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Utilize o seu cartão professor + e ganhe descontos Ano letivo 2016/2017 N.º 13 REVISTA DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕES Projetos que unem crianças e seniores PROFESSORES PRONTOS PARA ENSINAR IDEIAS PARA O NOVO ANO LETIVO ALUNOS MAIS FOCADOS Técnicas para melhorar a concentração

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Utilize o seu cartão professor + e ganhe descontos

Ano letivo 2016/2017N.º 13REVISTA

DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕESProjetos que unem crianças e seniores

PROFESSORES PRONTOS PARA ENSINARIDEIAS PARA O NOVO ANO LETIVO

ALUNOS MAIS FOCADOSTécnicas para melhorar a concentração

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Estar 100% pronto para ensinar

No início da sua vida profissional todos os professores se assumem como 100% prontos para ensinar. Esta é uma fase marcada pelo entusiasmo, disponibilidade total e por uma vontade de mudar o mundo através do ensino e da passagem de conhecimento aos alunos que os esperam nas salas de aula. A pensar neles, nos professores que estão agora a iniciar o seu percurso, deixamos nesta revista alguns conselhos e tópicos de reflexão para quem se vai estrear como docente já em setembro.

No entanto, o maior desafio ao longo da carreira é manter este mesmo nível de entusiasmo, autenticidade e prontidão para ensinar, ano após ano. Para isso, há que cultivar a cada ano letivo o gosto pelo novo, pela ciência, pela arte, pelos novos métodos de investigação, pela inovação, sempre com os alunos e a sua curiosidade como principal fonte de inspiração. Da mesma forma, estar 100% pronto para ensinar no momento de arranque de mais um ano letivo implica também um equilíbrio entre trabalho e momentos de lazer, para prevenir os sintomas de exaustão (cada vez mais frequentes), com a definição bem clara de metas realistas e avaliação dos progressos alcançados.

A verdade é que para ser um professor eficiente, não basta ter boa vontade. É preciso estudar muito e sempre, dedicar-se de forma plena, planear e pensar em diferentes estratégias e materiais para utilizar nas aulas. Bons exemplos disso são os projetos intergeracionais, que envolvem crianças e seniores, as hortas escolares, os exercícios matemáticos com base em origamis ou os projetos de empreendedorismo na sala de aula, que sugerimos nesta edição.

E porque é necessário inovar a cada ano letivo que passa, a Revista Professor + surge agora com novas rubricas – Trabalhos Manuais e Visita de Estudo – repletas de sugestões práticas e divertidas. Boas leituras e um bom arranque do ano letivo 2016/2017!

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TRAJETO05 Saiba como estar 100%

pronto para ensinar

BREVES06 Notícias para professores

SALA DE AULA07 Desafios para docentes

em início de carreira08 Diálogo intergeracional:

Projetos que juntam crianças e senioresEscolas juntam diferentes gerações para uma maior coesão social

10 Os benefícios de ir a pé para a escola

12 O empreendedorismo começa na sala de aula Técnicas para aguçar o espírito empreendedor dos mais novos

14 Conheça a importância do recreio para o processo de aprendizagem

16 Hortas escolares promovem alimentação saudável

18 Visita de Estudo: Jardim Zoológico de Lisboa ensina professores e alunos

20 Trabalhos Manuais: Ideias práticas e divertidas Em parceria com o roteiro Estrelas e Ouriços

23 AgendaSALA DE PROFESSORES24 Saiba como prevenir a

síndrome de burnout

Tranquilidade no regresso às aulas com a StaplesCom o ano letivo a começar mais cedo em 2016, e os professores e alunos já nas suas respetivas salas de aula no máximo até 15 de setembro, a palavra de ordem é planeamento. É fundamental começar a planear o regresso às aulas o quanto antes de forma a que tudo corra bem e com a máxima tranquilidade. Para que os professores estejam assim 100% prontos para ensinar e os alunos 100% prontos para aprender, na hora das compras, o ideal é optar por um especialista na matéria. A Staples tem a melhor e mais diversificada seleção de materiais escolares, sempre aos melhores preços e uma rede de lojas espalhadas por todo o país. Bom regresso às aulas, sempre com a Staples!

FICHA TÉCNICAPropriedade STAPLES Portugal – Equipamento de Escritório, S. A. Diretora Olga Frazão Coordenadora Catarina Santos Colaboraram nesta edição Ana Cátia Ferreira, Ana Rita Lúcio, Bárbara Silva, Miguel Judas, Nelma Viana, Palmira Simões, Teresa Paula Marques (texto), Rui Garcia e Rui Guerra (arte), Dulce Paiva (revisão) Fotos Getty Images Gestor de Produto Luís Miguel Correia Produtor Gráfico João Paulo Batlle y Font Tiragem 40.000 exemplares Impressão Lisgráfica – Impressão e Artes Gráficas, S. A. Depósito Legal 331462/11 Uma publicação da divisão Novas Soluções de Media da Impresa Publishing, sob licença da Staples Portugal Rua Calvet de Magalhães, 242, 2770-022 Paço de Arcos

26 Técnicas para melhorar a concentraçao dos alunos Saiba como ter crianças e jovens mais atentos e focados durante as aulas

ESTUDO

28 Origamis ajudam a ensinar geometria e matemática

INTERVALO30 Produtos: Especial Regresso às Aulas e Dia a Dia35 Gadgets36 Escapadela

San Sebastián (Espanha) e Wroclaw (Polónia) são as Capitais Europeias da Cultura para descobrir em 2016

38 Lifestyle

39 Clube do Professor Maped

FAMÍLIA40 Meditação: Mindfulness

em casa e na escola 42 Crianças no mundo da moda e do espetáculo Como se divide o tempo entre a escola e as atividades artísticas?

44 Hiperatividade e medicação

46 A importância dos irmãos

SUSTENTABILIDADE48 Programa Young

VolumTeam

PARCERIAS 49 Vales promocionais

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DIÁLOGO INTERGERACIONAL

Quando a revolução de 25 de abril de 1974 comemorou 40 anos, uma das ini-ciativas que mais adesão teve a nível

nacional foi o Livro Livre, que desafiou crianças de todas as idades e de todo o país a preen-cherem as páginas em branco com desenhos, testemunhos dos seus avós e outras pessoas da mesma geração, fotografias e recortes de jornal da época. Este é apenas um exemplo de como o diálogo intergeracional pode beneficiar tanto os mais novos como os mais velhos, trazendo enormes mais-valias aos conteúdos curricula-res e adicionando novas aprendizagens feitas através dos afetos que ligam as diferentes ge-rações de uma mesma família. Neste contexto, a escola acaba por ser, ao mesmo tempo, a principal fonte de partilha de saberes entre gerações e também a grande beneficiada com esta mesma partilha. A verdade é que as crianças têm muito a aprender com os avós e todas essas informações gravadas no cérebro dos mais novos são depois transportadas para a sala de aula e partilhadas com colegas e pro-fessores, numa cadeia que se quer infindável.

A seu cargo, a escola tem também a respon-sabilidade de promover programas intergera-

MAIOR COMUNICAÇÃO ENTRE GERAÇÕES É DESAFIO PARA O NOVO ANO LETIVOA partilha de saberes entre diferentes gerações começa e termina na escola, trazendo mais-valias preciosas ao processo de aprendizagem

cionais pertinentes, com atividades que visem a interação entre diferentes gerações fora do con-texto familiar, a dinâmica e a coesão de grupos heterogéneos, bem como a criação de laços de amizade e solidariedade e a desmistificação dos estereótipos ligados ao envelhecimento. Estas e outras vantagens do diálogo intergeracional na perspetiva de desenvolvimento pessoal e de educação para a cidadania repercutem-se em toda a sociedade. A escola tem vindo a abraçar esta demanda, com resultados muito positivos para todos os envolvidos.

Como defende o psiquiatra Daniel Sampaio: “Estes temas não podem faltar na família e na escola. Só um trabalho persistente de diálogo intergeracional poderá constituir o ponto de partida para uma sociedade onde a estima e a consideração mútuas sejam a base de um melhor relacionamento”.

O diálogo intergeracional ajuda a desmistificar os estereótipos ligados ao envelhecimento

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NOTÍCIAS PARA PROFESSORES

NOVAS FERRAMENTAS PARA PROFESSORES

Depois de, em setembro de 2015, a PORDATA – base de dados estatísticos

criada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos – ter lançado a plataforma PORDATA Kids, com o objetivo de aproximar os mais novos do mundo das estatísticas, estimulando o interesse em conhecerem melhor a sociedade em que vivem, este ano foram criados novos materiais dedicados aos diferentes públicos-alvo: professores e

alunos; pais e filhos. No caso dos professores foram lançadas fichas de trabalho, de apoio às disciplinas de Estudo do Meio (3.º e 4.º ano), História e Geografia de Portugal (5.º e 6.º ano) e Matemática (3.º a 6.º ano). Para acederem aos materiais os professores podem fazer o download das fichas no site www.pordatakids.pt/escolas. Além disso, foi lançado também um kit com curiosidades (que pode ser encomendado pelas escolas), composto por uma caixa com 100 “Sabias Que…”, para os professores partilharem todos os dias um facto diferente na sala de aula, estimulando a aprendizagem e a reflexão dos mais novos sobre a sociedade em que vivemos. Soma-se ainda uma equipa que, de acordo com as marcações das escolas, se desloca às salas de aula e dinamiza o jogo, Pordata Quiz.

SALA DE AULA DO FUTURO JÁ EM PORTUGALConceito original foi produzido pela European Schoolnet Academy As diferenças para uma sala de aula “normal” são claras: cores garridas, seis áreas de ensino, puffs para os alunos se sentarem e perguntas que devem ser respondidas em 45 minutos. O objetivo é que os alunos aprendam a matéria através da descoberta das respostas feitas com ajuda das pesquisas na internet, sendo as conclusões partilhadas com a turma no final. Este novo modelo de Sala de Aula do Futuro está já a funcionar em várias escolas portuguesas e até na Universidade de Lisboa, como laboratório de formação de professores, com o objetivo de expandir o conceito a mais escolas e mais salas de aula por todo o país. Para mais informações, consultar o site fcl.eun.org.

OPORTUNIDADES PARA PROFESSORES NOS EUABolsas de estudo com inscrições disponíveis no início do ano letivo A Comissão Fulbright abre candidaturas para professores que pretendam estudar, fazer investigação ou lecionar em universidades nos Estados Unidos. Além da Bolsa Fulbright para Professores e Investigadores Doutorados (que abrange todas as áreas de estudo) existe também a Bolsa Fulbright/Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, mais focada em temas de Língua e Cultura Portuguesas, sendo dada prioridade a projetos de especial relevância para as relações culturais luso-americanas. Com financiamento até 12 mil dólares, dependendo da duração da estadia (3 a 12 meses), o processo de seleção tem em conta a apreciação curricular e do projeto de candidatura, além de uma entrevista presencial. Mais informações em www.fulbright.pt.

CALENDÁRIO PARA O ANO LETIVO 2016/20171º PeríodoDe 9/15 de setembro a 16 de dezembro2º Período 3 de janeiro a 4 de abril3º Período 19 de abril a 6 de junho (9.º, 11.º e 12.º ano), 16 de junho (5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 10.º ano) ou 23 de junho (1.º ao 4.º ano)

FÉRIAS ESCOLARESNatal 19 de dezembro a 3 de janeiroCarnaval 27 e 28 de fevereiroPáscoa 3 a 18 de abril

SOS-CRIANÇA

Para prevenir situações de risco, existe a Linha 116111 (2ª a 6ª feira das 9h às 19h) para todas as crianças e jovens que precisem de ajuda e a Linha 116000 para crianças desaparecidas (24 horas).

