revista fé para hoje - número 36 - ano 2012.pdf

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    Comometid o F ue foi ntregue os antos

    PARA

    HOJEF

    N036 - Mar/2012 - R$10

    MARCAS

    IGREJASAUDVEL

    9

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    Prezado leitor,

    Desde 1999 a Editora Fiel enviou mais de 600 mil cpias da revista F para

    Hoje gratuitamente para o povo de Deus em pases de fala portuguesa. Estarevista foi designada para ser uma ferramenta para ajudar a Igreja e seus lderesa crescer no conhecimento de Deus, e refletir Sua glria para as naes atravsde vidas e igrejas saudveis.

    Entretanto, j h alguns anos, tornou-se invivel a sua publicao, devido arestries de recursos necessrios sua distribuio gratuita, e, dessa forma, a

    produo da revista impressa ficou suspensa por algum tempo.

    com alegria que comunicamos aos prezados leitores o retorno da publicao darevista F para Hoje, que volta circulao com um novo projeto grfico e visual,que visa dar mais beleza e fluidez ao contedo da f que foi entregue aos santos!

    A fim de atender grande demanda de nossos leitores em todos os pases defala portuguesa, ns repensamos sua distribuio para duas edies por ano,

    que sero oferecidas atravs de uma assinatura anual ao preo de R$15,00,com frete incluso, j a partir da prxima edio. O leitor continuar a ter acessogratuito revista atravs do sitewww.editorafiel.com.br/revistafeparahoje.

    Aos interessados em assinar a revista F para Hoje, pedimos que faa o cadastroatravs do nosso endereo eletrnicowww.editorafiel.com.br/revistafeparahoje,ou pelo telefone 12 3919-9999.

    Soli Deo Gloria,

    J. R D IIIPresidente Editora Fiel

    F

    F H R$15,00 *Ligue12 3919.9999 ou acessewww.editorafiel.com.br/feparahoje

    * Assinatura anual inclui duas revistas por ano. Se voc deseja receber a revista fora do Brasil,entre em contato conosco pelo e-mail: [email protected]

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    A necessidade de igrejas saudveis

    F F ... . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . 2

    1. Pregue para os ignorantes, os duvidosos eos pecadores M D ... . . . . . . .. . . . . . . . . .. . 8

    2. O que voc sabe sobre teologia?

    M A ... . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . 12

    3. Muito prazer, evangelho

    H C C J ... . . . . . . .. . 16

    4. Um entendimento bblico da convers o

    J. L D III ... ... .. ... .. ... .. ... ... .. ... .. . 22

    5. Indo, pregai o evangelho

    T J. S F .... ... .. ... .. ... ... .. ... .. . 28

    6. Membros saudveis, ig reja unida

    L S ... . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . 34

    7. Cartilha de disc iplina eclesistica

    J L ..... ... .. ... .. ... .. ... ... .. ... .. . 38

    8. Interesse pelo discipula do e crescimento

    S L C ... . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . 46

    9. O aper feioamento dos santosG S ... . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 52

    Sumrio

    EDITOR-CHEFETiago J. Santos FilhoTRADUOFrancisco Wellington Ferreira

    REVISOMarilene PaschoalDIAGRAMAORubner DuraisPRESIDENTEJames Richard Denham III

    PRESIDENTEEMRITOJames Richard Denham Jr.REALIZAOEditora Fiel | Maro de 2012 | no36

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    a NECESSIDADE

    No que se refere histria epresena dos evanglicos noBrasil vivemos, de acordocom a frase de abertura de um famosoromance de Charles Dickens, o me-lhor dos tempos, ... o pior dos tem-

    pos, ... a primavera da esperana, ...oinverno do desespero. Presencia-seo crescimento espantoso da f evan-glica no pas, especialmente nos l-timos vinte anos. De um movimentovisto com desprezo num pas catlico,e majoritariamente rural, ainda quepresente em alguns centros urbanos

    estratgicos, atualmente os evanglicosso quase 26 milhes de fiis encontra-dos em todos os estratos sociais e emtodas as regies do pas. Os evangli-cos se fazem presentes nos meios de

    comunicao, novas editoras tm sidofundadas e centenas de livros so pu-blicados anualmente, surgiram autoresnacionais e sites e blogs de contedoevanglico propagaram-se na internet,h produo musical, envolvimento na

    esfera poltica e, seguindo a tendnciado fim da dcada de 1990 nos EstadosUnidos, h o fenmeno tipicamenteps-denominacional das mega-igrejas.

    O mais espantoso: para uma comu-nidade de f que podia vagamente tra-ar suas origens na reforma protestanteeuropeia do sculo 16, a mensagem

    daquele movimento chegou com fora.No passado a herana da reforma eracelebrada apenas como uma polmicaanticatlica. H vinte anos, a simplesmeno de vocbulos bblicos como

    SAUDVEISde

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    FRANKLINFERREIRA

    predestinao e eleio seria acom-panhada de debate tenso, recrimina-es rasas e infantis do tipo quem crem predestinao no faz misses ouno precisa orar e, at mesmo, exclu-so da igreja, do ministrio ou da de-

    nominao. Havia poucos pregadores eescritores identificados com a f refor-mada e escassa literatura traduzida so-bre os temas centrais da reforma pro-testante. Menos ainda fontes primrias como textos de Martinho Lutero eJoo Calvino, celebrados como paisfundadores de algumas das principais

    denominaes protestantes presentesno Brasil. Mas o cenrio mudou.

    Especialmente nos ltimos dezanos e seguindo uma tendncia mun-dial a f reformada foi redescober-

    ta, e seus principais temas, somente aEscritura, somente Cristo, somentea graa, somente a f e somente aDeus a glria, se tornaram divisas dasmais diferentes denominaes no Bra-sil. No somente as igrejas histricas,logicamente ligadas a tal herana, masigrejas pentecostais, carismticas e atmesmo membros e pastores de igrejasneo-pentecostais descobriram a pu-jana da herana daquele grande mo-vimento de renovao da Europa do

    sculo 16. Os principais personagensdo movimento receberam traduesnacionais, os puritanos ingleses, esco-ceses e americanos tambm ganharamtradues (no raro de edies resu-midas), e experimentou-se uma reno-vao da nfase confessional, com asprincipais confisses de f do perodo

    sendo traduzidas e redescobertas porlideranas eclesisticas diversas.

    Mas esse cenrio no deve nosiludir. Falta-nos ainda o principal: apropagao de igrejas saudveis. Porincrvel que possa parecer, carece aomovimento evanglico brasileiro, e es-

    pecialmente tradio reformada bra-sileira, igrejas que sejam modelos, quesejam de fato faris em meio s trevasque cercam nossa sociedade, cada vezmais embrutecida: totalitria, violentae amoral. E num fenmeno peculiar,quando comparado ao que acontece emoutros pases, grande parte do estmulo

    ao retorno f reformada se deu porconta da atuao de organizaes para--eclesisticas e no a partir da igrejalocal. Com exceo da Igreja Presbite-riana do Brasil, a maioria dos pastores

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    e igrejas que abraaram a mensagem dareforma no pas no comeo dos anos1990 era moldada pelo fundamenta-lismo evanglico americano dos pri-mrdios do sculo 20. Isto , vrios dospastores e igrejas que se identificaramcom a mensagem da reforma, na ver-dade, acrescentaram os cinco pontosdo calvinismo sua pregao e ensino,desconectando esses temas soteriol-gicos de todo o arcabouo da teolo-gia reformada. Ento, salvo excees

    pontuais, ao mesmo tempo em que seapresentam como reformadas, estasmesmas igrejas reproduzem o moldefundamentalista antigo: legalismo queconfunde moralidade com a palavrada salvao, rejeio e no transfor-mao da cultura, ativismo que tornao culto um servio, promoo de uma

    pregao piedosa de autoajuda, gover-no eclesistico centrado numa supostaautoridade pastoral ou em algum con-ceito humanstico de democracia, etc.Para tornar a situao um pouco mais

    complicada, estas igrejas no raro sopequenas, inexpressivas nos centros ur-banos, muitas vezes avessas a qualquerdilogo com o corpo principal evang-lico no Brasil, cultivando uma menta-

    lidade de seita sitiada, lutando contrainimigos reais e imaginrios, muitasdas vezes.

    Portanto, o grande desafio que seimpe aos pastores evanglicos, e es-pecialmente queles que se identificamcom a f reformada, trabalhar comseriedade pelo florescimento de igrejassaudveis, comunidades da Palavra e dosacramento. Esta a necessidade vital eurgente para nosso tempo. Um rpidoestudo aponta que, no passado, a fora

    da tradio reformada repousava sobreigrejas locais. J que vivemos numasociedade fortemente individualista onde, aparentemente, at mesmo osreformados ignoram ou desconhecemas implicaes prticas da teologia daaliana/pactual a nossa tendncia, oque constitui um erro melanclico,

    tratar os principais autores e pensado-res da tradio reformada como pesso-as desconectadas das comunidades def. Todos os grandes telogos que socaros tradio reformada foram an-

    tes de tudo homens da igreja, ligados comunidade visvel do povo de Deus.Alguns exemplos provam esse ponto:Agostinho se vinculou to fortementea uma comunidade que o nome da ci-

    P, ,

    ,

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    dade onde ele serviu foi ligado ao seunome. O nome de Martinho Luterofoi conectado ao da cidade do leste daAlemanha onde ele exerceu sua car-reira. O ministrio de Joo Calvino seconfunde com a histria de uma im-portante cidade sua de fala francesa. impossvel entender o puritano Ri-chard Baxter, desconectando-o de seuservio catequtico numa pequena ci-dade do interior rural da Inglaterra. E

    a lista poderia continuar. Os principaispensadores cristos eram mestres daigreja, isto , eles eram pastores, escri-tores e telogos para a igrejae perten-centesa uma comunidade local visvel.

    Ento, voltamos ao desafio: precisa-mos de igrejas saudveis. No tenho emmente igrejas grandes ou mega-igrejas apesar de que, durante a reforma, emesmo atualmente, havia e h igrejascom milhares de membros, identifica-das e patrocinando a f da reforma empases como Frana, Holanda, Sua,

    Alemanha, Inglaterra, Esccia, EstadosUnidos e Coria do Sul. O ponto cen-tral : sem levar em conta o tamanhoda comunidade, necessitamos trabalhar,com urgncia e zelo, para, debaixo da

    graa de Deus, termos igrejas saudveis.Ao mesmo tempo em que a f evang-lica cresceu espantosamente no pas,tambm cresceu ou se tornou maisevidente a superficialidade bblica econfessional. H muitos jovens sendoordenados ao ministrio sem terem lidoa Escritura toda uma nica vez na vida,e so muitos que que tem extrema di-ficuldade para expor o cristianismo b-sico: Deus, pecado, cruz, salvao, graa

    e f. Ou, que talvez at consigam ar-ticular uma razovel compreenso dostemas centrais da f, mas incapazes dearticular a base bblica dos mesmos. Asheresias neo-pentecostais tem grande

    visibilidade, ao mesmo tempo em queainda persiste um resduo do ultrapas-sado liberalismo teolgico em certoscentros. No que se refere santificao,em oposio ao melanclico e inspidolegalismo oriundo do fundamentalis-mo, parece prevalecer hoje a perniciosaheresia do antinomismo. O servio po-

    ltico dos crentes no raro servilismoaos donos do poder mundano. Aindaque escrevendo por amostragem, julgono ser necessrio ilustrar cada ponto,cabendo ao leitor checar se a situao

    O

    , , ,

    .

