revista econordeste - edição 05

52
BIOINVASÃO Água de lastro, um perigo quase invisível RENATO ARAGÃO Um ambientalista na indústria Revista EcoNordeste – Publicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável — www.revistaeconordeste.com.br Edição Nº 5 - Ano I - Janeiro/2012 SUA COMIDA PODE ESTAR CONTAMINADA AGROTÓXICOS R$ 12,50 05

Upload: editora-assare

Post on 07-Mar-2016

252 views

Category:

Documents


17 download

DESCRIPTION

Publicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável — www.revistaeconordeste.com.br

TRANSCRIPT

Page 1: Revista EcoNordeste - Edição 05

bioinvasão

Água de lastro, um perigo quase invisível

Renato aRagão

Um ambientalista na indústria

Revista EcoNordeste – Publicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável — www.revistaeconordeste.com.br Edição Nº 5 - Ano I - Janeiro/2012

sua comida pode estar contaminadaagrotóxicos

R$ 12,50

05

Page 2: Revista EcoNordeste - Edição 05

Auditório Celso Furtado do Banco do Nordeste, Centro Administrativo Getúlio Vargas, Passaré - Fortaleza/Ceará

Maiores informações: 85 3223.6652 / 85 3223.5653

CAAtiNGA20Rio

i Conferência Regional de Desenvolvimento Sustentável do

Bioma Caatinga – A Caatinga na Rio+20

ou pelo site: www.caatinganariomais20.org.br

14, 15 e 16 de março de 2012

Fortaleza ‑ Ceará ‑ 85 3223.5653 ‑ www.nordestexxi.org.br

Page 3: Revista EcoNordeste - Edição 05

Auditório Celso Furtado do Banco do Nordeste, Centro Administrativo Getúlio Vargas, Passaré - Fortaleza/Ceará

i Conferência Regional de Desenvolvimento Sustentável do

Bioma Caatinga – A Caatinga na Rio+2014, 15 e 16 de março de 2012

EcofocoCardeal do Nordeste (Paroaria dominicana)

Também conhecido como galo-de campina, cabeça-de-fita e cabeça-vermelha ou simplesmente cardeal, é considerado um dos “passarinhos” mais típicos do interior do Nordeste do Brasil. Vive em bando, e gosta de reunir-se a beira de cacimbas ou poços naturais na Caatinga para beber

água e tomar banho. Vítima do comércio ilegal de aves silvestres, a espécie está na lista dos animais mais contrabandeados, o que justifica, em parte, a

sua introdução no Sudeste do País.

Page 4: Revista EcoNordeste - Edição 05

Índice

12

28

EntrevistaAntônio Renato

Aragão, Fiec

Matéria de capaAgrotóxicos, sua salada pode estar contaminada

CaatingueiroCarlos Romero de Carvalho

Turismo nos Lençóis Cearenses

Editora Assaré Ltda MERua Waldery Uchôa, 567 A n BenficaFortaleza, Ceará n CEP: 60020‑110e‑mail: [email protected] Assaré (fone/fax): (85) 3254.4469

Revista EcoNordeste: (85) 3223.6652www.revistaeconordeste.com.br

Diretor‑PresiDente Francisco Bezerra [email protected]

Diretor ADministrAtivo FinAnceiro Orlando Júnior [email protected]

Diretor De Arte Claudemir Luis Gazzoni [email protected]

Diretor De mArketing e negócios Rodrigo Nunes [email protected]

eDitorA‑cheFe Tarcília Rego [email protected]

eDitor De Arte Vladimir Pezzole [email protected]

JornAlistAs Camila Gadelha e Antonio Cardoso [email protected]

rePórter FotográFico Paulo Rocha

revisorA Francisco Pelúcio gerente De AtenDimento Bárbara Freitas [email protected]

Assessor De imPrensA Antonio Cardoso [email protected]

colABorADores Barros Alves, Benedito Vasconcelos Mendes, Milton Sousa e Associação Caatinga

imPressão Pouchain Ramos tirAgem 5.000 exemplares

A econordeste é comprometida com o

manejo ecologicamente correto das florestas brasileiras conforme

critérios do Fsc.

14

8

Page 5: Revista EcoNordeste - Edição 05

42

32

Àgua de lastro um perigo quase invisível

Caatinga Todos pelo Bioma

Resíduos Sólidos Plano Estadual

A Caatinga na Rio+20

Carta ao Leitor

Chegamos à quinta edição, a primeira do ano de 2012, o ano do Dragão, conforme a mitologia chinesa. O ano será regido pelo número 5 que representa o ser mitológico e a restauração. Significa dizer que temos muito a restaurar em 2012, principalmente quando o assunto é meio ambiente. Por exemplo, o Brasil é o campeão mundial no uso de agro-tóxicos. A questão já não é uma novidade, as-susta a população e, de longa data, preocupa a Anvisa que busca uma solução.

Mais uma vez a agencia de vigilância sa-nitária publica o relatório do Para (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos) e mostra quanto pode ser perigo-so degustar as frutas e os legumes que che-gam à nossa mesa. A situação é preocupante. Revela o uso intensivo e às vezes ilegal dos agrotóxicos, bem como a incapacidade do go-verno de garantir a segurança alimentar.

A boa notícia você vai ler na matéria so-bre avanços da Política Nacional de Resídu-os Sólidos nos estados e municípios, princi-palmente no Ceará, que se movimenta para adequar-se às novas exigências, e elabora um Plano Estadual.

O entrevistado desta edição é Renato Aragão, um pioneiro do ambientalismo cea-rense. Quando ainda não existia o Ministé-rio do Meio Ambiente, na década de 70, foi nomeado representante da Secretaria Espe-cial de Meio Ambiente do Governo Federal no Ceará. Ele também é caatingueiro, mas o nosso caatingueiro do mês vem da Bahia. Carlos Romero de Carvalho, desde menino, “mal tinha desmamado, já perambulava Caa-tinga adentro”.

Boa leitura!

38

45

Page 6: Revista EcoNordeste - Edição 05

 ibama desprestigiadoSob o governo Dilma Roussef ocorrerá a Con-ferência das Nações Unidas sobre Desen-volvimento Sustentável, mais conhecida como Rio+20, cujo nome remete à confe-rência similar realizada no governo Collor de Melo em 1992, a primeira. Analogias à parte, o governo Dilma, nesta área, teve atuação apagada. Em muitos aspectos, comportou-se bem pior do que o governo presidido pelo atu-al senador alagoano. O atual governo até o momento não criou nenhuma reserva ambiental (Collor criou 15 no primeiro ano de governo) e, recentemente, quedou ge-nuflexo diante da Lei Complementar 140, aprovada pelo Congresso Nacional, a qual retira poderes essenciais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na-turais Renováveis- IBAMA.

Retrocesso legalA Lei Complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011 altera dispositivos contidos na Lei nº. 6938, de 31 de agos-to de 1981, no que pertine as ações administrativas de-correntes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. A Lei no 6.938, que institui a Política Nacional de Meio Ambiente, foi editada sob o governo do General João Batista de Figueiredo e constitui um saudável avan-ço jurídico-legal para coibir ações de combate a agres-sões ao meio ambiente. A Lei Complementar 140, ao reti-rar poderes do IBAMA, configura condenável retrocesso.

estratégia para o PaCAs ações antiambientais do governo Dilma constituem cla-ro indicativo da estratégia governamental para evitar cons-trangimentos legais no processo de implantação das obras do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC. Um dos atos administrativos claros a este propósito é a ressurreição da polêmica obra da Hidrelétrica de Cararaô, engavetada pelo governo Collor e rebatizada por Dilma com o nome de Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Sob o bene-plácito da presidente foram concedidas todas as licenças ambientais aos construtores da megaobra, sem que ao Ibama fosse dada a atenção que lhe é devida legalmente.

ouvidos de mercadorO governo da presidente Dilma também vem fazendo

ouvidos de mercador para decisões toma-das pelo Ibama, no respeitante  às unida-

des de conservação de terras indígenas, cuja riqueza ambiental e econômica está a merecer a tutela do Estado para evitar abusos e ações presididas por interesses mesquinhos de grupos pri-

vados. O Ministério das Minas e Energia, por exemplo, boicota a criação de uma

área de proteção ambiental no Médio Tocan-tins, porque ali deseja construir a hidrelétrica de

Ipueiras, um projeto que o Ibama já considerou ambien-talmente inviável. O governo não se faz de rogado nesse tipo de boicote.  O Instituto Chico Mendes, órgão gestor de unidades de conservação na Região Amazônica, viu seu orçamento de 2012 diminuído em 30%.

Mau climaO clima não está bom para Rio+20, quanto às ações ins-titucionais. O governo Dilma fez muito pouco para im-plementar, em 2011, a meta brasileira de cortar até 39% das emissões de gás carbônico até 2020, relativamente à tendência de crescimento atual dos gases. Segundo o Greenpeace, ONG internacional que atua na defesa da natureza, o governo Dilma em nada avançou em relação ao governo Lula na questão climática e, em outras ques-tões ambientais, piorou. E, com efeito, um dos maiores retrocessos está posto com a Lei Complementar 140, que reduz o poder de fiscalização do Ibama. 

Compromisso não honradoConforme a Lei Complementar 140, a competência de multar crimes ambientais passa a ser do ente federativo (União, Estado ou Município) que licencia. Na legislação anterior cabia ao Ibama a fiscalização e autuação. Como desmatamentos são sempre licenciados pelos Estados, autuações feitas pelo Ibama poderão ser anuladas pelas secretarias de Meio Ambiente estaduais. Lula, havia se comprometido a vetar este tipo de iniciativa legislativa. Dilma, comprometera-se honrar a promessa do anteces-sor. Não manteve o compromisso. 

Pensando direitoA natureza revidaCom amor seus agressores,E lhes dá por despedidaO caixão, a cova e as flores.(Autor desconhecido)

À sombra da lei Direito & Meio Ambiente

Por Barros Alves - [email protected]

Janeiro/20126

Page 7: Revista EcoNordeste - Edição 05

m 2011, a reno-mada consultoria internacional de alta gestão McKin-sey & Company re-

alizou uma rodada de sua pesquisa global sobre susten-tabilidade empresarial. Neste ano, 3.203 executivos de grandes empresas de todo o mundo, e de variados setores da economia, responderam a pes-quisa. Aumento considerável em relação ao ano de 2010, quando 1.946 executivos foram respondentes.

Uma primeira conclusão pode ser tira-da desses números: o tema sustentabilida-de chama atenção e, cada vez mais, des-perta o interesse do ambiente empresarial, haja vista o aumento significativo do nú-mero de executivos respondentes.

A pesquisa explorou as razões pelas quais as empresas estão adotando ações de sustentabilidade e quais serão seus efeitos no desempenho financeiro das companhias nos próximos 05 (cinco) anos, na visão dos executivos que responderam a pesquisa.

Ao analisar as razões, ou seja, o “por que” tais empresas adotaram práticas de sustentabilidade, encontrou-se o seguinte: melhoria da eficiência e redução de cus-tos (33%), melhoria de reputação (32%), e oportunidades de crescimento para a em-presa (27%), como principais respostas.

Voltando à pergunta do título (Investir

em sustentabilidade dá retor-no?) e à resposta do parágrafo inicial (Depende!), pode-se ar-gumentar o seguinte:

– Depende, de “como” a empresa vai implementar as

ações de sustentabilidade para reduzir custos e melhorar a eficiên-

cia, pois não será uma ação qualquer de sustentabilidade que resultará em tal obje-tivo; ou

– Depende, ainda, de “como” a empresa vai gerenciar as ações de sustentabilidade no intuito de melhorar sua reputação, pois o que mais temos visto no mundo corpo-rativo são empresas que investem em ini-ciativas sociais e/ou ambientais buscando “limpar” sua imagem, já que prestam um serviço ruim, exploram seus funcionários, ou algo do tipo.

Então, tão importante quanto saber o “por que” as empresas adotam ações de sustentabilidade, é saber “como”, como in-vestir, como gerenciar, como mensurar as iniciativas sustentáveis, etc. Assim, ao in-vés da pergunta do título poderíamos fazer a seguinte: Como investir em sustentabili-dade para obter retorno?

Já podemos responder tal pergunta? Sim, exemplos não faltam. Aguarde a pró-xima edição!

Vale a pena investir em sustentabilidade?

E

*Por Milton [email protected]

EcoVisão

Esta é uma das perguntas que martelam a cabeça de gestores, empresários e acadêmicos no Brasil e no mundo. E a resposta, combinando com a complexidade dos dias atuais, é: depende!

*Milton Sousa é Diretor-Presidente da ISEN Business School em Fortaleza/CE, Doutorando em Administração de Empre-sas pela FGV-SP. No twitter siga @miltonsousa10.

Janeiro/2012 7

Page 8: Revista EcoNordeste - Edição 05

EntrevistaFo

tos:

J. So

brinh

o

Janeiro/20128

Page 9: Revista EcoNordeste - Edição 05

Um ambientalista na indústria

Antônio Renato Lima Aragãoem entrevista à econordeste

ioneiro do movimento ambientalista cearense, Renato Aragão, ainda ativo na causa, mostra-se otimista em relação à trajetória que temos seguido rumo a um mundo mais sustentável. Quando

ainda não existia o Ministério do Meio Ambiente, na década de 70, ele foi nomeado representante da Sema, a então Secretaria Especial de Meio Ambiente do Governo Federal, aqui no Ceará. Também foi o idealizador da Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará) e do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema). Pioneiro na preservação da Caatinga, implantou também na década de 70, a Estação Ecológica de Aiuaba. Atualmente é destaque no setor privado, como coordenador da área de meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e do Prêmio Fiec por

Desempenho Ambiental, do qual é o idealizador.

