revista letra freudiana - prática da letra nº 26

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Aluanbrt

iblintca igital

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Escola Letra Feudiana. A Prática da Letra- ano XIX nº 26 (2000)

ISSN 156-5221 

Copyight by Escola eta Feudiana

Todos os dieitos esevados.É expessamente poibida a epoduçãodeste livo, no seu todo ou em paepor quaisque meios sem o consentimento po escrito da Escola.

Responsável:

Claudia de Moaes RegoConselho Editoria:Claudia de Moaes RegoEduardo Alfonso VidalMiiam Rodigues FenándezRossely S M Pees

Colaboradores:Analucia Teixeia Ribeio

Eduado Alfonso VidalOlga Calos de SouzaPaloma Vidal

Editoração Eletrônicauciano Rodigues Toes

Capa: o ideograma centra corresponde a "etra, "caracter.Silvio Dias

Caligrafia da capaAngela Andade

Publicação da Escoa Letra FreudianaR Baão de Jaguaipe 231lpanema22421-000Rio de Janeio RJTel: (21) 5223877 Fax: (21) 5223877

Email: letafeudiana@ openlinkcom.bw

letafeudiana.combDistribuiçãoConta Capa ivaiaRua Baata Ribeio 370 loja 325Rio de JaneioRJ22040-000

TeFax: (2) 2560526

Email ccapa@ easynetcomb

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 Apresentação 5

PARTE I

Conferência: conceito de letra na obra de LacanJuan B Rito

ranscrição de ta e tradção Angela A. Matheus 9

Uma etra que não se êEduado A Vidal . 5

Ua Volta ao IdeogramaClaudia de Moaes Rego ................................ 3

 Entre gozo e saber - Freud o trabaho decifrar

uzana Rocha Nascimento

Maia Cistina eaz Coelho .....  

 Enodamento entre letra e ugar?Antonia oulez

radção Paloma Vidal ......................................... 55

PARTE II

escrever e o ler prática da etra e desejo em prática

Analucia Teixeira Ribeio

Notas acerca da eitura de um texto iterário no discurso anaítico

JeanGu Godin

radção Olga Maia Calos de ouza ............................ 93

PontuaçõesEizabeth eitas ............................................................................

imo, o cristal e o sopro das paavrasRuth iliano Bandão .................................... 9

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PARTE

Saber e verdade na Dvna ComédaOlga Maia Calos de ouza .... . .. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 115

Por graça da teuaidadeucia Castello Banco.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

Freud com Carice o eu o isso o ovo a gainhaNilza Eicson . . . . .. .. . . . . . . . 19

 A escria do corpo no Lvro da VdaClaa de Góes 153

Carta ao paiFançoise amson

radção Analucia Teieia Ribeio . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 59

PARTE IV

 A Lera no Cinema . . . .. . . . . 13

Hecto Babenco ......... 3Pedo Bial. .. .. . . . .. . . .. . . ... . . 185Aluizio Abanches .. 9

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Apresentação

Há exaos de anos insiise na Lera redana o Semnáro dePscanálise e Texo lgar de esdo e qesonameno da lera e da exalidade emsa relação com o seio do inconsciene lgar ambém de inerlocção com a

lerara eoras leráras a lngüísca e a eora da tradção Nesse empoforam realados dois enconros: a Joada de Psicanálise e Lerara 1992) e a 2Jornada de Pscanálse e Texo 994) onde a nosso cone escrores eórcos dalierara e da eoria lerária e psicanalsas de oras insiições contribíram parao debae dessas qesões Além dsso a consane inerlocção da Lera redana

com otras escolas e oros campos do conhecimeno permi inclr aqi rabalhosqe lrapassam os limies esrios do seminário de Pscanálise e Texo e daqelasJornadas

Esa pblcação esá diidda em qaro pares A prmeira consa derabalhos qe ersam sobre a lera além dos de Clada de Moraes ego e EdardoVdal emos a conferência proferida por Jan io em 1997 na Joada sobreSaber e Verdade promoida pela Lera rediana no io de Janeiro e o rabalhode Sana Nascmeno e Crsna erra sobre a prodção da lera na clínicapsicanalíca. Anonia Sole ra anda nessa primeira pare m neressaneqesonameno sobre lera e opologa.

Na segnda pare renimos rabalhos qe abordam a relação do seio

com o ler e o escreer h Siliano Brandão nos fala como escriora do ao de

escreer Analca Texera ibero e Jean-Gy Godn discorrem sobre o escreer e oler de ma perspecia psicanalíica. E Elisabeh reias nos ra m rabalho sobrea ponação

Na ercera parte emos exos qe rabalham sobre m aor em particlarOlga Carlos de Soa aborda o enconro de Lacan com Dane e aDiina Comédiapara refleir sobre o saber e a erdade Lúca Casello Branco nos ra a sãodesconcerane de Gabriela Llansol e sa concepção de exaldade enqanoClara Góes nesga a reação entre corpo e escria em Sana Terea dÁla. Nessaerceira pare emos anda red com Clarce" de Nla Ericson onde araés dema ineressane operação exal o cono O oo e a galinha" de Clarice Lspecore O e e o isso" de red são exrados echando essa secção rançoiseSamson nos fala de Kaa araés da famosa Cata ao Pai

A qarta pare compreende rês depomenos de cineasas a respeio datransposição da lingagem erbal para a lngagem cnemaográfca. No caso deHecor Babenco se lme Coração lmnado" parte de m sonho se Já os mes

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d Asi Aanchs ("Um cp d cóla Pd Bial ("Oas Esóias pamd s liáis: manc m oo de Cólea d Radan Nassa cinccns d Gimaãs Rsa

A lia ds cnn d s põ m a ncaniçada a d

si cm a palaa alada scia paa pdi aqla mad sm pa ndl ssis: sa laia s liaa

C.M.RA..

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Conferência:

 conceito de letra na obra de Lacan

Juan Ritvo1Transcrição e fta e traução:  Angea A. Mateus

Tnh mit pa m sa aqi cm cês sp q a dinça didima nã sa ma aia O tma é m pc cns Tds sam q smp

am lantadas qstõs s a laçã n lta signicant Eistmdiniçõs d lta m Lacan q paticamn sã hmólgas às dniçõs dsigncant mas há tas nd l dn spcicamn lta sgnicant.Pdams pgnta p q das diniçõs paa m msm cncit? mmsm cncit? Sã dis aspcs distints d m msm cnct?

O plma s cmplica p ma cicnstância hisóica mi paticlaim spcicamn à Agntina mas acdi q aqi tamém acntcalg smlhant. O plma d signicant cas mia pcpaçã n mianalic n nal da década d 70 n inci da d 80 A sssã a cm cnc

signicant psicanaltc dntmnt d signican lingüsic. Ci q splmas sscitads am apidamnt sstitds pl pdmni q cmça t na tansmissã q pdams chama últim Lacan. Os plmaslatis std a mata lg às igas tplógicas à tplgia m gadslcaam as pgntas s signiicant mas ci nã slam splmas anda manscnts lacinads à nçã d signiicant

Cm smp it é m plma d gand cmplidad Cnndis a diniçã d sign d Sass cm a d Aistóls Cncls a cncpçã

d signicant m Lacan cm aqla q é iamn dinida p Sass;ptant a cncpçã pópia d signicant d Lacan ic pimida Essa é mahisóia lnga cmpla dicil q tm a cm s stácls da ansmissãq cam m m pas aqi amém ci na Fança Est é panamagal.

A laçã nt la signican é tma q ada aga Pdmsdi q há dis póls d aaçã. P m lad pól q pdms chamapatmáic (pathos patétc q m a cm maca n cp; timlgicamné maca simnt incisã. O patmátic tm a cm taç d signicant n

cp ss é m pól O t pól é mamátic matea (mathema mgg a lta q s ansmit intgalmnt diss Lacan m Mais Ainda Sãdis sats da lta mas almnt dints

Ots dis póls q q t cm ência sã s q põm a ltanqant signican à lta nqan lta plsinal ptant pécnscint.Mlh dind há ma lta laia a incnscint q s cnstiti n nl d

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A PRTICA DA LETRA

sgncane e ua lea pulsnal paa de em ems eudans uma leaelaa às maões d ncnscene e uma a lea elaa a ss. Uma leaelaa a ncnscene e a elaa a ss. A psã ene a lea n nel dss e a lea n níel d ncnscene sã deenas da lea n níel paemác

Cm deenas n pól paemác a lea plsnal e a lea n níel dncnscene. Sã duas psões que ddem pól paemác ps amaemác. Esses sã s gandes es se s qas pdeems ad plemada lea mas á ems uma pmea denã. Is é mpane pque quand seala de lea a peguna é sempe De qe lea esams aland?

Lacan é pecs que se dga nã esle s plemas de ma smplespel cná e da que s cmplca mu pqe na pmea eapa da sa daa semná A dencaã a lea da qual ele ala é elemen deencal dsgncane Lg a lea passa a e uma maealdade e uma esuua deenesdas d sgncane Enean há es de deenes épcas que paecemcnade ss P eempl n semná De m dscs que nã sea dsemlane em 1971 na séma ala d Nada lea a cnund cm á se e leacm sgncane Mas ans mas ade na segunda e que s s EsadsUnds (eme à sa de nem/deem de 975 hue ua anesLacan dsse O sgncane nã é nema sgncane é a lea e nã há nadaalém d lea qe sea m uac. Qe de nada peme cnund cm áceu lea cm sgncane em 1971 qua ans mas de d n enan qe

sgncane é a leaVcês saem qe s pn de sa da medlga haal unesáaLacan nã dea de la ds s pncíps elemenaes pqe qalqueespecalsa em medlga da que ele se cnad enã pel mens ma daseses é alsa Em segnd lga é cnus pque usa mesm em em acepõescmpleamene psas ; pan sua a é heeócla Sea necesá de quecnce em pscanálse nã é cnce medlógc acadêmc u que cncepscanalíc dsancase d qe é cnce em níel de dscus acadêmc pqese sgncane esá esuuad em de um eqíc undamenal que emee

a m pn de mpssldade é ó qe cnsu uma ea uníca sea amelh ma de censa a ama d ncnscene Dend de a ma nssdscs é pel mens pacalmene sm à maã d ncnscene O qeqe de cm ss é que cnce maném cm se e a mesma elaã quea demanda maném cm dese Vcês deem se lema qe um ds esquemasmas cmples de Lacan que acla a demanda enquan a cnsnd emseus mmens um espa cenal qe é espa d dese. Mas seem qes mmens da demanda nã se sepõem uns as us mas ã gand

enlandse em n de um espa cenal Se qe esa é ma magem asaneelemen a magem d mas ce que nã pss adáls a cmpeende acmplea elaã ene a demanda e dese pqe eeamene s cncesqe se cnsóem na pscanálse snma ansma sgncane sã cncesas qas em mmens dsns Lacan a gand deenes deemnaõesp eempl a nã de snma é cs pqe ele sa algumas ees

lO

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O COCEITO DE LETRA A OBRA DE LACA

sinma m sa sã cássica mas qal é a sã clássica d sinma Scês analisam ds s sminás d Lacan im ma açã d q dis sinma ã q a nçã d sinma é cm a gma da acha ais dmand anamcamn d sminái m sminái s nã q di q

as dminaçõs ã s ssiind mas às as; nã há ssiiçã nmcmplmnaidad mas sim splmnaidad sa cada dminaçã nasl m plma mas a s pma q a dminaçã ani nãhaia cnsgid pca s q di q d algm md cncimn s cha m d s pópi ai. Mlh plicand cnci sásad m nçã d m pn d impssiilidad d qal nã pd da cnamas a há g mai ig na psicanális cnsis m disci m cada mmn pn d impssiiidad smp d md din mas smp ligad a sspn d impssiilidad q s cnca a mig d al

Is á ns la a ma pimia apimaçã d ds s plmas q sapsnam na aiclaçã n signiican a la pmi dsmaaçansnã algmn mas dsmaaçans dadiamn d ds s pmassgids pa mdlgia nisiáia.

Aga paa simplica apsna disciminaçõs ds dins nism q pdms sia cnci d la m Lacan V dsc d mais paa mais nim m ms clássics d mais spcia paa mais pnd

a a a ns aahs d Lacan nm pimi i snid qial

gaicamn a nma a é igal a nma; sinônim d sci;c ám signican a msm mp caa ni; s lga clássic é

iamn sminá da Caa Radad n sminái A dnicaçã lms a a é samn sa ssência d

signiican pla qal s s dising d sign a la p sa é dl ms nl mais simpls lmna mnim la ace le ai aç ace aipdms cnsidáls p a qialns;

a agéica / cnnisa idal n snid d idal limi nã

ida nacisisa da la psicanalica limiada pl q é impssl d algmiaa salidad minina Rm Mais Ain Capl 1 , Rodelas de Babane.A maliaçã mamáica é nss i nss idal pq só la é maeais é capa d s ansmii ingamn E Lacan n msm chama aançã paa a nga Nnhma maliaçã da lnga é ansmissl sm s damsma lnga

f as las < (psi) ü omega) q Fd sa n P paadsigna g da scia a pssã nc iamn a Lacan g d scia

e decie) Paa a scssã d anagamas q am as ias d aciiaçãa a sgnda sçã d sminá Mais Ainda Capl 9 g d sciag a la limi al cm apac n sminái D m discs q nã

sia d smlan ndamnalmn m Liaa Cm sam Liaa ém ad d ma das sssõs d Sminái D m discs q nã sia d

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A PRÁTICA DA LETRA

slan. A la c lal l nã na n snd c n sa g.

Vas cnsda sss snds xc s ds ps q sãxran xs as V assnala algas qsõs

N snár A dncaçã p q Lacan d q a la é a ssênca dsgncan araés da qal s s dsng d sgn? A pa lnaspsa é pq Lacan ncaln n cap da palaa laa paepalaa. Só a p d snáAs Psicoses cça a pga ssacan r sgncan. Ans alaa dpaoe sl Na sgnda q aaas Esads Unds d O pla cça qand ss palaa psgncan. Ean prla cça a pq gand qsnann as lngüsas à lsa é pq ss aé pga sgncan O á sá alad h da aé é sad na ccacnagáca as sa ncssá pgna p q a nçã d sgncanNã é a aa núl ns das d h qand sas s plas sgncan as para splca a áx a pgna s sgncan a c a pa q Lacan pd n cap da lngüsca gal ncap da sa q é pan ssalr. Qal é pssps dalngüsca? R a pssps da lngüsca dsd Asóls aé Chsky.A lsa da lngag as as anas lngüscas sã aln asandns  nr s as pl ns nã pnd hlgálas cncd

n aspc c q é a qalênca n s snd n na snd c d Sass n a ag acúsca cnc. Há claçãn ag acúsca cnc. sp pssl salc plan dqalênca n sgncan sgncad pds d sgncan qal asgncad.

Esa paçã ã spls é a das paçõs d cnsa as nóasn pnsan cdna pq é s snd qand dg ss dg ssnd sxal Rp a qaênca n sgncan sgncad é a paçãdcsa H da nnha dscpna das cêncs hanas nnha dscplna

d cap pslógc lsóc pd gna q Lacan lcn Pds aé dscda aln as s dsacd q d xaan sacnanad p Lacan l ssa d. Os q da c Laplanchpq ê q ad d pa ancês d ra cpn dn prapd apaga da a a d Lacan sã cnanads ss é apaxnanpq a pa da dad d Lacan é ód q ssca nã ssca a as ód é a pa nssan da sssênca d Lacan

Há a d s a pa d qalênca pq U Ec é

pnsad alh a cap da pscanáls. Ulan nh alad UEc E sa úla a (q cnhça ddcada à sóca (na dad sp sc s l q acnc é q a dand cnsannsa lsa d lngag l d san q s d qsn a qalêncan sgncan sgncad O sgncad da d sgncan q plcacnhc q n sgncan sgncad há a dsânca óca pal

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O COCEITO DE LETRA A OBRA DE LACA

L \JTC

S diams signiicad d signican há ma disância mpal n lsacan nan diss a cisa q signiican nã m nada a cmsigniicad q di acan ind a nçã d impssíl.

Mas d qalq md a lxã d Ec é m c (pmiamm

cadilh d pnd aanç i p acan nas chamadas adicinalmnciências hmanas. Uma q acan cnd a disinçã n plan dsigniican d signicad sg a d q a ma disinçã n s ignican signicad nã sl nnhm plma pq nã a nada mais q paica plan da impência nã da impssiilidad mas da impência A nçã dsign disng plan d nma d plan d mnma Paa simpca mpgands ms d Sas dising plan da imagm acúsica d plan d cncimas a m nçã d snid. A disnçã n sm snid sá ia plaingüísica a pai d plan d snid

V cia m xmpl asan ciqi mas ach q ada a sclacVcês sam q ma das pimias cnqisas da lingüísica sal é a nçãd nma. nma nã é m sm n snid si mas m ip d sm q sncna mdian pcdimn da cmaçã P xmpl ga gaa sdinciam p plª Essa dinça nã é mamn d sm é d snidpq ssiind ª pl pass d minin paa masclin nã acmaçã indica iss q s isl sm pla maçã q pd n camp dsnid A dinça nã n sm snid m lingüísica é inn a plan

d snid S acan hss paid simplsmn da imagm acúsicapilgianda cm ência a cnci ia cmid m dispaa.Enã cês diam signican nã é nma O q pmi disingi

n signiican lingüísic signican psicanalíic é a la na pimiaapa d acan A la m ssa nçã inicial d disingi signican lingüíscd signiican psicanalíic pq ind q é inn à nçã d la i d ca apaga dsapac

A nçã d la s ind cm ds sss aspcs d ca d asad apaga pq nss mi d dnicaçã ss snid é aslamn pcis

pópi da la s din nã só d d q a dia (ssa nçã dincialá é inn à lingüísica sal snã din d si msma adinQand dig a, á nã é a nã pq sgnd a sa din d pimi a maspq pimia á é din d si msm A nçã inicial d la sá ligada asa pimia dminaçã q acan ind (cdm SmináiA Relação deObjeto qand s al ds ês ips d ala: piaçã casaçã saçãa la sá a lad da piaçã. Paçã dssa mad d si cm a qal nncas cn aí sá paadx Nã é q s nha paid m das mads ma

pdida a ganha mas sim q a ganha é a mad d ma q nnca xisiEss cnci é smp dícl cmplx é q a a nçã d laRm xmpl da laa na cncpçã cmm a la é din a s

pida pq nnca pi xaamn igal. Dig cmm pq ssa é acncpçã da piçã q algns pnsam s d Fd d acan mas nã édls é cmm é md m q haialmn s ê d acan. Esc a la

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PRÁTIC D LETR

a sgnda q a sc é din da pimia msm pq sá m lga Iss nã é ignad p ningém mi mns p ass El ciaacm mpl a ga snhs a ga à ga snhs à ga. Há dasgas O mpl: as mlhs ah as mlhs. ã das mlhs Iss

sams aé nd pdms sa mas plma mais adical é q a pimia q diss ga a pimia q dss mh a pimia q diss a, sãdisinas d si msma cm s hss m a an a a q ningémpnnci q nã is mas q apac cm piaçã na igm

Is pd apidamn s lacinad cm nssa piência. Pnsm napimia q dissam alg imdiaamn ã dida pq qal é ssapimia ? A pimia é smp a sgnda. V sa ma pssã d Msaphaaan q é mi simpls mas mi gáca q di O ala cmça cm ala b nã cm a; só m nóic acdia q is a pca. Mas

inssan é q msm dind aá nã dig a pq is m a ani a aq é pnnciad. É a mad d si mas ssa mad nnca isi Tds splmas q alam da nçã d la sã ligads a plma sal dapiaçã

Iss além d mais é m pn ssncial m nssa páica pq dssams p pência p pência clnica q algém sá aland m ssã sia pcisamn na psnça d analisa q iia di alg Após algns minsdi Aga m lm mas q na d calcad nã a al qal pq

sá aad pla cnsa. Pl simpls a d ha sid cnsad á é dinE nnca ams ncna ssa pimia nd alg i di idênic a si pópi.s é pn nd na a la.

A pgna é s acan ili ssa dniçã d la paa dni a ssênciad signiican A la caaciand a ssência d signican ma sa sama pssã q d s dia n aspas pq nã há ssência mais spdia di aamn cnái s signican nã m ssência p q hála? Is plica p q acan qand dn signican di q é a únicadniçã pssíl a mdian q acadmicamn pdms chama cícl

icis. signican q psna si paa signican s pmsssa dniçã a m lógic maams pq cm ams dni m cíclicis? O dnid ai s inclíd na dniçã cm deniente iss é impssíl.sá di cm dliaçã é m a d hm q a Lacan pq a di q signican é lmn ndamnal d qal ns alms cm insmnpaa pnsa a salidad di amém q s signican m m pn impnsál.A dniçã d signican ns di: cm signican pdms chga a nsscamp mas nnca ams sai d plan da dilidad mnal Enã a ssancadia a única dniçã pssíl é lgicamn m dispaa Ess é mpn ásic lmna.

Ns úlims smináis sd n úlim a nçã d la aimiicands a pn d s spaada d signiican. Vcês s lmam daAind qand diss q a la nã é d msm s q signiican? P qssa dinça? Pq a la ai m íncl piilgiad cm a na sgnda

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O COCEITO DE LETRA A OBRA DE LACA

cncpçã d la Sgnd Lacan pdms sa ss m msm q s mpc çad O q q di é q d qalq md ams na sgndacncpçã d la q algns lmns ssnciais da pimia cncpçãcninam psns qas am Os lmns cmns q ns pmim di

q a sgnda cncpçã d la ma snd disina da pimia cnsa míncl ssncial cm la É m mmn d sminái O Eu na eoia e na éniaPsicanalica. Nss sminái p mpl l sa pla pimia msigniican nã n snid q lh dá dpis sa cm qialn a mot DiSignican nã é la paole, mas le mot" É cm di nã a palaa mas m mas é inadl Q di q aqi s sa signiican nã n snid qai n smináiAs Psicss mas cis é q m la apac ans designican

N sminái2á apac m la. N capíl s A Caa Rada

l cda lh adág q di sipta manent eba olant" scipmanc as palaas am Di q ss adági é ma pa d spid éc pq acdia q sci pmanc as palaas sã ladas pln é als S cm m laps m d lingagm nã pss apaga é mmnd dispaa. Mas s cm scnd à máqina n cmpadps apagál P iss é als É als pq sã as palaas q icam pq ss sã scand as gisam Pcisamn a palaa ca mas a la sai nicialmn a la d mpl d moté m mpl ial mas nã é pq

a la sá ligada m Lacan smp a m i d dsapacimnA ncssidad q Lacan m d maca a nãidnidad ds lmnsc m níl d mate q mcia ma discssã spcial la smpa sa a la paa pdi m i d nãidnidad m i d adinça.Nã dinça n m lmn pq iss é salism masadinça.

A sgnda cncpçã d la sá m áis lgas m Mais Ainda sd m Liaa É m q mc ampl cmnái mas aapnas algmas lõs q cnsism n sgin qand Lacan di q a la

a limi n sa g ss limi é la plsinal pan ani ancnscin mas a msm mp cndiçã hin d incnscin ssacncpçã é din da cncpçã da la d smná A dncaçã Mas nmsm smnái A dniicaçã á há ma cncpçã din da la Qdi q assim cm    sminái A dniicaçã apac a la cm ssênciad signiican did a s níl mínim aç nái níl náiadin din d si msm apac n msm sminái qascnnamn ma cncpçã d la ligada a ma nçã péia q pdíamsaii a iss

Tal cês á nham lcaliad ss mmn d sminái Adniicaçã pq i mi cmnad p Jan Allch nm aig q ala dma hipós d Lacan acca da igm da lingagm. Dii d aig d JanAllch pl md m q nca a psicanális ndamnalmn s ma Tmsq cnhc q ss mmn d sminái A dniicaçã lh dsp

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A PRTICA DA LETRA

mi inss q l s mpnh m dciá-l. Ci q cn nã inhnnhm hipós cc d igm d sci Ci q l ili c piêncids hisids s sci n Ocidn p ml m hipós s psicnális. Q di nã há nnhm cniiçã d cn q si à

hisói à ciênci d sci s é q há l ciênci. N dd l ili ssslmns cm m d mi s limis d psicnális. O s chmdhipós s igm d sci p d lg q s hisids d scidscm mis s n ls q cn s cm êncid ms Féi histoie de écite é m impn mns sgnds hisids d sci pq imn spnd m É m hisóis ds s ms d sci mpgds é h n Ocidn é m cmp dlh din d d psicnális

Ms q cn ssl n Allch m (iss lh chm mi

nçã é mmn m q cn s nm iin ns pqns s(sis q êm mqinhs q lmm s ls d l Vcês ã isns pdçõs gáics p mpl ns câmics nigs q mis ss linhs gméics pcm ncip s ls d l Ans d scihi m s mil q s sisms d sci ilim q nã m nçãd sci nss mmn ms lg ilim s sisms d sci Nã é msmq dsnh m l dl lg iliál m m sism d sci pq cêssm q ss sism m úlim insânci ndmns n cdicçã d m

psiçã mi simpls n c Cm c pdms pdids s ls d l Ms p iss pcisms m sism ss sismnã isi nm n câmic nig nm ns sis (cm mqinhs ss é nià sci cnim q s si nqls mcs Há m sl n m cis Nã é msm q dsnh cnsi m sism q d s icldmdin psiçã dinciis.

Ms cn ili iss p di q há m sci m ín, ni àsci q incnscin lê nsm m sign Aqi sign m snidimlógic d ssin. O incnscin lê m sci m íns nsm

m signicn. Ms sm -s imn d m cmp móic cm s pópi nçã d incnscin cnsisiss m ci dcicninmn mcs pgds mcs m sd d íns mcs q scnsm lm dsis incssnmn O q incnscin éinn ci nã dci. O incnscin só ci l ci. O dci é spsiçã d incnscin m lçã si sps s is é m sisps dcid d q ci incnscin ms q incnscin épns lh cind (ci qi q di inn

V l m pág d cn q dii p inl p s mi cns(sminái A dnicçã séim l d ni d 962). Dpis d lds s sis q sã d m épc mi m d m d pllíicdpis d s h ddicd lh s ís d s nd s cnsii linggm cn di q há m li d signs q á pc ns d qlqs d sci li d signs (qi sign sá ilid n snid imlógic

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O COCEITO DE LETRA A OBRA DE LACA

d mc. E lg di nm pág q m pc ssncil (séim l d di 0/0/62) Enã nqn si ppósi d lgm cis q é mc q ésign lê á ns d q d signs d sci ns q pc q s signspssm cn pdçs inimn dids cds d s mdlçã ln

q innd s nçã pssm s dmiids p s cm l s chmd sp néic s-s q é ssim q nsc sci néic qnã há nnhm sci m s cnhcimn ms mn q d q é ddm d sci lnd cm ppidd nã simplsmn d dsnh é lgq cmç smp cm s cmind dsss dsnhs simpliicdsids dsss dsnhs pgds q s dnminm dis imppimnidgms

As diicldds cnsism m q cês nm sc lg q l dhisói d sci d lg q imppimn s chm idgm ms Lcn

nã sá lnd ds scis n snid hisóic d m ms n snidpsicnic. Nlmn lgms ppidds d sci n snid hisóicd m sã impns p q pssms mi qnd lms d scin snid psicnlíic ms cm smp Lcn d s lid m áis nisq sã spss is é q diicl s li Ms s nã pdmsdi sqm q Lcn sá nnd psn nss pdímsdi cm m imgm sáms nnd l lg q nnc isi lêlpgms ms pg ngndms q pgms pi d spç.

Eplic mlh: qnd s mc n snid cn d m q s é mc lg q á isi ns cm m ln q sc ciss scns nqdng imdimn s di "Fln pg isq s l pgml pdms n qil q s s q i pgd. Ms is é miscmplicd é cm s pgássms m lg nd nã hi nd ms smnp pg ngndms lg pi d q i pgd. O sc ci pgdci.

Edd Vid:

Pc q tcn s dis ms mi póims boa qsi pg s s ns d ç. O plm d dçã d asgounaio ç ná la tace m ncês Cm s hss m s ns dç A s çms.

Jn R

V d m mpl d Fd cês s lmm qnd l l d cnsm A inpçã ds snhs ili cm mdl cns n n n Rússi impéi shúng qnd s sss inhm cism mmd d cns á Qnd s is pssm pl ni m ncgdd cns isc m p qil q nã p s lid pls ilds

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A PRÁCA DA LERA

nmgs Naualmn sss xlads nmgs u agn d plíca da uapênca naam adnha qu a asuad Mas supnhams p ummmn qu ss ss s um as ún u um as cmcalnsgncan qu p ngan alguém asuu Ps m qum lss ss nã a

pnsa qu haa um mas sm uma nncnaldad a nã dsc amnsagm qu haa sd dcada. Palmn p uma cnusã na naa plca acaaa nnand uma cnspaã aaés d um as cmcalasluamn nsgncan

Mas ss xs msm cês sam ssa auã d ds a algumlg ss alguém supsamn dss s nã dss nã mpa pqucma a ccula cm dad ps a dad é a dad d ncnscn nqunnscã.

Eduad Vda

Nsa smana hu uma xpênca xaamn nss snd d TmaMan qu s aqu n R and uma cnênca s l Santa

Evita. El dss qu quand scu l an s Pón cu uma asd p "gada p xs qu Ea a d s Pón. Essa as fa padas qu sã auídas a Ea Pón n musu só qu ssa nnada p TmaMan m su l. Enã m pac cm um pn ã clássc n qu é

hsóa u m qu é pduã pncpalmn da as cm a ua la s mlhõs aua a la Mas cm d Tma Man nnguém d d spóp la s mlhõs ans qu sa m Mas ssa é uma as qunã s ccaa mu m dúda cm nd sd da p Ea Pón nã énssan cm sc pdu C ssas duas ass p sm ípcas dsspcdmn.

uan R

O qu Lacan pcua ansm p a lqua cm ss md cm sscnun d máas cm ss cmplx maóc é alg qu nunca chunã pd a dss um ssma pqu admas sa um ssma cnadó Oqu sá nas nlnhas é qu cm smp há uma mad pdda mas pddan snd d qu nunca xsu su nunca a dxa d l alg qu saaans nunca a dxa d na cã ss an. Mas ssa cncpã d lapm pnsa a dsânca n ss ncnscn paa nã clca a pscanálsns lms da nus pqu s só cnássms cm ncnscn su d

nuncad da nuncaã dclmn pdams pnsa m alg a danus ams qu d qu ncnscn nus sã msm Enãssas cncpõs lam a n da nus só s pd "dsapaga ssn mdan suplmn

A cnnuaã lógca dss pcdmn é a nã d suplênca quLacan msa ns úlms smnás S nnhum pn d sa pds sng

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O COCETO DE LERA A OBRA DE LACA

su uso à psicos. A noção d supência é d supência strutura od-s dizrqu a partir dos timos sminários d Lacan ong d havr uma strutura préviaaos acontcimntos do inonscint qu sria o imit do inconscint m sntidocássico struturaista antropoógico do trmo antropoógico no sntido da

antropoogia d LviStrauss a qum Lacan dv muito mas nss ponto s spara muito dcisivamnt xist um acidnt na origm A strutura basia-s numacidnt não no acaso m acaso na origm qu dá origm à strutura o umbigodss ugar no sminário A dnticação é o nom próprio ssas auas qumncioni têm su ponto d ixação d inscrição no qu Lacan chama d nompróprio. odria sguir indinidamnt nss tma mas agora gostaria d convrsarcom vocês

Questões:

audia d Moras Rgo Ltra rudiana (R)

ostaria s possív qu o snhor articuass aguma coisa ntr arprsntação d coisa m rud sss póos patmático matmático.

Minha prgunta part dssa concusão quando você diz qu a strutura

undas num acidnt num acaso justamnt nss momnto quando você az aimportant ração dissociação nt o isso o inconscint ntão minha prguntas dirig para aqua distinção aprsntada no sminário , ntr automaton tiquê Automaton tiquê podriam ir tomando a noção d acidnt m Aristóts?á qu você rtomou Aristóts diz qu na psquisa d causas são causasacidntais qu ocorrm por xcção rcorrndo incusiv o sntido aristotéicodsss trmos qu Lacan rsgata como s ria isso m trmos d struturaautomaton tiquê m ração ao isso ao inconscint?

Minha prgunta é rativa a aguma coisa qu oi discutida ontm numa

das msas m ração ao sminário Lnsu d 976, quando Lacan diz qu qur

introduzir aguma coisa qu vá aém do inconscint mais ong qu o inconscintS o snhor acha qu isso tria ração com o qu o snhor aponta d qu oinconscint a nuros stariam próximos havria qu s pnsar aguma coisam supência.

Maria Barrto Ltra rudiana (R)

Você az rrência às tras qu rud usa no roto u gostaria quvocê coocass aguma coisa a rspito d por qu usamos a tra ph para o aoimaginário ophi maiscuo para o ao simbóico; xpicando não só o uso da tra

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A PRÁICA A EA

ph pr rprsntção do o, como tmbém ss dirnç dophiminscuo pro o imginário oph miscuo pr o o simbóico

zMinh qustão é sobr um comntário qu Lcn z no Sminário L

sinthom" ond diz qu há dus scrits. m orm d scrit, qu vm como

prcipitção do signiicnte, um outr d qu o su", de Lcn, nó borromno,é um orm d iustrção Minh prgunt é s ss sgund orm d scrit cirinss qu você cooc como vind d mtemtizção, ou s sri ind um trcir

orm

W

Minh qustão é sobr um citção d Lcn S não m ngno, é nTrcir, qundo s rr S I como o signiicnt tr Como tomr ssimçãosignicnt tr? E um outr prgunt qundo num conrênci mnbr, ndo sobr psicossomátic, qu o nômno psicossomáticosri um mrc, qu rv o nome próprio stri rrindo-se S I qu imit éss qu s dr o nômno psicossomático como mc, como inscrição? Sritmbém no imit ntr tr signiicnt ou no imite ntr o pusion oinconscint?

un Ritvo

N vrdd, vri uns sis mses pr rspondr tudo isso Dixo ddo qus qu u tvez não poss rspondr ms vou rspondndo té ondposso.

Váris prgunts pontm pr dirnç ne o mtmático ptmático.O probm d scrit mtmátic m nív d tr, tmbém o qu Lcn chmscritur m nív d nó borromu, são tms qu não dsnvovi Crio qu sss

são s qustõs mis dicis, nss momnto, m psicnáis, porqu Lcn sustntqu o maea é o nico qu s trnsmit intgrmnt. Como, vidntmnt,nss rs, opõ o qu s nsmt intgrmnt o rsto, ou sj, o signiicnt prgunt é s ess maera qu stá igdo um unção d idntidd dtrnsmissão dirt, é cornt com o corpo d tori psicnític, t como bordpor Lcn. O qu quro dizr é qu os concitos d psicnáis po mnos no

sntido cássico d Lcn, são isomoros o sintom. Ms prc qu m Lcn, há

um tr qu grntir trnsmissão d go m orm idêntic qu não sri ospco unário A prgunt é s isso não é ntinômico à psicnáis crio qu sim,ms crdito qu é ncssário zr um mpo trbho d itur dos txtos dLcn porqu tmbém não podmos dsconhcr qu concpção qu tm dmaea não é um concpção mtmáic, porqu ninguém podri pnsr ssim,porqu mtmátic é cácuo rxão sobr o cácuo, em Lcn não há, nunchouv nd d cácuo.

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O CONCEIO E EA NA OBA E ACAN

As amosas ómuas da sexuação na minha opinião são ómuas que nãoestão deduzidas de nada nem conduzem a nada são agmentos de cácuo usadosetoicamente Mas o pobema é que os matas, segundo essatou aguém dequem vocês vão discoda Mine e nesse pono sim eu concodo quando diz que

o mat ma apaece junto com a unção da escoa e eu também acedito que temosque discuti escoa e matra, juntos Teíamos que pegunta se quando ee dizacssei não é no sentido de que o mata acassou poque uma escoa nãopode se gaanti em nenhum mata. sta é minha posição mas isso eque umaampa discussão. O que digo é que Mine que não é anaista tem azão quando dizago que nós anaistas deveamos te entendido desde o começo que o matra

nasce em Lacanjunto com a escoa ncusive vej que no imo semináio ciouse um impasse e já no timo semináio se poduziu um gande descaabo na escoade Pais e isso deve se evado em conta.

ma pegunta é sobe a eação ente tês escitas a escita de mata, apecipitação do signiicane e a escita da qua aava até agoa; a segunda é sobemara; e a teceia é sobe nó boomeu

Só posso dize o que penso e apidamente. Minha impessão é que o nóboomeu tem a mesma unção antinômica que a eta no sentido de matma. sto éexiste aguma coisa no nó boomeu com a qua Lacan tenta sustenta a tansmissãointega da sua oba. u diia ancamente em contadição com toda a expeiênciada psicanáise e as expeiências teóica e cínica do pópo Lacan que com o eemento

undamenta o nó boomeu Lacan estabeece tês egistos e esse é o pobemacenta penso que ee az ago semehante com o que az a Teoogia com a SantíssimaTindade. Mas não queo me asea em simpes anaogias Vocês sabem que há aigeja da Domición de Maia em  usaém onde no piso estão desenhados os tês

nós unidos boomeicamente. Não vou aze disso uma objeção nem mesmo mebaseio nisso Ceio que o ponto onde Lacan dá um passo em aso não sei comocaactezá-o pois não é uma questão de simpesmente ejeitáo; teia que tenta ee intepeta o que Lacan queia dize a pati da psicanáise Mas me paece que háago a questiona que é o seguinte o ea não se anua o ea é puo desanuamento

Mas aa de um egisto do ea é tenta enteaçáo boomeanamente équee censua que do ea não há egisto. O que eu cooco é que há um só egistopoém mtipo do simbóico e esse egisto insceve o imagináio e não cessa de

não insceve o ea ntão o ea eu o estabeeceia não de um modo boomeu masde um modo moda como dene Lacan em  noms-dup Vocês se embam das

quato categoias possíve impossíve contingente e necessáio sse é o pontoextemo mais inteessante mais poundo de maio signiicado em Lacan poquedeu uma vesão de modaidade que não existia. m Aistótees ea óbvio poqueconunde possibiidade com contingência mas Lacan pemite distinguios Vejam

ainda que quando dizemos que o ea é o que não cessa está em níve dieente nãoestá no mesmo níve de aação Nesse ponto podese dize Bem o ea não é

egisto.Há aqui um ponto destacado a dieença ente op maiscuo ( e op

minscuo < sse é um ponto da eoia muito compexo que impica váios

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A PRTICA DA LETRA

pobmas. O ph (<) minscuo, m Lacan, é o ógão da tumscência, Lacan auma bincadia poqu m ga não acontc com o pênis. O < é ógão, mas < é oao simbóco. O qu stamos dindo com ao simbóico? A inovação d Lacannão é a dinça nt ao pênis poqu isso stá m ud, só um idiota podia

pnsa qu ud não distingu pênis d ao ud, incusiv, diss qu há umaão paa qu o pênis stja psntado to nos dsnhos, como s só xistisso ógão, sm o scoto; é óbvio qu há m ud uma dinça nt ao pênis,mas o vdadio dscobimnto d Lacan é o ao simbóico, mas, cuiosamnt, éum dos pontos mnos xpoados.

O qu pac indica Lacan, sob isso tmos qu pnsa muito, é qu ainguagm cacia d todo o vto, d toda a ointação no sntido antopoógico,s não houvss o ao mcando as diçõs Ou sja, m inguagm o ao macaos pontos d dsapacimnto apacimnto, d tumscência dtumscência.

Todos os itos d dsapacimnto qu até agoa igamos à ta staiam igadosao ao, mas ao podui um ito d dsapacimnto, ou sja, d vanish (paa usaum vocábuo acaniano), ncontamos a um vto d diçõs.

Dito d oua oma, já não aando m inguagm, mas m otismo ootismo sia uma tota dsodm sm nnhuma dição, s não houvss o aoointandoo; ica mais cao s vincuo isso ao tmo dsjo, qu apacu ontm.omo pod hav dsjo d sab? Mas a objção d Lacan não stá m vincuadsjo com sab, stá na ógica, na aticuação, no de não há dsjo de poqu

dsjo é um puo movimnto mtonímico, um dsocamnto mtonímico incssant,ago qu com nada s satisa smp apac como não sndo o qu é; nttanto,vocês dião qu vidntmnt o dsjo não unciona assim no s humano, nãohava possibiidad aguma d intptação, não havia tansência jusamnto dsjo stá ointado po ao Mas nt o dsjo ointado po ao o dsjopévio à ointação áica há um abismo o dsjo smp s pnd ao ao poquo ao ointa omo há muito anos diia Sg Lcai, o ao maca m ompéia a

dição do postbuo. Ointa o dsjo sm um objto. O ao dstinas paa osimuaco do dsjo, o ao é qu odna o antasma, paa aa m tmos cássicos

O ao é a stutua undamnta da ógica do antasma.Mas há muito a s discutido poqu, incusiv m A Subvsão do

Sujito", Lacan é muito compicado, u nunca consgui ntndê-o otamnt.Quando diss qu o ao simbóico é a positividad qu stá mais aém d toda angaividad é impossív d s ngativado sto pac muio compicado.io qu utiia ss smináio dssa mania paa po um imit à ngatividadhgiana

duado Vida

u stava pnsando o sguint aém d uma aão poítica, ou históica,m um dado momnto na scoa pcisas do e o xmpo, o ao simbóicoé impossv d ngativa; isso podia s o quivant a uma scita d ummatema

qu s adua, qu s tansmita intgamnt, poqu o ito d dsapacimnto

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O CONCEIO E ERA NA OBRA E ACAN

DUBoCA

da tra é um fito mas parc qu o anaista dvria contar com ago qu não sapagu, qu não sja sujito ao squcimnto próprio da strutura nuróticaqur dizr ir aém do inconscint ou ir aém da nuros Sguindo o qu voêstava propondo pod sr qu xista, por xmpo, a scrita d quatro discursos

dos quais, dss sabr, não s possa tr dvidas, assim como também não s possatr squcimnto. u prgunto s a psicanáis não dv undamntar ago qunão padça do ito tão cássico qu é prcisamnt o anaista squcr tudo oqu é da sua própria xpriência, ou sja o anaista é chamado próprio a squcrpor xmpo por qu comçou sua anáis, m qu ponto trminou ntão, s ago

tm qu s sustntar m uma transmissão dv sr aém do squcimnto aém doinconscint

É nss sntido qu acho ncssário qu ago s transmita ingramntqu a tra não sja smpr rasurada ou sja, qu xista um pono d tra Nss

sntido a scrita borromana é inrssant porqu a é supmntar, tm ago, dizago ou mhor não diz, porqu justamnt não diz nada, mas trabaha sobr umponto prcisamnt supmntar aqu qu transcnd o inconscnt Não vjo

nsss três pontos apnas uma razão poítica ou d undação d scoa ou históricama parc qu há um ponto d rsistência important no discurso Não si comovocê pnsa.

uan Ritvo

rio qu o qu diss duardo é o qu pnsa Lacan

duardo Vida

O qu m procupa é m nção d u trabahar numa scoa. ssas qustõsm azm pnsar ao qu nós, anaistas, stamos sujitos Tmos smpr qurcomçar, discutir o pass parc qu tmos qu comçar o qu oi discuido hásis anos oito anos vamos comçar d novo a r os txtos É como um rcomçarcomo s o squcimno habiass m nós, como s pudss azr ago, s é possív,qu dissss mas já stá scrito, já stá matmicamnt scrito". é contra ssio qu vidntmnt não é do anaista, mas d outra coisa do grupo socia danuros Ou sja ago qu m parc important como qustão da transmissãoinrnt à transmissão da psicanáis na scoa.

uan Rivo

rio qu é um ponto d discussão, por isso u dizia qu s pod rjitar asconstruçõs d Lacan, mas o probma continua. rio qu borromnizar o ra é ummodo d ngáo, mas também acho qu não s pod vivr m um quívoco smrgistro, não s pod vivr na pura mtonímia. Mas também não podmos consoarnos com a imaginação, pois vocês bm sabm, por xmpo qu já não mos o txtodos quaro discursos porqu s coocam as tras na ousa continuamos a dar

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A PRÁICA A ERA

vota como s xpicássmos tudo. Vocês sabm a unção qu o obto tm paa nós unciona quas como uma ocutação. Tanto s mnciona sua ata qu ao ina não ata nada. oqu o impotant qu uncion acompanhando o discuso não qu o mncionmos tanto paa tapa todos os buacos. ac-m qu quaqu

concusão sob ss ponto não pod supimi a tnsão A tnsão vai smpconviv conosco o qu não qu diz qu tá qu s convt m uma dscupapaa umina obsssivamnt as coisas nunca concui

Obigado

NOTAS:

sicanaista osso da nvsidad Naciona d Rosaio. sta conência oipoida na Jonada Sab Vdad da ta udana m 29/ /97

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Uma letra que não se lê

Eduado Vida/1

Sea memo o cúmlo do qe podeaatng o ona faze-noeaeaee egaa po m e dea fcão".

Jace ac

omo píogo à ata Roubada" com qu Lacan abr osEcrio a dspto

da ordnação cronoógca, ncontramos a assrtva d qu uma carta chga smprà dstnação A dstnação não s conund com os possívs dstnatáos ou osacdntas ndrços d uma pístoa A dstnação é o dstno qu dv sr razado,o térmno a sr tuado. ss dstno é o sujto, qu como to do nconscnt,

não pod sr mnado Apsa dos dsvos, por mo d rodos atahos, comdtnçõs paradas, a cata chga ao ugar d su dstno, como no conto d Po,qu srv d suport à tura d Lacan, m cada nstant d su trajto dtrmnaposçõs subjtas.

O artíco tráro d Po é rvant ao azr da ta uma crcuação, cujosntdo scapa tanto para o tor como para os partcpants do drama. A dcsãod Lacan consst m tomar a carta/a na strutura da nguagm qu a produz, mdvrgênca com uma anás prcdnt dos contos d Po, mprndda por MaaBonapart na década d 920, cujo rrnt ra a sgncação na sua vrtntmagnára m contínuos rnvos à pscobograa do autor. A tura d Lacan

rtca uma orntação, bastant propagada m pscanás, qu aborda o txtotráro, avançando sobr com o sabr já adqurdo pa toria tomandoocomo prétxto paa conimar aguns pontos da consttução subjtva, tas como ocompxo d Édpo as dnticaçõs, a castração Lacan outorga um outro statutoao scrto st passa à unção d causa da produção, sndo o tor o sujto qu sdvd rnt a , convdado a pôr ago d s numa dmnsão qu compromt sudsjo. O txto tráro opra como um rsto qu não rva o sntdo mas ndca omodo como é tcdo com os sgncants qu, na sua rptção smbóca, dtrmnamas drnts posçõs do sujto na cção.

Po, como o tor, s dvrt com su conto, ao s abandonar ao prcursod uma carta d cuja mnsagm nnguém tm a mas mínma notíca. Su procdmntonaratvo é ssnca para produzr a cção, pos aqu é a carta qu, como sujto tma comanda a cna da scrtura, mas, para sso é rduzda a sua unção d rsto.A drção qu Po mprm ao conto ncontra a do anasta qu, conontado ànmnáv dmnsão d sntdo tnd com a sua ntrvnção a rduza. A

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A PRÁICA DA LERA

itatua já não é um ptxto mas o nsinamnto d um modo d opação qupsvando o txto atavés dos dsvios do signicant dsiza no passo do sntidopofundamnt naizado na imagm d copo

Ainda qu a ta po s o supot matia do significant stja

intnsicamnt impicada nos fitos da mtáfoa mtonmia a a nquanto apõ o sntido d ado. sta é a hsia da ta qu ating o caát igioso dosntdo. scv Lacan m 957 quando intpa a cnça na anáis do meaigofmeaig

Donde e conaa qe o exo ma cagado de endo defaz-enea anle em bagae ngncante endo a ela oagomo matemáco o qa como ea de epea ão emendo algm

O foa-sntido qu aiza o agoitmo m matmática constitui o hoizontpaa o qua tnd a fomaização m psicanáis d ond pocd uma scituatansmissv a magm da configuação d sntido

purloied leer ao joga sob os quvocos d ' êt (s) itt (ixo)

não é bm oubada já qu purloied s compõ d pro nquanto o qu dágaantia ao ongo (loiger) ao ado d su pcuso mas posa de ado A cataaiza no dsvio su pópo tajto como ta põ d ado aguns fitos qu a

a buscam coas dnt s o sntido mas também a comunicação o s.A suposta comunicação s sustnta na idéia d uma ação nt misso

cpto Sus tóicos s pocupam com a pda inxoáv na tansmissão damnsagm na mdida qu amjaam supmi os fitos d mau ncionamnto nosapahos d inguagm Sm dvida acditavam na compmntaidad Aointoduzi o inconscint como discuso do Outo a psicanáis conhc umadsiguadad qu dá uga a ago d supmnta. A ação pistoa põ m vidênciaqu o misso cb do cpto a pópia mnsagm m foma invtida ou sjaqu o sujito fca nas mãos da ta qu o possui apsa d magina s o dtnto

da cata. m pno iuminismo cotas uma dimnsão d somba cujo potagonistano omanc d Lacos são as catas com qu invntam as açõs pigosas umasuti atimanha paa faz xisti a ação sxua qu não há

A cata pod ofusca pa sua visibiidad ao msmo tmpo uma gião

d somba a cca a caa um sab qu ninguém sab o insabido adica do sabinconscint

O conto d o compõ a ficção com a psnça da tcia psonagmcuja função é tia patido da dsavnça nt os dois do pa a. O to mosta qusm o tcio tmo a ação nt dois não anda O fao como tmo tatstmunha o fato ssncia qu não há ação sxua poqu o sxo paa o faantstá submtido à inguagm Qu a ação sxua não possa s nunciada nainguagm isto é qu há nssa odm um facasso va a consida o qu épópio da scitua. oças a passagm a uma scitua tavz a scitua sjaa cção d inscv ssa inxistência po uma ta a ta

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UMA ERA QUE NÃO SE

Que a sexualdade se orgae em ceas que obedecem às regras da aravamosra que a relação sexual, or ão ser assível de scrção, é semre deslocadae desvada uma rama de cção. A cea do coo em lugar a coe ode rea odscurso do seor que oma sua aarêca do sgcae mesre Em oo do ar

real ere esses seres de fcção o coo ece a dmesão da verdade se fudauma ordem de arfíco, suceemee cossee ara suorar a quesão queeressa. Ela oca a legmdade de um laço socal suseado or um aco e aexsêca da cara a sua "uma cadea smbólca esaa àquela que cosu suafé. A osse da caa ão oderá ser legmada ublcamee, os mlcara um aode ala ação ao re. Aqu a cção, alada a uma quesão de Esado, roege a carada revelação de sua mesagem e de maera delcada rodu uma âca ere osaber que ão sabe e os goos reardos os seus desvos

Assm, ao ercero o caso o msro cabe faer aarecer a brec

cos aada o ar real da qual um reso é esemua

Um qe anaa agm h de depe pepaado comoe paa ee do o qe é da aada do gncane anda qenem empe aa o qe ae com o a caa dexadadplcenemene pelo mno, de qe a mão da Ranha pode faema bolnha de pape

A cara reala seu róro aeo que cosderamos oológco O fao de

ser oradora de um exo os remee a uma lera que se vese com a esessura doael e aé se revese com um eveloe sem, or sso, dexar de ser meos leaêre, um ser maeral cua maealdade rovém da lguagem oado-a rocaa suorar uma sére de maulações que mudam sua foa ou seu aseco. Emcada dobra, rasfoma-se a relação que maém com o sueo, cua osçãodeerma. Um ogo sul de revrameos e rocas o afea, a começar ela raaque aqueada elo re que ão vê ada, coloca sobre a mesa sem que seu aoescae ao olar do mso, a cara vrada (reverée) com a subscrção aracma A assaura do escro, rado ela dobra, é vsível a quem desee vê-la oque vabla o geso do msro. Ese ra de seu bolso uma rélca da caa efgdo lê-la a coloca o lugar da mera que ele rera e guarda.

As mãos faem as maobras sobre aés e cosas que eram a íulo deobeo, a cção dos seres falaes A cara/lera se oferece como um suorebasae oável ara a aarêca a que é submedo o dscurso fedo um smulacroà ausêca que o ordea. Pos a cara, que eá e o eá o seu lugar obsaculaa ução do esaçoemo or abarmos a lguagem. Refermo-os a um o decore que aresea o esaço de rês dmesões uma dubedade ou aradoxo

equvalee a bada de Moebus como realação do core do lao roevosearável do revesmeo com que se maerala em E em esruura desse corefecado de duas volas.

A subsução de uma cara or oura o coração da relação da raa como re ão se reala sem dexar um reso correlavo à exgêca do ercero ermo: ofalo Esse reso reseca um cero fracasso os o falo ão fa que os sexos se

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PRÁIC DA LERA

comuniqum ou s acionm po um mio tmo E possibiita o stabcimntoda stutua do smbant qu na impossibiidad d insc a ação sxua azcom qu o homm s spciqu pa incidência do signicant qu supota comotodo homm" com qu a muh ocup su uga na dita ação ao títuo d uma

muh". Ess sto é um supmnto daquio qu não s conjuga nt os cônjugsO gsto da ainha d amassa o acsmi da cata azndo uma boinha d pappod t uma quiaência com o d Hans quando no aug da sidação ant odsjo do Outo amassa uma giaa d pap ta g na tntatia d duzi o todopod do Outo a um ouo como sto mais inonsio ao acanc d sua mão

A cata m pod do ministo impõ suas xigências a s az ia poasso como uma ua a a glove dixando apac um uga i ond o ministosca su pópio ndço com caigaia d muh in a diminuive femalehand constituindos ntão no noo dstinatáio da cata paa qu não stass

nnhuma dida a aca com um so qu atsta sua inhagm com o scudo ducaa S d sua amíia. m a d exremi of ennui odia tudo o qu stá dispsono quato do miniso ss homm cuja iiidad ninguém qustionaia ésnsimnt abatado po um odor de femina no diz d Lacan A cata potaa a d uma diminuta mão d êma" a imposição qu a az a su atua dtntoNinguém nta m contato com a ta sm tangncia uma outa ógica a d umamuh qu não s paraodiza com o ito miniizant qu daí dco. aaaqus qu stão do ado do todo homm" a cata sta inacssí É o casoxmpa do inspto d poícia sus homns. O pano do inspto consist mpscuta o spaço ao modo imagináio como xtnsão d su pópio copo. Opocdimnto a a ibciidad do sujito quando tomado po signiicantimbciidad não indiidua nm cotia mas d oigm subjtia". É a pópiaimbciidad aista com sua isão imutá do a.

oém a cata/a ata smp no su uga isso a poícia não o sabquando ptnd nconta o objto com a dscição conhcida. Ago pod i aata a pati do simbóico já qu o a s nconta smp no su uga. om ocuso da xatidão a poícia s antua no spaço da ta mas a patida stá dsd

o início pdida pois a cata stá tomada na ossimihança da cção. A poícia sóê su so o ato d sua apaência sta modiicada com outo so outondço a toa iconhcí paa qum não a aboda po su anso. A poíciabusca compnd com o qu já sab Dupn conta com a dscição do pocdimntoda poícia qu idncia a imbciidad do sujito quando opa na ógica do todo"sm incui o ponto da ata. Dupin dupe too da boa mania qustiona a ógicado todo homm" o qu h pmit acd à cata soitáia olia leer comosmp isí dsta z sob a aia da saa do ministo.

oi ncssáio pod opa a pati da oua ógica do ado d uma muhpaa qu s pooqu a uptua da apaência broken appearance ond az suaapaição a unicidad da ta.

No intao do pimio ao sgundo tio a cata passa d sto a djto.

S no pimio tmpo a tstmunhaa a nãopopoção n os dois tmos d

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UMA LERA QUE NÃO SE LÊ

homem e muhe no segundo a ea po uma homofonia é ixo escoia deeo dainguagem supoe de um gozo supemena.

A l a litter, uma carta, uma letra. um ixo. Fizeramsetocadlhos no cenáculo de Joyce com a homofonia dessas

duas palavras em inglês. A espéce de dejeo que os polciaismanipulam nesse momeno tampouco lhes revela sua ouranatureza por esar apenas meio rasgada

Dupin possibiia que a caa faça seu aeo aé a sua desinação o queequivae a dize que a ea chegue ao sueio Dupin se deixou atavessa peo nãoodo e assim a caa se mostou difeene na sua apaência. Apesenouse soiáia

como uma sem faze eação com nada sua apaência ompida. Do signo da muhedo odor de femna a uma passagem de ógica: u muhe não faz odo nem se

confunde om o esoAinda o aeo exige que oua semehane sea coocada no uga da caa

econquisada po Dupin com uma chave que o miniso sabeá decifa. A caa azesco um enigma Un desin si funese. . ." um destin ão funeso o do se faanena sua ausência de gaantia ane o ea sem senido.

Que a desinação da caea sea o sueio impica em oma a função doescio como outa maneia do faane esa na inguagem. Que a ea se esceva nãoem nada a ve com que se eia. Um sueio na destnação do escio não é suposo

pode se ido como inconscieneÉ

pecisamene ao iegíve ao que não se dá a ena ea a esse nãoae da leerlier que apona seu gozoO sueio se divide ene a dimensão do escio e o execício da paava A

esciua é um egiso da inguagem que não se confunde com ea. A esciua dáo osso aos gozos que se abem paa o se faane. Uma eta que não se ê o sueioateado ao iegíve da eta a disunção ente o sembane e o gozo.

Pósescto

Um ensinameno do exo de Lacan sob um foe cunho univesitáio enadisibui sua oba em peíodos caos segundo uma suposa dominância sucessivado imagináio do simbóico e do ea Lacan popõe em 970 eineoga a eta paapoonga o discuso e o faz eomando ponuamene as fomuações de 955 comoanecedene à fomuação da ea e da ficção do sembane e dos gozos Não seaa de dize que á se encontavam no semináo de 955 odos os eemenos de suafomaização poseio No enano a pai da função do escio desacamos asomba do que não se ê e se abe ao gozo. O semináio sobe A caa oubada

não obedecendo na pubicação à conoogia de seus Ecrio ponua o que ai seanecipa em ouo empo como uma extação da eta difeene do signifcane nocampo da inguagem.

