revista memo

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Número 8 - Setembro 2011 Ao Senhor Deus, toda a honra e toda a glória. REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIAS Segmento de impermeabilização veste a roupagem de novas soluções tecnológicas para o mercado. O engenheiro civil Georg Ischakewitsch traça um quadro desta evolução Mobilidade Urbana SUSTENTÁVEL Projeto Final de Graduação apresenta Proposta de Sistema Cicloviário em Niterói. Econômico, saudável e não-poluente, uso da bicicleta não tem contraindicação Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda Projeto contemplado com a menção honrosa em concurso promovido pela UFF. Museu da ciência foi projetado para ser um monumento para a cidade e seu entorno O intercâmbio Brasil-Canadá Oficina Integrada de Projeto, com alunos e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo e University of British Columbia, mostra experiência da comunidade Caranguejo, em Niterói

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Número 8 - Setembro 2011

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REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIASSegmento de impermeabilização veste a roupagem de novas

soluções tecnológicas para o mercado. O engenheiro civil Georg Ischakewitsch traça um quadro desta evolução

Mobilidade Urbana SUSTENTÁVELProjeto Final de Graduação apresenta Proposta de

Sistema Cicloviário em Niterói. Econômico, saudável e não-poluente, uso da bicicleta não tem contraindicação

Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda

Projeto contemplado com a menção honrosa em concurso promovido pela UFF. Museu da ciência foi projetado para ser um monumento

para a cidade e seu entorno

O intercâmbio Brasil-CanadáOficina Integrada de Projeto, com alunos e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo e University of British Columbia, mostra

experiência da comunidade Caranguejo, em Niterói

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

A Revista MEMO é uma publicação

dedicada principalmente à Arquitetura, Engenharia

e Meio Ambiente, que faz a integração do meio

acadêmico com o mercado. Isso é traduzido em

cada publicação, que terá em sua estrutura: artigos

técnicos científicos, ensaios e resenhas, visando levar

ao leitor assuntos abrangentes, como novas técnicas,

projetos acadêmicos, profissionais e o cotidiano

da construção, bem como aspectos voltados para

sustentabilidade e meio ambiente.

A publicação é composta por uma equipe

de professores, estudantes, profissionais e técnicos

que buscam temas de interesse da sociedade, tendo

como berço o Departamento de Engenharia Civil -

TEC, da Escola de Engenharia TCE, da Universidade

Federal Fluminense - UFF e gerenciada pela Fundação

Euclides da Cunha - FEC.

Com 20 mil exemplares e distribuição

nacional e internacional, a Revista MEMO é

apresentada em tamanho 20,5 x 27,5cm com 92

páginas impressas em policromia e papel de alta

qualidade. A publicação também está disponível em

formato digital, com acesso pela web.

Revista MEMORua Passo da Pátria 156, Bl. D, sala 461 - TEC - São Domingos - Niterói - RJ CEP: 24210-240 - Tel.: 21 2629-5447Email: [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Prof. Roberto de Sousa Salles - Reitor

Escola de Engenharia - TCE Prof. Hermano José Oliveira Cavalcanti - Diretor

Departamento de Engenharia Civil - TEC Prof. Eduardo Valeriano Alves - Chefe

Diretor da Editora EDUFF Prof. Mauro Romero Leal Passos

Fundação Euclides da CunhaPresidente: Miriam Assunção S. Lepsch

Rua São Pedro 24 Grupo 801Centro - Niterói / RJ - CEP: 24020-050TEL: (21) 2109-1661

Editor: Prof. Luiz Alberto Marques Braga Pardal

Conselho Editorial:

Presidente: Prof. Francisco José Varejão Marinho

Conselheiros – Arquitetura:

Profª. Luciana N. Diniz e Prof. Luiz Renato Bitencourt Silva

Conselheiros – Engenharia:

Prof. Manoel Isidro de Miranda Neto, Prof. Cláudio Ribeiro

Carvalho, Prof. Luiz Carlos Mendes e Prof. Rômulo Silva

Conselheiros - Meio Ambiente:

Prof. Antonio Carlos Moreira da Rocha, Prof. Dalton

Garcia de Mattos Junior e Eduardo Negri de Oliveira

Assessoria Jurídica: Dr. Carlos Augusto Rabelo Vieira

Secretaria: Débora dos Santos Sanábio Barreto

Jornalista Responsável/Revisão: Júlio Santos

Correspondente Internacional: Leandro C. Almeida – Arq. EUA

Direção de Arte: Galiana Le Diagon

Produção Web: Marcia Mattos - M3 Digital

Produção Gráfica: Jorge Gama

Editora: Synergia Editora

Tiragem: 20 mil exemplares

Distribuição: nacional e internacional, também apresentada

em forma digital, com acesso pela web.

ISSN 2179 533 9

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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08. DNA do empreendedorismo | Entrevista de HERMANO JOSÉ OLIVEIRA CAVALCANTI | UFF

14. REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIAS | GEORG T. ISCHAKEWITSCH | Engenheiro Civil

20. Missionário da ciência e tecnologia | Entrevista de JOSÉ RAYMUNDO M. ROMÊO | Engenheiro Civil

28. A hora e vez da TECNOLOGIA de vestir | BELMIRO IVO LUNZ | Engenharia Civil

34. Intercâmbio Brasil-Canadá | Professores ELOISA ARAUJO e GERÔNIMO LEITÃO | UFF

42. Intervenções de SANEAMENTO no município do Rio de Janeiro (1863/2007) | Professores ANA L. T. SEROA

DA MOTTA, MARGARETH A. DE AZEREDO, MARCO LEAO GELMAN | UFF

48. Mobilidade Urbana Sustentável em Niterói – Proposta de Sistema Cicloviário | Trabalho Final de Graduação

(TFG) | BEATRIZ TURL S. R. DE ALMEIDA

64. Comunicação e Espaço Urbano: A CIDADE, a CULTURA e o LIXO | HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA |

Bióloga Mestre em Ciências Ambientais | UFF

70. Honrarias para um grande trabalho | professor Heitor Luiz Murat de Meirelles Quintella | UFF e UENF

72. Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda | Projeto de Alunos da Escola de Arquitetura | UFF

76. SUSTENTABILIDADE: na luz da ENERGIA SOLAR | JEAN MARC SASSON | Advogado e Gestor Ambiental

80. Afinal o que é SUSTENTABILIDADE? | ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Prof. da Faculdade Estácio de Sá |RJ

84. Conflitos SOCIOAMBIENTAIS, discurso e perspectivas: o caso do Jardim Botânico do

Rio de Janeiro | PABLO AMARAL MANDELBAUM | UFF

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Educação contra corrupçãoUm movimento de indignação começa a percorrer e a tomar conta de várias partes do mundo. Nos

Estados Unidos e em alguns pontos da Europa, por exemplo, uma nova corrente juvenil se mobiliza,

com todas as armas, contra a ganância mercantilista de grandes bancos e corporações que insistem

em colocar, de tempo em tempos, o mundo em permanente estágio de solavanco. As crises econômicas

amiúde que jogam por terra sonhos de muitos e de países como a Grécia, um berço da nossa civilização,

são a cara mais cruel nos nossos tempos.

Por aqui no Brasil, a rebeldia, mais que na hora, vem contra a corrupção, uma metástase que destrói

a administração pública e faz com que os projetos cheguem ao fim custando o dobro, o triplo ou o

quádruplo dos seus valores originais. O movimento brasileiro já está nas ruas e na internet. Busca-se mais

ética, honestidade e responsabilidade pública para combater esta “saúva” do nosso Estado.

Junto com estes ecos, apostamos na principal receita para esta mudança em busca de um país mais

sustentável e, sobretudo, ético: a educação, a formação acadêmica, a pesquisa e a qualificação

profissional. Os ingredientes estão muito bem misturados no direcionamento da Escola de Engenharia da

Universidade Federal Fluminense, que nos últimos anos vem se firmando como uma referência em colocar

no mercado de trabalho profissionais cada vez mais qualificados.

E o receituário da Engenharia vem ficando mais aperfeiçoado ainda com a forte aproximação que mantém

com o mercado, como mostra a área de pós-graduação com os seus mais de 2 mil estudantes, além dos

2 mil na graduação. O objetivo, em função da efervescência da construção Civil brasileira por grandes

projetos de infraestrutura e imobiliário, é ampliar ainda mais estes números. Aliás, uma grande contribuição

para um país que tem um déficit de 500 mil engenheiros.

No movimento pela excelência na formação e capacitação profissional para um mercado de trabalho

cada vez mais competitivo, outro bom exemplo que vem da UFF é a Semana de Engenharia, que

aconteceu no final de outubro. Com palestras, minicursos, a presença de grandes empresas em busca de

novos profissionais, a iniciativa é um movimento para colocar frente à frente academia e a indústria. Sua

longevidade não deixa dúvidas.

A 13º Semana de Engenharia da UFF mais uma vez cumpriu o seu papel de apontar para a sociedade os

rumos da nossa Engenharia, com suas soluções que transformam “sonhos em realidade” e mostrando seu

valor para formar profissionais com fortes alicerces. Profissional este que vai, no futuro, cuidar dos grandes

projetos de construção em todas as áreas; levando, além do seu conhecimento técnico e experiência, os

bons valores da ética. É o antídoto da educação injetado na veia de todos. Só assim daremos um basta

à corrupção.

O EDITOR

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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Escola de Engenharia combina prática, experiência, pesquisa e inovação para formar engenheiros sob medida para o mercado de trabalho. Aumento do número de alunos na graduação e na pós-graduação sinalizam sucesso das iniciativas

Os grandes projetos de infraestrutura espalhados pelo país nos últimos anos exibiram uma dura

realidade para uma economia que precisa acelerar o crescimento: falta mão-de-obra preparada e bem

capacitada para atender o volume de empreendimentos projetados nas mais diversas áreas. Um dos

problemas mais sensíveis está no déficit de 500 mil engenheiros no país, fruto de uma política que por

muitos anos esvaziou a academia. Na corrida para reverter este quadro, empresas e universidades se

aproximam para mostrar que a perfeita combinação de prática, experiência, pesquisa e inovação é a

melhor receita para formar novos profissinais com a qualidade esperada pelo mercado.

Uma prova bem concreta da boa relação academia e indústria vem da Escola de Engenharia da

Universidade Federal Fluminense (UFF), que mais do que nunca está no foco do mercado. Basta ver os

convênios firmados com empresas do porte da Petrobras, Vale do Rio Doce, Odebrecht, Light, Eletobras,

Ampla, Banco do Brasil e setores tecnológicos da Marinha do Brasil.

Nos números já é possível ver que a saída escolhida caminha para o rumo certo: na graduação, já

são 2 mil alunos; na pós- graduação, o número chega a 2 mil. A estimativa é chegar em 2014 com

a marca de 6 mil alunos. Em 2010, por exemplo, a Escola de Engenharia capacitou mais de 1,2 mil

técnicos, num convênio para atender às futuras necessidades da Petrobras com o Comperj. Para 2011,

a estimativa é de capacitar mais 1,4 mil técnicos.

“A Engenharia da UFF tem uma espécie de DNA do empreendedorismo, que vem desde a sua fundação.

Temos aqui professores com perfil da pesquisa e também aqueles que sabem executar. A Escola tem

estas duas categorias de engenheiros que se complementam”, comenta o professor Hermano José

Oliveira Cavalcanti, diretor da Escola de Engenharia. “Temos aqui engenheiro que calculou mais de

duas mil pontes, doutores em montagem industrial”, acrescenta. Sem abrir mão de formar o profissional

voltado também para a área de pesquisa, ele diz que a Escola segue a diretriz de colocar no mercado

engenheiros integrados às necessidades da indústria.

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HERMANO JOSÉ OLIVEIRA CAVALCANTI | UFF

DNA do empreendedorismo

Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO

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Para Hermano Cavalcanti, o REUNI (Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais) serviu como ponto de partida para recuperar o ensino universitário. Na área de

Engenharia, os efeitos também já são sentidos, como mostra o número de engenheiros formados, que saltou

de 80 por ano, para 600. Na Escola de Engenharia, o número de alunos por turma cresceu de 7, 8 para 42.

Segundo ele, a Engenharia trabalha com a expectativa de chegar, nos próximos anos, com a marca de nove

a 10 mil alunos na graduação e na pós- graduação.

“Com o REUNI, a Escola conseguiu agora fazer vários concursos, e existe a tendência de mesclar os

profissionais que vão ministrar os cursos, procurando incentivar a pesquisa e a prática de mercado”, observa

o diretor da Escola de Engenharia, que também vem cuidando da infraestrutura necessária para sustentar

o crescimento e a permanente procura do mercado. Além do aumento de área para o crescimento da pós-

graduação, está nos planos a implantação de uma biblioteca Nota 10, com um acervo de cinco mil títulos só

para as engenharias.

As parcerias e convênios com as empresas garantem a receita para a Escola de Engenharia manter o nível

de crescimento. Dos projetos subsidiários pela indústria, 36% são destinados a benfeitorias em todas as

áreas da Escola. “O negócio agora é um transatlântico que para parar vai ser muito difícil”, brinca Hermano

Cavalcanti, contente com os rumos futuros da Escola. “Buscamos uma graduação muito boa e pós-graduação

excelente para a pessoa sair pronta. Hoje, não tem engenheiro que se forma aqui que não esteja empregado.

As empresas estão buscando estes profissionais”, destaca ele.

A Escola de Engenharia também entrou no roteiro de visitas internacionais, como as realizadas por representantes

de Singapura e da China. “Na visita de Singapura, colocamos no auditório vários empreendedores nossos.

Eles ficaram impressionados com o níveis dos professores da UFF”, lembra Hermano Cavalcanti. Com alta

qualificação e a busca permanente pela pesquisa, o time da Escola vem, nos últimos anos, desenvolvendo

soluções inovadoras para a indústria. “Isso prova que a UFF não despreza o pesquisador”, diz.

Um dos exemplos é o trabalho no Departamento de Engenharia de Telecomunicações para especificar o tipo

de computador para ser usado pelo programa do governo federal que vai instalar 60 milhões de máquinas em

escolas do ensino fundamental de todo o país. No Departamento de Engenharia Elétrica, foram desenvolvidas

soluções para transmissão de energia, combate aos gatos encontrados pelas distribuidoras de energia, na

área de iluminação e de geração de energia eólica. Tudo mostrando que a receita de combinar pesquisa,

inovação e prática de mercado é a chave para a qualidade da Engenharia brasileira.

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Set 2011• MEMO online | 9

Page 10: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

No intuito de contribuir, somar e multiplicar conhecimento, toda a Revista MEMO, além de ser distribuída

gratuitamente, está disponível na internet. No nosso endereço WWW.REVISTAMEMO.COM.BR, você

encontrará, na íntegra, todo o conteúdo das matérias e fotos de cada edição, além de detalhes de projetos e

publicações. Não deixe de nos acessar. Interaja e participe conosco!

TFG de BEATRIZ TURL S. R. DE ALMEIDA: Mobilidade Urbana SustentávelProjeto inovador de Sistema Cicloviário em Niterói

que propõe solucionar a questão da segurança dos

ciclistas e incentivar a bicicleta como meio de

transporte Página 48

O intercâmbio Brasil-CanadáProfs.ELOISA ARAUJO e GERÔNIMO LEITÃO | UFF

Projeto de urbanização na comunidade Caranguejo,

com a participação de alunos e docentes da

UFF e da School of Architecture and Landscape

Architecture at the University of British Columbia -

Canadá, (UBC) Páginas 34

Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda | RJProjeto contemplado com a menção honrosa em

concurso promovido pela UFF, a pedido do Polo

Universitário de Volta Redonda projetado por Alunos

da Escola de Arquitetura | UFF

Página 72

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REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIASGEORG T. ISCHAKEWITSCH | Engenheiro Civil

O segmento de impermeabilização e o uso de novas

soluções que trazem a reboque os bons conceitos de

sustentabilidade

Página 14

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Page 11: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Palmas para o Circo I Ao projeto de Lis Valladares,

começo dando os parabéns pela iniciativa de pensar

em estruturar uma arte tão conhecida e ao mesmo

tempo tão pouco valorizada. Em algumas visitas a

amigos que estudam na Escola Nacional de Circo,

evidenciei a precariedade de estrutura de ensino,

colocando em baixa a estima de quem estuda e de

quem consome este “produto”.

Adorei todas as justificativas da ideia do projeto para

ser implantado, se enquadra perfeitamente no local,

tem harmonia com o entorno urbano, fácil acesso e

valorização de uma área degradada de Niterói.

Fico na esperança para que exista uma tramitação

que faça deste projeto uma realidade, potencializando

nossa arte e tornando um povo mais humano.

Parabéns à revista pela qualidade das publicações!

Fessal | Artista Plástico

Palmas para o Circo II Um projeto excelente que

a cidade de Niterói tanto precisa para integrar

arte, esporte e educação. O circo resgata a cultura

brasileira já que serviu, literalmente, de palco (ou

picadeiro) para a história do nosso teatro, música e

cinema. Sem contar que, numa época de verticalização

urbana, sobra cada vez menos opções para a prática

de exercícios e esse projeto é uma grande chance de

termos um espaço de interatividade e descontração

para todas as idades.

Roberta da Cunha Pereira

Parabéns à MEMO Gostei muito do projeto da

ESCOLA NACIONAL DE CIRCO DE NITERÓI.

Devemos apoiar projetos como este, e não deixar

que ideias e sonhos não se percam no vazio das

especulações solitárias. Nós niteroienses merecemos

este espaço; as gerações futuras também o merece.

Carequinha e cia, lá de cima, devem estar torcendo

para ver esse sonho realizado. Estou torcendo

daqui!

Marcia Zeca - professora de português

(Rede Estadual de Ensino)

Boa impressão Fiquei muito impressionado com a

Escola de Circo, trabalho da arquiteta Lis Valladares.

Além das lindas formas do projeto, acho que a

localização é privilegiada por ser de fácil acesso

através dos terminais de ônibus que estão bem

próximos.

Entretanto, o que mais me chamou a atenção foi a

fantástica ideia que a profissional teve, aliando um

trabalho social a uma necessidade que a cidade de

Niterói tem de entretenimento e desenvolvimento

cultural como já existem em vários países do primeiro

mundo. Parabéns à profissional pela grande “sacada”,

ideia genial. Quem sabe não estaremos presenciando

o surgimento de um Niemeyer de saias...