P

ECONORDESTE Consultando seu currículo, dá pra notar que sua trajetória na defesa do Meio Ambiente teve início há um certo tempo. Como começou o interesse por essa questão?RENATO ARAGÃO Na década de 70, o governo federal não tinha Ministério do Meio Ambiente e criou a Secretaria Especial do Meio Ambien-te, a SEMA. O Paulo Nogueira Neto, que era o secretário especial do Meio Ambiente, pro-curou aqui no Ceará alguém que pudesse se interessar por participar e fui nomeado repre-sentante aqui no Estado. Como eu era dire-tor do Departamento de Recursos Naturais

da SUDEC, fiquei responsável por isso. Então, fui pioneiro. O Paulo Nogueira Neto era uma pessoa muito interessada e aqui nós criamos a Estação Ecológica de Aiuaba. Descobrimos, também, Jericoacoara e criamos a Área de Pro-teção Ambiental (APA) de lá. Realmente foram trabalhos pioneiros. No governo do Tasso Jereis-sati, fui convidado para fazer parte do Plano de Governo. Eu já havia feito propostas para outros governos e nunca tinha ido para frente. Então participando do Plano do governo do Tasso, eu propus a criação da SEMACE e do Conselho Estadual de Meio Ambiente, o que ocorreu.

Janeiro/2012 9

Page 10: Revista EcoNordeste - Edição 05

Entrevista

EN Como aliar o desenvolvimento industrial e eco-nômico com o respeito e a preservação do meio ambiente?RA Atualmente, não se admite desenvolvimento industrial e econômico, sem o que hoje se denomi-na de “economia verde”, que nada mais é que o de-senvolvimento sustentável, aquele que se preocupa com a disponibilidade dos recursos naturais e com o aspecto social da comunidade. É impossível pen-sar, atualmente, em desenvolvimento sem mitigar os impactos resultantes dos processos produtivos sobre a natureza. Ao homem, cabe preservar aquilo que pode garantir a sua sustentabilidade.

EN Como o senhor avalia as empresas cearenses quanto à responsabilidade ambiental?RA Quando falamos em sustentabilidade não po-demos pensar nas indústrias cearenses isoladamen-te, embora, temos que reconhecer que as questões ambientais, já estão bastante arraigadas na cons-ciência de todos os cearenses, onde incluímos, é claro, os industriais. Quando o assunto é susten-tabilidade, algumas indústrias cearenses têm se destacado nacionalmente, como ocorre em vários casos de reuso de água.

EN Qual sua avaliação sobre o projeto que está sendo aprovado, para o Novo Código Florestal Brasileiro?RA A minha avaliação pessoal é totalmente con-tra as mudanças que estão sendo propostas para o Código Florestal Brasileiro, principalmente aquelas que modificam as áreas de Reserva Legal e as de Áreas de Preservação Permanente (APP), pois estas propostas visam atender interesses específicos, de usuários da floresta ou do solo, sem nenhuma pre-

Atualmente, não se admite desenvolvimento industrial

e econômico, sem o que hoje se denomina de “economia verde”, que nada mais é que o desenvolvimento sustentável, aquele que se preocupa com a disponibilidade dos recursos naturais e com o aspecto social da comunidade

ocupação com os problemas, que posteriormente há de virem com estas alterações. No meu entendi-mento, o Código de 1965 não deveria ser alterado, e se fosse, era para ser mais rigoroso. Nos últimos anos, temos visto, com frequência, os desastres am-bientais que o Brasil tem sofrido em decorrência da falta de respeito com o que até então está proposto em lei e não é cumprido. Tragédias como as que ocorrem todo verão nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, dentre outros, mostram claramente o que acontece, quando não são obser-vados os limites para encostas, margens de rios, etc.

EN Quais as expectativas para a realização e resul-tados que podem trazer a Rio + 20?RA Penso que a Rio + 20 vai colocar como exi-gência para os governos ações que freiem todo tipo de depredação que o meio ambiente vem sofren-do, e que tem resultado nas mudanças climáticas, no aumento da emissão do gás carbônico, enfim, em todos esses grandes problemas que o aumen-to assustador da população mundial vem causando ao Planeta Terra, além de mostrar ao mundo, mais uma vez, como será (ou se haverá) nosso futuro, se isso não se modificar.

EN Como o senhor avalia a proteção à Caatinga hoje, no Brasil, quando pensamos o que é feito em outros biomas, como a Mata Atlântica e o Cerrado?RA Em termos de Brasil, não é fácil comparar o tratamento dado ao Bioma Caatinga, com o de ou-tros biomas, como é o caso da Mata Atlântica e do Cerrado, visto que a Caatinga é específica da Re-gião Nordeste. No entanto, hoje, em nosso estado, já temos bons exemplos de preservação. O Ceará foi

Janeiro/201210

Page 11: Revista EcoNordeste - Edição 05

pioneiro na preservação da Caatinga, quando im-plantou a Estação Ecológica de Aiuaba, na década de 1970. Temos ainda uma série de Reservas Particu-lares de Patrimônio Natural (RPPN) que protegem a Caatinga, inclusive um bom exemplo é o que executa a Associação Caatinga. Temos também participado de vários grupos aqui no estado, como Comitê Esta-dual da Reserva da Biosfera da Caatinga, o Projeto Mata Branca, dentre outros, que estão interessados em incluir na pauta da Rio + 20 a proteção desse im-portante e único bioma, totalmente brasileiro. Não temos que nos preocupar em dar mais destaque para um ou outro bioma, uma vez que Mata Atlântica e Cerrado são dois biomas também bastante degra-dados, principalmente pela implantação de projetos agrícolas e de bovinocultura, e os problemas ali cau-sados não se restringem àquelas regiões.

EN Quais desafios as indústrias cearenses terão de enfrentar para cumprir as exigências da Política Na-cional dos Resíduos Sólidos?RA O maior desafio da Política Nacional de Re-síduos Sólidos (PNRS) deverá ser, não das indús-trias, mas dos municípios. A lei é clara quando obriga os municípios a cuidarem dos seus resídu-os, realizando a coleta seletiva, construindo aterros sanitários, incentivando a organização de associa-ções de catadores, etc. No nosso entendimento, o grande problema a ser enfrentado pelas indústrias, de um modo geral, é o da Logística Reversa, visto que, para que ela se concretize será necessário um grande incentivo por parte do governo, bem como da educação ambiental dos consumidores, de forma a acondicionarem e destinarem corretamente os re-síduos por eles produzidos, assim como prevê a tão esperada PNRS. A Federação das Indústrias do Es-tado do Ceará – FIEC, há bastante tempo, criou a Bolsa de Resíduos, que é exatamente uma manei-ra de se fazer o reaproveitamento e a reciclagem de determinados resíduos, que poderão ser reutilizados no processo industrial, na verdade, fazendo parte do que chamamos de P+L (Produção Mais Limpa).

EN Quanto ao financiamento de projetos ambientais e também quanto aos impostos, como o senhor avalia o suporte governamental às empresas, atualmente?RA Nós achamos que os industriais locais também deveriam receber incentivos do Governo do Estado como acontece com os empreendedores que vêm de longe. Muitas vezes eles recebem terrenos – do-ação – e dispensados de um percentual de impos-tos. Inclusive, nós da FIEC ficamos muito felizes, eu, particularmente, fiquei muito feliz, porque o secretário da Fazenda do Ceará [Mauro Filho], há uma semana, durante a entrega de um prêmio a indústrias que mais pagaram o ICMS, levantou o problema do Meio Ambiente. Eu tenho a inten-ção de buscar uma reunião com ele para discutir a possibilidade das empresas que foram premiadas com o Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental serem incluídas em incentivos governamentais. Essa é uma maneira de multiplicar o interesse das indústrias por melhorar a qualidade dos serviços e também o comportamento ambiental.

EN Pensar, repensar e criar uma cultura de con-sumo sustentável está entre uma das diretrizes da PRSS. Como o senhor avalia essa questão, do ponto de vista do setor produtivo?RA Isso pode ser evidenciado na Produção Mais Limpa (P+L), que é a utilização do mínimo de recursos para produzir um produto e reaproveitar aqueles recursos. É trabalhar com a perspectiva de resíduos “zero”. É gastar menos energia, me-nos matéria prima, tudo que pode diminuir de uso dos recursos naturais. É fazer através de tecnolo-gias menor impacto ao meio ambiente natural e social, consequentemente. Atualmente, já existe uma grande conscientização por parte da socie-dade. As pessoas até verificam no supermercado, no rótulo do produto, como ele foi produzido, se há alguma recomendação. Elas estão preocupa-das se aquela empresa está comprometida com a sustentabilidade, se ela tem Responsabilidade Socioambiental.

A lei é clara quando obriga os municípios a cuidarem dos seus resíduos, realizando a coleta seletiva, construindo aterros

sanitários, incentivando a organização de associações de catadores

Janeiro/2012 11

Page 12: Revista EcoNordeste - Edição 05

ascido em Abril de 1959 na Fa-zenda São Geraldo, distrito do Argoim no município de Rafael Jambeiro, Bahia, na região de Caatinga do médio Paraguaçu,

Carlos Romero de Carvalho, filho mais ve-lho do pequeno pecuarista e ambientalis-ta, Romero Freitas de Carvalho, idealista que fazia do socialismo a esperança para o povo que ali vivia, teve no pai o seu grande mestre. Com ele foi adquirindo conheci-mentos sobre o bioma nordestino. “Ainda menino, mal tinha desmamado já andava pela Caatinga como gente grande, o tem-po passava e com a mudança dos dentes de leite este menino já tinha domínio nas profundezas da árida região. Com a capan-ga equipada de rapadura, licuri e farinha, tinha energia para passar o dia perambu-lando mata adentro, e ao retornar à sede da fazenda antes de dormir balançava-se na rede armada na varanda e adormecia olhando a beleza da lua no sertão baiano”, discorre Romero.

Aos 13 anos de idade a parceria com

N

Carlos Romero de Carvalho

Caatingueiros

Naturalmente CaatingueiroCom garra e determinação, Carlos

Romero de Carvalho fiscaliza, denuncia e defende a preservação da Caatinga. “Não se pode perder

tempo, temos de agir rapidamente para que este bioma possa ser

conhecido pelas futuras gerações”

Janeiro/2012Janeiro/20121212

Page 13: Revista EcoNordeste - Edição 05

a Caatinga foi interrompida e traumatizada por um bom tempo. O pai provi-denciou sua transferência para Feira de Santana (Bahia), um grande centro, aonde deu continuidade aos estudos. Na cidade, a falta de contato com o bioma, trouxe-lhe rebeldia e inquietude. Encontrou no colégio de padres onde estudava, frei Félix de Pacatuba, que contornou toda esta situação, convencendo-o a estudar com afinco para que um dia pudesse voltar e fazer algo de importante para preservar suas raízes.

Logo cedo começou a trabalhar no comércio da cidade baiana, mas nas suas folgas e férias tinha endereço certo, a Caatinga. Em 1978, ainda cursando o segundo grau ingressou na vida bancária em uma agência de Feira. No ano seguinte passou a compor o exército brasileiro, época em que pode novamente ter contato com a Caatinga. Já cursando administra-ção, em 1981, volta a vida bancária onde ficou por 5 anos. Terminando o curso superior, vai para Recife trabalhar numa grande empresa do seg-mento de calçados, onde por 12 anos teve a oportunidade de percorrer todo o nordeste brasileiro.

Retornando à Bahia no inicio da década de 90, o agora sociólogo caa-tingueiro milita de vez na causa sócioambiental. Junto com as comunidades baianas cria várias associações de moradores rurais. Em seguida aprofunda--se ao conhecimento do Rio Paraguaçu e cria a associação em defesa do rio, em seguida torna-se uma ONG, na defesa do rio e do bioma na região do médio Paraguaçu. Enfrenta dificuldades, faz das barreiras suas fortes armas para agir. “Além das fiscalizações a educação ambiental é a marca mais forte nesta luta acompanhada no apadrinhamento de árvores, o que faz deste guerreiro da Caatinga uma marca de 94 municípios que têm uma árvore plantada por ele e o registro de 1784 árvores produzidas por sua mão, a maioria nativa da Caatinga”, conta.

Carlos Romero participou também da criação dos Guardiões do Meio Ambiente, um programa junto a Secretaria do Meio Ambiente de Feira de Santana, o qual lhe concedeu o troféu de Guardião do Meio Ambiente. Faz parte do Conselho do Meio Ambiente em Feira de Santana (Conde-ma). Atualmente preside a ONG SOS Rio Paraguaçu, preside o conselho fiscal da Associação Centro de Educação Tecnológica do Estado da Bahia (CETEB), é diretor de comunicação e articulação do Fórum Ecológico de Feira de Santana, membro titular do Comitê Estadual da Biosfera da Ca-atinga, coletor do banco de sementes da Caatinga, pesquisador na fauna e flora do bioma. Em 2011 recebeu a medalha de honra ao mérito pela cidade de Feira de Santana.

Janeiro/2012Janeiro/2012 1313

Page 14: Revista EcoNordeste - Edição 05

em mosca na sua salada? Não, pior, pode ter substâncias químicas alta-mente prejudiciais à saúde. Alimentos facilmente encontrados no prato do brasileiro, muitas vezes consumidos

com o objetivo de ficar mais saudável apresentam resíduos de agrotóxicos em níveis inaceitáveis, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária (Anvisa).

Orientado por pesquisa feita durante 2010, o relatório do Para - Programa de Análise de Resí-duos de Agrotóxicos em Alimentos, da Anvisa, ba-seou-se em amostras de 18 gêneros alimentícios, escolhidos de acordo com a importância para a cesta básica, no perfil do agrotóxico usado e na distribuição da lavoura pelo território nacional.

T

Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulga relatório sobre a presença de agrotóxicos nos alimentos, baseado numa pesquisa conduzida em 2010. A conclusão: 28% dos alimentos contêm agrotóxicos em níveis insatisfatórios

Agrotóxicos

Alerta: Sua salada pode estar contaminada

Os agrotóxicos “são ingredientes ativos com

elevado grau de toxicidade aguda, comprovada. Causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até de câncer

De um total de 2.488 amostras coletadas, em to-dos os Estados brasileiros e Distrito Federal – São Paulo não quis participar da avaliação – 28% fo-ram consideradas insatisfatórias.

O Para foi iniciado em 2001 pela com o ob-

Janeiro/201214

Page 15: Revista EcoNordeste - Edição 05

jetivo de avaliar continuamente os níveis de resí-duos de agrotóxicos nos alimentos in natura que chegam à mesa do consumidor, fortalecendo a capacidade do Governo em atender a segurança alimentar, evitando assim, possíveis agravos à saú-de da população.

