revista n.º 5 - agosto de 2007
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Este número da revista “Atheneu” é editado no mês emque o Ateneu Comercial do Porto comemora 138 anos deactividade ininterrupta. E mais de um século depois épossível afirmar que a cidade do Porto continua a assistirà firmeza, ao dinamismo, à vitalidade e determinação deuma Instituição que nasceu e se desenvolveu com umespírito onde impera a pluralidade e a tolerância.
Com esta edição pretendemos, em primeiro lugar, felicitaro Ateneu pelo seu aniversário. E, em segundo, dar-vosconta das actividades que vão sendo desenvolvidas, talcomo dos investimentos que estamos a concretizar, nosentido de criar um conjunto de condições que permitammelhorar o funcionamento desta instituição.
Em termos de investimentos, é com satisfação que vosinformamos que estão concluídas as obras de renovaçãode toda a rede eléctrica do Ateneu. Por outro lado,actualmente a segurança está mais reforçada, já que todoo edifício conta, a partir desta data, com os sistemas devídeovigilância e de detecção de incêndios, o queobviamente vai possibilitar uma melhor protecção de todoo património material.
É certo que muito mais há a fazer, como restaurar algumasdas salas, melhorar o aquecimento, substituindocanalizações e radiadores, mudar e melhorar as instalaçõesda biblioteca, mudar a secretaria para um local mais visívele disponível, entre outros. A vontade existe. Temos ambição,sonhamos com essas realizações e seguramente havemosde conseguir os meios financeiros que nos possibilitemlevar a bom porto todos estes projectos, nomeadamenteatravés de uma candidatura ao IV Quadro Comunitáriode Apoio.
Refira-se, a propósito, que uma das acções que está emcurso é a campanha de angariação de novos associados,para a qual foi criado um “Kit do Sócio” bastante suigeneris. Sublinhe-se que o nosso objectivo é conseguirque cada sócio proponha um novo associado, criandodessa forma as condições necessárias para a realizaçãodos projectos propostos, mas também para que o Ateneuconsiga atingir a sua autonomia financeira.
Pretendemos, ainda, celebrar um conjunto de protocoloscom empresas, criando condições para que possampromover os seus produtos nas nossas instalações, fazendode igual modo publicidade no “Boletim do Atheneu”.
Dessa forma conseguiremos publicitar e divulgar o Ateneu,recolhendo igualmente receitas complementares.
Mas não vamos ficar por aqui. Queremos mais. Temosmuitos projectos que pretendemos desenvolver ainda esteano. Designadamente um vasto conjunto de conferênciase seminários, como por exemplo o arranque, quase deimediato da iniciativa “Sábados do Futuro”, acções quetanta visibilidade têm trazido ao Ateneu junto dacomunidade local e nacional. Queremos continuar arealizar os noticiados e cativantes concertos de músicado Ateneu, sem esquecer, entre outras tantas actividades,que pretendemos criar o Grupo Coral do Ateneu. Iniciativasque, como bem sabem, vão sendo habitualmentedivulgadas através do portal de Internet do Ateneu, quepode ser visualizado por todos vós emwww.ateneucomercialporto.pt
Resta dizer-vos que só activamente e com a participaçãode todos podemos fazer crescer esta instituição. O Ateneu,estimados consócios, é um pedaço de todos nós.
Parabéns Ateneu Comercial do Porto!
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EDITORIAL
pags 1
Mais investimento e segurança reforçada
Caros leitores
Estimados Consócios,
O sonho tornou-se realidade. Estão concluídas as obras
de renovação de toda a rede eléctrica, bem como a
implementação de um sistema de detecção de incêndios
e vídeovigilância no Ateneu Comercial do Porto.
Depois de quatro anos de insistente trabalho e reuniões
junto do organismo promotor (Comissão de Coordenação
e Desenvolvimento Regional do Norte), a concretização
deste projecto de vital importância para a nossa Casa -
orçado em 113.728,68 Euros. Pode bem considerar-se
como uma das obras mais significativas realizadas nos
últimos anos no Ateneu.
Como já tivemos oportunidade de afirmar em anteriores
ocasiões, a necessidade de execução deste Projecto resultou
não só da firme disposição de darmos cumprimento a
exigências legais - impostas em sucessivas inspecções
pelos Bombeiros – como também da nossa profunda
preocupação com a segurança, conforto e comodidade
dos nossos Consócios e acautelamento de um património
valiosíssimo de que muito nos orgulhamos. Todos nós
sabemos os riscos de um acidente eléctrico que, num
edifício centenário como o nosso, teria proporções
catastróficas. Todos nós sabemos ainda da “exposição” a
que está sujeito diariamente o nosso valiosíssimo espólio.
Pois bem, a substituição da “centenária” instalação eléctrica,
a instalação de uma moderna central de detecção de
incêndios e de um sofisticado equipamento de vigilância
com seis câmaras que cobrem praticamente todos os
pontos nevrálgicos do edifício, permitem que, hoje, todos
possamos dormir mais descansados.
Mas este projecto que reequipou e renovou o nosso edifício,
deu-lhe também a segurança, o conforto e a “alma” necessária
e essencial para que possa dinamizar cada vez melhor as
suas actividades, fazendo do Ateneu um património social,
cultural e recreativo ímpar para a cidade do Porto.
Aproveitando as mesmas obras, as nossas instalações foram
ainda dotadas com uma nova e funcional rede estruturada
de voz (telefones) e dados, uma vez que quase todas as salas
possuem hoje tomadas de acesso à Internet.
