revista escada 01

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número 01 | ano 01 dezembro 2009 a março 2010 Publicação Sinepe/PR VELHO NOVO ENEM Conheça as mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio Entrevista: Ziraldo O criador da Professora Maluquinha debate criatividade Colônia de férias? Saiba tudo para garantir a diversão das crianças e tranquilidade de toda família Artigo: Aluno também pode ser condenado por danos morais

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Revista do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná

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Page 1: Revista Escada 01

número 01 | ano 01 dezembro 2009 a março 2010 Publicação Sinepe/PR

VELHO NOVO ENEM Conheça as mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio

Entrevista: Ziraldo O criador da Professora Maluquinha debatecriatividade

Colônia de férias? Saiba tudo para garantir a diversão das crianças e tranquilidade de toda família

Artigo:Aluno também pode ser condenado por danos morais

Page 2: Revista Escada 01

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O Sinepe/PR completa 62 anos em 2009. Ao longo deste tempo de atuação, realizamos grandes transformações referentes ao perfil de trabalho com as escolas. Este ano, em espe-cial, foi de situações adversas, mas com ações coletivas que conseguiram amenizar os impactos nas instituições de ensino. Prova disso é o fortalecimento do segmento privado e a união do setor frente aos novos desafios.

Dentre eles, destacamos o lançamento do novo portal e o relançamento da nossa revista, agora intitulada Esca-da - A Revista das Escolas Particulares do Paraná. Tanto aqui quanto em nosso portal, você encontra ainda mais informações e atualidades do setor educacional. Em ambos os meios, mostramos com clareza as decisões do Conselho Diretor e das Diretorias Regionais: Calendário Escolar 2010, mudanças no Enem, dicas de leitura e o debate do setor como um todo, que nesta edição conta com a opinião do escritor e cartunista Ziraldo.

A Escada, assim como o www.escolaparticularpr.com.br, chega como mais uma ferramenta que vai mostrar a força do Sindicato a todos os paranaenses, represen-tando mais uma consolidação de todos esses anos de trabalho e competência do Sinepe/PR.

Em 2010, continuaremos à frente de novas ações e desa-fios, buscando a satisfação dos nossos associados, bem como a sintonia com as necessidades da comunidade, a melhoria da escola particular e da educação no Paraná.

Boa leitura e até o ano que vem! Ademar Batista PereiraPresidente

Conselho Diretor gestão 2008/2010 Diretoria ExecutivaPresidente Ademar B. Pereira1.º Vice-Presidente Jacir José Venturi2.º Vice-Presidente Oriovisto GuimarãesDiretor Administrativo Ailton R. DörlDiretor Econômico/Financeiro Rosa Maria C. V. de BarrosDiretor de Legislação e Normas Maria Luiza Xavier CordeiroDiretor de Planejamento José Manoel de Macedo Caron Jr.

Diretoria de EnsinoDiretor de Ensino Superior José Antonio KaramDiretor de Ensino Médio/Técnico Gilberto Vizini VieiraDiretor de Ensino Fundamental Esther Cristina PereiraDiretor de Ensino da Educação Infantil Raquel Adriano Momm Maciel de CamargoDiretor de Ensino dos Cursos Livres José Luis ChongDiretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Jaime M. Marinero VanegasDiretor de Ensino das Academias Ilona Cristina Seyer

Conselheiros1.º Conselheiro Paulo Arns da Cunha2.º Conselheiro Pedro Roberto Wiens3.º Conselheiro Ir. Maria Zorzi4.º Conselheiro Irmão Frederico Unterberger5.º Conselheiro Wilson Picler 6.º Conselheiro Gilberto Paulo Zluhan7.º Conselheiro Edna Luiza Percegona8.º Conselheiro Emília Guimarães Hardy 9.º Conselheiro Renato Ribas Vaz10.º Conselheiro Magdal J. Frigotto11.º Conselheiro Segundo Daniel

Conselho FiscalEfetivos SuplentesJacinta Caron Roberto A. Pietrobelli MongruelMárcia E. Dequech Orlando SerbenaHenrique Erich Wiens Ada Pires de Oliveira (in memoriam)

Delegados Representantes - FenepAdemar B. Pereira José Manoel de Macedo Caron Jr. Diretorias regionaisSINEPE/PR - Regional Oeste (Cascavel)Diretor Presidente Maria Débora VenturinDiretor de Ensino Superior Jaqueline GurgaczDiretor de Ensino da Educação Básica Sidney Cesar W. MartinsDiretor de Ensino da Educação Infantil José Egon KunrathDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Denise Veronese Trivellato SINEPE/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu)Diretor Presidente Artur Gustavo RialDiretor de Ensino Superior Fouad Mohamad FakinDiretor de Ensino da Educação Básica Antonio Neves da Costa e Antonio KreftaDiretor de Ensino da Educação Infantil Larissa Jardim ZeniDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Márcia Nardi e Fabiano de Augustinho SINEPE/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão)Diretor Presidente Ivone Maria Pretto GuerraDiretor de Ensino Superior Hélio Jair dos SantosDiretor de Ensino da Educação Básica João Carlos Rossi DonadelDiretor de Ensino da Educação Infantil Amazilia Roseli de Abreu PastorelloDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani SINEPE/PR - Regional Campos Gerais (Ponta Grossa)Diretor Presidente Osni Mongruel JuniorDiretor de Ensino Superior Marco Antônio RazoukDiretor de Ensino da Educação Básica Irmã Edites BetDiretor de Ensino da Educação Infantil Maria de Fátima Pacheco RodriguesDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins SINEPE/PR - Regional Central (Guarapuava/União da Vitória)Em processo de formação/eleição.

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e.di.to.ri.aladj m+f

ex.pe.di.en.teadj m+f

Revista Escada Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sinepe/PR.

Editada pela IEME ComunicaçãoIEME Integração em Marketing, Comunicação e Vendas Ltda. Rua Heitor Stockler de França, 356 - 1º andar - Centro Cívico - Curitiba - PR

Direção Taís Mainardes - [email protected] Redação Amanda Laynes, Bruno Reis, Isadora Hofstaetter, Marília BobatoProjeto gráfico e ilustrações D-Lab - www.dlab.com.brRevisão Mariana Leodoro

Comercialização Evelyn Bittencourt Almeida, Márcio Mocellin

Críticas e sugestões [email protected]

Comercial [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista.

Conselho editorial Jaime Marinero, Jacir K. Venturi, José Manoel de Macedo Caron Jr., Márcio M. MocellinAprovação Ademar B. Batista

Tiragem 11 mil exemplaresImpressão e acabamento Posigraf

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( ) É dirigida e gratuita.( ) São 11 mil exemplares.( ) Distribuída em todas as escolas particulares associadas ao Sinepe/PR.( ) Está disponível para baixar e visualizar na internet.( ) Todas as alternativas estão corretas.

41 [email protected]

A próxima edição sairá em março de 2010. Reserve já seu espaço!

ín.di.cesm

07. Institucional Sinepe

08. Os Benefícios da Colônia de Férias

10/13. Entrevista Ziraldo

14. O Calendário Preventivo de 2010

16/17. Classe de Espanhol

18. Velho Novo ENEM

20. Momento Cultural

21. Curso Superior e Tecnológico

22. Artigo. Esther Cristina Pereira

23. Artigo. Jacir J. Venturi

24. Artigo. Magdal Frigotto

25. Artigo. Raquel Momm

26. Artigo. Juliano Siqueira de Oliveira

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Administração .......................................... 4 anosCiências Contábeis ................................ 4 anosInformática (BSI) ................................... 4 anos

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Em 27 de abril de 1947, um grupo de diretores de instituições privadas de ensino fundou o que, alguns anos depois, viria a ser chamado de Sindicato de Estabelecimen-tos de Ensino Primário e Secundário no Estado do Paraná, atualmente denominado de Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná - Sinepe/PR. O objetivo era obter representatividade ao unir e ajudar as escolas particulares no estado sob uma só missão: desenvolver e me-lhorar a educação de alunos e professores.