Resultados preocupantesSegundo o estudo publicado dia 5 de dezembro, quase um terço dos vegetais mais consumidos no País está contaminado devido o uso intensi-vo de agrotóxicos na produção agrícola. Motivo de preocupação no âmbito da saúde pública, os fitossanitários “são ingredientes ativos com eleva-do grau de toxicidade aguda comprovada e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer”, segundo a própria vigilância sanitária.

Dentre as amostras analisadas e considera-das insatisfatórias, destaca-se o pimentão. O le-gume lidera a lista, e que apresenta o maior per-centual de amostras contaminadas (92%). Há dois anos, esse índice era de 65%. A seguir aparece o morango e o pepino. Alface e cenoura também ti-veram mais de 50% das amostras rejeitadas. Em 42 amostras (1,7%), o nível de agrotóxico estava acima do permitido. Em 37% dos lotes avaliados não foram detectados resíduos de agrotóxicos, é o caso da batata que teve 100% de aprovação.

Segundo José Agenor Álvares da Silva, dire-tor da Anvisa, o problema de resíduos químicos em alimentos pode estar relacionado ao custo dos agrotóxicos. Os pequenos produtores, diz ele, aca-bam comprando produtos baratos, mas inadequa-dos para um determinado cultivo. Pontuou ainda a falta de orientação de agrônomos sobre os pro-dutos. Para muitos, aumentam a produtividade e a qualidade da lavoura. O estudo aponta que do total de amostras analisado, 605 (24,3%) estavam contaminadas com agrotóxicos não autorizados.

“Os resultados insatisfatórios devido à uti-lização de agrotóxicos não autorizados resultam de dois tipos de irregularidades, seja porque foi aplicado um agrotóxico não autorizado para aque-la cultura, mas cujo produto está registrado no Brasil e com uso permitido para outras culturas, ou seja, porque foi aplicado um agrotóxico banido do Brasil ou que nunca teve registro no País, logo, sem uso permitido em nenhuma cultura”, conclui o relatório do Programa.

O problema de resíduos químicos em alimentos

pode estar relacionado ao custo dos agrotóxicos. Os pequenos produtores acabam comprando produtos baratos, mas inadequados para um determinado cultivo

A presença de química não permitida ocorre em 85% das amostras de pimentão. Para o geren-te Andef, associação que congrega as empresas fabricantes de agrotóxicos, Luiz Carlos Ribeiro, isso se deve ao fato de os produtores de tomate, que normalmente também cultivam o pimentão, usarem o mesmo agrotóxico para as duas cultu-ras. Ribeiro afirma em matéria publicada na Fo-lha de São Paulo dia 6/12, o problema poderia ser amenizado se a Anvisa aprovasse mais rapida-mente os novos agrotóxicos lançados no merca-do. Hoje, segundo o executivo, esse processo leva cerca de três anos.

No Brasil, o registro de agrotóxicos é realiza-do pelo Ministério da Agricultura, órgão que ana-lisa a eficácia agronômica desses produtos. Po-rém, a anuência da Anvisa e do Ibama é requisito obrigatório para que o agrotóxico seja registrado. A Vigilância Sanitária realiza avaliação toxicológi-ca dos produtos quanto ao impacto na saúde da população. Já o Ibama observa os riscos que essas substâncias oferecem ao meio ambiente.

Na consulta pública 53/2011, publicada no Diário Oficial da União em 21 de outubro de 2011 a Anvisa propõe que os estudos sobre resí-duos de agrotóxicos em alimentos, utilizados pe-las empresas para registrar esse tipo de produto no Brasil, só serão aceitos pela vigilância sanitária se forem feitos de acordo com Boas Práticas de Laboratório – um conjunto de medidas relativas à organização e às condições sob as quais estudos em laboratórios e em campo são realizados.

alimentos orgânicos e naturaisEm 2010, a Academia Americana de Pediatria fez

José Agenor álvAres DA silvA, diretor da Anvisa

Janeiro/2012 15

Page 16: Revista EcoNordeste - Edição 05

Agrotóxicos

uma pesquisa com 1.100 crianças e constatou que as 119 que apresentaram transtorno de dé-ficit de atenção tinham resíduo de organofosfo-rado (molécula usada em agrotóxicos) na urina acima da média de outras crianças. Para evitar--se a contaminação por agrotóxicos, o ideal é consumir produtos orgânicos. Mas nem sempre é possível, pois tais alimentos são caros e dificil-mente encontrados.

“Aos poucos, estamos sendo envenenados por agrotóxicos”, como disse a professora Maria das Dores Gonçalves. “O problema é o preço, os produtos orgânicos ainda são bem mais caros, e nem sempre posso comprar.” A consumidora fez referência aos produtos sem agrotóxicos quando perguntamos se ela tinha alguma preocupação com a origem dos legumes, e sabia dos impactos resultantes da ingestão de frutas, verduras e legu-mes contaminados por substâncias químicas.

Os alimentos orgânicos são aqueles pro-duzidos livres de agrotóxicos, hormônios ou qualquer outra substância nociva à saúde. No entanto, ainda são poucos os que podem des-frutar dos benefícios desses produtos. A pro-fessora Maria das Dores disse que ao comprar

Aos poucos, estamos sendo envenenados por

agrotóxicos. O problema é o preço, os produtos orgânicos ainda são bem mais caros, e nem sempre posso comprarmAriA DAs Dores gonçAlves, professora

legumes e frutas que não estão livres dos agro-tóxicos, “antes de ingerir os mesmos, trata de lavar tudo, com mais cuidado”.

Muitas pessoas pensam que produto orgâni-co e o mesmo que produto natural. Ledo engano. A diferença entre os dois está na certificação. É ela quem dar ao consumidor a garantia de que produtos rotulados como “orgânicos” tenham, de fato, sido produzidos dentro dos padrões da agri-cultura sem uso de agrotóxicos. “A certificação apresenta-se em forma de selo afixado ou impres-so no rótulo ou na embalagem do produto”, como informa a SNA - Sociedade Nacional de Agricul-tura (http://www.organicsnet.com.br).

A organização é a mais antiga do setor agrí-cola do País, e tem como objetivo “melhorar a cadeia de produção orgânica brasileira, agregar valor, aumentar a penetração no mercado dos pe-quenos e médios produtores”. E tem a aprovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Fundo Multilateral de Investimentos (MIF/FOMIN) e do IDCR - International Deve-lopment Research Center.

O desenvolvimento do mercado de produtos orgânicos depende fundamentalmente da confian-ça dos consumidores na sua autenticidade, que, por sua vez, só pode ser assegurada pela legislação e/ou programas de certificação eficientes. As certi-ficadoras autorizadas são credenciadas através de um órgão internacional, a IFOAM - International Federation of Organic Agriculture, uma federação internacional que congrega os diversos movimen-tos relacionados à agricultura orgânica.

Um exemplo localQualificada como Organização Social, o Instituto Agropolos do Ceará é uma sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 2002 que promove ações de apoio ao desenvolvimento rural sustentável e atua em quatro áreas produtivas de significati-va importância econômica e social: Agricultura--fruticultura, floricultura, hortaliças e orgânicos; Pecuária - bovinocultura, caprinocultura e apicul-tura; piscicultura- carcinicultura e aquicultura, e biocombustível-oleaginosas.

Segundo informou o coordenador do pro-grama de acesso ao mercado do Agropolos, José Airton Lacerda da Cruz, o Governo do Estado do Ceará em parceria com a sua organização e ou-tros parceiros entregou no dia 6 de dezembro, o

Janeiro/201216

Page 17: Revista EcoNordeste - Edição 05

Selo da Agricultura 100% Familiar a 30 empreen-dimentos da Agricultura Familiar.

“É importante ressaltar que a iniciativa é do Governo do Estado.” Mais do que uma garan-tia de qualidade é uma identificação de produ-tos provenientes da agricultura familiar. “Com o selo, os agricultores podem ser também mais fa-cilmente identificados pelas escolas, pelo Gover-no do Estado para a compra da merenda escolar”, explica Airton Cruz.

O trabalho pretende refletir sobre o cresci-mento da demanda de produtos provenientes da agricultura familiar. “Antes de tudo, é importante ver a importância dessa certificação para valori-zar a economia local, para estimular o consumo baseado no desenvolvimento dessas pessoas do campo, para que se estabeleçam no campo.”, fi-naliza o coordenador.

selo agricultura 100% familiarA agricultura familiar fornece 70% dos alimen-tos que consumimos no dia-a-dia, mas boa parte da população não se dá conta de seu alcance e importância. O selo Agricultura 100% Familiar ajuda o consumidor a identificar os produtos que vêm de uma unidade de base familiar, onde as re-lações de trabalho envolvem o núcleo familiar e geram renda para as comunidades locais.

Além de facilitar a identificação do produto pelo consumidor, o selo traz a origem do produto e agrega valor a ele. É um elemento a mais no esforço dos agricultores familiares pela qualifica-ção de seus produtos que, a cada dia, competem com mais eficiência com os industrializados. O objetivo é agregar valor à produção da agricultu-ra familiar e incentivar a população a consumi-la

cada vez mais, apostando no consumo responsá-vel e sustentável.

O selo é uma ação do Instituto Agropolos em parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Agrário, da Federação dos Trabalhadores e Tra-balhadoras do Ceará (Fetraece), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), da Agência de Defesa Agropecuária (Adagri) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Para ter permissão de uso do selo, o agricultor deve:

>> É preciso ter a Declaração de Aptidão ao Pro-naf (DAP Física ou Jurídica), que comprova que a unidade de produção é familiar.

>> Os produtos devem atender às exigências de qualidade do mercado, sendo processados e be-neficiados segundo normas e orientações que ga-rantam a higiene e a padronização dos produtos.

>> A embalagem também deve ser padronizada e ter um rótulo com informações básicas: identifi-cação do produto, composição, peso líquido, va-lidade, presença ou não de glúten, fabricante ou responsável técnico, endereço do local da produ-ção e contato.

>> Terão prioridade os agricultores familiares que têm acompanhamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) ou de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES) com regularidade; os que estão ligados a uma organização social (coo-perativa ou associação); e os que adotam técnicas que ajudam a preservar o meio ambiente.

>> Opte sempre por produtos com origem identificada. Essa identificação aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com adoção de boas práticas agrícolas.>> Escolha alimentos da época ou produzidos por métodos de produção integrada (que a princípio recebem carga menor de agrotóxicos). Alimento orgânico também é uma boa opção, pois não utilizam produtos químicos para serem produzidos.>> Lavar e retirar as cascas e folhas externas de verduras ajuda a reduzir os resíduos de agrotóxicos presentes apenas nas superfícies dos alimentos. Publicado em dezembro, 2011.

Dicas da anvisa para fugir dos agrotóxicos

Janeiro/2012 17

Page 18: Revista EcoNordeste - Edição 05

Fonte: Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para)

Tem agrotóxico na mesaRanking de alimentos conforme a quantidade de resíduos químicos encontrados, segundo a Anvisa. Percentual de amostras com problemas

Agrotóxicos

1º Pimentão 4º Alface

7º Beterraba 10º Tomate

13º Arroz 16º Manga

8º Couve 11º Laranja

14º Feijão 17º Cebola

9º Mamão 12º Maça

15º Repolho 18º Batata

5º Cenoura 6º Abacaxi2º Morango 3º Pepino

91,8% 63,4% 57,4% 54,2% 49,6% 32,8%

32,6% 31,9% 30,4% 16,3% 12,2% 8,9%

7,4% 4%6,5% 3,1%6,3% 0%

Saiba mais:>> Desde a criação do PARA em 2001, a Anvisa publicou um relatório com dados consolidados de 2001 a 2007 e, desde 2008, publica os relatórios anualmente. Os relatórios de 2009 e 2010 foram feitos no mesmo padrão, o que nos permite analisar seus resultados em conjunto.>> Quando o uso de um agrotóxico é autorizado no País, os órgãos responsáveis por essa liberação indi-cam para qual tipo de plantação ele é adequado, e em que quantidade pode ser aplicado.>> Em 2010, foi usado 1 milhão de toneladas de agrotóxicos em lavouras do país. Ou seja, 5 kg por brasi-leiro. O Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do planeta.>> O endossulfan e o metamidófos foram reavaliados pela Anvisa em 2010 e serão banidos do Brasil até 2013. O primeiro já não é usado nos Estados Unidos e China.>> A agência reguladora constatou também que, das 684 amostras consideradas insatisfatórias, 208 (30%) tinham resíduos de produtos que estão sendo revistos pela Vigilância Sanitária ou serão banidos do País, como é o caso do endossulfan e do metamidófos. >> Segundo a Anvisa, dos cinquenta princípios ativos mais usados em agrotóxicos no Brasil, 20 já foram banidos na União Europeia.>> Em 37% dos lotes avaliados, não foram detectados resíduos de agrotóxicos, segundo a Anvisa.>> O nosso calendário civil dedica o dia 11 de janeiro ao Controle da Poluição por Agrotóxicos.

Janeiro/201218

Page 19: Revista EcoNordeste - Edição 05

É Curioso!

Água e AgrotóxicoNossos lençóis freáticos estão contaminados?

Acontaminação dos alimentos por agrotó‑xicos acontece na produção e afeta tanto o trabalhador rural quanto o cidadão da metrópole por inúmeros meios. Um deles

é a própria água que tomamos. Estudo publicado pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afu‑bra) mostrou que a poluição por agrotóxicos está entre as que mais assolam cursos de água. O uso de agrotóxicos e fertilizantes já é a segunda causa de contaminação da água no País.

As chuvas levam os resíduos de agrotóxicos para os cursos (como rios e córregos). As altas concentrações de produtos químicos nessas águas matam animais e vegetais e apodrecem a água. Poluentes químicos depositados no solo produzem gases tóxicos, provocam sérias alterações ambien‑tais, como a chuva ácida, e infiltram a terra até alcançarem os lençóis freáticos.

Acontece que boa parte da água engarrafada distribuída em Fortaleza vem de fontes do maciço de Baturité. De acordo com o biólogo Rodrigo Cas‑tro, da Associação Caatinga, tais fontes estão sendo contaminadas por agrotóxicos pulverizados nas plantações que, devido à degradação da biodiversi‑dade nativa, contaminam os lençóis. Daí para o seu copo é questão de tempo.

Janeiro/2012Janeiro/2012 1919

Page 20: Revista EcoNordeste - Edição 05

É Curioso!

