revista miaf - primavera 2013

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Page 1: REVISTA MIAF - Primavera 2013
Page 2: REVISTA MIAF - Primavera 2013

Editorialpg 3

Servindo entre os cristão perseguidos

pg 4

A glória do trabalho missionáriopg 6

Educaçãoteológica

pg 7

Criançasna África

pg 12

Endereço Postal:caixa postal 2061

Cep 86023-970Londrina - PR

Editor:Paulo Feniman

Design:Davi Maia

Revisão:Paulo Feniman

Imagens:On-field Media

Conselho de Envio:Clorivaldo Mariano

Denivaldo A. Moraes(presidente)

Eduardo L. da Silva JuniorItamar da Silva

Jarbas Ferreira da Silva José Olympio E. Monteiro

Marcos K. ParaizoOswaldo ChirovOswaldo PradoSirley B. PradoWalmir Kesseli

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Page 3: REVISTA MIAF - Primavera 2013

Editorial“Uma Igreja forte se constrói com umaliderança madura e bem preparada,...”

Paulo FenimanDiretor executivo

ma Igreja forte se constrói com uma liderança madura e bem preparada. Ao longo da história do trabalho da MIAF no continente Africano nestes

mais de 100 anos, nós temos nos preocupado em investir no treinamento e discipulado de líderes nacionais para que nosso sonho de ver UMA IGREJA CRISTOCÊNTRICA ENTRE TODOS OS POVOS AFRICANOS se concretize. O investimento na liderança local nos dá a certeza que a Igreja Africana poderá ao longo da sua história dar continuidade ao trabalho pioneiro de evangelização e plantação de Igreja iniciado por muito de nossos missionários em campos onde antes o evangelho não havia chego.É verdade que por conta da diversidade cultural, geográfica e religiosa presente na África esse discipulado e treinamento de líderes acontece de formas diferentes. Muitos países onde a Igreja já está bem estabelecida MIAF tem fornecido treinamento teológico formal, com cursos médio, bacharel e até mesmo se envolvido na preparação de líderes Africanos com cursos de pós-graduação para que haja uma continuidade na formação de líderes. Em outros lugares onde não há estrutura de centros de ensino, MIAF tem investido em treinamentos informais que tem preparado e formados centenas de líderes através de de ensino a distância ou em módulos semanais onde reunimos cerca de 100 a 150 líderes em potencial para o desenvolvimento,

treinamento e capacitação deste homens e mulheres.Me recordo do texto em Atos sobre a igreja de Antioquia que cita que Barnabé, que ouvindo falar das grandes coisas que Deus estava fazendo no meio daqueles irmãos, vai a Tarso a procura de Paulo e por mais de um ano ficam ali ensinando a muitos, diz o texto. Esse é nosso alvo, nosso objetivo ensinar todos aqueles que tem o desejo de servir a Igreja Africana no seu desenvolvimento e amadurecimento.A Igreja de amanhã vem sendo moldada de forma significativa através de instituições e programas de educação teológica. Homens e mulheres estão se preparando para a liderança futura.É por isso que nós temos recrutado educadores teológicos para ensinar na maioria dos países africanos em que trabalhamos, e procuramos ajudar todas as pessoas envolvidas na educação teológica. Treinando-as para realizar um bom trabalho. Dada a importância crítica da qualidade da educação teológica para a saúde da igreja na África, gostaríamos de lhe pedir em oração o apoio e contribuição real, neste projeto para o crescimento de “Igrejas Cristocêntricas entre todos os povos africanos”, através do desenvolvimento de educadores teológicos.

U

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Aexperiência de servir em contextos onde os cristãos são perseguidos tem marcado positivamente a minha vida como discípulo de Jesus.

Confesso que no princípio da jornada a minha experiência foi marcada por uma inicial decepção ao observar o que os cristãos nacionais – muçulmanos convertidos a Cristo – não possuíam: liberdade de expressão pública, influência política, prédios ou edifícios para abrigarem as reuniões semanais, púlpitos, bancos e, em alguns casos, nem mesmo a Bíblia. Naqueles dias, era frustrante considerar o que o islamismo, representado por mais de 99% da população, havia feito com a Igreja em meu contexto de ministério. Explorando o país e viajando por diferentes cidades, os únicos edifícios religiosos que encontrava eram mesquitas5 . Num determinado momento de nostalgia, lembro-me de ter tido saudades de entrar em edifícios cristãos, que chamamos de igrejas, fossem protestantes ou católicos.

