revista f. cultura de moda #11

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A edição "Mostra a Tua Cara" foi inspirada no Brasil e na cultura nacional.

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Página em branco aberta e me lembrei da enquete que fiz, há alguns meses: “Em uma palavra, o que te lembra o Brasil?” É difícil não falarmos do nosso país sem alguns clichês – alegria, cores, samba, caipirinha, futebol, carnaval, simpatia, propina (sim, ouvi isso), frutas, misturas, manifestações... A identidade nacional sempre ingere algo e deglute tudo isso mesmo. “Mostra a tua cara” reflete muito do que o Brasil viveu neste ano e ainda vai viver no próximo. Desatentos vão querer associar com uma crítica aos black blocks, por exemplo – não é. Os mais atentos verão que, na verdade, trata-se de uma chamada para, sim, reafirmarmos qual é a cara desse belo mosaico que é o nosso país – muito maior do que todos os tais clichês, que também estão nessa edição. Bom, a verdade é que estamos, pelo menos na moda, buscando nos situar nesse novo milênio. E a vantagem do jogo está conosco: basta dizer que os BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – estão “na moda” para entender que, basicamente, pode deixar, que o nosso chute é gol. Na edição passada, falamos da porção oriental desse bloco econô-mico que está na boca e nas ruas do planeta fashion. Agora, apro-veitamos o mood da marca Brasil para nos situarmos de vez no mapa da moda mundial, levando as cores e os sabores tropicais para o resto dos povos. Todos nos querem, aproveite. Falaríamos da África nessa edição, mas não é preciso: o continente é o nosso sangue – queira você ou não – e tudo o que é brasileiro tem origem africana também – e que delícia! Nosso editorial de beauty

é mesmo para se entender que a origem da beleza e diversidade brasileiras está na afro-descendência. Respect it. E talvez na ideologia também. Hoje nosso povo está nas ruas e na internet, reivindicando o que é necessário para se fazer um país mais justo e coerente com a fluidez dos nossos dias atuais. A luta dos negros escravos por uma sociedade mais igualitária resvala nas manifestações das ruas de hoje e virou matéria nesta edição – uma retrospectiva desse cenário em 2013. A F. Cultura de Moda preza o trabalho, e não o glamour. Por isso, muita produção e muito chão de fábrica no editorial de moda. Foi bonito clicar numa indústria de malhas em Juiz de Fora. Curtimos muito e esperamos que você também. Cultura pop, cinema, música, livros e viagens em território nacional estarão nas próximas páginas – não duvide de que o melhor está por vir. Se o papo é estilo, preferimos falar sobre os meninos do Brasil, que já não são os mesmos surfistas e skatistas. Ou são os mesmos, mas com informação de moda ali. Esta edição nos lembra de que o foco do ano que vem é o nosso país. Aproveite para usufruir e reivindicar o que for preciso desse momento. Eleições, Copa, moda e, veja você, o zeitgeist tinha mes-mo de apontar a bússola para o nosso mapa. Vai ser bom, não tenho dúvidas. 2014 é nosso.

Feliz ano novo!

Raquel Gaudard

DIREÇÃO GERAL E EDITORIA DE MODAALINE FIRJAM – [email protected]

CONCEPÇÃO E EDITORIA DE CONTEÚDORAQUEL GAUDARD (MTB 17010) – [email protected]

PRODUÇÃO EXECUTIVACINTHIA FURTADO - [email protected]

REVISÃOHELLEN KATHERINE

PRODUÇÃO E CENOGRAFIAANESLEY PEREIRA – [email protected]

PRODUÇÃOCLÉBER OLIVEIRA - [email protected]

COMERCIALDELAINE LOPES – [email protected]ÍCIA DIAS – [email protected]

OPERAÇÃO COMERCIALCLÁUDIO ALVIM – [email protected]

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICOVINÍCIUS ROMÃO – República Comunicação

CAPAModelo: Chayene TomazFoto: Márcio Brigatto

Assistente de Fotografia: Wesley BatistaHair por André Pavam e make-up por Duda PavamAssistente de beauty: Silvio PratesEdição de Moda: Aline FirjamProdução: Cínthia Furtado e Cléber OliveiraAssistente de Produção: Renata FalciProjeto Gráfico: Vinícius Romão

Agradecimentos especiais:Pedro Osti - MktMix Assessoria de Comunicação Andrea Milanez - Namídia Assessoria de ComunicaçãoRioEtc – www.rioetc.com.brJosé Santos do Museu da Pessoa-SPJosé Alberto Lovetro – JALHamilton SabiãoCarlos Alberto de Souza NovaesMinas Tred Confecções

Tiragem: 8 milImpressão: Gráfica AméricaDistribuição: Mix Alternativo

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da revista. Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia do conteúdo editorial. Todos os direitos reservados.

A F. Cultura de Moda não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados na revista.

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As temperaturas começaram a subir na Ci-dade Maravilhosa. O carioca adora um ca-lorzinho, desculpa perfeita para sair de casa. Carioquice é emendar um programa no outro, com a maior despretensão e charme que só os cariocas têm. Uma cervejinha entre ami-gos ouvindo rock’n’roll, uma passadinha na exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro, com direito a almoço e passeio na Lapa, na Feira do Lavradio. Quem sai pelo Rio, durante o dia ou à noite, sempre tem alguma coisa para fazer. Para esse street style, esco-lhemos alguns dos cariocas mais charmosos que encontramos, fazendo justamente o que eles sabem fazer de melhor: curtir a sua cidade.

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“Quem nunca marcou um encontro na esqui-na da Arpel ou parou, senão para comprar, para se inspirar?”. Muito mais que uma pergunta, a constatação do empresário Eduardo Delmon-te traz o leitor para o coração de Juiz de Fora, a cidade da Zona da Mata mineira que ele es-colheu para plantar seus sonhos, rompendo os limites impostos pelas montanhas. O segredo do seu sucesso é um misto de oportunidade, talen-to, determinação e coragem, que culminou em um pequeno império de moda, com uma mar-ca própria e franquias em Manhuaçu e Ubá. Aos 64 anos, esse leonino que enxerga longe é um apaixonado por Coco Chanel, se identifica com Marc Jacobs, está atento às idas e vindas de Hervé Léger, admira Miuccia Prada e pensa que o Brasil ainda está por dar o seu grande passo nessa indústria sedutora, com promessas como Alexandre Herchcovitch, Ronaldo Fraga, Marcelo Quadros e Dudu Bertholini.

Descendente de italianos, Eduardo Delmonte co-meçou a trabalhar cedo, aos 14 anos, ajudando o pai, Domingos, na loja de calçados que leva o so-brenome da família – a Delmonte 388. São exa-tas cinco décadas de persistência em negócios de moda, que contam com o olhar diferenciado de Rita, com quem é casado há 37 anos, e de Mariana e Eduardo, seus filhos. As únicas pausas nesse meio século de trabalho árduo, embora gratificante, se deram aos 18 anos, para servir o Exército, e entre os 19 e os 20 anos, quando pensou em fazer medicina. Quarenta anos atrás, a paixão pela moda falou mais alto e resultou na Arpel e suas filiais, mesclando calçados e vestu-ário feminino, e em outros acertos, como a Jade – referência na decoração de interiores. A ele-gância reforça o selo desse empreendedor que considera bom gosto uma qualidade passível de aquisição com a persistência de pesquisa, leitura e estudo. “Ser chique é ter conteúdo”, diz.

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f. O empreendedorismo se desenvolveu com o tempo ou já estava nas veias?ed. Isso está no sangue mesmo, mas aquilo que tem a força da hereditariedade toma forma à medida que o tra-balho vai sendo realizado. Essa paixão se forjou na propor-ção que os anos foram passando e que fui empreendendo com efeitos positivos. Tudo o que faço é sempre com muito prazer e com um resultado agradável. Na função do co-mércio, o empresário é um intermediário e é preciso que o consumidor se apaixone pelo que lhe é apresentado, pres-tigiando. É um processo que se fortalece com o tempo.

f. Ao observar sua trajetória, é possível constatar certo toque de Midas. Concordaria que tem o dom de trans-formar, talvez não em ouro, mas em beleza, o que toca?ed. Já me disseram isso, mas essa é uma observação exógena. Tudo o que faço é com dedicação, com prazer e tenho um senso crítico muito apurado, um olhar analítico que se traduz na elaboração de um processo com início, meio e fim, para que não haja chance de eu me perder no caminho. É assim que consigo sucesso: a dedicação e a busca pela perfeição são tamanhas que, no final, a conclu-são é positiva. E tudo na vida é um misto de oportunida-des, talento e coragem. É preciso talento para identificar a oportunidade e coragem para se lançar ao desafio. A Arpel e a Jade comprovam que sempre tive a proposta de trazer para Juiz de Fora algo que nada devesse em qualidade a qualquer lugar do planeta. Tento fazer e, às vezes, consigo alcançar meu objetivo. Agora mesmo, desfrutamos de um momento muito feliz, com uma vitrine que arranca elogios de clientes que estiveram na Europa e dizem que nada de-vemos a Paris, Roma, Londres... Temos uma fonte de infor-mação muito forte sobre o que está acontecendo no mundo e temos conseguido acompanhar as tendências.

f. Sua história com a moda proporcionou momentos antológicos, como os desfiles que traziam o grupo Lam e outros, nos anos 1970 e 1980 – e que hoje, em um paralelo, seria a Mostra de Inverno, da F.Works Produ-tora de Moda. Como é trabalhar Juiz de Fora a partir de uma visão global?ed. Juiz de Fora teve grandes momentos à época dos des-files da Rhodia, depois vieram os grupos do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Belo Horizonte. Sempre acompanhamos essa movimentação e tivemos a felicidade de contar com Darcy Abi-Nasser, uma figura emblemática do grupo Lam, que fazia tudo por amor, sem qualquer interesse financei-ro. Era um sonho que compartilhamos e que nos deu uma identidade e um prestígio muito grande, até por conta do pioneirismo. Eram desfiles exuberantes, com estrelas da época, como Sílvia Pfeifer e Monique Evans. O trabalho era baseado em seriedade, o que trouxe reconhecimento e credibilidade para a Arpel. Temos uma visão do consumidor como lançador de moda e sabemos que nem todos com-pram conosco, mas certamente passam pela nossa vitrine para se inteirar dos lançamentos.

f. Como é sua relação com a moda europeia? Como fica o Brasil nesse cenário?ed. É incrível ir à França e sentir aquele calor romântico. Na Itália, é possível sentir aquela fragrância artística pairando no ar. Há sapateiros italianos fantásticos, como Salvatore Fer-ragamo e Giuseppe Zanotti. Por conta da própria história, a Europa ainda é, sim, o berço da moda, ainda que busquemos inspirações na Ásia, na África... Os grandes lançadores con-tinuam lá. No mercado brasileiro, identificamos nomes que tentaram transpor determinadas barreiras, como Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga, mas não vemos, ainda, em termos de indústria da moda e de consumo em grande esca-la, nada que seja totalmente brasileiro. Ainda trazemos toda essa informação de fora. Aqui, de muito interessante, existe a “aclimatação”, uma forma de adaptação ao estilo da mulher brasileira, que tem mais busto, mais quadril, bem diferente da europeia e da americana. Isso dá um toque de brasilidade na moda, que, na verdade, continua vindo de fora. Ainda não exportamos conceitos e tendências – com exceções, como as sandálias Havaianas. E há iniciativas isoladas nos Esta-dos Unidos e na Europa, em Paris mesmo, fazendo alusão ao Brasil, tendo em vista o grande momento de publicidade acerca da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O foco está so-bre nós, mas ainda há muitos entraves de exportação. Somos um país com produtos caros, em função da China que produz muito barato, e isso impede que possamos competir. Quando não temos uma grande marca, precisamos ter bom preço. E ainda não temos grandes marcas no Brasil para que pos-samos nos impor como chancela no mercado externo. Não temos nomes importantes, além de Marcelo Quadros, Dudu Bertholini e os que já citei.

f. Você se considera um homem elegante, chique?ed. Atribuo a elegância a uma questão de bom gosto, à de-terminação, a uma persistência de pesquisa, de leitura, de es-tudo. O que acumulamos ao longo da vida, quando externado, se transforma em criatividade. Então, o que realmente torna uma pessoa elegante é o conteúdo. Já pintei, toquei acordeon, estudo um pouco de piano e adoraria dedicar um pouco mais de meu tempo às artes, talvez até cursar Filosofia. Dentro do meu conceito de chique, que é o mesmo de elegância, eu diria

que sim, sou um homem chique pela preocupação com conteúdo, pelo cuidado com os detalhes. Procuro ser educado, cordial, e isso faz parte de ser chique. A minha responsabilidade em colaborar com a cidade, tratando-a com otimismo e com respeito, se traduz em minhas lojas. As pessoas, quando olham para a Arpel, veem uma referência, e isso é algo que considero um heroísmo, pela coragem que tivemos de lutar para alcançar o resultado que aí está.