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    mesmo assim, e suplicando por meio daorao uma reverso dessa situao: Seeu cerrar os cus de modo que no hajachuva, ou se ordenar aos gafanhotosque consumam a terra, ou se enviar apeste entre o meu povo; se o meu povo,que se chama pelo meu nome, se humi-lhar, e orar, e me buscar, e se converterdos seus maus caminhos, ento, eu ou-virei dos cus, perdoarei os seus peca-dos e sararei a sua terra (2Cr 7.13-14).

    Portanto, necessitamos de igrejas

    saudveis. Nesse sentido, o que vemacontecendo na Igreja Batista CapitolHill, em Washington DC, nos EstadosUnidos, desde 1994, pode ser de ajudapara igrejas em busca de modelos b-blicos. Na metade daquele ano MarkDever se tornou o pastor de uma co-munidade que precisava de direo. A

    partir de sua chegada quela comuni-dade, este pastor comeou a enfatizaraquelas marcas que ele entendia que,a partir da Escritura, caracterizamuma igreja saudvel: nfase na prega-o expositiva e na teologia bblica,compreenso bblica da converso,

    da evangelizao, do ser membro deuma igreja local e da disciplina ecle-sistica, interesse por discipulado ecrescimento, pluralidade e paridadedos presbteros no guiar a igreja local.Nesse processo de tratar da sade daigreja, ele perceptivelmente descobriuque, em fins do sculo 19, na medida

    em que a igreja americana se tornouativista, preocupada com a reforma dasociedade e liderando campanhas con-tra a abstinncia de lcool e fumo, votofeminino, etc., deixou de se reformar

    teolgica e eclesiasticamente. O ativis-mo social se tornou um pobre substi-tuto para a pregao do evangelho dagraa, e a igreja se tornou no um localde celebrao e adorao, mas mera-mente um encontro de pessoas quepoderiam servir ao clero para alcanarcertos alvos sociais e polticos. Nesseprocesso, a igreja descaracterizou--se, perdendo seu lugar na sociedade.A nfase do ministrio de Dever eisso se reflete em vrios de seus livros

    j publicados no Brasil reside na re-forma da igreja, na necessidade de seter igrejas saudveis, que glorifiquema Deus. Pois so essas igrejas, radi-calmente bblicas, que sero, de fato,comunidades da reforma: Bem-aven-turados sois quando, por minha causa,vos injuriarem, e vos perseguirem, e,

    mentindo, disserem todo mal contravs. Regozijai-vos e exultai, porque grande o vosso galardo nos cus; poisassim perseguiram aos profetas que vi-veram antes de vs. Vs sois o sal daterra; ora, se o sal vier a ser inspido,como lhe restaurar o sabor? Para nada

    mais presta seno para, lanado fora,ser pisado pelos homens. Vs sois a luzdo mundo. No se pode esconder a ci-dade edificada sobre um monte; nemse acende uma candeia para coloc-ladebaixo do alqueire, mas no velador, ealumia a todos os que se encontram nacasa. Assim brilhe tambm a vossa luz

    diante dos homens, para que vejam asvossas boas obras e glorifiquem a vossoPai que est nos cus (Mt 5.11-15).So igrejas saudveis, reformadas pelaEscritura, que influenciaro a socieda-

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    de. E esse tem sido o padro histrico,seja no sculo 16 ou no sculo 18 igrejas reformadas, sociedade transfor-mada com todas as implicaes dou-trinais, eclesiais, sociais, econmicas epolticas que se seguem.

    Muitas vezes, em meio a mudanasconjunturais, experimentamos a neces-sidade de congregarmos em igrejas sau-dveis. Dietrich Bonhoeffer escreveuaos alunos do seminrio de pregadores

    da igreja confessante em Finkenwalde,

    na Pomernia, em meados de 1937: graa de Deus uma comunidade poderreunir-se neste mundo, de maneira vi-svel, em torno da Palavra de Deus edos sacramentos. Nem todos os cristoscompartilham dessa graa. As pessoaspresas, doentes, solitrias na disperso,

    que pregam o Evangelho em terraspags sozinhas. Elas sabem que a co-munho visvel graa. (...) A presenafsica de outros cristos constitui para ocristo uma fonte de alegria e fortale-cimento incomparveis. (...) Atravs dapresena fsica do irmo, o crente lou-va o Criador, Reconciliador e Salvador,

    Deus Pai, Filho e Esprito Santo. Naproximidade do irmo cristo, o preso,o doente, o cristo na dispora reco-nhece um gracioso sinal fsico da pre-sena do Deus trino. Comunidades

    crists saudveis so fundamentais emtempos de perseguio e provao. E aexperincia e a saudade de uma igrejasaudvel devem fazer parte da peregri-nao de todo cristo.

    Muitos pastores/presbteros emnosso pas tm trabalhado em seus mi-nistrios para ter igrejas saudveis. Per-severam, com humildade, sabedoria ecoragem. H grande recompensa paravocs! Que muitos outros pastores/

    presbteros cativos Sagrada Escritu-

    ra se lancem tarefa de reformar suasigrejas, trazendo seus membros paradebaixo da autoridade da santa Palavrade Deus, para que experimentemos oflorescimento de igrejas bblicas e sau-dveis em nosso pas. Pois por meiodestas igrejas que o avivamento pode

    vir, e que por meio desta renovao sepossa dizer: Feliz a nao cujo Deus o SENHOR, e o povo que ele escolheupara sua herana (Sl 33.12).

    S , E, .

    Franklin Ferreira: mestre em teologia, pas-tor batista, autor, preletor, diretor do SeminrioMartin Bucer, em So Jos dos Campos, SP.

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    Ouo frequentemente esta per-gunta: como voc aplica o tex-to em um sermo expositivo?Por trs desta pergunta pode ha-

    ver diversas suposies questionveis.O inquiridor pode estar lembrando os

    sermes expositivos que ele ouviu (oupregou) que no eram diferentes daspalestras bblicas no seminrio bemestruturados e exatos, mas demonstra-

    vam pouca urgncia piedosa e poucasabedoria pastoral. Estes sermes ex-positivos talvez tiveram pouco efeito,se houve alguma aplicao. Por outro

    lado, o inquiridor pode apenas no sa-ber como reconhecer aplicaes quan-do as ouve.

    William Perkins, o grande telogopuritano do sculo XVI, em Cambrid-

    MARCA1: PREGAOEXPOSITIVA

    ge, instruiu os pregadores a imaginaremos vrios tipos de ouvintes e pensaremnas aplicaes para cada tipo de ouvin-te pecadores endurecidos, duvidososquestionadores, santos fatigados, jo-

    vens entusiastas e assim por diante.

    O conselho de Perkins muitoproveitoso, mas felizmente j fazemosisso. Quero abordar o tema da aplica-o de maneira diferente: no somen-te h tipos diferentes de ouvintes, htambm tipos diferentes de aplicao.Quando tomamos uma passagem daPalavra de Deus e a explicamos de

    modo claro e constrangedor, com sen-timento de urgncia, h pelo menostrs diferentes tipos de aplicao querefletem trs diferentes tipos de pro-blema que enfrentamos na peregri-

    PREGUEIGNORANTES, os

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    nao crist. Primeiramente, lutamoscom a praga da ignorncia. Em segun-do, lutamos com a dvida, mais fre-quentemente do que a princpio com-preendemos. Em terceiro, lutamostambm com o pecado ou em atos

    de desobedincia direta, ou em negli-gncia pecaminosa. Como pregadores,anelamos ver mudanas em todas astrs maneiras, tanto em ns mesmoscomo em nossos ouvintes, toda vezque pregamos a Palavra de Deus. E to-dos os trs problemas fazem surgir umtipo diferente de aplicao legtima.

    IGNORNCIA

    Ignorncia o problema funda-mental em um mundo cado. Ns nos

    afastamos de Deus; nos separamos dacomunho direta com o nosso Cria-dor. No surpreendente que infor-mar as pessoas da verdade sobre Deus, em si mesmo, um poderoso tipo deaplicao do qual necessitamos de-sesperadamente.

    Isto no uma desculpa para ser-mes frios e sem paixo. Posso sentir--me to estimulado (e mais) por afir-maes indicativas quanto por man-damentos imperativos. Os manda-

    mentos do evangelho de arrepender-see crer no significam nada sem as afir-maes indicativas a respeito de Deus,de ns mesmos e de Cristo. Informa-o vital. Somos chamados a ensinara verdade e a proclamar uma mensa-gem importante sobre Deus. Que-remos que as pessoas ouam nossas

    mensagens para deixarem a ignornciae serem aptas a conhecer a verdade.Esse informar sincero aplicao.

    DVIDA

    Dvida diferente de ignorncia.

    Na questo dvida, pegamos idiasou verdades que nos so familiares eas questionamos. Esse tipo de questio-namento no raro entre cristos. Defato, dvidapode ser um dos problemasmais importantes a serem exploradoscom prudncia e totalmente desafiadosem nossa pregao. Abordar dvidas

    no algo que um pregador faz comno crentes tendo em vista um poucode apologtica antes da converso. Al-gumas pessoas que ouvem nossos ser-mes semana aps semana podem sa-

    DUVIDOSOS

    MARKDEVER

    para os

    e osPECADORES

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    ber bem todos os fatos que o pregadormenciona sobre Cristo, Deus ou On-simo; mas elas podem muito bem estarlutando com dvidas e perguntando asi mesmas se creem realmente que taisfatos so verdadeiros. s vezes, as pes-soas podem nem estar cientes de suasdvidas, quanto menos ser capazes deafirm-las como dvidas.

    No entanto, quando comeamosa considerar as Escrituras de modoperscrutador, descobrimos a existn-

    cia de dvidas, incertezas e hesitaes,todas as quais nos deixam cnsciosdo poder das dvidas para nos afastardo caminho fiel dos peregrinos. Paraessas pessoas talvez para essa partede nosso prprio corao queremosargumentar em favor da veracidade daPalavra de Deus e insistir na impor-

    tncia de crer nela. Somos chamadosa instar os ouvintes a confiar na vera-cidade da Palavra de Deus. Queremosque as pessoas que ouvem nossas men-sagens abandonem a dvida e creiamde todo o corao na verdade. Essapregao urgente e perscrutadora da

    verdade aplicao.

    PECADO

    O pecado , tambm, um proble-ma neste mundo cado. Ignorncia edvida podem ser, elas mesmas, peca-dos especficos, o resultado de pecados

    especficos, ou nenhuma dessas coisas.Entretanto, o pecado , certamente,mais do que negligncia ou dvida.

    Assegure-se de que os ouvintes deseus sermes lutaram com a desobedi-

    ncia a Deus na semana passada e quecertamente lutaro com o desobede-cer-lhe na semana que esto iniciando.Os pecados podem ser vrios. Algunssero desobedincia de ao; outrossero desobedincia de omisso. Mas,por comisso ou por omisso, os peca-dos so desobedincia a Deus.

    Parte da pregao tem o propsitode desafiar o povo de Deus santida-de de vida que refletir a santidade doprprio Deus. Portanto, parte da apli-

    cao da passagem das Escrituras con-siste em apresentar as implicaes dapassagem bblica para as nossas aesnesta semana. Como pregadores, so-mos chamados a exortar o povo deDeus obedincia sua Palavra. De-sejamos que nossos ouvintes mudemda desobedincia pecaminosa para a

    obedincia alegre e feliz a Deus, deacordo com sua vontade revelada emsua Palavra. Essa exortao obedin-cia aplicao.