Guerra e agrotóxicos:

tualmente os agrotóxicos ou substâncias químicas – herbicidas, pesticidas, hormô‑nios e adubos químicos – são utilizadas em produtos agrícolas e pastagens, com a

finalidade de alterar suas composições.A utilização dos mesmos teve início na déca‑

da de 20. Já em 1922 é iniciada em escala indus‑trial, a produção dos PCBs (bifenila policloradas), e após a I Guerra Mundial, o mundo começa a assistir a revolução química. Em 1948 o descobridor do DDT, elogiado como o pesticida milagroso, Paul Müller recebeu o prêmio Nobel. Quem, no Brasil, durante a década 1979 não conheceu o pozinho branco que também, matava piolho?

Após a 2ª Guerra Mundial, os países vencedo‑res buscavam alternativas para a manutenção dos lucros obtidos no conflito. A indústria química en‑controu na agricultura uma maneira de empregar a tecnologia desenvolvida na guerra para manter a atuação no mercado.

As empresas do ramo de alimentação ini‑ciaram um plano para atender aos interesses dos grupos capitalistas, com a produção voltada para o mercado externo e com o uso intensivo de insu‑mos industriais. Materiais de explosivos transfor‑maram‑se em adubos sintéticos e nitrogenados. Agora, os gases mortais são os agrotóxicos e os tanques de guerra os tratores.

O uso dos agrotóxicos foi tão intenso nos EUA durante a primeira metade do Século 20 que já em 1947 foi observado o declínio das águias na Costa Leste do Canadá e EUA. Os ninhos foram aban‑donados contendo cascas quebradas.

Poucas pessoas sabem que os venenos utilizados na agricultura, hoje denominados agrotóxicos e, no passado, defensivos agrícolas, não foram criados para a agricultura ou para o agricultor, mas sim como poderosas armas químicas de uso bélico, destinados à arte da guerra.

A

Quem não conhece o DDT na década de 1970 ?

Os casais de águias tornaram‑se indiferentes ao ritual de acasalamento. 80% das águias americanas estavam estéreis.

Na década 1960 a mistura de dois herbicidas representa o principal componente do “agente laran‑ja”, utilizado como desfolhante na Guerra do Vietnã e responsável pelo aparecimento de cânceres nos veteranos de guerra e de má formação congênita em seus filhos. O nome comercial da mistura é Tordon.

Os efeitos do herbicida no organismo humano são lentos, silenciosos e, às vezes, letais. Problemas neu‑rológicos, respiratórios, dermatológicos e de fertilidade são apenas algumas das lesões sofridas por milhares de pessoas contaminadas. O produto é amplamente utilizado na agricultura do País, principalmente em

pastagens e plantações de cana‑de‑açúcar.Fontes: Uma incompleta e envenenada

História, artigo de Gustavo Duch Guillot e Gali‑cia Hoxe e O Futuro Roubado (livro).

Janeiro/201220

Page 21: Revista EcoNordeste - Edição 05

Educação ambiental com arte

Arte & Meio Ambiente

P olitereftalato de etileno, ou PET, é um po-límero com propriedade termoplástica, for-mado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol, e usado principalmente

na forma de fibras para embalagens de bebidas e tecelagem na maioria. Pode ser reprocessado di-versas vezes pelo mesmo, ou por outro processo de transformação. Quando aquecido a temperaturas adequadas, o plástico amolece, funde e pode ser novamente moldado.

As primeiras garrafas produzidas com o novo material só começaram a ser fabricadas na déca-da1970. Em termos econômicos deu certo, mas mesmo sob cuidadosa revisão dos aspectos de se-gurança e meio ambiente, quando do período do seu desenvolvimento, as hoje, conhecidas embala-gens PET recebem a pecha de poluidoras. Quando descartadas indevidamente tornam-se um grande problema para o meio ambiente. Quando descar-tadas devidamente, também. É o caso dos aterros. Por ser volumosa ocupa muito espaço e diminui a vida útil dos mesmos.

Buscar alternativas para a reutilização das embalagens PET tem sido um esforço da socie-dade em diversas localidades do Brasil e do mun-do. O conhecido arquiteto Marcelo Rosenbaum (aquele do programa Caldeirão do Huck) pensou

MATERIALGarrafa PET de 2 litros vazia e limpa, Tesoura, Corda de varal, cordoalha, barbante ou arame.Para os que optarem por cordoalhas ou arames, serão necessárias duas arruelas por garrafa PET, Terra e Muda de planta

MODO DE FAZERSegundo um E.mail que circula na internet, o arquiteto Rosenbaum explica como fazer o criativo jardim. “Inicialmente corte a garrafa PET, como na foto abaixo.”

“Para fixar as garrafas, devemos fazer dois furos no fundo das mesmas e dois na parte superior. Dá pra entender observando a foto acima. Além dos furinhos para passar a corda, é neces-sário um pequeno furo no fundo da garrafa. A água usada para regar a muda precisa escoar. Depois disso, passe a corda por um furo e puxe pelo outro. Muitas pessoas nos perguntaram como fazer para as garrafas não ‘escorregarem’ pela corda (ou barbante, ou cordoalha).”Fonte: www.rosenbaum.com.br

e concretizou criativa forma de colocar em prá-tica um dos erres, o reutilizar. A ideia é aprovei-tar pequenos espaços, materiais de baixo custo, e aquelas PETs que normalmente iriam para o aterro, e montar hortas em paredes de casas, apartamentos ou mesmo no local de trabalho. É simples, siga os passos.

Janeiro/2012 21

Page 22: Revista EcoNordeste - Edição 05

Alunos do Sertão confeccionam mantas para isolamento térmicoEstudantes de Quixeramobim reduzem a temperatura de residências no Sertão Central do Ceará a partir do reúso de embalagens longa vida

Educação & Meio Ambiente

Janeiro/201222

Page 23: Revista EcoNordeste - Edição 05

E studantes do curso de Edificações da Es-cola Estadual de Educação Profissional Dr. José Alvez de Silveira, em Quixeramo-bim, cidade do sertão central do Ceará, no

Nordeste do Brasil, estão aproveitando embala-gens cartonadas longa vida, as conhecidas “Tetra Pak”, para a construção de mantas de isolamento térmico, com o objetivo de reduzir a temperatura dentro de casas do município. A temperatura mé-dia anual de Quixeramobim é de 26,7ºC.

A iniciativa consiste em colocar as mantas abaixo das telhas e entre os caibros e as ripas. Cada metro quadrado de manta é formado, em média, por 20 caixas de leite longa vida. A pro-fessora orientadora da atividade destaca que os alunos escolheram o tema Meio Ambiente e Sus-tentabilidade entre vários apresentados para que fosse desenvolvido pela turma.

Os estudantes tiveram aulas de química e fí-

TetrapakUma embalagem cartonada é feita de três materiais básicos que juntos resultam em uma embalagem muito eficiente, segura e leve, e com maiores níveis de segurança, higiene e retenção de nutrientes.

Cada material tem uma função específica: 1. Papel: garante estrutura à embalagem;2. Polietileno: protege contra umidade externa, oferece aderência entre as camadas e impede o contato do alimento com o alumínio;3. Alumínio: evita a entrada de ar e luz, perda de aroma e contaminações.

1 Polietilenoproteção contra a umidade exterior

2 Papelestabilidade e resistência

3 Polietilenocamada de aderência

4 Folha de alumíniobarreira contra oxigênio, aroma e luz

5 Polietilenocamada de aderência

5 Polietilenoproteção para o produto

sica em laboratório, mas também foram a campo falar com os moradores de comunidades carentes da cidade e se mobilizaram para arrecadar embala-gens. A colocação das mantas começou pelo bairro Maravilha, comunidade de baixa renda do municí-pio, com poucas condições de possuir ventilador ou ar condicionado e que sofrem com as altas tem-peraturas da cidade.

A partir de termômetros instalados, os es-tudantes observaram que após a instalação das mantas, a temperatura, em algumas casas, di-minuiu até nove graus. A intenção da turma é continuar com o projeto e expandir para outras localidades da região. Os estudantes já pensam em capacitar moradores da cidade para a cons-trução das mantas.

Mais informações sobre o projeto dos estu-dantes de Quixeramobim, em http://projetotetra-pak.blogspot.com.

Fonte: http://www.tetrapak.com.br/

Janeiro/2012 23

Page 24: Revista EcoNordeste - Edição 05

coleta de madeira para fins específicos, como para construção civil, cerca, car-pintaria, marcenaria, artesanato, lenha e carvão está provocando o desapareci-mento de muitas espécies. O corte de

plantas da Caatinga para fins energéticos (lenha e carvão), tanto para o consumo familiar como industrial, continua indiscriminado no Semiári-do. É elevadíssimo o número de famílias de baixa renda, nas periferias das cidades e na zona rural, que utilizam lenha e carvão. Representam 30% do combustível usado pelos pequenos produto-res rurais da Região. Muitas são as indústrias de óleos vegetais, sabão, padarias, caieiras e de cerâmica vermelha (telhas, tijolos, lajotas, cobo-gós, etc.) que utilizam lenha como combustível. A produção de lenha e carvão é a segunda forma mais importante de exploração da vegetação nati-va na Região, depois de sua utilização como for-rageira. Com o aumento da pressão populacional, passou a ser obtida não mais por coleta seletiva, mas por corte raso de extensas áreas. O corte se-letivo, deixando as plantas com menos de 8 cm de diâmetro de caule, quase não é mais utilizado. O Estado de Pernambuco consome 11 milhões de estéreos de madeira para fins energéticos por ano, a Paraíba 8 milhões, o Rio Grande do Norte 4 milhões e o Ceará 11 milhões, com um con-sumo per capita variando de 1,6 a 2,3 estéreos de lenha por habitante/ano. Calcularam que o desmatamento com fins energéticos no Estado do Maranhão foi de 310 milhões de hectares por

Mundo da Caatinga

A

Benedito Vasconcelos [email protected]

ano, no Piauí 69 milhões ha/ano, em Alagoas 51 milhões ha/ano, em Sergipe 35 milhões ha/ano e na Bahia 823 milhões ha/ano. Considerando-se que são necessários 13 anos para a recuperação da vegetação nativa, estima-se que foram desma-tados 12% do Maranhão, 4% do Piauí, 23% de Alagoas, 21 % de Sergipe e 20% da Bahia. A pro-dutividade madeireira da caatinga é muito baixa, situando-se em torno de 14 estéreos por hectare, de modo que são necessárias grandes extensões de caatinga para o suprimento de carvão às in-dústrias de grande porte, como siderúrgicas e fábricas de cimento. Com incentivos do FINOR (Fundo de Investimento do Nordeste), a SUDE-NE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) financiou a instalação de uma side-rúrgica na cidade de Currais Novos (Siderúrgica União), em plena região do Seridó do Rio Grande do Norte, uma das áreas mais erodidas e que exi-be uma das coberturas vegetais mais raquíticas e ralas do Brasil. Em virtude das dificuldades de exploração da jazida de ferro da Serra da Formi-ga, felizmente, esta siderúrgica não está funcio-nando, o que salvou da devastação generalizada a escassa cobertura vegetal do Seridó. Com a cri-se internacional do petróleo em 1973, o Gover-no Federal permitiu e estimulou o uso de carvão vegetal pelas indústrias de cimento localizadas no Semiárido. Até o início da década de 1990, quando estas indústrias voltaram a consumir combustíveis derivados do petróleo, foi grande a devastação da caatinga ao redor dos municípios

Produção de lenha e carvão

na Caatinga

Janeiro/2012Janeiro/20122424

Page 25: Revista EcoNordeste - Edição 05

A instalação dos fogões ecoeficientes será realizada em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis (IDER), uma Organização não governa-mental fundada em Fortaleza e que há 16 anos atua no Ceará disseminando a aplicação de energias renováveis e de tecnologias ambientais e socioeducativas.

O novo ano acaba de despontar, mas a Associação Caatinga através do Projeto no Clima da Caatinga, patrocinado pelo Programa Petrobrás Ambiental, antecipa que ao longo de 2012 disseminará no entorno da Reserva Natural Serra das Almas em Crateús, CE, tecnologias de adaptação ao Semiárido. Uma dessas tecnolo-gias é o fogão ecoeficiente, uma variação do conhecido fogão à lenha. A nova versão reduz em 40% o consumo de madeira.

Outros importantes e positivos pontos do equipamento doméstico será a redução do des-mate na região, a diminuição da emissão de CO2 e, também, a redução da exposição das famílias à fumaça intradomiciliar, pois o fogão ecoeficiente canaliza toda a fumaça para fora da residência. A inalação de material proveniente da queima de madeira causa doenças respiratórias.

Também será implantado o Forno Solar, a tecnologia que utiliza o Sol como fonte de energia. O forno é uma alternativa para o cozimento de alimentos mais demorados, diminuindo os gastos familiares com gás de cozinha, cuja queima também contribui para o aque-cimento global e para as mudan-ças climáticas. O forno solar é fei-to a partir de um sistema simples que capta e reflete os raios solares criando em seu interior uma espécie de estufa, cujo calor gerado internamente é absorvido pela panela, aquecendo e cozinhando o alimento.

Em 2012 já estamos no clima da Caatinga

de Mossoró-RN, Sobral-CE, Barbalha-CE e ou-tros que sediavam fábricas de cimento na Região. Com a compra, em grande quantidade, de carvão vegetal pelas indústrias cimenteiras, a produção de carvão passou a ser a principal absorvedora de mão-de-obra rural nos anos de seca. Atualmente, responde por 14% da renda do pequeno produ-tor rural da Região. À medida que a madeira ia--se escasseando, a área devastada ia aumentando em círculo ao redor das fábricas, de modo que, no final dos anos 80, a indústria de cimento de Mossoró estava trazendo carvão de grandes dis-tâncias, inclusive de outros Estados. O aumento do preço do carvão devido ao transporte, fez com que este combustível deixasse de ser competiti-vo em relação ao petróleo, e as indústrias de ci-mento voltaram a consumir óleo combustível. Na segunda metade da década de 1970 e durante a década de 1980, foi alarmante a área desmatada no Semiárido, em consequência do elevado con-sumo de carvão por estas indústrias. Atualmente, as indústrias sertanejas mais prejudiciais à pre-servação da biodiversidade do Semiárido são as cerâmicas, caieiras, indústrias de óleos vegetais e de sabão, e as padarias. As indústrias de cerâ-mica vermelha localizam-se nos vales dos rios intermitentes, o que contribui para a eliminação da mata ciliar destes cursos de água. Por outro lado, utilizam como matéria-prima os solos alu-viais das margens dos rios, que são justamente os solos mais ricos do Nordeste.