VIDEOVIGILÂNCIA
O SONHO TORNOU-SE REALIDADE COM OBRAS DA REDE ELÉCTRICA
Segurança e Conforto no “Novo” Ateneu
Decorreu no passado dia 28 de Fevereiro mais um “ Jantar da Confraria das Tripas” que congregou uma numerosa
assembleia no nosso Salão Nobre. Realizada em colaboração com a Confraria das Tripas à Moda do Porto “ que tem
como objectivo a divulgação deste prato que é o responsável pelo apelido de tripeiros dado aos portuenses”, constituiu
mais um evento memorável. Como de costume, à saborosa ementa regada por néctar à altura, juntou-se um convívio
agradável - que já criou raízes nos “melhores tripeiros”- promovendo amizades e partilhas que honram o Porto.
No final do repasto realizou-se uma homenagem ao Fantasporto, fazendo o Ateneu Comercial do Porto a entrega de
uma merecida medalha aos seus principais mentores - Mário Dorminski e Beatriz Pacheco Pereira. Desta forma o
Ateneu evidenciou o seu apreço relativamente
a um Festival que projectou o nome da nossa
cidade além fronteiras, contribuindo também
para a dinamização do tão desertificado centro
do Porto.
Esperando que, no próximo ano, se repita
mais um capítulo da Confraria das Tripas à
Moda do Porto, aproveitamos para endereçar
os nossos mais cordiais agradecimentos ao
Chefe Hélio Loureiro, nosso consócio, a todos
os que sempre têm colaborado empenhada
e simpaticamente para tornar possível estas
noites portuenses.
ISA BARBOSA(Vice-Presidente da Direcção)
JANTAR DA CONFRARIA DAS TRIPAS
Finalmente, não nos podemos esquecer que,
neste âmbito – o da segurança e comodidade
dos nossos associados – nos últimos anos foi
também instalado um sistema de combate a
incêndios e montagem de portas corta-fogo,
tendo-se ainda concretizado as obras de
preservação das fachadas do edifício, travando
uma degradação que se vinha acentuando
com o decorrer dos anos.
Por tudo isto, pensamos que os nossos
associados se devem sentir orgulhosos do
“seu” Ateneu Comercial do Porto.
pags 2, 3
No dia Internacional da Mulher, dia
8 de Março, reiniciou-se com
assinalável êxito a tradição dos “Chás
das 5”, às quintas-feiras, no Ateneu
Comercial do Porto.
Com efeito, tendo conhecimento
deste desiderato por parte das
Senhoras associadas lançámos mãos
ao trabalho e, embora com um
figurino diferente dos anteriores,
promovemos já quatro Chás das 5.
Quanto à nova receita, foi simples!
Bastou adicionar ao tradicional chá,
com scones e doces, umas pitadas
de cultura, obtendo assim um
convívio mais intenso e saboroso!
Que o digam as cerca de 50 Senhoras
que participaram em cada um destes
chás e os garbosos cavalheiros que
já nos acompanharam!
Logo no primeiro dia, tivemos a honra
e o privilégio de assistirmos a uma
declamação de poesia por Nina Sousa
Basto que nos recitou poesias de sua
autoria, tendo por tema o Amor,
tratado em todas as suas facetas. Com
a sua voz timbrada e firme, deliciou-
nos com textos onde este sentimento
foi tratado com sensibilidade e mestria
denotando a experiência de uma
Senhora que não só o sente e vivencia
plenamente como também tem o dom
de o transmitir usando um português
correctíssimo.
A 12 de Abril, tivemos a ocasião de
ouvir a Sra. Dra. Maria José Pacheco
que nos brindou com “As razões para
um chá com Camilo e Ana de Sá”.
Fruto de muitos e aturados anos de
investigação profunda e séria que
culminou na redacção de um livro
sobre Vizela, que ofereceu na ocasião
à Biblioteca do Ateneu, a oradora
prendeu a nossa atenção com uma
história verídica mas desconhecida
suscitando questões a que respondeu
com a sua já proverbial simpatia.
No dia 10 de Maio, substituindo a
nutricionista Dr.ª Filipa Botelho, que
não pôde comparecer, ouvimos com
muito agrado a Sra. D. Lucília Mendes
Silva Rocha que recitou, de improviso,
várias poesias sobre a Cidade do Porto
Por fim, a 14 de Junho, a Sra. Dra.
Lucília Abreu proferiu uma
interessante intervenção sobre a vida
e obra de António Gedeão, fazendo
assim uma justa homenagem a este
grande escritor português. Excelente
comunicadora, captou a atenção dos
presentes com um texto enriquecido
por excertos da obra poética deste
autor. No final, todos os presentes
entoaram, em uníssono, a “Pedra
Filosofal”.
A todas estas Senhoras, nossas
associadas, expressa o Ateneu
Comercial do Porto o seu público
agradecimento.
À Escola Pêro Vaz de Caminha,
sobretudo aos professores e aos alunos
do Curso de Educação e Formação
em Hotelaria, que serviram os chás
com profissionalismo, apresentamos
também os nossos agradecimentos.
Cremos com esta iniciativa ter
proporcionado momentos agradáveis
de são convívio entre as senhoras
associadas e suas convidadas pelo
que esperamos, assim, continuar a
merecer a Vossa presença.