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A PRÁICA DA ERA

REFEAS fOGRÁFAS Psicanaisa, La udiana AAN, A insância da a no nconscin ou a azão dsd ud in Ecrio

Rio og Zaha dio 998, p 30 3 O Smináio sob A caa oubada in Ecrio opci p 154 dm, p 8

fOGA

LAAN, J. D' un discous qui n sa pas du smb1an Smnáo inédio 1 970-71

PO A Th puoind , i n Seleced Wriig Pnguin Boos, 1 977

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Uma Volta ao Ideograma1

Cauda de Morae Rego2

roosa dese rabalo é ear clur a caegora de luraerra algumasroduções oécas que se aroxam elo que camare seu caráer deogramácoComo sabemos, Laca, or váras vees, reeruse crcamee à quesão dosdeogramas cosderadoas rereseações córcas. Relembrou que Freud, aoomar os eróglos egícos como modelo da escra do soo, ressalou que eses

devem ser ldos, ão em seu valor córco e sm como uma escra. roosa dereorar ao deogramáco ão é de maera alguma uma reomada da quesãocórca É ao coráo uma eava de recuera a dmesão leral do deogramaal como roos or Era Poud a arr dos mauscros de Feollosa Laca,em Lurerra, rabala com aeas um exemlo do que sera luraerrar a are dacalgraa aoesa, embora rerase ao logo do exo, a Joyce e à "leraura devaguarda e à órulas maemácas. Ese rabalo reede der com recsãoo que é luraerrar e roor a cusão da oesa srada o deograa, aí cluídaa camada oesa cocrea, esa caegora.

Para ao vaos oa o exo Luraerra coo exo ceral ele osaroudaremos, dele os aasaremos ara r a ouros exos e a ele reoraremos

Como sabemos, Luraerra é a lção . 7 (57 ) do semáro . 8 Deum dscurso que ão sera do semblae Ese semáro seguuse àquele odeLaca roduu sua eora dos dscursos. Sedo o coscee esruurado coouma lguagem e seu sueo eeo do sgcae, os quaro dscursos são docamo sgcae, da relação ao Ouro. Mas ese oo, Laca se laça em buscade u dscurso que ão osse sgcae ou, como ormula o semáro 8 que

ão osse do semblae O semblae ão é a magem, ão é da ordem do magáoé exaamee a raslação do magáro ao smbólco. Revela que udo o que é daorde sgcae ou sbólca oõese à verdade. Porao, a verdade em uaesruura de cção ou de seblae.

busca de u dscurso que ão sera do semblae é um movmeo deLaca que, segudo Mler, va eválo a ua crescee maemação da scaálsee à oologa dos ós, quado sleca e mosra aeas. Para Mler, ese movmeoa are de um esorço de ceação da scaálse ode a maemáca é omadacoo deal da cêca Para Roudesco, raase de uma busca do absoluo ecoaralgo que ermsse escaar ao maleeddo da lguagem e à derva a dosgcae e ão rodusse sueo como eeo a assagem de S ara S omaea que ermra uma rasmssão egral. rasmssão egral obrga a sardo camo do sgcae, os raase do que se auoerrea sem remeer a masada Em ouras alavras, MareClare Boos d "O ro lacaao corre e se deora

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A PRÁTICA DA LETRA

na direção do rea e daquio que o margeia a etra enquanto distinta do signiicante . . .coocase assim a questão do estatuto de um saber que seria sem sueito sem apeode sentido a este Outro que a hipótese do inconsciente supõe

O ato é que o que não é do sembante é o escrito nomeado por Lacan como

tema do seminário 18 O escrito é o que não se ê portanto não está preso àscontingências do sembante. É desta maneira que Lacan avança uma dierenciação

entre etra e signicante que á vinha sendo tentada desde o seminário sobre ACarta Roubada. Lá a etra e o signiicante se conundiam muitas vezes aparecendocomo sinônimos. Ao cavar este osso entre signicante e etra Lacan arrana para siuma questão bastante espinhosa que o obriga a muito trabaho Se etra e signicanteestão separados qua a reação entre ees? No texto Lituraterra Lacan se empenhaem equacionar este ponto como veremos em seguida.

O seminário 1 8 é ortemente marcado peo que Roudinesco chama deseo

de oriente. Desde ovem o deseo de oriente em Lacan é um deseo de superar o bábábá e chegar mais perto da Acoisa. m tota sintonia com o pensamento orientaLacan quer ir aém do ego Mas Lacan não é um orienta. É um cidentado (occidené,trocadiho com acidentado). ortanto onde o orienta pára em contempação oocidenta vai adiante na investigação edipiana Lacan quer ir aém do inconscientee embora ormue com absouto rigor a Acoisa onde a é o preixo de negação (éachoe), não pára aí. á que não pode dizêa a não ser pea ngatividade vai cercáa e mosáa.

ste deseo de oriene evou Lacan ao taoísmo ao apão e à íngua aponesaO texto de LaoTse o inspirou

O Tao e ogem engenra o Um O Um engena o Dos ODos engenra o Tês. O Tês poz os Dez M Seres Os DezMl Seres se encosam no Yn E araçam o Yang A amonanase o sopro o Vazo Meano

studou chinês durante aguns anos com rançois Cheng e esta indicação

oi suicientemente orte para criar o rupo rancoaponês ste grupo produziuseminários e textos entre ees o undamenta Choe Japonaie

A íngua aponesa não é tomada como exempo de um discurso que nãoseria do sembante Muito ao contrário Lacan diz que o ivro de Roand Barthessobre o apão O Império do Signo, deveria chamarse na verdade o mpério dosSembantes na íngua aponesa tavez mais ainda do que nas ínguas ocidentais averdade revea sua esutura de icção. O interesse de Lacan centrase em doisaspectos o ato de que o aponês enquanto íngua recebeu uma escrita de outraíngua o chinês o que determinou que a escrita chinesa trabahasse continuamentea íngua aponesa e segundo aspecto a caigraia sta sim recebe a atenção deLacan constituindose no exempo princep de um discurso que não seria dosembante.

Vamos então examinar agumas questões sobre Lituraterra.Lacan se ança na questão do escrito tomando três exempos do uso da

etra a ciência a iteratura de vanguarda e a caigraia. Sendo suporte desas três

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UA VOTA AO IDEOGRAA

rácas, a lea conudo não em a mesma função em cada uma. A dferença resdeno goo. A dsunção ene saber e goo á esava esabelecda: o goo é o ue faburaco no saber, so é, no ssema sgncane Semre ue á buraco no saber áou ouve goo Ora, a cênca, uma ve ue necessa ue a lnguagem sea

dessubevada, escreve-se com leas. A lea não reresena o sueo Lacan fomula:A cênca deme o goo. Já na calgraa e na leraura mas não oda leraura o goo é recuerado Qual a naurea desa demssão de goo? Aí esá um onoa esusar os me arece ue as colocações de Freud sobre a cênca emboraafrmem ue esa é a maor renúnca ao rncío do raer de ue o omem é caaor ouo lado aonam ara a referênca ulsonal semre em ação ano na cêncauano nas eoras sexuas nfans Porano aé mesmo na cênca averarecueração de goo Toda e ualuer avdade umana são enavas derecobrmeno do buraco ue é a ig Mas nese ono, Lacan va muo além

Se ara Freud o ue ocorre é o "avanço secular do recalcameno, no semnáro 1 8 em arcula nesa lção 7 Luraera Lacan roõe um camno nverso uealve udéssemos camar o rogresso secular do desrecalcameno. Temos auuma referênca emoral o rogresso ue alve nos lançasse numa ersecvacronológca da sóra o ue não sera nada freudano. O rogresso secula dorecalcameno a ue Freud se refere são sucessvas reranscrções de marcas mnêmcasem crescene velameno e não uma sucessão cronológca de faos e regsros defaos

O ue sera enão o rogresso secular do desrecalcameno? Sera ummovmeno conáro ao recalue rmáro conforme observa M. Clare Boons onde o arsa o censa e o calígrafo cnês e aonês roduem um aço ue nãoremee a nada, ue não é rasura de nenum raço ue exssse anes. É a rasura uranão á nada anes nem or baxo não se susena em nada Ese ao bara a bara dosgnfcane unáro ue deemnou ese sueo (sm orue ouve sueo macado)D Lacan "Lura ura é o leral Produla é rodur auela meade sem ar naual o sueo se susena É uma rodução de sueo um dscurso ue não serado semblane so é não sera do sgnfcane. Ese movmeno nverso é a

ossbldade de ue o escro vena a afear a lnguagem (assm como a línguaaonesa é afeada ela escra deogrâmca cnesa)Gosara de faer alguns comenáros sobre a conceção do loral, a lera

como loral. Parece-me ue esa noção esá lgada à fanásca meáfora geográfcaue Lacan aresena em Luraerra, mas o loral como lera não se sueõe aoloral nesa meáfora geogáfca. A lera como loral assm como a meáforageográfca além de consuírem uma sueração das meáforas grácas da escruraermram uma solução a meu ver, denva, ara uma olêmca na ual Lacanesava enredado á anos com Derrda: o ue é rmáro a escra ou a fala?

Segundo Lacan fo a romoção do escro ue seu ensno roduu uelevou aueles ue dele faam moração (Derrda ncluído) a conceos como aruescrua e ouos. Mas, a meu ver, á uma oua raão Deda é um leor mnucosodos exos freudanos sobre o aarelo síuco. Todos os esuemas odas asmáunas de Freud são examnados em "A cena da escrura E Derrda se coloca

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A PRÁICA DA LERA

nst ponto d vista a mtapsicoogia do apaho psíquico A mtapsicoogia uma busca obstinada d ud m da conta da oigm do mio do m do apahopsíquico. mboa smp sbaando com a ipsntabiidad da coisa, sntssta busca do aquo Dida muito udiano nst ponto tambm s sduzpo aquo poduz a sua aquiscitua mboa isando qu a d umascundaidad oigina. Mas Lacan comnta na ição n 5

. . . conduzi-no em dieção um qui-ecitu mticcontitud unicmente em cim do que e pecee, com rzãocomo um certo ponto cego . io não dnt. Não e flmi enão de our coi p flr d coi

Oa, Lacan não az mtapsicoogia ants da inguagm não há nada oantonão só o sujito ito do signiicant como a ta tambm. Lacan dixa isso muitocao quando isa qu não há qu conundi a ta com a impssão udiana

ontudo sá qu sta distinção tão caa assim? m A nstância daLta pac qu não ta signicant ainda stão igados; assim como mud todas as macas mnêmicas s aticuam.

Vamos toma ud m busca d agum scacimnto Ants pom voucooca agumas baizas da aboação acaniana

I A scita stá no a o signicant no simbóico O signiicant o qu s scuta. O signiicado su ito o qu s ê

no qu s scuta do signicant3 O mu signiicant a Vorellugrepraeeaz udianaBm o qu tmos m ud? Tmosa ig ipsntáv pom not

absouto do dso a dupa objekvorellug worvorellug á no txtosob as aasias o objekvorellug não a cosa, o obto m ga mboaapont paa a coisa pois o compxo da objekorellug abto, não-inito. Ovorellugrepraeeazsug m I9 I5 na mtapsicoogia como o concito quvai pmiti a ud pcisa a ação da pusão com o inconscint como umaação d psntância Sug aqui ago qu stá oa do inconscint s az

psnta á Não há aqui distinção nt objek ou worvorellug sta distinçãovota a apac modiicada m ahevorellug worvorellug sm orepraeeaz mas na vdad tata-s da psntação d coisa da psntaçãod paava ambos psntants da pusão no apaho psíquico.

A as d Lacan, Mu signiicant é o Vorellugrepraeeazudiano dv, a mu v, s apoundada da sguint mania

I A Vorellugrepraeeaz ngoba a psntação d coisa apsntação d paava isto vidnt mboa tnha sido substimado. A

psntação d coisa o psntant da pusão. É potanto o signiicantinconscint o signicant áono. Mas não a ta poqu como vimos a tanão signicant.

A psntação d paava tambm signicant, mas conscint Aítmos o agoitmo acaniano dos dois ados da baa há signiicants. o signicado

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U VOLT O DEOR

vai s poduzi pa ação qu os signicants (psntação d paava psntação d coisa mantêm nt si.

Até A nstância da Lta" podíamos pnsa a ta como homogêna àpsntação d coisa pois apac paticamnt como signicant mboa agum

sboço d distinção sja ito A mtáoa do apu mortuum po xmpo jápnuncia a idéia d sto d liura da opação signicant.Mas no smináio 8 a ta stá caamnt oa do inconscint oa

também do gozo (o pusiona Rtomando a amação qu stávamos qustionandoé só no Smináio 1 8 qu a amação não s dv conundi a ta com a impssãoganha sntido. m A nstânca da La" a ta podia s a psntação dcoisa vando m conta qu sta é signiicant também.

o ouo ado um pouco d históia da scita pod ajuda a nuança stdima d ovo gainha Aiás Lacan cita inúmas vzs dsd o smináio da

dnticação o ivo d . évi Hioire de l ériure Tatas do sguint háváios tipos d scita d inguagm Há a scita onética (aabética como anossa ou siabáia como a japonsa qu aém dos idogamas tm um siabáio

idogamática pictogáca hiogíca cuniom musica até uma scita dobjtos usada po agumas tibos paa sinaiza ass simps nas ostas. Agupams basicamnt m scitas onéticas ou guativas. Há também váios tipos dinguagm a inguagm dos gstos a inguagm dos tambos dos sinais ainguagm vba

Histoicamn a scita é antio à inguagm vba mas não é antio àinguagm A inguagm é o pincípio Ants da inguagm não há nada Mas agumainguagm não a inguagm aada. A scita vai s smp scita d uma inguagm.Mas a ontização da scita dpnd d uma inguagm vba a aa. omo vimosna dciação dos hiógios po hampoion também na ontização da scitachinsa pa íngua japonsa o nom pópio ( as paavas d íngua stangiasão dcisivos O nom pópio constang à ontização O caso do hing étambém bastant intssant Tatas d uma oma d scita qu sumia todo osab chinês concntado m 64 hxagamas. ada hxagama a auto-vidnt

a apnas nominado ma vz obtido po mcanismos aatóios paa insdivinatóios vava-s um signicado ao consunt. sta é uma das hipótssacca da oigm dos pimios idogamas m concusão a scita é antio àngua aada mas a ontização da scita h é postio

hgamos assim à concpção da ta como itoa. Aqui há supação da

dicotomia conscint/inconscint também da qustão da pimaidad ouscundaidad A disjunção nt sab gozo campos htogênos sndo osab da odm signicant o gozo pusiona ganha um tcio há um itoaqu é ita Mas nm toda pática da ta az itoa nt sab gozo só aquasqu s mantêm não assinants do inconscint como Joyc ao msmo tmpoconstitum um objto qu s dá ao Outo do qua é pciso aa. sta ta-itoasist à tansomação m sab. É uma pática qu cca o gozo az itoa com

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A PRÁTICA DA LETRA

mas não esvaa nem paa ee nem paa o sabe. Os hexagamas do hing cetamente

se constituem num exempo desta esistência.ostaia agoa de aboda o ue chamei metáoa geogáca de Lacan

cotejando-a com a cena da escitua em eud. oo obsevou Ritvo desde os

gegos a memóia (ou o apaeho psíuico descita ou pensada aavs de metáoasgácas ou escituais. eud não ugiu a isso. Suas eeências à escita são podemais conhecidas desde o ojeto" (895) at a Nota sobe o boco mágico"(192). No entanto neste texto todos os apaatos de escita e potanto o pópioato de ue o homem esceva aanhe aba estadas cote ávoes aça sucos empedas enm assine sua maca na supeície do paneta são extensões do apaehonêco ue o pópio apaeho psíuico. Todos os apaatos auxiiaes da visãoda memóia da audição são concebidos à imagem e semehança dos ógãos dossentidos. A escita seia coo ua metáoa sóida do apaeho psíuico. Ou seja a

maneia coo o Outo maca o vivente seia o modeo de todas as outas escituas.oi Deida uem cunhou a expessão cena da escitua. e noa dá a ve

na passagem a segui ue me pemito tansceve na íntega emboa um poucoonga

Segndo pela va das meáfoas do amno da maa doameno da maha, asgando ma va abea po aaçãoaavs do neôno da lz da ea da madea o da esnapaa se nseve volenamene nma naeza nma maa

nma maz; segndo a efeêna nfagável a ma ponasea e a ma esa sem na segndo a nvenvdadenesgoáve e a enovação ona de modeos meânos esameoníma ndefndamene abaando sobe a mesmameáfoa sbsndo obsnadamene as maas peas maase as máqnas po o máqnas nós nos pegnamos o qeFed esava fazendo

Que máuinas são essas buscadas po eud paa da conta do modo comoo Ouo maca o vivente? m A intepetação dos sonhos" eud nos escaece

sobe esta oisa da ua o aço só um esíduo jamais uma epesentação Nossonhos todas as máuinas e todos os apaehos compicados são muito povavementeógãos genitais geamente mascuinos em cuja descição o simboismo oníico

se mosta inatigáve" ainda em nibições S intoma e Angstia"

Depos qe a esa qe onsse em faze oe de mapena m líqdo sobe ma foha de pape bano, omo asgnfação smbóa do oo o depos qe a mahaansfomo-se no sbso do psoeo do opo da ea

mãe esa e maa são ambas abandonadas pos mplaamexea o ao sexa nedado

Ao sexua a oisa eud iga na cena da escitua inconsciente e pusão.assemos agoa a esta amosa metáoa geogáica ue Lacan poduz em

Lituatea. Lacan he dá o estatuto de uma intuição uma eitua do ea. mboa achame estanhamente de demonstação iteáia" tavez po não extai dai

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UMA VOLTA AO DOGRAMA

nenhum matea fica-nos a questão de se estamos diante de algo além de umametáfora. appereau, em , extraiu importantes formalizações daí, tomandoa, portanto, como uma metáfora Mas fca a hipótese de que talvez possa ser pensada

como uma descrição física da escrituração

Como já vmos, o semblante é o caráter de fcção da verdade. É portantosignificante Até aqu tínhamos a disjunção saber/gozo e a inodução de um terceiroelemento que é a lea fazendo litoral entre saber e gozo. Nesta metfora geográca,Lacan avança um pouco mais. erticalizase a relação entre estes trs elementosnuma relação de causalidade Então, Lacan toma as nuvens (a aparênca porexcelência e, não por acaso o principal símbolo taoísta) como o semblante, o sistemasignicante. Quando há ruptura no sistema signifcante, isto é, quando as nuvensse rompem algo cai a chuva ou a letra. O signicante se precipita das nuvens numachuva de letras, matéria que estava nelas contida. A chuva sulca a terra fazendo aescrtura emos aqui então que a ruptura do semblante produz a letra, que por suavez produz gozo, gozo este defnido como aquele momento no qual não digo nada

Se pensarmos que a terra está aí metaforizando o real, encontramos umaaproximação bastante interessante entre a cena da escritura em Freud e em Lacantea-mãeas ig

Contudo, na lição n. 5 (10/l ) do Seminário 18 onde pace particularmenteirritado, desenvolvendo a idéia de que a lea é efeito do signicante, Lacan fazalgumas colocações que merecem ser esmiuçadas A primeira é O escrito é algo de

que se pode falar Poderíamos acrescentar seja este escrito fonético ou não, sejam letras ou ideogramas E também do qual se pode falar ou ler. Em seguida, falando

sobre o lvro L'Eriure coletânea publicada por A Colin cita o texto de Mérauxonde este diz que a escrita é representação de palavras e associa com a

worvorsellug de Freud que seria o processo secundário. Como já vimos antes,não há grande problema aqui se considerarmos a vorsellugsrepraeseaz queLacan considera homogênea ao seu significante, como englobando a wovorselluge a sahevorsellug Pareceme que worvorsellug não é uma representação depalavra e sim é a representaçãopalavra Portanto pensar a escrita como representação

de palavra não colide com a worvorsellug eudiana De qualquer maneira Lacan,mais uma vez, ataca a idéia de representação pois ou tudo é semblante ou nada é Não se fala jamais senão de outra coisa para falar da acoisa e essa crtica o leva, ameu ver a questionar esta idéia de representação. Qual a natureza destarepresentação? Na escrita fonética ou alfabética é o som que é representado Naescrita chinesa, o ideograma representa em parte a idéia ou o significado e opictograma representa a forma, sendo portanto figurativo Esta é uma designaçãopara os caracteres mais arcaicos. Quando comparece como parte componente de um

caracter é denominado radical. Nos sonhos, as imagens são representações depalavras que deverão ser lidas como um rébus Neste questionamento, Lacan diz

A escria é aguma coisa que se acha peo fao de ser essaepresenaço de paavra sobre a qua vocês vêem bem nonsisi; represenaço signfica ambém repercusso porque noé absouamene seguro que sem a escia haveria paavras Éave a represenaço enquano a, que as faz, essas paavras

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A PRÁICA DA LERA

É um comentário bastante enigmático, mas que retoma a idéa de que talvea palavra e as grafas (escrtas primitvas, geométricas e outros desenhos) tenhamrelação de litoral mas não uma dependência causal Como defendeu no seminário Aidentcação, haveria um momento histórico em que a escrita se fonetia Da mesma

maneira na língua japonesa o ideograma chinês impôs sua pronúncia como se foraum nome próprio.

Quanto à escrita como repercussão da palavra repercutir é reproduir reetiro som, faer ecoar e também faer emitir A reprodução do som da palavra seria outrosom, um eco. Parece que temos aí a idéia de um eco sólido como se o som fiessesulco, marca gravação, o que configuraria, semelhantemente à metáfora geográcadas nuvens da chuva e do sulco um eeito de paavra mas não no sentido de umarepresentação. Talve como um repraeeaz representante.

Passemos agora a nosso último ponto: a poesia concreta e outrasproduções literárias e poéticas inspiradas no ideograma podem ser consideradaslituraterra?

Propusemo-nos no início deste trabalho, a vericar se a poesia concreta inspirada no método ideogrâmico de Era Pound, contemporâneo e interlocutor deJoce egatáro e editor do texto de E enoosa The Chinese wrtten character asa medi um for poetr - pode ser considerada um exemplo de lituraterra, a despeitodas reservas explícitas de Lacan em relação ao ideograma Era Pound é um inventorde formas verbais Sua obra maior, Cao tem como princípio organiador o

deograma Segundo Haroldo de Campos o ideograma elimina as cortnas defumaça do silogismo: permite um acesso direto ao objeto. Duas ou mais palavras,dois ou mais blocos de idéias postos em presença simultânea, criticandosereciprocamente, precipitam um jogo de relações com uma intensidade e umaimediatidade que o discurso lógico não seria capa sequer de evocar. os Caocada um dees em relação a suas partes componentes; cada canto em particular oucada grupo de cantos em relação ao coo total do poema compõem um imensoideograma da cosmovisão poundiana que se multiarticula em séries de ideogramasmenores até a unidade mínima do poema o verso que é também substtuídodiretamente por um ideograma ou então se constitui em membro de uma estruturaideogrâmica básica Pound é um poeta espacial assim como para Mallarmé oaspecto visual de seus poemas é muito importante. A centelha poética atravessa oespaço real da página impressa. Trago aqui um pequeno mas luminoso exemplo dométodo ideogrâmico de Pound

A visãoPétalas

MA ESTAÇÃO DE MTÔ

destas facesnum ramo úmido,

dentre a turbaescuro

A meu ver Lacan não pode ver a ituraterricidade do ideograma porque suavisão estava turvada pela disputa com Derrida: A seringa estava suja comodestaca o próprio Lacan em relação ao sonho da injeção de Irma .

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UMA VOLTA AO IDEOGRAMA

O que é lituratera? É literatura mas esta não é uma ondição nem neessárianem suiente a aligraa e a fómula matemátia também o são. Liratera é umesrito ujo efeito de esrita permanee ligado ao esrto É um esrito que não se

esgota fonetiamente. É um disurso que não é do semblante Como vimos

anteriormente dos três asos de prátia da lea onsiderados por Laan omolituratea, a aligrafia e a literatura de vanguarda permitiam uma reuperação dogoo hipótese interditada à iênia pois esta demite o goo É interessante observarque, no texo freudiano, o signiante goo (geus) é usado, não em relação aosexual mas em relação à sublimação e à arte em espeial no texto O Chiste e suasrelações om o inonsiente Potanto exeção feita à iênia, lituratera é umaprátia da letra que permite uma abordagem peuliar do goo e que produ um gootambém peuliar que a meu ver tem que ser difereniado da estétia freudiana que,embora uma teoria do efeito estétio não responde a todas as espeiidades da

arte moderna É laro que há dois tempos na estétia freudiana o esanhamento eo sentido. Mas na are modea em geral e mais espeiamente na literatura há umendereçamento a um leitor que suporta mais o goo no sentido laaniano de omomento onde não falo nada anes de produir algum sentido.

Para que o efeito de esrita permaneça ligado à esrita é neessário que oesrito em questão não possa ser fonetiado em seu todo Há uma visualidade nãoda ordem do pitório mas da esrita. Na prátia da aligrafia isto fia bastante

evidente Observese que é bastante omum entre os hineses e japoneses não

alígrafos pessoas omuns que esrevam no ar om o dedo busando pelamemória do gesto, do orpo enontrar o ka ideograma busadoE na literatura? Joye é o exemplo prinipal á bastante estudado. Remeto

o leitor ao ivro de Haroldo de Campos deograma onde muitas das informaçõesaqui abahadas estão reunidas junto a várias outras Neste volume o autor pubiao texto de Fenollosa sobre o ideograma que vamos analisar em seguida.

Neste texto, Fenollosa oferee aos que pratiam a arte poétia no oidenteo modelo hinês. Como vimos antes, foi a leitura do manusrito de Fenollosa queinspiou o método ideogramátio de Era Pound umas das bases da poesia onreta.

Em que onsiste o modelo hinês? Fenollosa foi apa de reonheer na poesiaesrta hinesa em nível grafemátio portanto os harmônios (overoe)vibrando diante do olho e olorindo todos os planos semântios à maneira de umadominante

P Fensa mas e as s, impavam as eaçõesene as sas Este veae e esttaista aeea está expess n se ensai na mesma passagem eme ee tata a estã as hmgias smpatias ente

pesa e nateza, e exi m simpfaa aeeita e eia ez sa vsã mesm egamaà mea imitaçã ea à fgaçã entena m ópasevi e m bet exte O e ineessava a Fensa eaapfna essa anaga estta.

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A PRÁTCA DA ETRA

Antecipando-se a J akobson em seu Linguística e Poética" onde a funçãopoética projeta o princípio de equivalência do eixo de seleção no eixo de combinação",Fenollosa recorre à música a teoria da harmonia musical que matiza com incidências

na vertica todo o desenvolvimento hozontal da linha meldica Haoldo de Campos

embra as subdivisions prismatiques de lidée" do preácio de Mallarmé ao seupoema Um Lance de Dados" e observa

É na música ouida em concerto ue Malarmé ai buscarinspiação paa a dsposção em paritura de seu m ance deDados etomando da msca ago ue no seu pce peenciaamém às letas.

Em A nstancia da Letra" Lacan comenta esta dimensão de partiua

musica da poesia ou de qualquer texto

Mas asta escutar a poesia o ue sem dúida aconteceu comFerdinand de Saussue paa ue nea se faça ouir uma polifoniae para ue todo discuso ee ainarse nas diersas pautas deuma partiura

e acrescenta na nota de rodapé

A pulicação feita po Jean Starobinsky no Mercue de Francede feereo de 1964 da not deiadas por Saussue soe osanagramas e seu uso ipogramático ... dá a cereza ue nos fataana ocasião ( 1966).

François Cheng professor de Lacan em La Language Poétique Chinois"desenvolve este método de leitura harmônicovisual

Mas do ue simples supores de sons os deogamas se mpõemcom todo o peso de sua pesença fsica... ão é por acaso ue naCina a caligraia ue eata a beleza sua dos caacteesoouse uma arte maior.

Transcrevo aqui um maravilhoso exemplo citado por Haroldo de Campos

Gosara a segur de eamina munido desse ctéro de leturaanônicoisual, o erso do famoso poema e i-TaiPo"Dzendo adeus a um amgo29 Pound raduzu-o assim:Mnd lk a an ldA pati de Pound Mário Faustino deule a segunte esãobaseiraA mene é ampa nuem flutuante.

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UMA VOTA AO IDEOGRAMA

E ia taduço "ioudiaa, qu otou ao txtooigia, stáNuvs voátis o âio d qu viajaO vso d iTai-o (disosto aqui aa faciidad o stidooizota d itua à ocidta) asta o sguit dsoa

P j -

-

7 s �tnt nvm v r â

f n YU ü

Itssa saita o cuso do caát:

("o, "ciaça, "fot)

qu isoadat costi o "adca • 39, atavs do a. Está, dsd ogo, o o idogaa, à diita do "adica a"água tata-s da staço das "atas d u ássaotoiicat disost so u ot coo qu o atod otgê-o (o xtso "sugstiva coota "siatia,"coaça)

("foa atiga) ("foa atua)

o todo si otdo icuído o "adica ictogáco d "água85)

J }

 

({

"oa atiga)

71("atua) ("aviada)

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A RÁTCA DA ETRA

cotum er duzido po "uunte; poder no entnto ernerpredo meorcmene po meo d egune "bul emminitur "utur com rnülidde e confnç com uedecn o lhote protegdo pel me O memo gno pr"cnç reprece depo, no tecero ideogrm cujo dcl,

à euerd do crctere compleo é um picog beidde "pé ou "bot, dndo dé de "cminh "rdicl162 )

L

Sobre "bo preentm-e elemento grco inepeteicomo "rmo upeno, lin em momeno ondulnte oldo de/ou cndo obre "um homem ue nd o homem érepreendo pelo picogrm de "crinç porue, o ndrtem pe encobet pel gu como um crnç noenolid num le noee ue num orm noconrctete ideogm compleo conter tmbém o elemeno "gu

"ramos pendte idem(a anUJa) a

inmra

Idem +ciaça

. mvm ndulae m

dem(a aa,

hmm U a -oncadaHrma aa abrevaa

d aerr

A déi de "ij'' enole ponto ré do igno implctode "gu em "momeno ondulre, ntóio de"utur zendo com ue o deogrm do ero de To ente em "corde com o 1. inlmente no 4 ce, uepode ler como um mple "uo como "-o em "jo''m ue tmbém e trduz "homem ou "fidlgo "lhodlgo o pictogrm ue emo rrendo como um"hrmônico é ito em pleno enoue E u t priçõe

o cctere p "menno mud de poço, de enudmentogrfco e de âmbto emânco culmnndo no pojete empimeio plno mpldo dento de eu udculo ul "jul udrler do h pr lr como Eienein.

E "im iui o "hrmônco ibrndodite do olho ue o lóoopt enollo em cttprofionl do inólogo coneguiu, mplemene, ennrno e

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UMA VOA AO DEOGRAMA

Como esclrecimento, crescento qui os quo prncípios de constituiçãodos crcteres chineses Deles só o primeiro é representção pictóric. E o longodos séculos os crcteres pictográcos modicrm tão drsticmente sus formsquejá não são imgens picturis O leitor chinês simplesmente os lê como símbolos

convencionlizdos O segundo princípio é o digrm quels idéis que nãopodem ser representds são digrmds. Por exemplo, um dois e três sãorepresentdos respectivmente por um, dois e ês trços. O terceiro é o d sugestãoonde os hmônicos" de Fenollos dominm dois crcteres são colocdos juntospr fomr um plvr que sugir um terceir idéi. A plvr brlho" é formdcolocndose junto os crcteres que signifcm sol" e lu". Um mulher com umcrinç signific mor" e tmbém bom" O qurto princípio é combinção de umelemento signictivo com um elemento fonétco O primeiro indic ctegor gerlde coiss que pertence o signicdo d plvr enqunto o segundo oferece o

som do crcter. A grnde miori ds plvrs chiness pertence tl tipoO modelo chinês plicdo à poesi ocidentl está n bse d poesi

concret. Trgo lguns exemplos onde o efeito de escrit permnece ligdo àescrit" não sendo fonetizável ms compelndo que se fle dele Começo com umexemplo do própro Lcn que prtcou bstnte este liturterrr

Ao chegr pr começr seu semnáio no di 10/1 (lição n° 5) Lcnescreve no qudro Lachoe e diz Vou escrever e vocês não vão entender". Em

ncês , leitur deste escrito não se diferenci d su grfi hbitul la choe

Donde temos qui est crcterístic do liturterr o efeito de escrit permnecepreso à escrt o ser fonetizdo, desprece. Porque Lcn não escreve la ochoe por exemplo? A meu ver produção deste escrito l'achoe é o desfecho deum enciçd btlh com este significnte tão fundmentl pr psicnálise

que nos põe todos dinte d flt de um signicnte primordil: pr dizer A Cois,resto invisível e inudito e pr sempre lmejdo do primeiro encontro com o centodesejnte temos que nos contentr com plvr mis (in)significnte d línguquel que é tudo e nd o mesmo tempo. Lcn em A nstânci d Letr"bord este ponto.

Se ormos discer na inguagem a consiuião do oeto sópoderemos constatar que ela se enconra apenas no nvel doconceto em dierene de qualquer nominaivo e que a evidenemene ao se reduzr ao nome cindese no dupo raiodivergente o da causa e) em que ela enconrou arigo emnossa língua e o do nada (re) ao qual aandonou sua veselaina (re)

Há vários outros momentos dest relção com cois em Rdiofoni"A nturez ds coiss é nturez ds plvrs". Aqui no semináo 8 produz-seeste escrito A respost à pergunt cim pergunt tmbém equentemente dirgidos poets concretos é seguinte: no escrito l achoe se presentificm,simultnemente s dus cepções d plvr: que design o objeto qulquer e

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A RÁTCA DA LETRA

que designa o objeto não-existente. Em cada apresentação de l'achoe, tudo isto se

presenti caeamos agora um poema de ee. cummings Augusto de Campos

considera que ao lado de Pound e Joyce, ee cummings leva a consequências

profundas a insurreição contra a desgastada arquitetura da versicação tradicionalndicada por Mallarmé. Em ambos, a grafa se faz função. Poesia visual poesiaespacial poesia tipográca Em Mallarmé

o uso de dieenes ipos de impessão e das gandes inersecçõesdo ranco na ola em como a posição d linas na páginavisam a ca uma esuura que anscende a vesiicação linearcolocando o poema em nova dimensão pecepiva

Augusto de Campos cita Aimé Patri que observa a relação espaçotempoque apontamos acima no escrito de acan

A uilização de página dupla e dos dienes corpos ipogácospeme ao poema o manesase no espaço em ugar dedesenvolverse no empo sem que o dinamismo póprio desesea em nada aalado o ao e o axo a drea e a esqueda omnúsculo e o copuleno a ea e a curva se susiuem aoanes e ao depois o empo é inegado aospaço

e e cummings vai atuar diretamente sobre a palavra azendo do poema umobjeto sensvel quase palpável Aqui está o poema em tipografia e tradução deAugusto de Campos publicado na edição bilingue 40 poema

(

1

( 3)

-ude B

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UMA VOTA AO IDEOGRAMA

Remeo o leor aos sus comenáros de Auguso de Campos queacompanham o poema. Gosara apenas de desacar que, como Lacan quer em sua

denção de luraea, a lgação enre a soldão e a folha cando permanece presa aoexo nfonezável mas fazendo falar.

Para nalzar, rago o belíssmo poema de Auguso de Campos, O Pulsar edexo ao leor ouvr sua pulsação (presença ausênca) concrea

* • * •*  V · C * S T d A

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OGRAFA E REFERÊNAS fOGRÁFAS:

Agradecmeno a Angela Andrade e Beh Freas pela nerlocução.2 Pscanalsa, Escola Lera Freudana POUND Ezra.Poesa radução de Auguso e Haroldo de Campos e al, Brasíla

E Hucec 98.

4. FENOLLOSA E. Os caceres da esca chnesa como nsrumeno para apoesa" n Ideograma org H de Campos, S. , Edusp 986 pag 09

5 . LACAN . Luraea lção n (25/7 ) do semnáro n° 8 De um dscursoque não sera do semblane nédo

6 MNER, .C. A obra lara Ro orge Zahar Ed., 9967. ROUDNESCO E Jaques Laan Esboo de uma v hsra de um ssema de

pensameno SP. Companha das Leras, 994.

8 BOONS, MareClare. Du oral au léra" n Loral, Pars, École Lacanenne

de Pschanase n�5 988, pag.87-95.9. Groupe Franco-aponas du Champ Freuden an e la hose JaponaseAnalca, Navarn Édeur 988 .

BOONS Mare-Clare Du loral au éral" op.c

. DERRIDA, La scne de l écrure" Lrure e la derne Pons EDu Seul, 967

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A RÁTCA DA ETRA

2 ACAN A insância da era" inEsritos Ro orge Zahar Edor 1 981 iuraea" opci

14 .   O Seminário liv 20 Mas Ainda Rio orge Zahar Edior 990

15 Sobre a eoria do simbolismo de ones" in Esrtos, Rio Jorge Zahar

Edior 1998 pag 2216 FRIER Hstoire de L rture, Pars Ediions Pao & Rivage 19951 RITO O conceio de lera em acan nesa publicação1 8 FREUD S A inerpreação dos sonhos" in Obras Completas, vol Rio de

Janeiro mago 1 94 pag 99 Inibições Sinomas e Angúsias in Obras Completas, volX Rio

de aneiro Imago 194 pag 020 APPEREAU ean-Michel Noeud, Paris Topologie en Exension 1 992 POUND E Poesia rad de Aguso Haroldo de Campos e Brasilia Ed

Hciec 198 pág 4422 Poesia, opci pág 92 ACAN J O Seminário livro 2 O eu na teoria de Freud e na tnia

psianalítia, Rio orge Zahar Ed 1 99524 CAMPOS H () deograma, idem25 AKOBSON R inguísica e Poéica in Linguístia e Comuniao, SP

Culx 526 ACAN A Insância da ea in Esrtos, Rio Jorge Zahar Edior 998 2 CNG François A linguagem poéica chinesa in

Ideograma,opci

28 CAMPOS H Ideograma, opci29 O poema é Despedindose de um amigo de Rihaku

Mones azus ao ne das murahasRio branco seenteando em too deesÉ aqui que devemos separarnosE prossegur por mhes e mihas de éguasDe capim morto.

A mene é ampa nuvem uuaneO crepúscuo é a despedida de velh amizadesCuadas sobre mos dadas na distnciaNossos cavaos rincham um ao ouro,

enquanto nos separamos

0 YU-KUANG Chu Ineração enre linguagem e pensameno em chinês inIdeograma, opci

1 ACAN J A Insância da era in Esrtos, opci

32. Radiofonia. Recife, Centro de Estudos Freudianos do Recife. e e cummings40poemas rad Auguso de Campos SP Brasiliense 2 ed

19864 CAMPOS A 40poemas opci5 vavaa S P Ed Brasiliense 1 986

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Ente gozo e sabe

- Feud: o tabalho decifa

Maa Cstna Fa z CohoSuzana Rocha Nascmnto

A desoberta freudiana do inonsiente, ao efetivar uma ruptura no ampodo saber, inaugura uma via paa se estabeleer novas atiulações entre o sueito e

a estrutura da linguagem Pensar o sueito enquanto efeito de linguagem onduz opsianalista ao dever étio de inteogar-se sobre a função da fala e do esrito napsianálise e na sua práta

Interpretando a fala de suas paientes, Freud fez do deseo o elementohave para expliar a ausa do funionamento do inonsiente e o ponto primordialpara orentar-se em relação ao tratamento Laan por sua vez, extraindo do texto deFreud a noção do gozo e problematizando a noção do saber, situa estes termosomo fundamentais para o disurso analítio A direção da ura sustentase em umalógia que supõe uma modiação da relação do sueito tanto ao saber quanto aogozo, o que vem a ter onsequênias na posição do sueito frente ao deseo

No deorrer das suas formulações teórias Freud apresenta modelos eesquemas para demonstrar a origem e o modo de operar do aparelho psíquio Umanterpretação das Afasias, Carta 52" Proeto para uma Psiologia Científiaapítulo II de A Interpretação dos Sonhos, Uma Nota Sobre o Bloo Mágio,e, por m, "O Eu e o Isso - uma série que não india nem equivalênia nem sentidode progresso, mas um esforço lógio inessante para formalizar um aparelhoengendado a patr do enontro traumátio do sueito falante om o ampo da

inguagemApresentando o aparelho psíquio omo um sistema de insrições Freud

intoduz na psianálise a ordem da esritura Prosseguindo o aminho inauguradopor ele Laan dene o inonsiente enquanto esuuado como uma linguagem earma, em 197, que

pt d ent e ue se ue há c dize deis viv u de is t n inue, se et é

unicene pi d ue tes cess e 2

Como pensar a função da esrita na prátia psianalítia, experiênia queoorre fundamentalmente através da faa?

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A PRÁTICA DA LTRA

A nossa proposta é estabelecer correlatos ene o trabalho engendradopelo aparelho psíquco tal como o apresentado por Freud e retomado por acan e o trabalho que se eetva em uma análse

Para construr a hpótese do aparelho psíquco Freud undamentase na

nscrção de traços dervados da percepção como causa prmera da ordenação daesttura e de sua dvsão em sstemas derencados O nconscente sstema dememóra onde os traços se conservam de orma permanente desde aí tem comosuporte a dmensão da escrta

O trabalho do aparelho está submetdo a uma temporaldade própraearranjos e reanscrções são os termos usados na Carta 2, para desgnar oeeto do deslocamento constante que estabelece novas relações ene os aços dememóra e entre os derentes sstemas a dsbução econômca do quanum deenerga é determnada pela catexa ou ocupação (besetzung) que aclta ou mpedeestas relações

Um outro vés no qual Freud se apoa para pensar o modo de unconar doaparelho presente desde o Entwuem 1 895, é a busca ncessante de reencontrocom o obeto da satsação prmera obeto perddo ora de qualquer smbolzaçãompossível portanto de ser reencontrado O prncpo do prazer na sua unção deregulador opera azendo barrera a essa tendênca que nem por sso dexa de nsstrorçando a busca da satsação Em Além do prncípo do prazer" 90 vráesclarecer que a compulsão à repetção é uma tentatva do aparelho para nscrever

o que é da ordem do traumátco, da energa não lgada resto a mais Na teoralacanana, em outro nível de ormalzação, sso que transborda é o gozo - que nãocessa de não se escrever

Enatizando o valor do abalho Freud destaca também os eetos de perdase ganhos que se produzem nesta operação Tratase de um trabalho que temconsequêncas na relação do sueto ao saber, sea na mpossbldade de acesso àmpressões e lembranças que soreram a ação do recalque Uma alha na tradução sso é o que se conhece clncamente como recalcamento" sea na transormaçãoem outros modos de expressão o conteúdo do sonho é como uma transcrçãodos pensamentos onírcos em outro modo de expressão cujos caracteres e lessntátcas é nossa tarea descobrr"

ara ormalzar as les que regem o nconscente Freud analsa e estuda ossonhos os lapsos e os chstes ormações que demonstram a sua estrutura porserem decráves Ao colocá-las numa certa equvalênca enquanto atos delnguagem ao sonho é dado um valor prvlegado: a va réga para o nconscente

Aqu nos reportamos ao sonho de rma que não se esgota no seu valornaugura de engma decrado no momento orgnal em que nasce a sua douna O

que Freud se deonta na magem aterradora da garganta passa pela vsão normeda ce: o horror da castração a morte este algo dante do qual as palavrasestancam e todas as categoras acassam" É nesse ponto que Freud evoca o quemergulha no desconhecdo e o denomna umbgo do sonho A produção onírcaculmna na escrtura da órmula da metlamna ponto desgnado pelo e az

A O

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ENTRE GOZO E SABER FREUD O TRABALHO DE-CFRAR

erar em ogo leras que, deedeemee de seu sedo - ressdo aomagáro - em s ão querem der ada

Na medda em que desveda uma esruura de saber róa ao coscee um saber que se ordea em oo do sexual - ele areede ambém um oo de

fracasso, de furo ode o saber ecala o coscee ão ode dar coa dadfereça ere os sexos O comlexo de casração assa a ser cosderado umoerador decsvo ara se esar a cosução do sueo Para Laca raase deum oo de fala a escrura, que se aresea como uma mossbldade deescrever a relação sexual.

Decameo e cameo, oerações que mlcam o sueo e o saber, ãoodem ser esadas soladamee. O coscee ão se redu a um coeúdo que"á esá lá, àesera de ser descobero. O coscee oera o cframeo, rabalo

de cosrução, aa crcuscrever o buraco do ão sabdo, o furo róroà

esruura.Não odemos dexar de os referr que é eado ecorar méodos dedecframeo ara dar coa dos os efeos da codesação, do deslocameo e dagurabldade que Freud avaça. dca que o coeúdo orco é dado em umaescrura fgurava um egma cuos sgos devem ser asosos um a um, araa lguagem do esameo Na medda em que escua o soo como um saberexual, as mages vão sedo omadas elo seu valor sgfcae e ão elo seuvalor córco erreado o soo como um rébus, rodu a dmesão daleura e rogressvamee va além da oção do rabalo de radução, recorredo a

ouos ssemas, como o eróglfo e o deograma cês. É faedo da escua umao de leura que oa ossível o surgmeo de equívocos e a emergêca deovos sedos aavés da omofoa.

Em 1971 o semáo "De um dscurso que ão sera do semblae, Lacacomea " . . . sea o que for que Freud demosre do coscee ão é amas seãomaéra de lguagem. Nese momeo de cosrução eórca, o seu eresse ãose resrge à esruura da lguagem como lógca reguladora do fucoameo docoscee. É quado aceua a morâca de esabelecer relações ere alguagem e o escro, camo ode á ava rasado aerormee e ao qualreoa ara romover a dferecação ee o sgcae e a era o que m�lcaambém em eseccar a ção da lera. Na lção de 12 de mao de 1971 (uraerra),arma: "Ere o goo e o saber a lera fara loral e roõe esar a lera equaoo que fa a borda do buraco o saber Em seguda, laça a quesão: como ocoscee, equao efeo de lguagem, comada essa fução da lea?

Em Radofoa, quado á ava desacado saber e goo como ermosfudameas aa a elaboração dos quaro dscursos, odemos faer um ercursoaraexrar dal uma oura quesão como faer assar algo de goo ao coscee?

Nese exo, aravessado ela oção do goo, aca reoma os modos dsos dearculação sgcae (combação e subsução) ara rossegur a sua reflexãosobre o eodameo ee real e smbólco, ossblado uma leura oseror de"A sâca da lera o coscee. Al, a lera omada a sua veree smbólca,aarece como suore do sgcae esreamee lgados, se cofudemAresea a fução da meáfora a ersecva dos efeos de sedo/ão sedo

O

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A RÁCA A ETRA

e situa a metonímia como a operação de deslocamento que transere um alor queaz passar o gozo ao inconsciente, à contabilidade".

Estas questões nos remetem a interrogar sobre as suas consequências naclínica, acrescentado como se opera, a partir do signiicante e da letra, uma

modiicação na economia do gozo?O trabalho de ciramento do inconsciente pode ser pensado enquanto

operado pela letra. Implica eeito de sentido e eeito de borda. A borda por um lado

exclui, circunscreendo um azio onde não há saber e que indica o lugar de ondemerge o sujeito e ao mesmo tempo autoriza, possibiltando a construção de umsaber.

eando em conta a temporalidade própria da releitura de um texto, aremosum recorte na clínica de Freud para tomar como agmento dois sonhos do Homemdos obos

acan situa este momento como decisio na experiência clínica de Freud.Aí ele se deonta com o que é da ordem do real e não recua; até acossa o Homemdos obos na sua pesqusa Ao interogar-se sobre a unção do trauma que seapresenta como um núcleo inassimiláel Freud se detém para inestgar o queresta deste encontro primeiro a patir do qual se ordena a resposta antasmática.

Destacamos, paticularmente aqui, as articulações estabelecidas por Freud

ente o sonho dos lobos, ocorido aos quatro anos de idade e os eeitos do tabalhorealizado na anserência.

Neste conhecido sonho, tata-se da aparição súbita, para além de uma

janela que se abre, de lobos, empoleirados em uma grande aore, olhando xamenteNo percurso do abalho analítico Freud situa três temposCom um ano e meio, o primeiro tempo, quando o menino se depara com uma

impressão vso fascnante à qual ca capturado em posição de apassiamentoprmordial se siuara a cunhagem rgung do eento aumáco originatio."

No segundo tempo, a angústia se presentica, eeito do eento marcanteque ez a criança despertar apaorada, sonho cuja recordação se produz sobanserencia.

No inteao ene a cena pimáia e tal angústia, podemos pontuar algunselementos que se prestam a azer enlace entre estes dois tempos o domínio dapalara e o acesso a um mundo simbólico cada ez mais organizado, a emergênciada ase álica e o cononto do sujeito com a casação. A experiência da análisepermite inerir que a cena primitia age a posteror adqurindo reoatiamente

alor traumático. A cunhagem, já não mais restrita ao imaginário, ressurgearticulando-se à dialética simbólica O sonho é indicador de uma tentatia detranscção, em dierentes regisos, de algo ateador e indizíel. O tabalho onírico,azendo uso de signicantes inscritos no interalo ene os dois tempos, ai operando

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ENTRE GOZO E SBER FRED: O TRBLHO DECR

com engmas que as pesqusas da crança vnham se ocupando: a ogem dos bebês

a derença ene os sexos o órgão sexual emnno.E tercero tempo décadas depos no tabalho analítco há a produção de

um texto o sujeto coloca em palavras o que até então estava ora de representação

o que ora vvdo traumatcamente e transposto em orma guratva no sonho.Tomando o sonho como um texto cado Freud no lugar de suposção de

saber promove o trabalho de decramento ao tempo em que se deronta com olmte da rememoração. As vvêncas mas precoces da nânca já não sãoabordáves como tal e sm a partr de construções em análse. A questão não seredu à cronologa nem à veracdade dos atos. O essencal é como o analsantepode vercar essa cena por seus sntomas, ormulandoa em termos desgncantes Algo da constução do antasma va se consttundo pela va docramento de um saber. O sonho trata do desejo do conronto do sujeto com o

que é da ordem do sexual O trabalho em análse busca consttur uma borda: estáem jogo a unção de aer uma passagem do que é da ordem do goo para que algopossa se escrever no campo do Outro.

No percurso da construção decantamse sgncantes prvlegados aosquas Freud recorre para condur a análse de Serge Pankje. É a patr da escrta desua experênca clínca que nos dá a conhecer a orma sngular como escuta eapreende os eetos do dscurso onde as letras também vão se destacando

O algarsmo romano que marca a hora do relógo Na nânca e até a

época do tratamento nestas horas sobrevnha a depressão; hora da supostaobservação do coto dos pas; no desenho do sonho cnco lobos

O sgno do abrr e echar das asas da borboleta de lstras amarelas quedesencadea uma oba Traço assocado às pernas abertas da mulher

v5 1

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A PRÁTICA DA ETRA

Grusha, em russo pêra com lisas amaelas É o nome da ama presene emuma cena que se inscreveu como cenal na hisória do sujeio: ajoelhada de quaro(associada à posura da mãe na cena primára) numa imagem que fez o menino de

dois anos e meio, exciado molharse de una. Grusha responde a isso com uma

ameaça de casração.Ese signo V esá ambém presene na posição do copo das camponesas

como condição de uma aração sinoma compulsivo.A lera M de Maona (paa Freud, nome que carega uma auréola maeal).

E ambém as orelhas dos lobos

/

A lera W como duplo V lera inicial do nome do professor de lam Wolobo) lera nicial de Wespe (vespa).

espe - wespe -yPe

São signicanes que se aiculam numa nova produção onírca agora nocurso da análise. O inconsciene abalha fazendo uso dosavorare co m a lngua,produzindo uma esca

Traa-se de um sonho relaado em uma única e cura ase, um homem

arrancando as asas de uma espe Associa ao inseo com lisas amareas que dá umapicada e à grusha a pêra de lisras amarelas Wespe" inervém o analisa PaaFreud umawespe muilada casrada em seu W inicia Espe enão sou eu mesmoS P. (iniciais de seu nome própro)

Nesse ciframeno persise a mesma forma gráca, simples () ou redobrada(duplo V W) Quando Freud acrescena o W ao signicane espe a inervenção não

se deém no campo da signicação va além do signifcado ou de vespa ou de pêra.De uma cera forma ca colocada em quesão a dimensão do senido reduzindoseao elemeno mas radical a lera.

V-MWSPeeSPe-

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ENTRE GOZO E SABER EU O TRABAHO ECFRAR

Podemos pensar que o V, enquanto algarismo romano é da ordem do senido.O V, enquanto signo e enquanto lea é tomado mas além de suporte do signicantepossibilitando a operação metonmica na sua função de inscrever gozo. É nodeslocamento de vespa listrada à pêra listrada no deslizamento sucessivo do às

asas listradas da borboleta às pernas abertas de mulheres ao W ausente que ametonímia opera no metabolismo do gozo. Faz passar algo de gozo ao inconscientepassagem que se dá em ato estabelecendo como valor o que se transfere. O trabalhose faz circunscrevendo uma borda. Essa borda é da ordem do nonsens A hora dosentido o ora de sentido.

É na perspectiva de constituir uma espécie de dobradiça entre teoriapsicanalítica (o modo como o inconsciente opera) e a prática (percurso de umaanálise) que se buscou apresentar um fragmento clínico visando como efeito umaarticulação entre intensão e extensão

Aqui se estabelece uma dupla vertente assim como a direção de umtratameno aponta no sentido de uma modificação na economia de gozo do sujeitoo trabalho relativo a um caso clínico pode implicar em uma perda de gozo pela via doescrito

O caso do Homem do Lobos que como constata Lacan tem para nós umcaráter nesgotável porque trata essencialmente de ponta a ponta da relação doantasma com o real é um legado de Freud que nos possibilitou através defragmentos abordar questões que se impõem como fundamentais. Questões que

remetem a uma clínica que se sustenta no ato analítico operando com o corte como limite onde o real toca o simbólico.O primeiro sonho pode-se considerar com relaivo a um paradigma quanto

ao trabalho de articulação de signifcantes na sua função de produzir equívocosComo resultado a ordenação e construção de um saber colocando palavras no quepara o sujeito se apresentava como algo da ordem do indizível invenção de umsaber originalmente submetido ao domínio fálico mas que não se detém nasignificação indicando também o efeito de sentido Efeito que a análise buscarelativo ao real que vai na direção do nonsens

O segundo sonho por sua vez nos remete ao efeito radical da decantaçãodo sentido operado em uma análise. A emergência da letra fora da consistênciaimaginára enquanto resto que ca além de qualquer sentdo desvelando que nãohá nem saber nem gozo no campo do Outro

REFERÊNAS OGRÁFAS:

I . Psicanalistas Salvador BA2 LACAN J. La tercera in Interenones y textos 2 Buenos Aires Manatinal

199 pág 106

FRE S Carta 52 in Obras Completas Rio mago Ed 1 969 vol I pág. 19 4 A interpretação dos sonhos in Obas Completas Rio Imago Ed.

969, vol V pág 295

5 3

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A RÁTCA DA LETRA

5 LACAN J. O Seminário Liro Dois O eu na teoria de Freud e tcnica psicanáise Rio, J Zaha Edito, 1998 pág 09.

6 D un discours qui ne serait pas du semblant. Inédito. Lição 10/021 . Idem Lição 1/051

8 . Radiophonie in Sciicet2/É

ditions du Seuil Paris 1 90 pág. 29 . O Seminário Liro m Os escritos tcnicos de Freud Rio, ZaharEditor, 1983 pág.220.

10 FREUD, S . Uma neurose infantil" in Obras Competas, Ro, mago Ed, 1969vol pág 1 19.

1 1 LACAN, J. A angústia. Inédito Lição 1 9/2/62

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Enodamento entre letra e lugar?

Aoia Soulez Tuão Paloma da/

Falta ao título do meu trabalho a palavra eslo Surgiu em Freud algo omoum estilo projetivo de modelização do sujeito do qual Lacan seduzidoprimeiramente pelos recursos da lógica teve de se afastar ainda que para retomálopor ouras vias, em especial, no fm da vida a da auto-mosação no quadro daesutura enquanto real. No entanto, não podemos compreender o estilo projetivosem lembrar os momentos da história epistemológica do pensamento do modeloque os cientistas acreditaam aplicar àrealidade. Pois sobre o padrão de modelizaçãonas ciências físicas em particula que se erigiu mais tarde o projeto de reorientar paaa realidade psíquica um mtodo similar. Chegou o momento, então, de nos determosem algumas particularidades de seu uso em Freud e Lacan, paticularidades cujoaspecto problemático revelado de saída pela metáfora freudiana da escriturapsíquica. Tentarei compreender a partir daí qual foi a necessidade interna de uma

modelização, levada alm da simbolização lógica à bifurcação da lógicamatemáticae da guração topológica, a que obedeceu o encaminhamento lacaniano. Poderseia resumir tudo isso na questão enodamento entre lera e lugar?

Experimentando, de fato, a necessidade de recorrer a operações deansormações que não se dão sem regras e pressupõem certos suportes, Lacan fazapelo a ein, pois este foi o prmeiro a foecer com sua teora dos grupos, umametáfora do reviramento da consciência Daí a idia de que um modelo topológicoseria certamente mais eloqüente do que um símbolo ou um cáculo • Por maiseloqüente preciso certamente compreender como o que age mais pela fala, depreferência ao discurso.

Foa da ntção: odez não é esqeatz no sentdo kantano

Olhando para rás aprendemos que a noção de ansformações projetivasremonta a Desagues. Gilles Granger, que o apresentara na sua Phlosophe du sle volta a falar do mtodo arguesiano em Pou la connassance phlosophque Ali elemostra em particular que

1 fica claro , atendose a Des argues , que mod eli zar não esquematiza no sentido kantiano

a operação geomtrca está centrada numa correlação, da qual trata-

se de mosra a estrutura de co-variância, tal como posta em ação por uma formanão kantiana de imaginação espacial. De fato, em certo sentido assiste-se aqui auma coextensividade da síntese ao engendramento do sintetizado, diz G. Granger,

C

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A PRÁTICA DA ETRA

inspirando-se numa fórmula de Caaills cujas transformações geométricas eapenas elas podem exibir a estrutura de ato independentemente das propriedadesdas formas espaciais

ssa fórmula com as expressões síntese" e sintetizado" no implica um

reorno a Kant. Contrariamente à síntese kantiana o dado" é dado no ato desíntese e no antes Sublina-se aqui que na medida em que o método de consuçoproduz também seu objeto é necessário um procedimento que coloque em eidênciaa relaço geratia do ato ao sentido ato" e sentido" dependendo para Caaillscomo se sabe do registro paradigmático da atualizaço" a ser distinguido segundoele da tematizaço" .

