revista nº 23

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1 REVISTA DA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS Jandir João Zanotelli (organizador) Pelotas Abril - 2012 No.23

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Publicação da revista da academia sul brasileira de letras

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Page 1: Revista nº 23

1

REVISTA DA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE

LETRAS

Jandir João Zanotelli (organizador)

Pelotas

Abril - 2012

No.23

Page 2: Revista nº 23

2

REVISTA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS

Fundada em 9 de maio de 1970

Diretoria

Presidente: Olga Maria Dias Ferreira

Vice-Presidente RS: Maria Beatrz Mecking

Vice-Presidente SC

Vice-Presidente PR: João Darcy Ruggeri

Secretário: Wilma mello Cavalheiro

Tesoureiro: Marísia Ferreira Vieira

Conselho Editorial

Ângela Treptow Sapper

Jandir João Zanotelli (organizador)

Joaquim Moncks

José Clemente Pozenato

Lígia Antunes Leivas

Maria Alice Estrela

Maria Beatriz Mecking Caringi

Sérgio Oliveira

Wilma Mello Cavalheiro

__________________________________________ Revista da Academia Sul-Brasileira de Letras- N 23 (Abril

2012)

Pelotas: EDUCAT, 2012.

Semestral. 150 p.

ISSN 1809-5540 CDD B869.05

Letras – Periódicos. 2. Literatura – Periódicos.

__________________________________________ Sede: Rua 3 de Maio 1060 – Conj.403 –

Pelotas – RS– 96010-620

E-mail- [email protected]

Page 3: Revista nº 23

3

SUMÁRIO

Apresentação...................................................................5

EVENTOS.......................................................................7

POESIA ........................................................................33

Interrupção – Wilma Mello Cavalheiro....................33

Às margens de um rio – Luiz Gonzaga da Silva.......34

A bolha de viver – Joaquim Moncks........................37

Amar é bom! ...(mas dói!) – Miguel Russowsky......39

TROVAS......................................................................41

TROVAS HUMORÍSTICAS.......................................43

CONTOS E CRÔNICAS.............................................45

Trabalhar – Jndir João Zanotelli...............................45

Encontros – Jandir João Zanotelli............................49

Histórias – Ana Gouvêa...........................................53

Colhendo Flores do Lácio – Jorge Moraes..............60

Sede...ção ou Sedução? – Jorge Moraes ................65

Amanhã muda a lua, talvez a porca dê cria! – Jorge

Moraes...72

Família – Francisco de Azevedo..............................80

A solução - Maria Beatriz Meckiing......................84

Em Paz – Maria Beatriz Mecking ...........................84

Consolo – Maria Beatriz Mecking...........................85

Junção de Dois – Inalva Nunes Fróes......................86

Page 4: Revista nº 23

4

ARTIGOS.....................................................................89

A Crítica segundo o autor novato – Joaquim Moncks89

Ditos populares – Jorge Moraes ................................93

A Ironia dos Eufemismos – Jorge Moraes..................97

Desculpar ou não? Eis a questão.- Jorge Moraes......103

ASBL – Estatuto Social...............................................113

ASBL – Cadeiras – Patronos – Titulares.....................131

Page 5: Revista nº 23

5

APRESENTAÇÃO

É outono. No hemisfério Norte é

primavera

Tempo de Páscoa. Tempo de vida nova.

Por aqui as árvores ainda são liberadas de suas

folhas. O inverno se aproxima ameaçando

recordes históricos.

A alegria das festas de investidura de

novos acadêmicos dão texto e contexto para

nossos textos.

Em Florianópolis, no recanto sul da

maravilhosa ilha, Ribeiraõ da Ilha, a posse

aconteceu nas dependências do Lindo e bem

estruturado Ecomuseu de Nereu do Vale Pereira.

Ele, Augusto César Zeferino e Luiz Carlos

Amorim foram empossados, respectivamente

nas cadeiras 50, 14 e 19.

Todos, na liderança de Pilati, Júlio e

Nereu armaram um espaço paradisíaco para o

ritual das letras que a ASBL jamais esquecerá.

Outra posse está programada para este ano.

Duas cerimônias mais estão previstas para

13 de abril e 15 de maio.

Page 6: Revista nº 23

6

No intervalo, a festa de aniversário, no dia

9 de maio. São 42 anos de ensaios, lutas e labor

pela palavra que é nosso dom e tarefa.

Enquanto choramos a ausência-presente

de Suelly Corrêa Gomes, e já neste início de

maio a de Valter Martins de Toledo, labutamos

em nossa tarefa da Palavra. Ela pode alimentar a

tantos espíritos, como nunca famintos de uma

fatia de Esperança.

Reiteramos a cada um o abraço fraterno

do Natal que se faz Páscoa e tempo de vida

apesar do desencanto ético que assola as plagas

de nosso país.

Jandir João Zanotelli

Coordenador.

Page 7: Revista nº 23

7

EVENTOS

1. SESSÃO DE INVESTIDURA

REALIZADA NO DIA 18/11/2011,

EM FLORIANÓPOLIS / SC

C O N V I T E

A ACADEMIA SUL BRASILEIRA DE

LETRAS, por sua Presidente Olga Maria Dias

Ferreira, tem a satisfação de convidar V. Exa. e

Exma. Família para a Solenidade de Investidura

em sua Seção Catarinense, dos Escritores:

Augusto César Zeferino – Cad. 50 - Ocupante

anterior Hoyêdo de Gouvea Lins - Patrono

Virgílio Várzea.

Page 8: Revista nº 23

8

Luiz Carlos Amorim – Cadeira 19 - Ocupante

anterior Lauro Junckes - Patrono Mário

Quintana.

Nereu do Vale Pereira – Cadeira 14 - Ocupante

anterior Lydia Mombelli da Fonseca - Patrono

Marcelino Antônio Dutra.

Local: Ecomuseu – Ribeirão da Ilha –

Florianópolis SC

Data: 18 de novembro de 2011, às 18h

telefone: 3237-8148 ou

[email protected]

Endereço do Ecomuseu: Rodovia Baldicero

Filomeno (dois quilômetros após a Praça da

Matriz do Ribeirão

www.pousadadomuseu.com.br

2. Discurso de posse do Acadêmico

Augusto César Zeferino

- Saúdo inicialmente a Senhora Presidente da

Academia Sul Brasileira de Letras, Dra. Olga

Maria Dias Ferreira, bem como os demais

Sócios aqui presentes.

Page 9: Revista nº 23

9

- Saúdo em especial o Acadêmico Júlio Queirós,

autor do convite para a minha investidura neste

egrégio, bem como o Acadêmico José Isac

Pilati, Vice-Presidente/SC.

- Saúdo, também, meus colegas Nereu do Vale

Pereira e Luiz Carlos Amorim, que hoje

comungam desta investidura.

- Senhoras e Senhores:

O convite que me foi dirigido para

adentrar tão seleto grupo de intelectuais desta

Instituição me fez, de início, questionar sobre a

própria vida como enlace entre o espírito e o

intelecto.

Como acadêmicos, perseguimos o

reconhecimento pelo nosso trabalho, mesmo

sabendo que a glória do mundo é transitória -

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI -, como diz

São Paulo em um de seus escritos.

Tratei, logo, de buscar respostas que me

mostrassem o caminho a seguir, para que o

espírito não viesse a sofrer, mas, sim, se

alegrasse com o exercício intelectual no novo

convívio, fortalecendo, ao mesmo tempo, a

minha vida familiar e de cidadão.

Page 10: Revista nº 23

10

Buscamos, na vida, um caminho, e nesse

sentido devemos procurar seguir o caminho que

passa em frente à nossa morada – ele sempre nos

levará a algum destino. Essa caminhada nos dá

um sentido na vida.

E é nesse sentido que nos respaldamos em

Alceu Amoroso Lima que, ao tomar posse na

ABL em 1935, disse que as funções literárias da

Academia são complementares e de duas ordens:

a de tradição e de manutenção do que ficou de

bom, e a de criação e de renovação da cultura

nacional. Este pensamento nos mostra um

caminho a seguir. É lição permanente e atual.

Somos livres para escolher aquilo que

fazemos, acreditamos em idéias e ações, muitas

vezes estando elas além de nossa capacidade

física, intelectual e emocional, mas não

desistimos, vamos à busca de resultados para a

lenda que imaginamos. Alcançá-la é ponto de

honra, mas mesmo não a alcançando, ela terá

ajudado a iluminar o caminho que porventura

tenhamos percorrido, e algo terá sido realizado.

Ao buscar respaldo na plêiade de literatos

com vistas à escolha do patrono, pensei,

inclusive, na minha origem geo-espacial e social,

e optei por Virgílio Várzea. As razões afloraram

Page 11: Revista nº 23

11

com clareza – Várzea nascera na Freguesia de

São Francisco de Paula de Canasvieiras -, vila

vizinha à minha comunidade – Praia dos

Ingleses, ambas vilas, então, de agricultores-

pescadores.

Virgílio Várzea, que nasceu em 06 de

janeiro de 1863 em Florianópolis e faleceu em

29 de dezembro de 1941 no Rio de Janeiro,

tendo, portanto, vivido 78 anos, trabalhou o mar

como poesia e prosa, e neste particular é

considerado o criador do marinhismo entre os

latino-americanos – seus escritos soam, às vezes,

como uma leve brisa que balouça o mar nas

cálidas noites enluaradas do outono ilhéu, outras

vezes se arvora de tempestade que varre a alma

em suas mais remotas lembranças.

Virgílio Várzes, que atuou firmemente no

movimento contra o conservadorismo

romântico, objetivando implantar a chamada

"Idéia Nova", ou seja, rompendo com o passado

e buscando a renovação estética do Realismo-

Naturalismo, movimento que atuou entre os anos

de 1883 e 1887, intitulado "Guerrilha Literária

Catarinense", foi patrono da cadeira 40 da

Academia Catarinense de Letras. Seu percurso

de marinheiro, treinado ainda menino, no qual

literalmente se lançou ainda aos 13 anos de

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12

idade, e que expõe uma geografia universal, não

somente o levou a outras terras e a outros mares,

mas o levou, também, a outros campos de

atuação – foi poeta, escritor, jornalista e ativista

político. Sua vida e sua obra o colocam como se

no mar fora concebido.

O Dr. Hoyedo Gouvea Lins, meu ilustre e

saudoso colega do IHGSC, que me antecedeu na

Cadeira 50 desta Academia, autor de dezenas de

livros, transcendia a qualidade padrão de um ser

humano – sua quietude provocava a admiração,

pois era carregada da aura da sabedoria e da

elegância. E seus escritos eram, mesmo, como

dito em uma de suas obras, apropriados para a

luz do entardecer!

Ambas as personalidades me respaldam

para comungar deste sodalício, mas conto,

também, com a participação dos colegas. Nosso

trabalho só pode crescer com a comunhão de

todos. Não há lugar para corrida de um atleta só

– a união faz a força, diz o velho e cansado

adágio, porquanto precisamos seguir produzindo

como partes de um todo, para que a vida seja

plena de conquistas. O mundo precisa de sábios,

mas precisa muito da sua essência – o amor. Esta

é a chave para o sucesso do homem e da

humanidade como um todo.

Page 13: Revista nº 23

13

Lembremos, finalmente, que a sociedade,

hoje, está a produzir uma questionável separação

entre ciências e humanidades, levando a crer que

―cada vez se sabe mais e mais sobre menos e

menos, quase tudo sobre quase nada‖, conforme

posto por Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça,

quando de seu discurso de posse na presidência

da ABL. Isto nos lembra o conto de Hans

August Thofeham, quando o menino pergunta:

afinal o que é um sábio? Ouviu ele que havia

dois tipos de sábios: os especialistas que cada

vez sabem mais sobre menos coisas, até saberem

tudo sobre nada, e os enciclopedistas - que cada

vez sabem menos sobre mais coisas, até saberem

nada sobre tudo! E ao perguntar o que era um

Geógrafo, ficou feliz o menino, pois soube, no

contexto da resposta, que as flores precisam

continuar a crescer e as águas a correr!

Muito obrigado.

3. A PUC - Pontifícia Universidade Católica do

Rio Grande do Sul, através do Magnífico Reitor

Dr. Joaquim Clotet dá início as comemorações

de "Luiz de Miranda, 45 Anos de Poesia

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(São Paulo,1967/Porto Alegre, 2012)", dia 23 de

abril, a partir das 17 horas, no Salão de Atos da

Faculdade de Arquitetura. Segue-se palestra do

Dr. Antonio Hohlfeldt sobre a obra do poeta.

Depois, João de Almeida Neto, a grande

voz do Rio Grande, canta quatro canções de

Miranda e poeta recita um dos seus poemas.

Após, segue o lançamento de "Salve Portugal", o

terceiro volume da coleção Luiz de Miranda da

EdiPUCRS.

Em setembro, sai o quarto volume da

coleção, com lançamento nacional de ―Amores

Amargos‖. Em outubro sai Miranda para inglês

ver: Antologia‖Luiz de Miranda‘Themes and

Poetry‖, ou seja ―Temas e Poemas de Luiz de

Miranda‖, ediPUCRS. Tradução e apresentação

de Eduardo Jablonski.

Haverá evento semelhante na Europa,no

mês de outubro, na Universidade das Illes

Balears, em Palma de Mallorca,

Espanha, coordenado pelo pensador e crítico Dr.

Perfecto Cuadrado, que faz uma Antologia

Poética de Luiz de Miranda, com apresentação e

tradução suas.

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15

No mês de novembro será homenageado no V

Festival da Poesia, em Parnaíba, Piauí, onde será

saudado pelo poeta Diego Mendes Sousa.

Serão outorgadas Dez Comendas Poeta Luiz de

Miranda da Real Academia de Letras a

personalidades daqui e da Europa.

Será criado um Selo do Correio com a foto do

poeta e escrito Poeta Luiz de Miranda, 45 Anos

de Poesia.

Miranda participará de eventos em Santa Maria,

Pelotas, Santa Cruz e Uruguaiana, Rio de

Janeiro, Belo Horizonte, também haverá

comemorações na Argentina, Paraguai e

Uruguai.

4. DISCURSO DE OLGA MARIA DIAS

FERREIRA na posse de Inalva Nunes Fróes

"A Literatura, segundo definição de

Afrânio Coutinho, como toda arte, é uma

transfiguração do real, a realidade recriada

através do espírito do artista e retransmitida

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16

através da língua para as formas, que são os

gêneros, e com os quais ela toma corpo e

nova realidade. Passa, então, a viver outra vida,

autônoma, independente do autor e da

experiência de realidade de onde proveio."

Em assim pensando, realizamos, nesta

noite,a festa da literatura, da recriação do real,

da vida e dos personagens. Festejamos o espírito

criativo do escritor, nas mais variada formas, em

todos os contextos. A palavra popular ou erudita

se expressa na criação do autor, expressando

sentimentos e emoções. Este o momento que

vivemos e festejamos.

A Academia Sul-Brasileira de Letras se

engalana e presta homenagem a mais uma

escritora a destacar-se no mundo artístico:

INALVA NUNES FRÓES.

INALVA, a empossanda de hoje, nasceu

em Bagé, sendo seus pais Alvérico Nunes e

Ercília Sains Nunes. Iniciando os estudos no

Colégio Salis Goulart, prosseguiu nos cursos

secundário e normal, desta feita no Colégio

Santa Margarida. Buscou a formação

universitária no Curso de Letras, licenciando-se

em Português e Francês, pela Universidade

Católica de Pelotas. Seguindo a jornada cultural,

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exerceu o magistério no Colégio Gonzaga,

Instituto de Educação Assis Brasil, Escola

Estadual Profª Sílvia Mello e na Escola Joaquim

Duval. Desempenhou, outrossim, as funções de

Supervisora Escolar, no colégio Salis Goulart,

Ao concluir o Curso de Pós-Graduação em

Metodologia da Pesquisa Educacional, tornou-se

especialista na área. Seu vasto currículo

apresenta, ainda, farta produção literária, onde se

encontram inúmeras crônicas publicada na

imprensa local e prêmios auferidos em

concursos. Consta também a participação na

coletânea de Contos da 1ª Oficina de Criação

Literária, sob o título ―Tarde demais para não

publicar.‖ Possui, obra de contos, no prelo e

publicou o livro ―Vida e Outras mulheres‖, em

que, segundo palavras textuais da escritora

pelotense, Hilda Simões Lopes, ―o universo

feminino é a matéria prima que Inalva Nunes

Fróes utiliza nos contos: dona de um texto

criativo, a autora instiga o leitor a percorrer as

perplexidades de suas personagens. Leva-nos,

assim às reflexões em torno ao papel da mulher

e,como não poderia deixar de ser, das demais

funções humanas na família e na sociedade.‖

Esta, meus caros amigos, a acadêmica que

adentra os umbrais da Academia Sul-Brasileira

Page 18: Revista nº 23

18

de Letras. Esta amante da letras e das artes veste

o manto do reconhecimento pelo mérito de seu

trabalho.

A sensibilidade de Inalva é extravasada na

pureza de seus contos. A vida em seu melhor

contexto é explorada e expressa nos mais nobres

sentimentos. A bravura é o ponto alto das

mulheres que ilustram o cotidiano. Desde a

emoção mais simples, ao mais complexo ideal

de sobrevivência, está a fortaleza de sua alma, na

grandeza dos ideais de justiça. Ler Inalva é

estabelecer um pacto de verdade, em que o

inverossímil parece forte demais para ser

abordado de forma serena. Inalva aborda a

obviedade dos fatos, a semelhança dos

contrastes, a fortaleza dos fracos.

Neste pauta, entendemos e apreciamos

sua arte, o acendrado amor à literatura, o

exemplo digno de uma verdadeira mestra.

Sejam-lhe, nesta noite de gala, ofertados

os galardões e louros da vitória. Ascender a uma

Academia de Letras é mais do que uma honra, é

Missão. Cumpre enaltecer seu nome, dentro da

rota traçada pela insigne Magda Costa, o

desempenho dos grandes escritores que nos

cercam e os que nos antecederam neste

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19

sodalício. Sirva-lhe, portanto, como estímulo

este momento, para que propicie aos pósteros a

magnitude de sua obra e outros livros venham,

para gáudio dos apreciadores assíduos da boa

leitura.

Sejas muito bem vinda, querida afilhada,

minha mais nova companheira, nesta Academia.

Que os céus te cubram de bênçãos, para que seja

feliz, cada vez mais, e, todos saibam

dimensionar tua verdadeira grandeza.

13/04/2012

5. Discurso de Inalva Nunes Fróes, por ocasião

de sua posse na ASBL – 13 de abril de 2012

Ilustres Acadêmicos

Excelentíssimas Autoridades presentes

Prezados Amigos

Queridos Familiares

É com muita honra e com a alma enlevada

que assumo a cadeira número 10 na

ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS.

Entidade cultural que conta com insignes

escritores, autores de obras valiosas conhecidas,

Page 20: Revista nº 23

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tanto no âmbito da cidade como do estado, do

país e internacionalmente.