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Levou-lhe rosas para secar lágrimas mas foi feito escravo de lus em argolas
de ouro em que bailou senhora da agonia ao redor da gola de manequim
e nuances de pele veludo e cabelos de cetim lus onde por fim se confortou
prisioneiro amadeus surrealista requiem de mozart pensou seria vendido
um dia numa praça de tristeza? dançou o céu na sua boca e suas mãos
eram estrutura de fino arame onde se suspendeu para declamar o poema
de elevação lobismulher lus selvagem que toquem trompetas na flor negra
da tua face no meu óculo antes opaco que brilhe um sol pelo teu vigor
molho e dança chamem os cavalos do rei que eu chamarei orgãos bordados
sexos dourados num cordel luminoso de mercúrio divinal então o novo a
célula descoberta te salvará em santa por teu lobistorso nas campas as cruzes
cintilam rosas ah e dançam dedos no pinhal do vértice oh feminus corpus
e dançam lus ouve dançam na pinha da flora na vestuta e constante horda
encantada desordenada urge surgir teu louco florir à margem da folha onde
cabiamos e nela desenhei o seio que cristo rei tomaria e me separava num
abstracto picasso sem tacto em que formosura teria andado esta virgem que
já pelo dedo sugava a fome que ia na ilha com o dedo sem nexo o sangue
abria a flora cobria o sexo com voz ardente estilhaçava o véu e a benta àgua
de lágrimas perturvada pelo amor amante ? esqueço-me in esférico de
impaciência vagabundo sem ilha de abordagem este pedrejar de janelas
oblíquas com faces camufladas são lembrança do estertor sob porões coloniais
de sede agrilhoada em perservativo inactivo de bolor sexual alcateias debaixo
da cama bulha retoco nos espaços livres a flora de ontem a floresta de
ânimos cresce lus virgem no cais depois deste aceno aos tacinais encantos
do mundo bi esfero do seu torso no meu bugatti retirado a isadora ducan
separamos a brilhante cor azul tocando a noite lus aproximando-me de teu
olhar em vitrais de sémen os pulsos abertos em sulcos esfomeados gravados
pelosseus dedos eram os mundos maquilhados um in esférico de quilha
outro bi esférico de ilha roçando oh lus à abordagem eis a renascença a
emoção in quieta acção lus
pags 4, 5
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POESIA
Actualmente, quem recorre à Psicologia? De certeza que
qualquer um de vós, caros leitores, conseguirá sem grande
dificuldade responder a esta questão. Contudo, se alguém
se desse a aturado trabalho de investigação versando
apenas e só esta simples pergunta, de certeza que ficaria
surpreendido pelo numero de respostas invariavelmente
dispares que receberia.
Atendendo a este panorama, o leitor, deixando de parte
a sua própria opinião, constatará então que ninguém sabe
ao certo quem atende a Psicologia. Ou para ser mais
exacto, haverá quem o saiba, apenas se calhar para
descobrir que esses são…Psicólogos.
Aposto que neste momento o franzir de sobrolho do leitor
evidencia a suspeição de que possivelmente acabará de
ler este artigo num estado de maior confusão opinativa.
Mas não se alarme! Tal situação não carece de medicação
nem de terapia. O autor, em conjunto com o leitor, tratará
de o acompanhar no percurso do auto-esclarecimento.
Quem recorre então à Psicologia? Serão os loucos? As
pessoas que têm “grandes problemas”? As pessoas que
têm “pequenos problemas”? As crianças que não
conseguem aprender? Os deficientes? E os velhos, dos
quais ninguém quer saber? Será que a Psicologia quer?
Claro que quer!
A Psicologia contemporânea tem instrumentos e métodos
de intervenção adaptados aos exemplos citados e a muitas
outras solicitações decorrentes da vivência humana diária.
Esses instrumentos foram sendo adquiridos ao longo do
crescimento do saber do Homem em relação ao Homem.
Primeiro de forma empírica, depois de forma cientifica.
- “OK, quer-me então parecer que a Psicologia é pau para
toda a obra” – estará o leitor a pensar. Atrevo-me a escrever
que em parte tem razão. Como não é possível definir todos
os diferentes cenários e solicitações de acompanhamento,
orientação, tratamento, etc., é licito pensar que numa
abordagem global o técnico de Psicologia pode “ajudar”
em qualquer “problema” apresentado. Contudo, aqui surge
o busílis da questão.
Se de facto a Psicologia tem o condão globalizante de
intervenção, não nos esqueçamos que o agente
interveniente é sempre um ser humano. Quer isto dizer
que o super-psicólogo é algo utópico, não existindo quem
englobe todos os métodos e técnicas de intervenção
existentes de forma a responder a todas as solicitações e
quadros clínicos possíveis.
De ressalvar também que tal como qualquer outra ciência,
a Psicologia não é um sistema fechado e hermético de
conhecimento. Ainda existe muito no seu âmbito de acção
para descobrir.
Em resumo: a Psicologia abarca no seu manancial de
conhecimento científico uma infinidade (não totalidade)
de questões no âmbito do comportamento humano e das
situações que daí advêm, pelo que qualquer pessoa pode
recorrer com o seu “problema” a ajuda especializada;
cabe ao técnico certificado de Psicologia manifestar a sua
competência de intervenção face a uma qualquer situação
apresentada, sendo esta muito ou pouco gravosa no
entender da pessoa.