Deemos ter em mente essa estrutura de coextensiidade mesmo que apreocupaço de Caaills no tena relaço direta com a questo lacaniana É de

fato o objeto (como Sahverhalt) que interessa a Caaills para quem a ciência éum sistema de sentido das relações de objetos" e no o sujeito É preciso assinalarque estndo o sujeito" para ele associado à subjetiidade transcendental" deHusserl uma lógica subjetia" pareciale equiocada pois dizia que nenumaconsciência é testemuna da produço de seu conteúdo atraés de um ato" noá portanto) uma consciência geradora de seus produtos mas ela é a cada ez noimediato da idéia perdida nela e perdendose com ela . "

ratandose da relaço do ato e do sentido á no entanto um ponto emcomum entre Caaills e Lacan o temor de que numa aproximaço formalista da

sintaxe essa relaço se apague em nome de um formalismo mal compreendido. Poiso signo no é um objeto do mundo . ele aponta para os atos que o utilizam"; ele éescree Caaills interior" a eles No é possíel portanto destacálo delescontrariamente ao que uma losofia da sintaxe como a de Caap supõe fazer. Que alógica tiesse acreditado ser possíel operar à distância dessa esutura do ato nasua incapacidade de retomar seu moimento é uma iluso que Lacan lamenta à suamaneira inte anos mais tarde.

"Modelz o que não se pode ve

Na orgem da idéia de modelo" encontra-se essa fórmula bem conecidasalar os fenômenos" que deu o título à obra de Pierre Duem. fonte dela éSimplício no comentário de Aristóteles. Diante do caráter aparentemente irregulardos moimentos dos corpos celestes é possíel consuir um sistema de ipótesesgeométricas em-se ento um modelo pelo qual substituindo pelos moimentosuniformes e circulares os que so obserados e que resistem à explicaço torna-sepossíel explicar estes últimos pelos primeiros. Com essa construço imaginatiade um analogon de caráter matemático ou físico é possíel correlacionar o que édifícil de compreender nos fenômenos com as conseqências que podem ser tiradaslogicamente da estrutura do analogon

Girard Desargues ( 1591166 ) engeneiro arquiteto de Lyon acena para apossibilidade de tomar uma pela outra expressões ligadas paradigmaticamente porsua possibilidade de substituiço ertical" para produzir esquemas de tratamento

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ENODAMENTO ENTRE LETRA E LAR?

do rciocínio, de prefernci o modelo lgorímico do penmenodemonrivo privilegido por Decre• Obém-e im um lingugem nov

pr formulr um experinci ricio do epço como eemunh eu Brouilonproec.." Decre não poupou zombri o neologimo

Lembremo que Lcn mencion Dergue epeclmene em L éourdi",qundo opologi á inh ido inroduzd no Semnário obre idencção"A novidde não é omene ubiuir relidde por u repreenção,

m rvé de ubição cri um écnic pr o eudo do infnio que nofç ir do âmbio d repreenção cláic, empre em fl em relção o quedeve er repreendo Em vez de rr d relção de um obeo d relidde de rdimenõe, com um imgem de du dimenõe, como fzim o pnoe(perpecivimo), Dergue procur formulr relção enre du imgendedu dimenõe O procedimeno é imple conie em proer um imgem obre

our omndo como cenro d proeção o pono de vi do pinor prir doqul du imgen ão equivlene (produzem mem impreão). Prlelque e enconrm no innio podem im, rvé dee procedimeno ornrviível eu pono de inereção como proedo num pono obre um linh onde eenconrm u imgen no memo plno que e linh. O ininio gnh m umenido É o pono for d linh" do L'éourdi". Grç à proeção, imgende prlel no innio não ão plel O modelo obido ervem impr eudr rnformçõe do plno onde e enconrm o obeoindependenemene dele, não prr d propredde do prprio obeo, m prr d do plno, includ n eori A déi de um écnic proeiv quepreerve invriânci d propredde de um gur erá um pono de prid pr mplição do conceo de rnformçõe geoméric é o modelo de BelrmiKlein Não me eendere obre ee úlimo, cuo ineree é epeclmene o de nopermir, rvé dpojeo de um lingugem (id como inern) num our (idcomo exe), viulizr o mundo nãoeuclidino que não podemo ver, de formque e geomeri nãoeuclidin foe inconiene o memo ocorreri com geomeri euclidin A invriânci por proeção medee lgebricmene por

frmul que ubuçõe de vrávei n nformçõe deixm imuávei Enm,com ee ipo de modelo", é povel modelizr o que não e pode ver o memoempo proeiv e lgebricmene e io num epço bro cuo elemeno ãopono e não mi no epço inuiivo e não conruído d coi concre e deu propredde• Ao memo empo, é dimenão de o que i vioio doperção bem ucedd d proeção efeiv por u prgmáic" d conrução,longe do obeivo unicmene demonrivo Não deve no urpreender porno,que no no 70, qundo ev à vol com um lgic modl", Lcn enholhdo n direção d opologi e de um méric lgebrizd.

M . foz e não r

Um modelo", no enido rdicionl dede Plão é quilo que érepreendo. Ele deign função prooípic do prdigm originl prir doqul co nuri ou rificii ão vld como imgen imperfei A

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A RÁTICA A LETRA

relaço entre representante e representado ainda é concebida aí como assimétrica.Sem essa assimeia (só a cópia se parece com o modelo, a exemplaridade do modeloé impensável.

Aqui a imagem, ou melhor, o que cumpre essa funço, é ao mesmo tempo

modelo. Ela representa um estado de coisas, do qual somente a estrutura écognoscível O conhecimento de um fato no é portanto direto, mas mediatizadopela confecço de um modelo, o qual é um representante esutural e no mais umrepresentado Na medida em que no há hoje campo da ciência que possa tratardiretamente dos atos, o caráter mediador entre teoria e real torna o modelo umprocedimento indispensável ao conhecimento.

Mas ou menos matematizados segundo os campos conceidos, os modelosse oferecem em relaço ao que eles modelizam como representações cuja forma é

projetada com a ajuda de relações funcionais (relações de ordem entre elementosEntre o real e esse universo, a funço modelizadora é intercambiável. Cada um é umconjunto de elementos susceptível de servir de modelo para o ouo. Essa assimilaçoda imagem e do modelo põe m à questo de saber em que consiste o que érepresentado, sua natureza. Nesse sentido, ela no vem de um lugar qualquer Suafonte é cientíca. Epistemologicamente falando, em todo caso, um modelo é umalinuagem de interpretaço mas ou menos formalizada

A abordagem wittgensteiniana é um exemplo de aplicaço do modelo comolinguagem funcional para conhecer a estrutura da realidade (no sentido físico. O

que faz com que o modelo seja um ícone de seu original" corresponde ao que osmatemáticos caracterizam pela relaço de isomorsmo" ou correspondência bunívoca entre elementos de um sistema ao outro. Esse ponto é importante senotos que na fórmula o inconsciente é esuturado como uma linguagem" é naisomora ao discurso" que Lacan está pensando.

No Taus onde Wittgenstein colhe o fruto de um procedimento quese impôs primeiramente nas ciências físicas, no haveria representaço" de fatossem essa relaço, no sentido técnico de um padro estrutural de traços, comum aomodelo e ao que é modelizado. O método se pretende estrutura e, desse modo antihermenêutico Para explicar o que é preciso compreender por mesma multiplcidadelógica" expresso matemática, Wittgenstein remete aos modelos dinâmicos de H.Herz (Prnpes de la Manque 1 894), a saber, na mecânica, os Shenblder ousímboos que formamos para conhecer objetos exteos"• Essa fórmula, que eleretoma quase literalmente, é estendida à relaço de Bld da linguagem do mundoEm Hertz, a fecundidade de tais imagens" diz respeito ao caráter antecipatóriodessas apresentações por símbolos que também faz delas experiências depensamentos tendo valor de hipóteses O acordo entre o Entendimento e a natureza

pode ser comparado ao acordo ene dois sistemas que so modelos um para oouo", dizia Hertz Do mesmo modo, para Wittgenstein, dizemos que uma linguagemmodeliza o mundo se uma proposiço conta com tantos constituintes distintosquanto os que há no estado de coisas representado• É isso que se espera ento dalógica, na medida em que se supõe que ela se aplica ao real sso também no éesquecido por Lacan que, nos anos 60 se volta para os lógicos, ainda que esteja

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ENODAMENO ENRE ERA E UGAR

pnando num ral difrnt do fíico É mmo prncípio qu Hlmholzchamava d parallimo da lgalidad.

Somnt um método comprndido como contrução d igno na uarlação projtiva com o mundo abbildende Beziehung, pod dar conta do fato

d qu a poibilidad da rprntação lógica tá contida na lógica darprnação. Um itma d igno digno d nom mora io El motraa rlação inta do ato projtivo com o imbolimo qu d rulta. Um métodod projção no dota diz ittgntin d rgra de taduo comparávi quprojtam uma infonia na linguagm d uma notação muical • Sm paar plaaplicação funcional (Abbildung) não há conhcimnto poívl ao mno concordarmo m dni-lo como uma rlação d trutura não ma como umaintuição dirta d contúdo (Anshaaulihkeit

É muito important comprndr qu trata d funcionalizar a aplicaçãoda ralidad obr a linguagm m opoição a uma rlação xpriva da razão como mundo

Não xclui qu a buca lacaniana d um método d figuração doinconint dva r comprndida n ntido pitmológico Ao mno mfunção d ua rrva quanto ao lugar da intuição pura antana ua antihrmnêutica não há comprnão dirta d contúdo) podmo no arricar adizr qu acan atém gosso modo ao pírito agora adquirido da abordagmcintífica do uo d modlo ainda qu ao mmo tmpo l xprimnt a

ncidad d afatar do fico por caua da concpção qu têm da ralidadComo lmbra o célbr artigo d Boltzmann publicado m 903 na

Enyclopaedia Bitannia o modlo vai do diário íntmo m rlação mmóra damaqut d arquitto ou mapa d gógrafo outro modlo rduzido a itma d mtáfora cintíca cuja invnção dizia Maxwll é o trabalhocriador do cintita Ma a mtáfora qu ão também hipót têm mpro carátr apna convncional d nunciado cujo valor modlizant tá no tmpod ua utilização El rvm d cala d mdida (Massstab) qu cola com aralidad indpndntmnt d ua propridad intrínca. Um modlo é ntão

parcial por aim dizr dcartávl. Em todo cao l não é jamai xcluivo Éimportant também paar d um modlo a ouo. Ea paagm qu implicamudança faz part do proco d modlização.

Notmo a rpito qu a imaginarização m atividad na montagmd tai modlo ao prvalcr obr a vrificabilidad da hipót qu lutntam pod também tr duzido acan Talvz mai conidrávl ainda ja ointr d um método qu ua igno afatado da coia mma Rompndocom a tradição mtafíica d um conhcimnto por intuição (Anshauligkeit) a

aprntação por ímbolo qu noo lógico ittgntin a partir d Rul dpoi Cap a partir d ittgntin quiram tndr para a ralidad tmcom fito a vantagm d dixar a coia m i mma intata ou como diriaittgntin no ano 30 dixar a coia rm fórmula na qual dvmocomprndr o contrário d um convit da fnomnologia para ir à coia mmaHurl). Comprnd m todo cao qu m plno truturalimo na rança o

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A PRÁTICA DA ETRA

programa de uma escria lógica esendida a um cero real pudesse ineressar acannos anos 60 É claro que poseriormene, quando em 97 acan lança mão de umalógica que se invena para que isso passe para o real", raa-se ao mesmo empode uma resposa ao que os vienenses sonharam e de uma rupura com o princípio

egeanoleibniziano dos indiscerníveis (segundo o qual um signo a é idênico asi mesmo) sobre o qual repousa o cálculo por subsiuibilidade dos signos da lógicaal como era praicada enão pelos lógicos prossionais Isso indicaia no mínimouma reserva em relação aos poderes da redução lógica, uma reserva comparilhadaigualmene por Wigensein, segundo o qual, de ano reconsu, acaba-se perdendoo que há para se ver essa é a doença do maemáico", dizia erman Weyl em 9 9,quando em maéria de lógca, ele quer somene formalizar e nã o ver" Razão pelaqual acan buscava, de fao, uma lógica que se escrevesse mais do que se

calculasse•Para o acan de enão o que esá em ogo é fazer usiça à modalidadeerceira do real como coningência do enconro" no lugar de um impossível deescrever (= que não cessa de não se escrever), que a lógica de FregeRussel acassaem produzir, mas que inikka (do qual ele cia Models for modaliies") nos fazespera, se acrediamos na sua leiura do capíulo 9 do De nerpreaione deArisóeles.

Ora, percebe-se que no momeno em que, observando o impasse da lógicade Arisóeles diane da quesão do possível, acan reoma o primado da lera

em direção a um dizer logicamene inscriível", recorendo à proposição mais doque ao predicado, nesse mesmo momeno, ele elabora a esruura do rês comonó A manipulação lógica" do rês esá porano ligada à figuração opológica donó borromeano e a ouas formas de enelaçameno. Tudo se dá, enão, como seacan vesse necessidade, paa convocar o eveno dizer da proposição lógica,de uma fguração que fosse além do simbolismo, porque o simbolismo sozinho nãoé suciene para fazer com que não se vea a esuura, que não é aingível sem oreducionismo lógico.

ógica e opologi se cuzam, no pono nodal do valor erceiro do modal,na ransição de uma lógica de signos para uma guração manipulaória da esruurado real do inconsciene. Do modoês ao nó que se faz e se vê, sua supeposição éfecunda ou sinal de impasse? Se modelizar não é esquemazar, é preciso aposar nosucesso, independenemene da inuição, da ariculação de simbolismo e opologiaMas enão a quesão é saber como, pelo enodameno da lea com o lugar, chegar aoque a esuura reaáa à funcionalização exibe aos olhos

Ua "ógca etca pa eto supefícePercebese que acan, em busca de uma maneira de dar fora à esruura,

quesiona o esauo da psicanálise menos em relação às ciências humanas do queem relação ao que chamamos hoe de ciências exaas, em paricula a lógica e asmaemáicas. Muio curiosamene ele se preocupa pouco em siua a psicanáliseene as ciências humanas em nome de um criério de cienicidade mais ou menos

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ENODANTO ENTRE ETRA E LUGAR

bem admiido pois essas ciênci represenm a ideologia da supressão do sujeio"Nos anos 60 quando as ciêncis humans esão à procura de uma legiiidadecieníca ele levana uma quesão diferene da que assola os episemólogos dessasciências em busca de uma axiomaização nas ciências human" A obsevação no

nal Pensefomee et Sienes de Homme de Granger mosra a que uso daanálise esruural aspiravam as ciências humanas nessa mesma época e o quanocomparaivamene Lacan enconava-se sozinho

Deixa a áquina i soinha "? a via fasa da efoa

Mais próximo do problema da guração da esuura do que do aprelhopsíquico menos próximo do sueio Derrida por sua vez comena na cena da

escriura" a máquina meafórica do bloco mágico" Mas Lacan vê as coisas deoua forma pois ele é mas esruuralisa que deconsruivisa e prncipalmene aseus olhos a meáfora não deve arcar com odo o peso de uma eslização por guraPor essa razão que faz a univocidade do lieral passr à ene da meáfora é apráica manipulaória que prma se algo se exibe sem ambigüidade.

Elaborado por Freud em 925 iso é na anos depois da fábula neurológicado Pojeo, o modelo do Wundebok é aquilo sobre o qual Freud projea o ododo aprelho psquico" de uma maneira que deixa para rás odos os modelosmecânicos esados e abandonados aneriorene" como ele mesmo escreve a

Fliess. Com essas palavras Freud não poderia exprimir melhor sua vonade dedesacar seu uso do modelo de uma descição neurológica Noemos de passagemque Lacan faz do fanasma o moor do aparelho psquico" cujo produo dejeadoé o sujeio

No enano comena Derrida o que faz do modelo algo a mais do que umasimples descrção é que ele deve ser omado ao pé da lera" se quiseros desuálo compleamene Esse lieralismo" poderia passar por lacaniano. Mas é um erroDerrda fala aqui como exualisa".

De qualquer forma a lera logo se revela como não sendo apenas a lea. Obloco mágico se apresena como dois sisemas numa só máquina" em camadas delâinas sobre um supore de cera maeável olerando ao mesmo empo o apagamenoao descolar uma lâina inferior e a marcação do próprio supore. O que ele gurassim é enão mais um sisema de préinscriibilidade do que uma máquina deconservação do escro. São de fao as marcas do descolaeno momeno dorecalque que ele arquiva e não o escro. Pois a menos que fosse reamene mágicoo aparelho não saberia reproduzir o escrio apagado pelo descolameno.

Se esse disposiivo responde à quesão do Pojeo em que consise o

rilhameno" deixada m abero em 895, é nos fazendo descer um grau abaixo dopaamar do modelo energéico do Projeo a saber abandonando o regisro neuronalpelos suberrâneos das inscrções mas primivas para as quais não há código dedecifração. Nesse nível que a subsiuibilidade dos signos não ange reaáiaporano aos procedimenos de radução em símbolos o que é prmeiro é a esruurado inervalo mole onde só se inscreve o desconínuo uma esuura menos escrurária

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A PRÁICA DA LERA

do qu diasmáica, ond udo o qu cona são, condo a ês analogias Avulnabilidad do supo à incisão do buil, 2 O apagamno po dscoamno O mpo difnciado ou o aaso, do qual Dida xai sua famosa mao. Dssas ês analogias, pmiidas plos dois sismas numa máquina, a qu

coloca m ao a cia analogia é, sgundo Dida, a mais inssan, pois laaliza o qu ilusa, a sab, ssa funçãoaaso da podução Daí a impssãoilusóia d qu Fud podia dixa sua máquina i sozinha

Mas s l a dixass i sozinha a máquina, qu não é mágica, saia dosilhos Ela lvaia à ifcação da suua d spaçamno, à onologização doaaso, com o isco d nos usupa a dinâmica do pocsso d calqu É ss oisco qu s co omando a máfoa ao pé da la. Pois é difícil oma a máfoaao pé da la sm anima magicamn o bloco magia é a onipoência da la

Ainda assim, o limi do bloco mágico não é qu luga la sam mdsacodo, mas qu a síns do u sa a al pono pivilgiada qu aquilo d qué fio o ilhamno anda scapa ao modo, suado ali ond sava o sso sob oqual o u s fomou Po isso, á vmos a alidad psíquica sob o aspco dasíns do u, quando s aava, plo conáio, d capua sus aços d foma asiui ao u o qu sava calcado.

E dieção a esqeatiso pa sabe do insabdo (an a pi

de Fed)

O u é ans d mais nada um s copoal não apnas um s d supfíci,mas l pópio é a poção d uma supíci (Fud Não conn m lapassaos modlos mcânicos, Fud xpimnou pimiamn m 125 a ncssidadd modifica a concpção ilosófica da vida mnal ansfida, sgundo lapidamn dmais paa a psicanális. O bloco mágico é m pmio luga opoduo dss disanciamno m lação à losofa dos aamnos sicalisas do

apalho psíquico, como l xplica m Rsisências à psicanális ( 25Rsumindos na capua d uma suua inconscin paindo da consciência,uma al flosoa não podia pd ancipadamn a mafoização d uma alsuua m ao.

Mas não como faz paa mosa qu o mnal m si é inconscin,cuo conscin é somn supfíci ou agmno? Evidnciando o dngado uma qusão d dno d foa, spond Fud, qu ignoa a fonia n osubivo o obivo sob a qual á s gu a alfândga do u. Sia ncssáiospond viando as cosas paa os modlos qu alvz sam ncssaiamn

diuos. Não é anal d conas o limi d oda modlização s consuída numsado d vigília ou, como s diz, m plna consciência? Uma dimnsão do aofaia fala não. O sonho, m compnsação, vlaá smp mais do qu qualqu

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ENODAMENTO ENTRE LETRA E GAR?

pdut da especulaç teóca cúmplce da censa d eu stamente pque elepea na gnânca da peç

De at n se pde a mesm temp peta a esutua d ncnscentee tabalha a pat de um materal pulsnal t pac que é pvad nesse nível,

das egras de peç, sem se levad num dad mment a passa para lad dacausaldade cm a qual a estuta pemanece hetegênea, mas ent depaasecm at de que evament da cnscênca n é uncnamente epesentávelPara desaze engd da punddade da sedmentaç bem pesente anda nblc mágc de Feud estara abalhar cm as supeíces para cnsttu umalógca elástca que n sea apenas um g de letas, dz Lacan E á que anal decntas suet n pdea se clcad sb algtms, sgams, dz ele, atplgzaç esbçada p Feud n nal da Traueutung

Paa temnar, segue esse que cnduz de m lugar d ncnscente

anuncad p Feud (n nal de A ntepetaç ds snhs) a t de Lacancm aíc tplógc, para magna exemplamente uma ppedade esuuald set st é epesentar dz Lacan, a escanç das demandas epettvas dsuet

Tabaha co suces

Feud pecsu desdba sstema d apaelh psíquc em ds pcesss

epesentads cm duas egões para da cnta d ecalque n mesm mmentem que pensament ecalcad peneta à ça na cnscênca Às vltas cm dsmds de epesentaç cncrentes Feud nsste paa que n se cnclua apa d mdel tópc ma vedadea egnalzaç d enômen, nem tampuca caç de uma dem nva sbsttnd p smples taduç pensamentecalcad p déa cnscente À lcalzaç ns elements gâncs d sstemanevs devese pee aspect dnâmc e à déa de uma tanscç a estanevala ds pcesss psíqucs ntevnd, dz ele, ente eles (s elementsgâncs) Na ealdade, Fed smultaneamente apnta paa um mdel ótc emque a eaç smlaa a censua) e crge um mdel (tplógc vs dnâmc)pel ut, mas n abandna nenhm deles

Ntems a cncmtânca supeendente ente a mudança de deç deque alávams levand Feud a aze d ncnscente nd de tda vda psíqca a nvés de supeestma cm ele dz a cnscênca e a epesentaç achatadads ds cículs nscts guand cnscente n nte d ncnscente, quebvamente deve se dstngd d ncnscente ds lóss Desse achatamentde um cícul sbe utr à estta d set cm se nntamente achatad

de Lacan há um pass qe a tplga d t pemte stamente daO t apesenta-se, de at, cm um pcedment tplógc qe ns

pete ang, dz Lacan, a estua mesma da csa, sem passa p uma ntuçda punddade Numa vlta de cícul em qe vlta (evcand maga)caacteza antes de mas nada m atíc s etas duas dz ele além d cícul

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A PRÁTICA DA ETRA

inteno do esvaiamento vaio não evidente po onde se esapa o sueito omoes pivatum"

É eto que o íulo inteio do esapamento do sueito po esvaiamentoa pati do qual se atiula, no too, a elação do signifiante om a pulsão sexual,

não se paee mais ao íulo eudiano do inonsiente, que ainda está muitomaado pela imagem losóa esféia do ulo (om o qual se eonstói diLaan o espaço exteio sobe o modelo de iedutibilidade do íulo inteio). É

que Laan soliita da topologia algo que a lógia não sobe le da a popiedadede elastiidade de que ele neessita paa di ele, toa sensível" a esutua dodeseo , na sua elação esutual om a demanda.

O luga" dasubstituiço (questão de luga paa signos substituíveis salvaveitate") não é de fato aquele que nos é neessáio, mas o luga mais oigináio datasfomaço O pimeio onvém à estrutua modeliada paa liga o sueito a uma

odem simbólia mas omo não se tata da substituição de uma epesentação poouta, mas de ansfomação ontnua de um ampo em ouo fomando uma mesmae nia supefíie, a maneia de toa sensível (Vesilihug teia dito Kant aespeito do esquema) a estutua do deseo que toda metáfoa de substituiçãoofeee não nos daá amais algo om que omo di Laan imagina omo estutuaisas elações da demanda e do deseo"

Podese-ia esponde que o passo ealiado aqui po Laan é duplo xploa plenamente a popiedade da supefíie do too não paa expimi algumapopiedade intea do espaço omo foma a pioi da sensibilidade, mas paatoa visíveis as elaçes omo estutuais da demanda e do deseo. 2. ssofeito, podui paa os olos, não dietamente a estutua em questão, mas o ato deevideiálo sob o aspeto do supote ua evesibilidade pemite, na ausênia deuma teeia dimensão, exibi o modo sem o se" (isto é o Real segundo Les Nonupes eent" de 1 974) O modo sem o se" é uma fómula que india que o eal nãodepende de nenuma ontologia e se distingue tanto da ealidade físia omo daealidade psíquia na qual Feud pensava om o seu Wudeblok sse sentidomateialista do eal" (do inonsiente omo sueito) é o de um ealista" di Laan

sobe si mesmo.É lao que o exível não se apeende tão bem quanto o ígido, mas a

topologia do supote" é a nossa aquela que india que somos tomados no supoteda estutua, não omo o sueito no ato de uma sintetiação om o sintetiado masomo paiente de uma inopoação.

Paa onlui a neessidade de ae à tona o luga do Outo estutuadoomo uma supeie exigia uma esola solta a lera da metáfoa paa o supote daestutua Valia mais a pena volta ao luga feudiano do que anima o bloo mágioIsso que die guadando as difeenças (daes modelia o sueito mais doque metafoia a ealidade psíquia.

Não se tatava então, paa Laan de abandona a esutua po modelosmeloes que seiam topológios A questão é que, paa topologiza a estutuaele teve que enunia ao atiio da simboliação da estua. Pois toma a metáfoaao pé da leta não ea o ato que le inteessava mas sim que o ato se paeesse a

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ENODAMENTO ENTRE LETRA E UAR?

algo estuturado como uma superície Não que renunciando à letra ele modelizassemelhor, mas era necessário inverter a relação representante/representado de orma adesdobrar o ato de suportar essa relação como sendo a estrutura a ser vista

Para responder ao argumento da cienicidade resta questionar o que Lacan

realmente modeliza com isso Eu estaria tentada a responder não o inconscienteestruturado como isso ou aquilo mas esse ato topológico de dobrar a ele asuperície como ele mesmo diz, que é antes desdobrar do que dobrar Mas exibindo

essa estrutura de desdobramento isto é como eu o compreendo modelizandoseu ser estruturado como uma superície a topologia consegue nos aastar devez de nossa tradição platônica da metaoização da escrita psíquica que aindapesa sobra a leitura de Derrida do bloco mágico É claro que essa topologia seapresenta em ato na medida em que ela se conunde com a experiência mental doapreender diz Lacan É precisamente esse ato que altava ao cálculo

A orça da topologia lacaniana é tentar uma saída da adição da modelizaçãopelo smbolismo, para colocar em prática menos os aspectos do inconscienteestruturado como uma linguagem, do que as popiedades do ato de supoálospaa um sujeio Há sem dúvida em Lacan essa busca de uma estutura que é oreal, a ser vista mais do que simbolizada, pa deixar ver a superície ser revirada Oque se mostra não se uncionaliza Mas o que é modelizar a esutura se a operaçãodá as costas ao simbólico enquanto que a iguração não está mais a serviço de umauncionalização qualquer? Lacan responde aqui com a operação que convoca a

participação do sujeito pelo olhar sobre sua guração, na qual ele mesmo ao desenhariguras no quadro esaria, de alguma maneira sendo tomado em vez de tomar parteejam açam, diz ele como Wittgenstein e não pensem

O azer é sem dúvida uma paavrachave de uma passagem para o realpela guração em ato, mas também alvez impasse se é preciso ansmitir ativamenteseu ensino através de uma orma de método elaborada pelo modo inteligente de umaconsciência de conteúdos O dilema é antigo e remonta a Sócrates Para pensálo,seria necessário voltar a uma ariculação ceramente perdida entre busca da

consciência e transerência de desejo Mas é preciso reconhecer que a ciência não

teria sido a ciência que serve de contraponto ao encaminhamento lacaniano se essaarticulação não tivesse sido rompida quando, na história do pensamento conhecerse dissociou de amar (também, por exemplo, de amar a Deus) Será que Lacan podeser pensado sem o que a ciência se tornou?

NOTAS E REFERÊNAS fOGRÁFAS

1 . Conerência na Letra Freudiana em setembro de 1999 sobre uma apresentação no

Colóquio Modelo e Estrutura em Psicanálise no Collge Internationalede Philosophie

2 Desenvolve seu trabalho no Insttut dHistoire et Philosophie des Sciences et des

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A PRÁTICA DA LETRA

Tecniques Universié Paris I3 LACAN jJ. Les Problmes cruciaux de la psycanalyse seminário inédio

aulas de 06/01/165 13/02/165 e 03/02/1 065.4 Logique et thorie de la siene PUF p27

5. exigida pelo senido do que é oloado" a aualização ao mesmo empo singulare objeiva conserva no liame do ao e do senido um invariane que permiea formalização A emaização depende do senido oloado em relação àsignificação da operação enquano operane ( op.cit. pp.23 1 .

6. GRANGER Gilles Philosophie du syle7. íulo compleo: de um aenado conra os aconecimenos dos enconros do

cone com um plano (ed. Poudra 1864; escrio em 163 iragem de 50exemplares disibuídos aos amigos geômeras) Membro da AcadémieMersenne queria renovar a concepção projeiva dos cônicos a parir dasaquisições da perspeciva e benefciar com isso os écnicos da pinura dagravura ec . .

8. LACAN JL'Eourdi (14/07178. LACAN J. A denicação semnáro inédio ( 1 61-162.10 pono desenvolvido o Ladislav Kvasz na sua conferência no nosso colóquio

FançaÁusia sobre ilosofa e ciência na virada do século. As aas esãoaualmene em preparação e serão publicadas pela Harmaan.

1 1 Esou me inspirando na apresenação dessa quesão por Ldislav Kvasz

conferência publicada nas Aas do nosso colóquio in (organizado emParis e Nancy por Jan Sebesik e eu em maio e juno de 15 sobre Ciêncae flosoa na França e na Áusria na virada do século publicadas emPhilosophia Sientiae (revsa dos Arquivos Poincaré ed. Kim 18vol. 3 Cadeo 2 p. l 86.

12. ioni of its original" expressão de Max B lack em Models and MetaphorsCoell U. 162 cap13

13 WIGENSTEINL Tratatus logiophilosophius Paris Te! Gallmard161.

14. Sobre essa inspiração direa é úil consular o glossário esabelecido por CaerineCevalley em Symbole p548 de sua edição de Physique atomique etonnaissane humaine Niels Bohr publicada pela Gallimard 1 1

15 WIGENSTE L Tratatus. opus ci 21 e 2 12.16 Ibidem 404.17 Ibidem cf. 3 . 1 1 sobre o méodo abular1 8 Ibidem 4.01411. . . garanida pela forma lógica comum ao mundo e à linguagem al como o que

J. Cavaills denomina invariane necessário a odo par imagemmodelono arigo de 135 que ele consagra à Escola de Viena no congresso dePraga de 1 34 (RMM em que ele descobre essa losoa

20 O sisema de meáfora elero-dinâmicas orna possível a aplicação das asesda dinâmica aos fenômenos eleromagnéicos; v. sua alocução de 15 deseembro de 1 870 Cf a esse respeio a are de PG. Hammamdjian em

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ENODAMENTO ENTRE LETRA E LUAR

Analogie et onnaissane XVI pp 9 vol (Malone 1 98 1 )2 E ue acrescena ele não enconrará euvalene nem em Husserl nem em

Fche É o ue reconhece M Sclck no seu Allgemeine rkenntnislehreue sore esse pono relavo à naureza epsemológca do conhecmeno

remee explcamene a Herz e mesmo anes dele a G Krchhoff22 Numa aula em ue ele começa drgndose a Rondeperre em 19 de feverero de

19423 Cado por M Schlck em O vvdo o conhecmeno a meafísca na radução

rancesa no nosso Maneste du Cele de Vienne, UF 1 985 p1 88 n Napena de Schlck a fórmula é necessaramene omada no sendo negavocomo uma ncação a reoar à nução conra o formalsmo

24 Devo ese comenáro a hlppe Juen em uma de nossas sessões nformaspreparaóras recenes (Ouuro de 1999)

25 a lera é nerene a essa passagem para o real (9/4/1 94)26 Como vemos ao ler o final Pensefomelle et Sienes de l Hommede Granger

( 96) o ue esá em ogo na raconaldade em cncas humanas é dereoar a uma filosoa do conceo al como Cavalls a esoçou numaaxomazação das cncas humanas Cf Suaon clnue e esruurasem pscanálse ( opc p 1 8) em ue Granger ressala a necessdade deuma conceualzação do vvdo aravés de analogas esuuras socorrdapor um raameno nformacona da lnguagem ue nos leva ao lme ue

separa a cnca da are al onde o ndvíduo se sua2 Cf M Saouan Le struturalisme en psyhanalyse ons p3428 ACANJ A denfcação semnáro nédo aula de 14 de março de 96229 No da 1 8 de dezemro de 196 em Mlão Da pscanálse em suas relações com

a realdade3 LACANJ A denfcação semnáro nédo aula de 9/4/1962

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PARTE li

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escrever e o ler: prática da letra e desejo em

prática

Aaucia Teixeira Ribeiro

Qu a pática da lta convg com o uso do inconscint é tudo o utstmunai ndndol omnagm scv J. Lacan m 95 sobMaguit Duas

Mas não foi pciso spa po Lacan com su smináio sob Acata oubada su scito A Instância da la no inconscint ou a azão dsdFud txtos u comçam a dni a toia acaniana sob a ta u mboaantios só cgam ao gand púbico a pati d sua publicação nos Escios m 9 Dsd os pimódios da pscanális msmo ants d A ntptação dossonos Fud já s intssava pla ustão da lta pos pocssos do doscv Em sus studos sob as afasias d 89 , já tabalava com concitoscomo imagm acústica bm ants d Saussu u sacamntou o tmo paadni o signicant como ntdad psíuica m suas auas d lingística m Gnba

a pati d 90 Pocupado na época com as disfunçõs da linguagm Fudcomo smp já va undo m sua psuisa nconta um paallo nt os pocssosfisiológicos os pocssos psíuicos não só na patologia mas no u acontcscv l nomamnt duant a apndizagm das funçõs da linguagm Emboa dscvndo a anatomia dos camados cntos da linguagm assinalau paa a psicologia a unidad da função d linguagm é a palava uma complxapsntação u s apsnta composta d lmntos acústicos visuais cinéticos Nauilo u já dsigna como psntação palava Woosellung

distingu ntão a imagm acústica a magm visual d uma lta a imagmmotoa da inguagm a imagm motoa do scv Há pois dsd stsscitos da péistóia da psicanális uma spaação nt imagm acústica lta o u tá o pso u s conc na constução da toia.

Em A ntptação dos sonos Fud aponta o u sia a via égia dacsso ao inconscint O contúdo do sono ( . é xpsso po assim diznuma scta pictogáfica cujos caacts têm u s individualmnt tanspostospaa a linguagm dos pnsamntos do sonos • Não s tata aí d uma taduçãomboa po vzs o tmo apaça m Fud mas d uma tansitação como

sclac an Allouc pois o u é visado não é o sntido sim a tatanslitação é o nom dss modo d l pomovido pla psicanális com apvalênca do txtual S o funcionamnto do inconscint supõ como fito acia cab à intptação dcifa ta txto dcifa aui ntndido como tanslita o u é pcisamnt da odm do nãosntido uma vz u o sultado s dá a lmantndo a uivocidad fito do al como impossívl d s dito

1

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A PRÁTICA DA LETRA

os desenvolvimenos de Lacan, o conceio de lera cumpre eapas oinício, a lera é marcada como sendo de uma naureza disina do significane esando ese já desvinculado do signifcado, na subversão imposa ao algorimosaussuriano e do qual ela seria o supore maerial as formulações poseriores,

Lacan reafirma a emporalidade segunda da lera, já implícia em Freud é daparoeque se abre a via para o escrio" e a siua, em relação aos rês regisros, comolioral, separando erriórios disinos, como aquilo que do simbólico consiui aborda que avança sobre o real, abismo do impossível no saber essa mesma aula,a formulação de Lacan se radicaliza: a escriura, a lera esá no real e o signifcaneno simbólico ". Mas segundo a eorização didáica de Milner , enquano osignifcane ca connado no simbólico, a lera vincula real, simbólico e imaginário,que são muuamene eerogêneos, paricipando, de cera forma, dos rês regisros.Essa fórmula convém alvez melor a uma compreensão, não só do que Lacancamou de insncia da lera no inconsciene", mas da escriura enquano produçãode deerminados exos, em paricular os de uma cera lieraura, como veremos maisadiane Além disso, podendo ser manipulada ou suprimida o que não ocorre como significane a lera é ransmissível, e ransmie jusamene aquilo de que é osupore, num discurso Melor dizendo, com Lacan, a lera é radicalmene efeio dediscurso" e em decorrência dessa poserioridade adquire ainda caracerísicas dedejeo, no sempre bem lembrado deslizameno que Lacan vai buscar em James Joce leer le Um lixo que, na melor das ipóeses não cusa lembrálo, numa

preocupação ecológica é reciclável, ano em ermos da práica lierária, o que émais plausível, quano da práica analíica, pois o que cai ao findarse uma análise,o causa de desejo , é uma função que ai se esgoou, mas que o desejo do anaisafará de novo broar desse dubo, e coler como le impõe sua práica, a cada novademanda de análise.

O impossível de ser dio se escreve pois nas formações do inconsciene,mas do lado do objeo, como saudade do objeo, enquano perdido, desde sempreEsse objeo, que no fanasma se revese das mais diversas roupagens, em a ver emúlima insncia com das Dng com a inconsisência desse Ouro absoluo, pré

hisórico, com esse vazio ao qual se arela o sujeio numa busca ão insaciávelquano impossível As eorizações de Lacan siuam a ransmissão de uma leracomo endo uma relação com o gozo, algo de fundamenal na organização de umdiscurso, qualquer que ele seja", mas aponando mais especicamene para o discursodo analisa, a parir do qual se deerminam as funções e se esabelece a equivalência:o escrio é o gozo" É ambém o que Lacan sinaliza, na aberura dos Escrosquando conclui, após a reverência a Buffon, que é o objeo que responde à quesãodo esilo" Passamos assim da insncia da lera no inconsciene à lera raçada

sobre o papel, no que se refere paricularmene, como dissemos, a uma cera produçãolierária.

O escrever

O ineresse de Freud pelos processos do escrever, pono quedesenvolveremos a seguir, jáca bem claro a parir do referido exo sobre as afasias,

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O ESCREVER E O LER PRÁICA DA LERA E DESEO EM PRÁCA

como uma das eapas do aprendzado da íngua embora osse menconado o quemas ade sera revso e corrgdo como processo reavamene mas smpes enão ão ac mene perurbáve como o er " Na Pscopaooga da vdacodana " em seu capíuo VI são esudados os apsos na escra arbuídos a

uma movação nconscene como no caso dos apsos na aa e do esquecmenode nomes própros. Mas é em 908 que Freud se mosra curoso em saber de queones esse esranho ser o escror cravo rea seu maera e como conseguempressonarnos com ee e desperarnos emoções das quas nem mesmo nosugássemos capazes Ee neroga a cração erára como o ará em ourasocasões enquano gada à produção de devaneos vsos a como repeção dasbrncaderas nans one de uma sasação aneor em busca da qua se move odeseo E ese parece ser o pono undamena a sasação aneror mesmo míca eceramene ncompea parca apona paa o obeo desde sempre perddo e de

cua saudade se nure a vda enquano movmeno crador em odos os sendosncusve no da cração arísca. O ema será reomado por eempo em 9 nasFormuações sobre os dos pncípos do unconameno mena e na ConerêncaIII de 9, sobre a ormação dos snomas onde sua a are nesse camnhoque conduz a anasa de voa à readade como ago de snomáco. E a obraenquano consução do snthoma é o que Lacan desenvovera de modo eemparem seus esudos sobre James Joyce

Conudo é mporane noar que ao conáro de Lacan Freud não se aém

especcamene à práca da era generazando quase sempre suas observações àcração arísca em gera como vemos por eempo em seu esudo sobre Leonardoda Vnc. E suas concusões vão sobreudo no sendo de mosrar a que pono a areé deermnada peo nconscene de seu crador o que no enano não epca seugêno coocandoo ao conráro no mesmo níve do comum dos seres aanescomo pessoa não muo dsane da neurose" que age como quaquer ouohomem nsaseo" mas cona provavemene com uma nensa capacdade desubmação e um cero grau de roudão nos recacamenos". O que Freud não deade saenar é que o arsa não só obém sasação com a represenação de sua

anasa nconscene mas ambém que essa represenação az aço

( . . possibiia a oras pessoas oberem consoo e avio aparir de sas próprias ones de praer em seu nconsceneqe para eas se oaam nacessveis graneia a gradão e aadmraão de e dessa orma aaé d sa ania consegio qe orignamene acana apen sa asia honspode e o amor das mheres

Mas é precso convr sobreudo a parr de Lacan que se nem sempre ascosas se desenroam no ma de rosas acma descro peo menos no que se reereao escor mesmo uma obra como a de James Joyce que nha aparenemene naescrura seu própro m como ca e gozo não cessaa como ee mesmo havaprevso de dar rabaho aos ncansáves unversáros e de unos na busca dosendo que supõem ocuo sob esse nhemche angusane Um aço de oura

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A PRÁTICA DA ETRA

odem sem dvida como no caso de Magueie Duas o exemlo que nemseme é de muio confoo aa o leio.

Se eomo agoa Magueie Duas como efeência desa eflexão sobe oesceve não é aenas elo esemunho de acan Magueie Duas evela sabe

sem mim o que eu ensino ." Duas foi sem somba de dvida dos escioes quemais se exessaam aceca dessa miseiosa elação do escio ao seu ofício anoaa ena esclaece de onde ovém o maeial e as condições de odução desseescio o que inigava Feud como aludimos acima quano aa dize ambém dosefeios do ao de esceve sobe o sujeio que esceve o que acan desenvolveaiculamene em elação a James Joyce. E deixa aqui o vezes manida aequivocidade ene auo e naado não seá com o oósio de essala o caáeauobiogáfco da oba de Magueie Duas nem aa ena sga com a lea o

fao mas anes consideando que a vedade em esuua de cção aa oma aoé da lea como se deve o que ela disse cea vez numa enevisa É udo fcçãomeus livos"

O óio íulo de uma das limas ublicações da auoa meece um olha mais aeno ois não deixa de siuase como homólogo do dize"enquano enunciação. Nesse escio sobe o esceve ela eiea e vai além dasmuias declaações que deu sobe o assuno ao longo de sua vida algumas àelevisão ouas ublicadas na imensa ou em livos •

Quando acan aludia em iuaea" a uma cea lieaua que

seia um fao de lioal" lioal ene sabe e gozo e oano não se susenandono essa lieaua dia de vanguada" (ou vãguada" se me emiememeendo assim como o ancês a uma desoeção ene ao eal)ea ovavelmene a escoes como Duas que ele se efeia. E a alguns oucosmais como seia o caso ene nós de Claice iseco aa quem esceve é umamaldição mas uma maldição que salva " Também aa Duas esceve é enconase num buaco no fundo de um buaco numa solidão quase oal e descobi que sóa esciua a salvaá" •

Não foi o acaso que Duas abiu seu livocom o ema da solidãoda qual acan diz que não somene ela ode se esceve mas é aé mesmo o que seesceve o excelência ois é o que de uma uua do se deixa aso ". Umasolidão muio aicula a dessa escioa que não se encona mas que se faz"ois sem essa solidão o escio não se oduz ou enão se esfacela exangue deano ocua o que esceve ainda" Mais adiane ela conclui A solidão issoambém que dize ou a moe ou o livo"

á se defne aí o conono dessa esciua segundo Duas um ao defundamenal escolha da vida num limie exemo de boda de abismo de

desenhadeio escoegadio onde se decide o embae ene Eos e Tanaos. E esseconono ineviável e necessáio com o eal da moe faz do ao de esceve segundoDuas uma avenua emeáia que muias essoas não odeiam suoa. Dahave alavas dela ão oucos escioes .. . Sim oque sob essa óica essoasfamosas como Sae o exemlo não esceveam declaou ela cea vez Ele

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O ESCREVER E O LER: PRÁICA DA LERA E DESEJO EM PRÁTCA

inha preocupações anexas nunca enrenou a escriura pura Sarre é um

moralisa Reomando alguns conceios lacanianos como a lera é eeio de discurso

a condição do escrio é que ele seja susenado por um discurso alvez seja

possível alcançar um pouco do que dene Duras em sua radicalidade sobre o queseja escrever Se pensássemos em suar o que ela chama de verdadeiro auordenro dos quaro discursos lacanianos ele esaria mas próximo do discurso doanalisa onde o objeo a como causa esá na unção de agene Sob esse aspecoé ineressane lembrar o que reud escrevia a liess numa de suas caras de 0/0/1 898 época em que redigia A nerpreação dos sonhos uma obra cujo esilo émuio paricular ugindo sempre ao conrole do auor preocupado como de cosumeem consruir uma obra cieníica:

Ei aui agun eduo de mnha úima inveida Eu ongoompo o deahe no poeo de eeve Ee poeoegue ompleamene o dame do inoniene egundo obem onhedo pnpio de Izg, o avaeio de domingo zgaonde voê vai" E eu ei pegune ao avao." Eu nunaomee um únio paágafo abendo de anemão ondeemnaia

ssas conidências de reud êm um parenesco evidene com o

enrenameno do ao de escrever segundo Duras:

Ea em auno nenhum de ivo, em nenhuma idéa devo, é enonae enonae dane de um ivo Umaimenidão vazia Um vo evenua Diane de nada. Ceo uea peoa ue eeve eá em déia de vo, ue ea em mãovaza a abeça vaza não onhee dea avenua do voenão a eua ea e nua, em fuuo ... .

ica enão mais ácil perceber que um escrior como Sarre com suas

preocupações anexas enm alguém cuja lieraura se desinava anes de maisnada lusração de sua ilosoa e que inha de anemão com o que preencher aspáginas em branco esaria de modo privilegiado no discurso universiário onde oS do saber ocupa o lugar de agene Não se raa nesse caso de escrever para sesalvar mas para preensamene salvar a verdade com o seu saber que com S nolugar do agene caraceriza-se como odo saber discurso da cereza que não azoura coisa senão opacicar a verdade

A irania do saber parece pois nauralmene incompaível com a posição

durassiana que descrevemos há pouco e que a escriora leva s úlimasconseqências avenando a hipóese de livros ilegíveis ão disanes de qualquerpalavra quano o desconhecido de um amor sem objeo chegando a um pono desuperação do dscurso e de conradição enre dizer e escrever que não deixa delembrar o anseio de Lacan ceramene com ouras moivações por um discurso

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A RÁTICA DA LERA

sem aaas" Cace Lseco já haa esco a eseo de A Hora da EsrelaJuo que ese lo é feo sem alaas. É uma foogaa muda. Ese lo é umslênco" O mesmo declaa Duas Escee é ambém não fala É cala-se, é ua

sem uído"�

Esse desojameno mnmalsa da esca dusana encona seu exemlonas ágnas sobe a moe de uma mosca, que denem o esco como escndndode agumeno ou assuno de neesse mao

A more de uma mosa é a more. ( . . Vê-se mor um ahoo,um aalo e se dz alguma osa por ex., pore mal .. Mas seuma mosa morre não se dz nada não se regstra, nada ( Po s agora esá esro ( . Não é grae mas é umaontemeno por s só otal de um sendo enorme: de umsentdo naesse e de uma extensão sem mtes

O sendo enome e nacessíel, na edade, não é o da more de umamosca, é o da more ou our, essenonsens absoluo do qual o escee como aoena da cona, ao ô em cena jusamene o mas ínmo e abjeo dos sees os.Hoo da more em s, que conamna o ao de escee escee o horo deescee" . Escee mesmo assm, aesa do deseseo Não: com o deseseo" Poque escee, como mos, é ambém o que sala. E sala, ene ouas cosas,oque faz laço, ou melho, faz nó, borromeanamene, nesses momenos que seam

de afânse do sujeoA ae do lo niulada A more do joem aado nglês", more núl

e erríel, que ocorreu nos úlmos das da guerra, é endeeçada ao leo a ocê,eo, de quem anda nada se Esse endeeçameno a um sgncane qualque é,de cera foma, a gaania do lo, da auonoma do lo, uma ez esco E gaana,alez, da exssênca desse esco, que se dsanca mas e mas do dscuso, dachamada naaa", chegando a esse ono exemo, em que se eca comoeso, a se ecolhdo, como fo o cso, o um edoeo Buscamene, a eelação:esse joem aado moo, cuja seulua é eeencada elos habanes dacdadeznha nomanda lemba à auoa o mão mas noo, moro em Sagon, duanea guera e jogado numa ala comum es de onde se desenha, de foma ccula, emono do azo desse úmulo, a escua ua de Maguee Duas, que mesmoassm ocua jusca sua egem

São emoções dessa ordem, muo suts, muo profundas e muoarnas, tão essenas e ompeamene mpresíes quepodem nubar no orpo das nte. É sso a esrura É oem do eso que psa pelo seu oo. O araessa. É da que

se pare p faar dessas emoções dfes de dzer ão esrahase que no enano, repennamente, se apossam de nós

Sem dúda esse araessameno menconado o Duas nos emee aoaaessameno do sujeo elo objeo a que o causa, do qual o esco sea um dosefeos, com suas caaceíscas de esranheza, o nhemhe, como Feud defnu

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O ESCREVER E O LER PRÁTICA DA LETRA E DESEO EM PRÁTCA

em 99, apontando em ltima ntância paradas Dng E uma obra anterioreda autora oerece talve o mai intrgante dee eeito: em 1991 ete ano apó ouceo etrondoo de crtica e de pblico de eu livro O amante ganhador doprêmio Goncourt de 1984, Dura reecreveu o livro com um novo ttulo: O amante

da Chna do Note O que levaria um autor a reecrever um romance de uceoapena mal diarçado de cript cinematográco para um improvável uturo ilmelme que aliá á ora realiado pelo cineata eanJacque Annaud com quem aautora e deentendera egundo a imprena Ainda aim tudo io oava etranhoe intrigava como cotuma acontecer com o enigma.

Pareceuno que como ponto de patda convinha air em buca de algumadeclaraçõe da autora anteriore ao livro acima citado obre o sceve ndagadacerta ve a repeito de eu etilo numa entrevita à televião ancea em 1984apó a publicação de O Amante ela repondera:

Eu ua me oupo do sedo, da sigação Se há um sedo,ee aparee depos Em odo aso, ão é uma peoupação( . A paava ota mais do que a sae São e de dpr á e rg e ê e e e põe Otempo gamata aompaha, em de oge_

Ante de mai nada é curioo obervar que ee proceo particular doecrever ubmetido à palavra em artigo correponde ao que reud ecreveu

obre o meio de repreentação do onho que na ua maioria depream todaea conunçõe e é ó o contedo ubtantvo do penamento do onho queele domnam e manipulam Há de haver portanto um parenteco entre eadua arquitetura Não eria povel então dier levando adiante a analogia queecrever é também uma realiação de deeo? Vale também lembra que no inal deua obra rearmando a teoa a repeito do trabalho do onho reud lembravacomo um materal orginariamente inconciente e também inconciente recalcadose mpe ao eu toae préconciente e em coneqüência da opoição do euore a chamada deormaçõe onrica

Ee tema é também abordado por Lacan A lição de 17 de evereiro de 1976de eu emináio Le inthome tem por ttulo Palavra impota e ea quetãovai er trabalhada não como ecritura do onho ma no que e reere à ecrtura dotexto literário no cao o de ame oyce. É a palavra (paoe impota que porintermédio da ecritura vem a e decompor numa deormação que permaneceambgua No cao de oyce ea deormação pode chgar ao incompreenvel deFnnegan Wake onde pareceria que a leta e agarra à vo enquanto obeto. Semchegar a tai extremo Dura manteve de alguma orma ee vnculo entre a letra e

o obeto vo:

Faço meus livros om os outros O que um pouo uroso éalvez essa trasformação que sso sofe esse som que issoproduz qudo passa por uma dada pessoa ( Simplesmete,tavez eu sea uma âma de eo Não modsta, o que eu dgoaqu peso realmete assim

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A RÁTICA DA LERA

no caso da reescrira deO Amane ambém a o é inrodida nma dasprimeiras páginas de O Amante da China do Norte:

A oz que faa aqu a oz ecra do ro

Voz cega Sem rooMuo oem.Sencoa

Poslr ma o cega, sem roso silenciosa é ao mesmo empo negaiara o como objeo e remeer ao qe dele resa a asência absola, qe a lerainsise em conornar Isso ambém se ded, no qe se refere ao objeo olhar, do qeeria sido o primeiro ílo aenado pra o romance O Amante Foogria absola" a foo qe não foi irada do encono enre a menina e o chinês na balsa qearaessaa o Mekong. Aqele ash qe não foi acionado ee porém se efeio deofscameno, de cegeira alienane no aprisionameno faal de qem já perdeanes de ganhar. Desde o primeiro insane ela sabe algo assim o seja qe eleesá à sa mercê" não é sem raão qe a línga francesa dene esse momenocomo o coup defoudre o raio qe maa. De qalqer forma se al foo não foi iradafoi porqe só depois reelose a imporância da cena, a cena fanasmáica qeena elar o impossíel da relação sexal. embora não irada, o por isso mesmoee ses efeios de xide de goo qe se prolongaram em lera impressa, anosmais arde, e ainda hoje persisem, a cada noa leira dessas páginas

Como a aora explico na referida enreisa a Aposrophe" esse amorpelo chinês eclipso odos os oros amores de sa ida porqe era sem ennciadosem declaração". O qe deixo de ser dio (de sa pare) o seja o mor, qe eladisinge do goo do corpo só foi pensado clarene a poserior no barco qeleaa a menina de ola à França Um acidene relaado nos dois liros eria dadocona dessa ressignicação drane a iagem m joem passageiro qe ela malconhecia mas qe inha sa idade jogo-se ao mar e o corpo se perde. Foi aseparação do corpo do joem moro qe a leo à eidência de qe ela inha amadoo chinês, dado ambém como perdido desde aqele momeno, no qe seria se

pimeiro enconro com a more.Uma segnda perda a more dopetit frre o irmão mais noo annciada

por m elegrma de Saigon se sobrescree à primeira Na enreisa à eleisão elahaia comenado qe a parir do liro por er escrioO Amante ela compreendera oqano haia desejado ses irmãos sobredo o menor no segndo liro declaraer descobero qe ie m só amor enre o Chinês de Sadec e o petit frre daeeidade" ambos idenifcados pela inerdição e por ma falha sa mãe eraracisa e o chinês embora rico, era amarelo de ma raça inferior à nossa" enqano

o imão inha m araso, era reardado". Uma ora eqialência menos eidene inha me oado sa filha son eant) ra com sa lha qe ele faia amor odanoie" • A ambigidade em francês da palara enfant (lhcriança) define-se aqipelo possessio permiindo a eocação do pai moro, qe os filhos ml conheceram,como é mencionado no segndo iro • A more do irmão mais noo incli ambém,simbolicamene as da mãe loca" e do irmão mais elho qe ela chama de

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O ESCREVER E O ER RÁICA DA ERA E DESEJO EM RÁTICA

assassin ambs cúmplices segund ela, n desapaecmen d men Elameu paa mm da me d imã mais nv. Da mesma fma que imã mais

veh Nã supeei h que me nspaam de epene. Nã me mpam mas Mas esceve O ante eve, ene us efes, de pem a pai d liv

depis de e esc cm da a lbedade que ele ea capa de fae, a decanaçãdesse senmen eível que ela nha cna mã mas velh

E n pefác a liv O Amante da China do Norte que pdea esechamad segund ns elaa a aua, O amane ecmeçad, uma evelaçãquase jnalísica siua ece encn cm a me:

Fiquei saendo que ee o amane hinês] inha morrido háanos Foi em maio de 990 faz poano um ano agora Nunahaia pensado em sua more ( Aandonei o raaho que

esaa fazendo Esrei a esóra do amane da China do Noree da menina ( Esrei ese liro numa feiidade oua deesreer Fiquei um ano nesse romane ehada denro daqueeano do amor enre o hinês e a menina

Eu não inha de modo agum imaginado que a morte do hinêspudesse ooer, a moe de seu orpo de sua pee, de seu seode suas mãos Durane um ano reenonrei a idade da raessiado Mekong na asa de Vinh-ong

O que emege dessas cações ns peme pensa a de esceve cmend duas veenes em elaçã a bje pedid Na pmea veene seia dadem de um abalh de lu, que impõe esceve esse bje fa de s livasedessa smba inena de que fala cuisamene Duas, cm se esivesse seefeind a que Feud esceveu sbe a smba d bje em Lu melancliaEu me pv pis da inegidade da smba inena que, em mm cnabalançamnha vda vvda de mim essa massa ine faç fa, que enh de fae

denÉ

que ce paiculamene n cas da famía quand eu cm dFeud ca de nv lve e desnbd após abalh d lu:

Ees esão moros agora a mãe e os dois irmãos ara asemranças amm arde demais Agora não os amo maisNem sei mas se os amei ( Aaouse não me emro maisÉ por sso que esreo ão famene sore ea a mãe agoraão ongamene, de modo ão esirado ea se oou esriuraorrene"

Já a segunda veene seia da dem de uma ecusa d abalh de lu, deum apeg a bje e a lu, n cas d amane chinês, cuj cp cnsuíd eecnsuíd de leas dá cna desse bje que ea cm causa de desej. Umdesej que alve pudéssems chama de desej d esci, cm uma funçã decea fma hmólga guadadas as devdas dsâncias à d dese d analisa

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A PRÁTICA DA LETRA

E o numa fecdade ouca" ouca porque mena ma tamém porque uóra e

precára á que relança a nção magnára onde Lacan tua a mola da ulmação É o que permte porém ee reencontro alucnado do oeto perddo dee corpoperddo de novo precptado em letra e explca am a reecrtura do romance Se

Lacan fala do gozo lgado à tranmão de uma letra é porque ee gozo real étamém ranmtdo ao letor que ca é preco reconhecer com o melhor qunhão

e pode compatlhar de um gozo expurgado daquela dor de onde rotou num tempooutro a cção que lhe é am oferecda. É ee o pacto elado de antemão com oletor a quem o ector dá utamente o que não tem e alá nunca teve dofelzmente ele nada aa como um valoo dom de amor medante um preço

convenhamo apena mólco

O ler

O proceo envolvdo no ato de ler nteream à pcanále dedeFreud em eu menconado texto ore a afaa de 191 em pmero lugar pela uacomplexdade como atvdade mental envolvendo percepção de gno lgado arepreentaçõe pquca memozação euturação nterpretação formuladode modo anda ncpente naquela época em que e eoçavam o alcerce dapcanále

Em noo da a letura é etudada o novo ângulo tanto pela teorada comuncação quanto pela teora lterára No prmero cao como comuncaçãodei pelo afatamento no epaço e no tempoete últmo cada vez ma reduzdopelo avanço da nformátca e da telecomuncaçõe do nterlocutore: o emorou remetente (o ecrtor autor que não coreponde necearamente ao narradorum er de lnguagem) e o receptor (o letor que nem empre coreponde aodetnaáo) • Talvez a patr da a teora lteráa tenha levado em cona depo dadécada de 60 que tanto marcou noo éculo em toda a áea do conhecmentohumno o letor enquanto receptor o que deu ogem à chamada etétca da

recepção" Ea aordagem que envolve tamém apecto htórco eocoógco po euda o efeto determnado peo texto e ua recepção comomomento condconado pelo letor nerdo num dado contexto teve como reultado

delocar o enfoque que ante vava a produção do texto para a função do ler emua ngulardade e que por o memo toca ma de perto o que dz repeto àpcanále

Roland Barthe fala de prazer e gozo do texto ma afmando que o textonunca é um dálogo o que coloca o letor num papel pavoreceptvo propota

que parece hoe meo acetável do que a de Wolfgang !er. Com ua teora doefeto !er coloca o letor como agente na contução do oeto etétco armandoque o texto ó adqure realdade ao er ldo o que aponta para uma nteração entrea etrutura do texto e a etutura do ato de ler ou ea entre texto e letor UmertoEco tamém dcorre ore o tema em ma de uma ora e apear de ntr nopapel do letor como produtor de gnfcado tuae numa poção de repeto ao

texto quando etaelece o lmte da nterpretação Eco realta a necedade

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O ESCREVER E O LER RÁICA DA LERA E DESEJO EM RÁICA

para o leitor, de reringire a uma conectura, a er vericada, obre a intenção dotexto, que difere da intenção do leitor, á que a do autor ó é acevel a partir dopróprio texto, coniderado em ua literalidade

Tomaremo como referência deta relexão obre o ler um abalho que

deenvolvemo no emináro Picanálie e Texto, na Ecola Lea Freudiana, duranteo primeiro emee de 1999 em too da leitura da carta de Freud Leitura decarta do pai morto, a outro detinatário Não etivee ele morto, talcorrepondência não e daria a ler, poi ó a morte realiza ea mágica, algo pervera,de ecancarar a porta da privacidade de quem á não pode mai defendêla Aquetão do público e do privado levantae dede o incio, na abordagem da cartade Freud por eu herdeiro, ene o quai no inclumo, nó picanalia, herdeirode ua palavra e de ua letra, uma linhagem que ao memo tempo no honra e noobrga

Marie Bonaparte, como é abido, foi quem regatou ee teouro, anteque ele cae em mão ecua, e o fez chegar a alvo a Londre, depoi de ober acuto a autorização de Freud, que etava mai inclinado a detrulo, como á fizeraem oura ocaiõe Em 1885 por exemplo, á penando em eu futuro biógrafo,dez ano ante de ecrever o Pojeto ele havia queimado grande parte de uacorrepondência peoal, além de manucrito divero Muita outra carta, comoa que recebera de Flie, tiveram provavelmene o memo detino. Hoe no

perguntamo até que ponto Freud teria preendo, ao ecrever ta carta, que

ela paariam, no turo, a mão por ele inupeitada, depoi de traduzida eimprea em mlhare de exemplare Ele que recomendava a Silbertein, eu colegade colégio, que ninguém mai puee o olho naquela linha, para que uainclinaçõe eufemimo uado para nomear ua paxõe de adolecente nãofoem revelada a olho ou ouvido meno envei do que o de eu ovemamigo E com que olho, com que enibilidade e de que lugar(e etaremo hoeviolando ea privacidade, penetrando aquele egredo uveni ?

