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Revista Dilogos Mediterrnicos www.dialogosmediterranicos.com.br Nmero 2 Maio/2012

REVISTA DILOGOS MEDITERRNICOS EQUIPE EDITORIAL

EDITOR GERENTEProf. Dr. Renan Frighetto, Universidade Federal do Paran, Brasil

CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Dennison de Oliveira, Universidade Federal do Paran, BrasilProfa. Dra. Marcella Lopes Guimares, Universidade Federal do Paran, Brasil Profa. Dra. Ftima Regina Fernandes, Universidade Federal do Paran, Brasil Prof. Dr. Renan Frighetto, Universidade Federal do Paran, Brasil

CONSELHO CONSULTIVOProf. Dr. Hans-Werner Goetz, Universitt Hamburg, Alemanha Prof. Dr. Saul Antnio Gomes, Universidade de Coimbra, Portugal Profa. Dra. Aline Dias da Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Prof. Dr. Stphane Boissellier, Universit de Poitiers, Frana Profa. Dra. Ana Teresa Marques Gonalves, Universidade Federal de Gois, Brasil Profa. Dra. Renata Cristina Nascimento, Universidade Federal de Gois, Brasil Prof. Dr. Marcus Silva da Cruz, Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil Prof. Dr. Gerardo Fabin Rodrguez, Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina Profa. Dra. Ana Paula Magalhes, Universidade de So Paulo, Brasil Profa. Dra. Maria Filomena Pinto Da Costa Coelho, Universidade de Braslia, Brasil Profa. Dra. Maria Cecilia Barreto Amorim Pilla, Pontifcia Universidade Catlica do Paran, Brasil Prof. Dr. Jos Carlos Gimenez, Universidade Estadual de Maring, Brasil Prof. Dr. Cssio da Silva Fernandes, Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil Profa. Dra. Andria Cristina Lopes Frazo da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Prof. Dr. Leandro Duarte Rust, Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil Prof. Dr. Marcos Luis Ehrhardt, Universidade Estadual do Oeste do Paran, Brasil Prof. Dr. Gilvan Ventura da Silva, Universidade Federal do Esprito Santo, Brasil Profa. Dra. Armnia Maria de Souza, Universidade Federal de Gois, Brasil

EQUIPE TCNICA Prof. Doutorando Andr Luiz Leme, Universidade Federal do Paran, BrasilProfa. Doutoranda Elaine Cristina Senko, Universidade Federal do Paran, Brasil Profa. Doutoranda Janira Feliciano Pohlmann, Universidade Federal do Paran, Brasil

Prof. Mestre Otvio Luiz Vieira Pinto, Universidade Federal do Paran, Brasil

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FOCO E ESCOPO DA REVISTA

A Revista Dilogos Mediterrnicos, vinculada ao Ncleo de Estudos Mediterrnicos da Universidade Federal do Paran, tem como principal misso difuso do conhecimento historiogrfico relativo a realidade do mundo mediterrnico na diacronia histrica, desde a Antiguidade at a contemporaneidade. Tal iniciativa amparada por objetivos definidos, como o de incentivar a produo acadmica cientfica qualificada e, conseqentemente, incrementar o debate e o intercmbio entre especialistas nas reas das Cincias Humanas que tenham como motor de suas investigaes a Histria do mundo mediterrnico. Trata-se duma publicao vocacionada ao espao cientfico, sendo destinada divulgao de artigos e resenhas de mestrandos, mestres, doutorandos e doutores que devem ter como tema central a Histria na realidade mediterrnica. Todos os trabalhos devero ser encaminhados pela pgina web

http://www.dialogosmediterranicos.com.br, atravs do sistema Open Journal Systems que favorece a ocorrncia duma avaliao criteriosa e sria por parte dos pareceristas e dos autores de artigos e resenhas. Para tanto essencial que cada autor realize seu cadastro no sistema, seguindo os passos informados. Os trabalhos sero enviados para sesses especficas Dossi; Artigos Isolados; Resenhas; Entrevistas e sua publicao ser realizada conforme a avaliao dos pareceristas.

CONTATO PRINCIPAL

Ncleo de Estudos Mediterrnicos Universidade Federal do Paran Endereo: Rua Gal. Carneiro, 460. Prdio D. Pedro I, 7 andar, sala 715. Centro - Curitiba - Paran Brasil CEP 80060-150 Telefone: 55 (41) 3360-5416 / 3360-5417 E-mail: [email protected]

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SUMRIO

EDITORIALEditorial Revista Dilogos MediterrnicosRenan Frighetto

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DOSSIO MEDIEVO PENINSULAR VISTO PELA HISTORIOGRAFIA EXTRA-IBRICA

Apresentao ao DossiFtima Regina Fernandes

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A histria medieval e os desafios da contemporaneidade na FranaStphane Boissellier

LIslam andalou dans lhistoriographie europenne (non ibrique)Franois Clment

Les inscriptions mdivales de la Pninsule ibrique et les recherches europennes en pigraphieVincent Debiais

Las Crnicas de la Baja Edad Media Ibrica en la Historiografa Europea (no Ibrica), (1999-2010)Charles Garcia

Crnica de um gnero histricoMarcella Lopes Guimares

A pennsula ibrica medieval no Programa de Estudos Medievais da UFRJAndria Cristina Lopes Frazo da Silva

ARTIGOSReinos em guerras, infantas aflitas: a mulher nas vicissitudes polticas das monarquias Ibricas MedievaisJos Carlos Gimenez

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Historical Writing, Historical Thinking and Historical Consciousness in the Middle AgesHans-Werner Goetz

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RESENHASGOODY, Jack. Renascimentos: um ou muitos?Elaine Cristina Senko

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SCHMITT, J-C. O corpo das imagens: Ensaios sobre a cultura visual na Idade Mdia.Diogo da Silva Roiz

NORMAS DE PUBLICAO

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EDITORIAL

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Editorial Revista Dilogos MediterrnicosVoltada ao estudo das humanidades, a revista Dilogos Mediterrnicos nasceu com a proposta de albergar e difundir os debates que vem desenvolvendo-se no mbito acadmicocientfico sobre a realidade histrica do mundo mediterrnico. Neste nmero se oferece um destaque especial aos estudos relativos a Histria Medieval desenvolvidos em ncleos de investigao e pesquisa brasileiros e franceses e que so apresentados no Dossi O medievo peninsular visto pela historiografia extra-ibrica, coordenado pela Profa.Dra. Ftima Regina Fernandes, do Ncleo de Estudos Mediterrnicos da Universidade Federal do Paran, que conta com a participao de medievalistas brasileiros e franceses. Alm destes, na seo Artigos, encontram-se estudos de grande relevncia historiogrfica realizados por destacados historiadores e medievalistas, como o Prof.Dr.Hans Werner Goetz, da Universidade de Hamburgo (Alemanha) e o Prof.Dr. Jos Carlos Gimenez, da Universidade Estadual de Maring (Brasil). Completam este nmero da revista Dilogos Mediterrnicos as resenhas feitas pelos Professores Mestres Diogo Roiz e Elaine Senko. Destacamos a qualidade de todos os trabalhos encaminhados e que foram devidamente avaliados e aprovados por pares, segundo a poltica de publicao da revista Dilogos Mediterrnicos. Agradecemos a todos os autores pela confiana de terem remetido seus estudos nossa revista e esperamos que os mesmos provoquem o dilogo, a troca de idias e o intercambio de opinies, elementos salutares para o pleno desenvolvimento do debate acadmico-cientfico. De igual forma queremos expressar nossa gratido todos os que colaboraram para que a revista Dilogos Mediterrnicos tenha sado do plano das idias para o universo das publicaes cientficas. Para todos, autores, consultores, editores e alunos, vale recordar aqui uma frase do grande Ccero, que no seu escrito sobre A Amizade, dando voz a Llio, disse-nos, ...penso que a amizade no pode existir seno entre os bons.... Obrigado!!!

Prof.Dr.Renan Frighetto Editor da revista Dilogos Mediterrnicos.

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DOSSIO MEDIEVO PENINSULAR VISTO PELA HISTORIOGRAFIA EXTRA-IBRICA

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O medievo peninsular visto pela historiografia extra-ibricaFtima Regina Fernandes Universidade Federal do Paran Ncleo de Estudos Mediterrnicos

Eis que vem a foro o primeiro dossi da revista Dilogos Mediterrnicos do qual me coube a responsabilidade de organizao. Iniciativa que resultou de uma aproximao j h algum tempo ensaiada entre os medievalistas do Ncleo de Estudos Mediterrnicos (NEMED) da Universidade Federal do Paran e o Centre dtudes Suprieures de Civilisation Mdivale (CESCM) da Universit de Poitiers. A realizao de dois eventos cientficos, o primeiro em Poitiers em 2010 e o segundo em Curitiba em 2011, estreitou os laos de carter cientfico unindo acadmicos franceses e brasileiros na tarefa de analisar o medievo peninsular a partir de uma historiografia extra-ibrica. Um mar de razes poderia ter obstado tais iniciativas e s o interesse de pesquisa, a vocao e curiosidade cientficas e algum apoio institucional mantiveram e mantm ainda os vnculos cientficos entre os ncleos de pesquisa francs e brasileiro, na via do dilogo investigativo medieval. O estudo da tradio mediterrnica no Brasil necessita de pouca justificativa, afinal, a tradio mediterrnica que o espao portugus recepcionou em sua formao histrica chegaria ao Brasil juntamente com as caravelas de Cabral e seria resignificada a partir do contato com outras bases culturais autctones e de vrias origens que igualmente por aqui aportaram. A viso de mundo, as tradies institucionais, culturais, de espiritualidade, entre tantas outras, teriam no Brasil uma ocasio de atualizao atravs de nosso processo histrico; elas se transformariam, perpetuarse-iam, conservando, no entanto, em boa parte as matrizes ibricas, mediterrnicas. Da a pertinncia de apresentarmos este dossi neste peridico cientfico, Dilogos Mediterrnicos, promovido pelo Ncleo de Estudos Mediterrnicos, o qual permite ampliar e quem sabe atrair outros pesquisadores que faam deste o seu frum de debate, suscitando igualmente interesse no desenvolvimento de projetos conjuntos. Em relao problemtica de pesquisa que d ttulo a este dossi, O medievo peninsular visto pela historiografia extra-ibrica, numa parceria franco-brasileira tem sido fruto de reflexes conjuntas entre os dois ncleos de pesquisa. O olhar distncia da historiografia brasileira sobre as realidades medievais portuguesas uma perspectiva privilegiada, afinal podemos conhecer de perto a tradio, com a vantagem de estarmos isentos das presses da academia lusa, livres das contingncias que eventualmente limitam o olhar, as escolhas, as certezas consagradas. UmaRevista Dilogos Mediterrnicos ISSN 2237-6585

