revista inconstâncias

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São Paulo, 08 de dezembro Revista INCONSTÂNCIAS ANO 1 - nº 1 Arte de Canetinha Confira a parede que muda todos os dias 32º Panorama da Arte Brasileira no MAM EDIÇÃO ESPECIAL

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Revista para a matéria de História da Arte.

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Page 1: Revista Inconstâncias

São Paulo, 08 de dezembro

Revista

inconstânciasANO 1 - nº 1

Arte de CanetinhaConfira a parede que muda todos os dias

32º Panorama da Arte Brasileira no MAM EDIÇÃO ESPECIAL

Page 2: Revista Inconstâncias

Sapatos Sonoros, do artista RomanoFoto por Suzanne Tanoue

Page 3: Revista Inconstâncias

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Editorial

Na primeira edição da Revista Inconstâncias, trazemos para

você uma fascinante e surpreendente viagem pelo 32o Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moder-na, o MAM, no Parque do Ibirapuera.

É realmente desafiador transpor as ideias do artista a partir de nosso en-tendimento do significado das obras. Para isso, contamos com o apoio de 5 jornalistas que visitaram e refletiram sobre as criações e coletaram opiniões de diferentes espectadores. Por meio de matérias, entrevistas e poemas, aceitamos o desafio. Se conseguimos ou não cumpri-lo, só você, caro lei-tor, poderá dizer e dar sua opinião na próxima edição da Inconstâncias.

Apresentaremos a você uma maté-ria sobre o MAM propriamente dito. Poderá conferir sua história e a expec-tativa sobre a exposição. As obras que mais chamaram nossa atenção estão registradas nessa edição: Fuga para Vozes Interiores/Exteriores, de Ricar-do Basbaum; Sapatos Sonoros, do ar-

tista Romano; o Projeto Parede, de 52 artistas diferentes; Desleitura, de Jorge Mascarenhas. Há também um poema, inspirado na obra Nave, de Wagner Mota Tavares e o ensaio fotográfico Sobre o Vazio, de Alberto Bitar.

Confira o material e mergulhe no mundo da Arte Moderna Brasileira!

As editoras.

Caro leitor,

EXPEDIENTEUniversidade Presbiteriana

Mackenzie

História da Arte

Prof.ª Mirtes de Moraes

Revista produzida pelas alunas do segundo semestre de Jornalismo

Anna Maria Ercolin, Bruna Ferreira, Marina EscarminioMarina Lopes e Suzanne Tanoue.

“Como entender o significado de uma obra se não podemos pen-etrar no entendimento do artista?”

Gregório Sanches

Page 4: Revista Inconstâncias

Encontre sua Arte

Um pouco de História

Arte de Canetinha

Espaço Vazio

pág. 6

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pág. 10

Page 5: Revista Inconstâncias

Paz no caos

Pés no chão

Naves

Significados Improvisórios

pág. 8

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Page 6: Revista Inconstâncias

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Com o incentivo de Francisco Matarazzo e referências do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), em 1948 foi criado um dos primei-ros assentos institucionais da produção artística, o Museu de Arte Moderna (MAM) em São Paulo. O objetivo da criação era: “incentivo do gosto artísti-co do público, por todas as maneiras que forem julga-das convenientes, no cam-po da plástica, da música, da literatura e da arte em geral”. (palavras do funda-dor)

No início de sua história, o MAM expunha suas obras em uma sede provisória, que ficava na Rua Caetano Pinto, na metalúrgica Ma-tarazzo. Mas com o passar

dos anos, houve mudanças significativas na estrutura do Museu. A sede se locali-zada à Rua Sete de Abril, porém, em 1958 mudou para o Parque do Ibirapu-era, instalando-se no Mu-seu de Aeronáutica, e pos-teriormente, no pavilhão da Bienal. Francisco Ma-tarazzo decidiu separar o MAM da Bienal, em 1963. Pra isso, convocou uma assembléia para o fim do MAM e para doar seu ac-ervo para o Museu de Arte Contemporânea da USP, ainda nem criado. Mas havia algumas pessoas que não concordavam com o fim do Museu.

