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Publicação Oficial do Instituto de Assistência e Pesquisa em Diabetes e Contato Comunicação Janeiro de 2017 ano 17 • nº 117 AS IMPLICAÇÕES DA DIABETE GESTACIONAL DIABÉTICOS RELATAM HISTÓRIA DE VIDA Em busca de um SONHO IAPD sairá do papel e se tornará centro de referência no combate ao Diabetes em Goiás Use seu aplicativo QR Code para baixar a revista:

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Publicação O�cial do Instituto de Assistência e Pesquisa em Diabetes e Contato Comunicação

Janeiro de 2017 • ano 17 • nº 117

AS IMPLICAÇÕES DA DIABETE GESTACIONAL

DIABÉTICOS RELATAMHISTÓRIA DE VIDA

Em busca de um SONHOIAPD sairá do papel e se

tornará centro de referência no combateao Diabetes em Goiás

Use seu aplicativo QR Code para baixar a revista:

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O sendentarismo é pre-judicial à saúde de qualquer indivíduo, principalmente se ele é portador de doen-ças como o diabetes. Para os diabéticos, a prática de exercícios físicos auxilia no controle da enfermidade por

Exercícios físicos são ótimos aliados no controle da diabetesDiabéticos não possuem restrições quanto às

atividades físicas, desde que façam o controle

da glicemia antes, durante e depois da prática

aumentar a captação de gli-cose pelo músculo e da sensi-bilidade celular à insulina. O excesso de glicose existente no sangue é utilizado como combustível para atividade escolhida. O personal trainer e preparador físico Bruno

Augusto ressalta que a ati-vidade física ainda contribui para executar exercícios diários com maior destreza, melhora a autoestima da pes-soa com diabetes e também promove inserção em ciclos sociais de diferentes escalas.

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O diabético antes de realizar atividade física precisa medir o nível de glicose durante e após a prática. Todavia, impre-vistos durante o exercício podem acontecer, como a hipoglicemia. O prepara-dor físico Bruno Augusto instrui que ao se deparar com essa situação, primei-ro deve-se aferir a glicose e corrigir a hipoglicemia. Caso não haja mal es-

Entretanto, alguns cui-dados devem ser tomados pela pessoa com diabetes antes de iniciar um exer-cício. De acordo com as normas da Sociedade Bra-sileira de Diabetes (SBD), indivíduos com glicoses su-periores a 250mg/dl devem evitar práticas físicas pois podem realizar a liberação de corpos cetônicos na corrente sanguínea (ceto-acidose). Dessa forma, o diabético ao praticar uma atividade física precisa se atentar ao melhor horário e realizar medições de glicose no início, meio e fim das

atividades. “Notando quais-quer diferenças em graduais de força, velocidade, racio-cínio e percepção, deve-se interromper a prática e afe-rir mais uma vez a glicose”, alerta Bruno Augusto.

Ademais, o preparador físico assegura que não existem restrições quanto às atividades. Porém, caso aconteçam complicações durante a prática, é neces-sária uma avaliação junto ao endocrinologista e um profissional de educação física para saber as limi-tações e recomendações a esse paciente.

Personal trainer e preparador físico Bruno Augusto

O que fazer em caso de hipoglicemia?

tar, pode-se continuar a atividade. “É importante criar um diário no qual se anote tais ocorrências, para que não se repitam, e a quantidade de hipoglice-mias durante os exercícios diminua”, informa.

Para emergências, é preciso levar sempre car-boidratos de rápida ab-sorção, como frutas secas e barras de cereais. Além disso, os professores e

companheiros pratican-tes de atividades devem ser instruídos a executa-rem os primeiros socorros quando necessário.

Caso o açúcar no sangue não aumente ou os sinto-mas não melhorem em 30 minutos, deve-se chamar ajuda médica. Se a vítima estiver inconsciente, o ideal é colocá-la na posição late-ral de segurança enquanto espera pelo socorro.

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nELson rAssI | Endocrinologita E prEsidEntE do iapd

A união dE médicos E sociEdAdE trArá grAndEs bEnEfícios pArA os portAdorEs dE diAbEtEs E pArA os cofrEs públicos

Neste ano de 2017 pretendemos dar continuidade e tirarmos do papel o projeto do Instituto de Assistência e Pesquisa em Diabetes (IAPD), que surgiu do anseio de um grupo de médicos endocrinologistas e outros profissionais da saúde, liderados por mim, com objetivo de proporcionar aos portadores de diabetes e seus familiares conhecimento e atenção sobre essa doença, conhecida desde a antiguidade e que vem crescendo exponencialmente.

