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Sofremos um bombardeio de estímulos visuais no nosso cotidiano, são símbolos e logotipos que são constantemente vistos durante nosso dia- a-dia. Mas a questão é: você realmente sabe o verdadeiro significado deles? Entrevista: Vânia Gorgulho, pós-doutora em Ciências da Comunicação e doutora em Semiótica e Linguística Geral. Revista experimental Teoria da Comunicação | Ano 1 | Número 1 | Junho de 2012 Por dentro das capas: Os discos dizem muito mais do que aparentam. Descubra a mensagem por trás das capas. Falando sobre qualidade, algo tão relativo: dois filmes com uma mesma mensagem. Um realmente é melhor que o outro?

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Revista experimental para o Trabalho de Conclusão de Teoria da Comunicação I. ESPM - SP 2012/1

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Page 1: Revista Entrelinhas

Sofremos um bombardeio de estímulos visuais no

nosso cotidiano, são símbolos e logotipos

que são constantemente vistos durante nosso dia-

a-dia. Mas a questão é: você realmente sabe o verdadeiro significado

deles?

Entrevista: Vânia Gorgulho, pós-doutora em Ciências da Comunicação e doutora em Semiótica e

Linguística Geral.

Revista experimental Teoria da Comunicação | Ano 1 | Número 1 | Junho de 2012

Por dentro das capas:

Os discos dizem muito mais do que aparentam. Descubra a

mensagem por trás das capas.

Falando sobre qualidade, algo tão relativo: dois filmes com uma mesma mensagem. Um realmente é melhor que o outro?

Page 2: Revista Entrelinhas

A comunicação humana é um processo de intensa troca de informações entre sujeitos ou objetos e utiliza signos como suporte para esse fim. Quando nos comunicamos, seja por qualquer meio, estamos materializando nossas ideias/pensamentos em signos (representações da realidade) e caberá ao receptor reinterpretá-las, porque sempre há ruídos no caminho da mensagem do emissor ao receptor. Esse ruído ocorre graças ao repertório específico que cada um tem. Quanto maior ele for, maior o reconhecimento de símbolos que signifiquem algo de grande importância na interpretação de uma mensagem.

Por trás de cada mensagem que você recebe, cada imagem que você olha, há uma ideologia, um significado que terá que ser interpretado. Você realmente presta atenção em tudo que vê? São tantos estímulos que sofremos diariamente que nosso corpo já está anestesiado, olhamos para eles, mas não os vemos.

São filmes, livros, capas de CDs, obras de arte, peças publicitárias, logomarcas de grandes empresas, todos com uma mensagem por trás. Porém, só conseguimos ler (isso mesmo! “Ler”!), interpretar e ser competente na interpretação desses elementos da nossa cultura cotidiana, quando desenvolvemos essa leitura.

E esse é o grande objetivo dessa publicação: desenvolver em você, leitor, a leitura semiótica. Depois de ler essa revista, você nunca verá mais o mundo com os mesmos olhos. Sempre que estiver diante de uma forma de arte, a interpretará e verá o verdadeiro significado por trás daquilo. Não perceberá só o todo, mas sim as entrelinhas, significados ocultos em símbolos que apenas alguns perceberão e se eles estiverem em seu repertório, interpretarão. A semiótica está presente em tudo e você verá o quanto ela é importante nos processos de comunicação.

A Entrelinhas acredita que toda a forma de comunicação é um objeto cultural, é uma arte, assim como Oliviero Toscani, um dos maiores publicitários atuais. Ele consegue vender roupas para a Benetton sem colocar referências explícitas a elas em uma peça publicitária sequer. A sua publicidade se refere à realidade do mundo e por isso, na maior parte das vezes, é tão chocante.

Você já parou para analisar logomarcas, livros, filmes, capas de CDs, obras de arte e peças publicitárias em seu significado mais profundo? Então, prepare-se! A partir da próxima página, você irá se deliciar e se surpreender com o que quiseram dizer com várias das coisas presentes em seu cotidiano, através dos signos, que você nunca tinha imaginado o porquê deles estarem ali.

Editorial

Projeto realizado como trabalho de conclusão da disciplina Teoria da Comunicação I – Professor João Carlos Gonçalves – Turma CSOS1D – ESPM – 2012/1.Junho 2012. Edição 1.Capa: Caroline Boaventura. Projeto Gráfico: Caroline Boaventura, Ian Perlungieri,

Fernando Matijewitsch, Mateus Amaral, Henrique Alvarenga. Diagramação: Caroline Boaventura. Repórteres: Caroline Boaventura, Ian Perlungieri, Fernando Matijewitsch, Mateus Amaral, Henrique Alvarenga. Ensaio Visual: Caroline Boaventura, Ian Perlungieri, Fernando Matijewitsch, Mateus Amaral, Henrique Alvarenga.

04Movimento Beat nas Telas. Literaratura de Jack Kerouac, agora, nos cinemas.

38Conto: Bang-bang. Por Ian Perlungieri

10Por dentro dos álbuns: julgue o disco pela capa.06Qualidade, algo tão relativo: dois filmes com uma

mesma mensagem. Um é melhor que o outro?

18Entrevista com doutora em Semiótica, que explica a importância da semiótica na comunicação

24Você sabe como os profissionais de comunicação escolhe as cores dos logos, embalagens?

26Oliviero Toscani - Entenda o ponto de vista do publicitário mais polêmico do mundo.

30Ensaio Visual: O que os olhos veem.

05Maus: Uma HQ sobre o Holocausto diferente do que as pessoas estão acostumadas.

38A Pele que Habito: Paixão e violência. Um filme para discutir e refletir.

12Descubra os mistérios por trás dos logotipos.

20História da arte: como antiguidades influenciam no contemporâneo.

25Heavy Rain: “(...) o bater das asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.”

28Street Photography. Saiba mais sobre esse estilo e saia fotografando pelas ruas

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Page 3: Revista Entrelinhas

MOVIMENTO

NAS TELASBEAT

Mais uma vez, o festival de Cannes, reconhecidamente uma das premiações mais importantes no mundo cinematográfico, teve no páreo a representa-ção do Brasil para concorrer na categoria “Palma de Ouro”. O longa Pé na Estrada (on the road). Direção de Walter Salles Jr. Que conta com grande

elenco incluindo outra presença brasileira, Alice Braga.

O filme é baseado na obra de Jack Kerouac, com mesmo nome em inglês, livro este que é considerado de grande importância na literatura beatnik,

movimento literário originado nos anos 50 cujos autores têm por objetivo cultuar a vida suburbana em

detrimento ao modo conservador de vida americana. A adaptação do livro para o cinema, feita por Jose Rivera, nos permite identificar todo esse ideal colocado na literatura de Kerouac nas telas. A história contada, considerada parcialmente autobiográfica, conta da vida de um americano típico, que vive em Nova Jersey que se depara

com uma figura de um andarilho vindo de Denver que o coloca numa situação atípica a

seus costumes e então partem para uma viagem aos Estados Unidos. Esta tal viagem permite a Sal

Paradise, o americano típico, juntamente com Dean Moriarty, o andarilho e sua esposa Marylou, transformar esta viagem como uma viagem de autoconhecimeno.