    O EVANGELHO

    A principal mensagem que preci-samos aplicar sempre que pregamos o evangelho. Algumas pessoas noconhecem ainda as boas novas de Je-sus Cristo. E algumas delas podem es-tar ouvindo a sua pregao por algumtempo distradas, sonolentas, diva-gando ou no prestando ateno de

    alguma outra maneira. Elas precisamser informadas do evangelho. Preci-sam saber do evangelho.

    Outras podem ter ouvido, enten-dido e, talvez, aceitado a verdade, mas

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    agora esto lutando com dvidas sobreos assuntos que voc est abordandoem sua mensagem. Essas pessoas pre-cisam ser exortadas a crer na verdadedas boas novas de Cristo.

    Alm disso, pessoas podem terouvido e entendido, mas ainda demo-ram a se arrepender de seus pecados.Podem at aceitar a verdade da men-sagem do evangelho, mas no queremabandonar seus pecados e crer em

    Cristo. Para esses ouvintes, a aplica-

    o mais poderosa que voc pode fazer exort-los a odiar seus pecados e a vira Cristo. Em todos os nossos sermes,devemos procurar aplicar o evangelhopor informar, instar e exortar.

    Um desafio comum que ns, pre-gadores, enfrentamos em aplicar a

    Palavra de Deus, em nossos sermes, que as pessoas que experimentamproblemas em uma rea proeminentepensam que voc no est aplicandoas Escrituras em sua pregao porqueno est abordando o problema es-pecfico delas. Elas esto certas? Nonecessariamente. Enquanto a sua pre-

    gao pode melhorar se voc comeara abordar toda categoria de problemasmais frequente e abrangentemente,no errado voc pregar para aquelesque precisam ser informados ou que

    precisam ser exortados a abandonar opecado, embora a pessoa para a qual

    voc prega no esteja ciente dessa ne-cessidade.

    Uma nota final. Provrbios 23.12diz: Aplica o corao ao ensino e osouvidos s palavras do conhecimento.Em algumas tradues da Bblia, pare-ce que a palavra aplicar quase sempre(talvez sempre?) no tem referncia obra do pregador (como nos ensina a

    homiltica), nem mesmo obra do Es-

    prito Santo (como nos ensina a teolo-gia sistemtica), e sim obra daqueleque ouve a Palavra de Deus. Somoschamados a aplicar a Palavra ao nos-so prprio corao e a aplicar-nos, nsmesmos, a essa obra.

    Essa, talvez, seja a aplicao mais

    importante que poderemos fazer noprximo domingo para o benefcio detodo o povo de Deus.

    ,

    .

    Mark Dever: doutor em teologia, pastor da Igre-ja Batista Capitol Hill em Washington D.C, EUA,fundador do ministrio 9 Marcas, autor e preletor.

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    Vamos fazer algumas afirmaessobre Teologia!Talvez a primeira delas devaser a seguinte: todos fazem teologia. inescapvel. Seja profissionalmente, nomeio acadmico, seja no banco da igre-

    ja. Pode ser com seriedade ou com umtom de indiferena tanto faz. Quandoalgum diz Deus no existe! ou Deus amor e no vai punir ningum, eterna-mente! est fazendo teologia. comopoltica no d para no se envolver,pois quando voc diz que no se envolve,pronto, acabou de expressar uma posio

    poltica... Da, a questo, ento, no sevoc vai pensar teologicamente ou no,mas se a qualidade do seu pensar teol-gico ser boa ou ruim.

    Uma segunda questo pode ser co-

    MARCA2: TEOLOGIAB BLICA

    locada assim: fazer teologia no dizero que se quer sobre Deus, sem qualquerparmetro, expressando apenas o que sedeseja ou o que se gostaria que fosse ver-dade. No, pelo menos, se houver algumgrau de seriedade. Todos fazem teologia

    porque, diante de uma pergunta maissria, expressaro uma opinio tambmminimamente sria. Mas a simples in-terjeio Meu Deus! ou a frase indig-nada ante o sofrimento humano, porexemplo, no , necessariamente, pen-sar teolgico: nem todos os que gritamDeus do Cu! acreditam na existncia

    dEle.Devo dizer aqui que a tenso entre

    essas duas coisas, muitas vezes, confere teologia um carter irrelevante. Issoporque, de um lado, no se pode evitar

    VOCsobre

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    a Palavra de Deus admitem, ento,que o Criador agiu e falou na histria.E que fez esses atos e palavras seremregistrados e preservados. Posso colocarde outra forma: as Escrituras no so,primariamente, o produto da experin-cia religiosa ou da interpretao desteou daquele grupo social embora possaenvolver tais coisas. A Palavra de Deusno o que sobra depois que decidimosse o ambiente cultural de determinadoprofeta, apstolo ou comunidade ou

    no relevante para nossa situao.A Palavra de Deus o resultado da

    ao intencional de Deus em falar de simesmo e de sua Criao. Assim, se ver-dade que faz toda a diferena o que vocpensa sobre Deus, faz toda a diferena,tambm, o modo como voc v as Es-crituras. Se confiarmos no relato que as

    Escrituras nos do sobre o Criador, che-garemos a certas concluses; se a fonteprimria de nossa teologia for nossa in-tuio, nosso desejo ou nossas prefern-cias, chegaremos a concluses substan-cialmente diferentes sobre quem Deus .

    A Bblia nos apresenta Deus tanto

    em proposies diretas como em hist-rias de seu relacionamento com os serescriados. No temos diante de ns um li-vro de enigmas a serem decifrados, masde instruo vitalizada por ricas imagenshistricas, ocorridas na realidade.

    E isso faz toda a diferena!Indo alm: se pinarmos, nossa

    predileo, textos ou pores bblicasenquanto desprezamos sua totalidade,seremos afetados em nossa imagem finalde Deus.

    Assim, se Deus o Criador de todas

    as coisas e as sustenta e governa, comoisso nos afeta? Se ele bom, se justo, ouse moralmente neutro, o que isso tema ver com nossa forma de ver o mundo?Se ele fiel e mantm seus juramentose promessas, ou se criou o mundo e foicuidar de outra coisa deixando o restoa nosso encargo, o que isso faz de ns?Se Deus soberano e tem controle sobretudo o que criou ou se ele s intervmem certas coisas, como participamos nsdessa situao? Ser Ele o padro pelo

    qual tudo e todos sero medidos, ousomos ns esse padro? Ou, ainda, serque Ele estabeleceu algum padro? E seestabeleceu, ns o preenchemos? Se no,h alguma soluo? Do ponto de vistado Criador, seremos ns seres bons, neu-tros ou maus? Precisamos de salvao ous de alguns ajustes? Se precisamos de

    salvao, em que ela realmente consiste?Faz ou no faz diferena o modo

    como respondemos a essas perguntas?Quando lemos a Bblia como reve-

    lao do Criador e em sua totalidade,descobrimos um Deus que soberanoe governa tudo o que criou, sendo Ele

    mesmo o Criador de todas as coisas. Ve-mos ali um Deus justo e bom e que, porisso mesmo, s pode aprovar aquilo quereflete a si mesmo. Desse modo, num atode amor, criou todas as coisas para re-fletirem e usufrurem sua prpria glria.Havendo suas criaturas, num ato de re-belio, rejeitado toda essa bondade, Ele

    no as abandonou, mas providenciou,em si mesmo e amorosamente, um meiode resgat-las, enquanto preserva suaintegridade santa e justa. Isso aconteceuem Jesus Cristo, Deus-Homem, que, es-

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    pontaneamente, toma sobre si naturezahumana, morre em lugar dos pecadores,ressuscita para dar-lhes vida e ordena apregao desses acontecimentos a todo omundo. queles que crem nessa men-sagem, Deus lhes garante o perdo dospecados, a justia de Cristo, a condiode filhos, a habitao de seu santo Es-prito, sua amizade e direo a cada diae a comunho com Ele na bem-aventu-rana eterna. A isso a Bblia chama deevangelho boas novas.

    Faz ou no faz diferena se cremosnessas coisas ou no?

    Deixe-me terminar com uma refle-xo: no Brasil, infelizmente, d-se poucaimportncia questo das fontes pri-

    mrias. At bem pouco tempo, poucostinham acesso aos escritos originais demuitos autores. Lamos o que outrosescreviam sobre o que algum havia es-crito antes. Mesmo os crentes sofreramesse envolvimento cultural de modoque, para muitos de ns, mais fcil lero que dizem sobre a Bblia do que ler a

    prpria Bblia. Por outro lado, principal-mente nos ltimos anos, passou-se a darimportncia capital opinio individu-al. Ou, para ser mais preciso, eu deveriadizer que se passou a dar muita impor-

    tncia expresso, manifestao dessaopinio. Voc j ouviu algum declararque o estudo da escola dominical foimuito bom e, quando voc perguntou arazo, a resposta foi algo do tipo porquetodos falaram!?

    Certamente ouvir o que os outrostm a dizer muito importante. Certa-mente faz parte do prprio processo decrescimento a troca de ideias e opinies.Mas a simples apresentao do que cadaum pensa ou deseja sobre alguma ques-

    to no implica, necessariamente,em crescimento. E isso aindamais importante quando o as-sunto Deus! Um nmero incri-velmente grande de cristos pre-fere absorver sem muita reflexoo que outros dizem sobre Deus,sem se importar em verificar se as

    coisas so mesmo como apresen-tadas. Muitos aceitam crticas e

    anlises cientficas sobre a Bblia, semquestionar, aceitando a autoridade des-te ou daquele professor numa atitudea que chamo de credulidade acadmi-ca. Deus no nos chamou para sermos

    crdulos, mas crentes! Jesus Cristo nosensina o dever de amar a Deus com oentendimento.

    Assim, permita-me finalizar dei-xando-o com essa importante questo:qual o grau de seriedade do seu pensarteolgico?

    D , J C

    D .

    Mauricio Andrade: Graduado em teologia, pastor da Primeira Igreja Batista Bblica da Ti-

    juca, RJ, professor, articulista e preletor.

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    comum no darmos crditoa pessoas que dizem torcerpara um determinado timede futebol mas que no sabem quan-do ele vai jogar, quais os principais

    jogadores ou em que posio estno campeonato. Gente assim pare-ce assumir um time apenas para noficar de fora da cultura futebolsti-ca de nosso pas. Semelhantemente,h muitos que se dizem evanglicos,

    mas que no conhecem a essnciada boa nova, nem sabem distinguirfalsos evangelhos presentes no m-bito eclesistico. Gente assim parecedesejar fazer parte da cultura evan-

    MARCA3: O EVANGELHO

    glica (as razes so diversas) sem,contudo, conhecer o evangelho.

    Essa uma triste constatao.Porm, de forma geral ela no nosafeta porque j estamos anestesiadospela multiplicidade de pseudo igre-

    jas crists em nosso pas. Julgo euque essa tristeza s internalizadaquando percebemos que h conside-rvel desentendimento do que sejaevangelho at entre membros de

    igrejas supostamente bblicas, quezelam por pregao e ensino, que vi-sam a glria de Deus.1

    Por que isso acontece? Em parte,porque o evangelho contraintuitivo.

    EVANGELHO

    MUITOPRAZER

    ,

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    Ele no brota naturalmente emnosso modo de pensar. Por isso, oevangelho no pode ser uma mensa-gem para se ouvir apenas uma vez,apenas para se converter a Cristo.

    Transmitimos essa noo ao falar-mos de uma pregao como sendoevangelstica, isto , voltada paraaquele que desconhece a salvao emCristo. Em outras palavras, a mensa-gem do evangelho parece ser aquela

    voltada para o descrente. Porm, seo evangelho para o descrente, oque pastores pregam todo domingoaos membros da igreja? Deveria sero evangelho, mas nem sempre o .