Janeiro/2012Janeiro/2012 2525

Page 26: Revista EcoNordeste - Edição 05

Pensar verde

Chegou 2012! Um novo tempo?

O Brasil na CDB

Muito a comemorar

Por Tarcília Rego

2012 foi declarado Ano Internacional do Cooperativismo e o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Nada mais justo. Não tem como deixar de reconhecer a destacada contribuição das cooperativas para o desenvolvimento socioeconômico neste momento, em particular, o impacto que produz sobre a pobreza, a geração de emprego e a integração social.

Um bom exemplo é a Cooperativa de Catadores Autônomos de Papel, Papelão, Aparas e Materiais Reaproveitáveis (Coopamare) em São Paulo e a Associação dos Catadores do Papel Papelão e Material Reaproveitáveis (Asmare) em Belo Horizonte, ambas com foco na gestão de resíduos sólidos.

Com relação ao Ano Internacional de Energia Sustentável, “tem tudo a ver” com o Brasil. O País tem potencial para produzir cerca de 350.000 megawatts de energia eólica, e em 2011, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) comemorou a marca de 1 GW de potencia eólica instalada.

É o 12 º ano do 3º milênio e do Século 21, e o terceiro da década 2010. É um ano bissexto no calendário gregoriano. Os anos bissextos são anos com um dia a mais, tendo, portanto, 366 dias. O dia extra é introduzido como o dia 29 de Fevereiro, ocorrendo a cada quatro anos.

Circula na internet, o mundo vai acabar dia 21 de dezembro de 2012, de acordo com um dos calendários do antigo povo Maia. Não acredito! Talvez seja o começo de um novo tempo, o fim de uma nova era, e o começo de uma nova época. O começo do fim da Economia tradicional, e o começo, finalmente, da nova Economia Ecológica.

Biólogo brasileiro, Braulio Ferreira de Souza Dias, é o novo Secretário Executivo do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Foi nomeado pelo secretário geral da ONU Ban Ki-moon, dia 20 de janeiro, e vai suceder Ahmed Djoghlaf. A Convenção Sobre Diversidade Biológica (CBD) estabelece normas e princípios que devem reger o uso e a proteção da diversidade biológica em cada país signatário.

Atualmente, Braulio Dias é secretário nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Tem larga experiência na formulação de políticas e na coordenação da execução das políticas de biodiversidade, programas e projetos a nível nacional e internacional.

Ou fazemos as coisas certas

por virtude, ou por necessidade e ao que parece com relação ao meio ambiente vamos fazer por necessidade

Reflexão

Físico José Goldemberg usando a famosa frase de Maquiavel alerta para questão ambiental

Janeiro/201226

Page 27: Revista EcoNordeste - Edição 05

Tô ligada! Gentileza gera gentileza

Bolsa Verde Em Dezembro o Governo Federal

pagou a quantia de R$ 780.000,00 para cerca de 2620 beneficiários de Unidades de Conservação e Assentamentos da Reforma Agrária, que desenvolvem atividades de conservação ambiental, referente ao Programa de Apoio à Conservação Ambiental, o Bolsa Verde. O valor da bolsa é R$ 300,00, e todos os contemplados são da Região Norte (Pará e Acre). Não sei por que o Bolsa Verde ainda não contempla o Semiárido, a região será (se já não é) uma das mais afetadas com os efeitos das Mudanças Climáticas.

Confirmado! Atendendo ao pedido da ministra do meio ambiente Izabella Teixeira, o regente da Orquestra Filarmônica Bachiana de Sesi – São Paulo, maestro João Carlos Martins, confirmou participação na abertura da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, que acontece em junho.

Considero a participação do célebre músico uma grande deferência ao meio ambiente, aos participantes e ao próprio maestro, um dos maiores intérpretes de Bach ao piano. Espero que a Ária da 4ª corda, de JS Bach seja apresentada. Parabenizo a sensibilidade da ministra Teixeira. O momento será realmente especial, merece o espetáculo.

Bachiana Verde

Segundo Madre Teresa de Calcutá as “palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas os seus ecos são efetivamente infinitos.” Por isso parabenizo a campanha “Gentileza, um exercício para a cidadania” da Rádio Assembleia FM. O objetivo é enfocar a gentileza como um exercício para a cidadania.

A campanha conta com o depoimento de deputados, professores, religiosos e, especialmente, profissionais da área da Comunicação. Prevista para durar até o próximo dia 31, o diretor de programação da emissora, Ronaldo César, considera a possibilidade de deixar algumas dicas no ar por mais tempo. Sintonize a 96,7 e aí você vai entender como agir para ser uma pessoa gentil e perceber os ecos sobre os quais Madre Tereza falava.

Janeiro/2012 27

Page 28: Revista EcoNordeste - Edição 05

Ecoturismo nos lençóis cearenses

A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) prevê que o Nordeste continuará em alta em 2012 e que 42% das viagens realizadas por associados são para esse destino. Nesse cenário de expectativa desponta cada vez mais o Ecoturismo e o Turismo de Aventura. O Ceará, região privilegiada pela natureza, e reduto dos adeptos dessas modalidades turísticas, oferece opções de sobra para esse público.

Ecoturismo

Janeiro/2012Janeiro/20122828

Page 29: Revista EcoNordeste - Edição 05

air da rotina, praticar turismo em sintonia com a natureza parece ser o desejo de dez em cada dez brasileiros. A 91 quilômetros de Fortaleza, no litoral Oeste cearense está

situado o município de Paracuru, também conhe-cida como cidade da alegria e por realizar, durante o ano eventos de grande porte, o município vem apostando na atividade turística com base na sus-tentabilidade ambiental. Lá a preocupação está em desenvolver o turismo e ao mesmo tempo pre-servar os recursos naturais.

Sem concorrer com o estado maranhense, em Paracuru encontra-se também o belo e intrigante fenômeno da natureza batizado como “lençóis ce-arenses”. São 10 quilômetros de área totalmente preservada onde a grande vastidão de dunas, lago-as e flora possibilitam ao visitante contemplar ce-nário único e fascinante. Nas dunas, a uma altura média de 50 metros do nível do mar o turista se depara com lagoas perenes, vegetações tais como muricizais, cajueiros e peão roxo, podendo encon-trar ainda alguns representantes da fauna nativa, guaxinim, raposas, jegues, dentre outros.

Porém, chegar ao monumento natural, so-mente a pé ou a cavalo. “Temos que unir o útil ao agradável, o que significa lidar com o turismo e ao mesmo tempo preservar a natureza. Consi-derando que onde tem carro tem poluição, seja pela emissão de gases ou pelo derramamento de óleo ou descarte de lixo. Em toda a exten-são litorânea, que abrange 20 quilômetros, está proibido o uso de veículos automotores”, avisa o secretário de Turismo, Cultura, Meio Ambiente do município David Nunes.

S

Janeiro/2012 29

Page 30: Revista EcoNordeste - Edição 05

Ecoturismo

Lençóis Os lençóis são ecossistemas diferenciados. Área formada por extensas e brancas dunas, apresenta dinâmica muito intensa, sendo o vento e a chuva os principais agentes modificadores da paisagem. As águas pluviais formam lagoas que se espalham em praticamente toda a área criando cenários inigualáveis, uma das razões para atrair intensamente o turista

Passeio garantidoCom a inacessibilidade motorizada e a dificuldade de acesso em decorrência de aspectos geográficos ou por força da legislação local, o empresário português João Paulo Abreu, apaixonado por cavalos, instalou um haras – único na região – de modo a permitir passeios em meio às belas paisagens. A atividade é monitorada por um guia treinado para possíveis situ-ações que ponha em risco a segurança do turista e do meio ambiente. “Temos toda uma preocupação com a natureza e cuidado com os animais. Os programas de passeios que vão desde uma hora até o dia todo,

sempre com treinamento e acompanhamento”, des-taca o empresário.

Além de oferecer preços acessíveis para os pas-seios, o empresário planeja exercer também trabalho so-cial junto às crianças de Paracuru. “Pretendemos fazer um trabalho com equoterapia ou equitação terapêutica, além de um serviço oferecido aos alunos da rede pública, onde teriam contato gratuito com os animais, de modo a afastá-los das drogas”, encerra João Paulo.

golfe ecológicoOutra opção para a prática do eco turismo na região

Janeiro/201230

Page 31: Revista EcoNordeste - Edição 05

em tempo

A história da cidade de Paracuru, passa pelas dunas. No

século XIX, por volta dos anos 1890, o local que se chamava Parazinho foi soterrado pelas dunas, onde hoje está a Praia das

Almas. Lá, nasceu o poeta, escritor, jornalista, político

e fundador do movimento cultural Padaria Espiritual, Antônio

Sales, que neste período teve sua casa tomada pelas dunas.

Edição Especial-Rio+20

Saiba tudo a respeito do maior evento da história

da ONU sobre desenvolvimento

sustentável. De 13 a 22 de junho o Rio será o centro

do mundo e você terá todas as informações

em sua casa.

O planeta de olho no Brasil

consiste na prática de golfe em harmonia com inúmeras espécies animais que vivem soltas numa área privada com cerca de 200 hectares, pertencente à Fazenda Paraíso. No campo, a grama sintética evita o desperdício de água, considerado o maior impacto decor-rente da prática do golfe. A atividade esportiva recebe a pecha de “vilã da natureza” por causa do alto consumo de recursos hídricos para agua-ção das gramas.

O projeto que se mostra “ecologicamente cor-reto” foi desenvolvido pelo empresário francês Joa-quim Ferdinand Lubrano, para quem é inadmissível o descarte de garrafas ou papeis na natureza. “Temos forte preocupação com a questão ambiental, preser-var é a ordem do dia. Agora é o momento de cuidar de modo a garantir que as futuras gerações tenham as mesmas oportunidades e possam usufruir as pai-sagens ambientais”, garante Ferdinand Lubrano.

Page 32: Revista EcoNordeste - Edição 05

onceito como a responsabilidade compartilhada está sendo resgatado no enfrentamento a um dos maiores desafios da sociedade, que é o manejo e a destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Mais de 20 anos de deba-te no Congresso Nacional levaram à aprovação da Políti-

ca Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecendo um marco regulatório para a gestão dos resíduos sólidos. A nova política definiu um conjunto de normas a serem seguidas com prazos audaciosos, de-safiantes e vem mudando a maneira como o poder público, empresas e consumidores devem lidar com os resíduos que produzem.

A elaboração de Plano Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos,

CApós um ano de aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estados e municípios movimentam‑se para adequar‑se às exigências da legislação

Resíduos Sólidos

Ceará:Plano Estadual Avança

Janeiro/2012Janeiro/20123232

Page 33: Revista EcoNordeste - Edição 05

nos termos previstos pela PNRS, “é condição para os Estados terem acesso aos recursos da União, ou por ela controlados, destinados a em-preendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou a serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades fede-rais de crédito ou fomento para tal finalidade”. O prazo final para a elaboração desses planos é agosto de 2012. No Ceará, o processo está sendo conduzido pelo Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do Governo do Estado do Ce-ará (Conpam), que vem realizando oficinas com o objetivo de capacitar e captar as demandas de gestores municipais de diversos municípios cea-renses para a construção da Política Estadual de Resíduos Sólidos e o Plano Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos. Em nove municípios cearenses (Barreiras, Cruz, Sobral, Morada Nova, Iguatu, Tauá, Crato, Caucaia e Fortaleza) reuniram-se gestores locais, empresários, catadores, operado-res de crédito, academia e outros atores da cadeia social responsabilizada pela gestão dos resíduos. A última oficina deste ciclo aconteceu nos dias 29 e 30 de novembro, em Fortaleza, e contou com a participação de mais de 100 pessoas, entre representantes de municípios, representantes da

rede de catadores, empresários, secretários esta-duais, secretários municipais, representante do poder legislativo, entre outros.

Segundo a coordenadora de desenvolvi-mento sustentável do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do governo do estado do Ceará (Conpam), Maria Dias, esse encontro não foi o último, mas sim um fechamento de atividades que atendeu a uma demanda senti-da pelo Conselho. “Sentimos, ao longo das oito oficinas, a ausência de alguns atores que de-veriam integrar a Política, como por exemplo, os catadores e as empresas de reciclagem, uma vez que estes estão mais em Fortaleza. Monta-mos esta nona oficina e convidamos esses ato-res para que eles possam participar, integrar e nos ajudar no processo de construção dessa Po-lítica”, explica. Maria Dias esclarece ainda que o objetivo desses encontros está diretamente li-gado à PNRS. “Nosso objetivo maior é elaborar um plano de política regionalizada para o Cea-rá atendendo as metas postas na PNRS e fazer a atualização da nossa Política Estadual, que data de 2001.” Com a realização dessa última oficina, foi concluído o processo de discussão e consulta com os municípios.

Janeiro/2012Janeiro/2012 3333

Page 34: Revista EcoNordeste - Edição 05

articular para construir soluçõesO presidente do Conpam, Paulo Henrique Lus-tosa, acredita que o Ceará está na frente de vá-rios municípios quanto à adequação à PNRS, por estimular esse consorciamento para a gestão da coleta de resíduos sólidos urbanos e da questão dos aterros sanitários. “Esse modelo avançou me-nos do que gostaríamos, mas também sabemos dos desafios que temos na própria gestão muni-cipal, nessa articulação de construir soluções”, justifica. Lustosa acredita que o sucesso do Pla-no Estadual passa pela articulação de diversos setores sociais, econômicos e políticos. “Com a PNRS, com a introdução da responsabilidade compartilhada, temos a necessidade de estrutu-ração do modelo de logística reversa que precisa ser construído em diálogo com o setor privado. Há ainda as necessidades das demandas de arti-cularmos com a Secretaria de Saúde por conta de uma política específica para os resíduos sólidos na área da saúde, ou com a Secretaria de De-senvolvimento Agrário por conta das exigências e particularidades das embalagens de agrotóxi-cos, fertilizantes e outros defensivos agrícolas.

