revista faemg senar - edição 18

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FAEMG I SENAR ANO 3 - NÚMERO 18 - ABRIL 2016 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais 7 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural AR-MG FAMA MERECIDA n SENAR prepara cafeicultores competitivos n Palma forrageira chega ao semiárido n Manga e limão do Jaíba para a Europa n As vantagens do projeto ABC Cerrado Fotos: Ignácio Costa QUEIJO MINAS ARTESANAL

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Page 1: Revista FAEMG SENAR - Edição 18

FAEMGISENARAno 3 - número 18 - Abril 2016

Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais 7 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural AR-MG

fama merecida

n SenAr prepara cafeicultores competitivos

n Palma forrageira chega ao semiárido

n manga e limão do Jaíba para a europa

n As vantagens do projeto AbC Cerrado

Fotos: Ignácio Costa

queijo minas artesanal

Page 2: Revista FAEMG SENAR - Edição 18

2 www.sistemafaemg.org.br

FaemG PRESIDENTE Roberto Simões VICE-PRESIDENTES Afonso Luiz Bretas, Alberto Adhemar do Valle Júnior, Délio Prado Lopes, Domingos Frederico Neto, Eduardo de Carvalho Pena, José Éder Leite, Leonardo dos Reis Medeiros, Lino da Costa e Silva, Políbio Esteves Guedes Júnior, Renato José Laguardia de Oliveira, Ricardo Quadros Laughton, Rivaldo Machado Borges Júnior, Salviano Junqueira Ferraz Júnior, Thiago Soares Fonseca, Weber Bernardes de Andrade DIRETORES SECRETÁRIOS Rodrigo Sant’Anna Alvim, Antônio Pitangui de Salvo DIRETORES TESOUREIROS Breno Pereira de Mesquita, Jerônimo Giacchetta CONSELHO FISCAL Geraldo Ferreira Porto, Jadir Maurício Lanza Rabelo, José Alfredo Quintão Furtado

senar minas PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO Roberto Simões SUPERINTENDENTE Antônio do Carmo Neves

revista FaemG|senar Editado pela Assessoria de Comunicação ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO: Lauro DinizJORNALISTAS: Ciara Albernaz, Flávio Amaral, Janaína Rochido, Ludymila Marques, Maria Teresa Leal e Silvana Matos PROJETO gRÁFICO E EDIÇÃO DE ARTE: BravaDesign IMPRESSÃO: EGL Editores Gráficos LTDAOs artigos assinados e declarações são de inteira responsabilidade dos autores.

REVISTAFAEMGISENAR

Avenida do Contorno, 1.771 – Bairro: Floresta - CEP: 30110-005 - Fones: (31) 3074-3105 e 3074-3094 – www.sistemafaemg.org.br

FederAção dA AgriCulturA e PeCuáriA do eStAdo de minAS gerAiS / Serviço nACionAl de APrendizAgem rurAl Ar-mg

facebook.com/SistemaFaemg Twitter: @sistemafaemg

envie suas suGestões de pauta para [email protected]

“O Brasil está sendo golpeado por uma profunda recessão, uma crise política e a epidemia do vírus zika, mas numa área o país continua sendo uma potência mundial”.Do jornalista Jeffrey T. Lewis, no The Wall Street Journal, de Nova York, que escreveu mais:

“A agricultura oferece um exemplo raro de um setor globalmente competitivo no Brasil. (...) A partir dos anos 90, o Brasil reduziu os subsídios agrícolas e eliminou os impostos de exportação, enquanto ampliava o investimento na pesquisa agrícola. Os produtores responderam com a rápida expansão da área cultivada e uma onda de investimentos que os colocou entre os agricultores mais produtivos e eficientes do mundo”.

O conselheiro fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), José Luiz Tejon Megido, critica os que atacam o agronegócio:

“Representam o berro da insensatez. Alguns documentários e especiais jornalísticos chegam ao absurdo de dizer que o Brasil será transformado num grande deserto. (...) O futuro do agronegócio será o de sustentabilidade intensiva, a agricultura inteligente, smart farming, a oportunidade mundial, contra os riscos planetários da fome, desertificação, produção de água, e empreendedorismo rural de todos os portes”.

Do professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM, Coriolano Xavier, no artigo Desconstruindo os mitos dos agrotóxicos:

“Opções fora da defesa sanitária das plantações podem valer em tese, mas ainda carecem de viabilidade econômica extensiva. E o poder da ciência ainda não criou novas equações para esse desafio. Portanto, enquanto isso não acontece, temos uma tecnologia de manejo fitossanitário desenvolvida dentro de padrões técnico-científicos consagrados, que viabiliza e chancela a segurança sanitária dos alimentos vindos do campo”.

“O sistema integração lavoura-pecuária-floresta produz mais e com maior eficiência. Estamos redesenhando nossa base de recursos naturais, e o solo será muito melhor no futuro”.

Afirmação do presidente da Embrapa, Maurício Lopes. (Folha de São Paulo)

“Não importa o seu tipo preferido de café, fique à vontade para bebê-lo. Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia (USC) afirmam que o consumo moderado da bebida reduz em até 26% o risco de câncer colorretal”. (O Globo)

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4 CAPA | Sistema FAEMG comemora Dia da Valorização do Queijo Produzido com Leite Cru

11 ABC CERRADO | Projeto é oportunidade de aumentar a produtividade e a renda, preservando o meio ambiente

12 SUSTENTABILIDADE Instituições se unem em Pedro Leopoldo para represar água de chuva no campo

14 SOLUÇÃO | Sindicato de Araçuaí promove palma forrageira como opção nutricional no semiárido

16 ACONTECE18 QUALIDADE | Programa

do Sindicato de Pompéu torna melhoramento genético acessível para todos os associados

20 FRUTICULTURA Na região do Jaíba exportar manga e limão é um bom investimento

22 DIFERENCIAL | Cursos do SENAR MINAS preparam cafeicultores para competir no mercado de cafés especiais

25 NEGÓCIO | Evitando o desperdício, produtor de Paula Cândido investe em fábrica de polpa de frutas

26 SINDICATOS28 FEMEC | 5ª edição recebe

40 mil visitantes e fecha quase R$ 200 milhões em negócios

29 PARCERIA | Curso de Manejo Racional e Bem- Estar Animal faz sucesso no Triângulo

30 ENCONTROS | 5ª edição das reuniões com entidades cooperadas alinha dinâmica de trabalho do SENAR MINAS

32 SABINÓPOLIS | Cursos do SENAR ajudam a melhorar a qualidade dos alimentos vendidos na feira semanal

34 APRIMORAMENTO Jornada Pedagógica ajuda instrutores a lidar com adolescentes e jovens nos programas especiais

36 GQC | Três experiências mostram mudanças na gestão das propriedades

38 CAFÉ | Mineiros dominam Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso

FAEMG | SENAR 3

Carta do Presidente

Roberto SimõesPresidente do SISTEMA FAEMG

Áurea Andrade

Prezado produtor,O impressionante nestes tempos

conturbados, em que as crises parecem não ter fim, fechando empresas e desempregando milhares de pessoas, é que a agricultura e a pecuária estejam crescendo e segurando a economia do país.

Muitos podem dizer que o mercado de alimentos não desaquece tanto como os outros. Alguns justificam que o setor soube incorporar tecnologia, modernizou-se como nenhum outro. Não falta quem afirme que à falta de proteção governamental o agronegócio foi forçado a ser competitivo. Todos têm razão.

Mas falta dizer que o motivo do êxito em meio à balbúrdia política e econômica foi o homem do campo. Que atividade sacrificante foi escolher! As dificuldades são demasiadas, as facilidades raras. Está sempre a manejar o que se pode chamar de fatores externos. Ora é a seca brava, ora o excesso de água; quase sempre faltam recursos financeiros; seguro não há, as estradas ruins dificultam levar o produto até o consumidor. É obrigado a cumprir legislações duras que nem europeus e norte-americanos têm igual.

Mas nada o abate! Nunca se deixa desanimar. É fácil explicar. Ele ama a terra.

Cuida dela. Preserva. Sabe que nela está sua vida. Nada o faz mais feliz que o final de uma safra ou o nascer de um animal. É a consagração do seu trabalho. Este homem é um exemplo para o Brasil que precisamos construir.

Com amor, fé e trabalho.

Arquivo INAES

20

Arquivo Sindicato

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4

FAEMG comemora a data internacional com a posse da Comissão Técnica de Queijo Minas Artesanal da FAEMG e a degustação de produtos de todas as regiões, com a presença de compradores, consumidores e especialistas.

dia do QueijoO Dia Internacional da Valoriza-

ção do Queijo Produzido com Leite Cru foi comemorado pelo Sistema FAEMG com grande degustação de queijos das sete microrregiões pro-dutoras – Araxá, Campo das Ver-tentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro – e informações sobre características e história de cada um deles.

A data comemorativa foi também oportunidade para o lançamento da

Comissão Técnica do Queijo Minas Artesanal da FAEMG, com repre-sentantes de todas as regiões. Além de promover o produto no Brasil e no exterior, outro objetivo é reu-nir o setor produtivo para debater os principais desafios e soluções. O maior entrave a ser vencido atual-mente é a necessidade de revisão da legislação, que dificulta sua compe-titividade e a comercialização em outros estados.

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Representantes de todas as regiões participaram do evento e trouxeram queijos para o público degustar

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FAEMG | SENAR 5

quem trouxe queijos para serem deGustadosAlexandre Honorato - ArAxÁCalimério Antônio Guimarães - ArAxÁEduardo José de Melo - SErrOGeraldo Brandão - CErrADOJoão Carlos Carvalho - CAMPO DAS VErTENTESJoão José de Melo - SErrA DO SAlITrEJoaquim Severino Neto - TrIâNGulOJorge Brandão Simões - SErrOJosé Célio Clementino - SErrOJosé Eustáquio Jordão - TrIâNGulOJosé raimundo Batista - CErrADOMariana resende - CAMPO DAS VErTENTESPaulo Henrique Matos - CANASTrATúlio Madureira - SErrOWander Evangelista Carvalho - CANASTrAWellington Carlos Vieira - CErrADO

O queijo minas artesanal tem classificação do tipo ‘massa pren-sada não cozida e casca natural’. Al-guns fatores são decisivos para sua unicidade, como o terroir (espaço físico em que se desenvolve um co-nhecimento coletivo ligado à ter-ra), clima ameno, altitude elevada, pastos nativos, águas serranas e o uso de leite integral de vaca, fresco e cru. Muitos especialistas, porém, admitem que o segredo da iguaria tem origem na secular mistura do ‘pingo’, fermento lático caseiro re-tirado da produção queijeira do dia anterior.

A produção artesanal mantém as mesmas características desde o sé-culo XVIII, usando mão de obra fa-miliar, não permitindo a produção em alta escala, nem com leite pas-teurizado. Além de valorizar a iden-tidade sociocultural do estado, a ati-vidade é a principal fonte de renda de 30 mil pequenos produtores, em 600 municípios mineiros.

diFerencial mineiro

Em 16 de abril, o Dia da Valorização do Queijo Feito com leite Cru é comemorado com centenas de eventos realizados por parceiros em todo o mundo. A data comemorativa foi criada em 2015 pela ONG norte-americana Oldways Cheese para promover esses produtos e divulgar informações aos consumidores.

a data

“É nossa primeira comissão técnica de um produto mais acabado do agronegócio, de valor agregado. Esperamos contribuir para melhor organização da cadeia produtiva, avançando no debate e no encaminhamento de soluções, para fortalecer os produtores e valorizar um produto que já tem história e tradição mundo afora”. RObERTO SIMõESPresidente do Sistema FAEMG

“O evento foi importante, sobretudo como oportunidade de reunirmos a cadeia produtiva. Ouvimos dos membros da Comissão que esta foi a primeira vez em que se encontraram em um mesmo ambiente produtores de todas as regiões, pensando juntos estratégias para desenvolverem a atividade”.RODRIgO ALVIMDiretor da FAEMG e presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA

Entendemos como essencial ao fortalecimento do queijo artesanal as parcerias, o envolvimento de entidades de classe e a organização dos produtores em associações e espaços de debate. A criação, por uma entidade forte como a FAEMG, de uma comissão técnica para trabalhar a favor do queijo foi uma decisão acertada e que muito contribuirá na promoção e desenvolvimento da atividade.ELMER DE ALMEIDACoordenador do Programa Queijo Minas Artesanal, da Emater-MG

“Precisamos de um esforço de marketing coletivo, trabalhando a valorização das regiões, as indicações geográficas, rotulagem e selos de origem, para consolidar o espaço de nossos queijos e alcançar consumidores em todo o mundo”.JOÃO CRUzSecretário estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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dia do queijo

6 www.sistemafaemg.org.br

“Desejo que a Comissão una as regiões produtoras para que a gente possa trabalhar em conjunto em prol do queijo artesanal, e não individualmente”.ALEXANDRE HONORATOAraxá

“Que ela ajude o produtor a se organizar e saber vender seu produto”.JOAqUIM SEVERINO NETOTriângulo

“Pela primeira vez, todas as regiões produtoras de queijo estão reunidas numa entidade que é nossa, a FAEMG. Agora sim! Produtores que lutavam individualmente estarão juntos em prol da cadeia do queijo Minas Artesanal”.JOÃO CARLOS LEITE, presidente da Associação Regional dos Produtores de Queijo da Canastra

“É um caminho novo que a gente precisa percorrer. Gostaria que a questão dos rótulos fosse olhada com carinho, porque os queijos clandestinos trazem muitos prejuízos aos produtores legalizados”.gERALDO JOSé bRANDÃOCerrado

“Acho que, agora, os queijeiros artesanais vão ter voz junto ao governo para o atendimento às principais reivindicações da categoria, em especial às que se referem à vigilância sanitária”.JOÃO DUTRACampo das Vertentes

“O maior propósito tem que ser a defesa do produtor e da tradição das regiões produtoras. É preciso dar legitimidade ao produtor do queijo, permitindo que ele próprio comercialize seus produtos”. TúLIO MADUREIRA FILHOSerro

“Espero que a Comissão dê peso e ajude a organizar a produção e comercialização do queijo. Com uma instituição que nos dê respaldo as coisas poderão ser diferentes. O produtor carece de representatividade”.JOÃO JOSé DE MELO Serra do Salitre

o que você espera desta comissão?