Há certamente divera maneira de abordar ea correpondência Aotrabalhar A carta roubada, que em francê La lete volée permite a

equivocidade entre letra e carta, Lacan á levantava alguma quetõepertinente, e de difcil repota Afnal, o que é uma carta? Como uma carta podeer roubada? A quem pertence ela? A quem a enviou, ou a quem é detinada? Nocao preente, a quetão do deinatário e impõe: anal, qual é o detinatárioúltimo, e é que exite um, dea correpondênca de Freud? O ovem Silbertein,eu colega de colégio e primeiro confdente, ua noiva e depoi mulher Martha, LouSalomé, ou Flie (para citar apena o que foram obeto de noa atenção particularao longo daquele eminário? Ou erao nó, hoe leitore dea carta que,

uando a expão de Lacan, etariam en souance na livrara ou na biblioteca,à epera de eu legtimo detinatário?De qualquer forma, a partir do momento em que muda de mão, a própria

ette toae outra coia , diz Lacan um tanto enigmaticamente, o que á eriauficiente para decaracterizar qualquer apropriação indébita dee obetocamalenico E como o deeo do remetente perdeue na noite do tempo, dele óno reta a letra, preciamente como reto, cua orte vai depender utamente do

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A RÁICA DA LERA

deeo de eu detnatáro nee cao qualquer letor ele poderá lêla em lênco eguardála precoamente ou lêla em púlco com comentáo o ma dveroelogoo ou deprecatvo ou memo no lêla e ogála no lxo. Ma á terá domarcado por ela.

Por o ntereouno ma nteogar o efeto de ta carta ore cadaum de nó que hoe a lemo apó no permtrmo a nevtável nvao deprvacdade O que conteram ea carta de to ataente e o que va nela ucaro letor além é óvo de algum dado ma preco ore a conruço da teorapcanaltca como na carta a Fle ncluda na Standard Edition

Em eu comentáro ore A carta rouada" Lacan á no faza perceerque meno que eu conteúdo o que mpota é que a ettre tda al como purogncante" nerdo numa cadea empre chega ao eu detno" po em eudelzamento paando de mo em mo determna cada um do ueto queprovoramente a detêm em eu ato em eu detno em ua recua em uaceguera em eu uceo e em ua ote E Lacan conclu que para cada um delea ettre é eu nconcente com toda a ua coneqüênca o que quer dzer quea cada momento do crcuto mólco cada um toae um ouo homem" Duplaalquma po : no ó a ettre toae outa coa" que relendo hoe teamo atentaço de ecrever oua Coa") ao mudar de mo como fo dto acma maaquele que a detém tamém e toa um outo homem"

É ee camnho que va do letor ao texto e do texto ao letor que aqu no

nterea trlhar Em e ratando da carta de Freud convém ucar nele memo emua teora a referênca que podero notear eta relexo. No texto ore a afaade 8 9 enconamo ea advetênca Há muto modo de ler e ora um oraoutro renuncam à compreeno da letura"

No captulo VI de A Pcopatologa da vda cotdana" dedcadoao Lapo de letura e de ecrta" Freud mencona a predpoço do letor quealtera a letura e nodu no texto algo que coeponde a ua expectatva ou queo etá ocupando" atando que o texto forneça alguma emelhança na magem dapalavra que o letor poa modcar no entdo que quer". Ma adante lemra

que tamém a profo ou tuaço atual do letor determnam o reultado de eulapo de letura". E anda há cao em que

muto maor a partpação do exto no lapo de letura Eleontm ago que mexe om a defea do leor algumaomunação ou exgênia que lhe penosa e que, por issomemo, ogdo pelo lapo de leua, no endo de umepúdo ou de uma ealzação de desejo

No preente cao no e rata epeccamente de lapo ma podemoetender a conderaçe acma ao que chamamo de efeto do texto ore o letore dete ore o texto de um modo geral ncluve em termo de ntepretaço.

Em eu mnucoo taalho ore ee tema Aoun no lemra queFreud em O Eu e o Isso tuava o ler Lesen) do lado da repreentaço palavraortvorsteun) ma precamente como reto vera endo a palavra ortmot) u reduo mnêmco da paava ouvda" • A letua etaa po na extemdade

R ?

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O ESCREVER E O LER RÁTCA DA LETRA E DESEO EM RÁTCA

de uma cadea que va do taço mnêmco, paando pela epeentaço coa e emeguda pela epeentaço palava, até chega à epeentaço vualzada (que é aepeentaço adquda pela letua, da epeentaço palava. o coloca o leegundo Feud, como elaoaço ecundáa da epeentaço veal, uma elaoaço

do eto, poém numa funço de pepetuaço dee eto. E o leto etaaam conjuando, a cada aodagem do texto, o eu deapaecmento O textoexta, po, no como eutua duável, ma numa vtualdade que dependeado leto, do deejo do leto, paa peentcae. o ca ma clao, com a metáfoado loco mágco , oe o qual e eceve e e lê, e onde o ecto deapaece

cada vez que é ompdo o contato ente o upote de cea o celulóde oe o qualfoam taçada a leta. Sea eta a chave da funço de letua do ponto de vta donconcente. O texto eaa am pemanentemente ameaçado de deapaecmentocondconado ao deejo povdencal de um leto

Em últma ntânca, um texto é poduzdo po um eco, ma a adeadea poduço ó e fecha e e efetva a pat do momento em que o texto chegaao leto, ou o leto ao texto. B ata lema oProjeto de Feud, cuja extênca ó epeentcou váa década depo de te do ecto. É o que explca tamém, poouto lado, a funço de opeado mágco" que tem a letua na elaoaçofantamátca ela e oganza a pat da maca ndelével daqulo que nunca eteveal e que etá peddo dede empe a Coa. Aoun coloca o le como apoldade, paa o leto, de faze todo um taalho fantamátco pelo aceo ao

fantama do ecto E o elaconando a letua ao onho e ao devaneo, como fazFeud em eu texto de 1908 Ectoe catvo e devaneo"

O trabalho meal ilase a ma impressão atal, a algmaoião moado o pe qe foi de desar m dosdesejos priipas do seito Dali reede à lembraça de maexpeêia aerior (geralmee da ifâia a qal esse deseofoi realizado rado ma siação referete ao ftro qepeta a realição do dejo O qe a etão m deaeioo fatasia qe ee raços de sa orgem a par da ião qe

o prooo e a partir da lembraça. Dessa forma o passado, opsee e o ftro são etlaçados lo o do desejo qe os e

É povel ento nfe que, e como ama Lacan o etlo é o ojeto" ,tamém a letua, num movmento nveo, tem a ve com o ojeto. E o leto queecolhe um lvo ou é ecolhdo po ele, já que muta veze ó ma tade epecam a azõe de tal ecolha, etaá lendo al, na entelnha, no epaço emanco, algo de eu pópo texto, algo que aponta paa o eu deejo. Autoe comoMae Pout tveam claeza do

( .. sera a mesmo iexao dizer, pesado aqeles qe meleriam mes eiores. orqe ão seriam, a me er, mesleiores mas os próprios leiores de si mesmos, me liro ãosedo mais do qe ma espie de lete de ameto, omoaqelas qe o olisa de Combray esteda a m liee meliro, graç ao qal e lhes foreeria o meio de ler em simesmos.

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A RÁTICA DA LETRA

Votando à ca de Freud, dene o comentáro recohdo durante e apóo emnáro, agun npraram dretamente eta reexão. Houve quem e deceonaecom a demora de Freud em perceer a paranóa de Fe, houve quem e preocupaepacuaente com a quetão da homoexuadade, houve quem foe evado a reer

a caa do própo pa, há muto equecda numa gaveta e e urpreendee com oefeto dea reetua. E convém reemrar aqu ee movmento que va do pvado ao

púco e de novo ao pvado, deta vez o pvado de cada etor, porque é a nguardadede cada um que e deonta comee ecto, e dee encono que va aém do móco,que conna com o rea, efeto e produzem, tamém no partcuar de cada um: haveráprovavemente enão tanta etura pove, peo meno, tanto efetomprevve quanto forem o etore dea carta.

o em equecer que um memo etor poderá er o memo texto de formadferente, ea num outro momento ógco, que he pemtrá uma concuão anteprematura, ea por crcuntânca nteramente caua. Penamo aqu no queAan Badou propõe como a nova teoa do ueto , que cooca no evento, numacontecmento foruto, o nco do proceo de uma verdade que va pemtr ourgmento de um ueto Num certo entdo, o etor coautor, que com ua eturacontró o texto, etará fazendo uma apota no momento em que propõe umanterpretação, memo admtndo que não ea a útma", nem a verdadera".Wofgang er tamém mencona o evento, em eu vro O Ato da Leitura comocorreato da concênca do texto, dmenão que emerge quando o etor oca entre

o tota envovmento e o dtancamento em reação ao que ê Conquanto tenhamo utentado que o dedoramento dee efeto

ão da ordem do partcuar, po remetem ao deeo de cada um, é pove ndagar,a pror, de que ugar(e o etor e aproxma do texto e, no preente cao, da cartade Freud Agun dee e detacam, emora não eam excudente, à veze atéconcomtante.

Comecemo peo do htorador, ou do aqueóogo, na tentatva derecontrur o prmórdo da pcanáe pea ecavação do uoo em que forampantado eu acerce São, por exempo, a ttuo de utração, o etore daonpreente e negotáve carta 5 a Fe, e outra ncuda na SE que dãotetemunho do que ea um amor ao aer" , como quer Lacan, um aer que eevncua ao gozo

Em eguda, o ugar do voyeur ma preocupado em decorr e a reaçãocom Fle era ou não era homoexua, e a reação com Mna era memo de cunhadoou de amante, e e aquea vta noturna de Lou AndreaSaomé cavam ó nateora. Nee movmento deveador do ecrto ntmo do pa, ago reurge dacurodade nfant peo engma do exo, com eu coneqüente maentenddo.

Um movmento que tavez deva er artcuado à predomnânca do ohar como oetopuona nete tempo em que homen e muhere famoo e denudam na teae na revta de grande tragem

E enfm a poção que e artcua ao deeo do anata, e e atém ao textua,aordando o texto que e dá a er do memo ugar que determna a ecuta anatca,

ndependente de ua expectatva ou ncnaçõe, como o própro Freudrecomendava Ee deve mpemente ecutar [ou er, nete cao] e não e preocup

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O ESCREVER E O LER RÁCA DA LERA E DESEJO EM RÁICA

se está se lemrando de alguma coisa . O que não estaria distante prvlegando oponto de vista do texto do leitormodelo proposto por Umerto Eco um letormodelo

postulado pelo própro texto capaz de fazer sore o texto não a únca conecturacerta mas infinitas conecturas pertinentes e admissves e assm consulo

Mas não seria pretender com isso que todo letor das cartas fosse analstae analsta de Freud? Já não é um excesso dizer que Fless ocupou esse lugar comotão em demonsa Erk Porge em sua reexão sore o tema quando ele assmla apropalada transferência de Freud com Fess ao que Lacan chamou de ansferêncade traalho? Porque mesmo quando Freud escreva a Fess Você é o úncooutro não posso prescndr de você como representante do Outro ou quando sevu origado a reconhecer: Você á não é mas minha platéa o que estava emogo ali era a construção da pscanálse que ele pretenda plantar em solo centfcosaer centfco que supunha a Fless e não um saer sore o nconscente Não não

se tata de anasar Freud atase smplesmente de ler essas cartas na sua literalidadecomo se escuta (ou se lê) a fala enquanto texto de um analsante o que se esperade um letor analsta mas tamém de qualquer letor advertido dos rumos que tomoua teoria lteráa como ndcamos acma ou mesmo do leitor simplesmente de oa féemora despdo prefervelmente de qualquer sentmento relgoso

Contudo do letor anasta sea de se esperar um esvazamnto do imagináioum magnáro que faz a colagem que Porge dentica na relação de Freud a Fiess /Sss (Nome do pa sueto suposto saer) Tal colagem é o que viria promover o lugar

mpossvel do Pa deal do p sem falhas mune aos equvocos aos enganos comono caso de Fess que chegou a prescindir do pai quando criou sua teoria daransmssão de uma geração à outra na qual a lei ológica da peiodicidade sustituaa le do Nome do Pa que é da ordem do simólico Uma teoria que pretende aqualquer preço aolr o acaso estaelecendo relações improváveis entreacontecmentos heteróclitos E Freud de certa forma aceitou ou tentou aceitar issopelo dea cientco que Fiess encarnava para ele como indica o poema que escreveuao amigo por ocasião do nascimento de seu lho

SaveO ravo lho que ao comando do pai surgiu no momento exatoPara ser seu assistente e companheiro de traalho na perscrutação da ordem divnaMas salve tamém o pai que pouco antes descoru em seus cálculosA chave para restringir o poder do sexo femininoE para arcar com seu fardo da sucessão legtimaNão mais confando em aparências sensoriais como faz a mãeEle nvoca os poderes mais altos para reivindicar seu direto sua conclusão sua

crença e sua dúvidaE assim no começo eis que ali se ergue vigoroso e são à altura das exgêncas do

erro o paEm seu desenvolvimento inntamente maduro

Que o cálculo estea correto e como legado do traalho sea transferdo do pai parao lho e mais além da separação dos séculosConugue na mente o que as vcisstudes da vda rompem e separam

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A RÁTICA DA LERA

Ee lugar mpovel do Pa deal era tamém o lugar de um aer totalore o aparelho pquco capaz de formar um ecudo protetor contra o efetoepeca produzdo egundo o modelo ótco de que Lacan e ervu porque nãochegou a vver o apogeu da era do efeto epeca e da realdade vrtual que

povoam noa telaA letura do analta e fara utamente no entdo nvero o de um

decolamento dea equação com a coneqüente queda do Sueto upoto aerque tera como efeto motrar por exemplo que Freud memo tendo nventado apólvora tamém poda e quemar e não etava mune ao que é própro do erfalante er faltante er enganável fato do qual alá ele memo nunca duvdou.E oue ervre de eu engano para fazer avançar a teora acetando exporecomo faltante. Enm uma letura que e foe pratcada no da a da da nttuçõepcanaltca e não apena dentro do conultóro trara em dúvda enefconcalculáve

ete ponto emerge a quetão da reponaldade do letor dante do

texto uma reponaldade que etá na lnha dreta do que dza Paul Valéry a quemdamo razão memo levando em conta a determnaçõe nconcente e almtaçõe que o própro texto mpõe à cratvdade de quem o lê. Valéry dza que nãoexte entdo verdadero de um texto Uma vez pulcado um texto é um aparelhodo qual cada um pode ervre à vontade e egundo eu meo O que não querdzer que não haa verdade com ua etrutura de cção no texto que o própro letor

ecreve a partr de ua letura.

* * *

Fca então a quetão: etará retrto ao ecrtor de gêno ee movmentomperoo em dreção à letra com o efeto que pudemo depreender do exemplode Marguerte Dura ou de Joyce para quem a ora teve função equvalente enão uperor à de uma anále egundo Lacan dexou entender? A clnca nodá conta dea compulão que algun expermentam ea no entdo de um lutopara lvrare da omra do oeto como de Dura no cao por exemplo deruptura amoroa que a letra exorcza ea para tentar manter vvo ee oetoperddo ou memo darlhe contênca em ua forma lteral.

E não é ee em últma ntânca o movmento que etá na orgem de todaa lteratura lrca amoroa ocdental nacda no éculo X, dea mpoldadeadcal que peava ore o amor dto cortê? Duplamente nterdtado o oeto deamor encado na Dama: pela le feudal que tema o adultéro e pela le cortê quenão faza enão ratcar a prmera o a aparênca de uma deprecação da

exualdade. Am era o deeo que e mpunha como Le Que retava ao amanteao trovador no cao enão ecrever a ntocável Dama para têla ao meno emvero foem ele engmátco crptográco como o exga o trobar cus aoponto de fazer do retrato de ua Dama o de qualquer uma? Fo o que Lacandenndo a ulmação chamou de elevar o oeto à dgndade da Coa Ma

ele tamém lemrou e com razão que ee dea oretudo o da Dama e

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O ESCREVER E O ER RÁICA DA ERA E DESEJO EM RÁICA

encontram gualmente em épocas ulterores e que suas ncdêncas sãoasolutamente concretas na organzação sentmental do homem contemporâneoacan escreveu tudo sso em 960 em antes da revolução que este fnal de mlênoe a nteet, em partcular, vêm trazendo às formas cada vez mas vrtuas de

relaconamento e ao que fo, no passado, a carta de amor . .Mas não va muto longe a época em que anda era de praxe a gura do

dáro ntmo, forma espúra de lteratura, raramente pulcada a não ser em casosexcepconas, como o Dáro de Anne Frank, que revelou os horrores da guerra e doantsemtsmo, ou então por ser o ouo lado, o lado prvado de uma ora lterára,como fo o caso do Dáro de André Gde. Esses dáros, personcados ao ponto de

merecerem por vezes o tratamento afetuoso Querdo dáro, eram o Outro a quempodam ser fetas as mas ntmas condêncas, e que acolha no slênco de suaspágnas, transformados em letra, os quexumes e . por que não dzer? a demanda deamor que um pscanalsta acolhe, e aos quas tamém não responde, se é que semantém, como é devdo, no lugar do morto Como sera possvel avalar, a não serao longo de uma análse posteror que ao que tudo ndca não houve , os efetossore o sujeto desse escrever soltáro, dessa cumplcdade com a letra

Por outro lado, se os efetos da letura ultrapassam, no letor, o smplesdesfrutar mpune do fantasma alheo, permanece no entanto dentvo e vale comoadvertênca aqulo que Freud ressalta em A psicopatooia da Vida Cotidianasore os lapsos de letura, quanto à possldade de uma correção do texto ldo

no sentdo de um repúdo Abweisun ou de uma realzação de desejounscheun como assnalamos acma. O que está por detrás do lapso deletura Veresen) é o desejo unsch do letor E é da letra, enquanto orda do realapontando para o ojeto a causa de desejo que surgem os efetos de letura masmprevsves e marcantes

Na própra ora de Freud há o exemplo do Homem dos ratos, que tendofolheado um de seus lvros, justamente A psicopatooia da vida cotidianaencontrou al lgo que o levou à decsão de colocarse so seus cudados. Alémdesse fato determnante, numa ocasão em que la emDichtun und ahrheitcomo

o jovem Gthe se lertara da maldção de uma examante cumenta que o mpeda deejar os láos de oua mulher, o mesmo pacente fo mpeldo a masturarse, o queFreud atru a dos fatores uma proção e o desao a uma ordem •

Um outro exemplo tamém lgado à letura de Gthe merece ser lemrado,entre tantos o do encono decsvo de André Gde com a ora desse autor. Umencontro que adqur um valor de evento pos transmtu a Gde a mensagem quelhe deu acesso ao seu desejo, com mplcações radcas em sua vda e em sua ora.Fo o que determnou seu destno de homem de letras", e uma ora onde a letra

fcou ncumda de uma mssão mpossvel ocupar o lugar de onde o desejo seretrou como escreveu Lacan em uventude de Gde ou a letra e o desejo" Aletura de Gthe veo de certa forma, numa suplênca à metáfora paterna, trazer aojovem Gde a palavra que humanza o desejo", desejo que fatara à crança Gde, porparte daquela mãe não desejante e que a sedução da ta hava trazdo mas tarde, deforma ntrusva e avassaladora.

Q

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A RÁTICA DA LETRA

E chegamos a um momento de conclur em que a metáfora do lxo recclávelganha contornos de evdênca Este escrto destnado ao que Lacan chamou depoubellication nscrevese como o últmo no sentdo de o mas recente mascertamente não o deradero produto do cclo que menconamos no nco o dessa

complcada engrenagem que comanda o ler e o escrever aconada pelo comustveldo deseo e pelo oeto que o causa

NOTAS E REFERÊNAS fOGRÁFAS1 Pscanalsta Escola Letra Freudana .. LACAN J Hommage fat à Marguerte uras du Ravissement de Stein"

n Cahiers RenaudBarrault Pars Gamard1965 5 p 7153 LACAN J Le sémnae sur «La Lettre volée » n Écrits Pars Édtons du

Seul [1955] 1966 p 1 1 61 4 . LACAN J Lnstance dela lettre dans lnconscent oularason depus Freud n

Écrits

op ct[ 1957] 1966 p49358.5 FREU A interpretaão s asias, Lsoa Edções 70 1979 p.67

6. SAUSSURE F de Cours de Linuistique Générale Paris Payot 1916

197 985 1995 p.9899.

7 A Interpretaão das Afasias opus ct p 54, 568.  A ntepretação dos sonhos O traalho do sonho" n Ed Stanrd

Brasileira s Obras Psicolóicas Completas de Ro de Janero mago ed 1987, vol cap V p 70

9 ALLOUCH J Lettre pour lettre ranscrire traduire translittérer Toulouse

Ers 1984,p. 17; 75.1. Ver a respeto L nstance de la lettre " n Ecrits opus ct p 515.1 1 Aula de 1 de mao de 1971 do semnáro nédto un dscours qu ne serat pas

du semlant pulcada com o nome de Lturaterre" n Oicar? n 4 1 ,1987,p.513

1. MLNER JeanCaude Obra Clara can a ciência a losoa Ro JorgeaharEd 1966 p 105

1 3 LACAN J Séminaire Livre Encore Pars Ed du Seul 1975, p 3514. un dscours qu ne serat pas du semlant" Semnáro nédto aula

de 1805.19715 Écrits opus cit p 10 16 FREU S A Interpretaão das Afasias opus ct p 7017. n Obras Completas, opus ct vol V cap 618. Escrtores cratvos e devaneos" [ 1908] n Obras Completas opus

ct vol p 149158.

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O ESCREVER E O LER RÁTCA DA TRA E DESEJO EM RÁTICA

19 Confeência XX O caminho da omação do intoma" nObras Compeas 97] 1976 vol XV opu cit p. 438439

20 ACAN . Hommage " opus cit p. 1332 1 DURAS Écrire Pai Gallmad 1993

22 V em paticula uma longa enevita à Benad Pivot em Apoophe" Antne2 1984; Dua M. e GauieX. Les pareuses Pa 1974 E de Minuit eAndea Yann MD Pai 1983 Ed. de Minuit

23 LSPECTOR CA descoberta do mundo Rio Nova Fonteia 1984 p 1 9 1

24 DURAS Écrire opu cit p 2425 LACAN Encore opu cit p 10926 DURAS M Éc rire opu cit. p 2327 Aposrophe pogama de entevita à televião ancea apeentado po Bead

Pivot Antne 2 1984 logo apó a pulicação de L'Amant ealização de

eanLuc Leidon Exitente em vdeocaete.28 LACAN. Encre opu cit p 3629 Le Séminaire Livro V L' envers de a pchanayse Pai Ed du

Seuil [ 1969 1970 1991 30 Maon efey Mouaieff {ed A correspondência competa de Simund

Freudpara ihem Fiess 1 887 1904 Rio mago 1986 p 3203 1 DURAS Écrire opu cit p 2432 Ibidem p. 22

33 LACAN L envers de a pchanayse opu cit p 1 1 34 LSPECTOR Claice Hora da Estrea Ro de aneio oé Olympo Editoa1979 21

35 DURAS Écrire opu cit p 3436 Ibidem p 494037 Ibidem p 5038 bidem p 3539 bidem p 9740 L'Amant Pai 1984 Ed de Minuit.

4 1 .   L Amantde a Chine du Nord Paris Gallimad 1991 42 e Gauthie X Les pareuses Pa 1974 Ed de Minuit p 1 1 - 12 43 A ntepetação do Sonho" opu ci t. volV cap VC p.344 Eoço de Picanálie" opu cit vol XX p 191192 {gfo meu45 LACAN Le Sinthome emináio inédito aula de 17021976 pulicada in

Oicar?° 8 1976-1977 1446 DURAS M e Gauthie XLes pareuses opu cit p. 21721847 L Amant de la Chine du Nod opu ct p . 17

48 L Amant opu cit p. 4649 L 'Amant de Chine du Nord opu cit p. 201 50 L 'Aman opu ct p 1225 1 L'Aman de a Chine du Nord opu cit p. 3352 L'Aman opu cit p 3753 L'Amant de a Chine du Nord opus cit p 1 1

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A RÁTCA DA LETRA

54. DURAS, M e GATHR, X Les pareuses opu cit, p. 50.55. DURAS, M. L Amant opu cit., p. 38 .56 LACAN, Le Séminaire Lvro V L' Ethique de a Psychanayse Pari, Ed du

Seuil, [ 959-960 986, p 9.

57 . Ver a ee repeito Charaudeau, Patrick, Grammaire du sens et de ' expressionPar, Hachette, 992.

58. Deenvolvida na Alemanha por Han Robert Jau, da Univeridade deContança, a partir de 967.

59 BARTHES, Roland. O prazer do texto São Paulo, 987, Editora Perpectiva, p.24.

60. SER, Wolfgang. O ato eitura Uma teoria do efeito estético São Paulo,Editora 34, vol. , 996, Vol. 2, 999.

6 1 . Ver, em particular Eco, Umberto,Interetaão e Superinteretaão São PauloMatin Fonte, 1 994.

62. LACAN, Le Séminaire Livre / Le moi dans a théorie de Freud et dans atechnique de a psychanayse Pari, Ed. du Seuil, 1 978, p. 232.

63 Le Séminaire ur La Lettre voée, in Ecrits opu cit, p29 Novocabulário potal francê, a ettre en sourance é a carta que fica retidano Correio, à epera de eu detinatário.

64. Le Séminaire Livre / opu cit., p. 23365. Le Seminaire ur la lettre volée, Ecrits opu cit., p. 30.

66 Le Séminaire Livre opu cit, p 231 67 FREUD, A interpretaão das afasias opu cit, p. 69.68 Lapo de Leitura, n Obras Competas opu cit, vol. V. , p. 1 08-

.69. ASSOUN, PaulLaurent. /ntroduction a métapsychooiefreudienne Pari,

QuadrigeUF, 993, p. l 4- 130.70. FREUD, S. O Ego e o d, in Obras Competas opu cit, v o XX, p. 34.

7 . Uma nota obre o bloco mágico , in Obras Competas opu cit.,vol. p. 285-290.

72 Ecritore criativo e devaneio, in Obras Competas opu cit, Vol.,p53

73 . LACAN, Ecrits opu cit, p740.

74. PROUST, Marcel temps retuvé Pari, 1 927, Gallimard, reed. Folio, p. 423-424.

75 BADOU, A Para uma nova teoria do sujeito Rio, Relume Dum ará, 99476. SER, Wolfgang. opu cit , vol p 4446.77 LACAN, Les non-dupes-errent inédito), aula de 09 e 23 de abril de

974..78. FREUD, S . Recomendaçõe ao médico que exercem a picanálie, in ObrasCompetas opu cit.,vol X, p. 50.

79. ECO, U opu cit., p. 75 .80. PORGE, Erik, FreuFiess Mito e quimera da auto-anáise Tad. Vera Ribeiro,

Rio, ahar, 998.

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O ESCREVER E O LER: RÁTICA DA ETRA E DESEJO EM RÁTICA

8 1 A correspondência competa de S Freud para W Fiess opus c p 73 375 e451 especvamene

82. /bidem Caa de 29 2 1 899 p 39483 LACAN, L 'Ethique de pschanase opus c, p 33

84. /bidem p 17885 FUD, S Noas soe um caso de neuose Osessva" Obras Competas

opus ci, 909 vo1X p 163- 164 20686 LACAN, eunsse de Gde ou a lee e I e dés" n Ecrits opus c p 739-

787 unção depubication + poubee (pulcação + laa de lxo

1

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Notas acerca da leitra de m texto literário no

discrso anatico

Jean-Guy Godin Tdução: Oga Maia Caos de Souza

Formulare de manera arupta o exo de mnha nerrogação: haverá ummétodo pscanalítco de leura?

Énecessáro que eu precse ncamente o que entendo por letura Nessaetura" traase de dar conta de como nosso etor pscanalsta é raalhado por um

texto de dar conta da manera pela qual nosso letor pscanasta preso detdo porum texto um texto lteráro va utzar esse tpo de encontro e produzr um saerque concera tamém à comundade dos anastas.

Por hora vou dexar de ado esse termo método" e vou tentr antes destacar

uma posção posções dessa letura própras ao dscurso analítco onde o analstase dexa ser o efeto daqulo que o causa

Formulado de oua manera é a questão de como a pscanálse pode

responder à teraura. Ler uma ora terára um texto depos de Freud depos deLacan com Freud com Lacan é lêla com esse nsumento farcado com elaoraçõesteórcas da pscanálse mas não sem referênca à práca da análse ao ato analítco.

Sera pertnente entretanto dstngur uma leura stuada no dscurso

analítco de uma letura crítca nstaada no dscurso unverstáro e que utzara osconcetos os termos as noções da pscanálse na suas própras eaorações?

Certamente sera possível esquematcamente dferencar duas tendêncasnessa relação com o texto: uma orentação que encontrara na ora a confrmação

daqulo que pscanálse descoru na cura e sera então matéra de usração parapscanálse para toáa usre com o rsco de recorr o texto que felzmente nãose dssove na letura com as sgncações prontas da pscanálse.

A segunda orentação sera a de consderar o texto lteráro comoensnamento consderar que o texto lteráro ensna à pscanálse e que nessaconfrontação algo está em jogo para a pscanáse e não apenas do ponto de vstateórco mas do ponto de vsta cínco sto é o saer que tece o texto pode dar ugarao que se podera chamar de construção de um caso ou de uma gura teórca. ComoLacan elaora a respeto de Hamlet no seu semnáro O desejo e sua nterpretação".

O que Hamlet propõe não é nem o caso do desejo de um hsérco nem o caso dodesejo de um osessvo. É ao mesmo tempo os dos é o ugar do desejo". Hamletnão é um caso cínco E um draa que se apresenta como uma placa graóra ondese stua o desejo Essa crítca de Hamlet por Lacan não constu uma letura amas mas traz um saer novo.

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A RÁICA DA LERA

Todo texto l teráro pode apreentare como um mtéro um engma eleconttu um deao que, de um modo ou de outro, a crtca tenta acetar. E, amcomo o quadro prepara o lugar do epectador, o texto organza uma uperfce,oferece à prolemátca do noo deeo enquanto letore um lgar a er ocupado

do lado do letor, o texto va um gozo

Em que noo letor pcanalta e dtngue dee letor comum que VrgnaWoolf quera er, como menconou Jacque Auert ?

Saemo que na cura o pcanalta depende da letura que ele faz em ato

do texto de eu analante, aemo que ele e acrecenta a ee texto e que enquanto endereço ele tamém faz parte do texto que etá lendo

deeoEnquanto operador, o analta não é um elemento puro, um puro

Nngum ignoa que sea peiso esa qutes om seu pópioinonsiente pa pode não se enga ao obsevá-o opedona ama daqulo ue o paiene fonee no atfopsanaltio

Etar qute com eu própro nconcente" pode permtrlhe reguardare do gozo na cura, to é, não mturar eu própro gozo com o de eu pacente. Ora,

é ee memo gozo, de algum modo upeno na cura, que partcpa da manera comque ele é aalhado, que o analta porá em ação na letura de um texto, dante doengma de um texto. Nó, o profano, empre deeamo aer vvamente de ondeea peoa à parte, o crador lteráro, retra eu tema e como ele conegue graçaa ele no emoconar tão fortemente", ecreve Freud, em 1 908 em Ecrtore Cratvoe devaneo" , e ee deao é tém redorado quando vemo o crador ncapazde no dar uma repota atfatóra"

Não há duvda de que o autor ea ulapaado por ua ora, e éjutamente nee lugar que o crtco pode entre chamado. Nea ulapaagem,

Tanto Racne quanto Sartre ecreve Lacan ão ultrapaado em dúvda naua ntenção ma ele não têm que reponder pelo que a ultrapaa" E écertamente uma grande dferença no nteror da ora lterára, aquela que exte entreo romance e o teatro, po a peça de teatro ncreve e reerva deleradamente umepaço para nterpretar ou repreentar ea ntenção.

Uma certa hegemona, um certo mperalmo da pcanále, favoreceu

a chamada pcanále aplcada, ou anda a corrente pcoográfca que queracompletar a ora com o que lhe faltara, a vda do autor, e preencher o engma do

texto com elemento ográco Ma, o que devem no azer ea ografa,perguntae Freud?

Mesmo a melho e mas ompleta não podea sponde duquestões ún que paem neessantes. Ela não eluda oenigma do dom mvlhoso que f o aisa e não podea nosaud a enende meho o vao e o efeio de su obas

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NOTAS ACERCA DA LEITURA DE UM TEXTO ITERÁRO NO DISCURSO

Feud já hava tomado ea mema poção, em 1928 no eu tgo oeDotoevk e o pacdo", ao eceve Dante do polema do atta cado aanále nfelzmente, tem de depo ua ama" •

Na melho da hpótee, a pcanále pode popo um nco deexplcação paa o gozo ou paa o paze do leto Segundo Feud, a caçõe lteáaão oa do fantama, apaentada com o nquedo da cança poque ãoéa e dtancada da ealdade Ma enquanto a naatva de uma fantaa poum ndvduo qualque no dexa quae empe ndfeente a caçõe fantaadado atta no popoconam um efeto de paze Há um enefco de paze etétco

lgado ao aanjo gnfcante ao etlo ao achado de ntaxe ou à metáfoama oetudo a vedadea atfação que uufumo de uma oa lteáa"eceve Feud, pocede de uma leação de tenõe em noa mente" • A oalteáa é em ucedda quando, com o patcula o patcula do heó, o pacula

do etlo ela toca o patcula do leto e adque com o paadoxalmente, umetatuto unveal

Entetanto notae que Feud não e futa a emuça apeonaldade e a vda do auto. No eu atgo oe Dotoevk oetudo, quandoele elacona Os Iãos Karamasov ao detno do pa de Dotoevk aanado

quando ete tnha dezoto ano e ao fantama de Dotoevk em cança Podemo

com eguança dze que Dotoevk nunca e leou do entmento de culpaoundo de ua ntenção de mata eu pa. " Ou anda, quando oeva a patde um texto oe Dotoevk e o jogo que a podução lteáa não a nunca tão

em como quando ele tnha peddo tudoTocamo aqu em algo que no nteea, como patcante da anále

como agente dea pátca ngula, po ea quetão da elação à ecta nó aenconamo tamém na cua. Cetamente o nconcente upõe a pmaza de umaecta, ma não é o que eu queo ulnha. Há momento na anále em que deuma manea ou de outa, o ujeto eceve ele pega um papel um láp e eceve Oecuo à ecta é a mca de momento que ão empe momento de ácula oude vaclação, patculamente em fnal de anále E nee momento de vaclação,

talvez e tate de ealza pela ecta uma atculação, uma amaação do Real deegozo que tanoda) ao Smólco quando o nó e elaxa um pouco, quando oSmólco falha e dexa o magnáo e nl o que Lacan pode chama de momentode dettução ujetva Reome aqu à utlzação do nó oomeano feta poLacan no eu emnáo O nthoma

Ea elação à ecta, nó a encontamo de manea pvlegada anda que dfeente em ceta eutua como na pcoe que mantém umaelação eteta à ecta memo que notemo que Feud, dante do texto doPedente Schee não e nteoga oe o ato de ecta de Schee

Etamo numa outa elação à ecta há um delzamento, um oudo nve a ma ou a meno uma outa função da ecta que não aquela dadapo Feud como podendo lquda, po meo ttco, a maa de exctação deque o ujeto não dá conta pqucamente. Poduze algo como uma etauação dacadea gncante.

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A PRÁTCA DA TRA

O texto de Joyce uportaram e uportam uma nndade de ecrtaEle a chamam Você devem aer que o encontro de Lacan com o ecrto deJoyce prodzu um momento mportante na elaoração de Lacan E fo a letura deJoyce que levou Lacan a ntroduzr um novo conceto o Sinthoma como dferente

do ntoma Ea modcação de ecrta nomea um fenmeno dferente Po e ontoma é ea gnfcação tomada num proceo de ecrta que e trata de decfrar,o Sinthoma degna o própro proceo de ecrta, o oejo do ntoma, a relaçãodo ujeto à lea É uma nova luz ore a dependênca do ujeto, não do gncante,ma da letra, o ntoma puro do que é a relação do ujeto à lnguagem, relação dedetermnação

Vou tomar rapdamente o mecanmo dee Sinthoma eufunconamento tal como e dá a ler no texto de Joyce Stephen o herói O retratodo artista quando jovem Uisses Finnean s wake Notae que ão trê tpo de

ecrta certamente dferente, ma que e mturam e traalham o memo materalStephen edalu, que não é Joyce ma uma relação delocada de

Joyce à ecrta, tem que ecrever Ele tem que ecrever para fazer ente ao olhar da

mulher ee olhar que repreenta a Coa ata egur o texto o horror aodeejo o que Lacan chama de Outro não arrado, ee Outro no qual eu poderaer engoldo e deaparecer Ele ecreve para conttur uma moldura para ee olhar,para afatr ee Outro no qual ele podera afundar ele ecreve para contrur emolzar o que deve lhe faltar como uma foa pode nomear e crcuncrever o

ojeto da Angúta Ele ecreve para não delzar, numa pergoa dentcação àMulher para não nauagar na letra lquda do delro O caráter mpoto da arelação à ecrta é a outra face da ua certeza de er um gêno Ele não pode domaree real, dometcálo enão o a condção de enquadrálo na ecrta e pela ecrtaEe gozo que o orecarrega empurrao a ecrever

Há uma cena em Um Retrato do aista quando jovem que me parecedar atante conta dee fenmeno que pode lhe parecer atrato e teórco: é emCork A cena e paa ore um fundo de tranão Stephen edalu o heró ate a eu própro deapoamento O en que deveram ter do tranmtdo

a ele ão venddo por eu pa falênca do pa que deapoa o lhoMa, quando da evocação da geraçõe, o pa de Smão o av de

Stephen a voz de eu pa, Smon, ee louvador de eu própro paado, falha porua vez num oluço, ee nova falha provoca no jovem Stephen uma cacata deefeto, como e nee momento ea voz, a voz de eu pa, tvee do a úncautentação de ua ordem mólca, como e uma falha da voz acarretae acatátrofe da própra cadea gnfcante

Ee ma poda nterpretar as etr dos etreros das ojas ( )Nada o senslzaa ou le faaa do mundo real. Ma podareonheer os própros pensamenos omo seus

A letra tremem Stephen perde contênca e e apaga de ua htóraO trê crculo dee nó orromeano que Lacan promove, Real, Smólco emagnáro, e oltam Ma S tephen o conera no própro lugar em que e rompe, e

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NOTAS ACERCA DA LETURA DE UM TEXTO LITERÁRO NO DISCURSO

poduz sgncantes aos quas pode amaa sua hstóa e o sueto d e sua hstóaSoe essa uína Stephen constó no pópo luga da echa no pópo luga

onde o Smólco cuza o Real no nó oomeano nesse luga de cuzamento enteReal e Smólco que podemos desgna como o luga da leta nomes pópos

colocados em cadeas com esse ponto de apoo e de eono que epesenta o nomedo pa

Eu ou Sephen Dedau Etou andando ao lado do meu pai cuonome Simon Dedau Etamo em Cok na nda Cok éuma cidade Noo quao ca no hoel Victoa. Victa eStephen e Smo Simo, Sephen e Victora Nome

Fagmento po agmento ele econstó as fomas de sua esposta àquela

falha facando esqueletos de ases em tono de nomes pópos em que o suetopode se agaa. Stephen eapaece epaado pepaado com sua hstóa magemde menno de tenho cnza com cnto

À medda que poduz seus esctos : Epaias O etat d atista quadjem Uisses ieas wake o caso Stephen Dedalus va se tonando o casoJoyce o caso dessa sngula eaço de dependênca da escta A epaaço

mpovsada de que o pequeno Stephen é testemunha tonase o que Lacan desgnaácomo o Ego de Joyce o Sithma um quato cículo um emendo que vasuplementa faze suplênca ao enodamento dos tês cículos Real Smólco e

magnáo No pópo luga da falha al onde o nó oomeano opeça StephenJoyce o conseta com a escta.

Ao que paece, cetos pscanalstas taam do ensno de Feud e de seu

pmado da sexualdade a autozaço de eco qualque texto com uma sgnfcaçosexual útma A azo últma sso pode leva àquela explcaço que ouv no semme envegonha se ponuncada a espeto de Joyce que se devea taduzPemapo peisma e que toda sua atvdade de escta poda se elaconada a uma

atvdade mastuatóa E sso nos adanta muto dam vocês .Feud espeava dos pscanalstas modestamente que souessem le um

pouco que apendessem a le, o que supõe a passagem po cetos texosAs oas lteáas nos nteessam no paa fazemos sua cítca no paa

eduzlas mas pelo que sua letua pode nos ensna a nós, pscanalstas.Mesmo que dexase ensna" possa tonase uma palava de odem e

possa tamém nclu um execíco de pscanálse aplcada Dexase ensna supõeque o analsta se dexe atng pelo sae do texto

Ela pova sae sem mm o que eu ensno dá Lacan após a letua de O

aebatamet de L Stei de Maguete Duas Ela sae mas no temnecessdade de dzêlo e o pscanalsta atavés dessa leua no usca conmaçoou vecaço mas um pouco mas, algo de dfeente que lhe pemtá avança umpouco quanto a seu sae aqu soe o olha em ogo num ogo de olhaes.

O sae em aço nos textos é um sae eu epto que deve contupaa o sae analítco paa a oentaço e conduço dos tatamentos E se as oas

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A RÁTICA DA LETRA

iteáia dizem epeito de alguma outa foma ao tratamento, ao ato analtico, àpática da análie, ee olha no é cetamente pecioo

A picanálie e doa à pática da leta ao igo textual, é ua maneia deaze: io e aticula em cadeia de leta tão pecia, dizia Lacan que não

deve falta uma" am e odena o quado do ae Seria povel então inceve popo alguma aliza de método"

egundo a fomulação de Lacan em eu atigo oe Magueite Dua quealizaiam, demacaiam com pontilhado a poição de leitua do picanalita e lhepermitiiam extai contui ee ae em ogo no texto, que o atita não ae

nicialmente, um ponto de modétia, a maca de um limite: há um impovelé impovel da conta da criação liteáia, ultapaa o amoo ó erve paa io"de Beckett

Repitamo a evidência, em eguida, epitamo que a picanálie é um

tatamento que ela ó e aplica como atamento e, logo, a um ueito que ala e queecuta Foa dio não pode tatae enão de método picanaltico" e Lacanpeciaá

aquele que proede à defção dos sgnantes sem se peoupaom nenhuma forma de exstêna pessuposta do sgnado" ( )uma pesqusa na medda em que ela obsea esse prnposomente pela honestdade de seu aordo om a manera pela qual omateral lteráro dee ser ldo reenontra na ordenação de sua

pópra exposção a estrutura mesma do sujeto que a psanálsedesenha

Ea omulação é uicientemente explcita e conhecida paa que eu não a

comente ulinhaei implemente ee deve e lido" que maca uma exigênciaa de egui ee caminho ao pé da leta encaminhamento oigatóio, acompanhado egundo temo que ulinho dea honetidade em que veo a maca de umapoição ética uma upenão de ulgamento Não temo que utitui a

ultrapaagem da quete po chave ponta Sigamo o caminho que no mota

o atita amado da maio implicidade" egundo o termo de Lacan Eahonetidade ou ea implicidade Lacan a peciaá ainda em fómula quaeimpeativa que elemam o conelho ao médico" de Feud

Se a oa do auto enconta na ua vida o mateial de ua menagem ee dado etão eduzido a eu empego de mateial" Da mema maneia quenuma análie ó temo que opea com o que o paciente diz e que podemo eentravado po um ae que vem de outa oca diante de um texto, ó temo queopea com o que o auto eceve A azão do texto encontae no pópio texto É

a etutua do texto que eponde po eu eeitoDeixemo ao auto ua vida e ua upota neuoe Evitemo a goeia,

digamo o pedantimo de uma certa picanálie, que cai numa ceta tolice" continuaLacan na homenagem a Magueite Dua aquela, po exemplo, de atiui a técnicamanifeta de um auto a alguma neuoe: goeria, e de o demonta como aadoção explcita do mecanimo que fazem o edifcio do inconciente: tolice" ;

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NTAS ACERCA DA LEITURA DE UM TEXT LITERÁRI N DISCURS

memo que haa nela a preença envel do nconcene do ara não emo quelda com o. Bucar na ora a marca que nformam ore o auor nã éanalar o alcance da ora como al.

( a úna antagem que um psianalita tem o direito de tirarde sua posição se esa lhe for reoneida omo tal lembrar·se om Freud que, na sua matria o arsta sempre o preede eque ee não dee brnar ao psóogo onde o arsa lhe abe aa

Ee alzameno de méodo delmam um quadro que va regular a relaçãodo leor ao exo e eu gozo nee raalho. Po e noo pcanala no raamenomanéme afaado de eu própro gozo aqu ele põe eu gozo a raalhar Ele edexa cauar pelo exo e Lacan eemunha ea poção na homenagem fea aMarguere Dura. Ele dz dexare areaar er a prea dee areaameno eleeemunha ee gozo cauado pelo exo e põe ee gozo a raahar

A obra lterra ene ou fraassa mas não imtando os efetosda esttura Ela exste apenas na ua que a da estruura Ela seu Real, e nesse sentdo que a obra não mita nada Ela enquanto ção, estrutura erdia

NOTAS E REFERÊNAS OGFAS:

1 . Pcanala Ecole Sgmund Freud Par2. LACAN J. " dér e on nerrpéaon aula de 1 8/03/59 pulcada emOica

n°25.3 Cf. Jacque Auer Un momen ' l vou pla exo nédo

. LACAN J. Ce à a ecure de Freud can R Georgn Cre ed. p. 1 .5. FREUD S. Ecrore cravo e devaneo( l 908 Ed Standad Basieias Obas Competas mago vol. p 9

6. LACAN J. C'e à la lecure de Freud .. . opu c. p. 67. FREUD S. Dcuro pronuncado na caa de Ghe(1930) Ed Standad

Basieia . . opu c vol. p. 2.8 Dooevk e o parrcdo Ed. Standad Basieia opu c. vol

p. 205

9. Ecrore cravo e o devaneo ( 1 908 opu c p. 1 50 1 57 58.

0 Ibidem 5 81 1 . FREUD S Dooevk e o parrcdo n Obas Competas Ro do Janeo

mago 1972 v , p. 21 6.1 2. Termo urdco referene à ranmão de en (N T. ).1 3 . JOYCE J Um etato do atista quando jovem. São Paulo Scano 992 p.96.1. Ibidem p 96.

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A RÁTICA DA LETRA

15 LACAN, J Homenagem a Magueite Dua" in Shakespeare Duras edekindoce Lioa, Aio & A vim 1 989, p. 1 245

16. Popoition du 9 octoe 1967 u le pychanalyte de Ecole"Sciicet 1 Pai Le Seuil, 1968.

17 . Jeunee de Gie", Le Seuil 1 966, p. 74818 . Ibidem p.748.1 9 LACAN J. Homenagem a Magueite Dua", opu cit .20 bidem20. LACAN . Homenagem aMagueitte Dua Shakespeare Duras edekind

oce Lioa Aio & Alvim, 1989 p 1252 1 C' et à la lectue de Feud" op. cit.

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Pontuações

Eisabeth eitas"

Conideandoe que a ecita á etava lá dede empe penea no textofeudiano é o memo que peegui um texto que não e eceve ma que ecito

incito como taço no fala compondo uma oba que deliza inceantementenuma polifonia de paágafo, lendoo um lampeo fágil de entido empe noecapa

Eu z o nada apareer Represente que o homem é um poçoesuro Aqu de ma não se ê nada Mas quando se hega aofundo do poo, á se pode er o nada erder o nada é umemporeimeno

Paa Lacan a poduçõe do ueito ecita ou falada ão conideadacomo expeiência de ignificação é função de uma fala Eta fala é e não é fala doueito poi ele a ecebe ponta endo omente eu ponto de paagem; logo

ete efeito de linguagem eencontam o que á etava lá dede empeSegundo A. DWeil emInocaões, o efito do ecalque oigináio é baa

o Outo e o ueito intoduzindo uma dupla auência: do Outo que cai no

equecimento e do ueito que e equece e equece do Ouo Nee etágio, nãohá ainda uma cauaidade neceáa à podução de um ueito do inconcientema pepaae paa o egundo tempo, no qual o ueito decobe o fuo eal dapivação matea O ecalque oigináio ubitui o etado de cntempoâneo que

o ueito ea com elação ao Outo, ito é nee momento mtico ele paa de pua

onoidade paa um etado de epaação adical

nstrundo o sueto de que o utro essando de ser seuonemporâneo sonoro requer dele que passe agora para teruma hane de reenonrálo

É nete devio que e coloca um ponto vitual no nvel do qua o copo

e o ueito ceaam de e contempoâneo do luga de ua cauação ignificanteO que o bebê ouve e não abe que ouve, ma cê no que ouve, é a voz

melodioa matena que tanmite uma dupla vocação ou a expeiência maipóxima do inconciente que o deloca paa algum luga em lei. Eteetanhamento em nome ou melho ete ueito do inconciente de um tempopaadoxal:

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A RÁTICA DA LETRA

paa po um tempo lógo po onde nado à ua latênanum momento de êxae que o anpoa pa a ena da eêna.

A partir deste momento inaugural, passa a fazer um apelo silencioso paraprovar sua existência, pois a falta um nome que coloca em perigo o seu projeto deser

No instante em que soa a questão silenciosa deste desconhecido,transmitida através de pausas (ponto, dois pontos e reticências), um sim originário,umaeaun originária irrompe neste lugar sim o coração dele atia como loucoe sim eu disse sim eu quero Sims"• Na pontuação desta escrita que fala, doravanteexiste um sujeito que crê num onto que o direciona para o enigma de um pasdesens (signifcante zero ou do Nome do Pai), que só se torna possvel pela escrita de

um som de voz e silêncio que põe um Ponto Final a um certo número de exercciosPõe um ponto na1

Ao eleger o tema das pontuações através de várias referências, a questãoda inscrição a se coloca, pois no momento em que inscrevo uma inexistência essainexistência passa a ser alguma coisa, ocupando um lugar e tendo uma posição Oumelhor dizendo, no momento em que das Dindesaparece, se toa um lugar vazio,surgindo a a representação, a alucinação ou o lugar do desejo irrealizável Estecampo de ausência só pode ser representado quando desaparece das Din isto é,

acrscento das Din como Ç próprio correlato da le da fala em sua mais primitivaorigem, nesse sentido que esse das Din estava lá no incio, que é a primeira coisaque pde separarse de tudo o que o sujeito começou a nomear e a articular"

Em Cantor, esta inexistência é demonstrada em sua teoria dos conjuntos, edesignada como conjunto vazio Uma inexistência, no momento em que se inscreve,produz alguma coisa

No nascimento da numeração moderna mostrouse indispensável aintrodução de um novo smolo para marcar grafcamente o conceito de zero, asede toda a matemática astrata, que antes era expressa pelo conceito de céu, espaço,

atmosfera e rmamento Nos pictogramas a aóada celeste era representada porum semicrculo, um diagrama circular ou um crculo intero, mas desde o século Ventre os indianos, o crculo passou a simolizar gracamente o conceito de zeroOutro termo sânscrito que incorporou o sentido de zero foi a palavra indu quesignifca literalmente o ponto"

Paa o hndu, o d o ímolo do uneo na ua fomanão manfea, e potano uma epeenação do uneo antede ua anfomação em mundo da apaêna rpdh

Segundo a looa nda, ee uneo p-ado ea doadode uma enega adoa ap de udo engend; ea o pefetoQ aual.

Este ponto gráco, gura geométrica elementar, contém em si todas aslinhas e todas as formas rpa possveis Este zero indiano que signifcava não sóo vazio, o espaço, a atmosfera e o éter, ulapassava tamém as noções de vacuidade,

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PUAÇÕES

niilismo nulidade insignificância ausência nãose nãoexistência ausente nadanuo etc das fiosofas gecoatinas No entanto foam os áabes que tomaamaos indianos a epessão gáfca do conceito do zeo. Em decoência encona-seem seus escitos oa o sin em foma de ponto oa em foma de ccuo. Mas ao se

tansmtido aos euoeus no século XII pevaeceu o pequeno cículo paa a noaçãodo zeoEssas descobetas indianas loesceam num ambiente ao mesmo tempo

místico fiosófco eligioso cosmológico mitoógico e metafísico. Em 628Brahmaupta denu o zeo como o esutado da subtação de um númeo po simesmo aa= com a seguinte popiedade: quando o zeo é acescentado a umnúmeo ou subtaído de um númeo este pemanece inalteado e um númeomultiplicado po zeo se tona zeo Sendo assim efetuou opeações com os bensas dívidas e o nulo ogo

uma dida meno zero uma díida Um bem meno zero um bem Zero meno zero nuo Uma dida irada de zero um bem Enquano que um bem tirado de zero uma díida "

Segundo oody a escita em suas aízes nas ates gáfcas logotanspondo este zeo ponto gáco paa a históia da escita nos depaamos compontuações que apontam paa a noção de incompletude fata buaco vazio nadaNa letua de um texto a us (sina gáco na linguagem oa é decoente de

pontuações pois segundo Mattoso Camaa este sistema desenvoveuse demaneia cabal e coeente no uso iteáio das líng�as ocidentais modenas

Na antiga escita em olos (desenolando com uma das mãos e enolando

com a outa isto é expondo techo após techo as palavas eam escitas em inhaconínua de sgnos sem pontuação paa seem lidas em voz ata. A pontuaçãoconsideada eática foi atibuída a Aistófanes de Bizâncio (200 a.C. e mais tadedesenvolvda de modo pecáio peos euditos da Biblioteca de Alexandia

A fim de ajudar o que inham poua habilidade para ler, omonge do srpru do oneno uaam um modo deerita onheido omo per e no qual o etoera diidido em linha de ignifiado uma forma primitia deponuação que ajudaa o leitor ineguro a baix ou elear a ozno final de um bloo de penameno (ee formato ajudaatambm o eudioo a enontrar mai failmene algum rehoque eieem buando)

Depois do séc VII segundo A Mangue a pontuação foi se ansfomando

em uma combinação de pontos e taços que indicava uma paada plena um pontoelevado ou alto que equivaia à nossa vígua e ao ponto-e-vígua que se usaatuamente oi somente no séc. IX que os escibas iandeses intoduziam muitos

dos sinais de pontuação que hoje conhecemosEstes sinais de pontuação são divididos em dois gupos os sinais paa

pausas concusas (epesentado peo ponto ( e os paa pausas inconcusas

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A PRÁTICA DA LTRA

(psntado pa vua ()). Há também o sna paa a pausa d tcências ( . .)qu s usa numa citação paa indca qu uma pat oi supimida Ests snais dpontuação constitum um tipo d ama tmo ciado na inüstica notamcana qu dsna os smboos ácos unos consttudos po taços ácos

distntivos qu nos pmitm ntnd vsuamnt as paavas na nua scita(como os onmas nos pmtm ntndêas auditivamnt na nua oa)

oyc m sua oba Uisses nos mosta a passam do ponto motoua d sênco paa a nha scita.

Quando?ndo paa o ito sombo havia um quadado m do do ovo d aca da

ocha d Snbad o Mao na not do to d todas as acas das ochas dSombnbad o Bihdazio.

Ond?