    Por isso, acredito que cada gerao,inmeras vezes, precisa redescobrir oevangelho, resgatar o cerne das boasnovas de Cristo Jesus. O evangelho para os cristos tambm, afirmaMichael Horton. Necessitamos serevangelizados todas as semanas.2

    O desentendimento em relaoao evangelho to grande que MarkDever, em seu livro Nove Marcas de

    uma Igreja Saudvel (Editora Fiel,2007), gasta boa parte do captulosobre evangelho explicando o queele no . Primeiramente, ele afirmaque as boas novas no so apenasque tudo est bem conosco. Numtempo em que pessoas so encora-

    jadas a se aceitarem como elas so,a Bblia afirma que elas no podemgostar de quem elas so enquantopecadoras. No somente nos senti-mos culpados, somos realmente cul-pados diante dele. No temos apenasconflito em nosso ntimo,

    estamosem

    conflito com Deus.3As boas novasde Jesus devem despertar o nosso in-teresse por perdo e transformaoconstantes, alm de esperana deum porvir sem pecado. Em segundolugar, as boas novas no so apenas

    que Deus amor e que Jesus querser nosso amigo. A falta de equil-brio est em transmitir a ideia deque Deus espera que ns iniciemosum relacionamento com ele. Deus

    HEBERCARLOSDECAMPOSJR

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    no espera por nossa iniciativa, elej iniciou a busca de nos aproximardele. Para isso, ele precisa superar asbarreiras do pecado por causa de sua

    prpria santidade. Deus quer-nosperto dele, mas o custo altssimo,pois envolve a humilhao de seu Fi-lho. Em terceiro lugar, as boas novasno so apenas que ns devemos vi-

    ver corretamente. Se dissermos queo evangelho ajuda-nos a ser pessoasmelhores, vamos comunicar errone-amente que se trata de um aditivo minha presente busca por algo me-lhor. O evangelho no algo a seracrescido sua vida. O evangelhorequer renncia arrependimento e

    f a disposio de nascer de novo,

    comear do zero, abandonar todatentativa prvia de uma vida honro-

    sa, honesta e feliz (Joo 3.1-21).4

    O evangelho realmente con-traintuitivo. Os mpios at enxer-gam a Queda, mas no a Redeno.Isso pode ser confirmado por exem-

    plos que vo do erudito ao popular.O jornalista britnico Henry Fair-lie escreve de forma muito perspi-caz sobre os pecados da sociedade

    atual (he Seven Deadly Sins oday,1978), sem possuir um referencialcristo para resolver esse problema.O educador baiano Antnio Bar-reto escreveu literatura de cordelcriticando severamente a banalida-de do programa Big Brother Brasil,mas propondo mais educao parasolucionar os problemas sociais denosso pas. Ambos fazem boa an-lise dos efeitos da Queda na socie-dade, mas no conseguem enxergara redeno em Cristo Jesus. Eles at

    possuem modelos de redeno, as-

    piraes de solucionar os problemasdo mundo, mas que no incluem

    Jesus. Iluminao moral e espiritual aceita sem dificuldades, mas re-deno por uma operao somentedivina uma proposta escandalo-sa. Por isso, o evangelho notcia,

    A J

    ,

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    novidade totalmente desconhecidaentre os homens.

    O evangelho desconhecidoat de muitos crentes, como mostra

    Michael Horton em seu livro Cris-tianismo sem Cristo. Focamos maisem o que faria Jesus? ao invs deo que fez Jesus? Cristo vistomais como exemplo do que comoSalvador. Gostamos de mensagens

    prticas (vem de prxis, apontan-do para o que devemos fazer) ondeo sofrimento de Jesus no Getsma-

    ni relacionado s nossas lutas di-rias, como se o sofrimento vicriode Cristo fosse experimentado porns s que em grau menor. Ns nosacostumamos com pregaes mora-listas. Crentes esperam o momento

    da mensagem em que ns lhes di-remos o que fazer para melhorar avida espiritual, a vida familiar, oucomo causar impacto na sociedade.Pastores e telogos estudam ardu-

    amente como tornar a igreja rele-vante para o mundo real. Queremosparticipar da Missio Dei remindo acultura, transformando o mundo.

    Mensagens para jovens falam maisdo nosso compromisso com Deus doque do compromisso dele conosco.Cantamos mais msicas que falamde nossa entrega a Deus do que dosacrifcio de Cristo. Quantas vezes

    no departamento infantil da Esco-la Bblia Dominical, somos treina-dos a terminar a aula ensinando os

    alunos a fazer algo (obras), antes doque crer em algo (f). Na educaode filhos, tambm somos prontos emdar ordens (obedecer os pais, respei-tar os mais velhos, ser educado nacasa dos outros), mas nem sempre

    ensinamos nossos filhos a responderbem quando erram. Nossos pequeni-nos precisam aprender o evangelho.Precisamos aprender com o nossoPai celestial que filhos so encoraja-

    I , .

    P , ,

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    dos com promessas, com perdo, nocom linha dura.

    Horton resume toda essa ten-dncia moderna assim: Grande

    parte de nosso ministrio, hoje, lei

    sem evangelho, exortao sem not-cias, instrues sem anncio, obrassem credos, com a nfase em o que

    teria feito Jesus? em lugar de o quefez Jesus?.5Horton no est dizen-do que no podemos ensinar a lei,os mandamentos de Deus. A lei fazparte da revelao divina. Porm, eleest destacando a necessidade deses-peradora de ouvirmos o evangelho

    para cumprirmos a lei.6Ele diz queprecisamos de um evangelho queseja suficiente para salvar at mes-mo os cristos infiis. No podemosdeixar de valorizar o evangelho. Ele sempre um anncio surpreenden-

    te que infla nossas velas com f parauma vida ativa de boas obras.7 Oevangelho essencialmente uma no-tcia, uma histria que precisamosouvir de novo, e de novo. No

    toa que devemos celebrar a Ceia doSenhor regularmente. A Ceia traz oevangelho aos nossos sentidos, elanos permite provar e ver que o Se-

    nhor bom.

    O evangelho a preciosa joia(Ef 3.8) com mltiplas facetas, mascom um nico esplendor. Suas vrias

    facetas podem ser vistas na diversi-dade de analogias para descrever asddivas divinas. O apstolo Paulousa linguagem jurdica (justificao),comercial (redeno), religiosa (pro-piciao), relacional (reconciliao)e militar (triunfo) para tentar ex-

    plicar a paz (Ef 6.15), a vida (2 Tm1.10), a esperana (Cl 1.23) o poder(Rm 1.16; 1 Ts 1.5) e a glria (2 Ts2.14; 1 Tm 1.11) que obtivemos noevangelho de Jesus Cristo, morto eressurreto. Todavia, todas essas ddi-

    vas visam um nico fim. John Piperdestaca bem a principal ddiva doevangelho: Propiciao, redeno,perdo, imputao, santificao, li-bertao, cura, cu nenhuma des-

    A C ,

    S

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    tas coisas boa-nova exceto por umanica razo: elas nos trazem a Deus,para nosso eterno desfrute dele.8Deus o grande presente. O prazer

    maior dos fiis sempre foi o de con-templar a Deus. Moiss (Ex 33.18),Davi (Sl 27.4, 8; Sl 63.1-2), Jeremias(Lm 3.24), Paulo (Fp 3.8) almeja-ram isso mais do que tudo. Esse oalvo final de todo remido (Ap 21.3,22-23; 22.3-5). Ouvir o evangelho ter jbilo constante por enxergar aglria de Deus na face de Cristo (2Co 4.6).

    Portanto, comecemos do zero.Volte-se s Escrituras e oua a redes-coberta: Muito prazer, Evangelho.

    1. Greg Gilbert cita algumas definies de evange-lho que divergem muito entre si, de autores quevo desde o mais evangelical, passando pela preo-cupao com revoluo social, at uma mensagemmoralista tpica de liberais. GILBERT, Greg. Oque o Evangelho?(So Jos dos Campos: Fiel,2010), p. 25-28.

    2. HORTON, Michael. Cristianismo sem Cristo:O evangelho alternativo da igreja atual (So Paulo:

    Cultura Crist, 2010), p. 103.

    3. DEVER, Mark. Nove Marcas de uma Igreja Sau-dvel(So Jos dos Campos: Fiel, 2007), p. 87.

    4. Greg Gilbert sugere outros trs conceitos bblicosque no podem ser confundidos com o evangelho:

    (1) a afirmao de que Jesus Senhor, pois aoassumir o posto de Senhor que h de nos julgar anotcia no boa se ele tambm no for Salvador;(2) os quatro pilares da histria da redeno (cria-o-queda-redeno-consumao), pois o esbooamplo que no especifica o como da redeno

    deixa pecadores ainda perdidos; (3) a transforma-o cultural como grande misso da igreja, pois aexpectativa de mudana do mundo moralista ese assemelha esperana de mpios. O ponto deGilbert que esses trs conceitos so verdadeiros,mas no so a essncia do evangelho, que a cruz.Sem a cruz no h boa-nova. GILBERT, O que o Evangelho?, p. 137-150.

    5. HORTON, Cristianismo sem Cristo, p. 89.

    6. No somos chamados para viver o evangelho,mas para crer no evangelho e para seguir a leimediante a misericrdia de Deus. HORTON,Cristianismo sem Cristo, p. 103. Entretanto,entender o lugar da lei e do evangelho em nossapregao sempre um desafio, um equilbrio querequer ateno redobrada. Ernest Kevan verbalizaesse problema assim: H uma perfeita harmoniaentre a graa salvadora de Deus e as boas obras docrente, mas a exposio desta harmonia constituium dos problemas da teologia crist. No fcilinsistir na graa de Deus sem dar algum tipo defundamento acusao de que a doutrina licen-ciosa ou antinomiana; tambm no fcil afirmar anecessidade das boas obras sem provocar o clamorde que a graa de Deus est sendo destruda.KEVAN, Ernest.A Lei Moral(So Paulo: OsPuritanos, 2000), p. 28.

    7. HORTON, Cristianismo sem Cristo, p. 100.

    8. PIPER, John. Deus o Evangelho(So Jos dosCampos: Fiel, 2006), p. 50.

    Heber Carlos de Campos Jr.: Doutor em Teolo-gia Histrica, Capelo da Universidade Presbite-riana Mackenzie, autor e preletor.

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    Uma coisa que toda igreja cristprecisa ter um entendimen-to, uma experincia, do pr-prio evangelho. importante ressaltarque antes e acima de tudo o evangelho sobre Deus. sobre Cristo. sobre o

    que Deus fez, o que Cristo fez por ns.Mas o evangelho exige uma res-posta, e a resposta uma resposta de fe arrependimento. E converso outramaneira de definir esta resposta de f mensagem da chamada de Deus noevangelho e sua obra de regenerao.

    Uma igreja local saudvel, uma co-

    munidade de cristos saudvel, carac-terizada por um entendimento e umaexperincia da poderosa obra de con-verso realizada pelo Esprito Santo.Uma igreja local saudvel entende que

    MARCA4: CONVERSO

    somente Deus pode mudar o coraohumano; que somente Deus pode criarmudana profunda em lugares profun-dos onde nenhum ser humano podepenetrar; e que, quando Deus mudao corao humano, o corao humano

    responde com confiana em Deus, comarrependimento do pecado. E h, jun-tamente com o arrependimento, umatransformao de vida, de modo queaqueles que esto ao redor podem vera nova obra que Deus est operandono corao daquele homem, mulher,rapaz e moa que foi convertido. E

    isso torna a igreja diferente do mundo,separada do mundo.

