltar? Qual o problema com Memory Almost Full? Chamam de velho e ficam in-seguros, mas as garotas ficam em êxtase. Já eu fico com medo; medo da arrogância que impera nesse ridículo circo. Fico com as garotas e o disco!

No Brasil: Memory Almost FullPor quê: Pelo bem.

Lá fora: Memory Almost FullPor quê: Pelo mal.

Dica do mês: Encher o saco das rádios lo-cais para que toquem músicas boas… pelo amor de Deus!

Saudações, amigos headbangers! É cada vez mais visível em nos-sa “sociedade dos camisetas pretas” a presença de um tipo de metalhead um tanto quanto comum: os “metaleiros de apar-tamento”. Sim, eles existem, e em grande número. Pessoas que consomem o metal, compram CDs e camisetas, mas que dificil-mente comparecem aos shows, sejam eles pequenos ou grandes. Claro, os shows grandes eles ainda talvez, quem sabe, quiçá apareçam, mas isso só se a galera for, ou tiver carona, ou não es-tiver chovendo. Além disso, esse tipo de metalhead não consegue enumerar uma pequena lista de bandas locais; ele não dá bola pra isso, só quer saber do mainstre-

am, acha que músico gringo é mil vezes melhor que o nacional, enfim. O que agrava a situação é que o metal não é nem de longe um estilo musical popular, por mais que seja tocado em todos os continentes. Não ter o som veiculado na programação nor-mal das rádios, bem como uma fraca divulgação por parte da mídia em geral, faz com que, re-almente, apenas as grandes ban-das cheguem aos ouvidos des-tes. Se formos ver, apenas pela quantidade de camisetas pretas que podemos avistar nas ruas, o potencial de público metal em nossa cidade é absurdo, mas a pergunta que fica é: onde eles se escondem? Horns Up!!!

O reggae underground no Rio Grande do Sul está forte—cada vez mais forte, diga-se de passa-gem. Há quem diga que não. Infe-lizmente, acredito que esses que insistem em negar não estejam andando pela linha roots daqui.Há algumas edições da NOIZE que quero falar sobre certos “ir-mãos”. Não é propaganda, mas é incentivo e puro merecimento de quem vem andando na estra-da do cenário independente há al-gum tempo. Quero falar de ban-das como Pure Feeling, que está produzindo o seu segundo CD; de Enoreh, grande banda, gran-des músicos e que gravaram al-gumas músicas (muito boas por sinal) para mostrar seu trabalho; Massive, que assim como a banda

anterior vem gravando suas mú-sicas próprias; Down Babylon; Consciência Rasta; Sister Daphine and The King Tie Band; entre tan-tas outras que estão fazendo acontecer pelo ritmo.Precisava escrever e mostrar que o reggae nunca morre: ele se re-nova, e está grande. Assim como escrevi aqui na primeira edição, fico triste que o público às vezes não comparece como deveria, mas as bandas estão lutando para abrilhantar o reggae gaúcho e por tudo isso faço um apelo: conti-nuem gravando suas canções, ba-talhando por shows, festivais e parcerias, pois só assim algumas pessoas vão acreditar que o re-ggae roots existe no sul do Brasil. “From the roots come the rocks”.

Com a maioria das gravadoras mudando suas estratágias de atu-ar no mercado, poucos artistas do rap nacional gravaram seus discos. Estes poucos (principal-mente na época que a Trama con-tratou um monte de gente) não conseguiram uma exposição ex-pressiva. Parece que o merca-do ainda está com as portas fe-chadas pro estilo, que surge com uma cara bem street, mas acabou fazendo uma “cara de mau” quan-do o estilo “ladrão” predominou. Resultado? O mercado consumi-dor foi dominado pelo rap grin-go, e o rap nacional (com exce-ção do fenômeno Racionais) aca-ba nesse momento, “olhando pra fora pra poder entrar”. Porém, al-gumas fórmulas que funcionam