Sessenta e dois anos depois, em 2009, o Sinepe/PR mostra que atingiu a maturidade com um trabalho extenso realizado em prol da educação. Um qualificado grupo de funcionários e assessorias - nas áreas jurídica, pedagógica, contábil e de im-prensa - oferecem serviços em cinco diretorias regionais assim denominadas: Sinepe/PR - Regional Oeste (Cascavel), Sinepe/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu), Sinepe/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão), Sinepe/PR - Regio-nal Campos Gerais (Ponta Grossa), Sinepe/PR - Regional Cen-tral (Guarapuava/União da Vitória), além da sede em Curitiba.

Periodicamente, o Sinepe/PR realiza seminários, palestras e cursos com renomados profissionais que levam uma formação contínua e de qualidade aos educadores. Também desenvolve e pratica responsabilidade social com diversos projetos como

o Amo Curitiba Ações Voluntárias, que reúne diversas escolas para ações conjuntas de voluntariado, e o Planeta Reciclável, que visa difundir o conceito de sustentabilidade para alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.

Para informar sobre sua ações, prerrogativas e projetos, divul-gando e contribuindo para o desenvolvimento da educação no Paraná, o Sinepe/PR conta com boletins diários encaminhados para gestores e associados, agenda de eventos e um completo por-tal que, inclusive, acaba de ser reestruturado para oferecer ainda mais informações e serviços: www.escolaparticularpr.com.br.

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OS BENEFÍCIOS DA

T / Amanda Laynes

F / Bruno Reis

Férias é sinônimo de descanso para os adultos. Já para as crianças, de diversão e ausên-cia de tarefas. Após meses cumprindo horários e uma rotina de compromissos escolares, os pequenos só pensam em aproveitar os dias de folga, brincando muito. E é exatamente isso o que acon-tece na família Carvalho. As atividades pedagógicas são deixadas de lado, dando lugar às brincadeiras, ao entretenimento e relaxamento das crianças. Fernanda, de 9 anos, frequenta colônia de férias há três anos e adora, assim como seu irmão, Felipe, de 4 anos, que se diverte cada vez mais com os exercícios.

A mãe, Vivian de Carvalho, sempre trabalhou fora e quando o período de férias se aproxima não pensa duas vezes: logo inscreve seus filhos nas colônias oferecidas pela escola. “As atividades na instituição sempre foram uma alternati-va para deixar as crianças em segurança e ao mesmo tempo garantir que se divir-tam nesse período”, conta.

Segundo a psicóloga e diretora da Bem-Estar Desenvolvimento Humano, Daniela Zanucini, saber que o filho está seguro e em um lugar que oferece infra-estrutura adequada, contribui também para o bom desempenho dos pais em suas profissões. “Os adultos ficam des-preocupados, sabendo que seus filhos estão sadios e bem-cuidados. Se houver necessidade, sabem que a escola deve entrar em contato”.

Cinema, parque e teatro sempre estão entre os lugares programados pelas ins-tituições de ensino para levar os peque-nos. Lá, podem soltar pipa, brincar de pega-pega e colocar toda sua energia em prática. Já nas dependências da escola, a diversão fica por conta da criatividade:

fazem brigadeiro, brincam na cama elás-tica, mexem com artesanato, dançam, cantam, pulam corda e muito mais.

Ao fim do dia, todos estão exaustos. Mas vale a pena. Vivian pode compreender o porquê com o relatório detalhado enviado pela escola diariamente. De acordo com a diretora de Ensino Fundamental do Sine-pe/PR, Esther Cristina Pereira, as ativida-des conseguem suprir os momentos que teriam com os pais, caso estes estivessem de férias também. E ainda integram pais e alunos, permitindo que saibam o que os filhos fizeram durante o dia.

Mais do que oferecer diversão, a escola também pratica seu dever de educadora nesse período, destacando as atividades coletivas. A programação é pensada de forma a contribuir para a formação da criança como cidadã. A psicóloga Daniela Zanucini destaca que as crianças dos dias de hoje estão habituadas a se di-vertir sozinhas através de computador e televisão. “Na internet, elas têm respos-tas rápidas, no ritmo que desejam. Já nas

atividades coletivas, precisam superar desafios, praticar seu senso de tolerância e compreensão. Mais que tudo, aprendem a respeitar as diferenças individuais”.

A representante do Sinepe/PR, Cristina Pereira, afirma ainda que, nesse período, a escola cumpre mais do que nunca seu papel de auxiliar os pais, fornecendo dias de vida saudável às crianças. “Os alunos têm muita energia e um acúmulo de sobrecarga grande em sua rotina diária. Na colônia, criamos diversas formas para que eles possam extravasar, brincando e descarregando suas tensões. Nós perce-bemos a diferença na volta, quando retor-nam renovados”, declara a professora.

Os educadores, que acompanham as atividades, sempre estão atentos ao ritmo de cada criança. Apesar das atividades serem voltadas à socialização, as vontades de cada um são observadas e consideradas. “É preciso respeitar a individualidade da criança e tratar seus assuntos com discernimento e educação. É necessário ser educado ao tratar os conflitos”, destaca Zanucini, lembrando que esses são momentos fundamentais de formação da criança como cidadã e integrante da sociedade.

Mesmo com toda a preparação e estrutu-ra oferecidas pelas escolas para a colônia de férias, há, ainda, alguns pais que se sentem inseguros ao mandar os filhos para a colônia. Para eles, a dica é conhe-cer toda a programação de atividades e educadores responsáveis.

Importante também é verificar se a esco-la oferece seguro aos alunos, pergunta que deve ser feita no ato da matrícula. Com se-gurança garantida, amigos e as atividades propostas, só resta para as crianças brincar e aproveitar cada minuto.

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T / Bruno Reis e Marília Bobato

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De Zizinha e Geraldo surgiu Ziraldo. Foi no ano de 1932, no interior de Minas Gerais, em Caratinga. O mais velho de sete irmãos estudou a maior parte da infância na cidade natal até que foi a Belo Horizonte para se formar em Direito. Mas o que marcou mes-mo a formação de Ziraldo foi o desenho. É e sempre foi um desenhista crônico.

Das carteiras escolares na infância aos guardanapos de restaurantes durante almoços de negócios na vida adulta, a ver-dade é que poucas foram as superfícies que suportavam uma caneta ou um nanquim que ficaram salvos do traço marcante desse criativo de cabelos brancos. A formação de Ziraldo fugiu das salas de aula e se pautou sempre pela curiosidade e pela dedicação. De tanto desenhar, tornou-se um dos maiores desenhistas do Brasil.

De tanto ler, começou também a escre-ver. Em 1969 publicou seu primeiro livro infantil, FLICTS, a história de uma cor que não encontrava seu lugar no mundo.

Uma literatura visual e sentimental. Na mesma linha, seguiu lançando livros para crianças, até que em 1980 lançou o Menino Maluquinho, que marcou a formação de uma geração. E continua marcando até hoje, tamanho o sucesso da série.

Quem observar toda a criação de Ziraldo pode observar que um tema sempre fica tão claro quanto os cabelos do artista; a necessidade e urgência de educar e formar sentimentalmente as pessoas. No pri-meiro cartaz que fez, para um congresso de professores primários, um aluno com os livros em mão seguia o risco de giz do professor. Para a Escada, este trabalho parece representar bem o trabalho que Zi-raldo tem feito ao longo de mais de meio século para a educação.

Por isso, o criador da Professora Muito Maluquinha - personagem com didática e métodos únicos - é nosso entrevistado principal desta primeira edição, trazendo suas opiniões sobre a internet e a criativi-dade na educação, além de suas criticas à valorização cultural do Brasil.