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f. Como é abrir novos caminhos em uma ci-dade como Juiz de Fora?ed. É preciso ver por trás desses montes de Mi-nas Gerais, que tanto limitam os nossos olhares. Vivemos em uma cidade cujo horizonte é cerce-ado geograficamente e precisamos ter a coragem de subir as montanhas e enxergar o outro lado. Quem faz isso obtém resultados. Juiz de Fora é uma cidade de muitos artistas e já teve grandes momentos. Fomos a Manchester Mineira, a Ate-nas Mineira, mas perdemos o embalo. Precisa-mos desenvolver nossa autoestima e amar um pouco mais esse nosso pedaço de terra, con-templando-o com responsabilidade e seriedade. Deveríamos criticar menos e colaborar mais. Crí-ticas são bem-vindas, desde que acompanhadas de compartilhamento, soluções e ideias.

COMEÇA A TRABALHAR COM O PAI DOMINGOS NA DELMONTE 388

TRABALHA POR UM ANO NA 2001 E SE AFASTA PARA TENTAR MEDICINA

RETORNA AO TRABALHO COM O PAI E O IRMÃO JOÃO E CRIAM, JUNTOS, A ARPEL

AINDA EM SOCIEDADE COM DOMINGOS E JOÃO, INAUGURA O DELL CENTER

ASSUME SOZINHO A ARPEL

ABRE A JADE

CHEGA A JADE CONCEPT

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Com uma cartela de cores neutra e seu já tradicional jogo de recortes, Pedro Lourenço apresentou, na última SPFW, um elegante Inverno 2014, inspirado em Carmem Miranda. Com um trabalho minucioso de tecidos, o estilista trouxe, para a passarela, uma Carmem minimalista, nada exagerada, cujo toque mais próximo do extravagante eram os brincos de pena.

O jovem foi um dos contemplados, em agos-to, com a Lei Rouanet de Incentivo à Cultura – juntamente com Ronaldo Fraga e Alexandre Herchcovitch. Inicialmente rejeitado pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura), o projeto de Pedro incluía dois desfiles em Pa-ris, um em outubro e outro em março/2014, ambos com o mesmo tema apresentado na SPFW. Com a intervenção da ministra da Cul-tura, Marta Suplicy, a proposta foi aprovada, garantindo R$2,8 milhões para as apresen-tações. O primeiro desfile na capital francesa, porém, foi cancelado por falta de tempo hábil para captação de recursos.

Criada em 1991, a Lei Rouanet é um meca-nismo de incentivo cultural por meio de isen-

ção tributária. Após aprovados os projetos, os contemplados têm um ano para buscar em-presas que aceitem patrociná-los em tro-ca de renúncia fiscal. A inclusão da moda no programa gerou uma discussão acalorada so-bre a importância do setor no âmbito cultural. A polêmica em torno do projeto de Lourenço, especificamente, envolveu argumentos como o financiamento de uma apresentação exclusiva no exterior, o acesso limitado do público e o estilo pouco/nada tropical de suas criações.

Em entrevista para a F., o Secretário de Fo-mento e Incentivo à Cultura, Henilton Menezes, explica que o Ministério vem abrindo a possi-bilidade de maior acesso considerando os três eixos do conceito de cultura: simbólico, cida-

dão e econômico. No caso da moda, ele afirma que o apoio vai além do que se vê. “O que foi aprovado não é um desfile, mas sim um pro-cesso completo de criação, desde a concep-ção até a mostra final, da mesma forma que acontece em outros segmentos. São muitos profissionais envolvidos, não só o estilista”.

Um dos responsáveis por receber e avaliar as propostas, Henilton explica que os pro-jetos são analisados em muitos aspectos, como repercussão, simbolismo e formação de pessoas. Além disso, o conceito de soft power, que propõe fortalecer a imagem do Brasil no exterior por meio de bens materiais, é apontado como argumento. “Em todos os segmentos, não só a moda, a internacionali-

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Rona ldo Fraga IN/2014

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zação promove a possibilidade de inclusão de novos agentes culturais em mercados estrangeiros”, afirma Henilton, reforçando que, assim, o nome do Brasil está sendo trabalhado. Mas, de que forma?

Quem acompanha a carreira de Pedro, sabe que brasilidade não é exatamente característica que os franceses verão em suas coleções. Aos 19 anos, já estava no line-up da Paris Fashion Week, pontuando a estética europeia em suas peças. Badu-laques e cartela vibrante, que represen-tam nossas referências tupiniquins mais primárias, não parecem compor seus moodboards inspirativos.

Já Ronaldo Fraga apresentou, também na SPFW, uma passarela brasileiríssima, com o tema de sua proposta – ainda sem o finan-ciamento de R$2,1 milhões aprovado pela Lei. Tendo Mário de Andrade, João Cabral de Melo Neto e o artesão Espedito Seleiro como pontos de partida para representar o

semiárido brasileiro, o mineiro usou maté-ria-prima 100% nacional – especialmente, o couro – e, como de costume, destacou aspectos regionais e artesanais de forma preciosa, mantendo seu approach artístico. A proposta de Ronaldo é a única que limita-se a apresentações no Brasil.

O debate é positivo para a moda brasilei-ra – que, já há algum tempo, pedia para ser ouvida. O grande questionamento fica por conta dos resultados práticos da medida, ou seja, de que forma a moda e a popula-ção usufruem desse tipo de investimento público – em uma apresentação de estéti-ca fundamentalmente europeia, realizada na França, por exemplo. Coincidência ou não, talvez Paulo Borges tenha tentado responder à pergunta com a abertura da SPFW. A linha verde do metrô da capital paulista foi ocupa-da por 40 modelos, em um desfile surpreen-dente que levou o mundo fashion às ruas e encantou os passantes. Uma fila A inusitada para dar o recado: moda é para todos.

O PLANO SETORIAL

Segundo a Ministra da Cultura, Marta Su-plicy, a inclusão da moda na Lei Rouanet foi a solução encontrada para uma de-manda do próprio setor – já que não havia um canal oficial de apoio para que o seg-mento pudesse captar incentivos. A clássi-ca questão sobre a classificação da moda como arte ou produto comercial gerou um impasse. “Grandes nomes da música, te-atro e artes visuais acessam os recursos. Porque nomes importantes da moda esta-riam proibidos?”, indaga Henilton.

Com sorte, a criação de um Plano Setorial de Moda, em desenvolvimento pelo Colegiado Setorial de Moda – órgão do MinC, pode ser a iniciativa inédita que falta para estabele-cer diretrizes sustentáveis para o setor. “É um trabalho que vem sendo feito pela clas-se de moda, junto ao MinC, desde 2009”, explica Robert Guimarães, representante do Sudeste no Colegiado. Entre outras funções, o Plano irá definir regras mais claras para o apoio a projetos de moda, como incentivo a novos criadores, a pequenas produções e à moda artesanal e regional.

Robert explica que é importante inserir, ofi-cialmente, a moda como instrumento de cul-tura, para que a participação em leis e edi-tais seja possível. A previsão é que o plano seja implantado em 2014 e, caso foque em incentivos fiscais, pode ter aderência à Lei Rouanet. “Não podemos mais esperar. A en-trada do mercado internacional é uma grande ameaça. O único caminho é investir no au-toral, na valorização da identidade”, ressalta. Na pauta, entra também a colaboração aca-dêmica, que está sendo repensada. “Sempre reforço que é fundamental incluir gestão de negócios e de comunicação entre as dis-ciplinas. Os cursos focam na criatividade e esquecem a outra ponta”, considera Robert.

Mas só o processo criativo é suficiente para consolidar as bases de um plano como esse? O problema vai além de decisões do MinC e precisa chegar a discussões re-ais com a economia. Falta matéria prima, falta mão de obra especializada e sobram exorbitantes impostos – os pontos fracos do mercado brasileiro vão além da questão de identidade. Há áreas estratégicas que fazem a moda existir, em patamares in-dustriais, do fio à confecção - o que torna essencial o envolvimento da cadeia têxtil nos pilares do projeto. Tanto quanto auto-ral, precisamos ser autossuficientes e, para isso, é preciso estruturar as bases – que os incentivos que chegam à Paris consigam, também, alcançá-las.

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arcio Madeira

Pedro Lourenço IN/2014

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FOTOGRAFIA: Márcio Brigatto

MODELOS: Chayene Thomaz (Patrícia Alvim Agency) e Isabel Correia (40 Graus Models)

EDIÇÃO DE MODA: Aline Firjam

PRODUÇÃO: Cinthia Furtado e Cleber Oliveira

CENOGRAFIA: Anesley Pereira

BEAUTY HAIR: André Pavam (André Pavam Cabeleireiros)

BEAUTY MAKE-UP: Duda Pavam (André Pavam Cabeleireiros)

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Renata Falci

ASSISTENTE DE BEAUTY: Philippe Oliviéer (André Pavam Cabeleireiros)

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: Wesley Batista

CONCEPÇÃO: Raquel Gaudard

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Isabel usa: colar ÂNGELA LEITE ARTESÃ, preço sob consulta.

Isabel usa: Colar LUXSTORE, preço sob consulta;

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Isabel usa: brinco ARPEL, R$84.

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Em um de seus muitos momentos #BeautyFlash - quando dá dicas rápidas de make up no Twitter, Pat McGrath reforça: “Seja criativa. Maquiagem é diversão”. A britânica, guru da beleza, assina os looks mais desejados das passarelas inter-nacionais e reafirma, constantemente, em entrevistas e pi-tacos de backstage, seu desejo de ver mais experimentação, mais cores, mais riscos. Alguém se identifica?

Quando se fala de Brasil, tudo isso vem à tona. É impossível pensar em beleza brasileira sem pensar em cores, brilhos, texturas e movimentos. Nesse quesito, a pele negra é nosso cartão-postal para infinitas possibilidades de produção. E se no passado, a oferta de produtos não conseguia atender às variações de tons, de morenas a mulatas – o que fazia com que a própria Pat tivesse que fazer misturas até achar o ideal para a sua pele – hoje, o mercado de beauté garante a car-tela de cores democrática. E a diversão.

A vantagem da pele negra é que ela é naturalmente ilumina-da e viçosa. O cuidado fica mesmo por conta do tom de base e corretivo – acertar a medida evita um aspecto acinzenta-do que não combina com o verão. Os pigmentos de fundo avermelhado têm mais chance de dar certo, dando atenção àquelas pequenas áreas que podem ser mais escuras. Nos pontos estratégicos, um iluminador de fundo dourado ou acobreado funciona lindamente.

No quesito cores, mais um ponto para as negras. Opções como lilás, rosa e verde se acendem nas produções, assim como o azul e o vinho. Além disso, a maquiagem neon re-alça o tom da pele, ganhando efeito incrível em sombras e delineadores – combinados ou não. A verdade é que, com criatividade, as mulheres negras podem aproveitar o máximo da paleta. Vale lembrar que tons mais claros ou pastel podem resultar em um contraste mais evidente e artificial. Por isso, tente usá-los em esfumados de preto e marrom – o mesmo vale para os metalizados.