Quem recorre então à Psicologia? Qualquer um de nós,
independentemente da idade, sexo, credo, condição sócio-
económica etc., que tem a necessidade de uma intervenção
especializada numa qualquer variável da condição
Psicológica Humana. Esta pode ser classificada da mais
comum e “normal” à menos frequente e patológica.
RUI DUARTE(Psicólogo; Sócio do Ateneu)
Psicologia para todos?PSICOLOGIA PARA SI
Ann C. Noble*, do Departamento de
Enologia e Viticultura da Universidade
de Davis, na Califórnia, desenvolveu
a Roda dos Aromas como uma
ferramenta que provesse uma
plataforma comum para as descrições
dos aromas do vinho. Nesta
plataforma estariam os principais
descritores de aromas do vinho, os
que mais comummente são usados
para descrever aromaticamente
vinhos. Este vocabulário (conjunto
de nomes, termos ou descritores,
como queiramos chamar-lhes),
facilitaria e uniformizaria as
descrições ajudando a acabar com
termos menos globais, geradores de
dúvida e menos objectivos.
(Um pequeno parênteses para
esclarecer que descrever
sensorialmente um vinho na Enologia
moderna não é e nunca foi um
exercício subjectivo, mas antes a
aplicação de técnicas, rigor e critério
científico.) (...)
A tentativa de definir um conjunto
mais comum de descritores
aromáticos já não era propriamente
uma novidade à data desta
“invenção”, contudo, nada teve o
mesmo sucesso que a Roda dos
Aromas. Em parte, pelos próprios
descritores de aromas que, não sendo
assim tantos, são muito abrangentes,
ou seja, a investigação foi exaustiva
e bem conduzida. Por outro lado,
pela própria forma de organizar os
descritores que permite a qualquer
um chegar a um aroma específico
sem grandes dificuldades (essas,
houve-as com certeza, em género e
número, na investigação da qual
resultou este “Ovo de Colombo”).
Assim, a Roda dos Aromas organiza-
se de dentro para fora, em três arcos.
O arco central tem nomes tão vagos
como “frutado” (que não deixam de
ser precisos se pensarmos que
“frutado” é muito diferente de
“terroso”, por exemplo), o mais
externo, já tem descritores muito
precisos, como “ananás”, de aroma
inconfundível. Parte-se de termos
gerais para termos específicos. A
ponte é feita por termos intermédios
(no arco intermédio), o que é ideal.
Neste exemplo, a ponte é feita por
“frutos tropicais”, bastante diferente
dos congéneres, de que deixo o
exemplo “frutos secos”.
Com esta visão e este “trabalhão”
científico, era de prever que a ideia
vingasse e que se seguissem versões
de “rodas aromatizadas” para quase
tudo (chocolate, charutos, café,
cerveja, queijo, etc.) e, assim
aconteceu, sendo algumas destas
rodas de aromas bastante interessantes
(por exemplo, as usadas para
descrever vinhos muito específicos,
como a do Vinho do Porto, ou para
detectar defeitos nos vinhos, neste
caso com um objectivo mais
profissional) e outras, algo patéticas
e sem carácter científico.
Com respeito a alguns termos pouco
comuns e, outros, até, estranhos, uns
correspondem a nomenclatura
química, mais ou menos genérica,
outros são normalmente usados para
descrever defeitos nos vinhos. Não
podemos esquecer, contudo, que
muitas vezes é a intensidade de um
cheiro que o torna desagradável,
havendo odores (a palavra “odor”,
em análise sensorial, é geralmente
empregue como sinónimo de cheiro
desagradável) que em quantidades
quase imperceptíveis podem tornar
os vinhos mais complexos, não
sugerindo qualquer defeito (e a
complexidade é, no fundo, a
componente mais interessante e
procurada na degustação de um
vinho). Parece-me, ainda, importante
salientar que os descritores da Roda
dos Aromas não são os únicos e que
não é “proibido” usar outros termos
para descrever aromaticamente um
vinho, pode até ser necessário,
profissionalmente ou não. (continua)
DANIEL GONÇALVES MAIA(Sócio do Ateneu)
pags 6, 7
A RODA DOS AROMAS...e os Aromas na Prova
* Professora Catedrática Jubilada da Universidade de Davis, Cientista e Química
Este artigo inaugura a recém-criada rubrica do boletim do Ateneu Comercial
do Porto, “EnoArquivo”, e pretende, simplificadamente, despertar os
sentidos dos consócios para esta temática. Pode encontrar-se a publicação
integral deste artigo “A Roda dos Aromas... e os Aromas na Prova” no Blog
“Coisas dos Vinhos” http://danielgoncalvesmaia.blogspot.com.
Parte I - A Roda dos Aromas
SÁBADOS DO FUTUROtrazem especialistas ao Ateneu
Uma diferença importante nesta iniciativa
é ser acessível ao público em geral e a
públicos que procuram especialização
prática nas áreas abordadas. Ao lançar este
projecto, o Ateneu Comercial do Porto tem
como objectivo prestar um novo serviço à
comunidade numa componente de
originalidade pela abordagem que
apresenta.
Pretende-se assim que os participantes, que
surgem dos mais diversos quadrantes
profissionais e zonas geográficas, adquiram
conhecimentos em áreas de
desenvolvimento sócio-económico,
aperfeiçoamento pessoal e temáticas que
possuam impacto no futuro profissional
individual. O objectivo é sobretudo criar
um espaço de aprendizagem e transmissão
de conhecimentos com ênfase na
aplicabilidade no dia-a-dia.