Fotos: Ignácio Costa

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Qual é a função da Comissão Técnica do Queijo Minas Artesanal?

A Comissão não tem conotação comercial, portanto não tem o objetivo de valorizar esta ou aquela marca. O que queremos é fortalecer a luta dos produtores rurais pela revisão da legislação específica do queijo minas artesanal, pela sanidade do rebanho, pelo apoio laboratorial e pela implantação do SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção) que facilitará o comércio interestadual.

Por que se fez necessária a criação da Comissão?

A Comissão foi criada para discutir os problemas das regiões produtoras. Em minas há trinta mil produtores de queijo artesanal feito com leite cru, segundo a Emater. Em geral, são micro e pequenos empresários que precisam de apoio para continuar produzindo. Além disso, é um produto genuinamente mineiro, de grande representatividade cultural e econômica para o estado. A produção fortalece a família e cria condições para que ela permaneça no campo.

Como você recebeu o convite para presidir a Comissão?

Com alegria e consciência da minha responsabilidade. Sinto como se fosse um reconhecimento pelo meu trabalho e minha dedicação ao queijo. Agradeço às pessoas que confiaram em mim, e ao Sistema FAEMG, a oportunidade.

Quais são os principais gargalos do setor?

São muitos. Mas acho que devemos priorizar ações de mídia que ajudem o consumidor a discernir a qualidade do produto, suas características, saber sua origem e identificar aqueles que não têm confiabilidade.

Também é preciso fazer ajustes na legislação. Atualmente, os queijos artesanais estão submetidos ao RISPOA (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), de 1952. Há a necessidade de outro marco regulatório atualizado, que leve em conta as particularidades dos micro e pequenos produtores rurais. Existem exigências estruturais feitas aos

grandes produtores que não cabem na seara do queijo artesanal.

Outro problema é que os laboratórios que fazem as análises microbiológicas ficam distantes dos locais de produção. Facilitaria muito se fossem regionalizados em nosso estado. E ainda podemos citar a falta de investimentos em pesquisas sobre o tempo de maturação do queijo (o período aceito pela legislação estadual, hoje, é de 17 a 22 dias). Mas penso que este tempo poderia ser reduzido, uma vez que o consumidor prefere os queijos de textura macia. Sem falar na burocracia: é muito difícil tirar uma simples nota fiscal quando efetuamos uma venda para outro estado.

O que pode ser feito para restabelecer a inscrição dos queijeiros mineiros no SISBI?

Vamos reunir forças e, com o apoio da FAEMG, reivindicar que o estado cumpra as metas pactuadas com o governo federal para que nossas agroindústrias possam comercializar para fora do estado.

FAEMG | SENAR 7

entrevista | EDuARDo MELo

Eduardo Melo, presidente da Co-missão Técnica do Queijo Artesanal da FAEMG, diz que a criação do grupo de trabalho é uma oportunidade para os produtores de queijo enfrentarem, conjuntamente, os gargalos do setor. “Pensando juntos será possível me-lhorar as condições de trabalho, mer-cado e valorizar ainda mais o produ-to. O queijo ainda está sendo desco-berto. Muita gente não sabe, mas tem iguarias feitas por aqui, melhores do que as produzidas na França e outros países da Europa. Vou trabalhar para melhorar esta divulgação”.

Presidente da Comissão Técnica quer priorizar a divulgação do produto e suas características

Descubram o queijo PERFIL

Eduardo Melo, produtor rural na Fazenda Vitória. Natural do Serro, de família produtora de queijos. A tradição vem desde seu bisavô. Gosta mais de fazer queijo do que de saborear. “Pra mim, é uma terapia. A partir desta paixão, investi e estudei o assunto. Sou pioneiro em maturação de queijo no Serro, processo que agrega valor ao produto”.

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SERRA DO SALITRECERRADOSERROCANASTRACAMPO DAS VERTENTESARAXÁ

TRIÂNGULO MINEIRO

8 www.sistemafaemg.org.br

dia do queijo

reGiões produtoras

s queijos das áreas produtoras têm características próprias, que lhes asseguram

identidade regional, em razão da altitude, temperatura, tipo de solo, pastagens e umidade do ar. Esses aspectos favorecem o desenvolvimento de determinados micro-organismos no processo biológico de produção e maturação, o que, valorizado pelo fazer de cada região, dão ao queijo minas artesanal a identidade própria do local de fabricação: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro.

o

TRIÂNGULO MINEIROCARACTERíSTICAS

Consistência: semidura, com tendência a macio.

Textura: compacta.

Cor: amarelo ouro, homogênea.

Crosta: fina, amarelada, sem trincas.

Formato: cilíndrico, de 12 a 15 cm de diâmetro, de faces planas e bordas retas, formando um ângulo vivo.

Peso: de 800 gr a 1,2 kg.

Odor e sabor: cheiro levemente ácido e sabor suave, com ligeira acidez.

PRINCIPAIS MUNICíPIOS PRODUTORES

Araguari, Cascalho rico, Estrela do Sul, Indianópolis, Monte Alegre de Minas, Monte Carmelo, Nova Ponte, romaria, Tupaciguara e uberlândia.

A sétima região produtora do queijo minas artesanal foi reconhecida oficialmente pelo IMA em março de 2014. Embora a história dessa rica iguaria tenha origem em tempos mais recentes em alguns municípios da região (principalmente devido à sua emancipação), o queijo minas artesanal ali produzido tem padrão bem definido e uma notoriedade que justifica a caracterização do Triângulo Mineiro como região produtora nos moldes tradicionais.As características de clima, altitude, solo, vegetação e a prática de fabricação dos municípios garantem características sensoriais diferenciadas e que merecem destaque.

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SERRA DO SALITRECERRADOSERROCANASTRACAMPO DAS VERTENTESARAXÁ

TRIÂNGULO MINEIRO

FAEMG | SENAR 9

CARACTERíSTICAS

Consistência: semidura, com tendência a macia, de natureza manteigosa.

Textura: compacta.

Formato: cilíndrico.

Crosta: fina, resina amarela (no tipo imperial), sem trincas.

Cor: branca amarelada.

Odor e sabor: ligeiramente ácidos, não picantes e agradáveis.

Peso: 1 a 1,2 kg, com 15 a 17 cm de diâmetro e altura de 4 a 6 cm.

Serra do Salitre é único município da região produtora e fabrica queijos dos tipos tradicional, meia-cura, imperial, temperado e curado. Anteriormente o município integrava a microrregião produtora do Alto Paranaíba, mas, devido à caracterização bastante diferenciada do queijo que produz, conquistou sua emancipação. O conjunto de fatores climáticos (altitude, umidade do ar e temperatura), aliado às pastagens, trato do rebanho e genética, permitem o desenvolvimento de bactérias e processos enzimáticos que conferem o sabor amanteigado e a alta qualidade do queijo Serra do Salitre.A região tem propriedades climáticas e de solo muito peculiares. Além da altitude mais elevada, o solo registra alta concentração de nitrato de potássio (salitre). Esse mineral tem importância histórica para a região, que também o aplica como fertilizante e já o usou como matéria-prima para a antiga fabricação local de pólvora.O queijo minas artesanal é o produto mais nobre produzido em Serra do Salitre. Sua história vive na memória de antigos moradores da região e sua importância é valorizada em cada família, que busca no passado a melhor maneira de fazer o queijo e oferece-lo com orgulho aos consumidores.

SERRA DO SALITRE CERRADO (ALTO PARANAÍBA)CARACTERíSTICAS

Consistência: semidura, com tendência a macia, de natureza manteigosa.

Textura: compacta.

Cor: branca amarelada.

Crosta: fina, amarelada, sem trincas.

Formato: cilíndrico, com altura de 4 a 6 cm e diâmetro de 15 a 17 cm.

Peso: 1 a 1,2 kg.

Odor e sabor: ligeiramente ácidos, não picantes, agradáveis.

PRINCIPAIS MUNICíPIOS PRODUTORES

Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, lagamar, lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, rio Paranaíba, Santa rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Tiros, Varjão de Minas e Vazante.

Privilegiada pela localização próxima a grandes centros produtores, pela fertilidade do solo, grande quantidade de água e clima ameno, a região tem condições favoráveis à produção de queijo, com ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias típicas, que promovem o sabor característico tão apreciado pelos consumidores. O Alto Paranaíba também preserva maneira própria de fazer queijos, da ordenha das vacas à maturação. Apesar da vasta extensão da microrregião, os municípios apresentam particularidades naturais, socioculturais e econômicas comuns, encontradas somente nessa região do Cerrado.

SERROCARACTERíSTICAS

Consistência: firme e levemente quebradiça. Costuma ser um queijo mais úmido que os demais.

Cor: branca amarelada.

Textura: compacta.

Crosta: fina e amarelada, sem trincas.

Sabor: brando, ligeiramente ácido.

Formato: cilíndrico, com 13 a 15 cm de diâmetro e altura de 4 a 6 cm.

Peso: de 700 gr a 1 kg (o menor de todas as regiões).

PRINCIPAIS MUNICíPIOS PRODUTORES

rio Vermelho, Serra Azul de Minas, Santo Antônio do Itambé, Serro, Materlândia, Sabinópolis, Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro, Paulistas e Coluna.

O sabor do queijo ‘Serro’ é inconfundível, sendo atribuído ao tipo regional da pastagem do gado leiteiro, ao clima e especialmente aos segredos da arte de produção. A tradição foi introduzida na região pelos colonizadores portugueses, que lá chegaram em busca de diamantes e pedras preciosas. Nas fazendas, a queijaria adaptou as técnicas portuguesas, introduzindo a troca do coagulante do leite; enquanto o método português usava extrato de flores e brotos de cardo, os produtores locais preferiram um coagulante desenvolvido a partir do estômago seco e salgado de bezerro ou cabrito.Atualmente, na região do Serro, o queijo é mais do que um produto agroindustrial: virou valiosa herança familiar. A arte de fazer um bom queijo transformou-se em obrigação imposta pela tradição e é motivo de orgulho regional.

Fotos: Ignácio Costa

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10 www.sistemafaemg.org.br

dia do queijo

CANASTRACARACTERíSTICAS

Consistência: semidura, com tendência a macia, de natureza manteigosa.

Textura: compacta.

Cor: branca amarelada

Crosta: fina, amarelada, sem trincas.

Formato: cilíndrico, com altura entre 4 e 6 cm e diâmetro de 15 a 17 cm.

Peso: 1 a 1,2 kg.

Odor e sabor: ligeiramente ácidos, não picantes e agradáveis.

PRINCIPAIS MUNICíPIOS PRODUTORES

Bambuí, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, São roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita.

É comum na região, especialmente em São roque de Minas, Medeiros e Vargem Bonita, a produção de um queijo diferenciado, de formato cilíndrico, com altura entre 7 e 8 cm, diâmetro de 26 a 30 cm, peso entre 5 e 7 kg, com a denominação de ‘Canastra real’ ou ‘Canastrão’. Esse tipo de queijo era produzido antigamente em ocasiões especiais, como visitas do bispo católico ou de autoridades da capitania ou do Império.A região da Serra da Canastra é a mais conhecida produtora de queijo minas artesanal do estado. Suas montanhas e chapadões são marcas de uma natureza exuberante, com um microclima único e característico, cujo resultado é um queijo diferenciado, de sabor inconfundível.

CAMPO DAS VERTENTESCARACTERíSTICAS

Consistência: semidura, com tendência a macia, porém firme.

Textura: fechada, podendo apresentar algumas olhaduras irregulares.

Cor: amarelo-palha e coloração interna branco a creme.