Agradeço, portanto, a indicação do meu

nome, através de minha madrinha, a competente

poeta e exímia sonetista Olga Maria Dias

Ferreira que muito tem contribuído para as letras

pelotenses e aprovação por parte dos demais

acadêmicos que compõem esta conceituada casa

de cultura.

No discurso de posse, nossa ilustre

presidente, declarou o seguinte: ― Dos mais

remotos sonhos, aos tempos que me acalentam

as tardes do agora, só existe espaço para a

literatura como um todo, em sua defesa e

aprimoramento. Assim sendo, seguirei minha

rota, decidida e firme, de levar a literatura às

ruas, o livro ao povo, a poesia a crianças, jovens

e idosos, a todos indistintamente.‖

Palavras sábias, objetivos dignos de uma

intelectual que sempre esteve preocupada com a

verdadeira sapiência.

Essa postura, adotada por todos

integrantes da Academia Sul - Brasileira de

Letras muito me empolgou e vem de encontro

com meus princípios pessoais e literários.

Asseguro que não medirei esforços e que

tudo realizarei para acompanhar, de maneira

Page 21: Revista nº 23

21

positiva, esta caminhada no sentido de divulgar e

popularizar a cultura.

Reconheço grande responsabilidade ao

assumir a cadeira anteriormente ocupada pelo

saudoso Irmão Elvo Clemente na ACADEMIA

SUL-BRASILEIRA DE LETRAS, tendo como

patrono o grande poeta pelotense Francisco

Lobo da Costa.

Não poderíamos deixar de lembrar a

grande obra do saudoso Antonio João Silvestre

Mottin conhecido pelo nome religioso IRMAO

ELVO CLEMENTE que nasceu em Maróstica

(Itália) em 1921 e, com apenas três anos,

emigrou com a família para o Brasil.

Depois de licenciado (1948) concluiu

doutorado em Letras Clássicas na Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul

(1953) defendendo a tese ―Aspectos da vida e

obra de Francisco Lobo da Costa‖.

Fez concurso da cátedra Língua

Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica

do Rio Grande do Sul com a tese ―O temporal e

o eterno na poesia de Paulo Corrêa Lopes”.

Atuou como professor e fundador de um

dos programas de pós-graduação da Faculdade

de Letras da Pontifícia Universidade Católica do

Rio Grande do Sul.

Page 22: Revista nº 23

22

Colaborador da imprensa gaúcha e crítico

literário ele foi também autor de mais de trinta

livros, dos mais variados temas.

Presidiu organizações ligadas à cultura do

Rio Grande do Sul, tais como o Conselho

Estadual de Cultura e a Academia Rio-

Grandense de Letras, além de ter sido integrante

da Academia Sul-Brasileira de Letras, da União

Brasileira de Escritores e da Associação Rio-

Grandense de Imprensa.

IRMÃO ELVO CLEMENTE tinha o dom

das línguas, deixou-nos vasta e variada produção

literária e conforme seu depoimento utilizava,

nas aulas de língua ou literatura, na

Universidade poemas do inspirado poeta Lobo

da Costa. Declarou também ― Como era

interessante e belo ouvir recitações do Lobo por

gente do povo, tanto na Capital quanto no

interior do Estado‖.

Apresento-vos, através de alguns versos

contidos no poema ―Aquele ranchinho‖ o poeta

Francisco Lobo da Costa que ocupou lugar de

destaque na literatura rio-grandense, pelo valor

de sua poesia e pela imortalidade de suas

composições.

“Tu me perguntas a história

Daquele triste ranchinho,

Que abandonado encontramos

Page 23: Revista nº 23

23

Coberto por negros ramos

Contou-me o velho moleiro

Há pouco menos de um mês.

(E continua a história

aguçando nossa curiosidade sobre o desenrolar

dos acontecimentos).

Este é um dos poemas mais conhecido da

população regional. Pessoas de todos os níveis

sociais recitavam, há alguns anos atrás, no

mínimo, algumas estrofes.

Os versos ficaram na memória do povo,

que embora já não lembrasse o nome do autor,

continuaram vivos como monumento cultural e

ficaram pertencendo ao folclore.

A perda da autoria, nessas condições, é

glória máxima a que um poeta pode aspirar. É a

certeza de que seu texto alcançou aquela

dimensão da linguagem que o torna um objeto

intocável e permanente, mesmo através da

transmissão oral.

Este ilustre poeta FRANCISCO LOBO

DA COSTA nasceu em Pelotas, Rio Grande do

Sul, no dia 12 de julho de 1853. Seu pai Antonio

Cardoso Costa era natural de Santa Catarina e

sua mãe Jacinta Júlia da Costa, da Bahia.

Em 1865, com doze anos de idade, exalta

em versos o feito das armas nacionais, por

Page 24: Revista nº 23

24

ocasião da rendição da cidade de Uruguaiana,

ocupada pelos paraguaios. O poema é publicado

no jornal ―Eco do Sul‖ de Rio Grande.

Aos quatorze anos, os negócios do pai não

vão bem e emprega-se no cartório de Francisco

José das Neves, onde, espírito sonhador e já

voltado para a poesia, distrai-se do trabalho

desinteressante para rascunhar seus poemas.

No ano seguinte passa a trabalhar numa

agência do telégrafo, o que lhe disponibiliza

mais tempo para dedicar-se à leitura,

principalmente, dos grandes românticos

brasileiros. Compõe versos que vai publicando

na imprensa.

Em Rio Grande, a ARCÁDIA, jornal

literário que divulga novos talentos, publica seus

poemas.

Em 1869 deixa o telégrafo para dedicar-se

às letras. É uma decisão séria para um jovem de

dezesseis anos, destituído de recursos

econômicos.

Funda o jornal ―Castália‖, de breve

duração. Continua a publicar poemas na

―Arcádia‖, onde faz sua primeira tentativa de

ficção narrativa, o romance ―Heloisa‖.

Page 25: Revista nº 23

25

Faz sua iniciação jornalística no JORNAL

DO COMÉRCIO que substituíra a Arcádia, cujo

proprietário viera para Pelotas.

Em 1871 sai do Jornal do Comércio para

fazer parte da redação do DIÁRIO DE

PELOTAS, transformado em centro de reuniões

dos republicanos e abolicionistas.

Por esse tempo, como poeta e jornalista,

freqüenta a sociedade, onde, conforme

comentários da época, apresentava-se ―modesto,

atraente, elegante e amável, despertava viva

simpatia‖. Possuía o dom de encantar,

principalmente, o público feminino

Desse contexto resulta o relacionamento

com a família de Saturnino Epaminondas Arruda

a que pertence a ― MARIA‖ de seus poemas,

segundo ―Morivalde Calvet Fagundes‖.

É nesse ano que morre sua mãe, perda da

qual se ressentirá para sempre. Dedica, então,

um grande afeto a sua pequena irmã

IDELVIRA. Tentando recuperar-se do golpe sofrido,

transfere-se para Rio Grande onde é recebido na

casa da família MELO.

Devotadas à poesia, REVOCATA

FIGUEIROA DE MELO e suas filhas

reconhecem o talento do poeta e dedicam-lhe

duradoura amizade

Page 26: Revista nº 23

26

Entra para a redação do ECO DO SUL,

em cujas oficinas imprime e edita o romance ―

ESPINHOS DA ALMA‖ e o livro de poemas

―ROSAS PÁLIDAS‖.

Compôs, também, outro livro,

―MARIPOSAS‖, inédito, segundo o Almanaque

Estatístico do Rio Grande do Sul ( 1889). Buscas

feitas desde o século passado não localizaram

esses dois livros de poemas.

No ano seguinte, desligando-se do Eco do

Sul, torna-se redator de O Investigador . Aí

anuncia a publicação de ―Romances da

Província” e “Tempestades no Lar” (drama),

obras que também se perderam. É desse ano o

ensaio “O jesuitismo”.

Em 1874 a Grinalda publica novos

poemas de Lobo da Costa que continua a

colaborar nos jornais de Pelotas, firmando sua

reputação literária.

Mais tarde, hospeda-se, por algum tempo,

na estância de Molhos, Uruguai, onde se

encontra com Maria, a musa inspiradora de seus

mais belos poemas de amor.

Embora lesse muito sobre variados temas

e autores, sentia necessidade de uma formação

mais sólida e sistematizada. Decide estudar

Direito em São Paulo, onde leva uma vida

desregrada e boêmia. Continua produzindo

Page 27: Revista nº 23

27

versos e por influência de Carlos Ferreira, poeta

gaúcho, consegue publicar “Lucubrações”,

único livro de poemas editado pelo autor que

sobrevive, hoje, em exemplares raríssimos.

Com a saúde debilitada, volta ao Sul. Em

Pelotas, retoma suas atividades literárias.

Em janeiro de 1876, o jornal ECO DO

SUL registra a estréia da peça ―O Maçom e o

Jesuíta‖ em Rio Grande no teatro SETE DE

SETEMBRO. Primeira experiência do jovem

escritor no ramo da dramaturgia.

Em Pelotas é chamado a colaborar no

―Jornal do Comércio‖.

Funda ainda dois jornais literários ―

Lanterna‖ e ―Trovador‖, de existência efêmera.

Já há algum tempo, vinha se entregando

ao alcoolismo que domina sua alma sensível e

romântica. A jovem a quem amava, pertencente

à família de destaque na sociedade, afasta-se

dele, definitivamente.

Torna-se assíduo colaborador do

Progresso Literário, onde publica um dos seus

mais belos poemas, “À Beira-Mar”, os contos,

―A Cabana de Violetas‖, ―Fantasias de um

morto‖, e a crônica ―Sabatina‖.

Vai para Rio Grande mais uma vez e,

retornando a Pelotas retoma os trabalhos no

―Onze de Julho‖.

Page 28: Revista nº 23

28

Na luta política entre conservadores e

liberais, a imprensa promove campanhas

violentas. Os ataques excessivos do Onze de

Julho provocam a reação dos ofendidos que

decidem inutilizar a tipografia do Jornal.

Moncorvo Júnior e Lobo da Costa fogem para

Jaguarão onde continuam a editá-lo.

Encontra-se com a jovem Carolina

Augusta Carnal e casa-se com ela no dia 27 de

setembro de 1879. Desse casamento nasce uma

filha chamada Amanda.

Esta união não se mantém e, já separado

da esposa, permanece algum tempo em Arroio

Grande, na residência da família Araújo. Volta a

Jaguarão. Torna-se secretário de um grupo

teatral, acompanhando-o a Pelotas e Porto

Alegre.

Desliga-se do emprego e busca colocação

nos jornais da Capital. ―A Tribuna‖ de Marcos

Menezes Correia de Castro, aceita-o, mas pelos

escândalos que provoca, o jornal é destruído pela

população.

As desventuras não o afastam da poesia. O

jornal ―O Lábaro‖ recebe sua colaboração por

mais de dois anos.

Tem pronto um livro que se esforça,

inutilmente, para publicar e cujo destino ignora-

se ate hoje.

Page 29: Revista nº 23

29

Volta a Pelotas com a saúde

comprometida, mas a imaginação continua viva.

Escreve o ―episódio poético-dramático‖

Espinhos e Flores para a atriz Julieta dos

Santos, encenado no teatro Sete de Abril, pela

Associação Dramática, dirigida por Moreira de

Vasconcelos. Transfere-se para D. Pedrito e

redige, por algum tempo, ―A Fronteira‖,

colaborando também na ―Gazeta Pedritense‖.

Lança, então, seu melhor texto dramático “O

Filho das Ondas”, representado pela Sociedade

Dramática Tália Pedritense, com dezenas de

representações nos palcos de várias cidades do

Rio Grande do Sul.

Entre 1883 e 1885, vagueia entre Pelotas,

Bagé e Porto Alegre.

Já não pode trabalhar e, muito doente,

concorda com parentes e amigos que o

aconselham a tratar-se. Fiel a sua poesia,

compõe sempre e retribui com versos a atenção

das pessoas que o visitam na Santa Casa.

A cidade, consternada com sua situação,

mobiliza-se para auxiliá-lo. Ainda faz versos.

São os últimos frutos de sua criação. Quando

melhora, volta às ruas e aos mesmos hábitos.

Cada vez mais doente, o poeta retorna à

Santa Casa. Seu quarto torna-se um lugar de

peregrinação.

Page 30: Revista nº 23

30

Trabalhou, ainda, num poema de

exaltação à gente farroupilha, um ambicioso

projeto que não pode concluir.

À tarde do dia 18 de junho de 1888, Lobo

da Costa sai do hospital sem destino certo.

Buscam-no, mas não o encontram. Cai uma

noite gelada e chuvosa de inverno.

Quando amanhece, um carroceiro entra

em Pelotas, ainda adormecida, com o corpo

inerte do poeta, encontrado ao relento, bem

próximo a rua Santa Cruz.

Desaparece mais uma estrela na

constelação do céu literário de nossa Princesa do

Sul, mas como toda estrela sua luz não se apaga.

Continua brilhando através de uma obra extensa:

romances, contos, crônicas, peças de teatro, em

sua maioria perdidas, e textos que produziu

como jornalista. Sem data precisa são os dramas

Os Amores de um Cadete, A Bolsa Vermelha e

Assunção ou a morte do Tirano Lopes em

Aquidaban.

A parte mais importante dessa obra, no

entanto, é constituída por centenas de poemas

que publicou nos jornais da Província.

Deve-se a Francisco de Paula Pires a

compilação da grande maioria desses poemas em

três livros póstumos: Auras do Sul, Dispersas e

Flores do Campo, Prosa e Verso. Desses livros

Page 31: Revista nº 23

31

Mansueto Bernardi selecionou ―As Melhores

Poesias‖, que a Globo editou em 1927.

Morivalde Calvet Fagundes identifica no

poeta e prosador, várias facetas de sua produção

literária: lírica, épica, social, abolicionista,

democrata, satírica, nacionalista, regionalista,

pelotense, bucólica, indianista, folclorista,

religiosa, sonetista e epistolar.

Sua obra torna-se imortal por suas

características de permanência e universalidade.

Pode-se colocar em primeiro plano e

como motivadora da maioria de sua produção

lírica a palavra ―paixão‖.

Paixão pela mulher, representada em seus

versos, por flores humildes, açucena, lírio,

violeta ou camélia. No vocabulário predominam

flor e rosa, metáforas do amor ideal que em vão

procura.

Sentimento traduzido em suas palavras:

“Se és fada, acorda desse encanto

mágico,

Onde te engolfas a sonhar, mimosa!

Se és flor, reabre o vaporoso cálice

Aos beijos mornos deste amor que nasce”.

Amor não correspondido e algo

inalcançável transformaram-se em poemas

líricos belíssimos.

“ Jurei! Meu protesto selei-o com prantos

Page 32: Revista nº 23

32

Chorados em noites de ausência sem fim

Não há quem me arranque do peito esse

afeto

Que és tu sobre a terra senhora de mim!”

Como todo poeta, fantasiou muito,

exagerando suas mágoas e sofrimentos do

coração. Nada se sabe ao certo, senão que amou

demasiadamente e o resultado de tanta paixão,

de tanto esbanjamento de amor, foi viver

sozinho e morrer solitário, talvez, por opção,

conforme seus versos:

“Adeus! Eu vou partir. Por que soluças?

Que eu te diga este adeus – manda o

destino!

Eu sou náufrago vil, sem norte ou guia.

Açoitado por ventos de agonia

Nas cavernas fatais do coração”.

Mas, o poeta não partiu, continua presente

através de seus versos no coração do povo e com

certeza, na alma, da ACADEMIA SUL-

BRASILEIRA DE LETRAS.

Agradeço a presença de todos!

Inalva Nunes Fróes

Page 33: Revista nº 23

33

POESIA

INTERROGAÇÃO

Wilma Mello Cavalheiro

Meu Deus, quanta discórdia neste mundo

a humanidade embruteceu de vez,

a hipocrisia é um manancial sem fundo,

a luxúria exibe a sua nudez.

Será, Senhor, que o crime é oriundo

da ganância, da nossa pequenez,

da falta de um amor grande e profundo

que nos devolva a fé e a honradez?

Há um singular e desigual combate

entre o bem e o mal, que só abate

a quem perdeu a fé e segue andando.

Te peço, a covardia nunca nos arraste,

que cada homem encontre, neste embate,

a sua paz em sonhos velejando.

Page 34: Revista nº 23

34

ÀS MARGENS DE UM RIO

Luiz Gonzaga da Silva

GOSTO DA BEIRA DE UM RIO.

AS MARGENS ME INSPIRAM A ESCREVER

SOBRE A VIDA, SOBRE OS

ACONTECIMENTOS QUE A ENVOLVEM.

AS ÁGUAS QUE CORREM TRANQÜILAS

OBJETIVANDO CHEGAR AO MAR

SÃO COMO A CORRERIA DO SER HUMANO

TENTANDO ALCANÇAR OS OBJETIVOS SONHADOS

E ALIMENTADOS PELA ESPERANÇA.

OS ENTULHOS TRAZIDOS

PELAS ENCHENTES

QUE TENTAM IMPEDIR

Page 35: Revista nº 23

35

A PASSAGEM DAS ÁGUAS

SÃO COMO OS OBSTÁCULOS

QUE ENCONTRAMOS PELOS

CAMINHOS QUE TENTAM OBSTRUIR

A CONCRETIZAÇÃO DOS NOSSOS SONHOS.

É MUI SALUTAR O AR QUE SE RESPIRA

ÀSMARGENS DE UM RIO,

O MURMÚRIO DAS ÁGUAS

QUE PASSAM NOS INDUZ

A UMA PROFUNDA REFLEXÃO.

QUE SER PODEROSO CONSTRUIU

TODAS ESSAS MARAVILHAS?

QUE SABEDORIA ILIMITADA

CONSEGUIU PLANEJAR E EXECUTAR

TÃO ENTUSIAMANTE ESPETÁCULO?

QUE PODER EXTRAORDINÁRIO

ESTABELECEU OS LIMITES

Page 36: Revista nº 23

36

PARA TUDO QUE EXISTE?

PARA AS ÁGUAS QUE DESCEM EM CASCATA

NOS EXTASIANDO O OLHAR,

AS ORLAS CILIARES QUE ENCANTAM

PELA DIVERSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES,

AS AVES QUE BUSCAM REFÚGIO

E SOBREVIVÊNCIA NAS ÁGUAS

E O SOM QUE EMITE OS SEUS CANTOS.

GOSTO DAS MARGENS DE UM RIO,

POIS É ALI QUE NA MEDITAÇÃO

CHEGO A CONCLUSÃO DE QUE

É MARAVILHOSO FAZER PARTE

DESSE IMENSO PROJETO

EXECUTADO POR DEUS.