O objetivo do Instituto é se tornar um grande centro de referência em diabetes no estado de Goiás, local no qual o portador desta doença possa ter um acompanhamento multidisciplinar. O Instituto atenderá todas as necessidades do portador de diabetes, tais como: orientação, controle, cuidados as pessoas acometida de diabetes baseados nos princípios da medicina ética e humanista, o tratamento do diabetes e suas complicações de formas integral e continua ambulatorial e hospitalar, realização de campanhas educativas de conscien-tização e orientação da sociedade.

A realização de eventos multidisciplinares de ações de prevenção do diabetes, tratamento de pessoas portadora de diabetes e orientação de familiares de portadores de diabetes. Tendo em vista a necessidade de colocarmos em funcionamen-to o Instituto para que seja referencia no tratamento, o qual o nosso Estado ainda não oferece.

Temos a certeza que este projeto, assim que materia-

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Publicação com a qualiDaDe:

Diabetesem Goiás

Revista

direção de Jornalismo: iúri rincon godinhoEditora: denyze nascimentoredação: denise soares e maria Júlia souzacomercialização: lanusse teodoroArte final: nalbert guiliani Endereço: rua 27-A, 150, st. Aeroportogoiânia - go - 74.075-310fone: 3224-3737

www.contatocomunicacao.com.br

conselho editorial

nelson rassiVictor gervásio e silvasérgio VêncioElias HannaHaroldo souzaJudith mesquita

Nacionais

ruy lira (pernambuco)saulo cavalcanti (belo Horizonte)Jorge luiz gross (rio grande do sul)balduíno tschiedel (porto Alegre)mirnaluci gama (paraná)mauro scharf (paraná)Antônio chacra (são paulo)daniel giannella (são paulo)durval damiani (são paulo)Amélio godoy (rio de Janeiro)leão Zagury (rio de Janeiro)reine fonseca (bahia)Walter minicucci (campinas - são paulo)Hermelinda pedrosa (distrito federal)reginaldo Albuquerque (distrito federal)

lizado, será uma relação ganha, pois trará ao cidadão goiano benefícios locais e ampliará as fronteiras de combate à doença diabetes.

É provado que o ganho mais importante será para os governos, pois hoje essa doença onera consideravelmente os cofres públicos com tratamentos, internações e dispensação de medicamentos que neste caso são de alto custo.

No âmbito específico do IAPD, destacamos as atividades locais que vamos desenvolver como segue:

• educação para os portadores da doença e familiares• educação para os portadores infanto-juvenis e familiares• oficina para preparo de alimentação adequada e orienta-

da para um estilo de vida saudável,destinada aos portadores da doença e familiares.

• orientação para importância das atividades físicas para um estilo de vida saudável.

• orientação psicológica• orientação jurídica • disponibilizar uma biblioteca com material educativo

sobre a doença e também outros títulos.• brinquedoteca • capacitação de médicos e enfermeiros para o tratamento

da doença, dentre outros.Estes temas são os mais importantes e devemos enfatizá-

-los, pois são os pilares do nosso projeto. Para que esse projeto seja realizado precisamos do apoio das autoridades compe-tentes e da população em geral, pois só trará benefícios à toda sociedade.

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É certo afirmar que o diabetes gestacional torna a gestação de alto risco? Sim, pois a diabetes gesta-cional pode desencadear hipertensão arterial que pode evoluir para um qua-dro clínico de eclâmpsia, doença com alta taxa de mortalidade materna e fetal. Também apresenta risco maior de parto prematuro e morte durante o parto.

Quais são os fatores de ris-co do diabetes gestacional? As mulheres que apresen-tam maior risco de desenvol-ver diabetes gestacional são as de baixa estatura, com idade acima de 27 anos,

os perigos da diabetes gestacional

com sobrepeso/obesidade ou ganho excessivo de peso durante a gestação, sedentá-rias, com parentes de primei-ro grau com diabetes e que já receberam o diagnóstico de diabetes gestacional em gravidez anterior.