Fabio Azeredo Motta

Mais palmas Um projeto de peso para o

reconhecimento da Arte Circense no Brasil. Vamos

colocá-lo em prática?!

Meus parabéns!!!! Ventilação natural nota10!!!

Sara Lopes

Novo padrão Quero parabenizar os Prof. Pardal

e Prof. Varejão Marinho pelo excelente trabalho

na reedição da revista MEMO, cuja dedicação e

empenho são reconhecidos por todos nós, bem como

pelo novo padrão na apresentação da revista, agora

contando com a expressiva colaboração da FEC e

demais agentes envolvidos nessa laboriosa tarefa.

Com o nosso maior abraço,

Prof. Senna

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Page 12: Revista MeMo
Page 13: Revista MeMo
Page 14: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Quem olha para os megaprojetos de construção

erguidos país afora deixa-se levar pela imponência

de muitas edificações como shopping centers,

estádios de futebol, modernos prédios comerciais,

grandes viadutos e túneis urbanos. Por trás de

todo o brilho das construções, um item sensível

precisa ser 100% atendido para não correr o risco

de jogar todo um trabalho por terra e gerar custos

adicionais com a recuperação do empreendimento.

Trata-se da impermeabilização. Fora do primeiro

plano do mundo da construção, o segmento vem

se renovando nos últimos anos com o uso de novas

tecnologias que trazem a reboque os bons conceitos

de sustentabilidade.

Sistemas de impermeabilização consagrados como

as mantas asfálticas e as resinas de polímeros,

assim como os epoxies, poliuretanos e acrílicos, na

realidade, também são frutos de uma evolução recente

de novas tecnologias de modificação de asfaltos

com polimeros e resinas bicomponentes, totalmente

isentas de solventes. Estas tecnologias geraram

materiais muito mais seguros com desempenhos

físicos e mecânicos muito mais confiáveis que os

antigos asfaltos oxidados e outros sistemas baseados

em cimentos portland e água.

A manta asfáltica seguirá por muito tempo liderando

o ranking dos sitemas de impermeabilização no

mundo, por se tratar da evolução do centenário

sistema de membranas impermeáveis construídas

com multicamadas de feltros, lãs de vidro e outros

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REVOLUÇÃO via novas TECNOLOGIASGEORG T. ISCHAKEWITSCH | Engenheiro Civil

O segmento de impermeabilização vem se renovando nos últimos anos com o uso de novas soluções que trazem a reboque os bons conceitos de sustentabilidade

Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO

Detalhe de impermeabilização compatibilizado com outros projetos

Manta asfáltica aplicada

Page 15: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

estruturantes com asfaltos oxidados ou alcatrões

(coal tar pitches), principalmente devido às suas

resistências mecânicas que desafiam as agressões a

que estão sujeitas as impermeabilizações em obra.

Os epoxies também prometem desempenhos cada

vez mais interessantes, podendo-se desenvolver

formulações muito interessantes não apenas em

edificações mas em obras especiais de saneamento,

marítmas e em sistemas anti-corrosivos.

A lista de novas soluções inclui a polyurea, poliuretanos

bicomponentes isentos de solventes, os acrilatos e um

série de outros produtos para obras.

De todos eles, o que figura como estado da arte,

sendo capaz de provocar uma grande mudança na

impermeabilização de edificações, é a polyurea, que

traz a tiracolo uma grande resistência, mais rapidez

na aplicação, secagem ultrarápida e uma maior vida

útil. A tecnologia, por exemplo, já foi empregada na

Arena Barueri, em São Paulo, há seis anos, segurando

neste longo tempo as pancadas dos torcedores nas

arquibancadas.

“Impermeabilizar uma arquibancada com manta

asfáltica é muito difícil. A manta tem que possuir um

acabamento com massa ou concreto muito trabalhoso.

A polyurea foi usada e, apesar das pancadas, não

vazou nada, não houve nenhum problema”, observa

o engenheiro civil Georg T. Ischakewitsch, da GTI, do

alto da sua experiência de mais de 40 anos no ramo

e da instalação de mais de 20 milhões de metros

quadrados de obras de impermeabilização em vários

estados do país. “O setor de impermeabilização está

recebendo imputs de alta tecnologia, com várias

aplicações práticas”, destaca.

Outros empreendimentos também já partem para

a solução, tendo sido usados, por exemplo, nas

arquibancadas do Lagoon - Estádio de Remo da

Lagoa, e projetados para o novo prédio da Fundação

Getúlio Vargas e na nova sede da UNE - União

Nacional dos Estudantes - os dois últimos projetos do

arquiteto Oscar Niemeyer.

“A polyurea é um material que pode ser alongado

até a sua ruptura em até 600%, contando ainda com

resistência a abrasão maior do que o aço, dependendo

da sua formulação. A melhor borracha que conhecia

até hoje era o neoprene, com alongamento de

até 400%. Pronto! Inventaram o aço de borracha

ou a borracha de aço”, brinca o engenheiro,

acrescentando que só existem três fabricantes dos

polímeros básicos no mundo: a Huntsman, a Basf e

a Bayer. A partir dos polímeros básicos formulam-se

e desenvolvem-se diversos produtos adequados para

diversas solicitações.

“Esta é uma solução de origem nobre”, ressalta

Georg, acrescentando que a tecnologia pode ser

utilizada em muitos setores, como o de saneamento.

Segundo ele, hoje existem Epoxies e Poliuretanos

isentos de solventes, que reagem entre si, deixando a

composição 100% sólida, sem perda de corpo. “No

entanto, atualmente, a Polyurea é o estado da arte,

é a tecnologia campeã”, acrescenta o engenheiro,

estimando em cerca de R$ 300 mil o custo para

ter um equipamento para aplicar esta solução, sem

contar o treinamento prestado pelos fabricantes.

Só que neste campo da impermeabilização a

tecnologia não caminha sozinha, estando ligada

Set 2011• MEMO online | 15

Equipamento para aplicação de Polyurea - Última geração

Page 16: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

mesmo com a prática de aplicação dos projetos. “A

impermeabilização não era uma atividade econômica

no Brasil, por isso não se formou ninguém”, diz Georg,

comparando com a disciplina de cálculo estrutural,

uma matéria altamente estudada que conta, por

exemplo, com o desenvolvimento de softwares que

são permanentemente atualizados.

“Existe o cruzamento da impermeabilização com

todas as disciplinas de engenharia, de arquitetura,

paisagismo, estrutura, junta de dilatação, hidráulica,

drenagem, escoamento”, exemplifica o engenheiro,

reforçando que é preciso transmitir esta filosofia

nas universidades de Engenharia e Arquitetura. A

mudança tecnológica também gera uma pressão

adicional para quem quer se manter atualizado. “Hoje

você aprende uma coisa em impermeabilização e

daqui a cinco anos estará com uma outra linguagem

para responder o mesmo problema. Os materiais

se atualizam demais. Com isso, quem trabalha com

impermeabilização precisa se atualizar cada vez

mais”, observa Camila, que acumulou bagagem na

área nos 11 anos de trabalho na GTI.

Considerada uma matéria multidiscipinar, a

impermeabilização precisa caminhar lado a lado com

o projeto de construção, recomenda Georg. Só que

na prática nem sempre este item é considerado logo

de cara. “O projeto em si é dividido em duas fases,

apenas ao material, observa Camila Siqueira Grainho,

arquiteta e urbanista da GTI. “A tecnologia também

está ligada à eliminação de etapas na construção

civil, pois os selos verdes de sustentabilidade, como

o LEED e o Aqua, pedem isso”, observa Camila,

explicando que a tendência é a compatibilização dos

projetos de modo a repensar a impermeabilização.

“Às vezes, você pode ter um material antigo, que

era aplicado de uma forma não tão viável, e hoje

consegue-se aplicar o mesmo material elimiando

etapas”, ressalta.

Formação acadêmica

“As tecnologias novas vão surgindo, mas até o

mercado absorver demora um pouco. Então, qual é

a inteligência do projetista?. Trabalhar com materiais

usuais e elaborar soluções onde se consiga dar para

o contratante um modo mais viável e econômico de

construir, e com um desempenho aceitável. Por isso,

a evolução da tecnologia da impermeabilização não

é só material, mas está sim no saber do projetista

de impermeabilização”, comenta a arquiteta e

urbanista.

O toque no saber remete logo para a formação e

capacitação de pessoal para atuar no mercado de

impermeabilização. E aí, como acontece em várias

outras áreas, a academia fica devendo. Hoje, a

melhor receita para formar um bom profissional é

16 | MEMO online • Set 2011

Edificios inteligentes - Impermeabilização inovadora

Orientação do consultor de impermeabilização para juntas de concretagem

Page 17: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

sendo uma delas a arquitetura da impermeabilização,

que precisa estar alinhada com o projeto”, explica. O

engenheiro cita como exemplo o projeto de construção

do Shopping Américas, no Recreio dos Bandeirantes,

cujo projeto de impermeabilização está sendo

elaborado desde o seu nascedouro pela GTI. “Se

receber a obra pronta, com a estrutura definida, com

as paredes construídas, você perde a oportunidade de

fazer um projeto de impermeabilização, de ajudar o

arquiteto, o projetista de estruturas, o paisagista e os

demais projetistas envolvidos. Aí eu vou só confeitar

o produto”, comenta.

“Muito antes de ser um empecilho para a construção,

a impermeabilização é uma ferramenta à disposição

do arquiteto ou do paisagista, por exemplo. Estes

profissionais sabendo que podem fazer determinada

artimanhas, podem se valer dela para criar à vontade,

como colocar uma piscina com fundo de vidro no teto

de um apartamento de cobertura”, diz Georg. Para

ele, é muito importante a participação do projetista

de impermeabilização no trabalho. “A entrada do

projeto de impermeabilização é na concepção do

produto”, acrescenta o engenheiro.

História e normatização

A história da impermeabilização no Brasil, lembra

Georg, é relativamente recente, pois até os anos 1970

existiam poucas soluções no mercado. Segundo ele,

as grandes obras de impermeabilização começaram

a aparecer na década de 70, com a construção dos

metrôs do Rio de Janeiro e de São Paulo. “O metrô

do Rio de Janeiro, na primeira fase, tinha 1,5 milhão

de metros quadrados de área impermeabilizada”,

conta o engenheiro. A chegada dos grandes

projetos de impermeabilização levou fabricantes e

aplicadores dos dois estados a se unirem para criar

uma normalização específica.

Georg conta que, em 1975, foram criadas as

primeiras normas brasileiras para o tema, sendo uma

delas a NBR 279, editada pela Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT), que criou o Comitê

Brasileiro de Isolação Térmica e Impermeabilização

(CB-22). Outra iniciativa importante, destaca

ele, envolveu a criação do Instituto Brasileiro de

Impermeabilização (IBI), com o objetivo de melhorar

as normas da área. “Hoje a país tem uma excelente

coleção de normas e naquele produto líder de

mercado - a manta asfáltica, com 80% das áreas

impermeabilizadas - a norma da ABNT NBR 9552

é uma das normas mais modernas do mundo,

devidamente harmonizada e compatibilizada com

a União das Normas da União Europeia, com a

ASTM e com a NRCA (National Roofing Contractors

Association) americanas”, conta Georg. “Hoje,

dispomos de uma coletânea de normas extremamente

atuais para impermeabiliação”, acrescenta.

Set 2011• MEMO online | 17

Laje impermeabilizada com acabamento drenante - Pedriscos

Cidade da Música - impermebilização aparente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Missionário da ciência e tecnologiaJOSÉ RAYMUNDO MARTINS ROMÊO | Professor UFF | Secretaria

de Ciências e Tecnologia da Prefeitura de Niterói

Reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF) por duas vezes, professor Raymundo Romêo está preocupado com a capacitação e formação de pessoal para que país dê conta do seu desenvolvimento

Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO

20 | MEMO online • Set 2011

Quando se olha os números da economia brasileira nos últimos anos, fica evidente

que o país entrou num novo patamar de desenvolvimento. Só que daqui para frente,

para manter o ritmo de crescimento médio de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), é

preciso fazer algumas lições de casa para garantir a infraestrutura necessária para

uma economia que busca figurar entre as principais do mundo. E um dos problemas

vem sendo sentido dia a dia pelas empresas e indústrias: a falta de pessoal preparado

e capacitado para segurar a onda de expansão dos negócios.

O cenário de vitalidade dos mercados e o baixo número de profissionais disponíveis

traz para todos uma grande preocupação, que passa, necessariamente, pelos bancos

acadêmicos. “Todo este desenvolvimento acontece com base no conhecimento, que

tem que sair das instituições de ensino, sobretudo, das universidades de porte como

a Federal Flumiense (UFF)”, observa José Raymundo Martins Romêo, secretário de

Ciências e Tecnologia de Niterói, com a experiência de quem foi por duas vezes,

1982-1986 e 1990-1994, reitor da UFF.

Para ele, a forma de equacionar este gargalo passa por um investimento forte na

qualificação de pessoas em todos os níveis, mesmo o mais simples, o secundário

e o técnico. “Temos hoje no Brasil cerca de 6,2 milhões de estudantes no ensino

superior. Deste total, apenas 11% fazendo Engenharia. Mesmo na ciência básica são

muito poucos, uns 2% do total de estudantes de nível superior”, comenta Raymundo

Romêo.

Page 21: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Revista MEMO - A NNO - Niterói Naval Offshore,

que acontecerá de 7 a 10 de novembro, chega

este ano a sua quarta edição. O que este grande

evento já trouxe de resultados para a cidade?

José Raymundo Martins Romêo - Este evento

é decorrente do fato de Niterói ter ainda a maior

quantidade de empresas da área de construção naval,

e com uma particularidade, pois, historicamente, a

construção Naval nasceu na cidade com o Barão

de Mauá. Hoje, este setor está muito destinado à

energia, principalmente, para petróleo. Atualmente,

Niterói não faz navios de cruzeiros, por exemplo,

destinando a produção para embarcações de

estocagem, transporte, exploração e reparos de

plataformas.

Há empresas de Niterói produzindo tubos que

vão a profundidades imensas, que têm que ser

altamente resistentes, mas flexíveis, com tecnologia

extremamente avançada. Apesar de a produção

naval se multiplicar por vários pontos do país, como

nos estados do Nordeste e Santa Catarina, a grande

concentração ainda está em Niterói.

Revista MEMO - O que isso representa para a

cidade em termos de negócios?

José Raymundo Martins Romêo - Isso significa que

Niterói passa a ter uma concentração de profissionais,

como engenheiros, economistas, administradores

etc, que fazem uma massa crítica de qualidade para

a cidade. A feira visa mostrar para a população a

importância desta indústria para a economia de

Niterói. No evento, existe uma rodada de negócios,

que em 2009, na sua última versão, movimentou R$

98 milhões. Ou seja, há um movimento para venda

Set 2011• MEMO online | 21

Em busca de uma maior sintoniza com o mundo dos negócios e das indústrias, as universidades começam a

encontrar boas alternativas. Uma delas envolve o processo de interiorização, que vai permitir o desenvolvimento

de cidades com vocações específicas. “Considero este processo fundamental, pois no passado as universidades

cometeram o equívoco de se concentrar nas grandes cidades”, diz o professor que nos seus dois mandatos fez

a Federal Fluminense chegar a cidades do interior do Rio de Janeiro, como Bom Jesus, Miracema, Itaperuna,

Macaé, Angra dos Reis e Nova Iguaçu.

Além de tratar de questões relacionadas à capacitação de pessoas e do papel das universidades, nesta

entrevista exclusiva à Revista MEMO, Raymundo Romêo, fala também da importância da Niterói Naval

Offshore, que acontecerá em Niterói no mês de novembro, para a evolução da indústria naval do município,

e das iniciativas locais para garantir a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da ciência e tecnologia

na cidade. Entre eles estão a criação do Parque Tecnológico da Vida e a instalação da MetroNit, uma rede de

banda larga com 31 quilômetros de fibras ópticas.

Page 22: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

de peças, serviços, equipamentos

e fechamento de contratos. A

grande patrocinadora da feira é a

Transpetro, empresa da Petrobras

que faz as encomendas dos navios,

seguindo a política do governo

federal de não comprar navios ou

plataformas fora, mas de fabricá-los

no país. Ou seja, a ideia é ampliar

o grau de nacionalização, que hoje

está em 70%.

A feira também é uma boa

oportunidade para que as empresas

de navipeças conheçam as condições

oferecidas para que se instalem em

Niterói.

Revista MEMO - Qual é a estimativa

de negócios para a feira de

2011?

José Raymundo Martins Romêo

- Estamos estimando negócios da

ordem de R$ 120 milhões, até

porque a realidade já mudou.

Hoje, há mais empresas aqui em

Niterói, como a Royce Rolls. Junto

com a feira existe a conferência para

dar a ancoragem de conhceimento.

Nada disso se faz sem conhcecimento.

Na construção de navios existe muita

tecnologia por trás, que tem que ser

produzida, o que exige investimento na formação de

pessoal com alta qualificação.

Revista MEMO - E como atender a esta exigência

do mercado por recursos humanos?

José Raymundo Martins Romêo - O momento é de

discutir esta situação nacional em que a economia vem

crescendo, tomando um modelo de desenvolvimento

imenso. Temos hoje no Brasil cerca de 6,2 milhões

de estudantes no ensino superior. Deste total, apenas

11% fazendo Engenharia. Mesmo na ciência básica

são muito poucos, uns 2% do total de estudantes de

nível superior. Todo este desenvolvimento acontece

com base no conhecimento, que tem que sair das

instituições de ensino, sobretudo, das universidades

de porte como a Federal Flumiense (UFF).

Revista MEMO - Então, o que fazer para equacionar

este gargalo?

José Raymundo Martins Romêo - A forma de

equacionar é investir fortemente na qualificação de

pessoas em todos os níveis, mesmo o mais simples,

o secundário e o técnico. Por exemplo, o Rio de

Janeiro vem fazendo um trabalho muito interessante,

com a Secretaria de Ciência e Tecnologia criando

Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTS). Os CVTs

são diferentes das escolas técnicas tradicionais, pois

estão voltados para um determinado segmento, como

construção civil, naval etc. Isso dá uma versatilidade,

pois se daqui a algum tempo as condições de

mercado ou do país mudarem este mesmo CVT pode

22 | MEMO online • Set 2011

Page 23: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

funcionar mas voltado para um outro enfoque. As

universidades são fundamentais neste processo, e a

UFF está tendo um grande desenvolvimento.