•O dstaqu d um ponto soto no spaço banco do pap indca um

svazamnto d sntido Dz m nota d odapé qu a rspost à útimadmanda é umponto",. . como sposta um ponto bm v É st sina dpontuação qu spond a um topos ua ond coa um som naudv mas vsvpo sta maca áca qu poduz. num a posteriori o qu s su Sm poqu

nunca z uma cosa como ssa ants . "Caic spcto nicia o pmio paáao do ivo A paixão seundoG com nhas tacadas stou pocuando stou pocuando. Estoutntando ntnd . Est cuso áco s pt no útmo paáafo do vo Avida s m é u não ntndo o qu dio. E ntão adoo "

Ao pco outas obas itáias constata-s qu o ua da pontuação(muitas vzs omtida como po mpo José Saamao) iusta o ua do pontotmo paa nca n o sintoma po mio do qua scapa a toda mot possvao duzs a uma stutua qu é a pópia do om s m pmitm scvêo

muito smpsmnt com um om .m L'om m ancês qu mt ao som Om datadção onta).

a China anta acditava-s qu a músca ncava m sus tonsmntos d odm cstia qu ovnavam o unvso intio isto é todo somaudv ncundo a música a uma foma d manstação d uma oma muito masundamnta d Som supfsico"

Além dsso, no so anas as fass u dsnham a nossosohos as fos da ama anga n as fs u nso m

vos muto antgos u foam mo rctados - no ntvalou as sara mora anda ho como num hogu nvoadornchndo os ntstcos, um sênco mutas vzs scuaFüntmnt no vangho d So Lucas, ncontrando osdoi

p u o ntomm ants d cada tcho uas mfoma d cântcos d u l stá dcamado ouv o sênco do u acabava d ara sua tua m voz ata aa ntoa osvscuos sgunts como um samo u a mbava os samosmas antgos da Bba ss sênco ncha anda a ausa da

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POTAÇÕS

frase ue sendo cndda ara cercá-o, guadou-he a forma emas de uma vez, enuanto eu a trouxe-me o erfume de umarosa ue a brsa entrando ea anea aberta hava esahado nasaa ata onde cava a Assembéa e ue no tnha evaoradoor dezessete sécuos

Neste paágafo M. Poust nos tanspota paa o desenvolvimento históicoda escita com suas azes na eação do oal e do escto pois se há cultuas de puaoalidade o que decoe é uma ceta ambigüidade no empego da paava escita.Na escita liteáia estamos diante de um sistema de escita consideandose oimpacto da escita na cultua onde a gafa dá acesso à leitua e à composição deobas lteáias A Bíblia o Alcoão a Toá só se tonaam conhecidos ao seemincopoados pela escita isto é os textos sagados da tadção oal de Deus e seus

pofetas são uma leitua que empesta voz ao uto na encantação que é apelo àpalava que sabe.

ão tenho a ntenço de negar o fato ue em certas cuturassem escrta ceas form oras estereotadas so memorzadasde manera exata. É edente ue os cantos, como outras obrasmas ongas so confadas à memóa recsamente destamanera

A música nos enleva a um eal inaudito pois sem o ecuso da fala paa

simboliza o tauma da pivação matena ultapassa o que as paavas podem fazeouvi o que especifca a invocação do divino Segundo DidieWeil à voz agudadas gandes divas cabe esta invocação do divino pois aniquilando as escansõesque dão sentido à fala ela exece uma atação emem oando paa nós que na ogema voz aguda subvete o sentido da linguagem que é estutuada pelas escansões

logo é pua sonoidade paa além do sentido. A gande Diva (como po exemploMaia Callas) ousa deixase possui po essa voz vinda de alhues que nos tonainesquecíve isso que tivemos que esquece um dia paa nos tonamos falantes

itágoas em suas pesquisas descobiu que

toda músca ode ser reduzda a números e reaçõesmatemátcas e ue o unverso ntero e todos os fenômenosdentro dee também odem ser excados nos mesmos teosdos mesmos números e reações matemátcas esecasencontrados na músca

A música indiana denominada aga pode se consideada como sendo amais póxima do eal. São estutuas melódicas que se assemelham a escalas na

música ocidental. Além de seem divididas pelas quato estações pelas hoas dodia são também divididas pelos estados de ânimo ocála é escolhe uma aga quecoesponda àquee momento vivido isto é começa a sugi uma música e essamúsica naa e evela quem somos nós o que é existi o que é essa hoa e o que éesse mundo.

uto exemplo póximo ao eal é a poesia de Mallamé que em suaevolução fomal culmina com o poema Un cop de ds (Um lance de dados) cua

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A PRÁTICA DA LTRA

pgafa faz pae essenca d pema N pefc ee mesm ns ena na saea a ndca a mpânca ds bancs e a mbdade d esci qe se mveem n das pasas fagmenas . . meh se desenh mesm esapaa qem qea e em vz aa ma paa .

. a dfnça dos caacts d mnsa nt motvoondant m scndáo otos adjacnts dta samoânca à msso oa a ata no mo no ato da ágnao no odaé notaá a ntoaço sob o dsc

Pa Vaéy a se eschd pe póp Maamé paa v pea pmeavez sa ba exadna ve sa vz baxa mnóna sem men efeqase qe paa s mesm Nm depmen em 1 897, decaa qe v naqee

mmen pensamen vsa de Maamé pea pmea vez ccad n nssespa . . . Aq vedadeamene a vasdã faava devaneava ciava fmasempas . . Paa ee a ea dese pema despea n e a vcaã paa ex gna ps pape é cbe de gemea vesões vsais de fómasagébcas qe sam pensamen vsa de Maamé. Segnd H de ampsnese pema a pnaã se na desnecessa ps é espa gfc apnaã essenca

A esa da pnaã gca é ezada p W Kandnsy em sasaas na Bahas em 926, nde cnsdea pn na ma maca nã fnéca nne da esca pme eemen da pna e úm da ngagem cjsgnfcad é sênc. sand de se cnex defne a esa de sa fma

peas sas ensões fmand pincp de essnânca.

Todo mnto oss ma ssonânca nto h é a s manfsta m fnço d ctos ncos a tnsoconcêntca a stabdad nnhma tndênca o movmnto a tndênca a nt na sfc. A amaço do saçolv das dmnss do onto dmn a ssonânca do onto

fnal na scta o som do onto ganha m caza foça Oonto moto s toa m s vvo atônomo mt d mmndo a oto s o mndo da nta

Segnd Kandnsy aavés da mã d asa ma fa exe

s cta sob o onto fxo no ano aancao mao nma dço al, sa tnso concêntca é dstda oonto dsaac s toa m s novo, com vda atônoma

sbmtdo a ot ls, s a nha.

Ese pn qe pepassa pape qe va aém d espa qe ca e mpcacm h pn de ansênca ene qe nã faa e qe passa a faa cmpõem ex paa se d em vz aa Mas é mpssve apeende mmen em qeese pn em anspsã sbepõe a caã d sm pecepve e mpecepvede ma músca qe mpe d sênc paa cmpaece eeamene cm esca.

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POTUAÇÕ

N lng do ngo Egto, o heoglo encontdo nm l n m deNeet espos do ó Rmsés (séc. X AC), nsceve com o tdo de mponto, plv etendde, sto é, o qe está sepdo e dstnte poxmse nmponto espçotempol. Est esct no emnhdo tecdo com mesm ncógnt

de ndo, desgn o lg ente s soms p nsceve o êxtse soto de mmomento sem p

É o mlgre do Berro de Shrer ndo ee no ode medr-sede dexr esr m gro rolongdo e o grr om tbrtdde e ele róro not e, se tem gm os dentrod bo nesse momento esse rro ode fer om e s

O lmpejo do eclcdo cco, nscto como m cos sspens, nsep se mpo como se estvesse à espe de se hmnzdo. l ql músc opontção de m poem, únc mne de desze géd e de escp ocso, pos nm segndo momento, tonse cs mtel do sjetonconscente. Es le, qe o se expls do el, sc metoz m pontosente qe nvoc m som dível n esct: não é sso qe s'o?

Rol ves n estrdmo e enforgd

rnhs he teem om ontos de orvlho

NOTS E REFERÊNS fOGRÁFS:

1 Agdecmentos Cld de Moes Rego, coodendo do semnáo Pscnálsee exto, Escol et edn.

2 Pscnlst Escol et edn, mestnd em Pesqs e Clínc emPscnálse d .

3 BARROS, Livro sobre na Ro de Jneo, E Recod, 1996.4. DDER- A Invocaões Ro de neo, Compnh d Lets, 9995 . Invocaões op.ct

6 LACAN, . O Seminário ivro 1 Ro de Jneo, Joge Zh Edto 1979

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A PRÁTCA DA LTRA

7. DDR- A. Inocaões op. ci.8. JOYCE J. Uisses Oeures Comptes Pais La Pleiade I 995.9. ACAN J. Semináio Sinthome inédio

I O Seminário iro 7 Rio de Janeio Joge Zaha Edio I 988.

I I RAH . História Uniersa dos Aarismos vol2 Rio de Janeio Novaoneia I997

I2 História Uniersa dos Aarismos op. ci.I 3. OODY J. Entre oraité et écriture Ps P I994I 4. CAMARA J. Maoso Dicionáiro de Linüística e Gramática Rio de Janeio

E Voes I 977.5 . MANE A. Uma História da eitura São Paulo Cia das eas I 997.I 6 JOYCE J. Uisses S.P E cto Levita ad. Anonio Houai 983.I7 Uisses Oeures Comptes Pais La Peiade I 984.I 8. SPECOR A paão seundo GH Rio de Janeio Ed. Nova oneia I 986I9. AME D O poder ocuto da Música São Paulo Culix I 993.20. PROS M Sobre a eitura ad. Calos Vog São Paulo Pones I 9892 1 WAJNBER Jaim deArabescos Rio de Janeio !mago I 997.22. OODY J. Entre oraité et écriture op ci..23 - A Inocaões op. ci 24 AME D. O poder ocuto da música op. ci..25. CORA PO . A. O que é isso o I ChinEm Revião I evisa da Páica

eudiana Rio de Janeio AouaEd. 985.26. MAARMÉ S. Oeures Comptes Pais La Pleiade 945 ad de Analucia

eea Ribeio.27. Obas Compleas op. ci.28. CAMPOS A. e H. Maarmé São Paulo Pespeciva I99 .29. KANDNSKY W Éces Comples Pais Ed. Denol I 970.30. Écies Comples op. ci3 1 . ACAN J. O Seminário iro As Psicoses Rio de Janeio Joge Zaha Edo

I985.

32 BARROS M. O Guardador de áuas São Paulo A Edoa I 989

A

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imo, o crista e o sopro das paavras

Ruh Siviano Bandão

A escia se faz com o copo e a sa plsação se imo plsional saespiação singla sa ebelia às vezes omaa pela foça a amaa a língasa sinaxe ses feios e oenamenos Assim nnca são pas iéias absaasqe se escevem e po isso qano se lia com a escia aheia o escio o oescevene comm como leio o cico ocase em exos com as mãos com os

olhos com a pele al geso poe iia pofnamene aqele qe esceve comose se copo sofesse ma agessão o ma nvasão inevia a qal ele em qese efene sob o isco e se ve feio po olha o mão esanha. Po isso alvezaqele qe esceve a oo momeno ene se explica se sa na enaiva e se

peseva e m Oo insivo qe fala e m lga qe nem sempe é o acmpliciae especla obigano a ize oo qe ele o qe esceve ecsa esconhece o simplesmene cala

O esceve em enão a ve com ma inimiae qe no enano sempese vola paa foa paaoxalmene se mascaano e se esvelano ao mesmo empoDa a oqeeia o exo o melho sa hiseia qe o faz se ze e se eszeno paco mesmo a folha banca one ele se exibe com po falso po o maespécie e bavaa exibicionisa Texos poéicos o omanescos qeem agaa o

sezi o incao leio com sas manhas e aimanhas Donjanescamenepomeeno e falano à palava aa às pomessas e esposas à aviez ngênae qem espea ele mais o qe leas palavas

Assim o exo fala e fala mais o qe o ao peene e não há como evaessa ebelia e palavas qe fogem a m ilsóio comano mesmo qano se

bscam ecsos os mais vaiaos paa omá-las se assim se peene no cáceepvao a sinaxe as nomas os moelos soneos eceos o a mais live imalive.

Poqe as palavas são palavas em pássaos como ama m pesonageme oão ilbeo No qe se iz ominao po elas no ao mesmo a escia comose elas escapassem e ses eos qe eilham as eclas a máqina sem consegiconolálas.

Um ia escevi o me escevi: lieaa são palavas mas nem oas aspalavas fazem lieaa senão aqelas abalham no velho bao a lnga laboanonele como qem foja algma coisa ão maeial como com o cisal o o som boe coas aina à espea e mãos e violinisa paa análas o qebálas comsom novo qe possa aanha nossos ovios os apiamene sos aos velhosvebos epeios qe ecoam snisamene na velha casa a escia.

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A PRÁCA DA LRA

Talvz ssa casa da scita d Maguit Duas sja o qu u ossa agoa

sa aqui o mu dsjo d diz a litatua sabdo qu vou facassa odsjo d ão m ti d diz vlhas alavas qu habitam miha casa scta.Vlhas alavas qu habitam Eco qu é oco flizmt já qu dss sumidouo m

dmoiho las s alavas s diz m dizm ou dsdizm a mim qu fujodo fascíio das sias ttado ão d-m a las qu si qu m dm. Oufazm d mim da coo diss ua amiga qu td d ouas ltas azmda ou bodado dz la ao é da lta

Mas s d alguma foma as alavas são sias o su ofício d catuaa sua astúcia d mti ão há coo ão acita sus aavios usuui dlsassim gozosamt os dixado i fui a hios a sua doga ou o suvo

Ou já qu viajo ssas ágias ictas o od m lva a au litáia

dos issatos osso i à casa d ic cohc su bstiáio ou m avsti aic d otaza faz bombos vados aa mata mus amados ifiéisPoqu las as alavas-sias sabm s tóxicas A toxidz das alavas od smotal coo ama a sicaalista scitoa miia Aa cília avalho suasotas suicidas Ou têm las um víus coo subliha outa scitoa a otugusaélia oa. E u qui sado s ss vo ou víus sia xatamt o quão os obiga a mo ou louquc dixadoos a vida aa s scita.

Sia hiocsia diz qu a sct é isso o qu faz viv ou qu m diz qu

ão é cssáio s tão dástica mo coo fazm tatos asa dss logoqu é acha qu a scita sgua todas as baas todos os iscos todos os otosais. Alguma coisa a mais la faz quado s gastam todos os cusos mbntquado d t la comça a s diz soziha s os faz aviziha d um ocoaqul a qu m fi

Talvz aí ssa hoa suja umvoyrimo d bom olhado qu sudo scito lá od l ão s adivihava quado l od s dscohc m suasalavas ssas qu sam d su ob tato do quotidiao o sitam o chãomsmo da osia a sua la ao é da la Ela a osia vm sm suas vstimts

txtos qu d tão dcoados s õm a dsi-s ois todo ato ou atiz tm suahoa d casaço quado sua fala já ão fala quado ua busca oacidad faz qu

l ou la oc s alavas as gaguj um hiato.Dois da luta a luta mais vã d Duod fcas sabdo qu la a

luta é d outa odm s scv com outas amas mas dois d l iqufaz suas

alavaslutas d assa o um stado d utua do vlho chão da gamática dalígua átia. Lígua átia o tato cssáia mas qu cisa s tasfomadam sua haça aa s scita lida agoa outos tmos sm qu s dix

d tabalha o limo vd d sus vocábulos squcidos o musu d tudo Tudo oqu m diz ou os diz a osta d símbolos od os dmos dmos o umo o umo ms ivtamos outos itiáios com outas bússolas o al lívidocoo diss um scito qu m fala agoa. Ou msmo scvdo ssa outa tlaa dos ossos fatasmas bla ou hóida jala ou ssa outa cujo bilho ofuscaa do comutado qu faz voa co as suas tclas as alavasássaos sm

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O LIMO O CRISTAL O SOPRO DAS PALAVRAS

pouso sem pausa. Palavas-pássaos do tempo-espaço que ão deixa se apagaas letas em poeiadas das pateleias de Babel de Boges sempe eescita sempeeovada e ei vetada que é paa sso que é a liteatua. Seu ofcio é esse ela ãoseve coo á disse o psicaalista e douto em Letas Ségio Laia.

Ela ão seve a sua iutilidade pagmática mas sua sevidão é a miaque a sivo e a ecebo umilde quado o umo das palavas se pemite ouvi ãoquado eu assim decido mas quado meus ouvidos se toam os violios queao mesmo tempo ouvem tocam ocam a págia depois de passa de se deixapassa pelo toque da fa pelelimite-damão.

Ou depois de ouvi as vozes veludosas vozes dos escitoes que meescevem vozes duas vozes que asgam a gagata e feem os ouvidos que àsvezes só se abem aos gitos coo algumas potas só se abem aos empuões poisem tudo são floes essas às vezes áspeas teas liteáias ode ecoam todas as

vozes do mdo em bubuio vozes que os assolam e que os fazem tambémdize que esse é osso ofcio ossa sia ossa maldição e salvação. Pois o icvel

é que ão os toemos paa sempe loucos sedo assim assediados ou violetadospelas vozes dese mudo que escolemos ou foos escolidos ode abitamos eque os abita. E a voz que agoa ouço me diz paa dize

Isso toa a sta slvagm. Va ao nonto d uma slvagaanto à vda sm onhmos é aula d lostto antga uanto o tmo. O mdo d tudo, algo dstnto aomsmo tmo nsaávl da óa vda. naçado os od sv sm a oça do oo É so s mas fodo u s msmo aa aboda a sta. É uma osa gozadasm o é anas a sta o gto das as notunas dtodos, d voê u, o gto dos s'

NOTAS E REFERÊNAS fOGRÁFAS

Pofessoa da , esasta esctoa autoa de Littura PicanáliPoto Alege Ed. RS ete outos e Para mpr amada (omace eFlor da plcotos ambos pela Ed. Sette etas.

2. DURAS Ecvr Rio Rocco 994 pág. 2223.

i !

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P II

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Saber e verdade naDvna ComédaOlga Maia M.C. de Soua'

Dns hm oétu lobt émnn st vé tout subst é Cst u n s nsl sut un ot méthysu un Dnt xml n un sonn on on st u b t bn xsté svo t Bét uvt énmoué un vit nu ns t u ststé u nt s hnson us Va Nojusu De Céde l fi éuvo hosoh vo u tm sn s

t u n n tms utnt lus oh usnsu u t sonn st us oh lllégou

Chama a aenção no esco Cênca e vedade de 966 com espeo àvedade como casa qe Lacan enha abodado a maga a elgão e a cênca masqe não enha menconado a ae. sso é anda mas ngane na medda em qe nosemnáo sobe A Ética Picanáli o o abodado ea samene a ae a

elgão e a cênca A eeênca à ae desapaece no exo de 966 poano e sgema eeênca à maga

No semnáo sobe a Éca Laan odenaa as ês omas da sblmação emsas nções com eeênca a Das Ding o seja como ês maneas deenessegndo as qas a ae a elgão e o dscso da cênca esam o vazodeemnane A ae se caaceza po m ceo po de organização m too dovazo A lgão consse em odos os modos de vitar o de rpitar o vazo(Lacan hesa ene esses dos emos). Qano ao dscso da cênca apoxmado

à paana a posção é a de não-cença (Unglaubn na Cosa Assm eamos maVrdrngung na ae ma Vrschibung na egão e ma Vung na cêncaA hsa da ae em sas vaações dacôncas pode se analsada

segndo esse exo e é o qe ez Lacan ao mosa como se oganzam em onodese vazo esane scessvamene a pna pese execada nas paedesde cavenas a aqea pmva e as combnações poseoes ene pna eaqea adveno da pespecva no séco XV macaa segndo esse exode análse m modo de epesena deno do campo da pna esse vazo masevdene na aqea.

(. tt-s om ss moo mnos mo n ntu nont o vzo sg uttu tnts fgo u s h ssmh ms ms sto é sobs stv ( tução é noss

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A PRÁTICA DA LTRA

baoco com ses ogos sobe a oma ene eles a anamoose eoesaa o senido pimiio da poca aísica como oganizao em oo de mazio no epesenáel. Se a pespecia cia a ilso do espao sobe a speíciea anamoose azendo a ilizao ineida dos pocedimenos da conso sob

pespecia einodz a dimenso do oclo

. . o ntss pa anamofos é scto como o ponto vaa on sta uso o spaço o atsta nvtcomptamnt a utaço s sfoça po ala volta aosu objtvo pmtvo a sab, faa supot sta aaoculta po u s tata smp na oba at contonaa cosa

A qe se eee Lacan ao ala do m pimiio da ae Taase da sainepeao da pina pese a pai das descobeas de Leoi oham deqe na ae paieal das caenas as gas se scedem em seqüências ixas daenada ao pono mais ineio e obsco. Desa oma consiem ma séie odenadade epesenaões em ono de m azio cenal onde se sia o sagado. Esainepeao se baseia em consideaões sobe a no eligiosa da ae pimiiae sobe o caáe animisa dessas eligiões.

Esabelecendo m paalelo ene o qe oi a anamoose na pina e o qeoi o amo coês paa a poesia (o amo coês em anamoose Lacan apona nas

aes em qalqe dos ses casos o domínio da lingagem a pmazia do signicaneainda qe coneindo à poesia o lga de desaqe.

Deno do campo da poesia Lacan desaco aqela qe sgi nas coeseuopéias do séclo XI a poesia dos oadoes do amo coês paa com elailsa no campo da lieaa a no do signiicane sa popiedade

encanaóia". No campo da pina essa mesma popiedade é ilsada pelaanamofose. seja o m da ae pimiia é eenconado no m pimiio de odaae como a no do signiicane em sa popiedade encanaóia" qe se êano nas anamooses qano nos eeios da poesia coês sobe o amo no ocidene.

A disposio espacial da pina paieal das caeas pemie ma análiseda ae pimiia como diigida paa e oganzada em ono do sagado o pono noepesenado siado no ndo esco da caena e como egida pelo pensameno

mágico onde a epesenao e o epesenado se conndem.Reonando à nossa qeso po qe Lacan no exo de 66 no olo a

ala da ae o a siála ene as oas omas de sblimao E ainda poqeaibi à magia eno a Vdngung qe aibía em à ae Esaia nisso maindicao de m aameno dieene e dieenciado a se dado à ae nos anos

poseioes de se ensino esaia a ae em al conexo com a magia (pelano encanaóia do signicane qe podeia a ela se eqipaada

a se oda a hisóia da ae paa Lacan pode se oganizada nm eixoúnco dado em elao ao azo e à Cosa eno o m pimo da ae no é apenas

a se omado nm senido diacônico como o m da ae pimiia ms nm senidoesal e sincônico como m pmiio de oda ae. Desa oma a ae e a magia

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SABR VRDAD A DIVIA CODIA

eso emedavelmene lgada po uma queso de esuua. Assm os anmaspnados sobe as paedes da cavena em seqüênca epesenam o sujeo danedo olha do deus suado no fundo obscuo no epesenado. objeo em oodo qual se oena a pnua é eno o olha. E a ae em suas dvesas vaaçes em

suas dsnas manfesaçes guada ao longo dos empos essa mesma deço econsuem fomas de oganzaço de epesenaçes em ono do objeo.As elaçes ene ae e maga ene ae e elgo ene ae e cênca

assm como ene a dvesas fomas de ae ene s queses abeas pelodeslocameno que o ensno de acan pomoveu de 60 a 66 seo pelo menos algumasdelas examnadas a segu a pa do exo de Dane na Dvna oméda. Elas

aponam uma deço fecunda paa pensa de que modo a pscanálse e ae secolocam em elaço à causa.

* * *

acan confee a Dane uma posço de fao muo especal: a de aze à luzem sua consuço poéca as esuuas que a eoa pscanalíca esava consundona ocaso com os objeos opológcos . É no mínmo supeendene essa leuade acan consdeando-se que Dane como apaece no exo de seus poemas esácompomedo com o sabe pópo da dade Méda que supunha uma concepçocosmológca da naueza e mbudo da elgosdade medeval no menos pesene

na Dvna Coéda Desa foma o exo de Dane az ao mesmo empo queseslgadas às ês fomas de sublmaço elgo flosocênca e ae. que enoopea acan na sua leua de Dane? Ele consdeou os ês aspecos mas é namedda em que pvlega em Dane o poea e sobeudo poea do amo coês quepode ealza essa apoxmaço à pscanálse. ano o poea como o pscnalsamanpulam a esuua da lnguagem ou sea êm a ve com a vedade como causamaeal ao conáo da cênca que em dese pono a abodagem pela va da causa

fomal Mas esclaece acan é pncpalmene poque Dane é um poea do amocoês.

Dane eoma a adço do amo coês como poea meafsco. u seja oculo à Dama se ala nele à emca elgosa ípca da dade Méda da evelaço.Sua Beaz é gua paa a mas ala sabedoa e acesso ao mas alo nível celese. Sesegumos acan quando dz que a evelaço se aduz como denegaço da vedadecomo causa podeíamos dze que esa é ambém a posço da poesa de Dane?Nesa caso na poesa de Dane pedomnaa a elgo sobe a ae na sua elaçoà vedade como causa No aponam nese sendo os comenáos de acan queesevam a Dane enquano poea uma oua posço uma oua elaço dfeene

daquela da elgo à queso da vedade a qual lhe é dada na qualdade de poeado amo coês.

sugmeno do amo coês veo de ceo modo esemunha uma ceamudança do luga do amo em elaço ao amo dvno que o csansmo nsauaa.Paa dsngu esas duas fomas do amo acan fala do amo cso agape) ememos de o smbólco como meo e do amo coês ers como o amo ango)

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A PRÁTICA DA LETRA

como o magnáo como meo" Este segundo é o vedadeo ug do amo"enquanto undado no mpossve do aço sexua com o objeto Em Dante a temátca

egosa e a do amo cots se conjugam poduzndo um eeto sngua.O texto az tmbém a questão da cnca, pos Dante se encona meguhado

na esutua cosmoógca pópa ao sabe de seu tempo anteo ao advento dacnca modea, que o nspou na concepção dos ts enos (Ineno, Pugatóoe Paso) Po outo ado, o texto encontase também mbudo da constução

egosa cstã medeva com seu egso cactestco da dupa vedade. O que ezDane com tudo sso? Pojetou as omas cosmoógcs do sabe de seu tempo no

campo do aém-túmuo, no campo dos ns útmos ou da vedade Reunu sabe evedade no mesmo uga E ez da sua Dama Beaz a gua no camnho da eveação

dessas vedades/ sabees.

Abodamos a segu em destaque os dos pontos deste menso texto

ndcados peo atgo de Dagonett os mesmos que Lacan etomou paa usta aatcuação da paava, stuada no campo do Outo como supote da vedade, com a

emegnca necessáa e coodenada do objeto aO abaho de Dagonett é uma usação de um método que Lacan quaca

de método hstóco guado po consdeações estutuastas" Dagonett popõeuma etua destes menconados techos da Coédia à uz do estádo do espeho de

Lacan nos quas á destac pontos de estutua que como ta anscendem ao

sabe hstocamente datado manesto na poesa de Dante na sua cosmooga e

não menos, na suas concepções egosas.Lacan etomou Dante nesse comentáo de Dagonett pvegando a suaposção como poeta. Mas é sobetudo poque é um texto de um poeta do amo

cots que ee pode nos oeece a estutua ta como ee Lacan a depeende na

pscanáse. Poque o amo cots ao cooc a Dama no ug da Cosa, do que está

no cento do sstema dos sgncantes, ga-se à smbozação pmtva e à

sgncação do dom de amo:

Vemos unciona aqu, em estado puo a mola do luga que

oupa a visada tendencial na subimaço isto é, que aquio que ohomem demanda aquio que ele só pode demanda é se pivadode algo de al" a tduço é nossa

Consttuu um acontecmento memoáve este enconto ocodo

pecsamente em 1 9 de janeo de 1966, ente Lacan e esse monumento da teatua

unvesa que é o texto da Divina Coédia. Deuse duante o Semnáo L'objet de

la Psychanalyse, cuja ção de abetua veo a consttu o escto science et la

vérité.

Dante esceveu essa oba na ase na de sua vda que decoeu nopeodo conhecdo como o Trecento taano Escta em ngua vuga, quando o

hábto dos eudtos anda ea o de esceve em atm tem como um dos seus gandes

métos o de te consodado em dentvo o daeto toscano como ngua nacona

da Itáa Po váos sécuos numa época em que a este pas vva aconad em

pequenos estados contantes e em pemanente uta ntea o poema de Dante

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SABR VRDAD NA DIVINA CODIA

toousehes o úico vícuo de uidade igístca moa e iteectua. Pecededoa uidade poítica acioa, o oba de ate costituiu o gade pia em que seapoiou a cutua itaiaa, o úico poto de efeêcia comum deste peíodo

Na aiz dos coftos que cotubavam a táia da época estavam dois

patidos poíticos os gibeios, epesetates da aistocacia e os guefos, queeuiam a casse buguesa e atesã. ate peteceu ao patido guefo. O patidoguefo veio a subdividise em duas facçes os bacos e os egos, que passaama degadiase. ate petecia à facção baca, equato a impotate famia desua esposa, os oati ea igada à facção oposta. Outo de peso o quado poítcoda época o Papado fazia eco ao táco de ifuêcia, à coupção e à páticageeaizada da simoa úmeos pesoages deste quado figuam a DivinaComédia em sempe coocados o Paaíso.

No ao de 1300 ate como íde baco, assume o cago de po em

oeça Em 301 a chegada de Chaes de Vaois à cidade fez pede o tiufosobe os egos. ate e outos chefes bacos de etão foam codeados e,exiado, o poeta uca mais pode etoa a oeça.

NaDivina Comédia ate apeseta uma cocepção atamete ogaizadados tês eios de aémtúmuo feo, Pugatio e Paaíso. A estutuação dofeo tem ispiação a mitoogia gecoomaa, e a do Paaíso a astoomiaptoomaica O Pugatio eo de igação ete ambos foi cocebido como umamotaha, cuja base asseta a supefície da tea e cujo cimo abiga o Paaíso

teesteO feo datesco ecotase deto da tea como um abismo sob acidade de eusaém o ado oposto, o hemisféio da água, sobe uma iha ooceao eguese a motaha do Pugatio No cimo desta motaha está o Paaso

teeste uga da iocêcia humaa, vazio desde o pecado oigia Se o homemão tivesse pecado, o seu camiho de pefeição começaia aqui Mas, desde a

queda, estahe duas outas ateativas ou o camiho cuto e dieto dos satos aoPaaíso, ou a visão da seva obscua" e do feo, passado pea motaha dopugatio (aepedimeto, até a ecupeação da iocêcia o Paaíso Teeste. A

etapa fia da edeção, o Paaíso Teeste, é o ato de imesão as águas do ioLetes (que destoem toda memia do ma e do pecado) e Euoé (que eavivam amemia do bem cumpido e acescem a feicidade etea), quado etão se eta oPaaíso. A Divina Comédia é o eato desta tajetia eaizada po ate sob tuteade Vigio o feo e o Pugato, e sob a de Beaiz os pimeios íveis do

Paaíso.O Paaíso atesco, cocebido segudo a astoomia ptoomaica costitui

se de ove céus giado em too de uma Tea imve O pmeio céu é o da Lua,

seguido do de Mecúio, e do de Vêus O quato céu é o do so e vêm depois o deMate, o de úpite e o de Satuo O oitavo céu é o das esteas xas o oo eútimo o do Pimeio Mve Acima de todos os céus, achase o Empíeo, foa dasdimeses do espaço e do tempo, uga da peseça imediata de eus

Tato o feo quato o Paaíso são hieaquizados No pimeio adstibuição dos codeados segudo a gavidade das fatas e das suas espectivas

peas é cescete em dieção ao poto mais pofudo ode se ecotam Lúcife

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A PRÁTICA DA LTRA

o ano decaído e Jdas o rador de Jess Os créros epregados nesa dsrbção

são valores crsãos a gravdade do pecado é ano aior ano as vola o e

o hoe e e s de dvno O nferno é forado de nove círclos algns deles

sbdvddos onde enconaos vras gras ológcas coo Carone Cérbero

os gganes enre oros coo gardões nos lares enre os níves.Por se o os cés e envove a Terra se herarza aé o Epíreo

orada de Des.

A Divina Comédia consse no relao da vage de Dane aravés deses

rês renos. A daa aribída à grande avenra é o ano de 130 ano do Jble enreos das 8 a 14 de abrl Dane era ido o prvégo de a ílo basane excepconal

fazer ese percrso e vda As razões dese privlégo conceddo ao poea e

dever co ses versos esenhar sa vage são exposs nos preros versos

da poea sagrado

A meio do aminho deta vidaaheime a ea po uma eva euaonge da boa vida então pedida

Ah! Mota qual a vi é empea duaea elva evagem dena e foteque ao eembáa a mente e tortua!'

Segndo o canho o poea se enconra scessvaene co rês anaisa panera o leão e a oba conhecdas alegorias da lxúria da soberba e da cobça o

da avareza respecvaene.

Tal angútia me auou o fogo que aia de eu olho (da loba)que pedi a epeança de aança o ume. aim omo quemhoa tendo a ama inteiamente pedida, aim vindo ao meuenonto me fez padee aquela beta.•

É enão e o poea enconra a ala de oro poea Vrgílo e lhe chegae socorro e o acopanhar daí por dane coo ga e coo esre Faa Vrgílo

Ouve o que te digo: Segue-me eei teu guia e daqui tetiaei paa evate a um luga eteo, onde ouviá gemidodeepeado veá o epíito do ondenado que gritampedindo uma egunda mote; depoi veá o que alegre entea hama, epeam quando hega a ua vez, oupa um ugaente o bemaventuado

Vrgílo es aendendo ao peddo de Bearz ela abé j ora e

ass se drg ao poea

Ó alma uminoa mantuana, uja fama ainda pedua e há depedua, meu amigo etá detido no uga deeto, paa onde omedo o fez etoede e temo peo que ouvi no éu a eu

'"

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SABR VRDAD A DIVIA CODIA

to, u nha xavado u o ocoo lh chguad Auda-o com a ua loüênca ma o u ud,aa u u u anüa u ou Batz, u camnha taço, vnho d um uga aa ond do oa É o amou m ml m az aa Quando v dant do Snho

aa d t üntmnt

Deste modo iiciase a vagem de Date do feo peo Pugatóio até oPaaso É este pecuso que ecoaemos as duas efeêcias ao mito de Nacisoda Divina omédia Este mito foi muitas vezes apesetado a iteatua edieva

como uma ição de sabedoia que advete ao meso tempo cota o oguho e

quato às oucuas do amo Mas o mito de Naciso ea também empegado essataDagoett como uma advetêcia quato aos peigos do faso sabe Neste cotetode egao só a moe eveaia a Naciso o seu vedadeio osto É esta asposição

da fábua paa o domio do sabe que se baseiam os cometáios de Dagoetti e deaca dos dois episódios da Divina omédia Ee é justamete empegado paaescaece como a imagem especua e o acisismo se eacioam ao objeto a .Oassuto é tatado os temos pópios dade Média como desvios da azão abusca do cohecimeto desvio cuja causa é o afastameto da azão de seuspicpios

A pimeia efeêcia ao mito está o cato XXX do feo, o veso 28que tasceveemos

Como m a tua boca ó ab aa aa ma S nhod tou nchado com o humo, tu tn b dó acabça como goaa d amb o ho d aco

Esta é uma faa de mese Adão a Sioe de Tóia o decuso da queeaque desevovem uma egião pofuda do feo o oo ccuo ou o dosauduetos em quem se coa ocaização tão poda os patamaes do feoé idictiva de fatas muito gaves utos o útimo ccuo aquee imediatamete

ateio ao de úcife estão: meste Adão o fasifcado de moedas Sioe deTóa aquee que pea meta iduzu os toiaos a aceitaem o cavao gego; e amuhe de Putifa que cauiou osé o Egito

Poque estas fatas são cosideadas de tamaha gavidade? Pimeiametepoque pessupõe a macia a escoha deibeada do ma de foma pemeditada emoposição ao que seia uma fata cometida po impuso e sem deibeação atecipada

o que hes vae a etada a cidade de Dite. E deto dea se foam coocados oscofs é poque este tipo de fata a faude costitu a fasifcação do pópiopicpio da viude apeseta o ma como se fosse o bem o ma sob disface o quecosttui um abuso da cofiaça do outo.

Toda maldad u ovoca o ódo do céu m o m a núa m, a a oça a a aud m rudca oou o A aud, oém, o óa do homnunamn é ma dagadávl ao olho d Du o o oaáo o muo baxo om ma. ( .. .

1

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A PRÁTICA DA LTRA

Pod o homm mg fd mosos mtodos os oçõs não somnt om o ona m tmbémom o dsondo. ss sgndo modo d mg fdom somnt o vno d mo ntz stbl éo sso no sgndo lo s hm ontdos

hos, lsonj os sotlégos flsção, o ltoíno smon os fõs, os tos todos ms dst jzCom m fd, s-s não somnt o mo dol ntz omo s onsüên, onnç. Assm sndo,no lo mno nvdo no nto do nvso, no ls snt Lúf são tomntdos tmnt os dos

A fae é, pois, a apesentação o falso sob a apaência e veaeio, e

é m manejo coompio o qe se classica como o mais exclsivamente hmanoDagonetti obseva qe não é po acaso qe o nome o falsifcao e moeas é

Aão O nome o pimeio homem, az consigo a alsão à falta pmeia, ao pecaooiginal e possibilita o jogo ente a palava emoso e moia o to poibioHá em too homem algo e fnamentalmente falseao e qe a consciência taz amaca, a moia. A consciência é enqanto eflexão e plicação falsifcação

No comentáio e Dagonetti, a falsicação as moeas é ma apoximaçãosimbólica a fata oiginal. Em qe ifee a falsa moea a veaeia? Pimeiamente

a qaliae a matéia e qe é constitía one o oo po a segna é, napmeia, ma liga metálica impa E, em segno lga, o nome e a efígie qe se

encontam gavaos nos laos a moea veaeia como signos e veae, esinas e econhecimento e sa atenticiae nas moeas falsas toam-se signoscoompios, pois não mais gaantem atenticiae algma A elação atêntcaente o signo e a matéia está esfeita. O signo e veae, tanto qanto a matéia eqe é constitía a moea, estão ambos pevetios Dpla falsicação potanto amatéia e o signo e veae falsicação a veae a moea a matéia, o oo

e a moea a veae o signo"O eo e Aão simboliao pela falsicação a moea, está oigem as

otas faes Assim, Dante conjga nm mesmo cíclo o nfeo, o falsificao

a palava e o falsicao a moeaA moea é eqüentemente saa em metáfoas qe se efeem às qestões

elativas à veae Heiegge a empego em se texto e 1930 Sobre a eênciada verdade paa fala as elações a veae à palava Paa nos atemos somentea efeências intatextais àDivina Comédia taemos ma oa efeência à moea,nm sentio oposto qe se encona no Paaíso. Dante, qano agío po SãoPeo sobe o qe é a fé, espone

Como n o ssv" ontn t oo no sfoço bnfzoo Rom nmnh à t l,

é fé, m s sbstân do dsjo gmnto do bm não nt; dst fom onbo vo"

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ABR VRDAD NA DIVINA COMÉDA

Vem a segur a equparaço da é à moeda aunca

e connuou Assaz aqu enão,o desta moeda a lga compovada.Mas dzeme se a lev, u à mão?"

Reornando ao epsódo do neo: a menra, a aa pracada por Snone,ere os aços de amor que unem os omens, e engana a conança do ouro (o qe levae a coocaço no nono crcuo do nerno, juno a mesre Ado). Angem amboalgo que é vaor de verdade, de que a moeda é o smboo mas adequado.

Uma aercaço se segue enre os dos alsáos, onde ambos se acusamrecprocamene as alas, sem poderem perceber a sua própra, e é no decorrer deaque mesre Ado, acusa Snone do engano de amber o espeo de Narcso.

Lacan oma a expresso "amber o espelo de Narcso como "crer aomenos ser ee mesmo, dencar o ego ao sujeo. Snone guarda, dane da magemespecuar, a crença de esar dane de s mesmo Mas em ambos os casos, no demese Ado e no de Snone, esamos dane da perda mas radcal da reernca des , onde a paavra é moeda asa, onde "a razo o desvada de sua one dvna Aboa moeda é a da razo abada pela é O ero de Narcso, o de omar a magem peoser, é uma orma de desvo da razo, anda que desvo no nencona é um desvoprópro ao omem, preparado pea aa orgna do prmero omem ao se dsancarde eus A razo amparada na é perme resur o laço perddo com verdade

(Rego=re+lgare)Na segunda reernca a Narcso, a do Paraso, surge o erro conráro ao

erro de Narcso O epsódo enconrase no cano 3 que dz

Como aravés de crsalnas e tranqülas guas de poucapounddade cheg à nossa vsa as magens ão enaquecdasa pono de que não se desacam mas que uma péola sobre umundo branco, assm ambém eu v muos rosos deseosos deme dgrem a palavra pelo que ca em um erro conáo

àquele que despeou o amor ente um homem e uma oneMal dstngu o que acede seem magens reetdas em umespelho, vreme paa ver quem eram, mas nada v e volemepara o resplendor da mnha doce gua, que sorndo ançavalampeos em seus sanos ohos.Não esranhes que me a de uas nandades, pos não eapegas à verdade, e como sempe e nclnas a vãs lusões Asque vês aqu são almas de vedade reegad po eem atadoaos seus votos(. ..

O ero conáro ao de Narcso, que Dane nos az nesa passagem, é,ene a algo que se apresena dane dele, vrarse para ver de que aquo que ee vé magem. É omar uma resença por magem ou exo, e é, ao mesmo empo omaruma magem como necessaamene lgada a um objeo do qua sera apenas umreexo

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A PRÁICA DA LRA

Este episódio se podz aém do imite ene Patóio e o eino de Despecisamente no pimeio cé o cé na. Dante sendo o pensamento de setempo e pópio à dade Média tabaha a distinção ente sabe e vedade na omada dpa vedade ma eeente ao campo do sabe sobe o mndo campo da azão

e ma ota advinda da eveação qe não conhecemos senão pea ontesobenata e pea paava deste Oto qe é Des Beatiz é aqi o instmento daeveação é ea qe condz Dante nesta via de conhecimento da vedade

acan maca a estta de boda de onteia ente sabe e vedade Avedade paa acan é a eação essencia do seito ao nascimento e à mote enqanto

o qe é da odem do sabe sitase neste itevao

Lme roneira borda são os ermos dos quas se raa aparte da verdade é esa do nosso lime enre o nascimeno e amorte lmie peo que o sueio e udo o que é do saber é oconuno abero que compreende o inervao (a radução énossa)

Das visões qe a Divina Comédia desceve e qe se podzem jstamenteno imite onde o poeta enta no Paaso no campo de Des acan diz

São, propriamene dizendo, o que eu designo como obeos a (se) o ineresse dessas duas passagens escolhdas emDragone snaadas pela presença do espelho que nos permiedemarcar nele a designação miesa como al do obeo a queem nome aqu, o olhara radução é nossa)

acan enconta nesta passaem poética a istação do ponto imite daexpeincia do espeho e também do ponto imite da eexão do pensamento sobesi mesmo. Este ponto imite na estta com eação ao espeho já apaecea emtextos anteioes de acan No Propo ur la caualité pychiqu ee apaece na

oma de m espeho sem aço miroir an tain o espeho sem biho miroir anéclat) macando sempe o imite do especaizáve e do pensamento eexivo

Propo

Quando o homem buscando o vazio de seu pensameno avançana luz sem somb do espaço imagnro, absendose aé do queva surgir nele, um espelho sem brilho lhe mosr uma supercieonde não se relee nada (a radução é nossa)

Há ma amadiha nesta fase onde o onde não se efete nada é abetodas vias o não há imaem nenhma o há ma imaem mas esta imaem não éefexo de nada de nenhm objeto oiina Estamos diante da qestão o qe qedize a não especaidade do objeto a? acan indica nesta passaem do Paasoma istação do a não especa

evamene, quando ele aparece sobre o undo ransparenedo ser, é jusamene ao mesmo empo um aparecer como

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ABER E VERDADE NA DVNA CODA

magem e cm uma magem de nada É ss que De acenuanesa espéce de segunda efeênca a espeh, a sabe, que ande ee crê que há funçã d espeh nã é senã pa pecebeque qud a apaece se há espeh nã há nada que se mienee (a raduçã é nssa)

Coo pode a constrção poética de Dante, e qe pese o saer de setepo, transpondo sa estrtra cosológica ao alétúlo, peritir a acanilstrar sto? nicialente oserveos qe o articio de Dante consist e aordaro capo da verdade co as constrções vndas do capo do saer É, pois saer haitado pela é, o saer e conexão co a verdade. sto lhe possiilitoalar do reino divino, escalonandoo passo a passo, e direção a ponto liite,onde o platoniso sito o Be spreo, e a religião jdacocristã, Des. E é neste

ponto qe acan sita o olhar coo ojeto a e o texto da Divina Coédia periteisso, é certaente porqe, enqanto poeta, faz a experência da estrtra dalingage Teos aqi ais a ilstração do qe red já apontara sore osescritores : a aneira coo, se saer, eles precede as descoetas da Psicanálise.Mas não se trata, nesse caso, há ais ponto a precisar Dante era, alé de poeta, poeta do aor cortês e é isso qe lhe periti o acesso a este ponto da estrtrapara o qal acan chaa nossa atenção. O aor cortês, coo tipo de relaçãoprivilegiada ao Otro, constrda através de a certa ascese, aponta o lgar daestrtra qe interessa taé à psicanálise o seja, o ponto visado pela sliação

é aqi o eso qe visa a psicanálise) O poeta ligado à técnica do aor cortêsestrtra o lgar liite ao capo do gozo, lgar eleito do rilho e da eleza É oespaço ntr dua mort do seinário da Ética lgar do desejo toado visvelA stração do gozo, neste ora especial de relação ao otro qe é o aor cortês

insara certo eqilrio entre a verdade e o saer a qe acan chao de gaiavoi

O aor cortês arca oento histórco especial nas relações hoe/lher No coentário sore o tea no seinário sore a Ética, acan dz qe aDaa na criação poética desta época eleva o ojeto lher) à dignidade da coisa

da Ding) órla da sliação, criação do aor Neste otro oento de seensino qe agora trazeos seinário 13 acan acrescenta a esta fórla inicial oaor cortês conjga o Oo, coo lgar da palavra e da verdade, à eergência doojeto a Beatriz condz Dante nas vias de retiicação dos erros da razão qe olevarão, no Paraso, à revelação aior. Destitda das ropagens e conteúdosreligiosos co qe ante a apresenta, esta revelação igra para acan a visada dosjeto de ponto inapreensvel pela via da relexão, e qe só pode lhe vir docapo do Otro Este ponto é, na Divina Comédia o ojeto olhar.

acan nos lera qe desde Platão, e não enos e Heidegger qe oretoa, a losoia apresenta a qestão da verdade no capo escópico, na oposição

entre aparência e essência No ito platônico da caverna tal coo na DivinaComédia aparece o oviento de voltar-se para ver, aqilo de qe o prsioneiro sópode distingir as soras projetadas no ndo da cavea.

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A PRÁICA DA LERA

psicnálise não eencontos es busc do objeto el do lósofodest esfe lti ds cosologis ofeecid en àuele ue se volt n dieçãocoet coo desceve o ito pltônico O objeto ui é o olh o ponto luinoson Divina Comédia os objetos no Píso são opcificções do olh de Deus) e

o inteesse d psicnálise se ent co isso n função d tel écan e n suconstução.

Assi é cven d te d pintu upeste e não cven dopisioneio pltônico ue foneceá Lcn o ue inteess à psicnálise. Apintu pietl ds cves tl coo eoiouhn deciou é u etáfo dosujeito est cve o ue está incessível é o inveso do ito pltônico não oobjeto exteio s o fundo obscuo coo lug do olh dos deuses dinte doul o tist se fz epesent ns igens tçds sobe s pedes. De u

cven out uestão se desloc d busc do objeto exteio p fo de se

fze epesent dinte desse olh. Aí se evidenci necessidde d tel. É consução dess tel onde se epesent dinte dos deuses o ue inteess nopinto ds cvens à difeenç do pisioneio pltônico ( ue é posição dofiloso e d ciênci). Teos í pois s difeentes ticulções à vedde coocus n ciênci n flosof e ns tes

Coo Lcn pode pss n su letu de Dnte de u cosologi cujestutu é d esfe coo tods s cosologis à estutu do plno pojetivoundo o texto nifesto d Divina Comédia é cosológico? A vid é feit o

pivilegi o ito de ciso coo te ticuldo d ob e o tblh este itocoo tzendo uestão do sujeito e d epesentção e co el teoi doconheciento É nisso ue Lcn co su leitu poove subvesão. E p eleo ue ton possível tl subvesão é ue Dnte não é lósofo é poet e poet doo cotês.

o o cotês o gozo diz cn não o pze está fstdo. A D estáesvzid de tod substânci el eso ue se tte de u pesso el coo nocso Betiz El é o eso tepo colocd no nível is elevdo do Píso e dsbedoi e objeto de pelos sensuis De ulue fo el é colocd coo

incessível. Coo tl e elção à Cois d ul está no lug D é tel. O tel se te função de esconde te tbé nção de evel ou ns plvsde Lcn de ogniz incessibilidde d Cois O ue se poduz é então gaiavoir u sbe onde está iplicd vedde u sbe e euilíbio co vedde.

Lcn diz ue o escto seve àuele ue esceve p ue feche su pópiboucl Ms u veddeio tist u este possibilit o outo o leito fzeele tbé po su vez u segund volt e fech ssi su pópi boucl. O

leito coentdo ou cítco pode po su vez fz tl pecuso tvés ds obs deoue s co u condição (eis a u ipotnte dic de Lcn unto à cíticd te) de ue ele considee ue u ds volts já está feit já lhe é dd n obe ue este nível não há ue inteog. Potnto não se tt de dinte de uob de te inteog o ue o tist uis dize? O tist continu Lcn nãoqur dizr nd co su ob l diz está í já dito Pegunt o ue ele uis dize

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ABR VRDAD NA DVNA CODA

upõe a déia de que a obra eja o reeo de algo já contituído no e para o autor ecometer aim o erro contrário ao erro de Narcio o erro ilutrado por Dante dianteda magen do Paraío acan no incita a omar a obra como obeto a comopreença/imagem de nada criação x nihilo É dea maneira que a Divina Comédiaoi interrogada aquilo que o poeta die ali em aber na eperiência prvilegiadada linguagem e que aborda um certo ponto na erutura, ponto em que e conectama poeia e a picanálie

. se pscnlse é um meo é no lug do mo que el sesustent o mgno do belo que el em que se confonte é fcltr v o efloescento do mor coo uo

Concluindo e a ciência é umavrwung da coa e a religião coloca uma

buca da coia ituandoa no além inaceível a arte a itua no memo lugar que apicanálie acan no entanto não deia de chamar atenção para o fato de que apicanálie az aí uma egunda volta que a poeia do amor cortê não az É atravédeta egunda volta que implica a contituição do ujeito que o amor e torna oamuro tendo o real com meio

CRONOOGADA AE OBRADEDAN

265 Nacmento em Florença

274 Ao 9 ano primeiro encontro com Beatriz Porinari2 83 Ao 8 ano egundo encontro com Beatriz 287 Caamento de Beatriz com Simão de Bardi290morte de Beaiz295 Caamento de Dante com Gemma Donati29 293 VitaNuva (ecrita em dialeto tocano303305 D vulgari loquntia latim304307 Convivio em latim obra inacabada

30 03 D monarcchia latim30432 divin comdia em dialeto tocano 32 Morte pouco dia depoi de terminada a Di vi na Coméda

NOTAS E REFERÊNAS OGRÁFAS:

Picanalita era Freudiana

2 ACAN, Séminair 7 Léhiqu d lapychanaly Pari, Seuil 986 pág 793 i! agit, avec de moyen moin marqué dan la peinture de retrouver le vide

acré de I' archcture on eae de faire que! que choe qui y reemble deplu en plu cetàdire que l'on découvre la perpective ACAN, JSéminair L éthiqu d la pychanly. Pari Seuil 986, pág 62

4 lintérêt pour lanamorphoe et décrit comme !e point tournant o de cette

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A PRÁICA DA LRA

illuion de I'epace, I artite retoue compltement I'utiliation , et 'eorcede la faire entrer dan !e but primitif, à avoir,d'en faire le upport de cetteréalité cachée pour autant qu'il 'agit toujour dan l'oeuvre d' art de ceerla Choe. ACAN J. Séminair 7 Léthiqu d la pychanaly Pari,

Seuil 1986 pág.695. Freud e acan apontaram o poeta Dichtr) precedendo o picanalita em ua

decoberta e indicaram ao picanalita uma poião de repeito a eeaber.

6 Nou voyon ici fonctionner à I état pu r !e reort de la place qu' occupe la viéetendencielle dan la ublimation c ' et à avoir que que demande I hommece qu 'il ne peut aire que demander c'et d' être privé de quelque choe deréel ACAN J. Séminair 7 L éthiqu d la pychanaly Pari, Seuil1986 pág.179 o

7 DANTE nferno canto in Divina omédia trad Critiano Martin, BeloHorizonte Vila Rica 1 99 .

8. DANTE nfeo canto in Divina omédia ad Cordélia Dia Aguiar EdiouroS.A.,Rio de Janeiro, 1989.

9 DANE nfeo canto i n Divina omédia trad Cordéa Dia Aguiar EdiouroS.A.Rio de Janeiro 1989.

I DANE, nfeo canto inA Divina omédia trad Cordélia Dia Aguiar, EdiouroSARio de Janeiro 1989.

1 1 . DANE nferno canto X in Divina omédia trad Cordélia Dia Aguiar,Ediouro SARio de Janeiro 1989 DANE Paraío canto XV in Divina omédia trad. Critiano Martin Belo

Horizonte, Vila Rica, 1 99 1 3 DANE Paraío canto in Divina omédia trad Cordélia Dia Aguiar

Ediouro S.A Ro de Janeiro 1 989.14 imite ontire bord tel ont le tee dont i! ' agit la part de la vérité c' et

celle de notre limite entre la naiance et la mort, limite en tant que ujet ettout ce qui et avoir c'et l'enemble povert qui compri I intervalle

ACAN J Séminaire 2 1 e nondupe errent lião de 1 3/1 13 inédito15 ACAN, J. Séminaire 1 3 : ' objet de la pychanalye, lião de 1 9/01/66 inédito16. Quand l'homme cherchant !e vide de a penée 'avance dan la 1ueur an

ombre de ! epace imaginaire en 'abtenant même d'attendre ce qui va enurgir un miroir an éclat !ui montre une urface o ne e rete rienACAN, Ecrit Pari Seui pág 1 88

1 7 En effet quant il apparat ur !e fond tranparent de l' être c 'et jutement à lafoi d'apparae comme une image et une image de rien. Cet ce qui Danteaccentue dan cette econde apparition de la référence du miroir, à avoirque !à o i! croit qu' i! y a fonction du miroir ce n' et que pour ' apercevoirque quand !e a apparat, ' i! y a miroir i ! n ' y a rien qui ' y mire. ACAN JSéminaire 1 3 'objet de la pychanalye lião de 1 9/01/66 inédito.

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ABER E VERDADE NA DIVINA CODIA

1 8 ( la pychanalye et un moyen, cét à la place de l amour qu elle e tient

Cet à I ímaginaire du beau qu elle a à afronter et cet à frayer la voie àun refleuriement de I' amour en tant que I' (amur LACAN J Séminaire21 e nondupe errent, ção de 1 8/12/73 (inédito

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Por graça da textualidade

Lucia Caseo nco

Para nê Vania Eliapor tão grande graça da tetualidade

Etamo em 99 Maria Gabriela Llanol recebe o Grande Prêmio do

Romance e da Novela de 99 da Aociação Portuguea de Ecrtore com o livroUm bo dado mai tad Diante de uma platéia compota por político intelectuaiecritore e lgnt ue a autora va nomeando um a um Llanol proere umdicuro em ue a força de txtualidad de ua palavra e az ouvir Diantedauele ue ali e encontram a ecritora ue recua em ua ecrita o ugar etável

de uma literatura romaneca declara ecrever Para ue o romance não morra Eem ua inuietante declaração deenvolveme à maneira de Llanol conceitofundamenta formulado pela própria ecrita da autora Dentre ele um ue de

perto no intereará e ue aui é evocado no título dete teto Tratae do conceitode txtualidad contrapoto por Llanol ao de narratividade

Ma o ue no pode dar a textuidde ue a narratividadeá não no dá e a bem dizer nunca no deuA textuidde pode darno aceo ao dom poético de ueo eemplo longínuo foi a prática mítca Porue hoe o problemanão é fundar a liberdade ma alargar o eu âmbito levála até ao vivofzer de nós vivos no meio do vivo.