Para o meu encorajamento, com o passar do tempo, fui conhecendo melhor os cristãos nacionais ao desenvolver relacionamentos com alguns deles. Pude então observar que os cristãos perseguidos possuíam um testemunho de fé e regeneração, ousadia na pregação, processo de discipulado sério, desapego ao

dinheiro, identificação com os sofrimentos de Cristo e grande expectativa da volta de Jesus. Até mesmo em razão do quadro de oposição e resistência ao Evangelho, possuíam uma forte compreensão de que a Igreja, templo do Espírito Santo, não é o prédio onde os cristãos se reúnem, mas as pessoas transformadas que compõem a comunidade dos redimidos.Aprendi entre os cristãos perseguidos que tentar compreender a dinâmica da Igreja sofredora é um exercício que pode transformar definitivamente a nossa cosmovisão cristã brasileira. É impossível olhar para a vida dos nossos irmãos nestes contextos e não ser desafiado a repensar a própria visão do que seja o corpo de Cristo e a tentar entender melhor o conceito bíblico da palavra Igreja. Uma vez que entre eles o significado da palavra Igreja pouco tem a ver com prédios, objetos, instrumentos e, até mesmo, símbolos cristãos.

Matéria

cristãos perseguidos

entre osServindo

por Jairo de Oliveira

“Aprendi entre os cristãos perseguidos que tentar

compreender a dinâmica da Igreja sofredora é um

exercício que pode transformar

definitivamente a nossa cosmovisão cristã

brasileira.”

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Após um período convivendo com meus irmãos perseguidos, passei a me frustrar com a Igreja brasileira por perceber que não valorizamos a liberdade que temos em nossa nação. Entendi que assim como a perseguição, a liberdade também cobra o seu preço. Em minha análise, acredito que, no Brasil, o preço da liberdade tem sido a falta de compromisso, de renúncia e de verdadeira entrega pessoal ao Cordeiro.

Convenci-me de que a perseguição imposta aos cristãos ao redor do mundo está dentro dos planos de Deus e que ela tem sido um aspecto favorável no avanço do Evangelho. Foi assim nos dias de Atos e não tem sido diferente em nossos dias. Continua valendo o que destacou Tertuliano, escritor cristão do segundo século: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”.

Certa vez, entrevistei um cristão de origem muçulmana. Queria saber em que momento de sua vida Deus havia começado a trabalhar em seu coração em relação à fé cristã. Ele descreveu a relação dessa experiência com a perseguição aos cristãos em seu país de origem. Segundo ele, o ódio declarado aos seguidores de Jesus gerou uma profunda curiosidade e desejo de compreender quais eram as bases da fé desse povo tão rejeitado e perseguido pela sociedade. Por que tanto ódio e maus-tratos por um povo aparentemente

indefeso? Foi a partir desse questionamento que Ahmed6 descobriu a Verdade e começou a fazer parte do povo do caminho.

Ainda em meu processo de aprendizado, descobri que, no Brasil, de modo geral, oramos de maneira errada pela Igreja perseguida. Talvez por desconhecermos os benefícios da perseguição, somos tendentes, em nossas orações, a pedir pelo fim dela. No norte da África, o que os crentes de origem muçulmana acreditam e fazem questão de salientar é: “Não ore pelo fim da perseguição, ore para que a nossa fé seja fortalecida em meio à perseguição”.

Preciso destacar que, quando falo da Igreja em ambientes de perseguição, não estou me referindo a uma Igreja perfeita. Nem tudo são flores. Longe disso! Afinal de contas, no ambiente eclesiástico é impossível que qualquer mecanismo seja capaz de separar o joio do trigo antes do grande dia (Mateus 13.27-30). Contudo, o que quero ressaltar ao compartilhar minha experiência é que, num ambiente de perseguição, o nível de espiritualidade e compromisso com a cruz de Cristo tem a tendência a ser mais elevado.