E o blush? A dúvida é comum, já que as bochechas não fi-cam rosadas naturalmente. Aqui, aposte em tons de marrom alaranjado, rosa, ameixa ou até berinjela, com fundo mais escuro. A combinação com um iluminador leve, sem shim-mer, promove um aspecto molhado incrível – vai sem medo!

O forte da estação são, sem dúvida, os lábios coloridos – e essa é a parte mais fun. Nada de mitos, tudo vale, tudo pode e tudo realça. Lilás, roxo, rosa, laranja, vinho, vermelho e cereja, cintilantes ou matte, podem entrar na lista de batons dessa temporada. Na pele negra, nada fica mais bonito e até o nude pode ganhar contraste com um olho mais poderoso.

Quem quiser um efeito de profundidade, pode lançar mão do lápis para contorno e fazer um mix de dois tons. Um mais escuro, como base e, em seguida, um no centro dos lábios, espalhando para as extremidades – esqueça o pincel e apli-que o truque com o dedo mesmo. Arremate a produção com gloss e pronto. O verão, finalmente, chegou!

Isabel usa: blusa Corporeum, ZURETTA e anéis LUXSTORE, todos os preços sob consulta.

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Cahyene usa: vestido Fabulous Agilitá, ZURETTA e colar RASA, todos os preços sob consulta.

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Chayene usa: brinco verde com flor sobreposto com brinco de pena, RASA, todos os preços sob consulta.

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Isabel usa: colete como adereço de cabeça, acervo Luiz Fernando Ribeiro.

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Chayene usa: um colar verde, um colar amarelo e um colar azul, Luiz Fernando Ribeiro, todos os preços sob consulta.

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Novembro de 2013, sábado, sol, calçadão - tradicional ho-rário de encerramento do comércio, um dos dias de semana mais peculiares no centro de Juiz de Fora. Encontros “ines-perados”, artistas de rua, famílias, uma rede de pessoas que traz e leva informações de si e de suas origens, bem como do centro da urbe e dos contatos que ali travam para seus lares e comunidades. O que será que as pessoas que passam pela rua Halfeld, em um sábado, pensam? Se pudessem se ex-pressar livres, em praça pública, como fariam, o que fariam? Quais são as questões que lhes acometem? Na parte de cima do calçadão, em meio à massa de anônimos, dois homens engravatados descem em direção à Rua Batista de Oliveira. Seria uma cena cotidiana, não fosse o detalhe: carregavam coroas de princesa na cabeça. Na vitrine da Arpel, modelos encenam uma vitrine viva, chamando a atenção de quem passava. Na altura do Banco do Brasil, um homem com o peito nu, mas com roupas de balé da cintura para baixo, fazia passos em cima de uma sapatilha de ponta. Da multi-dão de vozes, vem a informação de que uma figura masculina trajando roupas com aspecto religioso, com conchas e outros adereços, que lembrava uma entidade do Candomblé, passou pelo calçadão lançando milhos pelo chão e em silêncio. As ações eram parte de uma performance apresentada du-rante o II Festival de Artes do Corpo - FAC: Corpo Ampliado (ILEA/IAD/UFJF). “Arte e religião”, de Flávio Abreu, surpreen-deu não só os transeuntes, mas também os próprios parti-cipantes do evento. Segundo Abreu, era uma homenagem e citação a artistas como Arthur Bispo do Rosário e o profeta Gentileza, entre outros que se utilizaram da rua e continham o limiar entre arte e religiosidade em suas expressões. Daniela Labra, em artigo publicado em O Globo, apoiada pe-los estudos de Richard Schechner e do diretor teatral Renato Cohen, aponta que a performance tem como matéria-prima os modos de agir na sociedade, algo inerente ao ser humano. “A performance procura iluminar gestos naturalizados pela rotina, para que alcancem uma dimensão poética e crítica, dentro e fora dos espaços convencionais da arte”, afirma Labra, curadora convidada pelo diretor do MAR (Museu de Arte do Rio), Paulo Herkenhoff, para a exposição “O vazio de nós”, de Berna Reale. Se por um lado, “Arte e Religião” explora a vertigem do estar na cidade, existem práticas performáticas que recorrem a outro tipo de relação com o público. Berna Reale chegou ao público pela perspectiva do vídeo e do museu, para a trajetória de sua performance, planejando as ações com cerca de dez pessoas a auxiliando, mas sem deixar o caráter do imprevisível de lado.

Segundo Reale, “para fazer performance, tem que ter a parte intuitiva, senão vira teatro - o imprevisto faz parte da performance”. Os trabalhos expostos em “Vazio de Nós” (“Sem/Título”, “Palomo”, “Ordinário”, “Soledade” e “Americano”) possuem características fortes de crítica social à indiferença e à normalidade de se encarar a crueldade, segundo Reale. A artista fez questão de organizar seu pensamento para que os elementos usados no fi-gurino, nos cenários, em sua expressão facial, fossem fáceis de ser lidos, mes-mo que essa leitura das obras estivesse aberta a várias interpretações. Apesar de escancarar e denunciar a violência da indiferença, também fala da posição de hierarquia desproporcional em nossa sociedade. Nas obras, o “autor-perso-

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nagem” passa por situações que mostram a fragilidade do corpo em meio ao caos coletivo, mas também a sua possibilidade como corpo opressor, em sua individualidade e posição. Em “Sem/Título”, Berna é carregada nua em uma espécie de maca, por ruas do centro e periferia de Belém. “Ordinário” é uma sequência em que a artista recolhe ossos humanos em locais de violência da capital paraense. Berna, que também é perita, contou com a autorização do Estado para que tivesse acesso a restos mortais de indigentes e, assim, montasse seus

cenários e ação. Para realizar “Soledade”, a artista utilizou porcos, puxando uma biga dourada em que ela, em feição imponente, transitava por locais de condições precárias so-cialmente. “Americano” foi a última videoperformance rea-lizada para a exposição. Pensando no paradoxo de nosso país, em que a extrema pobreza convive com a expectativa de grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, Reale cruzou celas de um presídio de segurança máxima portando uma pira

olímpica. Dos cinco trabalhos, esse foi o mais planejado e, in-clusive, teve sequências repetidas para que o material final fosse de acordo com as expectativas da artista para a sua exibição na exposição do MAR.

“Palomo”, a performance que ilustra o material da exposição e que chamou atenção do público pelo momento turbulento que o país viveu nas ruas, é literal. Não passa impune, é feito para acontecer, ser visto, enxergado, pensado, percebido. A artista ca-

valga sobre as ruas vazias do centro de Belém em um cavalo inteiramente pintado de vermelho. Com o semblante fechado e uma mordaça, Reale diz ter criado uma obra em aberto. Para alguns, o vermelho do cavalo seria a representação do san-gue escorrido pela violência do Estado, do poder coercitivo e também, pela miséria social. “Assim como é feita essa leitura, entretanto, alguém que trabalhe dentro do sistema pode ver uma pessoa que tenta controlar essa violência, uma pessoa que talvez também não tem voz, está amordaçada”, explica.

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OBJETOS (CORPOS), ESTÉTICA (AÇÃO) E VALOR (PENSAMENTO)

Naquilo que pode ser visto como a ação artística na pós-modernidade, a performance é a multifacetada, dinâmi-ca, fragmentada, corporal e incorpórea representação do pensamento, sentimento e expressão humana atual. São metáforas que pedem muito além do olhar. Para perfor-mar um pensamento/sentimento, o artista utiliza-se de instalações do teatro, da dança, da fotografia, do vídeo, da interação e intervenção na cidade e de outras inter-faces que aumentam a relação do público com o objeto, em meio à ambivalência, à liquidez de nosso tempo e à presença efetiva, paradoxal e metafórica, do corpo e de seus desdobramentos.

A performance suscita um exercício que mistura expressão e abstração individual, mas sem que haja papéis inflexivel-mente definidos para autor, objeto e público. Entretanto, o lugar social da arte atual permanece no sentido primordial da própria expressão humana: trazer à tona, pela figura do

artista e de sua obra, as questões de uma época, do indiví-duo e do coletivo. E, no momento, o que se impõe à ordem do dia é a atuação do sujeito como parte integrante e re-presentativa da sociedade e, também, como um indivíduo assustado em meio a uma ordem que se impõe sobre si. A performance tem o corpo como mediador, catalisador da expressão do espírito. No sentido religioso, ele representa o homem frágil se submetendo ao mistério; no político, a presença de um posicionamento na cena, contrário ou afirmativo sobre o estado das coisas, mas presente, ali, no respiro do gás lacrimogêneo, na necessidade de se abrandar uma situação desconhecida. Portanto, a práti-ca da performance, atualmente, revela em si a natureza plural e ambivalente da pós-modernidade. Sua execução e observação se valem tanto da rua, como de museus; da relação indireta com a matéria e de sua parte mais literal. É o que nos angustia e pode nos libertar.

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Jorge Bischoff, gaúcho de Igrejinha, é criador de talento e empresário com responsabilidade social. Passou por todas as etapas da produção de calçados até ser o líder de sua própria marca que, este ano, completa dez pri-maveras. E estar desde cedo na indústria de calçados possibilitou ao designer uma visão completa do ramo, permitindo que aliasse a sensibilidade do artista ao pragmatismo do empresário. Até hoje baseado em sua cidade natal, movimenta a economia local com linhas de produção em várias cidades da região, desenvolven-do, também, uma linha masculina e uma pet.

Sua habilidade como criador chamou a atenção de um dos seus primeiros patrões, que o alertou para as inú-meras portas que o seu talento poderia abrir, observan-do um dos seus croquis. Em entrevista exclusiva para a F. Cultura de Moda, Bischoff impressiona pelo foco no seu trabalho, no olhar azul profundo sempre concen-trado e na certeza de que a “brasilidade” é um compo-

nente essencial para o sucesso da sua grife. Seu ateliê em Igrejinha foi pensado como se fosse parte da sua casa: o designer trabalha ao lado dos seus dois cachorros Beagle e de um imenso aquário natural.

O discurso de Bischoff – um workaholic apaixonado pelo trabalho, como ele mesmo se descreve - nos faz, literal-mente, visualizar a chave da sua criação: aproximar-se ao máximo da essência de suas clientes. Jorge fala so-bre a mulher brasileira não só com admiração, mas com o reconhecimento da sua importância para o sucesso das suas empresas. Ao descrevê-la, o designer nos faz pensar em toda a diversidade feminina oferecida pelo Brasil, terra famosa pelas belas mulheres.

Suas palavras nos fazem imaginar, desfilando pelas ruas do nosso país, morenas com sandálias douradas, ruivas em peep toes, negras em altíssimos scarpins, mulatas em san-dálias rasteiras, louras em botas de canos altíssimos, tudo

sempre com detalhes dourados - marca registrada da grife. Para ele, “a mulher brasileira é elegante, criativa e, mui-tas vezes, completa seu look a partir do calçado. Por isto, é importante aliar conforto e beleza”, diz. Jorge evita falar em referências, citar modelos ou ídolos, mas ressalta sua admiração pela indústria italiana de calçados. Designer movido a novidades, busca ser original e refina-do mesmo nas peças básicas. “Quando fazemos uma peça como um scarpin preto, aviso à minha equipe que devemos nos diferenciar, pois existem vários tons de preto e podemos também colocar forros de diferentes cores, algum detalhe que valorize a peça e garanta a originalidade. Precisamos nos diferenciar, trazendo novidades para peças básicas”, afirma. Jorge Bischoff é um criador que tem olhar e toque de Midas, como o dourado que marca a identidade das suas criações. Mas como a indústria de calçados não vive só da criativida-de, o desenvolvimento da marca tem sido bastante planejado. Hoje, Jorge Bischoff possui 800 pontos de venda em todo país: duas lojas conceituais, em Gramado, na Serra Gaúcha, e em São Paulo, na Oscar Freire, além de 53 franquias exclusivas. Exportam para 40 países e, este ano, uma loja foi inaugurada em Montevidéu, Uruguai. Juiz de Fora também conta com re-venda autorizada da marca.