O Ateneu tem a ambição, por via de cada
Sábado do Futuro, de ajudar a proporcionar
uma segunda-feira diferente, onde os
participantes comecem a demonstrar novas
competências na direcção dos seus
negócios ou no desempenho da sua
profissão, essencialmente providenciando
novas visões que possam ser postas em
prática.
Para isso, a iniciativa vai procurar ter uma
cuidadosa preparação das sessões e
matérias, com o fornecimento de
documentação original que permita usar
os conhecimentos e progredir, quer na
organização pessoal, quer em contexto
profissional.
A partir do dia 25 de Agosto o Ateneu vai ter uma série de especialistas que nos visitam aos sábados
para transmitir conhecimentos e partilhar experiências profissionais. Trata-se de seminários de dia
único e que pretendem trazer mais-valias aos participantes em áreas tão diversas como as tecnologias
de informação, protocolo de Estado, comunicação pessoal e social, além de outras áreas empresariais
de futuro como turismo, vinhos, welness e gestão financeira.
pags 8, 9
programa-tipo de cada sessãoCada Sábado do Futuro tem a seguinte estrutrura:
09h15 › 09h30 Recepção e entrega de documentação
09h30 › 11h00 Primeira parte
11h00 › 11h30 Cofee-break
11h30 › 13h00 Segunda parte
13h00 › 14h20 Almoço no Ateneu Comercial do Porto
14h30 › 16h00 Terceira parte
16h00 › 16h25 Cofee-break
16h30 › 18h00 Quarta parte
18h15 Entrega de certificados de participação
Informação sobre as sessões já marcadas encontra-se em
www.ateneucomercialporto.pt, sendo para já as seguintes:
25 de Agosto
Tecnologias da Comunicação - Introdução às bases de dados
8 de Setembro
Protocolo de Estado e relações públicas institucionais
22 de Setembro
29 de Setembro
Comunicação no contexto da Globalização
6 de Outubro
20 de Outubro
Tecnologias da Comunicação: Introdução à imagem digital
3 de Novembro
Turismo em Portugal
17 de Novembro
ABC da Aromaterapia
24 de Novembro
Vitivinicultura: a Essência dos Vinhos
Os Sábados do Futuro são inspirados numa
célebre frase dita por Alan Kay, um dos
principais percursores da revolução das
tecnologias de informação: «A melhor
forma de prever o futuro é inventá-lo». O
valor de inscrição para cada Sábado do
Futuro é de 60 euros acrescidos de IVA,
sendo de 50 euros mais IVA para sócios
do Ateneu, e tendo os participantes direito
à sessão, almoço, dois cofee-break e
certificado de participação.
As inscrições já estão abertas através do
web site do Ateneu, em
www.ateneucomercialporto.pt
Só para lembrar, Portugal foi pioneiro ao aprovar uma Lei
de Protecção à Infância em 1911, na sequência da
implantação da República. Mas somente após a revolução
do 25 de Abril, na revisão constitucional de 1976, ficam
consagrados na Constituição da República, como direitos
fundamentais, a Infância (art.º 69) e a Juventude (art.º 70).
A 26 de Janeiro de 1990, Portugal ratifica a Convenção
dos Direitos da Criança e em 1999, verifica-se a última
grande Reforma do Direito de Menores, com a Lei de
Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, n.º 147/99, de
1 de Setembro.
Os maus-tratos a crianças (físicos, psicológicos, emocionais,
sexuais e outros) estão na ordem do dia pela forte
divulgação na comunicação social. Apesar da actualidade
do tema, a violência contra as crianças está longe de ser
um problema novo na história da humanidade e constitui
um dos factores de fragilização da criança com
consequências nefastas a curto e longo prazo. Por isso
toda esta onda de violência é inaceitável, compromete o
crescimento e desenvolvimento da criança e afecta a sua
qualidade de vida.
Muitas batalhas tem sido travadas na promoção e defesa
dos direitos da criança, com algumas conquistas alcançadas
e, aqui, gostaríamos de fazer uma referência especial ao
Exmo.Sr.Dr. Luis Villas Boas, mentor do Projecto Emergência
Infantil e pelo papel que tem desempenhado no quadro
da Adopção em Portugal, na Comissão Interdepartamental
para a Adopção e na Comissão de Acompanhamento da
Lei da Adopção.
Contudo, só uma actuação precoce poderá evitar que a
criança venha a passar por situações traumáticas,
comprometendo o seu futuro. Mas, uma prevenção que
se pretenda eficaz, implica a implementação de medidas
específicas de modo a diminuir os factores de risco e a
fortalecer os factores de protecção.
A experiência no terreno mostra que, na origem dos maus-
tratos, há certos factores que facilitam a sua ocorrência e
que são comuns a muitas das situações. Por exemplo, é
no cenário familiar, que os maus-tratos são mais frequentes.
Os pais ou os responsáveis pela criança apresentam quase
sempre um quadro de baixa auto estima, ou passaram por
uma situação de violência na infância ou são
toxicodependentes, alcoólicos, tem dificuldades
económicas graves, más condições de habitação, etc.
Enquanto isto, o número de crianças em perigo vem
aumentando o que requer estruturas de protecção, capazes
de criar condições, que permitam o acolhimento integral
das crianças em perigo até à concretização do seu projecto
A visibilidade social que hoje assume a problemática da criança em perigo tem determinado o
aparecimento de diversas medidas de intervenção nesta matéria. Mas, não obstante o enquadramento
legislativo dessa intervenção e o empenhamento das diversas instâncias que actuam nesta área, muito
há por fazer, essencialmente a nível de prevenção, quer da parte dos profissionais quer da comunidade
em geral, atendendo à complexidade e à delicadeza dos problemas envolvidos.