Uma pergunta que tem sido feita diante da falta de maior espiritualidade de boa parte dos cristãos brasileiros é: “Será que precisamos de uma perseguição religiosa no Brasil para que os cristãos sejam mais comprometidos?”. O que sei é que se, por acaso, algum dia um movimento de perseguição religiosa se levantar em nosso país, o meu desejo é que, como Igreja, estejamos preparados para enfrentá-lo em semelhança aos discípulos da primeira geração:

Retiraram-se, pois, da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.Atos 5.41(ARC).

* Texto extraído do livro Reflexões de um Apaixonado por Missões.

“Aprendi entre os cristãos perseguidos que tentar

compreender a dinâmica da Igreja sofredora é um

exercício que pode transformar

definitivamente a nossa cosmovisão cristã

brasileira.”

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palavra glória é extremamente rica. Ela contém a noção de majestade, imponência, valor e beleza. Paulo, certamente, experimentou

inúmeras vezes a presença maravilhosa do Senhor Jesus, e sabia muito bem, que tê-lo ao nosso lado, é o bem mais precioso, que alguém pode usufruir. A companhia do Espírito Santo (v.30) é não só a garantia da nossa herança futura nos novos céus e nova terra, mas de imediato, nesta vida, a nossa segurança e força para nos conformar à imagem de Cristo. Um cristão deve ser conhecido por imitar a Cristo e amá-lo acima de tudo.Para alguns a obra missionária revela o seu valor na grandeza de seus missionários, dos resultados, sejam eles, conversões em massa, a implantação de novas igrejas, e a tradução das Escrituras em línguas vernáculas. Entretanto, tais critérios podem ser enganosos. Eu mesmo pude observar o resultado a posteriore de cruzadas evangelísticas, seguidas de números estrondosos, e glórias humanas, as quais por fim revelaram, que seus frutos não só foram efêmeros como desapontadores. Há várias razões e meios, que podem influenciar as massas sofridas a levantarem as mãos em sinal de aceitação do Evangelho, mas o transplante de coração necessário requer mais que uma decisão emocional ou levada pelos constrangimentos das circunstâncias.O discipulado é o tema missionário de Paulo neste capítulo. O Evangelho é sim, o poder Deus para a salvação de todo aquele que nele crê, mas, isto significa salvação da tirania do pecado. Mudança de mente e coração revela o efeito profundo desta salvação. Transformação de mente e valores, revelados numa nova filosofia de vida. ( v.17-24 ). Os dons, diz, o apóstolo, dão a igreja a força necessária, para propiciar o ensino e a formação de Cristo no caráter e fé dos decididos. Por isso, o Cristão é aquele que deixa: a mentira, o ódio, o roubo, a maldade, e passa a ser amoroso, perdoador,

ajudador e puro diante de Deus e dos homens. (v.25-32). Desta forma, o serviço missionário tanto nas suas estratégias, como em seus motivos e alvos, só trará glória a Cristo, se conduzir pessoas a nascerem de novo, e a imitarem aquele que as salvou. Não pode a árvore má dar bons frutos, sendo assim, todo aquele que se diz ser de Cristo, precisa andar como Ele andou. Missões então só trará glória a Deus, se insistir em promulgar e estimular, plena fidelidade a amor ao Mestre maravilhoso.Verdadeiramente, um missionário deve levar consigo não só uma mensagem, mas antes de tudo, um testemunho; não ter somente um bom preparo acadêmico, mas ter, antes de qualquer coisa, um caráter em formação e debaixo do senhorio de Cristo, andando cheio do seu Espírito. Ele não será perfeito, mas nunca cederá, as derrotas espirituais momentâneas. Em humildade, ele falará do seu Salvador e encorajará ao povo ao qual ele se consagrou, a preservar no amor e serviço santo, do seu Senhor. A glória de qualquer projeto missionário, não poderá ser medida por nós, pois, só Deus, tem esta prerrogativa, mas, a glorificação do Pai e do Filho, na direção do Espírito Santo, deverá ser sempre nosso alvo, e neste capítulo, ela somente, poderá acontecer se pecadores, se tornarem discípulos de Cristo; não meros ouvintes da Palavra, mas com certeza praticantes da mesma.Cristo sendo amado e se tornando visível, no caráter das pessoas, é um sinal inconfundível que, no Senhor o trabalho missionário não é em vão.A Deus toda a glória.