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A palavra queer, do inglês, pode ser traduzida por estranho, excên-trico, raro e extraordinário. Por outro lado, algumas das muitas defi-nições da palavra na moda se referem a fantasia, gosto ou maneira como cada um faz as coisas.

Para quem não está exatamente familiarizado com o termo queer, é bom ter em mente repertórios que vão da androginia ao dandismo, passando por estéticas transgressivas e pegando carona na influ-ência da subcultura. Guiado por estes elementos, o Fashion Institute of Technology de Nova Iorque fez uma compilação das contribuições significativas do universo LGBT para a moda, dando origem à mostra “A Queer History of Fashion: From the Closet to the Catwalk”.

Com um retrato cronológico dos últimos trezentos anos de moda, a partir do século XVII, a exposição foi pensada de maneira a demons-trar a construção e desconstrução de paradigmas de gênero a partir da representação das roupas, pontuada por estilos de figuras em-blemáticas da cena LGBT, como Oscar Wilde - intimamente ligado à história do estilo - e Marlene Dietrich- que influenciou a moda e inspirou Yves Saint Laurent na criação do smoking feminino. Tudo isso sem esquecer a moda feminina idealizada por alguns estilistas gays, as drags e tantas outras coisas.

Segundo André Pavam, a cultura queer te coloca sempre em contato com o novo. Coordenador e diretor criativo do Miss Brasil Gay, ele acredita que o evento, apesar dos 36 anos de história, está sempre se renovando, apresentando novidades e buscando a diferença. “As pes-soas, de certa forma, se inspiram nas roupas desfiladas nas apresen-tações que trazem sempre algo de novo e isso, por si só, já é moda”.

Não só isso. Para André, é possível convidar o espectador a abraçar a diversidade através da construção do belo e da alegria - não deixa de ser um ato político que mobiliza diferentes nichos, e isso passa pela própria estética. Com uma vida que se confunde com a própria história do Miss Brasil Gay, Pavam se reconhece na vanguarda e ori-ginalidade tanto da cultura queer, como da moda.

O evento, que nasceu em 1976, a partir de uma brincadeira na casa de seu idealizador e criador Chiquinho Mota, sofreu transformações e se profissionalizou ao longo do percurso, ganhando espaço e se afirmando enquanto produção cultural e artística.

Marcelo do Carmo, doutorando da Universidade Sorbonne Paris V em Sociologia, Professor da UFJF e colaborador do evento desde 2006, ressalta a importância de se fazer uma leitura da sociedade pautada pela lente histórica do evento. O próprio surgimento do Miss Brasil Gay está ligado ao panorama dos concursos de beleza que aconteciam no Brasil e nos EUA e tinham como cena o culto às misses da época.

Para ele, a proposta deste ano – de uma mudança estrutural do evento – e o fato de ter como cenário o Cine Theatro Central refle-tem a prioridade da beleza do espetáculo, além de possibilitar uma melhora nas qualidades técnica e plástica da apresentação, que se torna, a cada ano, mais competitiva.

Marcelo credita o marco desta mudança ao ano de 2009, quando a vencedora do concurso, Ava Simões, teve sua peruca arrancada por uma participante, logo após a premiação. Segundo ele, este foi um momento traumático que depois se converteu em um grande marke-

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ting viral e culminou na capa do jornal inglês The Sun. Se até 2009 a maior parte das mis-ses assumia seu lado transformista logo após serem eleitas, agora elas mantêm a brinca-deira de transitar entre o mundo do gênero.

De lá pra cá, a seu ver, no que tange a moda, o momento estético atual é da elaboração de uma imagem que se aproxima, cada vez mais discretamente, do estilo feminino, não do que é ser mulher. A questão do corpo também tem uma mudança de paradigma, agora sem os exageros das drags - o que, naturalmen-te, nos remete às velhas condições impostas pela heteronormatividade e nos leva a uma discussão atual sobre a liberdade de expres-são e a identidade do gênero sem fronteiras.

Como uma grande parabólica que capta o es-pírito do tempo, a moda e a cultura queer se alimentam de diferentes vibrações e conteú-dos para manterem vivas suas engrenagens. E talvez seja exatamente aí que a manifesta-ção estética se volta para o discurso através da imagem, uma vez que o tema deste ano foi “Todos somos iguais em direitos”.

Com uma interseção pra lá de interessante entre estes dois universos, não seria tão impertinente chegarmos à essência da palavra moda através do significado da palavra queer. Experimente acrescentar as qualidades de estranha, excêntrica, rara e extraordinária à moda e você verá que dá certo.

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Os homens de boa parte do Brasil aca-baram esquecidos pela moda por muito tempo – em especial, a geração de vinte e poucos anos, que já não se identifica mais com as bermudas adolescentes e também não quer se sentir invadida pela mesmice adotada pela meia-idade.

O contato mais fácil com diferen-tes culturas, onde o homem consome moda sem que isso seja um tabu, fa-cilitou para que o interesse por esse universo começasse a fazer mais parte da vida do brasileiro.

Exatamente pela falta de demanda, o mercado de moda masculina no Brasil, até bem pouco atrás, era permeado por dois polos: a indústria infantojuvenil e a voltada para a meia-idade, deixando o jovem adulto recém-ingresso no mer-cado de trabalho sem muitas opções para se vestir do seu jeito.

Esse jovem é fruto da cultura da in-formação, conhecido por não se limitar com apenas uma via de carreira e que encara o consumo como uma oportuni-dade de viver uma experiência própria, resultado de suas escolhas pessoais - não mais fruto da influência das ofertas e seduções publicitárias yuppies.

Este novo comportamento de consu-mo, batizado de Consumo Autoral pelo escritório de tendências italiano Future Concept Lab, abriu as portas para outros desdobramentos, principalmente para a

forma com a qual os jovens encaram o trabalho, o que foi futuramente cha-mado de “All Work and All Play”, pelo bureau BOX 1824.

Horários flexíveis e um afinamento das barreiras entre trabalho e prazer per-mitem uma apresentação pessoal cada vez mais informal, visto que há agora uma necessidade de se “individuali-zar”, deixando o homem brasileiro livre para se expressar pelas roupas, inclu-sive no horário de trabalho.

Essa tendência não poderia ser mais adequada ao Rio de Janeiro, por exem-plo, que tem a informalidade como pa-lavra-chave. O carioca, conhecido pelo estilo despojado e por fazer da cidade seu playground, facilitou a abertura do mercado da moda masculina para suprir o nicho menos careta – e ainda apro-veita para trazer elementos ligados ao esporte, tão presente em seu cotidiano, para o ambiente de trabalho - como o próprio skate e as bicicletas. Uma nova perspectiva para o armário masculino no Brasil vai, aos poucos, se construindo, dando espaço para misturas inusitadas de alfaiataria com chinelos, ou sapatos com shorts, fa-zendo com que o brasileiro, agora, leve também a moda a sério, mas do seu jeito de viver a vida e de trabalhar. No caso dos “meninos do rio”, sem dis-pensar uma passada na praia no meio do expediente, só para relaxar...

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Nessa temporada de afirmações de identidades nas passarelas na-cionais, o que se viu foi mais uma dose de reinterpretações bem à nossa moda, daquele jeito, antropofágico. Dos shapes aos tecidos, à cartela de cores, ao happening: impossível não amar a performance de UMA por Raquel Davidowicz, por exemplo – street dance lindo, liberdade experimentada antes na runway de Rick Owens. A grande vantagem de um calendário mais folgado é ter tempo extra para pedidos e confecção. E suspeita-se que a palavra de ordem dos consiglières da moda nacional seja mesmo “comércio” - resultando em nada além de boas coleções, totalmente usáveis, mas nada artísticas. Ou, para se fazer justiça, falaremos de uma arte bem aplicada: vide os trabalhos de Patrícia Motta e Ronaldo Fraga com o couro. Bene fatto. Outra grata surpresa foram algumas coleções masculinas, desco-lando o menswear – obrigada – do binômio surfe/skate, ou inter-pretando tudo isso de forma bem diferente. A elegância dos homens de João Pimenta, a nonchalance da Osklen e a influência jazzy de R.Groove são exemplos notáveis. Altos e baixos para a estreia mas-culina de Victor Dzenk, mas nada que o tempo não resolva. Menos figurino, fantasia e arte nas passarelas brasileiras. Mais bu-siness, araras e pé no chão para sambar ao som do nosso tamborim. E não é exatamente isso que os editores buscam, uma moda para usar? Nessa concorrência desvairada que chegará à economia bra-sileira, principalmente depois de 2014, é prudente estar de acordo. Do contrário, cabe ao criador uma moda-arte no museu como uma luva, bem, para uma Lei Rouanet.

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Moletom, couro, telas, devorê, veludo, transparências, jeans.

Quem usou: Ronaldo Fraga, Animale, Patrícia Motta, Tufi Duek, Oh Boy!, Vivaz, Iódice, Alexandre Herchcovitch, Ellus.

Florais, oriente, zoo, listras, xadrezes.

Quem usou: Victor Dzenk, Filhas de Gaia, Iodice, Cavalera, Espaço Fashion, Colcci.

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Cinza, preto, azuis, verdes, amarelos, vermelhos, prata.

Quem usou: Reinaldo Lourenço, João Pimenta, Acquastudio, UMA por Raquel Dawidovicz, Samuel Cirnansck.

Esportivo, casulo, franjas.

Quem usou: Colcci, Forum, Osklen, Pedro Lourenço, Herchcovitch, Têca, Coca-Cola Clothing, Espaço Fashion, Patrícia Motta.

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As referências vão do retrô ao contemporâneo. Estampando ícones da cultura pop, expoentes da música, cultura geek, personagens e autores da literatura e do cinema, a Chico Rei apresenta o seu universo criati-vo. Nele, Warhol, Amélie Poulain, Méliès e Adoniran Barbosa conversam muito bem entre si. Artes, entretenimento e criatividade na dose certa, para criar as mais de 700 estampas da marca.

A Chico Rei foi criada em 2005, com a proposta de desenvolver uma linha diversificada de produtos. No entanto, Bruno Imbrizi, sócio-di-retor, explica que logo decidiram focar em camisetas pelo fato de elas carregarem consigo elementos que os representam. A ideia sempre foi oferecer ao público aquilo que eles procuravam na hora de se vestir, mas não encontravam. Senso de oportunidade.

O nome? Não, nenhum Chico trabalha lá. Em meio à pesquisa para a escolha, encontraram a história de Chico Rei, personagem importante de nossa cultura popular. Reza a lenda que Galanga, príncipe do Con-go, foi trazido para Ouro Preto como escravo e lá recebeu o nome de Francisco. Nos cabelos e nas unhas, pouco a pouco, acumulou o ouro necessário para alcançar a liberdade. “O nome representa brasilidade e liberdade. Justamente o que queríamos: liberdade de expressão e liber-dade financeira. Por isso apostar em um novo negócio”, explica Imbrizi.

O grande turning point da marca foi a aposta no comércio eletrônico. Em 2008, já com um novo sócio, André Porteira, deram início ao projeto do site. A presença na web possibilitou, além de vendas para todo o país, um novo tipo de relacionamento com o cliente. “No Facebook, por exemplo, você consegue identificar o perfil de cada usuário, é possível se aproximar do seu mundo, ouvir opiniões e críticas.” A velocidade também é outro facilitador: é possível lançar uma coleção hoje e, ama-nhã, ela já estar na casa do cliente.

Como consequência dessa aposta, a estrutura da empresa transfor-mou-se radicalmente: hoje, contam com 50 funcionários que dão conta de todo o processo produtivo. Camisetas já foram enviadas para mais de 2.700 cidades no Brasil e para quase 20 países. Não é à toa que a marca tornou-se uma das maiores do país em vendas.

Sabe-se que linguagem e universo devem ser bem definidos, bran-ding é fundamental. Assim, a postura da Chico Rei é coerente, sabendo

direcionar-se com clareza a seu público, que, segundo Bruno, “vai do cinema clássico à Sessão da Tarde”. Mas é um público, sobretudo, antenado. Só no Facebook, são mais de 300 mil fãs.

