revista do ihgp - vol. 15

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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.

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  • IHGP - Revista do

    Instituto Histrico e;Geogrfico de Piracicaba

    Ano XV - 2008 - Nmero 15

    Cumprindo a lei municipal nQ 2.160,

    de 18 de Dezembro de 1974, edita o volume:

    Revista nQ 15 do ano 2008

    Apoio:

    Prefeitura do Municpio de Piracicaba

    e Secretaria de Ao Cultural

  • Copyright - 2008 IHGP

    Todos os direitos reservados ao IHGP

    Impresso no Brasil- Printed in Brazil

    Co~o Ortogrfica: .

    Comisso do IHGP

    . Editorao:

    Jelzo Oliveira dos: Santos

    Foto da Capa:

    Acervo IHGP

    Capa:

    Teatro Santo Estevo, fundado pelo Baro de Rezende

    em 1871 e demolido em 1954

    Arte da Capa:

    Vitor Pires Vencovsky

    Produo Grfica:

    Grfica e Editora Degaspari

    INSTITUTO HISTRICO EGEOGRFICO DE PIRACICABA

    CNPJ: 50.853.878.0001-48

    Rua do Rosrio, 781 - Centro

    CEP: 13400-180 Piracicaba - SP - Brasil

    Telefone: (19) .3434-8811

    E-mail: [email protected]

    Site: www.ingp.org.br

  • INSTITUTO HISTRICO

    EGEOGRFICO DE PIRACICABA

    DIRETORIA

    (2008-2010)

    Presidente

    Pedro Caldari

    Vice-Presidente

    MarlyTherezinha Germano Perecin

    , Secretrio

    Waldemar Romano

    2 Secretrio

    Toshio lcizuca

    ,0Tesoureiro

    Vitor Pires Vencovsky

    2 Tesoureiro

    Joo Umberto Nassif

    Orador

    Gustavo Jacques Dias Alvim

    Diretor de Acervo

    Francisco de Assis Ferraz de Mello

    Suplentes

    Elias Salum

    Noedi Monteiro

    Renato Leme Ferrari

    Conselho Fiscal

    Flvio Rizzollo

    Timtheo Jardim

    Geraldo Claret de Mello Ayres

    Suplentes - Conselho Fiscal

    Antonio Altafin

    Antonio Carlos Neder

    Jos Faganello

  • ARipaS uma mpresqufaiqueslo de fazer valer, ~ na prtica, a idia de que tecnologia esustentabilidade so palavrns .!Iue tm amesma raiz. .

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    melhor paI1IlDdos.

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  • IHBP - Revista no /5 9

    Sumrio

    Instituto Histrico.e Geogrfico Atuante Pedro Caldari 11

    Comunicaes do IHGP 15

    A Cultura e o Dialeto Caipira na Regio de Piracicaba: Um resgate Lingustico e Cultural Ciblia Renata da Silva Pires 45

    Vida e Obra de Luiz de Queiroz EdmarJos Kiehl 63

    A visita do velho senhor. Um Nobel em Piracicaba Francisco Ferreira _________________ 83

    Prudente de Moraes. O incio da Histria Hugo Pedro Cl11TadoTII _______________ 91

    O Espao Urbano Piracicabano: Os Brownfields" no Bairro Paulista Joo LuiZFmnchi ______________ 107

    Tnis de Mesa de Piracicaba JosA. B. CamaflJ,0 _______________ 115

  • 10 IHBP - Revista no /5

    Bibliogtafia de Joo Fermz de Toledo Ooo M) Joo Zordetto d, ToMo 139

    o Capito Povoador Antnio Corra Barbosa Marcelo Meira AmoralB%ciova.r 149

    A Guerra do Acar no Oeste Paulista (1842) Mar& Thereifnha Germano Perecin 157

    Piracicaba e seu Compromisso Histrico Myria Machado Botelho 191

    Erudio, Gnio, Brillio e Audcia: Mrio Neme Stmnlel Pfromm Netto 195

    Piracicaba e a Civilizao do Aucat Tito Lillo 207

  • IHBP - Revista no /5 11

    Instituto Histrico eGeogrfico Atuante

    Em funcionam~nto desde 1967 como entidade de direito privado sem fins econmicos (no visa e no realiza lucro financeiro algum); o Instituto Histrico e Geogrfico de Pitacicaba congrega pessoas que representam a educao e a cultuta piracicabanas. Ao longo desses anos todos, capitaliza a produo de significativos ttabalhos nas reas da Histria, da Geografia e das Cincias Correlatas especiahnente relacionadas com a regio de Piracicaba.

    Manteve-se at agora com os recursos financeiros prprios anuidades e contribuies de scios, receita eventual de publicaes - e, parciahnente, com os subsdios da municipalidade e as escassas colaboraes do setor privado. Modesta nos gastos e timida nos propsitos que demandam dinheiro propriamente, pode-se afumar que foram grandiosos os resultados contablizados pelas sucessivas diretorias executivas da instituio, e foi, graas a esses resultados constantes dos anais, que o IHGP fumou-se como parte do patrimnio cultutal de Piracicaba.

    Aps 41 anos de profcua atividade ininterrupta, at admissvel que o IHGP necessite de algumas providncias srias, tanto

    '"Presidente do Instituto Histrico e Geogrfico de Piracicaba.

  • 12 lHBP - Revista no /5

    de ordem fsica instalaes gerais - como de ordem organizacional-administrativa. E sob este aspecto, verifica-se a necessidade de adaptar-se s mudanas sociais e tecnolgicas, afinal, o mundo atual bem diferente daquele da poca da fundao do Instituto e segue mudando aceleradamente. A ciberntica revolucionou o planeta e tudo indica que apenas estamos vivenciando parte das inovaes desenbadas na atividade do homem moderno. E os progressos havidos nos deixam perplexos e os que viro a acontecer-nos sucessiva e continuamente iro nos exigir adequaes cada vez maiores.

    O IHGP sente profundamente a obrigao de modernizarsc. A digitalizao de seu acervo e o acessamento eletrnico - via rede de computadores interna e via internet - questo de vital importncia s atividades e s finalidades que lhe so pertinentes. No admite-se mais o manuseio direto das publicaes, principalmente quando se tratam de exemplares antigos e raros e muito menos ainda as suas reprodues grficas atravs de processos que queimam e afetam os papis j velhos e fragilizados.

    Como toda atividade, a do Instituto demanda espao fsico, instrumentos de trabalho, mo-de-obra, insumos, os tais fatores que, li Economia, so chamados de fatores de produo - recursos naturais, trabalho e capital- c os ditos insumos sib os produtos econmicos consumidos no processo. Ora, ora, isso tudo significa dinheito - moeda, valor monetrio que convencionalmente exerce o poder de mediar a velhssima troca de bens e servios e facilitar portanto as operaes que os homens fazem entre si - e esse famigerado dinheiro o elemento indispensvel consecuo do fim proposto. Isso me faz lembrar uma brilhante concluso proferida por um tambm brilhante filsofo aps exaustivas experincias. Dizia ele; "na tentativa de viver sem a necessidade de uso de dinheiro, pude privar-me de vestimentas, de moradia, de todo tipo de utenslios e de objetos que proporcionam conforto e bem-estar, livrando-me pois de tudo e s no consegui suprimir a alimentao por completo seno morreria..." O IHGP se no dispuser de um mnimo de dinheiro em caixa tambm morrer, pois de brisas ningum vive.

  • IIIBP - Revista 11" 15 13

    A produo do IHGP grande em quantidade e qualidade como j dissemos e deve prosseguir a passos largos e a uma profundidade ainda maior medida que os reCursos financeiros e humanos lhe forem aporrndos, via subsdios pblicos e via contribuies do setor privado (pessoas fisicas e jurdicas). Como todo e qualquer organismo ele existe e funciona com o concurso de recursos financeiros, de insrnlaes, de materiais e do trabalho humano. Com a otimizao desses elementos assegura-se o alcance de bons resultados que no seu caso - scio-cultural- so totalmente enriquecedores do conhecimento histrico.

    Est sendo preparada uma mostra das publicaes desde a fundao c pretende-se republicar as obras de maior destaque e por conseguinte mais demandadas pelos estudiosos, dentre os quais h bom nmero de estudantes at de outras cidades, numa clara afirmao da credibilidade de nossos autores e do alcance de SuaS projees intelectuais. Nessa linha ainda, a elaborao de monografias e bibliografias incluem-se nos planos da instituio sempre dentro do princpio de completa autonomia c absoluta iseno de quaisquer indcios de parcialidade de opinio.

  • Comunicaes 00

    IHGP

  • 17 IHGP - Revista no /5

    ciaos A9raciaos com a Mealba e Mrito

    PrUente e Moraes Outorgada pelo Instituto Histrico e Geogrfico de Piracica

    ba. Instituda pela Lei n 2122 de 1 de julho de 1974.

    Dr. Adilsrm Benedlcto Malu! Preftito Municipal d Pimcicaba

    1. Salvador de Toledo Piza 2. Leandro Guerrini 3. Archimedes Dutra 4. Acar.y de Oliveira Mendes 5. Dargo Pinto Viegas 6. Guilherme Vitti 7. Jair Toledo Veiga 8. Delphin Ferreira da Rocha 9. Nlio Ferraz de Arruda 10. Jos Luiz Mesquita 11. Branca Motta de Toledo Sachs 12. \Valter Radams Accorsi 13. Flvio Moraes de Toledo Piza 14. Marly Therezinha Germano Perecin

  • 18 IH6P - Revista Il" 15

    15. Elias Salum 16. Euripedes Malavolta 17. Helly de Campos Melges 18. Hugo Pedro Carradore 19. Antnio Carlos de Mendes Thame 20. Gustavo Jacques Dias .t\lvim 21. Richard Edward Senn 22. Adib Domingos ]atene 23. Frederico Pimentel Gomes 24. .Almir de Souza Maia 25. Oswaldo Cambiaghi 26. Salim Simo 27. Maria Celestina Teixeira Mendes Torres 28. EdmarJos Kiehl 29. Antnio Carlos Neder 30. Antnio Pacheco Ferraz 31. Samuel Promm Neto 32. Admar Cervellini 33. Dovilio Ometto 34. Erost Mahle 35. Geraldo Claret de Mello Ayres 36. baltina Ometto Silveira Mello 37. Manoel Gomes Tria 38. Ceclio Elias Netto 39. Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil SO 40. Pedro Caldari 41. Jos Fernando Bosi 42. Paulo Celso Bassetti 43. Tarcisio ngelo Mascarin 44. Antnio Henrique Carvallio Cocenza 45. Antnio Messias Galdino 46. Evaldo Vicente

  • 19 IH6P- Revista 1l" /5

    scios o Instituto Histrico e Geoorfico e piracicaba Falecioos

    Acary de Oliveira Mendes

    Abner da Silva

    Alberto Thomazz

    Alcides Aldtovandi

    ngelo DLello

    Aracy de Moraes

    Archimedes Dutra

    Aristides de Castro Gonalves

    Bennur Galvo do Amaral

    Branca Motta de Toledo Sachs

    Branca Pelegrini de Moreas Barros

    Caiuby de Souza Arruda

    Cacilda Azevedo Cavaggione

    Danilo Sancinetti

    Delphn Ferreira da Rocha Netto

    Dulce Salles Cunha Braga

    Erasto da Fonseca

    Euripedes Malavolta

    Felsberto Pinto Monteiro

    Fernando Ferraz de Arruda

    Flvio de Moraes Toledo Piza

    Fortunato Losso Netto

    Frederico Pimentel Gomes

    Geraldo Bragion

  • 20 IHGP - Revista nQ /5

    Geraldo Nunes Haldumont Nobre Ferraz Helena Rovay Benetton Hel1y de Campos Melges Jair de Toledo Veiga Jos Luiz Guidotti Jlio Seabra Inglez de Souza Jlio Soares Diehl Lauro Natali Leandro Guerrini Ludovico Trevisan Luiz Gonzaga Engelberg Lordello Luiz Jos de Mesquita Manoel Lopes Alarcon Manoel Rodrigues Loureno Maria Amlia Correa Giaffom Mrio Hoepper Dutra Mrio Pires Milton Ferraz de Arruda Nair Barbosa de Almeida Leme Nlio Ferraz de Arruda Noedy Kriihembh! Olmo Arruda Veiga Oswaldo Cambiaghl Paulo Nogueira de Camargo RllmllO Alves Catul Salim Simo Salvador Toledo Piza Jnior Shirley Prado Slon Borges dos Reis Thalrna Tavares Tito Lvio Ferreira Vanda de Camargo Carneiro Waldir Martins Ferreira Walter Radams Accorsi Walter Ramos Jardim Walter Waeny