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experincia partilhada, neste dossi, com os colegas de Poitiers que se dedicam aos mesmos estudos luz de preocupaes francesas. Assim, a compreenso da medievalidade portuguesa ser vista nesta apresentao prvia e coletiva de seus resultados por muitas vias, inicialmente o Prof. Dr. Stphane Boisselier (Universit de Poitiers) nos traz uma panormica da medievalstica francesa; na mesma linha da Profa. Dra. Andria Lopes Frazo da Silva (UFRJ) que se debrua sobre os estudos de Histria Medieval realizados no mbito de um ncleo de pesquisa parceiro do NEMED, o Programa de Estudos Medievais (PEM) da UFRJ. A Profa. Dra. Marcella Lopes Guimares (UFPR) nos traz os resultados crticos de um balano historiogrfico sobre a cronstica medieval no Brasil debatendo com o Prof. Dr.Charles Garcia (Universit de Poitiers) cujas contribuies abordam a cronstica baixo-medieval ibrica vista por pesquisadores europeus no-ibricos. Uma linha de reviso crtica dos temas que se aproxima do trabalho do Prof. Dr. Franois Clment (Universit de Nantes), pesquisador que nos oferece um estado da arte dos estudos sobre o Islam andaluz realizados pela historiografia europia de alm Pirineus. Reflexes estruturais que dialogam com o artigo da pena do Prof.Dr.Vincent Debiais (CESCM) que trata dos estudos que se detm na rea de Epigrafia medieval ibrica. Um conjunto seleto de pesquisadores cujos artigos aqui gentilmente disponibilizados como contribuio a este dossi ultrapassa em muito o mbito da divulgao, na verdade identificam um panorama dentro de um recorte de estudos especficos e demonstram em seus trabalhos as potencialidades de suas investigaes, sutilmente convidando outros pesquisadores a virem participar desta empreitada, a pesquisa cientfica sobre a medievalidade ibrica. Restam apenas os agradecimentos queles que contriburam para que este dossi se tornasse realidade, amigos e colegas de pesquisa a um nvel local e outros distncia, cujo esforo conjunto demonstrou que hoje como sempre a cincia histrica tem a capacidade de congregar com grande proveito homens e mulheres de lnguas e vises diferentes reunidos volta de uma rea de pesquisa, ultrapassando barreiras e dificuldades de vria ordem para realizar este produto de pesquisa que agora oferecemos graciosamente a todos os interessados. Boa leitura e bom proveito!

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A histria medieval e os desafios da contemporaneidade na Frana1 The medieval history and the challenges of the contemporaneity in FranceStphane Boissellier Universidade de Poitiers

Resumo O trabalho aqui apresentado traz um balano reflexivo sobre a produo acadmica francesa no mbito da histria medieval, destacando as principais questes institucionais e tendncias intelectuais que afetam o historiador francs na contemporaneidade.

Abstract The work here presented brings a reflective balance on the French academic production in medieval history, highlighting the main institutional issues and intellectual trends that affect the French historian in contemporaneity.

Palavras-chave: Idade Mdia ; Historiografia Keywords: Middle Ages; Francesa ; Histria Intelectual. Historiography; Intellectual History.

French

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Esta contribuio serve apenas de (leve) fundamento, pelo lado francs, problemtica do confronto entre historiografias medievais brasileira e francesa, sobre a qual esbomos uma nota em BOISSELLIER (Stphane) : Le dialogue avec une nouvelle historiographie mdivistique : autour dun ouvrage et dune table-ronde rcents in. Cahiers de civilisation mdivale 54 (fasc. 214). Poitiers. 2011, pp 215-222.

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Como prova-o a presena de vrios medievalistas brasileiros em Frana e franceses no Brasil, o estudo da Idade mdia tornou-se mundial, ainda que a noo cronolgica origem deste campo de estudo seja relevante apenas para uma pequena parte do mundo, o Ocidente europeu, e, ao rigor, o mundo arabomuulmano e o Japo. A Frana muito tempo foi um pas motor neste domnio, e, embora a sua influncia tenha recuado fortemente, pode ser ainda til elaborar um balano dos nossos contributos2. Se a historiografia francesa continua a suscitar certo interesse, no tanto devido s suas audcias como ligado massa dos trabalhos e graas tradio que tm os medievalistas franceses de trabalhar sobre regies externas ao seu prprio pas, criando assim relaes com a Itlia, a Espanha, o Magrebe, a Grcia, os pases do Mdio Oriente3 1. Histria medieval e sociedade francesa4

Nos 30 ltimos anos, o lugar dos estudos medievais na sociedade francesa evoluiu, mas de maneira bastante pouco sensvel. Sem estar a falar das publicaes especializadas, que se multiplicam de maneira vertiginosa mas que encontram um pblico nfimo, as obras de vulgarizao sobre a Idade Mdia no so muito mais em retrocesso que os outros livros de cincias humanas (com excepo das biografias) ; se so-no um pouco mais, devido crescente falta da cultura necessria para apreciar realmente os tempos medievais. S alguns sectores conhecem sucessos de livrarias, quer os de exotismo medieval tradicional (castelos, bruxaria, vida diria, arte militar, Templrios), quer os que esto ou parecem ligados a problemas contemporneos (as Cruzadas, sobretudo, depois do ataque do World Trade Center por al-Qaida, o 11 de setembro de 2001).

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Embora emita algumas opinies pessoais no breve panorama esboado aqui, no pretendo renovar em to poucas pginas uma reflexo (quase uma introspeco) historiogrfica muito desenvolvida no medievalismo francs actual ; citarei apenas snteses de LE GOFF (Jacques) /SCHMITT (Jean-Claude) : Lhistoire mdivale in. Cahiers de civilisation mdivale X-XIIe sicles 39 (n 153-154) ( La recherche sur le Moyen ge laube du vingt-et-unime sicle ). CESCM/Universit de Poitiers. Poitiers. 1996, pp 9-25 e IOGNAPRAT (Dominique) : La sortie du gu ? Retour sur lhistoire du Moyen ge en France (1998-2008) in. Le Moyen ge vu d'ailleurs : voix croises d'Amrique latine et d'Europe (Eliana Magnani dir.) (collection Socits ). Editions Universitaires de Dijon. Dijon. 2010, pp 175-186. O papel de Escolas francesas (Ecole Franaise de Rome, Ecole Franaise dAthnes, Casa de Velzquez, em Madrid, Institut Franais du Proche-Orient, principalmente en Beirute e Damasco, Institut Franais dArchologie Orientale, no Cairo) muito vertidas na dimenso histrica das culturas estrangeiras nesse internacionalismo inegvel. Encontrara-se uma reflexo desenvolvida sobre a legitimidade social da histria medieval em MORSEL (Joseph) DUCOURTIEUX (Christine) : Lhistoire (du Moyen ge) est un sport de combat... Rflexions sur les finalits de lhistoire du Moyen ge destines une socit dans laquelle mme les tudiants dhistoire sinterrogent. LAMOP-Paris I. 2007 (lamop.univ-paris1.fr/IMG/pdf/SportdecombatMac.pdf) ; muito mais sinttico ser OSCHEMA (Klaus) : Les Europes des mdivistes. Remarques sur la construction dune identit entre science historique et actualit politique in. Etre historien du Moyen ge au XXIe sicle. XXXVIIIe congrs de la SHMESP (Cergy-Pontoise, Evry, Marne-la-Valle, Saint-Quentin-en-Yvelines, 31 mai3 juin 2007) (coll. Histoire ancienne et mdivale , 98). Publications de la Sorbonne. Paris. 2008, pp 37-50.

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Para alm da leitura de livros, de qualquer modo em declnio, uma Idade mdia fantasiada, ao limite da ignorncia, suscita no grande pblico um apreo inegvel e crescente, enquanto servindo para saciar as necessidades de uma sociedade de lazeres : dado a abundncia dos vestgios materiais medievais na Frana, os simulacros de banquetes, de festas, de torneios... localizam-se de preferncia no perodo medieval. Um aspecto positivo deste sucesso ambguo, mas que beneficia apenas sectores limitados da medievalidade (sobretudo histria da arte), o interesse bastante largo para todas as produes plsticas medievais o que preenche o museu de Cluny, em Paris, e as catedrais e at para a literatura, principalmente a novela corts ; certas gravaes musicais, como as Cantigas de Santa Maria, conhecem um sucesso comercial surpreendente (como, h 35 anos, o efeito de moda, mas esta vez em redor de um livro, o Montaillou, village occitan de E. Roy Ladurie). Mas, desde a morte de G. Duby e a reforma de J. Le Goff, nenhum medievalista tem uma verdadeira audincia meditica. Este retrocesso implica sobretudo as relaes dos meios universitrios e acadmicos com as outras elites, nomeadamente os meios de comunicao e da poltica, dos quais falarei adiante. Mas, mais largamente, a palavra dos historiadores apenas entendida quando refere-se a tempos recentes ; por falta de cultura, as sociedades modernas perdem a sua memria longa ou antes, constroem-na sem interveno do historiador, como finalmente quase sempre o fizeram. Com efeito, a histria a nica cincia humana a conservar a forma do relato, e as elites polticas percebem-na a justo ttulo como incapaz de propr esquemas operacionais para pensar o mundo, presente ou passado, fora da histria contempornea : o sustento pelos fundos pblicos de eruditos e narradores de histria no aparece como uma necessidade poltica. Os estudos medievais inscrevem-se mais largamente na evoluo do ensino superior e da investigao (que no so totalmente confundidos em Frana, por causa da existncia do Cnrs, ao lado das Universidades). Certamente, a sensvel baixa dos efectivos estudantes desde uma dezena de anos no mais marcada no estudo da histria que em outras disciplinas, como as lnguas, a sociologia ou a filosofia ; mas se os estudantes sentem uma vaga simpatia para a Idade Mdia a nvel da licencia (por razes que no so muito mais fundadas que as do grande pblico), recuam depois devido s exigncias tcnicas da mdivalstica e ainda mais por causa do presentismo de que so impregnados - assim, no ltimo ciclo (de 3 anos) do ensino secundrio, receberam quase apenas cursos de histria contempornea e encarando principalmente o perodo posterior Segunda Guerra Mundial ! Se a via da facilidade (por exemplo em direco da histria contempornea) explica-se pelas evolues culturais relativas ao conjunto da sociedade, a forte baixa de efectivos que golpeia os masters de histria medieval desde uma dezena de anos justifica-se igualmente pelo