A maioria dos municípios cearenses já conta com

um Plano de Gerenciamento de Resíduos, apenas quatro ou cinco não possuem. A novidade é a realização dos consórcios, mas já estamos trabalhandoLuiz PraGMácio TeLLes, conselheiro da associação dos Municípios do estado do ceará (aPrece)

Resíduos Sólidos

Nós nos deparamos com a realidade de múltiplos territórios e múltiplas regionalizações. A forma como cada setor, seja o de saúde, o de cidades ou o agrário, ou o Banco do Nordeste do Brasil, o empresário ou o próprio prefeito olha para cada município é diferente. O primeiro grande desafio posto era entender a variedade de regiões e cons-truir a nossa base de organização territorial para o planejamento da gestão integrada de resíduos sólidos”. Com as informações dos diagnósticos produzidos ao longo dessas oficinas, no início do ano que vem, segundo Lustosa, iniciará o proces-so de construção do Plano Estadual, na prática.

Pelos interiores, a participação nas oficinas foi bastante efetiva, garante Maria Dias. Como dificuldades, ela destaca a falta de conhecimento em relação à lei federal e à questão financeira. “O que a gente sente ainda é aquela fragilidade do conhecimento em relação à política, mas há a vontade de se fazer. A dificuldade maior é a ques-tão financeira. Sabemos que a questão financeira é onde aperta mais em todo esse processo. E ain-da temos de atentar para o empoderamento das responsabilidades de cada um dentro do proces-so”. A especialista refere-se à responsabilidade compartilhada, referida na PNRS, que responsa-biliza os diferentes elos da cadeia produtiva, des-de as fábricas até o destino final. Os municípios, por exemplo, têm obrigação no sentido de banir lixões e implantar sistemas para a coleta seletiva de materiais recicláveis nas residências. Empre-sários necessitam atentar para a logística rever-sa – o retorno de embalagens e outros materiais inerentes à produção industrial após o consumo e descarte pela população.

ReflexõesO conselheiro da Associação dos Prefeitos do Es-tado do Ceará (APRECE), Luiz Pragmácio Telles, acredita que uma nova visão e forma de agir estão surgindo entre os prefeitos de municípios cearen-ses. “A maioria dos municípios cearenses já conta com um Plano de Gerenciamento de Resíduos, apenas quatro ou cinco não possuem. A novida-de é a realização dos consórcios, mas já estamos trabalhando.” Quanto ao prazo para a construção dos Planos Estaduais, Telles afirma que não é su-ficiente. “Pela visão que temos do que é necessário para a construção desses Planos, provavelmente, a presidente Dilma Rousseff terá que adiar o prazo”.

Janeiro/201234

Page 35: Revista EcoNordeste - Edição 05

As dificuldades financeiras citadas por Ma-ria Dias são refletidas não apenas, por exemplo, na construção de um aterro sanitário, mas no processo de operacionalização deste. Pensar a manutenção desses aterros remete à reflexão da quantidade de resíduo produzido por uma popu-lação. Segundo dados de uma pesquisa encomen-dada ao Instituto de Pesquisa Econômica Apli-cada (IPEA) pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em 2008, foram coletados no Brasil, por dia, 183.481,50 toneladas de resíduos. A Região Nordeste é responsável por 47.203,80 toneladas/dia, o que significa 1,2kg de resíduo por habi-tante. “Na discussão de resíduos sólidos, além da questão da destinação final, da coleta seleti-va, das questões de aspecto tecnológico, há uma questão que é anterior: não tem como discutir lixo e resíduo sem discutir consumo.” A afirma-tiva é do presidente do Conpam e reflete muito da PNRS, que tem como um dos objetivos da dis-cussão e mudança de atitudes sobre o consumo.

ConsumoPensar consumo só é possível a partir de uma educação voltada para a consciência social, eco-nômica e ambiental. O presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sóli-dos Domésticos e Industriais no Estado do Ceará (Sindiverde), Marcos Albuquerque, acredita que a Educação tem que ser parte principal das ativi-dades de adequação à PNRS. “Nós não devemos esquecer das escolas, das faculdades, dos estu-dantes. Mudar o comportamento de um adulto é muito mais difícil do que mudar o comporta-mento de uma criança ou de um jovem. Temos, no Sindiverde, experiências nesse aspecto. Um estudante quando obtém informações sobre a coleta seletiva começa a falar para o pai, para a mãe, para o irmão, para os vizinhos. Mostra que eles estão errados, que o correto é separar o que pode ser reciclado, separar o que é resíduo úmido e dar um destino correto. Somos todos responsá-veis pelo sucesso da implantação da PNRS”.

O aterro começa com a escavação de um grande buraco. Mas, antes disso, o solo é perfurado até o lençol freático para verificar se não é arenoso demais e calcular o limiteda escavação: o fundo não pode ficar a menos de 2 metros do lençol

Para evitar que alguém jogue lixo clandestinamente ou que algum desavisado entre no aterro, a área é toda cercada.

Balanças parecidas com aquelas que vemos nas estradas controlam a quantidade de lixo que chega ao aterro em cada caminhão. Caminhões coletores como os que vemos nas ruas carregam de 7 a 9 toneladas, mas há carretas capazes de levar até 40 toneladas por viagem

balança

Esta é a área responsável por coordenar e monitorar as atividades do aterro. É aqui também que se avalia se já é hora de encerrar as atividades do aterro e encomendar a construção de um novo

Calha para escoar o percolado

O lixo solta gases, que são captados por uma rede de tubos verticais cheios de furinhos. Por esses canos, os gases sobem e chegam à superfície do aterro. Alguns gases são recolhidos em tambores e outros são liberados na atmosfera - o metano em contato com o ar, pega fogo

Engenheiros calculam que cada metro cúbico de lixo pesa cerda de 0,6 tonelada. Cada camada do aterro tem 5 metros de altura, 4 metros de lixo e 1 metro de terra, brita e manta de polietileno. Em cidades pequenas, o limite é de três camadas, mas nas metrópoles elas chegam a 20

“piscinão” de perdolato

O percolato, aquele líquido que escorre da montanha de lixo, é tratado no próprio aterro e lançado no esgoto ou recolhido em um “piscinão” e transportado em caminhões para uma estação de tratamento de esgoto

Quando o aterro esgota sua capacidade é preciso fechá-lo. A maior parte deles dá origem a áreas verdes de conservação. Como o gás e o perdolado continuam sendo gerados por pelos menos 15 anos, não se recomenda que o terreno seja usado para construções

Tratores compactam a terra do fundo do buraco. Sobre o solo compactado é coloca-da uma espécie de manta de polietileno de alta densidade e, sobre ela, uma camada de pedra britada, por onde passam os líquidos e gases liberados pelo lixo. A cada 5 metros de lixo e feita uma camada de impermeabilização

Para drenar o percolado (liquido que sai do lixo misturado a água da chuva) a cada 20 metros são instaladas calhas de concreto que levam a mistura nojenta até a lagoa de acumulação

Montanha de lixoUm aterro pode atingir até 100 metros de altura

Janeiro/2012 35

Page 36: Revista EcoNordeste - Edição 05

Resíduos Sólidos

Um ano de PNRS

oportunidadeTratar o resíduo como oportunidade é também necessário para o sucesso da PNRS e também para a tal mudança tão necessária à susten-tabilidade do planeta. Oportunidades essas, econômicas e sociais. “Quando eu falo em reciclador, eu falo das cooperativas, estou in-cluindo os catadores, as associações e também as empresas que transformam os resíduos. É uma rede muito grande e essa rede precisa ser enxergada, beneficiada, senão não vai sobre-viver. Qual o grande apoio que a gente pode dar? É implantar a tal da coleta seletiva para

A PNRS tem como focos principais a geração de trabalho, emprego e renda, por meio da inclusão social de catadores de materiais reutilizáveis e reci-cláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada e minimizar os impactos ambientais provocados pela disposição inadequada dos resí-duos. Uma versão preliminar do PlanoNacional de Resíduos Sólidos já está disponível no site do MMA (www.mma.gov.br) para consulta pública.

Audiências públicas foram realizadas regio-nalmente buscando a contribuição de todos os atores envolvidos. A primeira, na Região Centro--Oeste, foi realizada dias 13 e 14/09, em Campo Grande/MS. A audiência da Região Sul aconteceu dias 04 e 05/10, em Curitiba/PR. Nos dias 10 e 11/10, aconteceu em São Paulo a terceira audiên-cia, referente à Região Sudeste. O Nordeste rece-beu a quarta audiência, nos dias 13 e 14/10, em Recife/PE e a última ocorreu nos dias 18 e 19/10, em Belém/PA. Em uma última audiência pública

nacional, ocorrida dias 30 e 1 de dezembro em Brasília, a sociedade civil, governo, empresas e universidades propuseram aditivos à lei. Os resul-tados dessas audiências foram mais de 900 suges-tões diretas e 400 pela internet. Foram aceitas 168 emendas. O novo documento será submetido aos Conselhos Nacionais de Meio Ambiente, Cidades, Saúde e Política Agrícola, quando poderá receber novas contribuições. Depois de pronto, segue para apreciação do Palácio do Planalto.

Com vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 anos, com atualização a cada 4 anos, o Plano Nacional contempla a elaboração de um diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos; propõe cenários, incluindo tendências internacionais e macroeconômicas; estabelece metas de redução, reutilização, reciclagem, para o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final de resíduos sóli-dos e para a eliminação e recuperação de lixões; programas, projetos e ações; normas e condicio-nantes técnicas para o acesso a recursos da União; adoção de medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada; estabelece normas e dire-trizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de resíduos e oferece meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização.

Segundo o gerente de projetos do MMA, Ronaldo Hipólito, o Ministério do Meio Ambiente está analisando propostas para elaboração dos Planos Estaduais de Gestão de Resíduos Sólidos de vinte estados.

que gere resíduo mais limpo, com a qualidade melhor, para que esse pessoal consiga sobre-viver e ganhar um pouco de dinheiro”, consi-dera Albuquerque. Ambição também presente na fala da representante da rede de catadores. “Queremos sair do anonimato e sermos vistos como trabalhadores”. Estimativa do Ministé-rio do Meio Ambiente aponta que existam atu-almente no Brasil, entre 400 e 600.000 cata-dores, com apenas 60.000 destes, no máximo, participando de alguma organização coletiva. Outro número preocupante do MMA é o que aponta que 60% dessas organizações coletivas estão nos níveis mais baixos de eficiência.

Janeiro/201236

Page 37: Revista EcoNordeste - Edição 05

Resíduos em númeroscAtADores >> Há hoje entre 400 e 600 mil catadores>> Ao menos 1.100 organizações coletivas de catadores estão em funcionamento em todo o país>> Entre 40 e 60 mil catadores participam de alguma organização coletiva>> 27% dos municípios declaram ao IBGE ter conhecimento da atuação de catadores nas unidades de destinação final dos resíduos>> 50% dos municípios declaram ao IBGE ter conhecimento da atuação de catadores em suas áreas urbanas>> Cerca de 60% das organizações coletivas e dos catadores estão nos níveis mais baixos de eficiência.Fonte: mmA

números De municíPios que tem lixões e quAntiDADe totAl De lixões existentes no BrAsil e nAs mAcrorregiões

quAntiDADe DiáriA De resíDuos sóliDos DomiciliAres e/ou PúBlicos encAminhADos PArA DiFerentes FormAs De DestinAção FinAl PArA os Anos De 2000 e 2008

tAxA De reciclAgem De DiFerentes mAteriAis

estimAtivA DA quAntiDADe De resíDuos sóliDos DomiciliAres e/ou PúBlicos coletADos

Fonte: Datasus (2011), IBGE (2002), IBGE (2010b)

SI: sem informações. Na PNSB 2008 não se utilizou essa opção como destino final.Fonte: IBGE (2002), IBGE (2010b)

Fonte: Elaborado a partir de MCidades (2010), IBGE (2010a), IBGE (2002), ABAL (2011), DATASUS (2011), MME (2010a), Vasques (2009), Bracelpa (2009)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Alumínio

Aço

Papel/papelão

Plástico

Vidro

% consumo aparente

Fonte: Elaborado a partir de Datasus (2011) e IBGE (2002, 2010a). A coleta seletiva de materiais recicláveis ainda não ultrapassa 28% dos municípios brasileiros.

Unidade de análise

Nº de municípios

População urbana

municípios com presença de lixões

Quantidade %

Brasil 5.565 160.008.433 2.810 50,5

Norte 449 11.133.820 380 84,6

Nordeste 1.794 38.826.036 1.598 89,1

Sudeste 1.668 74.531.947 311 18,4

Sul 1.188 23.355.240 182 15,3

Centro Oeste 466 12.161.390 339 72,7

Destino final 2000 2008

Quantidade(t/d) % Quantidade

(t/d) %

Aterro sanitário 49.614,50 35,4 110.044,40 58,3

Aterro controlado 33.854,30 24,2 36.673,20 19,4

Vazadouros a céu aberto (Lixão) 45.484,70 32,5 37.360,80 19,8

Unidade de compostagem 6.364,50 4,5 1.519,50 0,8

Unidade de triagem para reciclagem 2.158,10 1,5 2.592,00 1,4

Unidade de incineração 483,10 0,3 64,80 <0,1

Vazadouro em áreas alagáveis 228,10 0,2 35,00 <0,1

Locais não fixos 877,30 0,6 SI

Outra unidade 1.015,10 0,7 525,20 0,3

Total 140.080,70 188.814,90

Unidade de análise

Quantidade de resíduos coletados (t/dia)

Quantidade de resíduos por habitante urbano (kg/hab. dia)

2000 2008 2000 2008

Brasil 149.094,30 183.481,50 1,1 1,1

Norte 10.991,40 14.637,30 1,2 1,3

Nordeste 37.507,40 47.203,80 1,1 1,2

Sudeste 74.094,00 68.179,10 1,1 0,9

Sul 18.006,20 37.342,10 0,9 1,6

Centro-Oeste 8.495,30 16.119,20 0,8 1,3

2005200620072008

Janeiro/2012 37

Page 38: Revista EcoNordeste - Edição 05

Comunidades do entorno da Reserva Natural Serra das Almas estão sendo capacitadas para o uso de técnicas de queimadas controladas e manejo correto do solo, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais decorrentes de atividades desordenadas na região

Capacitação

CAATINGATodos pelo bioma

Janeiro/201238

Page 39: Revista EcoNordeste - Edição 05

impacto ambiental das queimadas preocupa a comunidade científica, ambientalistas e a sociedade em geral por afeta-rem diretamente a física, a química e a biologia dos solos, alterando a qualidade do ar, interferindo na vegetação, na

biodiversidade e na saúde humana. Indiretamente, as queimadas po-dem comprometer até a qualidade dos recursos hídricos da superfície.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostram que em 2001 foram registrados 145 mil focos de calor pelos satélites em todo o Brasil e 359 mil em 2002. As razões apontadas pelo instituto para tal crescimento foi a ampliação da fronteira agrí-cola e o clima seco. Apesar da diminuição, em 2011, até dia 29 de novembro, foram identificados 119.210 focos. Apenas em outubro, o Ceará registrou 497 focos de queimada. Ainda persiste no Brasil uma forte cultura de uso da queimada para “limpar” o solo e durante esse processo, as chances de o fogo sair do controle e se espalhar são grandes. O desmatamento e as queimadas são uma das principais causas da destruição da caatinga nordestina. No sertão brasileiro, as queimadas são usadas amplamente pelos agricultores para limpar o terreno para o plantio. Isso acontece justamente no período seco, quando a vegetação seca, o sol forte e os ventos favorecem o alastra-mento do fogo podendo causar incêndios florestais.