Estava na disputa com o filme “Amour” que foi o grande vencedor da categoria tornando o diretor austríaco Michael Haneke bicampeão da categoria após três anos de sua primeira premiação pelo filme “A Fita Branca”. O filme que consagrou Haneke o prêmio desta edição do festival de Cannes conta a história de um casal de idosos que se deparam com a possibilidade da morte vir a acontecer em um período próximo. Filme estrelado por dois ícones do cinema francês, Jean-Louis Trintignant Emmanuelle Riva.

Um dos autores criadores do conceito da geração Beat, Kerouac viveu esta época e apresentou à sociedade como agiam e pensavam os membros dessa geração. Marcada pelo visual característicos de vestimentas, boinas, óculos escuros, libertinagem sexual, uso contínuo de bebidas e drogas e grandes festas que eram a oportunidade de expressão disso tudo. Afinal, o ideal presente em suas mentes, por fim, era a quebra com o sistema opressor, o modus vivendi comum que guiava a sociedade norte-americana sem a possibilidade de uma mudança. Esta mudança pretendida, exigia uma forte ruptura com os laços dos valores que eles carregavam dês de sua família, que eram passados de gerações anteriores para as próximas. A música, a arte a literatura foram propulsores do êxito desse movimento. O que se retrata no filme de Salles é aquilo que esta geração queria. Liberdade. A estrada é o símbolo disso. Nela pode-se não ter um destino fixo, a vida não é fixa somente em um ponto específico e há a continuidade, há a viagem sem um roteiro programado que é a representação desta liberdade buscada

As obras que marcaram época neste movimento, nesta geração, foram principalmente Howl (1956) de Allen Ginsberg, Naked Lunch (1959) de William S. Burroughs e On the Road (1957) de Jack Kerouac e a ultima foi a escolhida da vez para ir às telas, nos premiando com mais uma grande obra cinematográfica.

“Maus”, vencedor do prêmio Pulitzer, foi escrito por Art Spiegelman. Uma história em quadrinhos surpreendente que retrata o Holocausto de maneira modesta e emocionante. Uma narrativa comovente e incisiva que retrata os judeus como ratos, os nazistas como gatos, os poloneses como porcos, entre outros.

“Uma obra de arte brutalmente tocante.” foi a crítica do Boston Globe, e essa crítica positiva ocorre devido ao realismo da história.

O autor, não apenas produz um romance gráfico, como também reproduz o relacionamento com seu próprio pai, um judeu polonês que viveu na época do Holocausto. Art Spiegelman não é apenas o autor. Também é o protagonista da história.

Uma história em quadrinhos que retrata o Holocausto como você nunca viu.

Leitura recomendada por: Ian Perlungieri

Leitura recomendada

Elenco:

Sam Riley, Garrett Hedlund, Kristen Stewart Kirsten Dunst, Steve Buscemi, Amy Adams, Viggo Mortensen, Alice Braga e Tom Sturridge

Roteiro de José Rivera

Fotos: Divulgação

Jack Kerouac

por Henrique Alvarenga

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Page 4: Revista Entrelinhas

Há pesoas que preferem filmes de entretenimento

enquanto outras gostam de um filme mais “cult” e, certas vezes, os

mesmos temas aparecem em dois filmes diferentes.

Alguns espectadores comparam ambos e se perguntam qual o melhor. E, afinal, qual o melhor?

“Às vezes a ideia mais simples faz a maior diferença.” – frase do filme “A Corrente do Bem”

por Ian Perlungieri

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Page 5: Revista Entrelinhas

“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” é um

filme francês dirigido por Jean-Pierre Jeunet. Nele, a protagonista Amélie

Poulain, devido a uma suposta doença cardíaca, passa a infância confinada em

sua própria casa, criando para si uma vida repleta de fantasias, o que ocasiona um estado de

voyeurismo constante, atravessando sua existência sem maiores dramas. Entretanto, após encontrar uma

caixa repleta de objetos e procurar pelo seu dono, descobre um novo objetivo para sua vida: fazer as pessoas felizes através

de pequenos gestos.

Enquanto isso, o filme “A Corrente do Bem”, dirigido por Mimi Leder, retrata a história de um menino de onze anos chamado Trevor que, apesar de

uma vida complicada (mãe alcóolatra, poucos amigos), tem a ideia de fazer boas ações em corrente, realizando três favores para três pessoas diferentes sem pedir nada

além de “passar o favor para frente”.

Com estas sinopses dos filmes já se pode inferir que, dentre eles, há um artisticamente superior ao outro. Apesar da impossibilidade de julgar um

filme como “melhor” e outro como “pior”, há a possibilidade de reconhecer que “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” é mais artístico, mais

independente e exige maior repertório enquanto “A Corrente do Bem” possui atores famosos (Haley Joel Osment (“AI Inteligência Artificial”),

Helen Hunt (“Do que as Mulheres Gostam”) e Kevin Spacey (“Beleza Americana”)) e exige menos repertório. Apesar

de “A Corrente do Bem”

não possuir um final feliz ou uma superprodução caracterizado pelo cinema de entretenimento, este filme dramático, em comparação com “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, é menos elaborado.

“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” pode ser caracterizado como um conto de fadas da modernidade, com uma alienação proposital e atraente, cujo excesso de cores e vivacidade podem ser relacionados a um mundo “colorido”, utópico. Amélie se torna uma super-heroína (em determinado momento do filme, Amélie veste-se de Zorro, o que facilita compreender a analogia), cujo poder é o de engatilhar eventos na vida de todos que a cercam, e são os personagens que a cercam, assim como a própria Amélie, que tornam o filme curioso. Personagens como um rapaz que coleciona fotos 3x4, uma mulher hipocondríaca, um senhor solitário, tendem a fazer com que o espectador identifique-se, já que, na sociedade multifacetada em que vivemos, com territórios diferentes exigindo identidades diferentes, é fácil identificar-se com todos os personagens do filme, pois, apesar de cada personagem possuir uma característica marcante, os espectadores tendem a se autodominarem como um “misto” de todos eles.

“A Corrente do Bem” possui um objetivo parecido com o de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”. Porém, enquanto o segundo ensina a dar valor aos pequenos elementos presentes na vida e a praticar boas ações com os outros, o primeiro ensina apenas a praticar boas ações. Entretanto, “A Corrente do Bem” não é um filme inferior, se comparado com “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, pois tanto um quanto o outro provoca reflexão sobre o papel do indivíduo na sociedade e sobre como apenas um indivíduo pode fazer a diferença.

