revista fotÓgraphos | fotos sensuais

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Tema Prático FOTOS SENSUAIS FOTÓGRAPHOS 12 manifestação imagética da sen- sualidade não é tão óbvia como pode parecer. Desenvolta, a estimulação dos sentidos por esse meio tanto se exibe no retrato íntimo como na plástica de uma fotografia que mostre movimento ou no recorte preciso de uma nada sensual parte do corpo. Há quem diga que o erotismo está apenas nos olhos de quem vê. No entanto, contém muito, também, da performance corporal da modelo e da exposição intelectual do fotógrafo. Na arte-final fotográfica, os grãos do filme e os poros da pele interagem e se confundem graficamente. Pêlos e apelos A são explorados com idênticos propósitos. Os olhares do fotógrafo e do fotografado se aconchegam numa relação única de respeito e cumplicidade. Para falar de fotografia sensual e trabalhos com nu, a Fotógraphos recorre a três profissionais. Dois deles saíram de pequenas legendas de revistas masculinas,

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Page 1: revista FOTÓGRAPHOS | Fotos sensuais

Tema Prático F O T O S S E N S U A I S

FOTÓGRAPHOS • 12

manifestação imagética da sen-sualidade não é tão óbvia como pode parecer. Desenvolta, a

estimulação dos sentidos por esse meio tanto se exibe no retrato íntimo como na plástica de uma fotografia que mostre movimento ou no recorte preciso de uma nada sensual parte do corpo.

Há quem diga que o erotismo está apenas nos olhos de quem vê. No entanto, contém muito, também, da performance corporal da modelo e da exposição intelectual do fotógrafo.

Na arte-final fotográfica, os grãos do filme e os poros da pele interagem e se confundem graficamente. Pêlos e apelos

A são explorados com idênticos propósitos. Os olhares do fotógrafo e do fotografado se aconchegam numa relação única de respeito e cumplicidade.

Para falar de fotografia sensual e trabalhos com nu, a Fotógraphos recorre a três profissionais. Dois deles saíram de pequenas legendas de revistas masculinas,

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Saiba como é retratar a sensualidade feminina através

das lentes indiscretas de grandes nomes da fotografia brasileira.

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por Eduardo Oliveira

entre outras atividades, para se transfor-marem em mitos conhecidos e reconhe-cidos no mundo inteiro. Os nomes deles? JR Duran e Klaus Mitteldorf.

O terceiro talento pertence a Gui-lherme Lechat, um fotógrafo que corre por fora das tendências. Dedicando-se aos trabalhos autorais de nu há mais de

15 anos, desenvolveu pesquisas e pro-duziu um estudo sobre essa tão sedutora área da fotografia de pessoas.

Nas próximas dez páginas, você en-contrará dicas, reflexões e fotografias de três profissionais que não sucumbem a obviedades. Eles sabem como surpreen-der e têm muito a ensinar. Confira!

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Tema Prático F O T O S S E N S U A I S

Como tudo começa

JR Duran já deixou de ser um nome em fotografia. Virou marca, e das mais badaladas do país. Seja para fotos publicitárias, seja para as editoriais. Sua luz e seu estilo de fotografar pessoas refletem o requintado bom gosto e a natu-ralidade com que fixa as imagens mais belas e desejadas.

E o talento não poderia ser menor. Nascido em Barcelona, na Espanha, e acolhido pelo Brasil aos 18 anos de idade, Duran car-rega no sangue o material genético de uma família de fotógrafos. Para destacar um, ele é primo de Oriol Maspons - fotojornalista que tra-balhou em Paris, tendo contato com nomes como Brassai, Henry Cartier-Bresson, Robert Doisneau e, no retorno à Espanha, ganhou reconhecimento profissional ao colocar seu olhar sobre a fotografia de moda e publicidade do país.

Assim como o primo, Duran já disparou flashes por todas as áreas. Fotografou para vários veículos da Editora Abril, colocou seu crédito em editoriais de moda, ilustrou “sonhos”, como gosta de definir sua visão peculiar, em campanhas publicitárias. E, claro, como seria impossível não mencionar, aju-dou a escrever a história da revista Playboy com um caso de amor que já ultrapassa os 25 anos.