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INÍCIO DA VIDA PROFISSIONAL

DESAFIOS DOS PROFESSORES PRINCIPIANTES A fase inicial de qualquer profissão assume-se como um momento crucial, e os professores não são exceção. Alguns conselhos para quem está a começar a carreira

Período de dúvidas e inquietações, onde convergem as teorias apreen-didas durante a formação e a emer-

gência da prática, ao mesmo tempo que se lida com a necessidade de pertença a um grupo profissional. Assim se pode definir a vida de um professor principiante. Por outro lado, esta é ainda a fase do entusiasmo mais genuíno, da disponibilidade espontânea e da vontade absoluta de mudar o mundo. Ao longo do caminho, são muitos os desafios que se colocam no exercício da profissão docente, ao nível da interação, da partilha e da reflexão. “Aos professores que agora iniciam o seu percurso diria que a etapa de maior aprendizagem está apenas a começar”, comenta, por experiência própria, Joselda Pereira, professora do 1.º ciclo há 38 anos, que acrescenta ainda alguns tópicos de reflexão e conselhos para os principiantes:1. Para começar, a segurança no desempenho

dos professores estreantes baseia-se no pleno domínio dos conteúdos científicos e pedagógicos, numa comunicação eficaz com os alunos, os pares e demais intervenientes no processo educativo, na coerência das decisões e na equidade de tratamento dos alunos; 2. Da mesma forma, convém conhecer e reconhecer a cultura da instituição de ensino em que o professor se vai integrar, participar, contribuir e pensar a escola como uma comunidade geradora de aprendizagem;3. Acreditando que poderá fazer a diferença na vida de alguém, há também que tratar cada aluno como um indivíduo único, fruto de contingências diversas, que transporta um mundo – o seu mundo. Aqui se cruza outra das maiores preocupações dos professores principiantes: a avaliação. O rigor dos dados, dos registos, dos resultados só pode legitimar um percurso na sua globalidade.

O QUE T ER EM CONTA N O I N Í C I O D A V I D A P ROF I SS I ONA L

Para Pedro Miguel Ventura, doutorado e investigador em Ciências de Educação, os novos professores devem:• Ter “fome” pelo novo, pela ciência, pela arte, pelos novos métodos de investigação, pela inovação, pelo risco e, acima de tudo, pela incrível criatividade que o ser humano possui e que se deve alimentar nos alunos;

• A pedagogia correta é a que funciona. Todas as pedagogias são receitas, algumas clássicas, que não passam de moda, isto porque resultam. Mas não resultam com todos. Há que refletir sobre os alunos que se tem, “ouvir” a turma;• Se não amam ensinar, não escolham ser professores: faz toda a diferença amar ou não o que se faz.

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DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕES COMEÇA NA ESCOLA Numa sociedade cada vez mais envelhecida, a escola tem um papel muito importante no cruzamento das várias gerações, no desenvolvimento dos afetos e de valores humanos mais solidários

No Complexo Social da Quinta das Torres, em Alfragide (da Santa Casa da Misericórdia da Amadora), onde

funcionam, em paralelo, a Escola Luís Madureira e o Lar de Santo António para a terceira idade, todas as semanas os idosos desta instituição dedicam uma manhã ao convívio com as crian-ças do pré-escolar, entre os dois e os cinco/seis anos, da escola vizinha. Em conjunto, cantam, pintam, fazem modelagens, contam histórias, entre muitas outras atividades coordenadas pelas educadoras. Segundo a diretora da Es-cola Luís Madureira, Isabel Lemos, esta “é uma experiência muito enriquecedora para ambos os grupos, quer em aprendizagens quer em termos de afetos: todos se sentem acarinhados”.Para a psicopedagoga Raquel Teixeira, este tipo de projetos é pertinente, tendo em conta que nos dias de hoje existem valores, hábitos e experiências que estão a ser esquecidos. “A falta de tempo é cada vez maior, os nossos jovens

e crianças acompanham o ritmo alucinante dos adultos. Grande parte dos jovens de hoje não mantém ligação com os avós, também porque estes trabalham até mais tarde. O contacto com outras gerações passa por dar a conhecer a cultura e a história do país, assim como sensi-bilizar para o respeito de uma grande parte da população com vivências que nenhum programa escolar poderá abordar com tanta eficácia. A implementar nas escolas de todo o país”, refere.

Projetos nas escolasA Escola Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lis-boa, foi uma das pioneiras em projetos interge-racionais em Portugal, tendo criado, em 1996, um grupo intergeracional formado por alunos do ensino secundário e por idosos. Aberto a qualquer elemento da comunidade educativa, o projeto “Vamos Dar o Nosso Tempo aos Idosos” propunha levar aos mais velhos alegria, amor e solidariedade. Esse “tempo” era utilizado para

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conversar, ler livros ou revistas, ouvir música, tocar viola, orar, ajudá-los a tomar as refeições, passear a pé ou outras atividades. Também eram promovidos convívios na própria escola, com visitas dos idosos para assistir a peças de teatro ou simplesmente lanchar com os alunos, além de um jornal intergeracional feito em conjunto, entre outras iniciativas.

“Preservar Tradições, Aproximando Gera-ções” foi também um dos projetos desenvol-vidos pelo Agrupamento de Escolas de Vilela (concelho de Paredes). Consistia na desloca-

ção dos mais velhos à instituição para contar histórias tradicionais aos mais novos. Estes escolhiam depois uma delas e trabalhavam a sua dramatização, por exemplo, através da construção de fantoches, indo depois ao Cen-tro Social e Paroquial de Vilela representá-la. Outra atividade a cargo dos idosos era mostrar às crianças como se faz o pão, após a qual acabavam todos juntos a lanchar. Estas e ou-tras atividades eram dinamizadas por grupo de alunos do Curso Profissional de Animador Sociocultural, orientado por duas professoras. Atualmente, as atividades são desenvolvidas sobretudo a pedido da autarquia local.Estes são alguns exemplos dos benefícios para todas as partes da comunicação intergeracional entre crianças ou jovens e idosos, a começar pela partilha de saberes e de experiências, que arrasta consigo o prazer da descoberta, e acabando na troca de afetos, num maior conhe-cimento e maior bem-estar pessoal e social.

Dependendo das idades das crianças e jovens, são muitas as atividades possíveis. Ficam alguns exemplos:

Dos mais velhos para os mais novos: todas as atividades ligadas ao património cultural e artístico, como o resgate dos antigos jogos tradicionais, técnicas de artesanato ou ateliês de culinária;

Dos mais novos para os mais velhos: tudo o que está ligado às novas tecnologias, como ensinar a usar o computador, tablet ou smartphone, aceder à internet, usar programas de comunicação online e redes sociais, mostrar recursos como videojogos adequados (por exemplo, jogos de memória), ou até ensinar inglês;

Bidirecionais: contar histórias, tocar vários instrumentos numa pequena orquestra, cânticos, peças de teatro.

DE GERAÇÃO PARA GERAÇÃO

O contacto com outras gerações passa por dar a conhecer a cultura e história do país, assim como sensibilizar para o respeito da população mais idosa

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Seja inverno ou verão, desde tenra idade as crianças habituam-se a ir de carro para a escola. Mesmo em pe-

quenas distâncias, a mobilidade urbana vive atualmente um tempo de grande dependência do automóvel. Este fator reflete-se na menor ligação que as crianças têm ao meio que as envolve e na ausência de hábito em caminhar pelas ruas da sua cidade, o que não fomenta nem a sua auto-nomia nem o poder de orientação, contribuindo por isso para um estilo de vida mais sedentário.

Sendo Portugal um dos países da Europa com

maior número de crianças com excesso de peso, ir a pé para a escola seria, assim, uma excelente forma para ajudar a combater este problema de saúde pública. De acordo com os investigadores, as vantagens não se ficam por aqui. As crianças que caminham e fazem algum exercício logo de manhã estão mais aptas para realizar tarefas que exigem maior concentração ao longo do dia, como exercícios matemáticos ou quebra-cabeças. Esta conclusão resultou de um estudo apresentado na “Danish Science Week”, na Dinamarca. Na capital dinamarquesa, Copenhaga, mais de metade das

INDO EU, INDO EU A CAMINHO DA ESCOLAOs estudos comprovam que as crianças que caminham e fazem algum exercício logo de manhã estão mais aptas para realizar tarefas que exigem maior concentração ao longo do dia

AUTOCARRO HUMANO

Trata-se de uma mudança comportamental no uso do automóvel no que diz respeito à deslocação

para a escola

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crianças vai regularmente de bicicleta para a escola e, por isso, os mapas mentais que as orien-tam têm traços mais complexos e valorizados da realidade que os guia, concluiu o mesmo estudo.

Mais a sul da Europa, na cidade espanhola de Pontevedra, as crianças são desafiadas a caminhar sozinhas para a escola e no regresso a casa, contando com o auxílio de telefones de emergência, de voluntários que estão nos dife-rentes percursos e do Metrominuto, um mapa que liga os principais pontos da cidade e identifica a distância em minutos entre eles.

Apesar de em Portugal estarem ainda muito enraizadas práticas mais sedentárias no dia a dia de adultos e crianças nas suas deslocações em meio urbano, surge agora uma nova tendência europeia que poderá levar os portugueses a alterar os seus comportamentos. Prova disso são alguns projetos já implementados em Portugal. O

Em traços gerais, um projeto de “autocarro humano” funciona da seguinte forma: numa comunidade, os pais interessados em participar reúnem-se, recebem formação, estudam o trajeto e combinam um ponto de encontro diário, além de um revezamento para decidir quando exercerão a função de guiar as crianças pelas ruas. Se inicialmente este projeto pode causar desconfiança, os pais acabam por render-se às suas vantagens:

Aumento da autonomia e do sentido de responsabilidade das crianças;

Experiência enquanto equipa;

Interação com a comunidade;

Pontualidade na chegada à escola;

Prática do exercício físico;

Maior divertimento;

Maior segurança rodoviária;

Menos tráfego automóvel e emissões poluentes;

Poupança de dinheiro.

Como surgiu o conceito?

Dentro e fora da Europa já se implementou o “autocarro humano” há alguns anos. Países como a Suíça, a França, o Reino Unido, a Austrália e os EUA são exemplo de bom comportamento no que toca ao fomento da mobilidade autónoma das crianças. O conceito foi apresentado pelo australiano David Engwicht, em 1991, com a finalidade de estimular nas crianças a ida para a escola a pé e de reduzir os níveis de tráfego automóvel. Existe uma tendência para que este projeto se alargue a outros países, com vista ao crescente número de participantes. O promotor do projeto pode ser qualquer interveniente da comunidade escolar que tenha interesse em implementá-lo: coordenadores dos conselhos executivos, professores, associações de pais e familiares dos alunos.

COMO FUNC IONA O “AUTOCARRO HUMANO”?

Ir a pé para a escola é uma prática com inúmeras vantagens para as crianças, a nível físico e mental

Pedibus é um sistema de transporte coletivo que conta com a orientação dos pais, avós ou outros membros da comunidade, que acompanham as crianças até à escola, a pé. Pelo caminho fazem várias paragens para receber mais passageiros e estabelecem-se sistemas rotativos de acom-panhantes. Alvalade e Campo de Ourique foram os primeiros bairros lisboetas a receber este programa financiado pela União Europeia. Por outro lado, as Câmaras Municipais de Loures e do Barreiro e a Universidade Nova de Lisboa desenvolveram o projeto “Pé para a Escola”, finan-ciado pela Fundação Calouste Gulbenkian, com vista à criação de um “autocarro humano” para servir seis escolas do 1.º ciclo dos concelhos.