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Page 6: Revista Entrelinhas

A mensagem de um álbum musical pode estar muito além das faixas do CD ou LP. A mensagem se inicia na própria capa, confirmando a máxima de que “O meio é a mensagem”. Fotos, montagens, iluminação, personas, tudo compõe

a mensagem, que pode ser completada ou não, pelas músicas ou momento que a banda

passa.

O bebê, que teoricamente é inocente, mesmo em um ambiente puro, simbolizado pela água, já está sendo guiado pelo capitalismo, representado pela nota. Em relação à banda, a capa muito tem a ver com o momento que passava. Era uma transição em que se estava entrando no mainstream, ou seja, estavam “se vendendo”, fazendo música pelo dinheiro.

Segundo álbum da banda, lançado em 1991, e vendeu mais de 30 milhões de CDs e LPs e, até hoje, influencia diversas novas bandas.

Por Caroline Boaventura

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NEVERMIND - NIRVANA

A vista sugerida na foto é de alguém que está prestes a mergulhar na piscina. Mas, só de olhar, percebe-se que algo está fora do lugar. A água está no céu, e, dentro da piscina, encontra-se o céu alaranjado, com nuvens, comum na Califórnia.

Essa troca propõe que as sensações ao ouvir o álbum (ao mergulhar na piscina), será diferente do que ouvir outro álbum. Ao ouví-lo, a imagem sugere que as experiências serão como mergulhar livre em um céu quente, caótico.

O resto do ambiente está normal, o que simboliza que, aparentemente, é apenas mais um álbum. E, apenas quem mergulhar, sentirá a experiência.

Quando se estuda sobre a história do mundo, muito se sabe que diversas águas foram divididas a partir de descobertas e invasões por praia, como o descobrimento das américas e o Dia D, na 2ª Guerra. A imagem sugere exatamente isso, com um objeto desconhecido, colorido, pousando em uma praia sem cores e agitada, mostrando que novos tempos estão começando, mesmo que seja de uma forma já ocorrida antes.

Álbum lançado em 2010, após uma pausa de lançamentos de nove anos. A banda é referência de garage rock dos anos 90.

Sétimo álbum da banda, de 1999, que marcou a mudança do estilo musical. Vendeu mais de 16 milhões de cópias.

CALIFORNICATION -RED HOT CHILI PEPPERS

MAJESTY SHREDDING - SUPERCHUNK

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Page 7: Revista Entrelinhas

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por Fernando Matijewitsch12 13

Page 8: Revista Entrelinhas

LG

A tipografia de L e G forma um sorriso, o que remete à jovialidade da marca e à satisfação com o consumo de seus

CITROENA logomarca é composta por

dois chevrons posicionados um em paralelo ao outro. Logo abaixo se

NIKESimples, fluida e rápida. Essas

foram as palavras utilizadas para descrever o “swoosh” presente no logo da Nike, que é um dos

mais reconhecidos símbolos do mundo.

P r ime i ramen te, temos que explicar

ar redondada, para passar a sensação de movimento e fluidez. E, também é interessante observar que a empresa tem um manual de aplicação da logomarca, onde está escrita a obrigatoriedade de se usar a logomarca sempre em fundo branco, ou seja, um fundo que nos remete à transparência, à elegância e à pureza.

da empresa “cortam o ar” e a logomarca tenta reproduzir, graficamente, esse movimento cortante.

Além disso, o “swoosh” no logo da Nike representa

a asa da famosa estátua da deusa grega da vitória, Nike,

que foi a fonte de inspiração para vários excelentes e corajosos guerreiros. De acordo com lendas, um grego diria: “Quando vamos à batalha e vencemos, dizemos que foi Nike quem nos ajudou.”. O que dá mais um significado à marca: a Nike é a marca da vitória.

localiza a tipologia da marca, ou seja, o nome Citroën em letras maiúsculas.

Os chevrons, que possuem seus cantos arredondados e tem uma aparência tridimensional com cores que remetem ao metal (cinza, cromado e preto), passam uma sensação de tecnologia e velocidade, além de também representar a inovação da empresa. São dispostos paralelamente para nos mostrar que está tudo em

equilíbrio, o carro da Citroën não tem nada “fora do lugar”.

A tipologia também é

o que é “swoosh”. É o som emitido quando algo se move rápida e repentinamente movendo o ar ou água. Quando você abre uma cortina de maneira rápida, por exemplo, e faz um som com o ar. Um carro passa e faz um som no ar, o

som que faz

quando você passa a mão rapidamente pela superfície da

água, etc. Ou seja, logo de cara vemos que o logo da Nike está relacionado com a ideia do movimento e da velocidade. Os materiais esportivos

APPLE

ADIDAS

A Adidas, maior concorrente da Nike, que já está presente na nossa lista, também tem não uma, mas duas logomarcas reconhecidas

internacionalmente e conta com várias interpretações possíveis a elas.

A logomarca que possui as três listras é a mais antiga delas. As três listras postas nessa maneira representam

uma montanha, apontando para cima, representando os desafios que irão existir durante

o caminho para o sucesso e os objetivos a serem alcançados.

Além disso, pode-se inferir também que as três listras representam um

pódio, com suas três posições, bronze, prata e ouro (quem não conseguiu

subir toda a “montanha”, superando todos os desafios fica com o bronze e a

de seu desenvolvimento.

A maçã da logomarca remete à maçã que caiu na cabeça de Isaac Newton, pai da Mecânica clássica, que o fez perceber a existência da gravidade

e começar a elaborar uma série de estudos que culminaria na Lei da Gravitação Universal,

dando um empurrão enorme ao desenvolvimento da ciência.

A logomarca aderida antes da atual era toda colorida,

conhecida como a “maçã do arco-íris”. Além

do descobrimento da gravidade, um processo

importantíssimo na história da ciência, essa maçã também nos

remetia à descoberta da separação da luz (através das cores), também feita por Isaac Newton, e é outro grande fator no desenvolvimento de toda a tecnologia que temos hoje,

prata). Outra interpretação possível é que elas representam os degraus para o sucesso.

Já a logomarca que possui as três folhas, que foi nomeada “Trefoil” (três folhas, em francês) é simétrico, ou seja, representa o equilíbrio da empresa. O logo é “cortado” pelas três listras. Trata-se de uma folha cortada pelo vento, o que nos remete à velocidade que a Adidas proporciona aos esportistas, enquanto que, as três folhas em si, representam o espírito olímpico e as três plataformas continentais unidas.

da qual a Apple é uma das maiores influenciadoras.

Hoje, a empresa não utiliza mais sua logo com cores brilhantes. Ela opta por paletas brancas e cromadas, o que dá uma aparência de polidez, elegância e pureza à marca, nos remetendo ao desenvolvimento e à tecnologia que a Apple sempre apresentou.

Mas por que a maçã está mordida?

A mordida presente na maçã pode significar um possível tributo à “fruta da Árvore do Conhecimento” na história de Adão e Eva ou, também, pode representar que de todo o desenvolvimento possível que o ser humano pode ter (representado pela maçã inteira), nós só temos uma “mordida”, a tecnologia tem muito a evoluir ainda e a Apple será responsável por parte dessa evolução.