Paulo Mendes de Almei-da e Mário Pedrosa un-em-se em sociedade para iniciar o “novo MAM”, e descreviam como: “O Mu-seu de Arte Moderna de São Paulo, sociedade civil sem

fins lucrativos, políticos ou religiosos, tem por objetivo constituir um acervo de artes plásticas modernas, principalmente brasileiras, incentivar e difundir a arte contemporânea”.

A partir de então a sede do MAM é, provisoria-mente, o Edifício Itália e no Conjunto Nacional, em al-gumas situações. Em 1968, definitivamente, vai para a Marquise do Parque Ibi-rapuera, onde se encontra até hoje.

Na coleção, podem en-contrar-se telas de Anita Malfatti, Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Emiliano Di Cavalcanti, José António da Silva, Joan Miró, Marc Chagall, Mario Zanini, Pa-blo Picasso e Raoul Dufy, entre outros. A maioria pertencia à coleção par-ticular de Matarazzo e da esposa, Yolanda Penteado.

Um pouco de HistóriaPor Bruna Ferreira

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Page 7: Revista Inconstâncias

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O Museu de Arte Moderna (MAM) de SP abriu no dia 15 de Outubro de 2011 o 32º Panorama da Arte Brasileira, com curadoria de Cauê Alves e Cristina Tejo. O tema “Itinerários e Intinerâncias” traz cerca de 40 artistas de diferentes cidades do país, e alguns estrangeiros.

A idéia principal de criação da ex-posição surgiu da percepção dos cura-dores sobre a realidade artística da mod-ernidade, sobre tempo e deslocamento implícitos.

Com o advento da globalização e o en-fraquecimento das fronteiras, os artistas têm viajado com suas obras, para partic-ipar de diferentes exposições e residên-cias, e muitas vezes, passam mais tempo

no trânsito, na viagem, do que em suas próprias casas.

A exposição visa o debate e a análise so-bre a arte que perdura e se torna produto final mediante a velocidade e quantidade de realizações, e os deslocamentos que têm por objetivo criar uma obra dentro de determinado contexto, artificial (uma vez que não é o atelier do próprio artista). As obras expostas apresentam características duais, como impermanência e perenidade, presença e ausência, formalização e impro-viso.

O Panorama não se limita apenas ao âm-bito dos espaços de exibição, antes, explora a estrutura do Museu, criando um encru-zamento e conexões entre obras e espaços.

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Em meio às diversas obras da exposição do

32o Panorama da Arte Bra-sileira, o artista multimídia, professor, curador e crítico de arte Ricardo Basbaum, 50, convida o visitante a en-trar no curioso e paralelo universo das vozes interi-ores. Na obra não há cores ou objetos chamativos – numa das paredes de vidro, o autor utiliza-se de ferro, tecido, espuma e diagra-ma de vinil adesivo para compor frases, reticências, traços e palavras soltas, que podem passar desapercebi-das por muitos ali.

A surpresa para o visi-tante acontece a partir do momento em que põe os fones de ouvido, apoiados sobre os bancos laranja em frente à parede e se depara com a voz do próprio Ri-cardo narrando as palavras e frases no vidro. Ouve-se “Fugir, se for preciso” repetidas vezes, no tom mais calmo e relaxante que se possa imaginar. O de-safio, então, é desvendar, através da audição, ou tato, sensações que somente a visão não pode proporcion-ar. É uma constante disputa entre os olhos, os ouvidos, o cérebro e o coração.

Se num primeiro mo-mento o conteúdo da obra pareça não fazer sentido,

Paz no Caos O paulistano Ricardo Basbaum e sua obra “Fuga para as vozes interiores / Exteriores múltiplos” nos proporciona um tempo de reflexão na exposição

quando há a profunda re-flexão, concentração no que está sendo passado, o entendimento passa a ser completo e pleno. Apesar de parecer estar em segun-do plano, quando volta-mos os olhos para a obra, a sensação que se tem é de paz, tranquilidade em meio ao caos não só da ci-dade, mas em meio ao tur-bilhão de informações das outras obras da Grande Sala. Finalmente, temos um ponto de paz e re-flexão.