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QUANDO FOR GRANDE, QUERO SER EMPREENDEDOROs jovens são o futuro do país, e o futuro dá os primeiros passos na escola. Porque não integrar o empreendedorismo no currículo escolar? Ter projetos relacionados com a atividade empreendedora e empresarial na sala de aula irá prepará-los para a vida profissional e comprovar o impacto direto da educação no seu futuro

Os Ateliers Empreender Criança (no en-sino básico) e Academia Empreender Jovem (ensino secundário e técnico-

-profissional), lançados pela Associação Industrial Portuguesa (AIP), são um bom exemplo do que se pode fazer para aguçar o espírito empreendedor dos mais novos. Estas iniciativas arrancaram

nos estabelecimentos de ensino dos distritos de Lisboa, Setúbal, Castelo Branco, Guarda e Portale-gre, em mais de 80 escolas. A AIP procurou desta forma criar uma visão mais precoce da atividade empresarial e estimular a associação do empreen-dedorismo e da dinâmica do mundo dos negócios a valores positivos. “Temos crianças e jovens mais autónomos, com mais iniciativa e a ver o mundo de forma diferente, sobretudo a perceber que por trás de um problema pode haver uma oportunidade. Se conseguirem encontrar a solução para essa oportunidade, já estão a ser empreendedores, seja ao nível pessoal, académico, social ou, mais tarde, profissional”, explica Helena Caiado, responsá-vel pelo Departamento de Empreendedorismo e Cooperação Empresarial da AIP. Os participantes desenvolvem uma ideia de negócio que ponha em prática os conhecimentos adquiridos, sendo depois apresentada publicamente.

Manual para Jovens Empreendedores A Associação Coração Delta, em colaboração com a Universidade da Beira Interior, lançou em 2014 o “Manual para

Jovens Empreendedores: Comportamentos e Competências – Dos 13 aos 18 anos”, que tem como objetivo principal promover o empreendedorismo jovem. Este novo manual integra uma metodologia específica para os professores/formadores, jovens adolescentes e pré-universitários, sendo explorados nos exercícios propostos no livro duas dimensões: os comportamentos e as competências. Ao nível dos comportamentos, é trabalhada a inteligência emocio-nal, a orientação empreendedora, a gestão relacional, a responsabilidade social e o risco e superação. Ao nível das competências foca-se a comunicação, a liderança, a negociação, a criatividade e a inovação.

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Escolas mais empreendedorasPara se construir este espírito empreendedor nos jovens, o trabalho das escolas deve começar pela base: envolver os alunos e aguçar a sua perseve-rança e determinação, numa mentalidade que se quer cada vez mais empreendedora. O empreen-dedorismo pode até não ser um dom natural, mas pode e deve ser desenvolvido. E o entusiasmo des-sa aquisição conduz os alunos a apropriarem-se do seu sucesso. Quando descobrem habilidades que nunca pensaram ter – como o pensamento crítico, capacidade para resolver problemas, tra-balho de equipa, poder de comunicação –, crescem com vontade de serem empreendedores no futuro.

Aos projetos de empreendedorismo júnior da AIP juntam-se ainda outras iniciativas a nível nacional – como os programas StartIUPI e Junior Achievement Portugal –, que estão empenhadas em levar às escolas portuguesas atividades que desenvolvam nas crianças e jovens o gosto pelo empreendedorismo. Seguem, assim, a tendência de várias escolas e sistemas de ensino, dentro e fora da Europa, que estão a formar empreendedores para o futuro.

Um exemplo é a The Entrepreneurial School, uma das maiores iniciativas de educação para o empreendedorismo na Europa, cofinanciada pela Comissão Europeia através do Programa de Competitividade e Inovação. Tem como obje-

São quatro os fatores-chave que fazem a diferença ao trabalhar o empreendedorismo na sala de aula:

1. O feedback é fundamental por parte dos professores. Numa conversa construtiva, os alunos devem ser abordados individualmente para obterem orientações sobre o melhor caminho a seguir;

2. Se estiverem motivados, os alunos desempenharão melhor as suas funções. Para o efeito, os professores deverão incentivá-los a desafiarem-se constantemente e a acreditarem nas suas capacidades;

3. Se os alunos sentirem que o professor os acompanha no desafio, reunirão mais condições para levar a cabo as tarefas de que são incumbidos. É importante que sintam que são tratados individualmente, reconhecendo as suas diferenças e aptidões;

4. Trabalhar em equipa é fundamental para a troca de ideias, o desenvolvimento da comunicação e a experiência interativa. A comunicação entre todos é indispensável para a obtenção de um resultado com sucesso.

PONTOS ESSENC IA IS

tivo apoiar o desenvolvimento profissional dos professores na aplicação da cultura empresarial em vários temas e ambientes de aprendizagem (básico, secundário e profissional).

As atividades deste projeto foram desen-volvidas por grupos constituídos a nível local em países como a Dinamarca, Finlândia, Itália, Noruega, Polónia, Portugal, Eslováquia e Reino Unido, compostos por personalidades da área da educação, empresas, Governos e sociedade civil. Estas iniciativas de educação empresarial comprovam que as escolas estão empenhadas em criar uma cultura empresarial. Tudo isso requer uma estreita cooperação entre as di-ferentes partes interessadas e a vontade de adquirir uma aprendizagem em moldes mais inovadores.

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A BRINCAR TAMBÉM SE APRENDEOs tempos de pausa são fundamentais para que as crianças e jovens pratiquem atividade física, estabeleçam relações com os seus pares, cresçam social e emocionalmente e assimilem melhor os conhecimentos transmitidos durante as aulas.

O toque da campainha faz anunciar a chegada do tão esperado intervalo. Este momento de pausa é de tal forma

decisivo para o desenvolvimento equilibrado das crianças e jovens que as Nações Unidas já o elegeram como um dos fatores essenciais para o bem-estar infantil. Um ponto de vista par-tilhado pela Academia Americana de Pediatria, a quem coube emitir guidelines que aconselham o estabelecimento de períodos de pausa entre as aulas que sejam interessantes e estimulantes e nos quais os alunos se sintam seguros física e emocionalmente. Numa primeira análise, o recreio assume-se como um espaço privilegiado para que os mais jovens enriqueçam as suas aprendizagens sociais e emocionais, ao dar--lhes a oportunidade de se relacionarem com os seus pares.

Ao brincar no recreio, os alunos comunicam, constroem e desenvolvem amizades, cooperam, adaptam-se aos outros e ao meio envolvente, escolhem, tomam decisões, negociam, reforçam a sua autoestima, aprendem a lidar com o stress, a resolver problemas e conflitos, a gerir tensões interpessoais, a respeitar os outros e a ter auto-controlo, afirmando-se, enfim, como seres sociais. Este conjunto de ferramentas permanecerá com eles ao longo de toda a vida.

Sucesso escolar e recreioDesengane-se quem julgar que o tempo de intervalo é a antítese do tempo de aprender, inclusive no plano académico. Os períodos de

Sem condicionar a liberdade de expressão e de ação dos mais novos, o recreio deve ser um espaço seguro e supervisionado. Com este objetivo em mente, há medidas que as escolas podem tomar para proteger os seus alunos e, ao mesmo tempo, salvaguardar o seu direito a brincar e desfrutar do tempo de intervalo livremente, tais como:

Disponibilizar espaços e instalações adequadas e seguras;

Assegurar a manutenção dos equipamentos;

Promover (sem impor) a realização de atividades desportivas que estimulem a aprendizagem de jogos e de regras e favoreçam a resolução de conflitos;

Estabelecer uma política clara de prevenção/combate ao bullying e a qualquer outro tipo de comportamento agressivo/violento;

Proporcionar a vigilância dos recreios por parte de adultos qualificados para o efeito, que ajudem a resolver conflitos e atuem no caso de a segurança física ou emocional de algum dos alunos estar em risco.

A IMPORTÂNC IA DA SUPERV ISÃO

recreio são determinantes para que crianças e jovens possam assimilar de forma mais eficaz os conhecimentos veiculados na sala de aula. Um estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Stanford mostra que os intervalos contribuem positiva e decisivamente

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para melhorar a qualidade do ensino e que podem fazer a diferença a este nível, sobretudo nos estabelecimentos de ensino frequentados por estudantes inseridos em contextos social e economicamente desfavorecidos.

Para que o processo cognitivo dos mais jo-vens seja otimizado são necessários períodos de interrupção depois de períodos de concentração e aquisição de conhecimentos. Estes momen-tos de pausa contribuem quer para diminuir o stress e as distrações que interferem no pro-cesso cognitivo quer para combater o cansaço e, segundo a Academia Americana de Pediatria, possibilitam que os alunos, ao regressarem à sala de aula, se revelem mais atentos e produ-

tivos. Além de ajudar a melhorar o desempenho escolar, o recreio propicia ainda assiduidade e o estabelecer de uma atitude genericamente mais positiva quanto ao processo de aprendizagem.

Em função de tudo isto, são várias as vo-zes que se erguem contra o encurtamento dos tempos de pausa. Nuno Lobo Antunes, neurope-diatra, argumenta, por exemplo, que a tendên-cia de “aumento da carga horária com redução dos intervalos” lhe parece “uma ideia funesta”. Constatando que em Portugal “os recreios são supersónicos”, o psicólogo Eduardo Sá afina pelo mesmo diapasão, defendendo que “mais re-creio significa maior rendimento escolar”. Duas opiniões que, longe de serem únicas, refletem as recomendações da Academia Americana de Pediatria, apologista de que “intervalos segu-ros e supervisionados acarretam benefícios cognitivos, emocionais, sociais e físicos, que são manifestamente limitados quando se toma a decisão de encurtar esses períodos”.

O recreio ajuda a contrabalançar os períodos de sedentarismo vividos durante o tempo letivo e em casa

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OS BENEFÍCIOS DAS HORTAS ESCOLARESUrbanas ou rurais, as hortas estão cada vez mais na moda. Kits de jardinagem, workshops, oficinas de agricultura nas férias, são várias as ofertas que cativam miúdos e graúdos a dar os primeiros passos no cultivo de fruta e vegetais na escola, em casa ou no jardim

Em Portugal há um número crescen-te de pessoas a aderirem ao cultivo de hortas em ambiente urbano. E se

as famílias estão a seguir esta tendência, com espaço de cultivo a surgirem em espaços mais reduzidos como varandas ou páteos, as ins-tituições de ensino são também as grandes responsáveis por este regresso às práticas agrícolas com as hortas escolares a ganhar uma nova força. Um dos maiores desafios da escola do século XXI passa por estabelecer

métodos de ensino inovadores, que facilitem a aprendizagem. E a solução passa precisamente por dinamizar conteúdos teóricos em aulas mais práticas, de preferência no exterior. A verdade é que se “aprende muito através de uma horta”, como constatou o vereador da Câ-mara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, ao explicar a componente pedagógica do pro-grama “Hortas na Escola... Legumes no Prato, um projeto lançado em abril de 2016, pelo município de Lisboa e pela Lisboa E-Nova, com o objetivo

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de dinamizar a criação ou requalificação de hortas escolares e ao mesmo tempo despertar nas crianças o interesse por uma alimentação saudável e por um consumo sustentável. Para já, serão 11 as escolas envolvidas nesta “expe-riência de educação para a sustentabilidade”.

Miúdos com as mãos na terraÉ nesta perspetiva que este e outros projetos nacionais de hortas escolares se enquadram. Através das práticas de cultivo inseridas no tempo letivo, não só se aprende a interação com o solo, os organismos que nele habitam, as plantas e os ciclos naturais mas também se verifica uma aproximação das crianças com o ambiente. A começar pela produção dos alimen-tos sem substâncias químicas, nocivas para a saúde, as crianças sensibilizam-se para a conservação da natureza. A nível da educação nutricional, as crianças aprendem a consumir a quantidade de vegetais recomendada. Entre os benefícios alcançados com a dina-mização de hortas escolares destacam-se os principais: dar a conhecer a importância da agricultura biológica, exemplificar práticas associadas a este cultivo, sensibilizar para o consumo dos produtos naturais para uma alimentação saudável e equilibrada e, ainda,

Desde 2013, a Associação Portuguesa de Agricultura Biológica e a Associação Bandeira Azul da Europa convidam as escolas da Rede Eco-Escolas a participar num concurso de hortas escolares. A inscrição pode ser feita no site hortasbio.abae.pt e o o prémio é atribuído a projetos que obedeçam aos seguintes critérios:

Promovam hortas escolares que sigam os princípios da agricultura biológica;

Sejam um modelo de sustentabilidade e de envolvimento da comunidade escolar;

Incentivem a participação ativa dos alunos;

Fomentem a interdisciplinaridade.