Outra logomarca que está presente entre os símbolos corporacionais mais reconhecidos do mundo, a maçã da Apple deve ser, provavelmente, o único caso em que a empresa não quis seu nome no design da logo desde o começo

produtos. Além disso, é a abreviação do nome da empresa (Lucky Goldstar) e do slogan (Life’s Good).

A logomarca apresenta formas arredondas para transmitir a modernidade e a tecnologia da marca. É utilizado o vermelho, pois ele remete à amizade,

entre empresa e consumidor (a LG sempre estará lá para te atender), ele traz vivacidade e um sentimento emotivo. E a cor cinza é utilizada para traduzir as características da tecnologia, seriedade e sofisticação que a empresa carrega desde seu início.

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Page 9: Revista Entrelinhas

GOOGLEA ferramenta de busca mais utilizada

da Internet, o Google, conta com um logotipo formado por uma tipografia simples e várias cores chamativas. O motivo para isso é dar dinamicidade e alegria ao logo, em concordância com a velocidade que caracteriza o buscador. Os dois “o” podem representar o símbolo da infinidade e perfeição, assim como também pode fazer uma alusão ao alcance global da marca.

AMAZONA seta ligando a letra “a” e

“z” na logomarca da Amazon, empresa multinacional americana de comércio eletrônico, pode ter várias

BRADESCO

À primeira vista, o logo do Bradesco parece que não tem nenhum significado, ele não lembra muita coisa. Mas, se analisarmos ele de forma profunda percebemos que ele representa muita coisa e que as ideias vão se encaixando com perfeição.

As formas geométricas formam uma árvore: os dois retângulos de diferentes tamanhos representam o tronco e os dois arcos acima deles formam a copa da árvore. A árvore simboliza vida, crescimento, desenvolvimento e abrigo, que são características muito presentes na relação da empresa com seus clientes: mostrar a eles abrigo, segurança e crescimento.

Cada forma geométrica no logo tem um significado próprio. O arco que alcança o ponto mais elevado

da logomarca representa a parte da esfera azul da bandeira do Brasil, que da mesma forma que está no meio da bandeira, encontra-se no meio do logotipo também. Já o arco central, pela associação analógica, é a faixa da bandeira do Brasil onde está grafada a frase: Ordem e Progresso. Esse dois arcos fazem com que percebamos que o Bradesco tem muito forte em seus valores a identidade brasileira e que, o Brasil (arco crescente) sempre crescerá com a “ordem e o progresso” do

banco e o ponto de intersecção dos dois arcos representa a conexão (encontro) da empresa ao cliente, revelando a preocupação com o bom atendimento e relacionamento com o cliente. Além da satisfação dele.

Os dois retângulos da base, cada um com um tamanho e espessura, simbolizam o tronco, ou seja, o cerne de toda a organização. Assim, dão a ideia de apoio e suporte ao cliente, não importando seu porte (seja uma grande empresa ou uma pessoa física terão o abrigo e o bom atendimento do Bradesco). Os dois retângulos também podem remeter a um gráfico de barras, representando o crescimento da economia do Brasil.

interpretações. Primeiramente, ela representa que o site vende todos os tipos de produtos, de “a” a “z”. A seta também pode aludir à rapidez

que a Amazon faz suas entregas. E, por fim, ela dá forma a um sorriso, para simbolizar que a empresa é amigável e próxima de seus consumidores e que estes estão sempre satisfeitos com ela.

UNILEVER

A Unilever é uma empresa multinacional que possui inúmeras marcas de produtos ao redor do mundo. As marcas são de alimentos, bebidas, produtos de limpeza, produtos para higiene pessoal, entre outras. Ela emprega cerca de 206.000 pessoas no mundo todo, e algumas de suas marcas mais famosas por aqui são: Kibon, Seda, Omo, Rexona, Surf, Lux, Knorr, Maizena, Hellmann’s, Fofo, Dove, Comfort, Close up, Arisco e Ades.

A logomarca da Unilever conta com

25 símbolos, todos ligados à produtos ou à vida, tendo cada um seu próprio significado. Eles são organizados de tal maneira que se encaixam e se completam, o que a Unilever conseguiu com isso? Um ícone que representa “tudo”.

Veja abaixo uma lista com o significado de cada um deles, feita pela própria Unilever.

Sol: Toda vida começa com o sol. Símbolo supremo da vitalidade, que representa várias de nossas marcas.

Abelha: Representa a criação, a polinização, o trabalho árduo e a biodiversidade.

Cabelos: Um símbolo de beleza e boa aparência. Ao lado da flor, evocam limpeza e fragrância. Próximo à mão, representam maciez.

Palmeira: Uma fonte nutritiva de recursos, também é um símbolo do paraíso.

Colher: Símbolo de nutrição, de experimentar sabores e cozinhar.

Molhos ou margarinas: Representam mistura ou preparo. Sugere combinação de condimentos e adição de sabor.

Chá: Uma planta ou extrato de uma planta como o chá. Também simboliza cultivo e plantio.

Partículas: Uma referência à ciência, bolhas e efervescência.

Tigela: Uma tigela de comida com aroma delicioso. Também representa uma refeição pronta, uma bebida quente ou uma sopa.

DNA: A hélice dupla, o mapa genético da vida e um dos símbolos da biociência. É a chave para uma vida saudável.

Pássaro: Um símbolo da liberdade. Sugere alívio das tarefas diárias e poder aproveitar da vida o que ela tem de melhor.

Recipiente: Simboliza a embalagem. Um pote de creme associado a cuidados pessoais.

Reciclar: Parte do compromisso da nossa empresa com a sustentabilidade.

Roupas: Representam roupas recém-lavadas e boa aparência.

Lábios: Representam beleza, boa aparência e paladar.

Coração: Um símbolo de amor, cuidado e saúde.

Sorvete: Um agrado, prazer e diversão.

Especiarias e sabores: Representam pimenta ou ingredientes frescos.

Onda: Simboliza limpeza, frescor e vigor, tanto na higiene pessoal quanto num ícone de lavanderia (com a camisa).

Líquido: Uma referência à água limpa e à pureza.

Brilho: Limpo, saudável e cintilante de energia.

Peixe: Representa alimento, o mar ou a água fresca.

Congelado: A planta simboliza o frescor, o floco de neve representa congelamento. Um símbolo de transformação.

Mão: Um símbolo de sensibilidade, cuidado e necessidade. Representa a pela e o toque. Flor: Representa a fragrância. E, quando vista com

a mão, representa hidratantes ou cremes.

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Page 10: Revista Entrelinhas

“Semiótica, de forma simples, é a ciência que interpreta o significado presente nas coisas faladas, escritas, desenhadas, cantadas, nas palavras emitidas, sons, gestos, sinalizações, bate-papos, xingamentos, bajulação, chaveco, nas atitudes de compra, gastos, em religiões, programas de televisão, palanques, sessões de júri, nas matérias jornalísticas, na educação de crianças, em paqueras, nos olhares, filmes, pôsteres, outdoors, etc, etc, etc”, diz Gorgulho, que citou muitos mais exemplos.