Page 37: Revista nº 23

37

A BOLHA DE VIVER

Joaquim Moncks

Um jovem professor de Literatura, em

sala de aula, tenta abordar a temática da Poesia,

e empolgado, faz pilhéria com os alunos do

ensino médio, todos muito temerosos com a

prova do vestibular. Dono da bola, pleno de

humor, toma um gole d‘água, e na maciota reza

a sua fala... O poema pode ser visto assim: um

maluco em meio a um jardim de muitas flores,

com uma bolha de sabão estalando nos lábios,

junto ao canudinho, e na outra mão, o caneco

amassado da infância... O lirismo é incomum e

inusitado. Sua função no mundo é a de propor o

encantamento, tal o arco-íris dentro da lépida

bolha de água e sabão: faceira, efêmera,

brilhante, a ponto de chamar a atenção para ela e

para a doidice de fazer pequenos sois de água e

sabão. Neste momento o esquálido jardineiro

utiliza pernas-de-pau – que é o que o liga à

realidade – e com elas fica mais alto do que os

arbustos. E de imediato, num repente, talvez

uma nesga de céu desça pra nos mostrar o arco-

da-velha ao alcance das mãos. Mesmo que se

Page 38: Revista nº 23

38

queira guardar os rascunhos nas gavetas, a voz

poética foge para mostrar-se. Porque em Poesia,

o estado de espírito nunca será realmente

passado a limpo.Dentro e fora da bolha de

viver... Os alunos entreolham-se. No corredor,

ouve-se a sirene que anuncia o final da aula.

Alguns desataviados – uns poucos – em

algaravia, atropelam uns e outros, varando o

pátio da escola, direto para o jardim. É inverno.

Não há flores. Somente o busto de Castro Alves

e sua mão estendida aos inconformados...

– Do livro A POESIA SEM SEGREDOS, 2012.

Page 39: Revista nº 23

39

AMAR É BOM!... (MAS DÓI!)

Miguel Russowsky

Amar é bom!... (mas dói). Tal como a seda,

agrada ao tato, alisa... e rompe à toa,

ave, sem galho fixo, na alameda,

ao menor dos zunzuns, se espanta e voa.

Amar é bom, mas dói!... Então conceda ,

mais tolerância caso o amor lhe doa!...

Nem vá dizer que a vida seja azeda,

quando alguém, a quem ama, lhe atraiçoa.

O amor é bom, mas...dói. Não interfira!...

Deixe que role ao Deus dará, sem juras!...

Promessas são prenúncios de mentira.

Page 40: Revista nº 23

40

O amor é bom!... (mas dói). Assim são todos.

E os que não doem, nem causam penas duras,

são meras formações de húmus e lodos.

Page 41: Revista nº 23

41

TROVAS

Na ternura desta hora

queria ter o direito

de colher a cor da aurora

para enfeitar nosso leito

Wilma Mello Cavalheiro

Bonança e paz sobre a terra,

é tudo o que eu peço a Deus,

para que as armas de guerra

virem peças de museus!

Aloísio Alves da Costa – Fortaleza CE

Quando eu grito: - Deus me acuda!

– que o peso entorta meus passos,

Deus não tira o peso, ajuda,

pondo mais força em meus braços!

Pedro Ornellas – S. Paulo – SP

Page 42: Revista nº 23

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Por este amor insensato

eu sei que o céu me condena,

mas a escolha de meu ato

eu troco por qualquer pena.

Alonso Rocha – Belém – Pará.

Page 43: Revista nº 23

43

TROVAS HOMORÍSTICAS

Se o lobo mau fosse esperto,

não tinha pego o desvio.

Em vez da vovó, por certo,

um ―chapeuzinho‖ macio!

Lizete Johnson – Porto Alegre-RS

A vida é feita de escolhas,

os acertos festejamos...

O duro é virar as folhas

nas tantas vezes que erramos.

Milton Souza – Porto Alegre - RS

Page 44: Revista nº 23

44

Page 45: Revista nº 23

45

CONTOS E CRÔNICAS

HISTÓRIA CRÍTICA -TRABALHAR1

Jandir João Zanotelli

―Quem muito trabalha não tem tempo para

ganhar dinheiro‖. Se o trabalho se medisse pelo

dinheiro que dele resulta, pode-se dizer que

trabalham apenas os jogadores de futebol, os

atores de TV e os políticos. Os agricultores, os

criadores de gado, os produtores de alimento, de

tecidos, casas, estradas, energia, os professores,

não trabalham. Os banqueiros, os manipuladores

financeiros, os jogadores das bolsas de valores,

estes trabalham muito. Mais do que todos os

outros. Vê-se o que eles ganham. O exercício

dos serviços essenciais, saúde, educação,

segurança, não é trabalho.

Os imigrantes italianos, alemães, franceses,

japoneses... vieram para o Brasil para não mais

trabalhar para os outros. O feudalismo, onde o

Senhor explorava os servos da gleba, como

1 Os dois textos a seguir são das ―colunas‖ jornalísticas semanais

que a ASBL mantem.

Page 46: Revista nº 23

46

semi-escravatura, findava na Europa ao longo da

primeira metade do século XIX. Os imigrantes

vêm para serem patrões, senhores de seu próprio

trabalho. “Esser paron...” E pensaram que o

trabalho enriqueceria. Era preciso trabalhar com

afinco, desde antes de o sol nascer até bem

depois do sol posto. As cicatrizes do trabalho

eram troféus a expor, como quem volta vitorioso

da guerra. O descanso era apenas uma pausa

para maior trabalho. Apenas para recuperar as

forças.

Depois veio a dolorosa lição: o dinheiro,

fruto de seu trabalho não fica com quem

trabalha. Fica com o intermediário que manipula

seu produto no mercado. E no mercado, quem

tem força não é quem produz ou comercia mas

os donos do setor financeiro.

E então o trabalho voltou a ser interpretado

pelos imigrantes e seus filhos como imposição

do Criador, castigo pelo pecado, redenção da

culpa... Foi Deus quem criou os homens com a

diversidade de vocações: criou alguns para

governar (deu-lhes sangue azul), outros para

rezar e pertencer à hierarquia da Igreja, e criou

os outros, a maioria, para trabalhar.

Marx ensinou que a essência do homem é o

trabalho. Não, porém, o homem transformado

em força de trabalho para o capital. O homem é

Page 47: Revista nº 23

47

trabalho vivo: que tem necessidades, que arranca

da natureza o fruto ou produto para satisfazer

sua necessidade e que ao consumir o produto

refaz a vida como festa de ser. E isto em

comunidade. Em sociedade com os outros.

Porque o homem é essencialmente social.

No sistema capitalista implantado no

Ocidente, o fruto do trabalho era roubado por

alguns, limitando o trabalhador a ser mera força

de trabalho para o capital que se amontoa e se

reproduz a si mesmo. O capitalismo é a negação

do trabalho. É a efetivação e a louvação da

exploração do trabalho.

A superação da exploração do trabalho

aconteceria no socialismo e, ao final, no

comunismo. Aí ninguém mais seria explorado

em seu trabalho. Cada um daria tudo o que

pudesse e receberia tudo o de que necessitaria. O

tempo de trabalho seria diminuído. Haveria mais

tempo de lazer, de cultura, de liberdade. A

propriedade dos meios de produção seria do

Estado que cuidaria da necessidade de todos.

Esqueceu-se Marx que a propriedade,

privada ou coletiva não importa, é a fonte e raiz

de toda a exploração do homem pelo homem. E

os caminhos, ou descaminhos históricos para

esta meta, já os conhecemos. A denúncia da

exploração e dos mecanismos que levam a ela

Page 48: Revista nº 23

48

permanecem, porém, uma grande lição histórica

desse pensador.

Não só de pão vive o homem... e muito

menos do pão permanentemente dado como

esmola. Jamais se pode negar um bocado de pão

ao faminto. Mas dar ao faminto o pão tirando-

lhe a dignidade é mais do que matá-lo. O pão

que o homem come e sacia sua fome sempre tem

o sabor de seu suor e da chuva que vem do alto.

Ou não é pão. É amargo demais o pão que só

tem gosto de suor. É insosso demais o pão que

só tem gosto de chuva. Pelo trabalho, o homem

semeia, colhe, cozinha, parte e reparte o pão. E

encontra o divino no humano que se faz

comunidade.

No Brasil, o trabalho que era a expressão da

liberdade e vitalidade dos índios, passou a ser

símbolo, e expressão de escravidão, de exclusão

e negação humana. Por isso, hoje, quem trabalha

não tem tempo para ganhar dinheiro. E, dizem e

repetem os meios de comunicação, o que

importa é ganhar dinheiro, enriquecer acima de

tudo e de todos. Assim fazem muitos políticos,

os bancos, os especuladores.

Festa do trabalho?

Do trabalho vivo. É preciso que seja.

Page 49: Revista nº 23

49

ENCONTROS

Jandir João Zanotelli

Tivemos o 7º. Encontro mundial da

família Zanotelli. Dias 28 e 29 de janeiro

transcorrido. Foi em São Miguel do Oeste, SC.

A turma de Misiones e Las Perdizes da

Argentina, região do vinho e do gado. A turma

da Itália, especificamente de Cembra, pertinho

de Trento, com 26 pessoas e um coral magnífico

e que encheu o encontro com melodias antigas e

novas, burlescas e saudosas, de montanhas,

vales, amores e de fé. A missa inaugural foi toda

cantada por eles, numa comemoração dos

valores pelos quais os antepassados migraram e

os pósteros fundam suas esperanças. Um pouco

de ar para respirar vida comunitária e familiar.

Como todos insistiram, o encontro e o

sobrenome são apenas pretexto para o abraço,

para a felicidade de estar e prometer sempre

estar juntos. O esmero no acolhimento por parte

das lideranças municipais (Prefeito, Câmara de

Vereadores, e as mais diversas chefias) se fez

notável especialmente no alimento (churrasco de

costelão e porcos no rolete, feijoada etc), tudo

preparado pela comunidade que se integrou à

Page 50: Revista nº 23

50

festa e lhe deu o sabor especial da região. E as

lideranças sublinhavam que aquela não era

apenas a festa dos Zanotelli e sim a festa e

proposta para todos as famílias de S. Miguel.

Num mundo em que esses valores

desmoronam e são substituídos pelo

individualismo, neo-liberal e consumista,

guardar a memória da solidariedade, da

participação, da fidelidade, da ajuda aos mais

fracos, da valorização do trabalho e do lazer que

se faz canção e oração, é algo que comove e

reanima.

Sem alardes nem protocolos, uma reunião

de família pode colocar a vida em seu devido

lugar. É então que a comunidade se mostra como

o espaço único, insubstituível da vida humana. E

o mundo globalizado, o mundo geral, o mundo

do anonimato, o mundo virtual da economia de

mercado, do individualismo liberado para o

nada, se mostra como o avesso do humano, da

felicidade real do viver.

Há muito tempo que a vida pública, a vida

laboral, a vida social, política e até religiosa se

destacou, se desvinculou, se alienou da família.

Muitos pensam que isto é o progresso, a

evolução natural das coisas.

Por outro lado a vida familiar de alguns

passou a determinar toda a vida política,

Page 51: Revista nº 23

51

econômica e até cultural dos outros. E por mais

que se disfarcem as relações sociais,

empresariais e partidárias em ―familiares‖, o

sentido profundo da família parece proscrito,

banalizado, proibido. Manifestações de afeto, de

carinho, de saudade, e solidariedade parecem

demonizadas como atraso, descontrole, fraqueza

e superstição...

Família numerosa, como foi a dos nossos

pais e avós, especialmente entre os imigrantes,

era tida como bênção de Deus, como garantia da

força de trabalho e segurança da comunidade.

Passou, depois, a ser um peso inútil e até uma

irresponsabilidade, especialmente assim pensada

por aqueles que deveriam garantir lugar de

trabalho, educação e saúde.

No bojo, porém, dessa família numerosa,

medravam os valores que, desde sempre,

moldaram a humanidade do homem: a posse

comunitária e não a propriedade individual das

coisas; a ética da solidariedade, do auxílio

mútuo, especialmente ao mais fraco e

desamparado; não mentir como norma

fundamental; a fidelidade à palavra dada; não

explorar os outros... e nisto tudo a experiência da

transcendência não só como rito mas como

lastro existencial de ser. É verdade que nem

sempre estes valores valeram e valem em nossas

Page 52: Revista nº 23

52

famílias. Mas eles são o ―dever ser‖ que mede o

agir, o fazer e o ser.

Pois bem, quando a família ―está em

liquidação‖ pelo preço mais barato possível, e

não estamos falando nos tipos sociológicos de

organização da família (nuclear, ampla ou

diminuta) e sim nos fundamentos de ser em

família, um encontro familiar que busca raízes

para alimentar a esperança, faz bem ao coração.

O encontro sempre faz bem.

A árvore genealógica dos Zanotelli, por

nós organizada com a colaboração de muitos,

evidencia a presença de mais de 10.000 pessoas

com este sobrenome ou vinculados a ele, no

Brasil. Desde Livo e Cembra na Região de

Trento, essa família migrou, a partir de 1874

para as mais diversas pátrias da terra: Austrália,

Canadá, EEUU, México, Argentina e no Brasil

localizou-se especialmente n Rio Grande do Sul

e Espírito Santo. Mas, sobrenome é apenas

pretexto.

Como membro da Academia Sul-

Brasileira de Letras tive a alegria de

experimentar o suculento sabor da palavra em

forma de dialeto, de canções e de muito abraço.

Desejo também a você, leitor, experiências de

viver e conviver assim.

Page 53: Revista nº 23

53

HISTÓRIAS

Ana Gouvêa

A gente vai falando tanto e acaba se perdendo

entre os assuntos. Os textos idem... Histórias

quase autobiográficas de um casal, textículos de

uma adolescente gaúcha, contos aleatórios (ou

desabafatórios, se o Aurélio me permite o

neologismo), camisetas e gauchismos. Vamos

organizar as ideias?

Sou canoense, 35 anos, casada há 8, quase

cega há 24 (porque descobri aos 11 anos, antes

disso eu era só estabanada) e seria uma típica

guria de apartamento se não tivesse um pai

baiano que nos levasse á praia em julho. Larguei

emprego em Porto Alegre, deixei a proximidade

com a família e vim morar no interior da Bahia

por um amor que me amava platonicamente.

Nem tenta entender, adiante peregrinho.

Desde 2005 eu tento me adaptar a esta

vida de cidade pequena, ruas de terra e calor

intenso, sendo eu tão "cidade grande" e com

tanta vontade de civilização. Meu filho saciou

uma sede que eu não sabia que tinha, mas todas

as outras ânsias eu trato escrevendo. Isso ficou

Page 54: Revista nº 23

54

claro no conto do Feijão de Andu, e quem me

conhece entendeu cada frase do Silêncio como

uma quase redenção. Enfim, eram só duas

linhas, desculpa, deixa eu transformar isso num

twit: "Canoense vivendo no interior da Bahia,

formada na UFPR, empresária, mãe, legalmente

cega e esporadicamente escritora."

A Julieta Cristina é uma guria de uns 22

anos, estabanada e com ímã pra gente de nome

esquisito. Tem um irmão mais novo pra

pentelhar seus momentos de diversão, a mãe se

comporta como uma gatora de 17 anos e a

cachorra, uma São Bernardo chamada Sinfonia,

transforma aem baba grande parte de seus

objetos de estimação. São 25 histórias curtas,

"Gramática" é uma das minhas prediletas. Juju

foi dormir na casa do namorado e...

Gramática

- Bom dia. Aqui é o Anacoluto, quem fala por

favor?

- Anacoluto? Aqui é a Antonomásia. Ah, vai te

catar, isso são horas de passar trote gramatical?

Putzgrila. Cinco e meia da manhã, primeira vez

que o Mário dorme aqui em casa e o telefone

nos acorda? Saco.

- Quem era, amor?

Page 55: Revista nº 23

55

- Desculpa te acordar, paixão. Era um doido se

dizendo figura de linguagem...

- Anacoluto?

-É...Por quê?

- Cris, é o tio Anacoluto, que vai levar a gente

pra praia!

- Ai meu Zeus, eu esqueci! Desculpa, mas

vamos combinar que o nome dele não é muito

usual... E a ligação me pegou de surpresa, eu

tava dormindo tão gostoso!

- Isso me dá ideias! O que tu acha de a gente...

Triiiiiimmmmmmm

- Alô?

- Oi, aqui é a Eujácia, o Mário tá por aí?

- Bom dia, Dona Eujácia. É a Cris.

- Oi lindinha! Vocês já estão prontos? O Tuto

ligou há pouco, mas acho que se enganou, pois

me disse que alguém muito grosseiro atendeu.

- Capaz tia! Aqui o telefone não tocou...Bem, dá

10 minutos que a gente tá no jeito!

- Certo fofinha, já nos vemos!

Ufa, ainda bem que fiz as malas ontem. Ai,

xiriguidum, depois de uma noite perfeita vem

um findi na praia com o meu amor, que delírio!

- Bom dia, meninos! A mim, você pode chamar

tio Anacoluto, combinado Julieta Cristina?

- Certo, tio Anacoluto. E que belo anacoluto o

senhor construiu na frase, hein?

Page 56: Revista nº 23

56

- Grande menina! Garanto: gostas de gramática.

- Verdade, gosto sim. Agora deixemos de

aliterações e vamos à praia?

- Chega de papo, vocês dois: já passei filtro solar

e quero tomar um torrão até o meio dia, já pro

carro!

- Isso mesmo, tia Eujácia. Tô tri nas pilha de

pegar umas ondinha.

- Assassino! Não destrate assim o pai Aurélio!

- Calma, tio Anacoluto, estou apenas

parafraseando um surfista amigo meu, é

brincadeira!

- Ufa. Então está certo. Sem mais onomatopéias,

todos pra dentro do vumvum!

Ai meus sais. Isso vai ser engraçado. Espero...

- Achei que era em Tramandaí, tio... Pra que

praia a gente vai?

- Julieta Cristina, isso foi quase uma alit...

- Chega, eu falei! Cris, a gente vai pro Cassino,

o Euclides gosta de espaço.

- Euclides? Esse eu não conheço, tia Eujácia.

- É o nosso cachorro, querida. Ele é um pouco

grande, por isso a gente deixa ele na casa da

praia, tem mais espaço.

- É, não se pode negar que ele tenha espaço no

Cassino...

-Bom,chegamos.

Page 57: Revista nº 23

57

Pelamordedeus! Isso é uma casa de praia?

Parece um hotel-fazenda com faixa litorânea! Ó

só, tem até um bezerro ali na varanda! Ele tá

vindo pra cá. Credo, como corre!

-Socoooooooorrooooooooooooooooooo!!!

-Euclides,junto!

- Alguém anotou a placa? Uma jamanta me

atropelou.

- Bela metonímia, Julieta Cristina. Este é o

Euclides, nosso dog alemão. É um belo cão, não

é? Vem, garoto.

- Bonito sim, tio Anacoluto. E um belo

desenhista, olha que beleza de arte ele fez com

as patas na minha blusinha branca...