O RISCO DA EDUCAÇÃO

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Revista Escada - Há quase 30 anos, você viaja por todo o país participando de eventos ligados à educação, con-versando com professores. O que você costuma sugerir a eles? Ziraldo - Sempre falo que criança vai gostar de ler se o professor ou os pais começarem a ler livros junto com ela. A participação é a única forma de estimular a leitura que eu conheço. A leitura compartilhada é o segredo. Como também é a não cobrança de resultados. Leitura não pode nunca ser ligada à ideia de dever. Ler não é um exercício. A leitu-ra tem que estar ligada ao prazer.

RE - Em suas palestras e viagens, o que você mais escuta? Z - Olha, tem um problema nessas mi-nhas observações. Eu só sou convidado por escolas de gente criativa. As escolas dominadas por gente que quer comprar feito, que não têm imaginação, que não inventam, nem se lembram que podem convidar a gente. A Escola Fundamental brasileira é uma escola heróica e subsiste mais pelo espírito dos professores, por sua paixão pelo ensino, pela vocação sendo realizada. É uma pena termos uma escola que precisa de heróis. Eu sempre digo brincando: a escola pública brasileira deve tudo ao pai e ao marido. Se não existissem esses dois, onde é que a professora iria dormir? E imaginar que, no tempo de Lobato, no interior, marido de professora era chamado de godero. Godero, como todos sabem, é um passarinho gigolô.

RE - Falando em outros tempos, uma curiosidade: o Ziraldo usa a internet? Z - Olha, não mexo muito com a inter-net. Pessoalmente, pelo menos! Uso máquina de escrever. Trabalho na minha Olivetti 90 e sou mais veloz que um datilógrafo! Tenho uma digitadora mara-vilhosa que também é minha consultora do Google. Tenho todas as enciclopédias que você pode imaginar que um brasi-leiro tem. Delas, não abro mão. Gosto de consultá-las. Sempre vivi com elas.

RE - Ainda usa as enciclopédias?Z - Muito. Adoro! Mas, na velocidade que trabalho, viro pra Yvonne, minha digitadora gênio, ou pra Márcia, minha mulher, e peço, por exemplo: “Vê a ban-deira da Tasmânia aí pra mim”. Elas vão no Google e acham. Fácil.

RE - A internet tem coisa boa pra dizer ao aluno?Z - A internet é o bem mais fantástico que foi legado ao ser humano. É a mais completa fonte de informação que exis-te. Mas ela só interessa nessa medida: porque tudo que eu preciso saber está lá. Se quiser saber até sobre a Teoria da Relatividade, procuro na internet. Toda a Enciclopédia Britânica está lá, todo o acervo do Museu Britânico também. É sensacional.

RE - Em outras entrevistas, você criticou os internautas... Z - Não, não. Não existe o internauta. Quer dizer, o que critico é a mediocri-dade da humanidade. E a internet é a alma exposta, explícita, da humanidade. Como qualquer pessoa pode ter acesso a ela, é uma porta aberta, sem custo nenhum. Por se encontrar tudo nela, por ser tão maravilhosa, o que se esperava dela? Que fosse o centro de uma uni-versidade, que ela fosse um lugar para se ouvir boa música. Como se fosse uma coisa para ser usada com os seus pares. Só que ela virou o paraíso do medíocre.

A Escola Fundamental

brasileira é uma escola heróica e

subsiste mais pelo espírito dos

professores, por sua paixão pelo

ensino, pela vocação sendo

realizada.

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RE - Mas uma das vantagens dela é a divulgação da cultura. Muita gente que não conhecia o que tinha de bom no Brasil agora passou a conhecer. Ou, pelo menos, tem a possibilidade de conhecer. Você acha que a cultura brasileira é pouco valorizada?Z - Muito. O Camões não tem a impor-tância do Cervantes, nem um pouco, en-tretanto Camões é um gênio. A literatura portuguesa é poderosa, mas tem pouco valor histórico, apesar das conquistas dos mares pelos portugueses. E segue tendo pouca importância econômica. Para você ter uma ideia, comprei um livro chamado Os Descobridores, uma obra inglesa. Não tinha o Pedro Álvares Cabral, não tinha o Vasco da Gama. Tinha o Scott, que descobriu o Pólo Sul, o Amudsen, do Pólo Norte. Os portu-gueses chegaram primeiro em todos os mares, mas, para o Hemisfério Norte, Scott é mais importante do que Cabral ou Vasco da Gama. É uma coisa terrível pensar que, para os outros, a gente não tem muita importância.

RE - O brasileiro se importa em não ser reconhecido internacionalmente? Z - Sim, se importa. Mas temos boa autoestima, felizmente. A gente sempre acha que é mais sabido, mais esperto, mais bonito; acha que, em futebol, vôlei, nós somos os melhores do mundo.

RE - E não somos? (risos)Z - Acho que a gente tem tudo pra ser a grande nação do terceiro milênio. E vamos ser. Veja: você vai viajar e, repare, toda vez que alguém pergunta de onde você é, você fala que é do Brasil, ele exclama: “Oh, Bra-zil!!!” Se for francês, diz: “Uh, lá, lá, Bré-sil!!!”. Podemos ter matado 500 índios no noticiário deles, desmatado mil florestas, mas não deixamos de ser, para o mundo, um país com ponto de exclamação.

RE - Somos criativos? Z - Veja: criatividade não é uma palavra do idioma português castiço. O Antenor Nascentes, que foi o mais importante dicionário brasileiro da língua portu-guesa até os anos 40, não tem a palavra criatividade. Acho que o brasileiro é muito inventivo. Quer dizer, a história brasileira criou possibilidades de a gente ter que inventar muita coisa. Você vê, por exemplo, a economia, a correção monetária! Nenhuma nação no mundo usou essa invenção para amenizar as consequências desastrosas da inflação, da perda do valor do dinheiro. Isso foi de uma criatividade fora do comum! Na his-tória da nossa política, todas as soluções para as crises brasileiras são originais.

RE - E na cultura, como estamos?Z - Na área da música, somos, sem dúvi-da, muito criativos. Creio que a criação artística e cultural brasileira é espanto-samente competente. Nós temos muitas razões para comemorar. Muita coisa! Belos escritores, belos poetas, nossos car-tunistas... O Brasil tem uma vasta popu-lação de caricaturistas da mais absoluta qualidade. Qualidade internacional.

RE - Voltando para a educação, o que faz uma boa escola e um bom professor? Z - Competência e vocação.

RE - Em seu novo programa de TV, ABZ do Ziraldo (TV do Brasil, todo domingo ao meio-dia), você ensina e diverte crianças. A tabuada, por exemplo, virou música. Este é um dos caminhos para estimular o estudo? Z - Claro. Você guarda as palavras de toda canção que você gosta de cantar. Vê só quantas letras de música você sabe!

RE - Quais outros caminhos você sugere? Z - Minha proposta se resume em uma frase que fiz para um cartaz da Melho-ramentos e que virou meu lema: “Ler é mais importante do que estudar”. Acho mesmo que a criança deve ler de tudo: livros de histórias, livros que contam ca-sos, gibis, etc. Tudo que possa despertar a curiosidade das crianças para a vida e para o mundo. Livros! Qualquer livro!

---Entrevista gentilmente cedida pela Revista Inventa.

Tudo que possa despertar a curiosidade das crianças para a vida e para o mundo. Livros! Qualquer livro!

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No começo do ano que vem por aí, a mudança já ficará evidente: férias de verão mais curtas. Ainda que a folga seja compen-sada com as férias de julho prolongadas, a medida certamente será controversa entre os alunos. Mas não tanto para os pais e professores, que ficaram preo-cupados com a epidemia da nova gripe no inverno passado. Se em 2009 a gripe A (H1N1) chegou de surpresa, em 2010 todos estarão preparados para que a epidemia seja contida sem a necessidade de mudanças inesperadas.