Revista MEMO - E qual é o papel da universidade

neste processo todo?

José Raymundo Martins Romêo - Hoje a universidade

está mais qualificada, mais voltada para a questão da

inovação, para a pesquisa. E dentro de um conceito

de que o importante não é a pesquisa, mas o ato de

pesquisar para levar a novas descobertas. Ou seja,

o importante não é tentar pesquisar para chegar ao

resultado. É tentar criar o hábito da pesquisa, criar

dentro das universidades a ideia de que ela não

pode transmitir um saber estereotipado, mas tem que

realmente induzir, compelir, sobretudo, o estudante a

duvidar, a procurar coisas novas, a questionar.

As universidades não têm que transmitir e entregar o

conhecimento pronto. É preciso ensinar como fazer

o fogo, como fazer as coisas para que as pessoas

possam, exercitanto a sua inteligência, criar as

inovações. O principal não é levar o fogo, mas sim

saber como produzi-lo.

Revista MEMO - Qual é o peso desta questão para

as empresas, para a indústria?

José Raymundo Martins Romêo - No caso de

Niterói, esta é uma questão fundamental não só

para a indústria naval offshore para fazer face a

uma realidade concreta que está próxima, que é o

Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj).

O complexo, que segundo a Petrobras terá um

investimento de US$ 20 bilhões, está a uns 80

quilômetros daqui, com duas refinarias.

É claro que isso vai atrair empresas. São empresas

que vão gravitar em torno desta grande planta. E

nós não temos o número suficiente de engenheiros

preparados para isso, nem técnicos de nível superior,

médio e inicial, que são fundamentais para trocar

estes grandes processos e estes grandes projetos.

Então, a formação e capacitação de pessoas é um

grande desafio.

Revista MEMO - Atualmente, existe um movimento

de interiorização das universidades aqui no

estado do Rio de Janeiro. Como o senhor analise

esta marcha?

José Raymundo Martins Romêo - As universidades

do Rio de Janeiro estão todas em torno da Baía

de Guanabara, a não ser a Norte Fluminense e a

Rural, que estão próximas. Elas não tiveram o foco

de interiorização, não gerando desenvolvimento

em outros municípios como aconteceu com as

universidades dos Estados Unidos.

Considero este processo fundamental, pois no

passado as universidades cometeram o equívoco

de se concentrar nas grandes cidades. Por exemplo,

em meu primeiro mandato como reitor de 1982-

1986, levei para Pádua a UFF. No segundo, de

1990 a 1994, criamos cursos cursos em Bom Jesus,

Miracema, Itaperuna, Macaé, Angra dos Reis e Nova

Set 2011• MEMO online | 23

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Iguaçu, além de cursos de mestrado e doutorado

em Volta Redonda e Campos. Hoje, existem polos

em cidades como Nova Friburgo, Macaé e Rio das

Ostras.

A Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, foi a pioneira

neste processo de interiorização, que é muito útil para

criar um ambiente cultural, de forma ampla, incluindo

educação e ciência e tecnologia nas cidades.

Revista MEMO - Qual é a importância e os

impactos que este processo pode trazer para o

desenvolvimento das cidades?

José Raymundo Martins Romêo - Este foi o modelo

usado nos Estados Unidos, a partir de 1800, com

a criação de universidades O&M pela indústria,

voltadas para a produção de alimentos e para a

mecânica. Elas recebiam terras como patrimônio para

se manter e desenvolver o interior do país. Esta é uma

forma mais produtiva e eficaz de desenvolvimento, ao

contrário do Brasil onde se optou pela concessão de

incentivos financeiros para a instalação das indústrias

no interior. Com qualquer crise econômica, elas

saiam, gerando um probelma social, o que foi um

drama para muitos prefeitos.

Revista MEMO - As universidades estão preparadas

para identificar as vocações de cada região?

José Raymundo Martins Romêo - Acredio que

sim. A universidade brasileira é relativamente jovem.

Enquanto a nossa primeira universidade data de

1920, a universidade de Bolonha, em 1988, fazia

900 anos. A universidade brasileira vem passando por

um processo de aperfeiçoamento e vem procurando

sintonia com o mundo real. A Petrobras é um exemplo

interessante, pois quando sentiu que podia competir e

ser uma das maiores empresas de energia do mundo,

procurou a universidade. Não é por acaso que o

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras

(Cenpes) está dentro do campus da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

São inúmeros contratos que a empresa tem com a

Federal Fluminense. Esta presença no interior permite

às universidades sentirem as necessidades daquela

região, daquele munícipio ou daquele estado. Hoje

já existe uma boa sintonia, mais ainda estamos com

pouca gente. Este é um problema sério, e vamos

procurar entender.

Revista MEMO - Como o senhor avalia o panorama

atual da ciência e tecnologia no Brasil?

José Raymundo Martins Romêo - Hoje existem

no país apenas 155 municípios com secretarias de

Ciência e Tecnologia, o que é muito pouco para um

universo de cerca de 5,7 mil cidades.

É importante trabalhar para que o cidadão entenda

que vive numa era de ciência e conhecimento, e que

ele tem que se apropriar disso. Estamos ainda numa

época de grande hiato gerencial, um abismo que existe

em decorrência do grande avanço do conhecimento,

24 | MEMO online • Set 2011

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

da ciência, da tecnologia e dos processos gerenciais.

É preciso vencer este hiato gerancial. Eu diria que

isso é hoje quase uma tarefa de missionários.

Revista MEMO - Niterói é um desses poucos

municípios a contar com uma secretaria de Ciência

e Tecnologia. O que a cidade está fazendo?

José Raymundo Martins Romêo - O prefeito Jorge

Roberto da Silveira, quando criou a secretaria, deixou

bem claro que o papel da Prefeitura não era produzir

a ciência e tecnologia. Seu papel é buscar dentro do

ambiente aquelas instituições dedicadas à ciência

e tecnologia para trabalhar em conjunto, como o

Instiuto Vital Brasil; a Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuária (Pesagro); o Departamento Recursos

Minerais; o Insituto de Pesos e Medias (Ipem) etc.

E, fundamentalmente, também um trabalho com

as universidades da cidade. Não acredito que se

possa fazer alguma coisa de ciência e tecnologia

sem compartilhar conhecimento, sem este trabalho

conjunto. Outro papel da secretaria é estimular o

interesse dos estudantes para as ciências. O Brasil

tem boas, mas poucas manifestações nesta área.

Um exemplo de ação da secretaria é o programa

de iniciação digital que já capacitou cerca de 500

pessoas.

Revista MEMO - Como entra o trabalho da

universidade neste processo?

José Raymundo Martins Romêo - A universiade tem

um trabalho que é de transformar informações em

conhecimento, novo ou antigo reciclado. O papel

mais importante da universidade, que às vezes tem

sido esquecido, é transformar este conhecimento em

informação, em sabedoria, que é quando ele passa

a ser de domínio público.

Revista MEMO - Quais exemplos de trabalho que

a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Niterói

tem para mostrar?

José Raymundo Martins Romêo - Um exemplo foi a

criação do Parque Tecnológico da Vida, que funciona

dentro do Instituto Vital Brasil, iniciativa que envolve

entidades como a Federal Fluminense e a Pesagro. O

parque é voltado para a vertente do conservacionismo

e biotecnologia, com a produção de fármacos, item

em que o país tem hoje um dos seus maiores gastos.

O Brasil tem condições de ser líder nesta área. O

parque já conta com algumas empresas incubadas.

Revista MEMO - Mas para que a ciência avance e

a sociedade desfrute dos seus benefícios é preciso

ter acesso às informações. O que Niterói está

fazendo para avançar neste campo?

José Raymundo Martins Romêo - O município tem

um projeto para implantar um circuito de banda larga,

que, com isso, será a primeira cidade não capital a

contar com um anel de banda larga. A MetroNit é

uma iniciativa da Rede Nacional de Pesquisa (RNP),

do Ministério de Ciência e Tecnologia. O projeto,

Set 2011• MEMO online | 25

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

que já está contratado, prevê a instalação de 31 quilômetros de fibras ópticas. Esta rede

pode ser conectada à da cidade do Rio de Janeiro, pela malha de fibras ópticas instalada na

Ponte Rio-Niterói. Uma vez fechadas todas as negociações em torno do projeto, a rede, que

vai integrar uma série de entidades de pesquisas na cidade, pode ser instalada num prazo de

quatro meses. Ela trará um grande benefício para Niterói, podendo agregar depois escolas,

hospitais etc.

Revista MEMO - Anteriormente, falamos sobre o Comperj e o impacto que ele trará para

a economia do Rio de Janeiro. Como é a participação do senhor nesta iniciativa?

José Raymundo Martins Romêo - Quando nasceu o Comperj, o governo do estado criou

o Fórum Comperj, que conta com um grupo gestor técnico. O grupo, que se reúne toda

última quinta-feira do mês, é constituído por representantes da Secretaria de Desenvolvimento

do Estado, da Petrobras, da Caixa Econômica Federal, do BNDES e de outras secretarias

estaduais. O Consórcio Conleste, que reúne os 13 municípios da região do projeto, tem

quatro representantes neste grupo técnico gestor, e eu sou um dos indicados.

O Consórcio Conleste realiza todo um trabalho de acompanhamento para fazer com que

o desenvolvimento seja integrado em todas as regiões do Comperj. O órgão, por exemplo,

desenvolveu um trabalho com o levantamento de dados referentes à região, feito pela área

de Geociências da Federal Fluminense junto com as Nações Unidas. Este trabalho agora

terá uma segunda etapa. A Federal Fluminense contribuiu com o Conleste na revisão dos

planos diretores dos municípios. Existe a intenção de fazer o plano diretor da região, pois

não se pode hoje tratar a questão dos transportes, dos resíduos sólidos, do abastecimento de

água em cada município isoladamente. Hoje, a região conta com 2 milhões de pessoas e a

estimativa é que daqui a cinco anos sejam 10 milhões.

26 | MEMO online • Set 2011

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

A hora e vez da TECNOLOGIA de vestirBELMIRO IVO LUNZ | Engenharia Civil

Como convergência tecnológica, os exoesqueletos estão na condição de epicentros assintóticos e plataforma. Esta convergência é promovida pela demanda humana por facilidades e zonas de conforto

A maturação da ciência e tecnologia está no ponto adequado. Apontam para

isso a convergência de máquinas carregadeiras (aquelas de terraplena-gem)

para minis, e o começo de generalização de uso de máquinas de andar com

amplificadores de força.

Configurando elemento da nova tecnologia de vestir, incorporando o centro

computacional usado como sistemas de supervisão e controle para as funções

exigidas, ainda lá estará, além de outras utilidades os meios de comunicação

já existentes, porém com a proteção radiológica que hoje não existe, com um

toque de ironia.

Apresentação

Tendo em vista o histórico que acometeu a evolução de espécimes robóticos, o

autor presume que o exoesqueleto já se autodefiniu e começa configurar linhas

de mercado na forma que o presente já reivindica, sendo uma convergência

da singularidade esperada por Ray Kurtweil (1).

A linha robótica vem personificando uma série de gadjets, e juntamente com as

necessidades estabelecidas que lhes atribui identidades, caracterizando assim

uma faixa que delimita suas funções ou atividades principais. O imaginário

humano enfeita essa criação e a provoca, transformando sua evolução.

Essa evolução histórica também vem influenciando a evolução de máquinas

pesadas típicas que vem reduzindo seu porte como se tentasse ajustar-

se ao perfil anatômico humano, como parece ter acontecido com as mini

carregadeiras tipo Bob Cat.(2).

28 | MEMO online • Set 2011

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

O exoesqueleto e sua família

A primeira década deste século esquentou uma série

de iniciativas na linha de pesquisa que pretende

fornecer ao mercado robôs como aquele estabelecido

pela ficção: do tipo humanóide independente,

como a Rose Futuramica (3) dos Jetsons sonhada

atualmente pelas donas de casas. Mas está claro

que este plano na linha do tempo gradua as metas

por possibilidades, utilidades, conveniência etc. A

independência Azimoviana pode ser protelada em

favor da cognição humana. Nestas condições sem

a exigência de atuação remota, está se definido

plenamente o exoesqueleto. Este se caracteriza em

sua completude por uma veste tipo servo que copia os

movimentos do usuário, dando-lhe potência e rigidez

para o transporte e suporte de carga , realizando

esforços que de regra superam a capacidade humana

normal.

Uma vez solucionadas as dificuldades inerentes à

cada aspecto dos exoesqueletos customizados, que se

faz com otimizações de próteses, a mera associação

da unidade cognitiva e de equilíbrio ao conjunto,

comporia o homem bicentenário(4).

Os traumas que acometem o ser humano, na área de

acidentes impactantes de seu desempenho, oferecem

um cenário de oportunidade para superação que

qualifica uma tecnologia e indústria completa de

possibilidades para configurar o exoesqueleto. Um

exoesqueleto japonês batizado como HAL já está

disponível para o mercado (5).

As muletas primitivas estão dando espaço para as

maquinas de andar (6). Os braços e mãos mecânicos,

as articulações, as juntas com novo design periférico,

elaborados caso a caso, propiciam cabeças de série

adequadas para os benvindos equipamentos dessa

nova década.

Articulação remota de membros superiores

A extensão como prótese articulada dos membros

superiores, mãos e braços, visando a manipulação

remota de materiais explosivos ou radiativos em

instalação fixa foram os primeiros nas décadas

anteriores como objetos a serem atendidos em

termos de necessidades profissionais de risco. Estas

elaborações em instalações apropriadas foram

validadas deslocando o foco de perigos, contando

com a proteção da distância e visualização

proporcionados por câmaras de TV ou de vidros

blindados. Assim químicos e peritos específicos

em segurança manipulam atualmente material de

trabalho afastando os riscos inerentes. A cognição

do processo é humana. Sua extensão é tecnológica.

O centro de controle dessa ação remota é uma ilha

de facilidades. A ilha atualmente é disponibilizada

por solicitação comercial com elementos à pronta

entrega.

Próteses simples de elementos superiores

Visando superar acidentes que deram como

consequência amputações de mãos e braços,

a disponibilidade de próteses é frequente. Estas

tentam se superar, em geral, primavam pela falta de

naturalidade. Os comandos podem ser musculares

ou cerebrais e dependem de fonte externa de energia,

como era de se esperar. No filme Exterminador do

Futuro II , o ator Arnold Schwarzenegger, um robô ,

expõe após corte no que seria um simulacro da pele,

o conceito hollyhoodiano desse mecanismo. Está

claro que ali se trata de um robô integral.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Locomoção

Acidentes costumam afetar a capacidade de

deslocamento. A pessoa se vê numa situação de

dependência de ajuda externa no comum dos casos

para sua locomoção. Atualmente a situação de

cadeirante é atendida por algum conforto quando o

impactado por esta circunstância é alvo de atenção.

Muitos equipamentos de ajuda estão disponibilizados

comercialmente para facilitar a convivência social.

Sistemas de apoio dependentes de baterias elétrica

complementam a fonte de energia necessária.

Às vezes, o impacto da ocorrência implica

na amputação parcial do membro inferior. A

complementação da extremidade inferior apresenta

nesse caso menor dificuldade , devido à existência de

articulação simples. Esses fatos são muito comuns,

porém, nota-se pouco em função destas partes

anatômicas ficarem cobertas por calçados meias e

a parte inferior de vestimenta (calça comprida). A

verdade é que reis da popularidade fazem uso dessas

próteses na TV e seus movimentos são tão naturais

que a assistência atenta nem percebe o fato.

O apoio fornecido aos cadeirantes pelos equipamentos

de ajuda estiveram restritos à plataforma sob rodas,

com aptidão adequada para pistas de rolamento

plana. A movimentação bípede é uma ambição

antiga que começa a ser cogitada e agendada.

Abrangência do exoesqueleto

A utilização de exoesqueleto para absorver a carga

transferida dos membros de locomoção, manipulação

e garra foi inicialmente uma concepção militar para

uso em campo de batalha por soldados. A ideia era

amplificar com equilíbrio a capacidade humana em

relação inicialmente ao manuseio de cargas, porém,

usando o ser humano como elemento cognitivo. A

ideia foi estendida para uso em outras áreas, como

em hospitais, habilitando a um enfermeiro transferir

sozinho um paciente obeso para leitos de tratamento.

Foi estendida também para ampliação de movimentos

visando uso de idosos que tenham seus movimentos

prejudicados. O vestir de um exoesqueleto dá às

pessoas fragilizadas que fazem uso do equipamento

um excelente nível de conforto nos seus movimentos.

Daí também a denominação de robô de vestir para

o exoesqueleto.

Tecnologia e fabricação

Nas demonstrações desses equipamentos, muitos

deles ainda elaborados por estudantes e amadores fica

evidente a diversidade de tecnologias empregadas. A

tecnologia pneumática mostrou ser promissora em

termos de controle, custo, capacidade de potência e

acessibilidade. Acreditamos que estas unidades não

serão dispensáveis em almoxarifados e depósitos das

organizações em auxílio ao trabalho. A tecnologia

eletroeletrônica com certeza será dedicada ao equipo

30 | MEMO online • Set 2011

Page 31: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

das pessoas idosas ou afetadas por traumas, pois

podem ser elaborados a partir de componentes mais

delicados. Pode vir nesse caso prevalecer também

um tipo misto. No dizer da Honda é uma tecnologia

vestível (7). Os fashion designers precisam se preparar

para esta nova realidade.

Com certeza, o uso imporá condições a essa linha de

equipamento. Assim como os veículos elétricos que

exigem fontes elétricas eficazes, da mesma forma

será exigido maior desenvolvimento de tecnologia

aos projetistas das baterias elétricas recarregáveis.

Reabilitação

Os dispositivos de andar baseados nos exoesqueletos

estão estruturados em materiais leves, resistentes e

geniais, tais como placas de titânio, fibra de carbono,

alumínio e velcros e tecidos bioflex que se ajustam

confortavelmente ao corpo do usuário. Propriedades

extras destes materiais protegerão o usuário de outras

mazelas, como radiação do ambiente. A variedade

de projeto mostra a diversidade de necessidades. O

usuário pode somente iniciar o movimento e o ciclo

será concluído pelo dispositivo de forma equilibrada

e robusta consumindo potência de fontes auxiliares

de energia. É preciso desenvolver o seu hábito de

uso, assim como usamos bicicleta.