Sem o dom poético a liberdade de conciência denhará Odom poético é para mim a imaginação criadora própra do corpo deafecto agindo obre o território da força virtua a ue poderíamochamar o existentes-nãoreisEu armei ue nó omo criado longe à ditância de nómemo a textuidde é a geograa dea criação improvável eimpreviível atextuidde tem por órgão a imaginação criadorautentada por uma função de puança o vaivém da intenidade

ela permitenoa cada um por ua conta rico e alegria abordar a força o realue háde vir ao noo corpo de afecto

A txtualidad conceito elaborado pela própria autora e trabalhado ao

longo de eu teto é aui denida como uma geograa peculiar a geografia da

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A PRÁICA DA LRA

criação improvável e imprevisível, que dz respeito a uma distância" do sujeitoem relação a si mesmo Dessa distância e dessa estranha geografia falanos, á háalgum tempo, o teto místico ais distância e geografa só as percorrem os tetosdotados do dom poético, essa imaginação criadora capaz de atravessar estranho

território dos eistentesnãoreais ratase, portanto, como observa lansol, deuma travessia E essa travessia dáse por um dom, ou por uma graça, como elamesma conclui ao final de seu teto, ao nomear, um a um, os seus leitores Algunsque conheço outros, que nunca vi, mas que são a comunidde existente não reaque me foi concedida por uma tão grande graça da tetualidade

Graça qualidade sobrenatural inerente a nossa alma, que nos faz participarrea, forma, mas acidentalmente, da natureza e da vida divinas

A graça, do latimgraia de graça, corresponde ao grego kharis kharios

amor gratuito, que , em latim, originou charias charias chariam e, emportuguês originou caridade Relacionase, assim, ao amor, ao amor gratuito deDeus, o único que não eige reciprocidade, o puro amor, na acepção dos místicos

A graça é simplesmente uma medida não natural que, não obstante,representa a última plenitude Nenhum poder humano a pode obter por coação nemnenhum direito a pode reclamar É pura manifestação da liberdade soberana deDeus Por ela, Deus entra no homem, a fim de que, por este encontro com Ele, ohomem chegue a ser o que Deus quer

A graça é, portanto, da ordem da plenitude do amor, mas de um amor que

não se estabelece a partir da relação, pois que é gratuito, sem reciprocidade, purodom, pura doação ocados pela graça estamos no universo do m, mas nãoeatamente o m do amor fusiona, como qerem os amantes, mas um outro o mde Deus que, para os cristãos, é, por ecelência, o mconsciente

Assim, por obra da graça da tetualidade, ingressamos no território de umacomunidade xisn não ral daqueles que a autora chamaria, mais tarde, os seuslgns Dentre eles me incluo, e é desse lugar, por minha conta, risco e alegria, queabordo desse corpo d afcos a xualidad Llansol

a letra, o litoral

Dizse do amor místico que ele é da ordem do ardor Esse amor ardente peloqual o sueito se vê capturado não é apenas um amor que queima a supercie docorpo a pele , mas que atravessa o corpo, perfurao, fragmentao, dilacerao É

desse ardor e desse atravessamento que nos fala, por eemplo, Santa eresa deÁvila, quando busca descrever seu encontro com o divino

Va um anj jun a mm ... em fma cea ... mubel, s ã blhane ue paeca ds anjs da mas puespéce, va em suas mãs um dad de u, lng e em suapnta paeca te um puc de g se g dava-me ampessã de penea muas vezes em meu caçã e me chegaàs entanhas a ál, paeca ue evava cnsg mnhasenanhas e me deava tda abasada d gnde am de Deus

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POR GRAÇA DA TXTUALDAD

É também da ordem do ardor e do atraeamento o efeito qe algnexto prodzem obre nó Não todo algn Nem todo ele mítico Nemtodo ele texto qe e itam confortaelmente no campo do literário Agn talez tamente aqele qe realizam ma travia da língua ardem em nó e

no atraeam obrigandono a jeição aqi entendida como m chamamentoa reaizar também ma inqietane traeia Dea natreza é o texto de Mara

Gabriela anolNa depração dea coia ardnt ecreee Ardnt txto Johu

obra em qe o liro qe ecree ma certa legente encontrae com o caderno qem dia ecree ma certa ecreente erea Mtin Santa ereinha de iiexmorta em 1 897 Dee encontro rge o texto o Ardnt txto Johua fgraintermédia pelo ler adada p l47 qe arde em noa mão É portanto de mxitnt não ral qe ete texto no fala por obra e graça da textalidade

e eu nada zer nada exstr. Mas se zeres poder est. Ou não empre a nexstênca tem mas orça peguno. Mas nãoparcuamente a ela. É a Graça Gabea dz. Um dom. esceve no seu caderno "um dom vem co/car- a ladod me jaze paa o potege do nada. p.8)

Aim e abre o rdnt txto Johua Com o chamamento do ral nãoxitnt com a eocação da graça do dom E o dom o dom poético de Gabriela em proteger do nada o fazer daqela qe m dia ecree em e cadeo É

prcio prdr tu pquno nada m u innito tudo • O peqeno nada do eré preco perdêlo no innito tdo de De teria ecrito Santa ereinha à porta

da morte E na abertra do texto de lanol ma inqietante traeia já e abrepara o leitor: aqela qe o leará do pquno nada ao innito tudo do ral nãoxitnt ao xitnt não ral

Aim e abre ete liro como mhá Há o innito tudo há o xitnt não

ral há ardnt txto

ea ou ouo humano, ese ou anda ouo ue o ea ou deeo sva ou não saele permanece o ue é, no centro do Hesa a evdênca ue demoe a enenderana o cadeno esar sempe comuncanteo eo pode nalmente aearse dee pl2

Etamo poi no corpo do afcto á onde é poíel atraé do xo

d lr o encontro entre o caderno da Santa e o liro da ecritora compondo em axitênia não ral o ardnt txto Nocorpo do afcto txtualidad intaradapeo ardnt txto abree o há E a matéria dea txtualidad é epea é mamaa diz o ardnt txto à p 90 como o ilêncio rrante aberto pelo há

Algo ue se pece com aulo ue se ouve ao apoxmamos oouvdo de uma concha vaza, como se o vazo esvesse cheo,

·

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POR GRAÇA DA EXUALIDAE

é mais distint do vazio escavado pela escrita do qe o semblante O prmeiro o

vazio escavado pela escrita é receptáclo sempre pronto a acoher o gozo o aomenos a nvocá-lo em artiício" Desse vazio escavado pela escrita" alam-nos

todo o tempo o teto de lansol e o teto de Teresa aqela qe em sas crises de

hemoptise escreve com a letra de se próprio sange como ma lette parao Bemmado a Hitóia de uma alma

Sent como uma vaga que uba uba bobulhando até meulábo. Eu não aba do que e tatava m aba que ra moreemnha alma encheu-e de alega [ .] Peca e angue o que eunhavomado . Fo como um doe e longínquo murmúrio que anuncava

a chegada do Epoo

O sange qe jorra da hemoptise mancha o caderno de Teresa O cadernode Teresa, escrito com essa nódoa do corpo é também itra mancha rasra. Terrade letra escavada geograa da ciação impovável e impeviível litraterra E épela via dessa letra-itralitoral qe o teto epandido então em textualidde ará a sa travessia, a travessia da escrita

não ou um texto evelado nem npado, ou apena feto

contudo (ou tenado) paa a ardente beleaomado como e fomam a nteogaçõe, fae ap faeofendo quando a gncação e ompe a perco, emaber, tanta veze, que a ped

ou o humano para atravear o mundo a metamofoecomo he chamam,lads vuma coa apend o fulgo é mvelouta coa eu e, e o humano o pede, et peddo (p 07

Nessa travessia da escrita reside ma promessa a de qe o lgor a qeo teto almeja, possa ser alcançado e ma tentativa a de qe o hmano aoatingir o lgor do teto possa então não se perder Entre perder a signiicação e nãoperder o hmano a escrita transita, em bsca do lgor. Nessa improvável geograia

reside sa travessia a textualidade

a textuadade a taessa

Em Ofalcão no punho lansol nos adverte o teto é a mais crta distânciaentre dois pontos". qi já se assinala m gesto em direção a ma possível travessiada escrita eetada através do teto. Mas, se o teto é a linha qe demarca essa

travessia o teto lgar qe viaja a ravessia, ela mesma não se dá eatamente

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A PRÁTICA DA LETRA

no texto, mas e seu oviento a textualidade. Mai expandida que o texto,enos localzável que o texto, a textualidade é capaz então de abordar o real que

háde vir ao nosso corpo de afectos"

Não é por acaso, portanto que o Ardente texto Joshua constituise em u 

dos livros mais ipactantes com relação a essa força do real que há-de vir" Porque,se este livro se funda as nititidaente que os demas, sobre um outro texto que ali

se nomeia a autobiograa de Teresa Martin e as deais histórias que sustentam

a exstência real da Santa sua história insttucional na Igreja Católica, seus poemas

suas peças de teatro ele ultrapassa esses textos ao abrir-se enfi aos existentes

não reais, conforme o atesta a explicação possível" de Maria Gabriela Llansol àquarta capa do livro

A primeira históriaconta que desde sempre Teresa Martin quis entrar no

Carelo de Lisieux. Que, aos quinze anos, de facto, en

trou e aí morrerá aos vinte e quatro anos, de tuberculose.É a prieira história a súmula bográfica

A segunda históriachamou-lhe Teresinha do Menino Jesus coocou-lhe um

rao de rosas nas ãos, ua coroa de rosas na cabeça,

canonizou-a e há meses fez dela Doutora da Igreja a

terceira, depois de Catarina de Sena e Teresa de Á vilaEsta é a história institucional, a grande e a sua súula

heróica.

A terceira história

contoua ela E vários poemas, peças de teatro conventuais

e textos autobiográficos Sobretudo no anuscrito C, como é

conhecido ( . .)Este livro

é a quarta história Conhece a biografia e passa adiante Sabe

da heroína e não lhe interessa Admira a crente sem desposaro seu oviento Conforta a arte de viver da amorosa com a

exigência da ressurreição dos corpos, última e definitiva aspiração

do texto ardente Subjacente ao Deus sive natura que o ove, o

texto afirma que há u Amor sive legens para o entender. O

percurso de u corpo como súula de sua potência de agir

Aqu, nesta breve explicação possível", Maria Gabriela Llansol oferece

nos tabém ua breve descrição do ovimento de textualidade E nos mostra quea textualidade é tabé o percurso de um corpo ovdo não só pelo Deus ou

natureza" (Deus sive natura)23 as tabém pelo Amor ou legente" (Amor sive

legens. Por isso o Ardente texto Joshua puro movimento de textualidade não

pode ser confundido com os exercícios literários tão ao gosto da pósmodeidade,de reescrita ou de bricolagem ou ainda de escrita em palimpsesto:

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POR GRAÇA DA EXUALIDADE

vê po ue não aceto em pampeo?

Ecevem uno um exo ue é ouroferene ee e o aene. e erea ec ar ooo a com o e amgo e envovee pofunamene

com ee ou nee? envolvere-á ceamene no afeco peamagen ue arfam no exto e eceverão ouo texopaaeo a ete, oamene nvve p 75)

O qe o ardn xo pretende sa última e definitiva aspiração reside

na ressrreição dos corpos O qe pode ser lido por lgn qe partilham dessaeperiência do teto como m corpo do afco como a ressrreição dos tetosNsso consiste a travessia da escrita em lansol nesse movimento de xtualdadqe é capaz de atravessar mndos heterogêneos e colocar em dilogo" figras

eqidistantes

Dá-me a ua mão aavea comgo z-me ea memo eé o ue o eu amgo pocuanão mo ma eceve no eu caeocompanhero paa connua o ouro lao o muno". p.64)

Nessa travessia encontramse o caderno de Teresa e o lvro de lansol

mas encontramse também o escrevente e o legente pela graça da xualdadPor isso o legente nada deve ao teto" já qe o teto em sa dimensão dexualdad sitase fora da instância atoral fora do eercco de lingagem forada literatra

-um

a tea e vo-o ze,ea ão evene e tão fc e enenenão ue o enha econo poue o egene naa eve aoeo

ea uem for au ecevenoà

máuna, ou ecoafaço eoe ee aco ecreve-e na ae a erauao ue tem vanagen não convém p. 3)

Onde se sta então o teto? É o teto qem responde: amo na craçãop 92 o qe o gn poderia acrescentar estamos na letra" E se a letra é o qebordea o eal talvez seja por isso importante algmas vezes despoetzar o tetoafastálo de qalqer possibilidade de sedção qe a beleza possa eercer sobre oolhar

Um o efeto o eto Johua é pecamene pene, craruma unção o é anno a ene para um mpeago ebeo, como e penae e-avaom ague há um fugonapreenve peo eéco p28)

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POR GRAÇA DA EXUALIDADE

(ou "daqueles que se alnham sob a bandera das mulheres, é da ordem do ndzvelda ordem de um mas além da lnguagem, e enconrara nos mscos a sua maspura expressão, já que os mscos oferecemnos um depomeno da ordem de umaexperênca que as palavras não comporam:

Há m goo dea, dee e qe no ete e no gnca nadaHá m goo dea obe o qa tave ea mema no aba nadaa noe qe o epementa to ea abe Ea abe d ocetamente qando o acontece Io no acontece a ea toda Paa aHadewch emqeto é como pa anta eea bata qe você vo ohaemRoma a etáta de Benn paa compeendeem ogo qe eaetá goandono há dúvda E do qe é qe ea goa?É cao qe o tetemnhoeenca do mtco é tamente o de de qe ee oepementamma no abem nada dee'•

Tal ardor não é esranho aos lgnt famlarzados com a txtualdadLlanol Também não são esranhas aos lgnt as fguras de Sana Tereza deÁvla e de Hadewjch, esa úlma presene ambém no ardnt txto como pare

da lnagem de Teresa Marn, na qual se nclu, a seu lado Mara Gabrela Llansol

m, hove m momento em qe etvemo nqea namesma gnta ei qe etaemo empe o nm temponcomenáve , nea nqetaEa a moe.E moe, eea Matn begna fha de Hadewch deAntépa dotoa da gea. (p - 8

Enreano não podemos nos esquecer da adverênca explcaçãopossvel que Llansol nscreve na quara capa de seu lvro: o Ardnt txtoJohua quara sóra de Teresa Marn, "admra a crene sem desposar o seumovmeno. Não é o movmeno msco, porano que ese exo comparlha como de Teresa mas um ouro, aquele que, pelo dom poético (não nos esqueçamos deque Teresa Marn era ambém poea) anelará os dos exos em um erceo oardnt txto por graça da txtuadad

Não escapou ambém a Lacan que o amor o amor ardene fosse daordem da poesa. Fazer o aor como o nome o ndca, é poesa , drá Lacan, em

seu Smnáro 20 Não é por acaso porano, que esse semnáro dedcado ao gozose deenha não só sobre quesões referenes à msca como ambém ao amor corêsna poesa medeval em que Lacan examnará as relações ene o amor e o sgnfcane.O mas curoso enreano, é que Lacan (para além da evdene rona que se lê em"fazer o amor é da ordem da poesa) suará o amor no campo da poesa, usameneporque o amor funconará, analogamene à lera, como um suplemeno para a nãoexsênca da relação sexual

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A RÁICA A LERA

Há váa anea de entendeo ea oulaão ntgante de Lacan.Toaeo aqu aquela que no nteea a de peto ao aa que "não áelaão exual Lacan va no de não ó da não copleentadade ente oexo a tabé que ente o ee alante á u ato da ea oa que

ente o gncante e o gncado á ua baa que aponta paa a nãocopleentadade.A déa lacanana de ao no minário 20 aponta então paa o ao

uonal egdo pelo lea de "nó do oo U ó a que Lacan opoá uouo U o U ono. D ele

É evidenemene meáfo pemida Feud pefez descobe d dus unddes do gémen, o óvuo e oespemaozóide de que se pode dze gossemene que

é de sua fusão que se engenda o quê? um novo se Sóque a cos não aconece sem meose sem uma subaçãoineamene manfesa, ao menos pa um dos dos, jusones do momeno em que conjunção se poduz, umsubção de ceos eemenos que não é po nd que nãoesão n opeação finl ( )É mesmo pecso pa dso que esse Há Um ép se omdo com o soaque de há Um sozinho É daque se peende o neo com que a coisa ene po odo ocuso dos sécuos, so é o mo

O ao a endo da ode do uonal do "nó oo U apontae eu geto eo paa ua ubtaão que d da pobldade do U uonalanalando a a extênca de u outo U o U ono. Analogaente àleta que uncona coo ajuntaento de eleento eteóclto o ao "auplênca à nextênca da elaão exual "Ecevo a pat do que não pode eecto Ao a pat do que ente o exo ala.

O lgnt de Llanol que conece a gua do amor ímpar e docompltamnt ó ecta no coo de ua txtualidad e que e conttue

tabé ele e ua oa pa de aoAmor iv lgn) abe que não é doao uonal que ea gua no ala. Oamor ímpa undado e tê eleentoe na déa de que "a elo oa de ao é aquela que e abe paa oa de ea anela-e à gua do compltamnt ó a gua que copõe alnage de Llanol nclundo aí o eu lgnt ) e abe que a ecta ecua auão que e lê e "oo U ó:

Eu que conheci nimmene Isbô po se su escia,sb que s úim vontdes que e acbi po me mumua

sem efeenes à espeanç de que o Hemfodia não fossea gu fina do humano espeança que gud os sexos emnúmeomp, e os maném beos o conhecmeno do mo

Paa o conecento do ao é neceáa po a abetua que o teceoeleento aquele que ope co a luão uonal a "luão do Heaodta

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POR RAÇA A EXUALAE

iia a instaua m Ardnt txto Johua é justo o ardnt txto que se colocacomo esse teceio elemento Poduido pelo enconto do texto da anta com o texoda esctoa, oardnt txto constuise, potanto em txtualid em avessada escita. Nesse amor ímpar da txtualidad, ao lado do teceio ardnt txto

situa-se um outo teceio olgnt

este também uma forma de amo, capa, poisso mesmo, de supota a leitua, a avessia da escta Ambos se constituem emgura intrméda como nos evela, po fim, o texto

Aquee que êpou po mm qundo vnh cmnho e diememuito egre, em vo t: eive congo et mnh

É o eor?

É o egente?É deceo gu inemédi, peo er udd

(  .  ) 

mve icovo olh, ee, ou Hdeijchm v no vo inquie,core obre o vivo e rndo o vvo que vo nveePexe no o do tempo,A gur ineméd, pelo e udd,

é o voo Johu (p 7)

Resta inquietante a questão se o amo de que nos fala a txtualidadLlanol não é sional, se as figuas que desse amo patiham se inseem na dimensãodos compltamnt ó como o lgnt esse teceio também compltamnt ó écapa de le e paticipa ele ambém, dessa txtualdad

É o ardnt txto que nos esponde, ao taenos a figua do anlifeentemente dos textos anteoes de lansol, em que se constituiu visivelmente

a figua do nó os nós constutivos este texto opea com a figua do anl quepaece consisti justamente no desenlace ou na apopiação do nó

além de mim o quint incuto e em or obeo-o do dro d igrej de So Mtnho mcereo em or bc e nouo ug en o exo novo gumeneem or enqunto o no ocm no o om m o odo; nonum do novo exo que e ppe d eu nâ-

um epço empo ecémncido um inh engehd degrviddepo onde cor que novo loido? p9)

( . . . ) 

vejo doece o ugo ps enre pv eplhndo-como p

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A PRÁICA DA LERA

no geo eexo qe anda deenha não nído e etácainhando o oo acoapena o oveno lhacoo o dcíplo aado, eclna a caeça no oo de hoe de qe não vê o oo e, no ceno do qe a faz

oe e nnca aeá o qe ea ciae,aav da divagação cea daqele copo oe a onda, anel indeível de aeco lal co o deconhecido p. 26

( .  . . ) 

vê? , o lvo apena age,o anel epoa agoa na caecea do aadoo qe o livo eceve o lvo eqeceo anel, não. p. 06

Curiosaente este "texto novo do anel não aavessado por inúerasguras as apenas por ua a de Teresa Martin atravs da qual duas ourasinterdias se introduze: a do ardnt txto e a do lgnt. Entretanto ao daleitura o que resta ao lgnt a figura una do onólogo não a do diálogo queaparenteente ali se constrói reduzida ao to e à fora de ua prece de uaencantação

eavenado o acnado, poqe dee eá o eal

eavenado o delddo, poqe nele o penaenoe faá hanoeavenado o copo qe oe, poqe dele eá aenaldade do nvíveleavenado o deepeado poqe dele eá a eaneepeançaeavenado eja exo, poqe no ae a geogafiado ndoeavenada eja ea, poqe a eá a exploãoqe levaá o vivo a todo o Univeo pp 464

Estaos pois no U Estaos tab no todo todo o Universo É otexto que nos diz É uno p84). Para e seguida nos advertir "só a solidão copanhia de solidão p. 21. Estaos de volta ao "há aquele que Lvinasdeniu coo o fenôeno do ser ipessoal Estaos de volta ao U não o doaor fusional as talvez o do "puro aor o da solidão e copanhia da solidãoaquele que Lacan designaria de "Utodosó

Um-todo-só

Aonde está o ser há exigência de innitude decara Lacan ao introduzirno Smnáro , seu y a d l Un distinguindo esse U do U fusional do aorEsse U cua referência Lacan buscará na ateátca e Frege revelase a partrdo real do núero e encontra sua elhor etáfora segundo Lacan no nó borroeanoAo contrário do U fusional do · aor o U do núero assinala a solidão e

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POR GRAÇA DA EXUALIDADE

cuosaente acula-se à noção de esca já que a esctua paa Lacan conssteno nó

Inteessanos aqu pensa na noção lacanana de scritura coo uascrita da ltra buscando-a tanspotáa da ateátca paa u ouo capo de

leas aqueles que alguns textos os que se stua foa da lteatua ou foa daepesentação po seu tajeto da tavessa da escta coo o de Maa Gabel aLlansol esceve

Esse U segundo Lacan supota a soldão

Do Um, a medda em ue ele ali eá, odemo uo aeaaaeeea a olido o ao de ue o Um o e amaavedadeamee

com ada do ue aeça o Ouo exual. Comeamee emcoáo cadea,cuo U o odo feo da mema maeia, de o eemoua coa eo Um

É esse U que dz espeto à não elação sexual que poduz no entantoaqulo que Lacan escevea coo a "exsstênca acada po u foa-lnguage"foaundo

Se o Um exie, o ea múlilo em ea ae em começoem im O Um o etá em luga ehum o evolve umacoa emé evolvido o ea. O Um o é igual a Ouo, ma ambémo é o memoH de e e a loclzao ooógca do Um como exicia a odoo U ue de aguma maeia aticam dee, o é, do ue eie lguagem, ao mudo

Não seá dessa exsstênca à lnguage e ao undo que nos fala o ardnttxto de Llansol? Não seá da ex-sstênca que Llansol nos fala quando dz que"soos cados longe à dstânca de nós esos? E não seá a txtualidad "geogafa dessa cação e pevsível justaente a tavessa da escta edeção ao U?

Estaos na txtualidad Llansol no U a que se lga o "todosó no"Utodo-só (Untoutsul) E nesse luga atópco "o Outo não se adcona aoU O Outo apenas se dfeenca Se há ago pelo que ele ptcpa do U não é po

adconálo a s Pos o Outo coo já dsse as não há gaanta de que vocêstenha ouvdo é o Ua-enos"De ua expeênca análoga sabe os lgnts de Llansol. Pos a tavessa

opeada pela txtualid é, antes da ode da subtação do que Lacan denonaade "Ua-enos Duante a tavessa dexaos pelo canho agensconsttuídas pedaços de ase estos de sgnfcação paa caos na densão

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A PRÁICA DA LERA

unana da lea E eso esa a nca que nos resa ernará por desoronardane de nossos oos

Vees que pouco a pouco as leas vão ola do

ppo omeamo sem m.amo sem oamo sem amo sem afca o slêco em que vos des uma ou pooa da chama.

No desoronaeno das leras desase o nó o exo se dno. Nesselugar ora da epresenação suase ua cera escrura que já não se escreve ponós as por anés E essa escrura dos nós desaados de anés que orba eoo de u á nos ensna que o nero ípa esabelece que ápares que nãoêm pare; o que não é obsáculo a que essas racções as que não se unra nuodo seja provavelene aquelas que não se dera à eedade.

Curosaene é dessa expeênca de subação que nos fala os exosíscos. Apesar de o pulso ncal da sca parecer resdr e ua enava deusão possível a usão co Deus o que a experênca ísca aesa é sepreda orde da soldão e que o puro aor erna por lançar o sujeo A vsão IV de

adewjc d Anvers oerece-nos u eseuno dessa despossessão do sujeo:paa angr e sua dvndade a ala deve oar-se seelane a Ele e suauandade: pobreza prvações desprezo dos oens é precso aprender a suporarudo sso e se conorar se laenações à vonade do aor Traase e lansânca de ua descobera da soldão e da lberdade da ala co Deus

Esaos pos no U. Esaos e U cero Todo Esaos na soldãoas não copeaene sós ezene á o ane Resa-nos enão o U da caçãolugar de slênco que Blanco denonara de soldão essencal da obra

Esceve é fzese eco do que ão se pode pa de fal e,por causa dsso, pa v a se seu eco devo de uma cera maeampolhe slêco . . Esse slêco em sua ogem oapagameo a que é covdado aquele que esceve ( . . . O que osfasca, os arebaao osso pode de abu um sedo abadoa a sua auezasesvel,abadoa o mudo se pa quém do mudo e os a áão seos evea e, o eao afmase uma pesea esaha ao

pesee doem e à peseça o espo. A vsão de possbldade de ve queeamoblse em mpossbldade, o seo do olh ( .) O fasco éo olhard soldão, o oh do se e do emável, em q a gueaadaé vsão vsão que á ão é possldade de ve mas mpossbldadede ão ve.

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POR GRAÇA DA EXUALIDADE

Àquele que habia ainda que proisoriamene a solidão essencial daobra é dada a soliude das isões que afinal não se consiuem em priilégio dosmsicos assinalados por um poder ou uma possibilidade de er mas na puraimpossibilidade de não er por que o arisa será enão araessado. Traase

porano de uma raessia a que Maria Gabriela lansol chamou txtualidad. Aessa raessia chamaremos ão somene "imagem slerada lugar oramundoonde habia a solidão essencial da obra ecido do silêncio no nãoer

Preis de aa m agém, pes de he die qe qandhega u, se apeea de qe a magem neidpe adene texté aq hd d dnã é ma tadçã nem seqer ma ena A naratia dqe se est passand é um entndo

m simpes ha m p i de eesa, teid d siênin nã-er p 63)

NOTAS E REFERÊNAS fOGRAS:

Proessora de ieraura Poruguesa da Faculdade de eras da UFMG Auora deA Traição d Pnélop (AnnaBlume 994 eA Falta Record 996 deneouros.

2 As expressões em iálicos no corpo do exo são odas exraídas dos exos delansol e consiuemse em conceios ormulados pela auora ao ongo desua obra.

3 ANSO. Lisboalipsig . pág 6 23 Para que o romance não mora.4 bidem p. 202.

5 ANSO Lisboalipzig . pág 22 Para que o romance não mora6 . TANQUEREEY Compndio d Tología Ascética y Mtica pág 737 Anoações pessoais a parir de consulas ao Pro Dr Jacynho ins Brandão8 GUARDN Romano. Librdad graça dstino pág 69. Apropriome aqui de um ogo de palaras eio por MER. Los signos d goc.

pág. Miller serese da quase homoonia em rancês enre lUnconscint e l nconscint para assinalar que para os crisãos Deus seriada ordem do Umconsciene aquele que sabe o que az enquano paraa Psicanálise Deus é nconscene A esse respeio er ambém

REUGNAUT Diu st inconscint A expressão exuaidade lansol é uma alusão direa ao posácio de ARREGU

Elisa A Texualidade lanso. In BRANCO ucia Casello BRANDÃORuh Siliano orgs. .Aforça da ltra stilo scrita rprsntação Beloorizone Poslidiora G 2.

SANTA TERESA DE ÁA ciada em CASTRO. Trsa la Santa y otrosnsayos pág. 74.

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A PRÁICA DA LERA

DES ROTOURS Barão . Angot. ata Teeiha 5 ed. Belo HorizonteCounicação sd.

ESPINOSA, Baruch. Peameto metafíico São Paulo Abril Cultural 979.Coleção "Os Pensadores)

GUARDINI, Roano. ibedade gaça e detio. Lisboa Aster 957.GS César. Image memóia en o legvel e o visvel Belo HorizonteEditora UMG, 997.

LACAN, acques. émiaie ive éthiqe de lapychaalye. Paris Seuil,986.

LACANacques O emio ivo . Mai aida 2 ed Rio de aneiro Zahar982

LACAN, acques. Lituraerre. Oica? Reve d champ fedia Paris n 4 abr987.

LEVAS, Eanue. Ética e iito. Lisboa Edições 70, 988 LLANSOL Maria Gabriela. Um falcão o pho Lisboa Roli 985.LLANSOL Maria Gabriela. Coto do mal eate Lisboa Roli, 986.LLANSOL Mariaiboaleipzig Io encono inesperado do diverso Lisboa

Roli, 994.LLANSOL Maria GabrielaAdete texto Joha. Lisboa Relógio D'Água 998MANDIL Ra Avraha. Para que serve a escrita? In ALMEIDA, Maria Inês de

(org.). Paa qe eve a ecita? São Paulo EDUC 997

MLER, acques Aain.o igo de goce

Buenos Aires/Barcelona/MexicoPaidós, 998.REUGNAULT rançois.Die et icociet Paris Navarin 985.SATA TERESHA DO NO ESUS DA SAGRADA ACEHitóia de ma

alma anuscritos autobiográcos. 3 ed. Lisboa Carelo da Costa 979.TANQUEREE Compedio de teologia acetica y mítica Buenos Aires desdée

943.EDUARDO VIDAL. Há U In CESAROO Oscar (org.) Idéia de aca. São

Palo luinuras 995.

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Fred com Clarice: o e, o io, o ovo, a galinha

Niza Eicsn

Encone um bou cumpcdde duee po uechmmo um nmddeexm o e o conto O ovo e gnh de Cce Lpeco pe pme vez. Muopoxmd due ue peendemo no dcuo do nlne ue de um modo dveo, po u há um uboo poétco é

um bemdo texto, ecdo de um ecu em n boomenoPegunteme o ue et em beo no veõe ue oponum do começo o m ubmetd um mpco de nos. Pocue o endo do veõe no dconáo umtço ue ee p ze conexõe ene du co mnendono enno, dânc. Po exemplo teto Ro-NeBem u o eo ue et e me popondoA pncpo o texto, no o enend Al m como Clcee expe: Se ue e eu enende é poue etou endo.Enende é pov do eo" Eno, me che no

trv s.

tv ou pont do pecuo Veome o Eu e o Io deeud. D env de um eneçmeno e-eceve ocono de Cce pndo d gênee etutu do pehopuco condo po eud.O ue vem ne O eu ou o oÉ de t odem nncço ue no e de poz um ououo m, m de dfeencáo, etbeecendo nuez deeu eo.A ed d e múcu p o Eu e o Io e d pp o texto de Clce v exuz" poduz um novotecdo como efeo d ec e coneüente leu.

O oo não exste mas. Como a luz a estrela j morta o ovo propramenteto não exste mas

A ele eco o começo É a partr e um ponto napreensvel na orgem queoo o reso vem a se arcular O oo é uma cosa suspensa Nunca pousouQuano pousa não fo ele quem pousou. Fo uma cosa que cou embaxo o oo.Ora ele é uma exterorzação o que Senão e uma separação sofra peo olharque o vê ovo vsto ovo pero. A partr a torna-se causacosa Põe o aparelhoa funconar. O que eu não se o ovo é o que realmente mporta. Nessa quea oolhar o que se poe zer o ser a cosa é a orem o não-pensamento umaescrtura one a conexão entre as éas va seno feta por travessões exano ontervalo marcao. Resstênca que se exerce a partr o sso reservatóro pulsonalprecptao as expeêncas préhstórcas abeto não too conto em suas l gaçõescom a representação e palavra presente na assocação lre (retorno o recalcao)

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A RÁCA DA LERA

como aquele que carrega o silêcio essa impossbilidade de fazer coicidir oicosciee com o isso.

Ver aqu esá absoluamee imbricado com o dizer. Assim, ver o ovo éimpossível: o ovo é supervisível como há sos supersôicos No eao esse

ecoro com o real do ovo é marcado por raços mêmicos deixados por impressõeso isso e coservadas por heraça. Ver um ovo uca se maém o presee malveo um ovo e á se ora er viso um há rês milêios; esse próprio isae ele éa lembraça de um ovo. Essa reecaração de aeriores formações egóicaschamadas aquisições filogeéicas do isso O ovo ão em um si mesmodividualmee ele ão exise

Os laços maidos etre essas iscias é que vão permiir abordar semprea poteioi os aspecos esruurais do aparelho psíquico. O isso ão podeexperimear ehum desio exerior a ão ser aravés do eu e do supereu. O ovoé a alma da galiha. Para que o ovo aravesse os empos, a galiha exise, como omoi corporal, superfície projeada ravesida em galiha. ugar dodescohecimeo á que ão em acesso a essa almaovo que carrega um idivíduo.Mas suas relações se subdividem ela a galiha e ele o eu as maém permaeesao com o mudo ierior aravés do super-eu como com o exerior a galiha é odisfarce do ovo.

O eu possui esse caráer egaador ao modo de um políico pois ecessia,para sobreviver, maer laços diplomáicos com a oposição e a siuação. O ovo por

equao será sempre revolucioário e, como al, ele vive dero da galiha paraque ão o chamem de braco Chamar de braco aquilo que é braco pode desruira humaidade. Assim como uma vez um homem foi acusado de ser o que ele era. Eleera Aé hoe ão os recuperamos A lei geral para coiuarmos vivos podesedizer um roso boio mas quem disser o roso morre, por er esgoado o assuodetificações das quais o eu ão pode prescidir as vesimeas imagiárias doobeo, sob pea de se orar a própria coisa reso do simbólico e imagiário eesgoar o assuo, ausear-se do campo do ouro Com o empo o ovo se orouum ovo de galiha. Não o é Mas, adoado usa-lhe o sobreome Deve-se dizer o

ovo da galiha. Nome do Pai como alieação forçada ecessária para gahar umaesêcia o campo do outro ou da liguagem. A veracidade do ovo ão é verossímilé equao ão-ser que se cosiui odas as eaivas de ideicar o eudivididocom odo o ser seriam ifudadas.

odas as eaivas de orar o ovo reagular falhariam Quem luassepara orálo reagular esaria perdedo a própria vida O ovo os põe, poraoem perigo. Os euróicos perdem a vida em suas eaivas de ecobrir a verdade deseu ser pois basa olhar para a galiha para se orar óbvio que o ovo é impossível

de exisir Ereao admiilo é isso que os descomplea e é a abeura para odeseo em coução com a possibilidade de prazer e gozo, ariculação faasmáicadesse eu dividido O ovo é o grade sacrifício da galiha É o soho iatigível dagaliha Para que o eu eha acesso a esse gozo que desde o sso o acossa, põe-sea combaer aavés do rabalho sigicae, borda simbólica, o desregrameo imposopelo madao super-egóico e morífero da pulsão de more. Sobreviver é a salvação

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FREUD COM CARICE: O EU O ISSO, O OVO A GAINHA

da gaha pos parece que vver ão exste Vver eva à ote Sorevver chaase ater ua cotra a vda que é orta Desto do ser vvete tedêcacoservadora ão só da pusão de ote ecarregada de recoduzr o ser vvoorgâco ao estado ete ass taé as puses sexuas erótcas persegue a

eta de ua reuão sítese da sustâca vva dspersa e partícuas co aadade de coserváa ssa é a daétca da reprodução sexua. A gaha era sópara se cuprr as gostou O desarvoraeto da gaha ve dsso gostar ãoaza parte de ascer. Gostar de estar vvo dó O prcípo do prazer-desprazer ãorecore essa copatdade udaeta do ser co o saergozar Asdeticaçes aos deas as cessates tetativas do eu e reasorver sua parteperdda o atasa do casaeto ez co o ojeto ão cessa de ser uscadaspos há ago sso que ão cessa de resstr Fo o ovo que achou a gaha A

gaha é dretaete ua escohda Vve coo e soho. Não te seso dereadade. odo o susto da gaha é porque estão sepre terropedo o seudevaeo A gaha sore de u a descohecdo O a descohecdo da gahaé o ovo. a ão sae se expcar. O descoheceto própro do eu quato à suaratura às orças icoscetes ee atuates descetra quaquer possdadede doío de seus pesaetos paavras e atos coo as cosses dos éisreveado seus pecados.

Cacareja a gaha o da tero: se que o erro está e esa ea chaade erro a sua vda ão se as o que sto etc etc etc. Mas o propósto de

produzr u saer sore todo esse côodo é que az o aaa etc etcetc)cessate do eu. A gaha te uta vida teror A vda teror da gahacosste e agr coo se etedesse Quaquer aeaça ea grta e escâdao etoua doda O euo stoátco quexase desse des-eteder e o etato é esseão saer que he proporcoa a perguta ass coo a vgêca do recaqueperte a cadea de sgcates ucoar udo sso para que o ovo ão se queredetro dea Pos essa ta reação de esutura se susteta desde sepre desdea orge desde a udação da e da terdção o to do assassato do paprevo. Há cosa a causa

O ovo ada é o eso que se orgou a Macedôa á o cacuadoruto da ais peosa espotaedade Nas areas da Macedôia u hoe coua vara a ão desehouo. depos apagouo co o pé u e sso dexou rastrosas a gaha é tota desocupada e íope. Ada ão se achou a ora aisadequada para ea as para a gaha ão há jeto está a sua codção ão servra s própra. O atrapahado eu coo servo de outros sehores ass se apresetatão ocupado pesado e dar cota e tatas servdes co ares de sehor ãocréduo quato a gaha que ão saa que "eu é apeas ua das paavras que se

deseha equato se atede ao teeoe e coo ua outra que pesou que "eusgca ter u s-eso. Neste poto o ovo é querado a rgdera e só asspode ser eteddo Caso cotráro ee é ua cosa possíve Resta ter apeas aprópra vda o que para que já "vu o ovo pca e u traaho e ua perda. Éprecso ocuparse e dstrar-se para proteger ater a cosa a causa

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A PRÁICA DA LERA

detificase co ouros esse eso aã coo agetes que se recohecepeo aor Aor é quado é cocedido participar u pouco ais oucos quereo aor porque é a grade desiusão de tudo o ais. cusive do que se pesava sero aor. O ugar do agete é cuidar para ater as codições ideais para o ovo

Vive co praer essa fução: peo eos toa eos peoso o praer Fução doaaista equato agete ocupado o ugar de sebat do objeto a e cuidadopara que ee da ão se desoque. Após o trascurso de ua aáise chegaria oaaista a dier que viver é extreaete toeráve viver ocupa e distrai viver farir? E aida e fa sorrir o eu istério que é eu ser apeas u eio e ão u .Fução de todos os sebats aparêcias ecessárias para auteção dessaverdade . Equato eu faava do ovo eu tiha esquecido do ovo. E o ovo caiteiraete protegido por tatas paavras Mas se ee for ipossve etão ivre

deicado se esage agua para i tave ua ve aida ee se ocoova doespaço até esta jaea que desde sepre deixei abertaDesvaeço-e quado após ua travessia da aieação separoe desse

obeto passado a ua escritura do o-ee para sepre aberto e eu ser

NOTAS E REFERÊNAS fOGRÁFAS

1 rabaho apresetado as Joradas da etra Freudiaa O Eu e o sso e 198por Nia Ericso. sicaaista Escoa ea Freudiaa.3 ubicado e Felicide Cladetia, foi apresetado o Cogresso de Bruxaria

e Bogota e 196.

fOGRAFA

FREUD O Eu e o sso i Ob Completa, Rio de aeiro ago Ed. vo.XX19.

ECTOR C O ovo e a gaiha i Felicidade Cladetia, Rio Rocco 998.

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A escrita do corpo no Lvro da VdaCara de Góes

L Preâmbu

Um eo guarda as marcas de seu nascimeno Desde o momeno daconcepção (que nem se sabe enquano al), aé ser lançado ao mundo e circular sobos olhos dos ouos sendo escuado e, inalmene esquecido Têm o seu empo de

vida os eos. Por isso é difcil raduzilos ou reescrevêlos. Eles se agarram às suasmarcas e resisem . sabem que oda mudança cada palavra rocada ou ponuaçãoreeia, é uma fora de morrer. Enão eles resisem Ese eo, "A escria do corpono Livro da Vida em uma hisóra assim de resisência. Foi escrio para ser lido naornada anual da Lera Freudiana de 999 O corpo da Psicanálise Ele seia umaespécie de noca da ese de douorado, "Teesa d Ávila a escria do deseo; queraaria, rapidamene, das menções que Sana Teresa az ao próprio corpo em suaauobiograia ivo da da. Escrevi o eo, porano para ler e, de corpo presene,

paricipar de um debae. Feio isso esaria encerrada sua vida de eo. Foi queveio o pedido de publicação, e eu enei reescrevêlo para que pudesse ser lido emsua auonomia de eo. ão pude azêlo Ele reisia a odas as minhas invesidas.Teria que deiálo de lado e escrever ouro ovamene não pude azêlo Gosavadele. Gosava de seus ropeços sua inerrupções ora de hora bruscas seusacanhamenos e pudores Ele ornouse, enão, a nocia de dois evenos da ese dedouorado e da ornada da Lera Freudiana. E se os leiores me periem seguir umpouco mais nessa arenga caregada de "ecessos subeivos gosaria de dizer queme é muio agradável publicálo assim mesmo, como marca de um poral, um marco

de onera osco, inacabado sem um bom acabameno, mas ainda assim marco deroneira dcil de cruzar. Algumas mudanças no enano ele aceiou . em seuscomeços Foi udo.

text

O ivo da Vi oi escrio por Teresa de esus no século XV em 56 amando de seu conessor o Pe báe, sob a ora de conissão para que a grea

(Caólica) pudesse avaliar a verdade de do esemunho de uma eperiência que elasuporava e alardeava em seu corpo a presença do Esposo a posse de Deus.Teresa de Ahumada y Cepeda Tesa de Jesus e nalmene, Teresa d Ávial

conhecida dos psicanalisas desde que Lacan a ela reeriu-se, no Semináio XX,como eemplo de uma ora paricular de gozo o gozo msico

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A RÁICA DA LERA

O século XV assse ao úlmo gande aconecmeno msco do Ocdeneanfeso de modo paculaene damáco em Espanha na lngua de Casela eno copo de homens e mulhees que se ofeecem aos úlmos suspos de um Deusque omba em slênco e que pemanece como Aposa no de de Pascal, á no

século XV, quando o Cosmos edeval se asga em nfno e dsânca O cogocaesano, de cea foa, se esceve como suua desse esgaçameno• Oshoones s e faem foneas ansonadas e os aes ocupam os vaos do mundoque, em beve, se dá planea Os absos que demacavam os lmes das easconhecdas e magnadas pelas angos, gam aos copos que se abem emdesvao A subevdade ecém nauguada é poduda nos confessonáo . e oscopos . . os copos gemem de eo e o nas fomas que anuncam o baoco,pepaando o coação dos hoens à angúsa do sueo que se avnha.

Uma mulhe encana esse empo o epo do nsane nsane defndopo ekegaad coo o pono em que o empo oca a eendade Teesa, feda deeendade, enega o copo à esca desse nsane: nsane que funda os alcecesda Modendade em ogem . Teesa fea de empo e soldão a desea nas adesde Casela, paa sepe os suspos e anspoes de Deus.

O iv da da é a hsóa de ua hsóa de amo; uma hsóa povoadade gemdos, eseoes cansaços O iv da Vida esceve e deemna o pecusodessa hsóa se ece das lnhas, umos e oas que, da esca odenam os camnhosdo deseo no copo que podem enão se ldos As veeda, em Teesa se faem

seão Não o seão de Guaães, onde os pasos caece de fecho• Não EmTeesa, o seão pae do fecho, do lme, do coe da ceca, do aame fapado. É daque se espaam as veedas, o seão o goo que subvee a geogafa dos sendos,do sendo, da cane ecoada pela palava que a condu ao copo me de umaexpeênca que se cona e se esceve a pa de u duplo esemunho esemunhode delcas descas pela sana; e esemunho de nconáves padecmenos descospelos não ão sanos copanheos dela O copo é o pahos, eóo de umpecuso que ecoa duas nsâncas: aquela que goa a alma e o copo, aquele quepadece que susena as delcas desse goo. Apaece, a o copo como lme aogoo que po sua ve, usaene, po se fae, e lhe fae lme, o nsaua e é a eleaebaado e subugado Há ao que paece, e ao que ana Teesa esceve, uaupção desgoveada que pouco a pouco, ao se lhe abu u sendo o sendodo amo do amo de Deus, se funda e leo e umo de vve

O copo se apesena noivo Vida como lme, esemunho de suplcosdo coe da cane pela palava coe esse que encanha o deseo na aculaçãodessa upção em vda O copo é a essênca úlma da vda dane de um anseodesmeddo de moe. Esse pono de paada se apesena em oda sua daacdade

no ivo Vida O snoma se esceve nessa hsóa e a essênca do copo: suaaealdade ofeecda em goo, é levada ao paoxsmo A daléca do deseo seacula em essênca e a cada decsão omada po Teesa no sendo de abaça avda no conveno e se enega a ânsas de eendade, é espondda com volenasupçes de does e enfemdades O deseo que, segundo ela, é causado po Deus,e não mposo po Deus ela nsse uo nesse pono) lhe dá foças paa subuga

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A ESCRIA DO CORPO NO LIVRO DA VIDA

corpo que se nsurge conta tamanha etermnação. O corpo tomao por umavsão que lhe faz as partes absmo. Essa espce e nsurreção corporal nerpretaa a patr e etemnaas leturas que encamnham a sublevação ocopo no sento o gozo a alma. Assm uma paralsa que a mantm urante tês

anos permtno-lhe mexer apenas um eo a mão ta como proteção anteas tentaçes que a assaltavam e às quas não ressta evamente quano a saúeameaçava retoar. O copo apaece então como um lmte à tentação loccus eartculação o esejo . A enfermae vsta como uma possblae e quetueque lhe prepaa o corpo e a alma para os camnhos a oração mental que a conuzemao êtase ensnaa por um lvro o ercero Abecearo e Francsco e Ossuna.

Quano ece se torna frera não por vocação ou amor a Deus como eaz mas por meo o nfeno a anação etea a eteae a assombrava fogee casa e marugaa e sofre a prmera grane nsurreção o copo:

o oo ace e e am a e e eaa do oto, talea a do e me oocaa a ada da caa de me a OSeho, o etato, m daa foa aa ota tamahado

O corpo mal poa suportar os transportes a alma. No convento as orese enfermaes a toos espantavam. Enquanto paeca e febres paralsas calafros

espasmos convulses e era acossaa por vses e transes um trajeto esprtual secumpra e Teresa aentrava em esconhecas reges a alma. É níto em suaescrta o corte que se faz entre uma cosa e outra entre gozo e corpo e em algunsmomentos o corpo arrastao ao gozo em outros há que estar como ausente aque a alma se pere no seo e Deus. Enquanto o copo uma espce e terrtórosublevao lteralmente sublevao por vezes chega a levtar a alma transportaaa graus caa vez mas arrebataos e um gozo nzível

o coo caa como e adomecdo, em e mexe o olho

echado e o odo como e ão oem a otade comoe embeecda e a alma cecaa de DeDe eete m defalecmeto ozoo como e a ama eeecee e tha coo, em e, em o, em etada ota eze, o coo também e a aatado a eeozo de ão e ea como e o eto lhe oe ataeado oma laa e, aeca, lhe aebataa a etaha em baa tato o ozo e, o eze aece ão fata ada aa ea alma aa do coo E e etoa mote ea!

É portanto como lmte e resstênca à morte que o copo se nsurge

A ão há e et m o em etede o e e ozaEtedee e e oza m bem ode to e eceam todoo , ão e comeede ete bem Ocame todo oetdo ee ozo de maea e ão ca ehm deledeocado a e oca de ota coa, exteo o teo

' "

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A PRÁICA DA LERA

não fica nnhum por no corpo nm na ama para comuncar goo.•

A ama n com um norm c uav qu facr

oa com uma forma mao on fala o flgo o aforça corpora moo qu no é com mua pna nopo nm mmo mr a mo o oho fcham m qu qura fchlo, ou o m abro, não vê qu naanm ê nm acra a r a ra, nm qur ana mconhcê-a bm vê qu h lra ma como o nnmnono aua, não ab r mmo qu o qura ouv ma nãonn o qu ouv Am qu o no não rvm paranaa a não r para a ama ao u par. aar maaopo não ana a formar paavra ana no porapronunca porqu oa a força ror pr aumnam

a a alma para mhor goar ua gra

Há aqui ua lara eonoia de gozo riando desloaenos que dearaas froneras da pele separando ala e orpo no fio da navala E o que vêeaqueles que eseuna esse rasbordaeno de delias? U orpo assaradopenalizado levado aos lies que supora a exsênia da vida oo u suspirodesuidado da ore É oo se aravelas sngrasse ares ouros e abrisse naarne da ove onja roas e ruos esrevendo a arografia de u orpo quesusena oo ressêna as própras froneiras rasgadas e oizone A alaavança no sendo da experênia sia enquano o orpo padee de enardeer.Depois dos ranses ua espéie de rseza una pena uy grande a oava.

parca mpoív ofrr ano mal com ano connamnoquano quria rr bao o pé m vanavam forçao gran qu no com o qu a comparar qu ra commuo ma mpo o qu oura coa o prio am ufcava fa m paço.

A própria le da gravdade alvez por não Ter sido anda foruada e esaru pouo fraa era subverida pelos anseios dos aores ipossveis e o "saborosoarro oninuava O orpo enquano resisêniae liie é ido no Livro da Vidaoo lugar do infeo Infeo que se apresena oo dvsão absal que a ruifaenre o Céu e a Terra Teresa esreve enre u suplo e ouro e por vezs o aoeso de esrever é suiene para que o êxase a arrebae e o papel obe e seuolo disane A esra no aso é u peraivo esruural que supora os

ranspores orporas A esria de algua fora arula essa dvsão A esra ou a leura que não dexa de ser u efeio de esria pere que u sendo seproduza e be ou al as dores do opo se dexa e pare ou por paresapazguar.

Aquele orpo era u arsenal de enferidades eseuna o leniadoAnôno Aguar de Burgos depos de exainar Teresa o sessena e see anos

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A ESCRIA DO CORPO NO LIVRO DA VIDA

que paava a amno da dade onde nalene e reunra para epre aoeu Senor.

À pae a delía ndzíve a era o que e dava a ver era uorpo ranoado anepando e éulo o vero de Maaov nua anaoa

enlouqueda de aoreava deaderada e deenaxado odo o oo dz o douor deBurgo aponando oo orge de ano ale ua aua oral.

na conta do co e açõe de anta tde comonea epandecam não e pode a ão fancamen e nãoee anta feda como e e apaecam no coação e nacabeça e em odo o membo do e copo, e naconlõe demao deaçõe noadamente na gagana ena nga ômo e oa mendade de mae

A orge oral daquele arenal de enferdade por e põe oodeno e lena o gedo da ala e o eeore da arne Ao eena e eeano e Alba de Tore Terea oba e e eo a febre e reore u uxo deangue que preona profundaene o eeuno preene à ora de uaore le aravea a enrana e ranborda à pele ao ábo ao lençó. Doroo deaparee a ruga e no olo de ua da rã a abeça deana.nalene para epre Terea dore.

O orpo agora puro reo egue anda araado ao deaoegodo vvo Nove ee depo de epulado é deenerado ereaene e eeo a vela e ao lêno da noe é denudado dane de Graán o padre Graánua derradera paxão na Terra Ao ove padre preona a vldade do eo ea ranparêna da pele Graán oa u punal e le ora a ão e da ão udedo que levará para epre ongo A ele Terea aparee depo de ora e lerevela a própra caua moi

e não pnae nngém e ea oee modo po otomoo e não po ímpeo de amo a De e e eo ão fotee não o pode ofe ao naa.

A enrana e le ropera nu luxo de angue oral. . . o édooe e da fala de u poível âner uerno razoável depo de ana erepolaTerea no enano onnua para alé da ore a falar de aor. . de aor e deenrega enrega poível a u Senor ua poe o orpo não pôde a uporar ao naural.

O opo feo reo onnua a er levado e eo à eudão e ao lênopelo ano de Epana. De Ávla reoa a Alba e aí é ulado e eu pedaçodrbuído por oda a Crandade A ada poro ane da úla ulaçõe eupra o rual de denudálo dane de auordade laa ou eleáa. Seprea noe à luz de oa repeae a ena de ereeeno proração daqueleque o oneplava Reopoo na ore egua a provoar lágra upro e

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A PRÁICA DA LERA

geos para aé o epo para iempre iempre coo ea quera e pea aoão ana enna quano e pergunava nas ongas ares e Casea se o Céuera para iempre ao que ee respona S Teresa é para iempre•

NOTAS E EFEÊNAS fOGFAS:

. Pscanasa Lera Freuana2. Sana Teresa e Jesus Obra Completa e. BAC Mars 9863. ve a respeo Ges Cara e Teresa ' Áva a escra o esejo ese e

ouorao efena na Facuae e Leas a Unversae Feera oRo e Janero e juho e 999.

4. RGAARD Le coceptde lagoie e. Gaar Pars 9905 GUARÃES ROSA Grade ertão vereda ova Fronera 986 pág

6. OSUNA Francsco. Le Receillemet mytie Les éons u CERF Pars

27. RESA DE JESUS op. c pág. 4 [4. ]8 . e pág 96 [ 7 . ] .9 be pág 99 [ 8 ]

0 Op c pág. 0 [ 8 0] . e pág 09.2. EFRÉ e a M. e Dos y OTGER Segggnk. y da de ata Terea e.

BAC Mar 977 pág. 253e4. be5 Ie-be.6 RESA DE JESUS op c [42]

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Carta ao pai

Fançose Samson  Tradução Anauca Teea Rbeo

O que o desejo de sabe ema esolhdo po ese Colegado pode e a veom a pulsã de moe? Esa ea a quesão que me nsgava quando po aaso medepae om uma fase no adeo de lvos do joal e Mode "Aquele que morenão pode e pa Esa ase fo eada de um eo de fção de unho foemene

auobogáfo da o ago seu auo Cao Besen eseve a aa que um pamobndo eseve à lha de dos anos. Se é vedade que esse lvo oném elemenosauobogáfos podese de que o eo não é a aa de um pa mas uma aa aopa. Seu ulo é "A pae seea. Uma oua ação: "Moe é um segedo sujoque nnguém que onhee. Não quee nada sabe é o onáo do desejo desabe o desejo de sabe abalhando paa fae eua aé seu eemo lme essenada quee sabe. Oa de eos passes ouvdos me volava omo eo que da falhaabea pelo enono om a neluável moe do opo poda sol-se mas de peoesse desejo de sabe esse desejo de análse Mas de peo poque al ea mpossvelfng ou assum esses aes . No nsane desse enfenameno que se ae doorpo pópo ou do opo de um ouo po eemplo de um pa a mpoêna e ompossvel esão na mesma magem Nesse momeno de abeua que é aeleadodo lado do empo e no omo uma folha de papel do lado do espaço pode poduse uma enurada de sgnanes essenas aqueles que jusamene papam doonapono mudo feo pela pulsão de moe e que edudos meamooseadosem leas podem v a nsevese na paua do sujeo eas que na bea dobuao são esponjas paa o goo enendase goo do Ouo aços fáges e

paéos lançados às pessas sobe o papel. meo asuas sando o eoonde o sujeo pemanea anda olado ou sobempessão em nego deposespée de olofão embao de um pegamnho. O geso é seguo mas que mão osaça? Ceos pases dão esemunho da ompulsão a eseve que domna algunsnesse momeno po eemplo eseve aas ao pa Sea uma manea de faefene ao eal da ompulsva epeção?

Há uma Caa ao Pai, que em seu luga na leaua: é a que Fan Kaaeseveu mas nuna envou a seu pa Sobe Joye aan da que ele não pesavade psanálse endo hegado om sua esua ao que se pode espea de melhono fnal de uma análse. Kaa que dado o meo neleual que feqüenava nãognoava a esêna da psanálse emboa aamene esse alusão a ela nãopaee e do a déa de busa esse euso. Nas noas que deou apaeemalgumas l nhas onde epme sua eusa em ve doenças nas manfesaçes doenasque a psanálse julga e ado à lu e onde d que a pe eapêua da psanálse

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A PRÁCA DA LERA

é u erro desesperado (hio) odas essas preensas doenças por ais risesque possa parecer são aos de crença ancorados e não sei ue solo aerno dooe que se aca desaparado Ele evoca a ala de counão religiosa e ogrande núero de seias. ais ancoragens di ele não são propriedade individual

do oe as são preparadas e seu ser e poseriorene ainda ransora seuser e seu corpo Hie will ma heile? É isso que se quer curar?) No dia seguineà noie e que escreveu O Veedico ele anoou e seu Diário: Pensar e Freud Dio de oura ora, aquilo que se pode abordar pela psicanálise ele o aborda pelaescriura; as a vida, e Kaka pagou caro para sabêlo, não á reédio que cure

Kaa escreveu essa Caa e novebro de 1919, ou seja cinco anosanes de sua ore E agoso de 1917, a uberculose pulonar se declara por uaBlhe, ua osse de sangue; sua doença ele a considera coo o sboloibild) da erida que se abriu naquela noie e que escreveu O Veedico No

inal de deebro de 1917 ele rope deniivaene seu segundo noivado coFelice Bauer oicialene por causa da doença as na verdade pela suaipossibidade de enrar na vida conjugal. Enre 19 17 e 199 as relações co seupai se degrada, endo coo causas o ropieno do noivado e o apoio que Kaadava aos projeos de Ola sua irã querida. E novebro de 1918, Kafka se insalapor algu epo e Scelesen, ua pequena localidade ao nore de Praga, ondeconece Julie Woryek, la de u sapaeiro que abalava na Sinagoga de PragWeinberger, e ca noivo dela. O pai de Kaa se insurge conra seus projeos decasaeno co ua oça de baixa condição casaeno que seria ua desonrapara seu noe as acaba cedendo. Fran rope enão seu noivado co Julie oerceiro porano (averá ao odo quaro) É nesse conexo que se siua a Caa aopai Ela nunca será enviada, ne enregue. Qual é enão o esauo desse escrio?Que é seu verdadeiro desinaário?

A Caa se apresena coo resposa a ua quesão recene do pai por queFran ara senir edo diane dele? Coo não pôde responder de viva vo ele oa por escrio O ace a ace direo o corpo a corpo co o pai le é ipossvel. Aliás,as palavras pronunciadas não basaria A vo uias passagens do exo o

coprova esá do lado do pai: Doeimme, vo de rovão ge Rede, boorador be ache, riso aldoso e ggelde ache, riso gargarejane Dolado do ilo ene ao pai, a vo ala oe gagueja; die pache vele,desaprende a linguage ich ei Rede, não u orador; da Wo veboe, apalavra le é proibida. Wo e aleão, e dois plurais Woe e We a pavraalada e a palavra escria. O uso dessa vo de Zeus ina segundo Kaka uainalidade: abaar no ouro oda e qualquer réplica. A isso vê junarse as injúriase aeaças. As injúrias do pai covia na casa na loja, e eso que o ilo nãoosse visado ele cava esupeaco (beb quer dier abé anesesiado sob oeeio de u enorpecene). As ue Kafka cia nessa cara são be escolidas arespeio de u vendedor doene dos pulões Que ele orra, esse cão doene;de u aigo de Kafka o aor Lwy: nseo (Ugeziefe) Kaka esava doene dospulões á dois anos, Lwy é o sobrenoe de soleira de sua ãe e u inseo é oeró de A meamooe Das aeaças proeridas, eos abé o exeplo do:

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CARA AO AI

"Vou raar você coo s foss u px alé d prsuõs aos brros vola da sa s squcr a cna dos suspnsóros

É possívl rconcr a s dculdad, a voz do supru O próproKaa foc su anídoo ua palavra aávl u olar carnoso Escrvr ssa

cara sra rcobrar a voz, scrvr splsn ua oada d fôlo ua navad sobrvvênca? Me i ceibe hadelte vo Di /ch klagte dotja wa icha Deie Bt icht klage kote Mus scros raava d você. Eu quxava al uncan daqulo d qu no poda quxar dado su po.Kaa fala aqu d sus scros lráros. Pod-s no pnsar qu ssa Cata ans o sauo d crao lrára E sua por o dssa as, Kaa s aproxado qu dz rud a fon da crao arísca sá na nfânca do arsa. Da safora qu as brncadras d crana so ua nava d donar os aconcnosarcans d sua vda so, d cro odo, ua nvno d sabr a crao

arísca é ua nava d crcunscrvr o ral. Quano as ua obra s aproxado ral, as la nos oca nos nsna

Nss xo Kaa voca ua cna d sua prra nfânca qu provocaraeie iee chade u srao ua dvasao nror Ua no o nnopdu áua coo sus dos no cssava, apsar d aluas vorosasaaas, o pa puxou-o da caa lvouo para fora, na alra na o dxou alsó d casa dan da pora fcada Rpldo plo pa s dlcadza é vrdad su dso d vr alnados pla sus dsjos ncsuosos, o nno s

sn abé abandonado por aqul pa an, "a úla nsânca, ca asssuspnso na fala abra pla possbldad d corrlaconar os dos faos pdráua sr lvado para fora Nssa ânca qu podríaos caar d Che voi?, acrana nvna ua rsposa u sou u nada, ei olche Nicht u al nadasso o ornará dócl, scrv Kaa, as pods anar qu l dv r do ódodss pa u ódo à alura do do sndo. O ódo sur quando ua rlao daor é ropda, dz rud O ch oda, xcra, prsu co sua nno ddsruo aqulo qu é para l fon d dsprazr, sa ua rcusa da sasfaosxual ou d sasfao das ncssdads d consrvao O prcursor do ódo é a

lua do /ch por sua consrvao sua arao. O po do narcsso práro ésucddo plo po obja, qu prazr dsprazr so odos d rlao do chco o obo. o prazr corrspond os suns ros arao, aproxao,aor, ncorporao ao dsprazr os ros dsânca, ro, ódo dsruo.

