revista miaf - fevereiro 2013

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Revista Miaf

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Page 1: Revista MIAF - Fevereiro 2013
Page 2: Revista MIAF - Fevereiro 2013

Valores Fundamentaispg 3

Norte da África

pg 4

Uma ilha distantepg 5

A Mulher latino Americanano contexto Africano

pg 10

Endereço Postal:caixa postal 2061

Cep 86023-970Londrina - PR

Editores:Paulo Feniman

Patrícia M. Feniman

Design:Davi Maia

Revisão:Paulo Feniman

Imagens:On-field Media

Conselho de Envio:Clorivaldo Mariano

Denivaldo A. Moraes(presidente)

Eduardo L. da Silva JuniorItamar da Silva

Jarbas Ferreira da Silva José Olympio E. Monteiro

Marcos K. ParaizoOswaldo ChirovOswaldo PradoSirley B. PradoPaulo FenimanWalmir Kesseli

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Page 3: Revista MIAF - Fevereiro 2013

Editorial

Somos Centrados em Deus:1.Reconhecemos a autoridade absoluta e final de Deus e Sua Palavra em todas as coisas.2.Cremos que mais alto chamado é glorificar a Deus e adorá-lo como Ele merece.3.Estamos comprometidos a ser discípulos do nosso Senhor Jesus Cristo.4.Abraçamos o papel essencial da oração individual e corporativa.5.Dependemos de Deus como o provedor final para nossas necessidades materiais e espirituais.6.Reconhecemos a centralidade da igreja local no plano de Deus. Somos centrados no ministério:1.Estamos comprometidos a fazer discípulos do nosso Senhor Jesus Cristo.2.Estamos comprometidos a estabelecer igrejas maduras entre os povos não alcançados.3.Estamos comprometidos a desenvolver líderes parecido com Cristo.4.Cremos que ministérios são aprimorados através de um estilo de vida consistente com o contexto do ministério.5.Estamos comprometidos a aprender as línguas locais como ferramenta essencial para um ministério efetivo.6.Expressamos a vida de Cristo através de ensinar e demonstrar praticamente sua compaixão.7.Entramos em parceria com igrejas como uma organização missionária interdenominacional e autônoma.8.Cremos que integridade é essencial em tudo

que fazemos como missão e como indivíduos.9.Buscamos do Senhor em fé a provisão para todas as necessidades enquanto compartilhamos informações apropriadamente.10.Cooperamos com organizações afins para melhorar o cumprimento dos nossos propósitos. Somos centrados no membro1.Somos uma organização governada pelos seus membros e prestamos contas aos membros dos quais as opiniões com respeito à direção do ministério são valorizadas pela liderança.2.Reconhecemos que as decisões são em geral melhor tomadas por aqueles mais próximos do ministério.3.Respeitamos a direção pessoal de Deus na vida dos indivíduos.4.Respeitamos o papel da liderança da missão e buscamos identificar, equipar e autorizar líderes servos.5.Valorizamos nossas famílias e nos comprometemos a manter e melhorar o bem estar dos nossos casamentos e nossos filhos.6.Estamos comprometidos a ajudar a cada membro a crescer enquanto são transformados na imagem de Cristo.7.Você também é valoroso para que nosso ministério continue. Obrigado por continuar sempre fiel nas suas orações e ajuda financeira para que possamos continuar através de nossos missionários e projetos abençoar povos Africanos com os quais estamos trabalhando.

efetividade de uma organização sem dúvida passa indiscutivelmente pelo seus valores. MIAF tem identificado valores fundamentais que tem nos ajudado com a direção de nossos

ministérios e trabalho na África para estabelecer Uma Igreja Cristocêntrica entre todos os povos Africanos. Eu gostaria de compartilhar com você estes valores:

A

FundamentaisValores

By Paulo FenimanDiretor executivo

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1.Ore por novos crentes que enfrentam forte perseguição em suas familias e comunidades. Ore para que a igreja supere o medo para que eles possam se encontrar e exercitar seus dons para a edificação e crescimento do corpo de Cristo. Novos crentes costumam procurar deixar esses países. Ore para que Deus estabeleça um fundamento solido de lideres biblicamente saudáveis para organizar e treinar a Igreja do Norte da África.2.Ore por um governo e lideres que seguram as chaves de acesso e oportunidade para o evangélho. Ore para que haja um aumento na visão tolerante para com os cristãos no Norte da África, para que a mensagem do Reino alcance toda tribo e nação. Ore pela salvação de lideres que terão influencia para remover as correntes de medo e guiar o povo a transformação espiritual e liberdade em Jesus. Ore pela salvação de homens como cabeça das familias. Sua influência sobre a família pode dar início a muitas decisões por Cristo. 3.Ore para que as mulheres sejam abertas e ansiosas para aprender sobre o Jesus da Biblia através de amizades amáveis com mulheres Cristãs. Elas podem ter medo de render suas vidas a Cristo e ter que enfrentar separação de suas comunidades, familias e até mesmo de seus filhos. Ore para que elas conheçam o conforto e a presença de Cristo em suas vidas. Ore para que venham ao Senhor em tão grande quantidade que suas comunidades sejam mudadas.4.Ore por estudantes universitarios que enfrentam poucas chances de emprego após a formação em um clima econômico deprimido.

Ore por movimentos Cristãos entre os jovens que se espalhem por todas as nações. Ore por educadores Cristãos que demonstrem diariamente o amor por Cristo e compartilhem a verdade com essa geração ansiosa e espiritualmente faminta.5.Ore pelos doentes e deficientes que geralmente estão sem esperança ou ajuda em uma sociedade que prefere ignorar fraqueza. Ore por aqueles que tem acesso a médicos, enfermeiros e terapeutas Cristãos respondam á mensagem do evangelho e depositem a confiança em Jesus o Grande Curador. Ore para que Cristãos na área médica tenham mais oportunidades de brilhar a luz de Jesus.6.Ore por negócios saudáveis para servir comunidades locais e ajudar Cristãos a construir relacionamentos no mercado de trabalho. Em uma semana de trabalho, incontáveis pontos de contato são estabelecidos com fornecedores locais, clientes e oficiais governamentais. Ore para que esses relacionamentos colham frutos e que obreiros compartilhem audaciosamente o evangelho e ministrem a verdade na vida de seus amigos.7.Ore pelas necessidades dos obreiros e seus filhos. Culturas do Norte da África estão mergulhadas em séculos de medo e desconfiança. Ore por relacionamentos amáveis e abertos que irão unir nossos obreiros ao povo que foram chamados a servir. Ore por educação e necessidades sociais dos filhos dos obreiros. Ore por saúde e cura, já que doença é geralmente uma fonte de desencorajamento. Ore por aquisição e fluência na língua.

Norte da África está rapidamente mudando política e culturalmente. A AIM tem visto um aumento nos

numeros de Cristãos e suas familias mobilizados para viver e trabalhar nessas Nações de Acesso Criativo (NACs). O evangelho está alcançando cada setor da sociedade através de profissionais na área médica, educadores e empresários. O alvo deles é estabelecer igrejas com liderança local sólida que possam pastorear o próprio rebanho e alcançar seus compatriotas, apesar

da perseguição.Louvado seja o Senhor pelos novos crentes, batismos e discipulos. Ore para que a igreja do Norte da África cresca forte e sábia diante da perseguição.Novos crentes lutam com desconfiança, medo e isolamento da sociedade. Eles são muitas vezes sigilosos sobre a decisão de seguir a Cristo por causa dos perigos que eles enfrentam. Ore para que eles encontrem coragem e refrigério no corpo de Cristo.

ONorte da África

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Uma ilhalonge demais

nrolamos as barras das nossas calças para cima e saímos do barco, sentindo em nossos pés a água morna agitada pelas ondas, enquanto nosso pequeno barco

ficava preso por sua âncora. Diante de nós se estendia uma praia supreendentemente bonita, atraindo nossa atenção completamente. À medida que nossa equipe caminhava pela água, carregando bagagem e suprimentos sobre as cabeças, tropeçando na areia fina, nos sentíamos como exploradores em uma nova terra. Não havia ninguém à vista, ou qualquer sinal de civilização; apenas uma perfeita e intocada praia se estendo à nossa direita e à nossa esquerda, formando um arco suave de areia bege clara e água azul cristalina. Porém, a ilusão de sermos pioneiros não era real. Sabíamos que ilha era habitada, e que também tinha sua própria história, e até mesmo um nome: Nosy Mitsio. Dentro em breve descobriríamos que sua história era bem triste.