Com esse conceito, já se consegue entender a importância da semiótica para a comunicação. “Ela analisa condições de produção de informação, significação e ideologia, presentes em

Por Caroline Boaventura

discursos não literários, publicitários, jornalísticos, midiáticos, jurídicos, educacionais e mais”, diz a doutora, que completa: “É preciso pensar em semiótica na hora da captação, seleção e circulação da informação que se quer passar, levando em conta os diversos ambientes e linguagens”.

De acordo com a mestre, em publicidade, a semiótica é uma ferramenta de produção e análise de intersubjetividades - sujeito se relacionando com sujeito e coisas e efeitos - que se manifestam em seus discursos, com seus envolvidos. “Isso ocorre a partir da interpretação de sentidos que emergem da comunicação nessas relações”, diz.

Para usar a semiótica a seu favor, o comunicólogo precisa entender bem a sua definição, que pode se resumir em “ciência que estuda a significação dos objetos e dos fenômenos”. Com isso, é válido saber que uma análise semiótica é a organização dos efeitos e sentidos que produzem cada texto de forma individual, com cada tipo de público.

Sabendo disso, ainda é preciso salientar a existência da semiótica americana e da francesa. “Na primeira, são usados símbolos, ícones, para interpretar e/ou produzir sedução para a adesão de bens de consumo veiculados, de forma verbal ou não. Já na outra, são utilizadas análises de discurso construído com

A semiótica pode parecer um bicho de sete cabeças, mas, sem a menor sombra de dúvidas, ela deve ser “desvendada” e entendida por todos

os comunicólogos, para ser usada para completar e deixar a mensagem alcançar, de fato, seu público. Quem ajuda a compreender melhor é Vania

Gorgulho, pós doutora em Ciência da Comunicação e doutora em Semiótica e Linguística geral.

SemióticaPublicidade

mais do que o céu como limite

• Dominar bases epistemológicas de ‘Peirce’ e ‘Greimas’ para aplicar Semiótica como ferramenta eficaz para gerar vantagens competitivas;

• Exercitar análise do discurso para perceber a dinâmica das intersubjetividades nas relações;

• Dominar Mix de Marketing; dominar plano de Comunicação de Marketing (aí dentro está a Publicidade);

• Compreender a relação Marketing e Publicidade e Propaganda;

• Perceber as várias nuances da Publicidade e da Propaganda e as tendências na utilização desses termos na contemporaneidade;

• Compreender as complexidades de um Plano de Negócios e suas relações com Publicidade e Propaganda;

• Dominar tecnologias e concepção de diferencial de bens de consumo (produtos/serviços) sob a sua responsabilidade profissional;

• Estudar incansavelmente as tecnologias para enxergar seu mercado-alvo em todas as suas complexidades e as técnicas de um super briefing – uma vez que aí se encontra o segredo do sucesso da veiculação publicitária;

• E, claro, saber captar recursos para as campanhas. Cuide de suas ‘Contas’ com inteligência competitiva, com sensibilidade que enxerga poros de parede, com discurso persuasivo e Comunicação dirigida.

a estratégia do ‘apelo cirúrgico’, voltado para o público-alvo, de forma bem específica, para prospectar e/ou fidelizar clientes por manipulação, sedução, doutrinação e garantir vendas e cuidar do pós-vendas”, detalha a profissional.

Por mais que seu entendimento possa ser um tanto complicado, o uso da semiótica em peças de comunicação não pode ter limites para classes sociais e nível de conhecimento. Toda pessoa, de forma consciente ou não, trabalha na mente com significados e signos, independente do quanto de cultura possui. “Não existe relação de causa e consequência nessa proposta. A semiótica é ferramenta de identificação e/ou produção de manipulação, não importam as características do sujeito em cena”, justifica Dra. Vania, que acredita na semiótica como uma arma poderosíssima unida à propaganda: “Ela é uma forte ferramenta para analisar, interpretar e produzir sistemas ideológicos e visões de mundo nas organizações sociais”, diz.

O uso da semiótica precisa passar

por uma análise fina, incluindo seu formato digital ou analógico, no que se refere a sua linguagem, de fácil entendimento ou não por seu público, principalmente no atual mercado, que se esperam por resultados imediatos. Para isso, a doutora explica que, como os signos digitais são descontínuos e arbitrários, permitem tão somente escolhas e opções. “Não envolvem decisões profundas, existenciais, posicionamentos, mas respostas rápidas, impulsivas, para o consumo”, explica. “Já com a produção de peças publicitárias e o incremento personalizado para as campanhas, podem ser adequados de acordo com o espírito que se quer impingir às mensagens, em cada caso, de produto ou serviço, e de perfil de ‘conta’. Assim, investimentos estratégicos, tanto com mensagens analógicas quanto digitais, podem ser empregados”, conclui.

Agora, cabe ao comunicador usar a semiótica da melhor forma, imaginando seu público, que irá interpretar cada mensagem, em experiências únicas, de acordo com sua cartela de signos e significados.

Dra. Vânia Gorgulho: dicas de semióticaÉ preciso

pensar em semiótica

na hora da captação, seleção

e circulação da informação que se quer passar,

levando em conta os diversos

ambientes e linguagensDra. Vania Gorgulho

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A maioria das áreas da cultura mencionadas ao lado tem como inspiração a Arte na hora de representar coisas e ideias através apenas de signos. É possível ver nos quadros ao longo de toda a História da Arte vários objetos, que nos remetem a interpretações totalmente diferentes de seus sentidos apenas “denotativos”. Nessa matéria, analisaremos duas obras que ilustram bem isso.

“Holbein destacou-se nos retratos, uma especialidade que podia trazer a um artista riqueza, fama e status social. Os melhores retratos tinham uma mistura sutil de realismo e idealismo; juntamente com as indicações fornecidas pelos objetos e pelos gestos davam uma boa noção da personalidade e status da pessoa representada.” (Cumming, Robert; 2000)

Os dois homens retratados nessa obra são nobres da corte francesa, embaixadores do rei Franciso I na corte do rei Henrique VIII da Inglaterra. Na época em que esse quadro foi pintado a Europa sofria crises, tanto políticas quanto intelectuais. A autoridade da Igreja Católica estava sendo contestada pelos protestantes, ao mesmo tempo em que eram feitas novas descobertas científicas. Holbein refere-se a ambas, e coloca os embaixadores como

pensadores principais nessas duas crises. A semana da Páscoa de 1533 foi o momento em que a Inglaterra de fato separou-se da Igreja católica e estabeleceu a Igreja anglicana, tendo como chefe o seu monarca, e não o papa. A causa imediata foi a relutância do papa em conceder a Henrique VIII o divórcio de sua primeira esposa, Catarina de Aragão, para poder casar-se com Ana Bolena; o rei esperava que ela estivesse grávida e pudesse dar-lhe um herdeiro. Essa missão dos embaixadores falhou, e a cisão da que ocorreu na Igreja resultou em uma Europa fragmentada e em anos de conflito, cujas consequências persistem ainda hoje. (Cumming, Robert; 2000).