A glória dotrabalho missionário

Por Pr. Jarbas Ferreira da Silva

A

Matéria

“Desta forma, o serviço missionário tanto nas suas estratégias, como

em seus motivos e alvos, só trará glória a Cristo, se conduzir pessoas

a nascerem de novo, e a imitarem aquele que as salvou.”

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alvo da educação teológica deve sempre ser vidas transformadas produzindo comunidades transformadas.

Todas as pessoas são teólogas. Todos temos idéias sobre Deus, sobre o mundo, sobre os seres humanos, sobre significados e motivos, sobre a morte e o que vem depois da morte, e assim por diante. E tais idéias vêm de todos os lugares – incluindo revistas, novelas, propagandas, e tudo aquilo que molda nossas culturas. A questão real não é se somos ou não teólogos, mas se somos teólogos bons ou ruins. Para sermos mais exatos, será que nossas crenças – e nossas vidas – fielmente refletem a verdade falada pelo Deus Vivo, ou será que simplesmente carregam a marca das sociedades nas quais vivemos e de nossa própria sabedoria

humana falível e de nosso pragmatismo?

Trata-se de um tema vital, pois questões de vida e morte eterna dependem das respostas que dermos a questões teológicas cruciais – tal como aquela feita por Jesus, “Quem vocês dizem que eu sou?” (Mateus 16:15). É especialmente importante para aqueles que têm a tarefa de levar as boas novas às nações e discipular pessoas para Deus. Nem sempre é observado que Paulo, talvez o maior missionário depois do próprio Jesus, foi também o maior teólogo da igreja primitiva. O rigor e a compreensão teológica estão intimamente ligados à eficácia de nossas vidas e de nosso serviço a Deus, e quando os ignoramos, o fazemos às nossas próprias custas e às custas de nossas igrejas. É por este motivo que a educação teológica é importante.

Capa

Educaçãoteológica

O

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;”

Efésios 4:11-12

Por Keith Ferdinando

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Os Fundamentos são apenas o começo

É fato conhecido que o Cristianismo tem crescido rapidamente na África há um bom tempo. Mesmo após avaliarmos cuidadosamente as estatísticas, é fato comprovado que há um número crescente de Cristãos Africanos e de igrejas. Porém, quem é o Cristo que estas pessoas têm recebido? Em todo o continente – e frequentemente nos mais difíceis lugares, tais como o Sudão e o Congo com suas guerras civis – há exemplos salientes de igrejas e crentes fiéis – homens e mulheres que vivem em obediência a Deus e se entregam sacrificialmente por amor a Ele e por seu próximo. Trata-se de uma atitude simplista e condescendente definir a Igreja Africana como tendo “um quilômetro de largura e 3 centímetros de profundidade.” Porém, existem problemas reais.Em campanhas evangelísticas em Kigali, Kampala, Nairobi e em muitos outros lugares, multidões ouvem a mensagem que a verdadeira fé lhes dará todas as boas coisas da vida – saúde, prosperidade, sucesso acadêmico – basta dizer o que você deseja e tomar posse. Trata-se de uma mensagem fraudulenta – uma cruel paródia enganosa do evangelho. Em acréscimo, para muitos crentes, ser discipulado não passa de ouvir um sermão semanal condenando alguns pecados cardeiais, tais como adultério, alcoolismo e ira, porém sem aprender nada sobre as infinitas riquezas de Cristo. Desta forma, em muitas igrejas os fundamentos da fé e do arrependimento são colocados todas as semanas, porém as paredes nunca são construídas (Hebreus 6:1-3). A educação teológica existe para equipar a igreja para participar da missão de Deus neste mundo – tem a ver com seguir a Jesus e aprender com Ele.