Crosta: fina.

Odor e sabor: pronunciados, levemente ácidos, mas não picantes.

Formato: cilíndrico, com altura entre 5 e 7 cm e diâmetro entre 15 e 20 cm.

Peso: de 700 gr a 1 kg.

PRINCIPAIS MUNICíPIOS PRODUTORES

Tiradentes, Nazareno, ritápolis, São Tiago, Barroso, Madre de Deus de Minas, Coronel xavier Chaves, Santa Cruz de Minas, lagoa Dourada, Carrancas, São João del-rei, resende Costa, Conceição da Barra de Minas, Prados e Piedade do rio Grande.

A microrregião faz parte de um importante roteiro que atrai turistas de todo o país e que tem no queijo minas artesanal importante referência gastronômica. A produção sempre se manteve fiel ao modo de fazer queijos dos primeiros moradores da região, que descobriram nela a fonte de renda maior de sua produção de leite.

ARAXÁCARACTERíSTICAS

Consistência: semidura, com tendência a macia, de natureza manteigosa.

Textura: compacta.

Cor: branca a creme, homogênea.

Crosta: fina, amarelada, sem trincas.

Formato: cilíndrico, de 4 a 7 cm de altura e de 13 a 15 cm de diâmetro, de faces planas e bordas retas, formando um ângulo vivo.

Peso: de 1 a 1,4 kg.

Odor e sabor: ácidos, agradáveis e não picantes

PRINCIPAIS MUNICíPIOS PRODUTORES

Araxá, Campos Altos, Conquista, Ibiá, Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha, Sacramento, Santa Juliana, Tapira e uberaba.

O queijo tradicionalmente produzido em Araxá, há mais de dois séculos, usa a técnica introduzida por colonizadores portugueses. A partir das primeiras décadas do século xx, o queijo ‘Araxá’, produzido nas fazendas, passou a ser comercializado com tal intensidade que seu poder de troca adquiriu valores correspondentes ao de uma moeda.A fabricação do queijo continua sendo preservada na prática e pela tradição oral. As mulheres são as principais responsáveis pela produção, porque, segundo a tradição popular, são delas as mãos de temperatura elevada, as habilidades naturais e a paciência indispensável ao trabalho. Nos meses de inverno, mergulham as mãos em água quente para não deixar esfriar a massa durante o preparo do queijo.

CURADO OU MATURADO?Quem explica a diferença é o especialista da Emater-MG, Elmer de Almeida:

“Queijo curado é aquele que saiu da fase de risco ao consumo, e já tem seu processo microbiológico estabilizado. Queijo maturado é aquele que, além de curado, está maduro. É um processo que varia de queijo para queijo, a partir da observação do sabor, da picância e da sua qualidade”.

Fotos: Ignácio Costa

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oportunidade

Os produtores mineiros estão diante de uma oportunidade de au-mentar a produtividade e a renda e ainda proteger o meio ambiente: as inscrições para o ABC Cerrado estão abertas. O projeto difunde e incentiva a adoção de práticas sustentáveis que contribuam para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, oferecen-do capacitação profissional gratuita a produtores que atuem no bioma, bem como financiamento subsidia-do para os investimentos necessários.

Em Minas, ao longo de 2016, serão oferecidas 1.200 vagas para cursos sobre as tecnologias: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, plantio di-reto e florestas plantadas. Os produ-tores que fizerem o curso até junho ainda têm a possibilidade de receber assistência técnica gratuita para a implantação da tecnologia escolhida. Serão selecionadas 400 proprieda-des, que receberão 18 visitas técnicas ao longo de um ano e meio.

Demilson Carvalho Rodrigues, pecuarista de corte de Arinos, é um dos que já se inscreveram. A propos-ta chamou sua atenção por oferecer melhor rentabilidade numa mesma área e foco na preservação ambien-tal. Sua meta é implantar uma área de integração lavoura-pecuária. Com a iniciativa, espera estar em dia com a legislação, ter ganhos financeiros e contribuir para um mundo melhor. “O que eu puder fazer para maximi-zar minha produção e preservar a na-tureza, vou fazer”.

O qUE é O AbC CERRADO?É um desdobramento do Plano

Agricultura de Baixa Emissão de Car-bono – o Plano ABC, criado para esti-mular a participação dos produtores do cerrado, bioma que ocupa 57% do território mineiro. Coordenado pelo Mapa e pela Embrapa, é executado pelo SENAR MINAS. Ao INAES coube fazer a seleção dos profissionais que vão capacitar os produtores rurais.

Preservar e lucrar

FAEMG | SENAR 11

Estamos falando da oportunidade de o produtor ter acesso a conhecimento e assistência técnica sem nenhum custo. O que, ao final, ainda vai proporcionar maior eficiência produtiva”.PIERRE VILELA SuPERiNTENDENTE Do iNAES

Arqu

ivo

INAE

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COMO PARTICIPAROs cursos são gratuitos, mas as va-

gas são limitadas. Têm carga horária de 56 horas, distribuídas em quatro encontros que abordam os benefí-cios produtivos, ambientais e econô-micos das tecnologias; os principais modelos e técnicas e o gerenciamen-to da atividade agropecuária.

Podem participar produtores em propriedades com até 70 módulos fiscais. As propriedade com até 4 mó-dulos devem ter número de empre-gados formais superior ao de mão de obra familiar ou renda bruta anual superior a R$ 360 mil. As inscrições devem ser feitas exclusivamente pelo endereço eletrônico http://www.senar.org.br/pre-inscricao-do-processo-de-mobilizacao. É impor-tante que o produtor informe quais são as tecnologias em que ele tem interesse.

Integração lavoura-pecuária-floresta é uma das tecnologias indicadas pelo ABC Cerrado

Page 12: Revista FAEMG SENAR - Edição 18

sustentabilidade

Questão de vontadeA falta ou o excesso de chuva são

problema tanto para o campo quanto para a cidade. Para antecipar-se, insti-tuições públicas e privadas se uniram para desenvolver o projeto “Preservan-do as Águas de Pedro Leopoldo”, que visa a conscientizar produtores rurais sobre a importância de reter águas plu-viais em suas propriedades.

A ideia surgiu no Rotary Club Ca-choeira e foi colocada em prática pelo Sindicato dos Produtores Rurais e pela prefeitura, com o apoio de cooperati-vas, construtora, Codevasf, IMA, Ema-ter, IEF e Ruralminas.

Com a meta de construir 900 bar-raginhas em 150 propriedades rurais, e recuperar outras 120 já existentes, ao longo de cinco anos, os trabalhos começaram em 2013. Até o momen-to, mais de 400 barraginhas foram construídas em 57 propriedades. O presidente do Sindicato, Marcelo de Paula Pereira, conta que, apesar de não implicar custos para o produtor, os primeiros dois anos de projeto foram difíceis.

“Os produtores não queriam, acha-vam que estragaria os pastos. Não acreditavam nos benefícios apontados pelos técnicos. Mas agora, que já temos barraginhas prontas e produtores sa-tisfeitos, eles começam a mudar de opinião”.

12 www.sistemafaemg.org.br

Marcelo Pereira faz questão de participar da construção das barraginhas. Rotariano, seu envolvimento com o projeto começou antes de se tornar presidente do Sindicato.

Ciara Albernaz

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COMO FUNCIONAA construção das barraginhas é cus-

teada pela prefeitura e pelo Sindicato. A marcação do local é feita por técni-cos da Emater ou pelo próprio presi-dente do Sindicato, que é engenheiro agrônomo.

Segundo Marcelo, não há limite de barraginhas por propriedade, mas com o aumento da demanda, a cada 15 construídas, o produtor que tiver condições paga por cinco. Os custos se resumem à hora da carregadeira, atualmente em R$ 100. As barraginhas são feitas com capacidade para 60 mil litros de água, e ficam prontas em cer-ca de uma hora e meia.

Eduardo Viana Bahia, 55 anos, re-comenda a adesão. Produtor de milho para silagem, diz que, além do custo zero, foi bom ter um técnico orientan-do sobre como respeitar a legislação ambiental. Por meio do projeto, nove barraginhas foram construídas na propriedade dele: “Minhas terras são pé de morro, então o problema de ero-são é muito grande e as barraginhas resolvem bem. Recomendo. A iniciati-va é muito bem-vinda”.

INCENTIVO PARA qUEM JÁ FAzO projeto animou os produtores

que há muito aplicam boas práticas de conservação do solo, como Rogério Naves Branco, 42 anos. Produtor de leite e genética de leite, há mais de 20 anos ele utiliza técnicas como plantio direto e integração lavoura-pecuária. Em sua propriedade existem 31 barra-ginhas, 11 construídas no ano passa-do com recursos do “Preservando as Águas de Pedro Leopoldo”.

O projeto foi um estímulo a mais. Provavelmente sem a ajuda da prefeitura e do sindicato eu não teria feito as novas barraginhas. Elas contribuíram bastante para a recuperação das áreas degradadas, que eram muitas. Outra vantagem de investir no conjunto de práticas de conservação é não sofrer falta d’água. Enquanto as lagoas e açudes da região secaram o ano passado, nossa lagoa principal nem sequer baixou o volume. Marcelo é testemunha do trabalho que temos feito e dos resultados que conseguimos. O sindicato sempre foi fundamental nisso tudo”.ROgéRIO NAVES bRANCO

Se a água ficar na barraginha é bom, se infiltrar no solo e abastecer o lençol freático, ótimo. Se o beneficiário desse trabalho for eu ou o outro mais adiante não tem importância. Isso é que é o bom desse projeto: fazer as pessoas começarem a cuidar do planeta. Além disso, vai resolver outro problema. Havia muita enxurrada e erosão, com as barraginhas isso vai acabar. Onde a água correr dentro da fazenda eu vou segurar”.LEONARDO NERI PEREIRA

Outro incentivo à participação dos produtores é a possibilidade de receber pela água que ‘produzirem’. Um projeto de lei prevendo a re-muneração pelos serviços ambien-tais prestados será encaminhado à câmara de vereadores e tem ani-mado os produtores a aderirem ao projeto.

Leonardo Neri Pereira, 72 anos, é um deles. Administrador da Fazen-

da Barreiro, pertencente à sua famí-lia, quando perguntado sobre o que produz nela, responde: “Sou produ-tor de leite e agora vou ser produtor de água!”.

Em fevereiro, 15 barraginhas fo-ram construídas na propriedade. “O ano passado a fazenda secou como nunca vi antes. Por isso, fiz as barra-ginhas e pretendo fazer mais. O que puder segurar de água, eu vou”.

PRóXIMO PASSO

FAEMG | SENAR 13

Fotos: Ciara Albernaz

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palma ForraGeira

“Minas são muitas”, sentenciou Guimarães Rosa. E são mesmo. A diversidade é tanta que algumas regiões do estado necessitam de soluções totalmente distintas das demais. Uma delas é a de clima se-miárido. Considerada uma porção nordestina no Sudeste, essa região marcada pela caatinga tem duas es-tações definidas: uma chuvosa, que dura cerca de três meses, e outra totalmente seca, que predomina o resto do ano.

Nos 85 municípios inseridos nes-sa área, é da rotina dos produtores lutar contra os efeitos da seca, e este ano não será diferente. A estiagem consumiu pastagens, lavouras e parte do rebanho; o milho está caro.

Diante de tantas dificuldades, na-da mais lógico do que procurar em lugares que enfrentam os mesmos desafios formas de superá-los. Uma das alternativas adotadas no semiá-

rido nordestino é a palma forragei-ra – um cacto originário da América Central, que tem 75% da proteína bruta fornecida pela silagem de milho.

Fonte tanto de alimento quanto de água para o gado e para huma-nos, é altamente resistente à seca. Seu uso é recomendado como com-plemento alimentar, compondo en-tre 40% e 50% do volumoso.

A palma forrageira é velha co-nhecida da população do semiárido, mas comumente é plantada nas pio-res faixas de terra da propriedade, sem receber muita atenção. Porém, cultivada com as técnicas corretas pode alcançar boa produtividade e ser excelente recurso para controle da erosão em terrenos declivosos.

Para apresentar essa alternativa aos pecuaristas mineiros o Sindica-to dos Produtores Rurais de Araçuaí (Siproara) promoverá entre 9 e 10 de

junho um simpósio sobre a palma forrageira, com a participação do engenheiro agrônomo Paulo Suas-suna. Especialista na cactácea, ele desenvolveu a tecnologia de cultivo intensivo da palma aplicada em pe-quenas propriedades rurais.

O evento, que será realizado em parceria com o Sistema FAEMG, Se-brae e a prefeitura municipal, pre-tende apresentar técnicas de cultivo intensivo e aplicações práticas da planta, bem como maquinário para facilitar o manejo.