PRÉM IO HORTAS ESCOLARES

comprovar os benefícios de brincar ao ar livre. Diana Henriques, responsável da Lisboa E-Nova e gestora do projeto “Hortas na Escola... Legumes no Prato”, constata essa realidade: “Os alunos adoram. Podem pôr as mãos na terra, ver as plantas a crescer...”, contando que numa das escolas envolvidas as crianças fizeram uma sopa com legumes da sua horta e no final garan-tiram que “era a melhor que já tinham comido”. Dado o sucesso, prevê-se agora que o número de escolas envolvidas aumente de 11 para 90.O resultado são também alunos mais conscien-tes, e este efeito pode estender-se aos pais, amigos e toda a comunidade. Estes projetos de hortas escolares são o ponto de partida para um novo modelo educacional, com a alimentação, ecologia e saúde em destaque. Se este espírito for cultivado desde tenra idade, são criados hábitos que perduram a vida inteira.

A eficácia das hortas escolares passa pelo impacto positivo sobre as preferências dos vegetais por parte das crianças

MANUAL D E B O AS PRÁT I C AS

Com textos e ilustrações de Sílvia Silva, “A Horta Biológica é + pedagógica - Manual de Boas Práticas para as Hortas Escolares” é uma edição

desenvolvida pela Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais e tem como objetivo explicar os benefícios da criação das hortas nas escolas,

os princípios da agricultura biológica e as suas técnicas e aplicações. Para consultar esta edição, pode aceder à página: www.sra.pt/hortabiologica.pdf.

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A ESCOLA VAI AO JARDIM ZOOLÓGICOConheça os programas educativos que convidam professores e alunos a fazerem do Jardim Zoológico de Lisboa uma verdadeira sala de aula

Na década de 90, o célebre progra-ma de televisão Arca de Noé, da RTP, lançava o mote: “Vamos fazer amigos

entre os animais”. Hoje em dia, porém, além de estimular os laços de amizade entre seres humanos e os cerca de dois mil animais, dis-tribuídos por 330 espécies diferentes, que ali habitam, o Jardim Zoológico de Lisboa vai mais longe e propõe mesmo: “Vamos fazer aprendi-zagens entre os animais!” Afinal, desde 1996 que, sob o lema “Educar para Conservar”, o Centro Pedagógico do Jardim Zoológico de-senvolve programas educativos gratuitos para as escolas que o visitam, contribuindo assim para cimentar um dos pilares fundamentais da atuação do Zoo: a educação ambiental.

Com a chancela do Ministério da Educação, estes programas adequam-se aos diferentes níveis de ensino, desde o pré-escolar até ao se-cundário. Para contextualizar e complementar os conhecimentos transmitidos na sala de aula, fazendo a ponte entre a escola e o mundo real, os conteúdos veiculados pelo Centro Pedagógi-co incidem particularmente sobre as seguintes áreas: Conhecimento do Mundo, Estudo do Meio e Competências TIC, Ciências Naturais, Geogra-fia, História, Biologia e Geologia. E propõem-se a atingir os seguintes objetivos:

• Educação pré-escolar – Compreender con-teúdos relativos à biologia animal e perceber as razões pelas quais os animais estão em perigo de extinção;

• 1.º ciclo do ensino básico – Partir à des-

coberta dos seres vivos e do seu ambiente, fomentar atitudes de respeito pela vida e pela Natureza e sensibilizar para a conservação das espécies em vias de extinção;

• 2.º e 3.º ciclos do ensino básico – Conso-lidar conhecimentos relativamente à vida e à diversidade de seres vivos e ecossistemas, identificando perigos para o ambiente e sen-sibilizando para a conservação das espécies em vias de extinção;

• Ensino secundário – Consolidar e apro-fundar conhecimentos sobre a diversidade de seres vivos e ecossistemas e sua respetiva

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ÚT I L E AGRA D ÁVE L

CÂMARA CANON IXUS 175, CINZARef.ª 440634

ACTION CAM SBS C/ LCD FULL HDRef.ª 450507

LANCHEIRA SMARTKIDS COLORFULL OU RACECARRef.as 444414 e 444411

evolução, identificar perigos para o ambiente e sensibilizar para a conservação das espécies em vias de extinção.

Sempre a aprender A somar aos programas educativos adequados a cada nível de ensino, existem outras ativi-dades para que professores e alunos possam continuar a aprender com o Jardim Zoológico:

• Dia Aberto ao Professor – Para comemorar o Dia Mundial do Professor, assinalado a 5 de outubro, a cada ano letivo o Centro Pedagó-gico do Jardim Zoológico promove atividades exclusivas para apresentar o novo Programa de Educação. De acesso gratuito, mediante ins-crição prévia;

• O Zoo Vai à Escola – Para os professores que pretendam organizar uma atividade no âm-bito do Plano Anual de Atividades com os seus alunos “dentro de portas”, o Jardim Zoológico desloca-se às respetivas escolas, quer presen-cialmente (apenas disponível para escolas da Área Metropolitana de Lisboa), quer virtual-mente, através de sessões de videoconferência, com o programa Skype-in-the-classroom;

• À Noite no Zoo – Uma oportunidade úni-ca de passar uma noite no Jardim Zoológico, observando os animais que vivem na sombra do crepúsculo e dormindo entre os rugidos dos leões e o olhar atento e luminoso dos tigres.

PARCEIRO CARTÃO STAPLES PROFESSOR +

Leve o o seu Cartão Staples Professor + na sua próxima visita ao Jardim Zoológico de Lisboa e

beneficie de descontos exclusivos. Conheça todas as condições em www.staples.pt.

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ÚT I L E AGRA DÁVE L

DOSSIER LEITZ STYLE A4 4 ARGOLAS SORTIDORef.ª 401244

PAPEL FELTRO A4 PACK 10Ref.ª 102201

KIT SALVA LIVROS AMIRef.ª 757809

APRENDA A DECORAR...

UM DOSSIER OU CADERNO

Cortar os elementos decorativos. Decorar o dossier ou caderno. Forrar com papel autocolante a área decorada.

Prepare todos os materiais para um regresso às aulas em grande!

M AT E R I A I S :• caderno ou dossier

• decorações em feltro

• cartolinas coloridas

• papel autocolante

• tesoura e cola

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ÚT I L E AGRA D ÁVE L

ROLO DE FOLHA 40x30 EVA DECORAÇÕES LUNARES OU FLORES SORTIDORef.as 407091 e 407094

PACK 24 OLHOS ADESIVOS 15 MM SORTIDORef.ª 445737

COLA UNIVIVERSAL UHU 35 MLRef.ª 499109

APRENDA A FAZER...

UM MEALHEIRO

Cortar a cartolina com as medidasda lata; para o cabelo, cortar evacom 20 cm de diâmetro, fazer umpenteado e uma ranhura.

Colar a cartolina, cobrindo a lata, e decorar com os olhos, o nariz e o bigode.

Colocar o cabelo sobre a lata e fixar com um elástico.

O resultado final é um prático mealheiro para guardar moedas.

M AT E R I A I S :• 2 folhas de eva colorida

• 1 cartolina

• 2 olhos divertidos

• 1 elástico escolar

• 1 pompom

• 2 etiquetas coloridas

• 1 lata de salsichas

• tesoura

• cola

CONTEÚDO EM PARCERIA COM O ROTEIRO ESTRELAS E OURIÇOS - ESTRELASEOURICOS.SAPO.PT

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ÚT I L E AGRA DÁVE L

TESOURA MAPED KOOPY 13 CM S/ ESFORÇORef.ª 435654

ATACHES STAPLES LATONADOS N. 5. N 5 BL100Ref.ª 56457

BLOCO 10 CARTOLINAS MAB 180 G A3 OU A4 SORTIDORef.as 104985 e 169182

APRENDA A FAZER...

UM MOINHO DE PAPEL

Cortar as cartolinas coloridas em quadrados de 10 x 10 cm. Fazer, em cada canto, um corte na diagonal em direção ao centro.

Com a ajuda de um pau, fazer um furo em cada vértice esquerdo de cada triângulo e outro no centro.

Passar o atache em cada um dos furos e por fim no centro. Dobrar as pontas do atache sobre o pau, para fixar o moinho.

No final, colocar os moinhos num frasco de vidro e esperar que o vento lhes dê vida.

M AT E R I A I S :• 3 cartolinas coloridas

• 3 paus de espeto

• 3 ataches

• tesoura

• frasco de iogurte

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WORKSHOP EM MUSICOTERAPIA 3 de setembroO workshop em Musicoterapia destina-se a músicos, professores, educadores de infância, terapeutas, artistas e outros interessados pela temática. Acreditada pela DGERT, pela Universidade Fernando Pessoa e pela Universidade Portucalense, a formação terá lugar no Porto e está agendada pelo CRIAP - Psicologia e Formação Avançada. Este workshop vai ajudar a que compreendam e sintam a função terapêutica da música, percebendo a sua influência no desenvolvimento das crianças, estímulo da imaginação, motivação e autoconsciência. Mais informações em www.institutocriap.com.

ENCONTRO VERDE 20169 e 10 de setembroA Associação Nacional de Professores (ANP) vai realizar no auditório da Casa da Portela, em Amarante, o evento Encontro Verde 2016 subordinado ao tema “Educação para o Desenvolvimento Sustentável – A interdependência entre seres vivos”. Este evento tem como principal finalidade

proporcionar um espaço de discussão, reflexão e ressignificação de práticas docentes no domínio da educação ambiental. Para mais informações sobre o programa e as inscrições para o evento consultar o site da ANP https://anprofessores.pt.

PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDIAÇÃO DE CONFLITOS EM CONTEXTO ESCOLAR 1 de outubro (Lisboa) e 14 de outubro (Ponta Delgada)A Mediação de Conflitos em Contexto Escolar possibilita que todos os intervenientes possam desempenhar um papel responsável e ativo na resolução dos seus problemas. Pensado para professores (ensino básico, secundário, educação especial), educadores, psicólogos, psicopedagogos, assistentes sociais, técnicos de ação educativa, entre outros profissionais, este curso promovido pelo centro de formação Red Apple, em Lisboa e em Ponta Delgada, tem a duração de 102 horas (42 horas de formação em sala: aulas teórico-práticas + 60 horas de formação online e autoestudo). O objetivo é que os formandos fiquem aptos para elaborar, planear, gerir e avaliar Projetos de Mediação de Conflitos em Contexto Escolar, podendo esta pós-graduação possibilitar uma valorização curricular. Mais informações em red-apple.pt.

AÇÕES E FORMAÇÕES NOS PRÓXIMOS MESESFique a par de algumas formações, conferências e outras atividades para professores que vão decorrer no próximo ano letivo

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COMO PREVENIR A EXAUSTÃOEsta síndrome constitui um dos maiores problemas psicossociais da atualidade e preocupa as entidades governamentais e empresariaisTexto de Teresa Paula Marques psicóloga clínica

Um recente estudo realizado pelo ISPA – Instituto Universitário revelou que cerca de 30% dos docentes dos 2.º e 3.º

ciclos e secundário estavam em burnout. Esta percentagem fica um pouco acima dos números habituais registados nos outros países, que rondam 15% e 25%. O termo burnout não tem um equivalente em português, sendo encarado como sinónimo de exaustão. A definição mais utilizada no âmbito da psicologia é da autoria de Maslach e Jackson, sendo vista como uma síndrome tridimensio-nal, que se caracteriza por esgotamento emocional, despersonalização e falta de realização.

O esgotamento emocional corresponde a uma situação na qual os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos, que a sua energia se esgotou, assim como os seus recursos emocio-nais, devido ao contacto diário com uma série de situações difíceis. No que toca à segunda di-mensão (despersonalização), esta manifesta-se pela emergência de sentimentos e de atitudes negativas dirigidas aos sujeitos destinatários do trabalho. A terceira dimensão – falta de realização

– expressa-se através da tendência do sujeito para avaliar negativamente o seu desempenho.

