revista de seguros - nº 874

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Ano 88 - Julho, Agosto e Setembro de 2010

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3 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

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CONSELHEIROS – SINDICATOSJoão Gilberto Possiede e Júlio César Rosa

REVISTA DE SEGUROSÓrgão de divulgação do mercado seguradorPUBLICAÇÃO INTEGRANTE DO CONVENIO DE IMPRENSADOMERCOSUL – COPREME. Em conjunto com SIDEMA (ServiçoInformativo do Mercado Segurador daRepública Argentina), EL PRODUCTOR (Publicação daAssociação de Agentes e Produtores deSeguro da República Oriental do Uruguai)e Jomal dos Seguros (Publicação do Sindicato dos Corretores de Seguros e de Capitalização do Estado de São Paulo).

CONSELHO EDITORIALÂngela Cunha, Hélio Portocarrero de Castro, Leonardo Laginestra, LuizPeregrino, Fernandes Vieira da Cunha, Neival Rodrigues Freitas, Solange Beatriz Palheiro Mendes

Editora-chefe:Ângela Cunha (MTb/RJ12.555)Coordenação Editorial: VIA TEXTO AG. DE COMUNICAÇÃ[email protected] 21 - 2262.5215

Jornalista Responsavel: Vania Mezzonato – MTB 14.850Assistente de produção: Marcelo Mezzonato

Colaboradores:Antonio Penteado Mendonça,Carmen Lucia Nery, ChristopheCourbage, Denise Bueno, Eduardode Freitas Leite, Fernanda Thurler,Francisco Alves Filho, LenirCamimura, Márcia Alves, MárciaGomes, Sergio Torres, Sônia Araripe,Vagner Ricardo, Viviane Barreto

Fotografia:Cláudia Mara Projeto Gráfico: Jo Acs/Mozart AcsDTP: MORE-AI

REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA: Assessoria de Comunicação Social – CNSegAdriana Beltrão, Claudia Mara e Vagner Ricardo.Rua Senador Dantas, 74/12º andar, Centro- Rio de Janeiro, RJ –CEP 20031-201Telex: (021) 34505-DFNESFax: (21) 2510.7839 – Tel. (21) 2510.7777www.viverseguro.org.br E-mail: [email protected]ório CNSeg/Brasília –SCN/Quadra1/Bloco C – Ed. Brasília –Trade Center – sala 1607Gráfica: Walprint Distribuição: Serviços Gerais/CNSegPeriodicidade: Trimestral Circulação: 5 mil exemplaresAs matérias e artigos assinados são deresponsabilidade dos autores. Asmatérias publicadasnesta edição podem serreproduzidas seidentificada a fonte.Distribuição Gratuita

32 SAÚDEOperadoras de planosterão manual para avaliar indicadores de qualidadedos serviços prestados esatisfação dos beneficiários

REDES SOCIAISPara chegar mais pertodo público, as seguradorasinvestem nas comunidadesvirtuais como aliadas nadivulgação de seus produtos

CAPITALIZAÇÃOFenaCap desenvolve plano de comunicação para ampliar entendimento sobre os títulos e viabilizar a expansão do setor

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18 AGÊNCIA ESTATALGoverno recua, desiste de criar seguradora estatal,e negocia com mercado acriação de uma agência para gerir fundos garantidores

‘ESTOU SEGURO’Moradores da comunidadeSanta Marta conquistamproteção do seguro comprodutos sob medida para suas necessidades

RELAÇÕES DE CONSUMOConsumidor ganha espaçoe importância nas relaçõescomerciais e mercadosegurador investe na adequaçãode produtos e serviços

VIDA E PREVIDÊNCIAProdutos mais sofisticadose acessíveis alavancam crescimento do setor, queprecisa agora conquistar público de baixa renda

SUMÁRIO

E MAIS... 4 - AO LEITOR 5 - ENTREVISTA 16 - FUNDOS DE PENSÃO 28 - MEIO AMBIENTE

30 - SINISTROS 34 - AUTOMÓVEL 38 - ASSOCIAÇÃO DE GENEBRA 40 - BIBLIOTECA 41 - FUNENSEG 42 - OPINIÃO

PRESIDENTEJorge Hilário Gouvêa Vieira1º VICE-PRESIDENTEPatrick Antônio Claude de Larragoiti LucasVICE-PRESIDENTES NATOSJayme Brasil Garfinkel, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco Antonio Rossi Ricardo José da Costa FloresVICE-PRESIDENTESAntonio Cássio dos Santos Nilton MolinaDIRETORESAlexandre Malucelli, Antonio Eduardo Marquez de Figueiredo Trindade,Luis Emilio Maurette, Mário José Gonzaga Petrelli, Paulo Miguel Marraccini, Pedro Cláudio de Medeiros B. Bulcão, Pedro Pereira de Freitas e Pedro Purm JuniorCONVIDADOSLuiz Tavares Pereira Filho e Renato Campos Martins Filho

CONSELHO FISCALEfetivosHaydewaldo Roberto Chamberlain da CostaLaênio Pereira dos SantosLúcio Antonio MarquesSuplentesJosé Maria Souza Teixeira Costa e Luiz SadaoShibutaniCONSELHO SUPERIORPRESIDENTEJorge Hilário Gouvêa Vieira CONSELHEIROSAcacio Rosa de Queiroz Filho, Antonio Cássio dosSantos, Carlos dos Santos, Federico Baroglio,Francisco Caiuby Vidigal, Jayme Brasil Garfinkel,Jorge Estácio da Silva, José Castro Araújo Rudge,José Roberto Marmo Loureiro, Luis Emilio Maurette,Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco AntonioRossi, Mário José Gonzaga Petrelli, Nilton Molina,Patrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas, PedroPereira de Freitas, Pedro Purm Junior, Ricardo Joséda Costa Flores e Thierry Marc Claude ClaudonCONSELHEIROS NOTÁVEISAlberto Oswaldo Continentino de AraújoEduardo Baptista Vianna, João Elisio Ferraz deCampos e José Américo Peón de Sá

15 FRAUDES Sinistros com crimescomprovados fizeramseguradoras negaremR$ 230 milhões em pagamentos, em 2009

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As últimas duas décadas foram marcadas por grandes conquistas para o mercado segurador bra-sileiro. O fim da tutela do Estado na fixação de preços do seguro; o término da estagnação dosetor, que se viu livre das amarras da inflação; a adesão às inovações tecnológicas, que reduzi-

ram a burocracia e agilizaram o serviço; e o crescimento contínuo do setor, mesmo no período agudoda crise internacional, são algumas das conquistas obtidas.

Nenhuma, porém, foi tão significativa e reverenciada como a que ora ganha impulso e corpo, inje-tando ânimo no mercado que avança a olhos vistos, mas que ainda precisava encaixar uma peça vitalem seu quebra-cabeça para poder prosseguir, de forma perene, sua trajetória de desenvolvimento.

Estamos falando do consumidor, figura que passou a ter voz, a partir de setembro de 1990, com acriação do Código de Defesa do Consumidor. Bom lembrar que o setor de seguros foi um dos primei-ros a se adaptar às novas regras. Mas as relações de consumo se sofisticaram com o tempo, passandoa exigir muito mais que ajustes de termos de contrato.

Olhar o consumidor além das aparências e reconhecer nele a motivação de todas as suas ações,colocando-o no seu devido lugar nas relações intrínsecas do seguro, é uma aquisição inestimável domercado segurador. A realização de duas conferências num espaço de seis meses, em que o assunto foidebatido sem reservas, além de outras ações pontuais, mostra a disposição do setor de cada vez maisdialogar, se aproximar e melhorar seu relacionamento com o consumidor.

Não por acaso, o consumidor é presença, direta ou indireta nas matérias apresentadas nesta edição.Fio condutor de temas tão variados, como sinistros, redes sociais, segurança ambiental, seguro vendi-do em favela e fraude, entre outros.

O leitor vai se deparar ainda com outro bom motivo que leva o mercado a comemorar. Em vez deseguradora estatal, o Governo decidiu criar a Agência Gestora de Fundos Garantidores (AGFG), nomesugerido pela CNSeg. A forte e rápida reação do mercado segurador, seguida de negociações, levou asautoridades competentes a reconhecerem tal medida como desnecessária e despropositada, diante daatestada capacidade e expertise do setor privado na oferta de seguro garantia para infraestrutura e gran-des obras.

A reportagem traça um breve histórico do caso, que mobilizou a imprensa nacional durante semanas.Boa leitura! l

‹ Solange Beatriz Palheiro Mendes deixou o cargo dediretora executiva da FenaSaúde para assumir o mesmoposto na CNSeg. Empossada no dia 4 de outubro, ela seráresponsável por executar o plano estratégico da entidade,respondendo por tarefas como a coordenação dasatividades das superintendências e das comissõestécnicas; e a reestruturação de cargos e salários, tendoem vista a adoção de uma gestão profissional da CNSeg.José Cechin assumiu o cargo de diretor executivo daFenaSaúde, sucedendo Solange Beatriz. l

DESTAQUE

ÂNGELA CUNHA,EDITORA

A hora e a vez doconsumidor brasileiro

Açõespontuais

do mercadosegurador mostram

disposição do setor emdialogar, seaproximar emelhorar o

relacionamentocom os

clientes doseguro

Novos executivos: CNSeg e FenaSaúde

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AO LEITOR

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Revista de Seguros – A troca de presidente podetrazer mudanças substanciais para os rumos do Brasil?Luis Miguel Santacreu – O perfil de Dilma Rousseffé de continuidade. Claro que pode haversingularidades dela e de sua equipe. Mas as aliançasfeitas reduzem o espaço para mudanças e indicamcerto continuísmo. Se por um lado essa continuidadeanula a ameaça de haver uma ruptura institucional,digamos, por outro lado pode gerar certa acomodação.Vimos no segundo governo Lula a dificuldade para sefazer as grandes reformas que o Brasil precisa:tributária, fiscal, previdenciária, trabalhista e dosistema financeiro. Qual é a base de apoio parlamentarpara enfrentar esses desafios? Se olharmos Dilma eJosé Serra, há muita proximidade nessa discussão. Adiferença talvez seja a forma de gestão e o modo defazer. Até mesmo Marina Silva está nesse caso.

O sr. acredita que essas reformas serão feitas nopróximo governo?‹ Acho que sim. Do contrário, não solucionaremosas distorções da carga tributária, manteremos o desafio

FRANCISCO ALVES FILHO

ENTREVISTA | LUIS MIGUEL SANTACREU

O BRASIL PRECISA DE REFORMAS PARACONSOLIDAR O DESENVOLVIMENTO

Seja quem for o vencedor da eleição presidencial, umdos maiores desafios que terá pela frente já está identificado – promover as reformas: tributária, fiscal,

previdenciária, trabalhista e do sistema financeiro. “É dissoo que Brasil precisa para consolidar seu desenvolvimento”,diz Luis Miguel Santacreu, acrescentando que esse assuntoestará no alto da agenda do próximo presidente – e a trocade governo não deve acarretar mudanças bruscas no encaminhamento da economia. “Há um consenso não sóentre os economistas do PT, mas também do PSDB e até osmais conservadores, de que o Estado deve puxar o desenvol-vimento”, observa. Isso torna muito parecidos os dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto. Eleavalia que a continuidade da estabilidade econômica faz darecente ascensão das Classes C e D algo sustentável, o quecria um grande mercado para novas iniciativas do mercadosegurador, como os microsseguros. “É preciso aprender alidar com esse novo cliente, ele é estratégico”, define. Nestaentrevista, Santacreu ainda aborda a preparação do Paíspara a Copa de 2014 e para a Olimpíada de 2016, para osquais as seguradoras estão se movimentando. l

Analista da Consultoria AustinRating, de São Paulo, Luis

Miguel Santacreu fala sobre asperspectivas econômicas para

o Brasil face às eleiçõespresidenciais e aos grandes

eventos que serão realizadosno País nos próximos anos eque exigem investimentos

pesados em infraestrutura –além de destacar o papel do

mercado de seguros brasileironeste contexto

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gigantesco na previdência, a grandeinformalidade, o déficit da educação... Assimnão criamos horizontes, que outros países játêm, e que garantem a sustentabilidade dasfinanças públicas. O Brasil não pode se iludirachando que as contas públicas estão bem.Nosso desafio de crescimento é muito grande,principalmente no que diz respeito àdistribuição de renda e à melhoria dasituação financeira da maioria das pessoas.Isso passa por uma saúde melhor, umaeducação melhor. Para que as pessoaspossam pagar por produtos e serviçosprecisam ter renda e emprego.

É correta a definição de que Dilma Roussefrepresenta a participação maior do Estadona economia e José Serra tem perfil maisprivatista?‹ Ficamos muitos anos seminvestimentos e por isso há um consenso nãosó entre os economistas do PT, mas tambémdo PSDB e até dos mais conservadores, deque, diante desse quadro, o Estado devepuxar o desenvolvimento. O exemplo mais atual é o Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social(BNDES) financiando grandes gruposeconômicos que participam do Programa deAceleração do Crescimento (PAC). SejaDilma ou Serra, temos uma agenda deinfraestrutura a ser cumprida, já que oBrasil se comprometeu com o mundo porconta da Copa e da Olimpíada. O Estado vai direcionar os investimentos. Nesse ponto,Dilma e Serra se aproximam. Marina fazuma crítica ao modelo de desenvolvimentoque não leva em conta o meio ambiente. É positivo ela colocar essa discussão, mas parece que ainda não foi assimilado por aqui.

O cenário econômico vai continuar tãofavorável?‹ O ano praticamente está definido, oquadro eleitoral desestimula mudanças, acandidata do governo está à frente e deveganhar. A inflação está se estabilizando, oque desmotiva o Banco Central a elevar osjuros. Nesse contexto, podemos dizer que oano está garantido. Para 2011, temos o

desafio da balança de pagamentos, quemostra cifras de déficit da balançacomercial. Isso pode gerar uma reviravoltada política cambial, no sentido derevalorizar o dólar, podendo levar a umaredução da atividade econômica. O cenáriopara 2011 não será tão bom, mas ficadescartada uma reversão abrupta do quadrocomo aconteceu em 2008. Assim, asprojeções para crédito e seguros ficam maisfáceis de ser feitas. É possível configurar umplanejamento das seguradoras paraestratégias de atuação, novos produtos econsolidação no setor.

É um cenário propício para a expansão dosetor de seguros?‹ O setor ainda tem muito espaço paracrescer. Há uma relação entre crescimentode crédito e crescimento de seguros. Por esseparâmetro, vemos que este é um produtoque ainda tem muito a ser explorado. Sejapelo lado da oferta ou da demanda. Vamoslembrar que o seguro participa com 3,4% no PIB do Brasil, enquanto em economiasmaduras está em torno de 8%. A despeito do potencial gigantesco e de ser a oitavaeconomia mundial, o nosso País ainda estána adolescência em termos de seguros. Osetor tenderá a ter um maior crescimento ao longo dos próximos anos. É algo que deveestar nos dois dígitos anuais, alguns falamem até 15%.

A ascensão das Classes C e D é definitiva?Esse tipo de cliente veio para ficar?‹ Como o quadro de macroeconomia ésustentável, muitas pessoas passam a terempregabilidade e previsibilidade deemprego e renda. Os bancos têm moldado ocrédito de acordo com o bolso doconsumidor. Estão esticando os prazos, porexemplo. Além disso, se os juros caírem, aprestação fica mais barata. Os microssegurosdevem seguir essa linha: acomodar-se nasnecessidades de consumo dessas classes.Falo sobre a criatividade de oferecer novosprodutos. As empresas estão preparando acasa para atender à demanda de seguros e aobolso desse novo consumidor. Segurareletrodomésticos de linha branca, móveis,

ENTREVISTA

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A despeito dopotencialgigantesco ede ser a oitavaeconomiamundial, oBrasil aindaestá naadolescênciaem termos deseguros. Osetor tenderá aum maiorcrescimentonos próximosanos, algo nacasa dos doisdígitos anuais

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computadores, até chegar aos automóveis. Alei dos microsseguros deverá ser aprovadaem breve, dando condições operacionaispara os ofertantes irem a campo, comatrativos fiscais para popularizar esse tipo deseguro. Sem isso é difícil, já que esse é umproduto ainda visto como supérfluo e aspessoas ainda têm certo preconceito, poisacham que não é preciso fazer seguro, quenão há risco.