Para evitar situações como essas, o Projeto No Clima da Caatin-ga, realizado pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobrás, através do Programa Petrobras Ambiental, está capacitando 300 agri-cultores e agricultoras de 20 comunidades do entorno da Reserva Natural Serra das Almas, em Crateús, para uso de técnicas de quei-madas controladas e manejo correto do solo, reduzindo os impactos ambientais na região. Segundo a coordenadora de Tecnologias Sus-tentáveis do projeto, Railda Machado, “o Projeto tende a melhorar a qualidade de vida das comunidades, de modo que possam desenvol-ver suas atividades na agricultura de maneira mais sustentável”.

Os agricultores interessados podem se inscrever para participar das capacitações após as reuniões que serão realizadas em suas co-munidades. O curso é dividido em dois módulos: manejo adequado do solo e queimada controlada. Conhecimentos teóricos são aliados a práticas de campo utilizando uma linguagem adequada aos agricul-tores, jovens, técnicos e educadores que vivem em comunidades no entorno da Reserva Natural Serra das Almas, inseridos em cada uma das quatro micro-bacias em processo de recuperação pelo projeto No Clima da Caatinga.

O

o Projeto tende a melhorar a qualidade de vida das comunidades, de modo que

possam desenvolver suas atividades na agricultura de maneira mais sustentávelraiLda Machado coordenadora de Tecnologias sustentáveis do projeto

Janeiro/2012 39

Page 40: Revista EcoNordeste - Edição 05

RPPN Serra das AlmasA Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra das Almas, mantida pela Associação Caatinga, é reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera por abrigar uma representativa parte da Caatinga no sertão de Crateús-CE. São 6.146 hectares de área protegida que resguardam três nascentes e espécies ameaçadas de extinção. São desenvolvidas atividades de pesquisa científica, recreação e visitação escolar, além de projetos de educação ambiental e desenvolvimento sustentá-vel junto às comunidades do entorno da reserva, combinando preservação ambiental com geração de renda e melhoria da qualidade de vida local.

Os cursos tem se demonstrado uma boa ferramenta de mobilização e

envolvimento das comunidades do entorno. Têm representado uma boa oportunidade de aproximação e estabelecimento de parcerias em prol da conservação da Caatinga

Durante os cursos, a participação é esti-mulada através de debates sobre os temas apre-sentados e aprofundados. Com o objetivo de disseminar e promover a adoção de tecnologias sustentáveis na Caatinga, diminuir o processo de degradação das áreas e promover a melhoria na qualidade de vida das populações, as capa-citações são ministradas por consultores e par-ceiros da Associação Caatinga. Unindo conhe-cimentos teóricos com práticas de campo, cada curso é acompanhado por cartilhas. O secretá-rio executivo da Associação Caatinga e coorde-nador da Aliança da caatinga, Rodrigo Castro, considera que os cursos fortalecem a relação da Reserva Natural Serra das Almas com as co-munidades do entorno. “Os cursos tem se de-monstrado uma boa ferramenta de mobilização e envolvimento das comunidades do entorno. Têm representado uma boa oportunidade de

aproximação e estabelecimento de parcerias em prol da conservação da Caatinga. O interesse e aproveitamento dos cursos está sendo muito grande”, garante.

Outras capacitações já estão previstas nas áreas de meliponicultura (produção de mel de Jandaíra), implantação de fogões ecoeficientes e fornos solares, gestão de lixo e compostagem. Os agricultores já foram capacitados em produ-ção de mudas nativas da Caatinga. Ao todo, 230 agricultores já receberam informações sobre um relacionamento mais sustentável com o en-torno da reserva. Rodrigo Castro ressalta os re-sultados desse projeto. “Já houve uma mudança positiva em relação a Reserva Natural Serra das Almas e também em relação à adoção efetiva das tecnologias já disseminadas, como no caso da produção de mudas nativas, manejo adequa-do do solo e queimada controlada”.

Capacitação

Janeiro/201240

Page 41: Revista EcoNordeste - Edição 05

Atuamos no mercado editorial brasileiro com a produção de jornais, revistas, livros e demais publicações

gráfico-editoriais. Formada por profissionais com experiência nas áreas de comunicação e design, nossa empresa tem know-how para desenvolver seu produto

qualquer que seja sua necessidade

www.editoraassare.com.br

Rua Waldery Uchôa, 567 A n Benfica Fortaleza, Ceará n CEP: 60020‑110e‑mail: [email protected] ‑ Fone/Fax: (85) 3254.4469

Janeiro/2012 41

Page 42: Revista EcoNordeste - Edição 05

O

Navios que chegam e partem de zonas portuárias, são personagens de uma mecânica operacional, e podem causar impactos ambientais significativos

Bioinvasão

Água de lastro: um perigo quase invisível

transporte marítimo é uma das mais importantes ferramentas responsável pelo giro da roda econômica mundial. Bilhões de dólares são transportados todos os anos entre os diversos por-

tos no mundo. Entretanto, os navios que chegam e partem das zonas portuárias são personagens principais de uma mecânica operacional que causa significativos impactos ambientais nas regiões por-

tuárias, quando não realizada de acordo com nor-mas pré-definidas – a descarga de água de lastro. Na maioria dos casos, este tipo de operação causa a bioinvasão de espécies exóticas, incentivando o desequilíbrio ambiental e a ocupação do habitat na-tural de animais marinhos nativos.

A água de lastro é um mecanismo utilizado para dar estabilidade e navegabilidade às embarca-ções que não estão totalmente carregadas. Após o surgimento dos navios construídos com aço, a água de mar passou a ser utilizada para manter o calado da embarcação. Os tanques são preenchidos com maior ou menor quantidade de água para aumentar ou diminuir o calado dos navios durante as opera-

Janeiro/201242

Page 43: Revista EcoNordeste - Edição 05

ções portuárias. Mas essa troca de diferentes tipos de água nos portos de origem ou destino pode trazer malefícios ambientais, que prejudicam a flora e a fauna local, além da saúde da população.

No Ceará, cerca de 50 embarcações chegam, mensalmente, ao Porto do Mucuripe. O biólogo e professor do Instituto de Ciências do Mar (Labo-mar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Tito Monteiro Lotufo, explicou que a água despe-jada por esses navios são culpadas pela dissemina-ção de propágulos (ou larvas) de espécies de algas originárias de outras regiões do mundo. Ele rela-tou que este “intercâmbio” marinho, chamado de bioinvasão, causa desequilíbrio no habitat natural das espécies locais.

“Quando os navios enchem seus tanques com a água do porto de origem, muitos propágulos po-dem chegar aos portos de destino ainda viáveis e ca-pazes de se desenvolver e reproduzir. Com isso, eles acabam ocupando o espaço de sobrevivência de espécies nativas. As águas de zonas portuárias são ricas em microorganismo e esta troca de espécies pode ser bastante prejudicial. Infelizmente, isso é um problema que atinge os portos do mundo todo”.

O Porto do Pecém também sofre com a bio-invasão. De acordo com o biólogo, no local já foi constatado a existência de colônias de poliquetos, espécie de minhoca marinha, em toda a faixa litorâ-nea da região, prejudicando, inclusive, a pesca. “Os registros da bioinvasão foram observados logo após da inauguração do porto”.

“eXPoRtaDoRa” De ÁgUa De LastRo Outros tipos de invasões marinhas podem trazer ainda mais prejuízos à população. Lotufo salientou que as águas de zonas portuárias, na grande maio-ria, são insalubres por encontrarem-se próximas á regiões urbanas. Com isso, é possível que microor-ganismos patógenos sejam encontrados nas águas de lastros, causando risco à saúde dos moradores das cidades portuárias de destino.

Por outro lado, apesar dos registros de bioin-vasões em águas cearenses, o biólogo relatou que o Estado está longe de entrar para o hall dos por-tos mais contaminados do Brasil e do mundo. Ele explicou que o Ceará é uma região “exportadora” de água de lastro, fazendo com que os impactos ambientais produzidos por esta prática sejam, sig-nificativamente, reduzidos. “Geralmente, os na-vios que chegam aos nossos portos estão lotados

de carga, fazendo com que a utilização de água de lastro seja reduzida. Aqui é onde eles costumam encher os seus tanques com água, levando-o para outros portos”.

noRMaM-20 Considerado um problema de ordem mundial, várias ações e legislações são desenvolvidas para evitar as bioinvasões. A Organização Marítima In-ternacional (IMO) recomenda que todas as embar-cações que utilizam a água de lastro devem fazer a manobra de troca de água antes de se aproximarem dos portos, nas chamadas regiões oceânicas. Entre-tanto, a demora da operação faz com que alguns na-vios se recusem a seguir a recomendação da IMO.

O coordenador de Segurança, Maio Ambien-te e Saúde do Trabalho da Companhia Docas do Ceará, Raimundo José de Oliveira, ressaltou que a fiscalização é o principal instrumento de controle da água de lastro. De acordo com ele, a fiscaliza-ção nos portos cearenses é feito pela Capitania dos Portos e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Norma de Autoridade Marítima (Nor-mam-20), criada em 2005, estipula que todos os navios devem realizar a troca oceânica antes de po-der entrar em um porto brasileiro.

“Aquela embarcação que não cumprir o que diz a Norma -20 está sujeito a punições e multas. Mas, felizmente, até hoje, a Docas nunca recebeu qualquer registro de ocorrências deste tipo. Temos uma fiscalização efetiva e damos qualquer apoio no que diz respeito ao controle ambiental. Sabe-mos que é possível alguma embarcação apresentar documentos incompatíveis com as normas, mas os impactos ambientais gerados pela água de lastro, no Ceará, acredito que são mínimos”.

Quando os navios enchem seus tanques com a água

do porto de origem, muitos propágulos podem chegar aos portos de destino ainda viáveis e capazes de se desenvolver e reproduzirTiTo MonTeiro LoTuFo, biólogo e professor do instituto de ciências do Mar (Labomar), da universidade Federal do ceará (uFc)

Janeiro/2012 43

Page 44: Revista EcoNordeste - Edição 05

O mais famoso caso brasileiro é a introdução de bivalve asiático, conhecido como Mexilhão dourado (Limnoperna fortunei). Essa é uma espécie nativa de rios e arroios chineses e do sudeste asiático, e, ape-nas recentemente, por razões desconhecidas, vem se expandindo em todo o mundo: do estuário da Bacia do Prata, ele se expandiu rapida-mente para os trechos da Bacia do rio Paraná, invadindo principalmen-te os grandes rios, numa velocidade de cerca de 240 km/ano.

Em 2001, sua presença foi observada na Usina de Itaipu, e, em 2002, foi encontrado nas usinas hidrelétricas Porto Primavera e Sérgio Motta, localizadas rio Paraná, em São Paulo. A entrada da espécie nesse sistema de rios deve ter ocorrido através da intensa navegação e transposição de barcos utilizados na pesca esportiva. O impacto do mexilhão dourado no Brasil tem sido grande e tem causado problemas de saúde pública, além de entupimento de tubulações, de filtros de usinas hidroelétricas e de bombas de aspirações de água, degradando as espécies nativas e causando problemas relacionados à pesca.

Internacionalmente, o caso mais notório é o do mexilhão Zebra (Dreissena Polymorpha). A importação involuntária desta espécie em água de lastro de portos europeus de água doce, na década de 1980, fez com que se proliferasse em excesso e que obstruísse redes de água industrial. Nos Estados Unidos, identificou-se o mexilhão Zebra pela primeira vez também nesta mesma época, tempo em que ele se proliferou rapidamen-te pelas águas dos rios, causando sérios danos ao ecossistema local.

Essa espécie foi introduzida nos Grandes La-gos americanos e do Canadá, e, hoje, infesta mais de 40% das águas continentais desses países, cau-sando enormes prejuízos financeiros nos setores elétrico e industrial, visto que coloniza e bloqueia as passagens de água e os encanamentos, tendo um comportamento parecido com o do Mexilhão Dourado. Estudos apontam que os EUA gastam mais de 10 bilhões de dólares para remediarem os problemas causados pelo Mexilhão Zebra.

Caso no Brasil

Caso no mundo

Bioinvasão

Janeiro/201244

Page 45: Revista EcoNordeste - Edição 05

pós vários encontros, rodas de con-versas e discussões com as categorias envolvidas o comitê do Ceará da Con-ferência Regional Desenvolvimento Sustentável do Bioma Caatinga – A Ca-

atinga na Rio +20, coordenado pelo Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (CONPAM), realizou no dia 12 de dezembro, no auditório do Banco do Nordeste, Passaré, o Seminário de Nive-lamento sobre a Caatinga. O objetivo do encontro, difundir os programas e políticas dos setores go-vernamentais e da sociedade civil que contribuem para a gestão sustentável do bioma e também, in-tegrar projetos estruturantes estaduais com indi-cadores focados na economia verde e combate a pobreza rural.