Quais são os sintomas ou sinais de alerta que indi-cam essa doença durante a gestação?A paciente pode ter os mesmos sintomas do pa-ciente com diabetes fora da gravidez, como turvação da visão, aumento da sede e do volume urinário. En-tretanto, na maioria das pa-cientes, o quadro é pouco

De acordo com a Sociedade brasileira de

Diabetes (SbD), a doença é responsável por

7% das complicações durante a gravidez no

País. Nesse número não se encaixa pacientes

que têm diabetes antes da concepção, mas

a grávidas que “adquirem” a enfermidade

após a gravidez. a alteração nos índices

glicêmicos coloca em risco a vida da

gestante e do bebê. Por isso, o médico

endocrinologista Haroldo Silva de Souza,

preceptor da residência de endocrinologia

do Hospital Geral de Goiânia (HGG),

esclarece dúvidas em relação a doença.

sintomático, e o que levanta a suspeita são alguns acha-dos no exame de ultrassom obstétrico, como a presença de um feto grande para idade gestacional e excesso/escassez do líquido amnió-tico. Mas, na realidade, o médico não deve esperar esses sinais de alerta para fazer os exames diagnósti-cos. A recomendação atual é que toda mulher, na 24ª - 28ª semana de gestação, seja submetida a uma curva glicêmica, para diagnóstico de diabetes gestacional.

a recomendação

atual é que toda

mulher, na 24ª a 28ª

semana de gestação,

seja submetida a

uma curva glicêmica,

para diagnóstico de

diabetes gestacional.

Após o parto, a mulher continua com o diabetes?Na maioria das mulheres, o diabetes regride após o parto, mas algumas podem permanecer com a doença. A recomendação é que após 30-90 dias após o parto, seja solicitado um novo teste oral

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9de tolerância a glicose (curva glicêmica), para reavaliar a presença ou não de diabe-tes. Mesmo com resultado negativo, todas as mulheres diagnosticadas com diabetes durante a gravidez são de alto risco para desenvolver diabetes no futuro próxi-mo e, portanto, devem ser orientadas a ter hábitos sau-dáveis, como atividade física regular, dieta equilibrada e manter o peso dentro da faixa de normalidade.

Existe o risco do bebê nas-cer portador do diabetes?O risco do bebê nascer com diabetes é praticamente nulo. Na realidade, o recém--nascido tem maior pre-disposição a hipoglicemia (queda dos níveis de açúcar no sangue), desconforto res-piratório e maior prevalên-cia de icterícia (amarelão) ao nascer, além do grande risco de macrossomia (bebês que nascem com mais de 4kg). Entretanto, filhos de mães que tiveram diabetes gesta-cional têm mais chances de serem obesos e de desen-volverem a doença quando forem jovens adultos.

Como é feito o tratamento da diabetes gestacional?O tratamento consiste pri-mariamente de orientação dietética, com eliminação dos açúcares e doces em geral, redução dos carboi-dratos simples, com vigi-

lância no controle do peso ponderal. Atividade física re-gular também é importante, sempre com a permissão do obstetra e sob orientação de um educador físico. A moni-torização domiciliar do nível de açúcar, em geral várias vezes ao dia, é parte funda-mental do tratamento. Em alguns casos, há necessidade de uso de insulina, uma ou várias vezes ao dia. O uso de medicamentos orais, apesar de cada vez mais frequente durante a gravidez, não é to-talmente aprovado durante a gestação.

Qual o prognóstico?O diabetes gestacional em geral tem bom prognós-tico, desde que adequa-damente conduzido, mas sempre é uma gravidez de maior risco, que necessita de cuidados redobrados da paciente e da equipe médica, constituída pelo obstetra, endocrinologista, nutricionista e enfermeira. Embora nos casos mais gra-ves e/ou com tratamento inadequado, a evolução possa ser desastrosa.

É possível evitar o surgi-mento dessa doença? Sim. Existem vários traba-lhos na literatura que de-monstram que a adoção de um estilo de vida saudável (peso dentro da faixa de normalidade, não fumar, exercícios regulares e dieta

equilibrada) antes e durante a gravidez pode reduzir em até 40% o diagnóstico de diabetes gestacional.