  • 21 IHGP " Revista no 15

    Resenha IHGP - Abril200B 1. Posse Festiva

    04.04.08, 20h, no Salo Nobre da Cmara de Vereadores de Piracicaba, oficializou-se a Posse da Diretoria Executiva (D.E.) e do Conselho Fiscal (C.F.), assim constitudos:

    Diretoria Executiva Presidente: Pedro Caldari Vice-Presidente: Marly Thereznha Germano Perecn 1 Secretrio: Waldemar Romano 2 Secretrio; Tosho Iczuca 10 Tesoureiro: Vitor Pires Vencovsky 2 Tesoureiro: Joo Umbetto Nassif Orador: Gustvo Jacques Dias Alvm Diretor de Acervo; Francisco de Assis Ferraz de Mello

    Suplentes Elias Salum, Noedi Monteiro e Renato Leme Ferrari

    Conselho Fiscal Flvio Rzzolo, Timtheo Jardim e Getaldo Claret de Mello Ayres.

    Suplentes Conselho Fiscal Antnio Altafin, Antnio Carlos Nedet e Jos Faganello.

  • 22 lHGP - Revista n' 15

    2. Reunies da D.E. Realizadas nos clias 10,23 Ficou deliberado que a D.E., reunir-se- mensalmente naS

    primeiras e terceiras segunda-feiras de cada ms s 17 horas, no incio desta gesto 2008-2010, devendo passar a ceunit-se ordinariamente na segunda segunda-feira de cada ms, s 17 horas e com II durao mxima de 90 minutos a fim de no se comprometer as obrigaes pessoais dos ditetores e eventuais convidados s sesses.

    3. Reunies de c.P. e D.T Devero obedecer os critrios estabelecidos pelos respectivos

    membros que as integram; as datas e horrios devero fazer parte de uma Agenda fixada na Secretaria do IHGP e disponvel no site do IHGP.

    4. Atividades do IHGP:

    4.1. Descarte de materiais inserviveis Est se efetuando o expurgo de materiais acumulados nas

    instalaes do IHGP sem nenhum valor histrico-cultural c/ou de interesse significativo s finalidades institucionais.

    Nessa classificao (inservfves) incluem-se estantes e mesas atacadas por cupim, armrios de ao sucateveis, mquinas de escrever quebradas e outros objetos e utenslios de escritrio sem mais conclics de uso e/ou de recuperao, partes e peas de computadores obsoletos e aparelhos outros (fax, leitor de microfilme) tambm itrecuperlveis.

    4.2. Remanejamento de quadros fixados nas paredes das saIas, locando-se nas reas adjacentes

    4.3. Servios de limpeza geral Procedeu-se uma vigorosa 'faxina nas dependncias do IHGP,

    inclusive no ntcnor dos rumrios, arquivos e estantes. LoU\TC-$C aqui declicao das senhoras funcion.ti~s da instituio que no pouparam

  • 23 mBP - Revista IF 15

    esforos consecuo da espinhosa tarefa. Grande quantidade de livros, jornais c reyista foi manipulada, ordenando-se a dsposo desse acervo. H a necessidade de proceder-se um c'''purgo das obras ora acumuladas nas inmeras CSL'lfltes c armrios, ll00intuito de se destinar s bibliotecas pblicas aquelas consideradas pummcnte de carter litetrio geral- romances, poesias, cultura geral, educacionais, c&portivas etc. - no vinculadas portanto, aos objetivos e finalidades soc:tis do lHGP.

    Ressaltamos pois, o sentido do lHGP na manuteno de uma biblioteca especializada em histria e geografia ptrias, conseqentemente, no confundindo-se com a funo especifica de biblioteca pblica de consulta geral.

    5. Atendimento ao pblico Consideramos a necessidade de se estabelecer um limite de

    horrio para o atendimento do pblico - consultas ao acervo, pesquisar e obteno de materiais.

    6. Pgina na Internet H a necessidade de se avaliar o que ex1ste hoje disponibili

    zado atravs do site e de se elaborar um verdadeiro projeto de amplo alcance compatvel funcionalidade social-institucional do lHGP, estabelecendo-se inclusive quas seriam as restries patll o livre uso do acervo histrico do lHGP.

    Seria aconselbvel criar-se uma comisso cfou Departamento especifico?

    7. Publicaes

    7.1. Revista do IHGP

    7.1.1. Providenciar a edio comemorativa do aniversrio de fundao de Piracicaba contendo trabalhos de membros do Instituto.

  • 24 mBP - Revista n /5

    7.1.2. Elaborar uma edio especial contendo: Relao dos membros atuais do IHGP, titulares e correspondentes

    Idem, dos ex-membros (falecidos) Idem dos contemplados com a Medalha de Mrito Prudente de Morais.

    7.2. Livros e Revistas IHGP

    7.2.1. H a obrigao do IHGP de cumprir com o que determina o seu estatuto: editar obras de carter histrico institucional, abstendo-se portanto de promover quaisquer outras publicaes no compatveis aos seus objetivos sociais. Infelizmente o IHGP no pode assumir funes outras - de cunho literrio e/ou de contedo diverso a sua especialidade editorial.

    Propomo-nos a editar duas Revistas por semestres com o apoio e a participao dos membros.

    7.2.2. Na questo dos livros, especialmente aqueles de importncia histrica cultura piraccabana, editados ou no pelo IHGP, de nosso maior interesse a consolidao de um acervo permanente e crescente de ttulos e volumes disposio dos usurios da biblioteca do IHGP, inclusive com exemplares venda sob controle da secretaria.

    7.2.3. Resenha do IHGP Idealiz.amos a edio/ distribuio mensal de um resumo das

    atividades do IHGP a fim de se oferecer aos associados as informaes completas da instituio da diretoria, das comisses e dos departamentos - as mais transparentes possveis e na firme inteno de integrar e de motivar todos os associados s atividades do IHGP.

  • 25 IH6P
  • 26 IHBP Revista no /5 f) exposies e mostras do acervo do IHGP cO!Jl o fume pro

    psito de se divulgar e de se difundir a cultura histrica de Piracicaba; pblicos-alvos: escolas de todos os !Jveis, clubes sociais, centros comerciais.

    10.2. Ptojetos de maiores envexgaduras a serem propostos e desenvolvidos, como por exemplo a da sonhada aquisio da sede prpria, a adequao das suas instalaes (arquivo, preservao/restaurao de documentos histricos, centro de informtica) e outros servios de apoio pesquisa.

  • 27 IHBP c Revista no 15

    ., ',' ,lI' ,

    Resel1iJa IHGP Maio e 2.008 1. Reunies De Diretoria

    Realizadas nos dias 12 e 26 de maio, s 17 horas, na sede social, com a presena da maioria dos Diretor';".

    Principais assuntos tratados e respectivas deliberaes:

    1.1. Sede Social: Concluram-se os trabalhos de remoo .de .materiais inser

    vveis e de limpeza das instalaes, includas as estantes das bibliotecas.

    Executou-se li pintura das salas - paredes e portas. Foram recolocados os arquvos de ao e os armrios a fim

    de se possibilitar a organizao da Secretaria, futura sala de diretoria, futuro auditrio/sala de conferncias, sala de armazenagem de publicaes e procedendo-se a ordenao das edies de revistas e livros, a guarda dos painis fotogrficos e da coleo de fotografias histricas de Piracicaba que se prestam s exposies itinerantes.

    1.2. Os arquivos administrativos tambm passaram por ordenao e guarda adequadas.

    Estas foram as providncias autorizadas e executadas pela diretoria.

  • 28 lHBP - I?evisla Il" 15

    2. Refonnas da Sede

    2.1. Pisos: Aguarda-se a obteno de recursos financeiros para realizar

    se os servios necessrios.

    2.2. Auditrio: Aguarda-se tambm os reCutSos necessrios aquisio dos

    mveis. Consideramos importante a montagem da sala para o fun

    cionamento do IHGP -local para reunies de scios e realizao de palestras, seminrios e cursos especiais.

    2.3. Sala da Secretaria: Faltanos adquirir uma mesa de trabalho com um microcom

    putador acoplado e com os equipamentos adicionais prprios para os servios de secretaria.

    2.4. Galeria dos Ex-Presidentes:

    Aguarda-se tambm o aporte de recutSOs financeiros.

    3. Livros e Revistas

    3.1. A Diretoria, por solicitao do Presidente, criou a Comisso de Publicao "ad referendum" da Assemblia dos associados a fim de melhor cumprir as finalidades prescritas no art. Z' do Estatuto Social.

    3.1.1. A comisso est assim composta: Marly Therezinha Germano Perecin, Gustavo Jacques Dias Alvim, Francisco de Assis Ferraz de Mello e Vitor Pires Vencovsky.

  • IHBP - Revista fi" t5 29 3.1.2. A Comisso estabelece as normas disciplinadoras das edi

    es e de revistas sob li chancela do IHGI) O texto completo de tais normas est a disposio dos scios na Secretaria e ser publicado na ntegra no prximo nmero dor Revista IHGP.

    3.1.2.1. Aprovada a publicao do livro "Os Primrdios de Piracicaba", de autoria do Frei Sermo Donzotto, atravs da Editora De Gaspari, e programado o lanamento na prxima comemorao do Aniversrio de Piracicaba - 2' quinzena de agosto.

    3.1.2.2. Programada a publicao da Revista IHGP, prevista para agostof2008. A Comisso est recebendo os artigos para seleo.

    4. Reunies das Comisses Permanentes e dos Departamentos

    A Diretoria solicita aOs senhores membros designados, a gentileza e o empenho de cada um s elaboraes e s execues de seus respectivos planos de trabalho. Em caso de dvida cfou esquecimento das finalidades efou objetivos especificos, favor consultar o Regimento Interno do IHGP disponvel na Secretaria.

    5. Expediente da Diretoria

    5.1. Presidente: Tem estado presente na sede social todos os dias teis, das

    8:00 s 11:30 horas.

    5.2. Diretoria: Fazem-se presentes de acordo com as responsabilidades dos

    respectivos cargos.

  • 30 IfI6P - Revista no 15

    6. Visitantes Foram recebidos na sede social inmeros consulentes, s

    cios e amigos do IHGP e. em especial, atendendo nosso convite, o sr. Omir Jos Loureno, Secretrio Municipal de Ao Cultural e de Turismo, fazendo-se acompanhar da sra. Mara. Na oportunidade o sr. Secretrio inteirou-se do Plano de Gesto 2008-2010, das reformas em curso c das atuais necessidades do IHGP, bem como, das principais finalidades da instituio c, em especial dos critrios vigentes quanto as publicaes de livros e de revistas sob a chancela do IHGP, sendo-lhe enfatizada as responsabilidades observadas na utilizao das verbas providas pela Prefeitura Municipal de Piracicaba. Presentes nessa reunio, o presidente, os srs. Gustavo Jacqucs Dias Alvim,Joo Umberto Nassif e Vitor Pires Vencovsky.