O diretor atribui grande parte do sucesso à sua equipe. Trabalhando com a ideia de interdisciplinaridade, a intuição, as referências e o know-how de cada um são fundamentais. As ideias para os prints surgem nas dis-cussões ideológicas no café ou a partir da definição de temas a serem trabalhados. “Costumo dizer que quando uma camiseta sai do café, ela é muito verdadeira!”, brinca Bruno. E também buscam a opinião dos clientes. “No início, era um processo egocêntrico, a gente criava a partir do que a gente gostava. Atualmente, houve a inversão e é o nosso con-sumidor que nos diz do que gosta.”

Bruno admite que pensar moda dentro da esfera da Chico Rei é uma coisa nova. “A camiseta funcionava como uma tela para nossas es-tampas. Para investir em um pensamento global, decidimos aliar nosso trabalho ao de um estilista, buscando novas modelagens e produtos. Isso já vem acontecendo desde outubro deste ano.”©

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CULTURA BRASILEIRA: DO NOME AO PRINT

Para a Chico Rei, a inspiração vinda da cultura nacional é fundamental e extremamente rica. Desde a escolha do nome até as coleções especiais sobre os estados brasileiros, os ti-mes de futebol, os artistas populares, nada deixa em branco a essência tupiniquim. “Pela valorização do mercado inter-nacional, ficou parecendo que trabalhar a cultura do Brasil é algo superdifícil. Mas, pra gente, é natural e até mesmo necessário. Basta descobrir sobre o que gostaríamos de falar e como podemos falar de forma diferente.”

Para o ano que vem, outra novidade: a criação do site para venda no exterior. Diante de tanta expansão, por que continuar em Juiz de Fora? “A internet é a extensão que precisáva-mos para crescer sem ter a necessidade de mudar para uma cidade grande, com trânsito absurdo, custo de vida elevado. Embora haja o problema dos altos impostos em Minas, Juiz de Fora tem vantagens como, por exemplo, a localização. Além disso, é aqui que temos o mais importante: nossa equipe.”

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Camisa Ellus na ARQMAN, R$372; Bermuda Ellus na LÍVORI, preço sob consulta; Cinto TNG, R$19,90; Sapato Doc Side, ARQMAN, R$201.

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Camisa Calvin Klein, ARQMAN, R$135; Blazer Resumo, FRATELLO, R$298; Calça Calvin Klein, ARQMAN, R$306; Cinto Fasolo, ARQMAN, R$72.

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Camisete acervo produção; Camisa Lulu, FLOW, R$3X119,66; Calça BOBSTORE, preço sob consulta; Cinto AR, LÍVORI, preço sob consulta; Brinco e Pulseira RASA, preços sob consulta.

Camisa Invert, FRATELLO, R$88; Jaqueta Pargan, FRATELLO, R$280; Cinto TNG, R$19,90

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Camiseta acervo produção; Camisa Liziane Richter, LÍVORI, preço sob consulta; Short Animale, DAY AFTER, R$328; Colar LUXSTORE, preço sob consulta.

Blusa, Calça e Cinto, BOBSTORE, preços sob consulta; Anel Lugre, prata com banho ródio, pedra Sky Quartz, BALDI, R$6X126.

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Camisa Ellus, ARQMAN, R$114; Blazer AT, FRATELLO, R$296; Calça AD, R$219; Cinto Fasolo, ARQMAN, R$72;

Vestido MARTINA, preço sob consulta; Obi acervo produção; Anel Lugre, prata com banho ródio, pedra Sky Quartz, BALDI, 6xR$126

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Blusa Corporeum, FLOW, R$3X109; Calça Liziane Richter, LÍVORI, preço sob consulta; Colar Camila Klein, LÍVORI, preço sob consulta; Anel em ouro amarelo, BALDI, R$10X580.

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Blusa, Linda de Morrer, D’STORE, R$359; Saia, Linda de Morrer, D’STORE, R$358; Brinco, RASA, preço sob consulta; Pulseira, RASA, preço sob consulta.

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Blusa R$258, e Pulseiras R$79,90 cada, ARPEL; Calça A.BRAND, FLOW, R$3X199,33

Camisa BOBSTORE, preço sob consulta; Saia Iorane, FLOW, 3x$199,66; Colar Camila Klein, LÍVORI, preço sob consulta.

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Blazer ZARA, acervo produção; Top e Saia Lápis Agilitá, LÍVORI, preço sob consulta; Brinco RASA, preço sob consulta; Anel Lugre, prata com banho ródio, pedra Ágata Moss, 10xR$105.

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Blazer acervo produção; Vestido MARTINA, preço sob consulta; Obi acervo produção; Sandália A.Brand, FLOW, preço sob consulta.

FOTOGRAFIA POR MÁRCIO BRIGATTO

MODELOS: MARÍLIA BARROCO E PABLO TAVARES

EDIÇÃO DE MODA POR ALINE FIRJAM

PRODUÇÃO POR CINTHIA FURTADO E CLEBER OLIVEIRA

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO RENATA FALCI

BEAUTY: ANDRÉ PAVAM (HAIR) E TIAGO MENDES (MAKE-UP) ANDRÉ PAVAM CABELEIREIROS

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: WESLEY BATISTA

ASSISTENTE DE BEAUTY: PHILIPPE OLIVIÉER (ANDRE PAVAM CEBELEIREIROS)

CONCEPÇÃO POR RAQUEL GAUDARD

AGRADECIMENTOS:

MINAS TRED CONFECÇÕES

PAULO - TOLEDO BONFIO ARMARINHO LTDA

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Vestido, Animale, DAY AFTER, R$2.500; Maxicolar de Madrepérola, BALDI, R$270; Meia Pata SANTA LOLLA, R$239,90.

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Talvez Dudu Bertholini nem saiba, mas certa-mente carrega as características de um filho de Iansã. Na cultura de umbanda, ela é a deu-sa dos ventos e das tempestades. Dudu, com sua energia, não é muito diferente. Por onde passa, sacode tudo à sua volta, com a dife-rença que sua magia reside na moda. Outra característica marcante deste Orixá é a alegria e o entusiasmo com que se dedica às suas paixões. No caso dele, suas forças estão vol-tadas para os seus muitos ofícios. Pode parecer arbitrário, até demasiadamente poético, mas seria inapropriado descrevê-lo sem o mínimo de passionalidade. Tudo isso porque a frase “estou amando” foi palavra de ordem nos depoimentos de quem esteve in loco no Workshop Styling e Produção de Moda, or-ganizado pela F. Works Produtora. O encontro, que aconteceu em outubro passado, no campus do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), e reuniu um público eclético com interesse em comum por moda, foi dividido em dois momentos: teórico e prático. Dono de um repertório amplo e uma visão sui generis, o estilista, que esteve à frente da marca Neon por dez anos, diz que a moda é capaz de relativizar a beleza e abrigar diferentes paradig-mas, principalmente com a ruptura de estéticas marcantes propiciada pela velocidade da comu-nicação. Admirador das transformações ocorri-das em relação à democratização da informação, ele defende a ideia de que a tecnologia é, hoje, o maior agente transformador da moda.

Na parte da tarde, os participantes foram convocados a por “a mão na massa” e colo-car em prática tudo o que foi apresentado no período da manhã. Uma estrutura profissional foi planejada para que todos os envolvidos no workshop produzissem seus próprios editoriais de moda, com peças de roupa produzidas pela F. Works, montagem de estúdio fotográfico e iluminação, além de um fotógrafo e modelos profissionais. Tudo isso com dicas e conselhos de Dudu Bertholini all the time. Para a dupla recém-formada em Design de Moda - Wesley Cancella, 21, e Thalita Maz-zoni, 22 -, o curso foi um ótimo suporte para profissionalizar alguns trabalhos de styling e produção de moda que ambos já vêm expe-rimentando em projetos pessoais. Isto por-que o curso foi pensado não só com a ideia de aguçar o olhar estético do espectador, mas também de ser um exercício criativo para que todos saíssem de lá com um material pronto para ser somado ao portfólio de trabalho. A proposta prática é palavra de quem, no iní-cio da carreira, apresentou o primeiro desfi-le da Neon, com a sócia Rita Comparato, na sala de casa. Até hoje, Dudu continua adepto de iniciativas deste tipo e, junto com alguns amigos, segue criando no estúdio montado em seu próprio apartamento. Formado em Comunicação Social pela UFJF e cursando uma Especialização de Moda e Arte, o professor de inglês Rodrigo Azevedo, 24, viu no curso uma oportunidade de acrescentar cultura

e prática à sua formação já plural. Encantado com a possibilidade de poder dividir suas ideias com um profissional “peso-pesado”, sentiu que a orientação dada aos grupos formados durante o workshop foi importante para tirar o que havia de melhor em cada participante. Para a estudante de moda Naira Marques Ven-zi, 32, a persona de Dudu Bertholini representa bem os seus desejos de uma moda autêntica que liberta. Daí o motivo de tamanha admiração. Fiel aos seus instintos inventivos, Dudu disse que, para ele, é importante não se sentir apri-sionado em sua própria imagem, já que o estilo conquistado ao longo de sua carreira se deve ao fato de se sentir livre para criar e experimentar. Inquieto e acumulador de funções, se auto-define um image maker. À frente de diversas parcerias com a grife Neon, é também coor-denador de moda da Escola Sigbol Fashion, stylist, consultor, curador de mostras, editor e idealizador do 2 Fanzine, além de ter abraça-do a função de palestrante, levando seus bons ventos para todo o Brasil. Para o ano que vem, Aline Firjam, idealizado-ra do evento, adianta que outros nomes como o de Dudu Bertholini serão escolhidos a dedo para novos workshops na cidade. “E já te-mos programadas, pelo menos, duas edições para 2014, no primeiro e segundo semestres. Sempre com foco na moda, já temos alguns profissionais tão relevantes quanto Dudu em nossa lista.” É só aguardar.

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Mauricio de Sousa é o cartunista e empresário que mais vende quadrinhos no ocidente - são 500 mil exemplares vendidos e 1.200 páginas produzidas por mês. Para ter uma ideia, o Ho-mem-Aranha, nos Estados unidos, vende 350 mil unidades/mês. Em 2013, comemorou os 50 anos do seu personagem mais co-nhecido, a baixinha, dentuça, gorducha e amada Mônica - pa-trimônio incontestável do inconsciente coletivo infantil brasileiro. E dos adultos que cresceram junto com ela.

O cartunista se mantém no mercado através do uso das novas tecnologias, criação de games e filmes de animação para TV. Quanto ao estilo, para a série Turma da Mônica Jovem, Mauricio não se intimidou e arriscou-se também, no universo dos mangás.

E outras frentes e parcerias também são visitadas por Mauricio. Esse ano, a convite da publisher Erika Palomino (L’Officiel Brasil), desenvolveu com sua equipe um editorial de moda inspirando-se em fotos icônicas da versão francesa da revista e nas cole-ções verão 2014 de diversos estilistas nacionais. Nesta entrevista, exclusiva para a F. Cultura de Moda, ele anuncia uma nova série para TV - Mônica Toy, para o público jovem, e um novo personagem, Marcelinho - mais uma vez, inspirado em um de seus filhos, hoje com 15 anos. Mauricio fala, ainda, da Monica Parade, série com 50 esculturas que foram exibidas (e até “raptadas”) na cidade de São Paulo.

Seus quadr inhos, que começaram com o cachor-r inho Bidu e foram inspirados em seus f i lhos e amigos, evolu í ram para as rev istas de cada per-sonagem, adaptados, depois , para outros meios. O cartunista d ia loga com diversas l inguagens?Mauricio de Sousa: Meu desejo era planejar bem o lança-mento das historietas, montar uma equipe e ir galgando as etapas naturais dessa atividade: histórias em quadrinhos para jornais, revistas, depois desenhos animados, licenciamentos, filmes para cinema, parques temáticos... Só não planejei a Internet. Não sou adivinho. Quanto ao sucesso, ninguém planeja sucesso. Planeja fazer um serviço bem feito que, caso se mantenha, vira sucesso.