Para evitar o transtorno de mudar o ca-lendário escolar, o Sinepe/PR sugeriu que as escolas definissem um novo calendário - mais preventivo. Assim, as férias de julho na maioria das escolas deve ficar entre os dias 5 e 26. Foram ainda designados dez dias de reserva técnica caso ocorra uma epidemia da gripe com maior incidência no próximo inverno. Isso significa que as duas semanas perdidas de aula neste ano já estão

previstas no calendário do ano que vem.

“Tomamos a iniciativa e, como não se sabe quando uma nova epidemia pode-rá acontecer, decidimos ter essa reserva para um possível recesso”, afirma o pre-sidente do Sinepe/PR, Ademar Batista Pereira. A proposta do novo calendário partiu de reuniões com a equipe peda-gógica do Sinepe e diretores de escolas. Foram elaboradas duas sugestões de calendário, ambas garantindo o mínimo exigido por lei: 200 dias letivos.

A primeira proposta indica recesso entre 1º e 25 de julho, com término das aulas em 17 de dezembro. A segunda, caso haja uma grande incidência da gripe, define férias de 1º de julho a 8 de agosto, com término das aulas no dia 23 de dezem-bro. “Vale lembrar que os calendários são apenas uma recomendação do Sinepe/PR e as escolas têm liberdade para seguir ou não a recomendação”, diz Pereira, lembrando também que o início do ano letivo fica a critério de cada escola.

O

PREVENTIVO DE 2 1

T / Isadora Hofstaetter

I / D-lab

Para evitar transtornos causados pela Gripe A, escolas definem novo calendário para 2010

EPIDEMIAOs transtornos causados em 2009 afe-taram todas as escolas do país - públicas e particulares. Recessos definidos com urgência visavam conter a transmissão do vírus A (H1N1), que havia começado a se es-palhar rapidamente entre jovens. Algumas escolas chegaram a ficar quase três semanas com o início das aulas porrogado e muitos pais resolveram simplesmente deixar os filhos em casa para evitar o contágio.

A mudança de última hora no calendá-rio fez com que muitas escolas tivessem de prolongar as aulas no fim do ano ou fazer a reposição nos finais de semana. Agora, a iniciativa de alterar o calendário escolar busca evitar a necessidade dessas mudanças, facilitando o planejamento das famílias, dos professores e alunos.

Mas fique ligado! Além da nova gripe, a Copa do Mundo na África do Sul também pode mudar o calendário escolar. Como a tabela de jogos ainda não está definida, as escolas ainda não se programaram quanto aos dias de jogos do Brasil.

Veja como ficariam as férias escolares no ano que vem pela sugestão

do Sinepe/PR.Férias caso haja grande incidência da nova gripe

1º de julho a 25 de julho 17 de dezembro

1º de julho a 8 de agosto 23 de dezembro Férias caso a incidência da nova gripe não seja significativa

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Agora é pra valer. A partir de 2010, todas as escolas de Ensino Médio do Brasil terão de se adaptar para ofertar aulas de Espanhol aos alunos que se interessarem pelo idioma. Depois de 12 anos de espera, e diversas modificações, a lei foi aprovada em 2005 e previa um período de adaptação que termina no ano que vem. E, ao que tudo indica, os colégios particulares do Paraná fizeram o dever de casa bem antes do tempo. Cerca de 75% deles já implanta-ram o ensino da língua de Cervantes.

Até então, o ensino do Espanhol geralmente se limitava ao terceiro ano do Ensino Médio ou aos cursinhos. Isso porque se tratava de uma opção mais fácil para quem vai prestar o vestibular e não tem muito conhecimento em Inglês. Como o Espanhol é uma língua latina, seu aprendizado é mais rápido. Mas, ainda que a oferta das aulas se torne obrigatória para todo o Ensino Médio, o Espanhol ainda é opcional para o aluno. Para não afetar a grade normal de aulas, muitas escolas paranaenses estão ofertando o curso no con-traturno, ou seja, fora do período normal de aulas.

Falado por mais de 420 milhões de pessoas, o Espanhol é a segunda língua ocidental mais falada no mundo, oficial em mais de 20 países além da Espanha. Para o professor Jaime Marinero, do curso Hispano, trata-se de uma medida espetacular. “O Brasil sempre ficou de costas para os vizinhos e, sendo o gigante que somos, precisamos mesmo conhecer o Espanhol”, afirma.

T e F / Bruno Reis

CLASE DE ESPAÑOL16

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Com o ensino começando desde o pri-meiro ano do Ensino Médio, o interesse pelo idioma tende a crescer. “É impor-tante tanto para a formação profissio-nal quanto para a do país”, completa o professor. O ensino mais cedo da língua também facilita seu aprendizado (mais informações no box abaixo). A oferta beneficia no total cerca de 9 milhões de alunos do Ensino Médio em todo o país.

Segundo dados do Censo de Educação Básica do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), no ano passado, apenas 11% de todos os colégios públicos de Ensino Superior no Brasil tinham em sua grade curricular o ensino da Língua Espanhola. Situação bem diferente das escolas particulares, onde o número chega a 51%. “No Paraná, até o ano que vem, praticamente todas as escolas particulares já deverão ter aten-dido às exigências da nova lei”, prevê o professor Marinero.

Uma das maiores dificuldades tem sido a falta de professores do idioma, o que

não foi observado no Paraná. O vice-presidente do Sinepe/PR, Jacir Venturi, afirma que a maioria dos colégios conse-guiu se adaptar e não teve dificuldades na contratação de professores. “Foi difícil apenas encontrar um horário para a nova disciplina nas escolas que contam com 30 aulas semanais”. No entanto, os colégios com uma grade horária mais flexível, com 25 aulas semanais, não tiveram problemas de adaptação.

Mas, para o ensino de qua-lidade, apenas a oferta de aulas não garante o bom aprendizado. “É preciso que o professor esteja in-teressado em fazer o aluno aprender de fato, e não apenas passar no vestibu-lar”, reflete Marinero. Para o professor, esta é uma oportunidade única para dar uma visão de mundo mais completa ao brasilei-ro. “Vivemos um momento histórico, e nós temos o

dever de conhecer o idioma oficial de quase todos os países da América Latina para nos tornarmos uma referência mundial da região”, conclui.

Vale destacar que aprender mais um idioma é ainda uma boa oportunidade na preparação para a Copa do Mundo de 2014, que virá a Curitiba, e para as Olimpíadas que acontecerão em 2016 no Rio de Janeiro.

QUANDO COMEÇAR A APRENDER UMA LÍNGUA?

Vale a máxima: quanto mais cedo, melhor. Durante a infân-cia, o processo de aprendizado é mais tranquilo. Ainda sem o Português totalmente assimilado, as crianças possuem poucas barreiras na hora de estudar um novo idioma. “Isso auxilia na oralidade, pois elas reproduzem os sons de outros idiomas sem referência com os sons da língua mãe, e isso faz com que sua fala e sua compreensão aconteçam de forma mais direta e sem inter-ferências”, afirma Luiz Fernando Schibelbain, que é presidente da BRAZ-TESOL Regional Chapter Curitiba (regional Paraná da maior associação brasileira de professores de Língua Inglesa).

Prova disso é a pequena Clara Batista Santos, de 6 anos. Voltou de uma viagem em família à Disney querendo aprender o Inglês e, em menos de um ano, já estava ajudando a mãe com a língua. “Esses dias ela começou a traduzir uma música que tocava na rádio do carro”, disse a mãe.

Mas não são apenas as crianças que conseguem aprender uma língua estrangeira com facilidade. Os adultos podem quebrar as barreiras naturais de assimilação. “O interesse faz muita di-ferença”, conta Marila de Carvalho Hanech, coordenadora de Inglês do Centro Europeu. Recentemente, uma aluna de 68 anos começou

a participar de suas aulas do nível básico. “Ela está indo superbem porque tem muita vontade de aprender”. Ana Maria Celestino está no curso porque quer visitar a filha, que mora nos EUA.