até hoje na gringa já foram des-cobertas há algum tempo e es-tão tendo o seu lugar nas rádios e pistas por aqui. É o caso do DJ Hum, que laçou o hit “Senhorita” (Cabal). DJ Hum sempre priori-zou os samplers de funk, originá-rios dos anos 70. Outra caracte-rística muito clássica no rap in-ternacional é a de usar um re-frão já conhecido e trazê-lo para uma releitura, como é o caso da Negra Li, que usou um refrão da Marisa Monte, que já colou! Bom, não vou me estender na reflexão; deixo isso pra vocês, pois como destaquei no título, é só mercado que estou falando aqui, e não da cultura hip-hop como um todo. Isso fica para as próximas colu-nas! Até mês que vem!

Ao contrário do que acontece na música erudita, não é da tradição da música popular a execução tal qual a partitura. Longe disso, o valor costuma estar no arran-jo informal, no improviso. Arthur Nestrovski faz um caminho dife-rente do usual no recém-lançado e já esgotado Jobim Violão. O primeiro disco solo do vio-lonista gaúcho radicado em São Paulo apresenta canções inter-pretadas a partir do que está es-crito no Cancioneiro Jobim (Jobim Music, 2000 / 2ª edição, 2002), que reúne cerca de 250 partitu-ras revisadas pelo próprio com-positor ou por seu filho. Para adaptar as composições origina-riamente para piano à execução em violão solo, Arthur teve o

cuidado de não intervir mais que o mínimo necessário para tradu-zir ao idioma de seu instrumento. O objetivo era revelar as idéias primeiras de Jobim, sem as modi-ficações incorporadas em tantos anos de recriações.A interpretação unicamente ins-trumental abre espaço para que se configure algo como um ka-raokê (de qualidade infinitamen-te superior, obviamente) silen-cioso em nossas mentes que can-tarolaram sem titubear canções como “Por toda a minha vida”, “Insensatez”, “Sem você” e “Eu sei que vou te amar”. Mais que uma incursão na essência de um dos pais da bossa nova, escutar Jobim Violão é uma viagem ao nos-so próprio imaginário musical.

Essência Jobiniana

Uma observação do mercado atual! Metaleiros de Apartamento

Reggae Raiz RS

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A terceira edição da GIG ROCK RS promete, mais uma vez, trazer muita boa música e programa-ção cultural para a gauchada carente de grandes eventos. Situada estrategicamente entre os dias 13 e 20 de julho, iniciando no Dia Mundial do Rock, a GIG evidencia que está além de um festi-val, oferecendo seminários, palestras, workshops, exposições, projeções e, é claro, shows das me-lhores bandas independentes gaúchas. A abertu-ra e encerramento serão no Manara Bar, com shows de oito bandas. Um dia depois, o Cabaret do Beco homenageia um dos maiores ícones da estética rock com a HYPE!? ALL STAR. No decor-rer deste período, o Beco Cultural será o centro das programações alternativas. Os ingressos para os shows serão vendidos no Beco Cultural e no Cabaret do Beco.Mais informações em www.beco203.com.br.

O Circuito Club A Brasil che-ga à capital também dia 28, com o melhor da música

eletrônica mundial. O Club A é o maior clube do gênero no mundo, com mais de 150 mil sócios. A etapa de POA será em frente ao aeroporto. Acesse www.circuitocluba.com.br e saiba mais.

O cantor e compositor Nando Reis vem dia 28 (sábado) a Porto Alegre, acompanhado do grupo brasiliense de percussão

SomCaTadO. O show será realizado no Teatro do Bourbon Country e integra o projeto Eu Faço Cul-tura, uma iniciativa de funcionários da Caixa que oferecerá 30 semanas culturais durante o ano de 2007, com programação de oficinas e shows em diversas cidades do país. Mais informações em www.teatrodobourboncountry.com.br.