Apresentação e debut das máquinas de andar

Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro,

conduzindo pesquisas na universidade de Duke,

nos Estados Unidos, espera que o pontapé inicial

da Copa do Mundo em 2014, no Brasil, seja dado

por um adolescente tetraplégico, usando um desses

equipamento. Nos EUA, o paraplégico Austin Whitney

levantou-se de sua cadeira de rodas e foi andando

para receber seu diploma de graduação em Ciências

Políticas na Universidade da Califórnia , usando um

desses equipamentos desenvolvido por uma equipe de

alunos de pós-graduação conduzidos pelo professor

de engenharia mecânica Homayoon Kazerooni,

no laboratório de Engenharia Robótica e Humana

daquela universidade. A tecnologia empregada para

Whitney andar passou a ser desenvolvida em 2002,

quando Kazerooni recebeu um financiamento do

Departamento de Defesa norte-americano (8).

Na Biologia Geral, a troca é comum

Como facilitador da vida para o ser humano, as

próteses tipo exoesqueleto têm uma produção padrão

e uma intervenção customizada para adequá-la a

seu portador onde intervier a Engenharia para sua

personalização. De forma automática, isso ocorre na

natureza.

Os insetos compartilham no processo biológico

através do tegumento, formado pela epiderme e pelo

exoesqueleto em quitina, numa dinâmica periódica

chamada ecdise, ou seja um processo de mudança

programada para o exoesqueleto (9).

Este processo é necessário ao longo do

desenvolvimento do inseto para efeito de seu

crescimento e é provocado diretamente pelos

hormônios ecdisteróides, atuando no gene que

codifica as proteínas estruturais da cutícula.

Com feedback a interface evolui

Muitas pessoas com membros paralisados dependem

de interfaces especiais para comandar equipamentos

associados aos exoesqueletos. Pode ser necessário

o emprego de interfaces cérebro-máquina para que

Set 2011• MEMO online | 31

Page 32: Revista MeMo

a comunicação ocorra usando apenas atividade

cerebral. Estas interfaces neurais já são disponíveis.

A última descoberta realizada por pesquisadores

da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos,

é que a interação da interface é mais efetiva caso

se processe o “feedback sensorial”; ou seja, caso o

usuário consiga sentir com efetividade a realização

do ato. Isso pode ser feito realimentando um estímulo

que lhe permite “a sensação” do objeto tocado. Na

verdade, é o que sempre disse a clássica teoria do

controle. Mas agora se sabe que isto existe mesmo

entre sistemas diferentes.

Exoesqueletos robóticos do tipo braço, com sensação

(feedback sensorial) que se move em resposta aos

comandos cerebrais emitidos por meio da interface

neural foram testados com macacos em comparação

com o braço robótico simples sem retroação, tendo

resultados significativamente superiores. Com isso,

mais inteligência aflui a estas interfaces (10), com uma

consequência: é opinião geral entre os pesquisadores

que usar um robô de vestir, controlado pelo cérebro

tenderá a educar pessoas paralisadas em direção a

sua recuperação.

Conclusão

É chegada a hora e vez da tecnologia de vestir:

como máquina de andar e/ou com outros auxílios

acessórios. Materiais especiais, além de tecidos,

comporão parte dessa máquina.

Adicionarão atenuação radiológica, como blindagem

para as centrais que controlarão as funções de seu

modelo e também como brinde para nos proteger do

celular que hoje nos afeta com sua irradiação (11)

local.

32 | MEMO online • Set 2011

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Referências:

(1) Belmiro Ivo Lunz, Reflexões sobre Sustentabilidade e Singularidade-Revista Internacional do Conhecimento, Ano 1, Volume 1, Número

2, 2011, site: http://revistainternacionaldoconhecimento.wordpress.com/

(2) YouTube - Experiência em Bob Cat!, Publicado 26 maio 2010 ,www.youtube.com/watch?v=Szvksc4PKSk4 min - Vídeo enviado por

PrqAventuraSniper

(3) No episódio “Rosey The Robot”, o seu número de modelo é revelado como XB-500.

(4) Issac Azimov, O Homem Bicentenário , disponível no site: www.cienciamao.usp.br/.../cfc.php?cod=_ohomembicenten... - Em cache

O texto o homem bicentenário nos mostra um lado do robô que não imaginamos que exista: o lado humano, autodidata, motivado, que

busca a liberdade acima de ...

(5) Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR , Exército dos Estados Unidos cria homens de ferro da vida real ,26/04/2011 | 09h24

| Exoesqueleto Site : http://www.diariodepernambuco.com.br/nota.asp?materia=20110426092414

(6) Ricardo Westin, AS MÁQUINAS DE ANDAR, Tecnologia . Veja,Editora ABRIL 2223-ano44,n.26-29 de junho de2011

(7) site: http://www.techlider.com.br/2009/04/honda-apresenta-exoesqueleto-robotico-para-ajudar-deficientes/

(8) Folha.com , Estudante paraplégico “anda” em formatura usando exoesqueleto, site http://noticias.bol.uol.com.br/

internacional/2011/05/17/estudante-paraplegico-quotandaquot-em-formatura-usando-exoesqueleto.jhtm disponivel em17/05/2011 -

(9) Fábio de Castro, DINAMICA DO EXOESQUELETO, publicado em 21/07/2011, site http://agencia.fapesp.br/14211#.TirePETEq1c.

email

(10) inovacaotecnologica, Exoesqueleto robótico melhora controle de equipamentos pelo cérebro, Robótica, Redação do Site Inovação

Tecnológica - 23/12/2010, site www.inovacaotecnologica.com.br/.../noticia.php?...exoesq... - Em cache

+ Notícias | Exército dos Estados Unidos cria homens de ferro da vida real

(11) Fernando Antonio Santos Beiriz ,TELECOMMUNICATION SYSTEMS AND THE SUSTAINABILITY, Revista Internacional do

Conhecimento, http://revistainternacionaldoconhecimento.wordpress.com/Ano 1, Volume 1, Número 2, 2011

Page 33: Revista MeMo

Set 2011• MEMO online | 33

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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Visita das equipes às comunidades do Caranguejo/Niteróri-RJ e Parque Royal na Ilha do Governador/RJ urbanizada pelo Programa Favela - Bairro

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Entre os dias 5 e 17 de maio deste ano, foi realizada

uma Oficina Integrada de Projeto, com a participação

de alunos e docentes da Escola de Arquitetura e

Urbanismo e da School of Architecture and Landscape

Architecture at the University of British Columbia,

Canadá, coordenada pelos professores Gerônimo

Leitão (EAU-UFF) e Blair Satterfield (UBC).

A oficina contou ainda com a participação dos

professores Eloísa Araújo, Pedro da Luz e do arquiteto

Tom Caminha (ex-aluno da Escola), tendo como tema

o desenvolvimento de um Plano Geral de Intervenções

Urbanísticas na comunidade Caranguejo, situada

no Largo da Batalha, em Niterói. A realização dos

trabalhos teve o apoio da Secretaria Municipal de

Urbanismo da Prefeitura de Niterói – através da

secretária Cristina Monnerat e da arquiteta Patrícia

Barros –, e, também, da direção da Associação de

Moradores do Morro do Caranguejo – através do

seu presidente, Maurício Bonifácio, e do seu vice-

presidente Carlos Xororó.

Na primeira etapa da Oficina UBC – EAU foram

realizadas exposições, no auditório do Museu de Arte

Contemporânea de Niterói, que tiveram por objetivo

familiarizar os estudantes canadenses com questões

referentes à produção do habitat nos assentamentos

URBANIZAÇÃO: o intercâmbio Brasil-CanadáProfessores Doutores ELOISA ARAUJO | Departamento de Urbanismo | GERÔNIMO LEITÃO |

Departamento de Arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF)

Alunos da Escola de Arquitetura e Urbanismo/UFF e Universidade British Columbia/Canadá na Comunidade Pedra do Sal/RJ

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Oficina Integrada de Projeto, com participação de alunos e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo e da School of Architecture and Landscape Architecture at the University of British Columbia, mostra experiência da comunidade Caranguejo, em Niterói

Page 35: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

informais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, bem como apresentar um painel sobre experiências

recentes de programas de urbanização de favelas cariocas. Também foi proporcionada aos alunos uma visita

guiada ao centro da cidade do Rio de Janeiro, possibilitando uma visão abrangente da produção do espaço

urbano na área central do núcleo metropolitano, a partir do contato com elementos da estrutura urbana dos

períodos colonial, imperial e republicano e seus contrastes com a cidade contemporânea.

Em seguida, foi feita uma visita à comunidade Parque Royal, na Ilha do Governador, na cidade do Rio de

Janeiro, quando os participantes da Oficina Integrada de Projeto tiveram a oportunidade de conhecer as

obras de infraestrutura de saneamento básico, bem como os equipamentos comunitários e unidades de

reassentamento construídos pelo Programa Favela/Bairro, implementado na década de 1990 pela prefeitura

carioca.

Concluída essa etapa de caracterização dos principais problemas observados nas favelas da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro e conhecidas as soluções desenvolvidas por programas de urbanização

diversos, os cinco grupos – formados por alunos brasileiros e canadenses – iniciaram os trabalhos de

levantamento de dados físicos e sociais da comunidade do Morro do Caranguejo, visando obter os subsídios

necessários à elaboração de um Plano Geral de Intervenções Urbanísticas. Em visita guiada por membros da

Associação de Moradores, alunos e professores realizaram entrevistas com moradores locais e produziram

uma extensa documentação fotográfica que seria utilizada, posteriormente, para representar as intervenções

propostas.

Comunidade do Morro do Caranguejo/Niterói-RJ: Área de intervenção urbanística

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Page 36: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Encerrada a fase de diagnóstico, os grupos iniciaram o desenvolvimento das propostas arquitetônico-

urbanísticas, na sala 11 do Casarão da Escola de Arquitetura e Urbanismo – espaço destinado para uso

exclusivo do Atelier Integrado de Projeto, durante as duas semanas de suas atividades.

Embora bastante diferenciadas entre si, as cinco propostas tratavam, basicamente, dos mesmos problemas

observados na etapa de diagnóstico: remoção de famílias que ocupam área non edificandi sob a rede de

alta tensão que secciona a comunidade, com a previsão de reassentamento desses moradores em outras

áreas no interior da própria comunidade e a proposição de novos usos para a faixa liberada; melhoria

das condições de acessibilidade no interior da comunidade; implantação de creche, equipamento de

Um dos planos gerais de intervenção urbanística apresentados pelos alunos

Via de pedestres projetada no limite da ComunidadeProposta de uso de recreação e lazer para a área non edificandi sob as redes de alta tensão

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

promoção social e espaços de recreação e lazer; proposição de execução de obra de contenção de encosta, de

modo a eliminar um quadro de risco observado atualmente; e, por último, no que diz respeito à infraestrutura

de saneamento básico, a implantação de um castelo d’água, de modo a regularizar o abastecimento no local,

além de dispositivos de drenagem de águas pluviais.

Unidades habitacionais de reassentamento proposta pelos alunos

Via de pedestres projetada no limite da Comunidade

Via de pedestres projetada no limite da comunidade

Castelo d’água proposto por uma das equipes para a regularização de abastecimento de água na comunidade

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Page 38: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Os estudos desenvolvidos foram apresentados aos representantes

da comunidade e da Prefeitura Municipal de Niterói, em seminário

realizado no Auditório do Chalé, que contou, ainda, com a presença

de outros alunos dos cursos de graduação e pós-graduação, bem

como outros professores. As propostas foram bem recebidas e

disponibilizadas para a direção da Associação de Moradores do

Morro do Carangueijo e para a Prefeitura Municipal de Niterói, com

o objetivo de fornecer subsídios para eventuais intervenções futuras na

comunidade, promovidas pelo Poder Público.

IL 23 = 2.410 = US$ 0,00137/t.km

35 x 501 x 100

Unidades habitacionais de reassentamento propostas pelas equipes

Apresentação dos projetos para as lideranças comunitárias do Morro do Caranguejo e técnicos da Prefeitura da cidade de Niterói

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Page 39: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Essa experiência, desde a concepção do diagnóstico, parte subjetiva da formulação das proposições, à

concepção do projeto, parte objetiva, permitiu aos alunos entrar em contato com uma metodologia específica

para a elaboração de projetos de urbanização de favelas - o que foi particularmente valorizado pelos alunos

canadenses.

Projeto da Nova Associação de Moradores do Morro do Caranguelo/Niterói-RJ

Perspectiva de uso das áreas liberadas pelo reassentamento de moradias em áreas de risco

Projeto de Unidade de Saúde no Morro do Caranguelo/Niterói-RJ

Set 2011• MEMO online | 39

Page 40: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Presença dos alunos

A Oficina Integrada de Projeto contou com a participação dos alunos Alexandra Kusiaki,

Guy Mclintock, Kathy Chang, Nicole La Housse de La Louviere, Martina Caniglia, Avery

Titchkowsky, Derrick Travis, Mahbob Biazi, Neda Barbazi, Josimar Dominguez, Dave Harlander,

Alecsandra Skibicki, Mark Francis, Poyan Tauabod, Heba Mileki (BCU) e dos alunos Andreza

Francisco, Camila de Almeida, Camila Cardoso, Clara Bucley, Daniela Manfredi, Diego

Curcio Dias, Flavia Moraes, Gilmara Conti, Helena Mello, Jeferson Costa, Juliana Meireles,

Jessica Rocha, Laís Salviano Valente, Liza Ferreira de Souza, Lucas Costa, Rafael de Souza,

Pedro Pinela, Thiago Silva Berto e Victor Hugo Clemente (EAU).

Ainda durante as etapas de desenvolvimento dos planos gerais de intervenção urbanística, alunos e

professores – brasileiros e canadenses – puderam trocar experiências, discutir particularidades da

localidade de projeto, apresentar soluções com enfoques diferenciados.

A realização da Oficina Integrada de Projetos pretende ser a primeira etapa de uma série de atividades

regulares de intercâmbio entre a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a British Columbia University,

sendo prevista a implementação de uma nova oficina, em 2012.

Interação das equipes Brasil e Canadá

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Page 41: Revista MeMo

ANUNCIO SYNERGIA

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Os antecedentes do saneamento da cidade do

Rio de Janeiro foram marcados por uma situação

que foi se agravando e culminou em um estado

considerado gravíssimo por todos os entendidos.

Ocorriam várias epidemias de, por exemplo:

varíola, tifo, além da febre amarela trazida do

exterior para o Brasil, causando verdadeiros surtos,

e acabando com muitas vidas (SILVA, 2002). No

Rio de Janeiro, cidade portuária importante para

a economia agroexportadora, núcleo da gestão

administrativa, porta de entrada do Império e

centro do país, era necessário que as primeiras

intervenções ocorressem e o ponto de partida

foi a epidemia da febre amarela que ocorreu de

1849 até 1851 (MARQUES, 1995).

Com todas essas epidemias, houve o inicio das

intervenções no saneamento básico da cidade. Antes,

conforme se observa na figura 01, o esgotamento

era efetuado através dos “tigres”, escravos, que à

noite, carregavam tonéis de excreta das habitações

até o mar, lançando-os em frente ao Largo do Paço

(MARQUES, 1995).

A constituição dos serviços de saneamento básico no Rio de Janeiro se deu com o surgimento das questões

sanitárias quando a cidade era a capital do Império, em meados do século XIX. Até este momento todas as

intervenções realizadas não chegavam a se classificar como uma política de saneamento. Tratava-se de ações

que alcançavam apenas áreas localizadas em obras pontuais e descontínuas. Não havia nesta época instituições

e organizações do Estado no que diz respeito a questões urbanas e de infraestrutura (SILVA, 2002).

SANEAMENTO: passos da história do Rio de Janeiro

Em função do surto epidêmico ocorrido em 1849, foi

criada a Junta Central da Higiene Pública em 1851.

Ela seria responsável pela organização e exercício

da política sanitária em terra, monitorando todos os

espaços potencialmente perigosos da cidade.

Nos relatórios da Junta era citado o estado de

insalubridade em que se encontrava a cidade, sendo

as causas, listada a seguir (SILVA, 2002):

Professores ANA L. T. SEROA DA MOTTA, MARGARETH A. DE AZEREDO,

MARCO LEAO GELMAN | UFF – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

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Artigo faz descrição sobre as primeiras intervenções e evolução da política pública de saneamento na cidade, no período 1863/2007. Rio de Janeiro foi a terceira cidade do mundo a ser dotada de esgostos sanitários, depois de Londres e Hamburgo

Figura 01 - Saneamento executado por “tigres”

Page 43: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

• Despejos dos resíduos, unidos aos esgotos, despejos

orgânicos e a umidade;

• Os rios que trajetam pela cidade carregados de

imundícies;

• O matadouro; o lixo das ruas e das praias;

• Os cemitérios;

• As fábricas e estabelecimentos industriais e

• A umidade nociva pela falta de escoamento para

as águas pluviais e do esgotamento sanitário.

Neste contexto, o município do Rio de Janeiro foi se

expandindo com destaque para suas condições anti-

higiênicas, a inexistência de um planejamento, ruas

construídas com graves erros de saneamento básico.

Os terrenos planos estavam localizados em sua

maioria abaixo do nível da maré. A cidade teve a sua

expansão entre lagoas e pântanos e eram comuns os

alagamentos causados pelas fortes chuvas que não

eram escoadas adequadamente.

Diante deste quadro, o Imperador D. Pedro II cria a

Lei 884 de 01.10.1856, autorizando o governo a

contratar uma empresa de serviço de limpeza e esgoto

para a cidade do Rio de Janeiro. Em 25 de abril de

1857, foi assinado um contrato com os empresários

João Frederico Russel, Joaquim Pereira Vianna de

Lima Junior e o inglês Edward Gotto. Trata-se de um

marco decisivo para o saneamento da cidade. Mais

tarde este contrato foi transferido para a empresa

inglesa Companhia City (CITY, 1940).