As empresas de seguro já sabem lidar comos clientes das Classes C e D?‹ É um aprendizado. No caso do crédito,os bancos estão aprendendo a trabalharagora. No caso do seguro a abordagem émais complexa. Então, há todo um trabalhode educação financeira, que deve ser feitocom todo cuidado para não ferir a ética eficar ‘empurrando’ produtos aos clientes. Asseguradoras terão de criar internamente seusquadros e treinar pessoas que saibam operaresse público. É preciso qualificar o corretorou a pessoa que opera dentro do ambientedo banco para vender esse produto parapessoas de outra classe social.

Pode-se dizer que vai ser criado um métodopuramente brasileiro para se relacionar comesse cliente?‹ O Brasil tem uma urbanização forte, aocontrário da China e da Índia, que sãopaíses com uma fatia rural muito grande. Amaioria da população brasileira vive emgrandes metrópoles ou em cidades médias egrandes. Essa cultura urbana já existe efacilita a venda dos produtos e torna maisassimilável a cultura dos negócios e dosinvestimentos. Por outro lado, temos umdéficit educacional, de saúde, desigualdadede renda, que dificultam a sedimentaçãodesta cultura.

O sr. acredita que esse aprendizado vaidemorar?‹ Já foram feitos vários estudos demercado, os anseios dessas classes forammapeados. O que está faltando é umaentrada mais visível dos grandesconglomerados nesse segmento. Percebe-seo movimento dos bancos, mas essa

segmentação ainda não é percebida noâmbito das agências. O que temos é aquelafigura do corretor vendendo seguro saúdeou de automóveis. Nos microsseguros, essainiciativa passa por instalação de agênciasde banco em regiões mais carentes, mas asiniciativas ainda são pequenas. É precisoter outro tipo de profissional, que fale alíngua dessas pessoas, já que explicar oseguro é uma coisa complicada, tem umapapelada que deve ser entendida. Talvezisso passe a ser visível a partir daaprovação da lei.

Este pode ser considerado um mercadoestratégico?‹ Não tenho a menor dúvida. Essamodalidade permite o chamado crossselling, ou seja, a mesma base que servecomo uma espécie de supermercado deprodutos bancários. Os bancos e seguradorasdevem estar criando plataformas comerciaisvoltadas para esse público. Isso não ficaráno âmbito das agências bancárias, talvez hajauma revolução no âmbito das corretoras.

O outro lado da moeda são os megasseguros.Estamos preparados para a Copa e aOlimpíada?‹ Esse é um ponto crucial. O setor estáàs voltas com a proposta da seguradoraestatal que o governo quer criar. Agoraparece que a ideia é estruturar uma espéciede agência, essa discussão passa tambémpela aprovação de uma lei. O ideal seria queisso fosse equacionado rapidamente, já queo déficit de infraestrutura é brutal.Precisamos de aeroportos, estradas, estádiosde futebol... Com a quebra do monopólio, osetor se sente habilitado a fazer o ressegurodessas obras e as seguradoras têm know-how para atender essa demanda. Por umaquestão de calendário, dessa vez o Brasil vaiter que se planejar. Este é um grandedesafio, mas através desses eventosesportivos, temos a chance de resolverquestões estruturais da nossa economia queficaram parados por mais de 25 anos. Omercado brasileiro de bancos e financeirasde seguro é sofisticado e está preparadopara ser acionado rapidamente.l

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Por umaquestão decalendário,dessa vez oBrasil vai terque se planejar.Este é umgrande desafio,mas atravésdesses eventosesportivos,temos a chancede resolverquestõesestruturais danossa economiaque ficaramparados

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MÁRCIA ALVES

Vinte anos depois da promulgação da leique instituiu o Código de Defesa do Con-sumidor (CDC), o Brasil é outro país.

Junto com a estabilização econômica, vieram ocelular, a Internet, a banda larga, o comércio ele-trônico e, a mais significativa mudança social, aascensão de 30 milhões de brasileiros à ClasseC. Nesse espaço de tempo, as relações de consu-mo evoluíram e o consumidor, protegido pela leie por entidades governamentais e civis, se tor-nou cada vez mais exigente e passou a ser o cen-tro das atenções.

Do lado das empresas, as mudanças tam-bém foram profundas. Além da adequação deprodutos e serviços à nova demanda por maisqualidade e eficiência, a satisfação do cliente tor-nou-se um diferencial importante em meio àconcorrência. “Se há 20 anos o eixo que movia omundo tinha foco no capital e no trabalho, hojea relação é o capital e o consumo”, diz a direto-

ra do Departamento de Proteção e Defesa doConsumidor (DPDC), ligado ao Ministério daJustiça, Juliana Pereira da Silva.

A advogada especialista em Direito do Con-sumidor, Angélica Carlini, relaciona o consumocom a identidade social, construída em cadaindivíduo, conforme as opções por produtos ouserviços. “Na sociedade moderna, faz diferençaa marca de roupa que se escolhe, o restauranteque se frequenta ou os lugares para onde se via-ja”, explica. Carlini prevê que, nos próximos 20anos, a sociedade continuará consumista,porém, novos atores ocuparão esse cenário. Noelenco ela inclui, além dos meios eletrônicos edas redes sociais, os canais de comunicação, quedeverão ser criados e incentivados pelas empre-sas com o intuito de evitar conflitos.

Canais do futuro Se o propósito do mercado de seguros é

estabelecer uma relação de proximidade com oconsumidor, não pode deixar passar as oportuni-

RELAÇÕES DE CONSUMO

O mercado de seguro Com o propósito de melhorar sua relação com os consumido re

transparência de contratos e n

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• Mario de Almeida Rossi: “As reclamações (na Ouvidoria) são transformadasem recomendaçõesde mudanças nosprocessos,contratos eprodutos”

V Fotos: Marcelo Magnani

• Pedro Bulca o: é preciso serextremamentedidático com oconsumidor debaixa renda

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dades que os canais virtuais oferecem. A orienta-ção é do consultor em comunicação digital,Junior Wn. Uma pesquisa da Nielsen revela que92% dos nascidos após 1992 – conhecidos comoa geração Y – pertencem a alguma rede social.Por isso, segundo ele, o setor deve ficar atento àstendências, como a de tempo real para respostas(twitter), geolocalização (celular com GPS), reali-dade aumentada (integração entre celular e com-putador), cloudcomputing (acesso remoto), con-vergência digital (iPhone versus iPad) e outras.

Embora estes canais sejam um meio efi-ciente de comunicação com o consumidor,Junior Wn diz que as empresas devem estar pre-paradas para usá-los. Ele diz que o velho mode-lo “eu falo, você escuta”’ não existe mais. Porisso, sua orientação é para que o setor de segu-ros esteja preparado para escutar o segurado etambém para lhe dar poder, como fez a Fiat, porexemplo, que construiu um carro a partir desugestões de consumidores. “O consumidorquer ser ouvido”, diz.

Agenda de compromissos Nessa agenda do futuro, o mercado de

seguros tem sido exemplar na implantação demedidas de esclarecimento e de proteção ao con-sumidor. Prova disso são as ouvidorias indepen-dentes criadas pelas seguradoras, bem antes deos bancos adotarem esse modelo. “Apesar de servisto como conservador, o setor de seguros sem-pre esteve na vanguarda”, diz Maria Helena Dar-cy de Oliveira, presidente do Comitê de Rela-ções de Consumo da Confederação Nacional dasEmpresas de Seguros Gerais, Previdência Priva-da e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização(CNSeg) e ombudsman do Grupo Icatu.

Regulamentadas desde 2004, as ouvidoriasse tornaram o canal mais procurado pelos segu-rados para reclamar. Em 2009, das 22.612 recla-mações, 68% foram recebidas diretamente pelasouvidorias e o restante encaminhadas por outrosórgãos – Susep (17%), Procon (13%) e Bacen(2%). “As reclamações são transformadas em

o na Era do Consumidordo res, o setor investe em ações de simplificação da linguagem,

e novos canais de comunicação.

Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 8749

• João Otávio de Noronha (àdireita RenatoCampos, diretor da Funenseg):“A diferençaeconômica nãopode serconsiderada emcontrato, pois osacionistas nãopodem serpenalizados”

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recomendações de mudanças nos processos, con-tratos e produtos”, explica o presidente da Comis-são de Ouvidoria da CNSeg, Mario de AlmeidaRossi. Para ele, o sucesso do modelo está na isen-ção e autonomia, na proximidade com o cliente eno fortalecimento da cultura de relacionamento eexcelência dos serviços prestados.

“As ouvidorias e os serviços de atendi-mento ao cliente são instrumentos importantespara viabilizar a harmonização dos conflitos deconsumo”, diz a assistente da Diretoria deAtendimento do Procon-SP, Valéria Cunha. Elareconhece a eficiência desses canais, masaponta falhas no Serviço de Atendimento aoCliente (SAC) das seguradoras. Embora o segu-ro prestamista lidere o ranking, com mais de1,5 mil demandas entre janeiro e julho desteano, é o seguro de automóvel, com apenas 200demandas no período, que apresenta o menornível de solução. “O problema pode estar nadeficiência de informações prestadas pelasseguradoras”, supõe.

Não por acaso, esse é um dos principaiscompromissos assumidos pela “Carta da 1ªConferência Interativa de Proteção do Consu-midor de Seguro”, formulada em março desteano e divulgada na segunda edição do evento,realizado nos dias 10 e 11 de setembro último,em São Paulo (SP). Melhorar a comunicaçãocom o segurado, para que não reste dúvidassobre os seus direitos e deveres, e tornar oscontratos de seguros mais compreensíveis,substituindo a linguagem abstrata pelo textoclaro e objetivo, são as metas da entidade, jun-tamente com suas federadas.

Os novos segurados Mas essas ações não pretendem atingir

apenas os consumidores que reclamam. Con-forme a carta de intenções do setor, “os clien-

RELAÇÕES DE CONSUMO

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‹ A 2ª Conferência Interativa deProteção do Consumidor deSeguro, cuja data coincidiu comas comemorações pelos 20 anosdo CDC, demonstrou que o setorestá alinhado no propósito demelhorar a relação com oconsumidor.

Seguros GeraisNa ocasião, a Federação Nacionalde Seguros Gerais (FenSeg)lançou o Guia de Boas Práticas doseguro de automóvel – o primeirode uma série que englobará todosos seguros de massa –, queexplica desde as coberturas docontrato até como é feita aregulação de sinistros. “Antes nãotínhamos como esclarecer aosegurado, por exemplo, sobre aescolha da oficina. O guiaconcretiza essa ação”, diz opresidente da FenSeg, JaymeBrasil Garfinkel.

CapitalizaçãoNo caso da Federação Nacionalde Capitalização (FenaCap), quelançou um guia semelhante em2008, o maior desafio futuro serámelhorar a imagem do produto,que ainda não está muito clarapara muitos consumidores,conforme uma pesquisa realizadano ano passado. Para alguns, a

capitalização é uma poupançacom acumulação, para outros,uma loteria, e para um grupomenor, um investimento. “Acapitalização é um grandenegócio, com 110 milhões detítulos vendidos. Mas oconsumidor precisa entender queesse é um produto deacumulação de recursos pelo qualele pode concorrer a milhões”, dizo vice-presidente da FenaCap,Natanael Aparecido Castro.Segundo ele, a entidade pretendecolocar em prática um plano deação para esclarecer o seupúblico.

Federações em sintoniacom mudanças decomportamento

• Natanael AparecidoCastro: “O consumidorprecisa entender que esse éum produto de acumulaçãode recursos pelo qual ele podeconcorrer a milhões”

• Ministro MarcoAurelio Mendes deFarias Mello, do STF (àdireita José AméricoPeón de Sá, assessor dapresidência da CNSeg),contribuiu para o debatecom a palestra sobre"Segurança jurídica:transparência e ética”

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tes insatisfeitos e não esclarecidos são os que,por não entender o conteúdo, dizem que éuma indústria das ‘letrinhas miúdas’”. Tornaro seguro mais compreensível é uma iniciativaque visa também aumentar o número de segu-rados no País, que hoje está em torno de 37milhões de pessoas. A quantidade é razoável,mas aquém do seu potencial. Estima-se queapenas os microsseguros, que têm comopúblico-alvo os consumidores das Classes D eE, possam arrebanhar uma fatia de 100

milhões de novos segurados.“Esse consumidor que agora está con-

quistando bens e sentido a necessidade deprotegê-los precisa de um atendimento espe-cial, pois não sabe nada ou quase nada sobreseguros”, diz o superintendente da Superin-tendência de Seguros Privados (Susep), Paulodos Santos. Para ele, a simplificação da lingua-gem na oferta de produtos e também de cober-turas são essenciais. “Se eles não compreende-rem ou forem mal atendidos, virarão as costase nunca mais voltarão”, adverte.

Mas, esse não é o único risco. SegundoPedro Bulcão, diretor da seguradora Sinaf,especializada em seguros populares, é precisoser extremamente didático com o consumidorde baixa renda. Ele observa que a Justiça bra-sileira ainda é assistencialista e para protegeresse consumidor costuma conceder sentençaspor dano moral em valores que superam emmuitas vezes os seus rendimentos. “Sou o reida hipossuficiência, disso eu entendo”, diz.

O ministro do Superior Tribunal de Jus-tiça, João Otávio de Noronha, admite que oJudiciário tem dificuldade em compreender aseleção de risco, sobretudo nos casos de doen-ça preexistente ou na segregação por idade ouprofissão nos seguros de vida. Ele – que sedestaca dos seus pares devido ao conhecimen-to que adquiriu sobre seguro nos tempos queatuou como conselheiro de administração naseguradora Aliança do Brasil – observa a ten-dência entre os juízes de comparar ricos compobres. “A diferença econômica não pode serconsiderada em contrato, pois os acionistasnão podem ser penalizados”, diz. l

Saúde Em matéria de proteção aoconsumidor a área de saúdesuplementar está bem cotada.Além de ser regulado pelo CDC, oserviço foi alvo da Lei 9.656/98 ede todas as inúmerasregulamentações que delaresultaram. As exigências impostas às operadoras abrangem desde coberturas,carências e reajustes até aconstituição de provisões epadronização de contratos eprodutos. De acordo com MarcioSerôa Coriolano, presidente daFederação Nacional de Saúde(FenaSaúde), atualmente ascláusulas de contratos sãoautorizadas pela Agência Nacionalde Saúde Suplementar (ANS) antesde serem aplicadas. “Em termos de contrato temosmais a ensinar do que aprender”,

diz. Além prover manuais e guiascontratuais aos clientes, asoperadoras também estão seadequando à Notificação deInvestigação Preliminar (NIP), quedetermina o prazo de cinco diaspara resolução de conflitos. “Seique existe uma insatisfaçãopopular em relação aos planos desaúde, mas isso não nos assusta etambém não nos tira do eixo”,afirma Coriolano. “Investimos cadavez mais em informações queesclareçam ao consumidor o quepode ou não ser contratado”,acrescenta.

Previdência e VidaA julgar pelo seu bomdesempenho, a previdênciaconseguiu se descolar da imagem negativa dosmontepios do passado. Hoje, o segmento comemora amarca de R$ 200 bilhões emreservas e espera na próximadécada chegar a R$ 1 trilhão.Embora a previdência não acumule reclamações, suaentidade representativa, aFenaPrevi, tem interesse emsimplificar contratos e produtos para conquistar cadavez mais beneficiários. OsvaldoNascimento, presidente daFenaPrevi, conta que, apesar dasdificuldades, a padronização decontratos foi concluída, resultandoem melhoria da precificação. “Comum único modelo de cálculo decota, hoje é possível comparar osplanos e identificar suarentabilidade”, diz.

• Osvaldo Nascimento: “Com um único modelo de cálculo de cota, hoje é possível comparar os planos e identificar sua rentabilidade”

‹ A 2ª Conferência Interativa de Proteçãodo Consumidor de Seguros, que aconteceuem São Paulo, nos dias 10 e 11 desetembro, reuniu 150 participantes. Nodiscurso de abertura, o presidente daCNSeg, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, disseque o setor vive uma nova era, marcadapelo respeito e intercâmbio mais eficaz como consumidor e a qualidade noatendimento. Para conhecer a íntegra daprogramação e o discurso do presidenteacesse o portal Viver Seguro(www.viverseguro.org.br) e click nos links“Eventos” e “Destaques”, respectivamente.