    7. Recursos Financeiros

    7.1. Associados: A diretora decidiu pela cobrana da anuidade atravs de car

    ta pessoal, facultando-se ao scio o parcelamento das importncias devidas em at 3 vezes sem acrscimo algum, mesmo quando em atraso.

    7.2. A presidncia encaminhou carta a determinadas entidades c empresas locais pleiteando possveis parcerias, com o propsito de levantar recursos financeiros.

  • IHBP - Revista no /5 31

    Resenba IHGP - Julbo e 2.008 A. Reunio de Diretoria

    Realizada no dia 30/06/20008 com as presenas dos diretores, de membros de Comisses c de Departamentos convidados.

    Assuntos tratados:

    1. Reformas da Sede Social S podero ser efetivadas com obteno de recursos finan

    ceiros, via contribuies - doaes. Consulta: a Secretaria de Ao Cultural endereou-nos o pa

    recer da Procuradoria Geral que impede-nos de remanejar a verba locada pelo Convnio da Prefeitura Municipal- IHGP.

    2. Publicaes A Comisso de Publicaes aprovou e sero editados os li

    vros "Os Primrdios de Piracicaba" da autoria de Frei Sermo Dorizotto -29/08/08 - Estao da Paulista, e "Na Trilha do Passado Paulista - Fazendas, Engenhos e Usinas" de autoria de Neide Marcondes - Agosto de 2008 (local e dia ainda no fixados) e, da Revista IHGP, dois nmeros, em Agosto e Novembro - 2008.

    As publicaes, atravs do IHGP, a partir da atual gesto, obedecem as normas regimentais recm institudas que as disciplinaro doravante, em consonncia com o Estatuto Social.

  • 32 lHfJP - Revista n' 15

    3. Recursos Financeiros A diretoria est empenhado-se na obteno de recursos via

    parceria com empresas e entidades e de recebimentos de anuidades de associados, 'pesar das dificuldades todas com que vem se defrontando.

    4. Anlise da Instituio IHGP

    4.1. 53 associados - 51,5% - no freqentam c no pagam a anuidade devida estatutariamente, incursos, portanto, na penalidade mxima determinada pelo Estatuto.

    4.2. Admisso de associados: dever obedecer a uma rigorosa avaliao e cumprir uma nova exigncia regimental qualificativa indispensvel, a exemplo do exigido pelos Institutos congneres consultados.

    4.3. Funcionalidade do IHGP - pesquisas, consultas, fornecimentos de publicaes e informaes - dever obedecer a uma normalizao interna, a e:{emplo tambm dos Institutos congneres.

    A Secretaria precisa contar com melhores condies de trabalho - mveis e pcssoal- para atender adequadamente as suas funes.

    5. Digitalizao - Internet So duas urgentes necessidades a serem satisfeitas e, por se

    rem correlatas, realizadas simultaneamente. Sobre a digitalizao de jornais, feitas nas gestes anteriores,

    estamos aguardando a anlise solicitada para ento concluirmos das medidas demandadas, considerando-se tambm o restante do nosso acervo documentaI! fotogrfico.

    Insistimos na pergunta crucial: "Qual a oferta do IHGP para os consulentes e associados?" Atrelados a tal pergunta, h outras decorrentes - gratuidade, disponibilidade, possveis vendagem, direitos autorais, etc ...

  • 33 IHGP t?evisla no /5

    6. Receitas Alternativas

    6.1. Publicidade - Revista IHGP 6.2. Parcerias na edio de livros 6.3. Parcerias na elaborao de monografias e bibliografias

    sob encomenda 6.4. Vendagem de livros e da Revista IHGP 6.5. Vendagem de DVD de registros/obras do acervo do

    IHGP,

    B. Assemblia Geral Extraordinria Estamos preparando a ordenao de medidas a serem sub.

    metidas deliberao dos associados do IHGP em data prxima,

  • 35 lH6P - Revista Il" 15

    plano Global a Gesto, 2.008-2.010

    1. Qualificao de Pessoa Jurdica

    1.1. Razo Social

    Instituto Histrico e Geogrfico de Piracicaba

    1.2. Sede Social Rua do Rosrio, 781 CEPo 13400-183 - Bairro Centro Telefone: (19) 3434-8811 E-mail: [email protected]

    Internet - site: ihgp.org.com.br

    1.3 Dados de registros oficiais

    1.3.1. Utilidade Pblica 1.3.1,1. Munieipal1.3.1.2. Estadual

    1.3.2. Pessoa Juridica Civil de direito privado 1.3.2,1. Receita Federal- CNPj: 50.853.878/0001-48

    1.4. Fundao: Em 1 de agosto de 1967, Ano do Bi-Centenrio de fundao

    da cidade de Piracicaba.

  • 36 IHGP - Revista no /5

    1.5. Patrono: Prudente Jos de Moraes, Primeiro Presidente Civil da

    Repblica Federativa do Brasil.

    1.6. Do Instituto e seus fins, estatutariamente: De carter cientifico e cultural voltado ao estudo e it divulga

    o da Histria, da Geografia e das Cincias correlatas, especialmente quanto s relacionadas com a cidade de Piracicaba, no tendo fins econmicos ou lucrativos e seu prazo de durao ilimitado.

    2. Estrutura institucional- organizacional

    2.1. Corpo associativo, composto por nmero ilimitado de pessoaS fsicas residentes e domiciliadas em Piracicaba, eleitas na forma prescrita no Estatuto Social e na condio de scios titulares.

    2.2.2. Diretoria Executiva

    L Presidente: Pedro Caldari

    2. Vice-Presidente: Marl}' Thereznha Germano Perecin 3. Primeiro Secretrio: Waldernar Romano 4. Segundo Secretrio: T 05hio lcizuca 5. Primeiro Tesoureiro: Vitor Pires Vencovsky 6. Segundo Tesoureiro: Joo Umberto Nassif 7. Orador: Gustavo Jacques Dias Alvitu . 8. Acervo: Francisco de Assis Ferraz de Mello

    9. Suplentes - Diretoria.

    EliasSalum

    Noedi Monteiro

    Renato Leme Ferrari

    2.2.3. Conselho Fiscal I. Flvio Rizzolo 2. Trntheo Jardim 3. Geraldo Claret de Mello Aytes

  • 37 IIIBP - Revista no 15

    4. Suplente - Conselho Fiscal 4. Antnio Alta/in 5. Antnio Carlos N eder 6. Jos Faganello

    2.2.4.1. Arquivo e Documentao 1. Coordenador: Marly Therezinha Germano Perecin 2. Membro: Myra Machado Botelho 3. Membro: Maria Beatriz Bianchini Bilac 4. Membro: Luiz Francisco Albuquerque de Miranda

    2.2.4.2.1. Coordenador: Luiz Francisco Albuquerque de Miranda 1. Membro: Adriano Augusto Sgrignero 2. Membro: Zahra Neder Petrini 3. :v!embro: Manoel Gomes Tria

    2.2.4.3. Cultural 1. Coordenador: 'Atmando Alexandre dos Santos 2. Membto: Hugo Pedro Canadore 3. Membro: Ezio Antnio Pezzatto 4. Membro: Fbio Ferreira Coelho Bragana

    2.2.5. Comisses Permanentes

    2.2.5.1. Sindicncia e Admisso de Scios 1. Coo!denador: Gustavo Jacques Dias Alvim 2. Membro: Antnio Messias Gilldino 3. Membro: Antnio Henrique Carvalho Cocenza

    2.2.5.2. Histria, Geografia e Cincias Auxiliares 1. Coordenador: Vitor Pires Vencovsky 2. Membro: Francislidio Beduscru 3. Membro: Moacyr de Oliveira Camponez do BIasi! Sobrinho

  • 38 IfIGP - ReVista no /5

    2.2.5.3. Finanas 1. Coordenador: Renato Leme Ferrari 2. Membro: Paulo Celso Bassetti 3. Membro: Mrio Dresselt Dedini

    2.2.5.4. Patrimnio 1. Coordenador: Toshio lczuca 2. Membro: Joo Chaddad 3. Membro: Cezro de Campos Ferrari 4. Membro: Eugnio Nardin

    2.2.5.5. Assessoria de Imprensa e Relaes Pblicas 1. Coordenador: Joo Umberto Nassif 2. Membro: Evaldo Vicente 3. Membro: Jos Rosrio Losso Netto 4. Membro: Antonietta Rosalina Losso Pedroso

    2.2.5.6. Raa, Etnia e Igualdade 1. Coordenador: Noedi Monteiro 2. Membro: Joo Carlos Sajovic Forastier

    3, Membro: Moacir Nazareno Monteiro

    4. Membro: Marinalda Garcia

    2.2.5.7. Comisso Especial de Publicao 1. Coordenador: Marly Therezinha Germano Perecin 2. Membro: Gustavo Jacques Dias Alvirn 3. Membro: Luiz Francisco Albuquen}Ue de lVf1randa 4. Membro: Francisco de Assis Fen:az de Mello 5. Membro: Vitor Pires VencovskJ'

    2.2.5.8. Outorga da Medalha de Mrito Prudente de Moraes 1. Coordenador: Gustavo Jacques Dias l\lvim 2. Membro: Pedro Caldari 3. Membro: Marly Therezinha Germano Perecn

  • HlflP - Revista no 15 39

    2. Sede Social

    2.1. Objetiva-se a longo prazo, a obteno de um imvel para estabelecer-se a sede prpria do IHGP. A formao de um Fundo Financeiro depende todavia, de condies propcias capitilizao de recursos providos por contribuio de scios, de pessoas fisicas e jurdicas e de institues pblicas.

    2.2. Sede Provisria

    2.2.1. O imvel ora ocupado de propriedade do Governo do Estado de So Paulo - Decreto nO 32369 de 21;09;1990 mediante concesso por mera liberalidade e gtatuidade, e parte de um todo compartilhado com outros rgos do prprio Governo e tambm com a Academia Piracicabana de Letras. A posse precria no impeditiva execuo de melhorias na rea ocupada pelo IHGP j efetuadas em anos anteriores - e isso se faz necessrio sempre.

    2.2.2.1.1. Paredes Em tinta ltex, de todas as paredes em alvenaria de salas e

    banheiros.

    2.2.2.1.2. Portas Em tinta esmilte nas faces internas e em verniz nas faces

    externas em consonncia com o padro adotado para O prdio.

    2.2.3. Pisos As salas devero ter os pisos substitudos por novos, tipo

    laminado de alto trfego clicado, de fcil aplicao e indicado para o ambiente. A medida exigida devido aO desgaste naturil e tambm pelos danos ocasionados por infiltraes de gua de chuva.

  • 40 lHBP - Revistall" 15

    2.2.4. Iluminao H a necessidade de reparaes de luminrias, interruptores,

    tomadas eltricas e de melhorJls no sistema de iluminao de salas e corredores de uso comum.

    2.2.5.1. Saia de Diretoria Montagem de uma sala adequada administrao - diretoria

    executiva a fim de se propiciru: um espao de trabalho minimo, composto de:

    1 mesa (estao de trabalho) 4 cadeiras de trabalho 1 microcomputador 1 aparelh o telefnico

    1 armrio de ao para guarda de documentos.

    2.2.6. Sala de Secretaria Geral Montagem de uma sala adequada s funes de SecretarJl

    Geral - de atendimento ao pblico e ao associado, e, bvio, de execuo de servios pertinentes ao setor especifico: , assinl composta:

    1 mesa (estao de trabalho) 1 microcomputador provido dos equpa;nentos complementares

    apropriados aos servios de secretaria. 1 aparelho de fa., 1 aparelho telefnico 1 annrio de ao para guarda de documentos 4 cadeirns de trnbalho 1 meSa secretria auxiliar.

    3. rea de Apoio

    3.1. Copa e Despensa Para os servios especficos, providas das utilidades propnas

    para o atendimento de gua, caf e de manuteno e limpeza da sede social.