O Rio de Janeiro foi a terceira cidade do mundo a

ser dotada de rede de esgotos sanitários, precedida

por Londres (1815) e Hamburgo (1842). Somente

Londres, como capital se antecipou ao Rio de Janeiro,

na construção de suas redes de esgotos. (CEDAE).

O sistema de esgotamento da City era o misto ou

separador parcial, no qual a rede de esgotos dos

prédios recebia os despejos sanitários e as águas

pluviais dos pátios internos e telhados. Ocorria em

dias de chuva, em face do grande volume das águas

coletadas transbordamentos e alagando das ruas,

o que trazia transtornos à cidade. Até 1887, a City

tinha construído as seguintes Estações de Tratamento:

Arsenal, Gamboa, Glória, São Cristóvão, Botafogo e

Alegria. A figura 02 mostra o prédio onde foi instalada

a Casa de Máquinas e a ETE Alegria, construído em

1884 (SILVA, 2002, VI, p.128).

As condições sanitárias do Rio de Janeiro continuavam

a ser preocupantes e as críticas aos serviços da City

não cessavam. As deficiências encontradas exigiram

a formação de comissões com a finalidade de formar

relatórios e detectar os problemas e as fragilidades

do sistema adotado. A qualidade dos serviços

apresentados deixava a desejar e não estavam

acompanhando o ritmo com que a cidade crescia,

causando grande insatisfação, sendo taxados de

serviços caros e ineficientes. O tratamento dos

afluentes era precário. Para agravar a ineficiência

da City, a descarga das lamas deixou de ser feita

com frequência. Era comum que as lamas ficassem

Figura 02: Prédio da Casa de Máquinas e da ETE da Alegria, construído em 1884. Fonte: Silva (2002).

Set 2011• MEMO online | 43

Page 44: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Figura 03- As primeiras redes de esgotamento sanitário no município do Rio de Janeiro (1857 a 1935).

sofrendo fermentação e putrefação. Isto aumentava o teor da matéria orgânica em suspensão no esgoto

efluente em vez de reduzi-lo, sendo este material jogado diretamente no mar (SILVA, 2002, pg. 130 VI).

Foi criada em 1924, a Inspetoria de Água e Esgoto ficando com o encargo de executar, por administração

direta, o esgotamento de Ipanema, Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas, Leblon e Penha. Já os serviços que

abrangiam o trecho do coletor predial, entre o limite da propriedade e o coletor público de esgotos seriam à

custa do proprietário. (SILVA, 2002, p 255. VI).

No decorrer da atuação da City como responsável pelo saneamento no município do Rio de Janeiro, os

critérios utilizados pela empresa inglesa eram considerados precários e com isto foi gerando um aumento no

grau de insatisfação. Seus serviços eram deficientes e não atendiam à nova realidade da cidade e por este

motivo as negociações foram encerradas em 1934. Na figura 03 demonstra-se a localização das primeiras

redes de esgotamento sanitário.

Em 1937, a Inspetoria de Água e Esgoto (IAE) através da Lei nº. 378 foi substituída pelo Serviço de Águas e

Esgoto do Distrito Federal (SAEDF). Ele deu andamento nas obras não concluídas pela Inspetoria realizando

os serviços da rede de esgotos da Penha e Olaria; a Estação de Tratamento da Penha; os projetos das redes

de esgotos da área marginal da Lagoa Rodrigo de Freitas; a Estação de Tratamento da Urca; as instalações

domiciliares dos subúrbios da Leopoldina e zonas suburbanas (SILVA, 2002).

A City continuou a explorar os serviços já

contratados até o ano de 1947, quando

terminou seu contrato. Neste momento ocorreu

a transferência dos serviços para a Prefeitura

do Distrito Federal. Ficando responsáveis pelos

serviços seu Departamento de Águas e Esgotos

(DAE), da Secretaria Geral de Viação e Obras.

A DAE tinha o privilégio de elaborar projetos

das instalações prediais dos prédios, cabendo

aos instaladores a execução dos projetos

aprovados. A partir dos anos 50 se deu um

movimento urbano acelerado. Foi necessário

criar um departamento que se encarregasse

de gerir tanto a parte urbana, quanto aquela

relacionada ao esgoto, uma vez que ambas

44 | MEMO online • Set 2011

Page 45: Revista MeMo

do IO - trecho Botafogo-Arpoador; Alargamento

da Praia de Copacabana;Trecho do IO - Avenida

Atlântica; IO - Avenida Princesa Izabel; Elevatória

Bombas Parafuso; Elevatória André de Azevedo;

Reforma e ampliação da Elevatória de Botafogo; ETE

da Penha-Ampliação; ETE da Ilha do Governador;

Cidade Universitária – Rede de esgotos e elevatória;

Rede de esgotos e elevatória da Ilha do Fundão;Rede

de esgotos de Pedra de Guaratiba; Elevatória de

Manguinhos; Elevatória de Timbó; IO - Zona Sul-

Construção no Morro de Cantagalo; ETE da Cidade

de Deus; Equipamentos Especiais para limpeza de

rede de esgotos; Canalização do Rio Berquó e obras

complementares e Obras de emergência devido aos

temporais de 1961.

A Lei 2.097 de 16.09.1972 autorizou o Poder

Executivo a criar uma empresa pública, destinada a

exercer as atividades que cabiam ao Estado, ligadas

aos problemas dos esgotos. Desta forma foi criada

a ESAG - Empresa de Saneamento da Guanabara.

Esta empresa teve como atribuição executar serviços

relativos à coleta, transporte, tratamento e disposição

final dos esgotos.

Em agosto de 1973, a ESAG deu início a construção

do Emissário Submarino de Ipanema. O projeto

previa o lançamento de 6m3/s de esgotos no Oceano

Atlântico. Isto foi feito através de uma tubulação

de 2,40m de diâmetro, 4.325m de comprimento

e 28m de profundidade, lançando os dejetos nas

proximidades das Ilhas Cagarras. Previa-se nesta

época que o volume poderia chegar em 2000 a

12m3/s (CEDAE).

estavam intrinsecamente ligadas. Desta forma em

1957 foi criada a Sursan - Superintendência de

Urbanização e Saneamento. Ela foi constituída

pelo Departamento de Esgotos Sanitários (DES) e

Departamento de Urbanização (DU) tendo atribuições

ligadas ao DES.

Até 1960, a rede de esgotos sanitários do antigo

Estado da Guanabara era de 1.142 km. O DES/

SURSAN, em 1961, construiu 39 km, elevando o total

para 1.181 km. Em 1965, o DES passou a chamar-

se Departamento de Saneamento, com a mesma

sigla DES. A partir deste ano, este Departamento

deu continuidade ao plano de Obras Prioritárias

do Estado da Guanabara, realizando as seguintes

construções (SILVA, 2002, p.97. VII): Construção

Figura 04- Parte da construção do Interceptor Oceânico na Av. Atlântica. Álbum de construção do IO, Departamento de Saneamento/SURSAN, 1971(SILVA, 2002, VI).

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Já em 1974, por força da Lei de nº. 20, houve a

junção dos estados e territórios. Neste momento ficou

estabelecido que os estados da Guanabara e do Rio

de Janeiro passariam a constituir o estado do Rio de

Janeiro. Houve em 1975 a fusão da ESAG, SEDAG e

SANERJ. Com esta união, foi criada em 1º de agosto

de 1975 a Companhia Estadual de Águas e Esgotos

– CEDAE, que absorveu a companhia Estadual de

Águas da Guanabara – CEDAG, a Empresa de

Saneamento da Guanabara – ESAG e a Companhia

de Saneamento do Rio de Janeiro – SANERJ. Com

a criação da CEDAE, os setores de água e esgotos,

que ao longo de sua história estiveram a maior parte

do tempo separados, ficaram juntos para facilitar

os objetivos do Plano Nacional de Saneamento

(PLANASA).

Através deste plano o governo federal, o estado e

os municípios reuniam recursos financeiros para

solucionar seus problemas de saneamento básico

(CEDAE). O município do Rio de Janeiro deixou de

ser gestor das políticas de saneamento, cabendo este

papel ao Estado até 2007. Neste momento, através

de um convênio entre o estado e o município, foi

passada para a Prefeitura, através da Rio Águas, a

gestão da AP5, região que envolve 21 bairros da

Zona Oeste da cidade.

Desta forma, o município atualmente tem a sua

gestão no setor de saneamento básico realizado por

duas empresas que, além de serem responsáveis pelas

aprovações de projetos e licenciamento das unidades

a serem implantadas pela expansão urbana, são

responsáveis pela implantação de novas redes e pelo

sistema de tratamento e destinação final dos rejeitos.

Hoje a Cedae e a Rio Águas seguem cada uma com

a sua maneira de administrar, adotando técnicas e

formas diferenciadas que estão diretamente ligadas

a todas as intervenções e ações que fazem parte da

administração do saneamento básico do município

do Rio de Janeiro.

Referências Bibliográficas:

CEDAE, A história do tratamento de esgoto no Rio de Janeiro disponível em www.cedae.com.br, acessado em. 18/10/2009.

CEDAE, O Emissário Submarino de Ipanema. Álbum (da Construção da Obra, Rio de Janeiro - Arquivo do Engenheiro Luiz de

Souza Botafogo)

apud SILVA, José Ribeiro da. Os Esgotos do Rio de Janeiro. VI. 2002.

CITY. Noticia sobre os esgotos da cidade do Rio de Janeiro, Correio da Manhã, 15.11.1940 apud SILVA, José Ribeiro da. Os

Esgotos do Rio de Janeiro. VI. 2002.

MARQUES, Eduardo César. Da higiene à construção da cidade: O Estado e o saneamento no Rio de Janeiro, 1995.

SILVA, José Ribeiro da. Os Esgotos do Rio de Janeiro. VI. 2002.

SILVA, José Ribeiro da,.Os Esgotos do Rio de Janeiro. VII. 2002.

46 | MEMO online • Set 2011

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Solução SUSTENTÁVEL no meio do caminho...TFG | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF | Aluna BEATRIZ TURL S. R. DE ALMEIDA

PELAS CICLOVIAS... NITERÓI REFAZ SEU CAMINHO

Este trabalho é resultado da tradução de uma questão observada pela autora antes de ingressar na

universidade: a insegurança para os ciclistas em Niterói. A partir do aprendizado ao longo do curso, a

visão da autora quanto à questão das bicicletas em Niterói foi ganhando razões, e através do conhecimento

obtido pode perceber o que faltava, e como poderia ser solucionado.

A cidade que continua a crescer não encontra solução para o trânsito e muito menos para as bicicletas, pois

não existe espaço nas vias nem equipamentos adequados.

Sendo assim, no trabalho é mostrado as possibilidades de movimentação no município, visando a melhoria

das condições de trânsito com inserção de um sistema cicloviário, em consonância com os conceitos de

sustentabilidade.

Este trabalho acadêmico é um esforço em solucionar uma questão atual com perspectiva de oferecer

segurança aos ciclistas e alcançar mais pessoas a usarem a bicicleta como meio de transporte.

“[...] o conhecimento nunca é um reflexo ou espelho da realidade.

O conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução. Mesmo

no fenômeno da percepção, através do qual os olhos recebem estímulos luminosos

que são transformados, decodificados, transportados a um outro código, que transita

pelo nervo ótico, atravessa várias partes do cérebro para, enfim, transformar aquela

informação primeira em percepção.”

Edgard Morin – Os sete saberes necessários para a educação do futuro.

(Egdar Morin é antropólogo, sociólogo e filósofo francês)

Econômico, saudável e sem gerar emissões de gases na atmosfera, o uso da bicicleta para mobilidade urbana não tem contraindicação. Projeto Final de Graduação sobre Mobilidade Urbana Sustentável apresenta Proposta de Sistema Cicloviário para Niterói

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Set 2011• MEMO online | 49

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Na “pedalada” certa “O trabalho Proposta de Sistema Cicloviário apresentado com muito empenho e competência

por Beatriz Turl constitui um tema de grande atualidade. Também é relevante exemplo de

excelente contribuição acadêmica e profissional do campo da Arquitetura e Urbanismo para

as questões do planejamento de nossas cidades. Tendo em vista os antigos e conhecidos

problemas de mobilidade urbana no Brasil e no mundo, propõe soluções para novos

desafios a serem superados visando a melhoria da qualidade da vida urbana. Para tanto,

a abordagem do projeto tem como concepção básica os princípios da sustentabilidade

socioambiental urbana, ampliando os limites de uma visão restrita e convencional, e cujo

foco principal se fundamenta em criteriosa metodologia científica, ampla pesquisa de campo

e adequado diagnóstico. Assim, o trabalho enfatiza a importância do sistema cicloviário

no contexto da mobilidade urbana, apresentando propostas de qualidade técnica e com

parâmetros humanísticos para a cidade de Niterói, que poderá refazer seus caminhos diante

de um crescente processo de expansão da malha urbana.”

Orientador Professor Jorge Crichyno | Arquiteto e Urbanista

JUSTIFICATIVAA mobilidade urbana em Niterói tem sido um grande problema para todos. A população

que sofre em congestionamentos diários.

Para resolver a questão da mobilidade urbana, é preciso identificar os pontos críticos de

circulação, origens e destinos dos moradores. Além disso, oferecer alternativas eficazes

para a redução dos congestionamentos.

“O automóvel contribui para um desperdício do espaço urbano, consome imensos

recursos e constitui um peso para o ambiente.” - Comissão Européia, Cidades para

bicicleta, Cidades de futuro.

A citação acima, assim como o gráfico comparativo do espaço ocupado em via pública,

mostra que o automóvel é o maior responsável pelos congestionamentos.

“Os transportes públicos não constituem a única alternativa ao automóvel.” - Comissão

Européia, Cidades para bicicleta, Cidades de futuro.

OBJETIVOPropor o sistema cicloviário como solução sustentável e integrá-lo aos outros modais.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

BENEFÍCIOS DA BICICLETAEconômica: baixo custo de aquisição e manutenção | Eficiência energética: a bicicleta requer um

consumo muito pequeno de energia | Contribuição à saúde: o “motor” da bicicleta é o próprio corpo;

estudos mostram que pessoas fisicamente ativas tendem a apresentar menos doenças | Social: a

bicicleta é o veículo individual que mais atende ao princípio da igualdade, acessível a quase todas as

camadas econômicas, de idade e condições físicas | Rapidez: estudos comprovam que para distâncias

de até 5km em áreas mais adensadas da cidade a bicicleta é o transporte mais rápido |

| Menor necessidade de espaço público.

Gráfico modo de transporte x tempo de viagem

Fonte: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana - Caderno de referência para elaboração de:Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades

Comparação dos diversos meios de transporte do ponto de vista ecológico em

relação ao automóvel particular para uma deslocação equivalente em pessoas/

quilómetro Base = 100 (automóvel particular sem catalisador)

Fonte: Relatório UPI, Heidelberg, 1989, citado pelo Ministério alemão dos transportes.

Gráfico comparativo de consumo deespaço ocupado em via pública por 150 pessoas:

Fonte: Empresa Municipal de Transportes de Madrid (Espanha)

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Gráfico comparativo de Consumo:

Page 51: Revista MeMo

“Designaremos por sustentabilidade, pois, a categoria através da qual, a partir da última década do

século XX, as sociedades têm problematizado as condições materiais da reprodução social, discutindo

os princípios éticos e políticos que regulam o acesso e a distribuição dos recursos ambientais – ou

num sentido mais amplo, os princípios que legitimam a reprodutibilidade das práticas espaciais.”

Mobilidade Urbana Sustentável“Mobilidade Urbana Sustentável: é o resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que

visam proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização dos modos de

transporte coletivo e não motorizados, de forma efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável.”

Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana - Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana.

Desta forma, o uso da bicicleta colabora com o desenvolvimento urbano sustentável da cidade, pelos benefícios

que a mesma oferece, e está de acordo com os cinco pilares sustentáveis: Ambiental, Social, Tecnológico,

Cultural e Econômico.

CONCEITOS

SustentabilidadeOficialmente, o conceito de sustentabilidade foi usado pela primeira vez em 1979 na Assembleia Geral das

Nações Unidas. Após muitas reuniões, em 1987, foi publicado o documento Nosso Futuro Comum, que

contém a definição mais clássica: “sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes,

sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Hoje em dia, o termo sustentabilidade tem sido muito utilizado, mas é preciso ter cautela quanto à polissemia

deste termo.

Henri Acselrad, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – IPPUR/UFRJ e

pesquisador do CNPq, afirma:

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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Page 52: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Importância da Mobilidade UrbanaCada cidade se forma através de um sistema espacial complexo, no qual há uma montagem de áreas funcionais,

entre estes espaços há um outro espaço mediando as ações entre os mesmos, dedicado à circulação.

A malha viária deve acompanhar o fluxo do trânsito e os tipos de transporte utilizado na cidade.

Para uma cidade estar bem planejada é preciso que a mobilidade urbana seja uma prioridade, considerando

todos os modais que são usados pela população, para assim propor espaços específicos para cada um destes

na malha viária. A mobilidade urbana pode promover uma melhor interação entre os espaços da cidade.

Mapa ConceitoA área projeto é delimitada de acordo com as entrevistas, sendo assim os bairros próximos ao

Centro, a maioria dos entrevistados responderam que moram nesta área. Na área projeto estão

as principais ligações com o município do Rio de Janeiro , sendo a ponte Rio-Niterói e a Estação

das Barcas.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Page 54: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Bogotá é considerada a melhor cidade para andar de bicicleta na América LatinaSituação antes e depois da mudança estrutural em via urbana, com a retirada de espaços de

estacionamento de automóveis para ampliação dos espaços de pedestres e de ciclistas, Bogotá –

Colômbia, 2003.

antes depois

Amsterdam – Países BaixosFamosa pelo mundo inteiro por suas bicicletas,

Amsterdan é considerada por muitos ciclistas a

melhor cidade do mundo para andar de bicicleta.

A infraestrutura de ciclovias e bicicletários deixam

os ciclistas seguros para usar como meio de

transporte, e se tornou uma referência.

Amsterdan possui 400km de ciclovias e 40% de

todas as deslocações sãos feitas em bicicleta. Outras

cidades onde a bicicleta é muito utilizada como

meio de transporte: Copenhagen (Dinamarca),

Pequim (China), Paris (França).