A

A Caatinga na Rio + 20

Mobilização no CearáO diagnóstico da situação ambiental atual do estado do Ceará apresenta, em seu quadro, as repercussões das diversas políticas ambientais instituídas em âmbito federal e estadual

Participaram do evento, representantes do Governo, academia, institutos de pesquisas, orga-nizações da sociedade civil e setor produtivo e em-presarial. “Foram várias as discussões realizadas pelos integrantes do comitê, e nestas, alguns seto-res alegavam não conhecer determinados projetos apresentados. Por isso a proposta de hoje socializa todas as informações relativas aos programas exis-tentes no Estado.”, destaca o secretário executivo do Conpam e coordenador do Comitê Cearense Iraguassú Teixeira Filho.

Na visão do secretário-executivo da Secre-taria do Desenvolvimento Agrário (SDA-CE), An-tônio Amorim, a Conferência é de grande impor-tância. Na ocasião, todos os estados do Nordeste estarão presentes com as suas inúmeras diferen-

Janeiro/2012 45

Page 46: Revista EcoNordeste - Edição 05

A Caatinga na Rio + 20

ças. “O Ceará por si só já é diverso, imagina todo o Nordeste. Por isso também, a cimeira regional, marcada para março em Fortaleza, será de uma riqueza sem precedentes”, disse Amorim que com-plementa afirmando que depois de identificados os pontos fortes e fracos de cada Estado, será pos-sível definir estratégias que se adéquem ao desen-volvimento da região como todo.

De acordo com a gerente de Recursos Hí-dricos e Meio Ambiente da Funceme – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, Margareth Carvalho, com base nos estudos rea-lizados pelo órgão, já se sabe como são frágeis os solos, a vegetação e principalmente o manejo que o homem do campo empreende na Caatinga. “A gente quer levar essa realidade para a Rio +20 por ser o bioma único no mundo, isso é muito espe-cial para nós nordestinos. A gente tem que mostrar para as pessoas que é importante preservar. Não queremos barrar o desenvolvimento, o que espe-

Faltam menos de dois meses para a realização da I Conferência Regional de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Caatinga - A Caatinga na Rio +20. O encontro deverá reunir nos dias 14, 15 e 16 de março na cidade de Fortaleza representantes de todos os estados compreendidos no Bioma. São grandes os esforços e mobilizações para que os debates sejam produtivos e gerem resultados.

No dia 16 de janeiro, na sede do Banco do Nordeste em Fortaleza, foi realizada reunião de defini-ção da programação final, bem como últimos detalhes para o evento com indiscutível importância. Estavam presentes o coordenador de articulação política Francisco Bezerra, o coordenador técnico Tibério Bernardo e o coordenador do Comitê Cearense e secretário-executivo do Conpan, Iraguassú Teixeira Filho. Por questões de agendas será realizado outro encontro para apresentação dos expo-sitores e palestrantes, visto que estes precisarão confirmar presença. Definido mesmo somente a nova data de realização que novamente ficou em três dias, ou seja, o credenciamento que seria dia 13 passou para a manhã do dia 14, quando já terão início os debates.

Preparativos finais

Estamos vendo dados, muitos deles catastróficos de como a desertificação

que se intensifica com as mudanças climáticas e pela ação do homem. Esse é o momento de expor tais problemas e dialogar sobre maneiras de resolver os mesmos

iraniLdo da siLva, embaixador climático do Brasil do Programa climate Generation of the British council

ramos é que haja um desenvolvimento em bases sustentáveis”, explica a gerente.

Embaixador Climático do Brasil do Programa Climate Generation of the British Council, Iranil-do da Silva, aponta a Conferência como oportuna para que o bioma e para os que nele habitam, se-jam salvos. “Estamos vendo dados, muitos deles catastróficos como a desertificação se intensifica com as mudanças climáticas e pela ação do ho-mem. Esse é o momento de expor tais problemas e dialogar maneiras de resolver os mesmos”, diz Iranildo. Ainda conforme o jovem “embaixador”, a situação exige um trabalho conjunto entre o go-verno e a sociedade. “Sabemos que essa sintonia é muito difícil, mas depois do encontro de hoje, mostramos que é possível. A presença de técnicos das mais variadas instituições no seminário, os sa-beres das universidades e da sociedade civil, aqui tratados, são alternativas viáveis para os proble-mas ambientais da Caatinga”, conclui.

Janeiro/201246

Page 47: Revista EcoNordeste - Edição 05

Num dia de primavera, ela acordou e descobriu que já não escutava os cantos dos pássaros. Para quem não sabe ou nunca ouviu falar, o planeta Terra deve muito a Rachel Carson, uma cientista norte‑americana que no início da década de 1960, publicou Primavera Silenciosa, obra que, mesmo tendo no título uma expressão poética, foi o estopim que deu forma a um novo e poderoso movimento social que alterou o curso da História.

Carson, pesquisadora rigorosa e com talento para escrever romances, causou uma verdadeira revolução em defesa do meio ambiente a partir do lançamento de seu livro, em 1962. A obra, escrita em pouco mais de quatro anos, apresenta inúmeros documentos científicos de diferentes fontes, comprovando os maléficos impactos dos agrotóxicos.

As afirmações da autora desencadearam uma investigação no governo do presidente Kennedy, e inspirou a rede de tevê CBS a produzir um documentário, assistido por 15 milhões de telespectadores, que mostrava os efeitos nocivos do inseticida DDT à saúde.

O clamor, após a publicação, instigou mudanças na legislação ambiental americana, e contribuiu para o surgimento, em 1970, da Agência de Proteção Ambiental naquele país (EPA, sigla em inglês). A paixão de Rachel Carson pela questão do futuro do planeta refletiu poderosamente por todo mundo e seu livro foi determinante para o lançamento e disseminação do movimento ambientalista

A nova edição apresentada pela Editora Gaia inclui um posfácio do escritor e cientista Edward O. Wilson e uma introdução da biógrafa Linda Lear, que discorre sobre a história corajosa de Carson na defesa de suas convicções diante do ataque impiedoso e covarde da indústria química logo após a publicação deste seu livro e antes de sua morte prematura, em 1964.

Eco leitura

CLÁSSICO DO MEIO AMBIENTE:Primavera Silenciosa é reeditado

Primavera silenciosaautora: rachel carsoneditora: Gaiaano: 2011Páginas: 328Preço: r$ 49,00

Energia Nuclear: do Anátema ao DiálogoO livro “Energia Nuclear: do Anátema ao Diálogo”, organizado pelo Prof. Dr.

José Eli da Veiga, publicado pela editora SENAC, reúne artigos de importantes autoridades nas áreas de física nuclear, ciência e tecnologia, economia e meio ambiente. O objetivo é discutir os riscos e benefícios da utilização em grande escala da energia atômica como substituta a os atuais combustíveis fósseis com ênfase em sua implementação em território nacional. Segundo o organizador Eli da Veiga, “a matriz nuclear é perspectiva que não se deve desprezar quando se reflete sobre a necessidade de suprimento de energia para o desenvolvimento, e o há muito anunciado esgotamento de combustível fóssil em um futuro próximo”. A obra conta com o trabalho de destacados pesquisadores, Silvio Salinas, José Goldemberg e Leonam dos Santos Guimarães, dentre outros.

Os autores tentam ser didáticos, “pois é enorme a paixão e desinformação em torno do assunto”. No entanto muitas das garantias oferecidas por eles são inaceitáveis numa época pós Fukushima, Japão.

energia nuclear: do anátema ao diálogo organização: José eli da veigaedição: 1número de páginas: 136editora: senac são Pauloano: 2011

Em 2000, a Escola de Jornalismo de Nova York consagrou Primavera Silenciosa como uma das maiores reportagens investigativas do século XX. Em dezembro de 2006, premiando a memória e o legado de Rachel Carson, o jornal britânico The Guardian conferiu a ela o primeiro lugar na lista das cem pessoas que mais contribuíram para a defesa do meio ambiente de todos os tempos.

Janeiro/2012 47

Page 48: Revista EcoNordeste - Edição 05

Datas comemorativas

02 de fevereiro de 2012

Eco Agenda

Dia Mundial das Zonas ÚmidasData instituída em 1997 para homenagear a Convenção sobre Zonas

Úmidas. Mais conhecida como Convenção de Ramsar, pois foi realizada na cidade iraniana em 1971, é um tratado intergovernamental que estabelece marcos para ações nacionais e internacionais para a conservação e o uso racional de zonas úmidas e de seus recursos naturais. O Brasil só assinou a Convenção em 1993, ratificando‑a em 1996.

As Zonas Úmidas podem ser definidas como áreas de pântano, charco, turfa ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo área de água marítima com menos de seis metros de profundidade na maré baixa. Tem um papel fundamental na manutenção da biodiversidade e para a regulação do clima. Situadas em uma área de transição entre os ecossistemas aquáticos e terrestres, essas áreas são muito vulneráveis.

Dia do Agente de Defesa Ambiental Uma homenagem àqueles que trabalham pela proteção do meio ambiente e pelo desenvolvimento sustentável.

06 de fevereiro de 2012

Até 29 de fevereiro 2012

Prêmio Top EtanolEstão abertas as inscrições para o Prêmio TOP Etanol. Integrantes de áreas técnicas, universitários, pós‑graduados, mestres, doutores, jornalistas, fotógrafos e inventores têm até o dia 29 de fevereiro de 2012 para se inscrever no Prêmio Top Etanol.Site: www.projetoagora.com.br/ premiotopetanol/index.php

Inscrições abertasPrêmio Ana

Até 1º de junho de 2012 a Agência Nacional de Águas (ANA) recebe inscrições para a 4ª Edição do Prêmio ANA, que a cada dois anos reconhece iniciativas que se destacam pela excelência e contribuição para a gestão e o uso sustentável dos recursos hídricos do País. Nesta edição, serão oito categorias de premiação: governo; empresas; organizações não governamentais; pesquisa e inovação tecnológica; organismos de bacia; ensino; imprensa e água e patrimônio cultural. A Caixa Econômica Federal é a patrocinadora exclusiva do Prêmio ANAO regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis no hotsite: www.ana.gov.br/premio. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].

Janeiro/201248

Page 49: Revista EcoNordeste - Edição 05

Rio + 20O credenciamento para Conferência está aberto

O credenciamento para a sociedade civil e inscrições em eventos paralelos na Rio + 20 está aberto. Assim como para as Organizações não governamentais e outros com status consultivo no Conselho Social e Econômico das Nações Unidas (ECOSOC) já podem fazer o pré‑credenciamento de seus representantes para a Rio+20. Instituições registradas na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável também estão habilitadas para dar início ao processo obrigatório a todos os interessados em participar da Conferência (20-22 de junho) ou da terceira sessão preparatória (13-15 de junho). O prazo termina no dia 20 de maio. O pré-credenciamento pode ser feito no seguinte endereço eletrônico: http://esango.un.org/irene/index..

ONG’S e outros grupos da sociedade civil que não satisfazem esses requisitos também podem participar do evento. Mas para isso devem enviar, até o dia 20 de fevereiro, um formulário que será avaliado pelo ECOSOC.

Inscrição de eventos paralelos

As Nações Unidas lançaram um concurso internacional para escolher a melhor campanha publicitária sobre a importância dos recursos hídricos. Sob o tema “O Futuro que Queremos – Gota a Gota”, é uma iniciativa do Centro de Informação Regional das Nações Unidas (UNRIC), em parceria com o Programa Ambiental da ONU (UNEP), o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, e com o apoio do Conselho de Ministros Nórdico.

O objetivo é criar um anúncio impresso que inspire outros a preservar a água, agora e para as gerações futuras. O prazo para inscrições termina em 28 de fevereiro de 2012. E os vencedores devem ser anunciados entre 22 de março e 5 de junho. Mais informações visitar a página dropbydrop. eu .

Concurso internacional

As inscrições de propostas para eventos paralelos à Rio+20 também estão abertas na página da Conferência. O prazo termina no dia 30 de março.Acontecerão eventos paralelos no Centro de Convenções Riocentro e fora dele. Os eventos paralelos que terão lugar no Riocentro, local em que ocorrerá a terceira reunião do Comitê Preparatório da Conferência e o Segmento de Alto Nível, chamados on‑site side events, têm seus critérios de participação especificados aqui. Em breve, também serão divulgados os prazos de inscrição para atividades fora do Riocentro (chamados off‑site events). Dúvidas sobre a realização de eventos paralelos podem ser encaminhadas (em inglês) para o e‑mail [email protected] guia completo em português para os participantes da Rio + 20 está no site www.onu.org.br/rio20/info.

Janeiro/2012 49

Page 50: Revista EcoNordeste - Edição 05

EcoArte

concePção-Mike adaMs — arTe-dan BerGer / www.newsTarGeT.coM

Os muitos “CIDAS” da produção de alimentos modernos

Page 51: Revista EcoNordeste - Edição 05

desenho sobre como os nossos modelos de negócio não são compatíveis com uma vida sustentável / hikingartist.com

1. Revista é um importante veículo de informação e análise2. O leitor de revista tem hábito de consumir

3. Revista atinge todos os públicos4. A variedade de assuntos seduz o leitor

5. O leitor de revista tem poder de compra e forma opinião6. Revista é o primeiro passo para a

sedimentação de uma marca7. O leitor de revista valoriza a publicidade

8. Revista gera credibilidade para produtos e marcas9. A combinação de revista com outras mídias

resulta em melhores resultados10. Revista garante longevidade à sua marca

A revista de conteúdo!

www.nordestevinteum.com.br

Agora 10 razões para anunciar em revista

Repesando o Nordeste, em todos os seus quadrantes e matizes, a Nordeste VinteUm é uma publicação com a cara daquele sertanejo de que fala o romancista Euclides

da Cunha. Arrostando obstáculos e no firme propósito de discutir as pluralidades de que são plasmados terra e povo nordestinos.

Page 52: Revista EcoNordeste - Edição 05

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO CEARÁ PENSANDO

O FUTURO DO PLANETA

suste

nt

ávelsustentávelsustentávelAL

Redução de gastos, reciclagem de materiais, consumo consciente. Ideias que já entraram em prática na Assembleia Legislativa do Ceará a partir da adoção da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). Faça você também a sua parte!

A3P_anuncio_20x26,5_novo.indd 2 12/15/11 3:25 PM