O que existe de mais moderno no diagnóstico ou tratamento da diabetes gestacional?No diagnóstico, a curva glicêmica continua sendo o padrão ouro. No trata-mento, existem insulinas modificadas, com menor risco de hipoglicemia, que já são permitidas durante a gravidez. O uso de bom-bas de insulina, dispositivos que infundem o hormônio através de um cateter no subcutâneo, de forma con-tínua, também constitui um avanço no manejo do diabetes gestacional. Além disso, os modernos métodos atuais de monitoramento da gravidez são úteis no acom-panhamento da mulher que desenvolve diabetes durante a gestação.

Endocrinologista HAroLdo sILvA dE souzA

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CorAgEM, gArrA E CABEÇA ErguIdA

O dia 3 de julho de 2010 marcou a vida e história da cabeleireira Fabiana Vieira dos Santos de Felício, pois sua filha, Elisa Rosa Felício Soares, que na época tinha quatro anos, foi diagnosticada com diabetes tipo 1. O impacto negativo da notícia se poten-cializou quando a mãe recebeu diagnósticos errados de médicos da cidade de Palmelo, interior de Goiás.

A pequena Elisa apresentava sintomas típicos da diabetes, como vômitos, boca seca, fome e aumento da incidência urinária e, também, a professora da criança havia relata-do queda no rendimento escolar. O contexto e os erros no diagnóstico contribuíram para que Fabiana acreditasse que o problema que afetava sua filha era de ordem psicológica.

Contudo, a infante continuava apre-sentando sintomas preocupantes, o que obrigou a mãe a percorrer 160km até o Hospital Materno Infantil (HMI) em Goi-ânia, onde, ao chegar, Elisa convulsionou e entrou em coma, o que despertou ainda mais a angústia da mãe. O diagnóstico foi rápido e positivo para diabetes tipo 1. A criança foi a primeira palmelina a ser diagnosticada com a doença. “Me abriu

diabetes não limita ninguém o diabetes tipo 1, comumente, é diagnosticado na

infância, porém a doença não sentencia ninguém a

uma vida sem cores e sabores. esta edição da revista

Diabetes em Goiás traz a trajetória emocionante de uma

mãe que não cessou de lutar pelos direitos da filha com

diabetes e de um assessor nutricional que enxerga a

doença através de um prisma de positividade.

Cabeleireira FABIAnA vIEIrA dos sAntos dE FELíCIo e sua filha ELIsA rosA FELíCIo soArEs

um buraco”, confessa a mãe.O desconhecimento sobre as implica-

ções da doença descortinou um labirinto sombrio, do qual Fabiana e Elisa, tomadas pelo ímpeto de coragem, começaram a trilhar. O apoio de familiares e os profis-sionais da capital auxiliaram no processo. “Chegamos no sábado e minha filha ficou em coma até na segunda-feira. Eu chorava, mas dizia para mim mesma que iria dar conta. No outro dia, minha tia me visitou e levou revistas e eu vi como iria ser”.

Mãe e filha ficaram 15 dias no HMI,

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ELIsA, 8 anos, e as amigas

até que foram transferidas para a sede de Campinas. Na oportunidade, Fabiana começou a ter contato com o tratamento da enfermidade, mesmo de forma tímida. “A doutora me ensinou superficialmente, sai com uma mão na frente e outra atrás. Nunca consegui uma consulta pelo Sistema Único de Saúde, tive que pagar um plano de saúde para conseguir uma boa médica para minha filha”.

Elisa teve acompanhamento dos 4 aos 8 anos, entretanto, a partir dessa idade a dosagem de insulina não surtia os efeitos esperados. A médica responsável pela saúde da criança sugeriu acompanhamento com uma endócrinopediatra. “O plano não cobria, então paguei particular. A doutora ensinou fazer contagem de carboidratos e falou da bomba de insulina, inclusive me instruiu sobre a papelada necessária para dar encaminhamento”.

Ciente de que o aparelho proporciona-ria melhor qualidade de vida para a filha, Fabiana engajou na luta para conquistar na justiça a aquisição da bomba de insulina. Ela relata que antes de entrar com uma ação junto ao Ministério Público procurou o prefeito da cidade, “falei do direito da Elisa e que queria conversar com ele”. Porém, ela não obteve resposta.

Após solicitar o aparelho, a cabelei-reira enviou relatórios trimestrais sobre o

tratamento e saúde da criança. Em abril, recebeu uma ligação do MP comunican-do o parecer favorável para aquisição da bomba, no entanto, novos desafios surgiam no horizonte. “Com a mudança de gestão na prefeitura, eles começaram a negar insulina. Ficamos quatro meses sem nenhum insumo. Eu ia ao MP quase todos os dias em busca de justiça, fui à rádio e lutei pelos direitos da Elisa”.