Bicicletário em frente a Central de Trem de Amsterdan, estimativa de 20.000 bicicletas estacionadas. Fonte: http://www.streetsblog.org/2006/

Referências internacionais

Fonte: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana - Caderno de referência para elaboração de: Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Caracterização da cidade: ocupação e mobilidade

Mapa de Niterói sobreposto de áreas verdes, malha viária e limites dos bairros

O mapa de topografia junto aos demais mostra que em alguns pontos o relevo acentuado não permite a

expansão dos bairros e restringe sua comunicação com os demais.

Outras cidades que dela dependem para o desenvolvimento, como São Gonçalo.

A Ponte Rio-Niterói é um acesso amplamente utilizado, permite a integração de Niterói e demais municípios

vizinhos ao estado do Rio de Janeiro.

A Universidade Federal Fluminense movimenta a cidade e atrai estudantes de todas as partes do estado e até

de outros lugares, também atua como grande empregadora. Pode ser, portanto, uma grande propulsora do

desenvolvimento da cidade uma vez que oferece serviços à população.

O centro de Niterói possui caráter transitório. Icaraí já é um centro da região Praias da Baía. Além da grande

densidade populacional, também concentra muitos serviços como escolas, clínicas, comércio e escritórios.

Os bairros em torno de Icaraí têm caráter residencial, e são muito semelhantes a este, inclusive pelo

traçado.

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Page 56: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

EntrevistasFoi formulado um questionário

a fim de traçar o perfil dos

moradores que usam a bicicleta

ou que gostariam de usar, e

saber quais são suas percepções.

Ao todo 77 pessoas responderam

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Page 57: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Após as pesquisas realizadas, concluiu-se que deve

ser implantada ciclovia em Niterói, pois há demanda,

e esta precisa ser estimulada. A área projeto localiza-

se na proximidade do Centro, sendo contemplados

os bairros Santa Rosa, Icaraí, Ingá, São Domingos,

Gragoatá, Pé Pequeno, Ponta D’Areia, Fátima, Vital

Brasil, além das áreas comerciais que também devem

ser alcançadas pelo sistema e ganharão bicicletários

nestes locais.

As escolas de ensino médio, inclusive a UFF, devem

ser ponto chave no sistema cicloviário, oferecendo aos

estudantes e professores um caminho seguro. Muitas

dessas escolas já possuem seu próprio bicicletário no

interior das mesmas.

Para integrar o sistema cicloviário aos outros modais,

haverão bicicletários nos pontos de ônibus de maior

fluxo de passageiros e no terminal rodoviário.Para

longas distâncias, terá a opção de combinação

de modais. O sistema também estará integrado

à Estação das Barcas, para facilitar ao ciclista o

deslocamento até o Rio, carregando sua bicicleta na

barca ou deixando-a no bicicletário.

As vias coletoras serão contempladas com o circuito

secundário, integrada ao circuito principal, levando

as ciclovias até as residências dos ciclistas. Ainda que

a área projeto esteja localizada nas proximidades do

Centro, as demais áreas serão integradas a partir de

eixos que se iniciam na área projeto.

Mapa de condicionantesO mapa de condicionantes a seguir mostra os eixos principais da cidade, sendo os intermunicipais e os

municipais. Também destaca os campi da UFF, e seleciona uma área projeto.

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Diretrizes para projeto

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Proposta para ciclovia na Miguel de Frias com a Praia de Icaraí

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Proposta para ciclovia na Miguel de Frias com a Praia de Icaraí

Proposta para ciclovia na Avenida Roberto Silveira

Proposta para ciclovia no Largo do Marrão

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Proposta para ciclovia em frente às Barcas

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Comunicação e Espaço Urbano: A CIDADE, a CULTURA e o LIXO

Desde quando nós, humanos, existimos interferimos no ambiente. Criamos e desenvolvemos meios para a

nossa sobrevivência, e com isso, além de modificarmos a paisagem que nos cerca, construindo e edificando,

também produzimos o que daqui a algum tempo, aparentemente já não mais nos servirá: o lixo. Isso, devido

também, às constantes mudanças que ocorreram no ‘pensamento’ humano, da organização das ideias e

das culturas. Exemplificando: se na Grécia antiga haviam ideais que os levavam a edificar os seus ‘prédios’

e monumentos de uma determinada forma, tanto o pensamento romano quanto o medieval destoaram

completamente, fazendo surgir construções ligadas mais às necessidades, do que pura e simplesmente à

filosofia e às crenças. Estabelecendo então um tipo diferente de relação entre o ser humano e a natureza.

Pensar na relação entre o desenvolvimento das civilizações, das culturas e das cidades normalmente não nos

remete ao tema lixo, mas sim a muitos outros temas que são de certa forma atrativos como, por exemplo:

o desenvolvimento arquitetônico, artístico, cultural, político, religioso, econômico etc. Porém, o lixo sempre

esteve lá. Se antes, nas primeiras civilizações, comumente em forma de matéria orgânica em decomposição e

dejetos oriundos das moradias e espalhados pelas vias públicas; atualmente, além de ainda apresentar-se sob

essa mesma forma em diversos lugares onde o ‘governo’ não faz a diferença, como: favelas e comunidades

carentes. O lixo surge e se multiplica como resultado também de uma tecnologia apressada, que o produz na

mesma medida em que ‘lança’ novos produtos no mercado.

HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA | Bióloga Mestre em Ciências Ambientais | UFF

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Artigo analisa a questão do desenvolvimento e o lixo na contemporaneidade. “O lixo surge e se multiplica como resultado também de uma tecnologia apressada, que o produz na mesma medida em que se lança novos produtos no mercado”

Page 65: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

É praticamente impossível viver na atualidade e manter os olhos fechados para a enorme proporção de lixo

que existe ao nosso redor. Antes, um problema predominantemente característico das grandes cidades, mas

que, com o passar do tempo, como tantos outros eventos da modernidade, atingiu o status de ‘problema

global’, acumulando-se em todos os cantos do mundo onde haja indícios de consumo. Pode-se dizer que está

ocorrendo o surgimento de uma nova cultura, que modifica ou altera quase todas as outras, que homogeneiza:

a cultura do lixo. O que quebra hoje já não é mais enviado para o conserto, mas sim, na medida do possível,

é imediatamente substituído, e o seu destino não é preciso nem mencionar.

Porém, são diversos os fatores intrincados na relação entre a humanidade e a produção do lixo, não se

podendo identificar uma única causa, como por exemplo: o efeito da ação do capitalismo na sociedade. O

que não é uma verdade absoluta, já que o regime capitalista acelera a sua produção, mas não é a sua única

fonte, sendo a sua existência independente de regime econômico. Afinal, se assim fosse, os sambaquis não

existiriam, ou então em Cuba não existiria lixo...

Um outro fator referente ao lixo, e muito relevante, diz respeito às propagandas e modismos ambientalistas,

característicos dos séculos XX e XXI, nas quais se prega com a maior naturalidade a possibilidade de existir um

mundo sem lixo, ou ainda, que exista uma fórmula efetiva contra o fenômeno do crescimento da produção

de lixo nas cidades (alternativas: reciclagem, compostagem, lixões, aterros sanitários etc.). Longe de querer

parecer pessimista, mas sobre a relação entre a humanidade e o lixo, são óbvias as palavras de Eigenheer

(2003 p. 29 p.) que dizem: onde está um, está também o outro. De modo a existirem remediações, mas não

uma solução imediata para todo o lixo que é produzido nas cidades.

Existem necessidades básicas como alimentação, vestuário e moradia, que, por mais básicas que sejam,

são também grandes geradoras de resíduos, e ainda que esses sejam reaproveitados, reduzidos e reciclados

sempre existirão. Há sim a possibilidade de inovar e desenvolver e construir ‘coisas ambientalmente corretas’,

e que ainda beneficiem o mercado, porém, a cultura que se instaurou em nível global nem sempre consegue

alcançar esses passos, isso devido a uma série de fatores dentre os quais estão: insuficiência na fiscalização das

indústrias, diminuição de lucros a curto prazo, a necessidade de crescimento econômico das grandes potências

mundiais e desprezo pelas necessidades do ‘planeta’ (e principalmente dos seres vivos), e por ai vai...

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Page 66: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Fato é que, agora já não há muito tempo para mudar essa realidade já estruturada e baseada na desestrutura.

O crescimento populacional desordenado, e a falta de uma cultura voltada para o consumo consciente,

aliados à aceleração econômica (importação/exportação) produzida pelo mercado mundial, tornam todo

esse processo inalcançável, ou seja: produção, consumo e lixo... E num piscar de olhos deixa-se de construir

ou preservar o que mais interessa, algo que ‘fique’, algo ‘durável’ e que futuramente faça algum sentido real

para as culturas já tão afetadas.

O lixo dos tempos atuais, diferente do de tempos atrás, deixa de ser apenas o que fede e ‘enfeia’ as cidades,

e passa a ser visto de modo diferente, dependendo do ponto de vista, e do grau de interesse, ou seja: se para

uns ‘aquilo’ saiu de moda e não serve mais; “ não vale a pena ser consertado”; ou quando: “o mais moderno

é melhor, pode jogar esse no lixo”... Para outros servirá como fonte de sustento. Se para as autoridades um

lixão é a solução, pois se economiza muito (ao contrário dos métodos mais adequados – aterro sanitário),

para a população vizinha será um gerador da alteração da paisagem natural, além de ser fonte potencial de

doenças e poluição. E ainda se para outros o lixão cheira mal e atrai ratos, moscas e urubus... Haverá ainda

os que buscam ali o seu alimento todos os dias...

O lixo passou a ser um negócio lucrativo, e disputado, não apenas pelos inúmeros catadores do dia a dia,

mas principalmente pelos altos valores destinados ao seu tratamento, levando políticos e concessionárias a

ambicionar ‘o controle do lixo’, e obviamente os recursos financeiros que vêm junto dele.

Mas o que ninguém quer é o lixo nas suas cidades. Pagam para que joguem o seu lixo nas cidades vizinhas –

veja-se o caso de Duque de Caxias , que recebe todo o lixo da cidade do Rio de Janeiro e de outras cidades

(cerca de cinco mil toneladas ao dia). E, que desde o ano de 2004, já não possui mais estrutura física para

suportá-lo, podendo inclusive gerar um desastre ambiental de grandes proporções, com o assoreamento de rios e

por consequência desses, a inundação de cidades circunvizinhas, inclusive de algumas que jogam ali o seu lixo.

Nas cidades, atualmente o lixo passou a ser uma espécie de moldura para as construções e pontos turísticos,

mas que, porém, já não é mais tão perceptível, tornando-nos por muitas vezes insensíveis a sua presença

persistente, banalizada.

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Page 67: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

A TECNOLOGIA E O LIXO

Atualmente quando se pensa em tecnologia, fácil é ter à ideia de computadores e máquinas de última geração.

Mas a tecnologia na realidade sempre existiu. Ao pé da letra, tecnologia é nada mais que: “um conjunto de

conhecimentos que se aplicam a um determinado ramo de atividade”. De modo que a mesma evolui ao

passo que ocorrem as transformações sociais e culturais nas mais diversas civilizações. Da invenção da roda

a nanotecnologia.

Trazendo a tecnologia para o assunto lixo, pode-se dizer que a mesma empregada na destinação deste

encontra-se em um estado estacionário, ou seja, mesmo tendo havido a evolução de alguns métodos para

a destinação do lixo, os mesmos nem sempre são utilizados. Sendo prevalecentes os métodos primitivos, que

de diversas formas atingem tanto ao ambiente quanto a população, tornando algumas cidades vítimas de seu

sistema de destinação do lixo, esgoto e resíduos de modo geral. Fato esse observável quando confrontamos

registros dirigidos há tempos atrás, e registros atuais. Que narram o estado da poluição em determinadas

cidades, nos remetendo senão a maneira inadequada de ‘despejo’, como no exemplo abaixo, que data do

século XIX, citando o depósito incorreto de esgoto e demais detritos na cidade do Rio de Janeiro, e em praias

tanto do Rio quanto de Recife:

(...) As lojas da Rua do Ouvidor expunham, segundo Joaquim Manoel de Macedo, além da “última moda

parisiense” os perfumes que deveriam torná-la a mais cheirosa da cidade. As essências acondicionadas em

belos frascos não conseguiam, porém eliminar os odores fétidos provenientes dos barris com fezes, que os

escravos levavam destampados, principalmente à noite, para despejar no mar. As praias do Rio de Janeiro

e do Recife eram locais, até primeira metade do Oitocentos, desagradáveis para passear ou tomar banhos

salgados, pois transformavam-se em lugares de despejos desses barris que, na palavra do sociólogo Gilberto

Freyre, estavam transbordando de excremento, lixo e porcaria das casas e das ruas. (MACHADO, Humberto

F. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1999. p. 295)

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Page 68: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Mais atualmente (séculos XX e XXI) os exemplos são muitos para confrontar ao supracitado, porém, existem

alguns que são ‘clássicos’ do Rio de Janeiro, como a poluição das praias, por exemplo, que atingiu visibilidade

internacional como narra a reportagem abaixo:

(...) Uma grande reportagem publicada neste sábado (28 de abril, 2007) pelo diário britânico The Guardian

relata os problemas de poluição enfrentados pelas praias e canais na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro,

esgoto, algas e lixo mancham praias do Rio, diz jornal britânico. “Ao lado das fétidas margens do canal do

Cunha, no Rio, é difícil acreditar que 30 anos atrás esse era um caminho feito por golfinhos, e que há dois

séculos a família real portuguesa nadava ali, cercada por intocadas faixas de areia”, afirma a reportagem.

O jornal observa, porém, que hoje o que é possível ver por lá são coisas como “uma carcaça de um Fusca

abandonado em meio à lama preta” e que “o ar é permeado com o cheiro ácido de esgoto que flui a partir

do Complexo da Maré, uma grande favela não muito longe do aeroporto internacional”. “O canal é um dos

afluentes da Baía de Guanabara, ponto principal de uma das cidades naturalmente mais belas do mundo”,

afirma o jornal, lembrando que o problema afeta também as praias nas áreas mais ricas da cidade.

Segundo o jornal, os ambientalistas elogiaram o plano do governo do Rio, mas advertem que “200 anos

de poluição não podem ser revertidos em quatro anos de governo”. (Disponível em: http://www.bbc.co. uk/

portuguese/reporterbbc/story/2007/04/070428_riopraiasguardianrw.shtml. Acesso em: 09/07/2008).

Comparando as duas citações anteriores, torna-se inevitável refletir sobre as tantas transformações que a

cidade do Rio de Janeiro sofreu ao longo desses séculos (pavimentação, edificação, diminuição da área verde

etc.) e, além disso, o quanto a tecnologia em termos de descarte e despejo de lixo e esgoto evoluiu. Agora há

(quase sempre) tanto sistemas de esgoto quanto de água encanados nas residências, e por tanto, meios que

permitem uma melhor higiene e bem estar tanto em nível pessoal quanto na cidade. A questão é: tanto o lixo,

quanto o esgoto continuam sendo lançados nos mesmos lugares que antes, mudaram apenas as formas de

destinação. Já não são mais os escravos que se encarregam desse trabalho ‘sujo’... Agora temos os garis e os

catadores para o lixo, e os dutos que desembocam nas praias e mares para o esgoto.

A inevitável conclusão a que se pode chegar é sim chocante, mas como disse: inevitável. O lixo sempre

estará presente, e em todos os lugares, principalmente onde haja maiores aglomerações de pessoas, como as

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Page 69: Revista MeMo

grandes cidades. A tendência natural é a de que cada dia mais sejam produzidas novas toneladas de lixo em

nível global – isso devido ao desenvolvimento relâmpago de alguns países, que antes eram ditos de terceiro

mundo, e que agora estão dispostos a produzir, e por tanto, consumir tanto quanto as grandes potências

(crescimento zero... Nem pensar...).

A forma pela qual o lixo é destinado já movimenta uma enorme quantia em dinheiro – pelo menos no Brasil.

Por qual motivo então haveria interesse político em modificar esse panorama? A não ser para parecerem

(fachada...) ecologicamente corretos e assim arrecadarem mais votos? De modo que, a situação em que

grandes e belas cidades do mundo – não apenas o Rio de Janeiro - se encontram não irá se alterar a

menos que haja uma medida tecnológica e inovadora em termos de destinação de lixo, e além disso, que

haja também o interesse em se aplicar esse novo método pensando-se não apenas nos altos custos que

provavelmente tornarão essa saída inviável, mas principalmente em se conservar as cidades limpas e em

condições de futuramente serem lembradas como parte da nossa memória, mas com a consciência limpa.

REFERÊNCIAS1. DA COSTA, Fernando Braga. “Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação

Social” Rio de Janeiro: Globo. Disponível em: : http://lista s.cev.org.br /pipermail/cevnegro/ 2005-Jánuary.txt. Acesso em 09/07/2008 às

07h36min AM.

2. EIGENHEER, Emílio Maciel. Lixo, Vanitas e Morte Considerações de um observador de resíduos. Niterói: EdUUF, 2003. p. 21

3. ____________ et al. Reciclagem: mito e realidade. Rio de Janeiro: In fólio, 2005.

4. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio/Dicionário eletrônico. Positivo.

5. O GLOBO. Novo cessar fogo na batalha do lixo. 03/01/2008. Disponível em: http://ademi. webtexto.com.br/a rticle.php3?id _

article=13004. Acesso em 05/07/2008 às 21h30min PM

6. MACHADO, Humberto F. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1999. p. 2957. THE GUARDIAN. No Rio de Janeiro esgoto, algas e lixo mancham praias. 04/2007 Disponível em: http://www.bbcco.uk/portuguese/

reporterbbc/story/2007/04/070428riopraiasguardianrw.shtml. Acesso em: 09/07/2008.

1 Novo cessar fogo na batalha do lixo. O Globo, Escrito por Dimmi Amora, 03/01/2008.

Disponível em: http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=13004. Acesso em 05/07/2008.

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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Honrarias para um grande trabalhoProfessor HEITOR LUIZ MURAT DE MEIRELLES QUINTELLA | UFF - UENF

Com uma obra desenvolvida ao longo de 40

anos, o professor Heitor Luiz Murat de Meirelles

Quintella recebeu, no mês de novembro de 2011,

duas honrarias dignas de um grande trabalho.