Alguns dos trabalhos do fo-tógrafo podem ser conferidos em livros como: As Melhores Fotos, JR Duran, 18 Fotos e Lisboa.

Grande parte dos fotógrafos de sites ou revistas masculinas atua como free-lancer. Então, o ritual é sempre o mes-mo. A pauta chega até eles quando toca o telefone do estúdio: “Cara, temos a artista X para você fotografar.” Após o contato da revista, basta agendar o en-saio, ou a viagem, marcar com a modelo e preparar tudo.

JR Duran faz questão de ter, antes, um diálogo com a profissional. Conver-sar sobre fotografia ajuda a colocar limi-tes, prever alguma iluminação, pensar em como conduzir o ensaio. Para ele, há uma relação de cumplicidade. “Ambos se expõem: o fotógrafo, intelectualmente; a modelo, fisicamente”, declara Duran.

Nessas circunstâncias, o profissional não pode ser mais um problema. Ele deve ser a solução, tem de resolver os conflitos visuais e criar uma imagem autêntica, com todos os elementos em harmonia para o espectador colocar os olhos e se sentir a sós com a beldade.

q Raquel Lechat, esposa do fotógrafo, posa na sala de sua casa. Lechat posicionou-se no alto de uma escada para conseguir este enquadramento.

p Vaca Profana é uma das fotografias mais famosas de Klaus Mittelforf. Ela foi registrada em 1998 e pertence ao acervo do Museu de Arte Moderna (MAM).

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Naturalmente sensualPara Duran, a fotografia em nada se

parece com uma caixinha de surpresas. No instante da sessão de fotos, já se pode saber qual será o resultado. A máquina fotográfica representa apenas uma das ferramentas manejadas para contar de-terminada história.

“O diferencial está no que o fotó-grafo vê, em como interpreta aquilo e no que ele faz com a luz.” Continua: “A magia é conseguir que a câmera registre uma imagem que apenas o profissional enxergue.” Por isso, Duran se diverte com a admiração das pessoas que acom-panham o ensaio e depois têm contato com as fotos impressas.

Em sua ótica, trata-se de dominar um equipamento que registre o sonho, uma visão única daquela cena, e transformar tudo numa imagem natural, que instigue a sensação de que o leitor já viveu ou pas-sou por aquilo antes.

Para transmitir essa realidade alter-nativa: “A fotografia sensual deve passar

“A magia é conseguir que a câmera registre uma imagem que apenas o profissional enxergue.” (JR Duran)

um sentimento de verdade. O leitor não pode supor que tem uma equipe de 15 pessoas atrás daquela fotografia de nu. O que tem de fazer é eliminar esses traços de interferência. Criar uma imagem que tenha verossimilhança com a vida real. Não gosto de fotografias muito produzi-das, muito surreais”, comenta Duran.

De preferência, enquadrando sen-sibilidade e originalidade à modelo. O fotógrafo Guilherme Lechat acredita que existem clichês e tendências em todas as áreas da fotografia e artes no geral. Para ele, a missão do profissional não está em fugir de tudo que já foi feito. Arriscar fica bem em certas imagens. Entretanto, é possível explorar as poses e os enqua-dramentos clássicos de uma forma bem mais particular. A partir da análise de fo-tografias, publicadas ou não, o fotógrafo atinge o seu estilo. Tanto faz trabalhar em cima de uma fórmula, aperfeiçoando e inovando aquilo que outros já fazem, ou sair pela contramão.

q Contraluz ameniza alguns detalhes do corpo. Na fotografia, aparece a modelo profissional Cris Ferrantini,

contratada especialmente para este ensaio.

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p Estação da Luz, em São Paulo, nas primeiras luzes do anoitecer. O movimento de pessoas é comum e intensifica-se após as 18 horas. Fotometria realizada com f/5.6 e 10s de exposição em ISO 100. Câmera Canon 300D com objetiva 18–55 mm.