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facto de estes diplomas, numa classificao utilitarista absurda, serem qualificados, na sua quase totalidade, de pura formao investigao, e oporem-se aos masters ditos profissionais (os quais referem-se quase exclusivamente ao patrimnio histrico material, ou seja s disciplinas de histria da arte e arqueologia). Curiosamente, este fenmeno tem ainda poucas consequncias sobre a fase acadmica posterior, isto as investigaes doutorais. Como todos os pases sujeitos ao sistema LMD, a durao das teses foi encurtada fortemente, tomando por modelo as cincias duras, enquanto que as disciplinas culturais necessitam uma acumulao de saber incompressvel ; a formao inicial necessria para a explorao do passado medieval obriga por conseguinte os investigadores principiantes a pedir numerosas derrogaes para alm dos 3 anos legais da tese, para terminar um trabalho correcto. Mas aquilo no impede o nmero de teses em histria medieval de continuar elevado (cerca de uma centena de defesas por ano5) o que coloca um outro problema, o das oportunidades profissionais dos novos doutores Do lado do enquadramento destas investigaes, a presso poltica tornou-se considervel ; como em todos os pases desenvolvidos, os dogmas neoliberais desviam os financiamentos pblicos fora da cultura. Num contexto de crise geral da investigao, ligada mais precisamente, desde alguns anos, modalidades tcnicas como a autonomia das universidades e o retalho do CNRS em institutos, a histria dos tempos pr-industriais sofre particularmente de certas orientaes implcitas : na redistribuio dos postos, as cincias humanas sobrevivem apenas pelos seus efectivos estudantes, mas muitos dos postos de professores-investigadores, particularmente em histria medieval, so perdidos em proveito do ensino da informtica, da engenharia ou do business, que produzem um saber com utilidade imediata. Por ltimo, o velho desejo dos governos de gerir directamente a investigao, sem associar os prprios investigadores s grandes orientaes, desemboca em grandes dificuldades para financiar os programas e as manifestaes mais adequado/as s nossas prticas ; imitando a Unio Europia com os seus European Science Foundation e European Research Council, a fundao de grandes agncias (Agence Nationale de la Recherche = ANR, Agence dEvaluation de la Recherche et de lEnseignement Suprieur = AERES), cujo princpio Big is beautiful, e a multiplicao de programas temticos constrangem o investigador a organizar projectos pesados e artificiais. Ao extremo, esta tutela poltico-administrativa produz leis mmoriais ; certo que se referem principalmente aos tempos recentes (a escravido, a negao dos genocdios do sc. XX, a

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muito difcil avaliar esse nmero : o site da principal associao de medievalistas franceses, a SHMESP (Socit des Historiens Mdivistes de lEnseignement Suprieur Public), regista 42 defesas para o ano de 2009, mas o registo, que depende da boa vontade dos directores, uma prtica recente, e longe de abranger toda a realidade.

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colonizao europeia), mas podemos temer que, mais geralmente, o politicamente correcto acompanhando a subida dos comunitarismos torne difcil o estudo de certos aspectos especificamente medievais da histria, como as Cruzadas ou o contributo da cincia arabomuulmana cultura ocidental (que tem dado lugar recentemente uma controvrsia desproporcionada, indo alm mesmo dos meios universitrios6). verdadeiro que so precisamente estes aspectos que fascinam o grande pblico.

2. As tendncias intelectuais da investigao Do ponto de vista epistemolgico, necessrio sempre partir da escola dos Annales, que fundou, nos anos 1930, o papel de motor da historiografia francesa (no somente no campo medieval, por certo). A grande originalidade desta escola era a concepo, revolucionria, de uma histria social, ou seja de uma histria global, integrando todos os fenmenos que se produzem num grupo dado (este sendo o mais largo possvel, com a ambio implcita de estabelecer esquemas funcionando para todo o Ocidente) ; para o efeito, os fundadores pensavam que os historiadores, que eram sobretudo anteriormente tcnicos dos textos antigos, deviam assimilar os mtodos e os conceitos das outras cincias humanas, como a geografia, a sociologia e a etnologia depois, nos anos 1970, a antropologia veio de juntar-se estas disciplinas e tomou, como sabe-o-se, quase todo seu lugar7. Esta ambio totalizadora falhou, e no s na Frana ; abandonando o lao social, que era ao meu sentido o melhor prisma para uma abordagem multi-dimensional dos homens do passado, a antropologia histrica, que conheceu um sucesso fulguroso, multiplicou tanto os objectos de estudo que estes ficaram muito pontuais, ao ponto que se fala actualmente de histria em migalhas (F. Dosse)8. As exigncias, sempre mais pesadas, de formao dos medievalistas levam tambm a acantonar-se a campos de investigao muito precisos. Por ltimo, sem podermos distinguir realmente a causa e o efeito, este recesso sobre domnios restritos pelos menos paralelo uma atomizao das formas de comunicao dos resultados da investigao : a multiplicao ultrajante dos colquios e das revistas leva os investigadores a estudar muito precisamente pequenos dossis documentais sem nunca chegar a sintetizar. A atomizao das investigaes permite revestir-se do6

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Controvrsia desencadeada pelo livro de GOUGUENHEIM (Sylvain) : Aristote au Mont St-Michel. Les racines grecques de lEurope chrtienne (coll. LUnivers historique ). Seuil. Paris. 2008. Denuncimos o abandono das tradicionais e frutferas alianas com cincias sociais irms em BARON (Nacima) BOISSELLIER (Stphane) : Socits mdivales et approches gographiques : un dialogue de sourds ? in. Etre historien du Moyen ge au XXIe sicle. XXXVIIIe congrs de la SHMESP (Cergy-Pontoise, Evry, Marne-la-Valle, Saint-Quentin-en-Yvelines, 31 mai-3 juin 2007) (coll. Histoire ancienne et mdivale , 98). Publications de la Sorbonne. Paris. 2008, pp 163-177. DOSSE (Franois) : Lhistoire en miettes. Des Annales la nouvelle histoire . La Dcouverte. Paris. 1987.

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casaco da pluri-disciplinaridade (a qual permaneceu a palavra chave dos ministrios desde os anos 1970, sob a influncia de F. Braudel e da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales fundada por ele) : quando cada um especialista de um minsculo pedao do saber, qualquer reunio constitui uma equipa para analisar tal objecto (incluindo, mas de maneira frequentemente artificial, um(a) especialista de uma cincia humana vizinha ou mesmo, para os arquelogos, de uma cincia dura, como a geologia ou a palo-botnica). Este recesso explica-se tambm, mais profundamente, pelo questionamento dos grandes paradigmas. A evoluo conceptual (que , s vezes, apenas uma introduo de conceitos onde havia sobretudo ideias simples) sempre legtima, mas toma frequentemente a forma de uma rejeio brutal, ligada tradio acadmica recente de matar o pai (assim, no debate muito franco-francs em redor da mutao do ano 1000)9. Para um medievalista como Alain Guerreau, autor de uma obra bastante difundida10, todas nossas categorias para pensar o passado so anacrnicas porque procedentes das diversas revolues sociais e culturais que conheceu o Ocidente europeu a partir do sculo XVIII, e so portanto incapazes de colocar correctamente os problemas ; num discurso que frisa frequentemente o pedantismo, o autor no faz finalmente mais que descobrir a gua quente, dado que se trata de um velho debate entre os etnlogos, o do papel para dar s categorias indgenas : conservar a palavra Ecclesia em vez de falar de Igreja no resolve qualquer problema... Em contrapartida, certas inflexes, menos ruidosas, so susceptveis de reorientar certos inquritos ; assim, o campo, ao meu parecer essencial, da histria econmica medieval, abandonado desde os anos 1980, porque os historiadores fizeram a falta de adoptar sem crtica as categorias da economia poltica, rgidas e inaptas a dar conta do que so a produo e as trocas de bens no mundo medieval, no somente para os prprios actores mas sobretudo na lgica global do sistema social11. Por exemplo, os inquritos recentes sobre o mercado da terra e as rendas senhoriais, lanados por M. Bourin com base na sociologia e na antropologia econmica (acerca de

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Sobre o assunto que foi, no seu comeo, uma querela quase pessoal entre Guy Bois e Robert Fossier, na qual logo interviram Pierre Toubert, a propsito da economia carolngia, e sobretudo Dominique Barthlmy, acerca da interpretao dos textos, este ltimo com uma certa virulncia, incluindo a herana de G. Duby na discusso , ver a obra fundadora de BOIS (Guy) : La mutation de lan mil. Lournand, village mconnais de lAntiquit au fodalisme. Fayard. Paris. 1989 e as reformulaes propostas em Mdivales 21 ( Lan mil. Rythmes et acteurs dune croissance ). St-Denis. 1991. GUERREAU (Alain) : Lavenir dun pass incertain. Quelle histoire du Moyen ge au XXIe sicle ? Ed. du Seuil. Paris. 2001. Cf FELLER (Laurent) : Histoire du Moyen ge et histoire conomique (Xe-XVe sicle) en France in. Dove va la storia economica ? Metodi e prospettive, secc. XIII-XVIII / Where is economic history going ? Methods and prospects from the 13th to the 18th centuries. Atti della Quarantaduesima Settima di Studi 1822 aprile 2010 (Francesco Ammannati d.) (Fondazione Istituto internazionale di Storia economica F. Datini , Prato, Serie II Atti delle Settimane di Studi e altri convegni, vol. 42). Firenze University Press. Florence. 2011, pp 39-60.

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objectos que se pensava serem propriedades da cincia econmica !), desentupiram o beco no qual as investigaes anteriores perderam-se12. A antropologia histrica, focalizada sobre as representaes mentais e a dimenso simblica dos artefacts e dos feitos sociais, provocou tambm um abalo na distribuio dos temas de investigaes. A abordagem subjectiva invadiu a historiografia medieval francesa, o que explica ao mesmo tempo o triunfo da histria religiosa e poltica e a focalizao sobre os testemunhos pontuais, de natureza antes literria (ou seja compostos sabiamente) ; afinal, sobre o actor individual que se focaliza a abordagem, o que provado pelo xito das biografias. Os dados objectivos da existncia humana aqueles que no somente no so construdos pelo sujeito consciente, mas que lhe escapam devido aos efeitos de sistema , como os processos de produo, os circuitos de trocas, a insero social... so abandonados cada vez mais, ao mesmo tempo porque estes dados no so analisveis escala das unidades documentais (os actos e at os registos administrativos), e porque o actor l escondido pelo grupo13. A preocupao de atingir a conscincia mesma dos homens, que era j a ambio da histria das mentalidades nos anos 1970, levou a negligenciar a abordagem colectiva ; dramtico, porque, fora dos reis e de certos escritores, a imensa maioria dos destinos medievais so-nos acessveis e tomam sentido apenas colocados em movimentos gerais. Certamente as interrogaes relativas s trocas entre os homens (e a sua eventual mediao por instituies e normas) no desapareceram, mas so actualmente monopolizadas pelos arquelogos14. Com efeito, a arqueologia medieval, de aparecimento tardio na Frana (em relao aos pases anglo-saxes) e mais ou menos contempornea da subida da antropologia histrica, criou uma fractura ; influenciados mais ou menos conscientemente por um matrialismo ligeiramente simplista e pelo linguistic turn, arquelogos e historiadores dos textos compartilharam-se o trabalho : aos primeiros as realidades (o que subentende que s a matria tem uma realidade) e aos segundos as construes discursivas supostas revelar s os sistemas de pensamento e os

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Le march de la terre au Moyen ge (dir. Laurent Feller / Chris Wickham) ( Collection de lEFR , 350). EFR. Rome. 2005 e Pour une anthropologie du prlvement seigneurial dans les campagnes mdivales (XIeXIVe sicles). Ralits et reprsentations paysannes. Colloque tenu Medina del Campo du 31 mai au 3 juin 2000 (Monique Bourin / Pascual Martnez Sopena d.) (coll. Histoire ancienne et mdivale 68). Presses de la Sorbonne. Paris. 2004. Contra essa tendncia, no Cescm de Poitiers, tentmos de colocar o problema das minorias, muito estudado a partir dos anos 1970 numa perspectiva antropolgica, enquanto mecanismo de uma articulao social global, cf BOISSELLIER (Stphane) : De la diffrenciation sociale la minoration en passant par les rgulations, quelques propositions in. Minorits et rgulations sociales en Mditerrane mdivale. Actes du colloque runi du 7 au 9 juin 2007 en labbaye royale de Fontevraud (Maine-et-Loire) (ds. Stphane Boissellier, Franois Clment et John Tolan). PUR. Rennes. 2010, pp 15-48. CARTRON (Isabelle) BOURGEOIS (Luc) : Archologie et histoire du Moyen ge en France : du dialogue entre disciplines aux pratiques universitaires in. Etre historien du Moyen ge au XXIe sicle. XXXVIIIe congrs de la SHMESP (Cergy-Pontoise, Evry, Marne-la-Valle, Saint-Quentin-en-Yvelines, 31 mai-3 juin 2007) (coll. Histoire ancienne et mdivale , 98). Publications de la Sorbonne. Paris. 2008, pp 133-148.