Sinais e sintomas Os sintomas inicialmente podem ser confundidos com um estado depressivo, daí que seja impor-tante consultar o médico de família para que seja efetuado o diagnóstico diferencial. Assim, os sintomas físicos podem ser constantes dores de cabeça, tonturas, alterações do padrão do sono,

problemas digestivos, falta de ar, sensação permanente de cansaço. Já os sintomas psíquicos incluem ansiedade, dificuldade de concentração, oscilações de humor, desmo-tivação, isolamento social. Além disto, surgem outros

sinais, como a lentidão em todas as tarefas que tenham a ver com a atividade profissional, assim como faltar ou chegar atrasado muitas vezes ao trabalho.

ConsequênciasEsta síndrome constitui um dos maiores pro-blemas psicossociais da atualidade, pelo que preocupa não só a comunidade científica mas

COMECE O A N O L E T I VO D E F ORMA SA UDÁV E L

Finalizadas as férias, inicia-se o ano letivo. De nada vale encarar esta etapa com pessimismo, uma vez que esse tipo de atitude só aumenta a desmotivação. É importante refletir no que cada um pode mudar na sua vida para que se

sinta mais feliz e calmo. A organização do tempo e o planeamento do dia a dia são essenciais para chegar a um equilíbrio. Com impactos positivos a nível físico e psicológico, é também recomendada a prática de atividade

física. Além disso, é importante organizar os horários profissionais e pessoais de forma a ter tempo livre e evitar o isolamento, sobretudo em pessoas cuja atividade profissional envolve altos níveis de stress.

A prevenção constitui o melhor caminho para evitar o surgimento da síndrome de burnout

SÍNDROME DE BURNOUT

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também as entidades governamentais e empre-sariais. Estas preocupações devem-se ao facto de o sofrimento do indivíduo ter consequências diretas no seu estado de saúde e no desempe-nho profissional. Trata-se de um distúrbio muito comum em profissões que requerem um contacto direto com pessoas, especialmente quando a relação é de ajuda, como agentes da autoridade, técnicos de saúde e professores.

Certo é que o burnout afeta não só o profes-

sor mas também o contexto educacional, uma vez que o mal-estar sentido pode originar problemas de saúde, perda de motivação, irritabilidade, au-mento dos níveis de absentismo e abandono da profissão, interferindo na concretização dos objetivos pedagógicos. Para além disso, pode conduzir os docentes a estados de desumaniza-ção e apatia, havendo um forte impacto a nível da organização escolar e na relação diária com os alunos.

Certo é que, fruto deste estado de stress intenso, é comum a adoção de atitudes nega-tivas por parte dos docentes face aos alunos. Sabemos que uma boa relação na sala de aula é fundamental para a aprendizagem, e neste caso tudo está comprometido. A longo prazo, a sinto-matologia vai ficando cada vez mais grave e as consequências mais comuns são a depressão, tal como o consumo excessivo de substâncias como o álcool. Em termos profissionais, irá refletir-se numa redução da qualidade educacional e na falta de eficácia. Muitos professores acabam por abandonar a atividade ou mantêm-se de baixa médica por tempo prolongado.

APOSTAR NA PREVENÇÃO

A prevenção constitui o melhor caminho para evitar o surgimento da síndrome de burnout. Sabemos que à medida que o ano letivo vai avançando, o volume de trabalho tende a aumentar, pelo que é mais fácil cair numa situação de exaustão física e emocional. Importa criar um bom ambiente de trabalho, que possa servir de rede de apoio quando o stress começa a acumular-se. Existem algumas estratégias que poderão ser bastante úteis, como a criação de espaços onde seja possível debater problemas que a todos atingem e, sobretudo, encontrar soluções para os ultrapassar. Investir na formação e atualização de conhecimentos é igualmente importante. Deste modo, o docente não sentirá que estagnou na sua profissão e poderá fazer uso de novas estratégias. Para além disso, o contacto com os colegas de outras escolas permite muitas vezes relativizar os problemas e também partilhar métodos para os solucionar.

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COMO TER ALUNOS MAIS ATENTOS DURANTE AS AULASConseguir captar a atenção de uma criança durante uma hora pode ser um desafio difícil de superar. Ana Manta, psicólogia infanto-juvenil, dedicou-se ao tema e criou um método de aprendizagem que promete devolver o foco e a concentração dentro da sala de aula. O truque é simples: aprender a brincar

A era da modernidade trouxe novos desafios à concentração das crianças, sobretudo na escola. Há 20 anos não

havia tablets, telemóveis ou jogos interativos a puxar os miúdos para a rotina digital e a “roubar--lhes” tempo útil e mental das tarefas escolares. Hoje, tecnologia e ensino esforçam-se para coe-xistir e até entreajudar-se, mas, como em todos os processos de evolução ao longo dos tempos, nem sempre tudo é pacífico.

Ana Manta, psicóloga especializada na infân-cia e adolescência, recusa cenários catastrófi-cos, mas admite que o facto de os miúdos serem constantemente bombardeados com informação digital e animada pode estar na origem dos bai-xos níveis de atenção na escola. “As crianças são invadidas por uma série de informação visual que a nossa sociedade lhes dá desde que nas-cem e ninguém se lembra que os seus cérebros não estão preparados para a gestão de tantos estímulos. O mais natural é que a capacidade de concentração se disperse, para darem atenção a muita coisa, acabando por não se consegui-

rem concentrar no básico.” E explica: “Em termos neurológicos, todos os processos percetivos in-fluenciam diretamente os processos cognitivos, ou seja, se não conseguirmos captar corretamen-te as informações do meio, não conseguiremos compreender a informação e armazená-la de forma correta. Daí ser tão importante trabalhar a capacidade de concentração”. Como? Através de estímulos sensoriais que ajudem a arrumar e a distribuir a informação durante o processo de aprendizagem.

Foi com base nesta premissa que Ana Manta desenvolveu o método “Sebastião Presta Aten-ção” (disponível no livro Motivar Os Seus Filhos Para o Estudo), cujo desafio é aumentar os níveis de concentração das crianças através de ativi-dades que combinam as vertentes pedagógica e lúdica, com jogos e exercícios práticos que podem transformar uma revisão de matéria num momento de brincadeira. “A perceção e a prática são processos inter-relacionados e re-sultado desta integração sensorial. Estimulando os sentidos, conseguimos maior concentração.”

SALA D E AU L A N O R ECRE I O

Aproveitar a areia do parque infantil para esconder objetos de plástico como formas geométricas, letras ou números pode ser uma caça ao tesouro muito divertida, sobretudo quando os participantes

estão de olhos vendados, sendo assim obrigados a identificar cada objeto unicamente através do toque. Aproveitando os dias soalheiros de verão, a psicóloga propõe ainda uma aula de

pintura mais original, na qual as tradicionais aguarelas são substituídas por sumos de várias cores (em pó, diluídos em pouca água), que vão libertando as suas fragrâncias a cada pincelada.

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Crianças concentradas são mais felizesPara conseguir reverter o problema da falta de concentração das crianças, que parece proliferar hoje em dia, é importante também desmistificar a questão da hiperatividade e não fazer generalizações. A forma como as aulas tradicionais ainda são programadas não oferece grande desafio aos mais jovens, habituados à frenética dos ecrãs. Eles querem e precisam de interatividade, de matéria que os consiga interessar sem que deem pelo esforço. A solução passa por incluir no plano pedagógico tarefas e jogos que façam puxar pela cabeça. “Temos cinco sentidos para percecionarmos o mundo que nos rodeia; usamos cada um durante todo o dia e mesmo quando estamos a dormir eles estão alerta. Trabalham dia e noite como sentinelas para que o cérebro esteja avisado de tudo o que se passa em redor”, diz, rematando: “Crianças concentradas são crianças mais felizes.”

Visão - As famosas mandalas para adultos já demonstraram ser eficazes contra o stress, a ansiedade e a depressão, e imagine-se o que podem fazer de benéfico pela capacidade cognitiva de uma criança. Dentro da mesma temática, também o clássico Onde Está o Wally? pode fazer maravilhas pela cultura visual dos mais novos.

Audição - Exercício musical, que depende apenas de um leitor de música, um bloco de notas e uma caneta. O desafio passa por pôr as crianças a ouvir uma música - repetindo-a duas ou três vezes - e pedir-lhes que apontem todos os verbos/nomes próprios/adjetivos que encontrarem.

Paladar - Prova cega de salada de fruta, durante a qual a criança é desafiada a identificar cada um dos frutos.

TRE INAR OS SENT IDOS

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A GEOMETRIA DO ORIGAMIAliando imaginação, conhecimento e habilidade, a milenar arte japonesa da dobragem do papel é, desde há muito, uma ferramenta valiosa e alternativa para ensinar matemática de forma mais original

São muitas e conhecidas as relações entre a arte do origami e a geometria, a começar pela forma do papel esco-

lhido e pelo modo como as suas dobras levam às diferentes divisões de planos e ângulos, numa sucessão de conceitos matemáticos que tornam esta milenar arte japonesa numa ferramenta muito eficiente para o ensino destas matérias.A construção de um origami parte sempre da dobragem de uma folha de papel num quadra-do perfeito. Dobrando esse quadrado, podem obter-se triângulos e outros polígonos, con-soante a forma como se dobra o papel e o que se pretende construir. E é nesta utilização de diferentes figuras geométricas que os alunos podem perceber, de uma forma recreativa, a rela-ção direta que se estabelece entre a construção de um origami e a matemática. Um dos melhores exemplos de como o origami permite explorar conceitos geométricos é o da construção dos sólidos platónicos: tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro e icosaedro (todos eles poliedros convexos cujas faces são polígonos regulares).Na Universidade de Coimbra, por exemplo, a formadora Joana Teles dinamiza as oficinas temáticas Frações e Geometria com Origami, nas quais alunos dos 3.º e 4.º anos de escolaridade aprendem matemática através da dobragem de papel, nomeadamente conceitos de frações,

áreas, posições relativas de retas, polígonos, classificação de ângulos, entre outros. Da mesma forma, Fátima Granadeiro, mestre em Origami e Geometria, professora reformada do ensino básico na variante de Matemáticas e Ciências, tem desenvolvido o ensino do origami em Portugal quer em escolas do ensino básico e secundário quer na realização de ateliês em colaboração com a Embaixada do Japão, tendo o mais recente decorrido na Festa do Japão, em Lisboa, em junho de 2016. “Se pretende iniciar os seus alunos no estudo das frações, nomeadamente na fração 1/2, promo-vendo a interligação entre diferentes polígonos, utilize como ponto de partida o quadrado. As

O ORIGAMI NO ENSINO DA MATEMÁTICA

O projeto Matemática em Ação, da Universidade dos Açores, tem como objetivo divulgar, junto

de educadores e professores, atividades diversificadas de promoção do ensino da

matemática com recurso a jogos e diversos materiais manipuláveis. Saiba mais sobre a

integração do origami no ensino damatemática em http://sites.uac.pt/mea/

files/2014/01/am-13-14-14B.pdf,

ENSINO DA MATEMÁTICA

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Ú T I L E A GRA DÁV E L

Folha de Papel Kraft100x70 Cores sortidas

novas figuras de origami, devido ao trabalho do japonês Akira Yoshisawa, criador do con-ceito de “dobragem criativa”. Para além de ter inventado todo um conjunto de novos métodos de dobragem, que ajudariam a popularizar o origami um pouco por todo o mundo, são-lhe atribuídas mais de 50 mil novas esculturas de papel que obedecem a regras, como a de utilizar apenas folhas quadradas, que nunca podem ser cortadas ou coladas. A partir daqui, e com a dose certa de conhe-cimento e habilidade, a imaginação é o limite, como o comprovam as cada vez mais inovado-ras técnicas de dobragem, que já permitem, por exemplo, a criação de insetos anatomicamente corretos.

diferentes maneiras de dobrar o quadrado ao meio permitem trabalhar/relembrar os diver-sos polígonos que as compõem”, explica no seu blogue Origami e Educação (http://origami-edu-cacao-fg.blog.com) Na sua origem, a palavra origami significa “do-brar papel”, e, embora essa arte esteja desde há muito disseminada pelo mundo, foi durante séculos encarada com uma mera recreação para as classes mais abastadas no seu país de ori-gem, o Japão. No entanto, a dobragem de papel foi pela primeira vez introduzida no ensino na Europa, em meados do século XIX, através do pedagogo alemão Friedrich Fröbel. Só durante a década de 50 do século XX começaram a surgir

Atualmente, as técnicas do origami são motivo de pesquisa pelas mais variadas ciências. Alguns métodos de dobra são já utilizados no design de velas solares dobráveis e painéis de satélites. As diferentes sequências de dobragem são também estudadas na engenharia informática, numa área de pesquisa já conhecida como computational origami, que junta a ciência da computação com a matemática do origami para desenvolver algoritmos relacionados com a dobragem de papel, utilizados, por exemplo, na indústria automóvel para o design de airbags. Já foram criados modelos de papel com o intuito de auxiliar o estudo do arranjo dos átomos nas moléculas e os estudos dos movimentos feitos no origami são também cada vez mais utilizados na robótica e na automatização de atividades com materiais flexíveis, como dobrar camisas ou jornais.