Associado da Universidade Federal Fluminense

(UFF) e pesquisador convidado do projeto Análise e

Melhoria de Sistemas de Produção da Engenharia de

Produçao da Universidade Estadual Norte Fluminense

(UENF), ele assumiu cadeia no Instituto Histórico e

Geográfico de Niterói (IHGN) e recebeu o título de

Doutor Honoris Causa em Belas Artes.

O professor tem trabalhos que cobrem diversos

campos de História, entre os quais se destacam

História e Filosofia da Ciência e Tecnologia, História

da Cultura Organizacional Fluminense e História

do Comportamento de Consumo Carioca. Sua

atividade engloba ainda o uso pioneiro de Arte

Digital em Estudos de História, Iconografia e Contos

de sociedades ágrafas brasileiras e das Américas.

No IHGN, Heitor Quintella assumiu cadeira

patronímica do campista Alberto Ribeiro Lamego

Filho. O professor Heitor Quintella sucede ao

acadêmico, executivo de estaleiros e pintor mineiro

Péricles de mello da Rocha Sodré, notabilizado por

suas marinhas da Baía de Guanabara. As solenidades

aconteceram na Fundação Educacional Municipal de

Niterói e da Camara Municipal de Niterói.

Ao longo de sua trajetório de quatro décadas, o

professor contou com o apoio de entidades como a

Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), University

of Newcastle, UFF, Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (UERJ) e UENF e das academias Brasileira

de Letras, Academia de Letras de Brasília, Academia

Itapirense de Letras e da International Academy of

Letters.

Com uma obra desenvolvida ao longo de 40 anos de trabalho, professor e pesquisador assumiu em novembro cadeira no Instituto Histórico e Geográfico de Niterói (IHGN) e recebeu título de Doutor Honoris Causa em Belas Artes

Redação da Revista MEMO

Page 71: Revista MeMo

Set 2011• MEMO online | 71

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Page 72: Revista MeMo

Ciência em Aço – MUSEU DE CIÊNCIAS de Volta Redonda | Rio de Janeiro

Projeto contemplado com a menção honrosa em concurso promovido pela Universidade Federal

Fluminense (UFF), a pedido do Polo Universitário de Volta Redonda. O museu da ciência de Volta Redonda

foi projetado para ser um monumento para a cidade e seu entorno.

Incentivados com a proposta e o tema do concurso

do Museu de Ciência de Volta Redonda, os

estudantes de arquitetura da Universidade Federal

Fluminense (UFF) Irlan Guimarães, Miguel Viñas,

Pedro Eisenberg, Ramon Chaves, Vinícius Barbosa

e Vítor Rocha, sob a orientação do professor José

Carlos Xavier, apresentaram um projeto de destaque,

contemplado com a menção honrosa.

Promovido pela Escola de Arquitetura da UFF, em

Niterói, a pedido do Polo Universitário de Volta

Redonda, o concurso contou com o apoio da Escola

Alunos IRLAN GUIMARÃES, MIGUEL VIÑAS, PEDRO EISENBERG, RAMON CHAVES,

VINÍCIUS BARBOSA E VÍTOR ROCHA | Escola de Arquitetura da UFF - Rio de Janeiro - RJ

Perspectiva posterior do Museu da Ciência

Luciana Nemer, chefe do departamento do Curso de Arquitetura e Urbanismo, entregando o prêmio de menção honrosa aos alunos

Ramon Miranda, Irlan Guimarães, Pedro Eisenberg, Vinícius Ferreira e Miguel Viñas.

72 | MEMO online • Set 2011

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Page 73: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

de Engenharia da UFF e do Instituto Aço Brasil,

que ministrou um curso de projeto em aço para os

participantes com o arquiteto Sidnei Palatnik.

O terreno localiza-se no bairro de Laranjal ao lado

da escola Getúlio Vargas. Assim, com a implantação

do Museu, que também conta com um planetário,

seus alunos terão a possibilidade de adquirir

conhecimento por novos métodos de ensino, a

exemplo do laboratório, onde, fora da sala de

aula, a prática tornará o aprendizado de mais fácil

entendimento e recreativo. Entretanto, não só aos

alunos, o Museu estará de portas abertas a qualquer

um que queira conhecê-lo.

A evolução, esquematizada ao lado, representa esse processo

e ocorre da seguinte forma: uma esfera de metal de 12 m de

diâmetro, colide primeiramente com um anteparo vertical,

também em metal, quando começa a perder velocidade

e choca-se a seguir com um segundo anteparo vertical,

paralelo ao primeiro, e este torna sua velocidade nula,

deixando-a presa no eixo central, com cada semiesfera para

um lado do mesmo.

Perspectiva interior do Museu da Ciência

Evolução da forma >

Partindo de um conceito embasado na ciência e estruturado no aço, o

volume foi sofrendo alterações até atingir a forma final. Foi, então, através

de processos físicos que ele tomou proporções de museu.

Set 2011• MEMO online | 73

Page 74: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

O museu da ciência de Volta Redonda foi projetado para ser um monumento para

a cidade e seu entorno. Desde o princípio houve a preocupação de apresentar uma

forma marcante, integrando espaços e facilitando fluxos. Os elementos presentes na

proposta instigam a curiosidade dos visitantes, o que os leva a refletir sobre conceitos

da ciência e da física. Tal curiosidade é a responsável pelas grandes descobertas que

se traduzem na evolução do homem e da tecnologia: são os questionamentos que

impulsionam a humanidade, e não as soluções.

Perspectiva noturna

74 | MEMO online • Set 2011

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Page 76: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

76 | MEMO online • Set 2011

Assim, não precisaríamos desviar rios ou sequer

construir usinas hidrelétricas gigantescas como a

de Belo Monte, cujo custo ambiental é imenso.

Para cada metro quadrado instalado de coletor

solar seria possível evitar a inundação de 56 metros

quadrados de terras férteis na construção de uma

usina hidrelétrica.

Na verdade, o único momento de impacto ambiental

desta energia é na fabricação dos coletores solares

que é facilmente controlável. Ocorre, no entanto, que

se despende mais energia na fabricação dos painéis

solares do que são capazes de gerar.

Assim, com prejuízo das regiões de latitudes médias e

altas como na Noruega, Finlândia, sul da Argentina

e Chile, cujo inverno há pouquíssima ou quase

nenhuma incidência de luz solar, bastaria construir

painéis solares em cada residência para que todos

habitantes terrestres tivessem acesso à energia sem

impactar o meio ambiente. Mas isso, atualmente,

seria utópico.

A energia solar residencial pode ser feita através da

instalação de painéis solares fotovoltaicos para a

geração de energia elétrica e através da instalação de

painéis solares para o aquecimento de água. Nestes

SUSTENTABILIDADE: na luz da ENERGIA SOLARJEAN MARC SASSON | Advogado e Gestor Ambiental

Ela é a melhor. É a energia que considero mais

renovável e mais limpa. Ela é a responsável pela

vida terrestre. Sem ela o Planeta Terra seria como

Marte ou Júpiter, planetas inabitáveis. Sem ela não

há fotossíntese, implicando no aumento do efeito

estufa por impossibilitar o sequestro de carbono da

atmosfera. É a energia cuja fonte, nada mais ou nada

menos, é o centro da Via Láctea.

Esta fonte energética emite no nosso planeta 1400

watts/s, equivalente à 14 lâmpadas de 100 watts

cada. Essa quantidade de energia corresponde à

queima de 2.1020 galões de gasolina por minuto,

mais de 10 milhões de vezes a produção anual de

petróleo do nosso planeta. Se considerássemos o

valor de US$ 3718,00, preço referente a maio de

2011 do galão de gasolina americano, obteríamos

um preço de US$ 7436.1020 por toda essa energia

produzida. Apesar deste preço, cujo dinheiro não

caberia nos cofres do Banco Central Brasileiro, essa

potência é fornecida totalmente de graça pelo Sol.

Não pagaríamos nenhum centavo por ela. Há, na

verdade, praticamente um único investimento, aquele

destinado à construção dos painéis, cujo preço varia

de acordo com sua capacidade. Após a construção,

se gasta minimamente na manutenção destes

equipamentos.

Cidades do mundo inteiro já perceberam a vantagem de se investir em energia solar, especialmente no que se refere a coletores solares para aquecimento de água. Lista inclui Eindhoven, Roma, Oxford, São Paulo e, agora, Rio de Janeiro

Page 77: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Set 2011• MEMO online | 77

painéis, a energia é produzida através da luz solar

absorvida por células fotovoltaicas onde a corrente

flui entre camadas com cargas opostas.

Contudo, a capacidade deste sistema ainda é muito

baixa, variando de 16% aos 30% em razão do

grande custo da tecnologia e do baixo investimento.

Quanto maior o rendimento, mais cara se torna a

produção de eletricidade, e neste caso inviabilizaria

o investimento em energia solar residencial. Mas nem

tudo está perdido.

Para o aquecimento de águas sanitárias, é totalmente

viável e mais simples. Nesta forma de energia, o

calor gerado pelo sol é aproveitado simplesmente

como energia térmica, ajudando a economizar na

conta de eletricidade. E é nesta segunda opção que

o governo federal está focando seus esforços. Como

a intenção é manter em 2020 o mesmo nível de

emissão de CO2 que em 2005, planejam diminuir o

consumo elétrico em 17% do horário de pico através

do incentivo à instalação de coletores solares para o

aquecimento da água.

A meta estipulada pelo governo é de 15 milhões de

m² de áreas com coletores solares até 2015. Hoje

são apenas 6,24 milhões de m². Pretende-se aliar os

programas de política pública Minha Casa Minha Vida

e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Já alcançaram a primeira meta de 40 mil unidades

habitacionais com os sistemas de aquecimento solar.

Para a segunda pretendem atingir outras 260 mil.

Para financiar esta medida, o Ministério do Meio

Ambiente firmou contrato com o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a

aplicação de R$ 233.727.463,00 por meio do Fundo

Nacional sobre Mudança do Clima. O BNDES vai

operar linhas de crédito reembolsáveis a governos,

empresas públicas ou privadas para a redução de

emissões de gases-estufa e também de adaptações a

situações provocadas por mudanças climáticas.

A geração de energia renovável está no foco deste

investimento. Há previsão para o desenvolvimento

tecnológico e cadeia produtiva de energia solar para

todo o Brasil, especialmente para as regiões isoladas

do sistema integrado de energia elétrica, como no

Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Este Fundo será fundamental para desenvolver

a política de desenvolvimento de energia solar.

Existem nele dois tipos de financiamentos: os não

reembolsáveis e os reembolsáveis. No primeiro

estimulam-se estudos de potencial de utilização e

incentivo à busca de novos materiais, incluindo a

geração de energia por células fotovoltaicas. Já

no segundo incentivam-se a ampliação do uso de

coletores solares, principalmente para aquecimento

de água.

Cidades do mundo inteiro já perceberam a vantagem

de se investir em energia solar, especialmente no que

se refere a coletores solares para aquecimento de

água. Eindhoven na Holanda, Roma na Itália, Oxford

na Inglaterra, São Paulo e agora o Rio de Janeiro

são algumas cidades do mundo que se obrigaram

legalmente a utilizar energia solar através de políticas

públicas. O estado do Rio de Janeiro aprovou a lei

estadual 5.184 que obriga prédios públicos a utilizar

esta fonte para o aquecimento de 40% da água

consumida. A lei publicada em 2008 afirma ainda

que todo edital de licitação para obras de construção

Page 78: Revista MeMo

ou reforma de prédio público deverá alertar sobre

a obrigatoriedade da instalação do sistema de

aquecimento. Edificações que apresentarem alguma

inviabilidade técnica para a adaptação ficarão isentas

do seu cumprimento. Já a lei paulista vai além. Obriga

desde 2007 todas as novas edificações, incluindo

hospitais, escolas, clubes entre outras edificações, a

instalar coletores solares para aquecimento de água.

Devo mencionar ainda a tramitação do Projeto de Lei

1859/2011 que pretende regulamentar a inserção de

sistemas fotovoltaicos na matriz energética brasileira.

Assim, a exemplo de Portugal, implantaria no país

um sistema de medição e venda de energia, que

além da possibilidade de gerar parte da energia que

consome, o consumidor poderá vender o excedente a

concessionária de energia da sua região.

Mas não só a iniciativa pública percebeu as

vantagens. A MPX, empresa energética da holding

EBX – empresa genuinamente brasileira, investiu

cerca de R$ 10 milhões, fora o aporte de R$ 1,2

milhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID), na primeira usina solar do Brasil.

Inaugurada em junho em Fortaleza (CE), poderá ter

sua potência duplicada para 2 MW. Com a potência

já instalada de 1 MW, esta usina tem a condição de

abastecer 1,5 mil famílias da região. Ela ocupa uma

área de 12 mil metros quadrados e conta com 4.680

painéis fotovoltaicos. A empresa pretende aumentar a

capacidade para 5 MW nos próximos anos e projeta

ter em um futuro próximo a capacidade de 50 MW.

Certamente isso é uma tendência. A capacidade

das usinas solares fotovoltaicas no mundo atingiu

um novo recorde em 2009, com 6,43 gigawatt

(GW) instalados, correspondendo a um crescimento

de 6% em relação ao ano anterior. Isso gerou US$

38 bilhões em receitas globais em 2009 e levantou

mais de US$ 13,5 bilhões em aportes de capital, por

investimento ou por empréstimos, 8% a mais do que

o ano anterior.

Segundo projeções da Agência Internacional de

Energia, a tecnologia solar vai gerar 3 mil GW

de energia em 2050, correspondendo a 11%

da eletricidade no mundo, contra 900 MW em

2030. Porém, todos os investimentos são de países

emergentes e desenvolvidos que detêm as maiores

populações mundiais e cujos habitantes brigam por

cada centímetro de terra agricultável e habitável.

Assim, vislumbro na África, principalmente na região

saariana, a principal área para receber investimentos.

Esta região localiza-se no trópico equatorial, incidindo

luz solar o ano inteiro. É uma região infértil, devastada

e com poucas condições de habitação. Nada melhor

do que ser o foco mundial para receber investimentos

bilionários para instalação de coletores solares. Além

de produzir energia limpa, desenvolveria a economia

dos países locais que são hoje um dos mais pobres

do planeta.

Não se tem hoje no mundo fonte tão abundante de

energia, principalmente por se tratar de uma alternativa

renovável e limpa. Não podemos desperdiçar

tamanha oferta, ainda mais com a crescente demanda

energética mundial. Os investimentos devem crescer

ao passo que a tecnologia se torne mais barata. Essa

é a minha esperança.

Que o Sol ilumine o caminho do desenvolvimento

sustentável.

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

78 | MEMO online • Set 2011

Page 79: Revista MeMo

Set 2011• MEMO online | 79

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Sustentabilidade é uma intenção louvável que precisa ser complementada

com a indicação de um setor melhor definido. Já ouvi, muitas vezes: o Brasil

é um exemplo para o mundo, em relação à sua legislação ambiental! Com

certeza! Temos muitas leis que “protegem” a natureza. Mas quando você

verifica a aplicação prática dessas mesmas leis, descobre que ainda estamos

muito longe de uma realidade ideal. Se desejarmos realmente realizar alguma

coisa será preciso que, ao lado dos discursos teóricos, possamos colocar em

prática as orientações preconizadas. E como fazer isso?

A sugestão que oferecemos é a seguinte: sempre que desejarmos iniciar uma

ação sustentável, que ela identifique - de imediato - qual a orientação legal

pertinente, que pode ser oriunda de alguma política nacional já regulamentada.

Por exemplo, para a sustentabilidade hídrica devemos começar conhecendo

a Política Nacional de Recursos Hídricos e outras normas que possam estar

relacionadas a ela; para a sustentabilidade de práticas educativas relacionadas

Afinal: O que é SUSTENTABILIDADE?

Professor ROBERTO ROCHA E SILVA | Estácio de Sá – RJ

Sustentabilidade é uma intenção louvável que precisa ser complementada com a indicação de um setor melhor definido

80 | MEMO online • Set 2011

Page 81: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

ao ambiente, vamos começar conhecendo a

Política Nacional de Educação Ambiental e outras

normas relacionadas a ela; para a sustentabilidade

climática, devemos começar com a Política Nacional

de Mudanças Climáticas; para a sustentabilidade

ambiental devemos consultar a Política Nacional de

Meio Ambiente; para as questões de saúde, começar

com a Política Nacional de Atenção à Saúde, o

próprio Sistema Único de Saúde – SUS e outros

mais. Muitas questões ambientais foram orientadas

também pelas contribuições de muitos pesquisadores

em conferências internacionais. Você se lembra da

Eco-92?

A partir de orientações nacionais, passamos para

o nível estadual, em busca de Políticas Estaduais

e outros documentos da mesma área de interesse.

Fazer o mesmo procedimento. Na terceira etapa,

vamos examinar o Plano Diretor, já a nível municipal.

Dessa forma teremos todo um embasamento

legal das ações de sustentabilidade divididas por

grandes áreas ou setores mais específicos conforme

os recursos disponíveis, seja de equipamentos,

capacitação ou de pessoal. Muitas vezes temos gente,

mas as pessoas precisam de capacitação. Ou ainda:

temos gente, poder de capacitação, mas não temos

equipamentos. E ainda mais. Temos gente, temos

poder de capacitação, temos os equipamentos,

mas não temos motivação. É um grande desafio na

verdade, juntar todas essas possibilidades.

No entanto, entendo que há um caminho viável. Não

é nenhuma viagem ao Sol. As orientações já estão

previstas na legislação. Depende sim de vontade

política, seja do Poder Público, seja do privado. Se

não existir orçamento para cumprir toda a legislação

vigente, que se atendam as prioritárias em cada

secretaria específica. O importante é que, na grande

maioria dos casos, não precisamos de consultores

internacionais ou nacionais para nos dizer o que

fazer, simplesmente porque é desnecessário. Serão

úteis em questões que não tenhamos conhecimentos

especializados na área ou não exista nenhuma

orientação legal a respeito. Por exemplo, podemos

saber quais são as espécies nativas a serem

plantadas nas margens dos rios de uma mesma bacia

hidrográfica, simplesmente visitando um herbário

(onde existem amostras de exemplares coletados

em diversas áreas), consultando artigos científicos

ou percorrendo áreas próximas com matas ciliares

preservadas. O mesmo ocorre nas reservas legais.