Os ros ulzados por Kaa para caracrzar suas rlas co o paso Eemdg, alnao so é, ornar srano Femdheit, sranzaDitaz, dsânca O rsulado dsso fo qu o undo cou dvddo ês parsua, ond u vva coo scravo, subdo a ls qu só na sdo nvnadas

para à

quas anda por ca u no poda nunca sasfazr nran ssabr por quê ua oura, nnan lonínqua para na qual você vvaocupado ovar, dar ordns rrars porqu no ra cuprdas;ua rcra, n ond as ouas pssoas vva flzs snas d ordns dobdênca • Parcra no qu a oo osl, o ódo sofru prcocn odsno do roo dro à própra pssoa qu, por causa da abvalênca

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A RÁICA DA LERA

oródo coo contc n nuros obsssi hou n priir fs dorclcnto u odicção do/h (docilidd . Ess s bilênci ipdqu o rclcnto s ntnh ngústi orl s utorcrinçõs rgos cnisos d fug por itção proibiçs coç gir dúid intrrupção

d ção bloquio otor do ipulso coplt o qudro.Assi nss trrl Caa nos considrndos do trrl procsso quopõ pi lho ond o pi prtnd sr spr o uiz K prc tor o ppldo prootor l fz u rtrto do p qu não di d ocr o p d hord o pdo gozo iliitdo Fort grnd co u tprnto d str ngolindorpidnt grnds pdços d coid frnt brrndo sgndo os outrosplo sipls fto d su corpulênci incndindo-os co insultos dngrindoosiltndoos ss pi dirgi o undo d su polon n crtz s liits d qusu opinião r crt ipunh os outros prtculr às crnçs lis dsqus l s ii O flho t sr spzinhdo por l o ponto d não sobrrnd. Nqul púndi l to qus todo o spço não dindo o lhois do qu lgus pobrs pquns rgiõs. Pr l sus plrs rndntos do céu su id l di pns à ç do pi crrgndodornt coo u prsnt ircido

Contudo cusção não i té o té condnção à ort qu spodri sprr pr ss pi d hord Ao contrário o flho o dclr inocnt todou qus tod rcriinção é copnhd d u "não foi culp su ou d u

"ntnd b pi são pns coiss insignicnts qu só tir iportâncipr i por cus d inh frquz. Nots d pssg qu s prcb oodo d dslocnto pr s coiss insignificnts próprio do frcsso dorclcmnto n nuros obsss

Ess lho prootor fz d si so u rtrto tbé trrl grosqulético trndo d rgonh o sr d cbin d bnho frco indcisonsioso inconstnt huild rnto go nrgonhdo fchdo dontofruddor ntiroso trpciro udo prguiçoso pático sr tnbrosoichtchee Wee litrlnt sr qu t luz Não s pod dir d pnsr

n brt no insto d A metamooe) á ond u ii scr l u rritdo veoe forcludo condndo nquldo. Sr dss posção dsshulhção r ipossl pois o pi lh brr o cminho d sd. El dizi Vá frnt! s o sgur rnt co u ds ãos o tpo todo r ssipurrdo d noo pr dntro dss crculo do pi totlnt rrdo por sudid co l. D su incpcidd pr gir (É por isso qu u rconhcinto rlção ocê por tudo só podi sr o d u ndigo s não podi priirs to Portnto o flho c prso n rd d u did qu não pgou não

podrá pgr culp c do su ldo Ess pssg d did à culp é fcilitdpl plr ã hld qu tnto qur dizr did qunto flt. E coo iosci dspchndo su pi pr órbit din l o fst d si té os conns doinnio s tálo .lnt lh rr tod culp prdodo purifcdo dqulqur flt O culpdo ou lhor qul qu s tortur culps é l o lho.Ms ssuirá l ss flt Su id srá rcd plo psdo rbuto pgo à

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CARA AO AI

neurose, mas essa fala, ele a escreerá em suas crações leráras. Assm, essa podera bem chamar-se consução de um pa, ou mesmo consruçãoda fala do pa.

Essa rejeção macça do pa, resulado de sua educação, como escreeKaa em como efeo um acasso da ransmssão E esse acasso se manfesa emáros planos:

Em prmero lugar, o do nome: ele não é um Kafa, não em nada dascaracerstcas lgadas a esse nome, ele é um Lwy, com um certo fundo de Kaa •Do de oura forma, ele se sua do lado maeo Alás, seu pa ambé não éneramene um Kafa os ouros homens do lado Kafa são menos seeros do queele Um parênese segue essa palara "seero, no qual Kafa escree: "(nsso,alás, eu me pareço muo com ocê, e admnsre bem essa herança, embora mnhaconsução não possusse os conrapesos necessáros de que ocê dspõe)

Haerá forma mas acerada de dzer que o melhor ransmssor é o supereu, e nãoforçosamene para o melhor, e sm para o por, já que esse é um caldo de culura dapulsão de more?

Em seu , Kaa anoa no da 27 de mao de 94: "Mnha mãe e mnharmã esão em Berlm Esa noe, care soznho com meu pa Creo que ele em medode subr para janar Será que deo jogar cartas com ele? (eu acho os "K ()feos, eles quase me repugnam e no enano os escreo deem ser muocaracerscos para mm A aude de meu pa quando oque Como poracaso, as caras (),jogo preferdo do pa, aparecem na quandoKaa relaa a acolhda pouco amena é erdade que seu pa fez a seus lros queacabaam de ser publcados " . . .] «Coloqueo sobre a mesa de cabecera !» (comefeo, quando um lro chegaa, ocê geralme�e esaa jogando caras) [ . . Oparágrafo onde se enconra essa cação começa assm:

Você certou em cheio enndo verão o mnh tviddeterái [me Shebe o fto de eu eceve] bem como oudo o que e ligv io e que você gnorv comletmenteA eu elmente me ftei de você dunte um edço do

cmnho, embor foe um ouco à mne d mnhoc que,com te treir emgd o um é, u te d entedo coro r live e rr-e r o ldo De certomodo eu ev fo de lcnce Shehe em egnç]eu ecomeçv reir e ab e Afame; lvr olv, hv um reirção de lvo [ ]Y

Sabe-se ambém que essa lera K sere de nome própro a personagens desuas hsóras em partcular no Poceo onde K é condenado à more sem saber

qual era sua fala. Não poderamos enão pensar que a adade lerára de Kafanasce de um desejo de elucdar a perguna que ele se fez ao eocar a lembrançanfanl: em que conssa aquela ausênca de lgação enre pedr água e ser jogadodo lado de fora por seu pa? A palara Kafa, em checo, é um nome de pássaroespéce de gralha pequena Era o emblema, o logopo comercal do pa. No aemão

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A PRÁICA DA LERA

famlar h um verbo vgel que quer dzer transar onde se encontrara a fontedo deseo de saber nas cranças

Nessa lea K não estara então condensado o engma representado pelosexual, pela repulsa que a crança sente em relação às atdades do pa, sto é, ao

comérco em s e ao comérco com a mãe com as mulheres, além do tormento daculpa? Seu traçado longo e magro, seco e anguloso, num equlíbro quase precro,não faz pensar no que Kafka dz de seu corpo, tanto nesse texto quanto em seuDiáio ou em outras obras? Espona embebda de gozo, portanto, mas que uma vezescrta e publcada, vem fazer barrera a esse gozo e permtr que aquele que escrevepossa resprar, retomar fôlego

Fracasso também na transmssão do udaísmo o que lhe fora ansmtdo nãopassava de emblatsocal, para manter as aparêncas, e uma vez mas surge o nada

Ma ade, quando moo, eu não compeenda que você, comaquele nada de udamo de que dpunha pudee me acua denão faze efoo (nem que foe po devoão como você eexpma) paa ealza um nada emelhane.

Abandonar essa brncadera que nem tnha graça pareceulhe um ato dedevoção Ele evoca o horror que senta ante a déa de ser chamado à Torah, ou sea,a ler em voz alta, dante de toda a comundade e depos faz uma observação um tantoestranha, dado o contexto da snagoga. Algumas vezes, quando da celebração emmemóa dos mortos, o pa cava, mas o lho era mandado embora e pensava por tersdo mandado embora que al se tratara de algo nconvenente (etwaUatdige) Era essa déa que surga bem no meo do desconforto que omenno expermentava durante o servço dno. Mandado embora, posto para fora,ele o hava sdo nos prmeros anos pelo pa, essa últma nstânca: era essa alembrança traumtca menconada acma Não poderíamos ver na estranheza dessaobservação a marca de um deslocamento? O pa o mandava embora como o havaposto para fora, no passado, porque al acontecam cosas nconvenentes De certa

forma, por um deslocamento, o leto parenta onde renava seu Deus pa, havaentrado na snagoga. se encontra novamente a lgação entre o sexo e a morte,entre a casação e a morte Mas tarde, em sua da Kafka voltara ao udaísmo mas só conseguu dz ele, fazer seu pa perder o gosto por ele

Po meu nemédo o udamo oou-e odoo paa vocêvocê achou o eco udaco egve, ele lhe povocavamepula.[ . Ea epula (abaão fea do que não eaane dgdo cona o udamo m cona a mnha peoa,

ea epula poano poda gnfc o você econhecanconcenemene a faqueza de eu udamo e de mnhaeducaão udaca você não quea po dnheo nenhum queela lhe foe lembada, e a od a embana dee gêneovocê eponda com um do manfeo Você al exageavamuo fazendo negavamene ano cao de meu ão eceneudamo em pmeo luga, ele ea almenado pela uamaldão e depo, a elaõe com o ouo (Mmeshe)

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8/16/2019 Revista Letra Freudiana - Prática Da Letra Nº 26

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CARA AO PA

eempenvm um ppel ecvo em u evoluço, em meuco, po um ppel mo

ás vezes lás K evoc esse nd quee sbe do p su

noânc "como se você no vesse meno dé de seu pode nconscêncà qul se opõe o sbe do lho su lucdez "ms eu sb Deus dz Feud em seu exo sobe eondo d nc é um ndos

sublmço do p e bo nuez d me."Esceve como fom de pece. Dfeenç ene Züu e P eá que

eno eu no lue o bsne? esceve K em 920. Züu e o lu onde sum Ol uxld po Fnz hv endo lev um exsênc col endependene. Tenv que fo um fcsso e sobeudo hv sdo feozmenedespovd po seu p. Fnz mbém espev encon n nuez um pouco

de felcdd De vol P em ns de junho de 9 8, ele dsse M Bod quee pecso lmse àqulo que se domn bsolumene. Esceve ponobsolumene

Fcsso mbém d nsmsso do sbe K decl que no pendeund n escol no coléo e que no pendeu ofco lum • eu neesse pelsuls e de ceo modo devodo "pel ms pond peocupço com mçode [su exsênc no que odo o eso lhe e ndfeene po do que sso elenh mpesso de se um mposo um fuddo qundo conseu lumcos; po nd o sucesso exeo vnh efoç su culp e su ns

Eu v empe em penmeno eível emblé opoeoe o colégo qu no é eno o exemplo mconome o conjuno, m uo conec e moo nálogoem vol e mm) que e e euno, quno u mo npme ée, pono n egun, quno u mo negun, potno n ece e m po ne p exmnee co únco e vone hiehreie hie o céuheie go e pocu be �oo eu v coneguo,eu, o m ncp, e em oo co o m gnone, me

egue é l cle que go que ençõe etvmvol p mm cemene logo me vom, p leg e oo o juo vo quee peelo

êse po aque K é nemene eudno no fnsm os pofessoesvêm om o lu do p com um leo deslocmeno ele é vomdo cuspdo eno jodo p fo como um cchoo ou espeznhdo como um nseo.

De odos esse cssos n nsmsso que se pode chm de smbólcK concluso de que ele e n vedde um lho deseddo e i etebe

oh M como eu no ev eguo e n, como epev e cne um nov conmço e mn exênc Dei]como no v n e que eu vee poe e om el,nconeável, excluv e eemn ó po mm emequívoco, como eu e, em um, um lo eeo, pu-me uv mbém qulo que me e m póxmo, e meupópo copo . . . •

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A PRÁTCA DA TRA

Esse mossível enconro com o a em conseqüêncas no real o coro:" . . ] e fo assm que o camnho a hoconra fcou lvre aé o momeno em queesgoao elo esforço sobrehumano que me munha mnha vonae e me casar(volare a raar esse assuno) o sangue sau o ulmão[ . . .] . Para esgnar seu

coro Kaa emrega o ermo Nche, a cosa mas róma com um argo eferença é a mesma alavra quede Nchse, o rómo Sem a meação smbólcaa Cosa se aroma ergosamene e o gozo o Ouro vem evasar o coro ecero moo ela ulraassagem a lnha e nerção o gozo raçaa elosgnfcane ou ana ela barrera o razer. Enconramse a os malefícos osuereu que comele ao gozo é mossível não ensar nas njúras o a: "Queele morra esse cão oene rgas ao veneor uberculoso

Resam as mulheres e o casameno. Também a ele não enconrará muorecurso conra o omíno o a. Não é elas que oe vr a lberação.

Sua mãe era ceramene ea e crnhosa mas em úlma análse como boaesosa que era na melhor as hóeses esemenhava o ael e nemeára e sobreuo o ael o baeor ocano a caça em reção ao a Teibe ermo ecaça).

Com eceção e Ola com a qual ele se conjurara no amor e no óo conra o a e que alás embora seno uma moça areca conuzr a lua melhor oque ele suas rmãs suoravam ou se submeam à le o a sem reclamar e não lheeram e mua vala •

As ouras mulheres s que ele enconrava ou as novas não conseguramajuá-lo a sar o círculo nfeal em que se lacerava. No a 6 e julho e 1915, eleescreve em seu áro: "Eu nunca ve ana nmae com uma mulher eceo emZuckmanel. eos uma oura vez com uma suíça em Rva. A rmera era umamulher e eu era gnorane a seguna era uma crança e eu fque comleameneerurbao. Aí ambém seguno a Caa é o a que lhe barra o acesso ao Ouroseo e ao casameno que fo no enano a maor enava e salvameno emreenaor Franz Nessas enavas z ele reunramse e um lao oas as forças osvase que sunha o ouro oas as forças negavas que se esencaearam eforam esas resulao a eucação o a que leralmene neruseram um corãoenre ele e o casameno

Fcamos sabeno que eno so uma crança e esenvolvmeno lenoele era bem afasao as cosas seuas Essas cosas seuas ele as chamou naúnca conversa que eve com seu a a esse reseo na aolescênca e "cosasneressanes e "granes ergos. Ane as recrmnações feas enão aos asor não lhe erem ao nenhuma nformação seual seu a resoneu que eleoera ar-lhe conselhos ara racar essas cosas sem ergo so é ara rocurar

rosuas sem rsco O resulao essa resosa ceramene sem muo ao focaasrófco: esse flho que já achava o casameno muco elo que nha ouvozer a reseo cf. o nojo seno ao ver a cama os as e que ele fala em seuDiáio) não oa magnar seus as ransano e menos ana o a com asrosuas. Com sso z ele seu a ornouse ana mas uro: cou com ele aureza e com o lho a sujea • Reconhece orém que anal e conas esse conseho

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CARA AO PAI

não e ão escndoso ssm; ms conece que Fnz e Fnz e seu p e seup peso num eção de exceção sem peo com os ouos humnos E essexceção que os onv mos chldlo, sem cup de esem cd qu doouo do de um nh que os sepv eduvemene gcmene um do

ouo O mesmo choque se epoduzu 20 nos depos esceve K po ocsãode seu eceo novdo. Fo ssm que o p se expmu

Eu uponho que ea enha poo algu corpee ecohido coeero, coo a uda de aga abe fazê-lo e a,naualene ocê decdu depoála. E o o ai depreapoíel, denro de ua eana aanhã, hoe. Eu não oenendo, ocê é u hoe adulo e nua cidade e nãoenconra oura olução que não ea caare ponaene coa priera ulhe que apce Seá que ealene não há our

poibl dade? Se ocê e edo, eu eo ire co ocê

sso sgnfcv p Fnz vo à sue às fes coss do sexo. Msdne no exo ee econhece se menmene ncpz de se cs A cdenv os mesmos efeos no corpo nsôns e does de ceç ee c com ceç quemndo noe e d e vc de desespeo É um cdáve devodo peosvemes po cus d ngs d fquez e do despezo de s .

Encosdo n pede quno se po su vez mdo e p pessondo fze um nço ness ho d vedde ee c pegdo no chão pe dvd epe nção Se um cono de fds se ee consegusse vés do csmeno segu o p ms conece que o csmeno fze do eóo do p e Fnz nãoem n mão nem mesmo um pd ee não pode fze our coss senãoescohe o nd. Dess escoh foçd peo nd decoe ou escoh foçdo csmeno ou escu. Onde se encon de novo o oeo que ee eá sdop o Ouo e em oo do qu gm seus escros com que pe puson quesumd escpou o eccmeno Peo do m d Cata, K uz umpocedmeno de escu exemmene neessne nven um espos de seu

p ess mesm c que não nos esqueçmos nunc fo envd nem enegueo p o desnáo pene Pece enão que o veddeo desináo e opópo K podese dze que ess espos do p so fom de oçãoncdene se póp mensgem de K de form nved

Em Plõe e detio plão Feud defnu ês empos d pusão.P o sdsmo po exempo I ) omen um ou pesso omd como oeo2 o oeo é ndondo e susudo pe pesso póp com mudnç dendde iv p ndde pssv omen-se s mesmo. Pono o sueoonse oeo ms onde fo p o sueo? 3) um pesso esnh como oeoé de novo uscd p ssum o ppe do sueo fze-se ormen O nneuose osessv o eo d pusão c no empo 2 ormense s mesmoque não é um veddeo pssvo como no msoqusmo (se omendo) ms ummeo eflexvo. Aqu nseção de um novo sueo (empo 3) não conece Anseção d pv do p cermene cc no exo d Caa e usmene peode seu n não deve se d como nseção de um novo sueo? Fzendo com

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A PRÁICA DA ERA

que seu pa lhe ssesse, enre ouras cosas, que ele vva como parasa, suganoo sangue o aversáro, so é, o pa, não realza ele, na escrura e pela escrura, oercero empo a pulsão

Sua escrura, ele eve velar por ela como um pa, porque é o únco acnho

e nepenênca que pôe alcançar, a únca possblae e fuga que lhe resavaEra seu exlo, por mas agmenáro que fosse, a oua margem, one ele poa vverem berae, com o saber que, para sso, precsara separar o muno as pessoasnormas Ele velará por ela aé os úlmos lmes e sua va quano, com a vozenrecoraa pela uberculose, connuará a escrever, revelan algo e suasavenuras subjevas e corrgno, e cera forma, na passagem ao públco, essarejeção e um pa , com uma exgênca, uma lucez e um rgor fora o comum. Aperguna que ele faz é a que fazemos o empo oo o que é um pa Quem erajamas ouvo falar e seu pa, não fossem as leras com que soube borar a rasgaurae seu ser evasao pelas forças negavas a pulsão e more Quem conhecerao nome Kaka, sem sua escrura Essa Cata e uma grane volênca mas não semo seno aguo o cômco que caracerza os escros e Kaa, sera uma enavae reconclação com o pa "Seguno a comparação amrável e Merezhkovsk,era como um homem que esperara ceo emas, na escurão, enquano oos osouros ana ormam, escreve Freu a respeo e Leonaro a Vnc Esa asese aplca gualmene a Kaka, ele que pressena ão bem a subjevae e nossoséculo. "Nossa are é um ser cego e verae a luz sobre a carea e um roso que

recua é a únca veraera, senão naa A verae, nem oos poem vê-la, mas oser, sm, escreve ele em ezembro e 91 no Teeio Cadeo Esa ase nãoesara eslocaa na Cata aos Italiaos e Lacan. Nem oos se ornam escroresou arsas. Nem oos poem oar-se analsas. Que mau enconro precoce veramaqueles que se oam escrores e analsas Qual é a pare que cabe ao acaso, àsvcssues a va, perguna-se Freu, no fnal e seu exo sobre Leonaro aVnc Ceramene, a saa não é a mesma para uns e ouros, sobreuo no que zespeo ao objeo Mas eles não veram, uns e ouros, caa qual à sua manera esubjevar essa "pare secrea e more e assumr ou mesmo se reconclar com ossgnfcanes que rolaram como aos, lançaos em sua mesa e jogo

Aborar um exo assm s é pergoso para aquele acea esse rsco. O exo,nferene a ana nablae, prossegurá seu camnho em reção a ouos leores,presano-se a ouas leuras, sem no enano revelar sua úlma palavra.

NOTAS E REFERÊNAS OGRFAS

Pscanalsa, Ecole Sgmun Freu, Pars. Exposção fea no âmbo o ensno o Colegao o Passe, na Ecole Sgmun

Freu, em Pars, no a F Kaka, "Fragmene aus Hefen un losen Ble, Hochzeitsvobeeitged adee Posa as dem Nachla Fscher Verlag, p. 43. Alás, Kakaesaprovava vvamene o ermo oene menal.

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ARA AO PAI

Kafka tradção rancesa de Marthe ober olio bilingeGallimard p 6 1 [Esta obra será indicada doravante, no teto, como (N. T).

Não se pode deiar de pensar aqi no Processo mais adiante no teto Kafkaescreve: [ ] e escrevi mito acertadamente em relação a algém: ele teme

qe a vergonha sobreviva a ele" p. 93 Ver noa Kafka, ops cit , p 39 O pai de Kafka se chamava literalmente o homem do eército, onde se

ove o senhor o mese o senhor Des e o homem, em relação

àmlher. respeito de ato, Kaa az ma observação interessante nm parágrao qe trata

do casamento da aia dos lhos Em geral diz ele as pessoas nãoazem" () nada para isso isso acontece" (). Sege-se m

parêntese, onde Kafka escreve: (sobretdo porqe azer" e acontecer"não deiam distingir m do otro nitidamente)" Vê-se qe Kafka não estálonge da denição lacaniana do ao: não se trata de m ato volntário deconotação egóica mas do ato traeto plsional isso acontece" isso seprodz"

Kafka, parágrao qe começa por ais ne comparaison entrenos [ . .]", ops cit. p 19

p. 1 Kaka , tradção de Marthe obert e ivre de Poche Paris

Grasset 954, p 345 Esta obra será doravante designada, no eto como (NT)]

Kaa , ops cit., p. E retradzi esta ase, qe se encona na p 9 da tradção rancesa de Marthe

obert, pois nessa adção a palavra nada é adzida porantasma Essa trdção ecli a palavra nada" tão importante em todo oteto desta

1 bordar a qestão das relações de Kaa com o daísmo necessitaria de m

otro trabalho qe podese compreender pela leitra da aavessariaa qestão do pai da escrita e da lea F Kaka ops cit p 1

, p 35 Não evoqei aqi o qe Kafka escreve qanto a sas escolhas prossionais sa

atividade de ncionário nem sas diversas tentativas interrompidas depraticar o violino a marcenaria a ardinagem etc.

p. 1 1 3

C. Patrick Valas capítlo sobre o gozo do

Otro Collection Scripta, Érs Tolose 1998 F Kafka, , ops cit. p 5 1 [ ] (a contrapartida disso, oi qe

chegei a não mais osar interrogálo diretamente qando mamãe estavapresente mais tarde, o hábito me impedi de pensar em azêlo. Era mitomenos perigoso para a criança qestionar a mãe, sentada ao se lado,

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A PRÁICA DA LERA

pergunandle «cm vai meu pai?» e aim ficavae pregid daurpea. Que exrardinária cena ragicômica, nã? É quae cmaiir a uma cena d ear de Samuel Becke

bidem, p 55, 57 e 59

bidem, p 79 e 81 .3 F Kaa, Joual, pu ci : "Ma enm, eu ven de meu pai, u ligad a elee a mina irmã pel angue, ea ã cia que eu nã in na vidacidiana prque me deviei neceariamene, para meu fin paricularema eu repei, n nd, mai d que pen. Acnece-me ambém deaacá-l cm meu ódi a via da cama cnugal de meu pai, d lençóiuad, da camila de drmir cuidadamene eendida, ud ipde me exaperar aé à náuea, pde revirarme a enana [ .. p 479 a cninuaçã dee racun de cara para Felice Bauer é ambém mui

inereane24 F Kafa, ee au pe pu ci, p. 1 3 bidem, p 1 33- 1 35 Mdiquei a aduçã da úlima frae, pi pareceme que

pai diz a nã que ele irá ver a mça cm Franz, ma que eá prn para ircm ele ará da priua

6 bidem, p. 147.7 Em pruguê: O inin e ua viciiude, in Edição adad Bailei

Oba Complea de Feud 19 15 1974, Ri, mag, vl X p. 148

)28 F Kaa, Joual, pu ci. , 21 de aneir de 1 922 [ . . .] Sem ancerai, emcaamen, em decendene, cm um vilen dee de anceai, decaamen, de decendene d ancerai caamen e decendeneme eendem a mã, ma lnge demai para mim[ . . . ] p 535

29 F Kafka, ee au pe, pu ci , p . 67 .. ] pu-me a fugir de ud aquil que,mem de lnge, pdia me fazer penar em vcê

30 S. Freud, U ouvei d eface de éoad de ci, Fli bilingue, Gallimard, p.231 Lenard da Vinci e uma lembrança de ua infância, in a . .

pu ci, [ 1910] 1 970, vl. X p 1 12

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A Letra no Cinema

Feud considea um momento decisivo da umanidade o ato de Moisés desubstitui ante o povo ebeu, a polieação das imagens pela escitua da lei. Aliestá o geme da sublimação e do pogesso da cultua.

Em too da elação da escitua com o aço undante do sueito popusemosem 999 um semináio cuo nome é Da magem à Consistência. Convidamos têscineastas que tiveam como onte de seu abalo a escitua Hecto Babenco em"Coação Iluminado tem como ponto de patida um sono ecoente na sua vida,que ele coloca à disposição do escito Ricado Piglia Dessa paceia esulta o

oteio do lme e um livo, onde as imagens são pontuadas po textos singuaesque macam uma expeiência de vida no cinema

No ime "Ouas Estóias, Pedo Bial z a opção de tanspo paa o campodas imagens o texto de Guimaães Rosa Que povocou essa escola? Como eaizaa ansposição da litealdade de Rosa a uma sintaxe de imagem? De que oma a leaescita esiste à apopiação pela imagem São essas algumas peguntas queomulamos ao cinesta

"Um Copo de Cólea a novela de Raduan Nassa oi o ponto de patda

paa o ingesso de Aluizio Abances no cinema A taea de tansposição como elepópo conma não oi ácil, mas Aluizio testemuna o entusiasmo que um textopoduz sem que se o possa deixa até que uma nva podução aconteça a pati dele.As diculdades de tansoma as obsessões inteas do omem de cção em umdiáogo, quase impossvel ente u omem e uma mule a limitação desse alatóioa uma única localização espaçotempoal não oam empecilos nem impedimentospaa a ealização de um tão aiscado poeto

Os tês cineastas na paticulaidade do estilo que cada um constitui,ativeamse à exgência que a leta impõe ao leito, e temos a impessão de que, se

deseaam tansita pelas imagens, o zeam paa etoa à leta em questãoAgadecemos teem aceito nosso convite e colocamos à disposição do leitoo que se decantou, como texto, desses apaixonantes encontos.

E V

 Tasção e estabeemento dos textos Paoma Vida/

Hector Bbenco:

Paticipei de um evento paecido em São Paulo, mas estava elativamenteimbuído de um ogo ápido, pois ea mais uma oma de auda o lme a existipeante a mdia. Em nenum momento senti que aquilo ea pate de um pocesso de

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A PRÁTICA DA LERA

descber u de rendzd ur que s esss nh dzer F usurres a poeioi Enã ób c eu á nh ssd r u en qul de uc rânc e que des e surreendeu que eu á rerdr ur elhr rque esu u dsne d le ele á cneceu há

quse u n. Enf gsr que cês enssse fle e z l. Esucurs de sber c ele beu e cês Se cês quere que eu exlque fled n de s scnlc su cene su que g r ser ud.

O le re de u snh que f recrrene durne us ns e que eerseguu dlescênc. De ê-l d de uns cnc u ses ns unsreze u crze u snh que eu esquec r lgu e e des l uuc s clex d que rece n fle er u cranç equen u bebês de e n en e que eu es enrnd n snh dus ãs nônsnh r rás e bx únc reçã exsene A ser s nu nu frnl

u ensdã nquel escurdã d rsd Acrd c u sus ugrnde des e cl e l drr. C e c s fu lerde scnálse u de nd recd che que quele er u snh recrrene decrcuncsã. Lebre-e d eu a flnd d crcuncsã e de ds que eres e reunes flres. En f de u en de uçã er sdled dn úblc flr sere f de u cer ergnh ucer nbçã e relçã ss O curs d n de s nedótc queqund esás fzend ess cen u rz que er erdr d nr e

dsse "Gzd eu e u snh recd Eu snh b que eu c nu es esss d rsds Pergunelhe se er udeu crcuncdd e ele eresndeu que s. Ache u engrçd que u gr u as e d queeu de uns dezene u ne ns esse u snh ã recd c eu. Aquesã d snh e d reldde lg que esá u resene n le n ndede ser bgu e de nã ser ax Arendes u uc c esse le que cne u re nurls r excelênc e que nã ce u dubedde que de ser u nã.

Esse le u reencnr c nh dendde rgenn à qul renunce

s rz n seu b ns seus lres esres cers cnces que and encda u que zera are d nh educçã senenl d nheducçã culurl. Enf ud qul que esruuru ese he que lng dsns cresceu ru u ess dul c ds nós f frd nquel êernquel lqu que durne us ns recuse reencntrnd- n fgur dRcrd Pgl u rlense n su essênc. Bs ler su lerur r erceberss É u he scnlsd desde que e nze ns. He e cnqen ecnnu fzend nálse recsnd d nálse e es e dend lberr seu rblh n de ser cr se bsluene nenhu nerferêncenre u áre e ur. Ele e fez reencnrr dgs ss eeen sdeurd dquel fr de ensar que recuse rcr cuur d lee elculur d cf r r Brsl e rcr ess ed que se dz nbre que rsez n Argentn r ur que legr n Brsl que n fund sã esed nd que eu sere enh cnsderd que u nh s lr d que

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A LERA NO CINEMA

oua O e fo u eguho ua evsaço de u unveso ue eu dexaa paaás e do ua só consegua e apoxa na edda e ue no usesse seexpíco, ne faze u execíco de eóa ou ena econsu os faos coo eesocoea, as enasse odena o remaining o esane o ue esou das

nfoações ue eu aza de aguas suações cucas do eu cesceno É posso ue eu e o u pouco uando dze Ah, o e é soe sua vda é ue ogáfco Essa endênca ecadoógca ue eos hoe de edaaenecoa u óuo e paece exeaene páa, pouco poane

Passe po u oeno uo cíco da nha vda ande po ua codau aae penduado de cco se vaa paa e segua duane u epo e houveu oeno e ue sen ua necessdade uo gande de voa uea suaçoue eu aandonaa uea suaço ue eu acedava esou vaando esá e? e, de agua foa, sdo esponsáve po ue eu ea A únca cosa ue eu nha

ea eu. sso e a ve aé co u pocesso de essênca cona a oe a favoda vda, e funço da nha doença e do eu aaeno. Tve ue e segua deua foa uo foe ve ue e ea ue eu exsa a cada oeno paa nopeece, poue ea a únca feaena pessoa ue eu nha paa pode coaeauo ue esava se pocessando deno de nha evea povaveeneEno, ache ue ea poane usca auees agenos, aueas poaódesvehas, desoadas, dos oenos ue eu consdeava cucas da nha foaçocoo hoe Ea poane de agua foa evsáas e erase, apaga o ado

auáco ue apaeneene sso nha deno de , peo fao de e sdo u aúue cuse anos anos a uee evsa E ao evsa auo ao copeendêo fucapaz de esuecêo Eno hoe posso faa da\o a eança pode funconase ue sea aeada a ago daáco doído a espeo de suações nacaadas a eaço co o eu pa co o ao co a fgua do ao, co o deseo co auhe, e úa nsânca, co a caço co a edade. Acho ue esse eepesenou uo as paa do ue povaveene paa a audênca Coodsse Lauo Escoe, eu copanheo de anos es: Heco, acho ue essee e fez econoza no íno dez anos de pscanáse. E é engaçado poue fz

o e exeaene deado scaene pos eu esava nu pocesso deecupeaço. Lauo e dsse u da "Sae Heco ue e odos os es ue agene faz eu sonho ue você anda e eu vou aás você soe a onanha e eu vouaás você ena nua ua eu vou aás você páa paa faze xx eu pao e e espeo,você dá a voa na esuna e eu vou aás e nese e eu sonho ue eu vou nafene e você va aás de Ache uo ono O e e a ve co a suaçoe ue vv, ene vda e oe e ue eve enunca no e A gene sene,endo sdo acuado nua suaço uo dc de ua doença ue passou po uasuaço e de ua foa uase eaáve na ua só é possíve desceve a spópo avez coo ua aea Você esá no íno possíve de udo o ue vocêe no seu no denonado cou Você só consegue se vso no coscópoVocê passa a se pacaene ua cosa de pape. Você essusca dsso e vocêesuece sso dexa no íno coo ço ue a vda pode se eaada nos seuses e ue udo no dexa de se ansóo Hoe esou faando dsso, poue

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A PRÁCA DA LETRA

ocê me perguntam, ma eu e que é uma coa que pertence a mm como umagão de trem pertence a uma locomota que carrega cnqüenta age; é um domeu pequeno age, tudo o é trantóro, tudo o é paagero eu poo rlá álo ar dele e enar odo o meu lme ldam com tuaçe muto lmte,

de alguma forma.Nete cao, temo que no localzar numa cdade do nteror da Argentna,cdade balneáa, que tem quae todo o benefco de uma cdade grande e todoo problema de uma cdade pequena, uma cdade que no erão é uma grandemetrópole e no neo é um pooado, um larejo Al aa um gupo de peoacomo á em qualquer lugar, que eram o que o amercano oje em da camam delooer São peoa que têm anda uma utopa, uma poea dentro dela, queobamente ão cao de tatamento clnco de etema urgênca e que normalmentenão têm equer aceo à déa de terem que e tatar. Entre toda a coa que edcutam naquele da (dcutam-e coa que e eu tee que fazer um lmeobre o era um lme de cnco ora) e que eu oua num cantno de mea erao ma moleque de todo ecol um do tópco com que e brncaa naquelaépoca que era a nfomação de que um fotógrafo ruo na década de 3 deenoleraum acoplamento a uma máquna fotográca que permta ataé da emão derao de eletrcdade mancar o negato com a aura. Hoje ocê a num oppngcenter e por um real ocê pe a mão e a o mapa atal té penamo em fzer eaponte com o preente, ma o lme não era obre o, não era paraproar que o que

tna um unero poétco á rnta ano oje e tranformou num produto deoppng center. Enm, ecolemo aqulo, porque taza a grande metáfora que,para nó, era a fotograa, o enquadramento, o cnema, a déa de poder falar do quenão e ê, do nel E também quemo uar aqulo como uma metáfora, como eouee certo ere umano, entre todo nó que omo gua, que ãodferente Nee cao, fu tanportado ao unero femnno que é o unero daantaa do omem, pelo meno para quem creceu numa ocedade como aArgentna, meno promcua do que a bralera, muto meno democratzada Erapara nó um grande deao magnar que pudee aer uma epéce de eta

ecreta de muere que etão no mundo para fazerem o omen carem malucoEu aza na mna bagagem ea nfoação muto fote de que a pmera eperêncaque te com dezee, dezeete ano tna do com uma muler que, no jargãode ocê era uma pcótca, que aa do nteada por equzoena, recebdoeletrocoque, enm, que tna um temperamento etremamente olátl, perpcaz,lberado para a época. Era noa Julette Greco, noa mua etencalta na cdade,era a únca muler que não tna ergona de dzer com quem e deara Haa jálenda a repeto dela e de repente re eu ecoldo. Então empre ace que a

mulere para erem lega tnam que er louquna, como ela.Gotara de falar um pouco obre mna relação com o romancta Rcardogla. Eu precaa de aguém a quem conta a tóra Só ma tarde m a aberque Jon Cleee, aquele ator nglê que fez parte do Monty yton, ecreera dorotero com eu pcanalta, enão talez tee apelado para o meu, para me darum brek e ecreemo uma tóra. Eu precaa de uma orela, ma uma orela

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A LERA NO CINEMA

nelgene u ouvdo co u o flro co ressênca Precsava de algué defra que eu respeasse. Não podera ser jaas ua pessoa por que eu vesseadraão ne algué por que eu não vesse adraão. nha que ser alguéque eu consderasse o as próo de possvel. Eu gosava da leraura do

Pgla. Esava traalhando e Los Angeles onando Brncando nos capos doSenhor e l na contracapa de u lvro dee nascdo e Mar de Plaa e 98Enão pense esse cara cruzou as esas esqunas que eu vu os esos flesnos esos cneas alvez aé na esa sessão. Hava u só colégo secundroalvez vésseos sdo colegas. Consegu seu elefone e lgue. De fao ele não sónha a nha dade coo cursara o colégo à ade e eu de anhã no eso ano.Quer dzer o fao de não eros esado na esa sala de aula fo ua quesão deuo. E a foos coeando a taalhar e fo co ele que enconte ua Argentnaque rejeara Ovaene fascne-e pelo pensaeno argentno que eu enerrara.

Quando falo de u pensaeno de ua lógca ro plaense não falo do ango asda qualdade da ulzaão do eo coo ua foa de nelgênca que eu enconoe Corzar Borges Boy Casares ou Macedôno Feandez en ua sére deescrores que fzera a nha caea quando fu crescendo Enão eu dra que é ufle que apesar de sua rqueza vsual uo fore porque são pracaene asnforaões vsuas dos eus sonhos e u eo que resula do encontro de uhoe que aa a leraura co u escror. E não é u eo narrado u lefalado porque Pgla não é u escror de falar narraões as u escror de pensar

narravas. É coo dzer L Íalo Calvno não dz nada. Dz udo A gene se deuuo e eu e fascne por ele. O fle eve rês oenos uo fores e quealguas pessoas convvera co ele de foa uo nensa Escreveos a preraversão do roero a fque doene. Depos rescrev e durane a nha recuperaãofu corrgndo e pensando endo coo únca eseunha desse processo quedurou dos anos esse garoo que es aqu do lado o Beno flho da nha ulherque fo que e fez copanha quando vole do eu aaeno nos EsadosUndos. Ele fo eu ago fo a únca pessoa co a qual se veralzar ve uarelaão huana de afeo fsco que e devolveu a vonade de vver. É ua cosa

que alvez ele não saa porque era uo enno as fo eu nerlocuor daesa fora que fz esse fle para ua pessoa que não sae que fz u le paraela que é o pero personage fenno do fle Enão eu dra que o roero é aveão s splfcada que se aeralzou da ponca de eu e volr a relaconarco vne anos da nha vda que eu nha esquecdo dezoo co cereza aravésdo odelo de pensaeno do Pgla do odo de concetualzar de ouvr das escolhasnclusve. Fo u traalho uo longo pos o roero fo escro rando u haoneredro de dos anos que esve oalene fora do coae e quaro anos.

Oprero roero nha 3

pgnas o úlo nha Houve ua cosa que fcou

no canho. Ms quando hoje vejo o le sno que não fala nada que es udol Sno que fala ua ou duas cosas as a a culpa é nha porque esavafladas e decd não ncorporas ao fle as não fala no roero Acho queesse é u le e que a age não lusa a palavra U le pelo conro ondea palavra lusra a age Na aora dos les você e ua naraão e ua

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A PRÁIA DA LRA

maem que de aluma orma esá ajudando a enender aqulo que esá sendo do.Aqu é o oposo aco que o lme em uma esruura de narava vsual com alunsdáloos que vão ajudando a encamnar a sóra

odos os personaens de aluma orma exsram O personaem do

oórao era um alemão undador da cnemaeca da cdade que aza oos decsameno Ele se nde com um velo voloncelsa caão exlado da Guerra CvlEspanola camado Ramón Baaller pos não ava espaço para dos personaensa realdade eu saía pra vender com meu o e não com meu pa E era meu o quena esse nível de aressvdade de quemar casmras rar as saas das muleres evesr anáuas nelas. Era um dodo oal e varrdo. ese caso ambém não avaespaço para duas uras ão parecdas e ve que acabar acasalandoas Exsuambém a moça que aparece endo um suro pscóco e acredando ser nne Frankansormandose na márr judaca pra assm poder ser acea deno da sua anasaser casada e rerada do seu âmbo amlar. Isso não esá o sucenemene bemreraado mas ela dz "aqu esão as pessoas que a ene não quer conecer aquesá mna mãe aqu esá a escola para onde não vou mas e az aquele círculo naarea que é um rande labrno Depos com as concnas ela ala do elerocoquesem er que alar do eleocoque. enamos esvazar o lme de qualquer obvedadeas o que eu conseu e nsso eu me dou parabéns e alvez uma palmada em roca e que ornou alvez o lme pouco popular mas próxmo de como eu osara de ersdo vso cso ese osse o meu úlmo lmejá que ele o eo com ese pensameno

noreando mna cabeça meu coração que eu não a poder lmar nunca mas nadanão era mas vda para sso o ocular udo o que aconeceu como pelo menosdeno do unverso do explíco. A mna doença não esá no lme ela esásmbolcamene mas ela não esá conada. A maora das pessoas que passam porsuações da ravdade de que eu passe senem a necessdade quase ísca deexorczar esse ola só o que aconeceu como e por que será que eu sm e vocênão. Isso leva a querer narrar porque aavés da narração você recupera sua própradendade e z as pessoas saberem pelo que você passou já que nnuém conseuevver só Conseu ocular sso e é uma cosa que me orula muo: não esarpresene no lme num personaem boráco a doença que eu esava soendoapesar de esar sm no coneúdo da sóra

A seunda pare do lme ala do medo da enea ao se enrear vocêpoderámorrer como da vez aneror Você se enreou de uma manera cea e oal evocê quase o levado à more aído pela muler. É óbvo enão que ao reenconruma oura muler que ocupa o espaço emoconal da aneror e ao senr que essaoura pessoa o esá aando de uma orma ão nensa o pânco de dexar de ser umcontrolle de s mesmo de dexar de ser uma pessoa que em oal conrole de sua

suação como ser como pessoa como omem o leva a er que elmnar o objeo dodesejo. a nepreação de aluns analsas esou maando a more esou maandoa more denro de mm porque se eu não a mao ela me maa. É óbvo pos eu esavasando de um raameno de câncer z um ransplane de medula óssea e aspossbldades de aaldade eram enormes enão eu ve que maar para não sermoro. É uma orma de smbolzar. É muo dícl de acear esse nal e as pessoas

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A LTRA NO CNMA

não entendem. Tive que fechar os olhos e me perguntar que outra opção eu tinhapara acabar esse flme. Marco um encontro em Cancun com essa mulher para passaro fim de semana? Vamos passar um m de semana em Punta de Este? Não temcondição Na minha cabeça era impossvel Dormi dois anos com a radicalidade

desse fnal. E eu disse: "bom se é tão radical e se recusa a sair do lugar é porque elechegou para ficar. E a cou Ainda hoe não sei como acabar esse lme E o pior éque é a mnha mulher que faz o papel é a mãe desse rapaz que esá aqui então sei láSão complicados os caminhos da cabeça

·

Hoe não há mais trauma tudo é memória. Com aquela moça que conhecitive um romance que durou seis ou sete meses nos quais i vendo ela se degradandonclusive as frases que estão no lme foram ditas por ela Um dia eu a enconei depiama num lugar público e o piama estava do lado avesso Eu disse: "Seu piamaestá do lado avesso E ela respondeu: "Não é porque agora sou oua pessoa

Isso não é literatura não isso eu ouvi E esta pessoa com quem eu tve essa descobertatoda essa experiência que em alguns flashes está no flme mas que teve muitosmais desdobramentos episódos até quando eu estava fazendo o lme na Argenina é unto com a gura do meu pai essas as duas fguras são os grandes pilares quelevaram a narratva para frente O pai humilhado o pai sem defesas o pa semcondições de proteger seu flho e sua faia que confronta seu flho porque nãoquer que ele repita os mesmos erros. E o flho que desaando o pai vai emboracarregando durante anos a incompreensão o sarcasmo a não aceitação do pai atéo momento em que ele é obrigado a admitir no leito de morte que ele não seria quemele é se não fosse o pai que tem A segunda situação com a segunda mulher quesubstitui a primeira uma vez que não tem sendo enconrar uma mulher que vocênamorou há trinta anos porque é como deixar de exstir trinta anos e se olhar noespelho você vai se achar um absurdo um horror total) e também porque desvanecetodo o mistério é mais uma aposta radical do flme Eu poderia ter feito ele encontraressa segunda mulher e eles reviverem o que aconteceu. Aliás quando eu estavahospedado no hotel em Buenos Aires recebi um recado que uma tal fulana medeixara o telefone para eu ligar urgente. Pego o recado e veo que é o nome da moça

com quem eu havia namorado trinta e um anos atrás Esperei dois dias fquei comaquele recado queimando no meu bolso mas acabei ligando e marcamos num caféde Buenos Aires no m da primeira lmagem A imprensa noticiara e ela fcarasabendo só que não sabia de que ratava o flme. Nós nos enconramos ela estavacom a irmã e com a lha totalmente fácil de reconhecer o mesmo eito de segurar ocigarro o eito de fumar o eito de falar o mesmo ipo de sorriso uma pequenacicatriz que ela sempre teve. Enm foi muito forte para mim mas a irmã e a ilhaaudaram a desmontar um pouco a tensão e a surpresa e cou uma coisa meiosocial Fomos comer alguma coisa num restaurante tomamos vinho falamos dequinhentas ml coisas e no nal ela parou e me disse "Você se lembra Hector comoéramos malucos? Eu disse É, éramos bem malucos Se lembra ela disse que agente namorava na cabine do caminhão do teu pai na garagem. E eu respondi: Éclaro que eu me lembro ! Que loucos que éramos ela disse. Meu pai nunca tevecaminhão nunca teve garagem nunca morei em casa Ela me confundiu com outra

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RÁ D LR

pessoa Quer dzer essas mulheres são umas sacanas! Um cara durane rna anosfica coznhando uma frusração faz um flme que é um pedaço da sua da e afulana confunde ocê com ouro ! Enão sso me deu conscênca da exsênca doouro que em cnco anos de análse nunca consegura acear.

Haia uma cena em que ela nha um suro psicóco mas re porque eraóba demas. coneca depos que eles sm daquela boae bem Jean Gene bemQueree e são persegudos pelo moocclisa. Lembro que uma ez cone para umamercano essa cena e ele me dsse "as alguém em medo de ser persegudo poruma moocclea Perceb que rabalháamos em dimensões diferenes em relaçãoao que é o medo que uma dsânca dferencaa as pessoas que êm a olênca omedo o crme como gênero daquelas que m a olênca o crme não como umgênero mas como uma cosa mais relaconada à da. Sempre e medo de homensfores de moocclea edo de ser agreddo fscamene ou de não poder responderà alura a uma agressão Em ouas crcunsâncas enho coragem para fazer cosasque a maoria das pessoas não em. Vea a mnha carrera ea udo o que eu zQuando cheguei nese país há ne e oo anos eu era um foógrafo de resauranecom uma máquna polaróde Não saba falar a língua não saba comer não sabanada Tnha lido ceno e cnqüena ml lros e so rês ml flmes mas era umapessoa que não saba ldar com o real com o codano. Enão e uma coragemimensa para fazer ceras cosas e ie enormes fobas e medos para fazer ouras. aspor que esou falando sso h! Haa uma cena em que eles fugam da boae

perdam-se numa rua e chegaa de madrugada numa fábrca. Haa uma cerca dearame farpado uns camnhões de políca e ouros descarregando operáros no localonde esaam recruando rabalhadores dáros. Haa um megafone que dzaSlênco por faor! Em la! Todo mundo numerado! De um a qunze aproxmemse! Era uma cosa que com a mxagem do som pareca uma cena de capo deconcenração E ela com aquele arame na ene do roso lembraa: "o num ugarcomo ese que me separara da mnha mãe Ela fo com a mnha rmã no colocolocaram os homens nos agões e eles foram leados para o forno nha mãe focoocada separada e esconde ela dz me ra daqu não deixa que eles me

descubram Depos dsso eles ão para o quarnho e ela puxa aquele armáro e dz"Eles ão chegar a qualquer momeno cou falando esse olo esse segmenono meio que ornaa udo muo óbo muo compreensíel o ser arrancadooaa-se mas mseroso o momeno em que ela era surado enlouquecdo semmosrar qual fo o elemeno da realidade que a afeou

Eu a fazer o lme em nglês e haa uma canção etotv daquela épocachamada Foosh Hert, de que eu me lembraa. Nós só ouíamos músca clásscamas haa um amgo meu que só ouaazz. Lembro-me que à arde a para a casa

dele e ele boaa essa músca quela meloda do Foosh hert fcou na mnhacabeça e achei legal ligar o lme a ela Eu adoraa a meloda á inha ouido dferenesersões ao longo dos anos e ela nha a er com o comporameno do homemSempre achei que a mnha da era um pouco Foosh hert uma espéce decomporameno emoconal derdo aloprado Sempre apose mas nas ncerezasdo que nas cerezas achando que as ncerezas eram sempre mas proocaas

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A ERA NO CINEMA

as dnâcas tnha as a ver co o que eu agnava e gostava que a vdaosse. che que o título era óto. Depos decd não azer as o le e nglês.sso teve a ver co o ato de eu achar que o le tnha que ser ouvdo da oracoo eu o ouva e de não aceta o nglês coo ua convenção coercal. Co sso

dexe de ganhar u saláro, dexe de ter u le co crculação uto as áclpelo undo ntero as z o que eu qus. Pouca gente sabe copreender o que ssosgnca para u prossonal do cnea. Quando oos aduzr Foolis eapareceu-nos que o noe a car capra "Coração bobo, "Coração aloprado parecenoe de prograa da Record eu lebre da palava allumé porque uago, o Walter, e recoendara ua lvrara e Pars que se chaava L'éclaiallumé que só vende lvros de otograa. U coração allumé não é lunado, éaluado, ve de azer a luz. Fazendo a luz você enxerga Ele e dsse que alluménão quer dzer só sso e ancês, as tabé u cara eo aluco, eo pancada.