GIG ROCK RS

Nando Reis

Club A Brasil

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FotosPedro MilanezFelipe RosaTatuMakila CrowleyRonald Zanardi

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ello Psychonation!Este mês a Pax.O.Delic não traz nada

de conteúdo—pelo menos não em forma de frases e parágrafos. Desta vez, 4 TOP DJs sele-cionaram exclusivamente para a NOIZE seus TOP 10 referentes a junho/julho de 2007, para a galera ter uma noção do que está ro-lando nos cases do pessoal.Dia 14 de julho teremos a chance de conferir, ao vivo, um dos maiores nomes do progres-sive trance mundial, em sua última apresen-tação no Brasil antes de rumar para o Sonica Festival, na Europa: Perfect Stranger!Headroom veio ao Brasil para o Universo Paralello em 2006 e só voltou para a África em março, depois de ter se apresentado na Tribe em São Paulo e aqui em Porto Alegre na Lost.Mack é um dos DJs brasileiros de maior pro-jeção mundial. Já se apresentou no Samotrakhi (Grécia), Voov (Alemanha), Boom (Portugal), Sonica (Itália), mas também já se apresentou aqui algumas vezes, sendo a última no Skazi in Concert.VOR, além de uma baita DJ, é integrante do 2HI (projeto com o parceiro Daniel, do Vibra) e vem mês após mês apresentando uma no-tável evolução musical, crescendo no cenário psicodélico mundial também como produtor: em julho, embarca para a Europa, onde tocará nos festivais Sonica e Glade e em mais algumas outras festas por lá. Enjoy!!! PAX!

HEADROOM – ÁFRICA DO SUL (NANO RECORDS)myspace.com/headroomusic

1. Headroom – Stereotype Writer2. Headroom – I Don’t Tech No For An Answer3. Atomic Culture – Program 4U4. E-jekt – Hitech Lowlife5. Hujaboy – DMTip6. Zen Mechanics vs Headroom - ZenRoom7. Burn in Noise vs Headroom – No Name8. Atomic Culture – Active Radio9. Headroom – DeadRoom10. Panic – Running With Scissors

MARCELO VOR - BRASIL (2HI/NEUROBIOTIC RECORDS)myspace.com/marcellovor

1. Headroom – Welcome to the Future (2Hi rmx)2. 2HI vs Wrecked Machines – Computer Music3. Vibra – Jack Ass4. 2HI – Right Now5. 2HI vs Flip Flop – NN6. Vibra – Vacation Trip7. 2HI – Nightvision (Psysex rmx)8. Flip Flop – Check One9. Headroom – Snap Crackle & Poppers10. 2HI vs Psysex – NN

DJ Victor Wortmannvisite os sites:www.nanorecords.co.ukwww.neurobiotic.comwww.spunrecords.comwww.dj-mack.comwww.spunrecords.orgwww.iboga.dk

MACK – BRASIL (SPUN RECORDS/TRADESOUND)myspace.com/mackeister

1. Wrecked Machines vs Dimitri Nakov – Going No Where2. DJ MACK vs Flip Flop – High Roller3. Psychaos – Party Animal4. Mad Hatters – Twisted Mind (2HI rmx)5. Bushman – Mickey Finn6. Earthling – Shiva Chillum7. Shanti vs Mad Hatters – El Rancheros8. 2HI – Rigth Now9. Audio-X – Ex-Hilaratingly10. Poli – Cyberstorm

PERFECT STRANGER – ISRAEL (IBOGA RECORDS)myspace.com/perfectblt

1. BLT – Six Feet Under (Perfect Stranger Remix)2. Ace Ventura & LISH – The Light3. Nathan Fake – Outhouse (Valentino Kanzyani Remix)4. Liquid Soul – The Source (Atmos Remix)5. Wehbba – Mary’s Army (Original Mix)6. Atmos – KNS (Perfect Stranger Remix)7. Ace Ventura – Sao Paulo8. BLT – Patterns Of… (A.Balter Remix)9. LOUD – Subinya (Perfect Stranger Remix)10. Antix – Red Robin

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