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sentimentos. Se certos historiadores dos textos, pouco numerosos, apoderam-se ainda das realia, para encontrar naquelas a dimenso espacial. H mesmo actualmente um certo abuso da espacializao, dado que este conceito de espao provem mais da antropologia, mais uma vez, que da geografia15. A dominao actual da histria das crenas religiosas e do dogma vinculada tambm, para alm dos seus fundamentos epistemolgicos, ambio (geralmente inconfessada) de atingir o grande pblico, dado que este ltimo retem actualmente na Idade mdia sobretudo a sua dimenso religiosa (enquanto a idade da f) ; numa sociedade francesa descristianizada muito precocemente ( escala europeia) e que procura actualmente valores morais, a fascinao para o grande milnio cristo voltou a ser positiva (depois de uma longa fase de laicismo claramente anticlerical). O declnio paralelo da histria socioeconmica tem tambm causas que excedem as posies conceptuais ; os estudos neste domnio eram efetuados sobretudo no mbito de teses de Estado, sob a forma, tipicamente francesa (devido relao com a geografia), de grandes monografias regionais ; ora, este quadro de estudo, que necessita amplos trabalhos em arquivos, tornou-se incompatvel com a durao encurtada dos doutoramentos16. Com efeito, tradicionalmente na Frana, o estudo das estruturas e dinmicas colectivas das pocas medieval e moderna fundado sobre a explorao das fontes da prtica, que so pontuais e descontnuas ao ponto que a histria do direito (fundada em textos doutrinais) e a histria social quase ignoram-se. Alm de uma espcie de preguia ou de um efectivo desinteresse cultural, creio que h nesta evoluo uma predileco para as fontes sintticas, onde cada escrito parece bastar-se a s prprio. Isto explica o regresso actual dos estudos sobre a alta Idade Mdia, onde os textos literrios e legislativos so bem mais numerosos que os actos. Resumidamente, parece-me que vrios colegas medievalistas encaram cada vez mais a sua disciplina como outra coisa que uma cincia, com um certo esnobismo e uma falta total de sentido poltico. O regresso da erudio faz dos historiadores dos tempos pr-industriais os detentores de um saber especfico (e quase esotrico aos olhos do vulgar, com o vago prestgio de que goza o mistrio) mas meramente tcnico. Outros, devido ao papel dos textos (e da dimenso esttica de muitos monumentos materiais) na apreenso do passado, fazem da histria um ornamento do

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Tentmos de levantar o ponto da situao epistemolgica em BOISSELLIER (Stphane) : Introduction un programme de recherches sur la territorialit : essai de rflexion globale et lments danalyse in. De lespace aux territoires : la territorialit des processus sociaux et culturels au Moyen ge. Actes de la tableronde des 8-9 juin 2006, CESCM (Poitiers) (Stphane Boissellier d.) (coll. Culture et socit mdivales 19). Brepols. Turnhout. 2010, pp 5-85. Ver o breve artigo de jornal, cheio de humor mas tambm de perspiccia, de LE ROY LADURIE (Emmanuel) : Apologie pour les damns de la thse in. Le territoire de lhistorien (coll. Tel 19). Gallimard. Paris. 1973, pp 537-542.

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esprito, prximo do romance, em qualquer caso uma disciplina situada no seio das belas-letras17. Nesta perspectiva, a histria, navegando entre criatividade e tcnicas e exprimindo-se na forma do relato, seria uma acumulao de factos contingentes, e seria incapaz de dar sentido ao real o que fundamenta o desprezo dos actuais dirigentes polticos par com as letras. Em concluso, no necessrio sermos exageradamente pessimistas, como certos titulos sensacionais situando a historiografia francesa ao bordo do penhasco (R. Chartier)18 ou no meio do vau (D. Iogna-Prat)19. Ainda que os medievalistas franceses, na sua maturidade, produzem cada vez menos aquelas potentes snteses problemticas que fizeram a sua glria e que foram em muitos pases (nomeadamente no Brasil), numerosas teses defendidas cada ano tm um alto nvel. Se os problemas logsticos e financeiros so vitais para os arquelogos, os historiadores dos textos podem melhor sobreviver s reformas institucionais mais prejudiciais, enquanto houver arquivos pblicos e bibliotecas universitrias. Como dizia G. Duby nas suas memrias, a histria continua20

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Endureo apenas a posio de BOUCHERON (Patrick) : Faire profession dhistorien. Publications de la Sorbonne. Paris. 2010, na 5a parte do livro ; vrios estudos no volume Territoires (Les) du mdiviste (dir. Benot Cursente et Mireille Mousnier) (coll. Histoire ). PUR. Rennes. 2005, ao denunciarem a impreciso semntica do lxico sobre o espao rural por grandes mestres (Marc Bloch, Georges Duby, Robert Boutruche) em obras primas, mostram que o historiador, para observar o rigor cientfico, deve fugir a potica. Claro que uma bela formulao pode seduzir, convencer e at suscitar ideias melhor que uma rigorosa e pesada demonstrao retrica. CHARTIER (Roger) : Au bord de la falaise. Lhistoire entre certitudes et inquitudes. Paris. 1998. SCHMITT (Jean-Claude) / IOGNA-PRAT (Dominique) : Une historiographie au milieu du gu. Trente ans dhistoire mdivale en France in. Les tendances actuelles de lhistoire du Moyen ge en France et en Allemagne. Actes des colloques de Svres (1997) et Gttingen (1998) organiss par le CNRS et le Max-PlanckInstitut fr Geschichte (Jean-Claude Schmitt et Otto Gerhard Oexle dir.) (coll. Histoire ancienne et mdivale 66). Publications de la Sorbonne. Paris. 2002, pp 399-424. DUBY (Georges) : Lhistoire continue (coll. Points. Odile Jacob ). Seuil. Paris. 1991.

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LIslam andalou dans lhistoriographie europenne (non ibrique) O Isl andaluz na historiografia europia (no ibrica)Franois Clment Universit de Nantes

Resumo Estudos acadmicos relacionados ao mundo rabe-muulmano esto florescendo com intensidade por toda a Europa, demonstrando-se um campo aberto para novas investigaes e abordagens. Tendo em vista esse panorama, o presente artigo analisa especificamente as caractersticas da produo historiogrfica, de origem no ibrica, sobre o Isl andaluz.

Abstract Academic studies related to the Arab-Muslim world are flourishing with intensity throughout Europe, demonstrating to be an open field for new researches and approaches. Given this background, the present article analyzes specifically the characteristics of the historiographic production, of non Iberian origin, on the Andalusian Islam. Middle Ages ;

Palavras-chave: Historiografia; Idade Mdia; Keywords: Historiography ; Isl andaluz. Andalusian Islam.

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Les tudes orientales et, plus particulirement, celles qui portent sur le monde arabomusulman sont prsentes des degrs divers dans la plupart des pays europens : en Espagne et au Portugal, bien sr, mais aussi en Grande-Bretagne, en France, aux Pays-Bas, en Allemagne, en Italie, en Pologne et en Russie, pour ne citer que les pays qui ont t ou qui demeurent les plus actifs dans ce domaine. Cet intrt remonte souvent au XIXe sicle, voire aux sicles antrieurs. Il trouve son origine dans les conditions historiques de lpoque, plusieurs facteurs ayant jou de faon diffrentielle selon les pays. Jen mentionnerai quatre. 1. Les intrts gopolitiques. Cest notamment le cas en France. La tradition de bons rapports avec lempire Ottoman, inaugure par Franois Ier, prfigure la politique arabe de la France chre au gnral De Gaulle. 2. Lgyptophilie du XIXe sicle, dont lacte fondateur serait, sil faut dsigner un vnement prcis, lexpdition de Bonaparte en gypte (1798). volution post-rvolutionnaire de lanticomanie du sicle prcdent, la passion pour la terre des Pharaons conduit non seulement lgyptologie moderne, mais aussi au dveloppement dune arabophilie et, dans une certaine mesure, dune islamophilie o se ctoient diffrents acteurs : les saint-simoniens, qui sinstallent en gypte puis en Algrie. certains membres du personnel britannique prsent au Caire. les crivains-voyageurs qui, les Mille et Une nuits dans une main et le guide Joanne dans lautre, accomplissent cette forme renouvele, laque et romantique, du plerinage Jrusalem que constitue, au XIXe sicle, le Voyage en Orient. les peintres ou crivains partis rechercher linspiration en Algrie, parfois au Maroc. Or lEspagne participe cette rorientation de lEurope vagabonde o se conjuguent lhliotropisme naissant, la passion toute neuve pour le Moyen ge (que lon espre retrouver in vivo dans les ruelles de lAlbaicin Grenade) et un dsir sensuel aiguis par les belles odalisques du rve orientaliste. 3. Le troisime facteur est constitu par lexpansionnisme europen, que le phnomne soit de nature imprialiste ou quil relve dune volont de colonisation. Ceci concerne principalement la France, la Grande-Bretagne et la Russie, les autres pays europens ntant que peu ou pas actifs dans ce domaine, soit parce quils nont pas dvelopp une telle ambition (pays de lEurope du Nord), soit parce quils nen avaient plus les moyens (Espagne), soit parce que, trop jeunes au moment du partage, ils ne les avaient pas encore (Allemagne et Italie). 4. Dernier facteur : la construction ou la consolidation, dans certains pays europens, dune identit nationale qui, au terme dune dialectique complexe de diffrenciation, intgre au rcit national les lments du pass arabe, ou maure, ou sarrasin, lorsque ceux-ci existent. Le phnomne