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‘ESTOU SEGURO’

SERGIO TORRES

Medo de deixar os filhos sem condições de sobre-vivência. Com essa explicação simples, a humil-de auxiliar de uma firma de limpeza explicou a

razão por que, aos 53 anos de idade, decidiu fazer umaapólice de seguros que permitisse aos seus parentes maispróximos um apoio financeiro no caso de morte inespera-da dela, que é chefe da família.

Haidê de Oliveira Prado aderiu ao projeto “EstouSeguro”, instalado em julho deste ano na comunidade emque vive desde que nasceu, a Santa Marta, em Botafogo,na zona sul do Rio de Janeiro. Desenvolvido pela CNSeg,com o apoio da Organização Internacional do Trabalho(OIT), e executado pelo Instituto de Estudos do Trabalhoe Sociedade (IETS), o projeto oferece opções de seguros àpopulação de baixa renda.

“Na verdade, esse projeto bateu na minha porta. Ébem possível que, se não fosse assim, jamais eu faria um

A vida planejada com mais segurançaPesquisa na comunidade Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, mostra que o acesso a bens de consumo aumentou, mas persistem as dificuldades com a saúde e as finanças

• Ricardo Pires, na ‘Casa do Seguro’: um dos quatroprepostos selecionados na comunidade para trabalharcom o corretor que coordena o projeto

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seguro. Era uma coisa da qual já ouvira falar, mas meparecia muito longe da minha realidade”, disse ela.

Mas, se tanta coisa bate na porta de quem mora ali,por que a adesão à proposta apresentada pelos represen-tantes do projeto que têm percorrido a Santa Marta? Quala razão de Haidê ter decidido adquirir sua apólice por cer-ca de R$ 15 por mês?

“É o medo. Não tenho dinheiro guardado. E se eu mor-rer? O que vai ser dos meus três filhos, o que será dos meusdois netinhos? Por isso eu me interessei”, explica ela, queadquiriu o seguro quando representantes das seguradorasenvolvidas no projeto percorreram a Santa Marta, em agosto.

Vida planejadaRicardo Pires é um dos quatro prepostos da comuni-

dade selecionados para trabalhar como auxiliares de Emí-lio Rodrigues Gomes – corretor oficial do projeto. Elespercorrem a comunidade, esclarecendo dúvidas dos inte-ressados, falando sobre as vantagens de uma vida planeja-da com mais segurança e apresentando os produtos já ofe-recidos por oito das 23 empresas que aderiram ao projeto“Estou Seguro”.

Além da Sinaf, disponibilizam produtos na comunidadeSanta Marta as seguradoras Capemisa, Mapfre, SulAmérica,Mongeral-Aegon, ACE, Excelsior e Bradesco Vida e Previ-dência, Bradesco Auto Re e Zurich Seguros. Há ofertas de

coberturas por morte (naturale acidental), funeral, invalidezpermanente total e parcial,invalidez funcional por aci-dente ou doença, assistênciaemergencial em caso de mortetambém do cônjuge, desem-prego, adicional indenizatórioem caso de vítima de crime,cesta básica e locação de equi-pamentos especiais.

Emílio Rodrigues Gomesdisse que os clientes da comu-nidade optaram pelos segurosde vida e assistência funeral.“O funeral é o primeiro da lis-ta na preferência deles, masquando se trata de seguro devida, o que está atraindo maisé a cobertura por morte aci-dental, afirmou o corretor,acrescentando que o valormédio dos produtos vendidosaté agora é de R$ 30 mensais.“O contato tem sido muito pes-soal. Os prepostos procuram

Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

• Morro Dona Marta: pesquisasocioeconômicaaponta 1.390domicílios nacomunidade, queabriga, segundoestimativas, 6.500pessoas

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a‹ A dona de casa Geci Ribeiro de Almeida, de 55 anos, foi aprimeira pessoa da comunidade a aderir ao projeto, com aaquisição de apólice em 15 de julho. Ela paga R$ 27 por mêspelos seguros de vida e funeral. “Se morrer ou acontecerqualquer outra coisa ruim comigo, não vou dar trabalho paraminha família. Desde o dia em que fiz o seguro, me senti bemmais aliviada”, disse ela, moradora da comunidade há 40anos, mãe de sete filhos e casadacom um pedreiro autônomo.

Separada, a serventeElisângela Ribeiro, 34, tinha umagrande preocupação quandoaderiu ao “Estou Seguro”: oscinco filhos menores de idade –o caçula tem 4; a mais velha, 16.“Meus filhos estão crescendo enunca se sabe o dia de amanhã.Pode acontecer alguma coisacomigo ou com eles. Fiz seguropor morte natural e por morteacidental. Mas, graças ao bomDeus, ainda não precisei usar”,brincou ela, que recebe umsalário de R$ 900 e paga R$13,50 mensalmente pelosprodutos que adquiriu.

A preocupação com os filhosfoi também o motivo da adesãoda copeira Maria das Dores dosSantos Maurício, 63. Ela fez oseguro para a filha Miriam epretende incluir logo oadolescente Igor, 16, seu filhomais novo. Maria das Dores estásegurada por morte (acidental ounatural), assistência desempregoe assistência funeral. “É semprebom garantir o futuro. Meumarido já tem 71 anos”,observou.

Minha primeira apólice

• Geci Ribeiro de Almeida:“ Se morrer ou acontecerqualquer outra coisa ruimcomigo, não vou dartrabalho para minhafamília”

• Maria das Dores: “ Ésempre bom garantir ofuturo”

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‘ESTOU SEGURO’

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‹ Para transmitir aos habitantes da Santa Marta asinformações relacionadas aos seguros, osorganizadores do projeto criaram filmetes, programasde rádio, peças de teatro e até um concurso de sambacom canções alusivas ao tema previsto no regulamentodo concurso: os seguros e seus conceitos.

Um curta-metragem com três minutos de duração foipassado na comunidade e a rádio comunitária mantidapela associação de moradores já transmitiu oito novelasde dois minutos, cada uma, sobre o assunto.

Os representantes das seguradoras que visitaram aSanta Marta no dia 13 de agosto tiveram a oportunidadede assistir a uma peça teatral, encenada no acesso aoPlano Inclinado, na base do morro. O tema era o seguroresidencial. Cinco atores da comunidade, de forma bem-humorada, falaram da necessidade de o lar ser protegidode um incêndio, por exemplo, entre outras proteçõesoferecidas pelo seguro.

Samba: Seguro com Bom ClimaAutores: Grupo Bom Clima

Não nasci em berço de ouro (Refrão)Mas estou com tudo em cimaEstou seguro ManéNo pagode do Bom ClimaEstou com seguro feito, querendo zoarcurtirVou pegar minha viola só quero me divertirSe a casa pegar fogo, a família toda sofreMas isto tá resolvido deixa que o segurocobre(Refrão)Minha sogra é impossível, mas quevelhinha danadaCom quase 80 anos, ainda bate umapeladaMas eu sou macaco velho, fiz um seguropra elaSe a coroa bate as botas vai ter festa nafavela(Refrão)Santa Marta, zona sul, Rio de Janeiro noBrasilComunidade visitada, até o MichaelJackson viuJá sofremos acidentes eu não quero nemlembrarÉ melhor prevenir para não remediar(Refrão)

Se você tá de maldade e quer bancar oespertinhoO seguro tem fiscal que vai te marcarjuntinhoSe o barraco pegar fogo sem nenhumaexplicaçãoVocê não recebe a grana e ainda pode irpra prisão(Refrão)Quem mora no Santa Marta e nunca sebanhou na minha? Não nasci em berço de ouro Mas estou com tudo em cimaSanta Marta terra boa, uma birosca emcada esquinaNão nasci em berço de ouro Mas estou com tudo em cimaO seguro é baratinho, que você nemimagina Não nasci em berço de ouro Mas estou com tudo em cimaSe você é bom amigo não se meta com avizinhaNão nasci em berço de ouro Mas estou com tudo em cimaCuidado com a vela acessa pra não pegarna cortinhaNão nasci em berço de ouro Mas estou com tudo em cimaHoje você vai de bonde até o pico da colina Não nasci em berço de ouro Mas estou com tudo em cima

Samba vencedor do concursoFilmes e programas de rádio divulgam o projeto

amigos, parentes e vizinhos, para informar sobre os pro-dutos”, comenta.

A Santa Marta é a primeira favela do Rio de Janeiro aser considerada pacificada pelo governo fluminense, queali instalou, há quase dois anos, uma Unidade de PolíciaPacificadora (UPP), que acabou com a venda de drogas,que era tradicional na comunidade. O local hoje é percor-rido com tranquilidade por moradores e visitantes.

Perfil socioeconômico A população da Santa Marta é estimada em cerca de

6.500 pessoas. Antes da implantação do projeto, foi rea-lizado um levantamento do perfil socioeconômico doshabitantes, relata o economista Manuel Thedim, diretor-executivo do IETS. “Em agosto, foi feita a apuração dosdados da pesquisa socioeconômica. A Santa Marta tem1.390 domicílios e já visitamos 550 deles, o que é alta-mente representativo. Voltaremos em outubro, paranovas pesquisas”, anunciou.

Da pesquisa na Santa Marta participaram dois gru-pos de dez pessoas. O primeiro, com idades variandoentre 25 e 53 anos. O segundo, dos 35 aos 60 anos. Ficouevidente, para os pesquisadores, que o acesso a bens deconsumo aumentou e a qualidade de vida dos maispobres melhorou, embora persistam as dificuldades naárea de saúde e de ordem financeira.

Outra conclusão da pesquisa é que essas adversida-des e imprevistos são resolvidos de maneira improvisada,daí a constatação de que a oferta de seguros a pessoasque ganham pouco, mas apresentam melhorias na quali-dade de vida, tende a se tornar viável. Hoje, essa popu-lação não costuma planejar o futuro. Mais à frente, essacondição poderá mudar, avaliam os pesquisadores.

Instalado na casa 7 da Rua Sol Nascente, na partemédia da favela, o posto foi reformado pela CNSeg epelas seguradoras participantes do projeto. Em breve,novas seguradoras começarão a oferecer seus produtosaos moradores da Santa Marta, entre eles, o pagamentode dias parados por doença e acidente. O cliente recebe-rá diárias pelo período em que estiver incapacitado parao trabalho. “Estes produtos significam inclusão financei-ra, o que faz a diferença nas populações de baixa renda,pois melhora a qualidade de vida das pessoas. Nossointeresse é o desenvolvimento. Um dos fatores quemelhora o desenvolvimento dessas comunidades é teracesso a serviços”, avalia o executivo do IETS.

A recente pesquisa qualitativa realizada pelo IETSna Santa Marta e na favela Chapéu Mangueira (bairro doLeme, na zona sul do Rio), também beneficiada por UPP,na tentativa de aferir a possibilidade da aquisição deseguros pela população de renda mais baixa, concluiuhaver potencial para a ampliação da demanda.l

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VAGNER RICARDO

As seguradoras negaram o pagamento de R$ 230milhões em indenizações no ano passado, em virtu-de de fraudes comprovadas. Este montante repre-

senta um aumento de 5,1% sobre os números registradosem 2008 e equivale a 1,2% do total dos sinistros de 2009(R$ 18,9 bilhões) e a 0,7% das receitas (R$ 31,2 bilhões)obtidas pelos grupos participantes da pesquisa – responsá-veis por 79% dos prêmios do último exercício. Os núme-ros constam da sétima edição do relatório "Sistema deQuantificação da Fraude” (SQF), feito anualmente pelaConfederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capita-lização (CNSeg) para atender à ação institucional da enti-dade de combater e quantificar a fraude.

Segundo o superintendente da Central de Serviços,Renato Pita, em 2009, os maiores indicadores de fraudescomprovadas ocorreram nos ramos deVida (2,1% dos sinistros), de Automóvel(1,2% dos sinistros) e de Transportes(0,9% dos sinistros). A soma dos sinis-tros comprovadamente fraudulentosnestes três ramos atingiu R$ 198 mi -lhões (88% de todas as fraudes compro-vadas no ano passado). Em valoresabsolutos, o ramo de Automóvel apre-sentou o maior volume de sinistrosnegados por comprovação de fraude(cerca de R$ 120 milhões), seguidopelos ramos de Vida (R$ 72,8 milhões)e do DPVAT (R$ 17,5 milhões).

Apesar do aumento do valor defraudes comprovadas, Pita diz que não épossível afirmar que exista um aumentoda incidência de fraudes, pois além docrescimento do mercado, tem havido umcontrole mais efetivo das fraudes.

O estudo é realizado desde 2004 por amostragem,porque os números de sinistros avisados, fraudes e prê-mios ganhos são parciais, visto que não englobam as enti-dades de previdência, de capitalização e operadoras desaúde. Além disso, descarta informações consideradas nãodisponíveis ou inconsistentes.

Para Renato Pita, os indicadores da pesquisa auxiliamo mercado a balizar suas iniciativas de combate à fraude,a aferir os resultados das ações já implementadas e a ava-liar seus resultados em relação às demais seguradoras. “OSQF também é importante na conscientização do poderpúblico, do Judiciário, dos órgãos de defesa do consumi-dor, dos corretores, da sociedade em geral e das própriasseguradoras sobre o impacto deste crime na indústria deseguros”, acredita.

A grande variação entre sinistros suspeitos (R$ 2,10bilhões), sinistros com fraudes detectadas (R$ 280milhões) e os pagamentos negados por fraudes (R$ 230

milhões) chama a atenção e gera dúvi-das se os filtros do mercado estão mui-to rigorosos. “Com base na experiência,podemos dizer que a diferença entresinistros suspeitos e fraudes comprova-das pode ser devida à dificuldade domercado em comprovar os ilícitos, pelorigor em apontar os sinistros suspeitosou por ambos os fatores”, afirma Pita.

Esta diferença pode indicar umanecessidade de o mercado rever os cri-térios e, simultaneamente, implementarinstrumentos mais eficazes para com-provar os ilícitos, de forma transparen-te e ética. “Combater a fraude é agir afavor do bom segurado e da sociedadeem geral. A redução deste tipo de crimepode representar o acesso de novas par-celas da sociedade aos produtos doseguro”, conclui Pita.l

FRAUDES

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Crime atinge1,2% dossinistrosRelatório anual da CNSeg revela que ospagamentos negados por fraudes no anopassado somaram R$ 230 milhões

• Renato Pita : “Combater a fraude é agir a favor do bomsegurado e da sociedade em geral. A redução deste tipode crime pode representar o acesso de novas parcelas dasociedade aos produtos do seguro”

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Vida, Automóvel e Transportesconcentraram

88% dos sinistrosfraudulentos

em 2009

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CARMEN LUCIA NERY

Oaumento crescente da expectativa devida da população em todo o mundo,aliado à queda nas taxas de natalida-

de, pode comprometer a solvência dos fundosde pensão. É o que revela estudo divulgadono final de agosto pela Swiss Re, maior resse-guradora do mundo, que alertou sobre a com-plexidade do financiamento ao aumento dalongevidade e sobre a necessidade de seencontrar soluções urgentes que enfrentemeste desafio. Estas soluções deverão criarnovas oportunidades para o mercado segura-dor e ressegurador ligadas à proteção contraos riscos da longevidade.

Nos últimos anos, a expectativa de vidaaumentou substancialmente e esta é uma ten-dência que deve continuar. O estudo mostra,por exemplo, que em 1990, uma mulher britâ-nica de 60 anos tinha expectativa de vida de84 anos; número que saltou para mais de 88anos em 2010, e deverá ser superior a 90 até2030. No Brasil pessoas acima de 65 anosrepresentavam 4% da população em 1970; 7%em 2010 e este percentual deve subir para18% em 2050.

Ao mesmo tempo a queda nas taxas denatalidade faz com que haja menos pessoas

economicamente ativas para financiar as apo-sentadorias dos que vivem mais. E mais, o rela-tório adverte que subestimar a expectativa devida em apenas um ano pode aumentar em até5% os passivos de um plano de aposentadorias.