- Ora, esta menina está se revelando uma grata

surpresa! Acertou na ironia!

- Pois tu vês, tio, nem foi intencional. Eu devia

estar acostumada, a Sinfonia não é muito

diferente. Esses cuscos são a antítese do ―cão de

estimação‖... Tá, vou me trocar, vamos dar uma

volta na praia, Mário?

Feitoria. Biquininho novo, chinelinho

combinando, bloqueador solar...

- Tia Eujácia, passa protetor solar nas minhas

costas?

- Claro querida, chega aqui. Vou usar o meu, tá?

-Mááááário, tá pronto?

Page 58: Revista nº 23

58

- Querida, o Mário foi na frente com o

Anacoluto, pediu pra você encontrá-los na praia.

Ai, ai, que maravilha... Tá, né, fazer o quê...

Aiiiii, e chega de eufemismos, prosopopéias e

catacreses. E que vá se catar o português correto.

Droga, cadê esse povo? Já tô caminhando há

uma hora e meia e nada deles. Legal, né? Pedem

pra gente se encontrar na praia... será que

alguém lembrou que a gente tá na praia do

Cassino, a maior do mundo? Onde tá o Google

Earth quando a gente precisa dele? Pera...

Google Earth... Eu deveria procurar pelo

bezerro, digo, cachorro. Como é mesmo o

nome? Pleonasmo? Não, merda, é nome de

gente, de algum livro daqueles que obrigam a

gente a ler no colégio... Escobar? Não, esse é o

corno da Capitu. Eurípedes? Não, essa é a

mulher do Orfeu. Ai, o Tony Garrido... Volta,

Cris, a hora do recreio é depois! Como é o nome

daquele potro? Demóstenes? Não, esse é meu

ex. Bela fonte de nomes esquisitos, a minha lista

de ex. Só o Mário se salva, mas a família dele

tem cada obra! Droga, não viaja guria, como é o

nome do cusco? É com E. Eustáquio?

Ermenegildo? Euzébio? Ercílio?

-Euclides,não!Isso!Euclides!

Aaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Page 59: Revista nº 23

59

- Alguém anotou a placa? Acho que uma

jaman... Aaaaaiiiiii que dor nas costas!

- Amor, tá tudo bem?

- Morri e tô no céu, mas com as costas no

inferno. O que houve, Mário?

- O Euclides te achou na praia, pulou em ti e te

derrubou. Tu bateu a cabeça numa planonda e

desmaiou. Só não sei porque tu passou protetor

solar no corpo todo menos nas costas, tem até

bolhas de tanta queimadura!

- Eu passei sim! Na verdade, a tia Eujácia

passou o dela...

- Tia Eujácia???? Ela só usa óleo de côco!!

- O que mais pode acontecer, pelamordedeus?

-Jujuuuuuuuuuuuuuuuu!!

- Ai não. O Paulo Afonso nãooooooooooooo!!!!

Page 60: Revista nº 23

60

COLHENDO “FLORES DO LÁCIO”

Jorge Moraes

À medida que a vivência se acumula na

brancura dos cabelos, e os músculos relutam em

obedecer ao nosso comando, tornando-se peças

que não mais se contraem, assim como a palidez

da face revela suspiros e ais, e os netos deixam

de ser crianças, as reflexões tornam-se mais

intensas. As noites são vertentes de sonhos a

transportar-nos por mananciais em que veleiros

jamais aportam nas praias ou ancoradouros.

Andamos sem rumo por ―Ceca e Meca‖. O

lugar das nossas quimeras, muitas vezes

inacessível, fica ―pra lá de Bagdá‖.

A alguns, a felicidade e as alegrias são tão

efêmeras, duram tão pouco, esvaem-se por entre

os dedos do tempo, e o próximo Natal começa

no dia subsequente ao anterior. O distante

cronológico está sensitivamente perto. O antes

agrega-se ao depois. Nossa vaidade, nosso

Page 61: Revista nº 23

61

orgulho, nossas aspirações, às vezes são

esquecidos, preteridos. Louváveis os que não se

deixam abater, vivem e vestem-se ―à grande e a

francesa‖. Reúnem forças além das próprias

forças, e costumam ―meter uma lança em

África‖.

A vida é uma pugna constante. Sem

tréguas...não permite hesitações. Por natureza

somos insatisfeitos. Nascemos para dividir,

ceder, compartilhar. Na divisão, somamos afeto.

Ao ceder, conhecemos a reciprocidade.

Compartilhando, a multiplicidade torna-se una.

E quando somos felizes, mesmo

momentaneamente, defendemos a apologia de

que ―antes ser o segundo em uma aldeia que o

primeiro em Roma”. E o rio de nossa aldeia,

segundo Fernando Pessoa, é mais bonito que o

Tejo.

Edificamos ontem o teto que hoje nos

abriga. E almejamos, para o amanhã, uma

cadeira de balanço, à sombra da varanda, onde

sorveremos, em boa companhia, sob o murmúrio

do zéfiro, o mate das reminiscências. Ao final do

último ato, ao cessarem os acordes, com a

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62

anuência do maestro, ‖sairemos à francesa‖,

quase imperceptível, de tal sorte que tenhamos

agradado ―a gregos e troianos”. Nem todos

assistem ao final do espetáculo. A tragédia e a

comédia ostentam a mesma máscara. Risos e

lágrimas brotam no mesmo leito. Revoga-se o

―jeitinho brasileiro‖.

Contudo, nem sempre se harmonizam o

ser e o querer. A semente lançada, por vezes

fenece, quem sabe até por falta da rega ou

desígnios imutáveis, e resta-nos tirar a cobertura

de um ―presente grego‖. Revela-se a sagacidade

de Odisseu na imponência ardilosa do ―cavalo

de Troia‖. Talvez seja esse o preço da solidão.

A idade não deve ser passaporte para o

incontestável, mas reconhecimento do legado e

respeito aos olhos turvos. Os ombros caídos, os

trôpegos passos não mais comportam a rigidez

da ―disciplina espartana‖, a precisão da

―pontualidade britânica” ou a ―arrogância

farisaica‖. Repudiam-se ―filas indianas‖.

Mesmo assim, não se lhes neguem o direito de

tentar, pois o eco dos sorrisos de descaso pode

ensurdecer ouvidos moucos. Prudência com

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63

quem professa ―a Cascais nunca mais‖ ou ―de

Espanha, nem bons ventos, nem bons

casamentos”.

A juventude, entorpecida nas benesses da

matéria, não dimensiona os limites do provável,

do casuísmo, do acidental. Preocupa-se com a

morada, sem saber como proteger-se da

ventania. Os jovens contemplam o mar, mas

ignoram as borrascas e as procelas. Apregoam,

indiferentemente, que as mazelas da idade são

apenas engodos “para inglês ver‖. Não se

creem ter vocação a ―bom samaritano‖.

Tal qual Dario I, justificando ―ser

lembrado dos atenienses”, precisamos,

constantemente, realimentar manifestações de

fraternidade, de amor, de crescimento intelectivo

e espiritual, lembrando que mesmo aos

aquinhoados a vida não é um eterno ―negócio da

china‖, menos ainda sedutoras ―paisagens das

arábias”. Indiferente a nossas pretensões,

muitos conhecem as agruras de um ―corredor

polonês‖ ou o vilipêndio da “tortura chinesa‖,

e só se redimem quando chegam, humildemente,

aos patamares da ―pobreza franciscana‖. Aí

Page 64: Revista nº 23

64

pode ser muito tarde. ―Inês é morta‖. De nada

vale inocentar-se declarando que ―isto pra mim

é grego‖.

O beijo que seduz pode levar à traição. A

vela que ilumina pode ser a causa da queima.

Com a agulha das recordações, vou

osturando os retalhos do passado. Assomam-se

aos olhos baços os versos líricos do vate

romântico Álvares de Azevedo: ―Beijaria até

uma caveira / Se espumante o ―madeira”

corresse. E se não o tiver, sorveria uma taça do

capitoso e borbulhante ―champanha‖ ou ainda

gordos goles de um autêntico ―porto‖. Enquanto

isso, dormitam empoeirados, num móvel

centenário, uma caixa de ―havanas‖ para

brindar nascimentos, uma bengala com punho de

madrepérolas e um legítimo ―panamá‖. ―A

media luz‖, inspirado em Gardel, nossa

imaginação troca passos com ilusão.

Page 65: Revista nº 23

65

SEDE...ÇÃO ou SEDUÇÃO?

Jorge Moraes

A partir do momento que as transações

comerciais, prioritariamente, condicionaram-se a

sofisticados veículos de divulgação, atendendo

aos clamores do processo de globalização,

ficamos, mais do que nunca, atrelados aos

efeitos advindos de uma linguagem alicerçada na

criatividade. A ortodoxia não se coaduna com

quem objetiva conquistas.

Desde o folclórico carroceiro, a valer-se

de recursos parcos – e que ainda o faz nas

regiões periféricas – que divulgava seus

produtos através de rouquenhos brados e batidas

fortes numa tábua ao alcance do cabo de relho,

até as imagens tridimensionais, terminologia

científica e intrincados efeitos mirabolantes,

engendrados em berços virtuais, as estratégias

mercadológicas passaram por mudanças

imensuráveis.

Page 66: Revista nº 23

66

A mensagem impressa, gráfica, sonora ou

televisiva, nem sempre respeitando princípios e

postulados gramaticais, prioriza, em espaços

físicos e temporais diminutos, conquistar,

principalmente por mecanismos solertes, um

público que sempre fez sua opção através da

espontaneidade. E poucos não alteraram seu

―modus acquirendi‖. Na limitação de nosso

julgamento, cremos que a falta de adesão

imediata ocorre por insensibilidade ao apelo,

desconfiança, conservadorismo ou defesa de sua

liberdade opcional.

Tomemos como ponto de partida as

campanhas publicitárias alardeadas pelas

indústrias e empresas cervejeiras. Durante

muitos anos, a embalagem convencional esteve

às mãos do mercado consumidor em garrafas de

600ml. No início dos anos 90, chega ao Brasil a

lata de alumínio. Fontes confiáveis afirmam que

em 2011, 30% do consumo de cerveja deu-se

através de embalagens metálicas de 269ml,

350ml e principalmente 473ml. Tendo-se como

referência a lata de 350ml, passou-se a

denominar, sem que haja deslize gramatical,

uma vez que o enfoque é substantivo, ―latinha‖ e

―latão‖. Naturalmente, se tivermos como opções

embalagens de 350ml e 473ml, a de menor

volume será considerada ―latinha‖.

Page 67: Revista nº 23

67

O consumidor de cerveja, quando sozinho,

em grande parte, restringe-se a uma ou duas

latas, ou talvez a uma garrafa de 600ml. Os

comedidos satisfazem-se com a embalagem long

neck 355ml. Uma vez reunida a confraria, a

descontração, os petiscos, a sedução olorífera e

visual de bons cortes, o acompanhamento

musical, despertam nossa sensibilidade e

ingerimos, talvez, mais do que o recomendado.

Citem-se, dentre outras marcas de cerveja,

a alemã/holandesa Heineken com 330ml; as

uruguaias Patricia e Norteña, com 960ml; a

argentina Quilmes com 960ml; a belga Stella

com 960ml; a Bohemia Pilsen com 990ml.

Nossa indústria cervejeira, a buscar

inovações ao mercado, investe maciçamente,

também, na embalagem próxima a 1000ml, ou

seja quase um litro. E mais, as agências

publicitárias fundamentam expressivas

vantagens, classificando o litro como ―litrão‖.

Arrolando, como não poderia ser diferente,

múltiplas vantagens.

Não fora uma estratégia de venda, a levar-

nos a crer que um litrão possui mais líquido que

um litro, a denominação estaria completamente

inadequada. Isto porque se um ―litrão‖

aproxima-se de 1000ml, quanto terá o litro

convencional? E o curioso é que a prática não se

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68

efetiva com outras embalagens. Não

empregamos um ―litrão‖ de leite, um ―litrão‖ de

água mineral, um litrão de azeite. E ainda que

tenham quase dois litros ou mais, embalagens de

refrigerante são chamadas de ―litrão‖. E hora de

nos perguntarmos qual é o volume exato de um

litro? Quem sabe, em breve, conheceremos o

―litrinho‖. Lembremos que as unidades de

medida (SI: Sistema Internacional) não podem

ser passíveis de flexões. E percebam como é

curioso – segundo a matemática Magda Sievert

– o ―litrão‖ possui menos volume que o ―litro‖,

nesse caso.

Talvez seja questionável sabermos se o

consumidor influenciou a mídia, ou por ela foi

influenciado?

Permitam-nos enfatizar que quando

desejamos aludir a espaços temporais reduzidos,

temos por vezo encontrar minutos com,

provavelmente, menos de sessenta segundos.

Caso nos convenha, diremos: Somente cinco

minutinhos nos separaram do fechamento da

porta.

Mudemos o foco de nossa análise. Temos

ouvido, frequentemente, alguns vocábulos e

construções bizarras e/ou jocosos, e uma vez

proferidos por comunicadores de notoriedade

artística, mesmo que cometam atrocidades ao

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69

idioma pátrio, de pronto se tornam máximas

incontestáveis. Encontram guarida em torpes

seguidores, que os repisam, temendo, pelo

desuso, falta de identificação com os fluxos

vigentes.

Em alguns programas televisivos, que se

atêm a comentar nuances da intimidade de

personagens que habitualmente estão em

evidência, quer pelo glamour, quer pela

celeuma, quer pela competência, quer por

comportamentos desairosos ou conquistas

honoríficas, divulga-se a glorificação da

maternidade, afirmando que esta ou aquela atriz

está gravidíssima. Naturalmente, são programas

que possuem público fiel aos fuxicos que

envolvem os famosos.

Convém recordar que dois são os graus do

substantivo: aumentativo e diminutivo. Os

adjetivos fazem flexão em estruturas

comparativas e superlativas. Em o sendo

superlativos (grau máximo), apresentam-se

como absolutos e relativos. Sendo relativos,

podem ser de superioridade (analíticos ou

sintéticos) e de inferioridade. Quando absolutos,

classificam-se como analítico – A estátua é

muito bela. – ou sintéticos – A estátua é

belíssima. – Alguns adjetivos absolutos

sintéticos, considerados eruditos, vão buscar nas

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vertentes grega e latina fundamentação radicular.

Dessa forma, teremos paupérrimo (pobre),

magérrimo ou macérrimo (magro), nigérrimo

(negro), dulcíssimo (doce). Predominam os

sufixos “imo” (facílimo), ―íssimo” (fortíssimo).

Os advérbios, mesmo classificados como

invariáveis, por vezes apresentam flexão:

pertinho, cedinho.

Algumas palavras, em se considerando o

enfoque sintático, mudam de categoria

gramatical (derivação imprópria). Examinemos a

palavra ―grávida‖ em: A grávida compareceu à

ginecologista. É óbvio que é substantivo

(sujeito), e mesmo o sendo, não aceita

aumentativo ou diminutivo. Não obstante, se a

empregarmos em: Maria está grávida, teremos,

agora, Maria como sujeito, e grávida evidencia o

estado qualificativo. Para que não tenhamos

dúvidas, podemos substituir, quem sabe, por

Maria está cansada. Entretanto, “cansada‖

aceitará os graus do adjetivo, inclusive

cansadíssima. Na colocação ―gravidíssima”

, à semelhança de outras palavras, tais

como ―morto‖, ―vítima”, o superlativo,

gramaticalmente, não encontra respaldo. Não

teremos mulheres mais ou menos grávidas que

outras, bem como não teremos mortíssimo. A

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71

colocação “mortinho”, para o substantivo ou

adjetivo, enquadra-se nas liberdades afetivas.

Parece-nos, salvo que estejamos

equivocados, que ao afirmarem: Maria está

grávida! não possuem certeza plena. Recorrem,

destarte, ao superlativo, ainda que violentando a

castidade da língua pátria. Não faltarão, bem

sabemos apologistas dos exemplos ―Os menino

saiu daqui agorinha mesmo.‖ e ―Eles foi buscar

as marmita.‖, preconizados no livro Por uma

vida melhor. Segundo o professor Sírio

Possenti, ―trata-se de uma espécie de

experimento mental, para que fique mais clara a

relação entre fazer gramáticas que levam em

conta construtivamente certa tradição escrita e

cultural e fazer gramática que não incluam tais

elementos‖.

Nosso receio fundamenta-se na constante

descaracterização da racionalidade idiomática,

em beneficio de agravos que põem em risco a

visão lógica de nossos vocábulos e estruturas.

Não se aconselhe ou defenda, na prática trivial, o

preciosismo Machadiano, entretanto, não

cheguemos a afirmar que Maria tomou um litrão

de dois litros de refrigerante, ficando com o

ventre inchado como se estivesse gravidíssima.

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72

“AMANHÃ MUDA A LUA, TALVEZ

A PORCA DÊ CRIA”

Jorge Moraes

Com a chegada do Natal e mudança de

ano, julgamos de bom alvitre, fazermos algumas

ilações a respeito de calendários. A contagem de

tempo baseia-se nos movimentos aparentes do

Sol e da Lua - para determinar as unidades do

dia, mês e ano.

O dia nasceu do contraste entre a luz solar

e a escuridão da noite. A periodicidade das fases

lunares gerou a idéia de mês. A repetição

alternada das estações, que variavam de duas a

seis, de acordo com os climas, deu origem ao

conceito de ano.

Os anos lunares têm que ser regulados

periodicamente, para que o início do ano

corresponda sempre a uma lua nova. A fim de

que os meses compreendessem números inteiros

de dias, convencionou-se o emprego de períodos

alternados de 29 e 30 dias. Mas como o mês

lunar médio resultante é de 29 dias e 12 horas,

Page 73: Revista nº 23

73

isto é, mais curto 44 minutos e 2,8 segundos do

que o sinódico, adicionou-se, a partir de certo

tempo, um dia a cada trinta meses, com a

finalidade de evitar uma derivação das fases

lunares.

As origens do calendário Juliano

remontam ao antigo Egito. Foi estabelecido em

Roma por Júlio César no ano 46 a.C.. Adotaram-

se 365 dias, divididos em 12 meses de 29, 30 ou

31 dias. A diferença do calendário egípcio está

na introdução dos anos bissextos de 366 dias a

cada quatro anos. O esquema foi reformulado

para que o mês de agosto, nomeado em honra ao

imperador Augusto, tivesse o mesmo número de

dias que o mês de julho: homenagem a Júlio

César. Com o passar dos anos se registra um

adiantamento na data do equinócio da

primavera. Caso fosse mantido o calendário

Juliano, tê-lo-íamos em seis meses no início das

estações. Para evitar o problema, recomendou-se

ao papa Gregório XIII a correção.

O calendário Gregoriano demorou a ser

aceito, principalmente em países não-católicos.