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est moins sensible en France o, malgr la figure imposante de Charles Martel qui arrta les Arabes Poitiers en 732 , nos anctres les Gaulois ont laiss peu de champ aux Sarrasins dont la prsence, au demeurant, avait t circonscrite dans lespace et le temps (certaines figures, cependant, ont marqu limaginaire collectif, du roi Marsile de la geste carolingienne au moderne kamikaze djihadiste, en passant par le corsaire barbaresque, le Maure de la bandera a testa mora corse et le fellagha des guerres coloniales). En revanche, lItalie, lEspagne et le Portugal se sont trouvs confronts un pass arabomusulman qui occupe une partie importante de lhistoire du pays, de sorte quon pourrait dire quil proccupe lhistoriographie (et lesprit de lhistorien). Ceci est particulirement net en Espagne, car lancienne conflictualit entre Moros y Cristianos a continu faire sentir ses effets jusque dans les ttes les mieux quipes, au point danesthsier, parfois, tout sens critique. Je pense Claudio Snchez-Albornoz, porte-drapeau de lcole historique hispaniste , qui batailla de pied ferme pour dfende la thse dune hispanit foncire de lislam andalou ; et, bien sr, Ignacio Olage, qui essaya (sans grand succs, il faut le reconnatre) daccrditer lide selon laquelle les Arabes nont jamais envahi lEspagne 1. Dans la mesure o les spcialistes franais de lislam et de lOccident musulman ont entretenu de longue date des relations troites avec leurs confrres doutre-Pyrnes, il nest pas surprenant de les trouver impliqus, de faon plus ou moins active, dans les querelles espagnoles. Lpret surprenante de ces controverses ne peut tre comprise si on les isole du contexte politique espagnol, qui est lui-mme trs enchevtr, voire paradoxal. Citons le cas dEmilio Garca Gmez, figure majeure de larabisme espagnol entre le dbut des annes 1930 et la fin des annes 1970. Bien que monarchiste libral proche du philosophe Ortega y Gasset, et donc critique envers le franquisme, il accepta nanmoins le rle que le ministre des Affaires trangres Castiella avait imagin pour lui dans le cadre des tentatives diplomatiques du rgime pour rompre lisolement international impos Franco au lendemain de la guerre civile : il dirigea lInstituto Hispano-Arabe de Cultura, qui dpendait du Ministre (1954-1958), puis fut ambassadeur en Iraq, au Liban et en Turquie (1958-1969)2. En rgle gnrale, force est de constater que la plupart des arabisants espagnols se sont accommods du franquisme sans tats dme clairement perceptibles. Et avec eux, parfois, quelques uns de leurs collgues franais. Ajoutons, car rien nest simple, quune des premires publications de Garca Gmez, son anthologie de posie arabe intitule Poemas arabigoandaluces (1930), trouva de fervents lecteurs parmi les

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Titre de louvrage quil publia chez Flammarion en 1969. La version espagnole est parue Madrid en 1974, sous un titre moins percutant : La revolucin islmica en Occidente. Voir ETCHEVERRIA RAMN, Villanueva. La primera embajada del profesor Garca Gmez (Seleccin de sus Despachos y cartas al Ministro Castiella de 1958 a 1960). Madrid, 1997.

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crivains de la Gnration de 27 , notamment Federico Garca Lorca, qui y puisa linspiration de son Divn del Tamarit. Cependant, cette arabophilie litiste demeura confine aux cercles davantgarde, elle ne dborda jamais dans la rue. On se rappelle que les militants de gauche nhsitrent pas ractiver la peur ancestrale du Maure face aux troupes marocaines utilises contre eux : Que vienen los Moros ! (Les Maures arrivent !)3, Los Moros no passarn (Les Maures ne passeront pas)4, etc. Comme le reconnat avec pertinence Pedro Chalmeta5, le vieux rflexe dantagonisme mdival, inconscient, mais dune intensit viscrale, [a longtemps continu] jouer contre tout ce qui dgageait, de prs ou de loin (y compris lchelle universitaire), des relents de maure, de mahomtisme . Tel est donc le contexte historique dans lequel les tudes orientales se sont dveloppes en Europe. Dans la mesure o lhistoire dal-Andalus ncessite la matrise de la langue arabe et une bonne connaissance de la civilisation arabo-musulmane, on voit la position singulire que la recherche historique sur lEspagne musulmane occupe par rapport au reste de la discipline : un peu en marge. Ceci est sans doute moins vrai de nos jours, pour une raison assez intressante, dailleurs, bien que proccupante, qui est la pnurie de vritables arabisants. De sorte que des historiens de formation ont occup le terrain vacant, faisant ainsi glisser lobjet al-Andalus de lorientalisme vers lhistoire. Mais jusquaux annes 1970-1980, les historiens dal-Andalus proviennent des tudes arabes, ils sont en premire comptence des arabisants. Il suffit de consulter la bibliographie dvariste Lvi-Provenal, le matre incontest de lhistoire de lEspagne musulmane (y compris en Espagne) pendant la premire moiti du XXe sicle : lhistorien publie quasi exclusivement dans les

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Le cri dalerte a retenti une premire fois lors de linsurrection ouvrire des Asturies en 1934. Il fut repris par les rpublicains en 1936, aprs les massacres de Badajoz. Dans les deux cas, les bataillons marocains responsables des tueries taient commands par le mme officier, Franco, que les caricaturistes de lpoque reprsentent en tabor. Le mot dordre figure dans la chanson Si me quieres escribir. Cf., galement, deux autres chansons du cancionero rpublicain, o lon trouve une formule voisine : Coplas de la defensa de Madrid et La plaza de Tetun. CHALMETA, Pedro. Bilan et tendances des recherches (1967-1987). Al Andalus (occidental) , in LArabisant. Paris, 1987, vol. 26 (LHistoire du monde islamique au Moyen ge. Bilan et tendances de recherches depuis 1968), pp. 20-21.

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revues dtudes arabes ou orientales6 et chez des diteurs orientalistes7. Sur les 278 travaux recenss sa mort, moins dune demi-douzaine ont paru dans des revues dhistoire ou darchologie8. Un prjug tenace, plus particulirement en France, a donc longtemps voulu que lhistoire du monde arabe lpoque classique ne relve pas de lhistoire mais de lorientalisme Il perdurait en 1990, lorsque Pierre Guichard, qui ne prtend pourtant pas lAOC9 darabisant, a publi sa thse sur les musulmans de Valence et la Reconqute : elle ne fut pas hberge dans une collection dhistoire, comme on aurait pu sy attendre, mais lInstitut Franais dtudes Arabes de Damas... Compte tenu des diffrentes particularits que je viens dvoquer, les tudes arabes et, a fortiori, lintrt pour lhistoire dal-Andalus sont ingalement rpartis entre les pays europens. LAllemagne est (ou tait) plutt tourne vers lislamologie et la littrature classique. La GrandeBretagne regarde davantage vers lgypte et le Proche-Orient. La Russie regarde galement vers lest (ou regardait ?)10. LItalie a largement de quoi soccuper avec la Sicile. La Pologne sest intresse ponctuellement lEspagne musulmane en liaison avec son propre pass, cest--dire par le biais de la relation de voyages dIbrahm b. Yaqb de Tortose aux confins du monde slave (Xe sicle). Finalement, la plus grosse part de la recherche non ibrique est porte par la France, dans une moindre mesure par les Pays-Bas. La prminence de la France tient plusieurs raisons. Dabord, lexistence dune des plus anciennes traditions dtudes arabes en Europe, puisquelle remonte au XVIe sicle11. Actuellement, la France prsente cette particularit doffrir un enseignement darabe dans une vingtaine duniversits et de grandes coles, ainsi que dans de nombreux collges et lyces. Elle tient, ensuite, la prsence franaise au Maghreb. Le chercheur qui sintresse lhistoire du Maghreb mdival est amen, un jour ou lautre, sintresser celle dal-Andalus, du fait que la pninsule Ibrique nest pas dissociable du reste du Maghreb, auquel elle se rattache linguistiquement, culturellement et, souvent, politiquement. Lintrication est particulirement serre en ce qui concerne les deux rives du dtroit de Gibraltar : tout historien du Maroc lest aussi de lEspagne musulmane et vice-versa. Le meilleur exemple est fourni, nouveau, par Lvi-Provenal, qui effectua une grande partie de sa carrire au Maroc, o labondance des matriaux disponibles fit dvier sa trajectoire vers lhistoire de lEspagne musulmane. Les arabisants savent dailleurs quil6

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Archives berbres, Bulletin de lInstitut des Hautes tudes marocaines, Hespris, Revue africaine, Journal asiatique, Annales de lInstitut dtudes orientales, al-Andalus, Revista del Instituto egiptico de Estudios islamicos en Madrid, Oriente moderno, Arabica. Carbonel Alger ; Leroux, Geuthner, Larose et G.-P. Maisonneuve Paris ; Brill Leyde ; al-Ktib al-misr, Dr al-Marif et lIFAO au Caire ; Dr al-Makshf Beyrouth. Citons la Revue historique, le Bulletin archologique et les Mlanges dhistoire et darchologie de lOccident musulman. Voir Bibliographie analytique de luvre dE. Lvi-Provenal, in tudes dorientalisme ddies la mmoire de Lvi-Provenal. Paris, G.-P. Maisonneuve et Larose, 1962, t. 1, pp. XVII-XXX. Appellation dorigine contrle. Jignore o en est, de nos jours, la recherche russe dans ce domaine. Voir lAnnexe ci-dessous.