Riscos da longevidadeDiante deste quadro, os fundos de pen-

são podem não ter capacidade para cobrir oscustos das aposentadorias futuras e longas.Segundo Rolf Steiner, vice-presidente sêniordas Operações no Brasil e Cone Sul da SwissRe, os fundos de pensão sofreram em nívelmundial a redução de seus ativos para cobriras aposentadorias em função da crise financei-ra global. “O índice de insuficiência dos fun-dos de pensão em nível mundial já atinge26%. No Brasil ainda não há este risco, masvamos realizar uma pesquisa com os princi-pais fundos brasileiros para identificar suasnecessidades na administração dos riscos dalongevidade”, diz Steiner.

Ele observa que esta pode ser uma boaoportunidade para o mercado ressegurador.Hoje, boa parte do portfólio das seguradorase resseguradoras está concentrada nos segu-ros de vida, cujo principal risco é a mortali-dade. A diversificação para produtos relacio-

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O aumento da expectativa de vida impõesoluções urgentes para cobrir os custos dasaposentadorias futuras e longas

Longevidadepodecomprometersolvência dosfundos

FUNDOS DE PENSÃO

• Rolf Steiner:“Vamos realizaruma pesquisa comos principais fundosbrasileiros paraidentificar suasnecessidades naadministração dosriscos dalongevidade”

V Arquivo Swiss Re

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nados à longevidade é uma excelente estraté-gia de mitigação de riscos. A Swiss Re jácomeçou a se mobilizar neste sentido e estáestruturando uma nova linha de produtosexclusivos para endereçar questões ligadas àproteção da longevidade.

A empresa já fechou o primeiro contra-to de cobertura do risco de longevidadecom o fundo de pensão do governo do Con-dado de Berkshire, no Reino Unido. O con-trato, no valor de 1,7 bilhão de francos suí-ços (US$ 1,6 bilhão), prevê que o risco delongevidade dos 11.000 pensionistas de pla-nos de benefício definido do fundo passa aser assumido pela resseguradora até quemorra o último indivíduo.

Pelo contrato, o fundo de pensão pagaprêmios regulares para a Swiss Re de acordocom um calendário fixo. A Swiss Re assegurao pagamento dos benefícios para os pensionis-tas, cujo custo depende de quanto tempo osaposentados vivem. O resultado líquido é queo fundo continua a honrar os pagamentos depensões aos seus pensionistas, mas qualquerdesvio futuro, positivo ou negativo, devido àincerteza da longevidade, é absorvido pelaSwiss Re. Além disso, o fundo continua adeter a propriedade legal de seus ativos e con-

trole completo sobre sua estratégia de investi-mento. O que é terceirizado é o risco.

Desafios da previdênciaPara o presidente do IRB-Brasil Re, esta é

de fato uma oportunidade para as ressegura-doras e a empresa já está estruturando produ-tos que contemplem a proteção do risco dalongevidade que devem ser lançados já nopróximo ano em parceira com outras empre-sas do segmento. “O risco existe e este é umproblema mundial. O aumento da longevida-de é uma boa notícia, mas para a previdênciaé um desafio”, diz Leonardo Paixão, presiden-te do IRB e ex-titular da Secretaria de Previ-dência Complementar.

Ele observa que este tipo de produto vaiexigir um grande volume de capital, pois osfundos têm um grande contingente de pensio-nistas. Serão necessárias também algumasdefinições regulatórias. Isso porque está emdiscussão se uma resseguradora poderia assu-mir diretamente uma carteira de um fundo depensão ou se teria que haver a intermediaçãode uma seguradora.

Renda vitalíciaEmbora considere que o aumento da lon-

gevidade é um fato, Nilton Molina, presidentedo Conselho de Administração da MongeralSeguros e Previdência, minimiza a questão.Ele diz que esta preocupação surgiu nos EUAdesde o início dos anos 70 quando a maiorparte das carteiras dos fundos e das segurado-ras era baseada em planos de benefício defini-do, que pagam uma renda definida vitalícia. Aconsequência foi a criação de planos de con-tribuição definida, cujo risco é do segurado.

“Uma solução que vem sendo discutida éa repactuação das rendas a cada cinco anos, oque poria fim à dicotomia que existe hoje emque 100% do risco são da seguradora ou dosegurado. Mas no cenário atual, uma segura-dora ou um fundo com carteira equilibrada,entre planos de benefício definido, planos decontribuição definida e vida, tem uma cober-tura técnica garantida. É claro que se os novosprodutos de proteção à longevidade oferece-rem uma cobertura de risco a um preço con-fortável, pode ser uma opção a ser considera-da”, conclui Molina. l

• Leonardo Paixão:“O risco existe e esteé um problemamundial. Oaumento dalongevidade é umaboa notícia, maspara a previdênciaé um desafio”

V Arquivo IRB-Brasil Re

• Nilton Molina:“Uma solução quevem sendodiscutida é arepactuação dasrendas a cada cincoanos, o que poriafim à dicotomia queexiste hoje em que100% do risco sãoda seguradora oudo segurado”

V Arquivo CNSeg

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CARMEN LUCIA NERY

A forte reação do mercado segurador privado conse-guiu reverter a tentativa do governo de criar umaseguradora estatal, a Empresa Brasileira de Seguros

(EBS). Diante da mobilização do setor, liderada pela Con-federação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Pre-vidência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitaliza-ção (CNSeg), o governo recuou e decidiu negociar com omercado uma solução de consenso que resultou na propos-ta de criação da Agência Brasileira de Garantias (ABG), ouAgência Gestora de Fundos Garantidores, nome sugeridopela CNSeg na última reunião, realizada no final de agos-to, para fechar a proposta.

“Sugerimos este nome para deixar claro que a empre-sa será apenas uma gestora de fundos. Esta é uma grandevitória do setor, porque ficou evidente que não há necessi-dade de se criar uma seguradora estatal. O mercado segura-dor privado, junto com o segmento de resseguro, tem totalcapacidade de atender às demandas do País”, reitera JoséAmérico Peón de Sá, assessor da presidência da CNSeg.

Empresa pública A AGFG será constituída como uma empresa pública e

ficará responsável pela gestão de dois fundos garantidoresdedicados a garantir operações de comércio exterior e deprojetos de infraestrutura e de grande vulto. A principalmudança é que a agência não terá atribuições de uma segu-radora, que emite apólices e poderia vir a disputar outrosramos com o mercado. Outro fato a comemorar é que os fun-dos somente serão utilizados caso o setor privado não tenhacapacidade ou interesse. Além disso, a Agência será subor-

dinada às regras da Superintendência de Seguros Privados(Susep), que na proposta original de criação da Empresa Bra-sileira de Seguros (EBS), sequer havia sido consultada.

Para o presidente da Confederação, Jorge HilárioGouvêa Vieira, a criação da agência de garantias, no lugarda estatal de seguros, mostra o bom nível de diálogo, odesprendimento e a maturidade com que o governo e omercado segurador resolvem seus impasses. Com isso, omercado privado assegura a posição exclusiva de oferecercoberturas para os riscos tradicionais e dos mais variadosportes, confirmando a convicção do setor de que este é omodelo mais adequado ao País, tendo em vista que o mer-cado tem efetiva capacidade financeira de atender àdemanda atual e futura de coberturas solicitadas, liberan-do o Estado para tarefas chave.

"De quebra, amplia-se também a disponibilidade derecursos para que as empreiteiras ofereçam as contrapar-tidas exigidas para as coberturas de grandes obras de infra-estrutura. Já os recursos dos fundos garantidores poderãofuncionar como uma espécie de linha stand by, se neces-sário. Este mecanismo permitirá também que existam sal-vaguardas para outros ramos estratégicos que demandemcontrapartidas financeiras para a contratação do seguro,como as áreas de saneamento básico, habitação, comércioexterior, por exemplo. Depois do susto estatal, estamos devolta ao livre mercado", diz Jorge Hilário.

A reação do setor Mas não foi uma luta fácil. A ideia de criação de uma

seguradora estatal surpreendeu o mercado segurador, emmaio, quando passou a circular uma minuta de medidaprovisória propondo a criação da EBS. Mais surpreenden-

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A AGFG será constituída comoempresa pública e ficará responsávelpela gestão de dois fundosgarantidores

AGÊNCIA ESTATAL

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Agência é frutode consensoentre mercado e governo

• José Américo Peón de Sá: ”Esta é umagrande vitória do setor, porque ficou evidenteque não há necessidade de se criar umaseguradora estatal”

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te ainda eram os argumentos do governo de que o setor nãotinha capacidade para atender às demandas para o segurogarantia das grandes obras de infraestrutura, sobretudo doPrograma de Aceleração do Crescimento (PAC). E mais, aMP abria a possibilidade de o governo atuar em ramos jáamplamente atendidos pelo mercado, como seguro imobiliá-rio, seguro garantia e seguro habitacional para pessoas debaixa renda, além de projetos de infraestrutura, energia,indústria naval e MPMEs (capital de giro), entre outros.

De imediato, a CNSeg procurou denunciar o conflitode interesses que haveria no fato de o governo ser, ao mes-mo tempo, segurado e segurador de seus própriosempreendimentos, mostrando que o mercado privado émelhor fiscal das obras do governo do que o próprio gover-no – que também não poderia operar em ramos já plena-mente cobertos e consolidados pela iniciativa privada.

Para provar que não há necessidade de intervençãofederal nestes segmentos, o setor mostrou a força de seudesempenho: um volume de prêmios de R$109 bilhões em2009, que deverá atingir R$ 150 bilhões em 2012. Portan-to, com todas as condições de oferecer as garantias para asobras de infraestrutura do País dentro do cronograma doPAC, sem que haja necessidade de intervenção pública.Vale lembrar ainda o retrocesso que seria a criação de umaestatal de seguros, diante da quebra do monopólio estataldo resseguro, há dois anos, que permitiu ao Brasil acessoà capacidade global de recursos, garantindo assim que nãohaja dificuldades para segurar obras e empreendimentosde qualquer magnitude.

Desde a abertura do resseguro, 118 companhias jáaportaram no País incluindo os maiores players globais,que por meio da Associação das Empresas de Resseguros

• Jorge Hilário: "Amplia-se também a disponibilidadede recursos para que as empreiteiras ofereçam ascontrapartidas exigidas para as coberturas de grandesobras de infraestrutura"

• Thomaz Menezes: "A criação da ABG é positiva para omercado, pois vai ampliar a oferta de capacidade,principalmente para a garantia de obras deinfraestrutura, numa parceria público-privada”

Cronologia dos fatos e arepercussão na imprensa‹ A possibilidade de o governo criar mais uma estataltambém repercutiu fortemente na imprensa. O temachegou à mídia em junho por meio de uma matériapublicada no jornal Valor Econômico, sobre a unificaçãodos fundos garantidores, o Eximbank e a EBS. A CNSeg edemais lideranças do setor iniciaram a reação contra amedida. Em julho o assunto voltou com força total aosmeios de comunicação e a revista Veja cunhou o termo“segurobrás”, em nota do colunista Lauro Jardim, quegerou forte repercussão nos demais veículos. Em 13 dejulho, manchete de O Globo alerta que o governo estariacriando a 12ª estatal.

Com a repercussão nos principais jornais, rádios etelejornais – inclusive no Jornal Nacional – o governorecua e abre canal para o diálogo com o mercado. Em 14de julho, jornais publicam o recuo do governo, mas aindahá impasse em relação à criação da EBS. No final desemana, revistas semanais e jornal O Estado de SãoPaulo preparam reportagens especiais, muito favoráveisao mercado segurador.

Em 20 de julho, CNSeg e o ministro Guido Mantegafinalmente reúnem-se no Ministério da Fazenda e fixamuma prazo de 15 dias para apresentação de umaproposta em conjunto, na forma de um projeto de lei. Apartir daí, representantes das seguradoras e técnicos doMinistério discutem propostas alternativas à criação daEBS. Em reunião no final de agosto, é fechada a propostafinal de criação da Agência Gestora de FundosGarantidores (AGFG), por meio de um projeto de lei queserá encaminhado ao Congresso Nacional.

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(Aber) manifestaram sua preocupação e a necessidade decontinuar confiando na estabilidade das regras do gover-no brasileiro.

A nova proposta Segundo o texto da minuta de projeto de lei que será

encaminhado ao Congresso prevendo a criação da Agência(conforme informação do Governo na última reunião como setor), a União fica autorizada a participar na qualidadede cotista do fundo garantidor de comércio exterior, nolimite total de R$ 2 bilhões; e do fundo garantidor paracobertura de riscos em operações de projetos de infraes-trutura e de grande vulto, no limite de R$ 11 bilhões.

"A proposta de criação da Agência Gestora de FundosGarantidores é positiva para o mercado segurador, poistem o intuito de ampliar a oferta de capacidade, principal-mente para o segmento de garantia de obras de infraestru-tura, numa parceria público-privada. Também considera-mos positivo o fato de que esta Agência estará subordina-da às regras da Susep", afirma Thomaz Cabral de Mene-zes, presidente da SulAmérica, representando o sentimen-to de alívio de todo o setor.

O projeto de lei também prevê que a Agência Espe-cial de Financiamento Industrial (Finame) será substituídapela Agência de Crédito à Exportação do Brasil S/A (Exim-brasil), que está sendo criada para apoio ao comércio exte-rior brasileiro.

Risco comercial O fundo garantidor de comércio exterior vai garantir

o risco comercial em operações de crédito às exportaçõescom prazo total superior a dois anos; o risco político eextraordinário em operações de crédito ao comércio exte-rior de qualquer prazo; e o risco de descumprimento deobrigações contratuais referentes a operações de exporta-ção de bens ou serviços.

Já o fundo de infraestrutura poderá oferecer, diretaou indiretamente, cobertura para risco de crédito, risco deperformance, risco de descumprimento de obrigações con-tratuais e risco de engenharia. Uma das principais con-quistas do setor é que o fundo poderá oferecer coberturade forma direta apenas quando não houver aceitação, totalou parcial, destes riscos por sociedades seguradoras ouresseguradoras privadas.

Outro ponto positivo é que o fundo só poderá oferecercobertura de forma indireta, quando suplementar operaçõesde seguros e resseguros vinculadas aos riscos já citados, des-de que a parcela de responsabilidade a ser retida por segura-doras e resseguradoras não seja inferior a 20% da responsa-bilidade total da operação. Na última reunião realizada entrerepresentantes da CNSeg e técnicos no Ministério da Fazen-

AGÊNCIA ESTATAL

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• Alexandre Malucelli: “Queremos mostrar ao governoque o setor privado quer participar e que estas operaçõessão tão boas que podemos dobrar nossa participaçãonestes projetos”

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Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

‹ Em meio à crise que se instalou com a tentativa dogoverno de criar uma seguradora estatal, foi fechado um dosmaiores negócios envolvendo seguro na área deinfraestrutura, jogando por terra o argumento oficial da faltade capacidade do setor privado para atender as demandas dogoverno no segmento. A J. Malucelli é líder do consórcioresponsável pelo seguro da Usina de Belo Monte com co-participação da Itaú Seguros e da Fator Seguradora. Ocontrato conta ainda com a participação de um pool de 15resseguradoras como a J. Malucelli Re e a Munich Re. Atransação no valor de R$ 1 bilhão foi fechada no período emque se discutia a criação da estatal de seguros, na maior

Belo Monte e Jirau:apólices fechadasdurante a crise

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da, o setor sugeriu que esta parcela suba para 40%.“Queremos mostrar ao governo que o setor privado

quer participar e que estas operações são tão boas quepodemos dobrar nossa participação nestes projetos”, dizAlexandre Malucelli, presidente da J. Malucelli e diretorda CNSeg, um dos executivos que particiaparam ativa-mente das negociações com o Ministério da Fazenda.

Coberturas do fundo Poderão se beneficiar das coberturas do fundo, projetos

de infraestrutura constantes do Programa de Aceleração doCrescimento – PAC – ou de programas estratégicos definidosem ato do poder executivo; projetos de financiamento à cons-trução naval; operações de crédito para o setor de aviaçãocivil; e projetos resultantes de parcerias público-privadas.

A Agência também poderá explorar concessão degarantias em áreas de interesse social do governo, noâmbito de programas ou instituições oficiais, em ope-rações de crédito habitacional; crédito ao comércioexterior com prazo superior a dois anos; crédito paraaquisição de máquinas e implementos agrícolas; crédi-to a microempreendedores individuais, autônomos,micro, pequenas e médias empresas; e crédito em ope-rações a estudantes.