Portanto, um dos grandes desafios para as igrejas Africanas é o da comunicação do evangelho em sua plenitude, dando uma resposta às apresentações fraudulentas, e edificando crentes que exerçam um impacto em suas sociedades como sal e luz. Trata-se de um desafio teológico, e o estado de boa parte do continente revela o quão importante é este desafio. A corrupção, a

AIDS, violência étnica, e a instabilidade política demonstram a necessidade desesperadora da África por Cristãos que verdadeiramente conheçam a Deus e O amem, e que possam expressar o evangelho de Jesus Cristo com suas vidas em todas as esferas da sociedade. A educação teológica existe para equipar a Igreja para participar na missão de Deus neste mundo – trata-se de seguir a Jesus, aprender com Ele, crescer e se tornar como Ele, e se tornar pescadores de homens onde quer que Ele nos envie (Mateus 4:19).

A educação teológica se apresenta de muitas formas. Em seu nível mais básico, deveria estar acontecendo em cada igreja em todo o tempo à medida em que crentes sejam cuidadosa e sistematicamente ensinados a palavra de Deus e sua aplicação em suas vidas. A fim de treinar líderes eclesiásticos que possam realizar esta tarefa, há instituições em nível universitário, secundário e primário; existem programas residenciais e de ensino à distância; há escolas noturnas, programas pela

Internet, aulas semanais decentralizadas, e seminários periódicos para o treinamento contínuo de pessoas já graduadas em programas bíblicos. Dentro das áreas nas quais a MIAF trabalha, há várias abordagens inovadoras à educação teológica. Na Tanzânia o Instituto Bíblico e Ministerial oferece treinamento contínuo criativo para pastores após terem terminado seus estudos em tempo integral. O Instituto Bíblico Sofala em Beira, Moçambique, recentemente organizou um seminário para ex-alunos sobre feitiçaria, e publicou os resultados

da reflexão. O seminário teológico em Bunia, uma das escolas mais sólidas, acabou de abrir departamentos de missão e de tradução da Bíblia, e no último Abril organizou uma grande conferência com o intuito de gerar interesse missionário entre as igrejas da região nordeste do Congo. Existem ainda muitos outros exemplos parecidos com estes.

Portanto, um dos grandes desafios para as igrejas

Africanas é o da comunicação do evangelho em sua

plenitude, dando uma resposta às apresentações fraudulentas, e edificando

crentes que exerçam um impacto em suas sociedades

como sal e luz.

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Mais que mero conhecimento

Porém, com tudo isto, há uma multiplicidade de desafios. Tais desafios incluem o levantamento de recursos financeiros para manter todos estes programas em funcionamento, assim como a obtenção e manutenção de bons recursos humanos (e liberação de outros não tão bons!), e a afinação cuidadosa do programa de forma que o mesmo venha de encontro às necessidades específicas do contexto, enquanto permanece solidamente ancorada na palavra eterna de Deus. Em uma consulta realizada em Johannesburg em Março passado, educadores teológicos de várias partes do sul do África discutiram vários temas dentro deste assunto, sendo que um dos aspectos mais críticos é certificar-se que tudo o que fizermos nos diversos programas produza mudança progressiva de caráter nas vidas de nossos alunos. Se de fato virão a ser verdadeiros ministros do evangelho, suas vidas assim como suas palavras devem comunicar Cristo, e sempre existe o perigo em instituições teológicas em qualquer nível que o conhecimento simplesmente produza “inchaço”, de forma que no final do processo os alunos sejam menos úteis do que eram no início (1 Coríntios 8:1). Precisamos buscar mais que simples conhecimento teológico e acadêmico.

Aqui em Ruanda a faculdade de teologia com a qual a MIAF trabalha é relativamente nova, e enfrenta muitos desafios, sendo que um deles é a construção de bons edifícios para substituir as acomodações inadequadas que alugamos no momento atual. Porém, o fato de ser uma nova instituição dá a oportunidade de reflexão sobre o que devemos fazer, e para formular uma visão daquilo que a educação teológica deve ser. O aspecto mais fundamental é que desejamos ser evangélicos – queremos fundamentar o nosso ensino e toda a nossa prática na palavra de Deus, e ensinar os nossos alunos a lidarem com a Bíblia por si mesmos. Também desejamos ver a transformação dos alunos de acordo com a imagem de Cristo.