    O que torna a igreja diferente domundo? H muitas respostas corretaspara essa pergunta, mas uma das coisas

    UmENTENDIMENTO

    daCONVERSO

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    que torna a igreja diferente do mundo que na igreja Deus realiza a obra donovo nascimento no corao de todosos que so verdadeiros crentes, paraque eles tenham uma nova confianae um novo desejo. Quero mostrar trs

    coisas: o novo corao, a nova confian-a e o novo desejo. As passagens queexaminaremos so Salmos 51 e Joo 3.

    1. O ESPRITO SANTO TEM DEOPERAR PRIMEIRO EM NOSSOCORAO

    Primeiramente, observe em Sal-

    mos 51: Davi ressaltou que desejava

    que Deus operasse nas partes mais

    ntimas de seu ser. No versculo 10,ele disse: Cria em mim, Deus, um

    corao puro. Ele no disse: Senhor,ajuda-me a criar, em mim mesmo, umcorao puro. Davi no disse: Senhor,d-me os cinco passos que preciso to-mar para criar um corao puro. Eleno disse: Diga-me as duas coisas queeu preciso fazer antes de poder mudaro meu prprio corao. Ele disse: Se-nhor, crie em mim, voc mesmo, umcorao puro.

    E observe que Jesus disse a mesmacoisa a Nicodemos: Nicodemos, dei-

    xe-me, amigo, explicar algo! Voc nopode nem mesmo ver o reino de Deus,quanto menos entend-lo, respondera ele corretamente, fazer parte dele eensin-lo. Voc no pode nem mesmover o reino de Deus se no nascer denovo. Em outras palavras, tanto Daviquanto Jesus estavam enfatizando que

    a mudana profunda tem de acontecerno corao de toda pessoa homem,mulher, rapaz e moa neste mundo,porque estamos presos nos laos dopecado, nas trevas de iniquidade; essamudana que tem de acontecer emnosso corao no algo que o ser hu-

    mano tem o poder de realizar. Eu notenho o poder de realiz-la em voc;voc no tem o poder de realiz-la emmim.

    Alis, isso no muito diferente dotipo de coisa mascateada tanto na espi-ritualidade secular como na espiritua-lidade religiosa de nossos dias, que lhe

    do os passos que voc precisa tomarpara fazer aquela dramtica mudanainterior? No, somente Deus pode fa-zer isso. Foi exatamente isso que Davidisse: Senhor, tu tens de criar em mim

    J. L IGONDUNCANIII

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    um corao puro. Jesus disse a Nico-demos: A menos que o Esprito faavoc nascer de Deus, do alto, nascer denovo... a menos que o Esprito lhe d onovo nascimento, voc no pode ver oreino de Deus. to importante queentendamos isso, porque a mudana qual chamamos as pessoas, a chamadado evangelho que estamos transmitin-do a todas as pessoas, no uma cha-mada que podemos realizar por meiode qualquer coisa que fazemos. Temos

    de ser fiis em falar a verdade para osnossos amigos; temos de ser fiis emproclamar o evangelho e chamar ho-mens, mulheres, moas e rapazes fe ao arrependimento em Jesus Cristo.Todavia, no podemos criar no coraodeles as condies para que respondam chamada do evangelho. Isso obra do

    Esprito Santo. E to importante que

    entendamos esta verdade, porque, ementend-la, ela nos recordar a gran-deza da graa de Deus para conosco...a diferena entre ns e o mundo noest no fato de que somos mais esper-tos do que eles: Ns entendemos, eles

    no... e sim no fato de que Deus fezuma obra em nosso corao para nosmostrar nosso pecado, para nos mos-trar nossa necessidade. Ele abriu nos-sos olhos e nos atraiu a Si mesmo.

    A obra de regenerao, que iniciatodos os elementos da converso, obra de Deus. No podemos faz-la.Essa a razo por que to importantedeixar claro que, no importando quofiis sejamos em compartilhar o evan-gelho, esse compartilhar o evangelhono pode produzir os frutos que dese-jamos que ele produza. Somente Deus,o Esprito, pode fazer isso. Esse fatonos mantm humildes e dependentesde Deus, porque somente Ele pode

    mudar o corao humano.Sim, temos de ser fiis. Isto noanula, de modo algum, nossa responsa-bilidade de compartilhar o evangelho,porque Deus nos diz, em sua Palavra,que a f vem pelo ouvir. Portanto,temos o dever de compartilhar a pala-vra da verdade com os outros. E quo

    frequentemente Deus tem usado a pa-

    lavra da verdade como o instrumentoque o Esprito Santo usa para desper-tar algum da morte?

    s vezes, no uma palavra muitoagradvel que Ele usa para nos desper-tar da morte. William Perkins, que de-

    pois se tornou um dos principais pre-gadores e telogos de toda a Inglaterra,era um beberro. Um dia, ele caminha-va por uma rua em Cambridge e ouviuuma me dizer para seu filho, atravs

    A ,

    , D. N -.

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    da janela de uma casa: Ora, no con-tinue agindo dessa maneira, meu fi-lho, pois voc acabar como o bbadoPerkins! E o Senhor fez uma obra nocorao daquele homem! Ele foi con-vencido de sua perdio, e foi converti-do, e se tornou um dos maiores cristosde seu tempo. Suas obras abenoam athoje. E o Senhor usou aquela palavra,mas foi o Esprito Santo que mudou ocorao de William Perkins. Pergunto--me quantas vezes algum o confron-

    tou antes, quanto sua bebedeira. Masfoi naquele momento que ele foi im-pactado, foi naquele momento que elefoi convencido de sua condenao.

    A regenerao no acontece damesma maneira para todos. A expe-rincia de converso no a mesmapara todos. Para o apstolo Paulo, ela

    foi algo instantneo, no foi? Ele es-tava na estrada para Damasco, a fimde matar cristos, e Jesus o encontrou.E, de repente, Paulo foi instantnea edramaticamente convertido e transfor-mado em um seguidor do Senhor JesusCristo. No entanto, por outro lado, em

    Atos 10, o captulo seguinte, lemos ahistria daquele gentio piedoso que,evidentemente, estava sob a influn-cia do Esprito Santo de Deus. Ele foiconvencido de seus pecados; clamoua Deus por salvao e disse: Senhor,salve-me! E o Senhor disse: Bem,isto realmente o que eu quero fazer,

    Cornlio. Mande algum cidade vizi-nha procurar por um homem chamadoPedro. Deus no foi at Cornlio eo converteu instantaneamente. Nessenterim, Deus falou a Pedro (em uma

    viso): Pedro, v e fale de Jesus paraaquele gentio.

    Tem certeza, Senhor?Sim. V e fale de Jesus para aquele

    gentio.E Deus levou Pedro at casa de

    Cornlio. Ali Pedro compartilhou apalavra do evangelho, e depois, somen-te depois, Cornlio foi convertido.

    Por que Deus o fez dessa maneira?No sei! Mas Ele o fez. Cornlio foiconvertido, mas de maneira totalmente

    diferente da maneira como Paulo foiconvertido.Deus nos muda e nos transforma

    de maneiras dramaticamente diferen-tes, mas a converso sempre comeacom a obra de regenerao realizadapelo Esprito Santo.

    2. TEMOS DE RESPONDER OBRADOESPRITOSANTO

    Depois, respondemos com f e

    arrependimento. Voc percebe comoDavi fez isso bem no comeo do salmo:Compadece-te de mim, Deus...?

    De acordo com o qu? Com a atitu-de de Davi em ser um bom moo? Elehavia assassinado um homem e come-tido adultrio; havia tomado a mulherde um homem, depois de ter um rela-cionamento de imoralidade sexual comela; e havia mentido. De fato, um co-mentador da Bblia pode repassar essa

    histria com voc e mostrar-lhe comoDavi quebrou cada um dos Dez Man-damentos no curso deste incidente. Porisso, Davi no estava dizendo: Senhor,compadece-te de mim porque sou uma

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    boa pessoa. Senhor, compadece-te demim porque tenho cometido erros devez em quando. Observe que Davidisse: Compadece-te de mim, Deus,segundo a tua benignidade... segundoa multido das tuas misericrdias.Onde estava a confiana de Davi? Asua confiana estava em Deus, em queEle e no que somente Ele podia fa-zer por Davi. Isso, meus amigos, f. Esempre faz parte da gloriosa conversoque Deus realiza naqueles que ele atrai

    para Si mesmo.Essa f, voc entende, no sim-

    plesmente uma deciso. No as-sentimento mental de trs minutosde informao que foi compartilhadacom voc. uma dramtica mudanade confiana que transforma a vida;deixamos de confiar no que estvamos

    confiando se espervamos achar sa-tisfao e deleite em nossa vida porconfiar em nossas prprias realizaes,na riqueza, em amizades, no casamen-to... o que quer que fosse ou onde querque estivesse a nossa confiana, a nossaesperana... mudou dessas coisas para

    Deus, para Deus somente: para sua Pa-lavra, para sua promessa, para sua gra-a. E confiar somente nisso diferentede uma deciso. Uma deciso algoque voc pode fazer. Mas, como vocsabe, decises por si mesmas merasdecises no transformam um cora-o. Voc pode fazer uma deciso, e ela

    pode no ser uma deciso que trans-forma a vida.

    Voc pode fazer uma deciso, e elapode no significar nada. importantelembrarmos que voc pode at respon-

    der as perguntas da ficha de membre-sia de uma igreja local e ainda ser umapessoa perdida.

    No, na converso Deus opera umamudana em nosso corao, por issono apenas proferimos palavras comos lbios, ou fazemos uma orao quealgum nos ensinou, ou preenchemosum carto. No, ns mudamos toda aconfiana de nossa vida para Deus epara suas promessas contidas no evan-gelho. Isso o que acontece na con-

    verso.

    3. TEMOSDENOSARREPENDERENOSCONVERTERDENOSSOSPECADOS

    Ento, h o arrependimento.Observe que o Salmo 51 sobre ar-rependimento. E, de maneira que nosembaraa, ele nos diz que as coisasmais mpias que Davi j fizera, Deuschamou Davi e todo o povo de Israela cant-las em adorao, cada sema-na, para sempre. Voc pode imaginaros seus momentos mais mpios sendoimortalizados em um hino? E canta-

    dos na igreja em todos os lugares nomundo, vrias vezes por ano, duranteo resto de sua vida? Essa foi a orien-tao de Deus quanto a este grandesalmo de confisso de Davi. O diretordo coro colocou o salmo em msica, etoda a congregao cantava esta con-fisso. Isso mostra quo importante

    o arrependimento. A razo que, naconverso, h o desejo por mudana, demodo que nosso desejo pessoal no mais o satisfazer-nos no pecado, e simo satisfazer-nos em Deus. No arrepen-

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    dimento, nos convertemos do pecado enos voltamos para Deus.

    Assim, na converso h um novocorao, h uma nova confiana, h umnovo desejo. E isso se expressa em umanova vida, uma vida mudada. Davi dis-se no Salmo 51: Pecadores se conver-tero a ti. Senhor, quando meu cora-o for purificado, por meio de minhavida transformada, eu testemunhareiaos pecadores com lbios de alegria.