A ideia de difundir a palma no se-miárido mineiro surgiu no segundo semestre do ano passado, quando o presidente do sindicato, José Otoni Alves Campos, trocou uma viagem técnica aos Estados Unidos para co-nhecer a produção de leite naquele país pela participação no 4º Con-gresso Brasileiro de Palma e Outras Cactáceas, na Bahia.

solução para o semiárido

14 www.sistemafaemg.org.br

Arquivo pessoal

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FAEMG | SENAR 15

“Queria ver uma realidade mais próxima da nossa, então preferi ir à Bahia. Valeu muito a pena! Temos muito a ver com o semiárido nordestino. A palma é uma alternativa para a falta de chuva. Conheci uma variedade de palma doce, desenvolvida na Universidade Federal de Sergipe, que produz 820 toneladas por hectare, recebendo 10 mm de chuva por mês. Com essa escassez de chuva e a altura em que está o preço do milho, me senti obrigado a trazer esse conhecimento para Minas.Realmente acredito que pode ser uma boa opção. Na década de 1970 nosso rebanho tinha cerca de 90 mil reses, hoje temos menos de 35 mil. A pecuária continua sendo nossa principal fonte de renda, temos que fazer algo para torna-la lucrativa. Eu já plantava palma, mas sem técnica nenhuma. Aprendi que precisa ser tratada como as outras culturas. Ter o manejo certo. Vamos trazer o engenheiro agrônomo que desenvolveu a técnica do cultivo intensivo ao nosso seminário para nos ensinar a plantar. Já compramos 300 mil mudas para distribuir aos participantes”.

josé otoni alves camposPresidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí.

n Foi introduzida no semiárido nordestino para a produção de corante carmim, no final do século xIx.

n Durante a grande seca de 1932 foi descoberta como alternativa forrageira. Nesse período o governo federal implantou o primeiro programa de incentivo ao uso.

n Estudos mais aprofundados, visando ao melhor aproveitamento da espécie, só começaram a partir da década de 1950.

n Outra grande seca, ocorrida entre 1979 e 1983, consolidou o espaço da palma

no semiárido nordestino e vários estudos sobre a espécie foram iniciados.

n A produção atual no Nordeste ultrapassa 500 mil hectares. Está concentrada em Alagoas, Pernambuco, rio Grande do Norte e Norte da Bahia.

n Duas espécies são cultivadas em larga escala: Opuntia ficus-indica, que possui as cultivares gigante e redonda, e Nopalea cochenilifera, que possui as cultivares miúda e doce. A gigante é a mais comum no semiárido nordestino, devido à sua rusticidade.

descriçãoCacto suculento, ramificado, de porte arbustivo, com altura entre 1,5 e 3 m, ramos clorofilados achatados, de coloração verde-acinzentada, mais compridos (30 - 60 cm) do que largos (6 - 15 cm), variando de densamente espinhosos até desprovidos de espinhos. As folhas são excepcionalmente pequenas. As flores são amarelas ou laranja brilhantes, vistosas. Os frutos são amarelos-avermelhados, suculentos, com aproximadamente 8 cm de comprimento, com tufos de diminutos espinhos.

oriGem da plantan Nativa das regiões áridas da América Central, principalmente México

Histórico no brasil

Critérios téCniCos para ClassifiCação de muniCípios

1 Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros;

2 Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990;

3 risco de seca anual maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990.

n São considerados pertencentes ao semiárido os municípios que atendam pelo menos um desses critérios.

semiárido

municípios donorte e Vale do Jequitinhonha

Mais

1,2 milhão de habitantes

Mais de

40% vive na zona rural

85em minas Gerais

serviço As vagas para o seminário são limitadas, mais informações pelo 33 37311713 ou 33 999721713

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16 www.sistemafaemg.org.br

Aconteceprodutores mineiros em brasília

Mais de 2,5 mil produtores rurais mineiros participaram, em Brasília, da manifestação de apoio ao impedi-mento da presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes chegaram em 60 ônibus ao Distrito Federal. Vestidos com a camisa e chapéu do movimen-to Vamos Tirar o Brasil da Lama, mui-tos levavam as bandeiras do Brasil e de Minas Gerais.

Em discurso no carro de som, o presidente da FAEMG, Roberto Si-mões, destacou a importância da pre-sença dos produtores rurais: “Minas Gerais não podia deixar de estar pre-sente neste momento histórico. Nós não podemos admitir a situação eco-nômica e política como está. Somos nós, os produtores, que sustentamos esta nação”.

Os mineiros se juntaram a cara-vanas de produtores rurais de todos os outros estados do país, lideradas pela CNA. Os representantes do cam-po, que chegaram ao Planalto em 300

ônibus, se destacaram na multidão pró-impeachment pelo gigantesco trator inflável com 10 metros de al-tura, 35 metros de comprimento e 15 metros de largura, com as cores da bandeira nacional

Para o presidente da CNA, João Martins, a saída da presidente Dilma Rousseff representará o início de uma “nova era para o Brasil, permitindo a

pacificação da sociedade, adoção de mudanças na economia e das refor-mas estruturais necessárias para re-tirar o país do fundo do poço”. Após o resultado da votação no parlamento, a Confederação divulgou nota afir-mando que “recebe a decisão da Câ-mara dos Deputados consciente da responsabilidade que terá no proces-so de reconstrução do País”.

luiz Henrique de Carvalho

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encontros reGionais

A diretoria da FAEMG vai promover oito reuniões regionais, entre maio e agosto, com os sindicatos rurais para a discussão de problemas que afetam o agronegócio, da conjuntura política, social e econômica, bem como assuntos relativos ao SENAR, arrecadação e meio ambiente. As reuniões serão uma oportunidade para estreitar relacionamentos e trocar experiências.

Uberlândia 5 de maio

Juiz de Fora 4 de agosto

Patos de Minas 28 de julho governador Valadares

30 de junhoSete Lagoas 21 de julho

Varginha25 de agosto

Montes Claros 19 de maio

FAEMG | SENAR 17

Identificar oportunidades de negócios entre Brasil e Portugal foi o propósito da visita à FAEMG da Câmara Portuguesa de Comércio de Minas, da Invest Lisboa e da Aicep Portugal (as duas últimas, agências portuguesas de promoção de investimentos) e por representantes do consulado. O grupo apresentou dados socioeconômicos e da agroindústria e vantagens competitivas do país. Também assistiu a apresentação sobre o potencial e a diversidade do agronegócio mineiro, com destaque para o projeto do INAES, que promove a exportação de frutas irrigadas do norte de Minas para a Europa. “É possível que bons negócios tenham origem a partir desse encontro. Tomaremos as providências para estreitarmos esse diálogo em torno de oportunidades concretas”, disse o presidente do Sistema FAEMG, Roberto Simões.

O programa de viagens técnicas do Sistema FAEMG promoveu missão à Guatemala e aos Estados Unidos, com roteiro voltado para a cafeicultura. Na América Central, a viagem foi focada na produção de cafés especiais, com visitas a fazendas e cooperativas. Já na América do Norte, o objetivo foi participar da feira da SCAA (Specialty Coffee Association of America), em Atlanta, uma dos maiores eventos do mundo para expor e negociar cafés. Participaram da missão 31 presidentes de sindicatos em municípios produtores; o diretor da FAEMG, Breno Mesquita; a gerente regional do SENAR em Viçosa, Silvana Novais; a coordenadora do programa Café+Forte, Ana Carolina Gomes, e o deputado estadual Fabiano Tolentino.

relações internacionais missão técnicaFlávio Amaral Ana Carolina Gomes

Manhuaçu9 de junho

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O programa Supergenética vai proporcionar aumento de produ-tividade e redução dos custos de produção, com baixo investimento, aos produtores de leite em Pompéu. Lançado pelo Sindicato dos Produto-res Rurais em outubro de 2014, tem o objetivo de estimular a uniformiza-ção do rebanho por meio do melho-ramento genético.

“O município é uma das principais bacias leiteiras do país e pode agregar valor à produção investindo na qua-lidade do gado. O rebanho aqui tem grau de sangue de tudo quanto é jei-to. É muito complicado tratar um ga-do tão variado, cada um tem um sis-tema de dieta. Não há como o produ-tor ficar separando duas, três vacas. O macete é padronizar o rebanho para o manejo ficar mais fácil e diminuir o custo”, diz o presidente da entidade, Antônio Carlos Álvares.

A intenção do sindicato é expan-dir o número de cabeças de ½ sangue

mediante o cruzamento de vacas gir com touros holandeses. “Nossa região é quente, indicada para um rebanho ½ sangue. O choque san-guíneo entre uma raça zebuína lei-teira e uma raça europeia tem como resultado animais mais produtivos, com menor custo de produção, uma vez que pode ir para o pasto, sair das cocheiras”.

O PROJETOPara garantir que produtores

de todos os portes sejam capazes de investir nessa ideia, o sindicato comprou doadoras e fechou parce-ria com um veterinário para fazer a coleta dos oócitos, a fertilização in vitro (FIV) e o implante do embrião nas vacas receptoras. Com o progra-

Quanto mais homogêneo, melhor

melHoramento Genético

Arquivo Sindicato

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Primeiras bezerras nascidas por meio do projeto serão apresentadas na Superleite 2016

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FAEMG | SENAR 19

“O gado do sindicato foi escolhido a dedo, com controle oficial feito pela ABCZ”DANER CAMPOS DE SOUSA

“O macete é padronizar o rebanho para o manejo ficar mais fácil e diminuir o custo”ANTôNIO CARLOS ÁLVARES

ma, o material genético da mãe não tem custo e o pagamento da mão de obra do veterinário cai a um terço dos valores praticados no mercado. O produtor fica responsável pelo sê-men, cuja dose pode ser comprada em parceria.

INVESTIMENTOA princípio o sindicato investiu R$

130 mil na aquisição de 10 vacas gir com pedigree. “Sabemos que é difícil para o pequeno e até para o médio produtor investir em animais com bagagem genética de alta qualidade. Optamos pela compra de animais com boas características genéticas e de produtividade. O gado que nós estamos fazendo não é para pista, é para leite, então tem que ser bom de produção. Conferimos a filiação e a quantidade de leite por lactação. Não compramos uma vaca com menos de 7 mil quilos por lactação”.

Desde o início do projeto, 500 oó-citos foram colhidos. As primeiras bezerras já nasceram e devem ser apresentadas na Superleite deste ano. De acordo com o presidente do sindicato, a participação no progra-

ma é um “investimento seguro que proporciona melhor desempenho produtivo, reprodutivo e econômi-co”. Os produtores que participam do programa fazem coro com ele.

Daner Campos de Sousa, 35 anos, sócio da Fazenda Porto Pará junta-mente com os irmãos Denis e Dê-nia, já tem bezerras geradas pelo Supergenática. “O gado do sindicato foi escolhido a dedo, com controle oficial feito pela ABCZ. Oferece uma gama de matrizes que propicia diver-sidade maior ao meu novo rebanho. Já tenho experiência com gado F1 e as bezerras nascidas do projeto são muito boas. Não existe nenhum lu-gar que tem o custo igual ao do pro-grama. Não tem erro, as vantagens são indiscutíveis”.

Ele está aproveitando a iniciativa do sindicato para pôr em prática o plano de reduzir o plantel sem di-minuir a produção. Para produzir os embriões, Daner diz que tem esco-lhido touros holandeses da melhor qualidade possível. “Não olho o pre-ço. Estamos investindo no melhora-mento do rebanho para aumentar a produtividade e continuar com o mesmo volume de produção, mas

com menos vacas. Nosso intuito é ganhar dinheiro. Optamos pelo ga-do F1 por ser mais rústico e ter uma carga genética mais pesada, adequa-do para o nosso clima, que é mais quente”.

Outro produtor que tem se be-neficiado com a iniciativa é Geraldo Otacílio Cordeiro, 43 anos. Ele está desenvolvendo genética para ofe-recer ao mercado há mais de cinco anos. Para tanto, além da produção de leite, tem focado as atividades da fazenda na transferência de em-briões e produção de FIV em escala. Uma de suas fontes para aspiração é o rebanho do sindicato.

A iniciativa de mostrar ao produtor que essa tecnologia é economicamente viável é exemplar. O rebanho do sindicato tem animais de alta qualidade genética, buscados no mercado. E o melhor é que a qualidade se multiplica muito rápido com a fertilização in vitro (FIV). Enquanto uma vaca por monta natural ou por inseminação artificial dá uma cria por ano com a FIV, a cada 25-30 dias pode-se coletar oócitos desse animal para transformar em embrião. Tem vaca que dá até 4 embriões por coleta. Do outro lado, o sêmen de um touro holandês de alta qualidade custa em torno de R$ 400,00. Com uma dose dá para fazer até 15 embriões”.

gERALDO OTACíLIO CORDEIRO

Fotos: Ciara Albernaz

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Fruticultura

made in jaíbaangas suculentas, no ponto para con-sumir, e limões de sabor acentuado, com forma e cor que remetem à per-

feição saem do norte de Minas para o deleite dos europeus. As remessas são crescentes e têm potencial pa-ra aumentar. Apenas em uma das ações promocionais feitas no exte-rior este ano – a participação na Fruit Logistica (uma das maiores feiras do mundo para negociação de produ-tos frescos, realizada na Alemanha) – a expectativa de novos contratos para exportação das duas frutas ul-trapassou R$ 2,6 milhões, de acordo com dados da Abanorte (Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas).