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Se o nosso ensino – e de fato, cada aspecto da vida da escola – não levar à mudança nas vidas daqueles que aqui estudam, os alunos estão perdendo seu tempo, e nós precisamos fazer a nós mesmos algumas perguntas bastante difíceis. Portanto, todo o programa deve levar a missões, o discipulado das nações – seja em Ruanda, e todo o mundo. O alvo não é certificados, ou

tampouco capacitar nossos alunos a subir a escada da promoção eclesiástica, mas sim discipular aqueles que vêm a nós de forma que sejam equipados como discipuladores. Tendo isto em mente, também precisamos ajudar nossos alunos a tratar dentro de uma perspectiva Cristã as questões específicas que a igreja está enfrentando. No contexto de Ruanda isto significa – entre outras coisas – lidar com questões de divisões étnicas e reconciliação, compreender o que Deus diz sobre riquezas e pobreza, responder à epidemia de AIDS, e enfrentar o desafio representado pelo fato de aproximadamente metade da população do país ter menos de 16 anos de idade. E finalmente, todo o programa deve estar integrado de tal forma

que o conhecimento, o crescimento espiritual e o ministério Cristão não sejam considerados três aspectos separados, mas sim indivisivelmente integrados em uma unidade harmoniosa. A verdade deve produzir mudança de caráter; o ministério prático dever ser moldado pela verdade; o crescimento espiritual dever resultar em serviço, e assim por diante.

A igreja é nutrida pelas próprias palavras de Deus: os crentes vivem de toda palavra que procede da Sua boca (Deuteronomio 8:3) – desta forma há igrejas que eventualmente perecem, pois negligenciam o que Ele tem falado. Muitas igrejas Africanas estão desnutridas e pouco equipadas tanto para ser o que deveriam ser, como para fazer o que deveriam fazer. É portanto o papel vital dos educadores teológicos discipular os discípulos – treinar aqueles cuja tarefa é alimentar o povo de Deus e equipá-los para as missões.

Keith Ferdinando

Antes de ir para a África, Keith Ferdinando lecionou história em Londres, onde conheceu e se casou com Margaret em 1977. Ambos uniram-se à MIAF em 1982; foram para o nordeste do Zaire (hoje Congo) para lecionar na Escola Bíblica Aungba. Após estudos adicionais, mudaram-se para o Seminário Teológico Bunia em 1992. DE 1998 até 2001 Keith for o líder de campo da MIAF e quando voltou ao Reino Unido, lecionou missões na Faculdade de Teologia de Londres. Desde Outubro de 2006, Keith e Margaret trabalham em Kigali no Instituto de Teologia Evangélica de Ruanda. Keith também exerce a função de Consultor em Educação Teológica da MIAF.

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uando se fala em crianças da África, é possível que façamos uma imagem de crianças pobres, esfomeadas, sofridas e

desvalorizadas. Infelizmente é assim. No entanto, acima de tudo, elas são CRIANÇAS como todas nesse planeta: com características, sentimentos e desejos inerentes à sua faixa etária. Crianças com capacidades incríveis em artes e sobretudo em criar. Eles criam seus próprios brinquedos e brincadeiras. Muitas, que vivem em um meio ambiente difícil, possuem a capacidade de encontrar momentos de diversão. Um grupo de crianças, numa cidade maior, inventou a brincadeira do “piquenique” durante as férias da escola. Cada dia, após os afazeres domésticos as meninas juntavam um pouco de comida e se encontravam em uma das casas, no pátio, onde se sentavam em uma esteira e faziam seu piquenique. Elas se

divertiam até o anoitecer: comendo, brincando de “stop” (pega-pega), e outras brincadeiras. Normalmente os adultos não se preocupam com o que as crianças estão fazendo, ou onde elas se encontram - se estão nas ruas ou nas casas vizinhas. São lembradas somente quando os adultos necessitam de sua ajuda. Os pais não costumam parar para ouvir os seus desejos, não sentam ao lado delas para ouvi-las, não dialogam. Eles mandam, exigem e chamam-nas o tempo todo para o trabalho doméstico.Num continente onde as crianças valem pouco ou nada, elas sobrevivem a sua própria sorte. Muitas vezes precisam arranjar seu próprio alimento quando estão com fome. Nos interiores, nas aldeias, crianças de apenas 3 anos de idade comem mandioca crua, chupam cana arrancando a casca com os próprios dentes. A vida exige delas criatividade e autonomia.