  • 41 IH6P - Revista no /1>

    3.2. Bibliotecas H a necessidade de serem racionalizadas no mais amplo sen

    tido - seleo, organizao, catalogao computadorizada, controle e nonnalizao operacional determinando-se inclusive, critrios na recepo de doaes futuras de livros, revistas, jornais e documentos. Compreender-se- portanto a tarefa de descarte de partes classificadas prprias s bibliotecas, comunitrias de uso comum.

    3.2.1. Equipamentos necessrios: 3 estantes adicionais (a Serem avaliadas) 1 microcomputador para consultas 1 balco de consulta provido de seis cadeiras.

    3.3. Laboratrios Digitalizao do acervo de livros, documentos histricos,

    jornais, revistas, fotografias, com o provimento de: 1 aparelhagem fotogrfica especifica digitalizao 1 rede de microcomputador de porte mnimo para atendimento de consulentes e de pesquisadores 1 impressora para produo de cpias autorizadas pela Diretoria Executiva.

    3.3.1. A Diretoria considera de maior importncia e de prioridade absoluta, a digitalizao completa do acervo do IHGP a fim de no comprometer a sua inquestionada preservao fisica e de no prejudicar-se o atendimento de pesquisadores e consulentes, lembrando ainda, que a modernidade assim exige e se far exigente continuamente.

    4. Galeria de Honra

    4.1 Personalidades Histricas de Piracicaba Introduo de fotos e quadros de personalidades reveren

    ciadas pela sociedade piracicabana, tais como o Patrono do IHGP, Prudente Jos de Moraes, Capito Povoador Antuio Correia Barbosa, Comendador Luciano Guidotri, na gesto do qual, como Prefeito de Piracicaba, em 1967, instituiu a criao do IHGP.

  • 42 1H6P - Revista Il" /5

    4.2. Ex-Presidentes da Diretoria Executiva do IHGP Restaurao e padronizao das fotografias que compem a

    Galeria, devido as deterioraes ha~idas.

    5.Audtrio e Sala de conferncias Dentre as irciativas delineadas para esta gesto, destaca-se

    a montagem de um auditrio para a realizao de reunies de scios previstas pelo Estatuto Social e para sesses culturais, comemorativas especais e de cunho ci~ico-educacional, prestando-se inclusive, s programaes de palestras, cursos e seminrios previstas nos objetivos e uas finalidades do IHGP.

    A instalao compe-se de: 1 mesa de cabeceira para 5 lugares, provida de 5 cadeiras 1 equpagem de som 1 tribuna para orador 1 panoplia em madeira para 4 bandeiras 1 bandeira de pano do Brasil 1 bandeira do Estado de So Paulo 1 bandeira de Piracicaba 1 bandeira do IHGP 50 cadeiras mveis providas de apoios de braos, assentos e espaldares em tecido adequados e na cor preta.

    6. Quadro Social Para O funcionamento do IHGP h a necessidade de se dot

    lo de um corpo mnimo de pessoal permanente para o atendimento daSecretaria Geral, Biblioteca, Laboratrio pe Pesqusa e Arquivos Histricos e rea de Apoio.

    O nmero de funcionrios limitado capacidade do oramento operacional da instituio.

    7. Publicaes

    7.1 Revista oficial do IHGP Prev-se a edio de dois nmeros por semestre, meta esta bastan

    te audaciosa em funo dos custos e das escasses de recursos financeiros.

  • IHBP - Revista 11" 15 43

    7.2. H a obrigao do IHGP de cumprir com o que determina o seu estatuto: editar obras de carter histrico institucional, abstendose portanto de promover quaisquer outras publicaes no compatveis aos seus objetivos sociais. Infelizmente o IHGP no pode assumir funes outras - de cunho literrio efou de contedo diverso a sua especialidade editorial.

    Propomo-nos li editar duas Revistas por semestres com o apoio e a participao dos membros.

    7.3. Na questo dos livros, especialmente aqueles de importncia histrica cultura piracicabana, editados ou no pelo IHGP, de nosso maior interesse a consolidao de um acervo pennanente e crescente de ttulos e volumes disposio dos usurios da biblioteca do IHGP, inclusive com exemplares venda sob controle da secretaria.

    7.4. Pgina na Internet O IHGP dever aprofundar-se na utlizao dos recursos

    proporcionados pela Internet e para tanto se faz necessrio um trabalho bastante srio e tcnico.

    7.5. Exposies fotogrficas itinerantes Com a utlizao de painis com imagens histricas de

    Piracicaba.

    8. Recursos Financeiros

    8.1.IHGP

    8.1.1. Anuidades de scios e contribuies espontneas de scios.

    8.1.2. Venda de livros de sua publicao (reedies)

  • 44 lHBP - Revista rf' 15

    8.2. Prefeitura Municipal de Piracicaba

    8.2.1. Convnio com a Secretaria de Ao Cultural

    8.2.2. Verba adicional conveniada

    8.3. Parcerias

    8.3.1. Entidades de Piracicaba

    8.3.2. Pessoas juridicas - indstrias e comrcio de Piracicaba. Sob essa

    modalidade poder-se-ia negociar a elaborao de monografias e biblio

    grafias, de atividades e personalidades empresariais, respectivamente.

    8.4. Projetos incentivados - Lei Rouanet e outros dispositivos fiscais

    utilizveis, embora sejam de dificil e restrito acesso a curto prazo, so

    mens que devem ser explorados como possveis provedores de recutsos.

  • IflBP - Revista no /5 45

    A Cultura e o Dialeto caipira na ReBio oe Piracicaba; Um ResBate

    Lineulstico eCultural Ciblia Rena.ta 00 Silva Pires

    Resumo: Este presente artigo faz parte de um projeto de pesquisa da USP intitulado "Formao c expanso do portugus paulista ao longo do Rio Tiet at o Mato Grosso a partir do sculo XVI" , o qual busca, por meio da coleta e anlise de aspectos lingsticos, histricos e socioculturais em documentos e gravaes, determinar quais fatores seIVIam de base na formao e expanso da variedade lingstica nascida em ncleos familiares paulistas ainda nos sculos 'V! e XVlI, variedade a partir da qual surgiu o dialeto caipira.

    Dentre os muncipios selecionados por este projeto, este artigo focalizou sua pesquisa na regio de Piracicaba onde, de acordo com estudos realizados por Arnatal (1920) e Rodrigus (1974), ainda possivel encontra! em pleno vigor a existncia de uma cultura e dialeto caipira local

    Palavras-Chave: caipira, dialeto, Piracicaba

    Me.ttauda na rea de Filologia e Lngua Portuguesa da USP com Bolsa CAPES e pesquisadora do projeto "Fotmao e expanso do portugus paulista ao longo do Rio Tiet at o Mato Grosso a partir do sculo XVI".

  • 46 IHBP - Revista no lEi

    A poltica expansiorusta de Morgado de Mateus

    Quando D. Luiz Antnio de Souza Botelho Mow:ol, o Morgado de Mateus, foi nomeado governador da Capitania de So Paulo, em 1765, ele recebeu ordens expressas vindas de Portugal pata que fossem criadas povoaes civis nas partes vazias dos territrios paulistas e expanses de terras rumo ao Sul e ao Oeste. O objetivo maior de Morgado de Mateus era dilatar os domnios portugueses, conquistando novos sertes e combater o inimigo espanhol. As reas mais visadas seriam a do 19uate:rnt, Tibaji e Campos de Guarapuava, sendo a primeira de maior impoIt.ncia por sua posiiio estratgica, pois "estabelecer-se no 19uatemi seria lincar p em territooo fronteirio da maior importncia3(".)".

    Ao mesmo tempo em que tinha preocupaes com a fundao da colnia militar de 19uatemi, D. Luiz Antnio no perdeu de vista O cumprimento das ordens rgias no tocante criao de vilas e povoados. Convicto da estratgica posio militar que gozaria a colnia de 19uatemi, o Morgado de Mateus viu na criao de povoaes naS matgens do rio Tier a possibilidade de facilitar o abastecimento de vveres e munies a tropas que seguiriam rumo colnia de Iguatemi, bem como a prestao de socorros pata as frotas fluviais que viajavam em direo s minas do Oeste:

    Imediolamente depois dapartida de lima expedio passavase apmvdmciar olilra. FosSem et11/0as einstmmetltal de navegao, fosse armamet/to, jsse material hlimano, eram !'Cemtados sllclJSsivametlte todos os mananciais qlie a Capitania p"desse oferet~r. (...) A estas atividades, eslava intimametllc ligada ajimdafo de Piracicaba, grandeforneC1!dora de canoas e, posteriormetlle de gmtepara povoar as ma']',,,,s do Tiet, em self CllrsQ ati o Parani (...).

    Pensando nisso, Morgado de Mateus nomeia, em 24 de julho de 1766, Antnio Correa Barbosa para o cargo de Diretor e Povoador de Piracicaba que recebe ordens expressas de "tratar os moradores antigos e os que se estabelecessem de novo com toda a suavidade

  • IflGP - Revista fi" /5 47

    e sem vexaos. importante perceber aqui que Morgado de Mateus nunca ignorou a existncia de antigos posseiros na regio.

    Esta informao sobre a existncia de antigos roceiros na regio toma-se muito importante para o estudo de uma cultura caipira local, pois, segundo estudos recentes6, durante as incurses paulistas em busca de ouro, teria se formado, no trajeto que liga Piracicaba ao Mato Grosso, uma civilizao caipira representada por diversos fenmenos prprios, com tradies, usos e costumes especficos:

    Na wrdade, Q caipira de origempoulislo. prodllto da tmnsfo17J1Qo do awnfllmro seminmndo em agrimltorPf1!crio, na onda dos movimentos depenetrao bondtdmnte que acabaram no sculo xvm edefiniram 11m extensa rea: Silo Paulo, parte de Minas edo Paran, de GoMs edo Mato Grosso, rom o rea afim do Rio de Janeiro rural e do Espitito Santo. Foi o que restou de mais t!pico daquilo que lU1f historiadorgrandihqiiente mais expres.ri1JO Chamoll de "P""listnia': Nessa linha deformao sodal eCIIlturo/, ottlipiro se define romo lU1f homem nstiaJ de ewlufo 11'1Ifto lenta, tendo porjf17J1111a de equilbrio ofoso intenso da CIIltllmporf1llJl/!!a rom a aborgjtte eronsemmdo a f/a, os usos, as tcnicas, os can/os, as lendas que a CIIltura da cidade ia destrllndo, alterando essencialmente 011 camatumndo7 (...).