As frutas são cultivadas em sete municípios na região do Jaíba, em um esforço que começou nos anos 2000. A intenção era fomentar a fru-ticultura irrigada como indutora do desenvolvimento econômico local. Um dos que abraçaram a ideia foi Dalton Londe Franco Filho, 48 anos. Em 2002 ele abandonou a carreira como executivo na Fiat para ser pro-dutor. Investiu primeiro no cultivo de banana, mas não teve sucesso. “Perdi tudo. Tive que voltar para a indústria automobilística. Fiquei dois anos. Depois passei quatro anos trabalhando na China, de onde vol-tei a investir na fazenda do Jaíba”.

Na segunda tentativa escolheu a manga palmer. Deu certo: “A deman-da pela manga é maior que a oferta, mesmo o mercado interno não está tão ruim”. A produção atual chega a 1,5 mil toneladas/ano, um terço se-gue para o mercado externo. Mas o sucesso não veio fácil: “A exportação é um trabalho muito pesado, não se faz de um dia para outro. É preciso ter certificações, a lavoura deve ser preparada para esse fim. Também é

necessário um trabalho muito bom de beneficiamento e processamen-to das frutas. Existe risco, mas vale a pena. Ganho em torno de 30% a mais com as exportações”.

O negócio tem um potencial tão bom, que ele investiu também no limão e, nos próximos meses, já pre-tende iniciar a exportação.

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Arquivo pessoal

“Manga e limão são quase commodities, têm demanda muito grande o ano inteiro”DALTON LONDE FRANCO FILHO

Arquivo INAES

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FAEMG | SENAR 21

Caminho do sucesso

Por traz da prosperidade de Dal-ton, Cláudio e outros exportadores do Jaíba existe um esforço que vem sendo feito há mais de 15 anos por várias instituições. Uma delas é o INAES (Instituto Antonio Ernesto Salvo). Juntamente com o Sebrae, o governo mineiro, as universidades de Viçosa e Montes Claros e a Abanorte, executou projetos para certificação de propriedades, viabilidade logís-tica e desenvolvimento de marca, e faz o assessoramento técnico de produtores.

O Jaíba tem excelente potencial de exportação; desenvolvê-lo requer trabalho e planejamento. Estamos nesse projeto há anos. Trabalhamos todos os aspectos: da formação dos pomares até a colocação das frutas dentro dos contêineres. Os produtores precisaram ajustar seus processos internos e investiram em tecnologia e infraestrutura. Desenvolvemos uma estratégia de marketing, criamos a marca Região do Jaíba, certificamos, garantimos qualidade. Fizemos um trabalho de convencimento dos produtores para que se unissem a associações como forma de ganhar escala e viabilizar a parte de comércio exterior, pois o mais importante para manter e expandir mercado é garantir a continuação da oferta com a mesma qualidade. Fomos bem-sucedidos com magas e limões, agora estamos trabalhando com a banana prata”.

pierre vilelaSuperintendente do iNAES

Parceria com associações é um facilitador para quem quer exportar

O caminho inverso foi trilhado por Cláudio Dykstra, 37 anos. Produ-tor de limão há 6 anos, agora inves-te na plantação de manga. O pomar deve estar pronto em um ano para o início das exportações.

Ele chegou ao Jaíba um pouco de-pois de Dalton. Nascido no Paraná, em uma família de produtores de so-ja e milho, saiu pelo país em busca de terras mais fartas. Em 2003, estava de passagem por Minas quando sou-be do incentivo do governo ao cul-tivo de frutas irrigadas, encontrou crédito facilitado e ficou. “No Paraná faltava espaço, então precisei pro-curar outra fonte de renda. Cheguei

a Minas sem intenção de ficar, mas, quando soube do projeto no Jaíba, decidi arriscar”.

Cláudio começou pelo cultivo de banana caturra, destinada ao mer-cado interno. Em 2010, passou a cul-tivar limão e exportar. “Comecei o pomar já com intenção de exportar. Era a fruta do momento”. O negócio prosperou com o apoio da Associa-ção dos Produtores de Limão do Ja-íba. Ele produz 100 mil caixas de 20 kg por ano. Cerca de 30% vão para o exterior. “Vale a pena exportar, mas o negócio só é viável em parceria com a associação, que faz todo o beneficia-mento da fruta e processo de venda”.

rafael Motta

Arquivo INAES

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denise bueno, de passos

Exaltar a necessidade de aumen-tar a qualidade dos produtos não é mais novidade no campo. As novas exigências vão além do sabor - ho-je o consumidor quer informações sobre as condições ambientais, so-ciais e econômicas de como foi pro-duzido o alimento.

Essas novas exigências do mer-cado comprador têm modificado a vida de muitos produtores no sul de Minas. Na região de Nova Resende, o cafeicultor Geraldo Vieira Bueno é um desses exemplos. Proprietário das fazendas Cachoeirinha e Mor-

SENAr oferece cursos para que cooperados da Cooxupé atendam a exigências de consumidores que querem qualidade aliada à preservação ambiental e vida saudável

caFé

produção sustentável

“Depois que aceitamos a mudança, a gente não quer parar mais. Se é lei, é lei. Para produzir corretamente é preciso cuidar do meio ambiente, dos funcionários, do imóvel e da nossa saúde.”gERALDO VIEIRA bUENO

rodrigo Diniz

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FAEMG | SENAR 23

“Ficamos mais experientes e adquirimos mais controle no manejo de aplicação de defensivos, aprendemos a monitorar pragas e doenças. Com as capacitações começamos a produzir com mais precisão e a nossa experiência contagia amigos e vizinhos”JOÃO LUíS TEIXEIRA

ro Vermelho, ele cultiva café em 50 hectares. O produtor é um dos inte-grantes do projeto Nescafé Plan da Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicul-tores em Guaxupé), que comercia-liza café de qualidade superior para torrefadoras que buscam a qualida-de em consonância com a preserva-ção do meio ambiente e a qualidade de vida de seus trabalhadores.

Geraldo herdou a profissão do pai. Com ele e em palestras apren-deu boa parte do que sabe. Ele é enfático ao afirmar que tudo muda na propriedade quando se come-ça a produzir seguindo as técnicas corretas do manejo. “Depois que aceitamos a mudança, a gente não quer parar mais. Se é lei, é lei. Para produzir corretamente é preciso cuidar do meio ambiente, dos fun-cionários, do imóvel e da nossa saú-de. Tudo isso faz parte do projeto, faz parte do novo”. Geraldo já parti-cipou de 22 cursos do SENAR e afir-ma que os treinamentos mudaram o perfil da sua propriedade. “Quem dera todos fizessem essa opção”.

Com 40 hectares de café em produção e outros 10 em reforma, ele aguarda o início da colheita em maio. Ele trabalha com a variedade Catuaí Amarelo e opta pelo método do cereja descascado. Recentemen-te, comercializou sacas de café a R$ 704,00, o que o deixou realizado. “Aumentei a minha produção e melhorei a qualidade do café”. Se-gundo Geraldo, a saca de qualidade pode ser vendida 30% acima da mé-dia comercializada no mercado. “É compensador”.

MANEJOA experiência do produtor João

Luís Teixeira, em Itamogi, confirma os relatos de Geraldo. Com quatro cursos do SENAR, ele ressalta o que mudou na sua atividade. “Ficamos mais experientes e adquirimos mais controle no manejo de apli-cação de defensivos, aprendemos a monitorar pragas e doenças. Eu nasci no café. Aprendi com o meu pai, com palestras e estudei um

pouco também, mas com as capaci-tações começamos a produzir com mais precisão e a nossa experiência contagia amigos e vizinhos”.

João também é integrante do Projeto Nescafé Plan, que abrange uma área de 19 municípios do sul de Minas e mantém 5.573 produto-res inscritos. Somente na Cooxupé, a demanda de torrefadoras por ca-fés de qualidade superior motivou, desde 2012, a capacitação de 3.000 pessoas. O produtor é enfático ao afirmar que se não tiver conheci-mento ele perde terreno para os seus concorrentes. “Hoje a infor-mação chega cada vez mais rápida. O vizinho vê o seu trabalho e busca saber o que você está fazendo. Não pode perder tempo, senão fica para trás”.

Com produtividade de 80 sacas por hectare, João deve colher 2 mil sacas das variedades Catuaí Amare-lo e Mundo Novo.

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O SENAR MINAS mantém convê-nio com a Cooxupé há cinco anos pa-ra a capacitação de seus cooperados. Desde o primeiro convênio, efetivado em 2011, foram realizados mais de 1.000 cursos na região de atuação da cooperativa, o que resultou na capa-citação de mais de 12 mil pessoas. Se-gundo o gerente regional do SENAR em Passos, Rodrigo de Castro Diniz, os conteúdos dos cursos foram ade-quados para atender à necessidade de cada região e da cooperativa.

Entre essas necessidades se enqua-dram os cursos de aperfeiçoamento para o Nescafé Plan, que abrangem a administração rural, manejo inte-grado de pragas e doenças, reflores-tamento, uso racional da água, apli-cação de agrotóxicos e saneamento básico rural.

TENDêNCIASegundo o gerente de responsabi-

lidade socioambiental da Cooxupé, Alexandre Monteiro, esses quesitos são essenciais para que as torrefado-ras comprem o produto brasileiro. “Esta é uma demanda do consumidor

final que busca um produto de quali-dade, que tenha sido produzido com responsabilidade social e ambien-tal. Não é um modismo, mas uma tendência que veio para ficar”. Para Alexandre, as parcerias para o desen-volvimento desse processo são fun-damentais, pois seria impossível para a Cooxupé capacitar todos os interes-sados no projeto. “O SENAR é nosso parceiro nesse processo porque tem a metodologia e a linguagem adequa-das para falar com o homem do cam-po. Elas transmitem de forma correta e fazem com que o produtor aplique os conhecimentos efetivamente em sua propriedade”.

“Num futuro próximo vai estar no mercado quem mantiver uma pro-dução sustentável”, afirma o técnico agrícola da Cooxupé, Alexandre Hen-rique da Silva Felis. Segundo ele, as capacitações dos cafeicultores são im-portantes não somente para a venda de cafés finos, mas para a garantia de mercado para os produtores. Alexan-dre ainda ressalta que a capacitação é um processo lento, mas contínuo, e que traz excelentes resultados.

Senar e Cooxupé: juntos há cinco anos

A Cooxupé integra o Programa Café+Forte do SISTEMA FAEMG desde 2012, atuando em 13 municípios da região. O Progra-ma realiza a transferência de tecnologia nas áreas de gestão e custos, aumentando a capacidade de gerenciamento do cafeicultor. Por meio de metodologia própria, o Programa Café+Forte traduz as anotações dos produtores em indicadores de produtividade e rentabilidade. O objetivo é calcu-lar os custos e determinar os ga-nhos da atividade, talhão a talhão, dentro da propriedade. Durante o desenvolvimento do Programa, o produtor - juntamente com o técnico da Cooxupé - desenvolve habilidades de gestão estratégica, gestão de riscos e planejamento a médio e longo prazo, possibili-tando melhorias produtivas e de competitividade.

caFé

Curso de operação e manutenção de tratores

Arquivo Senar Minas

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Goiaba

natHalie Guimarães, de viçosa O produtor Dalton Alves de Queiroz

iniciou a fruticultura em Paula Cân-dido com a proposta de diversificar a produção de café e leite no município. No entanto, quando as goiabeiras co-meçaram a dar frutos, ele esbarrou na seguinte questão: “vender para quem e para onde?”. Começou comercializan-do as frutas na região, mas o desper-dício era grande. Ao perceber que não havia escoamento, identificou uma alternativa e implementou um novo negócio: a fábrica de polpas.

“Um grupo de produtores se reuniu para diversificar a produção. Optamos pela goiaba e buscamos mudas no inte-rior de São Paulo. Quando começamos a produzir, todo mundo saía de carro oferecendo a fruta na região. Com uma mesinha e uma balança vendi goiaba na rua”, conta.

No entanto, sempre sobravam fru-tas maduras, que eram dadas aos be-zerros ou viravam doces. A solução veio quando Dalton decidiu fazer polpas pa-ra vender para as prefeituras e fornecer nas escolas por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Pro-grama Nacional de Alimentação Esco-lar (Pnae). A pequena fábrica surgiu há quatro anos no Sítio da Onça.

SIFNo entanto, para concretizar esse

projeto, foi preciso obter o Selo de Ins-peção Federal (SIF) e fazer adequações como reforma e aquisição de maqui-nários e câmara fria. Desde o início, Dalton buscou ajuda junto à Emater e à Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde recorreu a empresas juniores nas áreas de Contabilidade e Alimentos, por exemplo, para aprimorar o traba-lho e identificar novos mercados.