Madagascar tem 3000 milhas de costa marítima, boa parte parecida com a praia exuberante na ilha periférica chamada Nosy Mitsio: exótica,

bonita e pouco habitada – o tipo de local ideal para resorts para turistas. Madagascar é um lugar fascinante. Uma ilha com 1000 milhas de comprimento e 350 milhas de largura, localizada ao leste do continente Africano. É um local tão grande e tão diversificado que muitos o consideram um micro continente – sendo habitat de uma vasta gama de plantas e animais, muitos dos quais não existem em outros lugares da Terra.

Alguns historiadores acreditam que a ilha tenha sido colonizada na mesma época que Jesus nasceu. E apesar do fato de Madagascar estar localizada a apenas cerca de 200 milhas do continente Africano, a ilha foi inicialmente colonizada por sua costa leste, por navegantes Polinésios que atravessaram o Oceano Índico em barcos marítimos, de uma região hoje conhecida como Bornéo. Os descendentes destes primeiros colonizadores são hoje o povo Merina, o maior grupo étnico de Madagascar, que estão concentrados nas montanhas e detém a maior parte dos cargos de autoridade e influência na sociedade. O seu dialeto é a lingua oficial da população de Madagascar,

A CHEGADA

E

Capa

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conhecido como “Malagasy.” Com o passar do tempo, colonizadores do continente Africano chegaram à costa oeste; pelo norte vieram os comerciantes árabes. Os Franceses colonizaram a ilha em 1883; em 1960 Madagascar conquistou sua independência e se tornou uma nação soberana.

Apesar de todos estes fatos, o ponto marcante na história de Madagascar, que conta ainda com narrativas pitorescas de navios piratas e tesouros enterrados, assim como estórias cruéis do tráfego de escravos, foi a monarquia do povo Merina em Madagascar, que teve duração de 103 anos – uma época que terminou com a chegada dos Franceses, mas que teve consequências permanentes para a sociedade Malagasy, e notadamente, para a condição da Igreja na ilha.

À medida que o povo Merina subjugava as outras etnias da ilha por volta de 1800, eles impuseram sua cultura e idéias, e até mesmo a Bíblia traduzida havia pouco tempo. Várias denominações acompanharam a expansão da influência dos Merina. No entanto, para

os demais grupos étnicos, a cultura Merina foi recebida com frieza. Apesar de muitos se submeterem ao domínio Merina, mantiveram um senso de suspeita e aversão por qualquer coisa que tivesse origem Merina, e infelizmente a Igreja foi incluída nesta aversão. Considera-se que a população de Madagascar seja 40% cristã, porém o número de cristãos evangélicos é bem menor. E esta pequena porcentagem enfrenta dificuldades tremendas para alcançar seu próprio povo. Para os povos não alcançados em Madagascar, a Igreja que lá existe é algo estrangeiro, que fala um dialeto estranho. Para eles trata-se de um grupo não confiável. Porém o aspecto mais difícil é a aparente falta de poder por parte da Igreja local quanto a um aspecto obscuro e opressivo da sociedade Malagasy, a verdadeira religião da ilha, o animismo.

FAZENDO JURAMENTOS

Toda terça feira é um dia tabú, e o povo Sakalava da pequena ilha Nosy By – localizada junto à costa noroeste da ilha – não sabe ao certo porque é assim. Trata-se de uma tradição que vem sendo passada de geração em geração desde seus ancestrais mais remotos. Este tabú trata-se básicamente de um “sabá”, que é a proibição de se fazer qualquer trabalho

Capa

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tradicional em tal dia, tal como plantar arroz ou pescar. Porém não se aplica à atividade de receber visitas, algo muito bom, pois nossa equipe chegou à ilha justamente em uma terça feira. Nos assentamos com os anciãos do local, juntamente com muitos outros homens, mulheres e crianças do vilarejo, e perguntamos a eles o que significa ser um Sakalava. O povo Sakalava é um dos maiores grupos étnicos de Madagascar. Estão distribuídos em toda a planície ocidental do país e em algumas das pequenas ilhas, quase um milhão de pessoas. São descendentes de colonizadores Africanos, e não Asiáticos, e portanto são visivelmente e culturalmente diferentes dos Merina.