Agora que sabemos o contexto histórico da

obra, vamos conhecer os embaixadores:

Jean de Dinteville é o embaixador que está à esquerda. Ele foi o responsável pela encomenda desse quadro, que o retrata ao lado de seu amigo, Georges de Selve, que visitou a Inglaterra em 1533. Dinteville usa um medalhão da

Durante toda a revista, enfatizamos símbolos, signos que estão presentes nas mais variadas áreas da cultura geral. Capas de CDs,

logomarcas de empresas, peças publicitárias, filmes e livros possuem elementos semióticos, que precisam de uma análise mais profunda para

descobrir o que aquilo representa no todo, o que ele simboliza. São, muitas vezes, signos analógicos que pegam apenas uma característica de um objeto, para que você, através da analogia interprete a informação

de acordo com seu repertório e suas vivências.

por Caroline Boaventura, Ian Perlungieri, Fernando Matijewitsch, Mateus Amaral, Henrique Alvarenga.

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Ordem de São Miguel, uma das mais ambicionadas ordens da cavalaria. Ele repousa sua mão em uma adaga com a inscrição latina: “aet. svae 29”, indicando que ele tinha 29 anos de idade.

Georges de Selve → visitou Londres em abril de 1533. Foi eleito bispo de Lavau, na França. Seu braço direito está em cima de um livro em cuja margem está escrito: “aetatis svae 25” (“sua idade é 25”).

O retrato desses dois embaixadores possui muitos signos espalhados pela cena que reforçam o contexto histórico e a vida dos personagens.

Começando pela parte de cima da obra, vemos um globo celeste, que faz referência à obra de Copérnico, onde ele constatou que o Sol era o centro do Sistema Solar, e não a Terra, como se acreditava. As consequências intelectuais e eclesiásticas desta afirmação foram muito grandes.

À direita do globo, um relógio de sol, que está junto ao braço direito de Selve, marca o dia 11 de Abril de 1533, ponto crucial na vida dos embaixadores. (Sexta-Feira Santa de 1533; foi o dia em que Henrique VIII informou para o seu Conselho que Ana Bolena era sua esposa legítima e Rainha).

Dinteville viveu no início da Era das Descobertas. O aperfeiçoamento de instrumentos científicos, como o que está sobre a mesa, abaixo do relógio, possibilitou o surgimento das Grandes Navegações e a descoberta de novos continentes.

Passando para a mesa debaixo, também vemos vários elementos.

O mais à esquerda seria um globo terrestre, que foi posicionado de forma a mostrar os países que eram importantes para Dinteville, como França e Inglaterra.

Na frente do globo terrestre, há um livro de aritmética aberto por um eaquadro (na época, esse livro era uma nova publicação), que simboliza que os embaixadores tinham uma educação ampla e um intelecto moderno.

Há também na mesa inferior, um alaúde com uma corda quebrada. O alaúde é um símbolo tradicional da harmonia, porém, está com uma corda partida, sugerindo a discórdia crescente entre católicos e protestantes. E, junto ao alaúde, está presente um livro de hinos latinos, traduzidos para o alemão por Martinho Lutero. Ele está aberto em uma página com Os Dez Mandamentos e Venha, Espírito Santo. Ao escolher esse dois hinos, que expressam doutrinas aceitáveis para todos os cristãos, Holbein fez um pedido para que a Igreja se reformasse, tal como queriam os protestantes, mas sem dividir-se da Igreja de Roma.

A estranha forma ao pé da mesa não tem muito sentido, porém se analisarmos de maneira melhor, podemos perceber que se trata de um crânio distorcido, que projeta uma sombra, a “sombra da morte”, signo da saúde extremamente frágil de Dindeville.

Por fim, no canto esquerdo superior, há um crucifixo oculto, atrás da cortina verde. Ele indica a presença de Cristo, que preside o destino dos embaixadores, seus esforços intelectuais e seus interesses nacionais. Está ali também como um lembrete do inescapável pecado e da mortalidade

dos homens. Outra interpretação seria a de que o crucifixo estaria presente ali para nos remeter ao poder quase divino da monarquia nessa época, onde o Rei era o poder de Deus na Terra.

Já o quadro da página ao lado, é composto inteiramente por signos. Cada objeto significa algo sobre o tema da vaidade, que aqui não significa convencimento, e sim “vaidade” no sentido de algo vão, sem valor. A vida humana é passageira, cheia de naturezas-mortas. A sociedade holandesa temia a Deus e era fascinada pelo Velho Testamento, em especial ao livro do Eclesiastes, que enfatiza o vazio das possessões humanas, pois previa-se que a Holanda chegaria ao fim pelo materialismo exacerbado.

Um raio de luz

O raio de luz que ilumina a obra está em cima do objeto principal da obra, o crânio humano, que lembra nossa condição de mortais, nos diz que a morte é inevitável. Já a luz é um símbolo cristão do eterno e do divino.

Concha vazia

A concha é um símbolo de riqueza mundana e o fato de ela estar vazia, é um tipo de um lembrete da mortalidade humana. A forma de vida mais elementar que antes a habitava também morreu. “Pois o que sucede aos filhos dos homens, o mesmo também se sucede às bestas ... Como morre um, assim morre o outro”. (Ecl. 3:19)

Cronômetro

Um cronômetro como esse era uma posse valiosa na época. Mas, também lembra que nosso tempo na Terra é

limitado.

Espada japonesa

A espada é um símbolo do poder, mas indica que mesmo a força das armas não pode derrotar a morte.

Os instrumentos musicais

Há dois na obra, a flauta e a charamela. Eles indicam como é vão buscar o conhecimento dessa arte. Porém, são também símbolos do amor; a música foi sempre parte integrante nas relações amorosas do ser humano. E, tradicionalmente a charamela e outros tipos de flauta representam a forma masculina, enquanto que a forma arredondada do alaúde e de outros instrumentos de corda representa a forma deminina. Portanto, a charamela e a flauta são símbolos fálicos, r e p r e s e n t a n d o todos os prazeres sensuais e eróticos da vida que a morte leva embora.

Livros

R e p r e s e n t a m a vaidade do conhecimento. Significam a aquisição de conhecimento e erudição, uma das características que distinguem o ser humano de outros animais. Mas, mesmo aqui, é representado o perigo da vaidade: “pois em muito saber

há muito sofrer; e o que aumenta o conhecimento, aumenta sua dor.” (Ecl. 1:18).

Jarro

Foi pintado sobre a imagem do busto de um imperador romano. O que faz referência aos poderes e glórias terrenas que a morte leva embora. É interessante observar que Steenwyck não pinta o rosto desse imperador, pois o crânio presente na obra é o símbolo

de “todo homem”.