O ministério missionário com

Q

Matéria

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as crianças é uma grande oportunidade. Elas estão maduras para a colheita. O Evangelho

preenche esses “vazios” das suas vidas, na falta de amor, de valor,

de atenção, e outras áreas. Além de estimular mais

a criatividade e os talentos

artísticos. Por esse motivo,

quando se leva o Evangelho a

elas, deve se ter em mente que elas

necessitam de relações saudáveis, pessoais e

bondosas com o missionário. Não basta “contar uma história

bíblica” e sair logo em seguida. O contato e a interação com elas são de

suma importância. O cuidado com o bem estar da alma e corpo das crianças, pode gerar nelas,

maior capacidade de lidar com as dificuldades que ela enfrenta, e aquelas

que as esperam para o futuro.Normalmente paramos diante das

estatísticas trágicas sobre o mundo infantil africano sem nada poder fazer. Nossa parte é orar e fazer o que estiver a nosso alcance.

É o que MIAF KIDS tem feito. Você pode fazer parte de nossa missão:

ore, contribua, informe-se!

acesse o site:www.miafkids.com.br

MOBILIZANDO CRIANÇASNA AMÉRICA DO SUL

PARA ABENÇOARCRIANÇAS NA ÁFRICA

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Page 15: REVISTA MIAF - Primavera 2013

Tradição tem o Didinga chegando a

sua casa atual, durante o século 16, como

parte de um grupo migrando do Lago

Turkana ou Etiópia. Os bancos Leste e Oeste

do Nilo foram divididos durante o período

britânico em esferas de influência protestante

e católica, que colocam o Didinga na área

católica. Entre algumas pessoas mais velhas

ainda existe um pouco de influência Católica,

mas não fé genuína.

Tal como os seus vizinhos, o Didinga

aceita a existência de um ser supremo, e

a esfera de espíritos interagindo com os vivos. Eles adoram e fazem sacrifícios

para espíritos e deuses e dão grande importância ao culto

dos antepassados mortos. O “manda

chuva” é uma pessoa importante na

comunidade, que realiza certos rituais

e é considerado por carregar grande

influência e poder.

O povo Didinga vive nos montes

Didinga – nos vales, nos planaltos

e encostas, e nas planícies adjacentes

da região. Seus vizinhos incluem

os povos Boya, Toposa, Dodoth,

Dongotono e Lotuka / Lopit. Houve tensões

no passado, mas agora eles estão em

termos amigáveis , casam-se e

falam uma língua semelhante ao Boya

Murle e Tenet.

Os Didingas são pastores

por inclinação e agricultores por necessidade. O

pastoreio de gado é muito importante,

e em uma elevação de 2000m, a área

tem chuva suficiente para crescer duas

safras por ano. Eles vivem em

domicílios por clãs, em casas redondas

com telhados em forma de cone. Eles também gostam de

fazer música e vários ofícios. Embora haja um chefe supremo, que é uma posição

hereditária, as decisões são tomadas

pela comunidade, e as pessoas mais

Localizaçãoe Contexto

História

Religião

Cultura

POVO DIDINGA-SUL DO SUDÃO

Acessewww.orepelaafrica.com.bre saiba quais os povos africanos ainda não alcançados e quais os motivos de oração

Editorial

jovens têm o direito de questionar os mais

velhos. Eles desejam educação.

Intercessão pelos Didinga

• Ore por maior abertura e desejo pela Verdade.• Ore pelos cristãos Didinga.• Ore pelo estabelecimento de igrejas.• Ore pelos cristãos que estão alcançando os Didinga.

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Page 16: REVISTA MIAF - Primavera 2013

IMPRESSO

PARA USO DO CORREIOMudou-se Não exsite nº indicado Informação escrita

pelo porteiro ouSíndico

Reitegrado ao Serviço Postal em:

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