Porém, um elemento comum em todas as culturas em Madagascar é que se trata de uma terra de reis e rainhas, e os Sakalava tem bastante orgulho de sua herança cultural. Ficamos sabendo dos costumes antigos e das muitas aventuras e lendas de sua realeza, e que os antigos reis dos Sakalava estabeleceram as bases para tudo o que estávamos testemunhando naquele momento. O que mais nos surpreendeu, no entanto, foi saber que estes reis e rainhas do passado continuam exercendo influência sobre seu povo ainda hoje – de forma muito real e até mesmo

assustadora.

“Nossos ancestrais foram os primeiros a viver neste lugar,” nos disse um idoso do vilarejo. “Até hoje continuamos fazendo o que eles faziam. Eles nos deixaram três lugares sagrados onde podemos buscar cura. Crescemos com estes hábitos. É algo bom para nós.”

Os Malagasy são conhecidos por seu culto aos ancestrais. Eles acreditam que os mortos de fato não vão embora, especialmente no caso de realeza. Tais “espíritos” podem se incorporar em objetos inanimados como árvores e pedras ou lagos, onde as pessoas podem ir e conversar com seus ancestrais. Esta atividade é tão comum na vida diária que existe hoje toda

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uma “paisagem” de locais sagrados em todas as partes da ilha – desde enormes maravilhas naturais até pequenos altares construídos no centro de cada vilarejo.

Os espíritos também podem incorporar pessoas, os médiums, que quando possuídos pelos espíritos, assumem o caráter do ancestral falecido e literalmente interagem com o vilarejo em tempo real. Porém o povo sabe que não pode ter absoluta certeza do tipo de espírito que receberão. Ao buscar conselho de seus ancestrais, podem cair em uma emboscada, e receber um espírito belicoso e caprichoso – talvez a encarnação de um feiticeiro – e cheio de más intenções. No centro deste tipo de espiritualidade há um sistema de barganha com intermediários. Para os Sakalava, a idéia de um deus é algo distante, e o conceito de um Deus gracioso que está próximo deles é ainda mais remoto. Portanto, eles precisam de seus espíritos, e fazem barganhas com eles. Fazem visitas à sua tamarindeira sagrada nas cercanias do vilarejo, curvam-se diante dela e colocam ofertas de rum ou dinheiro nas suas raízes. E então fazem algum tipo de pedido – algo comum, como um novo remo para seu barco, ou algo mais especial, como a vida de uma criança. E ali fazem uma negociação, um juramento.

“Se eu receber tal coisa, sacrificarei uma vaca neste lugar. Comprarei tecido e farei uma roupa para a árvore. Protegerei este lugar sagrado.”

E é um grande tabú não cumprir um juramento. Caso isto aconteça, a pessoa pode ficar doente – como uma retribuição do mundo espiritual. Todo o vilarejo pode sofrer alguma terrível consequência caso alguém não cumpra seus votos.

Alguns podem tratar tais tradições como meras superstições, assim como bater na madeira três vezes. Porém há uma séria realidade por baixo do Animismo em Madagascar. Trata-se de algo verdadeiramente espiritual, até mesmo demoníaco.

Nosso anfitrião Sakalava nos explicou, “É algo que vai além daquilo que pode ser visto com os olhos.”

Porém, o que eu pude observar, à medida que nossa conversa com os Sakalava se tornava mais íntima e profunda, é que havia neles uma grande incerteza quanto à vida. Por trás do lindo e pitoresco vilarejo víamos um povo cabisbaixo, cativo, prisioneiro e triste.

TOMANDO POSIÇÃONo mesmo instante que chegamos àquela praia em Nosy Mitsio e pensamos que se tratava de um paraíso, sabíamos que não era de fato um lugar perfeito. A mesma escuridão que havíamos percebido estava presente neste local. E aquilo que inicialmente nos pareceu ser um ilha desabitada, era de fato o local da origem cultural dos Antakarana, um grupo com parentesco com os Sakalava.