Lâmpada

A lâmpada acabou de se apagar, conseguimos ver um finíssimo fio de fumaça saindo dela. Tal como o cronômetro, é um símbolo da passagem do tempo e da fragilidade da existência humana.

FONTE: Cumming, Robert; Para entender a arte; São Paulo; Ática; 2000.

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sicologia das Cores

COMPROVE VOCÊ MESMO ! Segue abaixo significados psicológicos que os cientistas atribuíram as cores. É diferente do seu ?

e sua função na comunicação

A

Provavelmente você já ouviu comentários que o tradicionalíssimo amarelo e vermelho do logotipo dos restaurantes McDonnalds te remetem a fome ou o porque das dcores de um anúncio publicitário da sua marca favorita. Tais questionamentos despertam a curiosidade do público quanto a sua veracidade e o livro ‘’A Psicodinâmica d a s Cores em

comunicação‘’ de Modesto Farina procura esclarecer essas relações entre as cores.

O livro mostra que , de fato existem cores que estimulam diferentes regiões do nosso cérebro devido a intensidade com que reflete a luz e ao comprimento de onda correspondente. O fato do branco ser a cor mais refletora dos raios faz com que se evite pintar tetos de doentes dessa maneira , para evitar possíveis tonturas e dores de cabeça. Outras experiências mostraram que cores com comprimento de cores mais curtos ( verde e azul ) tendem a passar a ideia de tranquilidade. Portanto, nossas reações

corporais e psicológicas as cores podem ter uma razão

fisiológica.

Para compreender o sentido psicológico e que atribuímos

as cores inconscientemente, é fundamental compreender que elas envolvem um grau elevado de subjetividade. Muitas preferências sobre as cores estão diretamente relacionadas a experiências passadas agradáveis ou desagradáveis que tivemos em nosso passado, fazendo com que essas relações dificilmente mude. Além disso , a reação do nosso corpo as tonalidades também variam, já que possuímos estruturas visuais distintas.

Por outro lado, estudos e pesquisas realizados por psicólogos e especialistas em cores mostram que o homem tem dado alguns significados as cores desde a antiguidade que não houve grande mudanças interpretativas , gerando um senso comum. Para exemplificar essa ideia, é possível analisar que desde sempre o ser humano teve contato com o verde das árvores, fazendo-o

associar essa cor à ideia de natureza.

Dessa forma, na comunicação , os profissionais dessa área utilizam como base essa pesquisa para desenvolver seus anúncios, embalagens e logo (exemplo mcdonallds no começo da matéria). Além disso , a expressividade da cor precisa estar engajada com a mensagem a ser passada pelo produto. O logo da Louis Vitton, marca de bolsas luxo , é amarelo pelo fato dessa tonalidade passar a ideia de glamour. Portanto, as cores não são escolhidas

Branca

Preto

Cinza

Vermelho

COR Relação Material Relação Afetiva

Verde

Azul

Batismo, Casamento,

comunhão, nuvem

Sujeira, Noite, Escuridão,

Enterro

Chuva, Neblina,

Ratos

Sangue, Sol, Fogo, Perigo

Natureza, Bosque,

Folhagem

Mar, Céu, Água

Limpeza, simplicidade, pureza, paz

Mal, Miséria, Pessimismo,

Tristeza

Tédio, Tristeza, Velhice, Passado

Paixão, Energia, Alerta

Natureza, Esperança,

Tranquilidade

Espaço, Viagem, Afeto

aleatoriamente pelos profissionais de marketing e publicitários. São signos que também tem como objetivo passar uma imagem ao seu consumidor.

Assim sendo, é fundamental compreender que as cores utilizadas em peças de campanhas publicitárias também são engrenagens fundamentais dentro do anúncio, já que também agregam valor a ser percebido pelo cliente, na medida que são representações de uma mensagem a ser percebida pelo consumidor.

Baseado nas pesquisas de : Klein , Déribéré e Saburo Ohba

“Heavy Rain” é um jogo desenvolvido pela empresa Quantic Dream.

Apesar do objetivo dos jogos serem o de entretenimento do jogador, “Heavy Rain” atinge este objetivo com um grande diferencial. Sua jogabilidade, diferente de outros jogos, é o maior envolvimento com o jogador, ou seja, enquanto outros jogos possuem uma narrativa “fechada”, em “Heavy Rain” há maior liberdade.

Exemplificando, durante o jogo, o jogador fará escolhas que influenciam na conclusão. Portanto, poderá ser jogado várias vezes tendo diferentes conclusões.

Este game, exclusivo para os consoles de Playstation 3, é para ser jogado várias vezes e surpreender-se com as diferentes conclusões devido apenas à mudança de um pequeno detalhe.

Games em destaque por: Ian Perlungieri

Games em destaque

Por Mateus Amaral

Fotos: Divulgação / Montagem

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Page 14: Revista Entrelinhas

TOSCANI

Comunicando um Mundo Real

Criativo, revolucionário e, acima de tudo, polêmico. A reunião dessas três características resultam no italiano Oliviero toscani, diretor de arte da marca Benetton e autor do livro ‘‘A Publicidade é um cadáver que nos sorri’’, pelo qual faz duras críticas à comunicação atual. Suas peças possuem alguma temática social mundial e o logo da marca, sem nem aparecer o produto. É fundamental compreender que o choque causado pelo seu modo de publicidade no público se deve ao fato de introduzir ao consumidor problemas do mundo capitalista

A comunicação contemporânea estimulam o consumismo do sistema, na medida que prometem, a partir da

compra de um produto dos mais fúteis e banais a carros e alto envolvimento, um estereótipo de felicidade. Porém, Toscani alega que essa felicidade é falsa (ou falsas belezas), já que o ser humano não deve se tornar mais feliz a partir do que consome, pois não está alheio a situação do mundo. Para ele, a função da publicidade é estar entrelaçada com a realidade mundial, posicionando a marca em relação a ela. É necessário persuadir o consumidor pelo comportamento da organização

referente a problemas sociais como a fome, miséria e pobreza. O mundo não é cor-de-rosa e o público deve estar atento isso.

Além disso, a maneira com que Toscani se comunica enfatizando a consciência civil possui alto nível de entropia, exigindo alto repertório, já que seus signos são analógicos e não geram entendimento instantâneo. Dessa forma, proporciona ao público uma maior aprendizagem e geração de reflexão interna dos problemas sociais do que a mera e simples apresentação do produto digitalmente que enfatizam

como você pode ficar mais feliz se comer a margarina daquela marca no seu café da manhã todos os dias.

Os publicitários alegam que é inviável realizar uma peça desse estilo pelo fato de exigir alto grau repertorial e, com isso, atingir apenas as classes A e B. Porém, para Toscani a criatividade e a comunicação dos valores morais deve estar muito acima do interesse econômico já que é uma forma de alterar o modo como as pessoas enxergam o universo a sua volta. Além

disso, uma peça publicitária inteligente remete a um produto inteligente.