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Detalhes

Foto: JR D

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Certas partes do corpo pro-vocam mais atenção do que outras. Algumas curvas, por exemplo, mos-tram-se tão perigosas que podem co-locar em risco até mesmo o trabalho do fotógrafo. Para Guilherme Le-chat, o grande problema de retratar a beleza pela beleza consistiria em esquecer todo o restante quando o ideal seria conseguir uma cena onde a modelo seja apenas um dos ele-mentos, mesmo que única na foto.

Luz, objetos, corpos, tudo deve estar em permanente equilíbrio para esse profissional que aguçou seu olhar fotográfico nos palcos de tea-tro. “Até mesmo uma beleza exces-siva pode destoar e colocar tudo a perder. É o que geralmente ocorre quando bonitas mulheres transfor-mam-se em personagens de fotogra-fias vulgares”, declara.

Ingrid Vilas-Noas para o olhar de JR Duran. A fotografia em P&B foi capa da revista S/N, editada por Bob Wolfenson.

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A linguagemO instante da tomada de fotos é bá-

sico: há uma modelo, um cenário e um relógio. O fotógrafo deve tirar o maior proveito daquilo que enquadra no visor, para criar a imagem mais interessante dentro do espaço de tempo disponível.

Klaus Mitteldorf acha impossível fa-zer uma premonição fiel da imagem. Se-gundo ele, dá até para planejar tudo que vai surgir na foto. O fotógrafo escolhe o cenário, imagina tudo que pode ter senti-do do lado daquela modelo. A iluminação fica para a última hora. Afinal, é preciso estudar o dia, as nuvens, o espaço. Mas dali em diante, a fotografia segue até uma seqüência de rápidas experimentações.

“A melhor foto é sem-pre a que nunca es-

pero fazer”, define Klaus. O olhar

com o qual vai traba-

lhar a situação aparece apenas durante os cliques. Especialmente em seu caso, que não gosta de usar tripés. Ele se deita no chão, sobe em algo, procura alguma coi-sa para desfocar ou deixar imprecisa ao fundo. Quem sabe, até mesmo à frente, não existem regras. Depende da com-posição, do “grafismo” e do local que o fotógrafo escolhe para a foto.

Já na visão de Duran, o fascínio está em dirigir gente. Como ele mesmo es-clarece: “Tentar colocar o espírito de-las dentro da fotografia. Firmar uma cumplicidade com as modelos. Seja top models conhecidíssimas seja pessoas co-muns, como uma família, por exemplo, para uma foto de publicidade”, relata.

Para ser cúmplice, o fotógrafo pre-cisa colocar limites em suas idéias. Du-ran não faz nenhuma imposição, pelo contrário, ouve todas as partes e confes-sa não ter problema com nada. Isso em relação a lugares, situações e horários para a tomada de fotos. “Uma boa foto-

grafia pode ser feita tanto com a luz dura do meio-dia, como com a

luz noturna. Sempre ouço o que as pessoas querem,

nunca forcei nin-guém a nada.”

Klaus Mitteldorf ou “el fotó-grafo de las m u j e r e s ” , como foi evo- cado durante uma passa-

gem pelo Chile, trabalha com fo-tografia há 35 anos e desfruta de reconhecimento internacional.

O site (www.klausmitteldorf.com) é campeão de acessos, fato que rende ao fotógrafo um fã-clube de entusiastas hiperativos que dispa-ram e-mails, querem falar com ele a todo custo, desenvolvem teses e apresentam trabalhos acadêmicos sobre sua arte.

Um diploma de Arquitetura ajuda a compor sua biografia cul-tural. Embora nunca tenha exer-cido a profissão, os ensinamentos do curso o ajudaram na criação de fotos para a Casa Vogue e ou-tras revistas especializadas.

Seus primeiros trabalhos acon-teceram na década de 70 e tinham como inspiração a maré que im-pulsionava as ondas da fotogra-fia de surfe. Dez anos depois, já caminhava rumo à fotografia de moda e ganhava as praias da pu-blicidade. Klaus trabalhou para agências no mundo todo, con-quistou diversas medalhas, inclu-sive a primeira colocação no Prê-mio Fundação Conrado Wessel.

Mantém um relacionamento bom com a Playboy desde 1988. Produz ensaios tanto para a pu-blicação brasileira quanto para a congênere alemã.