O povo Antakarana tem uma história épica. São conhecidos como “o povo das rochas” pois habitaram uma perigosa região dominada por montanhas de arenito no norte de Madagascar, para onde fugiram do avanço dos Merina. Eles estavam tão determinados em se manter separados dos Merina que se esconderam em cavernas durante mais de um ano, fizeram uma sangrenta resistência, e finalmente escaparam de forma ousada. Alguns dos Antakarana ficaram para trás e acabaram aceitando o governo dos Merina, porém um grupo liderado por seu rei fugiu em seus pequenos barcos no enmaranhado

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do mangue e enfrentaram o mar aberto. Acabaram aportando nesta ilha em forma de “J”, onde nos encontrávamos no final de nossa viagem de reconhecimento.

Em sua fuga frenética, os Antakarana fizeram uma perigosa barganha. Antes de partirem, invocaram os espíritos de seus ancestrais e imploraram por proteção sobrenatural. Em retribuição, se cada um dos Antakarana conseguisse escapar em segurança, eles juraram que seguiriam a religião dos comerciantes árabes – eles e todos os Antakarana que viessem depois deles.

Aqueles remanescentes que chegaram àquela ilha se prepararam para sua última defesa contra os Merina, pois esperavam que seriam seguidos por eles até lá. Porém, os Merina nunca vieram. Portanto, o rei escolheu um lugar especial para cumprir seu juramento. Em uma clareira arenosa perto da praia, o povo assentou várias grandes pedras sagradas que haviam trazido das cavernas da ilha principal, e ofereceram a si mesmos. Eles se tornaram muçulmanos a partir daquele dia.

ABRINDO CAMINHOS À medida que atravessávamos a ilha com Daniel Zagami, líder da unidade Madagascar da MIAF, visitamos tantos pequenos vilarejos quanto possível. Nos reunimos com o Rei dos Antakarana, à sombra daquelas pedras sagradas que incorporavam os espíritos de reis antigos, e fomos recebidos calorosamente.

Porém neste lugar, assim como tinha sido com os Sakalava, sentíamos um peso espiritual pairando sobre nós. Os Antakarana, muçulmanos nominais que guardam o islamismo de forma parcial, continuam sendo totalmente animistas.

Certa tarde decidimos escalar a montanha mais alta em Nosy Mitsio, e de seu cume podíamos ver o mar em todas as direções. Estavamos totalmente isolados. No cume daquele monte imaginei como uma ilha é algo parecido com um coração humano separado de seu Criador.

“É como se tivessem ido longe demais,” disse Daniel.

Os Antakarana fizeram um grande esforço para se isolar: da cultural dos Merina, dos povos da grande ilha, e do resto do mundo. E é como se tivessem ido longe demais, como se Deus não pudesse ser encontrado em lugar algum. Mas enquanto Daniel contemplava toda a ilha, ele ficava imaginando as equipes de ministério que um dia viriam à este lugar: equipes TIMO que viajariam até as distantes costas de Madagascar, enfrentariam a viagem marítima e todos os seus perigos, assim como nós, para chegarmos até lá, mas desta vez para ficar.

Não há igreja neste local. E jamais poderá haver uma igreja Merina. Mas será que haverá uma igreja Antakarana? Será que um dia serão libertos do tenebroso espiritismo do seu passado?

Enquanto eu observava Daniel desenhando mapas em pedaços de papel e falando sobre as estratégias e possibilidades, eu sabia que a resposta àquelas perguntas era sim. Pois não há ilha que esteja longe demais; certamente não para TIMO, e com certeza não para Deus.

“O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos.” Isaías 61:1

Por Mike Delorenzo

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reio que um dos maiores desafios de ser mulher hoje em dia é encarar os vários aspectos da vida aonde temos que atuar. No passado

o papel feminino consistia em ser mãe e esposa, o que já era muita coisa, pois os dois papéis são intensos e necessitam de muita sabedoria.No contexto de hoje os desafios cresceram assustadoramente aonde temos que nos desdobrar em ser tudo e fazer tudo, enquanto ao homem continua as mesmas tarefas que lhe foram atribuídas desde antiguidade.Somos sensíveis, fracas, fortes, emotivas, duras, vaidosas, simples, amorosas, solitárias, cozinheiras, lavadeiras, passadeiras, arrumadeiras, amantes, babas, enfermeiras, motoristas... etc....