Inicialmente, foi adotado por Portugal, Espanha,

Itália e Polônia. Nas nações protestantes da

Alemanha o foi no decorrer do século XVII. No

Egito e Japão entrou em vigor desde 1873. Na

China em 1912, no Brasil em 1582. Há países

Page 74: Revista nº 23

74

que não o aplicam: Israel, Iran, Índia,

Bangladesh, Paquistão, Argélia. Na China a

adoção foi tão problemática que até gerou o dia

30 de fevereiro.

O calendário Gregoriano, usado na maior

parte do mundo, compreende 365 dias, mas a

cada quatro anos há um ano de 366 dias - o

chamado ano bissexto, em que o mês de

fevereiro passa a ter 29 dias. São bissextos os

anos cujo milésimo é divisível por quatro, com

exceção dos anos de fim de século cujo

milésimo não seja divisível por 400. No

calendário Gregoriano os anos começam a ser

contados a partir do nascimento de Jesus Cristo,

em função da data calculada, no ano 525 da era

cristã. E é mais provável que Jesus Cristo tenha

nascido quatro ou cinco anos antes, no ano 749

da fundação de Roma, e não no 753. Para a

moderna historiografia, o fundador do

cristianismo teria na verdade nascido no ano 4

a.C.

O calendário Gregoriano distingue-se do

Juliano porque: Omitiram-se dez dias (de 5 a 14

de Outubro de 1582). Corrigiu-se a medição do

ano solar, estimando-se que este durava 365 dias

solares, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos.

Acostumou-se a começar cada ano novo em 1 de

Janeiro.

Page 75: Revista nº 23

75

No Império Romano, a astrologia acabou

introduzindo, no uso popular, a semana de sete

dias (septimana, isto é, sete manhãs, de origem

babilônica). Os nomes orientais foram

substituídos pelos latinos, do Sol, da Lua e de

deuses equiparados aos babilônicos.

Com o cristianismo, o nome do dia do Sol

passou de Solis dies a Dominica (dia do Senhor,

Dominus) e o Saturni dies (dia de Saturno) foi

substituído por Sabbatum, dia do descanso

(santificado). O português adotou a

nomenclatura do latim litúrgico cristão, que

designou os dias por sua sucessão ordinal.

Para perfazer esses 365 ou 366 dias,

seis meses alternados teriam 31 dias (março,

maio, julho, setembro, novembro e janeiro) e os

outros teriam 30 dias (abril, junho, "sextilis",

outubro e dezembro), à exceção de fevereiro, na

época o último mês do ano, para o qual só

restaram 29 dias (e 30 dias nos anos bissextos,

os anos de 366 dias), tinha 31 dias, resolveu-se

igualar o número de dias de agosto, subtraindo 1

dia de fevereiro, que ficou com 28 ou 29 dias, e

se alterou a sequência dos meses de 31 dias

(outubro e dezembro teriam 31 dias, no lugar de

setembro e novembro). O mês de março era o

primeiro mês do ano. Observe, a esse propósito,

que SETEmbro era o sétimo mês. Só mais tarde

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76

o mês de janeiro - mês do início do mandato dos

cônsules romanos - passou a ser o primeiro e não

o décimo-primeiro mês do ano. Isso definiu as

atuais regras dos meses com 31 dias (janeiro,

março, maio, julho, agosto, outubro e

dezembro), com 30 dias (abril, junho, setembro e

novembro) e com 28 ou 29 dias (fevereiro).

A origem do nome dos meses – Janeiro,

homenagem a Janus, deus de duas caras.

Fevereiro, homenagem a Februa, deusa das

purificações e dos sacrifícios. Março,

homenagem a Marte, deus da guerra. Abril, de

origem contraditória, sobressaindo a referência

ao "abrir" (germinar) das sementes. Maio,

também de origem polêmica, ora associado à

magistratura, ora associado à deusa Maia. Junho,

associado a Junius, antigo mês consagrado aos

jovens. Julho, homenagem a Júlio César.

Agosto, homenagem a César Augusto.

Diferentemente da crença popular, o nome

"bissexto" não teve origem no fato de anos

bissextos contarem 366 dias. A explicação é que

o dia complementar seria colocado entre o

sétimo e o sexto dia anteriores às "calendas de

março" (isto é, entre 23 e 24 de fevereiro - mês

que na época tinha 29 dias, normalmente), o que

fez denominá-lo "bissexto calendas" (em outras

palavras, dois "sextos dias" antes de março).

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77

Os registros de datas, como conhecidos

hoje, somente foram organizados a partir do

Concílio de Nicéia, à época do Papa Silvestre I

(foi ele que inspirou o nome da Corrida de São

Silvestre e, nas folhinhas, é ele o santo do dia 31

de dezembro), inclusive no que diz respeito ao

dia de Natal e ao domingo de Páscoa.

E já que aludimos às “folhinhas”,

lembram como eram?

Outrora, pequenos estabelecimentos

comerciais: armarinhos, bazares, ferragens,

armazéns, funerárias, padarias, oficinas de

conserto de eletrodomésticos, expressavam

tradicionais votos natalinos e de novo ano

através de calendários, habitualmente

pendurados num preguinho nas portas de

madeira da copa ou da cozinha, com doze folhas

retangulares, em média 30 por 40 cm.

Predominavam, nas ilustrações, imagens

religiosas, paisagens bucólicas, jardins, castelos,

animais (gatos, cães, coelhos, cavalos, peixes),

crianças, casais de idosos, acervo gauchesco. As

estampas eram aproveitadas, no ano seguinte,

nas salas de aula, como material didático. Ao pé,

numa quadrícula, apareciam os dias,

observações e recomendações.

Tão logo tínhamos às mãos as esperadas

relíquias, marcávamos o dia semana em que

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78

ocorreriam os aniversários e acontecimentos

festivos. Ao longo do ano, permitiam-nos

identificar o ―Santo do Dia‖, tomar ciência das

fases da Lua – fundamentais ao corte de cabelo,

à plantação, aos animais ―chegadinhos a dar

cria‖, (galinhas, porcos, vacas) e a mulheres ao

final da gestação. Alguns exemplares expunham

mensagens espirituais ou citações de pensadores

consagrados. Nas firmas comerciais –

escritórios, tínhamos os calendários de mesa.

Nas borracharias e em algumas

oficinas mecânicas, a divulgar óleos, pneus e

peças, fotos de sedutoras mulheres em vestes

sumárias ou desnudas constrangiam o ingresso

de respeitáveis e pudicas senhoras.

Calendários e agendas, publicados por

instituições religiosas, dentre elas as das Irmãs

Paulinas, tinham expressiva aceitação nos lares

católicos. Colecionava-se o Almanaque do

Pensamento.

Custos operacionais reduziram as

folhinhas, inicialmente, a três estampas, e daí

limitou-se a uma, com ou sem imagem. Alega-se

que os números maiores favorecem a

visualização. Afirmam os mais velhos que nas

folhinhas de hoje o tempo passa mais depressa.

As farmácias e drogarias divulgavam produtos

farmacêuticos através de pequenos almanaques.

Page 79: Revista nº 23

79

Conservamos ainda, testemunhando a história,

registros dos laboratórios Sanifer, Silveira,

Kraemer (IZA), Catarinense (Renascim, Sadol),

– com a tradicional carta enigmática - Fontoura,

Inkas, Flora da Índia, Klein.

Posteriormente, surgiram os pequenos

calendários a serem guardados nas carteiras de

documentos, facilitando a consulta.

Poucos são os estabelecimentos que

ainda investem em folhinhas. Raros os

laboratórios que nos brindam com calendários.

Algumas empresas de grande porte presenteiam

clientes preferenciais, com luxuosas agendas.

É inevitável, já que as mudanças são

constantes, que também nossos registros

tivessem uma nova face. Entretanto, parece-nos

que, mesmo com a praticidade dos novos

calendários, inclusive virtuais, com o

desaparecimento das ―folhinhas‖, feneceram

dias de lembranças e de lirismo.

Page 80: Revista nº 23

80

FAMÍLIA

(Trechos do livro "O arroz de palma" de

Francisco Azevedo.)

"Família é prato difícil de preparar. São

muitos ingredientes. Reunir todos é um

problema...

...Não é para qualquer um. Os truques, os

segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até

vontade de desistir...

...Mas a vida... sempre arruma um jeito de

nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a

mesa, determina o número de cadeiras e os

lugares. Súbito, feito milagre, a família está

servida.

Fulana sai a mais inteligente de todas.

Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e

comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem

diria? Solou, endureceu, murchou antes do

tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto,

Page 81: Revista nº 23

81

abundante. Aquele, o que surpreendeu e foi

morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a

mais consistente...

...Já estão aí? Todos? Ótimo. Agora,

ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais

afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você

também estará cheirando a alho e cebola. Não se

envergonhe de chorar. Família é prato que

emociona. E a gente chora mesmo. De alegria,

de raiva ou de tristeza.

Primeiro cuidado: temperos exóticos

alteram o sabor do parentesco. Mas, se

misturadas com delicadeza, estas especiarias,

que quase sempre vêm da África e do Oriente e

nos parecem estranhas ao paladar tornam a

família muito mais colorida, interessante e

saborosa.

Atenção também com os pesos e as

medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e,

pronto: é um verdadeiro desastre. Família é prato

extremamente sensível. Tudo tem de ser muito

bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é

preciso ter boa mão, ser profissional.

Principalmente na hora que se decide meter a

colher. Saber meter a colher é verdadeira arte.

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82

Uma grande amiga minha desandou a

receita de toda a família, só porque meteu a

colher na hora errada.

O pior é que ainda tem gente que acredita

na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo

ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha;

Família à Rossini, Família à Belle Manière;

Família ao Molho Pardo (em que o sangue é

fundamental para o preparo da iguaria). Família

é afinidade, é à Moda da Casa. E cada casa gosta

de preparar a família a seu jeito.

Há famílias doces. Outras, meio amargas.

Outras apimentadíssimas. Há também as que não

têm gosto de nada, seria assim um tipo de

Família Dieta, que você suporta só para manter a

linha. Seja como for, família é prato que deve

ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma

família fria é insuportável, impossível de se

engolir.

Enfim, receita de família não se copia, se

inventa. A gente vai aprendendo aos poucos,

improvisando e transmitindo o que sabe no dia a

dia. A gente cata um registro ali, de alguém que

sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço

de papel. Muita coisa se perde na lembrança.

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83

Principalmente na cabeça de um velho já meio

caduco como eu.

O que este veterano cozinheiro pode dizer

é que, por mais sem graça, por pior que seja o

paladar, família é prato que você tem que

experimentar e comer. Se puder saborear,

saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão

naquele molhinho que ficou na porcelana, na

louça, no alumínio ou no barro.

Aproveite ao máximo.

Família é prato que, quando se acaba, nunca

mais se repete."

Page 84: Revista nº 23

84

A SOLUÇÃO

Maria Beatriz Mecking

Virou e revirou o jornal, ficou olhando-o

como se não o estivesse vendo. Nada havia

escrito para aquele dia, nem para o anterior.

Estavam cobrando dele algum texto. Apertou a

cabeça com as mãos, numa frustrada tentativa de

extrair-lhe alguma idéia. Não, a sua cabeça

parecia ter-se esvaziado. O toque do telefone

acordou-o daquela aflição. Fora de perigo,

repetiu. Fora de perigo! Tomou vorazmente o

caderno onde costumava fazer as suas anotações.

Estava salvo.

EM PAZ

Maria Beatriz Mecking

Afastou-se devagar. À medida que a

chuva apertava, seu passo tornava-se mais veloz.

‗Minha filha está protegida das intempéries,

nada pode lhe fazer mal‘. Lágrimas misturaram-

Page 85: Revista nº 23

85

se às gotas que lhe banhavam o rosto. Na saída

do cemitério, procurou um táxi.

CONSOLO

Maria Beatriz Mecking

"Você não me ensinou a te esquecer."

Engulo o erro de concordância, a melodia se

espalhando pelo carro, penetrando-me pelos

poros, coração adentro. "Você não me ensinou a

te esquecer" – a frase sorrateira não me deixa,

me cobrindo com um véu de melancolia. Mudo

de rumo, enveredo para a casa em que um

menininho me espera sorridente. Ele me pega

pela mão e me escancara um mundo em que me

insinuo. E ali me perco, com gosto.

Page 86: Revista nº 23

86

JUNÇÃO DE DOIS

Inalva Nunes Fróes

Os primeiros raios de sol despertaram a

dupla de um sono apaziguante. Dormiam

abraçados na mais perfeita harmonia de corpos

e alma. O espírito era singular, junção de dois,

entrelaçados nos emaranhados da emoção.

Sobressaltaram-se com o repentino

acordar, não do sono, mas da magia que se

instalara entre eles.

Ao nascer do dia, surgiam recordações de

fatos rotineiros que colocavam nuvens cinzentas

sobre suas cabeças inebriadas pelo novo

sentimento.

André cansara de ouvir – professor tem

que dar bom exemplo. Isso considerava verdade,

mas – não era um bom professor, mestre na arte

de ensinar?

Sabia que os alunos apreciavam suas

aulas, encantados com a facilidade que captavam

suas mensagens.

Page 87: Revista nº 23

87

Desempenhava o papel de conselheiro e

amigo, em função da confiança que os jovens

lhe depositavam, procurando-o sempre que se

julgassem em apuros.

A profissão escolhera por vocação, nunca

desanimara em função do baixo salário,

continuava dando seu melhor e esperava usufruir

o – tudo de bom que a vida tem a oferecer.

Ele, moço solteiro, bonito, sarado, ouvia

só suspiros ao passar pelo corredor da escola.

Embora fosse campeão em sua categoria, João

passava o dia treinando entre valentões em meio

a brigas, socos e pontapés. Lutava utilizando

técnicas apropriadas e inteligentes aproveitando

as fraquezas do adversário a seu favor.

Quando fora do ringue, fugia de

confusões. Gostava de ler como forma de relaxar

os músculos enrijecidos pelo esforço físico

diário contra seus antagonistas e conflitos

internos sobre a repercussão, nos meios

esportivos, de sua preferência sexual.

Sabia separar o lado profissional de

questões amorosas. Os colegas, certamente,

duvidariam dessa posição. Poderiam, talvez,

confundir qualquer postura e atitude neste

sentido.

Observava os parceiros de trabalho e não

sentia atração física por eles. Aqueles homens

Page 88: Revista nº 23

88

musculosos, alguns até serviam de modelo,

como ele próprio, e que tanto atraiam as

mulheres, não mexiam com sua libido.

André era seu refúgio, sua âncora, seu

descanso da labuta diária, seu equilíbrio no

universo. Discutiam política, trocavam livros,

comentavam filmes.

Assim, sobressaltados e deslumbrados

com esta primeira vez, não sabem o que fazer

com tanta profusão de sentimentos que afloram e

os emocionam.

Com lágrimas nos olhos, dão-se as mãos e

fazem uma promessa com o olhar.

A comunidade escolar foi surpreendida

pela manhã, quando André chegou, de carona

com o namorado.

O estádio quase veio abaixo, à tardinha,

no instante em que André foi buscar João com

um beijo de saudade.

Page 89: Revista nº 23

89

ARTIGOS

A CRÍTICA SEGUNDO O AUTOR

NOVATO

Joaquim Moncks

Recebo, com alegria, esta interessante

mensagem de uma confreira do Recanto das

Letras sobre temática que me parece relevante a

merece uma reflexão mais funda. Resguardo o

nome da interlocutora para evitar mal-

entendidos.

"Caro escritor, já tive a oportunidade de ler alguns comentários seus em textos de outros recantistas, e lhe digo que a força de suas palavras,duras e incisivas, me retiram lágrimas. Bom, eu as enxuguei e queria dizer-lhe que, caso um dia você tenha um tempinho e paciência, me sentiria honrada em passar pelo fio de sua navalha. Melhor a dor a sangre frio que passar a vida recebendo pomada anestésica. Ninguém evoluciona com tapinhas nas costas. Obrigada.”.

– via e-mail pelo site do Recanto, em 27/10/2011.

Causa-me alguma estranheza que alguém

se emocione até as lágrimas com uma colocação

Page 90: Revista nº 23

90

de análise crítica, ou seja, do mesmo eito ou

similar ―sentir‖ de quem lê uma peça poética –

em que há a participação da emocionalidade – e

daí se pode, naturalmente, entender a origem da

contingência capaz de causar a emoção. Porque

uma das funções da POESIA é emocionar o

receptor. A crítica literária é fruto de análise

racional sobre uma proposta emocional –

especialmente em textos de iniciantes ou novatos

– porque estes ainda se encontram no período

em que estão à busca dos elementos estéticos

conjunto de versos que dará origem ao

POEMA... São os NOVE ANOS que Horácio,

na antiguidade, dizia que era ―para guardar o

poema na gaveta‖, esperando a sua maturação,

para, então, PUBLICÁ-LO... Nessa fase o

criticado nem conseguem ver a Crítica como

ação intelectiva que lhe possa fazer crescer...

Para pessoas muito sensíveis, nessa fase, a

CRÍTICA pouco poderá ajudar, até porque o

autor não se dá conta de que, particularmente em

Poesia, não é o EGO quem escreve, e, sim o

ALTER EGO... E esta linguagem detalhista o

iniciante ainda não percebeu nem apreendeu,

porque simplesmente a desconhece. Eventual

dureza e incisividade não juízos críticos com

base na EMOÇÃO. No receptor do estudo

analítico sobre a sua peça poética ou prosaica,

Page 91: Revista nº 23

91

em geral, os juízos analíticos (de quem cumpre o

ofício de escritor) são entendidos como uma

afronta ou interferência no processo pessoal de

criação e inventiva, e, usualmente, são mal

recebidos, mas, daí até provocar o choro, vai

uma grande distância. Denota, denuncia e

escancara que o criticado é apenas um

DILETANTE,

que escreve para alimentar o EGO e não para a

celebração da CONFRATERNIDADE entre os

de similar concepção do mundo e de condenação

ao pensar. A crítica literária será útil para quem

já passou por essa etapa primária de compulsão

do EGO e da necessária chamada de atenção

para si como vetor de compulsão criacional ou,

ainda, que faz da criação literária a introjeção de

terapia psíquica individual ou grupal, no caso de

associação ou grupos literários, objetivando

comportamentos dos sujeitos do processo ARTE

&

REALIDADE. Porém, aí o agente propulsor –

ANTÍTESE – impulsionando a criação e/ou ação

comportamental é o terapeuta e não o oficineiro

de Poesia, como é o meu caso. Ou seja, o que

atua na estimulação da produção do texto em

Poesia. A estética do Belo se dá pelo

aprimoramento dos elementos que a fazer fluir.

A provocação ou a instigação crítica não se

Page 92: Revista nº 23

92

confunde com o gesto negligente e de certa

maneira desidioso e cúmplice do ―tapinha nas

costas‖. Isso é certo, verdadeiro, como bem

colocou a missivista... Todavia, este provocar

não pode ser tão tétrico a ponto de ―passar o

autor no fio da navalha‖... No processo de

aprimoramento literário, a lisonja e a conivência

não são métodos propícios ao aprimoramento

dos canteiros dos jardins do Belo. Também não

é menos verdade que ―cautela e caldo de galinha

não fazem mal a ninguém‖. E estas valem para

Page 93: Revista nº 23

93

DITOS POPULARES – (Sentido conotativo) (1)

Jorge Moraes

É pelo dedo que se conhece o gigante!