Nesse processo, a experiência ad-quirida nos cursos do SENAR MINAS também foi significativa. Ele participou de cursos de empreendedorismo, ad-ministração rural e de compotas e do-ces, entre outros. Atualmente Dalton também faz o Programa de Formação de Novas Lideranças Rurais. “Fazendo os cursos, percebi ainda mais a neces-sidade de controlar tudo na fábrica, da parte financeira à qualidade. Faço cur-sos e busco parcerias. Tudo isso me aju-da a adquirir essa nova visão.”

CRESCIMENTOMesmo satisfeito com o negócio,

Dalton sentiu a necessidade de diver-sificar. Além da goiaba, passou a pro-duzir polpas de maracujá e abacaxi. Os produtos, hoje com a marca Dalfrut, são entregues para cerca de 15 escolas de Dores do Turvo, Paula Cândido e

Viçosa. Dalton também já distribuiu as polpas em escolas de Presidente Bernardes e São Geraldo. A produção, segundo ele, chega a 300 quilos por mês. Além de Dalton, o filho e quatro funcionários ajudam no trabalho.

Após um período de investimen-tos, o momento agora é de avaliação. Para Dalton, houve entraves, mas é preciso ter persistência. “Tem que sa-be o que você quer e estar disposto a correr atrás. Se não tiver persistência, não vai a lugar nenhum porque há muito obstáculo, muita burocracia. Procurar orientação e capacitação também é fundamental”.

Sem desperdícioProdutor investe em pequena indústria e transforma frutas em polpas em Paula Cândido

Fazendo os cursos, percebi ainda mais a necessidade de controlar tudo na fábrica, da parte financeira à qualidade. Faço cursos e busco parcerias. Tudo isso me ajuda a adquirir essa nova visão.”DALTON ALVES DE qUEIROz

Fotos: Nathalie Guimarães

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Sindicatos

Uma das novidades foi a 56ª Exposição do Cavalo Mangalarga Marchador, com mais de 200 animais de diversos estados do Brasil. O título de Grande Campeão Adulto da raça e Campeão dos Campeões em marcha ficou com ‘Radical da Serie-ma’, de Daniel Borja, de Jabo-ticatubas. Já a Grande Cam-peã Fêmea Adulta foi para ‘Quixote Vitória’, de Jorge Ferreira da Silva, de Itu (SP).

O Programa Pró-Gené-tica foi destaque no evento, teve bom volume de ne-

gócios com a venda de 11 exemplares da raça nelore, 3 tabapuã e 1 senepol, média de R$ 7 mil por animal.

“A cada dia o produtor compreende que é preciso investir em animais de qua-lidade, para ter lucro mais significativo. Um animal certificado deixa na pro-priedade 40 bezerros, com a venda de sete animais é pos-sível pagar o investimento desse PO, o resto é lucro”, explica Rafael Resende de Oliveira, assessor de Provas Zootécnicas da ABCZ.

uberlândia | os destaques da Femec

A 5ª Femec (Feira do Agronegócio do Estado de Mi-nas Gerais), promovida pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Uberlândia, recebeu mais de 40 mil visitantes no Parque de Exposições Camaru. O evento apresen-tou os principais lançamentos do setor de máquinas, equipamentos, implementos e insumos agrícolas. O presidente do Sistema FAEMG, Roberto Simões, presti-giou a feira. “A Femec é fundamental para essa região. A feira de máquinas agrícolas é o elo que faltava ao nosso estado”.

Competições e máquinas garantem o sucesso da feira

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arcos | investimentoO Centro de Eventos Chopão, do

Sindicato de Arcos, será reinaugura-do em maio. A reforma, iniciada em janeiro, foi orçada em R$ 110 mil. O presidente José Alves Vilela expli-ca que a construção, de cerca de 40 anos, estava com instalações elétri-cas e hidráulicas comprometidas. Além de abrigar eventos do próprio

sindicato, o espaço será alugado pa-ra festas e cerimônias particulares. “Com o dinheiro, pretendemos refor-mar também a sede. O associado me-rece mais funcionalidade, conforto e segurança”. No ano passado, o sindi-cato já havia reformado o parque de exposições, com melhorias no tater-sal e baias.

antes depois

itajubá | sindicato comemora 50 anos

Durante a comemoração dos 50 anos de fundação do Sindicato de Itajubá, o assessor especial da FAEMG, João Roberto Puliti, entregou placa para marcar a data ao presidente Luiz Fernando Gaudino Braga.

NúMEROSEste ano, as vendas e compras

chegaram a R$ 196 milhões, 30% inferior a 2015, quando chegaram a R$ 280 milhões.

“Mesmo com a queda de ne-gócios, os números foram muito bons, levando-se em considera-ção a grave crise da economia bra-sileira. O Sindicato Rural tem feito seu papel de fomentar negócios e levar benefícios aos produtores rurais”, comentou o presidente do Sindicato Rural de Uberlândia, Thiago Soares Fonseca.

Outro destaque foi a Expoinel, Exposição Especializada da Raça Nelore, que teve 360 animais na pista de julgamento. O Grande Campeão foi o touro ‘Talento FIV do Bony’, da Agropecuária Vila dos Pinheiros, em Salto ( SP). O Reser-vado Grande Campeão é ‘Nasik FIV Perboni’, de Milton José de Marchi, da Fazenda São Judas Ta-deu, em Matrinchã (GO).

Fotos: Divulgação/FEMEC

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Com o apoio do Sindicato de Go-vernador Valadares e patrocínio do Sistema FAEMG, foi realizada na cida-de uma palestra sobre o Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Car-bono. Quem falou foi o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Ivênio Rubens. As dú-vidas relacionaram-se, principalmen-

te, à adequação das tecnologias para propriedades rurais menores. “Mui-tos produtores também quiseram sa-ber sobre o custo de implantação. Ou-tros reconheceram a dificuldade de alguns em aceitar mudanças em suas atividades”. O evento foi realizado no auditório da URRD (União Ruralista), no Parque de Exposições.

Apenas cinco meses após assumir a presidência do sindicato, Marcos Francisco de Oliveira reformou a sede e viabilizou a Feira do Produtor, em parceria com a Emater. O evento, no centro da cidade, conta com 40 bar-racas onde são comercializados legu-mes, frutas, ovos, hortaliças e quitu-tes como pastéis, churrasquinhos e doces. “Está um sucesso, com muita gente circulando e fazendo compras”. Outra iniciativa foi restabelecer a par-ceria com o SENAR para realização de cursos de capacitação profissio-nal. Cafeicultor há 30 anos, ele can-didatou-se ao cargo por sugestão de membros da antiga diretoria. Com tantas benfeitorias, já conseguiu 30 novos associados. Agora, planeja montar uma sala de prova para cafés finos a fim de incentivar ainda mais a produção de cafés de qualidade, na região.

A Assembleia Ordinária de Cláudio foi movimentada pela presença de um representante da Avivar Indústria de Alimentos, que propôs parceria com os produtores da região. O diretor-secretário do sindicato, Kléber Silva, acredita que a proposta da Avivar – que trabalha com cortes congelados e resfriados de aves e tem sede na vizinha de São Sebastião do Oeste – criará novos postos de trabalho. Pela proposta, os produtores receberão matéria-prima (pintinhos), assistência técnica, ração, 50% do valor gasto em medicamentos e a compra garantida dos frangos. Em troca, o produtor deve construir um galpão, se responsabilizar pelo projeto ambiental e pela mão de obra, num investimento de R$ 500 mil. O sindicato está preparado para oferecer orientações e assistência técnica: “A proposta é vantajosa, com retorno aproximado de R$ 5 mil por mês”.

Governador valadarespesquisador Fala sobre plano abc

campos Gerais dinamismo

cláudio proposta vantajosa

sindicatosFotos: Arquivo Sindicato

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viviane santana, de uberabaAnimais tratados sem estresse,

brutalidade e grosseria se desenvol-vem melhor, são mais precoces, me-nos doentes e, consequentemente, mais produtivos. É bom para o pecu-arista e ainda mais valorizado pelos consumidores, que estão cada vez mais atentos aos processos produti-vos. Este é o principal argumento do instrutor Alexandre Stockler Bojikian ao abrir o curso de Manejo Racional e Bem-Estar Animal, treinamento escolhido para iniciar a parceria en-tre SENAR MINAS, Sindicato Rural de Uberaba e ABCZ (Associação Brasilei-ra dos Criadores de Zebu).

A capacitação, realizada no final de 2015, teve tamanha aceitação que já chega à segunda turma, e outras duas já estão confirmadas para este ano. “Tínhamos a preocupação com o bem-estar animal, mas o nosso corpo técnico não tem como atender a algu-mas capacitações”, explica o Coorde-nador do Colégio de Jurados da ABCZ, Mário Márcio Souza da Costa Moura.

“A parceria com o SENAR veio no

momento certo, principalmente pela alta qualidade de seus treinamentos, o que estimula as pessoas a participa-rem das capacitações”, afirma Mário Márcio. Para o presidente do Sindi-cato de Uberaba, Romeu Borges de Araujo Junior, a parceira traz diversos benefícios: “Levamos mais conheci-mentos aos trabalhadores e isso faz com que o setor melhore seu nível e continue se desenvolvendo com mais eficiência; além disso, a união fortale-ce as entidades”.

parceria

Cuidados na medida

O curso tem 40 horas, dividido em conteúdos teórico e prático

O curso do SENAR MINAS de Ma-nejo Racional e Bem-Estar Animal tem 40 horas. Entre os conteúdos es-tão técnicas de manejo gentil, mane-jo em diferentes categorias animais, adequação das instalações para o bem-estar animal e embarque e de-sembarque dos bovinos.

Para quem atua na área e é adepto do bem-estar animal, como o zootec-nista José Edimar Galhardi Júnior, foi o momento de aprimorar os conhe-

cimentos. “Gosto de trabalhar com os animais de forma gentil, descobrir novas técnicas”.

O vaqueiro Wellington de Bessa Araújo também gostou do que viu. “Nós vamos plantar essa sementi-nha aos poucos. Com 20 anos de pro-fissão não é fácil mudar. Agora é ter perseverança para implantar as mu-danças. Os produtores vão ter que se adaptar, lá na frente vão perceber os benefícios.”

Bem-estar animal

O presidente da ABCZ, Luiz Cláudio Paranhos, disse que a Associação sempre cuidou da formação de qualidade dos pro-fissionais que atuam na pecu-ária. “Essa parceria representa um salto no sucesso dessa mis-são. Acreditamos que a união de forças pode acelerar, ampliar e contribuir para esse processo de disseminação de conhecimento.”

Mário Márcio conta que a ABCZ possui um espaço para re-ceber os cursos. “A Estância Ores-tes Prata Tibery Jr. tem estrutura moderna, com currais cobertos, piquetes adaptados, local para vi-deoconferências e aulas teóricas, o que proporciona qualidade e conforto aos participantes”.

Para o gerente do SENAR em Uberaba, Flávio Silveira, a par-ceria atende às demandas da qualificação da mão de obra na pecuária. “A atividade tem dado saltos de produtividade com a adoção de tecnologias inovado-ras que exigem formação pro-fissional constante e é isso que procuramos oferecer nos nossos treinamentos.”

Qualidade

Manejo racional e Bem-Estar Animal, curso que iniciou a parceria entre SENAr, ABCZ e Sindicato de uberaba

Viviane Santana

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Um dos pilares do sucesso dos cursos do SENAR MINAS é a relação que a entidade mantém com seus parceiros em todo o estado. Para promover o diálogo constante e o alinhamento das formas de traba-lhar, o SENAR promove, há cinco anos, o Encontro de Entidades Coo-peradas, onde presidentes de enti-dades parceiras (sindicatos, associa-ções, cooperativas etc.) conversam com o superintendente Antônio do Carmo Neves e outros gestores da entidade. O evento também contri-bui para o planejamento de trabalho para o ano seguinte, identificando as demandas e necessidades de ca-da entidade cooperada nas áreas de Formação Profissional Rural (FPR) e Promoção Social (PS).

ENTROSAMENTO“O objetivo é estreitar a parceria

que já existe há mais de 20 anos. Es-tamos todos voltados para atender às necessidades das famílias do campo e melhorar a qualidade de vida. O trabalho só ocorre com excelência

quando instrutores, entidades par-ceiras e SENAR estão entrosados, quando há comprometimento”, ex-plica o superintendente.