Luiz Fernando diz que a vantagem para quem começa cedo a aprender uma nova língua é chegar na universidade e já poder ler artigos e assistir a palestras sem intérpretes. “É uma visão a longo prazo”, afirma o também diretor do CLP - Centro de Línguas Positivo.

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O ano de 2009 foi repleto de dúvidas e incertezas para al-guns estudantes e suas famílias. Isso porque a mudança do Exame Nacio-nal do Ensino Médio (Enem) causou po-lêmica entre muitos vestibulandos. Com pouco ou nenhum tempo de adequação, os cursinhos pré-vestibulares trabalha-ram para levar aos alunos os conteúdos que poderiam cair na prova avaliativa.

Os professores não se assustaram com o novo método de avaliação unificada. De acordo com o diretor geral do Curso Positivo, professor Renato Ribas Vaz, quando foi divulgada a efetividade direta do Enem no processo de seleção de algumas faculdades, encontrou-se no programa do exame basicamente os mesmos conteúdos indicados pelas instituições em seus processos seletivos.

“O conteúdo do Enem é um pouco mis-terioso porque divulga o que será cobra-do em termos gerais. Não é especificado com profundidade o que deve cair. Esta é a única diferença”, explica.

Segundo o diretor administrativo do Curso Apogeu, professor João Paulo Rodini, os exercícios trabalhados com

os candidatos foram os mesmos de um vestibular comum. “A diferença é que as questões costumam ser extensas, exigindo máxima atenção do aluno. E nós demos prioridade a este ponto. Cos-tumo dizer que a prova faz parte de um triângulo, que exige estudo, treinamento e emocional equilibrado”, diz.

Estudo e treinamento são comuns nesta fase. Já o emocional teve uma sobrecarga este ano. E esta ansiedade foi trabalhada em sala de aula para que não interferisse no processo de aprendizagem. O profes-sor Rodini ressalta que surgiram muitas dúvidas. “Gastava cinco ou dez minutos por aula informando sobre os novos procedimentos do Enem”, conta.

Com um número maior de questões, o novo Enem promete ser diferen-te daqui para frente, valorizando o conhecimento amplo e diminuindo a obrigatoriedade de decorar fórmulas. Agora, o modelo deve conter 180 ques-tões objetivas com cinco alternativas, exigindo ainda mais conteúdo que nas últimas edições, aproximando-se das provas comuns de vestibular. As pega-dinhas quanto a datas e anos históricos

devem ser eximidas, sendo cobrados conhecimentos aprofundados da histó-ria. Já a redação foi mantida no mesmo modelo dissertativo. A grande diferença é que a nota do Enem valerá para participação nas seleções de vestibulares de várias universidades e faculdades do Brasil. Com o vestibular unificado, o candidato pode se inscrever em cinco cursos de diferentes insti-tuições de ensino. Mas é importante lembrar que nenhuma delas é obrigada a aderir ao novo processo.

A Universidade Positivo (UP) não aderiu ao sistema em 2009. Já a Pontifícia Univer-sidade Católica do Paraná (PUCPR) deve utilizar o resultado parcialmente, adotan-do o novo método aos poucos, e decidiu disponibilizar 10% de suas vagas para o aproveitamento do Enem. O pró-reitor de Administração, Planejamento e Desenvol-vimento, Valdecir Cavalheiro, explica que a instituição deve avaliar os resultados no processo seletivo nacional para decidir so-bre os próximos vestibulares. “Não existe a intenção de ficar só com a nota do Enem. Se formos utilizá-la, continuará sendo parcialmente”, esclarece.

ENEM É PREOCUPAÇÃOHá muito tempo, o Enem é tema de discussão entre os Sin-dicatos das Escolas Particulares. Antes mesmo da definição como método avaliativo unificado, os sindicatos já se movi-mentavam, apontando os problemas da prova. De acordo com o professor Osvino Toiller, presidente do Sinepe/RS, antiga-mente, a avaliação só interessava ao aluno da escola pública, que tinha seus conhecimentos testados. Como não valia para nenhum teste, o aluno da escola particular, que precisava pagar pela prova, não se interessava.

Segundo Toiller, no último exame ocorreram situações diver-sas que chegavam a comprometer a imagem e a qualidade da escola. “Reconhecemos a importância deste como método de

avaliação das escolas, mas isso não pode ser usado como instru-mento de ranking para colaborar com o marketing das escolas”.

Uma das grandes preocupações está nas escolas divulgarem que preparam para o Enem. “Isso não pode ser assim. Uma escola forma um cidadão com consciência e noções morais, valores de humanidade. Uma prova não aborda esses conhecimentos de vida. Não se pode ficar restrito a uma prova de questões objetivas em que o aluno precisa dizer aquilo que querem ouvir. É um sistema totalitário”, argumenta. “As escolas não podem nunca se descaracterizar e fugir de sua fi-nalidade mais importante: criar pessoas com valores humanos apurados”, ressalta o presidente do Sinepe/RS.

T / Amanda Laynes

VELHO NOVO

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A toda velocidade Christopher Hilton, uma das maiores autoridades sobre o automobilismo e autor de mais de 30 títulos sobre o assunto, acaba de lançar, com o Insti-tuto Ayrton Senna, a Editora Global e a Livraria da Vila, o livro Ayrton Senna - uma lenda a toda velocidade: uma jornada interativa.

Diferente das demais publicações que trazem como personagem aquele que ficou conhecido como o herói brasileiro, este apresenta dados novos e anexos com reproduções de documentos pessoais do piloto.

Com trajetória marcante e presente na vida dos nascidos em ter-ras brasileiras, Senna merece estar na estante de todas as casas e bibliotecas. Até mesmo para que as futuras gerações não deixem de admirar um dos atletas mais memorados do país.

Classificação: todas as idades

Amizade de pijama O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne, é uma fábula so-bre amizade em tempos de guerra. Bruno, um garoto de 9 anos, vê da janela de seu quarto uma cerca e, além dela, centenas de pessoas de pijama. Aquela imagem o deixa com uma sensação estranha, mas o menino não se dá conta da guerra e de todo o conflito no qual seu país e sua família estão envolvidos. Sem saber ao certo o trabalho de seu pai, Bruno sabe apenas que é um trabalho importante e que precisa utilizar um lindo uniforme.

Com tradução de Augusto Pacheco, o livro publicado pela Companhia das Letras mostra a amizade de Bruno e Shmuel, um dos diversos garotos que “moram” do outro lado da cerca. Lançado em 2007, O Menino de Pijama Listrado man-tém sua importância mesmo após o lançamento, do mesmo autor, de O Garoto no Convés.

Classificação: a partir de 12 anos

O menino do dinheiro Lançado em novembro, o audiolivro O Menino do Dinheiro conta a história de um garotinho que, mesmo muito pequenino, sabia da importância de guardar moedinhas.

De sua mãe, Dona Previdência, o menino ganha um cofrinho. Com seu professor, o Reimoney, conhece metodologias capazes de transformar toda a vida financeira da família. O pai, o Senhor Desprevenido, modifica seus hábitos e aprende a poupar.

Direcionado ao público infantil, o au-diolivro contém ilustrações e representa o primeiro contato das crianças com o mundo do dinheiro. De Reinaldo Do-mingos e publicado pela Editora Nossa Cultura, oferece também aos pais e pro-fessores a oportunidade de repensarem sua relação com o dinheiro de forma simples e divertida.

Classificação: a partir de 7 anos

Onde vivem os monstros Em janeiro, cinemas e livrarias brasileiros serão tomados pela famosa história de Maurice Sendak. Where the Wild Things (traduzido para Onde Vivem os Monstros) ganha, de um lado, a primeira edição em português do livro pela Editora Cosac Naify e, de outro, as telonas. O filme de Spike Jonze (diretor de Adaptação e Quero Ser John Malkovich) estava previsto para es-trear em outubro de 2009, mas problemas na produção adiaram o lançamento para janeiro de 2010 - data também apontada como limite pela Cosac Naify.