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suffit parfois, lorsquon butte dans les sources arabo-andalouses sur certains idiotismes rcalcitrants, de poser la question un Marocain. Troisime raison, dj voque : le got franais pour lEspagne ; auquel rpond, en rciproque, le tropisme tramontain dune partie des lites politiques, artistiques et intellectuelles espagnoles. Cette conjonction a cr les conditions favorables un rapprochement culturel entre les deux pays, que symbolise, dans les domaines acadmiques et artistiques, la construction par la France de la Casa de Velzquez Madrid, inaugure en 1928. Lhistoire dal-Andalus a reprsent un des enjeux de ce rapprochement, pour une raison facile comprendre : ce qui fait avancer la connaissance du ct espagnol du Dtroit la fait avancer mcaniquement du ct marocain. Conscientes de cette interdpendance entre les deux rives, les autorits espagnoles avaient dailleurs cr Ttouan, en terre marocaine, un centre de recherche dot dune revue, Tamuda, qui constitua lquivalent hispano-marocain de la revue franco-marocaine Hespris, base Rabat (les deux publications fusionnrent logiquement, aprs lindpendance, sous le titre dHespris-Tamuda). Hespris aussi bien que Tamuda ont publi de faon rcurrente des travaux touchant lhistoire dal-Andalus. Un autre indice du rapprochement franco-espagnol dans le domaine des tudes araboandalouses est rechercher entre les pages de la revue Al-Andalus, lorgane des coles dtudes arabes de Madrid et de Grenade, o collaboraient en parfaite complicit amicale Garca Gmez, qui en fut longtemps le directeur, et Lvi-Provenal, membre officieux de lquipe de rdaction. Certains fascicules des annes 1940-1950 comportent ainsi presque autant de texte en franais quen castillan. Cette prsence linguistique de la recherche franaise a laiss une trace, puisque la revue Al-Qantara, qui a pris le relais dAl-Andalus en 1980, conserve le franais parmi ses langues de publication. Bizarrement, le crateur des tudes historiques sur lEspagne musulmane en dehors de la pninsule Ibrique, nest pas un Franais mais un Nerlandais : il sagit de Reinhardt Dozy (18201883) lequel publiait cependant en franais ! Auteur dune Histoire des musulmans dEspagne qui fit autorit jusqu ce que Lvi-Provenal publie la sienne, il a galement compos un Supplment aux dictionnaires arabes (Brill, 1881), outil toujours indispensable lhistorien de lOccident musulman mdival, francophone ou non. Un autre grand nom de larabisme nerlandais du XIXe sicle est De Goeje, qui mena bien la publication, toujours chez Brill, de la Bibliotheca geographorun arabicorum, collection de rfrence dont plusieurs titres concernent al-Andalus. La recherche aux Pays-Bas na pas produit, depuis la disparition de Dozy, un historien de son envergure. Nanmoins, Leyde continue tenir sa place dans le monde des tudes arabo-

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andalouses, grce lditeur Brill12 qui accueille dans sa collection Medieval Iberian Peninsula, devenue en 2002 The Medieval and early Modern Iberian World, des monographies ayant trait lhistoire dal-Andalus, comme celles du Britannique Peter C. Scales, sur la chute du califat de Cordoue (1994), ou de lAmricaine Cynthia Robinson, sur la construction de la culture courtoise pendant les XIe et XIIe sicles (2002). Ajoutons que Brill, en tant quditeur de lEncyclopdie de lIslam et des revues Arabica et Medieval Encounters, offre un support de publication aux spcialistes de lEspagne musulmane. La place tenue par Dozy explique sans doute en partie que lon se soit relativement peu intress, en France, lhistoire dal-Andalus jusquau tournant du XXe sicle. Mais le premier responsable de cette situation est, bien videmment, le contexte colonial, qui focalisait lattention sur lAlgrie et son environnement immdiat. Quelques travaux utiles ont nanmoins vu le jour au XIXe sicle, publis Paris ou Alger, comme ltude de Reinaud sur les Invasions des Sarrazins en France (1836), les ditions et/ou traductions du baron Mac-Guckin de Slane (Bakr, Ibn Khaldoun, partir des annes 1850), la traduction du Livre de lAgriculture dIbn al-Awwm par ClmentMullet (1864-1867), ou celle du Bayn dIbn Idhri par Fagnan (1901). La situation devait changer au lendemain de la premire guerre mondiale, grce Georges Sraphin Colin, Henri Prs et, surtout, Lvi-Provenal. Les prospections effectues dans les bibliothques du Maghreb, spcialement au Maroc (notamment louverture des salles mures du dpt de la mosque al-Qarawiyyn Fs), ont permis de rcuprer un nombre considrable de textes quon croyait perdus. Les ditions se sont alors succdes et Lvi-Provenal a commenc produire jet quasi continu, tant la matire tait abondante. Cependant, en bon arabisant navigant entre Alger, Rabat, Madrid et Le Caire, il ne parat gure concern par ce qui se passe Paris autour de Lucien Febvre, de Marc Bloch et de la revue des Annales (fonde en 1929). Lair du temps possdant nanmoins des vertus contagieuses, mme pour un lve de Carcopino format lancienne, Lvi-Provenal sut reprer tout de suite lintrt des manuels de hisba, dont il entreprit la publication, en duo avec Colin ou en solo. Son Espagne au Xe sicle, dont la version dveloppe forme le troisime volume de lHistoire de lEspagne musulmane, porte la trace de cette ouverture la socit et lconomie. Point trop nen faut, toutefois, et si lhistorien sattela au dbut des annes 40 la rdaction dune ample synthse destine remplacer celle de Dozy, ce fut moins par volont de faire entrer un vent nouveau dans lhistoriographie araboandalouse que pour intgrer la masse de donnes nouvelles engranges depuis deux dcennies dexploration des gisements documentaires du Maroc. Les deux premiers volumes de lHistoire de

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lEspagne musulmane que Maisonneuve ( Paris) et Brill ( Leyde) publient en 1950 13 relvent de lhistoire politique au sens le plus habituel un modle du genre, certes, mais sans innovation. Le troisime volume (Le sicle du califat de Cordoue), p aru en 1953, rpond un dessein diffrent, je lai dit, puisque Lvi-Provenal a jug ncessaire de mnager un temps darrt dans le droulement chronologique des vnements afin de brosser le tableau du dcor o se meuvent les acteurs de lhistoire : institutions, environnement urbain, conomie, socit et pratiques sociales, culture, arts. Un quatrime volume tait annonc, sur le sicle des taifas (XIe sicle), mais la disparition brutale de lhistorien, en 1956, coupa net sa ralisation. Personne nayant remis louvrage sur le mtier depuis cette date, lhistoire dal-Andalus, dans sa version en langue franaise, sarrte en 1031, en mme temps que le califat omeyyade ! La fin des annes 1950 et le dbut des annes 1960, marques sur le plan politique par la dcolonisation des pays du Maghreb, voient samorcer une rtractation de larabisme franais : le pays na plus besoin dautant darabisants que par le pass et la discipline attire moins les tudiants, qui nont plus devant eux le dbouch colonial. Quant aux jeunes Maghrbins, ils nont pas encore la France en point de mire. Ceci va entraner une double consquence dont les effets vont saccentuer au fil du temps : 1. Larabisme franais se concentre sur son noyau dur, cest--dire sur la linguistique, sur lislamologie et sur la littrature (classique, de prfrence). Les thses dhistoire se rarfient. Finalement, les tudes arabes salignent sur ce qui se pratique dans les autres langues. 2. Comme il a t indiqu plus haut, les historiens de formation investissent le terrain laiss en friche par le retrait des arabisants. partir des annes 1980, la plupart des thses dhistoire sur le monde arabe ne sont plus soutenues dans la 15e section du CNU (langue et littrature arabes)14, mais dans la 21e (histoire mdivale)15. Cette situation ne prsente pas que des avantages. En effet, on voit dun ct des arabisants qui ne sont pas assez historiens (cest notamment le cas des doctorants venant de pays arabes), et de lautre des historiens qui ne sont pas assez arabisants (cas de la plupart des doctorants issus des dpartements dhistoire). Avec le temps, cette anomalie a fini par atteindre le corps professoral, si bien quon en arrive tolrer des thses ralises partir de sources non arabes, ou partir de traductions ; ou encore, on admet quun jury de thse ne compte aucun arabisant. Voil pour laspect ngatif.

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Il sagit de ldition dfinitive. Une premire version, en un volume, avait paru au Caire, dans les publications de lIFAO, en 1944. Lintitul complet de la 15e section du Conseil national des Universits est Langues et littratures arabes, chinoises, japonaises, hbraques, dautres domaines linguistiques . Intitul complet : Histoire et civilisations : histoire et archologie des mondes anciens et des mondes mdivaux ; de lart .

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Laspect positif, cest le renouveau des approches depuis la fin des annes 1970. Un nom se dtache, dj cit, celui de Pierre Guichard. De mme quil y a eu les annes Lvi-Provenal, il y a les annes Guichard. Entre les deux squences, cest--dire au cours des annes 1960-1970, ou paralllement, quelques chercheurs ont prolong sans dmriter la priode prcdente : Rachel Ari, spcialiste du royaume nasride (les XIIIe-XVe sicles sont, curieusement, une priode orpheline de lhistoriographie franaise) ; Lucie Bolens, spcialiste de la cuisine andalouse et de ce quelle a appel la rvolution agricole du XIe-XIIe sicle ; Hady Roger Idris, historiens des Zirides ifrqiyyens et grenadins ; Abdel Magid Turki, qui fut un spcialiste de lhistoire des ides, la jonction entre lhistoriographie et lislamologie codirecteur, par ailleurs, de la revue Studia islamica. Ce nouveau dpart des tudes arabo-andalouses est concomitant, voire coordonn des deux cts des Pyrnes. Une institution en symbolise le pivot : la Casa de Velzquez. Moins la maison en elle-mme, que ce qui gravite autour delle, de prs ou de loin. Il est donc ncessaire de revenir aux querelles espagnoles. La controverse historiographique sur lidentit culturelle et civilisationnelle dal-Andalus est ancienne. Contre lcole hispaniste mene par Snchez-Albornoz ou, en France par Prs et Terrasse16, laquelle dfend lide dune continuit de la civilisation espagnole et donc le caractre national de lIslam ibrique (en bref : llment exogne sest accultur au contact des Espagnols, il sest hispanis, thse difie en barrage face aux thories fantaisistes du pseudo-historien Amrico Castro sur larabisation et lorientalisation de lEspagne)17, contre ce nationalisme historiographique va se dresser, dans les annes 1970, un groupe de jeunes chercheurs dont les figures de proue se nomment Pedro Chalmeta (Madrid), Miquel Barcel (Barcelone) et Pierre Guichard (Lyon). Qualifis de marginaux par lestablishment des tudes arabes en Espagne, ces historiens vont sattacher mettre en vidence la double rupture que constituent, selon eux, la conqute arabo-musulmane de 710, puis la Reconquista chrtienne. Autrement dit, ils vont prendre en compte lintgration politique, conomique, sociale, linguistique et culturelle dal-Andalus au sein du monde arabo-musulman et en tirer les consquences notamment, que lacculturation sest faite en direction de lIslam et non en sens inverse. Deux tudes fondatrices, toutes les deux dues Pierre Guichard, jalonnent ce tournant historiographique : Structures sociales orientales et 16

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Voir BOUMAHDI, Safia. Al-Andalus dans les travaux dHenri Prs et dHenri Terrasse (1932-1966) , in AlAndalus / Espaa. Historiografas en contraste. Siglos XVII-XXI, sous la dir. de Manuela MARN. Madrid, Casa de Velzquez, 2009, pp. 83-104. Voir SNCHEZ-ALBORNOZ, Claudio. Espagne prislamique et Espagne musulmane , in Revue historique. Paris, 1967, vol. 237, pp. 295-338 (p. 298 pour les citations) ; CASTRO, Amrico. Espaa en su historia : Cristianos, Moros y Judios. Buenos Aires, Editorial Espasa, 1948. Sur lhistoire de larabisme espagnol, voir MONROE, James T. Islam and the Arabs in Spanish scholarship (sixteenth century to the present). Leyde, E. J. Brill, 1970.