    A formao da cultura caipira na regio de Piracicaba

    Piracicaba, localizada na zona de povoamento antigo do Estado de So Paulo, foi fundada oficialmente em 1767 para que servisse de ponto de apoio e abastecimento para as tropas que, partindo de Araritaguaba (atual Porto Feliz), seguiriam rumo s minas aurferas de Mato Grosso e Gois, corno tambm abasteceriam as tropas com destino ao Forte de 19uatemi. No entanto, com a decadncia da atividade de minerao e, mais tarde, com a destruio de 19uatemi pelos espanhis em 1777, houve uma regresso econmica e toda a rea econmica entra em uma situao de pobreza, o que obriga as pesso

  • 48 IH8P - .Revista fi" l(j as das diversas camadas sociais a procurarem outros caminhos para a sobrevivncia. Ao contrrio do que havia acontecido com a economia aucareiro, no caso da minerao, hou'\te uma queda brusca da rentabilidade, levando pessoas a procurarem outras atividades:

    No se hawndo cnado nas ntf!ies mineirasformas permanentes de atividades econmicas ~ exceo de alguma agril7lltum de St/bsistnaa - em natural qtle, com odeclmo da produo de Otlro, lJme lima rpida egeral decadncia. Na medida enl qlle se rcdzl':(ja aproduo, as maiom empntsas se iam descapitalizando edesagntgando. A mposio da mo-de-obm escmvaj lIo se podia faf[!F, e muitos empresdtos das lavras, com o tempo, se foram red1l,Desta forma, os antigos mineradores tornaram-se fzendeiros ou faiscadores, artesos e empregados passaram a ser posseiros de terras abandonadas, e outros cidadi\os, j ruralizados, espalliaram-se pelos matos procura de tenas para sua prpria sobrevivncia, transf01mando-sc em roceiros que criam gado e lavouras para a sobrevivncia. Esses roceiros, que passaram a ser chamados caipiras, dispersaram-se por grandes reas, com grande dist1Ulcianlcnto de uma familia para outra:

    Foi opovoalllC!!/o disperso que falJ()recet/ a llla/lJl/Cllfiio de Jlma ecollomia de slIbsislJlcia, cOllStitlJda dos c/ementos sl/mrios c ns/icos priiprios do JelIlllolJ/adismo. O desloct/1JIetlto il/ceSSallte do b'lIIdelmeprololJgol/-se de certo modo lJa agniltl/m itilJCI'aIIte, tias atividades de coleta, caa epesca, do descendmte caipira, a partir do sim/o XVIII. As tcnicas mdimclltareJ, a cl/I/llm improvisada no nmade encontraram cOlldies para sobmJver 9.

  • 49 IIISP - Revista Il" /5

    o antigo sistema de alta produtividade cedeu lugar a uma economia de subsistncia, envolvendo uma populao relativamente numerosa e desarticulada que constituiria um dos principais ncleos demogrficos do pas, Foi assim formado um "lenol de cultura caipira 10,.com caractersticas prprias e apoiados numa agricultura de subsistncia e apoio vicinal, Era uma forma autrquica de sociedade que procurou resistir ao mximo, com Sua estrutura de vida simples, chegada do latifndio produtivo com sua maior susceptibilidade s atividades de troca e produo em grande escala' 11.

    Desde o inicio de sua colonizao, Piracicaba j esboava em sua economia uma tmida

  • 50 II1BP - Revista nO../5 A Vila Nova da Constit;uio,atual Piracicaba, perma

    neceu, durante muito tempo de sua histria, em um sistema econmico nitidamente rutal, mal sado do sistema de troca, dependendo ainda de normas de um Governo recm-instalado e no apenas de seus prprios recursos. O modo de vida de seus habitantes ainda era bastante primitivo, baseando-se na subsistncia e em formas de defesa e sobrevivncia. Deste modo, esta populao remanescente do ciclo do ouro, que vivia de uma agricultura de subsistncia, itinerante, baseada em mnimos vitais, organizando-se em agrupamentos chamados bairros rurais, passou a ser chamada de caipira. Uma das definies de caipira dada por Houaiss (2001) a de um indivduo que leva uma vida campestre rstica, com pouca instruo, hbitos rudes e caracterizados pela agricultura de subsistncia e cultura itinerante, alm de no terem posse da terra.

    O caipira assim chamado possua uma economia mais autrquica do que mercantil e spera, sendo mais afeito possibilidade de intercalar trabalho e lazer do que ter um padro de vida mais alto com um sistema de trabalho mais rgido e carter disciplinador aviltante. Com isso, ele poderia guardar os diss santos, que eram gorosamente respeitados, e determinar os dias a serem trabalhados. Isso acontecia porque ele mesmo era produtor e a nica pessoa que poderia decdr sobre as condies de seu trabalho, atividade que no tinha como objetivo o acmulo de capital e conseqente gerao de lucro, mas a manuteno e sobrevivncia de sua familia e da comunidade como um todo:

    (...) O administrador [Mo'l,ado de Mateus} no se COl1flrmaua com oJato daqueles homClls tere1 uma vida nmade e dispersa. Trabalhavam o necessrio para o setl stlstento e depoiJ deJcansalitlm, jogalitlm, pescavam, cafavam,.. sem produifr excedente que permitisse oflorescimento do comrcio. Em cartas, lIo hesitava em relacionar a pobreS(f1 da Capitallia a essa Jalta de carter e disposio para o trabalho 14.

  • IIIGP - Revista 11" 15 51 Alm das caractersticas j apontadas, Candido (1988) ressal

    ta que os cail'iras viviam em pequenos grupamentos chamados bairros rurais que se constituam como "naezinhas" devido ao grau de isolamento em que permaneciam. Os bairros rurais se organizavam como grupos de vizinhana cujas relaes interpessoais se baseavam na ajuda mtua e, atravs de uma participao coletiva nos trabalhos de roa e em atividades ldico-religiosas, desenvolviam um sentido de solidariedade e coeso grupal.

    O caipira, devido sUa agricultura itinerante, raramente criava razes em um local. O uso constante de algumas tcnicas agrcolas, como a queimada, faz com que o homem do campo sinta uma necessidade constante de se mudar, gerando Uma instabilidade no povoamento rural brasileiro. Assim, os grupos rsticos de vizinhana esto sempre se renovando com a saida e a entrada de novos integrantes. Para que exista um sentimento de coeso social, estes integrantes participam ativamente das festas religiosas e procuram estabelecer laos atravs do compadrio e atividades como o mutiro. Essas so as maneiras de participao efetiva na vida da comunidade. Alm de trazerem um sentimento de localidade, o bairro rural paulista tambm era conhecido por ser a unidade bsica da civilizao caipira.

    Acima de tudo, O bairro rural era um grupo social igualitrio em que estava sempre presente a noo de que todos os seus integrantes pertenciam a um mesmo nvel social e, por essa razo, a cooperao entre os vizinhos se tomava fundamental. Sem a c0operao vicinal, era impossvel pata O caipira, que s dispunha da mo- de- obra domstica, efetuar o trabalho de derrubada, roada, plantio, limpa, colheita etc. Havia uma aproximao maior entre as pessoas atravs dessa forma de ajuda mtua e cooperativa existente em agrupamentos rurais cuja atividade produtiva era baseada na agricultura familiar.

    Essa modalidade de trabalho cooperativo surge quando, em determinado ncleo familiar, a execuo de um determinado trabalho torna-se impraticvel quando executado apenas pelos membros de uma famlia, sendo necessria a convocao de vizi

    < ,nhos para ajuda m1;1,a. E necessrio deixar daro que esse tipo de

    ~

  • 52 IH6P - Revista no 'f) trabalho no era remunerado e estava baseado apenas em relao de amizade, deixando para a pessoa que foi ajudada a obrigao moral de retribuit: assim que fosse tambm solicitada e, alm disso, no deixando de dar uma festa com fartura de comida e com muita msica e dana. Essa prtica, conbecida por mutiro15, favorecia os laos de solidariedade entre os integrantes do grupo e era caracterstica marcante da cultura caipira.

    Com o passar dos anos essa prtica fOI sendo abandonada por causa dos altos gastos que o beneficirio tinha em relao aos vizinhos, pois com seu novO modo de vida, com dinheiro sempre escasso e gastos cada vez mais altos, aS festas com fartura de comida tomavam-se um encargo. Essa forma de ajuda foi substituda pelo pagamento a algum por um ou mais dias de servio para a execuo da tarefa, ou ento pela" troca de dias" que consistia no pagamento do beneficirio ser realizado no em dinheiro, mas em trabalhos. Assim, o beneficirio inicial era quem passava a prestar servios nas teItas do outro, retribuindo a ajuda da mesma forma.

    Devido ao grau de isolamento, conseqncia da dificuldade de comuuicao com os centros urbanos, os bairros rurais conservam uma antiga forma de civilizao com a persistncia de diversas manifestaes folclricas de origem portuguesa e a PemJa1lncia de um estado de lngua mais antigo. Esta "marginalidade" a que estavam sujeitas estas reas, longe da vida scio-econmica dos centros urbanos, propiciaram uma cristalizao de traos de um portugus mais antigo presentes tambm em textos arcaicos. Deste modo, o seu dialeto carrega em SI mesmo a sobrevivncia de pocas remotas16

    Em Piracicaba havia ainda o problema das pssimas condies das estradas e pontes que dificultavam ainda mais o acesso entre a Vila e regies vizinhas, bem como entre zona rural e urbana. Essa relao entre estrada e povoado de interdependnca, revelando no somente a ao do homem sobre o meio, mas sua relao em um nvel scio -econmico e cultural Durante grande parte do sculo XIX, as principais estradas que ligavam Piracicaba capital da Provncia, Mato Grosso e Santos sfriam com a degradao, sendo motivo de discusses freqentes nas sesses da Crnara MuuicipaL

  • IHGP - Revista no 15 53

    Aspecto de Pirocaba no sculo XIX A n/o no era aifaluia e a comlufo era trapio anima/ 17,

    Como j foi mencionado, durante sculo XIX, em Piracicaba, ainda havia a permanncia da policultura, ou agricultura de subsistncia para consumo interno, junto da lavoura canavieira que continuamente ia crescendo, Inclusive, nos stios que no dispunham de fbrims de acar, por serem pequenos e sem recursos, levavam os sitiantes a cultivar apenas o mantimento para o consumo, Na primeira metade do sculo XIX, a estrutura econmica de Piracicaba era de base agrcola' COm uso de trabalho serv-! e ausncia de industtias importantes:

    Na ..a/idade, a Vla, em !!;cados do siml. XIX, lIo dife' !ia !!WiIO eJJJ SUl aspeclo da F"gllcJa dos allos alIlmims, fallalldo 1/;, aillda a Vil!atidadc prp,;a de "''' comrcio hllel/so, l'lo apwas o comin:io, mais dois olllros/aloln pam a llrbam':{fl!iio: OdeseJlrof tliJ!lfll/O da il1dlstn"a ainda incipie/lte (] os aspeclos clI/ll/rais 18.

    Em 24 de abril de 1856, a Vila Nova da Constituio foi elevada categoria de cidade, Mais tarde, em sesso extraordinria da cmara muncipal, de 11 de maro de 1877, foi aceita a indicao do

  • 54 IH6P - Revista Il" /5

    ento vereador Prudente de Moraes para que fosse restitudo oficialmente a esta cidade o seu antigo nome pela qual era popularmente conhecida: Piracicaba.

    Nesta segunda metade do sculo XIX, houve um crescimento no processo de urbanizao da cidade e um modesto crescimento no seu comrcio, embora a base da economia piracicabana permanecesse na produo agrcola: ''N'"ao foi rpida a urbanizao de Constituio, que tnaIlteve, por muito tempo, aspecto rural, com suas chcaras e quarteites sem casas, muitas vezes, at sem cercas, casa ao nvel da clada, sem jardim19."Isto pode ser observado no trecho do documento abaixo, datado de 1854, em que a Cmara Municipal solicita melhorias bsicas na regio e expe as dificuldades pelas quais vem passando:

    Esla Comam se I Compras em esperar que VossaExcellenda compenetrado I das net>1ssidaJes aqId apontadas os ndi I com a Assembko Provincial pois que e/los sai! I indispmsoveis, e esta Comam com tai! li I milodos rendimenlos nada mais pode Iftr.(Cf' do que exporestar necessidades. IMIdtar olllras necessidades tem esle Mil I nicip!, hllm ranxo nas marjens do Re Igalo ItapclkJpara O abrigo das lropas, Te Iporo de hllm raflX() qlle Im no Riberao 114r. Piraticomerim qlle cst avir ao chai! coisas I eslas qlle com 400 a 500 mil reis se evnsBgllem, I Hllm Chqforis para o qlle ha taif boa o Igoa etafacil de se evnsegllir- Humaca I Zo de Caridadepara abrigo da indgenda I Huma calada senai! emlodas as mas qtfe I dessem da Vi/Ia ao Rio Piracicaba, ao menoS na Iprincipal del/as - j'jJguma eviza quegaran I la a ma ChanJada Praia das enxontes que I desmorona o barranev do Rio, eque vai cs I lreilando mIdto a dita Rua em a(F;ms 'uFs I H!lma Cape/lo 110 Gemitcrio pom Teevmen I daa dos Cadaveres, e abrigo dos delJOtos [ilegivel} I e assim militar ontras nemsidodes que esta Co I mora llo e nl/mero por nai! ser exigida Ipor VossaE:xceJkllcia 20(..)