A história tem como protagonista o garoto Max, e todo o enredo fantástico leva o público a um mundo mágico. Teimoso, Max encontra confusão ao fazer feio em frente ao novo namorado da mãe, e é castigado por isso. Durante seu “exílio”, Max, que veste uma roupa de lobo, descobre um mundo selvagem criado por ele mesmo, e acaba sendo coroado rei por criaturas enormes e peludas. Segundo a crítica literária, o texto é o melhor conto de Maurice Sendak, que hoje, com 81 anos, ajuda na produção do filme, responsabilidade de Tom Hanks.

Classificação: todas as idades

T / Isadora Hofstaetter

I / Divulgação

mo.men.to cul.tu.ralsm adj m+f

15 anos de Palavra Cantada Criado em 1994 por Sandra Peres e Paulo Tatit, o selo Palavra Cantada já lançou 11 CDs autorais e quatro DVDs. Com músicas que modificam a visão das crianças e não menosprezam a inteligência dos pequenos, a dupla estabelece um novo padrão de qualidade para as canções infantis. O trabalho do Palavra Cantada é reconhecido e utilizado em diversas escolas para o desenvolvimento musical infantil.

Palavra Cantada, que lembra os antigos sons de A Arca de Noé e Os Saltimbancos, é um misto de poesia e musi-calidade lúdica. Agrada crianças, pais e educadores. Vale muito a pena ouvir o CD Canções de Ninar, de 1994, e o Carnaval Palavra Cantada, lançado em 2008.

Classificação: todas as idades

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T / Bruno Reis

O primeiro passo para entender a diferença entre os dois é corrigir o título. Ambos são cursos superiores - e não há diferença quanto a isso. Mas o curso que forma tecnólogos possui algumas carac-terísticas distintas que serão analisadas com mais detalhes nas próximas linhas. A grosso modo, pode-se dizer que o Curso Superior de Tecnologia forma pro-fissionais para funções mais específicas no mercado, de acordo com a demanda em determinados setores da economia.

“A bagagem de conhecimento aplicado é muito mais intensa no Curso Tecnológico do que no de bacharelado ou licenciatu-ra”, afirma Francisco Sardo, diretor geral do Ensino Superior do Opet. As aulas são mais puxadas não só por se tratar de um curso voltado a um nicho específico no mercado de trabalho, mas também por-que tem duração menor. Em média, são dois anos para formar um tecnólogo, mas há cursos que podem chegar a até três.

Geralmente os cursos superiores de tecnologia são criados após prospecções no mercado, feitas pelas instituições de ensino. “Quando há a falta de determi-nado profissional, cria-se o curso para atender a essa necessidade específica”, explica Robert Carlisle Burnett, pró-reitor de graduação, pesquisa e pós-graduação da PUCPR, que lançará em 2010 sete novos cursos superiores de

tecnologia. Segundo o pró-reitor, não há risco de o curso terminar depois que essa demanda for suprida. “É como um curso de bacharelado em Medicina ou Direito: eles não terminam só porque já há profissionais suficientes”, conclui.

Para Sardo, se o curso for muito espe-cífico, ele pode sim terminar, mas é difícil. “Muitas vezes são para satisfazer carências muito específicas na econo-mia, como, por exemplo, um curso de Produtor de Cachaça”, diz o diretor, referindo-se a um curso criado na Esco-la Agrotécnica de Salinas, em 2005, com duração de três anos e carga horária de 2.760 horas. Apenas um pouco menos do que este que lhes escreve fez para conseguir o diploma de jornalista.

AS DIFERENÇAS

CONSTRUÇÃOO primeiro Curso Superior de tecnologia a funcionar no Brasil foi o de Construção Civil. Criado em São Paulo, em 1969, foi fundamental para formar os constru-tores do Brasil que não paravam nunca durante o Milagre Econômico da década de 70. Mas, depois de satisfazer o mer-cado com profissionais específicos para a área, o MEC (Ministério da Educação) modificou a política quanto à formação de tecnólogos, e os cursos foram extintos até 1998, quando foram recriados com uma legislação própria.

Hoje, os cursos superiores de tecnologia são autorizados pelo MEC como cursos superiores e, assim como qualquer curso superior, conferem diplomas de gradu-ação. Um tecnólogo pode, deste modo, continuar os estudos em cursos de pós-graduação ou especialização.

Já existe inclusive um braço no Minis-tério da Educação para os cursos que formam tecnólogos: a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Em 2006, ela padronizou as nomenclaturas e limitou na legislação dez áreas profissio-nais para serem exploradas pelos cursos (você confere esta lista abaixo). A Secre-taria também fiscaliza periodicamente a qualidade dos cursos criados.

“Geralmente quem faz esses cursos são pessoas que já estão no mercado de tra-balho e sabem que um curso de tecnolo-gia o fará crescer profissionalmente”, diz Burnett. Por isso, a maioria dos cursos são noturnos, para que o aluno possa trabalhar durante o dia.

De acordo com a Portaria Normativa nº 12 da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, os cursos superiores de tecnologia estão divididos nas seguintes áreas:

1. Ambiente, Segurança e Saúde2. Controle e Processos Industriais3. Gestão e Negócios4. Hospitalidade e Lazer5. Informação e Comunicação6. Infraestrutura7. Produção Alimentícia8. Produção Cultural e Design9. Produção Industrial10. Recursos Naturais

Para uma lista completa dos cursos dentro destas áreas que estão no Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, acesse www.catalogo.mec.gov.br.

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T / Esther Cristina Pereira - Diretora de Ensino Fundamental do Sinepe/PR

Quando pensamos na geração que somos e na que hoje educa-mos, não existe a mínima possibilidade de não confrontarmos a geração digital, tecnologicamente plugada do mundo, com a analógica, mais lenta, complexa. Como prover conhecimento a uma geração que está tão informada e se diz tão completa?

Como sensibilizar essa geração para os problemas do mundo e em torno deles, sendo que são, muitas vezes, egoístas e indivi-dualistas? O que sobrou para nós, educadores, quando nos de-paramos com a realidade complexa de tentar ensinar pequenos seres humanos tão diferentes do que nos ensinaram sobre eles?

Somos, mesmo, a geração que estudou muito, almejando um dia estar no topo, comendo a coxa do frango, e hoje, literal-mente, nossos alunos é que saboreiam a coxa, deixando-nos com um sentimento de desconhecimento, descrença, ina-bilidade e, quem sabe, sentimento de incompetência ou até de questionamento sobre nosso real papel, numa atualidade gerida e gerada com outros tipos de condutas e valores.

Como resolver questões de estudantes que, em muitos casos, dominam equipamentos com mãos muito mais hábeis que as de seus próprios professores? Como um profissional, dian-te de uma situação como esta, enfrenta uma sala repleta de serezinhos com olhos ávidos, que torcem por um “escorregão tecnológico” de quem ensina para que possam se divertir em gargalhadas da inabilidade e das trapalhadas relativas ao ma-nuseio de um simples PowerPoint?

De que forma podemos passar valores, atitudes, compor-tamentos socialmente corretos para quem está a anos-luz à nossa frente, tecnologicamente falando, mas perdido nas trevas da ignorância sobre os problemas da vida? Como agir, o que fazer para, pelo menos, conseguirmos, na escola, aproximar-nos mais do nosso aluno sem sermos considerados retrógrados, perdidos no tempo e no espaço?

Como conquistar a dignidade diante de turmas rebeldes, originadas de famílias desestruturadas e, tanto quanto, perdidas no invólucro da vida? Famílias que não indicam o caminho, que por omissão e ausência nos momentos mais cruciais da criança dizem sim a todos os pedidos, que deseducam, e que com essas atitudes os deixam mais desorientados ainda.