Atualmente, dedica-se a fo-tografia publicitária, venda de obras de arte em galerias e pro-dução de livros que, ao todo, já somam oito: Norami, Klaus Mitteldorf Photographs, Mirrors, Mermaids, Portfolio, O Último Grito, Karthasis e seu último tra-balho, Introvisão.

p O lustre, entre o corpo da modelo e as lentes da câmera, desvirtua a idéia de nu. A foto pertence a um estudo sobre vidros que o fotógrafo desenvolveu em 1988.

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Provocações KOnde estão os limites da sensualidade?

laus Mitteldorf sempre teve uma predileção especial para fugir das tendências de mercado e assinar

novas linguagens. A justificativa é simples: “Eu quero surpreender as pessoas.”

Para isso, ele pesquisa e experimenta de tudo. Desde novas máquinas e objetivas até filmes e técnicas malucas de revelação.

Agora dispara na direção do que ele classifica como Introvisão. Uma tentativa de adivinhar os sentimentos e revelar pen-samentos e anseios mais profundos. “Tento me abstrair ao máximo do que é feito, para trazer aquilo que passa em minha cabeça. A idéia é inventar visões mesmo.”

Cada livro mostra uma linguagem decorrente de alguma fase da vida dele. Todas com um ponto em comum.

“Gosto de polemizar, de sentir a rea-ção das pessoas. Aprecio o nu que busque uma reação. Mesmo que a pessoa odeie a foto, mas, para mim, ela tem de sentir alguma coisa”, relata Klaus.

A sensualidade, costuma dizer, está nos olhos de quem vê. Cada um interpreta de uma forma diferente. E há, também, uma lubricidade subjetiva. Muitas pessoas vêem erotismo em um retrato que expõe apenas um colo ou uma expressão facial mais forte. A chave pode ser “a própria figura feminina, o seu jeito de andar, se movimentar, muda de pessoa para pessoa”, declara Klaus.

Não existe, então, a necessidade de ser óbvio ou até mesmo explícito para mostrar um corpo de um modo diferente daquele que a mídia sempre acentua. O que existe, em sua opinião, é o compromisso de ser inovador, arriscar e produzir a feição de coisas diferentes.

“Se o fotógrafo conhecer os limites, ele sempre vai fazer algo de bom gosto. Para mim, a regra é criar sem agredir ninguém. Aí tudo é válido”, expõe.

Guilherme Lechat formou-se em Direito, mas se entregou à paixão f o t o g r á f i c a d e s d e a s primeiras aulas de teatro na Unicamp. O fotógrafo

registrava encenações e danças, até que recebeu o convite de uma amiga atriz para fazer um book da sua peça. Ali, 15 anos atrás, registrou seu primeiro ensaio de nu.

Lechat já passou por diversas áreas. Cobriu eventos, fez fotojornalismo, transitou por vários

setores da fotografia social. Até amarrar-se à foto de casamento, em que atua até hoje.

Como nunca clicou para revistas masculinas, o fotógrafo sempre correu por fora das tendências. Característica que lhe rendeu um estudo e material para produzir um livro, ainda não publicado.

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The Aquarium, como já entrega o título da foto, é uma imersão em sensualidade criada em 1990.

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itteldorfAndrea Oliveira contracena com os elementos do cenário em uma das primeiras

sessões de fotos que Klaus Mitteldorf produziu para as

páginas do The Girl, conteúdo on-line do portal Terra.

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e Lechat

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A hora H

“O legal é misturar luz natural com artificial.” (Guilherme Lechat)

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Boas fotografias exigem um relacio-namento produtivo entre a modelo e o fotógrafo. Duran acredita que a palavra-chave para o profissional é empatia.

A timidez inicial acontece em todo ensaio. Exige um tempo. No caso da Play-boy: “A modelo se prepara, passa por uma série de negociações, conversa com o fo-tógrafo. Mas, se mesmo assim ela estiver acanhada, eu espero. A primeira hora, o primeiro dia. Paciência!”, comenta.

O fotógrafo deve se preocupar em deixar a modelo tranqüila. Fazer com que ela se sinta segura, bela, confortável em cena. Constrangida, não conseguirá se relacionar com os outros elementos da foto, extravasar sua personalidade, trans-formar-se em símbolo de fascínio.