    Este estado de isolamento que perdurou de certa forma por quase todo o sculo XIX propiciou a preservao no apenas de uma cultura mais antiga, como tambm de traos de uma variante Iingil

  • IIfGP - Revista no 15 55

    stica nascida em ncleos familiares paulistas ainda nos sculos 'Vl e XVII. Desta variante lingustica surgiu o dialeto caipira, o qual se mantm em plena vitalidade entre os moradores piracicaba nos, principalmente os mais idosos da regio.

    o dialeto caipiracicabano: um resgate lingustico

    o termo dialeto vem do grego dilektos e significa "conversao, maneira de falar" que trazendo para o uso de hoje entendemos que seja uma maneira prpria de falar de uma determinada regio ou comunidade lingstica.

    O chamado dialeto caipira, constitudo a pattir da chamada lngua geral paulista, li fala de uma populao interiorana que durante muito tempo se manteve isolada dos contatos com os centros urbanos.

    O trabalho de Amadeu Amaral em "O Dialeto Caipira" realizado no inicio do sculo XX teve o dialeto caipira de So Paulo como seu foco de estudo. Ao coletar dados e informaes junto populao interiorana de So Paulo, Amaral demonstrou que havia uma variante lingstica local chamada dialeto caipira, falada por pessoas com pouca instruo, dentro do portugus padro falado em certas regies. Esta variedade lingstica, por ser falada por pessoas que permaneceram em um certo grau de isolamento, contm traos de um portugus mais antigo. Embora seja considerada hoje incorreta, essa variante lingstica j foi li norma padro culta em pocas anteriores:

    (...) a mlttlra do caipira no I nem nunca foi 11m reino separado, uma espcie de ctlltura primitiva independente como a dos Indios. Ela representa a adaptao do colonizador ao Brasil eportanto veio na maiorparte de fora, sendo sob dttl/irsos aspectos sobrevivncia do modo de ser, pensar e agir do portugus antigo. Quando um caipira diZ 'pregllnta'~ iwojqlleJ~ '(Iespoi!'~ IIVaJ_ sunc'; '~chiio" (cho), "dgcnte" (gente), no est estragando por ignorncia a lngua portllgtlesa; mas apenas con!C17Jando antigos

  • 56 IHGP - Revista no 15

    modos de falar qlle se transformaram na mileptria e aqlli. At ofomoso erre retroJlexo, o erre de IIIIr 011 de Tiet&, qll' se pensoll devido ti inf/llncio do ndio, viII-se depois qlle pode bem ter vindo de certas re!ies de Portllgal 21 (...)

    Cerca de cinqenta anos aps a publicao do estudo de Amadeu Amaral, Rodrigues (1974) atesta a vitalidade do dialeto caipira na regio de Piracicaba. De acordo com a pesquisa de Rodrigues (1974) intitulada "O dialeto caipira na regio de Piracicaba", por estar dentro da chamada "zona velha" de povoao, numa rea em que os paulistas teriam se fixado aps que o ciclo bandeirante, Piracicaba pode ser "considerada uma das regies onde o Dialeto Caipira, mesmo na rea urbana, teria grande vigor 22". Recentemente outros estudos teriam apontado Piracicaba como sendo "o bero do dialeto caipira23.", sugerindo a vitalidade do dialeto na regio ainda nos dias de hoje.

    Alm do trabalho de Amara! (1920), estudos lingsticos recentes de Naro & Scherre (2007), baseados em resultados de pesquisa sociolingstica laboviana e na pesquisa dialetolgica portuguesa apontam que certos aspectos lingsticos presentes no chamado dialeto caipira e apontados como sendo criados pela gramtica normativa, podem ser encontrados nos textos clssicos e pr-clssicos, anterior presena da lingua portuguesa no Brasil.

    Os exemplos mais citados por Amaral (1920) como sendo tpicos do dialeto caipira e mais recorrentes e observveis no dialeto caipiracicabano em entrevistas realizadas na regio, nos anos de 2006 e 2007, dizem respeto

    1j elevao da pretnica fechada le] para [i] em posio inicial ou media! , como em "pingo", "milhor". Este fenmeno linguisrico j estava presente na "Gramtica da lingua portuguesa" de Joo de Barros onde possvel. perceber o registro destas fotmas24.

    Alm disso, observando um pequeno trecho do ''Episodio cavalleresco", escrito ho sculo XN, podemos notar a ocorrncia do mesmo fenmeno lingstico: "(...) Ora, {azede o milhor que poderdes, ca iamais n seyerdes d'aqui se n mortos 251 ( ..)"

  • 57 IHfiP - Revista no 15 , . J

    2") A alternncia entre 11/ e /rI e o rotacismo em grupos consonantais:

    A lateral alveolat /1/, em final de vocbulo ou travando siJaba, transforma-se em Ir/: quarqu, papr, mr, arma. Esse fenmeno j poderia ser observado em Barros (1540, p10): "Sl, lua, glria, fama, memria, nam tem plurr,", demonstrando que, em uma determinada poca, este tipo de fenmeno fazia parte da norma padro da poca,

    3") Substituio de I por r em vocbulos com grupos consonantais latinos Ipl/, Ibl/, Itl/, IgII, Ildl e IR/. Deste modo, o caipira fala pranta", ucum.pteto", "exata", etc. Observamos a OCOtrncia dessa troca de I por r em um texto do sculo XV chamado "De um tratado de cozinha", de onde foi extrado um pequeno ftagmento:"R.dez gemas d'ouos e duas eraras e duas colheres de farjnha, de prata,(,,,) 26"

    4") Prtese- Esse processo ocorre quando no incio do vocbulo acrescenta-se uma slaba ou um fonema sem nada mudar na sua signifcao,Exemplo: alembrar no lugar de lembrar. Barbosa (1822) coloca que, longe de ser um processo recente, a prtese j era utilizada pelos "antigos", pelos poetas e pela "gente rstica" que "he a que mais conserva a antiga pronunciao". Portanto, paavras como costumar, lembrar e levantar ficariam acostumar, alembrar e alevantar de acordo com esse process027,

    Em Barros (1540,pA) tambm observamos o registro da forma "alevantam", indicando ser este um processo no apenas conhecido no sculo XVI, como tambm estava em pleno uso nas gramticas da poca, Uma ocorrncia bastante interessante encontra-se em "Lusadas" (3' estrofe do 1 canto):

    Cessem do sbio Grego e do Troiano As navegaes grandes que fizeram; Cale-se de Ale..xandro e de Trajano A fama das vitrias que tiveram;

    Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta28

  • 58 lHfJP - Revista Il" /6

    Palavras finais

    Piracicaba, fundada oficialmenteem 1767 pata que servisse de ponto de apoio e abastecimento para as tropas que seguiriam rumo s minas aurferas de Mato Grosso e ao Forte de 19uatemi, encontra-se em uma das regies mais industrializadas do Estado de So Paulo.

    Nesta regio, onde teria se formado o que Cndido (1988) convencionou chamar de "lenol de cultura caipira", tem hoje sua economia baseada na produo agricola e industrial No entato, embora tenham ocorrido diversas mudanas de vulto tanto no campo poltico quanto no setor econmico, o que pudemos observar foi uma conservao de diversas manifestaes culturais com o objetivo de manter viva a tradio local

    O relativo estado de isolamento em que se manteve Piracicaba durante muito tempo de sua histria favoreceu no apenas a manuteno de certos habitos culturais e prticas antigas pela populao local como tambm possibilitou fazermos hoje uma espcie de "resgate ligui'stico" de formas antigas da lngua ainda retidas no dialeto caipira local. Sendo assim, diferente do que tem ocorrido em outras regies do Estado de So Paulo, em Piracicaba ainda podemos encontrar um rico patrimuio culturallingui'stico preservado na boca de seus moradores mais idosos.

    Notas

    1 D. Luiz de Souza Botelho Mouro foi enviado capitania de So Paulo por sua grande experincia militar em deter os castelhanos e recuperar teo:as para o domnio portugus. Segundo Leonzo (1975, p.65): "O prprio governador. o Morgado de Mateus. destacara-se no reino na represso contra a invaso castelhana em 1762, como mestre de campo do tero de auxiliares de Pe,nanel e Bayrio, do dstrito do Porto. Com oitocentos homens das ordenanas impedira, durante treze dias, o avano de um destacamento espanhol pata alm da provncia de Tdsffos-Montes~ enquanto no chegavam tropas regulares portuguesas. ( ... )"

  • 59 IHGP - Rellsta Il" 15 2 Quem iria povoar Iguatemi? Kok (1998, p.315) coloca que: "Homens,

    mulheres e crianas da Captania de So Paulo, mulatos e negros em sua maioria, foram povoar a regio de 19uatemi. Sem terras e com poucos escravos, essa gente foi atrada pela promessa de doao de terras, mantimentos, iseno de servio militar e perdo -s dividas:~

    3 BEU.OTIO, HeloisaL. Autoridade e conflito no BIasU colonial: o governo de Morgado de Mateus em So Paulo.1979, pg 122.

    4 BEU.OTTO, Heloisa L. ido ibidem, pg. 142. 5 NEME, Mrio. Histria da fundao de Piracic.ba .1943, pg 41 6 pesquisas mais recentes como de Santiago-Almeida (2000), Castro (2006) e

    Megale (2000) demonstram que ainda hoje possvel encontrnr um modo de vida caipira que, se no fOr semelhante, tenha pelo menos algumas das caracte:tisricas j antes encontradas por Amaral (1920) e CandJdo (1988).

    7 CNDIDO, Antnio. Caipiradas. In: CNDIDO, Antnio. Recortes. 2004, pg 270-71

    8 FURTADO, Celso. Fonnao econmica do Brasil, 2000, pg 89. 9 CNDIDO, Antnio. O. parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira

    paulista e a ttansfonnao dos seus meios de vida 1988, pg 44. 10 CINDIDO, Antnio. id. ibidem, 1988, p.79. 11 (MARTINS, 1975, p.l0S): "O mundo do caipira um mundo de mni

    mos vitais." 12 TORRES, Maria Celestna Teixeira Mendes. Piracicaba no sculo XIX, pg 99. 13 Torres, Maria C. M. id. ibidem, 2003, p.92 14 SOARES1 Lucas Jannoni. Presena dos homens livres pobres na socieda

    de colonial da Amrica Portuguesa, 2005, pg 13. 15 Segundo Martins (1975, p.111-112), o mutiro caractenaa-se por ser um

    trabalho coletivo de limpa de roa ou pasto, em que os vizinhos voluntria e grattritamente se renem para ajudar um morador do bairro que pOL necessidade (geralmente UIgncia) pea ajutrio para levar a f,abo es

    Usas tarefas.Tambm a o dono da casa oferece comida: almoo e Hjanta , alm da pinga~ muito consumida nessas ocasies:'

    16 Um exemplo bastante interessante dado por Marroquim (1934, p.l0-11) mostra o poder que tem a ao isoladora do meio na cristalizao de uma determinad.lngoa. O exemplo po< ele dado o Vascono, lngua falada pelo povo basco que vivia nas montanhas, Devido a essa localidade ser de diBci1 acesso e comunicao, sua lingua se conservou intacta durante muito tempo, sem se misturar com qualquer outto idioma que tenha passado pela Pennsula Ibrica. Refugiados nos Pirineus, os bascos, desde a invaso dos celtas~ conseguiram escapar ao contato dos povos que sucessivamente dominaram a plancie. Deste modo, Conservaram suas ttadies e sua lngua por muito tempo.