Segundo Malucelli, apesar da abertura para estestipos de ramos, há duas grandes conquistas na soluçãonegociada com a Fazenda, que reparam dois aspectos equi-vocados da proposta original. O primeiro é que o governovai atuar com garantias nas áreas de interesse socialsomente porque são áreas em que o mercado privado nãotem interesse de atuar. Mas o setor conseguiu além dissofixar que se o mercado no futuro quiser atender estas áreaspoderá fazê-lo. A segunda vitória é que os fundos garanti-dores que já existiam e já competiam com o setor privado,agora vão atuar como uma garantia reserva que só poderáser usada se o mercado não tiver capacidade ou interesse.

Estudos atuariais Para o governo a solução também foi satisfatória pois

vai resolver os problemas que haviam em relação aos fun-dos garantidores. Ao contrário de uma agência, a segura-dora não poderia gerir os fundos, a menos que o capitalfosse totalmente integralizado à empresa. Além disso osfundos não poderiam ser alavancados. Agora com a Agên-cia é possível realizar estudos atuariais e até obter algumnível de alavancagem.

“O desfecho foi extremamente positivo para o setor emostrou o papel e as funções de uma entidade de classeatuante. Do lado do governo mostrou a sensibilidade desentar à mesa e alinhar com o mercado um modelo úni-co”, comemora Malucelli. l

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prova da capacidade do setor privado mesmo diante de todasas incertezas que cercavam Belo Monte.Segundo Alexandre Malucelli, o projeto de Belo Monteembora não seja complexo como obra de engenharia, édesafiador pela sua magnitude. O sucesso da operação vemdo fato de que a empresa vinha trabalhando há muito tempo,acompanhando o projeto há mais de um ano e primeiroentendendo o modelo financeiro.“Em quatro meses montamos o pool de seguradoras eemitimos a apólice em nome do grupo. Belo Monte foicercado de polêmicas, mas o projeto foi conduzido commaestria pelos empreendedores como a Eletrobras, com umgerenciamento de risco muito bem feito. O resseguro foicolocado com facilidade porque todas as vulnerabilidades derisco foram mitigadas”, analisa Malucelli.A transação foi fechada com a concessionária Norte Energiapara o seguro da concessão. O projeto exigirá ainda segurogarantia para o fornecimento de equipamentos pelosfabricantes e para a construção da obra, a cargo dasconstrutoras. As duas modalidades são avaliadas em mais R$ 2,4 bilhões, elevando o valor total de seguros para BeloMonte para R$ 3,4 bilhões.Na mesma ocasião, a Liberty Seguros emitiu apólice deseguro no valor de US$ 1,1 milhão para cobrir, durante doisanos e dez meses, o transporte de 18 turbinas da China e daCoreia para a Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, noEstado de Rondônia.O transporte das turbinas terá um roteiro desafiador. Osequipamentos serão embarcados em Xangai e serãodescarregados em Manaus. De lá percorrerão trechosterrestres e em barcaças até a entrega final na Ilha do Padre,em Porto Velho (RO), onde acontecem, as obras. Serão 36viagens que foram desenhadas nos mínimos detalhes. A Liberty assumiu 100% do risco, no seguro e resseguro. “Aoperação demonstra nossa capacidade e compromisso comos grandes riscos no mercado brasileiro”, diz Paul Conely,diretor da divisão de riscos especiais da seguradora.

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MÁRCIA ALVES

Os números são dignos de comemora-ção. Em julho, a previdência privadaaberta superou a marca histórica de

R$ 200 bilhões em ativos e no acumulado doano o seguro de pessoas atingiu R$ 8,7 bilhõesem prêmios. Para o presidente da FederaçãoNacional de Previdência Privada e Vida(FenaPrevi), Marco Antonio Rossi, esse bomdesempenho não se deve apenas à estabiliza-ção econômica ou ao aumento de renda dapopulação, mas também à modernização daatividade, que resultou no desenvolvimentode produtos mais sofisticados e acessíveis.

O executivo esteve recentemente naArgentina justamente para explicar o sucessodesses produtos. “Antes importávamos mode-los estrangeiros de previdência, agora exporta-mos. Isso mostra que estamos no caminhocerto”, disse Rossi, durante a abertura do VFórum Nacional de Seguro de Vida e Previ-dência Privada, realizado em São Paulo (SP)pela FenaPrevi, nos dias 15 e 16 de setembro.O evento, que reuniu uma plateia de quase500 executivos, contou com a participação dediversos especialistas em nove painéis.

Apesar do tom otimista, o dirigente pre-feriu não festejar. “Sabemos que o volume deativos ainda é pequeno diante do potencial dosetor. Se as oportunidades são grandes, osdesafios são ainda maiores”, disse. E são mes-mo, a começar pelo microsseguros, querequer, além da regulamentação, a criação de

produtos mais simples e adequados ao públi-co de baixa renda.

Oferecer proteção aos brasileiros maislongevos é outra preocupação trazida peloaumento da expectativa de vida no País. E,como se não bastasse, o mercado de segurosainda tem pela frente algumas metas, comocontinuar aperfeiçoando a comunicação como consumidor e ampliar os seus canais de dis-tribuição.

Educação financeira A necessidade de permanecer investindo

na qualidade e eficiência da relação com oconsumidor foi destacada pelo presidente daConfederação Nacional das Empresas deSeguros Gerais, Previdência Privada e Vida,Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg),Jorge Hilário Gouveia Vieira. “É preciso tra-duzir a linguagem do seguro e criar produtos

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Para manter os resultados,segmento precisa conquistarmais consumidores,especialmente os de baixa renda

Crescimento impõenovos desafios aosetor

VIDA E PREVIDÊNCIA

• Presidente da FenaPrevi, Marco AntonioRossi discursa durante evento em São Paulo,observado pela mesa de aber tura

• Paulo dos Santosdefende queinformação é omotor de vendapara as classesbaixas

• Delfin Neto:desejo das pessoasmotiva ocrescimento

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que atendam o consumidor debaixa renda”, disse. O superin-tendente da Superintendênciade Seguros Privados (Susep),Paulo dos Santos, afirmou queessa é também uma preocupa-ção do órgão. “Se bem informa-do, esse público consumidorpriorizará o seguro entre os seusinvestimentos”, disse.

Os economistas DelfimNeto e Marcos Lisboa, que par-ticiparam do painel sobre asperspectivas macroeconômicas,concordaram que o maior desa-fio do setor é educar a socieda-de a pensar no futuro e adquiriro hábito de poupar. "As pessoastêm desejos e é isso que motivao crescimento", disse Delfim.

Para Renato Russo, vice-presi-dente da FenaPrevi, o consumoconsciente e ético são os funda-mentos básicos para a formaçãode poupança.

Thomaz Luiz Cabral deMenezes, presidente da SulA-mérica, um dos participantes dopainel sobre as análises do cená-rio macroeconômico, sugeriuque a educação financeira devater como foco a autoestima dosindivíduos, que os motiva a sepreocupar com a proteção daprópria vida e dos bens adquiri-dos. Este é também um viés domicrosseguros, que tem impor-tante função social, segundoAntonio Cássio dos Santos, pre-sidente da Mapfre. “Nada nos

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• ThomazMenezes:educaçãofinanceira deve terfoco na autoestimados indivíduos

• Marcos Lisboa:maior desafio éeducar população apensar no futuro

• Maria HelenaDarcy: “Temos queabandonar o‘segurês’”

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acontece se perdermos o carro numa enchente. Mas, se foro carrinho de um pipoqueiro, então uma família poderá serdestruída”, comparou.

Mudanças necessárias Paralelamente à educação da sociedade, a necessidade

de melhor preparo do corretor de seguros no atendimento aoconsumidor cada vez mais exigente, assunto de um dos pai-néis, foi apontada por Maria Helena Darcy de Oliveira, doComitê de Relações de Consumo da CNSeg. A executiva ain-

da tocou em outro ponto fundamental, a utilização de lingua-gem técnica do setor. “Temos de abandonar o segurês”,orientou. Essa observação foi confirmada em pesquisa inte-rativa com plateia do evento, em que 78% responderam queo consumidor de seguros não tem perfeito entendimento dosprodutos de seguros.

Melhorar a comunicação com o consumidor, conhecersuas necessidades e oferecer produtos adequados, inclusiveaos mais longevos, são desafios que as resseguradoras estãodispostas a ajudar o mercado a enfrentar. l

VIDA E PREVIDÊNCIA

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‹ Um estudo da Kantar Wordpanel, realizadosob encomenda da FenaPrevi, foi apresentadopor Christine Guimarães Thomaz Pereira nopainel que abordou as tendências deconsumo. A partir de uma base de dados de8,2 mil domicílios, amostra que representa81% da população domiciliar brasileira e 91%do potencial de consumo residencial do País,a pesquisa demonstrou que o número defamílias que planeja poupar parte de suarenda cresceu de 29% para 44%, de 2008para 2009. Apesar desse resultado, a penetração dosplanos de previdência ainda é baixa: apenas4% das famílias compram os produtos. Aocontrário do seguro de vida, que estápresente em 18% dos lares da Classe AB, em6% da Classe C e 2% da Classe DE. Asfamílias da Classe AB são as maiorescompradoras de previdência (10%), mas aClasse C também adquire o produto (4%). Naapuração por faixa etária, a pesquisa detectouque os investimentos em previdência sãomaiores entre os indivíduos de 40 a 49 anos.

Geração YOs canais de compra do futuro foram objeto de estudo da

ATKearney, cujos resultados foram apresentados pelo consultorJoão Leandro Bueno, no painel “Distribuição – Inovação eTecnologia”. O estudo comprovou que a classe de baixa renda éa mais numerosa: 42% da população. Contudo, 70% dos ativosfinanceiros permanecem em mãos dos indivíduos das classesaltas, que representam apenas 3% da população.

Esse público mais abastado, segundo a pesquisa, prefereprodutos mais sofisticados, opta pelo canal de varejo queapresenta maior capilaridade e gosta de receber recomendaçõesou conselhos em relação a produtos. Diante desse resultado,Bueno concluiu que os bancos ainda terão predominância entreos demais canais de distribuição na venda de previdência.

Entretanto, o consultor prevê que os canais virtuais terão

grande impacto na forma de venda de seguroe previdência, por serem os preferidos dageração Y, “o grande público do mercadosegurador no futuro”, que hoje representa 36%da população brasileira. Entre esses chamados“nativos digitais”, 51% da faixa etária de 25 a34 anos utilizam a Internet. De acordo com apesquisa, os indivíduos da geração Y sãoimediatistas, infiéis às marcas, realizammúltiplas tarefas e desejam atendimentorápido, entre outros.

Canais virtuais Na mesma linha, uma pesquisa da

Accenture em seis países, apresentada porRaphael de Carvalho, mostrou a tendência demigração de serviços para os negócios móveis.Entre os mais comuns está o ato de “tomaremprestada” temporariamente a capacidade deprocessamento da rede na Internet, quando ocomputador pessoal não dispõe de espaçosuficiente.

Para Silas Devai Junior, da IBM, osequipamentos digitais – Internet, PC, celular,GPS, MP3 etc. – estão mudando a maneira

como vivemos. Por isso, “querendo ou não”, ele afirma, “o setorde seguros terá de se adequar aos canais virtuais, porque oconsumidor está pedindo para migrar”, acrescenta. Por isso, suadica ao setor de seguros é que invista na integração de canais, o que, fatalmente, também mudará os modelos de negócios.

Ele também falou sobre os novos formatos de serviços naInternet que visam agregar valor, como é o caso dos sites decomparação de produtos ou de descontos online. Ambas asinovações permitirão às empresas incorporar funções de negóciosmais inteligentes, capazes de interagir com o cliente. Para Silas, ovarejo já saiu na frente na adesão aos canais virtuais, mas oseguro deverá embarcar agora, na segunda onda. “Os canaisvirtuais e as redes sociais são o caminho sem volta no futuro doseguro e da previdência”, afirmou.

A nova cara do BrasilO País está mais velho,mais disposto a poupare usa cada vez mais a

Internet. Esta nova“cara” foi revelada

por algumas pesquisasapresentadas durante

o fórum

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FERNANDA THURLER

No início de setembro, a diretoria daFederação Nacional de Capitalização(FenaCap) deu sinal verde para a

implementação de um novo plano de comu-nicação institucional com a quase exclusivamissão de melhorar o entendimento dopúblico sobre os títulos de capitalização. Omomento não poderia ser mais oportuno: aeconomia brasileira deverá atingir em 2010seu maior índice de crescimento nos últimos24 anos, conforme projeção realizada peloRelatório Focus do Banco Central (BC) e peloMinistério da Fazenda, de uma expansão de6,5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasilei-ro. Confirmado o prognóstico, a expectativano setor de capitalização é de um aumentoainda maior na venda de títulos – que já vemregistrando uma curva ascendente. Nos cincoprimeiros meses deste ano, o faturamento dosetor foi de R$ 4,7 bilhões (22% sobre o mon-tante registrado no mesmo período de 2009).

A conjuntura é favorável e numa análisesimples a marca histórica de faturamentomédio mensal de R$ 1 bilhão pode até serinterpretada como um forte indicador de queos produtos e o “modus operandi” na suacomercialização atendem plenamente asnecessidades dos clientes. Mas não é bemassim. Essa avaliação positiva do “boom” nasvendas não resiste a um olhar mais atento,principalmente por parte da Comissão deComunicação da FenaCap. Um dos segmen-

tos do setor de seguros que mais registramruídos na comunicação com os clientes, acapitalização está sendo submetida a mudan-ças estruturais no que diz respeito à apresen-tação e à comercialização dos títulos.

Expansão do segmento O novo Plano Diretor de Comunicação

objetiva viabilizar a expansão do segmento apartir de um reposicionamento e da melhorelucidação das reais características do produ-to capitalização. A meta, segundo informa apresidente da Comissão de Comunicação,Olinda Campos, é fortalecer e qualificar ins-titucionalmente a imagem da FenaCap comoassociação representativa das empresas decapitalização, no intuito de esclarecer e repo-sicionar a categoria frente aos principaispúblicos – órgãos reguladores, jornalistas,formadores de opinião e força de venda.

As várias ações estratégicas para conso-lidar uma imagem estruturada e favorávelnão passam, porém, por mudanças no forma-to institucional dos títulos, hoje comercializa-dos dentro das modalidades Tradicional,Popular, Compra Programada e Incentivo. E

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O objetivo é viabilizar a expansão do segmento informando melhor o consumidor sobre as reaiscaracterísticas do produto

Plano de comunicação paraampliar entendimento sobre títulos

CAPITALIZAÇÃO

A pesquisaidentificou acomercializaçãocomo importantecomponente na consolidaçãoda imagem do produto, mas sem umargumentocomum de vendas

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justamente nesse ponto se concentra o maiordesafio em atingir o objetivo proposto peloplano, uma vez que, de acordo com uma pes-quisa qualitativa realizada a pedido da Fena-Cap, a diversidade dos títulos de capitaliza-ção e a variedade de motivadores de compradificultam o posicionamento do produto.

Informaçãounificada

Confor-me o mes moestudo, a fal-ta de infor-mação sobre

os títulos eseus diferentestipos contri-buiu para a

disseminaçãode uma sériede preconcei-tos, com pro -metendo o

desenvolvimen-to das vendas. Segun-

do Olinda Campos, as ações propostas nonovo plano (elaborado pela empresa de con-sultoria Llorente & Cuenca) pretendem exata-mente unificar a informação sobre os objeti-vos e características particulares do produto.Na análise da Comissão, não foi a falta deinformação propriamente dita, mas a inexis-tência de um discurso único, a maior respon-sável pela cristalização da ideia de que o pro-

duto capitalização não tem uma identidadeclara, havendo, por conseguinte, percepçõesdistintas sobre seu posicionamento.

Verdadeira “radiografia” do setor, a pes-quisa qualitativa gerou informações sobre osdiversos públicos agentes no mercado decapitalização (desde os clientes a seus execu-tivos, passando por profissionais de vendas,órgãos de defesa do consumidor, jornalistas edemais formadores de opinião), utilizadascomo base principal na concepção do plano.“Foi definida uma linha de comunicação uni-ficada para atingir de forma consistente eintegrada a todos os públicos estratégicos”,diz Olinda Campos. Isto posto, a Comissãopartiu para o “dever de casa” e vem colocan-do em prática ações específicas para corrigiro que a presidente da Comissão classificacomo “vícios de mercado” e para ampliar ofluxo de informações sobre o produto. Entreelas, programas de treinamento visando omelhor preparo dos profissionais que ven-dem o produto.