Objetivamos, através de exposições

coloquiais, tendo como enfoque ―ditos

populares‖, utilizar alguns desses importantes,

indispensáveis e curiosos recursos linguísticos,

inseridos no contexto redacional, que

caracterizam a linguagem figurada ou

conotativa,

Sem delongas, colocamos a mão na

massa, evitando que o olho seja maior que a

barriga, comendo o mingau pelas beiradas, a

conduzir, cautelosamente, a proposta,

cozinhando-a em banho-maria. Do contrário,

estaremos sujeitos a privar-nos da azeitona da

empada, e embananado, a provar um angu de

caroço, a beber água por vinho.

Iniciamos, arrolando expressões em que

predominam vocábulos e ideias, vinculadas ao

corpo humano, algumas abrangendo

manifestações genéricas, e tantas outras fazendo

alusão a alimentos, corroborando que é pelo

Page 94: Revista nº 23

94

estômago ou pela boca que se processa a

conquista.

Contudo, a tarefa, aparentemente fácil,

sem entraves, autêntica sopa no mel, ou quem

sabe verdadeiro mamão com açúcar, revela-se

uma batata quente às mãos, um pepino, a exigir

esforços para descascar o abacaxi, sob pena de

notarmos que, por vezes, dá crepe, perigando

que compremos gato por lebre, e sua existência

torne nula todos os esforços.

Assim sendo, quando o negócio desanda,

de nada vale, nem mesmo chorar as pitangas ou

ter pernas pra que te quero ante o leite

derramado. A saída, talvez, seja mandar tudo às

favas, a provar que a rapadura é doce, mas não é

mole. E embora pimenta nos olhos dos outros

seja refresco, não é prudente beber água na

orelha dos outros.

E com o intuito de vender o peixe, temos a

clara percepção e o cuidado de que é inviável

fazer-se a omeleta sem quebrar os ovos, uma vez

que o apressado come cru, e pode, por

imprudência, enfiar o pé na jaca. Exige-se,

destarte, cautela, pois o caldo pode entornar.

Entretanto, quem não arrisca, não petisca,

e a persistência atesta que é de pequeno que se

torce o pepino, e água mole em pedra dura, tanto

Page 95: Revista nº 23

95

bate até que fura, desde que não se confundam

alhos com bugalhos.

A cada etapa desta salada de frutas, sem

passar do ponto, sem engrossar o caldo, bem

como tentando não encher linguiça, já que de

grão em grão a galinha enche o papo, o universo

se amplia.

Nosso patrimônio vocabular e linguístico,

manancial inesgotável pelas contribuições que a

ele se agregam, coloca-nos a faca e o queijo na

mão. Faz-se mister separar o joio do trigo, para

percebermos que a beleza não põe mesa e toda

farinha tem seu dia de araruta.

Mesmo na superficialidade dessa análise,

ocorrem-nos múltiplos ditos, contudo, sem ir

com sede ao pote, nem tirando doce da boca das

crianças, menos ainda juntando a fome com a

vontade de comer, predominam construções, a

enfatizar o negativismo do fato. Não é sem razão

que quem comeu e não gostou, lastimavelmente,

cospe no prato e procura alguém que pague o

pato ou seja o bode expiatório, isto se não estiver

nos ludibriando ao chorar de barriga cheia.

Em nossas variantes expressionais,

deparamo-nos com muitos que,

inconscientemente, só dizem abobrinhas, são

interlocutores de meia-tigela, vacilam e, por

imperícia, pisam no tomate, pisam na batatinha,

Page 96: Revista nº 23

96

viajam na maionese. Outros, prolixos, escondem

a poeira do desconhecimento debaixo do tapete,

tentam puxar a brasa para a sua sardinha, o fogo

para o seu assado, a fim de que não se vá tudo

água abaixo: por que esquentar a água para

outros tomarem mate? Como decorrência,

empurram as dificuldades com a barriga, a julgar

que, com o tempo, as águas passadas não

movem moinhos e o que não mata, engorda.

Bem sabemos que quando as coisas

azedam há a iminência de provarmos do pão que

o diabo amassou. Ratifica-se a máxima de que

quem nunca comeu melado, quando come se

lambuza. Mesmo sob os limites da sardinha em

lata, contradiz-se o valor de preço de banana, e

nota-se que embaixo do arroz tem linguiça e

nem tudo é farinha do mesmo saco.

Já que ingressei como arroz de festa nesse

folguedo, e ainda existe muito café no bule, no

frigir dos ovos, cremos que a conversa tenha

chegado à cozinha, e mesmo com água na boca,

vamos saindo antes que tenhamos de ir plantar

batatas.

Page 97: Revista nº 23

97

A IRONIA DOS EUFEMISMOS

Sabe-se que, sem imergirmos nos mares

da prolixidade ou do preciosismo, muitos

profissionais da área da saúde física e mental,

tais como sociólogos, psicólogos e talvez

filólogos, objetivando minimizar possíveis

sequelas, sempre procuraram, através de

recursos linguísticos, notadamente eufêmicos,

nominar situações e/ou pessoas que exijam

Nossa assertiva respalda-se, sobejamente,

―a priori‖, na película Reflexos da amizade,

protagonizada, entre outros, pelos

extraordinários Robin Williams e David

Duchovny. A essência da página

cinematográfica reside na amizade do deficiente

Pappas (Robin) com o estudante e, ao atingir a

maturidade, artista plástico Tom Warshaw

(Duchovny). No reencontro, passados longos

anos, afloram ternas e jocosas recordações de

tempos idos. Pappas, encanecido, tendo ciência

de suas limitações psíquicas, declara ao amigo,

até com ironia, orgulho e perplexidade, que em

1984 era tido como retardado, em 1987/8,

Page 98: Revista nº 23

98

deficiente mental, em 2004, excepcional, e

acreditava que as classificações não tivessem

chegado a termo.

Percebe-se que, lastimavelmente, a

mudança ocorre apenas no campo semântico.

Quer-nos crer, salvo melhor juízo, que a

adjetivação, indiferente a quem merece cuidados

especiais, sensibiliza com brisas tênues, apenas

familiares e agentes diretamente envolvidos no

processo. As autoridades governamentais, em

todos os níveis, mantêm-se muito aquém do

esperado. Não fora a colaboração de denodados

empresários e líderes comunitários, bem como a

realização de campanhas associativas, os

entraves seriam bem maiores que o são. Deve-se

ter percepção e acurada sensibilidade, a fim de

que o eufemismo, por dourar excessivamente a

pílula, não caia na ironia ou no ridículo.

Lembremos que ―preto‖ é cor; negro é

raça. Tem servido de chacota, mesmo ante os

qualificados como tal, a indicação de ―afro-

descendentes‖, isto porque não retratam a

realidade sensitiva e podemos tê-los sem que

sejam pretos. Diriam os que ironizam as inócuas

ações metafóricas: nada mais do que ―lamúrias

flácidas para dormitar bovinos‖.

Mais intensamente nos últimos anos,

temos observado as campanhas e procurado

Page 99: Revista nº 23

99

ajustar-nos aos padrões preconizados, sob pena

de estimularmos a alienação vocabular.

Respeitando-se algumas ―pérolas‖ que chegam

às raias da hilaridade, notamos que há um

abismo entre o desejar expressar-se e o

conseguir. Não vemos como demérito, quando

estivermos diante de um impasse na

comunicação escrita, consultar quem de direito o

sabe, ou crê.

Os canais televisivos têm divulgado, com

o respaldo publicitário da Operadora de

Telefonia OI, uma menina, com Síndrome de

Down, cujo comportamento não se diferencia

dos tidos e havidos como normais, até pelo

contrário. Os comunicadores valem-se de um

slogan – “SER DIFERENTE É NORMAL”. É

perceptível e inquestionável a intenção de

declarar que o considerado ―diferente‖ deve ser

visto, admitido, reconhecido e tratado como

―normal.

Partindo da aceitação do ―diferente‖ e não

há como negá-lo, pois a mensagem o revela,

talvez fosse, ainda que persistisse o

reconhecimento do ―diferente‖, aconselhável o

slogan “O DIFERENTE TAMBÉM É

NORMAL”. Cremos que todos o somos,

diferentes ou não.

Page 100: Revista nº 23

100

Fomos assistir, à tarde, dia 7(sete) de

setembro, terça-feira, ao desfile das delegações

estudantis no município do Capão do Leão.

Mesmo com o advento da tecnologia e com as

conquistas virtuais, o rufar dos tambores, o

drapejar dos estandartes, herança, quem sabe,

que lembra incursões da Idade Média, ainda nos

levam às ruas à procura de orgulhosas exibições

pueris que se perderam no arreamento de nossos

lúdicos pavilhões.

Embora demonstrando incentivo a todas

as manifestações do evento, não nos pudemos

furtar de ver e demonstrar nossa preocupação

com os dizeres estampados em algumas

camisetas de alunos e educadores. Lia-se “O

NORMAL É SER DIFERENTE” –Caso

houvesse a omissão do artigo, ou seja,

“NORMAL É SER DIFERENTE” , não

implicaria alterações na proposta contextual.

Inicialmente julgamos que nossa

observação incorresse em erro visual ou

interpretativo. Lastimavelmente não o foi.

Comentamos com alguns professores, inclusive

de Língua Portuguesa – quem sabe nosso crivo

demonstrasse desacerto.

Partamos do princípio fundamental que

todos somos diferentes. Em assim o sendo,

“SER DIFERENTE É NORMAL”, nada mais

Page 101: Revista nº 23

101

é do que o óbvio, não sei se o ―ululante‖ de

Nélson Rodrigues. Como consequência, somos

todos normais. Para chegarmos a essa inferência

precisaríamos de patamares de normalidade, o

que, evidentemente, não se ajusta ao objetivo

colimado. A proposta, louvável em sua intenção,

é a de que os alunos que necessitem de atenção

especial não fiquem alijados do contexto

coletivo.

A afirmação, exposta na indumentária, “O

NORMAL É SER DIFERENTE” leva-nos,

inevitavelmente à pergunta: e se não somos

diferentes, deixamos de ser normais? São

dispensáveis intrincados ou complexos

raciocínios para se evidenciar que,

matematicamente, a correspondência não é

biunívoca e inaplicável o princípio do

contraditório. Experimentemos proceder à

negativa: “O (A) NORMAL (NÃO) É SER

Parece-nos, e nos inclinamos à sapiência

dos doutos, que a normalidade não está no ser ou

não diferente. Da mesma forma, não vemos que

sejam imprescindíveis ―rótulos‖ para destacar

quem merece atenção especial.

E assim, meus amigos, graças ao poder

―miraculoso‖ dessas genialidades intelectivas, os

governantes, conscientes ou não, vêm

―minimizando‖, no papel, dores alheias. Os

Page 102: Revista nº 23

102

pobres, num passe de mágica, tornaram-se

carentes. Só não o são em épocas eleitorais. O

incorreto e à margem da gramática ―pobríssimo‖

é humilhante, contudo, o irônico ―paupérrimo‖

tem ares de nobreza.

Enquanto divagávamos, o incentivo das

palmas estimulava cívica e patrioticamente

contorcionistas, balizas, porta-bandeiras,

músicos e demais partícipes. O lirismo das

harpas harmonizava-se ao estrondear dos

bombos, que marcavam a cadência. No palanque

oficial, crepitava a chama votiva de nossa

brasilidade. E embevecido, quase não

percebemos que a tarde envolvera-se no manto

do anoitecer.

Page 103: Revista nº 23

103

DESCULPAR OU NÃO? EIS A QUESTÃO!

Mesmo que não estejamos em vigilância

constante, até porque nossos erros e deslizes são

tão ou mais graves que os praticados pelo

comum dos mortais, não podemos nos furtar de

fazer alguns comentários, em se considerando a

dedicação que nutrimos pelo pátrio idioma,

sobre uma mensagem exposta no centro de nossa

cidade.

Examinemos: “DESCULPEM O

TRANSTORNO, ESTAMOS

TRABALHANDO PARA O SEU

BENEFÍCIO!‖ Inicialmente atentemos ao fato

que a estrutura linguística compõe-se de duas

orações. A primeira oração, e a ordem pode ser

alterada, apresenta o verbo no imperativo

afirmativo, ou seja, “desculpem” (vocês). Ainda

que o pronome pessoal esteja omisso, o sujeito

não é classificado como ―oculto‖, já que está

intrínseco no verbo e, portanto, as mais

conceituadas gramáticas o classificam como

elíptico.

Page 104: Revista nº 23

104

As formas imperativas – afirmativas ou

negativas – podem ou não ser cumpridas,

dependendo de nossas condições, conveniências

e uma multiplicidade de fatores. Na situação em

pauta, não vemos por que não o fazer, já que

afasta a ordem imperativa em nome da

apelativa.

Como se sabe, quem desculpa, o faz,

eximindo alguém. Destarte, somos levados a

personificar o transtorno. Onde encontrá-lo?

Talvez bem à frente – como entulho, caliça,

tapumes. Como ele reagirá ante nossas

desculpas? Difícil, não? Pois quem deve ser

desculpado ―somos nós‖, causadores do

transtorno.

Corrijamos então o deslize:

“DESCULPEM-NOS”. Já melhorou, ainda que

estejamos sendo induzidos à prática da

aceitabilidade. O sujeito continua sendo

―vocês‖, e deixamos de desculpar o transtorno.

Com a colocação do pronome ―nos‖ e a

consequente correção (desculpem a nós), exige-

se a presença de uma preposição, ou seja,

―DESCULPEM-NOS PELO

TRANSTORNO”. Percebe-se, agora, que

estamos, sob forma imperativa, solicitando que

sejamos desculpados por termos realizado ou

ainda operacionalizando, quem sabe obras, que

Page 105: Revista nº 23

105

estão causando transtorno. É latente, mesmo ao

leigo, que a linguagem está se tornando, menos

complexa e adequada aos padrões gramaticais.

Ao menos, é nossa pretensão. E se desejássemos,

poderíamos ficar cingidos a essa oração, que,

por ser una, torna-se absoluta.

Temos por vezo explicar ou apresentar a

causa de ações que transgridam a regularidade.

Por vezes o motivo é plenamente dispensável,

podendo gerar, em face de incorreções

gramaticais, distorções interpretativas.

Diferenciar-se-á uma estrutura que exija

complemento, isto porque a oração principal não

se completa e a segunda, subordinada, com ou

sem conjunção, expõe o fator determinante.

Continuemos. Quando se lê

“TRABALHANDO PARA SEU

BENEFÍCIO!” Incorre-se noutra infração linguística que nos

leva a perguntar – benefício de quem? É óbvio

que se objetiva o nosso benefício. Quem sabe aí

esteja o porquê de sermos compelidos a

desculpar. Entretanto, mesmo os mais incautos

no idioma que Camões chorou no exílio,

reconhecem, de imediato, que o pronome ―seu‖

leva-nos a uma figura de linguagem que denota

ambiguidade.

Page 106: Revista nº 23

106

Logo, conforme o registro, se o benefício

for para acentuar os inconvenientes do

transtorno, não nos parece recomendável que o

façamos. Deixaremos, dessa forma, de cumprir

com o pedido, isto porque queremos para nós o

benefício e não para o transtorno.

A ambiguidade poderia e deveria ser

desfeita, ainda que seja foneticamente menos

receptiva, ao usarmos „TRABALHANDO

PARA O BENEFÍCIO DE VOCÊ‖.

Como vêem, estamos num impasse

―shakespereano‖, desculpar ou não o transtorno,

―eis a questão‖, e se o fizermos, quem sabe, ele

se avolume com o benefício.

Embora devam ser respeitadas as

liberdades usuais, praticadas na linguagem

coloquial, referendadas pelo Ministério da

Educação, em nome da liberdade de expressão,

preconizando quem sabe quanto ―pior‖,

―melhor‖, não nos cabe o direito de com as

Universidades, Faculdades e intelectuais que

tornam insigne a ―Atenas Rio-grandense‖, dar

mostras de nossa incúria.

A IRONIA DOS EUFEMISMOS

Sabe-se que, sem imergirmos nos mares

da prolixidade ou do preciosismo, muitos

profissionais da área da saúde física e mental,

Page 107: Revista nº 23

107

tais como sociólogos, psicólogos e talvez

filólogos, objetivando minimizar possíveis

sequelas, sempre procuraram, através de

recursos linguísticos, notadamente eufêmicos,

nominar situações e/ou pessoas que exijam

atenções diferenciadas.

Nossa assertiva respalda-se, sobejamente,

―a priori‖, na película Reflexos da amizade,

protagonizada, entre outros, pelos

extraordinários Robin Williams e David

Duchovny. A essência da página

cinematográfica reside na amizade do deficiente

Pappas (Robin) com o estudante e, ao atingir a

maturidade, artista plástico Tom Warshaw

(Duchovny). No reencontro, passados longos

anos, afloram ternas e jocosas recordações de

tempos idos. Pappas, encanecido, tendo ciência

de suas limitações psíquicas, declara ao amigo,

até com ironia, orgulho e perplexidade, que em

1984 era tido como retardado, em 1987/8,

deficiente mental, em 2004, excepcional, e

acreditava que as classificações não tivessem

chegado a termo.

Percebe-se que, lastimavelmente, a

mudança ocorre apenas no campo semântico.

Quer-nos crer, salvo melhor juízo, que a

adjetivação, indiferente a quem merece cuidados

especiais, sensibiliza com brisas tênues, apenas

Page 108: Revista nº 23

108

familiares e agentes diretamente envolvidos no

processo. As autoridades governamentais, em

todos os níveis, mantêm-se muito aquém do

esperado. Não fora a colaboração de denodados

empresários e líderes comunitários, bem como a

realização de campanhas associativas, os

entraves seriam bem maiores que o são. Deve-se

ter percepção e acurada sensibilidade, a fim de

que o eufemismo, por dourar excessivamente a

pílula, não caia na ironia ou no ridículo.

Lembremos que ―preto‖ é cor; negro é

raça. Tem servido de chacota, mesmo ante os

qualificados como tal, a indicação de ―afro-

descendentes‖, isto porque não retratam a

realidade sensitiva e podemos tê-los sem que

sejam pretos. Diriam os que ironizam as inócuas

ações metafóricas: nada mais do que ―lamúrias

flácidas para dormitar bovinos‖.

Mais intensamente nos últimos anos,

temos observado as campanhas e procurado

ajustar-nos aos padrões preconizados, sob pena

de estimularmos a alienação vocabular.

Respeitando-se algumas ―pérolas‖ que chegam

às raias da hilaridade, notamos que há um

abismo entre o desejar expressar-se e o

conseguir. Não vemos como demérito, quando

estivermos diante de um impasse na

Page 109: Revista nº 23

109

comunicação escrita, consultar quem de direito o

sabe, ou crê.