Por Bruna Ferreira

Parede de vidro serve de tela para Ricardo Basbaum

A voz do artista convida a uma fuga para vozes interiores

Suza

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Tano

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Suza

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O carioca Ducha viajou 400 Km da antiga Estrada Real, registrando o trajeto no mapa com comentários bem humoradosFoto por Suzanne Tanoue

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Sobre o VazioObra formada por imagens capturadas no apar-

tamento onde o artista Alberto Bitar viveu com a família durante 5 anos

Fotos por Suzanne Tanoue

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O Museu de Arte Mod-erna – MAM recebe

durante os dias 15 de ou-tubro a 18 de dezembro a exposição Itinerários, itin-erâncias e traz cerca de 40 artistas de variados lugares do país e do exterior. Com curadoria de Cauê Alves e Cristiana Tejo, a 32ª edição mostra-se pluralista e mui-to divertida.

Uma das obras mais ro-deadas é a Sapatos So-noros, do artista Romano, da qual se explora a significativi-dade dos sons e dos passos de viajantes. O que mais se torna expressivo nesta obra é a forma como os sons são produzidos – o público participa.

Para o educador Gregório Sanches, 26, os visitantes estão com receio de partici-par, tocar e compreender as obras, pois “ainda temos aquela ideia de que arte deve ser vista e admirada pelo público.”

Em um primeiro mo-mento, a obra Sapatos So-noros pode causar certo estranhamento no público pelo modo como o trabal-ho foi produzido. Sapatil-has envolvidas por tampas de garrafas de refriger-antes, escovas com fios de alumínio, guizos, bolinhas de gude e placa de cobre formam o cenário da obra que espera um contato com seus admiradores, que muitas vezes ficam apenas tentando entender o porquê

daquilo.Para a profes-

sora Célia Re-gina, 52, a obra causa uma curi-osidade imedia-ta e faz nos lem-

brar de viagens ou desafios itinerários apenas com um rápido olhar. “No mesmo instante em que me vi ol-hando para a obra, me lem-brei de minha juventude e de todos os caminhos que fiz e de todas as lembranças e dificuldades. Estes sapa-tos são mágicos!”, brinca.

A exposição não ocupa o museu somente no âmbito

dos espaços a serem usados para exibição, mas de forma a abranger sua própria es-trutura através de conexões com um todo – obras, museu e visitantes. O resultado da exposição e a frequência de pessoas são satisfatórios. Nen-huma obra é deixada de lado, todos tem a curiosidade de tentar compreendê-la. “Como entender o significado de uma obra se não podemos penetrar no entendimento do artista?”, explica Gregório.

Pés no chãoO artista explora através do Projeto Intra-som, o significado dos sons para cada visitante

“Como entender o significado de uma obra se não

podemos penetrar no entendimento

do artista?”

Por Marina Escarminio

Sapatos sonoros podem ser utilizados pelos visitantes

Suza

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Arte de canetinha

Visitar um museu todos os dias por 6 meses pode parecer um

pouco monótono. Depois de conhecer cada obra, não são esperadas muitas mudanças a menos que esse museu seja o MAM.

Do dia 14 de julho a 11 de dezem-bro, em um corredor entre salas, uma grande parede se transforma a cada dia em uma arte diferente. O projeto Parede complementa a proposta da nova mostra Panorama uma vez que exprime a inconstância itinerante da modernidade.

Em 159 dias, 52 artistas do grupo Ca-daVer se revezam na construção dessa curiosa obra que não tem uma temáti-ca específica a não ser expor qualquer pensamento do artista usando canetas

hidrográficas, podendo ser apagados pelos próximos desenhos, modificados ou complementados. O artista expõe sua obra ao bom senso e opinião de outros profissionais e principalmente do publico. Para esses artistas, pode ser o apogeu da expressão do talento uma vez que cada impressão pode ser apagada no dia seguinte ou comple-mentada de forma a mudar seu sen-tido o que exige um desapego de cada trabalho: a arte como bem púbico e não postulada por uma assinatura. Assim que é exteriorizada, a arte passa a ser do outro, tendo, o artista, que viver com tal perda de forma a sublimar-se como “talento” e não “obra”.