Para Lechat, a discrição do olhar reve-la a personalidade. “Se o profissional for uma pessoa legal e estiver ocupado apenas com o seu trabalho, tudo sairá bem. Não

há modelo que não se sinta à vontade diante de um fotógrafo sério”, alega.

O cenário também tem papel im-portante. Muitos profissionais usam lo-cações rústicas, como grandes galpões e armazéns de ferro, para criar um contras-te com a pele suave e o corpo franzino de algumas modelos de passarela.

Klaus faz o contrário. Em alguns ca-sos, ameniza uma postura mais arrojada com uma bela paisagem e uma luz poé-tica ao fundo.

O local precisa ser muito bem esco-lhido, principalmente nas tomadas exter-nas. Isso facilita a interação e evita aque-les clássicos comentários impertinentes de populares, que podem acabar com o bom humor da fotografada.

Nesse caso, as dependências de um hotel, uma fazenda ou uma praia de di-fícil acesso podem se apresentar como ótimas alternativas.

p Cris Ferrantini é tocada apenas por iluminação natural durante um workshop

promovido pelo site Louco por Fotografia. Nikon D70 com a lente do kit.

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Equipando-se

Guilherm

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laus Mitteldorf

Dicas finaisNão há uma receita pronta para pro-

duzir uma foto sensual ou fotografar modelo nua. Cada linguagem exige um equipamento diferente.

Alguns, como Duran, juram que tanto faz a máquina. Se possibilitar um trabalho de qualidade e oferecer técnica fotográfi-ca, qualquer câmera serve perfeitamente.

Geralmente é o cliente quem decide se prefere filme ou digital nos seus trabalhos publicitários. “Na Playboy, também varia muito. Em alguns ensaios, uso o digital; em outros, fico com o filme”, comenta Duran.

Klaus Mitteldorf tem outra postura. Quase não usa máquinas digitais. Recor-re ao sistema apenas quando está com o prazo apertado. “Gosto de um grau de contraste que só certos filmes e determi-nadas técnicas me dão. Nada contra o digital. Mas ele tira toda a surpresa.”

A preferência fica dividida entre uma 4,5 x 6 cm da Contax e a Pentax de 6 x 7 cm. Klaus pega a câmera de 35 mm também. Se possível, com uma película negativa ou positiva dentro.

Para iluminar, o fotógrafo tem uma quedinha por iluminação de cinema. Se-gundo ele, com luzes de 5 e 10 mil Watts, é possível equilibrar o contraste da pele nas grafias com cromo, além de desenhar o corpo das mulheres. “Eu suavizo, pinto com a luz. O legal é misturar luz natural com artificial”, declara Klaus.

Lechat tem um gosto mais convencio-nal. Ele prefere fotografar com luz con-tínua em ambientes fechados. Flash nem pensar. Quando o dia está com uma luz interessante, ele abre uma janela ou con-duz a modelo para um espaço ao ar livre. “O que é bom nunca sai de moda”, diz.

Para ter sucesso em um ensaio des-se tipo, a dica de Guilherme Lechat é começar com books e retratos simples. Assim, com material sobre gente e expe-riência para conduzir e se relacionar com os modelos, o fotógrafo pode buscar seus primeiros ensaios de nu com segurança.

O essencial é nunca perder de foco o profissionalismo ou deixar de se preocu-par com a modelo. O cenário, a ilumi-nação externa, além de outras questões, precisam ficar em segundo plano.

Portanto, para não enlouquecer logo nas primeiras tomadas de nu, aconselha-se que o fotógrafo trabalhe com alguém que já tenha contato. Pode ser uma ami-ga, namorada, prima. Com um pouco de experiência, fica mais fácil tranqüilizar a modelo e filtrar os sentimentos em prol da sua arte. Boas fotos! <

t Cris Ferrantini usa um chapéu felpudo no característico estilo russo. A fotografia foi produzida na contraluz, apenas com a iluminação que entrava pela janela de um hotel em São Paulo. Câmera Nikon D70.

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Fotos: Klaus M

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