O cartunista , que é a pr incíp io um art is ta , tem que desenvolver um perf i l de empresár io para sobreviver neste mercado global izado?Mauricio de Sousa: Ser empreendedor ajuda muito. Meu pai dizia: se é isso mesmo o que quer fazer na vida, então dese-nhe de manhã e administre sua carreira à tarde.

Como o senhor tem trabalhado com a Internet e as novas tecnologias, como ferramentas para as h istór ias em quadr inhos?Mauricio de Sousa: Procuramos estar sempre antenados na linguagem do dia, nas preocupações e brincadeiras da crian-ça atual. Com a Internet, Orkut, Twitter e outras formas de comu-

nicação, conseguimos dialogar em tempo real e aproveitamos tudo isso em nossas histórias. Sobre a tecnologia na produção das revistas, ajuda muito na arte final, colorização e outras ferramentas que agilizam a produção. Afinal, são cerca de 1.200 páginas por mês, em produção.

Num período anterior e durante a ditadura mil i tar, o se-nhor presidiu a Associação de Desenhistas de São Paulo, que t inha como bandeira a nacional ização das histórias em quadrinhos. O que mudou no cenário das histórias em quadrinhos nacionais daquela época até os dias de hoje?Mauricio de Sousa: Temos mais desenhistas brasileiros batalhan-do o mercado e até conseguindo destaque internacional. Naquela época, o material estrangeiro dominava por ser mais barato do que o produzido aqui. Era uma disputa de mercado desigual para nós. Tivemos que con-quistar cada leitor nesses anos, com muito sacrifício.

A evolução dos personagens da Turma da Mônica para re-vistas da turma teen foi um reposicionamento da marca, ou foi uma vontade real de at ingir um público adolescente? Porque percebemos que, até hoje, os quadrinhos da Turma da Mônica são l idos por todas as idades.

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Mauricio de Sousa: Era uma ideia antiga que foi re-avivada pela nossa participação nas comemorações dos 100 anos de imigração japonesa, em 2008. Unimos, então, o es-tilo do quadrinho japonês (mangá) com nosso estilo, para que atingíssemos os jovens em pré-adolescência. Embora a nova revista seja para um público jovem, também criou uma curio-sidade nas crianças menores, resultando no maior sucesso de bancas dos últimos 30 anos. A Turma da Mônica Jovem é a revista de quadrinhos de maior vendagem no Ocidente - chega a 500 mil exemplares por mês. Para ter uma ideia de quanto é isso, a maior vendagem de quadrinhos nos EUA é o Homem-Aranha, que chega até seu limite de 350 mil exem-plares por mês.mais barato do que o produzido aqui. Era uma disputa de mercado desigual para nós. Tivemos que conquis-tar cada leitor nesses anos, com muito sacrifício.

Através de qual personagem o Maur íc io de Sousa mais “fa la”?Mauricio de Sousa: Todos sabem que gosto muito de filosofar através das historinhas do Horácio. Às vezes, também me sinto um dinossauro.

Quais são os p lanos para o futuro dos quadr i-nhos da Turma da Mônica, no cenár io nacional e internacional? Outros t ipos de personagens, produtos e suportes já estão sendo planejados?Mauricio de Sousa: Estamos sempre criando. Agora, es-tamos focando a produção de animações para televisão. Assim, poderemos ter mais força com nossos personagens no mer-cado internacional. Fora isso, reformulamos nosso site (www.turmadamonica.com.br), estamos criando mais games, produ-zindo mais shows da Turma da Mônica ao vivo e uma nova série chamada Mônica Toy - voltada para o público jovem. Acabamos de lançar o Neymar em quadrinhos, que agora tem lançamentos na Europa. Logo, teremos o personagem Marcelinho, basea-do em meu filho de 15 anos. Nas comemorações dos 50 anos da Mônica, realizamos a Mônica Parade, com 50 esculturas da personagem customizadas por artistas plásticos e desenhistas, espalhadas pela cidade de São Paulo.

Como o senhor se sente como membro da Acade-mia Paul ista de Letras? Qual é a importância de

part icipar deste t ipo de inst i tuição para a sua categoria profissional?Mauricio de Sousa: Além da honra de me sentar ao lado de luminares da literatura e intelec-tualidade, beber de suas luzes e inteligências, gostaria de atrair crianças e jovens para conhecerem a Academia e seus representantes. E, com estes, discutir eventos que pudessem rejuvenescer a casa com a presença infantil, afinal, leitores ou futuros leitores das nossas letras - sem esquecer o meu lado dos quadrinhos, que me trouxe até aqui e abriu caminho para minhas incursões também nos livros.

Uma pergunta que não quer calar: a Mônica e o Cebol inha vão se casar e ter f i lhos?Mauricio de Sousa: Eles já se casaram na história da Turma da Mônica Jovem, numa alusão a quando tiverem seus 25 anos. Quero desenvolver a Turma da Mônica Adulta daqui a alguns anos. Come-çarão com os 25 anos e, a cada ano, avançam na idade. Junto com os leitores.

Qual é a herança que o senhor gostaria de deixar com a sua obra? Como gostaria que seus personagens fossem lembrados na memória e no coração das crianças e adultos que f izeram parte, de certa forma, da Turma da Mônica.Mauricio de Sousa: Que guardem na memória, no coração, as mensagens de alegria e solidarie-dade que passamos nas nossas histórias. Mas naturalmente temos, também, os planos de manutenção e perenização das nossas criações.

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“Estou em Leominster, Massachussets”- diz a designer de moda Lara Lorentz, 20, justificando porque não poderia fazer as fotos dessa coluna em estúdio. Logo depois de concluir o seu curso no final de 2012, pela Estácio de Sá de Juiz de Fora, Lara embarcou para os Estados Unidos para aprimorar o inglês e, desde que aterrissou em terras estrangeiras, teve uma certeza: “É possível correr atrás da moda por aqui

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também. Mas penso, inicialmente, com re-lação aos estudos”.

O trabalho de conclusão de curso (TCC) da moça de Teófilo Otoni, que veio parar em Juiz de Fora por causa do trabalho do pai, foi apresentado à sua banca partindo de uma análise do cruzamento entre os universos feminino e masculino na moda. Como resultado prático de sua pesquisa da

história das mulheres pela busca da liberdade de expressão e igualdade de direitos, apropriando-se dos códigos do vestuário dos homens, Lara identificou o estilo tomboy como o fio condutor da costura de suas peças.

“Eu tinha curiosidade em saber porque, hoje em dia, é tão comum usarmos roupas com esse apelo masculino”. Alfaiataria vintage e refe-rências militares são encontradas nas peças. Os tecidos utilizados foram lã, tricoline e sarja, e a cartela de cores reduzida, para passar um ar austero. “Não fui eu quem costurou as pe-ças”, confessa a designer, “mas por pura falta de tempo”. Segundo Lara, os alunos têm apenas dez dias para a execução da parte prática do projeto.

E se o Brasil lhe serviu de inspiração na con-cepção do trabalho? Para ela, “as mulheres bra-sileiras também contribuíram para sermos mais livres na nossa forma de vestir.” Mas afirma não ter um estilista nacional de preferência, ainda que Ronaldo Fraga a encante, de certa forma. Quando voltar ao Brasil, acredita que continuará seus cursos de corte, costura e modelagem, mas num nível avançado, além de tentar alguma pós-graduação na área de fashion business. “Ainda não penso em ter uma marca, quero adquirir outras experiências primeiro e me sentir mais preparada para esse mercado tão concorrido”, conclui a designer, decidida.

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Tr ick And Treat - Para conhecer mais as travessuras de Alice Ruffo:

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Atualmente com marca própria e e-commerce, Alice Ruffo, 21, já saiu do curso de tecnologia em Design de Moda do CES/JF, no final do ano passado, mergulhando no mercado de trabalho. “Atuei como editora assistente na Skunk e como designer de estampas para a A2D, mas, recen-temente, consegui colocar a Trick And Treat no ar”, comemora.

Seu TCC anunciava o caminho profissional da

designer: usando o tema “Origens e Desorigens do Halloween”, Alice criou uma série de estam-pas descrevendo como, religiosamente, surgiu a data e a sua posterior apropriação pelo capitalis-mo, tornando-o, segundo suas próprias palavras, “macabramente divertido e comercial”.

Utilizando arte gráfica no Photoshop para de-senvolver as suas estampas na Trick And Treat, conta que seu approach com os prints veio desde

a faculdade. “Minhas peças sempre re-ceberam muita sublimação, acho que há uma harmonia entre essa técnica e o meu estilo de arte”, afirma.

Alice considera o mercado juiz-forano intrigante e cheio de disputas. “Sou de Barbacena e Juiz de Fora é uma cida-de que oferece muitas coisas, mas ainda tenho de fugir para o interior, muitas ve-zes, em busca de materiais específicos.”Pergunto se, como a cultura witch não tem raízes no Brasil, as roupas da Trick And Treat poderiam conversar de alguma forma com a identidade nacional. E Alice é certeira: “As estampas da marca não são literais. Minha próxima coleção, por exemplo, conversa com mitos e criaturas brasileiras e de outras culturas. Acredito que a primeira coisa que se pense ao ler o nome da marca sejam abóboras e bru-xas, mas o trabalho é baseado mesmo na semiótica das origens do Halloween, não nas fantasias da data”. Essa história cairia como uma luva na edição #9 da Revista F. Cultura de Moda, que falou sobre o gótico e a witch house.

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Os protestos começaram em junho, em São Paulo, e tomaram o país. Chegaram rapidamente às manchetes nacionais e do resto do mundo. Perplexas, aqui e lá, as pessoas tentavam entender o que levou aqueles brasi-leiros às ruas. Mesmo os que estavam no olho do furacão nem sempre sabiam dizer, exatamente, se lutavam por algo palpável ou intangível. Ou ainda, se apenas lutavam porque, bem, todos os outros estavam por ali mesmo. O

movimento era difuso pela própria natureza e pela am-plitude do que protestavam. Mas isso o fez menor?

A intrigante expressão “o gigante acordou” soava como se apenas neste momento o país tivesse despertado para reconhecer e brigar pelos seus direitos. Desconhecimen-to? Os movimentos sociais nunca estiveram dormindo no Brasil. Os movimentos negro, gay, feminista, do idoso,

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indígena, dos sem-terra, sempre estiveram todos com reivindicações constantes. Mas porque essa sensação de que ninguém lutava?

A professora e militante do movimento ne-gro e feminista, Giane Sales, acha que se-ria imprudente dizer o que aquelas pessoas nas passeatas realmente pensavam sobre os movimentos sociais. Ela não sabe se diziam que “o gigante acordou” por desconheci-mento, ou se desconsideravam o que foi feito neste país nos últimos dez anos. Mas, para Giane, uma coisa é possível afirmar: existia uma indignação legítima, ainda que sem di-recionamento político ou de pautas concretas.

Não é possível enumerar todas as rei-vindicações, mas está claro que a briga é sobre os direitos usurpados da cidadania. Cabe questionar a forma como se luta, o jeito como se colocam as ideias e se é para todos essa cidadania negada - ou para o mesmo grupo de sempre.

O bem comum da cidadania é o mote, mas a multidão é composta por diferenças sociais, culturais e étnicas que jamais serão reduzi-das a uma identidade única, como lembra o filósofo Michael Hardt.

Mas espera-se que a alteridade confira ca-ráter de indignação e solidariedade mútu-as, com a capacidade de reconhecer que a polícia que agride o manifestante branco é a mesma polícia que agride o morador de fa-vela negro. Que o mesmo Estado que nega o transporte público de qualidade, nega tam-bém o saneamento básico. Que a exclusão marca, sim, uma determinada camada social - e, se no final das contas, todos que lutam

estão dispostos a continuar lutando por esses “outros todos”.

Hoje, após a efervescência febril, já é pos-sível entender melhor o que aconteceu. Tudo começou após o aumento de vinte centavos no preço da passagem de ôni-bus. As pessoas saíram às ruas e foram violentamente reprimidas por uma polícia doutrinada a agir assim.