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occidentales dans lEspagne musulmane (1977) ; et, dix ans plus tard, La socit musulmane valencienne et sa destruction lpoque de la reconqute (thse dtat publie en 1990 sous le titre Les musulmans de Valence et la Reconqute). Si lorientalit de lEspagne musulmane semble aujourdhui admise par la majorit des chercheurs, le dbat nest pas clos. Il porte, par exemple, sur les questions dmographiques, comme celle de limportance de llment dorigine allogne dans la pninsule Ibrique. Je pense, en particulier, la dispute des annes 80 autour de la berbrisation de la rgion valencienne, qui opposa dun ct Pierre Guichard, Miquel Barcel et Angel Poveda, dfenseurs de la thse, Ma del Carmen Barcel Torres, Mikel de Epalza et surtout Ma Jesus Rubiera, qui la critiqurent souvent violemment. La thse de lhispanit foncire dal-Andalus nest toutefois pas morte, elle a refait surface la fin des annes 1990, comme une sorte de retour du refoul, cette fois-ci relook sous une forme prsentable : je veux parler du concept d identit andalouse dvelopp par Gabriel Martinez Gros18. Les attaques que ce denier a lances contre les travaux de Pierre Guichard ont parfois vir une charge systmatique frappant les chercheurs qui, depuis quarante ans, se sont efforcs de faire chapper lhistoire dal-Andalus une vision essentialiste des peuples et des socits. Un des facteurs ayant contribu la nouvelle histoire dal-Andalus tient au dveloppement de larchologie, dont les donnes compensent en partie labsence des sources archivistiques. Trois noms sont citer : ceux dAndr Bazzana, de Pierre Guichard ( nouveau) et de Patrice Cressier. Et un modle : celui du hisn, en tant quentit de base dans la structuration politique, conomique et sociale des zones rurales. lcart du bouillonnement franco-espagnol, quelques chercheurs ont poursuivi, durant les annes 1980-2000, une uvre plus classique. Parti dun travail de sociologie historique sur Le monde des ulmas andalous du V/XIe au VII/XIIIe sicle (1978), Dominique Urvoy a ensuite volu vers lhistoire des ides et lislamologie, mais sans abandonner lespace pninsulaire. Chercheur tout aussi solitaire, Vincent Lagardre sest spcialis dans lexploitation des sources jurisprudentielles et lhistoire de la paysannerie andalouse. Quant Marianne Barrucand, elle a maintenu la Sorbonne la tradition de lhistoire de lart, avec des travaux sur larchitecture andalouse. Signalons galement David Wasserstein pour autant quon puisse linclure parmi les historiens europens19. Sa monographie sur les Party kings (1985), cest--dire les rois de taifas du XIe sicle, fut la premire et longtemps la seule sur le sujet.

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Cf. son ouvrage ponyme, Identit andalouse. Arles, Sindbad-Actes Sud, 1997. Actuellement professeur la Vanderbuilt University (Nashville, Tennessee), Wasserstein a soutenu sa thse de doctorat lUniversit dOxford, puis il a enseign au University College de Dublin et lUniversit de Tel Aviv.

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O en est-on aujourdhui en France ? Mon critre sera dordre gographique (ou, plus exactement, gopolitique). A tout seigneur tout honneur, il y a Paris et les Parisiens (y compris ceux qui sont exils en province pour des raisons administratives). Leur point de ralliement est lquipe Islam mdival , qui appartient la doublement sorbonnarde UMR Orient et Mditerrane (Paris I et Paris IV). Elle comporte en son sein plusieurs chercheurs dont les travaux concernent, des titres divers, lhistoire dal-Andalus : par ordre alphabtique, Pascal Buresi, chercheur du CNRS qui conduit une discrte mais solide enqute sur la chancellerie almohade ; Martinez Gros, dj cit, professeur lUniversit de Paris X Nanterre, qui officie galement lEHESS et autres lieux de notorit ; Christophe Picard enfin, professeur lUniversit de Paris I et spcialiste de la navigation arabe dans lOcan Atlantique. Un sminaire intitul Islam mdival dOccident runit Cyrille Aillet, Sophie Gilotte, Annliese Nef, Christophe Picard, Dominique Valrian, Jean-Pierre Van Staevel et Elise Voguet, les plus jeunes tant les filleuls des moins jeunes, conformment aux rgles de lendogamie. Dans ce groupe, seul Picard et Aillet, spcialiste des mozarabes, ont un lien de recherche avec al-Andalus. Ce qui, en fin de compte, ne fait pas grand monde. Deuxime lieu, Toulouse, o Philippe Snac, au sein du laboratoire Framespa (dont il dirige lquipe Al Andalus Hispaniae), poursuit ses travaux sur la transition entre lpoque wisigothique et lpoque arabe, travaux de nature historiographique et archologique (avec, notamment, la fouille du site de Las Sillas, Marcn, en Aragon). Snac encadre plusieurs doctorants 20 dont lun, Travis Bruce, a soutenu en janvier 2009 une thse sur la taifa de Dnia. Troisime lieu, quasi miraculeux, Nantes, o le hasard des concours de recrutement a men deux chercheurs estampills 100 % Andalus : Christine Mazzoli-Guintard, spcialiste reconnue de lhistoire urbaine (une de ses doctorantes, Caroline Fournier, a soutenu en mai 2010 une thse sur les bains dal-Andalus) ; et lauteur du prsent article, lequel dispose galement dun rond de serviette au CESCM, grce lamabilit de Stphane Boissellier, directeur de lquipe Pninsule Ibrique-Mditerrane ce qui fait de Poitiers, par voie de consquence, le quatrime lieu de la recherche franaise sur lhistoire de la pninsule Ibrique lpoque musulmane. Cinq tant le nombre magique des Arabes, il convient de ne pas oublier un dernier lieu, hors les murs, cest--dire hors du territoire national : la Casa de Velzquez Madrid. Ce nest certainement pas le moindre. Et cest tout. Lyon est dsactiv depuis le dpart la retraite de Pierre Guichard. Et Bordeaux, Lagardre ne donne plus signe dactivit depuis une grosse dcennie.

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Sbastien Gasc (numismatique arabe, de la conqute lmirat omeyyade), Marie-Batrice Mounier (gense de la frontire entre lIslam et la Chrtient, Rioja et Navarre mridionale, VIII e-XIIe sicle), Alexandra Billon (Tudle et ses campagnes, IXe-XIIe sicle).

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De cette recherche des vingt dernires annes, on ne voit pas se dgager de vritables lignes de force si ce nest, peut-tre, avec Picard et Aillet, une rvaluation la hausse de limportance de llment chrtien dans la population dal-Andalus avant la brutale dflation post-almoravide ce qui, une nouvelle fois, me semble rvlateur de la difficult accepter pleinement que les Arabes ont bien envahi lEspagne . En France comme en Espagne, les tudes mozarabes ont le vent en poupe, alors quon manque de travaux sur ce qui, partout ailleurs, fait la richesse de la mdivistique contemporaine : la famille, la parent, lenfant, la femme, le corps, le jeu, le plaisir, la mort, la compassion, la marginalit, etc. Il y a donc du pain sur la planche. Les sources littraires pour me limiter elles sont loin davoir livr toute leur matire. Mais, faut-il le rpter ? leur exploitation optimale ncessite dtre arabisant autant quhistorien : car il ne sagit pas seulement de gtes documentaires desquels on va extraire telle ou telle donne utile, mais de textes, cest--dire de processus discursifs rpondant une intention, obissant une potique et contraints par les mots, avec ce que cela comporte de dicibilit et dindicibilit. Et cest l que le bt blesse. Sans une connaissance de la langue aussi fine que possible, sans un minimum de sensibilit littraire, on passe ct de beaucoup de choses.

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Annexe Bref historique des tudes arabes en France La cration dun enseignement stable de la langue arabe date de la Renaissance. Deux noms sont citer cet gard : celui dAgostino Giustiniani (1470-1536), moine dominicain n Gnes, vque de Nebbiu en Corse, diteur du troisime livre arabe jamais imprim (Gnes, 1516). Sur linvitation de Franois Ier, il occupa de 1517 1522 la chaire dhbreu, de chalden et darabe de lUniversit de Paris. celui de Guillaune Postel (1510-1581), qui fut nomm en 1539, peu aprs son retour dOrient (o il avait collect des manuscrits orientaux, notamment les uvres dAb l-Fid), professeur de mathmatiques et de langues orientales (dont larabe) au Collge des Lecteurs royaux (futur Collge de France). En 1614, on fit venir du Collge maronite de Rome les prtres Gabriel Sionite (Sionita = Jabrl al-Sihyn) et Jean Hesronite (Hesronita = Yhann Qiryqus al-Hasrn), pour devenir professeurs darabe et traducteurs du roi. Vers la mme date (ou un peu avant), le moine copte Joseph Barbatus (Abudacnus = Ab Daqn) fut galement invit en France. eux trois, ils allaient former plusieurs cohortes darabisants, dont le Hollandais Erpenius (Thomas Van Erpe, 15841624), lauteur de la Grammatica arabica (1613) et des Rudimenta linguae arabicae (1620). Erpenius implanta les tudes arabes Leyde, ville dans laquelle Franciscus Raphelengius (Frans Van Ravelingen, 1539-1597), neveu de lhumaniste Plantin et imprimeur de lUniversit, stait dot de fontes arabes ds 1595, et o le libraire Jordaan Luchtmans allait ouvrir en 1683 une maison ddition spcialise, entre autres domaines, dans les langues orientales (elle changea de nom en 1848 pour devenir E. J. Brill). Larabisme franais, jusqualors confin au Collge royal, se structura dans la deuxime moiti du XVIIe sicle, grce la cration par Colbert, en 1669, de lcole des Jeunes de Langues, destine former de jeunes Franais au mtier de drogman. Ltablissement fut rattach en 1700 au Collge des Jsuites (futur lyce Louis-le-Grand), dont il subit les vicissitudes : rebaptis en 1820 cole des Langues orientales, il finit par disparatre en 1893. Car une nouvelle institution, cre sous limpulsion de Lakanal par le dcret-loi du 10 germinal de lan III (30 mars 1795), avait pris le relais : lcole spciale des Langues orientales vivantes, autrement dit LanguesO, lactuel Institut National des Langues et Civilisations Orientales (INALCO). Avec la conqute de lAlgrie (1830), puis les protectorats imposs la Tunisie (1881) et au Maroc (1912), la France sattacha dvelopper lenseignement de larabe afin de former ses futurs

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fonctionnaires civils et militaires en poste au Maghreb. Cest ainsi que des chaires darabe furent riges dans diffrentes universits, en plus de la Sorbonne, Alger et Bordeaux notamment, et que lagrgation darabe fut ouverte en 1905 (ce qui en fait lune des plus anciennes dans le paysage acadmique). Cet effort sest accompagn, jusqu une poque rcente, de la cration de centres dtude et de recherche implants dans le monde arabe : Rabat, lInstitut des Hautes tudes Marocaines (IHEM, 1920)21 ; au Caire, lInstitut Franais dArchologie Orientale (IFAO, 1898) et le Centre dtudes et de Documentation conomiques, Juridiques et Sociales (CEDEJ, 1968) ; Damas, lInstitut Franais dtudes Arabes (IFEAD, 1922) et Beyrouth, le Centre dtudes et de Recherches sur le Moyen-Orient Contemporain (CERMOC, 1977), tous les deux fondus en 2003 dans lInstitut Franais du Proche-Orient (IFPO) ; Sanaa, le Centre Franais dtudes Ymnites (CFEY, 1982), devenu en 2001 le Centre Franais dArchologie et de Sciences Sociales (CEFAS). On ajoutera cette liste lInstitut des Belles-Lettres Arabes (IBLA), install par les Pres Blancs Tunis en 1931, et dont le centre dtudes a fonctionn jusquen 1964, date laquelle les autorits vaticanes lont transfr Rome o il se perptue sous la nouvelle appellation dIstituto Pontificio di Studi Arabi e dIslamistica. Tous ces organismes ont accueilli depuis leur cration et ils continuent daccueillir des arabisants et des historiens travaillant sur la zone gographique de leurs ressorts respectifs.