Argumentação de vendas A pesquisa identificou a comercializa-

ção como um importante componente naconsolidação da imagem do produto, atestan-do, no entanto, a inexistência de uma linhacomum e homogênea na argumentação devendas dos títulos em suas categorias, comcada player utilizando modelos próprios deconvencimento na operação. Resultado: inú-meras críticas sobre o emprego do modelode operação casada por parte de gerentes debanco e de desconhecimento sobre o produ-to por parte dos vendedores da rede não ban-cária (casas lotéricas, agências de correios,corretoras e imobiliárias).

“Pretendemos encerrar esse ciclo, ali-nhando o discurso e unificando o posiciona-mento institucional do setor. E para isso estãosendo realizadas várias ações nas empresaspara explicitar as reais características e van-tagens da capitalização. Ou seja, demonstran-do para a força de venda que o produto ébom, oferece vantagens e dispensa, no ato davenda, o uso de quaisquer outros argumen-tos. Isso tudo sempre incentivando o treina-mento e a conscientização da força de vendapelas empresas”, diz Olinda Campos.l

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• Olinda Campos:“Foi definida umalinha decomunicaçãounificada paraatingir de formaconsistente eintegrada a todosos públicosestratégicos”

‹ Etapa A: definição de posicionamento geral (para a entidade) eespecífico (para cada modalidade de título de capitalização), além demensagem unificada que fará parte da comunicação integrada de todasas empresas de capitalização;

‹ Etapa B: definição de estratégia para aproximação e relacionamentocom os públicos de interesse;

‹ Etapa C: aplicação da nova comunicação – palavras-chaves – nasempresas;

‹ Etapa D: gerenciamento do relacionamento com equipes de venda.

Plano tático

V Arquivo Pessoal

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SÔNIA ARARIPE

Os graves aciden-tes ambientaisocorridos recen -

te mente no Golfo doMéxico (Estados Unidos)e na China, além dos pro-blemas de segurança des-cobertos em plataformasde petróleo na Bacia deCampos, suscitaram no -vos debates sobre os sis-temas brasileiros de pro-teção ambiental e sua efi-cácia. Afinal, a legislaçãoe todo arcabouço am -biental do País garantemsegurança ou não?

A Revista de Segu-ros ouviu alguns reno-mados especialistas nes-ta área. Em coro, elesadvertem que o sinalamarelo foi aceso e que a exploração de petróleonos campos do pré-sal torna a discussão aindamais urgente. A exploração do óleo em águasultraprofundas significa riscos muito maiores.

O governo já está estudando de que formapode contribuir para este debate. De acordocom a assessoria de imprensa da Agência Nacio-nal de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(ANP), especialistas estão preparando sua con-tribuição para o Plano Nacional de Contingên-cia a ser elaborado pela Agência, em conjuntocom o Ministério do Meio Ambiente e o Coman-do da Marinha, para eventuais acidentes ocorri-dos em plataformas offshore de exploração eprodução de petróleo. O trabalho está sendocoordenado pelo Ministério do Meio Ambiente.

O plano tem como objetivos integrar osdiagnósticos dos diversos órgãos do governo ecoordenar os esforços para conter os danosprovocados por eventual acidente. O planodeverá ficar pronto até o fim de setembro,

segundo previsão da ministra do MeioAmbiente, Izabella Teixeira.

Ação humanaA jurista Flávia Frangetto, presidente do

Instituto Brasileiro do Direito Ambiental, lem-bra que os acidentes são diferentes das catástro-fes naturais, uma vez que decorrerem de ativi-dades tipicamente humanas. A especialista dizque, ao explorar os recursos ambientais para suaprópria sobrevivência, o homem deve adminis-trar todo e qualquer risco de impactos negativosque possam advir dessas intervenções.

Na hipótese dos acidentes tecnológicos emgeral, o sinal já está vermelho, uma vez quedanos ao meio ambiente têm de ser terminante-mente evitados. “Por isso, são imprescindíveisos planos de prevenção de riscos e, atrelados aeles, medidas mitigadoras de eventuais impactosnegativos, como de contenção e, em termos deressarcimentos ou restaurações, os contratos deseguros de riscos”, frisa Flávia Frangetto.

Acidentes suscitam discussõe sA ANP e outros órgãos do governo preparam o Plano Nacional de Conting ê

28 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

MEIO AMBIENTE

• Flávia Frangetto:“Os planos deprevenção de riscosão imprescindíveise, atrelados a eles,medidasmitigadoras deeventuais impactosnegativos”

V Arquivo Ibrada

V Arquivo SOS Mata Atlântica

• MárioMantovani:“Há toda umapreocupação com asegurança, eprecisamos estaratentos paramonitorar de pertoestas atividades deexploração”

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e s sobre segurança ambientalg ência, de olho nas explor ações da camada do pré-sal

Com a experiência de quem lida com otema no dia a dia, a jurista avalia que, infeliz-mente, o Brasil ainda não tem estrutura paraenfrentar e punir os responsáveis pelos aciden-tes ambientais com eficiência. “É como se anatureza sangrasse e não tivéssemos sequercurativos adequados. A tecnologia ajuda,porém, não basta. Para gerenciar as crisesambientais, é preciso multiplicar o zelo com omeio ambiente, em atenção à própria vida sau-dável na Terra”, adverte.

Pré-salO engenheiro e consultor João Cabral, com

43 anos de experiência no setor de engenharia demateriais, membro vitalício da ABM (AssociaçãoBrasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração),chama a atenção para o fato de a exploração dopré-sal requerer ainda mais cuidados. “A legisla-ção ambiental brasileira é boa, porém, com osnovos desafios da exploração em águas profundase nas camadas do pré-sal, o mais importante é

que as leis sejam atualizadas em relação às novastecnologias e aos novos materiais desenvolvidospara este novo desafio”, afirma.

As Organizações Não-Governamentais(ONGs), que acompanham de perto o tema,estão também atentas. “Não é só uma questãode leis, mas de participação ativa da sociedadecivil nesta discussão. Não podemos correr ris-cos tão graves sem sermos ouvidos”, destaca opresidente da SOS Mata Atlântica, Mário Man-tovani. Além do pré-sal, o ambientalista lembraque tem sido intensificada a exploração de óleoe gás na Amazônia. “Há toda uma preocupaçãocom a segurança, e precisamos estar atentospara monitorar de perto estas atividades deexploração de petróleo”, diz.

Mário Mantovani torce para que a preven-ção seja ainda mais valorizada e não haja preocu-pação apenas com as punições. Mas defende origor contra grupos que desrespeitem as leis e asnormas. “A natureza, por muitos anos, foi devas-tada sem que ninguém a defendesse. Agora não émais assim”, destaca.

Evolução das leisFlávia Frangetto defende que, assim como

a sociedade evolui, a legislação também precisade evolução, devendo ser revista periodicamen-te. O mais razoável, reitera ela, é que se busqueJustiça e bom senso. “Do jeito que as normasestão dispostas hoje no Brasil, há confusões deorganização e interpretação no processo de sub-sunção do fato à norma, acarretando sua inefi-cácia. Mas os princípios que as norteiam seriamsuficientes para isolar os padrões de qualidadeambiental em um patamar seguro”, diz.

Na sua avaliação, seria magnífico se novosinstrumentos jurídicos fomentassem a conserva-ção pela lógica da premiação. Ou seja, quemprotegesse seria premiado, em um movimentoparecido com a sistemática de pagamento porserviços ambientais. “Assim, quem observa olado bonito da natureza e se esforça para prote-gê-la seria reconhecido por esse ato em benefí-cio da coletividade”.l

29 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

Golfo doMéxico:acidente

que causouvazamentode petróleono mar pormais de três

mesesacendeu a

luz de alertanos quatrocantos do

mundo

‹ A questão ambiental é objeto de regulação nos âmbitos federal,estaduais e municipais. O site do Ministério do Meio Ambiente(www.mma.gov.br) é uma boa fonte de consulta para as leis federais eas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

São exemplos de previsões fundamentais os dispositivos daConstituição Federal, como o art. 225; a Lei 6.938/81 (Lei da PolíticaNacional do Meio Ambiente); a Lei 9.605/98 (Lei de CrimesAmbientais), mas há uma série de outras, dependendo do escopo eabrangência da questão ambiental.

Para quem quiser estudar um pouco mais sobre o tema, osespecialistas recomendam “Direito Ambiental Brasileiro”, de PauloAffonso Leme Machado, da Malheiros Editores. Recentemente tambémfoi lançado pela Campus-Elsevier “Constitucionais do Direito AmbientalBrasileiro”, da pesquisadora e professora Norma Sueli Padilha.

Legislação ambiental

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SINISTROS

30 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

Seguradoras investem para tornar os termos docontrato mais compreensíveis para os consumidores

O socorro financeiro quechega na hora certaDENISE BUENO

Seguro é uma das poucas coisas que se pagae ao mesmo tempo não se quer usar. E,quando precisa usar, a primeira palavra

que o cliente encontra pela frente é sinistro. Tra-duzido do latim, esse substantivo em portuguêsremete a algo macabro. Para a indústria de segu-ros, no entanto, esse termo técnico, usado paradizer que o cliente sofreu uma perda, significa arazão de ser do setor. “O departamento de sinis-tro até mudou de nome. Agora chama-se Direto-ria de Atendimento”, informa Luiz FranciscoMinarelli, diretor da Liberty.

Esta sutil mudança revela o amadurecimen-to do setor num momento em que tem projeçõesde crescimento na casa dos dois dígitos pelos pró-ximos dez anos. Para crescer de forma sustentá-vel, as seguradoras investem para aprimorar orelacionamento com o cliente, tornando os ter-mos técnicos mais simples e, portanto, de maiorcompreensão do público em geral.

Momentos difíceis Dizer que as companhias de seguros tiveram

sinistros da ordem de R$ 11,2 bilhões no primeirosemestre deste ano não quer dizer muita coisapara as pessoas. Mas se informar que este foi ovalor que as seguradoras pagaram, pelas perdasde seus clientes, é muito mais compreensivo.Receber uma indenização é uma ajuda e tanto emmomentos difíceis. “Ao transferir o risco para suasseguradoras, as empresas aliviam a pressão sobreelas, liberando o dinheiro necessário para o girode seu negócio”, diz Antonio Penteado Mendonça,consultor e advogado especializado em seguros.

Realmente é verdade. O incêndio que des-truiu o centro de distribuição do Ponto Frio (umadas maiores empresas varejistas do Brasil), no iní-cio deste ano, é um exemplo. O depósito localiza-do em São Paulo estava lotado para abastecer ocomércio, que vem registrando recordes consecu-tivos de vendas. Se o grupo não tivesse coberturado seguro, com certeza perderia uma boa fatianeste competitivo mercado. Afinal, o crescimento

• Destruído pelofogo: supermercadoCondor Raia foireconstruído em 126 dias e manteve o emprego dos 350colaboradores

“Ao transferir orisco para suasseguradoras,as empresasaliviam apressão sobreelas, liberandoo dinheironecessáriopara o giro deseu negócio”AntonioPenteado

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31 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

do PIB brasileiro no primeiro semestre de 2010ultrapassou 8%, embalado pelo desejo de consu-mo de eletroeletrônicos e de bens móveis.

A primeira ação da seguradora que detinha aapólice foi adiantar 40% do valor do seguro paraque o grupo pudesse rapidamente minimizar asperdas. Entre elas, restabelecer o fluxo de trabalhoem outro local e assim manter o abastecimento docomércio com mercadorias. Com isso, váriasoutras perdas foram controladas, sem impactopara o valor da ação do grupo na bolsa de valores.

Outro exemplo é o incêndio que destruiuem março o hipermercado Condor Raia, emParanaguá (PR). Ele foi reconstruído em 126 diase reinaugurado dia 29 de julho, graças ao rápidoatendimento prestado pela seguradora. O novoempreendimento contou com investimento deR$ 20 milhões e manteve os 325 colaboradoresda época do acidente.

“Nossa preocupação acabou no momento emque a seguradora Liberty iniciou o levantamentodos prejuízos. Sentimos total confiança na reposi-ção dos bens no menor prazo possível, da formaque havia se comprometido na assinatura do con-trato”, afirmou Wanclei Benedito Said, diretoradministrativo e financeiro do Condor Raia.

Aprimorando produtos Ninguém melhor do que as pessoas envolvi-

das em um processo de pagamento de indeniza-ção para ajudar a aprimorar os produtos. LuizTeófilo Mansur Assad, da corretora Corresur, aju-dou o Porto de Navegantes (Portonave), a desen-volver o programa de seguros. “Levantamos mui-tas probabilidades de acidentes e perdas e fizemosum programa de seguro com coberturas para osmais remotos imprevistos. Alguns deles tiveramde ser criados e a seguradora foi muito solícita.Graças a este trabalho feito a quatro mãos, o por-to está em operação hoje, mesmo depois de doisacidentes”, conta.

O primeiro acionamento da apólice foi comas enchentes no Sul do Brasil no ano passado. Oexcesso de chuva causou a interdição do canal deacesso dos navios. Com isso, o porto ficou parali-sado e foi indenizado pela perda de receita. Nesteano, o “sinistro” assustou. A câmara frigorífica,avaliada em R$ 40 milhões, pegou fogo e teve per-da total. Além de indenizar a empresa para recons-truir o frigorífico, a empresa também indenizou osclientes com mercadorias armazenadas na câma-

ra, segundo informa Laur Diuri, diretor de sinis-tros da Allianz, a seguradora do Portonave.

Numa experiência contrária, há o exemplo daBritish Petroleum. A operadora da plataforma queexplodiu no Golfo do México em abril deste anoperdeu mais de 80% de seu valor de mercado eenfrenta centenas de processos de acionistas que-rendo compensações pela perda que tiveram com adesvalorização das ações. O acidente é consideradoa maior catástrofe ambiental da história. A petrolí-fera tinha apenas o seguro da plataforma, avaliadaem US$ 750 milhões. O grupo contou com a sortee não comprou seguro com valor suficiente paraindenizar perdas causadas a terceiros e tambémpara limpar e recuperar o estrago ao meio ambien-te, com custos estimados em US$ 20 bilhões.

Operação de resgate Mas não são só grandes riscos que contam

com atenção máxima das seguradoras. Todas asapólices envolvem uma gama enorme de servi-ços. Abelardo Guimarães, presidente da subco-missão de sinistros da Federação Nacional deSeguros Gerais (FenSeg), cita o exemplo da últi-ma catástrofe natural ocorrida no Sul do país,onde as cidades de Itajaí, Blumenau e Joinvilleforam castigadas pelas chuvas. Para minorar asperdas dos segurados e da população local, asseguradoras montaram uma verdadeira operaçãode resgate na região, com reboques, carretas, ser-viços de lavagem, despachantes entre outrosprestadores essenciais para facilitar e agilizar opagamento da indenização.

“Neste evento, a indústria de seguros,somente com apólices de automóvel, arcou comR$ 22 milhões em indenizações, não incluso aítodo o custo suportado na operação de resgateacima mencionada”, conta Abelardo Guimarães,que também é superintendente de sinistros daBradesco Auto RE.

As seguradoras também estão se antecipandoà ligação do cliente. Em casos de catástrofes, comovendavais no Sul e inundações em estados do Nor-deste em junho deste ano, a maioria das segura-doras mandou equipes para atender os clientes nolocal. “Nosso pessoal monitora diariamente oseventos climáticos. Se há uma ocorrência, a cen-tral de atendimento passa a ligar para os clienteslocalizados num raio de 50 quilômetros para pres-tar atendimento”, conta Gilberto Abreu, superin-tendente de seguros do Santander. l

Grandessinistrospodemprovocar mais queperdas físicas. Papel dasseguradoras é evitar que o problema se alastre

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LENIR CAMIMURA

Aqualidade assistencial e de gestão deum plano de saúde já pode ser medi-da. Com uma iniciativa pioneira, o

Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA)lançou o Manual de Padrões de Acreditaçãopara Operadoras, estabelecendo parâmetrospara a avaliação abrangente do benefício.