  • 60 IHUP - Revista nQ /5 17 Fonte: Acervo do Instituto Histrico e Geogrfico de Piracicaba 18 Torres, Maria C. M, Op, cit; 2003, p,108 19 Toues , Maria C. M. OI" cit ,2003, 1'.133 20 Acervo do Arquivo Pblico do Estado de So Paulo, caixa 375, P 1, do

    cumento 49, ordem 1170 21 Cndido, Antnio, Op, cit" 2004, p,269 22 RODRIGUES, Ada Natal, O dialeto caipira na regio de Piracicaba"

    1974, pg 22 23 COx, Maria Ins Pagliarini. ao rotadsmo no falar cuiabano: a potn

    cia da voz mamelu~ em uma variedade do portugus b:msileirou . IN SA.NTL\GO ALMEIDA, Manoel Mounvaldo (org) & COx, Maria Ins Pagliatini( org).Vozes Cuiabanas: estudos lingsticos em Mato Grosso., 2005, pg 104,

    24 "milhor" (Bauos,1540,p, 4) e "Jintilhas" (Barros,1540,p, 11) 25 Apud. Vasconcelos~Leite de. Textos arcaicos,1922. p. 44. 26 Apud,Vasconcellos, ~ite de. Textos arcaicos, 1922,1',99 27 BARBOSA, Jernimo Soares,Gramm.tica philosophic. da Jingo. portu

    gueza ou principios de grammatica gerAl applicados nossa linguagem, 1822, pg 23,

    28 Apud, Abdal. Jnior, Histria social da literatu.ra portuguesa, 1985, p.44

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  • IHGP - ReVista no /5 63

    Via eObra e Luiz e Queiroz* Emar Jos Kiebl"

    A Escola Superior de Agricultura Luiz de Quetoz, desejando prestar mais 1ll:rul homenagem ao seu fundador e patrono LUIZ VICENTE DE QUEIROZ, resolveu erigir um mausolu em seu "campus", destinado a encerra os restos mortais do inolvidvel brasileto e de sua dedicada esposa, D. Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz.

    Esse expressivo acontecimento vem concretizar um antigo desejo de toda Piracicaba, qual seja o de ter repousando para sempre em seu solo os restos mortais do venerando casal que deixou assinalado, de farma indelvel, a sua vida cheia de realizaes em favor desta comunidade.

    Dentre as suas inmeras realizaes, destaca-se essa monumental obra que posSlbilitou ao ensino agronmico do Brasil ombrear-se com os maiores e mais avanados centros de educao e cultura, nesse setor.

    Finalmente, os despojos imortais de Luiz de Queiroz, bem como os de sua extremada companheta, repousaro no "campus" da Escola, na mesma terra que o sonho idealistico do grande vulto do passado, e exemplo para o presente, transformou nesse pujante centro de ensino superior agronmico.

    * Reedio.

    ** Professor da Esalq (aposentado) e primeiro presidente do Instituto His

    trico e Geogrfico de Piracicaba.

  • 64 IfIBP - Revista /lO /5

    o mausolu, erigido em frente ao pavilho principal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, foi projetado pelo artista piracicabano prof. Arquimedes Dutra. simples, mas altamente sugestivo. Construdo em granito rosa, tem a seguinte inscrio:

    A LuiZ Vicente de Souza QueiroZ.

    O Teu Monumento a Tua Escola

    Ao ensejo das solenidades da transladao dos restos mortais do insigne brasileiro e de sua esposa, O DlRlO DE PIRACICABA e o Departamento Municipal de Cultura associam-se Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, fazendo a publicao deste trabalho do engenheiro agrnomo Dr. Edmar Jos Kehl, professor -assistente de Agricultura Geral da referida Escola.

    Morre um Latifundirio

    Nossa histria comea no ano de 1819. O dia 30 de maio e registra o hlecimento de um dos maiores Iatifundiris do Estad de So Paulo. O Brigadeiro Luiz Antnio de Souza, assim se chamava ele, era natural de Amarante, Portugal. Viera para o Brasil e t@mara-se grande proprietrio; vinte e dois anos atrs aqui se casara com Genebra de Barros Leite, deixando desse consrcio trs filhos e trs filhas.

    Com a partilha de seus bens, grandes glebas situadas pelo interior do Estado couberam a seus filhos. Estes herdando to valioso patrimnio, transmitiram aos seus descendentes tambm um sobrenome composto que se perpetua at os dias de hoje. Assinavam eles Souza Queiroz, retirando o primeiro nome do pai e do av e o segundo do bisav, Manoel Francisco de Queiroz.

    Muitas das terras deixadas pelo Brigadeiro localizavam-se nas redondezas de Piracicaba, povoado que ento se erguia margem do Rio Piracicaba. Essa a razo pela qual viriam mais tarde radicar-se

  • IH/W - Revista fi" /5 65 nesta regio os descendentes de sua filha Ildia Mafalda de Souza Rezende, casada com o mineiro Estevo Ribeiro de Rezende, Marqueses de Valena e os descendentes de seu filho Vicente de Souza Queiroz, Baro de Limeira.

    A viva do Brigadeiro Luiz Antnio se casaria, mais tarde, em segundas npcias, com Jos da Costa Carvalho, natural da Bahia, nobilitado com o ttulo de Marqus de Monte Alegre, a quem deixaria, por sua morte, ocorrida em Lisboa, dezessete anos aps o falecimento de seu primeiro esposo, as terras que lhe couberam e que seriam mais tarde conhecidaS como as da Fazenda Monte Alegre.

    Alm das Fazendas Monte Alegre e Morro Azul, possudas em sociedade com Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e a Fazenda Moriolino, em Campos de Araraquara, deixou o Brigadeiro Luiz Antonio terras situadas em Taquaral, Rio das Pedras, na margem esquerda do Rio Piracicaba e muitas outras margem direita, estendendo-se desde esta. freguesia at Limeira. Deixou, ainda, extensa gleba situada bem ao corao da capital do Estado, a qual seria repartida em chcaras entre seus herdeiros.

    No Solar dos Bares de Limeira

    Trinta anos so passados. O Bariio de Limeira reside na chcara que houve de seu saudoso pai. Um majestoso solar foi nela construdo bem no local onde hoje se acham S Secretarias de Obras Pblicas e de Transportes, na cidade de So Paulo; o resto da propriedade se estende por toda a 7.ona atravessada atualmente pela Avenida Brigadeiro Luiz Antnio.

    O dia 12 de junho dia de feslS para o Baro de Limeira, pois acaba de ver nascer seu quinto filho. Por uma coincidncia, tambm ele, pai, foi o quinto filho. Da receber O novo herdeiro o nome de Luiz Vicente, em homenagem ao av e ao progenitor. A esposa e prima do Baro de Limeira, Dona Francisca de Paulo Souza ta.mbm tinha o mesmo nome, lembrando o do pai, Senador

  • 66 IH6P - Revisla no /5

    e Conselheiro do Imprio Francisco de Paulo Souza e Mello, casado com Dona Maria de Barros Leite.

    A efemride registrada na capa interna da Bblia, conforme o costume reinante entre as famlias profundamente religiosas, A este registro se seguiriam, ainda, dez outros mais, pois os Bares de Limeira teriam ao todo sete !ilhas e oito !ilhas.

    Luiz Vicente de Souza Queiroz, seria, entretanto, na intimidade da famlia, o sempre querido "Lul". O pai, como o foi seu av, era agricultor, proprietrio de inmeras fazendas, tendo trs anos antes do nascimento do !ilha, adquirido um stio, com engenho de acar. O Baro de Limeira era um incentivador de novas culturas e introdutor de plantas teis e ornamentais. A camlia era uma das muitas flores que foram por ele aclimatadas, tomando-se em pouco tempo muito requisitada e popular.

    E nesse ambiente de profundo amor e admirao s coisas da natureza que desabrocha a infncia do menino Luiz. Mal completa ele oito anos, cuidam seus pais, de lhe dar uma elevada educao, mandando-o Europa em companhia do mano Vicente, mais idoso. O menino Luiz j Se revela amigo das plantas e animais: na despedida no quer se separar do seu lindo passarinho, Chorando, pede que permitam leva-lo consigo.

    No velho continente ele cursar, quando jovem, a escola de agricultura e veterinria de Grignon, na Frana, instalada em um antigo castelo do sculo XIII e a de Zutick, na ento Suia Alem.

    A Herana

    A 5 de setembro de 1872 falece o Baro de Limeira, Na diviso do patrimnio, cabe ao filho Luiz Vicente, entre outros bens, a "Fazenda Engenho d'gua", localizada entre a agora cidade Constituio e o povoado de Limeira, lotais ainda no ligados Capital por estrada de ferro,

    Possuidor de uma bela cultura, adquirida graas aOS cursos '. que realizou na Europa e aprimorada pelas experincias que as via

  • IHBP - Revista no 15 67

    gens por pases daquele continente lhe proporcionaram, vem Luiz de Queiroz, um ano aps a morte do genitor, tomar posse da nova propriedade. Conta, ento, apenas vinte e quatro ano de idade.

    Hospeda-se na manso de seus tios, os Marqueses de Valena, hoje pertencente a seus descentes e conhecida por Chcara Nazareth. Da sacada dessa residncia, descortina um imponente panorama que, dia a dia, mais impressionava esse jovem cheio de idealismo: o majestoso Salto do Rio Piracicaba. Demonstrando esptito empreendedor e evoludo, imaginou um meio de aproveitar, pelo menos em parte, esse enorme potencial hidruico. H cerca de quatro anos funcionava em Itu a Fbrica de Tecidos So Luiz, movida a vapor, apesar de estar to prximas do Salto de Itu, no rio Tiet:

    Decidiu seguir o exemplo do pioneiro Coronel Luiz Anhai Mello, tambm instalando uma fbrica de tecidos, movida, porm, por fora hidtuica. "Que temerria empresa"l diziam todos "no fabricamos mqunas, no possumos tcnicos, teceles, nem mesmo iniciamos~ na zona, a cultura do algodo"!

    Para esse rapaz dinmico e audacioso, tudo, porm, possvel. Nilo h obstculos capazes de deter sua nsia de criar, de dar vida aos seus sonhos dourados - No h maqunaria no pals, necessria fiibrica de tecidos? - Importem-se da Inglaterra. - No h via frrea de Jundia at Piracicaba? Faa-se o transporte em lombo de bUtto e carro de bois. - No h serrarias? - Talhem-se as esquadrias a mo. No h tcnicos especializados? Que venllarn da Blgica. Finalmente, introduza-se a cultuta de algodo para alnlentat os teares.

    Todos os obstculos so vencidos e o intrpido jovem tem a honra de ser um dos pioneiros da cultuta desse malvcea no Estado de So Paulo e a alegria de ver instalada e funcionando a "Fbrica de Tecidos Santa Francisca, nome dado por ele em homenagem sua 9uerida me.

    Os anos vo passando e os esforos desse moo, conhecido entre os amigos por "Queirozinho", so coroados de xito. A fbrica de tecidos, com 50 teares d servio para 70 operrios. Sua capacidade produtiva de 2.400 metros de pano por dia. Tudo corre as mil maravilhas, rendendo-se etn breve, aprecivel fortuna. Foi por

  • 68 lH6P - Revista 11" 15

    essa ocasio que fez instalar uma linha telefnica entre a fbrica de tecidos e a Fazenda Santa Genebra, antecipando, desta maneira, de 75 anos a incentiva de uma plade de piraccabanos, que instalou, em 1957 uma empresa telefnica local.

    Piracicaba, nessa poca, era a terceira cidade da Provncia de So Paulo em nmero de escravos, possuindo 5.339 dos 174.622 existentes. Todavia, nas propriedades desse jovem de esprito esclarecido, no eram empregados braos escravos no trabalho.