    Essa a razo por que a converso to importante para uma igreja localsaudvel, porque sem converso nosomos diferentes do mundo. No h onovo corao; no h a nova confiana;no h o novo desejo; no h a novavida. Sem a converso, somos iguais

    ao mundo. Mas, com ela, as palavrasque falamos para o mundo incrduloao nosso redor vm com poder, porqueno h argumento contra a vida trans-formada. No h argumento contra umcorao transformado.

    A converso vem de maneiras di-ferentes para todos, mas para todo

    cristo, para todo cristo verdadeiro,h converso. E h converso para todaigreja local saudvel, bblica e caracte-rizada por uma congregao cheia decrentes que no somente professam a

    f em Cristo, mas tambm foram con-vertidos pelo Esprito Santo e confiamverdadeiramente em Cristo para a sal-vao, como ele oferecido no evange-lho, e se converteram do pecado paraDeus, e possuem as marcas desta novavida. Isso significa que no h mais pe-cado em nossa vida, que no h maisluta com o pecado, luta profunda como pecado? No. Mas reconhecemos oque John Newton disse:

    No sou o homem que deveria ser,no sou o homem que eu desejo ser eno sou o homem que um dia eu serei,mas, pela graa de Deus, no sou maiso que eu costumava ser.

    Todo cristo... todo crente profes-so que conhece a Deus, que confia em

    Cristo um crente convertido. E issofaz toda a diferena.

    A , ,

    , .

    Lingon Duncan III: Doutor em Teologia,pastor da Primeira Igreja Presbiteriana em Jack-son, MS, EUA, co-fundador do ministrio Toge-ther for the Gospel, autor e preletor.

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    Em 1995, um grupo de msicoschilenos visitou minha cidadee passou por nossa igreja, numaviagem missionria. Tive a oportunidadede hospedar um desses msicos em mi-nha casa. Era um grupo cristo que can-

    tava msicas andinas, com instrumentostpicos daquela regio do mundo. Elesusavam, principalmente, instrumentosde sopro, como zampoa, antara, ronda-dor, siku, entre outras flautas de aparn-cia curiosa e de som agradvel. A msicaque produziam era muito interessante eincomum em nossas bandas. Chamava

    a ateno facilmente. Lembro-me quefiquei empolgado com a vinda desses ir-mos e os acompanhei em alguns luga-res a maioria, praas pblicas onde seapresentaram. Eles tocavam, as pessoas

    MARCA5: EVANGELIZAO

    se reuniam ao redor e os jovens distribu-am folhetos, convidando essas pessoaspara participar do culto da igreja.

    Achei aquilo tudo muito interessan-te. Foi uma importante experincia deevangelizao da qual pude fazer parte.

    Por algum tempo, fiquei convencido queeventos como esse ou a distribuio es-pordica de folhetos na vizinhana dotemplo, ou em praas e metrs podiamresumir a atividade da evangelizao.

    Todavia, na medida em que compre-endi melhor a mensagem do evangelhoe a converso resultado da regenerao

    operada pelo Esprito de Deus na vidada pessoa passei a reestruturar minhasnoes sobre a evangelizao. No que-ro ser mal entendido aqui. Penso que otrabalho que aqueles irmos chilenos fi-

    EVANGELHO

    INDO,PREGAI o

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    zeram de imenso valor; e creio que dis-tribuir convites para o culto e folhetosevangelsticos a estranhos pode ser algousado por Deus para iniciar um proces-so de converso na vida de algum. Oponto que essas atividades, em si, no

    encerram a grande comisso do SenhorJesus Cristo sua igreja, de fazer dis-cpulos de todas as naes (Mt 28.19).Cheguei ento a compreender que oentendimento bblico do evangelho eda converso vital evangelizao. Omotivo simples: nossa evangelizaoser afetada, necessariamente, por aquilo

    que entendemos acerca do evangelho eda converso.

    Por exemplo, se ns entendemos aconverso como um mero assentimentoa um conjunto de proposies e decla-

    raes motivacionais e, muitas vezes,meramente emocionais, ou como umconjunto de gestos exteriores, como olevantar a mo em um culto pblico, du-rante o apelo, ou o assinar um caderno,ou o ir frente, ao plpito, para que opastor faa a orao da salvao, enfim.E, se temos por evangelho uma propostade mudana de estilo de vida, ou comouma mensagem que, se a aceitarmos eseguirmos sua cartilha, seremos, comodisse em certa oportunidade o Pr. Mark

    Dever, amigos de Jesus, caso o aceite-mos, porque Deus amor e pede-nospara o aceitarmos. Se nossa compreen-so do evangelho for assim, ento, issohaver de afetar a forma como o anun-ciamos. Afinal, nesse caso, se as tcni-cas corretas forem empregadas e bonsargumentos apresentados, quem sabe

    com a avaliao de especialistas sociais,estatsticas demogrficas e culturais e ouso de mtodos eficientes de apresentara mensagem e conquistar o interesse daspessoas, criando um ambiente favorvela decises, ento a mensagem poder serbem recebida e aceita.

    No entanto, o apstolo Paulo chama oevangelho de poder de Deus para a salva-o (Rm 1.16). Esta expresso, poder deDeus, transmite a ideia de um poder tal,como aquele que Deus usou para criar donada os cus e a terra. O evangelho a men-sagem mais poderosa e importante da his-tria. a boa notcia de salvao e perdo.

    a mensagem que conta como Deusresolveu, por um amor que excede nossoentendimento (Ef 3.18), salvar pecadores,formar para si um povo, reconciliar consi-go mesmo o homem que fez guerra contra

    T IAGOJ.SANTOSF ILHO

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    ele na queda (Ef 2.11-22; 2 Co 5.18-6.3).E faz-lo de modo a satisfazer sua justia eira divinas, castigando seu prprio filho naCruz, Jesus, que veio anunciar esta mensa-gem como profeta fazer a purificaodos pecados e ser ele mesmo o sacrifcio como sacerdote e reivindicar seu lugarde governo no universo e em nossas vidas como rei. (Hb 1.1-4)

    O cristo tem em mos, portanto, amensagem mais importante e poderosada histria da humanidade. E esta a

    mensagem que deve ser usada para le-var pessoas a Cristo a mensagem queele mesmo trouxe ao mundo e legou aosseus discpulos.

    Neste artigo, farei uma breve apre-sentao da obra da evangelizao, seusujeito ativo e como deve ser a apresen-tao do evangelho.

    A OBRADAEVANGELIZAO:

    A histria relata que a evangelizaosempre ocupou um lugar de importn-cia na historia da Igreja. No entanto,em algum momento, a evangelizao setornou sinnimo de expanso territorial

    e cultural. Carlos Magno, rei da Fran-a no sculo VIII, impunha a f cristaos povos que conquistava. Em 784 d.C,quando ele invadiu a Saxnia, um batis-mo coletivo cristianizou praticamente

    todos os habitantes do pas.Hoje, as coisas j no so mais assim.

    Mas, parece que ainda temos algumasnoes equivocadas do que seja a evan-gelizao.

    Qual , ento, a obra da evangeliza-

    o? Uma tautologia pode ser til pararesponder a esta pergunta: A evangeliza-o anunciar o evangelho. Parece tolofazer esta afirmao, mas impressionan-te como a igreja tem derrapado nesta pr-tica. Todavia, era precisamente isso que o

    Senhor Jesus Cristo fazia. Ele anunciavao evangelho do jeito que o evangelho .Sem concesses. Sem medo de ofender.Sem pirotecnias e mtodos desvairados.Ele ministrava a palavra s pessoas, indi-vidualmente, como vemos nos exemplosclssicos de Joo 3 e 4. Em ambas assituaes, embora o Senhor Jesus tenha

    usado uma abordagem diferente e as cir-cunstncias tambm tenham sido dife-rentes, ele primeiro desmontou qualquernoo de autoconfiana ou confiana re-ligiosa que eles pudessem ter, revelou suacondio de pecadores perdidos, apre-sentou-lhes a necessidade de crerem na

    mensagem do evangelho para que fossemsalvos e anunciou claramente qual eraessa mensagem. Em nenhum momentoJesus perdeu o foco do que dizia ou ame-nizou a mensagem com o propsito de

    O

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    que primeiro a aceitassem e, depois, comum cursinho na classe de catecmenosviessem a entender aquilo que aceitaraml atrs. No falou-lhes de comporta-mento ou mudana de comportamento.Falou-lhes sobre nascer de novo! Reconhecer

    pecados! Arrependimento! F!

    A evangelizao a anunciao daverdade do evangelho. Com clareza efidelidade.

    A evangelizao, portanto, conformeilustra Mark Dever1, no uma impo-

    sio de nossas crenas religiosas; tam-pouco o mero testemunho pessoal; nose trata de ao social ou mesmo da de-fesa da f, por meio de argumentos on-tolgicos. Emprestando uma definio,Dever cita em seu livro, encontramosuma palavra muito apropriada sobre aobra da evangelizao:

    A evangelizao no fazer proslitos.No persuadir as pessoas a tomaremuma deciso. No provar que Deusexiste nem fazer uma boa argumen-tao em favor da verdade do cristia-nismo. No convidar algum para vir

    a uma reunio. No expor o dilemacontemporneo ou despertar interessepelo cristianismo. No vestir umacamiseta com a frase Jesus Salva. Al-gumas dessas coisas so corretas e boasem seu devido lugar, mas nenhumadelas deve ser confundida com a evan-gelizao. Evangelizar declarar, com

    autoridade de Deus, o que Ele fez parasalvar pecadores; advertir os homensquanto a sua condio de perdidos edirecion-los a arrependerem-se e acrerem no Senhor Jesus2.

    A evangelizao glorifica a Deus. Opregador John Piper, em seu livro Deus o Evangelho, procura mostrar que um dosfundamentos da anunciao do evange-lho a todos os homens a glria de Deus.O maior bem do evangelho o fato deque, por meio dele, temos acesso a Deus poderemos ter comunho com ele eglorific-lo para sempre. A evangelizao, assim, um ato de amor a Deus. Dese-jamos que todos os homens tenham esseconhecimento a fim de que o glorifiquem.

    A evangelizao um ato de amor aoprximo. oferecer para o prximo amensagem que pode mudar sua vida edeterminar sua eternidade. um alertasolene quanto aos perigos de passar poressa vida sem colocar-se debaixo do jugode Cristo. o desejo de ver as pessoasreconciliadas com Deus e aumentar as

    fileiras de adoradores que gozaro dafelicidade eterna junto do povo de Deuse do prprio Deus trino. Paulo faz alusoao sentinela tanto em Atos 18.5-6 comotambm em Atos 20.25, situaes emque ele protesta estar limpo do sanguede todos. Ele est falando do Atalaia,

    que vemos em Ezequiel 3.16-27, 33.7-9. O Atalaia (sentinela, vigia) tem umaviso privilegiada, do alto do muro dacidade, e tem o dever de alertar o povoda cidade quando os inimigos estiveremse aproximando, a fim de se precaverame se prepararem. Se no o fizesse, seriaresponsvel pelo sangue que fosse derra-

    mado. Isto muito srio.A evangelizao um ato de obedin-

    cia amorosa. Jesus instruiu seus apsto-los, como vemos em Mt. 10.5-15, a quepregassem que est prximo o reino dos

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    cus. Ele mesmo, em seu ministrio depregao, percorria as cidades e, nas si-nagogas e mesmo em campo aberto, beira do mar, e onde houvesse um ajun-tamento de pessoas, pregava o evangelhodo reino(Mt 9.35).

    O SUJEITODAEVANGELIZAO:

    Entender a obra da evangelizaonos ajudar a entender quem deve pro-tagoniz-la.