Portanto, é fundamental entender que a comunicação toscaniana não faz referência ao nosso cotidiano de se vestir, alimentar ou trabalhar. Nos proporciona e se preocupa com o ensinamento e reflexão sobre como o mundo se organiza além da nossa rotina. Mostra a publicidade como um objetivo cultural, no contrafluxo de publicitários tradicionais e pragmáticos que criam e vendem a falsa ideia de uma vida perfeita e, dessa forma, estimulam a diferença entre ricos e pobres.

Por Mateus Amaral

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Traduzindo, literalmente, Fotografia de Rua é um estilo de fotografia no qual registram-se cenas do dia a dia em espaços públicos, de um modo espontâneo e discreto, não alterando o momento para a foto.

A Street Photography, praticada até hoje por milhares de profisisonais, não é nova, existe desde que começou a fotografia e, sendo assim, pode narrar a história de uma cidade, de uma pessoa e de um determinado

momento histórico, tendo muito em comum com o fotojornalismo.Mas, já que retratam cenas comuns do cotidiano, por que são tão apreciadas? Porque ver e olhar são diferentes. Muitos olham. Na verdade, todos olham, mas poucos veem. A beleza dessas fotos está na espontaneidade, no retrato de pessoas agindo naturalmente. Também

As lentes nas ruas

Sabe aquelas fotos espontâneas, nas ruas, geralmente em preto e branco, de pessoas andando, comendo, conversando ou fazendo qualquer outra coisa comum, porém, despreparadas para o clique? Então, essas fotos têm nome! São classificadas como Street Photography.

Por Caroline Boaventura

Dicas para fazer Fotografia de Rua:

1- Seja discreto Não chame atenção, afinal, você não quer pessoas posando ou fugindo das suas fotos. Passe despercebido, não faça barulho.

2- Fique atento Repare na cena, pense e calcule o momento certo de tirar a câmera do bolso e fotografar. Não tire muitas fotos da mesma cena, ainda mais se estiver usando câmera analógica.

3- Chegue mais perto Não tenha medo, use lentes abertas, aproxime-se. Nada de ficar longe da cena usando lentes com zooms enormes Se estiver inseguro, também pode usar a técnica “Shoot from the hip” (dispare do quadril), em que a foto é disparada, literalmente, da altura do quadril.

Nessa caixa, haviam fotos de Vivian Maier, até então desconhecida. Surpreendeu-se com as fotos e comprou o resto delas, atingindo cerca de 100 mil fotografias dos anos 60/70. Ao achar o nome de Vivian escrito atrás de uma das fotos, resolveu procurá-la e descobriu que havia falecido no dia anterior. Passou a publicar suas fotos na internet, fazendo um enorme sucesso no mundo todo, mas Vivian faleceu sem saber que ficou conhecida por suas fotografias. Hoje, Vivian é considerada por especialistas no assunto como uma das maiores fotógrafas de rua.

Suas fotos possuem enquadramentos e focos incríveis, utilizando uma Rolleiflex. Ela aparece em algumas, assim como a família para qual costumava trabalhar.

Henri Cartier-Bresson (1908-2004) foi um fotógrafo francês, considerado o pai do fotojornalismo. Ajudou a desenvolver a Street Photography e, até hoje, é influenciador do ramo. Fotografava apenas com uma Leica 35mm e uma lente 50mm. Curiosamente, preferia desenhar e pintar a fotografar.

Por que preto e branco?

A maioria das Fotografias de Rua são em preto e branco porque, assim, o destaque fica por conta das luzes e sombras, além do foco, é claro. Em fotos coloridas, as cores das lojas podem tirar a atenção da pessoa que era pra ser a principal, por exemplo, e, ao ser em preto e branco, essa atenção depende de onde está o destaque da foto, é possível realçar o personagem e eliminar o que não interessa com as luzes.

é um ótimo meio para conhecer uma determinada cultura em alguma época, como as pessoas se vestem, como agem, como são quando são pegas desprevinidas.

Outro ícone desse ramo foi Vivian Maier (1926-2009), uma babá que morava em Chicago. Foi descoberta por um jovem de 26 anos enquanto produzia um livro sobre a história de Chicago e procurava por fotos antigas da cidade, assim, comprou uma caixa com 30 mil negativos em um leilão público de móveis e antiguidades.

Apesar de suas fotos serem muito famosas, o seu rosto não foi muito conhecido, o que o ajudou, pois, assim, poderia passar despercebido pelas ruas e fotografar sem que o notassem, característica fundamental do estilo fotográfico. Além disso, não

usava flash, por considerar

4- Use uma câmera simples Isso serve para não perder o momento perfeito, afinal, se você precisar de tempo ajustando a câmera, o momento passa. Use uma câmera que é só “apontar e clicar” ou que você tenha afinidade e saiba configurar sem nem precisar olhá-la.

5- Fotografe primeiro na sua mente Ao observar a cena, imagine a fotografia, enquadre a foto na sua mente, depois é só pegar a câmera e clicar.

6- Pratique! Não adianta, é o mesmo cliché de sempre: quanto mais praticar, melhor ficará. Com a prática, você fica cada vez mais rápido para fotografar e o seu olhar, mais exercitado.

um desrespeito.

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O que os olhos veemEnsaio visual

por Caroline Boaventura, Ian Perlungieri, Fernando Matijewitsch, Mateus Amaral, Henrique Alvarenga.

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A população assistia.

O idoso de 112 anos duelava com o relógio.

Apesar da idade, o idoso era o gatilho mais rápido do mundo. Ninguém o desafiava.

Porém ele o desafiou! O relógio!

Ambos iriam sacas suas armas. Um irá morrer, o outro, sobreviver.

A população torcia pelo idoso. Momento de tensão.

Apesar da esperança e da torcida, foi o corpo do idoso que caiu no chão devido aos dois

tiros dados pelo relógio.

O idoso não esperava. A população não esperava. Ninguém esperava.

O relógio era bem mais rápido do que eles pensavam.

bang-bang

“A pele que habito” é o filme da semana! Este filme, dirigido por Pedro Almodóvar, foi baseado no livro Metamorfose, de Thierry Jonquet.

Para aqueles que já gostavam do trabalho do diretor, esta obra também apresenta traição, solidão, identidade sexual e morte, porém, misturado com os elementos típicos de seu cinema, neste filme o cineasta acrescenta um misto de ficção científica com horror.

Caracterizado como um terror sem gritos ou sustos, o filme aposta na violência presente na própria natureza do objeto, seja uma lâmina, sejam falos de diferentes tamanhos.

Um filme para ver, refletir, rever, refletir, discutir e refletir.

Antonio Banderas, Elena Anaya e Marisa Paredes são alguns dos atores que fazem parte do elenco.

Filme da semana por: Ian Perlungieri

por Ian Perlungieri

conto

Filme dasemana

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