E talvez por isso, pela repressão, o movi-mento aumentou e o sentimento legítimo de indignação tomou conta. Porém, logo veio o “não é pelos vinte centavos”, si-nalizando que algo mais não ia bem. Difícil foi verbalizar, centralizar e organizar ideias com vozes tão dissonantes.

Surgiram aí os “donos do grito”, aqueles que não aceitavam que todos poderiam protestar. Entendiam que eram contra o sistema político vigente, pela representa-tividade falha dos partidos. Mas se ques-tionam lideranças, a quem é entregue a nova? Assim, parte do grupo hostilizava e hierarquizava pessoas e motivações. Situ-ações como violência contra militantes de partidos políticos tornaram-se constantes, em nome de uma suposta neutralidade e apartidarismo, como se os protestos fos-sem ideologicamente isentos. Mas exis-tem manifestações apartidárias e ideolo-gicamente isentas?

Zuenir Ventura, escritor acostumado às lutas desde os anos 60, em recente entre-vista, disse que estamos num momento de mais perguntas do que respostas. Ele não acredita que se possa determinar o cará-

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ter das manifestações, porque os próprios manifestantes, nesta crise de represen-tatividade, não querem um lado a seguir. Ele chama de gota d´água para um copo cheio de mágoa.

Para Tiago Rattes, cientista social e histo-riador, as pessoas não estão acostumadas a protestos com pautas difusas se compa-rados aos de caráter “tradicional”. As mo-tivações são muitas, mas as vozes das ruas pediram avanços genuínos em questões do cotidiano, como transporte coletivo, a baixa qualidade de vida e dos serviços públicos básicos oferecidos. Ele destaca que, curio-samente, essas reivindicações eram caras às classes menos favorecidas, mas agora também têm espaço na classe média.

O caráter apartidário e antipartidário do movimento é analisado por ele como algo também difuso. Uma quantidade significa-tiva de pessoas não se sente representada por nenhum partido político, principalmente quando percebem e não aprovam os acor-dos de governabilidade, colocando os polí-ticos numa “vala comum”. Rattes destaca que isso foi um caminho que chegou a ser usado pelas forças conservadoras do país, desejando o enfraquecimento de partidos. No entanto, ele afirma que os partidos polí-ticos precisam entender as ruas, e não lutar contra o que foi dito. Precisam dar respos-tas efetivas para as pessoas. O antiparti-darismo, em sua opinião, é muito mais um questionamento do que uma afirmação.

Ele ainda ressalva que a indignação das ruas precisa ser convertida em agenda, de fato, coisa que não se viu ainda em nenhum tipo de força ou poder. Mas acredita que uma parcela de pessoas já encontrou um foco nas mobilizações. Quanto à possível influência nas eleições de 2014, o cientista

social salienta que só indicaria mudanças no cenário eleitoral se a sensação de seguran-ça e conforto das pessoas fosse diretamente afetada. Ou ainda, se sentirem uma desorga-nização contundente, seguida de pouca ação do poder público, ou num contexto econômico de crise, o que não corresponde ao momento.Personagem das manifestações de junho em São Paulo, o publicitário Hilário Gouveia Jr. acredita e defende o apartidarismo dos pro-testos. Ele cita o Movimento Passe Livre, que existe também em outros estados, como um movimento que não possui bandeira política, mas uma pauta definida. Quando agremiações e partidos políticos entraram nos protestos, ele não viu razão de seguir. Para o publicitário, as pessoas sabiam pelo que lutavam, mesmo por algo tão amplo como o “contra tudo e todos”, porque na sua avaliação, muita coisa está er-rada no país, a começar pela agenda política.

No Rio, o também publicitário Renato de An-drade percebeu o movimento de um modo diferente. Para ele, o grito de luta refletia um discurso genérico e vazio. Não viu na con-tinuação dos protestos na cidade, que incluiu até um “occupy” na casa do governador, uma motivação clara e refletida. “Foi um efeito de histeria coletiva... e isto que lhe dava uma cara antipartidária”.

Participação efetiva, Estado de direito, justi-ça social, representatividade real, igualdade. Estas reivindicações estavam nas manifes-tações, pelo menos nos cartazes. Mas espe-ra-se que os manifestantes não esmoreçam e que não tenham feito parte apenas de uma micareta-passeata com poses no Instagram. Que não tenha sido uma manifestação tão grande apenas por que estava “na moda” ir para as ruas, um reflexo condicionado das multidões. Ou ainda, como publicado por um site nacional, mais um evento para se escolher um look do dia – “moda para protesto”.

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Os primeiros acordes da melodia de “É muito caro ser iluminado” soam simpáticos para ou-vidos virgens ao som do duo Ciborgue More-no. Mas quando entram as primeiras frases da letra, é possível mesmo entender que se trata de um tipo de música fora do convencional. E que vai grudar para sempre na sua cabeça. Como ela, “Sashimi e Sushi”, “Sexo Tecnoló-gico”, “Made in China” e outras várias tracks cuja estética tem influência oitentista kitsch e da Movida Madrileña. Tem que ouvir. Túlio Rosendo tem 36 anos e é de João Pes-soa, na Paraíba. Paula Sanmartín tem 35 e é da Galícia, Espanha. Essa mistura hispano-brasi-leira rendeu o tempero necessário para o de-senvolvimento do eletrokitsch da banda. Só não confunda com o tecnobrega de Gaby Amarantos - não parece, não é. Conheci o som do Ciborgue numa de minhas incursões ao universo musical alheio – gosto de saber o que todos estão ouvindo. O vídeo-artista Daniel Varotto me apresentou, gostei na hora e quis saber mais dessa dupla que é a cara do Brasil contemporâneo – e do mundo também. Parti para meus contatos via Facebook e o resultado do bate-papo você lê a seguir.

Qual a ra íz musical de vocês?Túlio: Quando criança, eu gostava de Elvis. Depois virei funkeiro, depois reneguei tudo, quando entrei na adolescência e passei a ouvir metal. Fiz Educação Artística na UFPB porque gostava da faculdade, que era bem arborizada. Na segunda graduação, já estudando música erudita, percebi que tinha que ir embora pra poder aprender mais. Aí fui pra Salvador, com um projeto solo. E parei aqui no Rio de gaia-to, para estudar trilha sonora pra Cinema e TV, onde aluguei um quarto na mesma casa onde Paula morava. Daí, formamos uma parceria.

Paula: No auge da “Movida” espanhola, du-rante os anos 80, cresci ouvindo “Rádio Futu-ra”, “Siniestro Total” e outras bandas da época. Também era apaixonada por boleros e cantoras “desgarradas”. Nunca neguei um “playback”, para me sentir uma grande dama da canção como “La Lupe” ou “Chabela Vargas”. Mais tarde, na adolescência, entrei na onda do jazz, que se tornou, para mim, uma forma de vida,

enquanto fazia faculdade de Filosofía na USC. Mais tarde, me formei como atriz e recuperei meu amor pelo melodrama. Cheguei ao Rio com uma bolsa de aperfeiçoamento de estudos ar-tísticos. Na banda, Túlio compõe e nós dois es-crevemos as letras.

O que é o eletroki tsch? Existe um parentesco com o tecnobrega de Gaby Amarantos, por exemplo? Qual é a mistura?Túlio: A gente achou que eletrokitsch tinha mais a ver do que o eletrobrega, justamente por causa dessas associações com o tecnobrega do Pará - gênero do qual gostamos muito. O ele-trokitsch, na nossa concepção, seria uma catar-se musical de referências populares, convertidas em sintetizadores e batidas eletrônicas.

Paula: Quando falamos que o nosso esti-lo musical é eletrokitsch é porque as temáticas das nossas letras, ou até a nossa encenação, são fruto de uma saturação de informação que o fato de viver em uma cultura de massas dá.

Vocês acham que o som de vocês é a cara do Brasi l? Por quê?Túlio: Se pensarmos que a nossa música é uma sopa de ritmos e referências diversas dentro de um contexto psicodélico, talvez seja possível fazer uma associação com o nosso povo e seus costumes. Mas acredito que a nossa música é brasileira porque é feita por um brasileiro e uma galega que vivem no Brasil e que estão cercados pela onda cósmica ressonante tupinambá.

Paula: Se entendemos que o Brasil tem a cara do mundo, sim. O que é certo é que somos filhos do nosso tempo. O Ciborgue Moreno quer surfar na onda dos novos paradigmas que estão che-gando no Planeta, não só musicalmente falando. Também nos deixamos influenciar por tudo, pois qualquer coisa pode ajudar a resolver a miragem de novas profecias estéticas.

Onde vocês costumam se apresentar?Ciborgue Moreno: Em diferentes locais do Rio de Janeiro, em festas e festivais. Por enquan-to, a nossa ponte tem sido Rio-João Pessoa-Galícia e, em 2014, faremos incursão em outras cidades da Europa, como Londres e Berlim.

As pessoas entendem o som do Ci-

borgue? O públ ico de vocês é só brasi le i ro ou vocês têm fãs em ou-tros lugares do mundo?Túlio: Quando tocamos nos divertimos mui-to e, naturalmente, geramos diversão também. Quem tá na onda, ou se joga, ou cai fora.Paula: As pessoas entendem o som sim, quero dizer, quem gosta entende. Eu acho que segue essa lógica. O nosso público é brasileiro, mas cada vez mais recebemos feedbacks de pessoas de outros lugares do mundo.

Já existe um CD of ic ia l da banda? Em qual p lataforma vocês mais d i-vulgam o t rabalho de vocês, a lém do Facebook?Ciborgue Moreno: A gente lançou um E.P homônimo, no ano passado, e agora estamos trabalhando no segundo E.P, que se chama “Saraváleiko”. Queremos lançar o disco com-pleto em 2014.

Como é fazer música no Brasi l?Ciborgue Moreno: Nós não vivemos da nossa banda aqui no Rio. Eu e Paula somos professores. Isso paga o nosso aluguel e nos-sas contas. Fazer música aqui é fácil. Gravar um disco, mais ainda. Tudo vai depender do que se pretende com a música. Tem banda que esco-lhe fazer show por edital, que dá uma graninha e depois acaba. Outras marcam alguns shows na época do Carnaval, bancado por prefeitu-ras... É como se a única forma que desse pra circular e divulgar o trabalho fosse através de alguma fonte que no futuro você teria que prestar contas. Em suma, pode ser fácil pra quem consegue tocar samba na Lapa todo final de semana, ou pode ser uma porcaria pra quem quer dominar o mundo, como a gente.

Tudo bem se a lguém quiser fazer uma biograf ia sobre o Ciborgue Moreno futuramente?Ciborgue Moreno: Adoraríamos que um dia fizessem uma biografia sobre a gente. E pode ser qualquer uma: uma inventada, outra com fatos picantes que nunca aconteceram, ou al-guma que pudéssemos opinar. Falem bem ou mal, mas falem. Acho que esta polêmica, sobre a qual tanto se discute, é recalque de quem não está vendendo tanto disco quanto antigamente. Gostaríamos muito de ler a biografia que Paulo Cézar de Araújo fez do Roberto Carlos.

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O Aurélio define a palavra interface como um conjunto de elementos comuns entre duas ou mais áreas de conhecimento ou de interesses. Nome ideal para o álbum de estreia de Telonius, codinome de Jonas Imbery, um dos sócios fundadores do pro-lífico selo Gomma Records.

Com um sotaque diferente da maioria da produção eletrônica alemã, o selo veio ao mundo para trazer um staff de artistas com uma criatividade sem fim. A definição do som é imprecisa, mas pode-se arris-car como uma eletrônica alternativa que mistura vertentes como nu-disco, electro, synthpop e disco-punk, entre outras refe-rências - tudo com muito groove, drama, percussão e vocais, ou seja, aquela música que vale a pena ouvir na pista.

Casa de artistas como Munk, Moullinex, Whomadewho, The KDMS, Rodion e Diskokaine, entre tantos outros, este disco reflete a versatilidade da própria gravado-ra. Eu diria que versatilidade e criatividade são características essenciais para se es-tar no casting da Gomma. Telonius passeia por várias sonoridades sem medo de ser feliz. Tem classic house, tem acid, tem techno, low-fi disco... Expe-rimente resistir ao swing disco de “Swim-suit”, ou ao apelo dance de “Old Toy”. Por fim, deleite-se com este presente que leva o crivo de qualidade de quem está há 15 anos à frente de vários projetos.