    Quem deve evangelizar o cristo.Todos os que foram alcanados peloevangelho devem tambm anunci-lo.O cristo deve evangelizar porque foicomissionado para isso pelo prprioSenhor Jesus Cristo (Mt 28.16). Deusquis que a salvao fosse oferecida aoshomens por outros homens. A evangeli-zao um ato de obedincia.

    Vemos que todos quantos so rece-bidos na famlia de Cristo so feitos em-baixadoresdo reino de Deus. O ApstoloPaulo, dirigindo-se igreja de Corinto,em 2Co 5.20, chama-os de embaixadoresem nome de Cristo, para anunciarem a

    reconciliao que Deus providenciou emCristo. Um dos significados do termoembaixador : portador de uma men-sagem, tambm sinnimo de arauto,ou portador de notcias. Na grande co-misso, todos os seguidores de Jesus soencarregados de fazer discpulos. Ele noexcluiu ningum da ordem de anunciar o

    evangelho.A igreja primitiva atuou ativamente

    na proclamao do evangelho a todas asnaes. Em Atos 8, logo aps a mortede Estevo, a disperso dos cristos deu

    ocasio a que pregassem o evangelho namedida em que iam fugindo para outrascidades e se estabelecendo nelas. EmAtos 11.20, vemos que era o povo quempregava o evangelho do Senhor Jesus ecomo sua vida refletia a mensagem queanunciavam (v.26).

    preciso ficar claro para o cristoque a uma vida exemplar e conduta ir-repreensvel, embora honre a Cristo, noso suficientes para que as pessoas co-nheam o evangelho, pois assim como

    a criao d testemunho do Criador, desua grandeza, poder, beleza e sabedoria,mas no suficiente para levar algum aconhecer e ter comunho com esse cria-dor, assim tambm a vida piedosa nosubstitui a proclamao clara do evange-lho, pois a f vem pelo ouvir e pelo ouvirda Palavra de Cristo (Rm. 10.13-17).

    O ATODAEVANGELIZAO:

    A igreja pode valer-se de meioscomo a distribuio de folhetos, oumesmo atravs de um grupo de msicosmissionrios chilenos com sua msi-

    ca agradvel. Mas o meio no deve serum fim em si mesmo. Ele deve ofereceroportunidades para que uma apresen-tao clara e verdadeira do evangelhoseja feita. E, importante que o mtodono comprometa a mensagem. Tem sidocada vez mais comum o uso de meiosque desqualificam ou depreciam a men-

    sagem, diminuindo seu valor. Deus noprecisa tanto de nossa criatividade quan-to ele requer nossa fidelidade. precisolembrar que a mensagem do evangelho escandalosa (1 Co 1.23; Jo 6.60-66) e

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    a reao mais comum a rejeio atque o Esprito regenere aquele corao,abra os ouvidos e olhos, para que veja agraa do Senhor e abundante felicidadeque o evangelho produz.

    interessante observar a instru-o de Jesus quanto a apresentao doevangelho. Quando ele pronunciou suacomisso, notvel que o verbo ir,embora esteja na forma imperativa emnossa verso de lngua portuguesa, est

    na forma de gerndio no original grego,dando a noo de movimento constan-te. Indo, ou, enquanto vai. Assim, a

    ordem a de pregar enquanto vamos.Isso nos lembra do exemplo da igrejaprimitiva que, enquanto se estabelecia,enquanto ia, anunciava o evangelho spessoas nos lugares por onde passava.

    A comisso fala em fazer discpulos.Fazer discpulos ensinar. expor com

    clareza todas as implicaes do que signi-fica seguir a Jesus. apresentar o evange-lho em sua inteireza, ainda que de formasimples. Felipe foi arrebatado por Deuspara explicar o evangelho ao eunuco.Houve um processo de aprendizado ali.Houve compreenso. Houve f. Houvearrependimento. Houve o batismo.

    Assim, a melhor e mais efetiva ma-neira da igreja evangelizar lanandomo das diversas oportunidades queDeus concede ao povo, nas relaes fa-miliares, relaes sociais, na escola, na

    vizinhana, enfim, em o crculo comumde convivncia.

    Na apresentao do evangelho, fundamental que estejam presentes al-guns elementos como a titularidadeda mensagem ela no nossa. Somosporta-vozes. Neste caso, o uso da Bblia essencial; a clareza da mensagem queseja compreensvel a todos quantos a ou-vem. As implicaes da mensagem: o preoda f em Cristo (Mt 16.24); as promes-

    sas e bnos do evangelho libertao,sentido, propsito, plenitude, livramen-to, comunho, santidade, presena de

    Deus na vida e na eternidade. Tudo issodeve ser feito num esprito de orao edependncia de Deus (1 Co 3.6-8).

    Que Deus nos abenoe e nos d fi-delidade ao apresentar a mensagem maispoderosa do mundo, o evangelho de Je-sus Cristo.

    1. Mark Dever.Nove Marcas de Uma IgrejaSaudvel(So Jos dos Campos, SP: EditoraFiel, 2007) p.142-143

    2. John Cheesman et al. he Grace of God in the Gospel(Edinburgh, Banner of Truth, 1972) apud etMarkDever. Nove Marcas de Uma Igreja Saudvel. p.149

    O , , D

    Tiago Jos dos Santos Filho: Bacharel em Di-reito, o Editor-Chefe da Editora Fiel, autor,professor e Deo do Seminrio Martin Bucer emSo Jos dos Campos, SP.

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    Na vida pastoral temos a res-ponsabilidade de instruir opovo de Deus para que elesvivam para a glria de Deus. O desejodos pastores fazer a vontade de Deuse sabendo que ele quem efetua tanto

    o querer quanto o realizar (Fp 2.13).Nesta total dependncia da graa deDeus o pastor reconhece suas limi-taes diante do poder ilimitado deDeus. Em Osias aprendemos que opovo labora em erro quando no re-cebe a instruo que vem de Deus.Diz Osias: O meu povo est sendo

    destrudo, porque lhe falta conheci-mento. Porque tu, sacerdote, rejei-taste o conhecimento, tambm eu terejeitarei, para que no sejas sacerdo-te diante de mim; visto que te esque-

    MARCA6: MEMBRESIA

    ceste da lei do teu Deus, tambm meesquecerei de ti (Os 4.6). Uma igrejacom membros saudveis uma igrejaunida, ativa, feliz, realizadora e, aci-ma de tudo, uma igreja que glorificaao Senhor Jesus Cristo. Pastoralmen-

    te temos um desafio: Como podemosidentificar um membro saudvel emnossas igrejas?

    1. UMMEMBROSAUDVELCO-NHECEOEVANGELHOTOD OENOAPENASPARTEDELE.

    O apostolo Paulo escreveu aosGlatas com muita tristeza em seucorao, pois, eles estavam ouvindoum outro evangelho. Paulo afirma:Admira-me que estejais passando

    SAUDVEIS,

    MEMBROS

    UNIDAIGREJA

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    to depressa daquele que vos chamouna graa de Cristo para outro evan-gelho, o qual no outro, seno queh alguns que vos perturbam e que-rem perverter o evangelho de Cristo(Gl 1.6,7). Em 1 Corntios, o mesmo

    Paulo discute o fato de alguns duvi-darem da ressurreio de Cristo (1 Co15.12).

    Diferente de alguns membros dasigrejas da Galcia e de Corinto, ummembro saudvel aquele que co-nhece o evangelho todo e no apenasparte dele. Ele experimentou uma

    converso com arrependimento e f.Entende a obra vicria de Cristo porele. Ele sabe dos benefcios da vidaem Cristo, de seus deveres como cris-to e da alegria de ser abenoado por

    Deus. Um membro saudvel tambmolha para sua vida futura, para seuencontro com Deus, sua ressurreioe vida eterna ao lado do Pai. Ele en-tende e busca viver amando a Deus detodo corao, alma e entendimento eamando ao prximo como a si mesmo( Mt 22. 37-39).

    2. UMMEMBROSAUDVELSERE-CONHECENOEVANGELHO.

    Uma pessoa saudvel tem umaviso correta, equilibrada, sbria, ver-dadeira e sensata sobre si mesmo. Nacarta que escreveu aos irmos da igre-

    ja em Roma, podemos perceber o co-rao do apstolo Paulo visto por elemesmo. Existe aqui, como em outrostextos dele em que abre seu corao,

    uma opinio realista e bblica sobresuas lutas interiores. Ele diz: Porqueeu sei que em mim, isto , na minhacarne, no habita bem nenhum, poiso querer o bem est em mim; no, po-rm, o efetu-lo. Porque no fao obem que prefiro, mas o mal que no

    quero, esse fao (Rm 7.18,19). Mascomo um homem de Deus que enten-dia o evangelho por completo, e noapenas parte dele, Paulo afirma umpouco mais adiante, sua total depen-dncia e alegria de pertencer a JesusCristo que o livrou de to grande con-denao.

    Um membro saudvel sabe de suainclinao para o pecado, cr e profes-sa que a morte de Jesus Cristo na cruzdo Calvrio, remiu sua vida. Cr naressurreio de Cristo e em sua volta.

    LEONARDOSAHIUM

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    Este membro equilibrado e no seufana nem se ensoberbece no cami-nho da vida crist. No vive como umderrotado nem se orgulha de suas vi-trias, pois sabe que toda boa ddivaprocede de Deus (Tg 1.17).

    3. UMMEMBROSAUDVELSESENTEAMADOPORDEUSEPELAIGREJA.

    Davi no Salmo 16.3 fala de sua

    alegria em andar com o povo de Deus,que ele chama de notveis. Ummembro saudvel vive a alegria depertencer famlia da f. Reconhe-ce este privilgio pela graa de Deuse por isso pode dizer: Alegrei-mequando me disseram: Vamos Casado SENHOR (Sl 122.1). Este mem-

    bro sabe que neste lugar de comu-nho, partir do po e oraes, seus te-

    mores so ouvidos e entendidos. Suacaminhada de f compartilhada. Naigreja, o membro aprende e ensina,

    com seus testemunhos ajuda a forta-lecer outros irmos na caminhada da

    vida crist. A frequncia fiel igrejaest associada com o estimular unsaos outros ao amor e s boas obras.

    A igreja o local em que o amor demonstrado de maneira mais visvele convincente entre o povo de Deus.1

    4. UMMEMBROSAUDVELOVE-LHAVERDADEIRA.

    Atualmente muito tem se faladosobre liderana, pastorado e minis-trio. So assuntos muito importan-tes, mas devemos entender que, poroutro lado, tambm estamos carentes

    de membros que entendem sua posi-o. Alguns querem se tornar lderes,mas no tm maturidade espiritual.Outros querem frequentar uma igrejacomo um consumidor frequenta umambiente comercial. Um membrosaudvel sabe que precisa ser orienta-do e conduzido. Ao falar sobre a dis-

    ciplina em uma igreja saudvel, MarkDever coloca lderes e membros no

    mesmo patamar de responsabilidade,este conceito perfeitamente funda-mentado na teologia reformada, ele

    diz: Cada igreja local tem respon-sabilidade de julgar a vida e o ensinode lderes e membros, especialmentequando ambas as coisas comprome-tem o testemunho do evangelho (ver

    R,

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    sua vida. Deseja ardentemente andarsegundo os preceitos do Senhor e fazisso com alegria, afinal este o re-sultado natural de um corao gratoa Deus. A gratido conduz a misso!Pregao, testemunho, compromissode sustentar financeiramente a obrade Deus, tudo isso feito com muitoamor ao Senhor Jesus Cristo.