Entende-se por acreditação a implanta-ção de um sistema de qualidade que atendaaos padrões definidos por empresas certifica-doras e que comprovem o engajamento daorganização em garantir atendimento aosbeneficiários, dentro de um padrão que refli-

ta as melhores e mais seguras práticas assis-tenciais e preventivas.

A acreditação em saúde não é algo novo.Os prestadores de serviço, como hospitais elaboratórios, por exemplo, já possuem ummodelo internacionalmente reconhecido deavaliação da qualidade de seus serviços. Há,no mundo, apenas uma entidade que traba-lha com estes padrões: a Associação Ameri-cana de Controle e Avaliação de Planos deSaúde. Assim, para atender a esta demandade mercado e inspirado no trabalho da Asso-ciação Americana, o CBA desenvolveu oManual de Padrões para Operadoras. Segun-do a superintendente do CBA, Maria Manue-

32 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

Uma iniciativa pioneira, o manual estabelece parâmetrospara a avaliação abrangente do benefício

SAÚDE

• Maria Manuelados Santos: chancela doproduto pela JCItraz visibilidadeinternacional àiniciativa do CBA

V Fernando Meireles

• Solange Beatriz: “Provavelmente,esta avaliação émais eficiente,inclusive, do que oprograma dequalificação daANS, já que traráum ganho efetivopara os processosinternos de gestãoda operadora"

V Arquivo FenaSaude

Operadoras terão manualde padrão de qualidade

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33 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

• Antonio JorgeKropf: operadoraacreditada daráclara demonstraçãode que ofereceatendimento comqualidade esegurança

V Arquivo Amil-Brasil

• Maria StellaGergori: “Na medida em queo Brasil começa ater operadorascertificadas, o setorpassa a ter umavisibilidade melhorsobre a assistênciaà Saúde, atendendoa uma demanda dequalidade esegurança exigidasem todos os países”

V Arquivo pessoal

la dos Santos, o trabalho contou com o apoioda Joint Comission International (JCI), quechancela o produto, trazendo visibilidadeinternacional à iniciativa.

Avaliação de conformidade Com validade de três anos, o manual

apresenta os padrões para avaliação deconformidade baseado em sete funções:direito dos beneficiários e familiares; ade-quação dos serviços para os beneficiários;gerenciamento de Plano de Saúde; geren-ciamento e melhoria da qualidade; seleçãoe educação da rede de provedores e de ser-viços; educação em saúde de beneficiáriose familiares; e gerenciamento da informa-ção e comunicação.

Além disso, a operadora é avaliada deacordo com indicadores de qualidade e pelapesquisa de satisfação de beneficiários. Deacordo com Maria Manuela, nesta primeiraedição foram estabelecidos 30 indicadores,que são um mix entre os itens já exigidospela Agência Nacional de Saúde Suplemen-tar (ANS) e outros de desempenho assisten-cial. Por enquanto, conforme explicou asuperintendente, não há dados suficientespara aumentar o número de indicadores.

Ela afirmou que o tempo para que umaoperadora se adeque às exigências da acredi-tação está estimado em um ano e meio, maseste período depende do engajamento dasempresas para entrar em conformidade aospadrões de qualidade. “Pressupomos que asoperadoras já trabalhem assim, buscandoníveis de qualidade satisfatórios; por isso, oque deve sofrer modificação serão a culturada empresa e a forma de gerenciar, que deve-rá ser modernizada”.

Ganho efetivo Para a diretora da Federação Nacional

de Saúde Suplementar (FenaSaúde), SolangeBeatriz Palheiro Mendes, o processo de acre-ditação é positivo e deve trazer mais consis-tência e melhor padrão de operação. “Prova-velmente, esta avaliação é mais eficiente,inclusive, do que o programa de qualificaçãoda ANS, já que trará um ganho efetivo paraos processos internos de gestão da operado-ra. E, ainda, não estará vinculado aos

momentos da regulamentação”. A acreditação de operadoras está em

debate na ANS, que deve construir umaresolução normativa para regular a verifica-ção da qualidade. No momento, a Agênciaainda está estudando os padrões que podemser implantados. Espera-se que, a partir des-ta iniciativa de mercado, promovida peloCBA/JCI, a ANS acelere o processo de dis-cussão e apresente a norma regulatória. OCBA/JCI garante que está pronto para seadaptar como for necessário às exigências doórgão. A previsão é que, dentro de um ano,entre oito a dez operadoras já estejam se pre-parando para alcançar a certificação.

Para outorgar a certificação das opera-doras, o CBA/JCI instalou um Comitê deAcreditação de Planos de Saúde. Atualmen-te com nove integrantes – podendo chegaraté a 14 –, o comitê é formado por um gru-po de experts que representam áreas deatuação distintas – hospitais, médicos, ope-radoras e beneficiários.

Análise da qualidade O comitê tem como atribuição adotar,

rever e aprovar os padrões para análise daqualidade dos serviços prestados por planosde saúde; examinar a conformidade dos pla-nos aos padrões fixados; aprovar diretrizespara programas de educação, estudos, pes-quisas e publicações; e aprovar e adotarmanuais de padrões internacionais.

Para o diretor técnico nacional da Amil-Brasil e representante da FenaSaúde noComitê, Antonio Jorge Kropf, a operadorado-ra que for acreditada dará uma demonstra-ção clara, baseada em critérios internacio-nais, de que oferece um atendimento comqualidade e segurança aos seus beneficiários.

Já para a advogada Maria Stella Gergo-ri, que participa como especialista no seg-mento dos consumidores, a acreditação favo-rece o estímulo à concorrência entre as ope-radoras, uma vez que pode ser encaradacomo um diferencial de mercado. “Na medi-da em que o Brasil começa a ter operadorascertificadas, o setor passa a ter uma visibili-dade melhor sobre a assistência à Saúde,atendendo a uma demanda de qualidade esegurança exigidas em todos os países”. l

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VIVIANE BARRETO

Tornar o mercado ainda mais transpa-rente para o consumidor. Essa é umadas razões que levaram a Federação

Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) a lan-çar o Guia de Boas Práticas de Seguro deAutomóvel durante a 2ª Conferência Intera-tiva de Proteção do Consumidor de Seguros,realizada em setembro, na cidade de SãoPaulo. O guia vem complementar o Códigode Ética, da Confederação Nacional dasEmpresas de Seguros Gerais, PrevidênciaPrivada e Vida, Saúde Suplementar e Capita-lização (CNSeg), em prática desde 2006.

Os princípios da ética, da boa-fé, dosbons costumes, da livre concorrência e dainiciativa privada estão entre os temas abor-dados no guia. A relação com os segurados éoutro item descrito. Nele, é recomendado àsseguradoras que prestem serviços de quali-dade, com eficiência e de forma cuidadosa,buscando sempre alternativas de aprimorá-los, e que mantenham serviço de atendimen-to ao cliente com informações atualizadassobre as etapas de aceitação, emissão,cobrança e regulação de sinistros.

Intermediação de produtos A relação com os corretores também é

um dos tópicos trabalhados pela FenSeg noguia. Para tornar cada vez mais profissio-nal e transparente a intermediação nacomercialização de seus produtos, uma dasrecomendações dadas às seguradoras é ade disponibilizar as respostas aos questio-

namentos dos corretores no tempo maiscurto possível, respeitando o prazo máxi-mo de cinco dias úteis, depois de recebidoo questionamento.

O presidente da FenSeg, Jayme BrasilGarfinkel, afirma que tanto o Código de Éti-ca quanto o Guia de Boas Práticas mostramao consumidor, de forma clara e precisa,como é a atuação das seguradoras no merca-do. “A transparência é sempre o melhorcaminho para o crescimento”, acredita.

Um crescimento comemorado pelo setornos últimos tempos. Ano passado, o segmentode seguro de automóvel faturou R$ 17,3bilhões – R$ 2 bilhões a mais que em 2008 equase R$ 4 bilhões a mais que em 2007. Paraeste ano, a expectativa é ainda melhor. JaymeGarfinkel lembra que o mercado de segurosestá em constante alta, com índices superioresaos observados pelo Produto Interno Bruto(PIB) brasileiro. “Estamos tão bem quanto àeconomia do nosso País”, compara.

Práticas fraudulentasApesar dos bons resultados, as segura-

doras amargam uma triste e constante reali-dade. O ramo de seguros de automóvel é alvopermanente de fraudes e de tentativas deobtenção de vantagens ilícitas através damanipulação ou falsificação de informações.Para diminuir o número de práticas fraudu-lentas, o Guia de Boas Práticas da FenSegtraz alguns conselhos para as seguradoras.

Uma das sugestões é a de utilizar todosos sistemas disponíveis da Central de Servi-ços da CNSeg que, através de cruzamento de

INSTITUCIONAL

34 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

O objetivo é dar transparência à relação dasseguradoras com os consumidores e tambémcom os corretores de seguros

FenSeg lançaGuia de BoasPráticas

• Jayme Garfinkel:“A transparência ésempre o melhorcaminho para ocrescimento”

V Arquivo FenSeg

AUTOMÓVEL

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Os princípiosda ética, da boa-fé, dos bonscostumes, da livreconcorrência e da iniciativaprivada estãoentre os temasabordados no guia

• Veículos no trânsito: a frota circulante brasileira gira em torno de 40 milhões de automóveis, mas apenas 30% são segurados

‹ Sempre com o intuito de oferecer osmelhores serviços aos consumidores, ecom isso, fazer com que a atividade deseguro seja reconhecida pela sociedadebrasileira como um segmento eficiente ecom credibilidade, a FenSeg destaca noguia recomendações para uma boarelação entre as seguradoras e os órgãosde Defesa do Consumidor.

Entre as dicas estão: manter umrelacionamento constante com estesórgãos para fornecer dados técnicos sobreos contratos de seguro e sinistrosreclamados; e atuar em parcerias com osórgãos de Defesa do Consumidor para dar

informações a segurados e ao público emgeral sobre os diferentes contratos de segurosexistentes no mercado nacional.

O meio ambiente também é assunto doguia. O presidente da federação afirma que asseguradoras, como todos os setores dasociedade, estão atentas às ameaças que oplaneta vem sofrendo. Por isso, alerta queseguradoras devem orientar seus clientes, pormeio de campanhas, informações na apóliceou mensagens nas centrais de atendimento. Asempresas também devem fazer constar entreseus prestadores de serviços, compradores desucatas e oficinas comprometidas com apreservação do meio ambiente.

Preocupações com o meio ambienteV

Arqu

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RS

dados, permite identificar várias situaçõesque podem contribuir na correta aceitação eprecificação de um seguro – assim como com-bater fraudes tanto no momento da aceitaçãoquanto na regulação do sinistro.

O seguro de automóvel é um dos princi-pais produtos de varejo do mercado de segu-ros e continua na liderança do setor. O suces-so se deve principalmente à liberdade tarifá-ria, ao estabelecimento de estrutura mínimados contratos de seguro e à livre concorrênciadas seguradoras.

Frota circulante Apesar da liderança da carteira de auto-

móveis, ainda é baixo o número de veículos

segurados no País. A frota circulante gira emtorno de 40 milhões, sendo apenas 12milhões com seguro – o correspondente a30%. Jayme Garfinkel explica que a frota cir-culante no Brasil é muito antiga, o que ajudaa manter em baixa o número de veículossegurados. “Para carros velhos, às vezes, nãovale a pena o consumidor fazer um seguroporque o prêmio (preço do seguro) sai caro,quando comparado ao valor do automóvel”.

Distribuído a todas as seguradoras asso-ciadas à FenSeg, o Guia de Boas Práticas deSeguro de Automóvel está disponível na pági-na da federação, no portal www.viversegu-ro.org.br, para que consumidores e corretorestambém possam ter acesso ao conteúdo.l

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DENISE BUENO

Oconsumidor vem ganhando cada diamais poder. Agora ele tem uma novaarma para exigir seus direitos e mos-

trar a sua força: as redes sociais. Estatísticasdivulgadas em julho mostram que, em 2009,pessoas de todo o mundo passaram 110bilhões de minutos em sites de redes sociais eblogs, o que representa 22% do tempo usadoonline. Com aumento de 24% no número deusuários em relação ao ano anterior, pode-seafirmar que agora ¾ dos usuários de Internetdo mundo usam redes sociais e blogs.

O Brasil está à frente no uso dessas ferra-mentas, com 86% dos internautas dentro dealguma rede social. A audiência na Internetbrasileira foi de 67,5 milhões de pessoas em2009 e a estimativa é chegar ao final de 2010com 73,7 milhões, segundo pesquisa do Ibo-pe/Nielsen apresentada em evento do Interac-tive Advertising Bureau Brasil (IAB). “O brasi-leiro passa em média cinco horas por mês nes-ses sites, enquanto que a média mundial é deseis horas. Por isso investimos nas redessociais”, diz Ariane Landim, superintendentede marketing da Allianz.

Estratégia específica Com tantas pessoas conectadas, o que

fazer se um dia sua empresa chegar a ser umdos assuntos mais comentados do microblog?E se o tom dos internautas for ao estilo “Calaa boca, Galvão”? Poucas seguradoras sabemresponder a esta questão, por enquanto, ape-sar de a maioria estar atenta ao assunto. “É

preciso estar preparado para lidar com opoder que as redes sociais dão aos consumido-res. Não dá para ficar fora deste ambiente”,recomenda Junior Wn, diretor da Al Comuni-cação Digital.

Segundo o consultor Francisco Galiza, jáexiste consenso sobre a necessidade de asáreas comerciais e de marketing prepararemuma estratégia específica para as redes sociais.“Isso é fato, embora eu acredite que ainda hádúvidas sobre o que se deve fazer exatamentepara atingir este público”, diz.

A pesquisa “Redes sociais no mercado deseguros”, realizada pela Vayon, entrevistou 31seguradoras, 49 corretoras (pessoas jurídicas)e 111 corretores (pessoas físicas), entre 7 e 24de junho de 2010, e constatou: entre as segura-doras, apenas sete possuem perfil no Twitter,quatro no Orkut e quatro no Facebook – eduas tinham blog. “Muitas ainda estão ava-liando as formas de usar essas poderosas fer-ramentas”, informa Wladimir Chinchio, con-sultor da Vayon.

Aliadas da divulgação As seguradoras usam as redes sociais

como aliadas na divulgação de produtos, cam-panhas de vendas, sorteios e informações demercado. A Escola Nacional de Seguros –Funenseg (veja pág. 41) tem no Twitter umgrande aliado para divulgar seus cursos.

A companhia Porto Seguro está presentenas redes sociais desde o final de 2008.“Enxergamos nessas ferramentas a possibilida-de de oferecer novos canais de atendimento,estreitando ainda mais o relacionamento com

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Ferramentas atingem ¾ dos u

• WladimirChinchio: muitasempresas aindaavaliam como usaras novasferramentas

V Arquivo Vayon

• Rafael Caetano:para a PortoSeguro, canais deatendimento paraestreitar relaçãocom o cliente

V Arquivo Porto Seguro

REDES SOCIAIS

O Brasil sai na frente com 86% dos inter n

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37 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

usuários de Internet no mundo

• Francisco Galiza:áreas comerciais ede marketingdevem prepararestratégiasespecíficas para oambiente online

V Arquivo pessoalnossos clientes”, diz Rafael Caetano, gerentede canais eletrônicos. Uma das ações da segu-radora é fomentar a gentileza no trânsito, coma campanha Trânsito Gentil. Até agosto, a Por-to Seguro contabilizava 3.120 seguidores noTwitter, além de estar presente no Orkut,Facebook, Youtube, Drimo e Linkedln.

A Aliança do Brasil, do grupo BB Segu-ros, informou que fechou a venda do primei-ro seguro em que a captura da oportunidadedo negócio ocorreu via Twitter – mas não éesse o objetivo. “Nossa preocupação é fomen-tar a discussão sobre seguros, conscientizar ointernauta sobre a importância dos produtospara sua vida. Além de munir o usuário darede com informações sobre bem-estar e qua-lidade de vida”, comenta Paulo Bonzanini,diretor comercial da Aliança.