Os canais televisivos têm divulgado, com

o respaldo publicitário da Operadora de

Telefonia OI, uma menina, com Síndrome de

Down, cujo comportamento não se diferencia

dos tidos e havidos como normais, até pelo

contrário. Os comunicadores valem-se de um

slogan – “SER DIFERENTE É NORMAL”. É

perceptível e inquestionável a intenção de

declarar que o considerado ―diferente‖ deve ser

visto, admitido, reconhecido e tratado como

―normal.

Partindo da aceitação do ―diferente‖ e não

há como negá-lo, pois a mensagem o revela,

talvez fosse, ainda que persistisse o

reconhecimento do ―diferente‖, aconselhável o

slogan “O DIFERENTE TAMBÉM É

NORMAL”. Cremos que todos o somos,

diferentes ou não.

Fomos assistir, à tarde, dia 7(sete) de

setembro, terça-feira, ao desfile das delegações

estudantis no município do Capão do Leão.

Mesmo com o advento da tecnologia e com as

conquistas virtuais, o rufar dos tambores, o

drapejar dos estandartes, herança, quem sabe,

que lembra incursões da Idade Média, ainda nos

levam às ruas à procura de orgulhosas exibições

Page 110: Revista nº 23

110

pueris que se perderam no arreamento de nossos

lúdicos pavilhões.

Embora demonstrando incentivo a todas

as manifestações do evento, não nos pudemos

furtar de ver e demonstrar nossa preocupação

com os dizeres estampados em algumas

camisetas de alunos e educadores. Lia-se “O

NORMAL É SER DIFERENTE” –Caso

houvesse a omissão do artigo, ou seja,

“NORMAL É SER DIFERENTE” , não

implicaria alterações na proposta contextual.

Inicialmente julgamos que nossa

observação incorresse em erro visual ou

interpretativo. Lastimavelmente não o foi.

Comentamos com alguns professores, inclusive

de Língua Portuguesa – quem sabe nosso crivo

demonstrasse desacerto.

Partamos do princípio fundamental que

todos somos diferentes. Em assim o sendo,

“SER DIFERENTE É NORMAL”, nada mais

é do que o óbvio, não sei se o ―ululante‖ de

Nélson Rodrigues. Como consequência, somos

todos normais. Para chegarmos a essa inferência

precisaríamos de patamares de normalidade, o

que, evidentemente, não se ajusta ao objetivo

colimado. A proposta, louvável em sua intenção,

é a de que os alunos que necessitem de atenção

Page 111: Revista nº 23

111

especial não fiquem alijados do contexto

coletivo.

A afirmação, exposta na indumentária, “O

NORMAL É SER DIFERENTE” leva-nos,

inevitavelmente à pergunta: e se não somos

diferentes, deixamos de ser normais? São

dispensáveis intrincados ou complexos

raciocínios para se evidenciar que,

matematicamente, a correspondência não é

biunívoca e inaplicável o princípio do

contraditório. Experimentemos proceder à

negativa: “O (A) NORMAL (NÃO) É SER

DIFERENTE”.

Parece-nos, e nos inclinamos à sapiência

dos doutos, que a normalidade não está no ser ou

não diferente. Da mesma forma, não vemos que

sejam imprescindíveis ―rótulos‖ para destacar

quem merece atenção especial.

E assim, meus amigos, graças ao poder

―miraculoso‖ dessas genialidades intelectivas, os

governantes, conscientes ou não, vêm

―minimizando‖, no papel, dores alheias. Os

pobres, num passe de mágica, tornaram-se

carentes. Só não o são em épocas eleitorais. O

incorreto e à margem da gramática ―pobríssimo‖

é humilhante, contudo, o irônico ―paupérrimo‖

tem ares de nobreza.

Page 112: Revista nº 23

112

Enquanto divagávamos, o incentivo das

palmas estimulava cívica e patrioticamente

contorcionistas, balizas, porta-bandeiras,

músicos e demais partícipes. O lirismo das

harpas harmonizava-se ao estrondear dos

bombos, que marcavam a cadência. No palanque

oficial, crepitava a chama votiva de nossa

brasilidade. E embevecido, quase não

percebemos que a tarde envolvera-se no manto

do anoitecer.

Page 113: Revista nº 23

113

ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE

LETRAS

ESTATUTO SOCIAL

Título I

Da Denominação, Sede, Símbolos e Abrangência

Art.1º - A ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE

LETRAS a qual utilizará a sigla ASBL e, doravante

neste Estatuto Social simplesmente como ASBL, com

objetivos culturais e educacionais é uma associação civil

sem fins econômicos, com duração por prazo

indeterminado, rege-se por este Estatuto Social e pelas

disposições legais atinentes, estando sediada na Rua 3 de

Maio, número 1060, conjunto 403, Pelotas – RS, com

foro neste município.

Art. 2º - São símbolos da ASBL:

a) O Brasão;

b) A Bandeira;

c) A Flâmula;

d) A Pelerine;

e) O Sinete.

Parágrafo único – Os símbolos da ASBL são

descritos de forma minuciosa no Regimento Interno.

Art. 3º - A ASBL, para fins de congregação de

Page 114: Revista nº 23

114

associados acadêmicos, abrange os Estados do Rio

Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná

§ 1º – Em cada um dos Estados nominados

haverá uma seção da ASBL administrada por um vice-

presidente.

§ 2º - A Seção 1 será a do Rio Grande do Sul, a

Seção 2 será a de Santa Catarina, a Seção 3 será a do

Paraná.

TÍTULO II

Dos Objetivos

Art. 4º - São objetivos da ASBL:

a) Congregar literatos e intelectuais de sua área

de abrangência;

b) Incentivar a investigação, o desenvolvimento

das atividades culturais, a criação, elaboração e a

divulgação de obras literárias na região;

c) Instituir concursos, prêmios e outros

incentivos;

d) Manter intercâmbio e colaborar com as

entidades congêneres em âmbito local, regional,

nacional e internacional;

e) Associar-se e colaborar com instituições

educacionais públicas ou privadas no incentivo ao

ensino e aprendizagem da língua pátria.

TÍTULO III

Do Patrimônio

Art. 5º - O Patrimônio da entidade é constituído

de:

Page 115: Revista nº 23

115

a)direitos de qualquer natureza suscetíveis de

serem apreciados economicamente;

b) bens imóveis e móveis;

c) biblioteca, fototeca, pinacoteca, hemeroteca e

demais recursos audiovisuais;

d) montante oriundo da contribuição do quadro

social;

e) doações e quaisquer rendas eventuais.

Parágrafo único – A biblioteca, cuja organização

e funcionamento serão regulados por Regimento Interno,

reúne em seu acervo livros, jornais, revistas, fotografias,

arquivos e museu adquiridos com recursos próprios ou

recebidos em doação; para constituição de seu acervo,

são priorizadas as obras dos acadêmicos, dos autores da

área de abrangência da ASBL.

TÍTULO IV

Da Organização Deliberativa e Administrativa

Art. 6º - A organização deliberativa e

administrativa da ASBL compreende:

a) a Assembléia Geral;

b) a Diretoria;

c) o Conselho Fiscal.

d) as Seções Estaduais

CAPÍTULO I

Dos Sócios

Art. 7º - A ASBL congrega as seguintes

Page 116: Revista nº 23

116

categorias de associados:

a) Fundadores

b) Acadêmicos;

c) Beneméritos;

d) Honorários;

e) Correspondentes.

§ 1º - São associados Fundadores aqueles que

assinaram a Ata de Fundação da Academia Sul-

Brasileira de Letras, em 09 de maio de 1970.

§ 2º - São associados Acadêmicos os literatos

dos três Estados sulinos que, tendo, pelo menos, um

livro publicado em qualquer gênero literário e que,

apresentados por membro do sodalício, tenham o seu

ingresso aprovado pela Assembléia Geral.

§ 3º - São associados Beneméritos as pessoas

físicas ou jurídicas que prestarem relevantes serviços à

Academia, independentemente de naturalidade ou

nacionalidade, a juízo da Assembléia Geral.

§ 4º - São associados Honorários as pessoas

físicas ou jurídicas que se destacarem na difusão da

cultura, independentemente de naturalidade ou

nacionalidade a juízo da Assembléia Geral.

§ 5º - São associados Correspondentes as pessoas

físicas ou jurídicas, com residência ou sede fora do

município de Pelotas e que, constantemente trocarem

informações de interesse da ASBL e/ou da cultura, e

Page 117: Revista nº 23

117

tiverem o nome aprovado pela Diretoria.

§ 6º - A proposição à Diretoria de nomes para

associado Benemérito, Honorário e Correspondente é

atribuição dos Sócios Acadêmicos, acompanhando a

indicação curriculum vitae e circunstanciada exposição

de motivos.

Art. 8º - O quadro de Associados Acadêmicos se

compõe de até 60 (sessenta) membros, cujas cadeiras

têm um patrono específico; o de sócios Beneméritos,

Honorários e Correspondentes não tem limite prefixado.

Parágrafo único – A Direção da

Academia cuidará de uma adequada distribuição de

vagas que contemple a representatividade dos três

Estados.

CAPÍTULO II

Dos Direitos e Deveres dos Associados

Art. 9º – São direitos dos associados de todas as

categorias:

a) Participar das atividades da Academia, utilizar

o seu patrimônio, freqüentar os espaços da sede, referir

em suas obras e publicações sua pertinência à entidade;

b) Sugerir, propor, discutir políticas e medidas

que visem ao engrandecimento do ASBL;

Art. 10 – São direitos dos associados

Acadêmicos:

a) Ocupar cadeira numerada do Quadro

Page 118: Revista nº 23

118

Acadêmico;

b) Usar o sinete acadêmico;

c) Mencionar em suas obras o título de membro

da ASBL, referindo o número da cadeira que ocupa e o

nome do patrono, se assim desejar;

d) Votar e ser votado para os cargos eletivos da

ASBL, conforme as normas da entidade;

e) Ocupar cargos e desempenhar atividades nos

Departamentos, a convite do Presidente;

f) Representar a ASBL, quando autorizado para

isso, por procuração do presidente;

g) Vitaliciedade;

h) Renunciar à vitaliciedade.

Parágrafo único – O associado que perder a

cadeira na entidade conforme o disposto no parágrafo 3º

do Art. 12, não poderá, a partir de então, referir sua

pertinência à ASBL.

Art. 11 – São deveres dos associados de todas as

categorias:

a) Cumprir e fazer cumprir o Estatuto Social, o

Regimento Interno, as normas e deliberações da ASBL;

b) Contribuir para o bom nome da entidade;

c) Incentivar a cooperação com as entidades

congêneres e outras instituições culturais;

d) Zelar pela imagem e moralidade pública da

ASBL.

Art. 12 – São deveres dos associados

Acadêmicos, além dos especificados no artigo anterior:

a) Participar de reuniões, assembléias,

Page 119: Revista nº 23

119

solenidades e eventos promovidos pela ASBL.

b) Pagar mensalmente, ou em outras modalidades

oferecidas pela Diretoria, as contribuições financeiras

estipuladas;

§ 1º - É condição para participar das Assembléias

Gerais, ordinárias ou extraordinárias, com direito a voto,

estar quite com a tesouraria.

§ 2º - O associado que não cumprir seus deveres

será submetido a julgamento por uma comissão,

designada pela Diretoria, e com atribuições estabelecidas

pelo Regimento Interno, garantidos ao acusado direito

de ampla defesa e de contraditório.

§ 3º São previstas as seguintes penalidades:

a) Advertência – Será aplicada ao

associado que infringir os deveres previstos nas letras a),

b, e c do Art. 11, e as letras a) e b) do Art. 12.

b) Suspensão - Será aplicada ao

associado que descumprir o previsto na letra d) do Art.

11 ou reincidir na infringência dos deveres para o que se

prevê pena de advertência.

c) Perda da cadeira – Será aplicada a penalidade

de perda da cadeira ao associado que, advertido e

suspenso, reincidir em suas faltas, bem como ao

associado condenado judicialmente por atos

considerados desabonatórios e indignos de participação

na Academia, assegurada a postulação de nova cadeira

no quadro.

Page 120: Revista nº 23

120

§ 4º - As penas de advertência e suspensão são de

alçada da Diretoria; a aplicação da pena de perda da

cadeira proposta ao final do processo pela comissão

julgadora, é de competência da Assembléia Geral, sendo

que de qualquer penalidade será notificado o infrator

através de documento escrito expedido pela Diretoria.

CAPÍTULO III

Da Assembléia Geral.

Art. 13 – A Assembléia Geral, órgão soberano da

entidade, é constituída pelos associados acadêmicos em

pleno gozo de seus direitos estatutários.

Art. 14 – A convocação para as Assembléias

Gerais, com a especificação da ordem do dia, será feita

pelo Presidente, com antecedência mínima de 15

(quinze) dias, mediante edital afixado no local da sede

e/ou em órgão de divulgação, bem como através de

correspondência pessoal enviada a cada acadêmico,

comprovando-se a data de remessa pelo carimbo de

postagem.

Art. 15 – A Assembléia Geral Ordinária, bem

como a Extraordinária, serão abertas pelo Presidente ou

por seu substituto legal que, se assim o decidir a

Assembléia, passará a direção dos trabalhos ao

associado que for escolhido por maioria, convidando

auxiliares para o desempenho das tarefas inerentes à

reunião.

Art. 16 – As Assembléias Gerais funcionarão, em

Page 121: Revista nº 23

121

primeira convocação, na hora marcada, com a presença

mínima de 20% dos acadêmicos com direito a voto e, em

segunda convocação, trinta minutos após a hora

marcada, com a presença mínima de 10% dos associados

habilitados.

Art. 17 – Para deliberar sobre a destituição do

Presidente ou a alteração dos Estatutos Sociais da

ASBL, a Assembléia especialmente convocada para este

fim, não poderá deliberar, em primeira convocação, sem

a maioria absoluta dos associados aptos a votar, ou com

menos de um terço nas convocações seguintes, exigindo-

se o voto concorde de, no mínimo 2/3 dos presentes.

Art. 18 – Nas Assembléias de caráter eletivo será

facultado o voto por correspondência aos acadêmicos

residentes fora da sede, sendo o assunto regulado pelo

Regimento Interno, vedada a modalidade de voto por

procuração.

Art. 19 – São atribuições da Assembléia Geral:

a) Eleger a Diretoria da ASBL e os integrantes

do Conselho Fiscal;

b) Aprovar o estatuto social e o regimento

interno, assim como suas modificações;

c) Apreciar, aprovando ou rejeitando o relatório

financeiro da Diretoria acompanhado de parecer do

Conselho Fiscal;

d) Apreciar, homologando ou rejeitando as

propostas de ingresso de novos associados acadêmicos,

bem como o de associados beneméritos e honorários,

Page 122: Revista nº 23

122

mediante exposição de motivos exarada pela Diretoria;

e) Decidir pela aplicação ou não da penalidade

de perda da cadeira ao associado julgado conforme o

parágrafo 3º do Art. 12.

f) Destituir o Presidente com a concordância e o

quorum previstos no art. 17.

g) Decidir pela extinção da ASBL conforme o

disposto no Art. 35.

CAPÍTULO IV

Da Diretoria

Art. 20 – A Diretoria da ASBL compreende os

seguintes cargos e funções:

a) Presidente;

b) 1º Vice-presidente (RS);

c) 2º Vice-presidente (SC);

d) 3º Vice-presidente (PR);

e) Secretário Geral;

f) 1º Secretário (RS);

g) 2º Secretário (SC);

h) 3º Secretário (PR)

i) Tesoureiro Geral;

j) 1º Tesoureiro (RS);

k) 2º Tesoureiro (SC);

l) 3º Tesoureiro (PR).

§ 1º – A Diretoria contará ainda, para auxiliá-la,

com o Departamento de Imprensa e Relações Públicas,

bem como com os cargos de Diretor do Patrimônio e

outros que julgar necessários, todos os titulares de livre

Page 123: Revista nº 23

123

escolha do Presidente e segundo normatização exarada

por ele.

§ 2º - Os cargos da Diretoria são eletivos,

conforme art. 19, a), havendo para cada cargo,

excetuado o de Presidente, um suplente que auxiliará o

titular em suas funções e o substituirá em seus

impedimentos.

§. 3º - O mandato da Diretoria é de 2 (dois)

anos.

Art. 21 – Compete à Diretoria:

a) Aprovar e pôr em prática as políticas a serem

implementadas pela Academia;

b) Decidir quanto aos valores e formas de

cobrança das contribuições financeiras dos associados

acadêmicos;

c) Auxiliar a presidência na administração da

entidade;

d) Apreciar a indicação de nomes para

associados acadêmicos, beneméritos, honorários

encaminhando os nomes aprovados à homologação da

Assembléia Geral;

e) Autorizar contratos de locação ou os que

implicarem comprometimento financeiro por parte da

ASBL;

f) Conceder licença ou aceitar a demissão de

associados, quando solicitadas por escrito pelo

interessado em documento com firma reconhecida;

g) Aprovar a admissão ou demissão de

funcionários com suas obrigações e salários

Page 124: Revista nº 23

124

especificados;

h) Autorizar o ingresso de Associado

Correspondente.

Art. 22 – O Presidente será eleito pela

Assembléia Geral, para um mandato de 2 (dois) anos e

podendo ser reconduzido para um segundo mandato.

Parágrafo único – Em caso de vacância

do cargo de Presidente, com menos de 50% do mandato,

far-se-á nova eleição.

Art. 23 – Compete ao Presidente:

a) Escolher, empossar e dispensar os titulares de

Departamentos e de cargos não eletivos, dentre os

associados da ASBL;

b) Representar a ASBL ativa e passivamente,

judicial e extrajudicialmente, em todos os atos de

administração e gestão, podendo para tanto, quando

necessário, nomear procurador com poderes específicos

para representá-lo.

c) Assinar juntamente com o Tesoureiro os

documentos da tesouraria e especificamente os cheques

bancários;

d) Admitir e demitir funcionários;

e) Resolver ―ad referendum‖ da Diretoria, os

assuntos considerados de urgência, dando ciência aos

demais diretores na sessão imediata;

f) Convocar e dirigir a Assembléia Geral e os

atos solenes realizados pela entidade;

g) Convocar e presidir as reuniões de Diretoria;

h) Prestar contas de sua gestão através de

relatórios financeiros apreciados pelo Conselho Fiscal e

Page 125: Revista nº 23

125

pela Assembléia Geral.

Art. 24 – Aos vice- presidentes, eleitos com o

presidente, e com igual mandato, compete:

a) Auxiliar o presidente no exercício de suas

funções;

b) Substituir o presidente em seus impedimentos

e concluir o mandato, em caso de vacância do cargo,

obedecida a ordem de precedência sucessivamente;

Participar das reuniões da Diretoria;

c) Organizar e executar o protocolo das

solenidades;

Presidir e administrar a Seção do respectivo

Estado, auxiliado por um Secretário e um Tesoureiro,

desenvolvendo as atividades da ASBL que melhor

julgar oportunas e relevantes, em representação do

Presidente.