QUE PROTECÇÃO PARA A CRIANÇA EM PERIGO?Colo? Amor? Educação? Família? Caminho? Projecto?
de vida – quer se trate do reencaminhamento para a família
biológica, após reabilitação, quer se trate de adopção.
Daí o surgimento das IPSS – Instituições Particulares de
Solidariedade Social -como resposta criativa de estratégias
inovadoras e metodologias adequadas a esta problemática,
intervindo em parceria com outros actores sociais.
A Associação A Casa do Caminho é uma delas, tendo
aberto as suas portas a 8 de Outubro de 1990 com a
missão de acolher, enquadrar e encaminhar as crianças
em perigo, colaborando com o Estado em articulação com
instituições das áreas da Justiça, Social e da Saúde, na
sua intervenção precoce, técnica e temporária.
Na instituição são acompanhados os processos de adopção
e de reinserção social, promove-se a educação, o suporte
psicopedagógico, a reabilitação e a sociabilização num
ambiente de muito amor e dedicação. Todo este trabalho
é desenvolvido por uma equipa multidisciplinar de técnicos,
trabalhadores de acção educativa, administrativa e
voluntários.
Pela intervenção realizada, até hoje, na protecção da
criança em perigo, garantindo o seu superior interesse,
bem como a sua privacidade, já passaram pela Associação
A Casa do Caminho cerca de 500 crianças, das quais 250
foram encaminhadas para adopção, 190 para a família e
as restantes para outras instituições.
Estes dados são o reflexo da passagem temporária de
crianças com histórias de muito sofrimento. Então, prevenir
é urgente. Como? Amando, educando, alimentando, física
e espiritualmente, as nossas crianças. Deste modo,
estaremos a contribuir para uma sociedade com valores,
mais justa, mais humanizada e sobretudo mais tolerante,
com capacidade para devolver às crianças, o sorriso e a
alegria de ser criança!
Certamente, isso exige uma mudança de corpo e alma,
uma aliança de razão e coração. Exige um novo sentido
de interdependência e de responsabilidade universal. Por
isso mesmo, quisemos partilhar convosco, algumas
preocupações e ideias, porque temos consciência de que
é, através da busca conjunta de respostas para problemas
tão delicados, que se aprende.
É fundamental descobrir soluções possíveis para a
problemática da criança em perigo, procurar transformar
percursos difíceis em projectos de sucesso, de integração
e de harmonia.
Apelamos a vós leitor, às famílias, à comunidade em geral
que, de acordo com a posição que cada um ocupa no
tecido social, participem, contribuam e olhem as crianças
como uma prioridade não apenas no discurso e no papel,
mas nas medidas, nos orçamentos e nas acções.
LÍGIA FIGUEIREDO
(Directora na Associação “A Casa do Caminho”)
pags 10, 11
Nascido na Foz do Douro, quando
esta não era mais que uma pequena
vila piscatória, a ela ficou sempre
ligado. A recordá-lo, o busto do
escritor no seu Jardim de S. João da
Foz, contemplando longamente
“aquele mar que lhe embalou o berço
e que se desfazia em espuma nevada
contra a penedia aguda e negra”.
Como diria na sua obra Memórias,
“esta FOZ de há 50 anos, adormecida
e doirada (…) e sempre ao largo do
mar, o mar, diáfano ou colérico, foi
o quadro da minha vida”. Essa forte
ligação afectiva com o cenário
marítimo, resultaria numa extensa
visualidade que caracteriza muitos
dos seus textos, como aqueles em
que evoca a infância feliz na Foz
Velha: “ As belas tardes no Passeio
Alegre (…) enquanto o mar alastrava
de manso pela areia fulva e, no ar
límpido, cantavam pregões de vareiras
(…) Que recordações e que saudades
eu sinto! Vejo outra vez tudo: as
fisionomias, as coisas, a cor, a luz…”
Foi a FOZ o cenário das “excursões
maravilhosas com os meus
companheiros, pelo pinhal do Lage,
onde se cortava o mastro para a nossa
catraia (…) Sós e livres, no mundo
azul e frenético! (…) nadas que farão
sorrir os outros; são efectivamente
nadas… E, no entanto, reconheço
que essa foi a melhor parte da minha
existência…”
Com que emoção Raul Brandão
evoca o Cabedelo, “deserto cheio de
prestígio e de aventura, onde se
tomavam os melhores banhos e onde
se experimentavam os melhores
prazeres: andar um momento
envolvido na crista da onda, ser
atirado numa sufocação sobre a areia
(…), ir descalço pelo areal fora, meter
os pés nas poças de água azul polida,
escorregar nas rochas luzidias, olhar
os caranguejos nas fisgas (…) e
contemplar, enfim, a flor pequenina
e vermelha dos cardos que ali
crescem e donde, às vezes, irrompe
um lírio branco que perfuma os vastos
areais, dura algumas horas e logo
desaparece”! Ou então a Cantareira
que “num cantinho adormece”, ou
“os varais das redes até à
Corguinha…”. Tudo são lugares
míticos que o acompanharão toda a
vida, gravados profundamente na sua
memória e no seu coração!