Canal de comunicação Como o próprio nome diz, trata-se de

uma rede de relacionamento e não de vendade produto. Em algumas seguradoras, os prin-cipais executivos usam o Twitter para abrirum canal de comunicação com os internautas,como Marco Antonio Rossi, presidente da Bra-desco Seguros e Previdência, Fábio Luchetti,vice-presidente da Porto Seguro, e mais recen-temente Patrick Larragoiti, presidente doConselho de Administração da SulAmérica.

O Twitter da SulAmérica começou emjaneiro de 2010 e até fim de agosto já contavacom 1.350 seguidores. “Somos a terceira segu-radora em número de seguidores no Twitterhoje”, conta Solange Guimarães, executiva decomunicação do grupo. A rede social é usada

para divulgar diariamente informações sobreprodutos, serviços, dicas de saúde, açõessociais e de relação com investidores.

A Allianz é uma das seguradoras que vemapostando nas mídias sociais. Em razão daproximidade do grupo com o futebol, por tero estádio Allianz Arena como uma das princi-pais armas de marketing mundial, a segurado-ra alemã investiu no patrocínio do ‘Bola SocialSoccer’, um game online onde é possível criarum time, treinar e jogar contra outros usuáriosnas mídias Facebook ou Orkut.

Resultado: a Allianz é o patrocinadormais escolhido entre os três disponíveis nojogo. Foram mais de 4 milhões de acessos emcinco meses. “É um retorno surpreendente,que nos ajuda a aproximar do consumidor etrabalhar na popularização da imagem do gru-po”, diz Ariane Landim.

Identificando reclamações Além da divulgação da marca, a Allianz

procura monitorar o que se fala de segurospara ter ideias de ações que possam ajudar nadivulgação do seguro. Ela contratou um servi-ço, onde descobriu que é citada no microblogcerca de 300 vezes por mês. “Por meio doTwitter podemos identificar reclamações quepodem virar um problema”, diz a executiva.

Daniela Valadares, gerente de comunica-ção corporativa da Zurich Brasil já reservouinvestimentos para as redes sociais, comestreia marcada para 2011. “Esse é um mundonovo, cheio de possibilidades, e a empresatem todo o interesse de estabelecer mais estecanal com seu público”, diz. l

er nautas dentro de alguma comunidade virtual

A audiência na Internetbrasileira

foi de 67,5milhões

de pessoas em 2009 e

a estimativa é chegar ao

final de 2010com 73,7milhões,segundopesquisa

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No início dos anos 70, a pesquisa sobre aspectos econô-micos de risco e seguro ainda não estava muito desen-volvida. As questões de seguro foram tratadas, origi-

nalmente, pela matemática atuarial e pelo direito. Com ocrescimento econômico estável, a função do seguro emergiucomo um componente-chave desse processo. Beneficiadospelos avanços da teoria financeira e da teoria de decisões, ospesquisadores pontuaram questões mais focadas nos aspectoseconômicos do seguro e gestão de risco. Hoje o segmento éfoco de publicações, artigos científicos, cursos e licenciaturasnas melhores universidades.

O setor de seguros tem muito a ganharcom a pesquisa científica – que pode ajudarna tomada de decisão ao fornecer modelosaltamente sofisticados de avaliação e pre-venção de risco e ajudar na identificação denovos riscos. Pesquisa e educação, interli-gadas, são um investimento para o futuro.Os países da OECD (Organização para aCooperação e Desenvolvimento Econômi-co, sigla em inglês) podem aumentar suaprodutividade, se as pessoas tiverem educa-ção superior – pois as tendências apontampara uma carência de profissionais de segu-ro e o treinamento de pessoal neste setortorna-se imprescindível.

Economias desenvolvidas são caracteri-zadas por uma crescente interdependênciade riscos e atividades – causando sensações de vulnerabilida-de e um crescente desejo por proteção. Neste aspecto, opapel do seguro será cada vez mais importante. Em seus pro-gramas de pesquisa, a Geneva Association pontuou umasérie de orientações que merecem análise direta e investi-mento em pesquisa acadêmica. Os itens a seguir ilustramalgumas das áreas consideradas prioritárias.

l Área financeira, solvência e contabilidade A abordagem financeira do setor de seguros experimen-

tou progressos significativos nas áreas de solvência e contabi-lidade. A recente crise financeira revelou falhas no sistema defiscalização e gerou demandas para regulamentar novamenteos setores financeiros, incluindo a indústria de seguros.

l Assuntos legais e de regulamentação O crash ocorrido em setembro de 2008 expôs a qualida-

de e a eficácia da regulamentação dos serviços financeirosexistentes – que precisa ser revista. À parte a crise, questõeslegais de responsabilidade também são de extrema importân-cia, em especial nas áreas médica e ambiental, onde o preço

da cobertura de seguro para riscos de res-ponsabilidade explodiram nos últimos anos.

l Risco em grande escala e seguroMudança climática, catástrofes natu-

rais e pandemias. A crescente interdepen-dência de atividades humanas pode cau-sar impactos financeiros relevantes. Qualé o papel do seguro ao administrar tais ris-cos? Como modelar, medir e gerir estesriscos de efeito cascata? Quais são as difi-culdades teóricas e empíricas? Comomelhorar os mecanismos de gestão de ris-co relacionados a eventos naturais e outrosriscos catastróficos?

l Envelhecimento/demografiaAs tendências demográficas atuais – levando-se em con-

ta o aumento da expectativa de vida – anunciam importantesmudanças na gestão do risco de vida e na decisão do seguro.É preciso reestruturar os mecanismos públicos e privadosque financiam os sistemas de previdência e saúde, para esti-mular o benefício inovador, sem gerar custos desnecessários,mas melhorando a qualidade dos serviços.

São estas questões, que estão desafiando a indústria deseguros mundial, que são o objeto desta coluna regular daAssociação de Genebra.l

ASSOCIAÇÃO DE GENEBRA | CHRISTOPHE COURBAGE

Pesquisa científica, o futuro do seguro

CHRISTOPHE COURBAGE - Chefe de Pesquisa, Saúde e Envelhecimento e Estudos Econômicos do Seguro

Associação de Genebra, entidade internacional voltada para o estudo doseguro no contexto econômico, com sede na Suíça, retorna à Revista deSeguros, em coluna fixa, para a divulgação de suas atividades

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38 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

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BIBLIOTECA | EDUARDO DE FREITAS LEITE

40 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

No primeiro parágrafo do prefácio dolivro Clássicos do Resseguro, é infor-mado que, em 2008, dois excelentes

técnicos do IRB-Brasil Re, profundos conhe-cedores e estudiosos da área de seguro e res-seguro, Roberto Luiz Martins de Castro eAntonio Salvador Dutra, sugeriram à EscolaNacional de Seguros – Funenseg, publicaruma coletânea de artigos que seriam pesqui-sados e extraídos da Revista do IRB, desde oseu lançamento, em 1940, objetivandocomemorar os 70 anos do instituto, bemcomo marcar a abertura do mercado brasi-leiro de resseguro à iniciativa privada.

A sugestão acima foi aceita e, com compe-tência e profundo conhecimento que possuemda área do seguro e do resseguro, Roberto Cas-tro e Antonio Dutra iniciaram os trabalhos dapesquisa, resgatando e selecionando os artigosque comporiam a coletânea. A obra finaldemonstra que os pesquisadores realizaram otrabalho com extrema dedicação e afinco.

Com a maestria de ambos, o livro ficoucomposto por 73 artigos clássicos. Os artigosque o compõem contemplam todos os ramose tipos de seguro e resseguro, bem como ainteração com outras áreas do conhecimentoe técnicas necessárias ao desenvolvimento,aperfeiçoamento e crescimento constantesdeste mercado. Foram selecionados artigosde autores brasileiros e estrangeiros.

No prefácio do livro temos a indicaçãode alguns autores que demonstram o grandeconhecimento e capacidade, conforme sesegue: ”foram resgatadas verdadeiras precio-sidades escritas por mestres do seguro e doresseguro brasileiro, com David Campista

Filho, Ângelo Mário Cerne, J.J. de SouzaMendes, Paulo Pereira Ferreira, Adyr PecegoMessina, Marcos Portela Sollero, Luiz Men-donça, Jose Sollero Filho e Pedro Alvim”. Noentanto, a leitura de todos os autores que inte-gram o livro – e que emprestaram seus pro-fundos conhecimentos à escrita dos artigosselecionados – é de grande valia.

Para que se possa ter visão da importân-cia deste trabalho de pesquisa, o primeiroartigo a compor a coletânea é a conferênciaescrita pelo magnífico Prof. Gilberto Freyre– sociólogo, antropólogo (1900/1987) –, inti-tulado “O Seguro na Formação Social Brasi-leira”, que foi por ele proferida em 14 demaio de 1954, nas comemorações do DiaContinental do Seguro.

A coletânea, concluímos, é um instru-mento muito importante para os profissionaisque já atuam na área, para aqueles que estãochegando ao mercado e também para estu-diosos e pesquisadores. Sua leitura é agradá-vel e seus artigos podem ser dissecados comtranquilidade, captando as ideias, as dicas,ampliando desta forma os conhecimentosabordados nos artigos selecionados. l

A obra é uma coletânea de artigos extraídos da Revista do IRB, desde 1940, para comemorar os 70 anos do instituto

Uma visão das últimasdécadas do resseguro

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EDUARDO DE FREITAS LEITE – Analista de Resseguro/Mestre em Economia Empresarial pela UCAM

‹ RESENHA:CLÁSSICOS DORESSEGURO

COORDENAÇÃO:Roberto Luiz Martins de Castro e AntonioSalvador Dutra

EDIÇÃO: Abril 2010Escola Nacional deSeguros – Funenseg e IRB-Brasil Re.Rio de Janeiro 568 páginas

“Os artigos contemplamtodos os ramos do mercadoe a interação com outrasáreas do conhecimento”Eduardo de Freitas Leite

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FUNENSEG

41 Julho - Agosto - Setembro 2010 - Revista de Seguros - nº 874

MÁRCIA GOMES

Seguindo uma tendência mun-dial, a Escola Nacional de Segu-ros aderiu às redes sociais.

Orkut, Twitter e Flickr, canais atépouco tempo inexistentes, agora sãoutilizados pela instituição para garan-tir uma aproximação ainda maiorcom seus alunos. Informações sobrecursos técnicos, de habilitação decorretores e do MBA Executivo emSeguros e Resseguro são alguns dostemas postados nas redes sociais.Com um monitoramento constante, aEscola ainda utiliza os canais paraesclarecer dúvidas dos alunos, divul-gar o calendário de inscrições e pro-vas e estimular discussões sobretemas ligados ao mercado de seguros.

Henrique Berardinelli, respon-sável pela Superintendência Comer-cial da Escola, onde está alocada aárea de Comunicação, ressalta aimportância da participação nasmídias sociais. “Hoje nenhumaempresa pode abrir mão de partici-par das redes sociais, seja para divul-gar seus produtos ou interagir comseus clientes, esclarecendo dúvidasou simplesmente ouvindo sugestões.

Estamos usando essas ferramentasno contato permanente com nossosalunos”, explica.

Oportunidades Para atender a essa nova

demanda a Escola também lançouum blog, que será conduzido pelopersonagem Eduardo Rollos, quepretende mostrar como é o dia a diade um jovem em busca das oportuni-dades que o mercado reserva.

Em pouco mais de oito mesesde atuação nas plataformas demídias sociais, já foram registradosnúmeros que impressionam: 522seguidores no Twitter (www.twit-ter.com/funenseg) e 2.500 partici-pantes na comunidade oficial doOrkut (Funenseg Moderador). “Essanova forma de interação constantecom os alunos exige um planeja-mento sistemático. Um bom traba-lho nas redes sociais fortalece a ima-gem da Escola junto ao mercado”,acrescenta Henrique Berardinelli.

Acompanhe a Escola nosendereços: Orkut (Funenseg - Ofi-cial), Twitter (http://twitter.com/Funenseg) e Flickr (www.flickr.com/funenseg).l

Escola adere às redes sociaisTwitter, Flickr e Orkut são usados para uma aproximação maior com os alunos

‹ Depois de um período de testes, o setor de seguros acaba deganhar mais um aliado na internet: o portalwww.tudosobreseguros.org.br. Desenvolvido pela Escola Nacionalde Seguros, tem o intuito de esclarecer todas as dúvidas dosconsumidores de seguros, previdência e capitalização.

O portal traz informações do mercado, como estatísticas,pesquisas e estudos; apresenta as diversas modalidades deseguros para pessoas físicas e empresas; traz um glossáriocom o significado dos termos usados nos contratos e aindaum mapa com as opções de seguros indicadas para cadaetapa da vida – com coberturas que vão desde a infância atéa terceira idade.

O portal recebediariamente cerca de500 visitas deconsumidores ecorretores de seguros.Lauro Faria, assessorda Diretoria Executivada Escola e

coordenador do projeto, explica a importância do site: “À medidaque o consumidor compreende o mercado de seguros, ele passaa perceber a necessidade de contratar uma apólice. O portal temesse caráter informativo e educativo”, explica.

Tudo Sobre Seguros

“Essa nova forma de interaçãoconstante com os alunos exigeum planejamento sistemático.

Um bom trabalho nas redessociais fortalece a imagem da

Escola junto ao mercado”Henrique Berardinelli

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OBrasil se aproxima da maior eleição de sua histó-ria. Nela serão eleitos deputados estaduais, depu-tados federais, dois senadores por Estado, um

governador por Estado e um presidente da República,todos acompanhados do respectivo vice ou suplente.

Vença quem vencer, estas eleições modificarão bas-tante a realidade política nacional. É sempre bom nãoesquecer que está em jogo muito mais do que a Presidên-cia da República. Dada a divisão dos poderes, a eleiçãodos deputados e senadores tem peso tão ou mais consis-tente do que a eleição do próximo ocupante do Paláciodo Planalto. Compete a elesfazer as leis e aprovar os atos degestão do presidente. Em outraspalavras, o poder do CongressoNacional é capaz de turbinar oudesestabilizar a gestão do Execu-tivo, dependendo do viés dabancada majoritária.

O Brasil que entra nestaeleição é uma nação mais madu-ra, mais equilibrada e numasituação econômico-financeirainédita na história. Apesar detodas as desigualdades aindaexistentes, as diferenças entre osmais ricos e os mais pobresdiminuíram. As Classes C e Dpassaram a fazer parte da econo-mia formal. A Classe B está soli-dificada. O país atravessa umafase raramente feliz em relaçãoàs reservas externas. E umagrande quantidade de obras eprojetos assegura a continuidadedo ciclo por mais um bom tempo.

Dentro deste quadro é possível fazer um desenho dofuturo da atividade seguradora? Surpreendentemente, é.

E este desenho é muito positivo, sob todos os aspectos.Com o enriquecimento da sociedade, as demandas porseguros aumentam na mesma proporção da aquisição debens e dos investimentos produtivos necessários paraatender às necessidades da população.

Além disso, a possibilidade da obtenção de signifi-cativos ganhos patrimoniais tem como consequênciadireta o desejo de protegê-los, o que implica na contrata-ção de novas apólices.

Neste cenário, independentemente de quem vença aeleição presidencial, não há razão para a atividade segu-

radora não crescer substancial-mente, aproximando-se dospadrões dos países latinos maisdesenvolvidos.

É evidente que estesganhos não são uma festa gratui-ta. Pelo contrário, as principaisincertezas continuam vivas eexigindo muita atenção, estudoe profissionalismo. O projeto deuma lei de seguros, a aberturado resseguro, a consolidação dosgrandes conglomerados finan-ceiros como os principaisplayers da atividade, o desenvol-vimento de novos produtos, osmicrosseguros, os seguros popu-lares e os canais de distribuiçãodesafiam a competência detodos os envolvidos.

Mas o sucesso não dependediretamente de nenhum cargopúblico. Pelo contrário, é a horae a vez do mercado. Vença quem

vencer, se não houver uma ruptura brusca e completa-mente inesperada, o setor de seguros continuará crescen-do e de forma rápida.l

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OPINIÃO | ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

O mercado de segurosdepois das eleições

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA - Jornalista e especialista em seguros e previdência

Dentro do cenário atual, independentementede quem vença as eleições, o mercado deseguros continuará crescendo

Com o enriquecimentoda sociedade, asdemandas por segurosaumentam na mesmaproporção da aquisiçãode bens e dosinvestimentosprodutivos necessários paraatender àsnecessidades dapopulação

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