Somos um misto de “Bombril” na nossa cultura aonde temos mil e uma utilidades.Como não poderia deixar de ser sou mãe, esposa, pastora, conselheira, amiga, dona de casa, hospedeira e missionária. Enfrentar todos os papéis que Deus me designou tem sido um privilegio e uma benção, creio que ser mulher é algo que não se pode medir pelas várias profissões que exercemos no dia-a-dia da vida.As mudanças em nossas vidas de uma forma geral não nos são agradáveis, pois exigem de nós desafios novos como aprender tudo de novo. No meu caso sair do Brasil, da minha cultura, da minha família, da minha pátria, do meu ministério, do meu contexto e ir pra o campo missionário exigiu muitas negações e mudanças que me mudaram na forma de pensar, de viver e

C

no ContextoA Mulher Latino Americana

By Tina Matioli

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Africanocreio que de ser também.O campo missionário me ensinou muitas coisas boas, duras, difíceis, me fez mais crente, mais patriota, mais sensível, mais experiente, mais mulher, mais grata, mais dependente, aliás muito mais dependente.Um dos conflitos que mais me fizeram sofrer no campo missionário como mulher e me levaram a pensar, chorar, entristecer, amadurecer, orar e amar, foi o fato de ter que conviver com mulheres que além de exercerem todas as tarefas que ao meu ver já eram duras e difíceis no meu contexto, elas ainda tinham que exercer muito mais tarefas que ao meu ver foram feitas para o homem.Tive que me conter ao ver pastores, homens de Deus que conhecem a palavra de Deus

usando a cultura em prol de “abusar” das mulheres de sua comunidade. Eu já tinha uma idéia formada sobre como muitas vezes somos abusadas, usadas e desvalorizadas pela sociedade masculina, todavia o choque foi muito maior ao conhecer a mulher africana.Em todos os sentidos me senti abençoada e valorizada no meu país, a forma como fui criada, os valores que recebi, a liberdade de fazer escolhas e a liberdade de ser eu mesma e dona de minha vida e de certa forma do meu destino. No entanto, o meu encontro com a mulher africana trouxe a luz sentimentos e desejos que não conhecia, fez desabrochar uma nova mulher, que me assustou no começo, pois não tinha noção desses sentimentos que estavam ocultos em mim.

Matéria

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Revolta ao ver as minhas amigas e irmãs em Cristo sendo abusadas de todas as formas no trabalho na lavoura, no trabalho da casa, quando isto consiste me buscar água longe de casa, no dar a luz aos filhos

sozinha sem nenhuma assistência médica, ao terem que dividir seus maridos com outras esposas, sendo desprovidas de todo e qualquer tipo de afeto, cuidado e amor, desprovidas de suas necessidades básicas no dia-a-dia.O que fazer diante de todas estas questões que me machucam e ferem a cada dia que acordo e contínuo sendo totalmente limitada no que diz respeito a mudar uma cultura. O que fazer diante de sentimentos e emoções que

não gosto e que se manifestam em mim diante das circunstancias que vivo, fui descobrindo no meu dia-a-dia que com meu romantismo e sonhos as coisas não mudariam, mas que eu poderia sim mudar uma vida de cada vez, e que poderia sim fazer diferença na vida daquelas mulheres africanas que Deus me permitia fazer parte. Que eu poderia sim amar as meninas Somalis que estavam perto de mim e que muitas vezes tive desejo como da galinha que coloca seus pintainhos debaixo de suas asas eu também desejava coloca-las debaixo de meus braços, eu poderia sim chorar por elas e por tantas outras “mamas” quenianas, e até mesmo as mulheres indianas que tinha relacionamento eu podia sim ama-las e ensina-las e abraça-las e podia sim com toda a certeza orar por elas e por seu país. Aprendi que não preciso mudar nada e nem ninguém, que não preciso tentar fazer o impossível, aprendi que não preciso mudar o coração dos homens daquela nação, que não preciso mudar a cultura que me choca e machuca com tantos descasos com relação à mulher. Eu aprendi que amar é a melhor forma de intervir na vida de uma pessoa, na cultura e no destino de uma mulher africana.