A quinta edição do encontro vai abranger, até junho, as 10 regionais do SENAR MINAS. Até o momento, os escritórios de Lavras, Passos, Viçosa, Montes Claros e Governador Vala-dares já realizaram o evento, totali-zando 319 participantes. Participam

do encontro o superintendente do SENAR, o assessor de planejamento, Celso Furtado Júnior, a assessora pe-dagógica, Mírian Rocha, os gerentes e as assistentes das respectivas re-gionais. Os gerentes apresentam aos participantes dados sobre os even-tos programados e realizados, assim como outras informações que auxi-liam no planejamento da grade de eventos do ano seguinte.

encontros reGionais

Diálogo constanteAté junho, o SENAr MINAS promoverá encontros com as entidades cooperadas em suas 10 regionais para alinhar o trabalho com os parceiros

Antônio do Carmo Neves (de pé), durante o encontro em Lavras: mostra o crescimento do SENAR ao longo dos anos

Nos debates deste ano ganhou des-taque a proposta, que está em estudo, da criação de uma Comissão Consul-tiva formada por instrutores, mobili-zadores, presidentes de sindicatos e gestores do SENAR. A ideia é que esta comissão tenha autonomia para dis-cutir e propor, para que as normas do SENAR MINAS facilitem a atuação das entidades cooperadas e instrutores. “Juntos podemos repensar nossa atu-ação para que possamos apoiar com mais intensidade a formação profis-sional rural e a melhoria da qualidade

de vida das famílias rurais”, justificou Antônio do Carmo Neves.

Essa eficiência pode ser atestada pelo certificado ISO 9001 para pres-tação de serviços de promoção social e de formação profissional rural para trabalhadores rurais e suas famílias. Ao abrir cada encontro, o superinten-dente destacou também o crescimen-to do SENAR MINAS e a importância do bom relacionamento com os par-ceiros para que seja feito um trabalho de excelência desde a gestão, na sede, até as aulas, em campo.

Comissão Consultiva

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“O encontro, além de estreitar os laços, mostra que o trabalho precisa e deve ser de cooperação e comprometimento entre todos os parceiros envolvidos.”

João Paulo Andrade Moscardini - instrutor e mobilizador dos sindicatos de produtores rurais de Boa Esperança e de Campos Gerais

“Percebi que o sistema foi modernizado e o leque de cursos aumentou. Visconde do Rio Branco tem muita demanda por treinamentos. A expectativa de desempenhar esse trabalho junto ao SENAR é grande.”Cléver José Cardoso - mobilizador do Sindicato de Produtores Rurais de Visconde do Rio Branco

“É muito importante trabalhar em equipe e, a partir daí, ver mudanças positivas nas comunidades. Vemos o município crescendo e melhorando.”

Natália Souza - mobilizadora do Sindicato de Produtores Rurais de Mutum

“A proposta de fortalecermos essa integração por meio de uma Comissão Consultiva pode facilitar a resolução de problemas”

Neide Maria da Silva - diretora executiva e mobilizadora da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Santa Bárbara (Adesb)

“Podemos detectar falhas no nosso trabalho e aperfeiçoar nossas ações para fazer a engrenagem funcionar cada vez melhor, levando transformações para o homem do campo.”

Olivier Jorge braz - presidente e mobilizador do Sindicato dos Produtores Rurais de Espera Feliz

“Participo desde o início dos encontros. Acompanhamos o momento e vemos cada vez mais a importância e necessidade de realização dos cursos, além de estar sempre com os colegas, trocando experiências.”

Ramon Santos - presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Patrocínio do Muriaé

“Esta é a primeira vez que participo. Achei a dinâmica bem interessante e importante para o planejamento da montagem da grade de eventos.”Alexandre Vasconcelos Valadares - vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Pirapora

“A experiência foi muito válida, pois estou começando meu mandato conhecendo as dinâmicas de trabalho e assim terei mais possibilidades de ajudar os mobilizadores do sindicato a melhorarem a grade de treinamentos a oferecer aos nossos associados.”Dalton Franco Filho - presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Jaíba e Matias Cardoso

Arquivo pessoal

Nathalie Guimarães

“A educação é algo muito forte. Juntos, entidades cooperadas, SENAR, mobilizadores e instrutores podem promover uma grande transformação no campo.”

Edélcio José Cansado Ferreira - presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Moema

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Flávio Amaral

Nathalie Guimarães

Nathalie Guimarães

Nathalie Guimarães

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mônica salomão, de sete laGoasNa Fazenda Turvo o galo nem co-

meçou a cantar, mas o casal Altina e Rafael de Morais já está de pé colo-cando as últimas caixas na carroce-ria da caminhonete. O relógio marca 3h30 quando eles abrem a porteira e iniciam o trajeto de Materlândia a Sabinópolis, que totaliza 38 km. Há 18 anos, todas as sextas-feiras, esta tem sido a rotina dos feirantes que já ganharam fama no município da ma-crorregião do Rio Doce pela qualidade dos produtos que fabricam. Os carros-chefe são a linguiça, vendida a R$ 20, e o requeijão, a R$ 21 o quilo. Por sema-na, eles comercializam cerca de 30 kg de linguiça e 60 kg de requeijão.

Mas a variedade não para por aí. A aposentada Marília Simões, por exemplo, é consumidora fiel da man-teiga. “Toda semana venho à feira e dou uma passadinha aqui. Os produ-tos são de excelente qualidade, muito saborosos”, atesta. Chouriço, mor-cela, biscoitos, roscas e doces variados completam a lista de produtos vendidos na barra-ca do casal. “Além de comprar para consumo próprio, muitas pessoas levam para presentear parentes e amigos em Belo Hori-

zonte, São Paulo e até para os Estados Unidos”, conta Rafael.

“Algumas receitas aprendemos com nossas famílias, mas a profis-sionalização veio com os cursos do SENAR”, diz Altina. Derivados do Leite, Embutidos e Defumados, Fru-tas Cristalizadas e Panificação são algumas das capacitações feitas pelo casal, que confessa já ter perdido a conta de quantas participou. “Apren-

demos muito em todos os cursos; as lições sobre higienização na fabrica-ção e técnicas para aumentar a dura-bilidade dos produtos foram muito importantes. Antes a gente gastava mais leite e tempo para fazer o re-queijão”, cita Rafael ao se referir aos ganhos trazidos com o treinamento. As vendas na Feira de Sabinópolis rendem ao casal aproximadamente R$ 3.000,00 por mês.

Cursos ajudam a aumentar o valor agregado de produtos vendidos na feira semanal

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do campo à mesasabinópolis O casal Altina e Rafael participa da feira há 18 anos

Dos 40 produtores cadastrados junto à Prefeitura e à Associação dos Feirantes, 60% participaram de cursos do SENAR

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Roberta Pinho diz que os produtos da feira são sempre a sua primeira es-colha. “Toda sexta-feira chego entre 6 e 6h30 para comprar verduras e fru-tas. Aqui encontro produtos orgâni-cos, mercadorias frescas e quitandas de boa qualidade”, elogia.

O administrador de empresas Robson Pinho Tavares compartilha a opinião. “Além de bons produtos, acredito que a feira agrega valor para o município. O clima é bom e sempre encontramos um conhecido”, diz o cliente de Maria da Conceição. “Os doces dela fazem sucesso lá em casa e toda vez que vou a BH minhas filhas pedem para eu levar.”

Atualmente, 40 produtores pos-suem cadastro na Prefeitura e na As-sociação Comunitária dos Feirantes e Artesãos de Sabinópolis para comer-cializar na feira os hortifrutigranjeiros e produtos de artesanato que levam o selo Delícias da Roça. Uma vez ao mês, sempre na primeira segunda-feira, o grupo se reúne na Secretaria de Agri-cultura para levantar demandas e dis-cutir propostas de melhorias.

De acordo com Eva da Silva Ventura, presidente da Associação há 16 anos e membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável,

todas as decisões são tomadas em con-junto, de forma democrática. Ela diz que 90% dos produtores têm na feira sua principal fonte de renda. “Eu mes-ma criei oito filhos com o que ganho aqui e incentivo todos a participar.”

Além da relevância econômica, Roberta Aguiar Mourão de Pinho, se-cretária Municipal de Agropecuária, lembra que a feira exerce ainda um im-portante papel social. “Este é também um momento em que os feirantes e os moradores do município se encon-tram para bater papo, trocar experiên-cias e sair um pouco da rotina.”

Dos produtores cadastrados, 60% participaram de cursos promovidos pelo SENAR MINAS em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Sabinópolis. Roberta Pinho afirma que “pela realidade da maioria dessas famílias, elas não teriam como parti-cipar de cursos se não fosse o SENAR.” E reconhece: “Na maioria dos casos, a pessoa tem conhecimento, mas falta técnica. Além disso, ainda tem a questão do planejamento e as noções de organização do negócio que são ensinadas.”

O presidente do Sindicato, Frank Mourão Barroso, aponta os ganhos trazidos com os treinamentos. “Com os cursos, os produtores aprenderam a trabalhar de forma padronizada, uti-lizando rótulos com as informações e com o prazo de validade do produto. Isso, sem dúvida, agrega valor e au-menta o interesse dos consumidores que, cada vez mais, estão preferindo a feira aos supermercados.”

Em 2015 foram realizados 15 cur-sos no município, a maioria na área de bovinocultura. Para o primeiro quadrimestre deste ano, a previsão é fechar com 10 e encerrar 2016 com 30 capacitações, diz a mobilizadora Luciane Goebel. “Estamos trabalhan-do para ampliar o número de cursos oferecidos e atender a uma demanda diversificada.”

Capacitação

a clientela

Delícias da roça

Saber não ocupa lugarAo lado de Altina e Rafael, fica a

barraca de Maria da Conceição de Souza, de 78 anos. Na Fazenda Andaiá, ela divide a casa com filhos, genro e netos. O salário-mínimo da aposenta-doria e a renda com a venda de doces, que gira em torno de R$ 1.000,00, aju-dam no sustento da família.

Doceira há mais de 40 anos, Ma-ria lembra que no começo percorria 20 quilômetros a pé de Sabinópolis a Guanhães para vender a produção da semana. Em 1996, com a criação da feira em seu município, encontrou a oportunidade de que precisava para “expandir os negócios”. Para fazer os cálculos das despesas e da margem

de retorno que terá, a feirante diz que utiliza as lições aprendidas no curso de Administração Rural. “Admito, não faço anotações. Mas depois do curso passei a ter mais noção do que gasto e do que lucro.”

Com o sorriso estampado no rosto, ela diz que “saber não ocupa lugar” e por isso participou também dos cur-sos de Doces, Conservas, Fruticultura e Pintura em Tecidos. “Todos eles foram muito bons e me ajudaram demais. Quando as pessoas sabem que você foi capacitada e que aprendeu as técnicas certas para fabricar os produtos, dão mais valor. Todo mundo quer levar pa-ra casa um alimento de qualidade.”

Maria da Conceição de Souza aprendeu a calcular as despesas e o lucro de sua produção no curso de Administração Rural

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aprimoramento

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência vai dos 10 aos 19 anos; de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), vai dos 12 aos 18. Independen-temente da classificação adotada, nessa fase intermediária o indivíduo lida com mudanças físicas, sociais e psicológicas que ele não entende completamente – tampouco quem convive com ele.

Isso traz insegurança, medo e, muitas vezes, conflitos em casa e na escola. Por isso, lidar com esse públi-co exige conhecimento específico, e foi o que o SENAR MINAS buscou com a Jornada Pedagógica: Ensino-Aprendizado de Jovens e Adolescen-tes. A capacitação foi direcionada aos instrutores da Formação Profissional Rural (FPR) que lidam com essa faixa etária nos programas especiais.

O objetivo geral do trabalho, segundo a assessora Pedagógica, Mírian Rocha, foi “alinhar com os participantes conceitos, métodos e técnicas de ação social e educativa,

visando à formação do jovem autô-nomo como pessoa, solidário como cidadão e competente na qualidade de futuro profissional”. Participa-ram 53 instrutores de diversas áre-as que trabalham com jovens em programas como Jovem no Campo, Aprendizagem Rural e Formação por Competência.

ENTENDIMENTO E PRESENÇAOs instrutores assistiram a pales-

tras e participaram de dinâmicas e trabalhos em grupo, comandados por Alfredo Gomes da Costa, pedago-go, especialista em Recursos Huma-nos e consultor na área de desenvol-vimento social e ação educativa, e So-lange Regina Pinto, pedagoga e edu-cadora social com especialização na educação de jovens em situação de risco e instrutora de cursos do SENAR

“Como turbinar o potencial dos jovens” foi o tema desenvolvido pe-lo professor Alfredo, que apresen-tou métodos e técnicas em quatro

Juventude decifradaSENAr MINAS capacita instrutores para lidar com adolescentes e jovens

Professor Alfredo Gomes (de pé): a presença do educador na vida do jovem faz toda a diferença

“Cada adolescente é único e a chave é conhecer a forma como ele pensa”SOLANgE REgINA, pedagoga

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Os efeitos já começam a surgir: Cláudia Beatriz Muros e Marco Antô-nio Chaves participaram da jornada pedagógica e já estão em campo com o público-alvo. Cláudia atua nos pro-gramas Jovem no Campo e Formação por Competência com Bovinocultura de Leite e Equideocultura, e Marco Antônio atua no Jovem no Campo e nos cursos de Equideocultura.