Parágrafo único – A administração econômico-

financeira, a contabilidade e a prestação de contas das

atividades da Seção cabem ao Vice-Presidente.

Art. 25 – Compete ao Secretário Geral:

a) Assinar, com o Presidente os documentos

relativos à Secretaria;

b) Lavrar, em livro próprio, as atas de todas as

sessões da Diretoria;

c) Manter em dia os registros da entidade.

Art. 26 – Compete aos Secretários auxiliar o

Secretário Geral em suas atividades e manter em dia o

registro da respectiva Seção.

Page 126: Revista nº 23

126

Art. 27 – Compete ao Tesoureiro Geral:

a) Assinar, com o Presidente, cheques e

documentos;

b) Conservar sob sua guarda os valores da

entidade;

Manter em dia os registros atinentes a seu cargo;

c) Manter em dia o registro de imóveis e móveis

da Academia.

Art. 28 – Compete aos Tesoureiros das Seções

auxiliar o Tesoureiro Geral fornecendo-lhe os dados para

a prestação geral de contas da ASBL e auxiliar o Vice-

Presidente em tudo o que diz respeito às atividades de

tesouraria na Seção à semelhança das tarefas exercidas

pelo Tesoureiro Geral em relação à ASBL.

Art. 29 - As funções de Diretor de Patrimônio, de

Assessor de Imprensa e de Relações Públicas serão

especificadas no Regimento Interno, de acordo com o

estabelecido no presente Estatuto Social.

CAPÍTULO V

Do Conselho Fiscal

Art. 30 – O Conselho Fiscal é composto por 3

(três) membros efetivos e 1 (um) suplente, tendo a

função de examinar os relatórios financeiros e contábeis

da Diretoria e das Seções, emitindo parecer para

encaminhamento à Assembléia Geral.

Page 127: Revista nº 23

127

Parágrafo Único – A função de conselheiro fiscal

é prerrogativa dos associados acadêmicos, eleitos, pela

Assembléia Geral para um mandato de 2 (dois) anos.

CAPÍTULO VI

Das Seções estaduais

Art. 31 – Às seções estaduais compete:

a) Promover o congraçamento dos associados de

seus respectivos Estados e o entrosamento com os dos

demais Estados;

b) Indicar à Diretoria da ASBL nomes de

acadêmicos a serem apreciados pela Assembléia Geral,

para o preenchimento de cadeiras vagas.

c) Indicar, dentre os acadêmicos do respectivo

Estado, candidatos a Vice-Presidente, secretário e

tesoureiro para a Seção, e seus respectivos suplentes a

serem eleitos pela Assembléia Geral.

§ 1º - Respeitadas as normas do Estatuto Social e

do Regimento da ASBL, cada seção organizará seu

regimento interno;

§ 2º - Cada seção, além de participar das

atividades gerais da ASBL, administrará suas

atividades, mantendo contabilidade própria e arcando

com seu ônus financeiro.

TÍTULO V

Das Disposições Gerais e Transitórias

Art. 32 – A ASBL comemorará o aniversário de

Page 128: Revista nº 23

128

sua fundação em 9 de maio, data em que serão

empossados os membros da Diretoria e do Conselho

Fiscal eleitos na Assembléia Geral.

Art. 33 – Os associados não respondem, nem

pessoal nem solidariamente, pelas obrigações contraídas

pela ASBL.

Art. 34 – Os associados acadêmicos poderão

requerer, por escrito , licença por um ano das atividades

da ASBL.

Art. 35 – A ASBL somente será extinta por

deliberação da Assembléia Geral Extraordinária,

convocada para este fim, com a presença de ¾ dos

associados acadêmicos em pleno gozo de seus direitos e

com votos favoráveis de, no mínimo, ¾ dos

participantes, destinando-se o patrimônio a outra

entidade congênere ou ao município em que estiverem

sediadas a sede da ASBL e suas respectivas seções na

proporção dos bens nelas localizados.

Art. 36 – As regras decorrentes deste Estatuto

Social serão disciplinadas pelo Regimento Interno ou

Interno e por resoluções da Diretoria.

§ 1º - A Diretoria elaborará o Regimento Interno

no prazo de 120 (cento e vinte) dias.

§ 2º – Na falta do Regimento, e os casos omissos

serão resolvidos pela Diretoria.

Page 129: Revista nº 23

129

Art. 37 – O presente Estatuto Social, aprovado

pela Assembléia Geral, entrará imediatamente em vigor,

revogados as disposições em contrário e o Estatuto até

agora vigente, registrado sob o nº 1.280, a fls. 43v/44 do

Livro A5, em 12 de novembro de 1973, no Registro de

Pessoas Jurídicas em Rocha Brito Serviço Notarial e

Registral, de Pelotas.

Aprovado na Assembléia Geral de 06/12/2003 e

adequado às novas normas da legislação federal.

Page 130: Revista nº 23

130

Page 131: Revista nº 23

131

ASBL :CADEIRAS-PATRONOS-TITULARES

CADEIRA No.1

Patrono: Jorge Salis Goulart

Titular I: SADY MAURENTE AZEVEDO

Titular II: MARÍSIA DE JESUS F. VIEIRA

Endereço: G. Telles, 607/901 CEP 96010-310

fone (53) 33028943 - 91088139

E-mail: [email protected]

CADEIRA No.2

Patrono:Francisca Marcant Gonçalves

Titular: MANOEL JESUS SOARES DA SILVA

Endereço: R. João Jacob Bainy, 266 – Pelotas RS

E-mail: [email protected]

Page 132: Revista nº 23

132

CADEIRA No.3

Patrono: Manoelito de Ornellas

Titular: I- IVONE LEDA DO AMARAL

Titular II:

Endereço:

CADEIRA No.4

Patrono: Nelson Abott de Freitas

Titular: JOAQUIM MONCKS

Endereço:R. Lima e Silva, 116/401

CEP 90050-100 Porto Alegre RS

E-mail: [email protected]

CADEIRA No.5

Patrono: Érico Veríssimo

Titular: VALTER SOBREIRO JÚNIOR

Endereço: R. Prof. Araújo, 2149/102

CEP 96020-360 Pelotas RS

CADEIRA No.6

Patrono: Fernando Luis Osório

Titular: MÁRIO OSÓRIO MAGALHÂES

Endereço: Av. Domingos de Almeida 3030

CEP 96085-470 Pelotas RS

Page 133: Revista nº 23

133

CADEIRA No.7

Patrono: Paula Correa Lopes

Titular: CATARINA SCHENINI CUNHA

Endereço: R.Vicente Lopes dos Santos, 200/301

CEP 90103-140 Menino Deus, P. Alegre RS –

[email protected]

CADEIRA No.8

Patrono: Francisco de Paula Pinto Magalhães

Titular: JOSÉ ANÉLIO SARAIVA

End: R. João da Silva Silveira, 211- Na. S. Fátima

CEP 96080-000 Pelotas RS

CADEIRA No.9

Patrono: Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior

Titular: SUELLY CORRÊA GOMES

Endereço: R. Heinrich Hosang, 165/303

CEP 89012-190 Blumenau SC

CADEIRA No.10

Patrono: Francisco Lobo da Costa

Titular I: José Vieira Etcheverry

Titular II: IRMÃO ELVO CLEMENTE

Endereço:

Page 134: Revista nº 23

134

CADEIRA No 11

Patrono: Álvaro José Gomes Porto Alegre

Titular: FELIPE ASSUMPÇÃO GERTUM

Endereço: Av. A A Assumpção, 9805

CEP 96090-240 Pelotas RS

CADEIRA No.12

Patrono: Marieta Mena Barreto Costa Amador

Titular: ANA LUIZA TEIXEIRA

Endereço: Av. Borges de Medeiros, 1141/193

CEP 90020—25 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 13

Patrono: João Simões Lopes Neto

Titular: I - ÂNGELO PIRES MOREIRA

Titular II:

Endereço

CADEIRA No l4

Patrono: Aurora Nunes Wagner

Titular I:LYDIA MOMBELLI DA FONSECA

Titular II:

Page 135: Revista nº 23

135

CADEIRA No.15

Patrono: Irajá Moraes Nunes

Titular: SÉRGIO OLIVEIRA

Endereço: R. Leonardo Colares, 137/101

CEP 96020-190 Pelotas RS

CADEIRA No 16

Patrono: Raul de Leôni

Titular I: IVO CAGGIANI

Titular II: LÍGIA ANTUNES LEIVAS

Endereço: R. Dr. Franklin Olivé Leite, 323

CEP 96055-520 Pelotas RS

[email protected]

[email protected]

CADEIRA No. 17

Patrono: Demerval Araújo

Titular: I -HARLEY CLÓVIS STOCCHERO

Titular: II -

Endereço:

CADEIRA No .18

Patrono Alberto Coelho da Cunha

Titular: RONALDO CUPERTINO DE MORAES

Endereço: R. Gen. Osório, 938

CEP 96020-000 Pelotas RS

Page 136: Revista nº 23

136

CADEIRA No. 19

Patrono: João Cruz e Sousa

Titular I: Rondon Soares

Titular II: LAURO JUNKES

Endereço: R.Capitão Romualdo de Barros, 251.

CEP 88015-000(Carvoeira)Florianópolis SC

CADEIRA No. 20

Patrono: Maria Alzira Freitas Taques

Titular: ZENIA DE LEÓN (Licenciada)

Endereço: R. Bernardino Santos, 74

CEP 96080-030 Pelotas RS

CADEIRA No. 21

Patrono: Victor Russomano

Titular: JORGE MORAES

Endereço: R. Manoel Caetano da Silva, 16

CEP 96025-230 Pelotas RS

CADEIRA No.22

Patrono: Januário Coelho da Costa

Titular: CLÓVIS ALMEIDA ALT

Endereço: R. Cel. Alberto Rosa, 268

CEP 96010-770 Pelotas RS

Page 137: Revista nº 23

137

CADEIRA No. 23

Patrono: Adalberto Guerra Duval

Titular: CLÓVIS P. ASSUMPÇÃO

Endereço: Av. 16 de Julho, 165

CEP 90550-220 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 24

Pat:Antônio José Gonçalves Chaves

TitularI:HELOISAASSUMPÇÃO NASCIMENTO

Tit. II:MARIA BEATRIZ COSTA MECKING

Endereço: R. Vol.Pátria 1039/ 1203

CEP 96010-610

E-mail: [email protected]

Page 138: Revista nº 23

138

CADEIRA No.25

Patrono: Guilherme de Almeida

Titular: OSÓRIO SANTANA FIGUEIREDO

Endereço: R. Procópio Mena, 975

CEP 97300-000 São Gabriel RS

CADEIRA No. 26

Patrono: Ceslau Mario Biezanko

Titular: ANTENOR PEIXOTO DE CASTRO

Endereço: R. 15 de Novembro, 666/1110

CEP 96015-000 Pelotas RS

CADEIRA No. 27

Pat: Roberto Landell de Moura

Tit I: ENRIQUE SALAZAR CAVERO

TitularII:OLGA MARIA

DIAS FERREIRA

End: Gen. Neto, 625/302

Pelotas RS –CEP 96015-280

E-mail: [email protected].

Page 139: Revista nº 23

139

CADEIRA No.28

Patrono: José Xavier de Freitas

Titular: MIGUEL RUSSOWSKI

CADEIRA No. 29

Patrono: Aureliano Figueiredo Pinto

Titular: FRANCISCO PEREIRA RODRIGUES

Endereço: R. Vasco Alves, 435

CEP 90010-410 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 30

Patrono: Alberto Pereira Ramos

Titular: ANTÔNIO KLEBER MATHIAS NETTO

Endereço: R. Castro Alves, 950

CEP 25959-075 Teresópolis, RJ

Page 140: Revista nº 23

140

CADEIRA No. 31

Patrono: Dionélio Machado

Titular: DANILO UCHA

Endereço: R. Lopo Gonçalves, 172

CEP 90050-350 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 32

Patrono: Tristão Veloso Nunes Vieira(MárcioDias)

Titular: MARIA ALICE ESTRELA

Endereço: Largo Gomes da Silva, 3635/201

CEP 96020-240 Pelotas RS

CADEIRA No. 33

Patrono: José Vieira Pimenta

Titular I: JOSÉ BACCHIERI DUARTE

Titular II:

CADEIRA No. 34 A foto é de Sejanes Dornelles

Patrono: Josué Guimarães

Titular: JOSÉ TÚLIO BARBOSA

Endereço: Av. João Pessoa, 1784/803

CEP 90040-001 Porto Alegre RS

Page 141: Revista nº 23

141

CADEIRA No. 35

Pat: Hipólito José da

Costa

Tit I: Edgar José Curvello

Titular II: ÂNGELA

TREPTOW SAPPER

Ender: Rua Paulo Alcides Porto Costa, 205 - Cep 96090-000

Email: [email protected] – Fone: 53-32264122

CADEIRA No. 36

Patrono: Juliné da Costa Siqueira

Titular I: PEDRO BAGGIO

Titular II: REYSINA VIANNA RAMOS

Endereço: R.Sinval Brauner Penteado, 52

Areal, Pelotas, CEP 96077-700

CADEIRA No. 37

Patrono: Antônio Gomes de Freitas

Titular I: MARIA AMÉLIA GONÇALVES HILLAL

Titular II

Endereço:

Page 142: Revista nº 23

142

CADEIRA No. 38

Patrono: Ramiro Barcelos

Titular I: HUGO RAMIREZ

Titular II:

Endereço:

CADEIRA No. 39

Patrono: Arquimedes Fortini

Titular: PÉRICLES AZAMBUJA

Endereço: R.7 de Setembro, 1561

CEP 96230-000 Santa Vitória do Palmar RS

CADEIRA No. 40

Patrono: Darci Azambuja

Titular: ANSELMO AMARAL

Endereço: R. Gen. Osório, 2279

CEP 96230-000 Santa Vitória do Palmar RS

CADEIRA No. 41

Patrono: Mário Quintana

Titular: WILMA MELLO CAVALHEIRO

Endereço: R. Anchieta 3173/102

CEP 96015-420 - Pelotas RS

F: (53) 32255045

Page 143: Revista nº 23

143

CADEIRA No. 42

Patrono: Oscar Bertholdo

Titular: JANDIR JOÃO ZANOTELLI

Endereço: R. Jaguarão, 643 CEP 96090-350 - Laranjal – Pelotas RS

E-mail: [email protected]

fone (53-)32262662

CADEIRA No. 43

Patrono: Noemi Assumpção Osório Caringi

Titular: NAIR SOLANGE PEREIRA

FERREIRA

Endereço: General Telles, 358

CEP 96010-310 - Pelotas RS

E-mail: [email protected]

CADEIRA No. 44

Patrono: Delminda Silveira

TitularI: CHEILA STUMPF

Titular II: JULIO DIAS DE QUEIROZ

Page 144: Revista nº 23

144

CADEIRA No. 45

Patrono: Noemi Vale da Rocha

Titular: BLAU FABRÍCIO DE SOUZA

Endereço: Av. Juca Batista, 8.000, casa 114

Belém Novo, CEP 91.780-070 Porto Alegre RS

E-mail: [email protected]

CADEIRA No. 46

Patrono: Magda Costa

Circe de Moraes Palma Monteiro

Tit:NEUSA MARILÚ DUARTE

End: Av. Independência, 1196

CEP 96300-000 - Jaguarão RS

CADEIRA No. 47

Patrono: Carlos Drummond de Andrade

Titular: LUIZ DE MIRANDA

Endereço: José do Patrocínio, 95/405

CEP 90050-001 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 48

Patrono: Guilhermino Cezar

Titular: JOSÉ CLEMENTE POZENATO

Endereço: R. Conselheiro Dantas, 1290/301

CEP 95054-000(S.Família)Caxias do Sul RS

E-mail: [email protected]

Page 145: Revista nº 23

145

CADEIRA No. 49

Patrono: Luiz Delfino

Titular I: PASCHOAL APÓSTOLO PÍTSICA

Titular II: JOSÉ ISAAC PILATI

Endereço: Largo Benjamim Constant 691/603

CEP88015-390 Florianópolis SC

E-mail: [email protected]

CADEIRA No. 50

Patrono: Virgílio Várzea

Titular: HOYÊDO DE GOUVÊA LINS

Endereço: R. D. Joaquim, 132

CEP 88015-310 Florianópolis SC

CADEIRA No. 51

Patrono: Brasílio Itiberê

Titular: CLORIS CASAGRANDE JUSTEN

Endereço: R. Des. Otávio do Amaral 57/142

CEP 80730-400 Curitiba PR

CADEIRA No. 52

Patrono: Scharffenberg de Quadros

Titular: CLOTILDE DE QUADROS CRAVO

Endereço: R. XV de Novembro 1630

CEP 80050-000 Curitiba PR

Page 146: Revista nº 23

146

CADEIRA No. 53

Patrono: Luiz Carlos Pereira Tourinho

Titular: IVO ARZUA PEREIRA

Endereço: Cons. Laurindo, 890/702

CEP 80060–100 Curitiba – Pr

[email protected]

CADEIRA No. 54

Patrono: Oscar Joseph de Plácido e Silva

Titular: JOÃO DARCY RUGGERI

Endereço: R. Nestor Vistor, 227

CEP 80620-400 Água Verde – Curitiba - Pr.

E-mail: HYPERLINK mailto:[email protected]

[email protected]

CADEIRA No. 55

Patrono: João Cândido

Titular: LAURO GREIN FILHO

Endereço: Av. D. Pedro II, 571/701

CEP 80420-060 Curitiba -Pr

CADEIRA No. 56

Patrono: Assad Amadeo

Titular: LUÍS RENATO PEDROSO

Endereço: R. Carlos de Campos, 482/62

CEP 85540-110 Curitiba - Pr

Page 147: Revista nº 23

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CADEIRA No. 57

Patrono: Emílio de Menezes

Titular: ROZA DE OLIVEIRA

Endereço: R. João Negrão, 140/71

CEP 80010-200 Curitiba PR

E-mail: roza @ onda.com.br

CADEIRA No. 58

Patrono: Ruy Wachowicz

Titular: SEBASTIÃO FERRARINI

Endereço: R. XV de Novembro 1050

CEP 80060-000 Curitiba PR

CADEIRA No. 59

Patrono: Telêmaco Borba

Titular: TÚLIO VARGAS

Endereço: R. Coronel Dulcídio 1239/5

CEP 80250-100 Curitiba PR

E-mail: [email protected]

CADEIRA No. 60

Patrono: Ildefonso Pereira Correia

Titular: VALTER MARTINS DE TOLEDO

Endereço: Av. Pres. Getúlio Vargas,3737/33

CEP 80240-041 Curitiba – Pr

E-mail: [email protected]