COMPUTAÇÃO E ROBÓT ICA

A dobragem de papel foi incluída pela primeira vez no ensino na Europa no século XIX, através do pedagogo alemão Friedrich Fröbel

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ESPECIAL REGRESSO ÀS AULAS

1 Mochila Ergonómica Explore Futebol ou RosaRef.ª 445764; 445773

2 Calculadora Científica Casio Fx-82MsRef.ª 485693

3 Flauta HohnerRef.ª 592891

4 Lápis de Cor BIC® Kids Tropicolors 2. Caixa de 12 ou 24 unidadesRef.ª 211689; 211695

5 Garrafa Staples 0,35L Azul ou RosaRef.ª 430947; 430953

6 Plasticina Jovi Barras 14G Caixa de 6 ou 15 unidadesRef.ª 59058; 467038

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7 Bloco de Desenho Staples 120G 24 Folhas A3 ou A4Ref.ª 787462; 791739

8 Compasso Maped Origin 3 PeçasRef.ª 443337

9 Pincel Mab nº 1Ref.ª 189330

10 Lápis MabRef.ª 65421

11 Tesoura Escolar 13 CmRef.ª 59256

12 Conjunto Staples Régua, Transferidor e 2 EsquadrosRef.ª 199959

13 Bloco Papel Lustro 10 Folhas A3 ou A4Ref.ª 170886; 592462

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DIA A DIA

Secretária Kelvin 140X73x59 BrancoCom grande arrumação e num tom brilhante. Em MDF. Ref.a 140886

Multifunções Canon Pixma MX475A4. Jato de tinta a cores. Redes Wireless - LAN Suportada.Ref.a 343413

Disco Toshiba Connect II 1 TB 2,5”Portátil, de fácil transporte com USB 3.0. Preto. Ref.a 404466

Smartphone Wiko Sunset2 8Gb Preto Memória RAM 512MB, Processador Dual Core Cortex-A7 1.3 GHz, Ecrã 4”.Ref.a 437694

Cadeira Executivo King PretoAltura do assento e do encosto regulável. Suporte lombar. Ref.a 71799

Computador HP Slimline 411-A000NPProcessador Intel® Celeron® N3050 1.6GHz. Memória RAM 4GB. Disco Rígido 1TB. Ref.a 435840

Portátil HP 15-AC141NP I7 15.6”Processador Intel® Core™ i7-4510U 2.0GHz. Memória RAM 6GB. Disco Rígido 500GB Ref.a 447306

Rato HP X4500 Wireless PretoTecnologia laser, num design moderno. Bateria de de longa duração.Ref.a 441372

Tablet Alcatel Pixi 3 10” + TecladoProcessador Quad-Core 1.3 GHz. Ecrã 10.1” IPS. Capacidade 8GB. Memória RAM 1GBRef.a 436104

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A PENSAR NOS PROFESSORES, SELECIONÁMOS UM CONJUNTO DE PRODUTOS ESSENCIAIS À SUA ATIVIDADE, QUE PODERÁ ENCONTRAR À VENDA NUMA LOJA STAPLES OU EM WWW.STAPLES.PT

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Lapiseira Staedtler Mars Micro. Disponível em 0,5 + Mina E 0,7 + MinaRef.a 442188; 442191

Esferográfica Pilot Frixion. Disponível em Azul e PretoRef.a 800501; 800527

Porta Giz MabRef.a 563706

Marcador Fluorescente Stabilo Neon Sortido de 4 UnidadesRef.a 328143

Candeeiro Estirador E27 Eglo Firmo CinzaRef.a 318891

Esferográfica Staples Aveo Pro. Disponível em Azul e PretoRef.a 270651; 255429

Marcador Bic Velleda Quadro Branco 1721 Sortido 4 UnidadesRef.a 107460

Caneta Corretora Staples 8MlRef.a 259971

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DIA A DIA

Resma de Papel Navigator Students A4 80GRef.a 224616

Bloco Apontamentos Staples A4 80 Folhas PautadoRef.a 792116

Agenda Professor - Raíz EditoraRef.a 219456

Mala para Portátil Samsonite Guardit 16”Ref.a 419346

Cubo Post It® 76X76mm Sortido 390 FolhasRef.a 264117

Registos do Professor. Disponível para 4, 6 e 8 TurmasRef.a 576758; 576784; 576797

Capa Portdesigns Cancun Universal 10”. Disponível em Castanho e VermelhoRef.a 414216; 414222

Classificador c/Fole Elba Tahiti 7 Divisórias TransparenteRef.a 163026

Marmita Térmica Aladdin 0,7L. Disponível em Roxo e AzulRef.a 444888; 444891

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DISCO SEAGATE PLUS SLIM 2 TB, 2,5”, PRETOConectividade USB 3.0 de alta velocidade. Funcionalidade plug-and-play.Ref.ª 331557

BATERIA PORTÁTIL TP-LINK 10400MAHAlimentação micro-USB Tipo B 5 pinos.Ref.ª 354207

GPS TOMTOM GO 50 EUR45Mapas 45 países Europa. Ecrã: 5” . Memória 8 GB. Sinal de radares fixos.Ref.ª 406353

TABLET SAMSUNG GALAXY TAB E 9,7”, 8 GB, PRETOProcessador Quad-core 1.3 GHz. Ecrã 9.7”. Capacidade

8GB. Memória RAM 1.5 GBRef.ª 415518

RELÓGIO TOMTOM SPARK CARDIO L OU S, PRETOMonitor de ritmo cardíaco integrado. Monitorização de atividades 24/7. Modo multidesportosRef.ª 448770/448773

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É difícil para quem chega pela pri-meira vez a San Sebastián não se apaixonar de imediato pela cidade ao avistar a enorme baía da Concha, uma

das mais famosas praias urbanas de Espanha e a principal imagem de marca desta cidade basca, situada mesmo defronte para o mar Cantábrico. Mas Donostia, como também é conhecida em língua basca, é muito mais que uma mera cidade com praias, é uma urbe jovem e vibrante, plena de vida, cultura e muita animação.

A CELEBRAÇÃO DAS CIDADES COM VIDA Apesar de afastadas pela geografia, San Sebastián, em Espanha, e Wroclaw, na Polónia, têm muito mais a uni-las que a separá-las, no modo como a história e as artes se mesclam com a vivência do dia a dia, numa osmose perfeita entre passado, presente e futuro, reconhecida este ano com o título de Capital Europeia da Cultura

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Em San Sebastián, o programa da Capital Europeia da Cultura encontra-se dividido em três vertentes: Paz, Vida e Vozes. Um dos projetos mais significativos na cidade basca é o “etween Sands”, desenvolvido em parceria com o Museu Reina Sofía, que pretende ser um ponto de encontro educacional para discussão sobre temas como os direitos humanos, o papel das mulheres na construção da paz, o colonialismo, a cooperação internacional e a infância. Já no caso de Wroclaw, o programa aposta em várias iniciativas interdisciplinares, como o “A-i-R Wro”, um projeto a longo prazo de regimes de residências artísticas com base na cooperação entre parceiros locais e estrangeiros que visa a criação de uma plataforma internacional de troca de conhecimentos e experiências entre artistas, curadores e instituições culturais de toda a Europa. Como habitualmente, a agenda de eventos em ambas as cidades inclui ainda diversas atividades nos campos da arquitetura, cinema, literatura, música, ópera, performance, teatro e artes visuais.

CULTURA A DOBRAR

CÂMARA DSLR CANON EOS 1300D 18-55DC + BOLSA + CARTÃO SD 8 GBRef.ª 450501

Ú T I L E A GRA DÁV E L

Um dos melhores modos de apreciar toda a envolvente da cidade, bem como uma impres-sionante vista panorâmica da Praia da Concha, é subindo ao alto do monte Igueldo pelo famoso funicular com o mesmo nome, inaugurado em 1912 e um dos mais antigos de Espanha. A cidade está dividida em quatro bairros principais, sendo o mais carismático aquele que é conhecido como a Parte Vieja. A sul fica a Área Romântica, com os seus edifícios do século XIX e as elegantes lojas.

Conhecida por ser uma das capitais gas-tronómicas da Europa, com restaurantes dis-tinguidos com estrelas Michelin, San Sebastián seduz também pela forte componente cultural, materializada em diversos museus e festivais de música ou cinema, como o Festival Internacional de Filmes de San Sebastián.

cartão de visita é Rynek, a Praça do Mercado, em pleno centro da cidade velha, uma das maiores praças de toda a Europa. Outro local de visita obrigatória é a Ilha da Catedral, a zona mais antiga desta urbe. Além da história, a cidade que durante séculos marcou a fronteira entre a Europa Ocidental e o mundo eslavo é hoje também um dos mais vibrantes centros cultu-rais da Polónia, com diversos teatros, museus, festivais e uma intensa vida noturna.

Um passeio pela história da EuropaEm pleno centro da Europa, a cidade polaca de Wroclaw não tem mar, mas é também a água que marca a paisagem da capital histórica da região da Silésia. Outrora conhecida como “a flor sagrada da Europa”, Wroclaw fica situada junto ao leito do rio Óder, estendendo-se ao longo de 12 ilhas, ligadas por mais de uma centena de pontes. Crê-se que tenha sido fundada no ano de 900 e foi, nessa altura, um dos principais centros urbanos do território que mais tarde deu origem à Polónia. Mudaria várias vezes de mãos ao longo dos séculos, numa mistura de culturas e religiões ainda hoje bem patente ao longo das suas ruas, numa verdadeira aula de História a céu aberto, que não deixa ninguém indife-rente. Foi checa, austríaca, húngara e alemã, regressando em definitivo à Polónia apenas no final da Segunda Guerra Mundial. O seu maior

San Sebastián, em Espanha, e Wroclaw, na Polónia, são as Capitais Europeias da Cultura

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Berra-me BaixoNeste livro, Magda Gomes Dias, especialista em coaching e aconselhamento parental, lança um desafio irrecusável: um programa eficaz para deixar de berrar com os miúdos, com conselhos e exercícios práticos.

Vamos programarCom o objetivo de criar os seus próprios jogos e programas de computador, o autor Max Wainewright faz uma introdução ao mundo da programação informática, começando pelos passos mais básicos.

Mãe, Quero Mais!Da autoria de Leonor Cício, do blogue Na Cadeira da Papa, este é um conjunto de receitas saudáveis, saborosas e sem açúcar, que vai aproximar as crianças da comida saudável e fazer da hora das refeições um momento de prazer e diversão.