No Brasil existem diversos projetos, manuais e

exemplos de sucesso de conservação de áreas

degradadas. Recuperação é utilizar as espécies

nativas - não necessariamente daquele ecossistema

específico e Restauração é feita com base exclusiva

em espécies nativas, adaptadas e especializadas

para cada ecossistema. Matas ciliares das áreas

de preservação permanentes são constituídas por

espécies nativas adaptadas a esses ecossistemas

com base em milhares de anos de evolução. Nesse

caso a vegetação original não pode ser substituída

por espécies exóticas em suas funções específicas.

Nem mesmo por nativas que não estão adaptadas às

margens de rios, lagos, sob constante alagamento e

com saturação de água no solo.

Concluindo: para orientar a administração pública

ou privada – sustentáveis - podemos contar com

políticas e planos já existentes, e simplesmente,

cumpri-los. O Plano Diretor (como o próprio nome

indica) é quem direciona as ações das prefeituras,

com base ainda nas políticas estaduais, nacionais

e documentos internacionais. Não temos que

inventar demais. Muitas orientações já existem, mas

são negligenciadas. A propósito: você já deu uma

olhada no Plano Diretor do seu município para ver

o que ele diz sobre alguma área que lhe interesse

especificamente?

Set 2011• MEMO online | 81

Page 82: Revista MeMo

ANUNCIO ANGRA

Page 83: Revista MeMo

ANUNCIO ANGRA

Page 84: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Este artigo pretende fomentar reflexões e estudos sobre

conflitos ambientais em geral e particularmente, quanto

ao caso de conflito instaurado entre a comunidade do

Horto Florestal e o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico

do Rio de Janeiro (IPJB). Este Instituto almeja a remoção

de 589 antigas famílias do local com a alegação de que

as mesmas estão dentro de um território ambientalmente

protegido.

Segundo o atual presidente do IPJB, a ocupação da região

por trabalhadores do Jardim Botânico foi uma politica de

vários administradores da instituição que inclusive cedeu

terrenos e materiais para várias das casas que hoje estão no

foco do problema. “... Olha, essa questão começou antes

de a gente nascer e talvez continue depois que a gente

morra. Começou com os antigos diretores, na primeira

metade do século XX. Diretores do Jardim Botânico que

convidaram funcionários a morar ali, em terras da União”

(Presidente do IPJB, Litsz Vieira, em entrevista ao site “O

ECO. http://www.oeco.com.br/reportagens/10936-

oeco14061; 30 de setembro de 2005).

Mas por que o Jardim Botânico precisava ter empregados

morando no seu território? Isto era realmente necessário?

Uma breve contextualização histórica pode esclarecer

que o fundamento para esta política da Instituição era a

ideia de aproveitar a proximidade de seus empregados

Conflitos SOCIOAMBIENTAIS, discurso e perspectivas: O case Jardim Botânico do Rio de JaneiroPABLO AMARAL MANDELBAUM | UFF

“O presente texto se inscreve em perspectiva oposta à dos pressupostos do consensualismo e do autoritarismo

ecológicos, pretendendo explorar as possibilidades do desenvolvimento de um olhar sobre a questão ambiental

que se faça sensível ao papel da diversidade sociocultural e ao conflito entre distintos projetos de apropriação

e significação do mundo material. (Ascelsrad, Henry)”.

84 | MEMO online • Set 2011

Page 85: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

para resguardar o patrimônio do Jardim Botânico.

Lembremos que na época o local era constantemente

ameaçado por incêndios e inundações sazonais, o

transporte para o local era dificílimo, não havia

corpo de bombeiros e os diretores dispunham

de poucos empregados. Além disto, a região era

pouco povoada, com muitos brejos e de baixíssimo

valor imobiliário. Podemos afirmar que o início da

ocupação foi não só incentivada, mas se deu por

uma necessidade da Instituição: ter empregados

próximos, sempre a sua disposição, para se doarem

ao Jardim Botânico e protegerem seu patrimônio fora

de seu turno oficial de trabalho (Bizzo,2005).

O terreno disputado é de responsabilidade da

Secretaria de Patrimônio da União, que invocando

a função socioambiental dos imóveis da União

demonstrou interesse no processo de regularização

fundiária da região, fato que desagradou aqueles que

desejam a retirada imediata dos moradores. Após

diversas tentativas de despejo, impedidas por medidas

judiciais, articulação política e resistência física, a

decisão sobre a questão está delegada a uma comissão

interministerial multirepresentativa, que estuda o caso

e apresentará soluções definitivas para o conflito.

Os conflitos sociais e a manipulação ideológica

do discurso ambientalista

Os conflitos ambientais são fenômenos que ganham

cada vez mais importância, tornando-se bastante

frequentes na sociedade pós-moderna. Porém, no

tratamento dado à questão ainda identificamos

o predomínio de um discurso que promove a

descontinuidade entre os aspectos ecológicos e os

humanos e que parece fundamentar políticas de

remoção baseadas no que chamamos de segregação

socioambiental.

No caso em questão, esta segregação é percebida

quando constatamos que existem casas de alto

padrão (Condomínio Canto e Mello, em APP e

acima da reserva de Mata Atlântica do IPJB) e duas

instituições (Serpro e Light), que, apesar de estarem

praticamente na mesma área dos antigos moradores,

não sofrem as mesmas ações de despejo por parte

do Jardim Botânico. Também percebemos certa

incoerência neste discurso “ambientalista”, quando,

apesar de requerer a área - alegando necessidade

de preservação ambiental - constatamos que o

próprio Jardim Botânico promoveu cortes de árvores

seculares na região e, sem as devidas medidas

técnicas, destinou impropriamente na área dois

locais para decomposição de material vegetal e

produção de húmus que estão contaminando com

chorume o solo e o precioso Rio dos Macacos, que

passa dentro do próprio Jardim. A maior justificativa

explícita da remoção dos moradores reside na questão

preservação ambiental da região. Será então que o

ambientalismo está sendo usado para “higienização

social”? Ou até para incremento da especulação

imobiliária na região? Segundo Litsz Vieira, “A solução

é encontrar uma área onde a Caixa Econômica possa

construir casas para essas pessoas, mas vai ser difícil

encontrar espaço (...) Uma possibilidade é uma área

na Gamboa, mas há outras.

O governo estadual está fazendo um projeto

habitacional em Guaratiba ou Sepetiba, na Zona

Oeste. Mas são apartamentos pequenos e eles não

querem sair do Horto.” (http://www.oeco.com.br/

reportagens/10936-oeco14061).

A pergunta que fica é: por que os moradores não

poderiam ali viver, com restrições, e serem os maiores

protetores do Jardim Botânico?

Set 2011• MEMO online | 85

Page 86: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Eles não deveriam ser fomentados e qualificados

para defenderem o meio ambiente em que vivem há

tanto tempo?

Assim faz o premiado Programa Bolsa Floresta, que

implementa uma série de atividades pioneiras com as

populações das florestas no campo da conservação

ambiental e desenvolvimento sustentável.

A concepção de que é impossível ao homem viver

em compasso com o meio ambiente nos parece

ultrapassada e atravanca o desenvolvimento de

políticas públicas sustentáveis.

Esta perspectiva preservacionista que insiste na

separação homem-ambiente restringe a capacidade

de análise da questão quando insiste em desprezar,

metodologicamente, os complexos aspectos históricos

e socioculturais que em nosso ponto de vista são

indissociáveis do objeto de estudo.

Considerando esta problemática acima descrita,

buscamos em Maciel uma concepção de meio

ambiente potencializada, capaz de ultrapassar antigas

dicotomias e desconstruir a falsa oposição entre

homem e natureza: “O meio ambiente não pode ser

considerado como um dado isolado, mas sim como

um dado de cultura de uma comunidade, isto é, como

um processo de interação entre o sociocultural, gerado

pelo homem e a natureza (... ) não são possíveis ações

ditas de desenvolvimento, sejam de preservação ou

modificações sobre o meio ambiente, dissociadas

do homem que o habita, e, por conseguinte, de sua

dinâmica cultural” (Maciel, 1992).

Portanto, é preciso um esforço no sentido de romper

as fronteiras artificiais que separam a questão

ambiental da questão social, pois entendemos

que estes problemas são ou estão intrinsecamente

relacionados e nos parece impossível compreendê-

los através de olhares que primam pela separação

de seus componentes essenciais. Definitivamente,

não podemos nem entendê-los, nem resolvê-los,

separadamente.

Sustentamo-nos na ideia de que todo conflito

ambiental é necessariamente social, portanto, é

socioambiental, pois envolve grupos, comunidades

e instituições da sociedade. Ele acontece em um

contexto histórico onde predominam determinadas

formas de produção, determinados valores, interesses

e visões sobre a maneira de agir e de se apropriar

do território, com variadas significações quanto à

utilização dos recursos naturais e quanto à repartição

de seus benefícios (Acselrad,Henri,2004).

86 | MEMO online • Set 2011

Foto aérea comunidade Caxinguelê Horto

Acúmulo de chorume e material em decomposição de maneira inadequada, sem impermeabilização e proteção do solo

Page 87: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

O caso de conflito socioambiental que apontamos

tem a particularidade de acontecer em uma das mais

antigas instituições do Brasil. Entender o conflito sem

analisar a história do IPJB e da população da região

seria olhar o problema de maneira superficial.

Sugestões teóricas para estudo do conflito

- Refletir criticamente se o conflito socioambiental

entre o Jardim Botânico e a comunidade do Horto

pode ter sido incentivado por uma tendência de:

“colonização do espaço público pelo privado”.

O Jardim Botânico é uma das mais antigas instituições

brasileiras, com 200 anos recém-celebrados e sua

história está entrelaçada com a história do Brasil.

Compreender as diversas mudanças nas finalidades,

nos discursos e nas condutas da Instituição ao longo

dos tempos nos auxiliaria a entender melhor as

complexidades deste conflito socioambiental. Afinal,

será que esta instituição restou incólume perante às

transformações de uma “modernidade sólida” para

uma “modernidade líquida?” (Bauman, 2001).

Poderemos identificar em sua configuração atual a

manifestação de características essenciais do mundo

pós-moderno? Por exemplo, podemos perceber

dentro da Instituição, “o privado colonizando o

espaço público?” Pois, segundo este autor:

“(...) não é mais verdade que o ”público“ tente

colonizar o “privado”, é justamente ao contrário: é o

privado que coloniza o espaço público, espremendo

e expulsando o que quer que não possa ser expresso

inteiramente, sem deixar resíduos, no vernáculo dos

cuidados, angústias e iniciativas privadas” (Bauman,

2001. Pág.49).

Acreditamos que na chamada “autonomia

financeira” da autarquia residem os indícios desta

apropriação do público pelo privado. Isto ocorre em

algumas situações, como a escolha de ONGs para

se instalarem dentro do JB. Uma delas foi escolhida

para se fixar no território do Jardim (que alega não

ter espaços) com a condição de que “a ACMA

remunerará o IPJB pela utilização do “Galpão do

Patrimônio” no valor de 5% do valor da totalidade

da arrecadação das atividades culturais e ambientais

que serão desenvolvidas no local” (Relatório de

Gestão, ano 2005). Além deste estranho critério de

remuneração, por que ceder sem licitação a cessão

de um espaço público tão privilegiado? Será que

estes são indícios da colonização do espaço público

pelo privado?

Hoje em dia o IPJB arrecada verbas vendendo

mensalidades que dão direito a uma carteira de

sócio e esta permite aos que pagam frequentar o

IPJB todos os dias que desejarem, como funciona um

clube. Seria este também um indício da diminuição

do caráter público da instituição?

Podemos elencar a tão pouco discutida cobrança

de ingressos para acesso ao Jardim como uma

forma contundente de se manter privado um espaço

essencialmente público. Por que ela cobra entrada

se é local público de pesquisa e contemplação?

Já que recebe dinheiro do governo, de emendas

parlamentares e de diversos patrocinadores, por que

insistem na cobrança de ingressos?

Set 2011• MEMO online | 87

Inundação JB - Foto Evandro Teixeira

Page 88: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Para responder com assertividade seria necessário

entender mais sobre as formas de captação e a

maneira como são decididas e gerenciadas as

aplicações dos recursos. Para um olhar mais apurado

da questão financeira do Jardim, convém observarmos

a amplitude e o alto grau de autonomia financeira

propiciada pela regulamentação da autarquia, pois o

IPJB tem o direito de receber por serviços de “qualquer

natureza prestado a terceiros”. Pode receber sobre:

“as rendas de qualquer natureza, resultantes do

exercício de atividades afins que lhe sejam afetas ou

da exploração de imóveis sob sua jurisdição” (Nº 233,

sexta-feira, 7 de dezembro de 2001 Diário Oficial da

União – Seção 1 ISSN 1676-2339 9).

Aparentemente, parece-nos que o IPJB ganhou ares

empresariais na mesma medida que lhe foi permitida

arrecadar fundos de diversas maneiras. Ao que tudo

indica, a lógica capitalista do lucro, da produtividade

e da eficiência parece ter encontrado morada neste

verde e nobre espaço público.

Para validar esta hipótese teríamos de discutir o perfil

institucional atual e compará-lo com os de outros

tempos históricos. Desta forma poderíamos identificar

as principais mudanças que ocorreram na instituição

e verificar se algumas das características de uma

“modernidade fluida” (Bauman,2001) atuaram

dentro do Jardim Botânico, contribuindo no processo

de deflagração do conflito socioambiental.

– Levantar e analisar a documentação referente ao

conflito socioambiental.

Analisar criticamente: as produções elaboradas pelo

Jardim, pela Associação de Moradores do Horto

(AMAHOR), pela Associação de Amigos do Jardim

Botânico, por autoridades, especialistas e pela

imprensa. Desta forma poderemos entender melhor a

gênese do conflito, seu desenvolvimento e as questões

principais do debate, bem como, as tendências para

resolução do problema.

- Pontuar e analisar nos discursos, através de pesquisa

participativa com os atores sociais envolvidos,

as justificativas oferecidas para a remoção ou

permanência dos moradores na região.

Com essa abordagem de pesquisa poderíamos

perceber onde se assentam os discursos para remoção

ou permanência da comunidade. É fundamental

identificar e analisar os argumentos para verificar se o

viés preservacionista e a descontextualização histórica

do conflito estão sendo usados como fundamentos

para a remoção dos moradores.

Por outro lado, gostaríamos de entender onde se

fundamentam os discursos para a permanência dos

moradores no local para verificar outra hipótese:

se o movimento dos moradores pode se apoiar no

campo teórico da “Justiça Ambiental”. Acreditamos

que alguns conceitos produzidos por esta perspectiva,

como o de “racismo ambiental” (Rede Brasileira

de Justiça Ambiental), podem sustentar o discurso

da comunidade, além de nos auxiliar a entender

criticamente este conflito.

Indicação de Metodologia

No princípio a temática ambiental foi marcada por um

paradigma hegemônico notadamente preservacionista.

Este biologismo naturalista obnubilava a multiplicidade

de olhares possíveis, predominando então um

monodisciplinarismo metodológico de origem

positivista que restringia os objetos de estudos das

pesquisas acadêmicas da época.

Vale pontuar que este viés insiste em tratar o meio

ambiente como um dado isolado, desprezando as

88 | MEMO online • Set 2011

Page 89: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

complexas relações entre homem, cultura, sociedade

e natureza. Rompendo com esta tradição acadêmica,

afirmamos a necessidade de estudos interdisciplinares,

perpassando, interagindo e dialogando com os vários

campos do saber necessários ao desvelar crítico dos

casos de conflitos socioambientais.

Para pensar sobre as diversas dimensões referentes

ao conflito, aconselhamos o uso de uma pesquisa

participativa. Parece-nos pertinente uma metodologia

participante que prima por uma aproximação maior

com o universo dos atores sociais envolvidos.

Esta aproximação, com os atores e com o conflito,

nos instiga a tomada de um posicionamento político-

teórico-ideológico, mas este posicionamento, ao

contrário do que possa parecer, não deve comprometer

a criticidade do estudo. Para tal, vejamos Boaventura,

que nos diz: “A tradição da sociologia é neste domínio

ambígua. Tem oscilado entre a distância crítica ao

poder constituído e o comprometimento orgânico

com ele, entre o guiar e o servir.

Os desafios que nos são colocados exigem de nós

que saiamos deste pêndulo. Nem guiar, nem servir.

Em vez de distância crítica, a proximidade crítica. Em

vez de compromisso orgânico, o envolvimento livre.

Em vez de serenidade autocomplacente, a capacidade

de espanto e de revolta” (Santos, 2001).

A pesquisa participativa em consonância com uma

postura de “proximidade crítica” parece ser capaz

de potencializar nossas análises sobre este objeto de

estudo tão complexo e ramificado. Para compor o

referencial teórico, aconselhamos as contribuições de

autores como: Baumman, Henri Acselrad, Boaventura

dos Santos, Corccuf, Maciel, Alien, entre outros que

devam surgir ao longo dos estudos.

Justificativa relevância e possíveis

contribuições do estudo

Quanto à relevância do objeto, sabemos que

casos de conflito socioambientais se intensificam a

cada dia em nosso país, tão vasto em território, em

recursos naturais e em problemas sociais. Analisá-los

criticamente possibilita encontrar soluções, não só

legais, mas legítimas para seu equacionamento.

Legitimidade é justiça e “fazer justiça” com as

populações historicamente desfavorecidas é um dos

desafios mais contumazes que se colocam para a

sociedade brasileira.

Este estudo também poderá demonstrar sua

importância acadêmica ao questionar a imposição

da dicotomia entre o homem e natureza, colaborando

assim com as produções situadas dentro das novas

sociologias (Corcuff, 2001).

Por fim, este projeto ganhará relevância quando

esclarecer os principais discursos utilizados no caso

em questão, podendo contribuir para outros estudos

de conflitos socioambientais ao gerar um olhar sobre

a questão que não despreza os aspectos socioculturais

e políticos do problema. Acreditamos que estudos

como este são necessários para reduzir os casos

de “segregação socioambiental”. São fundamentais

também para diminuir o potencial de ação dos falsos

consensos, das intransigências, tão devastadores, em

tempos tão velozes, em dias tão escorregadios.

Set 2011• MEMO online | 89

Para ler as referências bibliográficas deste artigo, vide site.

WWW.REVISTAMEMO.COM.BR

Page 90: Revista MeMo

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

90 | MEMO online • Set 2011

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