Eu aprendi que amar é a melhor forma de

intervir na vida de uma pessoa, na cultura e no destino de uma mulher

africana.

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Interressado?- Mande e-mail para [email protected]

- acesse: www.miaf.org.br

Se você quer saber como Deus pode te usar no mundo, o programa de curto prazo da MIAF é um grande lugar para começar. Ministérios de Curto Prazo são oportunidades para arregaçar suas mangas e investir em algo maior que você; descobrir um mundo onde Deus está trabalhando de forma maravilhosa, e o melhor, ser parte disto. Com uma atitude flexível e um coração de servo, você será uma bênção para muitos e, com certeza, também será abençoado.

MinistérioOs ministérios da MIAF no Continente Africano são realizados em diferentes regiões e países, com povos animistas, sincréticos, islâmicos, em contextos tribais, rurais e urbanas, etc. As oportunidades de ministério vão desde as áreas de saúde, educação, aviação, engenharias, administração, computação, agricultura, discipulado e teologia, ministérios com crianças, jovens, adultos, mulheres, etc.

Missões em curto prazo variam bastante. Todos os esforços são feitos a fim de que se consiga encaixar os seus dons e habilidades com uma tarefa que lhe sirva bem. Existem oportunidades para se ensinar, para se prestar assistência médica, para engenharia, e construção, para trabalhos de escritório e administrativo, para trabalho na área da agricultura e do desenvolvimento social, suporte técnico e muito mais. Alguns ministérios são bastantes abertos, e você simplesmente vai dar uma mãozinha naquilo para que você foi chamado.

DuraçãoA MIAF oferece ministérios de 3 semanas a 1 ano em oportunidades divididas por áreas de atuação.Nossas viagens de Curto Prazo podem ser realizadas tanto individualmente, como em grupo, e são oferecidas todos os anos em diferentes períodos.

Caixa Postal 2061 | Cep 86023-970 | Londrina | PRFone | 43 3357-1200

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Page 15: Revista MIAF - Fevereiro 2013

Em colapso por conta das lutas entre os clãs rivais. A região norte,

mais estável, declarou independência como

Somaliland.

Um dos maiores povos não-

alcançados da África: Cerca de 10

milhões de Somalis vivem na Somália e

no semi-desértico “Chifre da África”.

Outros 3,5 milhões vivem nos países

vizinhos, 1 milhão como refugiados,

tanto nesses países como também na Europa e na

América do Norte.

Praticamente 100% muçulmanos, radicalmente anticristãos.

O trabalho missionário está proibido desde 1974, com severa e

crescente perseguição. Há centenas de

cristãos secretos, poucas comunidades

cristãs, mas muitos

Muitos refugiados sofrem os terríveis

traumas das perdas; em luto,

desabrigados, com suas famílias

separadas e

Localizaçãoe população

A diásporaSomali

Igreja

Religião

Governo e economia

POVO SOMALI

Acessewww.orepelaafrica.com.bre saiba quais os povos africanos ainda não alcançados e quais os motivos de oração

Editorial

profundos problemas sociais.

Jovens e crianças padecem pelo choque

entre sua cultura e a do país em que agora

vivem. Aqueles que estão em outros países

são mais acessíveis pelo Evangelho

através do contato cristão, no entanto,

poucos cristãos estão respondendo a essa

oportunidade. Há poucas Igrejas Somalis,

todas sofrendo perseguição.

A transmissão do Evangelho pelo rádio

e TV tem sido eficiente.

ouvintes do Evangelho pelo rádio e poucos

obreiros cristãos estrangeiros.

Intercessão pelos Somalis

• Ore por maior abertura e desejo pela Verdade.• Ore pelos cristãos Somalis.• Ore pelo estabelecimento de igrejas.• Ore pelos cristãos que estão alcançando os Somalis.

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Page 16: Revista MIAF - Fevereiro 2013

IMPRESSO

PARA USO DO CORREIOMudou-se Não exsite nº indicado Informação escrita

pelo porteiro ouSíndico

Reitegrado ao Serviço Postal em:

Responsável

Desconhecido Falecido

Recusado Ausente

Endereço insuficiente Não Procurado

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