A garra e dedicação desta mãe contri-buiu para que em 14 de dezembro a tão esperada bomba de insulina fosse entregue na casa de Fabiana. “Começou uma nova rotina. Hoje a qualidade de vida de Elisa é bem melhor”. Porém, as marcas dos co-mentários depreciativos e a negligência do sistema público custam deixar o coração da mãe. “Eu não desejo para ninguém o que passei e ouvi. Espero que o governo invista na prevenção, que sai mais barata com insulinas análogas do que tratar as sequelas do diabetes”, diz.

Fabiana conta que comumente escuta comentários depreciativos de pessoas que desconhecem os direitos garantidos por Lei de amparo à pessoa com diabetes. “Falam que minha filha depende de prefeitura. Não dependemos de ninguém, esse é o direito dela”, exclama. A cabelereira ainda ressalta que se o custeio dos medicamentos fosse menos oneroso, a própria família arcaria com os custos. “Em qualquer gestão a Secretaria Municipal de Saúde é respon-sável por manter os insumos, garantidos pelo programa Hiperdia. O tratamento da diabetes é responsabilidade do município. Já fiquei magoada, mas hoje eu estou de cabeça erguida”.

O convívio com a diabetes foi doloroso no início, mas se amenizou com o passar do tempo. “Caímos, levantamos, tivemos dias de choro… mas o ser humano é ex-traordinário e consegue se adaptar a novas situações que se tornam parte da rotina e

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12dos nossos hábitos com leveza”. Os embates junto à Justiça para conquista dos direitos desgastou Fabiana, mas ela garante e incen-tiva que as pessoas lutem por seus direitos, uma, duas e quantas vezes for preciso.

A coragem, garra e cabeça sempre ergui-da são ensinamentos que Fabiana transmite para sua filha desde a infância. Ela conta que preza pela liberdade e independência de Elisa e que, por isso, a ensinou manusear os equipamentos para aferição e controle da glicemia. “Hoje ela vai ao clube com as ami-gas, passeia com o padrinho. Quero que ela seja livre para viver e gozar das coisas boas que a vida preparou para ela. A diabetes não a impede de nada!”, conta.

O ensinamento e exemplo da mãe parecem influenciar positivamente Elisa, 11 anos. “Meus colegas falam: ‘nossa Eli-sa, você tem diabetes, tadinha’. Não sou tadinha. Tem doença muito pior e todo mundo batalha. Diabetes não chega nem nos pés das doenças que vejo na televisão. A diabetes não me limita, eu me sinto in-dependente normal”, relata a adolescente que iniciou aulas de zumba e taekwondo neste ano.

dIsCIPLInA E PosItIvIdAdE

Rodrigo Lúcio Cabral descobriu que tinha diabetes aos 10 anos. Hoje, brinca ao dizer que “ganhou na loteria”, já que é o único membro da família a ser diagnos-ticado com a doença. A maneira positiva com que Rodrigo encara sua condição é uma das circunstâncias para a invejável saúde que ele esbanja aos 47 anos.

Formado em zootecnia, ciência res-ponsável pela nutrição animal, Rodrigo estreitou relações com a alimentação sau-dável, que se potencializou com o curso de Nutrição, o qual cursa o último ano. Ele se orgulha ao dizer que segue uma rotina alimentar criteriosa que exclui quaisquer carboidratos. “Não como carboidrato simples e nem complexo. E nunca tive um desempenho como eu tenho hoje, comendo mais proteína, saladas, verduras, legumes, ovos e suplementos”.

Rodrigo utiliza a bomba de insulina há 16 anos e ressalta o apoio dos pais e da família durante o período de adaptação, sobretudo de sua mãe, que alterou a alimen-tação em casa. Apesar disso, uma década atrás, ele sofreu uma crise de hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue), perdeu a consciência e ficou hospitalizado. Segundo ele, esse episódio foi importante para que se alimentasse ainda melhor. “Descobri que quanto menos insulina usar, melhor meu corpo vai aceitar”.