Andrew Wheatherall descobriu algumas for-mas para dar vazão à sua genialidade. Solo para remixar outros artistas e criar versões épicas - em dupla para produzir álbuns de originalidade inspiradora, como em “Two Lone Swordsmen”, com parceria de Kai-th Tenniswood, e “Sabres Of Paradise”, com Gary Burns. Mas o capítulo mais espetacular de seu trabalho autoral vem ao lado de Thi-mothy J. Fairplay, em The Asphodells. “Ruled By Passion, Destroyed By Lust” já causa curiosidade pela simbologia da capa. O disco é um mergulho a um mundo viajante, obscuro e dramático, um electro disco hipnó-tico, pronto para te disparar para uma trip num espaço distante de explorações sonoras. As influências disco, dark e punk-funk es-tão misturadas a camadas de sintetizadores e guitarras indie, vindas desse clima club noturno que Weatherall faz como ninguém. A primeira faixa, “Beglammered”, é uma disco arabesca, introdução a toda viagem. A sequência “Never There”, com um pulsante bass line e beats deliciosamente repetitivos, tem um quê de Kraftwerk com vocal sujo de um 80’s rock. “Skwatch” introduz um pouco mais de Tbs e guitarras. “Late Flowering Lust” e sua versão dub fazem a passagem para a segunda metade do álbum, mais espacial, hora robótica, como em “A Love From Outer Space”. Esta já circula nos melhores sets, em remix de Mugwump, que também finaliza o álbum com clima de quem sai do club às 10 da manhã como se fosse noite.

Se eu pudesse apontar um benefício que a internet nos trouxe, certamente, seria a facilidade de acesso a bandas que o mercado fonográfico comer-cial nunca daria a mínima. Os irmãos Olof Dreijer e Karin Dreijer chamaram atenção do mundo, em 2003, com o álbum “Deep Cuts”, puxado pelo mega hit “Heartbeats” - na ocasião, trilha de um comercial da Sony. Esse foi o começo de uma carreira brilhante e nada convencional. O álbum continuou a lançar hits com um tempero indie, levemente pop, que caiu no gosto de todo internauta antenado da época. “Pass This On” e “You Take My Breath Away” circularam à exaustão nos playlists do mundo virtual. Em 2006, “Silence Shout” representava a expectativa do que estava por vir. Os suecos Dreijer retornaram com um álbum conceitual, aclamado pela crítica, e um show cheio de efeitos visuais, onde ambos quase não apareciam, evi-denciando que o trunfo da banda seria o mistério e o inesperado. Alguns anos depois, Karin Dreijer aparece em carreira solo, usando o alter ego de Fever Ray, brindando o mundo, mais uma vez, com uma produção de indiscutível qualidade. Sete anos depois do último trabalho em parceria com seu irmão, The Knife está de volta com “Shaking The Habitual”, mais experimental do que nunca. O mix de batidas, camadas de vozes entrelaçadas, muito tambor e chocalho criam um pano de fundo exótico, por onde a voz de Karin surge, como sempre, original, esganiçada, inconfundível, enquanto Olof lança mão de uma grande quantidade de percussão. Mas não se engane, The Knife continua sendo, essencialmente, uma banda de música eletrônica. “Full Of Fire” é uma das faixas mais sensacionais, com beat post-punk, dis-torções e cantar sussurrado de indagações sexuais. “Without You My Life Would Be Boring” pega carona nas sonoridades da world music, com batida oriental, mostrando mais uma evolução possível para o The Knife. Interludes como “A Cherry on Top” e “Oryx” descansam os ouvidos de um caos intencional. Adentrar nesse emaranhado de experimentações exige do ouvinte. Mas, pelo traçado da carreira do The Knife, nada mais pode se esperar além do desafia-dor, do inconstante, para os padrões do mercado, tirando o ouvinte de sua zona de conforto. Uma jornada que pode ser tanto assustadora, quanto transforma-dora, dependendo da forma como será encarada. O conselho é ir sem medo.

Telonius – Interface (2013, Gomma Records)

The Asphodells - Ruled By Passion, Destroyed By Lust (2013, Rotter’s Golf Club Records)

The Knife – Shaking the Habitual

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Um cinema alternativo, no sentido mais preciso da palavra, é realizado, há alguns anos, fora do Sudeste. A vida não é apenas comediazinhas, capitão Nascimento ou parque temático da vio-lência. O Nordeste, sobretudo Pernambuco, está consolidando uma produção local com temas fortes, estética própria (ainda que semelhante ao Cinema Novo), valorização da cultura regio-nal e engajamento político.

O exemplo mais poderoso, em termos de repercussão de crítica, é “O Som Ao Redor”, que, apesar de ter apenas pouco mais de 90 mil pagantes, recebeu menção honrosa em várias publica-ções aqui e no resto do mundo - retratando a classe média alta recifense em sua burguesa, e quase sem escrúpulos, zona de conforto. O filme é a indicação do Brasil à candidatura do Oscar de melhor filme estrangeiro. Também vindo de Recife e elogia-díssimo, “Tatuagem” conta a história da trupe performática e anárquica Chão de Estrelas, discutindo arte, política e relacio-namento homossexual nos anos da ditadura militar.

Com absoluto e espantoso sucesso, mais de 450 mil pagantes só no Nordeste, chega a arretada comédia-deboche-homena-gem ao cinema, “Cine Holliúdy”. Dirigido por Halder Gomes, ci-neasta e também ex-dublê de cinema de artes marciais, o filme vem com legendas para que o público fora do Ceará entenda todas as gírias e “dialeto” dos cearenses. Palavras típicas do cotidiano e da diversidade cultural do interior estão lá - e que a gente não se iluda e considere exagero, vamos precisar mesmo de legenda. É a saga de Francisgleydisson (Edmilson Filho, uma deliciosa junção de Mazzaropi com Bruce Lee) para salvar o seu ganha pão e maior amor: o cinema. É uma entrega de coração.

O filme é uma comédia leve e descompromissada, e foi cha-mado de “nossa resposta a Cinema Paradiso”. “Cine Holliúdy” mostra que é possível retratar o povo nordestino fora dos clichês, e que esse pessoal “machorréi” é desavergonhado e criativo!

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A História da Alimentação

no Brasil

H i s t ó r i a d a A l i m e n t a ç ã o n o B r a s i lG l o b a l E d i t o r a , 9 6 0 p .

O pão nosso de cada dia.“Toda existência humana decorre do binômio Estômago e Sexo. Fome e amor governam o mundo.”

Câmara Cascudo é um escritor fascinado pelo Brasil e pelas coisas do nosso povo. Escreveu uma obra consis-tente sobre o folclore, destacando a contribuição cultural de cada grupo étnico que formou o Brasil. Mas não es-tava satisfeito. Certo de que existia muito mais do nosso povo, ele andou por todo o território nacional pesqui-sando gostos e sabores de comidas e bebidas. Uma vasta pesquisa que não se limitava apenas a receitas, mas incluía apreciação de poemas, sonetos, canções, desenhos e contos de várias épocas. Partiu do princípio de que o ato de comer e beber faz parte do cotidiano e da arte - uma celebração com significado e sentido de existir, muito além do simples “sobreviver”. Destacou, mais uma vez, o elemento agregador da nossa misci-genação, inserindo cada grupo - índio, negro e imigran-te - no modo de preparar, servir e fazer a comida.

Desta contribuição, nasceu “A História da Alimentação no Brasil”. Há histórias pitorescas por trás de cada sa-bor, além da análise do paladar nacional, da acessibili-dade da comida (forma de extrair, caçar, pescar, distân-cia), do folclore e superstição dos alimentos (a cachaça e o alho serviam para “fechar o corpo”), do cerimonial e ritual para servir, do valor dos temperos, da questão sexual dos alimentos e da forma como se come e bebe.

Um livro que mostra, como poucos, as cores do nosso país. Uma obra de profundo respeito ao homem comum da nossa terra, mote constante em seus livros. Um ver-dadeiro tratado histórico e sociológico do povo e de sua relação com a alimentação.

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Ponta dos Ganchos

Ponta dos Ganchos é um dos poucos hotéis no Brasil que integram a brand Relais Chateaux e é um dos mais exclusivos do país. Fica numa ponta do mar, em uma baía protegida, na ci-dadezinha de Governador Celso Ramos (SC), a 50 minutos de Florianópolis. Uma região his-tórica de pequenas vilas de pescadores, cuja população descende dos primeiros imigrantes açorianos do litoral catarinense. É um refúgio exclusivo, onde cada um é especial, chamado pelo nome desde a chegada ao hotel, com praia particular, cadeiras espalhadas e toa-lhas branquinhas. Piscina, só indoor e aquecida, para o inverno. No verão, a praia calma e com-pletamente isolada é onde todos passam o dia exercendo o direito ao relaxamento. Exceto as bebidas, tudo está incluso - até as

comidinhas na praia, servidas a todo momento. Aliás, a gastronomia é um quesito importante e comparável aos melhores restaurantes do Bra-sil, num cardápio sofisticado. Tudo à la carte, começando pelo café da manhã, que é sempre um menu degustação perfeito para iniciar o dia. A cada dia, o cardápio muda. O chef Luis Sal-vajoli utiliza os melhores produtos locais e regionais, criando uma experiência gastro-nômica com personalidade - e que pode ser servida onde você quiser. Para um momento romântico, existe o Private Celebration, ser-vido na ilhota privada em frente ao hotel, para apenas um casal por noite. Para acompanhar, a carta de vinhos é excelente. As massagens são ótimas, feitas em tendas de frente para o mar, no spa que fica no extre-

mo da península, com privacidade total. E as acomodações... Bem, tem coisa que não dá pra explicar, só indo para ver. Bangalôs de cara para o mar, com sala e quarto enormes, com DVD, CD e TV de plasma gigante. Tudo no ba-nheiro é duplo, tudo mesmo! O hotel conta, ainda, com sauna privativa, ja-cuzzi dentro de um solarium de vidro e uma piscina debruçada no mar. Tudo isso em total harmonia com a natureza. Preocupado com o meio ambiente, tem a mais rigorosa certifica-ção em gestão ambiental e desenvolvimento sustentável: a ISO 14001. Não se trata apenas de fugir da agitação que vai tomar conta do Brasil em 2014. Pode ser, talvez, uma das experiências mais felizes da sua vida.

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Em uma recente enquete, respondi que a maior característica brasileira era a simpatia. E minhas andanças ao lado do fotógrafo Márcio, o Brigatto, em busca de boas e instigantes fotos, fizeram com que o destino se encarregasse de demonstrar outro adjetivo forte do nosso Brasil: a criatividade. Somos bons em nos inventar e absorver o que outras culturas têm de melhor para nos oferecer. Basta ver a diversidade e versatilidade de ingre-dientes colocados à mesa, em inúmeros pratos executados de maneira mais simples ou rebusca-da. Deixamos sempre o nosso instinto brasileiro em um toque final, na receptividade, no tempero, na chegada ou na saída. Somos criativos por natureza. Mas qual é o seu paladar? Nós apresentamos nuances que provocam e atiçam qualquer um, do exigente ao de fácil convencimento. São to-dos preparados com o rigor de seus chefes e o apreço de seus clientes. Basta ver os restaurantes lotados e as páginas deste catálogo destacadas, pois está no destaque das páginas e nas receitas do verso o complemento charmoso que faz desta seção uma deliciosa viagem por linhas gastronô-micas. Sem mais perder a ternura. Crie. Pois aqui estão outras criações e reinvenções de mentes e mãos dedicadas, de público exigente e paladar afinado com o que temos pra oferecer. Embale-se no ritmo de Jorge Ben (dica nossa) ou faça do seu papo momento de degustação. É hora de experimentar o que o nosso pedaço de Brasil, distribuído em diferentes culturas e cozinhas, tem de melhor para oferecer. Bom apetite!

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