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LIHEM est un tablissement marocain institu par arrt viziriel. Mais il a t voulu par la France, son directeur tait franais et il a fonctionn sous le contrle de la Rsidence gnrale jusqu lindpendance du Maroc en 1956. Depuis 1957, il relve de luniversit Mohammed V-Agdal.

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Les inscriptions mdivales de la Pninsule ibrique et les recherches europennes en pigraphie1 As inscries medievais da Pennsula ibrica e as pesquisas europias em epigrafiaVincent Debiais Universit de Poitiers

Resumo Os estudos epigrficos cada vez mais ganham espao no ambiente acadmico europeu de anlises sobre o medievo, atraindo assim a ateno de jovens pesquisadores interessados numa abordagem cultural da histria da Idade Mdia. O presente artigo debate essa tendncia em curso, com especial ateno s anlises sobre as inscries medievais no espao da Pennsula ibrica. Palavras-chave: Idade Pennsula ibrica. Mdia;

Abstract The epigraphic studies are increasingly gaining ground in the European academic ambient of analyzes about the Middle Ages, thus attracting the attention of young researchers interested in a cultural approach of the history of the Middle Ages. The present article discusses this ongoing trend, with special attention to the analyzes of the medieval inscriptions in the Iberian Peninsula.

Epigrafia; Keywords: Middle Ages; Epigraphy; Iberian Peninsula.

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Vincent Debiais, ingnieur de recherche au CNRS Centre dtudes suprieures de civilisation mdivale (CNRS/Universit de Poitiers), 24 rue de la chane, 86 022 POITIERS cedex ; [email protected]

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Introduction Lpigraphie est certes lune des sciences auxiliaires les plus jeunes au sein du paysage de la mdivistique en Europe, mais cest galement lune des plus dynamiques2 ! Si elle natteint pas encore, par ses publications ou le nombre de chercheurs engags dans des programmes grande chelle, le niveau de lpigraphie classique (grecque et romaine), lpigraphie mdivale peut toutefois aujourdhui senorgueillir davoir attir lattention des mdivistes europens sur limportance du document pigraphique, source encore mal connue et parfois difficilement accessible, dans les recherches sur lhistoire culturelle du Moyen ge en gnral, et des pratiques graphiques en particulier. Il faut cependant reconnatre que les diffrentes entreprises de publication des inscriptions ou de recherche sont encore trs clates, rparties, parfois isoles au sein dinstitutions nationales3 ; et il est encore trop tt sans doute pour envisager une fdration des initiatives pigraphiques en Europe pour le Moyen ge, la diffrence de ce qui se fait depuis dj plusieurs dcennies pour lAntiquit. La runion Poitiers en septembre 2009 du troisime congrs international dpigraphie mdivale a pourtant jet les bases dun Comit international dpigraphie mdivale et moderne et lon ne peut quencourager cette initiative permettant de faire connatre les travaux en pigraphie, de valoriser les publications des chercheurs et dinciter les mdivistes dune part, mais aussi les professionnels du patrimoine, de la restauration et la mdiation culturelle dautre part, prendre en compte les nombreux vestiges pigraphiques encore en place dans la plupart des monuments europens. La Pninsule ibrique ne fait pas exception dans ce panorama gnral. Riche dune trs grande quantit dinscriptions, localises pour la plupart dans des difices religieux occups et utiliss sans solution de continuit depuis la mise en place des pigraphes, elle prsente un intrt tout fait exceptionnel pour comprendre le fonctionnement in situ du document et linscrire ainsi dans la vie et lusage (liturgique, communautaire, social) du btiment. Comme en France, en Allemagne ou en Italie, les chercheurs sont malheureusement trs peu nombreux pour exploiter cette masse documentaire considrable, et les pouvoirs publics ne semblent pas disposs fournir des moyens supplmentaires pour donner une impulsion nouvelle aux recherches en pigraphie mdivale. Il nest pas le lieu de juger ici des orientations scientifiques (celles des Universits) et

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Pour une vision gnrale de la discipline pigraphique, voir FAVREAU, Robert, Lpigraphie mdivale : naissance et dveloppements dune discipline In Comptes rendus de lAcadmie des inscriptions et belleslettres, Paris, 1989, p. 328-363 ; voir aussi FAVREAU, Robert, pigraphie mdivale, Turnhout, Brepols, 1995, p. 5-10. Lclatement des entreprises de publication est particulirement clair dans les recensements bibliographiques suivants : FAVREAU, Robert, pigraphie mdivale, Turnhout, Brepols, 1995, p. 10-26 ; KOCH, Walter, BORNSCHLEGEL, Franz-Albrecht, Literaturbericht zur mittelalterlichen und neuzeitlichen Epigraphik (1998-2002), Hannovre, MGH, 2005 ; BERARD, Franoise, FEISSEL, Denis et al., Guide lpigraphiste : bibliographie choisie des pigraphies antiques et mdivales, ENS, Paris, 2010.

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budgtaires (celles des institutions de financement) ; nous constatons simplement que ce manque dintrt et de moyens conduit une mconnaissance, au sein des pays eux-mmes, de la documentation pigraphique qui est, de faon gnrale, peu exploite, cite ou mme connue des mdivistes portugais ou espagnols. Les inscriptions restent confines aux travaux des spcialistes locaux qui se chargent tout la fois des entreprises de publication et des initiatives de recherche. Elles apparaissent ainsi plus frquemment dans les travaux des pigraphistes trangers, franais et allemands surtout, qui connaissent parfois mieux le travail de leurs collgues ibriques que les mdivistes pninsulaires eux-mmes !

Les sources pigraphiques au Portugal et en Espagne Un rapide survol de la documentation conserve aujourdhui matriellement ou sous forme de mentions permet de comprendre pourquoi lintrt pour les inscriptions ibriques dpasse largement les frontires de la pninsule. Il ne sagit pas seulement dun aspect quantitatif. Le Portugal possde en proportion moins dinscriptions mdivales que la France ou lAllemagne par exemple ; lEspagne possde quant elle effectivement un trs grand nombre de textes ; pensons par exemple que la seule province de Burgos possde sans doute plus 400 inscriptions mdivales). Premire caractristique de cette documentation : les ensembles conservs sont considrables ; il suffit de citer le corpus des inscriptions du monastre dAlcobaa au Portugal4, ou celui de la cathdrale de Len5, du clotre de San Juan de la Pea ou de celui de la cathdrale de Roda en Espagne6. Cette concentration, sur un mme site, dun grand nombre de textes pigraphiques nest pas trs courant dans le reste de lEurope, que ce soit en France ou en Italie, encore moins en Allemagne. Les circonstances historiques propres chaque pays peuvent sans doute tre lorigine ces concentrations, mais il faut probablement davantage relier ce phnomne au dveloppement dateliers pigraphiques spcialiss, dans les grands centres urbains ou monastiques espagnols et portugais. Elles donnent en tout cas loccasion dentrevoir une production pigraphique en srie , ce quen France par exemple on ne devine qu peine Toulouse ou

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Sur Alcobaa, voir larticle de BARROCA, Mrio Jorge, L'atelier pigraphique de labbaye dAlcobaa au Portugal (XIIIe sicle) In pigraphie mdivale et culture manuscrite. Actes du troisime congrs international dpigraphie mdivale (Poitiers, septembre 2009), Vincent Debiais (d.), Rennes, PUR, 2011 ( paratre). Les inscriptions de la cathdrale de Len ne sont pas encore publies ; pour une premire approche, on verra GARCA LOBO, Vicente, De epigrafa medieval. Cuestiones de mtodo , In Centenario de la ctedra Epigrafa y Numismtica de la Universidad Complutense de Madrid (1900/0-2000/01), Madrid, UCM, 2002, p. 77-119. Pour San Juan de la Pea et la cathdrale de Roda, voir DURN GUDIOL, Antonio, Les inscripciones medievales de la provincia de Huesca In Estudios de edad media de la Corona de Aragn, Madrid, CSIC, 8, 1967, p. 45-153.

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Vienne7. Cest pourquoi les grands ensembles ibriques sont repris par les chercheurs europens dans les travaux concernant la gense du document pigraphique, dans lesquels on envisage la suite des tches, la rpartition des travaux entre artisans, lorganisation concrte des diffrentes phases de cration8 (de lordinatio du texte sur le support la gravure dfinitive). Ces grands ensembles permettent dautre part de percevoir le paysage pigraphique tel quil se prsentait la fin du Moyen ge et de mesurer ainsi limpact visuel de lcriture dans lenvironnement des hommes et des femmes qui frquentaient ces espaces daffichage chelle monumentale. Cest une chose quil est difficile dapprcier aujourdhui, lexception de quelques sites italiens peut-tre. Cest pourquoi on a pu par exemple tudier les inscriptions du Panthon des rois San Isidoro de Len9 o la mise en scne pigraphique de linstitution monarchique constitue un laboratoire exceptionnel pour dterminer les modalits de la propagande dynastique par le texte et limage au cours des XIe-XIIIe sicles. La varit des formes et des fonctions des textes est tout fait extraordinaire et, si la plupart se rencontre galement dans le reste de la documentation europenne (on pense en particulier au domaine funraire), on trouve en Pninsule ibrique un certain nombre de documents inconnus par ailleurs et qui mritent une attention particulire lheure de dresser lventail des fonctions mmorielles, sociales ou politiques du document pigraphique en Occident mdival. On pense en particulier aux inscriptions dautel de Catalogne pour lesX -XIe e

sicles10, aux ardoises et aux stles

discodales du haut Moyen ge11, au Pays basque et en Castille, aux marques de proprit de spulture12 (type funraire inconnu ailleurs en E