É nesse cenário que se desenvolve
toda a actividade piscatória que
arrancaria da pena de Raul Brandão
páginas sofridas, com o seu quê de
trágico: “Rompem da sombra vultos,
alguns homens preparam o barco
para a largada. Saída a barra, vencida
a força da corrente, entra-se na noite
infinita, no negrume. A faina começa
(…). Quando a tarde cai e as gaivotas
apanham o último sol, entra-se a
barra. Correm mulheres pelo cais.
Homens e mulheres, unidos no
mesmo esforço, puxam para terra as
redes, fartas, carregadas com a safra
abundante”. Mas, “às vezes”, o
movimento explode, muda-se em
manifestação de dor, de crispação,
de angústia, de desespero, de
pressentimento ou anúncio de
tragédia (…) quando, no ar, andam
enrodilhados farrapos de nuvens e de
espuma, quando no horizonte fundo,
remexem cóleras indistintas (…)
quando o mar varre em catadupas
cerradas o farolim, o cabedelo e o
cais, quando os homens morrem à
boca da barra na Pedra do Cão (…)
e as mulheres soluçam, arrastam os
joelhos nas pedras, rezam, suplicam,
imploram, gemem, choram, rasgam
a cara com as unhas (…) “São horas
de nojo, essas que inscrevem sulcos
de lágrimas na cara”.
Repare-se na sucessão de verbos com
que Raul Brandão imprime, na escrita,
“Quando os rolos de espumarebramiam no Cabedelo,apertavam-se os corações no peitoe, à luz da candeia,
rezavam pelos que andam sobre as águas do mar.”
in “Os Pescadores”
A “FOZ” EM ESCRITORES DO PORTORaul Brandão (1867-1930)
toda a dor dessas mulheres “crestadaspela desgraça”: primeiro, a crença, aesperança. Elas rezam, suplicam,imploram, mas, logo a seguir, perantea consumação da tragédia, essasmulheres geme, choram e, perdidatoda a esperança, enrodilhadas noseu destino trágico, “rasgam a caracom as unhas”.
São estas Mulheres, ao lado dosPescadores, personagens de proa emalgumas obras de Raul Brandão. Sãoelas que, sempre presentes, esperamo momento em que os barcos “atirampara as linguetas viscosas o peixemiúdo para logo partirem para asestradas, com a canastra à cabeça(…)”. “ A roupa encharcada pega-se-lhes ao corpo, as mãos magras etisnadas, de unhas roídas pelotrabalho, fincam-se no peito paraconter os soluços que lhe estalam”.
Raul Brandão eternizou nas suasMemórias a silhueta de muitas delas– a Maria da Viela, a Maria da Sé, asPapeiras, as Bexigas, a Rata dasSobreiras – cada uma com o seudrama e todas com o mesmo drama,vítimas de um mar ora diáfano, orabrutal, que, em horas de dor, elasperscrutam, com os olhos fixos, àespera que ele lhes devolva o que demais querido lhes roubou…Enérgicas, abnegadas, de uma estaturahumana ímpar, assim as recorda RaulBrandão, como aquela “sanjoaneiraque, além de trazer a casa asseada,governa o homem, dirige o negócio,apregoa e remenda, conserva as redeslavadas e encasca-as”, como “aquelaoutra velha, com a boca desdentada,a escorrer ternura e sempre a rir-separa mim”. “Bestas de carga, todaselas, dias atrás de dias encharcadase escorrendo salmoura (…) bebendoas lágrimas e o cuspo do mar e
contendo o coração em farrapos, comas mãos negras apertadas sobre atábua rasa do peito (…) A mocidadedura-lhes o que duram as rosas…”
Muitos dos Pescadores da Foz que,na sua labuta diária dependiaminteiramente do oceano imenso queamavam e com o qual não rarotinham que lutar, conheceu-os RaulBrandão: “o velho piloto-mor quefuma, inalterável, o seu cachimbo debarro, aqueles que, de agulha na mão,remendam as redes, outros que,sentados no areal, faziam as redes,as da pescada, as robaleiras, osquartos, as feiticeiras (…). Conheci oBilé, o Mandum, o Manuel Arrais queme levou pela primeira vez na nossalancha, ao largo… (Há que tempos!E foi ontem…), os Condes, dois irmãossecos, denegridos, ambos mortos nomar, o Teca, o João Mouco que, comuma linha e engodo, pescava comigoenguias na lingueta da Cantareira (…)E muitos outros. Todos da FOZ, todosgente rude e trabalhadora que, domar e para o mar, vive e que, no mar,tantas vezes morre”.
O cenário em que toda essa labutade relação com o mar se desenvolve,imortalizou-o Raul Brandão numapaleta de policromia tão forte que,ao lê-lo, ainda hoje nos sentimosatraídos por essa atmosfera cheia decor e fascinação. É o Cabedelo, onde“a areia é um lençol doirado, aespuma mosto branco e salgado eonde, o sol veste as ondas de umaarmadura de aço a reluzir; as poçasque ali se formam, quando a marérecua, são de água azul e polida, asflores do cardo, vermelhas (…) oslírios que, daquela secura e doamargo sal ali brotam, brancos. E éo traço do cabedelo que, de manhã,separa o azul do rio do pó verde do
mar, esse mar que, às vezes é de um
azul transparente, outras cobalto, com
reflexos metálicos, larga estrada de
prata…”.