    Que Deus nos d a alegria de vi-vermos assim, para sua glria!

    1. Thabiti Anyabwile. O que um membro de Igre-

    ja saudvel (So Jos dos Campos - SP, Editora

    FIEL, 2010) p. 69.

    2. Mark Dever. O que uma Igreja saudvel?(S. Jos

    dos Campos - SP, Editora FIEL, 2009) p. 95.

    At 17; 1 Co 5; 1 Tm 3; Tg 3.1; 2 Pe3; 2 Jo).2

    Responsabilidade, compromisso eobedincia so palavras que no soamofensivas aos membros saudveisde uma igreja local. Eles sabem quetem uma responsabilidade de man-ter a sua f testemunhal. Eles sabemque tem um compromisso com a suaigreja local, em vrios sentidos, in-clusive no sustento material da obra.Eles sabem que devem obedincia aos

    seus lderes espirituais como ensinaa Escritura Sagrada: Obedecei aos

    vossos guias e sede submissos para

    com eles; pois velam por vossa alma,como quem deve prestar contas, paraque faam isto com alegria e no ge-mendo; porque isto no aproveita a

    vs outros(Hb 13.17).

    5. UMMEMBROSAUDVELSABESUAMISSO.

    Finalmente, um membro saud-vel, sabe que sua grande misso glo-rificar a Deus (1 Co 10.31). Por isso,

    vive buscando a vontade de Deus para

    I , .

    P , ,

    Leonardo Sahium:Doutor em Ministrio, pas-tor da Igreja Presbiteriana da Gvea, RJ, profes-sor do Centro de Ps Graduao Andrew Jum-per, autor e preletor.

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    Oque voc pensa de um trei-nador que instrui seus joga-dores, mas nunca os treina?Ou de um professor de matemticaque explica a lio, mas nunca corrigeos erros dos alunos? Ou de um mdi-

    co que fala sobre sade, mas ignora ocncer?Talvez voc dir que todos eles es-

    to fazendo metade de seu trabalho. Otreinamento de atletas requer instruir/treinar. Ensinar exige explicar/ corri-gir. Medicar requer fortalecer a sade/combater a doena. Certo?

    Ento, o que voc pensa de umaigreja que ensina e faz discpulos, masno pratica a disciplina eclesistica?Isto faz sentido para voc? Admito queisto faz sentido para muitas igrejas,

    MARCA7: D ISCIPLINAB BLICA

    porque toda igreja ensina e faz disc-pulos, mas poucas igrejas praticam adisciplina eclesistica. O problema que fazer discpulos sem disciplinar to incoerente como um mdico queignora tumores.

    Em ltima anlise, a disciplina ecle-sistica leva ao crescimento da igreja,assim como podar uma roseira leva aproduo de mais rosas. Em outraspalavras, a disciplina eclesistica umaspecto do discipulado cristo. Observeque as palavras discpulo e disciplinaso primos etimolgicos. Ambas as pa-

    lavras so tomadas da esfera da educa-o, que envolve ensino e correo. No surpreendente que haja o costume se-cular de referir-nos a disciplina forma-tiva e disciplina corretiva.

    CARTILHA

    de

    DISCIPLINAECLESISTICA

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    Meu propsito nesta cartilha apresentar ao leitor os elementos bsi-cos da disciplina eclesistica corretiva o que, quando, como e algumaspoucas palavras sobre por qu.

    O QUEDISCIPLINAECLESISTICA?

    O que disciplina eclesistica cor-retiva? A disciplina eclesistica oprocesso de corrigir o pecado na vidada igreja e de seus membros. Isso podesignificar corrigir o pecado por meio

    de uma admoestao particular. Epode significar corrigir o pecado for-malmente, excluindo um membro daigreja. A disciplina eclesistica podeser realizada de vrias maneiras, mas o

    alvo sempre corrigir transgresses dalei de Deus entre o povo de Deus.

    Esta correo do pecado no umaao retributiva; no a justia de Deuspor si mesma. Antes, reparadora, pro-ftica e prolptica. Quando dizemos oque a disciplina eclesistica , queremosdizer que ela tem o propsito de ajudaro crente individual e a congregao acrescerem em piedade em semelhanaa Deus. Se um membro da igreja dadoa fofocas ou calnias, outro membro

    deve corrigir o pecado, para que o fofo-queiro pare de fofocar e, em vez disso,fale palavras de amor. Deus no usa suaPalavra para ferir erroneamente; nem oseu povo deve fazer isso.

    Quando dizemos o que a disciplinaeclesistica , queremos dizer que elaresplandece a luz da verdade de Deus

    sobre o erro e o pecado. Ela expe ocncer em uma pessoa ou na vida docorpo, para que o cncer seja erradi-cado. O pecado um mestre de disfar-ces. Fofocas, por exemplo, gostam de

    vestir a mscara de interesse santo.O fofoqueiro pode pensar que suas pa-

    lavras so corretas, at amorosas. Masa disciplina eclesistica expe o pecadocomo ele . Expe o pecado tanto parao pecador como para todos os envolvi-dos, para que todos aprendam e sejambeneficiados.

    Quando dizemos o que a disciplinaeclesistica , queremos dizer que ela

    , no presente, uma pequena figura queadverte sobre um julgamento maiorque est por vir (cf. 1 Co 5.5). A ad-

    vertncia no tem valor, se no mi-nistrada com graa. Suponha que um

    JONATHANLEEMAN

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    professor d boas notas a um aluno quefracassou nas provas em todo o primei-ro semestre, por temer desanimar oaluno, mas depois o reprova no final doano. Isso no seria gracioso! De modosemelhante, a disciplina eclesistica um meio amoroso de dizer a uma pes-soa apanhada em pecado: Cuidado,uma penalidade ainda maior vir, se

    voc continuar neste caminho. Por fa-vor, deixe-o agora.

    No surpreendente que as pessoas

    no gostem de disciplina. Ela rdua.Mas quo misericordioso Deus emadvertir agora o seu povo, de maneirascomparativamente pequenas, sobre ogrande julgamento por vir!

    Por trs da disciplina eclesistica,est um dos grandes projetos da hist-ria de redeno o projeto de restaurar

    o povo de Deus cado ao lugar em queeles refletiro, novamente, a imagemde Deus, enquanto estendem, em todaa criao, o governo de Deus benevo-lente e produtor de vida (Gn 1.26-28;3.1-6).

    Ado e Eva deviam refletir a Deus.O reino de Israel tinha esse mesmo

    propsito. Mas o fracasso de Ado eEva em representar o governo de Deus,impulsionado pelo desejo de governarem seus prprios termos, resultou emseu exlio do lugar de Deus, o jardim.

    O fracasso de Israel em guardar a leide Deus e refletir seu carter para asnaes tambm resultou em um exlio.

    Como criaturas feitas imagem deDeus, nossas aes falam intrinseca-mente sobre ele, como espelhos que re-fletem os objetos que esto diante deles.O problema que a humanidade cadadistorce a imagem de Deus, como espe-lhos deformadores de imagens. Desdea Queda, a humanidade fala mentiras;por exemplo, o mundo tem concludo

    que no se pode confiar nas palavras doprprio Deus. Ele, tambm, deve serum mentiroso. Como a criatura, assimdeve ser o seu criador.

    Felizmente, um filho de Ado, umfilho de Israel cumpriu com perfeio alei de Deus, aquele que Paulo descreveucomo a imagem do Deus invisvel (Cl

    1.15). Agora, aqueles que esto unidosa este Filho so chamados a portar estamesma imagem, o que aprendemos afazer por meio da vida da igreja, de gl-ria em glria (ver 2 Co 3.18; Rm 8.29;1 Co 15.49; Cl 3.9-10).

    Igrejas locais devem ser, na terra,os lugares em que as naes podem ir e

    achar seres humanos que refletem cres-centemente a imagem de Deus, com

    verdade e honestidade. medida que omundo contempla a santidade, o amore a unidade de igrejas locais, as pessoas

    A

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    sabero melhor como Deus e lhe da-ro louvor (cf. Mt 5.14-16; Jo 13;34-35; 1 Pe 2.12). A disciplina eclesistica a resposta da igreja quando um deseus membros falha em refletir a santi-dade, o amor e a unidade de Deus, porser desobediente a ele. uma tentativade corrigir as falsas imagens, quandoelas surgem na vida do corpo de Cristo,quase como uma limpeza das manchasde sujeira de um espelho.

    QUANDOUMAIGREJADEVEPRATICARADISCIPLINA?

    Quando uma igreja deve praticar adisciplina? A resposta curta : quandoalgum peca. Mas a resposta pode serdiferente se estamos falando de disci-

    plina eclesistica formal ou de disci-plina eclesistica informal, usando adistino de Jay Adams entre confron-taes particulares e confrontaes nombito pblico da igreja.

    Qualquer pecado, de natureza sriaou no, pode suscitar uma repreensoparticular entre dois irmos e irms na

    f. Isso no significa que devemos re-preender cada pecado que um membrode igreja comete. Quer dizer apenasque todo pecado, no importando quopequeno ele seja, se enquadra na esfera

    das coisas que dois cristos trataramamavelmente um com o outro em umcontexto particular, com prudncia.

    EXTERNO, SRIOEIMPENITENTE

    Uma maneira de resumir as infor-maes bblicas dizer que a disciplinaeclesistica formal exigida em casosde pecado exterior, srio e impeniten-te. Um pecado tem de ter uma mani-

    festao exterior. Tem de ser algo quepode ser visto com os olhos ou ouvidocom os ouvidos.

    As igrejas no devem ser prontasa iniciar processo de excluso cada vezque os membros suspeitam de cobiaou de orgulho no corao de algum.

    Isso no significa que os pecados docorao no so srios. O Senhor sabeque no podemos ver o corao dosoutros e que os verdadeiros problemasdo corao viro tona (1 Sm 16.7;Mt 7.17; Mc 7.21).

    Em segundo, um pecado tem de sersrio. Por exemplo, eu posso observar

    um irmo sendo exagerado em narrar osdetalhes de uma histria e, em particu-lar, confront-lo sobre o assunto. Mas,se ele o negar, eu talvez no o exporia igreja. Por que no? Primeiramente,

    I , ,

    D

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    algo como o pecado de exagerar his-trias est arraigado em pecados maisgraves e no visveis, como a idolatria ea autojustificao. Estes so os pecadosa respeito dos quais eu gostaria de gastartempo conversando com aquele irmo.Em segundo, perseguir todo pecadomenor na vida da igreja talvez produzi-r muita desconfiana e impelir a con-gregao ao legalismo. Em terceiro, na

    vida de uma congregao, precisa haverclaramente um lugar para o amor que

    cobre multido de pecados (1 Pe 4.8).Nem todo pecado deve ser perseguidoat ao fim. Felizmente, Deus no temfeito isso conosco.

    Por ltimo, a disciplina eclesisticaformal o procedimento apropriado .

    A pessoa envolvida em pecado srio foi

    confrontada em particular com os man-damentos de Deus, apresentados na Es-critura, mas ela se recusa a abandonar opecado. Com base em todas as aparn-cias, a pessoa valoriza o pecado mais doque a Jesus. Pode haver uma exceopara isso, que consideraremos depois.

    COMOUMAIGREJADEVEPRATI-CARDISCIPLINA?

    Como uma igreja deve praticar dis-ciplina? Jesus nos d o esboo bsico

    em Mateus 18.15-17. Ele diz a seusdiscpulos:

    Se teu irmo pecar [contra ti],vai argui-lo entre ti e ele s. Se ele teouvir, ganhaste a teu irmo. S