Vale a reflexão do nosso papel de educador numa sociedade conflitante e atordoada, conectada em condutas e atitudes que às vezes desconhecemos o sentido de existirem.

Qual é a geração que sobrou?

ar.ti.gosm

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T / Jacir J. Venturi - Vice-presidente do Sinepe/PR

No espectro das mazelas da educação brasi-leira, o Ensino Médio apresenta estatísticas angustiantes: dos 10,5 milhões de jovens na faixa etária de 15 a 17 anos, apenas 47,7% mantêm adequada a relação idade/série e 1,9 milhão desses jovens abandonam a escola em cada período letivo.

Ano a ano, estamos enxugando mais gelo. Em 2007, o índice de reprovação atingiu 12,7% - o dobro do percentual de dez anos atrás. A professora Nora Krawczyk, da Unicamp, com fulcro nos dados do IBGE, declara que o acesso ao Ensino Médio é profundamente desigual, pois, dos 15 aos 17 anos, entre os 20% mais pobres, apenas 24,9% estavam matricu-lados, enquanto entre os 20% mais ricos, o percentual sobe para 76,3% (Folha de S. Paulo, 03/07/09). A gripe A (suína), cujo índice de óbitos é de 0,002 por mil brasileiros, tem provocado atitude e prevenção na mais absoluta maioria. O contraponto é a passividade diante das estatísticas estarrecedoras: dois jovens, a cada mil, morrem assassinados e Foz do Iguaçu detém o índice mais elevado, com 9,7 (Gazeta do Povo, 22/7/09).

Aproximadamente 80% dos jovens chilenos concluem a Educação Básica. A escolaridade média da população da-quele país andino é de 9,2 anos (6,1 anos no Brasil). Desde 2003, uma reforma constitucional determinou que a criança e o adolescente tenham um mínimo obrigatório de 12 anos de estudo. No Bra-sil, esse mínimo é de 9 anos.

Em qualquer ranking comparativo com outros países, sempre pontuamos entre os últimos no quesito desempenho escolar. Para reverter esse quadro, o primeiro passo - e único que não exige dispêndios financeiros - é reduzir o conteúdo da atual grade curricular do Ensino Médio. O colé-gio deve ser mais atraente - de acordo com a pesquisa, o principal motivo de abando-no e reprovação é que a “escola é chata”.

Amiúde, debatemos com os professo-res das diversas disciplinas, os quais são unânimes em afirmar que há sobrecarga de conteúdos. É a hora e a vez de um bom discernimento para enxugar o programa do Ensino Médio. Destarte, alargaremos os horizontes e estaremos dando um primeiro passo em direção aos países com boa estrutura educacional.

Essa parece ser uma tendência universal, conforme constataram diretores que participaram, em anos consecutivos, de um programa de imersão em mais de uma centena de escolas na Itália, Finlândia, França, Alemanha, Chile, Canadá, EUA, Noruega, Espanha, Portu-gal, Inglaterra, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia. Após essas visitas, ou fruto das nossas leituras ou vivências, é razoável afirmar: por decorrência dos vestibu-lares, o nosso Ensino Médio necessita de uma assepsia, cujos vermes são os excessos da grade curricular.

Essa posição pode ser corroborada com o relato da revista Veja: o prêmio Nobel de Física, Richard Feyman (1918-1988), visitou o Brasil para investigar o nível de conhecimento dos alunos às vésperas do vestibular. Em livro, Feyman relatou que, entre estudantes do mundo inteiro, os brasileiros eram os que mais estuda-vam Física no Ensino Médio - e os que menos aprendiam a matéria.

Que não pairem dúvidas, porém, quanto à obrigação primeira da escola: ministrar um bom ensino curricular, preparan-do o aluno para os concursos e a vida profissional. Reduzir o programa de 20% a 30% não implica em abaixamento no nível de aprendizagem, pois constituem penduricalhos desnecessários.

Uma vez implementada a redução e um melhor detalhamento dos conteúdos, há espaço e tempo para o início de um ciclo virtuoso: ofertar aos alunos ensinamen-tos mais atraentes e edificantes. Exem-plos? Oficinas (parte delas optativas) de Artes, Filosofia, Sociologia, leituras, educação ambiental e financeira, Infor-mática, valores, cidadania, etc. A atual geração dos jovens valoriza o lúdico, a multimídia, as práticas experimentais, a vivência dos fenômenos naturais e humanos, o diálogo entre as diversas disciplinas. Isto posto, estaremos mais próximos das palavras simples e plena-mente inteligíveis do epistemologista suíço Jean Piaget: “Só se aprende o que tem sentido, o que é prazeroso”.

O Ensino Médio pede socorro

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Nas reuniões com os pais no Brasil, antes do embarque dos filhos para programas culturais no exterior, comentamos sobre o evento do choque cultural, fenôme-no que vivenciamos com os alunos em diversas oportunidades nos últimos 25 anos. De uma forma ou de outra, sempre se manifesta. Alguns sofrem os efeitos de maneira amena, outros nem tanto. Na volta ao Brasil, os alunos fazem reuniões sociais com muita frequência, tentando manter um pouco do que vi-venciaram na experiência internacional.

O conceito de choque cultural, segundo autores como Michael Winkelman, da Universidade do Arizona, é tido como a consequência do esforço e da ansie-dade resultante do contato com uma nova cultura e do sentimento de perda, confusão e impotência, pela brusca mu-dança na base das informações culturais e regras sociais aprendidas do país nativo. O processo do choque cultural e sua subsequente solução obedece quatro es-tágios sequenciais e cíclicos. O ciclo pode ser repetido conforme novas crises são encaradas e requeiram novos ajustes. Os estágios são: fase da lua-de-mel ou turista; fase da crise ou choque cultural; fase do ajuste, reorientação e recuperação; fase da adaptação, resolução e aculturação. São quatro também os motivos que levam ao choque cultural: stress, fadiga cognitiva, choque de papéis e choque pessoal.

O stress acontece pela própria expo-sição ao novo ambiente e pelos seus subsequentes impactos psicológicos. A fadiga cognitiva é consequência de uma sobrecarga de informações. A nova cul-tura requer um esforço consciente para entender as coisas que normalmente são processadas inconscientemente em sua própria cultura. Esforços são feitos para interpretar os significados de uma nova língua, mas também dentro de contextos não verbais, comportamentais, contex-tuais e sociais das comunicações. O cho-que de papéis acontece quando o papel do indivíduo é perdido na nova cultura.

No novo ambiente cultural, os antigos papéis são eliminados e substituídos por papéis desconhecidos e por conjuntos de expectativas. Isto leva ao choque resul-tante da ambiguidade da posição social do indivíduo, da perda de relações sociais e seus papéis considerados normais e do surgimento de novos papéis que são inconsistentes com o antigo autoconceito do indivíduo. O choque pessoal inclui a perda de intimidade pessoal e a perda de contatos interpessoais com pessoas significativas. A perda deste sistema de suporte pode levar à deterioração dos sentidos de bem-estar de um indivíduo e até a manifestações patológicas asseme-lhadas a psicoses e paranoias, que são classificados como “neuroses transientes” ou desordens emocionais temporárias.

O CHOQUE CULTURAL REVERSOA maioria das pessoas espera algum nível de choque cultural quando se prepara para vivenciar uma experiência intercultural. O choque cultural reverso segue o mesmo processo quando da reentrada em sua própria cultura, após extensa experiência intercultural. O choque cultural reverso é geralmente uma experiência mais difícil, pois as pes-soas não esperam por ele (tanto as que o vivenciam quanto as em seu redor); as pessoas não se dão conta de quanto elas estão mudadas; as pessoas ten-dem a imaginar se existe algo de errado com elas por experimentar um choque cultural dentro de sua própria cultura; mesmo quando as pessoas se preparam para o CC reverso, existe uma tendência a subestimar seus impactos; o processo de lidar com o CC reverso pode até ser mais demorado do que com o choque cultural. O choque cultural reverso é quase o mesmo que choque cultural, e deve ser previsto. O choque cultural re-verso geralmente se torna um problema porque as pessoas não o prevem, não o compreendem e tentam desviar-se dele.