Cinco EsquinasPrémio Nobel da Literatura em 2010, Mario Vargas Llosa publicou aos 80 anos o seu novo livro Cinco Esquinas, um romance que é a confluência de cinco dos pilares da vida literária do autor peruano.

Mandalas de MindfulnessPara relaxar, só precisa de lápis e das ilustrações apresentadas neste livro que se destina aos leitores que procuram no desenho uma atividade mais espiritual

U2: iNNOCENCE + eXPERIENCE Álbum ao vivo, com dois concertos especiais que assinalaram o regresso dos U2 a Paris, em dezembro de 2015.

LemonadeEste é o sexto álbum de originais da cantora americana Beyoncé.

RaquelUma das vozes mais importantes do fado contemporâneo, Raquel Tavares apresenta um novo disco onde mostra todo o seu mundo.

A Guarda do LeãoUm clássico da Disney, O Rei Leão, surge com novas músicas e um novo protagonista: Kion, filho de Simba e Nala.

L IVROSMÚS ICA F ILMES

O Leão da EstrelaCom assinatura de Leonel Vieira, este é o remake da comédia portuguesa realizada, em 1947.

QuartoCom o Óscar de Melhor Atriz para a protagonista, Brie Larson, o filme explora o inquebrável amor entre uma mãe e o seu filho.

ZootrópolisDos estúdios da Walt Disney chega esta divertida aventura que decorre numa cidade povoada por várias espécies animais.

O Livro da SelvaUm filme para a família, que mistura imagens reais com animação.

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pais e crianças. Presente em Portugal desde 1985, a Maped apresenta agora a iniciativa Clube do Professor Maped, com vantagens que passam pelo acesso exclusivo a descontos, sorteios,

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MINDFULNESS NA ESCOLA E EM CASAOs benefícios desta prática de meditação, enquanto meio regulador de emoções, são explicados pela psicologia e pelas neurociências. Traz bem-estar, relações interpessoais mais positivas e melhores aprendizagens

As sessões têm início com uma prá-tica centrada na respiração. “Colo-camo-nos numa postura confortável,

fechamos os olhos e concentramo-nos na nossa respiração. Segue-se um momento de partilha sobre as práticas efetuadas durante a semana. Depois aprofundamos um tema (pensamentos, emoções, movimento) e fazemos alguns exercí-cios relacionados com o mesmo (vamos imaginar que viemos de outro planeta e observamos um alimento pela primeira vez). No final, lançamos um desafio para a semana seguinte (exemplo: reparar nas sensações que temos ao lavar os

dentes, como o movimento, os sons, as cores, a temperatura, a textura) e terminamos com uma prática centrada na respiração.” Esta pode ser uma sessão tipo de mindfulness, como explica Filipa Soares, psicóloga do Centro Português de Mindfulness, que desenvolve, desde 2014, o projeto para escolas Ser Integral. Estas sessões são integradas na rotina da sala de aula e duram entre 15 a 30 minutos, conforme a idade. “É, sem dúvida, uma prática bastante útil, não só para centrar a atenção no momento presente mas também para os momentos em que os professo-res sentem que os alunos se desestabilizam”, diz.

EXERCÍCIO

Peça à criança para reparar onde sente mais a respiração (peito ou barriga), fechar os olhos e

contar lentamente as suas inspirações

MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS

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Os docentes valorizam sobremaneira os momentos de pausa e silêncio que o mindful-ness proporciona. Alguns incorporam práticas de atenção plena centrada na respiração logo no início de cada aula. “O benefício é maior se houver igualmente um treino formal das mes-mas pelos próprios professores”, acrescenta a psicóloga. Alguns alunos apre-sentam uma certa resistência no início das sessões, mas no final reconhecem que é útil, que com o evoluir da prática têm mais fa-cilidade em se acalmar quando estão nervosos ou irritados e que têm mais consciência dos seus pensamentos, emoções e sensações do corpo. Por seu lado, os professores referem que iniciar a aula com uma prática de mindfulness ajuda na transição entre o recreio e a sala, preparando o contexto para a aprendizagem.

Carla Martins, neuropsicóloga na mesma instituição, especifica que as sessões variam de

Mikaela Övén, da Academia de Parentalidade Consciente e autora do livro Educar com Mindfulness, prefere traduzir mindfulness como “presença consciente” (em vez de “atenção plena”, como é habitual), porque “é durante a mesma que observamos a realidade, sem julgamentos, exatamente como ela é, e podemos observar o que acontece em nós, a nossa vida interior, os pensamentos, os sentimentos, as emoções e também o que está fora de nós”. O mindfulness pode ser praticado através da meditação formal, mas também com exercícios simples no dia a dia, tendo a respiração sempre como ponto de partida. Em geral, uma família que pratica mindfulness é mais harmoniosa, tem recursos adicionais para lidar melhor com os desafios do quotidiano familiar, como, por exemplo, os conflitos, não sente necessidade de castigar e punir e está focada em criar relações saudáveis, onde há espaço para as emoções de todos e onde se aprendem formas respeitadoras de conviver.

FAM ÍL IAS EM HARMON IA semana para semana, dado que os protocolos de mindfulness que utilizam passam por um programa que visa desenvolver a atenção plena, a consciência do corpo, a regulação emocional e uma melhor gestão da atividade mental, com benefícios em várias dimensões da experiência da criança ou adolescente.

Alguns estudos recentes no âmbito do pro-grama Mindful Schools, nos Estados Unidos, indicam que os programas de mindfulness em escolas têm resultados práticos e visíveis ao nível da atenção, concentração, regulação emo-cional, compaixão, empatia e bem-estar.

Aulas mais calmasA realizar uma tese de doutoramento em Psicolo-gia sobre a aplicação de mindfulness na escola, parte da investigação de Joana Carvalho baseia--se na sua prática com professores e alunos do 1.º ciclo do ensino básico de um agrupamento de escolas da Marinha Grande ao nível do progra-ma “MindUp”. O projeto é levado a cabo ao longo de 15 sessões, em que a respiração e a escuta ativa são os principais instrumentos que ajudam a desenvolver competências socioemocionais, de atenção plena e autorregulação com repercus-sões não só na aprendizagem como também no bem-estar. O público-alvo são docentes, através de formação que lhes permite depois efetuar as

sessões em contexto de sala de aula em alturas consideradas chave, como o início e o final das atividades letivas diárias. A psicóloga educacional e for-madora ligada ao Mindfulness Institute/Centro Upaya explica que para uma melhor eficácia do

programa os docentes aprendem estratégias para regular as suas próprias emoções, que os consciencializam para os seus comportamentos enquanto profissionais, bem como outras de treino mental que posteriormente ensinam aos alunos. Os resultados mais imediatos refletem-se em aulas mais calmas.

Praticar mindfulness ajuda na transição entre o recreio e a sala de aula

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QUANDO A FICÇÃO É COMPATÍVEL COM A REALIDADEAs atividades do mundo do espetáculo e da moda a que muitas crianças e jovens se dedicam não parecem afetar o seu rendimento escolar. Mesmo assim, há alguns cuidados a ter

Todos os dias vemos na televisão e no cinema, mas também no teatro e na moda, dezenas de crianças e jo-

vens que participam em novelas, séries, filmes, peças de teatro, publicidade e programas de entretenimento. São personagens fictícias, mas interpretadas por crianças e jovens com uma história real e comum a tantas outras. Têm uma família, andam na escola, têm sonhos e ambições, entre eles o desejo de aprender, de ter uma profissão de que gostem e, sobretudo, de serem felizes. Um bom exemplo é Beatriz

CRIANÇAS NO ESPETÁCULO E NA MODA

O papel da família “Tudo começa por uma boa organização, esta-

belecimento de rotinas e gestão do tempo”, comenta a mãe de Beatriz Leonardo. O calendário dos testes é desenhado logo no início de cada período e os TPC são realizados assim que chega a casa. É igualmente importante rever diariamente a matéria dada, embora haja dias que não o consegue fazer, pelo que aprovei-ta todos os momentos para olhar para os cadernos e livros, até nos intervalos entre cenas. O segredo está em nunca acumular trabalhos e matéria a estudar.

Leonardo, que começou por fazer anúncios publicitários quando tinha apenas cinco anos e, 10 anos depois, possui um vasto currículo entre o cinema, o teatro e a televisão (o mais

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recente na série da TVI Massa Fresca) e uma agenda diária muito preenchida. Concilia o trabalho de representação – que considera como uma atividade extracurricular – com ou-tras prioridades, nomeadamente as escolares: frequenta o 10.º ano e estuda inglês avançado (quase a completar o First Certificate in English). Enquanto aluna, esforça-se o mais que pode, não falta às aulas e nunca perdeu um ano. Aliás, essa foi a condição que a mãe, Paula, impôs: a escola acima de tudo. No caso de Beatriz, que sonha ser atriz profissional no futuro, os en-saios e as gravações não ocupam mais do que duas ou três horas, duas vezes por semana, e alguns sábados.

Este caso confirma a experiência da pro-

Para Catarina Homem da Costa, psicóloga clínica, desde que tenham uma capacidade normal de aprendizagem e as atividades não interfiram com os horários escolares, estas crianças normalmente aprendem a ser disciplinadas, a gerir o tempo, a definir prioridades, mas isso depende das suas características individuais, idade e maturidade. Convém perceber como a criança lida emocionalmente com a situação. Se for algo muito ligado a papéis mediáticos, de que forma afeta a sua autoestima? Só se sente aceite e amada pelo sucesso que tem? Essa atividade fá-la sentir-se “diferente” ou menos integrada no seu dia a dia? Gere bem as emoções? Qualquer atividade na vida da criança deve respeitar as suas necessidades físicas, emocionais e as suas rotinas diárias. Cabe aos pais acompanharem de perto, mediarem as relações e papéis a desempenhar (principalmente quando estão inseridas num meio maioritariamente adulto) e assegurarem-se de que não deixam de “ser crianças”.

A OP IN IÃO DA PS ICÓLOGA

exceções. “Tive um aluno com excelentes no-tas e qualidades artísticas, mas que não sabia relacionar-se com os colegas”, conta Fernanda Neves, docente do 3.º ciclo e secundário, lem-brando: “Os que mostravam desempenhos mais fracos eram os que se deixavam deslumbrar e que acabavam por se esquecer de estudar.” Aqui, a solução pode passar pelo recurso às aulas de apoio ou explicações, para pôr a ma-téria em dia.

Se houver casos na turma de crianças ou jovens que demonstrem qualidades artísticas, visuais e de representação excecionais, é im-portante identificar esses talentos e encontrar respostas adequadas às suas necessidades, ajudando e apoiando os alunos, não apenas a desenvolver as suas aptidões, como também a encontrar o caminho certo para a sua autor-realização plena.

O trabalho dos professores face a estes estudantes não difere em relação à turma em que se inserem

fessora de Artes Fernanda Neves, que já lidou com vários alunos em situação semelhante. “Em termos de sucesso educativo, eram alu-nos medianos, dado terem outros interesses divergentes da escola e do currículo formal, mas que acabaram por conseguir acompanhar perfeitamente as matérias e seguir o seu cami-nho até ao ensino superior”, conta, lembrando que grande parte destes alunos persegue um sonho e dedica-se a estudar a área para a qual têm talento, como as artes cénicas ou musicais, por exemplo.

Diferenciar ou não o ensino? Por norma, o trabalho dos professores em re-lação a estes estudantes não difere muito face à turma em que estão inseridos. Regra geral, são crianças e jovens que não apresentam problemas em termos sociais, mas pode haver

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MIÚDOS ATIVOS OU HIPERATIVOS?O diagnóstico da hiperatividade é cada vez mais frequente, mas os estudos dizem que só 2% a 5% das crianças irrequietas sofrem de distúrbios graves

Texto de Teresa Paula Marques psicóloga clínica

São muitos os pais que chegam a uma consulta de psicologia clínica com queixas do tipo “o meu filho nunca

tem sono”, “o meu filho nunca está quieto”, “o meu filho não obedece a regras”. Estas queixas trazem consigo o pedido para que o psicólogo faça qualquer coisa no sentido de o acalmar, de modo que eles próprios possam viver sos-segados. Porém, se aprofundarmos melhor a situação, veremos que na maioria das vezes ou se trata de manifestações normais para a idade ou então são fruto da ausência de re-gras impostas por parte dos pais. Os casos de psicopatologia ocorrem com pouca frequência.