Assim, Rodrigo acredita que o se-gredo para uma boa qualidade de vida depende 80% da alimentação e 20% de atividade física. “Mas dentro desses 20% é preciso fazer 100%”, reitera. Atualmen-te, ele presta assessoria para indivíduos que anseiam por uma rotina saudável. “Meu trabalho é fruto do que passei. As pessoas acham que tomar insulina e deixar de comer alguma coisa é malefício. Não é, pelo contrário!”, garante.

Assessor nutricional e zootecnista rodrIgo LúCIo CABrAL

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Segundo ele, quanto mais natural melhor será a alimentação. Averiguar o rótulo de cada produto, por exemplo, é um hábito salutar. Crítico do carboidrato e conservantes, ele indaga: “nunca tivemos tantos alimentos de gôndolas. Quanto mais tempo ficam na gôndola mais conservantes têm e dura mais tempo. Mas será que dura mais tempo no nosso organismo?”.

Apesar do rigor alimentar, o assessor nutricional se permite tomar um cerveja ou whisky em ocasiões especiais. O “excesso” é feito de maneira consciente, o que exige o cuidado de não comer outros alimentos. Ele ainda salienta que não possui um dia do lixo, mas que em alguns dias se permite comer uma refeição não usual. “O diabetes não limita ninguém, mas a gente aprende a se alimentar melhor”.

A disposição para a atividade física é uma herança da infância de Rodrigo. Dentre os exercícios, a natação se des-taca. “Nadei diariamente dos 12 aos 30. Às vezes falhava algum dia, mas sempre nadava”, recorda. O hábito de se exercitar

é potencializado pelo objetivo de retirar a gordura do corpo e ganhar massa muscular. Além disso, existe a serotonina que auxilia na sensação de felicidade e bem-estar, fe-nômenos que o assessor nutricional busca em sua rotina.

Zelar pelo emocional do diabético também é importante. Rodrigo revela que não costuma comparecer a enterros por ter consciência de que não se sentirá bem naquele ambiente. “Me privo de algumas coisas por respeito a mim, se eu for me abalo e a taxa glicêmica se eleva”, conta. A disciplina de Rodrigo objetiva uma vida plena e consciente, para que alcance “os 100 anos com cabeça de 30”, brinca.

Por isso, o assessor nutricional encara a vida de maneira leve. “Não compro pilha com parte negativa, só compro com lado positivo”. Conforme a experiência vivida, ele garante que manter o equilíbrio é cru-cial para comandar a diabetes e não ser comandado por ela. “É preciso procurar evoluir, buscar fazer as coisas para você e ser exemplo”.

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QuIBE dE LEguMEs

IngrEdIEntEs200 g de trigo para quibe 200 g deabobrinhas verdes 200 g de cenouras200 g de brócolis 200 g de palmito 200 g de champignon 3 colheres (sopa) de hortelã 3 colheres de (sopa) de cebola Molho de soja para pincelar

Modo dE PrEPAroDeixe o trigo de molho

em água e sal por duas horas, escorrendo a seguir.

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para comer sem culpa

Descasque as abobrinhas e corte, aproveitando também o miolo. Corte em quadra-dinhos e refogue com alho e azeite rapidamente, em fogo alto. Acrescente sal, deixando as abobrinhas “al dente” ou em sua consistên-cia preferida, e reserve.

Cozinhe as cenouras, também cortadas em qua-dradinhos, com sal e alho. Logo após, ferva a água e acrescente os brócolis (não coloque sal, pois ele muda a cor dos legumes verdes). A seguir, ferva os palmitos em água e sal por, pelo menos, cinco minutos e corte-os em pedaços pequenos. Corte os

champignons e misture bem todos os ingredientes com o trigo, acrescentando a cebola e o hortelã. Reserve algu-mas folhinhas para decorar. Pincele com molho de soja e leve ao forno por alguns minutos para corar. Retire e decorar a gosto. Bom apetite!

* Rende 8 porções* Carboidrato 8 g/porção* Valor calórico 30 kcal/porção

Receita desenvolvida pela Centralx – Sistemas Inteligen-tes em Saúde

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•Limpeza Podologica (PROFILAXIA E ASSEPSIA).•Desencravamento e Desinfecção.•Desbaste e Retirada de Calos e Calosidades.•Tratamento e Acompanhamento em Onicomicoses (Micose de Unha).•Tratamento e Acompanhamento em pés diabéticos.•Corte Técnico das Unhas.•Onicoortese (Aparelho Corretivo para Unhas).•Manicure.

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