Assim como exposto na mostra Pan-orama, o mundo em que vivemos faz

Projeto Parede, durante 5 meses, intercala 52 artistas todos os dias na produção de desenhos livres usando canetinha

Por Anna Maria Ercolin

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da eterna mobilidade sua doutrina, traz dinâmica a qualquer área da vida e transforma a estabilidade em um constante ir e vir de caminhos e experiências. O Projeto Parede reflete, não essa realidade em si mas como a consciência hu-mana reage a tais estímu-los: são expressões diárias das angustias, alegrias, conquistas e perdas do in-divíduo inserido nesse tur-bilhão moderno.

O grupo de artistas sele-cionado para tal experiên-cia não podia ser melhor relacionado à sua propos-

ta: CadaVer, que permite mais de uma interpretação: exprime os diferentes pon-tos de vista como únicos, como diferentes formas de ver a realidade, a arte em geral. Pode ser con-siderado também como fim definitivo da vida ou da criatividade, ou da es-sência da criação artística que depois de tantas mu-danças ao longo dos sécu-los, esgotou-se, sucumbiu. Trazendo para o contexto dos “ Itinerários, itinerân-cias”, o constante curso de mudar-se (dos indivíduos, dos artistas e das próprias criações) pode afasta-los de suas origens, daquilo que são, pelo oque vivem e assim a mutabilidade leva a cor e a vivacidade tor-nando cadáver aquilo que, fixo, talvez fosse vivo. A arte torna-se artificial por não ser veiculada e muitas vezes nem produzida onde o artista realmente reside e essa falta de norte causada pelo transito influi direta-mente na produção e con-ceito de arte de hoje.

´E indissociável o caráter filosófico do Projeto: teori-zando sobre a forma de se fazer arte; os rumos toma-dos por ela e os que ainda virão; a essência do ar-tista, da vida e do mundo porém outro, e não menos

interessante, caráter pode ser apreendido: o lúdico. Uma obra em constante mudança atrai a atenção, principalmente leiga, uma vez que sempre causará um espanto diferente. O público acompanha os processos de produção artística, de onde vem cada expressão e pode até acabar influenciando na ideia dependendo de sua receptividade ou não. As crianças também são atraídas de forma dificil-mente vista no mundo da arte uma vez que escrever na parede é a recriminação mais unânime aos peque-nos. Chegar em um museu e encontrar artistas justa-mente riscando em uma enorme parede qualquer coisa que queira riscar com suas canetinhas em punho é, no mínimo, uma quebra de tabus imensa.

Uma tela que vai do chão ao teto, de uma ala à outra; 52 pontos de vista em so-breposições irrecriminadas formando um imenso pano-rama da verdeira expressão artística que ganha forma a medida que vai sendo con-struído independentemente de seu resultado mas valori-zando a ação, o movimento, o ideal de ser único. Essa é, surpreendentemente, ape-nas uma parede de MAM.

da eterna mobilidade sua doutrina, traz dinâmica a qualquer área da vida e transforma a estabilidade em um constante ir e vir de caminhos e experiências. O Projeto Parede reflete, não essa realidade em si mas como a consciência hu-mana reage a tais estímu-los: são expressões diárias das angustias, alegrias, conquistas e perdas do in-divíduo inserido nesse tur-bilhão moderno.