Aliás, os estudos revelam que apenas 2% a 5% das crianças irrequietas sofrem de distúrbios realmente graves.

Perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA)Em 1980, a American Psychiatric Association pas-sou a considerar a existência da perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA). Até então, os cientistas achavam que se tratava de sintomas associados a outras doenças (como, por exemplo, o autismo). Não é fácil chegar-se a um diagnóstico de PHDA, já que os critérios são muito específicos. Exige, por exemplo, a

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presença inquestionável de níveis anormais de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Estes comportamentos têm que estar presentes ao longo de mais de seis meses, ocorrerem em mais do que um contexto (na escola e em casa, por exemplo) e iniciarem-se antes dos 12 anos. O pedopsiquiatra ou o psicólogo clínico farão uma entrevista exaustiva aos pais, tentando recolher o máximo de informação possível. É provável que necessitem também de recolher informação junto do professor da criança, uma vez que é na escola que esta passa a maior parte do tempo. Muitas vezes há o recurso a questio-nários comportamentais e de sintomas, como as escalas de Conners, que permitem a comparação das informações dos pais com as dos docentes. Para além disso, há necessidade de se efetuar uma avaliação psicológica à criança.

A importância dos limitesNo final da avaliação, dois diagnósticos são pos-síveis: ou se confirma a existência de um quadro de PHDA ou os sintomas resultam de problemas educacionais, por vezes relacionados com a di-ficuldade de os pais imporem limites à criança. Ao contrário do que os pais pensam, as crianças sentem-se mais seguras se souberem até onde podem ir. Outro aspeto fundamental prende-se com o facto de os limites servirem para estimular a criança no sentido de ser ela própria a desenvolver e a mobilizar os seus recursos. Cada limite que lhe é colocado abre uma oportunidade para o desen-volvimento de novas competências. Por exemplo, o facto de ter de ir jantar e interromper o videojogo vai mostrar-lhe que tudo tem um começo, um meio e um fim e também que é necessário estabele-cer prioridades. Crianças que são educadas sem nunca ouvirem um “não” terão fraca resistência à frustração, o que faz com que surjam dificuldades em respeitar ordens. O que as distingue de outras com um diagnóstico de PHDA é que habitualmente as crianças sem limites comportam-se de modo

Para uns, não passam de drogas que poderão conduzir futuramente a resultados devastadores; para outros, é a solução para os problemas da PHDA. Referimo-nos a medicamentos cujo princípio ativo é o metilfenidato, prescritos com o objetivo de melhorar a concentração, diminuir o cansaço e facilitar a retenção dos conteúdos escolares. Estes medicamentos são estimulantes do sistema nervoso central e têm o mesmo mecanismo de ação das anfetaminas, da cocaína, bem como de qualquer outro estimulante. Acontece que podem criar dependência química, já que são classificados pela Drug Enforcement Administration como narcóticos. Por este motivo muitos especialistas mostram-se apreensivos com a sua prescrição a crianças, já que, segundo eles, poderá abrir caminho para uma vida de dependência e marginalidade.

… OU A SOLUÇÃO PARA A PHDA?

O metilfenidato age sobre a dopamina, um importante neurotransmissor, o que provoca o aumento da capacidade de concentração, a habilidade de organizar as diferentes fases de uma tarefa, a motivação e o comportamento voltado para a concretização de objetivos. Diminui também os níveis de fadiga e sonolência, facilitando o rendimento escolar. Este medicamento parece, assim, reduzir os sintomas e permitir o normal funcionamento cognitivo.

MED ICAMENTO PER IGOSO . . .

adequado na escola, onde as regras são comuns a todos, ou seja, os sintomas não estão presentes em mais do que um contexto. Se, porventura, no final da avaliação houver a confirmação do diag-nóstico de PHDA, terá de haver uma intervenção na criança, mas também a nível familiar. É importante que os pais se mostrem disponíveis para operar mudanças que contribuam para a estabilidade emocional da criança. Há que ter presente que a família é um sistema, e se um elemento estiver em desequilíbrio, todos os restantes serão negativa-mente atingidos.

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A IMPORTÂNCIA DOS IRMÃOSÉ com os irmãos que as crianças aprendem as regras de convívio social, enquanto os pais transmitem valores no sentido mais geral

Texto de Teresa Paula Marques psicóloga clínica

Vivemos numa sociedade repleta de filhos únicos. No entanto, quem optou por ter mais de um filho já deve ter

notado o carinho que uns sentem pelos outros. Tanto os laços de afeto que os unem como a admiração perduram ao longo da vida e deve-rão ser incentivados pelos pais desde tenra idade, porque só assim se pode combater a rivalidade e estimular a cooperação entre eles. É importante ensinar-lhes a importância de se respeitarem uns aos outros, minimizando os ciúmes e favorecendo a resolução dos conflitos.

Certo é que o nascimento de um irmão é um grande marco na vida de qualquer criança. A reação a este acontecimento depende quer do nível de desenvolvimento em que se encontra, quer do modo como a família prepara a vinda do irmão. Para que haja uma reação saudável é importante que os pais a ajudem a prepa-

rar-se para essa mudança. O ideal é iniciar a preparação ainda durante a gravidez, já que tal permitirá uma adaptação gradual à situa-ção, ao mesmo tempo que possibilita momentos em que pode manifestar os seus sentimentos e incertezas, consolidando o relacionamento com os pais.

Algumas estratégias poderão ajudar em todo este processo. Por exemplo, deixar que ajude a preparar o enxoval do bebé e até mesmo

AS BR I G AS S ÃO N O R MA I S

Crescem juntos e passam a maior parte da infância a partilhar tudo, desde os brinquedos à casa, passando pela atenção dos pais. Muitos estudos mostram que as brigas entre irmãos são muitas vezes formas indiretas de procurar chamar a atenção dos pais, uma

vez que é sabido que estes irão interferir. O problema é que, ao interferirem, não o fazem de um modo neutro, isto é, vulgarmente responsabilizam o mais velho, ou o mais traquina, o que irá fazer com que a rivalidade aumente entre eles. Assim sendo, o melhor é que

os pais não interfiram nas disputas entre os seus filhos, já que estas são perfeitamente normais e até importantes para melhorar a relação que existe entre os irmãos. A menos que sejam realmente graves, há que deixá-los resolver os seus atritos.

PARENTALIDADE

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participar na escolha do nome do/a irmão/ã pode facilitar todo o processo de aceitação. Se, após o nascimento, os ciúmes forem intensos, é importante dizer-lhe que compreende que sinta ciúmes, e até vontade de levá-lo/a de volta para o lugar de onde veio, mas que isso será impossível, pois agora ele/a também fará parte da família, ao mesmo tempo que acentua a existência de amor suficiente para os dois.

Crescer em conjuntoSão os irmãos que ensinam, na prática, a par-tilhar objetos e afetos. Eles permitem o contacto com a dinâmica complexa de viver em sociedade, onde é necessário por vezes fazer concessões, outras vezes insistir e lutar pelos direitos de uma forma assertiva. Ou seja, é com os irmãos que a criança tem mais hipóteses de aprender regras de convívio social, enquanto aos pais cabe a tarefa de lhes transmitir valores no

A comparação entre irmãos, quando feita pelos pais, deve ser equacionada de maneira cuidadosa, por forma a evitar que conduza à rivalidade e ao desinteresse. Afirmar que um filho é melhor que o outro pode fazer com que a criança deixe de fazer algo simplesmente por já ter em mente que o irmão é melhor. Para quê esforçar-se a estudar se os pais dizem que o irmão é muito mais inteligente? É importante ser justo e saber que, mesmo sendo irmãos, cada um tem as suas características, o que não é necessariamente negativo!

EV I TAR COMPARAÇÕES

sentido mais geral. Além do mais, os irmãos não podem ser escolhidos, como os amigos. Por isso é preciso haver uma adaptação à perso-nalidade de cada um, sendo que aprender a negociar com eles é um passo importante. Os mais velhos tornam-se frequentemente modelos de comportamento a seguir pelos mais novos. Posto isto, no dia a dia é provável que o mais novo fique atento aos comportamentos dos mais velhos e os tente imitar. Será com os irmãos que irá aprender a andar de bicicleta, a jogar videojogos, a fazer traquinices sem que os pais descubram... Deste modo geram-se relações de intensa cumplicidade entre todos. Para além disso, ter irmãos implica aprender a partilhar e a resistir à frustração de não ser o primeiro a ir tomar banho ou de não assistir sempre ao desenho animado favorito.

A relação entre irmãos depende assim de muitos fatores diferentes. O género, a diferença de idades, a ordem de nascimento, o número de irmãos, o tipo de família e a própria per-sonalidade de cada um são apenas algumas das variáveis que pesam no relacionamento fraterno. Em todos os casos, os irmãos irão ter sempre muito que aprender e ensinar uns aos outros, já que cada um vive as suas próprias experiências, de maneira única.

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LIÇÃO DE SOLIDARIEDADE Porque nunca se é jovem de mais para aprender o quão fundamental é dar mais de si ao mundo, o programa Young VolunTeam promove a cultura do voluntariado junto das escolas portuguesas

Com a missão de promo-ver a solidariedade junto da população mais jovem,

o programa Young VolunTeam pretende levar as comunidades educativas a colher os frutos da prática do voluntariado como expressão de cidadania ativa. Lançado no ano letivo de 2012/2013, terminou recentemente a sua 4.ª edi-ção, dirigida aos alunos do ensino secundário de todo o país, procurando sensibilizá-los para a importância do voluntariado no desenvolvi-mento de competências essenciais de inclusão social, educação, empreendedorismo, emprego e cidadania. A próximo edição, será lançada em Setembro, com o início do ano letivo.

Com o mote “Dá mais ao Mundo”, esta iniciati-va propõe-se mudar o cenário que ainda coloca Portugal no grupo de países onde os mais novos são menos ativos neste tipo de práticas, havendo apenas uma magra fatia de 10,7% dos jovens entre 15 e 25 anos a participarem em ações de voluntariado. No terreno, o Young VolunTeam visa fazer dos estudantes embaixadores de uma nova consciência social, com a incum-bência de conceber e implementar projetos de voluntariado sustentáveis a longo prazo e que causem impacto não só no seu espaço escolar, mas também nas escolas do ensino básico do seu agrupamento e na comunidade envolvente.

Para se juntar à família Young VolunTeam os agrupamentos ou escolas não agrupadas devem enviar um e-mail para [email protected] manifestando a sua intenção. Cada escola deve formar um grupo até 12 alunos embaixadores e um professor, que se destaquem pela sua capacidade de mobilização, consciência solidária e capacidade empreendedora, atuando como autênticos agentes de mudança.

No ano letivo 2015/2016, o YVT alargou a sua atuação a 200 escolas em Portugal e ilhas, formando cerca de quatro mil alunos embaixadores. Ao longo de quatro anos, mais de nove mil alunos participantes mobilizaram a comunidade de mais de 440 escolas secundárias, impactando a vida de cerca de 70 mil jovens. Nas suas escolas realizaram 1500 ações, campanhas e projetos de voluntariado, com resultados bastante expressivos. Desenvolveram parcerias com mil entidades beneficiárias, angariando:

• 100 toneladas de bens alimentares,

• 8 toneladas de papel para reciclagem,

• 4 toneladas de roupa,

• 3 toneladas de livros e material didático,

• 80 mil euros.

YOUNG VOLUNTEAM EM NÚMEROS

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