Para a veterinária Cláudia, a jor-nada foi um divisor de águas em sua atuação com os jovens: “Trabalhar com eles é sempre motivador, porém esse desafio diário necessita de bases sólidas, como as amplamente expos-tas durante a jornada, que possam contribuir para o crescimento indivi-dual do participante e do instrutor.”

Ela considera que sua forma de se comunicar com os jovens mudou e destaca as apresentações e discussões sobre como manter a atenção desse público. “O evento quebrou paradig-mas, trazendo luz para dúvidas cor-riqueiras, por exemplo, como trans-formar o apelo tecnológico em algo motivador. O jovem de hoje é muito

particular em sua forma de ver o mundo e interagir com ele. Atrair sua atenção requer muita flexibilidade e disponibilidade”, avalia.

Já Marco Antônio diz que a jornada serviu também para que ele se conhe-cesse melhor por meio dos trabalhos em grupo e da autocrítica. O evento, que ele define como um “marco revo-lucionário”, deu a ele técnicas para en-xergar o jovem e o adolescente como pessoas que podem mudar suas pos-turas na educação, na conduta profis-sional e ética, e ressalta o “aprender fazendo”, uma das características mais fortes do ensino do SENAR MI-NAS, como fator determinante no processo.

“Após a jornada, passei a obser-var o aluno mais atentamente, pre-ocupando-me em trabalhar a baixa autoestima individual ou do grupo, criando assim desafios em relação à qualidade e ao potencial dos grupos formados no trabalho em equipe, pa-ra que não haja competição desmoti-vadora”, explica o instrutor, que atua há 13 anos com o público rural.

a teoria, na prática

Mais jornadasPara Mírian Rocha, a jornada

superou as expectativas. “A re-ceptividade dos instrutores da FPR foi surpreendente”, avalia. Ela conta que os participantes relataram que o evento foi inten-so, enriquecedor, e valorizaram muito a troca de experiências, além de considerarem o aprendi-zado relevante não só para a pro-fissão, mas também para a vida.

O SENAR deve promover mais uma jornada, desta vez voltada para instrutores de Promoção Social que atuam com adoles-centes nos cursos de saúde. “Será um investimento que contribui-rá muito para a qualidade dos cursos”.

Cláudia com alunos da Fundação Roge que participaram do Programa Formação por Competências, em 2013

campos: afetivo, racional, corporal e espiritual (como reflexão da existên-cia humana). O palestrante também destacou a importância da pedagogia da presença – ou seja, a presença do educador na vida do estudante não só com seu tempo, mas também afe-tivamente, com seu interesse. Para o especialista, o maior desafio dos ins-trutores será alinhar sua atuação com a dos “educadores familiares” (que podem ou não ser os familiares) e dos “educadores escolares” (professores, diretores). “Sem esse alinhamento, o jovem se confunde”, resume.

Solange Regina Pinto, por sua vez, dissecou o tema “Jovens e adolescen-tes: como trabalhar com esse públi-co?”, onde desenvolveu três pergun-tas principais: o que é adolescência (conceito); quem é o jovem do sécu-lo XXI (pressões e conflitos sociais, transtornos, influências, relações, etc.); e como trabalhar com o jovem, mostrando ferramentas do dia a dia que podem ajudar o instrutor. So-lange frisa que “cada adolescente é único” e que isso depende de vários fatores – com grande destaque para o histórico familiar e sua interação nesse ambiente.

Evandro Fiuza

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Com a modernização do agrone-gócio e sua consolidação como um dos pilares da economia brasileira, é difícil ter sucesso sem uma visão em-presarial da propriedade. Percebendo que muitos produtores desejavam mais produtividade e profissionalis-mo em seus negócios, o SENAR MI-NAS criou o Programa Gestão com Qualidade em Campo (GQC), que busca atender às demandas dos que desejam investir em gestão e quali-dade em suas propriedades, ajudan-do-os a planejar e a colocar em prática ações que permitam reduzir custos e buscar eficiência na condução do negócio.

ENTRE O CAMPO E A CIDADEIvan Davanzo é advogado e em-

presário no setor da construção civil, mas seu grande sonho sempre foi a cafeicultura. Assim, depois de 20 anos em Belo Horizonte, ele mudou-se com a família há dois anos para Guapé, onde arrendou a Fazenda Monjolinho. Ano passado ele colheu 900 sacas de café, sendo 150 de café especial. A propriedade tem 83 mil pés de café cultivados em 25 hectares de plantação.

Mesmo já tendo trabalhado por oito anos em uma exportadora de café e tendo experiência em qualida-de, bebida e comercialização do grão, Ivan aceitou o convite para participar do GQC em Varginha para aprender ainda mais. E a impressão é a melhor possível: “Já no início do curso eu per-cebi que o programa é completo. Te-nho certeza de que fará diferença na minha empresa rural”. A expectativa de Ivan para este ano é colher entre 1000 e 1200 sacas de café.

Gqc

Conhecimento transformadorPrograma que dá ao produtor rural uma visão empresarial sobre seu negócio avança na tarefa de mostrar como prosperar na área

lisa Fávaro

Para Ivan Davanzo, o GQC é um programa completo

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FAEMG | SENAR 37

Só para elasO GQC realizado em Martins Soa-

res, concluído em março deste ano, teve uma característica especial: a turma foi formada apenas por mu-lheres do Núcleo de Mulheres da Cooperativa dos Cafeicultores da Re-gião de Lajinha (Coocafé). O grupo buscava formação técnica, humana e empreendedora e o GQC veio para ajudá-las a planejar e implementar ações para reduzir custos, aumentar lucros e buscar eficiência no negócio.

O programa começou em outu-bro de 2015. Aos poucos, o aprendi-zado foi ganhando espaço dentro da porteira e, agora, com o término, a vontade é de continuar crescendo. A agricultora Cinthia Regina Barreto Dias Almeida, de 25 anos, e o mari-do trabalham com cafeicultura. A produção do Rancho Belo gira em torno de 140 sacas de café por ano. “Desde o primeiro encontro já co-

meçamos a colocar em prática o que aprendemos.”

Cinthia ainda destacou que há pre-conceito em relação às mulheres na atividade. “Eu já mexia com a parte administrativa e na venda do café e agora tenho mais conhecimento pa-ra argumentar com os compradores, por exemplo. Há muito preconceito. Por sermos mulheres, eles acham que não entendemos do negócio”.

Para a presidente do Núcleo de Mulheres, Simone Aparecida Miran-da Lourenço, o GQC mudou a visão sobre a administração e serve de es-tímulo à gestão com qualidade nas propriedades cafeeiras. “Essas mu-lheres que estão ao lado dos maridos, ajudando na lavoura, na secagem do café, precisam entender do negócio. O programa ajudou esse processo de conscientização e a mudança foi grande na vida delas”, enfatizou.

Uma das preocupações das parti-cipantes, segundo Isaac Malta Junior, presidente do Sindicato de Produto-res Rurais de Manhumirim, entida-de parceira na realização do GQC em Martins Soares, era compartilhar o conhecimento e aplicá-lo na proprie-dade. “Pais e maridos também parti-ciparam e perceberam que o planeja-mento era uma necessidade porque eles estão gerenciando uma empresa. Essas mulheres ganharam um olhar mais crítico e mais profissional. O GQC também é um estímulo para a economia da região”, analisou.

O instrutor do programa na cida-de, José Heleno Húngaro, destaca dois aspectos do GQC: “Se não tiver con-trole de gastos, fatalmente o produtor vai fracassar na atividade. É preciso conhecer o custo para saber eliminar desperdícios. E, ao zelar pela quali-dade, o cafeicultor tem um produto de melhor aceitação no mercado”, afirma. “Depois que o programa ter-mina é que ele começa de fato. É uma semente que nós plantamos e vamos colher bons frutos. Foi uma turma excelente, muito comprometida e interessada.”

Gestão e qualidade

A turma mais recente do GQC iniciou o programa na cidade de Vazante e vai até agosto, com o instrutor Bernardo Faria de Barros. Como conta o gerente regional do SENAR em Patos de Minas, Sérgio Coelho, esta já é a segunda turma no município, em parceria com a Agência de Desenvolvimento de Vazante (ADVAZ).

“Ambos os trabalhos contemplam um grupo organizado de produtores de leite. Este grupo, inclusive, está sendo atendido pelo Programa Balde Cheio e o GQC irá proporcionar aos participantes melhorias no processo gerencial de suas propriedades”, explica Sérgio.

O gerente também revela que há possibilidade de formar mais duas turmas em João Pinheiro ainda neste ano. “Os envolvidos ainda estão em fase de negociação.”

GQC e Balde Cheio

DADOS DE 2006 A 2015

196 turmas

1.885 propriedades

3.490 participantes

O programa conta com 80 horas / aula divididas em blocos com atividades teóricas e consultorias nas propriedades. Os eventos são realizados em parceria com entidades locais: sindicatos dos produtores e cooperativas de crédito.

Mulheres da Coocafé aprendem a buscar eficiência nas propriedades

Cintia Matos

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prêmio ernesto illy

deu minas

Minas dominou o 25º Prêmio Er-nesto Illy de Qualidade do Café pa-ra Espresso, edição 2015/2016. Nas categorias nacional e regional, oito cafeicultores mineiros foram premia-dos, enquanto que o Distrito Federal, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Pa-raná tiveram um vencedor cada. O primeiro lugar nacional ficou com a estreante Juliana Tytko Armelin, da Fazenda Terra Alta, em Ibiá, no Alto Paranaíba. Grávida de 39 semanas, ela recebeu troféu, prêmio de R$ 70 mil e quase teve a filha Helena no palco do Teatro Cetip, em São Paulo, tamanha a surpresa. “A gente não esperava. Foi uma emoção indescritível”, disse.

Ela ganhou também o prêmio da Regional Cerrado e representará

o Brasil no 1º Prêmio Internacional Ernesto Illy, ainda este ano, em No-va York. Laerte Pelosini Filho, de São Paulo, ficou com o 2º lugar nacional e a produtora Leda Castellani Lima, de Monte Santo de Minas, no sul do estado, com o 3º e também o 1º da Re-gional Sul.

Minas também foi destaque na ca-tegoria “fornecedor do ano”, na qual o vencedor foi Décio Bruxel, do Cer-rado Mineiro (ganhador da Medalha do Mérito Rural 2015, categoria Pro-dutor Rural, oferecida pelo Sistema FAEMG). Na categoria “melhor classi-ficador” venceu Luiz Evandro Ribeiro, do sul de Minas, vinculado à Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeiculto-res em Guaxupé).

CAMPEõES REgIONAISJuliana Armelin Cerrado Eduardo Shiniti Chapada de Yamaguchi Minas

raimundo Dimas Santana Filho Matas de Minaslêda Castellani Sul de Minas

VICE-CAMPEõES REgIONAISJorge Nobuhico Kiryu Cerrado

luís Manuel ramos Chapada de MinasAntônio Bittencourt Matas de MinasMabel lima de Souza Sul de Minas

juliana armelin – 1º luGar nacional e 1º reGional cerrado – Começou a plantar café em 2010, junto com o marido, o belo-horizontino Paulo Siqueira. Eles adquiriram a Fazenda Terra Alta por terem “se apaixonado” pelo Cerrado, pela altitude de mil metros acima do nível do mar e também por ser uma propriedade 100% mecanizável. Mas 2015 não foi um ano fácil: a seca e as altas temperaturas castigaram. Em vez das esperadas 55 sacas, colheram apenas 38. Os terreiros suspensos – que proporcionam secagem mais lenta, melhor ventilação e ausência de dano mecânico – fizeram a diferença. Atualmente, eles exportam para o Japão, Austrália, Inglaterra e Estados unidos.

lêda castellani lima – 3º luGar nacional e 1º luGar reGional sul – Em 1973, ela e o marido adquiriram uma fazenda em Monte Santo de Minas, com a intenção de plantar café. Só que ele morreu num acidente de carro, meses depois. lêda, com duas filhas pequenas – Arabela e Ana Beatriz – iniciou a produção. Agora, 43 anos depois, ela diz que os prêmios são a prova de que “tudo valeu a pena”. Seu desejo é alcançar a excelência na produção de cafés de qualidade.

No primeiro ano de fornecimento para a illycaffè, Juliana Armelin vence a premiação máxima

Terreiros suspensos que proporcionam secagem mais lenta do café

Arquivo pessoal

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Page 39: Revista FAEMG SENAR - Edição 18

Usar anúncio da campanha contra queimadas

sistemafaemg.org.br

Cuidar da natureza é preservar a vida. Essa atitude começa com você. Por isso, não jogue guimbas, garrafas ou outros objetos que possam gerar fogo e nem provoque queimadas controladas. Além de provocar mortes, a queimada deixa a terra improdutiva e causa prejuízos econômicos.

É O SISTEMA FAEMG E O SENAR MINAS CUIDANDO DO MEIO AMBIENTE E PROMOVENDO VIDA LONGA PARA O CAMPO.

NÃO QUEIME A VIDA.

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acontece em Belo Horizonte e apresenta diversas ações como:

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