A melhor preparação para o choque cultural reverso é entendê-lo para que as pessoas o antecipem e passem a enxergá-lo como um sinal positivo de que a sua experiência de intercâmbio foi bem-sucedida. Posicione-se e vá em frente.

Choque cultural e choque cultural reverso

T / Magdal Frigotto - Conselheiro do Sinepe/PR

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Era uma cena linda. A menina tinha menos de 2 aninhos. Cabelo cuidado-samente arrumado, uniforme novo, uma pequena mochila. Seu rosto estava radiante. Entrou na escola com o narizinho empinado, confiante de que descobriria o mundo num dia só. Um pouco atrás estava a mãe; quieta, introspectiva. Seus olhos marejavam. Entre choros e vozes das professoras, ela se questionava: matricular a filhinha na escola era uma decisão acertada?

Esta é uma cena que se repete, ano a ano, em frente às escolas. Ela não assi-nala apenas a insegurança natural em afastar-se pela primeira vez de um filho pequeno. A dúvida em matricular o filho pequeno reflete o desconhecimento da sociedade da importância que a Educa-ção Infantil tem na vida da criança. A escola, para alguns, é apenas um lugar seguro de cuidados da criança enquanto a mãe trabalha e estuda. Para outros, é encarada apenas como uma despesa que pode ser adiada em função do financia-mento de um carro novo. Deliberada-mente, a criança deixa de ser atendida em uma de suas necessidades mais básicas: a de aprender coisas novas.

Nossas crianças têm direito à saúde. Todas as mamães estão lá, mês a mês acompanhando o crescimento de seus filhos junto a um pediatra, seja através da rede pública ou particular de atendi-mento. E o direito à educação?

Muitas famílias deixam de oferecer aos filhos um verdadeiro tesouro por desco-nhecerem o que existe de tão importante na Educação Infantil. Agem como se cuidado e carinho fossem tudo que a criança precisa para se desenvolver bem - em especial, se a mãe puder estar com o filho em tempo integral, se contar com a ajuda maravilhosa da vovó, ou ainda, se tiver meios de pagar uma babá.

No senso comum, ir à escola de Educa-ção Infantil enquanto as mamães traba-lham ou estudam é apenas uma opção à casa da vovó ou à babá. Se a mamãe tem a possibilidade de ficar com o filhote duran-te todo o dia, pode chegar a ser incompre-endida: por que ir à escola tão cedo?

Alguns pais são mais atentos a perceber que seus filhos têm necessidades além daquelas que o ambiente familiar pode suprir. Percebem a necessidade dos filhos de brincar com outras crianças, aprender brincadeiras novas, e diminuir o tempo em frente à televisão. Na escola, a criança desenvolve sua identidade e autonomia, amplia seu conhecimento de mundo, desenvolve a linguagem oral e se socializa. Mas isso não é tudo.

O fato é que os cinco primeiros anos de vida são decisivos no desenvolvimento cerebral do ser humano. Negligenciar a necessidade de apropriar-se de conceitos significa fechar para sempre inúmeras ja-nelas de possibilidades e potencialidades. É negar a aprendizagem na época que a criança tem a maior sede por aprender.

Milhares de aulas particulares e acompa-nhamentos psicopedagógicos poderiam ser evitados se no momento oportuno, ou seja, nos cinco primeiros anos de vida, fossem desenvolvidos na criança conceitos e habilidades necessários à alfabetização.

Vale salientar que tais conceitos não são de-senvolvidos pela criança de forma espontâ-nea. É necessário o conduzir e acompanhar consciente do professor. Adiar o desenvol-vimento desses conceitos para o Ensino Fundamental é arriscar o futuro brilhante que cada criança tem em potencial.

A importância do profissional que atua nessa faixa etária é tão grande, que os órgãos competentes exigem formação adicional em relação ao professor habili-tado para as séries iniciais.E que conceitos são esses? Imagem corporal; lateralidade; conhecimento de direita e esquerda; orientação espacial; orientação temporal; ritmo; análise-síntese visual e auditiva; habilidades visuais específicas (percepção e discri-minação de semelhanças e diferenças, constância de percepção de forma e tamanho, percepção de figura-fundo e memória visual, acompanhamento visual); coordenação viso-motora; me-mória cinestésica; habilidades auditivas específicas (discriminação de sons, dis-criminação auditiva de figura- fundo, memória auditiva) e linguagem oral.

A Educação Infantil é a base, o alicerce para a construção do conhecimento que ocorrerá nos anos subsequentes. Não oferecer Educação Infantil é res-tringir as oportunidades.

Onde os menos avisados veriam apenas uma caixa de areia, um varal de ativi-dades e muitos brinquedos educativos, você pode acreditar: existe um grande tesouro. Ele é capaz de dar mais cores a cada história de cada criança. Seu nome é Educação Infantil!

Educação Infantil – um tesouro a ser descoberto

T / Raquel Momm - Diretora de Ensino da Educação Infantil do Sinepe/PR

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T / Juliano Siqueira de Oliveira - Assessor jurídico do Sinepe/PR

Na qualidade de prestadoras de servi-ços, as instituições de ensino vêm sendo compelidas a dedicar cada vez mais atenção a todos os detalhes que envol-vem seu trabalho, buscando, assim, ve-dar quaisquer brechas que possibilitem o ajuizamento de ações indenizatórias por parte de seus alunos/responsáveis.

Sem qualquer sombra de dúvida, as es-colas, atualmente, trabalham balizadas em tais parâmetros, na medida em que, por não relevantes motivos, são deman-dadas - ou ao menos ameaçadas - pelos tão famosos “danos morais”. De fato, a ordem de Direito atualmente vigente impõe que as instituições redobrem seus cuidados na prestação de seus ser-viços, especialmente pela possibilidade de virem a responder, independente-mente de culpa, pelos danos causados.

Contudo, o que vale para um vale para outro. Ou seja, se por um lado a instituição está sendo observada em tal aspecto (e pode ser levada ao Poder Judiciário), por outro, os alunos e seus responsáveis também estão. As escolas, assim, não podem esquecer que as atitudes externadas por seus discentes também estão sujeitas à apreciação da justiça, a qual, como em qualquer outra situação, pode julgar condutas danosas externadas por aqueles que venham

a causar danos (sejam eles morais ou materiais) à instituição. Vale dizer, se a escola vive à sombra do “dano moral” (e aqui, tecnicamente, queremos dizer, da possibilidade de ser demandada em ação indenizatória), a mesma regra vale aos tomadores de seus serviços.

Recentemente, uma aluna do Distrito Federal foi condenada ao pagamento de indenização de R$ 5 mil por ofensas proferidas a um professor em sala de aula (processo 2007.07.1.020422-3, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal), o que rea-cende a luz de que os deveres de respeito, lealdade e retidão no contato decor-rente da prestação de serviços, ou seja, deste “contato social”, valem e devem ser exigidos, assim, tanto da escola (e aqui, leia-se, todos os seus prepostos) quanto dos alunos e/ou seus responsáveis.

Obviamente, não podemos nos esque-cer que a justiça já pacificou entendi-mento de que meros aborrecimentos do dia a dia não causam dano de ordem moral, sendo que este depende da efetiva consolidação de lesão à esfera subjetiva, ou seja, à honra, dignidade da vítima, sendo avaliado caso a caso.

Contudo, o importante é sempre ter em mente que a regra que vale para um vale para todos.

Aluno também pode ser condenado por danos morais

ar.ti.gosm

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