    Adquiriu barcos para o transporte fluvial da produo da sua fbrica pois Piracicaba, ento, comunicava-se com Capivar, Indaiatuba, Jundia, So Paulo e Santos, por meio de estradas de ferro. Todavia era a navegao fluvial nos rios Ptacicaba e Tiet que a ligava com So Pedro, Dois Crregos e J a, na margem direita e Botucatu e Lenis, na esquerda.

    A Fazenda Santa Genebra to embelezada, tratada com tanto carinho, que constitui um dos mais bonitos passeios nas cercanias da cidade. A nsia de evoluo constantemente demonstrada, como o foi nesta poca, aO montar a Serraria gua Branca, vulgarizando na cidade as modernas e aperfeioadas mquinas dessa importante indstria. Outro fato, igualmente digno de nota, o de ter mandado vt de Paris um modernssimo carro que desperta a curiosidade geral, a ponto de ser comentado pelos jornais. Esse veculo seria ofertado a sua bem amada para passeios pela cidade. Manda, ainda, construt uma manso no terreno que toma todo um quarteiro, situado nas ento tuas do Vergueto, das Flores, dos Pescadores e na que se deveria abrir em direo ao salto. E que, em breve, dever consorciar-se com a meiga Ermelinda Ottoni, filha do Conselheto do Imprio Cristiano Ottoni e de Dona Brbara de Barros Ottoni.

    O enlace realizou-se em 1880, casando-se eles por amor numa poca em que eram comuns matrimnios entre parentes, principalmente para preservar fortunas. As famlias opunham-se a essa unio, devido ao fracasso do casamento da mana Paulina com um tmo de Ermelinda, os quais, por questes fteis se desquitaram. Esse acontecimento, no sculo passado, causou grande cons

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    tcrnao em ambas as famlias, extremamente religiosas e imbudas de severos e rgidos princpios morais. Diante da celeuma criada, surge uma idia plausvel, imposta pela Baroneza de Limeira: a do casamento em regime de separao de bens.

    o Casal Luiz de Queiroz

    o jovem casal passou a residir no luxuoso palacete, construdo no centro de uma rea que ocupa todo um quarteiro, bem ao lado do salto do rio Piracicaba. A vista belssima e, circundando a casa, existe um muito bem cuidado parque. Inmeras plantas exticas so nele cultivadas, tomando-o um jardim de aclimatao de essncias estrangeiras s condies ecolgicas locais; o carvalho europeu, a " GREVIllEA ROBUSTA", o cinamomo, as palmeiras imperiais, os pliitanos tambm conhecido por lamos, so algumas das plantas que adornam li manso. Variedades de algodoeiro do Egito e da Amrica do Norte eram obeto de especial ateno do proprietrio que multiplicava e disseminava essas malvceas por toda li regio.

    Dona Theodosia Oetom de Castro Maya, irm de Dona Ermelinda, quem melhor fala desse casamento ao afittna:r: "sei que foram muito felizes porque Lul era uma prola e se adoravam apesar da diversidade de gnios: ela muito sria, piedosa, mulher ex=plar; ele, alegre, brincalho gostando muito da mocidade. Lembro-me ainda, quando vinha ao Rio. Para ns, crianas, era uma festa! Lul inventava brinquedos, passeios aOs quais minha madrinha sempre tomava parte. Uma ocasio, meus sobrinhos de 8 e 10 anos estavam no jardim, alinhados, preparando-se para apostar uma romda, papai, chegando janela, perguntou: "O que esto esperando? No esto a todos os "Cav-alos"? - No, vov, pos rio Lul ainda no chegou". Era um dos "cavalos"". E assim era ele, alegre, brincalho, louco por crianas, que bem lhe retribuam o areto.

    De minha irm, madrinha de batismo, s posso dizer que era uma santa. Foi para mim uma segunda me. Desde que saiu do colgio, tomou conta de mim e com ela estudei at O ano anterior ao seu casa

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    mento. Depois, s nos vamos quando eles vinham ao Rio. Casei-me, morei alguns anos na Europa; pouco depois de minha volta, Lul faleceu. Minha madrinha habituada vida paulista ficou residindo, vindo porm, passar comigo, quase todos os anos, o tempo mais frio".

    Uma nica nuvem toldou a felicidade desse casamento; os esposos adorava crianas e no tiveram filhos. Supriam essa falta, porm, mimando os sobrinhos que passavam longas temporadas na companhia de ambos. Ele dedicava-se, em seus momentos de lazer, s plantas, e s obras de benemerncia. Ela, muito virtuosa, s obras pias e ao catecismo e preparo de crianas para a primeira comunho.

    Dona Errnelinda Ottoni de Souza Queiroz acompanhou e incentivou seu esposo em todas suas realizaes. Foi uma colaboradora dedicada e desinteressada, apoiando at com sua fortuna particular as empresas do marido.

    Luiz de Queiroz, o Benemrito

    Rico, Luiz de Queiroz nunca abandonou seus auxiliares, para os quais mandou construir caSas ao redor da fbrica e mais uma vila operria, tomando toda a extenso entre as atuais Ruas Voluntrios de Piracicaba e Treze de Maio. Essas casa, ainda h poucos decnios atrs, foram transformadas em cortio e maldosamente apelidadas pelo povo ''loca de pedra". Ainda hoje se vem os embasamentos dessas construes na atual rua que ostenta seu nome.

    Concorre com auxlios financeiros a todas as obras benemritas da cidade. Penaliza-se com a sorte dos escravos, auxiliando os negros foragidos, com orientao e dinheiro. Crescendo o movimento abolicionistas, toma-se um partidrio entusiasmado, arriscando, por vezes, os bens materiais e a prpria vida em prol da campanha. Certa ocasio, quando os nimos se tornaram mais acirrados, suas propriedades e viram ameaadas de serem queimadas por escravocratas, o que no ocorreu, provavelmente, devido noticia veiculada pelos jornais de que seus fiis e reconhecidos operrios a elas montava guarda, dia e noite.

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    A cidade tambm no esquecida por Luiz de Queiroz, que manda arborizar todas as praas e grande nmero de ruas, s Suas prprias expensas. Oferece constantemente plantas ornamentais a seus conhecidos e amigos, mas observa, desapontado, que eles no alcanam o valor de seus presentes, mostrando-se pouco interessados. A esse respeito, conte-se que Luiz de Queiroz, usando de psicologia, resolve colocar um guarda armado de carabina, para zelar das inmeras preciosidades que guarneciam o caprichoso parque de seu palacete. A deciso logo se propaga e os curiosos passam a assediar o jardim, com o fito de burlar a vigilncia do guarda e carregar as mais belas mudas da coleo. O guarda, cumprindo ordens, "colabora" no roubo, fazendo "vista gorda" toda vez que algum interessa carrega furtivamente uma planta. Conta-se, tambm, que Luiz de Queiroz possuia um caderno onde anotava o nome dos amigos a quem havia presenteado com suas preciosas plantas e, de vez em quando, visitava essas pessoas, a fim de verificar Se seus exemplares estavam sendo cuidados com carinho. Caso no estivesse, riscava o nome desse amigo, a quem no mais presenteava.

    Dentre as inmeras plantas, que importou e recomendou, desejamos destacar o Cinamomo. Se nossos governos e mesmo os tcnicos tivessem estudado com mais carinho as iniciativas deste grande homem, hoje o solo de nosso Esrado estaria intensamente reflorestado com essa planta. O Cinamomo fornece madeira de qualidade superior do eucalipto e o tempo necessrio para dar o corte menor do que nas outras rv~res. Como seu pai, o Baro de Limeira Luiz de Queiroz sempre fomentou a cultura de nOVas plantas, distribuindo periodicamente aos lavradores sementes e mudas.

    o Idealista

    O sonho dourado desse ilustre patriota, sonho que ele acalenta com ternura, a instalao de urna Escola Agricola. Essa idia dominava-lhe o esprito principalmente quando v perecerem os algodoais de seus fornecedores, atacados por pragas e molstias desco

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    Para a realizao do ideal, que grandioso, Luiz de Queiroz solicita o apoio financeiro de amigos, parentes ricos e abastados fazendeiros de Piracicaba, cujas famlias tradicionais residiam nas redondezas. A negativa, porm, geral. Ningum o auxilia, julgando-o um visionrio. No desanima, Luiz de Queiroz. De vontade fttea e nimo inquebrantivel, esse gtande paulista resolve sozinho levar avante o projeto. Embarca para a Europa e Amrica do Norte em busca de planos. Na Inglaterra, encomenda a dois arquitetos o projeto pata uma Escola Agrcola e Fazenda Modelo, trabalho que lhe , custou 300 libras. Visita, tambm, jardins botnicos e estabelecimentos agrcolas da Europa e depois dos Estados Unidos, de onde traz um Professor de Agricultura e dois arquitetos de nacionalidade espanhola. Em aqui chegando, a construo da Escola atacada intensamente por 200 trabalhadores.

    O movimento pela implantao de uma Repblica, no Brasil, tomava, nessa poca, gtande vulto. Surgiam, aqui e ali, jornais e clubes republicanos. Em 19 de Outubro de 1889, fundava-se o Clube Republicano Piracicabano, sendo Luiz de Queiroz um dos scios fundadores. Proclamada a Repblica, tomaram conta do governo municipal, dois dias depois, por aclamao do povo, Antnio Morais Barros, Paulo Pinto e Luiz de Queiroz.

    Em 1890, Luiz de Queiroz exerceu o cargo de segundo suplente de Juiz Municipal. Tambm exerceu, por essa ocasio, e sempre gtaciosamente, o cargo de Juiz de Paz, revelando nesta, como nos outros cargos, moderao e competncia.

    Quando percorrera os Estados Unidos, Luiz de Queiroz impressionara-se com o emprego da eletricidade. Sabedor de que o Brasil no possuia minas de carvo como certos pases europeus e os Estados Unidos, previu, esse notvel brasileiro, a extenso do valor de nossas quedas de gua, ainda inexploradas. Ofereceu-se, pois, Municipalidade para, sob contrato, instalar aqui uma usina, par" fornecimento de energia eltrica, o que foi aceito. Manda vir dos Estados Unidos toda a maquinaria e mais o engenheiro eletricista, Dr. T. Alvim Call. O prdio para a futura usina construdo inteiramente de pedras, em estilo americano, margem esquerda

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    do Rio Piracicaba, defronte Ilha dos Amores. A usina comportar duas turbinas com 250 cavalos de fora e trs dinamos Thompson &Rr Houston. O maior deles destina-se iluminao particular, desenvolvendo 1.200 amperes e os dois outros, iluminao pblica, desenvolvendo 770 amperes.

    A construo da futura Escola AgrcoL1, neste ano de 1892, continua a ser febrilmente atacada, ao mesmo tempo que se monta a usina eltrica. Na Fazenda So Joo da Montanha, funcionam duas olarias e uma scrtaria a vapor, a primeira, no gnero, na cidade. Explora-se uma pedreira, e um fomo para fabricao de cal est em franca produo. Todos os materiais necessrios para as construes ali se acham em abundncia. A casa do Diretor da Fazenda j tem seus alicerces prontos. Um estbulo moderno e uma pocilga j esto em andamento. Para o levantamento do edifcio destinado Escola, enorme quantidade de pedra de cantaria e tijolos amontoa-se junto ao local da construo. Quatro casas de colonos j esto prontas e trs outras em vias de construo.

    Todos os servios so fiscalizados pelo prprio Luiz de Queiroz. Diariamente, toma ele sua conduo; partindo de seu palacete e caminhando pela estrada que sempre acompanha as margens do Piracicaba, rio acima, ia ter foz do ribeiro Piracicamirim, onde se situava a sede