O grupo de artistas sele-cionado para tal experiên-cia não podia ser melhor relacionado à sua propos-

ta: CadaVer, que permite mais de uma interpretação: exprime os diferentes pon-tos de vista como únicos, como diferentes formas de ver a realidade, a arte em geral. Pode ser con-siderado também como fim definitivo da vida ou da criatividade, ou da es-sência da criação artística que depois de tantas mu-danças ao longo dos sécu-los, esgotou-se, sucumbiu. Trazendo para o contexto dos “ Itinerários, itinerân-cias”, o constante curso de mudar-se (dos indivíduos, dos artistas e das próprias criações) pode afasta-los de suas origens, daquilo que são, pelo oque vivem e assim a mutabilidade leva a cor e a vivacidade tor-nando cadáver aquilo que, fixo, talvez fosse vivo. A arte torna-se artificial por não ser veiculada e muitas vezes nem produzida onde o artista realmente reside e essa falta de norte causada pelo transito influi direta-mente na produção e con-ceito de arte de hoje.

´E indissociável o caráter filosófico do Projeto: teori-zando sobre a forma de se fazer arte; os rumos toma-dos por ela e os que ainda virão; a essência do ar-tista, da vida e do mundo porém outro, e não menos

interessante, caráter pode ser apreendido: o lúdico. Uma obra em constante mudança atrai a atenção, principalmente leiga, uma vez que sempre causará um espanto diferente. O público acompanha os processos de produção artística, de onde vem cada expressão e pode até acabar influenciando na ideia dependendo de sua receptividade ou não. As crianças também são atraídas de forma dificil-mente vista no mundo da arte uma vez que escrever na parede é a recriminação mais unânime aos peque-nos. Chegar em um museu e encontrar artistas justa-mente riscando em uma enorme parede qualquer coisa que queira riscar com suas canetinhas em punho é, no mínimo, uma quebra de tabus imensa.

Uma tela que vai do chão ao teto, de uma ala à outra; 52 pontos de vista em so-breposições irrecriminadas formando um imenso pano-rama da verdeira expressão artística que ganha forma a medida que vai sendo con-struído independentemente de seu resultado mas valori-zando a ação, o movimento, o ideal de ser único. Essa é, surpreendentemente, ape-nas uma parede de MAM.

Por Anna Maria Ercolin

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Improvisório. Essa é uma das palavras que

pode ser lida em um dos ta-petes espalhados pela Sala Grande do Museu de Arte Moderna. Se o leitor for correndo a um dicionário procurar o significado da palavra, é necessário ad-vertir que não irá obter sucesso.

A palavra, como todas as outras, é um neologis-mo criado por Jorge Mas-

carenhas. Impressas em tapetes emborrachados e coloridos, fazem a obra “Desleitura” despertar o interesse dos visitantes.

Um pequeno aviso ao lado da obra contém in-struções convidando o público retirar os tapetes do lugar e colocar na frente da obra que consid-erar conveniente. Segun-do Gregório Sanches, no MAM há 6 meses, a função principal da obra é intera-gir com o público. Dessa

forma, a próxima pessoa que olhar a obra enxergará de forma diferente, com uma impressão registrada pelo outro.

Sanches comenta que muitos ainda possuem um certo temor em tirar as peças do lugar, várias vezes, por terem dúvida se pode ou não tocar na obra. “Normalmente poucas pes-soas pegam. É muito mais usado por grupos ou quan-do nós convidamos”, conta Sanches.

Assim como os tapetes, muita coisa em exposição no Panorama é feita para in-teração. Na hora da dúvida se pode ou não tocar, uma simples pergunta para um dos funcionários resolve o problema e convida o visi-tante a entrar mais a fundo no universo do artista.

Significados Improvisórios

Uma nova maneira de definir a arte

Tapetes espalhados pela Sala Grande bucam interação com as pessoas

Por Marina Lopes

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Da cadeira, sai a velaDo mar, nasce a espera

Do descanso, o movimentoOnde foi parar meu desloca-

mento?

No meio do trânsito,Minha nave flui, correnteza,

deus-daráVou pr’onde ela me levar

Não consigo me mexerNão consigo respirar

No ouvido, sempre a buzinaMe perdi em meio à rotina

À beira da loucuraMinha alma flui, correnteza,

deus-daráElevo meus pensamentos até

minha hora chegar

Naves Significados Improvisórios

Por Suzanne Tanoue

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Page 16: Revista Inconstâncias

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