Então colocaos "Un coeu allum que cou "Coração lunado e portuguêse e espanhol e ass nasceu o título. cabe sendo pundo e todos os lugarespela escolha da língua Fu pundo no ercado nteaconal por não ter eto o lee nglês. No Brasl u pundo por não tê-lo eto e português e na rgentna portê-lo eto co duas azes que não era argentnas. Talvez e Bajé eu tenha edado be . . . Eu a azer e nglês e já tnha o elenco echado contatos assnadostudo arruado. Coece a azer u castng na argentna co atores que alassenglês as estava uto nsatseto. í e vera à eóra todos os aus les

que ouv alados e nglês sobre tópcos latno-aercanos. O le do roance desabel llende co Jerey rons. O nthony Hopkns azendo Pcass Não evend até agora, não vou e vender agora. oo lae depos de tudo o que eaconteceu, tudo o que sonhe ser. Então ale co o Pgla e ele e dsse ua cosauto óbva "Ouça o rotero. L o rotero e voz alta e decd que tnha que ser eespanhol . O rotero o escrto e espanhol e traduzdo para o nglês. ara Luísaendonça e a Xuxa Lopes estudara uto para podere alar u castelhanorazoável as sso passa batdo. Na rgentna não houve nenhua observação erelação a sso as observações são as de teor barrsta Nenhu crítco dsse que

era nsuportável a déa de ouvr ua az alando ass, nngué se quexou nessenívelO le é u pouco coo u sonho. O sonho ncal está relaconado a ua

stuação do unverso do real, que era la Maniaga que era quando u garoto eraescolhdo para ser dexado nu. Era u ato de volênca que se aza e gupo e quesepre o as aco era atacado o judeu, o que não tnha ãe aquela cosa daperversão adolescente que na rgentna é uto exacerbada, por ua repressãosexual horrorosa, por ua educação totalente tota. E aqulo aconteca uto nanha escola. Lebro-e que cava sepre agradando a patota dos caajestescoo ua oa de não ser escolhdo, para não vvencar no undo real o que eu jásonhava. Decdos utlzar essa stuação e não o sonho, que tabé o lado,pos achaos que essa stuação do undo real juntava duas cosas a stuação dosonho co a noação do gozo do outro perante a ragldade do exposto e avolênca asculna argentna que é ua cosa que sepre e rtou e da qual

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A PRÁICA DA LERA

sempre me sent muto dferente e muto envergonado por não ter essa capacdadecafajeste. Eu morra de medo de ser descoberto e sofrer aqulo que se vê na aberturado flme No lme não á nrodução ao sono mas ele acorda você percebe queele sonou essa stóra Essa é a radcaldade da naratva Como sso sera narado

caretamente paa fazer sucesso? O omem está tabalando num lugar onde vocêdentca que ele é um dretor de cnemaum estúdo uma lmagem Num semnáode roterstas em qualquer cultura dram que esse lme deve começar assm numacolocação de flmagem ou num estúdo de dublagem ou cosa parecda. Um omemrecebe um telefonema seu pa está morto Como começa "Cnema Paradso? É ssoÉ clássco É o óbvo Não estou crtcando "Cnema Paradso são modelosnarratvos já estabelecdos Camase ntrodução do personagem no seu abtat ea parr dsso o drama deslanca A o omem esta Por que ele esta? Porque ámuto tempo não enra em contato com aquela realdade Ele ena num avão e vaem busca de sua memóra resgata sua relação com o pa Coloca a máscara ecomeça o flme Então você já começa sabendo quem é o personagem prncpal oque ele faz estão vendo como ajuda o espectador? que ele é um omem casadoque ele mora bem numa casa com pscna que tem duas cranças lndas que grtam" Está etablihed, está colocado o frame da stóra Essepersonagem ao feca os olos sona uma stóa por onde você navega sabendoque é o sono daquele personagem Ele acorda e opa Que ncrvel aquele que estálá fazendo o lme teve essa nfnca Nós decdmos fazer uma crcuncsão no lme

Apostamos na radcaldade da stóra. Então de repente o personagem acorda evocê não sabe quem é esse personagem O própro casamento na roça o que temaqulo de real? Anda assm é real não é realsmo mágco de Gaca Márquez. Nãotem nenum personagem que voa nem muleres que tem rezentos anos de vdacerto? É como se você entrasse numa dmensão de realdade que é real que énaturalsta porém que não pertence à calgraa do flme como se você mudasse acalgrafa no mesmo dscurso O lvro Trê trite tigre por exemplo de Cabreranfante está escrto em váos castelanos Você enconta um modelo narratvodferente com outa calgraa dento da stóra Aqulo fo um pouco baseado na

mna magnação na abertura de "' Atalante de Jean Vgo que tem uma cena deum grande corteo de casamento Ee acorda no fna depos da morte da t noavão A moça não só abre a janelna vocês vram o ola que ela dá para ele? Arealdade e o sono estão muto presentes o tempo todo alvez se eu vesse sdoum pouco mas explcto se eu por exemplo o tvesse colocado no avão sonandoque matava essa muler o públco tera acetado de uma forma mas fácl tera sdomas fácl de dgerr Mas enm eu z o que qus fz o lme que qus fazer Nuncatrabale com ano grau de lberdade comgo mesmo para conta uma stóra. E

sso é muto legal. O Pgla dza muto "Estamos fazendo um lme sobre o reato deum atsta quando jovem Estamos fazendo um lme sobre o processo de crescmentode uma pessoa que começa perguntando como se conta uma stóra e termnacontando Ele tna essa vsão. Estamos fazendo um lme de alguém que começase perguntando como se faz alguma cosa e termna fazendo contando a stóra decomo ele se perguntou

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A LRA NO CINMA

Houve um momento em que eu era cobrado muto veementemente sobre averacdade dos fatos. As cosas são como você se lembra que elas são Nnumtem uma olaróde ou um vdeotae de como fo a rmera vez que teve uma relaçãosexual. Você tem uma lembrança O rmero beo o rmero deseo a rmera vezque você soube fazer uma conta de multlcar a rmera vez que você vu umaessoa que fo mortante ara você os rmeros saatos de que você ostou.Alás saato uma cosa muto motante ara mm No lme o a dz A entesabe o que você elos saatos que você usa Quando meu a faleceu não queara o seu funeral orque eu a começar as lmaens de "O beo da mulher aranhano da seunte Mnha famla não entendeu orque hava um esar e uma dormuto randes e eu escorreue daquela stuação Eu tnha duas ou ês horas eneo momento que a mnha famla sau com o coro do hostal e mnha da ara oaeroorto. Ia fazer Buenos AresSão aulo São auloNova York e na seunda

fera cheando de manhã às duas da tarde eu começava os ensaos com WllamHut Recuse-me a faltar ao rmero da de ensaos em detrmento da mote do meua orque eu achava queAchava aluma cosa Aora não sabera dzer Masquando eu sa na rua andando ara fazer temo ente numa loa de saatos ecomre dos ares que eu amas use que não tnham nada a ver como Era oosto do meu a. Um ar de saatos retos meo de ala de vernz brlhando queeu amas usara Ache que fazer sso no lme era um ouco demas era dar anodemas ara mana. Era óbvo demas . A z a cena do saato em cma da mala Amãe fala Eran de aá Nunca los usó E ele va tocar o saato mas toca a mão damãe. É a únca vez que ele toca a mão da mãe

Quando eu era muto menno l um romance do Andr Breton que sechamava Esse lvro uma hstóra de amor com uma mulher annma que eleencontra na rua que dexa mensaens em uardanaos de restaurantes que mentea reseto da sua dentdade mente a reseto do endereço e ele volta a encontrá-la.Ele um homem casado estabelecdo Fo o que me motvou a nventar umersonaem que fosse uma fantasa masculna a da do encontro breve de vocêsaber que está no luar aenas or dos das Alumas cosas aconteceram como

em luares dferentes A artr dsso comece a trabalhar com maens da mnhamemóra e constru uma stuação. O motante então não se aconteceu daqueleeto com a mesma mulher o motante que não foram nformações tradas de umlvro de fotoraas Fu buscar realmente no meu equeno baú cosas que memarcaram que me mressonaram de aluma forma A exerênca que eu tenho defazer um rotero essoal muto equena orm ercebo que não consocconalzar nada que não estea relaconado como. Sou muto auto-centrado soumuto autsta nessa stuação Há essoas que escrevem nventam uma hstóraque não tem nada a ver com elas. No momento de nventar só olho ara mm sótenho essa exerênca. Mas como sou um letor uma essoa que leu muto numaoca de sua vda anda osto de ler mesmo que lea muto menos do que eu laorque estou muto menos curoso em relação à lteratura do que á fu osto deadata Mas você ca semre com a sensação de estar fazendo uma aroraçãondbta de estar transando com o membro do outro É o que ocorre com o u or

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A PRÁICA DA LERA

exemplo. Quando elogam "O beo da mulher aranha, dgo medatamente: "Vocnão magna como é o romance. Ou sea, medatamente vou pagar respeto à fonteonde fu beber É nevtável, porque se não houvesse o romance, o lme não exstra.Sou extremamente conscente dsso. É a mesma cosa com "ron weed, com

"Brncando nos campos do senhor. Também não z tantos lmes, deva ter fetomas. É que este pas é muto ngrato, muto dfcl . A gente demora muto com cosascom as quas não deveramos perder tanto tempo.

embro que, quando fu aos Estados Undos pela prmera vez, eu falavangls feto o arzan "Me want coca-cola era uma calamdade pura. Fu estudarngls com nta e nove anos falo sso humldemente e z um curso ntensvodas nove da manhã à ses da tarde, durante dez das, do qual sa dota, mas falandongls. Depos l muto, v lmes e fu aprendendo. Fu para os Estados Undosporque eu tnha feto um lme chamado "Pxote que por sorte fo bem recebdo naAmérca Ele fo aacado com u prmo em Nova ork e u prmo emos Angeles.Fu uma cosa bonta que aconteceu com o lme, numa época em que eu não falavauma palavra de ngls. Fu a os Angeles para receber o prmo de uma assocaçãode crtcos como melhor lme esangero do ano Quem me convdou fo um senhorchamado Sérgo Mendes, que era, naquele momento, um músco braslero desucesso. Fque com a mpressão de que eu não quera ser Sérgo Mendes. Nãotnha nada a ver com ele, tnha a ver com como eu senta o que eu podera me tornar.Não se se sou forte o sufcente para resstr a uma comundade tão bem estruturada,

tão bem mplantada, tão rrefutavelmente cerceada de verdades na sua estrutura, nasua postura global, na sua postura de domno cultural, de portavoz da magem e dosom no mundo Sera mas fácl do que estar aqu, mas talvez o cotdano sea umpouco mas dodo. E depos, euá vste aqulo Assm como á estve 15 horas numavãoznho em cma dessa couve-or vsto com lupa que é a Amazôna, á vste oack Ncholson, á vste alguns dos cones. Estou falando num sentdo guradonão é que eu não gostara de fazer mas um lme com ele ou com ouo grande ator,mas á fz aqulo, á com esse hot dog Então á não tenho mas o deseo de. Eu atécom quando eu não saba bem do que se tratava, pos nunca qus ser um dretor quezesse lmes na Amérca Apaxone-me por um lvro, o adapte e acabe fazendocom o ack Ncholson. Mas, quando eu era menno, sonhava em ser B urt ancasterno "Trapézo, não sonhava em ser um dretor de cnema nos Estados Undos.Mnha relação com a Amérca era dferente, era através do magnáro deles e não doque eles representam como máquna de dvulgação, como ndúsa bélca da magemSera bom fazer outro lme lá? Sera ótmo. Sera bom fazer um lme de que eugostasse? Melhor anda Sera legal ser pago como fu pago? Nem se fala. Mas euestou aqu falando com vocs e estou muto felz Estou escrevendo um lme baseado

no lvro do Dráuzo Varella, que por concdnca fo meu médco, mas eu nem secomo vou fnancar, não tenho a menor déa E a déa de sar com o chapéu cantando"E me dá um dnhero é muto trste, é extremamente humlhante para alguém quehá trnta anos não entrega os pontos á não exste sso Vvo um pouco essadcotoma, esse sentmento de ter um pé em cada canoa. Enfm, tentando manter oequlbro . odas as hstóras que o Dráuzo colheu naquele presdo foram com um

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A LRA NO CNMA

gravadorznho que eu de de presene para ele. Enão de algua fora acho que uvínculo não verbalzável e aarra a esse hoe que é responsável por vocêsesare e vendo aqu que e raa há reze anos desde a prera anfesação danha doença Ele acabou fcando eu ago Quero vsar o unverso da

sercórda da fraedade e Eação Caandiu e pere vsar sso. Esse é osubexo de vsar essa hsóra Não é porque eu quera conar a hsóra de argnas.Clao que a prensa va dzer "Mas ua vez abenco faz fles de argnassepre procurando suaçes le as não é sso. É pena eso é dor de ver acondção de hulhação e carênca e que pessoas são obrgadas a vver e funçãodo abene e de cosas que não são coo devera ser Esou falando de ussea acro É óbvo que as pessoas que são reraadas no lvro co ua ceracandura são uns grandes lhos da pua Não posso fazer u le onde eu váenalecer a gura de algué que esá condenado a ceno e cnqüena anos por er

aado a sangue fro dez pessoas. É óbvo que esse cara é u canalha. O probleaé que ele não é só u canalha. Ele é ua pessoa abé Ele e ua ãe que achaque o flho não é u canalha Enão se eu consegur narrar u le anendoeno lar e adndo que esou falando co pessoas que perane a socedadezera aos que de algua fora deve ser ulgados . Não se se o odelo depenaldade é o cero não vou quesonar sso. Não esou fazendo socologa. Esouenando fazer u pequeno ergulho na condção huana. Alguns escrores zerasso de anera uo bona você pode ler Gork Dosoevsk pessoas que não

usara u odelo deológco para narar suaçes de vda. A leraura esá cheadsso. Esou neressado e devolver algua dendade a essas pessoas dzerque elas são sar do pseudôno Há hsóras ncríves. Acho que pode serneressane osra que essas pessoas que zera de fao al à socedade êua vda neror u deseo ua fanasa u grupo falar. No enano apesadsso exsr da fora que exse houve u ao delberado absoluaene seexplcação e que u da à dez da anhã u grupo de polcas enou e aouceno e onze pessoas nu corredor. E não houve ua baxa nos les. O que ésso A narrava de Dráuzo acaba dzendo No da X de ouubro por razes que

não são uo explícas a PM nvadu o pavlhão 9, apareneene houve as de5 oros. Fora conados ceno e onze Os úncos que sabe o que coneceusão Deus a políca lar e os sobrevvenes. Eu só ouv eses úlos. Acho ssoneessane.

PedroBil:

No oeno da préesréa de Oua eóia hava ua grandensegurança a respeo de se o le a ser copreenddo Eu esava uo curosopara saber quanos les hava denro daquela sala pos esava pondo à provaua proposa ousada que era parr de u exo leráro coo o do Guarães Rosaque não é fácl para o leor que freqüeneene lê rês vezes a esa frase paraenender Eu saba abé que uas ases não sera enenddas nua prera

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A RÁICA DA LRA

audção, o que ão me peoupaa poque e o udado de oa a hsóa deuma maea que essas fases mas dfíes eassem pela sua musaldade, pelasua beleza, pela sua poesa, sua soodade e ão pelo seu sgfado Ou seja,pede o sgado de uma ase ão que dze que se á pede a hsóa que esá

sedo oada Mas sso udo ea uma aposa meo ousada, eão as pmeassessões eu fz essa bula: Po fao, asssam om o oudo mole, om os olhos dooação . . Depos, já que mas aqülo quao a sso, poque o flme ee umaaea a qual ele fo eeddo, ele daloga om o espeado e aé há algus quedzem que eedeam udo. De fao, aho que dá paa eede udo, mas há umgade omodsmo do espeado de ema hoje. Esá odo mudo aosumadoom uma ea lguagem do ema ameao, que é mas ou meos dgdo a umadade meal de ses aos Tudo muo masgado muo fál Eão quado umflme peede desafa o espeado, pode e uma esposa muo esqusa e eu

saba que ão haa feo oessões ao espeado e ambém ão poda ped queo espeado zesse oessões ao flme Ele poda leaa o meo e emboa, eeu ea que dom om aqulo

O flme sugu deo de um pojeo mao que se hamaa Os omes doRosa. Ea um pojeo sobe Gumaães Rosa e o flme ea um dos poduos dessepojeo. O pmeo poduo fo um doumeáo em o apíulos, ada um omquase uma hoa de duação, sobe a da e oba do Rosa. Nua haa sdo fea umabogaa do Rosa Há eeas de eses sobe ele e sua oba, mas ão haa uma

bogafa assm. E é uma da hea de eeos, uma da eessae, eãoaháamos que ala a pea aposa sso. Deo desse pojeo Os ome doRosa, haa um doumeáo, a adapação de o oos a foma de um logameagem, um lo de foos do seão, que fo feo duae o doumeáo e ujoíulo posóo é Os olhos do Rosa. Nesse poesso, aabamos osudo umaeo meso e aloso sobe o Gumaães Rosa: eesas om pessoas queua faam, omo o Aôo Câddo, que os deu uma geeosa eesa, ouque já moeam, mas hegaam a da depomeos, omo o Aôo Callado, quefalou osas ldas e oheeu o Rosa pessoalmee. Assm, o lme ha muo

mas esse aáe de se a esse pojeo que ea um pojeo que peeda daoa doumea e a um pamôo da oba do Gumaães Rosa do que se umlme om uma bela aea omeal ou um lme de eeemeo. Ele peea aum pojeo ulua, mas ambém passaa o ema, ada que esse ão fosse opmeo objeo

Comee a mha da possoal fazedo um uameagem uma osaadolesee. Eu ha dezoo aos, pegue um dheo do seguo de da do meup e z um ua sobe mha mãe. Ea um ua de oo muos, feo em 35 mlímeosO segudo uameagem que eu quea faze ea uma adapação de Sooo, suamãe e sua flha, om o qual que eaado, desoeado, quado l. Bom,mha da fo paa ouo lado, ão osegu leaa dheo paa faze o flme, fuabalha em elesão, fz mha aea omo joalsa de elesão Depos de ooaos em odes omo oespodee ole ao Basl e eoe um amgo quehaa sdo moado desse pmeo lme e que me dsse que esaa eado leaa

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A LTRA NO CNMA

aquela produção para fazer um curta a partir do roteiro que eu tinha adaptado. Então

pensei que aquilo talvez não fosse a melhor idéia porque é muito caro fazer um curtadesse tipo e depois não haveria onde comercializálo Surgiu então a idéia, como eujá tinha uma experiência maior de documentário e de joalismo de organizar um

projeto grande que viabilizasse a execução do documentário e em vez de fazer umcurta, adaptar cinco contos para fazer um longa A idéia original era de que cada

conto entrasse dentro do documentário O documentário era de três segmentospara televisão. O primeiro segmento seria um documentário o segundo um conto eo terceiro um documentário também Mas depois quando se toou um longaquei com muita pena de queimar o lme exibindo antes na televisão. Então acabouficando só um king of durante o documentário A gênese do flme é essa.

Antes de chegar aqui, estávamos falando sobre as questões que surgemquando você vai transpor uma peça literária para cinema. Na verdade sempre

utilizamos a palavra transposição em vez de adaptação ansposição dessa história,desse universo para uma outra linguagem. Para ser honesto há algumas respostasque posso dar mas outras descobri depois e outras até hoje não descobri Não seiporque fz daquele jeito. São tantas decisões dirigindo um lme que há coisas que sedecidem conscientemente e outras que são puramente intuitivas que a própriadinâmica da criação e do flme vão impondo É muito grande a tentação de não sertão honesto e misticar certas decisões. Então quero deixar claro que há muitascoisas que não sei como z e por que z. Sempre esteve presente na minha cabeçaum conceito que o Paulo Leminsky expressou uma vez Ele traduzia poesia que éuma tarefa impossível e dizia que o interessante da tradução é que uma línguaviolenta a outra as regras e as construções gramaticais de uma língua violentam asregras e a gramática daquela oua língua sso cou na minha cabeça como a literaturaviolentando o cinema e vice-versa como se houvesse uma curra ali autorizada deuma linguagem pela outra. Nesse sentido, tratase de uma tradução, mas de umatradução violenta não adaptar uma coisa à oua mas colocar as duas coisas emchoque.

O primeiro atamento de adaptação foi do Alcione Araújo Ele pegou cada

conto e adaptou como uma história independente como cinco curtas. Ele construiudiáogos próprios do lme, mesmo poque muitos desses contos não tinham diálogosEram histórias contadas com uma frase de diálogo. Ele também criou algunspersonagens que não existiam na história original e usou uma técnica de narrativadramática apresentando o confito que vai num crescendo até chegar a umaresolução, se encaminhando para o m. Na hora de azer isso para o longa aprimeira coisa que fiz foi manter todo o texto original, não criar diálogo nenhum. Odiálogo inicial não existe nos contos mas as frases são todas tiradas do Graesertão: Deus é paciência" Bala é um pedacinhozinho de metal . . Houve essa

volta ao texto original criando diálogos que não são diálogos e mantendo a esuturadramática dos contos do Rosa que não é muito convencional Todos esses contostêm um grande começo, apresenta-se a história de uma maneira em que logo no

primeiro parágrafo tudo já é apresentado um grande final e no meio, a históriarumina Não há uma evolução dramática convencional Nós também queríamos manter

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A PRÁCA DA LERA

isso, tentando evitar que casse chato como cinema oi esse o processo, em inhasgerais: os diogos, a dramaturgia e não cria personagens que não existissem notexto.

avia uma mistura de querer ser muito e à história e de não poder ser

muito e, pois se você procura uma deidade excessiva, você trai a obra. Acho quetavez tenhamos evitado a deidade e tenhamos procurado a eadade à propostado Rosa, a transposição daquee universo, daquee cima do sertão, daqueaatmosfera Para isso, o fato de ter feito um documentio antes foi ndamenta,porque aquio é iteratura, mas existe, aquio é mito, mas não é Você pega um rem,um ônibus e você vai para o sertão de Minas e aquio ainda existe, aquea gente,aquee imaginrio, aquea capacidade de fabuação, aquees ugares Com odocumentio, pude ter mais intimidade com os sertanejos, conversar bastante comees, me famiiarizar com aquea prosódia, ouvir as histórias dees, enm, me deixar

impregnar por aquee universo Como também tecnicamente z uma pocura deocações. No documentrio, refizemos o itineráo que Guimaães Rosa percorreu

com os vaqueiros e o itinerrio de Riobado no Grande erão, que acabamosdescobrindo que coincide com o itinerrio da Couna Prestes. Viajamos tudo isso nosertão. Tecnicamente havia esse objetivo de procurar as ocações enquanto fazamos

o documentrio e tentar entender quais eram os signos, o visua do sertão, paraapreender essa atmosfera. E também a pesquisa para o documentrio, certo tipo depesquisa biogrca e técnica sobre o escritor, nos ajudou a compor os personagensPor exempo, em Soroco, sua mãe e sua fiha", não se faa na profssão do Soroco,mas pesquisando a infância do Guimarães Rosa soubemos que em Cordisburgohavia um matador de bois que vivia corendo as da fha que era ouca Esse cara

existia e o Rosa viu isso Quando descobrimos essa informação, coocamos o pai doSoroco" como matador de bois. Muita coisa surgiu assim. Na entrevista com oósofo Benedito Nunes, ee me expicou Substância" de um jeito que eu nãoimaginava O conto pode ser confundido com uma historinha de amor, mas ee medisse que era uma parboa aqumica. O Rosa tinha grandes conhecimentos deaquimia, e na verdade, ee estava usando a metfora da mandioca, da farinha, do

poviho, da transubstanciação do amor, mas com todo um inguaar baseado emeituas de aquimia que ee ivera Da mesma forma, na semana passada, fui àUNICAMP e havia um professor que estudou muito o Primeira Eória Ee medisse que Nada e nossa condição" é todo cacado no Tao, que h frases inteirasque o Rosa simpesmente pegou do ivro chinês e coocou no conto Por exempo,quando o Tio Man Antônio decide fazer a reforma agrria, ee diz: Em termosmuitos gerais haveria uma mor justiça: mister seria Se o paio impo se deve de, paraas grandes coheitas" e a vem duas ases do Tao como a metade pede o todo e ovazio chama o cheio" Isso é adução do chinês que ee coocou ai. Segundo essemestre da UNICAMP, o própio ivroPrimeira eória seia sobre como governar,não só Nada e a nossa condição", mas todos os contos teriam a ver com comogoverna Eu nunca tinha pensando nisso, mas reamente faz sentido

O grande conto de Primeira eória é o Terceira magm do rio". Ais,Antônio Caado nos contou uma história divertidíssima no documentrio Ee

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A LERA NO CINEMA

encontro G marães Rosa depos de ter ldo o Tercera margem" e alo Rosa o

qe aqlo? Como qe você escreve ma cosa daqelas? " E ele alo Pos Callado acorde com aqlo, qe tão assstado qe para a grea rezar". OSoroco" o grande conto do meu lvro. o o conto qe, qando l, qe tão locoqe acabe consegndo lmálo vnte anos depos E não dria qe o entendomelhor, porqe at hoe não se se entendo esse conto, mas dria qe com ele qeso mas amlarzado Volta e mea e contava essa hstóra para as pessoas, áconte em dversos países, em dversas língas. E precsava de ma lnha narratva

e achava aqeles personagens mto comoventes, pos o qe o conto passa macomoção qe o Soroco, a mãe e a lha casam. Toda a cdade, todo mndo qe vêaqeles três ca mto comovdo, então e achava qe eles podam entrar em

determnado momento das hstóras onde osse haver ma vrada, para casar macomoção, para comover os personagens das otras hstóras. sso e posso explcar,

agora dzer conscentemente por qe escolh sso, não posso. Ache qe nconavacomo recrso.

Tenho m amgo qe costma dzer qe ele se torno poeta depos de lerm verso do Maaóvs qe dz: z ma blsa amarela com três metros deentardecer". Então, ele se de conta de qe, se a poesa poda ser sso, era sso qeele qera Qando l o Rosa pela prmera vez, tve essa sensação sso pode serlteratra, pode se escrever desse eto, pode se alar dessas cosas dessa maneraqe mto absmado, mto desconcertado. O Rosa m romancsta, mas aqlo poesa O Grade Serão Vere m grande poema. Croso ler o volme de

poemas qe ele não qs pblcar, mas o pblcado o Magma - não por saqaldade potca, pos concordo com o Rosa qe ele não deva ter pblcadomesmo, mas porqe todos os temas de qe ele trata depos na obra de manera masmadra e brlhante á estão presentes al

ma das cosas qe me dá mas prazer ler poesa em voz alta e acho qesso compenso a mnha nexperiênca como dretor estreante e princpalmente amnha nexperênca para ldar com atores Alás, acho qe mesmo tendo toda a

experiênca do mndo, mpossível lidar com ator Ator m bcho dícl e assstador.

É mto bonto, mas dá medo O Palo os, mesmo nos das em qe não estava nemlmando, chegava e botava a ropa do To Man Antôno e passava o da andandopela azenda, cnversando, ncorporado Aqela cena em qe ele sobe na mla, nãonvente qando olhe, estava aqele senhor de sessenta anos em p em cma damla. Soznho, nngm estava olhando. Então ale qe qera aqlo. É mtoassstador ver m grande ator assm se dexar possr, entrar nesse transe anteda mnha nexperênca para ldar com esse bcho dícl, o me grande trno osaber ler, porqe eles pegavam o texto e a reação era qase de horror: Como qevocê qer qe e dga sso. Esse texto não dzível". Então e la e consega

transmtr o qe qera, porqe saba ler aqele texto. E saba o qe e qera, mase não tnha tcnca nem mtodo de dreção de atores, de teatro, de ensao O Cacávnha desenvolvendo há dez anos com o Grotovs m mtodo de nterpretação qeserv como ma lva para o lme Ele abalhava com os atores, eles ensaavam mo dos meses e ele me entregava o ator no set, na hora de lme. Então e a pedndo,

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A PRÁCA DA LERA

dirigindo, tudo no set, mas a preparação era com o Cacá Caralho. Eu entrei nocomeço e no fnal mas o processo foi dirigido pelo Cacá. Depois podemos até falardesse método que é muito interessante. Tenho um gosto por ler em oz alta etambém sabia que esse texto, por mais elaborado que seja e é muito elaborado,

pois não há uma palara, uma írgula que não tenha sentido de estar ali, ele não dáponto sem nó é um texto fundado na oralidade. uimarães Rosa foi beber naoralidade que ouiu quando criança Tie amigos que começaram a ler o GrdeSertão e diziam que era difícil passar da segunda página. Então eu recomendaa quelessem em oz alta. Todo mundo que faz isso entra no Grde Sertão porque ocêcomeça a ganhar o ritmo, a entrar na musicalidade e a perceber que aquilo não é tãodifícil assim. Há uma estigmatização do uimarães Rosa como autor difícil que me

incomoda muito, que me reolta, porque assusta muito as pessoas. Não sei, emprimeiro lugar, se há grandes prazeres fáceis, mas não acho que ele seja tão difícil Éuma pena assustarem as pessoas com esse estigma do escritor difícil

Haia alguns conceitos muito claros desde o início. Primeiro, em termos deluz, começamos estudando Degas, porque o sertão do uimarães Rosa, mineiro, édiferente do sertão que existe na cabeça de um espectador de cinema, na cabeça damaioria dos consumidores de cultura no Brasil a imagem de ds secs doraciliano Ramos, que é o sertão monocromático, o ds Secs do Nelson Pereirados Santos. O sertão mineiro do Rosa é policromático. É muito colorido Então,Degas nos daa uma referência de paisagens sertanejas com muitas cores Só que

queríamos algo mais nítido e menos apastelado. O documentário também aleumuito para que o osé uerra fosse experimentando filtros, misturas para chegar noset seguro do que ia lmar Haia também o desafio de dar uma cara própria paracada história sem perder a unidade do o Cada conto tem um tratamento de luzespecífico, mas no gera tudo casa. Outro conceito que era bem claro para nós ébarroco, é excessio Ou é muto claro, ou é muito escuro, ou é muito grande ou émuito pequeno sso é isíel quando ocê iaja no sertão de Minas, ocê está

naquele sol, mas quando ocê ena dentro de uma casa é breu, a qualquer hora dodia ou da noite. É preto deno de casa. A questão do pequeno e do grande também

tem a er com o Rosa, que era um menino mope, que só soube que era míope aosnoe anos quando um padre colocou óculos nele e ele iu o mundo de uma maneiracomo ele nunca tinha isto Ele narra isso no Migilim de uma maneira belíssimaNão sou míope, mas forcei essa teoria de que o míope por não ter o longe, se atémaos detalhes, ao pequeno. Ele falaa muito de detalhes. Queríamos ir do ínfimo aogrande, e naquele plano de abertura do lme haia a proposta de entrar num liro efazer de conta. Muita gente se incomoda, já me falaram, com o fato de que, no nal,quando o Soroco ai embora, oltam os mortos Por que oltam os mortos Acabeidando uma explicação meio eudiana é por causa da minha orfandade, eu fiqueiórão cedo do meu pai e naquele nal, naquela utopia, achei que os mortos tambémoltaam Mas, na erdade, é muito mais simples do que isso Começamos o filmefalando do faz de conta e terminamos o filme mostrando que tudo é um faz de conta,que não há morto, que não há io, que são todos atores. Então, me perguntam, porque o escritor não olta O escritor não olta porque ele está ali, ele é o cego. Em

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A TRA NO CIMA

ada onto há um narrador No onto do esror é o esrtor no onto Os rmãosDagobé" é o povo no Nada e a nossa ondção" é a Valderes a Marea é o deSubstâna" e o ego é o narrador do Soroo" mas todos eles são o mesmopersonagem o narrador. ale aqu que nós não raos personagens mas o ego éum personagem que não exste no onto ele exste no lme No m queramos teresse ego meo résas Prouramos muto esse ator para fazer o ego queramosalguém de grande mpato e prestígo Pensamos no Antunes lho no Amr Haddadpensamos numa grande fgura da ultura braslera para ser aquele ego mas erampessoas muo oupadas que não onseguíamos enonar. Pensamos também noAntôno Nóbrega zemos testes om uns duzenos atores em Belo Horzonte e unstrezentos em Montes Claros onde apareeu o Svaldo dos Santos que era ego

não presava atuar e era antador de praça em anuára aquela era a vda dele eleestava al ontando sua vda. Ele fez o teste e o Caá abalhou muto om ele o u

trabalho muto sodo para ele pos mexeu mesmo na tragéda da sua vda Elenuna leu umarães Rosa porque não há Rosa em brale. Então ele teve que ouvra hstóra e memorzar. É um ego om grande senso de humor; ele vva omentandonas lmagens que todo mundo a ver esse flme menos ele É um sueto brlhantentelgentíssmo que está ursando o terero ano de flosofa em Montes Claros.Outras enas gualmente engraçadas aonteera omo no m de um da de

flmagem em que a equpe toda sau para beber em Montes Claros todo mundoou bêbado nnguém saba omo voltar para o hotel e o Svaldo levou aquelaspessoas que ahavam que sabam ver porque ele onhee Montes Claros de or

ma ena maravlhosaAgora eu quera falar um pouo sobre o méodo do Caá O que é que o

Caá propunha para ada ator? Não hava personagem não hava a menor ntençãode onstrur um perfl psológo. O texto do Rosa devera servr apenas omo prétexto para que ada ator ontasse através daquela hstóra uma hstóra pessoal.Assm ele peda para ada ator que esrevesse a hstóra de um momento traumátomarante lmte de sua vda e depos busasse smltudes entre essa hstóra e ahstóra do rotero E fo o que ada um fez Há stóras que não podemos ontar

porque eram osas muto íntmas e terríves da vda das pessoas Ouas nem tantoenamente sso fo muto bom para os atores e para o lme porque o ator não temque ar busando uma emoção para se onenar É onreto é ele trabalhando

ele está fazendo ele própro num determnado momento da vda Então ele poderepetr a ena onze ou doze vezes que está sempre valendo. Para nema sso émuto bom. O Caá por exemplo om o ua Olvera na ena do amgerado" estárevvendo uma ena em Nuremberg em que ele rompeu om o Antunes lho Aquelarava toda fo algo que ele fo reuperar de um evento que aonteeu a vnte qunzeanos Vosmeê agora me faça a boa obra de querer me ensnar o que é mesmo o que

:famigerado" A ula am por exemplo reuperou um epsódo de quando elatnha no ses anos de dade numa note de Natal em que sau para passear omum ahorrnho e ele fo atropelado dante dela. Então quando ela está dançando nafesta unna na verdade ela está ouvndo músa de Natal Quando ela está soprandona pedra de polvlho ela está tentando trazer aquele ahorro de volta à vda. Cada

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A RÁA DA LERA

ator abalou com essa istorina pessoal e usou o teto do Rosa como um pretetopaa conta essa istória.

O documentário serviu para ganar intimidade com esse omem. A Anauísa Martins Costa, que é a grande conecedora do Rosa, que sabe tudo sobre a

vida dele, foi a mina base acadêmica e teórica, mas eu mesmo acabei aprendendoum bocado sobre ele alando em transposição, tradução e sonoridade, tive umaeperiência muito impressionante de leitura com Curt Meer-Clason Não me lembrose foi do DãoLaaão ou do Buriti mas de um eco especialmente diícil do Rosa,

ceio de onamatopéias e neologismos Eu i em português e o Curt MeerCasonleu em alemão ao mesmo tempo, nós fomos lendo untos aquele parágrafo,começamos no mesmo momento e terminamos no mesmo momento e as duas línguasforam se entremeando. Elas tem a mesma musicalidade, a mesma sonoridade, omesmo rio, é algo impressionante a adução dele A verdade é que ele foi taduzido

em correspondência com o uimarães Rosa Eles discutiam coisas, mas é muitosurpreendente, pois a primeira impressão que temos de um teto como o de Rosa éque ele é intraduzível, mas ele traduz e aduz bem Ele percebe algumas artimanas

do Rosa, como por eemplo a palavra coraçãomente do último parágrafo deSubstância que é um dos melores parágrafos da literatura brasileiraCoraçãomene, além de ter coação e mente" na mesma palavra, é um resgatedo sentido original da palavra cordialmente Na ora que ele foi traduzir para oalemão, a palavra é Herzlich que quer dizer cordialmente, mas ele teve que dar

umasolução para que o

Herzlich"não perdesse o sentido de coraçãomente. O

Rosa, como ele mesmo dizia, procurava tirar a cinza que cobre as palavras, que vão _sendo desgastadas com o uso e perdem o seu signifcado primeiro, e resgata aqueleprimeiro signicado da palavra Coraçãomente é um eemplo claro disso.

Na ora da flmagem, a relação entre palavra e imagem obedecia a umaordem bastante pragmática isso aqui eu não teno como transformar numa solução

visual, isso aqui tem que ser dito. Qualquer coisa que fosse possível dizer sem dizer,isto é, mosrando procurei a maneira de mostrar. Então, basicamente, a tentativa foisempre de substituir o teto por imagem, mas, onde não dava, mantina-se o teto.

Ou então, decidíamos que o teto devia car, porque ele era lindo demais e deviaficar por isso Não necessariamente porque informava, mas porque era bonito. Ogrande compromisso o tempo todo era com a beleza, por isso também o rigor com adireção de fotograa. Só lmamos na luz que o fotógrafo aprovava, em geral ao·amanecer e entardecer Não zemos uma cena que não fosse naquela luz consagrada

A música foi uma feliz coincidência, algo meio mágico Quem ia fazer amúsica era o acques Morelenbaum, que fez inclusive a canção da la do Soroco,mas na ora de fazer a trila ele estava com a agenda ceia e não pode, entãolembramos do Marco Antônio uimaães, que á trina anos desenvolve essapesquisa de musical e de criação de insumentos Ele viu o filme, conversamos pelotelefone e ele me camou um tempo depois para que eu visse o que ele tina feito.Ele gostou do flme, é um artista genial e fez aquilo Ele usou dois temas do VillaLobos, que eu inclusive avia sugerido Não é algo que eu possa dizer que tiveconole, foi um ano que apareceu Aco bonito isso do imponderável que acontece.

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A ERA NO CNEMA

A casa do Tio Man Anônio por exemplo descria no cono não corresponde emabsoluo às caracerísicas arquieônicas das casas de fazenda do sertão de MinasA riqueza é relaiva sempre enão numa região pobre o dono da fazenda vive naverdade numa casa modesa não há aquelas casas de fazenda dos nossos barõesde café do Ro e São Paulo. Lá no nore de Minas são casinhas pequenas. Aquelacasa que o Rosa descrevia no cono era na verdade uma grande meáfora não eraum casa reproduzindo a arquieura do serão. Enão procuramos ceno e cinqüena

fazendas na região e não encontramos nada que se parecesse com aquilo áesávamos pensando em fazer o exerior num lugar e inerior em ouro quandofalando uma semana para comearem as lmagens um sereseiro de Mones Clarosme disse que queria que eu conhecesse uma fazenda. O nome da fazenda eraBarrcão" grande Barroco. Quando chegamos no lugar as pessoas da equipequase choraram: era a casa que o Rosa inha descrio era a própria casa. O que

aconece ambém é que como o Rosa transformou em lenda aquele universo eleprópro á virou personagem de lenda Em qualquer lugar do serão quando se falaem Guimarães Rosa as pessoas logo conam Ah sim ele passou por aqui eleomou café naquele boequim". Ele virou um personagem. Assim disseramnosimediaamene que ele inha dormido rs noies naquela casa inha acompanhadoa boiada. Nós aé enamos verificar biogracamene se ele havia esado lá mas não

há nenhuma evidncia. Outra hisóra ineressane se passou quando esávamos nacidade de Quem-quem que é um lugar que em mil habianes é a cidade da estaãoda seqüncia nal onde oda a erra é na verdade crisal e onde havia essa esaão

linda que era exaamene o que nós queríamos mas que esava desativada há vineanos oda quebrada caindo aos pedaos Nós queríamos um trem que combinassecom a palhea do lme com oda a cuidadosa direão de are e foograa que o filmeeve A companhia ferroviáa recém privaizada disse que aquele trem não exisiamais e que eles iriam mandar um trem azul que não tnha nada a ver. Nós á estávamos

desisindo nos lamenando quando vem se aproximando um rem vem seaproximandoo rem um rem da cor que a gene queria com grades nas anelas Elevem do nada e pára na esaão Enão elefonamos para a companhia e dissemos

que o rem á esava lá e não ia sair de eio nenhum. O rem caiu do céu. É uma coisainexplicável Houve gene dizendo que foi o Rosa quem mandou o em. Não sei sefoi ele mas que é uma hisória absurda é Uma coisa de louco

No lme há aores prossionais semiprofissionais amadores e não-aores.izemos vários eses no local. Primeiro escolhíamos pelo tipo físico e depois dávamosexos do Rosa. O ese consisia basicamene em ler o exo e conar uma hisória

qualquer. O curioso é que fizemos uns 5 eses e 45 eram hisórias sobre o diabo.Aquele é um ema do sertão e de Minas porque em Belo Horizone foi a mesma

coisa: quando pedíamos para conar uma hisória inha o diabo no meio. Como

disse escolhíamos pelo ipo físico e pela capacidade de expressão É um poucosubeivo mas depois odos passavam pelo méodo do Cacá e faziam muio exercíciomuio orkshop de corpo. Cada gurane que na verdade não são fguranes masum elenco de apoio pois às vezes há ases fundamenais que esão na boca de um

nãoaor eve um rabalho específco de como se movimenar como andar e como

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A PRÁICA DA LERA

se mexer para depois falar Há um grande orgulho do povo sertaneo e do povomineiro em geral com relação ao Guimarães Rosa Todos se seniam muito orgulhososde estarem ali fazendo aquilo porque aquele é o grande patrimônio deles sua obrasua cultura Houve uma senhora que me falou o seguinte Aquela cor do céu da

terra é assim mesmo nclusive aquela menina maluca era minha parente. Todacidade tem o seu maluquinho tem aqueles personagens o matador de boi as criançasque cantam café com pão atrás do trem

Até pouco antes de lmar vários atores estavam muito inseguros achandoque não dava para dizer aquele texto porque não era diálogo não era naturalista.

Várias vezes me flagrei dizendo para atores que vivem da arte de interpretar quenão precisavam interpretar que tinham que falar dizer aquele texto. as isso não émuito técnico como direção Aí o que aconteceu? Apareceu o Sivaldo e ele começoua dizer aquele texto de uma maneira como ninguém havia pensando que ele podia ser

dito. Então a primeira coisa que fazíamos com os atores quando chegavam a ontesClaros era pedir para que o Sivaldo fzesse o seu showzinho Aquele não-ator foimais importante na direção de todos aqueles atores do que tudo. O Antônio Callonifoi muito esperto pegando o gestual dele e remetendo para o seu personagem oimuito impressionante como aquele nãoator indicou aos atores o caminho certo.Obviamente é fundamental o papel do diretor de atores. Quero ir aprendendo masacho que é coisa demais dirigir um flme e ainda garantir uma qualidade dramáticasem ter um diretor de ator Pelo que sei todo o cinema americano tem um actors

coach que é o cara que fca einando os atores enquanto o diretor está fazendooutras coisas. Acho que no cinema brasileiro os atores se queixavam disso de queseu trabalho era meio relegado chega lá e faz. O Walter Sales foi um dos primeirosa ensaiar muito antes de lmar. Temos que incorporar isso ao cinema brasileiro e darmais valor à qualidade dramática utas vezes se critica a articialidade dos diálogosno cinema brasileiro mas não é um problema do roteiro e sim da atuação e do diretoro principal culpado disso. Não sei se usarei sempre esse método mas pretendorabalhar sempre com um diretor de atores. Se puder ser o Cacá ótimo porque nosentendemos bem. Acho que em cinema qualquer pessoa pode ter um bom

desempenho se você abalha com ela durante seis meses para valer. uitas vezeso aor excessivamente técnico no cinema não funciona.

ico surpreso pois o lme é muito parecido com o que eu havia imaginadoque ele seria Eu não achava que ia conseguir mas é muito parecido com o queimaginei Como diretor eu sabia algumas coisas que eu queria mas podia ter sidocompletamente diferente do que eu imaginara Estou muito orgulhoso do flme Veotodos os defeitos porque á lmei há dois anos e hoe faria algumas coisas de umamaneira diferente. Há erros que eu veo mas que não vou contar é claro. Há alguns

grandes clichês no lme Um dos principais no entanto foi totalmente por acasoquando os bandidos estão chegando no começo o cavalo chuta o caminhãozinhoda menina para fora Aquilo por exemplo foi totalmente sem querer

A maioria das críticas foram positivas . Uma das melhores críticas que li foa do arcelo Coelho da Folha Ele falava do Um Copo de cólera e do Ourasestórias e falava lindamente do lme. nclusive ele dizia uma coisa que eu sempre

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A LRA NO CINMA

dsse não d pr enender ods s frses do flme, ms não é precso. A hsóres cond. E flou our cos mbém: Um lme de dfcl dgesão não énecessrmene um lme ngvel. Adore sso. Goso muo de ouvr comenrosde ver coss que s pessos lêem no flme que eu nem sb que esvm l Às

vezes cric pode ser posv, ms você vê que pesso não enendeu o vlor dofilme. Não dn só cr conene porque fo elogdo Quero mbém sercompreenddo Ouro d, um senhor me dsse que eu hv feo um lme sobre sudde Nunc inh pensdo nesses ermos ms é verdde odo mundo emsudde nquele lme

Aulmene, esou com dos projeos de lme: um é de lerur lmd e oouro de um flme de ção e venur um lme sobre um epsódio d hsóri doBrsl. O de lerur quero qe sej um projeo bem bro. Esou pensndo é emlmr em vdeo É um dpção do Cmpos de Crvlho, lua vem daÁsia que

é o dro de um louco. Ser um lme lvez muo ms fldo do que Oursesórs que não em no dlogo. É um romnce genl de um escror muopouco ldo e reconhecdo Ele er um suels, que me rmou, n úlm enevisque deu não se se é possvel credr nsso que ele escreveu udo como escruomc, que nunc corrgiu nd que escreveu udo de prmeir. Não prece,prece lgo rquedo sofsicdmene pr dr ess impressão. O romnce é odro de um louco que prmero se crê num hoel de luxo, prsonero de guerr um

grnde dplom ms depos percebe que esse hoel é um cmpo de concenrçãoe depos percebe que não é nem um cos nem our e que ele es num hospco,ele é louco. Enão, ele con ess hsór rvés de crs pr o he imesreclmndo do rmeno no hospco É muo engrçdo e errvelmene rgico équse um polog à more ms é um hsór lnd que eu gosr de fzer. Oouro ser um lme pr grnde público, de enreenmeno sobre hisóri doBrsl sobre um epsódo d hsóri do Brsl que eu nem conheci. É hisóri deum muçulmno que consruiu s forcções do Quilombo dos Plmres e coumgo do Zumb O lme ser sobre presenç mour e muçulmn n formção doBrsl e sobre escld de violênci que fo hsóri do Brsl sobre como noss

hsór fo ms volen do que sonhmos É curoso ouvr que hoje h muvolênc ns cddes pos qundo se esud hsóri do Brsl se percebe quenoss sociedde sempre fo volen N hsór do mouro prece volêncfundd pelo colonizdor, ms mbém volênc perpeud pelo brslero jcomo brslero. A hisór r de um mouro que es em peregrinção pr MecN verdde esse é um prólogo d hsóri porque não hver no flme nvios depr ou cos precd É um mouro que nufrg num embe com pirs e éresgdo por um judeu no m do século VI Esse judeu es ndo pr o Brsl,onde seu rmão é fzendero n cpn de Pembuco. Eles desenvolvem umgrnde mzde. N verdde flndo em colonlsmo judeus e rbes sempre formmuo próximos. O que os ornou rvs de more fo o colonlsmo e s onersrfclmene crds pelos colonzdores. Esse judeu cheg n cpn dePernmbuco, ssold por um epdem de vrol mesm que mou o PdreAnno Ver pel revol dos escrvos e pel Sn nqusção que cb

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A RÁIA DA LERA

empurrando o udeu e o árabe em direção aos negros e eles se tornam amgos deZumbi Essa é a linha central da históia mas há histórias paralelas muito divertidasA grande violência é o tratamento dado aos escravos. Não há cção nisso estátudo egisado pela história. oi o Brasil como um Impéio ue foi escravagista não

o coloniador Há uma cena ue a história registra em ue os negros ao chegaremeram levados para uma praia ficavam em la indiana e antes de começar o leilão o

feitor diia Vocês vão ver agora como um negro é tatado aui. Então elesamarravam as mãos do escravo faiamno corer na paia e largavam dois cães laatás do escravo até matar Nesta cena o escravo enta denro dágua e antes de seafogar ele morde o cachorro e anda unto com o cachorro. Então o feitor di: Dapróxima ve vamos uebrar os dentes do negro antes porue eu não uero perdermais um cachorro bom desses

Uma coisa ue me deixou contente foi ue depois de de dias da eséia do

lme a edição do Pii tói se esgotou. É bacana ue depois de verem olme as pessoas procurem o livro e leiam o Rosa. Acho ue a atmosfera da obra dosertão está no lme mais do ue as palavras ue o Rosa escreveu. Auela cor o

tempo é um lme de tempos longos com um ritmo do sertão Há apenas uma ouduas coisas ue eu não devia ter deixado passar como por exemplo na festa do Tio

Man Antônio, na festa de casamento das meninas há uma tenda branca ue nãodevia estar lá foi um furo da direção de arte E a sandália da Maria Exita também nãoera necessáia ela podia estar descalça

Nós pensamos em vários títulos porue por contrato eu não tinha direitoao título Primeiras estórias Eu havia colocado o título de egundas estóriasmas o distibuidor não gostou porue achou ue tinha ue explica muito Entãoacabamos chegando em Outras estórias Dentro da lu foi um dos títulosprovisóios ue é uma frase de ubstância avançavam parados deno da lu. . ..Achei bonito porue tinha a idéia do cinema mas também comercialmente não teiamuito apelo

Poderíamos falar talve de traição ao texto de Rosa no fato da meninacantar porue uando se lê o conto rigorosamente o ue ela canta não é nada não

tem sentido Ela não canta e nós tínhamos ue faêla cantar. Então peguei ases daobra do Rosa do Gd tão, peguei o Café com pão do Manuel Bandeira um mini-poema e o Jacues Morelenbaum musicou. Era uma toada ue nós tentamos

uebrar para ue fosse o menos cantada possível a cada ve ue ela entrava O nocéu no céu é famoso e canta-se até hoe nos enteros Em ve de traição noentanto eu colocaria um d no meio e faria tradição. Acho ue há algo da adiçãopois Guimarães Rosa foi um autor ue tinha um proeto para o Brasil Desde peuenoele se prepara ele estuda e ele constrói a obra dele com um proeto ideológico claro

de construção de uma nação de resgate de um Brasil prondo épico. Acho uehoe dos artistas em atividade no Brasil o único ue tem um proeto de Brasil tãoclaro como ele tinha é o Ariano uassuna Hoe em dia uando estamos cinicamenteconformados com uma certa supecialiação da idéia Brasil é importante voltar aler o Guimarães Rosa e perceber ue há um proeto de construção de uma nação uepassa pela língua por essa língua totalmente original ue não é mais português e

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A LERA O CIEMA

sim brasileiro Dois pases separados pela mesma lngua", como disse o BeardShaw.

Há quem diga que o Rosa se mistificava muito, que ele falava por eemploque aprendera dinamarquês para ler Kierkegaard mas na verdade não sabia

dinamarquês. Ou que lera Confúcio em chinêsÉ

verdade ainda assim que eledominava muitas lnguas, que lia em muitas lnguas pois era de uma erudição e deuma cultura absurdas. E fazia muitas brincadeiras com os amigos. Há uma históriadele com o Paulo Ronai o grande lingüista húngaro: Rosa escreveu um conto emque havia um personagem chamado Moimeichego, que era um agunço muitoególaa, egocêntrico e ligou para o Paulo Ronai para perguntar se ele lera o conto ese descobrira o truque" se deciara a charada. Que truque", o Paulo Ronaiperguntou Moi-me-ich-ego, eu" em quatro lnguas. Tomemos os nomes do lme

por eemplo Soroco vem de um verbo tupi-guarani sorocar" que quer dizer asgar

se" e que é eatamente o que o personagem faz Além da sonoridade do nomeSoroco oco" loco" Ou ainda Maria Eita eita quer dizer sada da pedra, e"do latim sair e ita" que é pedra em tupi Tudo tem um signicado

Aluizio Abches

O que acho interessante deUm copo de cóleraé que muita gente se identficacom essa história e cada um pega o lado que lhe toca mais. Ela dá margem. Costumodizer que só me dei conta da densidade do teto depois de lmar, porque senãotalvez tivesse cado travado Eu quase neguei a diculdade de transpor aquilo paraimagem Se não fosse assim talvez tivesse me dado muito medo. A entra o lado decomo eu levo as coisas eu vou em ente porque se eu parar para pensar muito seeu tivesse parado para pensar no peso daquele teto . . Eu criei uma familiaridadecom aquele vocabulário mas não sou um intelectual. Aquelas palavras se tornaram

familiares para mim Não houve tanto uma reverência ao autor não era essa a questão.

Eu achava que aquilo devia ser feito daquela maneira, e o resultado seria bom.Quando fui procurar o Raduan Nassar as pessoas diziam que ele não a me receberetc. Mas cheguei lá e houve uma ligação bacana entre nós Ele me deu os direitosautorais no primeiro encono ui muito abusado. Ele não me intimidou não meamedrontou. Naquela época eu não sabia eplicar muito bem e nem sei o que eu faleipara ele Depois nós fomos enconando pessoas em comum e ele foi sabendo umpouco mais a meu respeito, mas só depois Ele acreditou no meu entusiasmo com oteto e resolveu apostar oi isso. Mas acho que isso acontece quando estamos

apaionados ou por uma pessoa ou por um tetoHá uma gura importante no lme que é a dona Mariana, a caseira que de

uma cera forma faz as vezes da mãe pois é a pessoa que cuida dele. É a partir de umaparente mau rato com a dona Marana que ela se indigna se ofende. Nesse momentoena a diferença de idéias pois ele ama que não há porque atar as pessoas deuma forma condescendente ou diferente só porque elas são socialmente inferiores

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A PÁICA DA LEA

Muitas pessoas no mundo todo ao verem o lme caram indignadas com essaatitude mas na verdade ele está colocando todo mundo da mesma maneira Aspessoas cam indignadas sem compreender Quando ele está caído a dona Marianavem falar com ele vem consolálo Ela toma as vezes da mãe que está ali protegendo.

Em algum momento ele fala em epilepsia e eu utilizei isso porque faz parteda minha história iz tratamento de epilepsia dos cinco aos quinze anos Minha mãeera médica e depois de um desmaio na escola aos cinco ou seis anos ela me levouao neurologista. Eu estudava num colégio em panema que se chamava Sãorancisco de Assis e tinha uma professora minha primeira professora que era umamulher muito bonita Na minha memória eu desmaiei porque queria cair nos braçosda minha professora. É assim que eu conto a história até hoje mas nunca na minhainfância contei essa história porque tinha vergonha. A partir desse desmaiodescobriu-se que eu tinha epilepsia Mas eu passei minha infância inteira e minha

adolescência pensando que eles estavam enganados. De fato nunca mais desmaieinunca tive outra crise mas me tratei dos cinco aos quinze anos com um dos maioresneurologistas da época inte anos depois por insistência do meu pai voltei a essemédico e ele fez o exame clínico Enquanto eu estava me vestindo ouvi ele dizendoao assistente que eu não tinha nada Para mim aquilo foi a primeira expressão dapaixão E no lme isso aparece ele não está falando necessariamente de umadoença ele está falando de uma reação Eu quis pegar a cólera pelo exterior

Tive uma experiência anterior com um texto literário montando em teao o

Relações perigosas, de Lal os Eu produzi e queria dirigir mas acabei não dirigindoi a peça quando ela estreou em Londres dirigida por Cristopher ampton quedepois fez o roteiro para o lme do Stephen rears Eu saí da peça totalmenteperturbado e sem me dar conta do que estava fazendo fui ao agente do Cristopherampton e disse quer queria comprar essa peça para o Brasil. Eu tinha vinte cincoanos Não sei como aquela agente que era uma agente literária importantíssima mevendeu os direitos por dois mil dólares Cheguei aqui no Brasil com os direitosdessa peça antes de existir o flme e disse que queria montála Mas aí começarama dizer: Quem é você para querer montar essa peça Chamei a Marieta Severo foi

o primeiro trabalho que z com ela. Eu queria digir a peça mas não tinha experiênciaentão chamei o José Possi Neto que é um diretor de São Paulo um diretor ascendentepara trabalhar comigo. Eu nunca tinha feito nada. Ele me disse então que nãoexistia isso de codireção e que era melhor ele dirigir. E eu aceitei Então acabeiproduzindo e fui assistente dele além de traduzir o texto A peça acabou sendominha também Eu a acompanhei enquanto estava em cartazacho que ui a noventapor cento das apresentações Depois vi a outra versão do adin para o cinema coma Jeanne Moreau e o Gérard Philippe. Quando vi a versão mais recente pela primeira

vez quei inconformado Eu sabia o texto de cor não só porque eu tinha traduzidomas também porque eu o trabalhara muito iquei inconformado pensando quedevia ter comprado os direitos para o cinema o que parece um absurdo mas se euconsegui os direitos para teatro e depois consegui os do texto do Raduan, quemsabe . . Com Raduan, fui atrás de uma coisa tão difícil e conseguiÉ uma vitória para

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LR NO CNM

Ganhei o livro Um copo de cóle e li em ma noite iei mito petrbado,

mito mexido, sem saber mito bem por e, sem inclsive compreender mito bemo e e estava lendo. Depois reli. Aela história do casal interessa pelo texto foi

por isso e decidi mantêlo Editei algmas coisas, para poder transformar ailo

em cinema, mas resolvi ser fel ao texto, pore ele era me nfo, me grandetrnfo. É m casal e discte sa relaço mas no é a discsso banal, cotidianade m casal por e você chego atrasada ontem o por e o café no estápronto. O e me interesso foi disctir a relaço deles, a paixo acho e é mexto sobre isso. A temática polítca é mito forte pncipalmente levando em contaa época em e foi escrito, mas no lme e dei mais ênfase à esto da paixo, poisfoi como e entendi. do no nal é ma desclpa para disctr a relaço deles, dema forma genial ele é preciso todas as palavras têm importncia há m jogo depalavras mito importante Portanto, é ma história sobre a paixo No começo, e

achava e e falava dessa maneira pore e no sabia interprea pore e nocompreendia bem a ora esto a esto política. Mas hoje esto convencidode e Radan escreve isso para disctr a paixo, passando pelos otros assntos

Aé pore no somos ma coisa só. Ele discte isso no livro, com o paalelo eele faz enre a paixo e a razo.

Dividi o livro na minha cabeça. O livro tem sete capítlos a chegada obanho, o café da manh a noite deles, o esporo . . . Lendo o livro, pegei ês frases.No me lembro se chegei a essa conclso através das minha conversas com oRadan pore elas me ajdaam mito. oi ma sacada to boa e acho e devoter tido a ajda dele, no deve ter sido sozinho Depois do atae com as formigas,ela provoca e diz: No é pra tanto mocinho e sa a razo". Depois de meia horade filme ele responde e só sa a razo em nela incopora sas paxes" Nomomento em e eles começam a tansa no cao, depois de toda a briga eleresponde àela frase. A terceira frase é ando ele se lembra da me, falando eo amor é a única razo da vida, razo no sentido de racionalidade a ele brinca comas palavras de maneira genial. iz três movimentos a patir dessas três frases oicomo e me giei para fazer o lme. iz m mapa acompanhando essas três ases

Isso mjdo mito. A úlima frase me paece importantíssima, apesa de paecerbanal.

Uma das liberdades e tomei em relaço ao texto há das talvez trêscoisas e fiz de forma diferente foi com a famia a família e está no texto noé a e está no filme. A família do livro é solene fechada. Tenho certeza de e nolivro seja como dado atobiogáfico o no, aele homem tinha m afeo mitogrande, ma relaço mito especial com a me. No lme essa relaço é mais explícitae a família e apaece é alegre grande Qando ele se lembra da faia ele diz eé na infncia e se localiza o mndo das idéias. sso me lembro ma idéia esempre tive de e aos cinco anos e á estava fomado, como pessoa, como serhmano. Acho e as pessoas se formam mito mais cedo do e pensamos. embrode algns episódios e aconteceram comgo e me fazem pensar e, ao entrar naescola, e já era ma pessoa formada, até sexalmente. Acho e ele diz tdo comaela ase. Por isso, aela cena da faia é crcial para mm. Tomei ma liberdade

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A PRÁTCA DA LERA

em relação a isso porque a maeira como sei falar disso é com outro tipo de família.É uma questão de idetificação. A miha eperiêcia é com outra família e acho quefica mais claro assim. Colocar aquela aiz lida falado para o meio a frase oamor é a úica razão da vida" eplica muita coisa. sso lhe dá uma agilidade. Tudo

gira em toro da resposta a essa frase da mãe. A mãe é a primeira mulher de umhomem Ela dá o peito dá e tira. Chega uma hora em que ela diz que agora ão temmais O que é iteressate é que aquele persoagem que pode se toar em algusmometos um reacioário um fascista como ela o chama é a verdade mais ágildo que ela. Ele diz isso aqueles cometários que faz para a cmera em que eledebocha de si prprio. Essa é a questão dele. Ela tem um lado mais irico maisaberto para o mudo. Todo aquele machismo etre aspas a masculiidade é aiseguraça seual dele Quado ele diz Ela ão teve o bastate s o suficiete"ou Era fácil de ver etre escacaradas e ecobertas a reprimeda múltipla que

trazia por eu ão atuar a cama com a mesma ardêcia que empreguei o etermíiodas formigas" Quem disse que ão atuou? Ela sai cotete ela sai feliz da vida o

dia seguite. Quado eles vão para o quarto oite ele vai a frete sério ela atrásE o dia seguite quado saem ela sai a frete sorrido mas ele cotiua meio de

ma humor. É ele quem diz que ela ão estava satisfeita que ela ão teve o bastates o suciete o que aliás é um jogo de palavras maravilhoso até hoje fco adúvida sobre o que é mais sufciete" ou bastate"?

A cea de seo é descrita o livro em uma págia s que é muito forte.

Optei por fazer de uma maeira loga Como é que poderia coseguir a mesma forçado livro o filme? Achei que precisava de tempo e foi por isso que z como se fosseuma trasa em tempo real Talvez eu teha dividido mais etre o homem e a mulhertalvez ela seja mais ativa o lme do que o livro No livro ela também é mas o

filme ca mais eplícito. No lme trata-se também da fatasia dele é por isso que elelevata o pao três vezes. Dou a eteder que é a memria dele. Pode ser que ãoteha acotecido tudo a mesma oite. Mas dou voz aos dois. É mais umaimpertiêcia miha. Eu esaiei muito com a Júlia Lemmertz e o Aleadre Borges elmei tudo quase em seqêca. É claro que quado se coloca a cmera a ete

muda muito. ilmamos em ordem croolgica. A prpria cmera segue essemovimeto: ela é parada a chegada e muito suave a cea de seo. Eu queria quefosse um mometo boito real mas atiaturalista o setido de que ão se fazisso em ciema. Há uma cea que dura seis miutos aquela em que ela está com ocolar. Depois a prpria cmera acompaha a clera. Ela eplode. A partir do mometoem que eles começam a falar a cmera é a mão e vai daçado. Não sei se isso camuito a teoria mas foi tetado foi proposital. Nesse mometo etra a palavraporque até etão eles ão falam ada. Tudo fucioa até o mometo em que eles

começam a falar. Até etão é tudo meio simblico ele come um tomate e o diaseguite está comedo uma espiga de milho z de propsito quis que ele mordessea espiga de milho com a mesma itesidade com que ele comera o tomate ates. Atéetão há apeas três ou quao pesametos dele É s quado ela fala ão é pratato mociho que usa a razão" que o discurso começa. Há um lado que é ieplicávelque passa pelo sesorial. Como eplicar duas pessoas que se etedem tão bem a

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LER NO NEM

cama o campo a iéia ão tato, aia qu tham muito m comum, poi a coira uma muhr itrat Não é ó ca Ma, a paavra, motrampoto vita muito irt E comçam a aar também porqu h paixãoNa Itia, m prgutavam muito por qu havia tata córa, tata abbia u jtiha a ra prota C' la abba peché c' lamoe E ó chgam àqupoto, porqu h uma paixão qu à•vz a poa ão agütam, pricipamtquao é ort a maira. No cao , h uma praça poi aquio

tuo, qu ão oi ci .A mtora mai óbvia o txto é qu a é a ormiguiha qu cava o buraco

a crca vva E cotruiu um muro a vai cava um buraco ura amacuiia A oura mtora, qu u acho qu é ma uti, é a ormigarprtao a trra, a coia xua, a origm tuo Eu qui moar io atravéo gurio por xmpo a aia a cor trra Ea qutão a trra é muito

importatpara , igaa à amia, poi ra uma amia agricutor É umhomm urbao qu vai para o campo É ici xpicar, poi to io mai

oriamt Uma trcira mtra é com a paavra a ormiga ão crto porqua ão aam, comçam a aar como ó . . Aim acotc com aharmoa até comçarm a aar. A ormiga ão muito importat Écomo uma bomba qu xpo E aa o Eram a miha ormiga qu tavamtro mim, qu aiam por too o buraco po oho, pa orha paaria A paavra ão toa prcia Puto com a ormiga tão orira,puto com ua xmpar ciêcia, puto com a orgaização mra.

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