Ninguém como Raul Brandão soube
“pintar” os poentes à beira-mar,
sobretudo em Os Pescadores, com
pinceladas fortes e rápidas: “os
poentes há-os, às vezes, em farfalhos
com largas pinceladas verdes; outras
vezes, são trágicos, ou doirados e
verdes. Mas há também o violeta das
tardes, com o mar também violeta e,
além disso, dourado”. E há “os
poentes desgrenhados, quando as
nuvens negras, lá ao fundo, se
transformam em ameaça…”
Toda essa paisagem, toda a atmosfera
da FOZ de 1900 se entranhou de tal
modo na alma do escritor que, muitos
anos depois, ao recordá-las, confesso
ao leitor que elas se sobrepõem a
todas as outras que foram desfilando
no seu percurso de vida. Sentimos
que elas fazem parte integrante do
seu ser, como o fazem a mãe de quem
diz ter herdado a sensibilidade, o
amor pelas árvores, pela água, e
também o sonho…ou a velha criada
Mari’ Emília que lhe transmitiu “essa
aspiração que não morre, para uma
vida mais perfeita e mais bela”.
pags 12, 13
LUC
ÍLIA
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MÚSICA20 de Janeiro
Concerto de
Homenagem a Fernando Lopes-Graça
Pelo Centenário do seu Nascimento
16 de Março
Recital de Canto e Piano
Canções e Duetos em Alemão
26 de Abril
VII Concertos Internacionais de Músicado Ateneu/ 2007
Recital de Piano por José Veloso Rito
6 de Maio
X ECAP – Encontro de Coros da Academiado Porto
Integrado na Queima das Fitas
24 de Maio
VII Concertos Internacionais de Músicado Ateneu/ 2007
Recital de Piano por Ruvim Ostrovsky
21 de Junho
VII Concertos Internacionais de Músicado Ateneu/ 2007
Recital de Piano por Mikhail Lidsky
APRESENTAÇÃO DE LIVROS6 de Fevereiro
Cristina de Mello
“Inteiro Silêncio”
2 de Março
Edmundo Pedro
“Memórias-Um Combate pela Liberdade”
17 de Março
Fernando Correia
“Penajóia das Memórias”
22 de Março
Rui Graça Feijó
“TIMOR: Paisagem Tropical com GenteDentro”
8 de Maio
Miguel Urbano Rodrigues e Ana CatarinaAlmeida
“Etna no Vendaval da Perestroika”
CONFERÊNCIAS E DEBATES
27 de Abril
Conferência/ Debate
“Captação de investimento público”
Esta Conferência está integrada no Ciclode Conferências
“Divulgar uma estratégia dedesenvolvimento do Porto cidade eregião”
21 de Maio
Conferência
“A República no Séc. XXI”
Proferida pelo Dr. Miguel Veiga
OUTRAS ACTIVIDADES
17 de Março
Teatro Amador
Apresentação de uma peça sobreepilepsia
Epilepsia
14 de Abril
Leilão de Filatelia
Promovido pelo Núcleo Filatélico doAteneu
18 a 19 de Maio
Teatro “O Sótão”
Apresentação de uma peça “DozePedaços de Lua”
Baseado em Histórias Mínimas de JavierTomeo
28 de Maio
Teatro “A Minha Vida Cabe Num Disco”
Interpretado pela Academia de Músicade Vilar do Paraíso
Organização do XXX FITEI – FestivalInternacional de
Teatro de Expressão Ibéric
AGENDA O Primeiro Semestreem Revista
20 de Setembro
Recital de Violino e Piano
Com Xuan Du e Anna Krivtsova
28 de Setembro
Prossegue o Ciclo de Conferências
“Divulgar uma estratégia de
desenvolvimento do Porto cidade e
região”
Setembro
As Escolas de Dança de Salão
“Promenade” e
“Vienense Reinhard Polt”
retomam a sua actividade
18 de Outubro
Concerto pelo Quarteto de Cordas
Russo
“Quinta Corda”
12 de DezembroFesta da Biblioteca
31 de DezembroFesta de Passagem d’Ano
Saiba o quevai acontecerno Ateneu
BrevesAteneu está a formar
Grupo Coral
O Ateneu Comercial do Porto abriu
as inscrições para todos os que
pretendem integrar o Grupo Coral
do Ateneu. O objectivo é dar corpo
e alma a um sonho bastante antigo
desta instituição.
Os que decidirem apoiar e associar-
se a esta iniciativa terão apenas de
dar o nome e alguns dados pessoais
nos Serviços de Secretaria do Ateneu,
pelo telefone 223 395 412 ou a
partir do endereço de e-mail:
Bridge ATENEU PROMOVE CURSOS GRATUITAMENTENAS SUAS INSTALAÇÕES
INSCREVA-SE JÁ! Telef(s).: 223 395 410/ 2
pags 14, 15
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Estado Cônjuge
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NIB
Quais as colectividades de que faz ou fez parte
Porto, de de 200
Aprovado em sessão de Direcção
de de de 200
O Secretário,
Sócio n.º
Anexo 2 fotos tipo passe
CARO CONSÓCIO
Só com a sua colaboração podemos tornar o Ateneu Comercial do Porto ainda maior. Proponha mais um Associado.Para tal, basta que nos envie, devidamente preenchida, esta PROPOSTA DE ADESÃO
COMERCIAL DO PORTOATENEU REGISTO ANUAL N.º
O Proponente
Sócio n.º
Assinatura do Proposto,