revista de seguros: o seguro e os efeitos da poluição

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Trata-se aqui dos riscos de responsabilidade civil causados pepa poluição súbita

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Page 1: Revista de Seguros: O seguro e os efeitos da poluição

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Page 2: Revista de Seguros: O seguro e os efeitos da poluição

Meio. .ambiente

o seguro e os efeitos da poluiçãoprocesso de industrialização

O no Brasil fabricou uma das ci-dades mais poluídas do mun-do, Cubatão, situada na Baixada San-tista, a 55 quilômetros de São Paulo.Ali, 54% das crianças na faixa de seisanos de idade já apresentam reduçãoem sua atividade pulmonar, que vaide casos leves, reversíveis, a lesõesmais severas, que após os sete anostornam-se irreversíveis. A situação éséria e foi constatada por estudos re-centemente concluídos por três pes-quisadores da Faculdade de Higienee Saúde Pública da Universidade deSão Paulo.

A grande desculpa sempre apre-sentada para justificar a existência dapoluição é a de que para a obtençãodo progressotecnológico e industrial,bem como para gerar-senovos empre-gos, com a implantação de empreen-dimentos industriais e com isso de-

senvolver regiões, todos os processossão válidos inclusive a mutilação etransfiguração do meio ambiente. É oque pensa o engenheiro civil, Antô-nio Navarro, da Nacional de Seguros.Com vários cursos de especializaçãoem Segurança Industrial e Proteçãode Instalações, Navarro observa que oDecreto-Lei 1.413, de 14 de agostode 1975, dispondo sobre o controledo meio ambiente, cita a poluição in-dustrial como qualquer alteração daspropriedades do meio ambiente, se.ja física, química ou biológica, cau-sada por qualquer processo, ou com-binação de elementos despejados pe-las indústrias, em níveis capazes, di-16

reta ou indiretamente, de prejudicara saúde, segurança e o bem-estar dapopulação, ou de ocasionar danos re-levantes à flora, fauna e outros recur-sos naturais renováveis. É justamentetudo que acontece em Cubatão. Lá:inclusive, a Serra do Mar ameaça de-sabar e soterrar a cidade

No Brasil. acostumado a ~~

sem grandes sobressalt~ :mensas n-quezas espalhadas em 85 :::l..hõe.idequilômetros quadrados de temtónojamais se pensou, ao ~ongode mais dequatro séculos, que tais riquezas de-vessem ser preservadas. Entretantonos últimos anos, verifica-se que apopulação começou a tomar consei-

o.Qo(;o

ALBERTOSALINO

ência de que 1140existe recurso natu-ral inesgotável. Há pouco tempo, emPemambuco, embora sem sucesso,Jembra ::avarro, a população localmobilizou-se, com o apoio da im-prensa para impedir que as autorida-des permitissem que as grandes usi-~ produtoras de açúcar e álcool.ançassem seus efluentes nocivos nospequenos rios da região, alegando,enfaticamente, que os danos ecoló-gicos seriam ml"nimos,quase despre-z:"-:-ms.Nesseprocesso, segundo ele, asa..tondades ainda esquecem que foi apartir desses "danos mínimos" que,hoje há os exemplos gritantes, en-tre outros, de áreas poluídas como os

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A SS km de São Paulo, uma das cidades mais poluídas do mundo: CubatãoREVISTA DE SEGUROS

Page 3: Revista de Seguros: O seguro e os efeitos da poluição

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epreciso combater hábitos predatórios e a industrialização a qualquer preço

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rios Paralba do Sul e Tietê, além doVale de Cubatão.

A defesa da questão ambiental,mesmo que, a princípio, possa pare-cer o contrário, não significao veto àinstalação de indústrias ou de com-plexos industriais. Trata-se sim, dizNavarro, de combiter hábitos preda-tórios e a industrialização a qualquerpreço, com projetos inadequados.Ninguém desconhece, prossegue o es-pecialista, que uma indústria, paraproduzir, é alimentada com matéria.prima e, em qualquer fase do proces-so industrial, é normal e esperado osurgimento de efluentes sólidos, lí-quidos ou gasosos, mas que precisam

REVISTA DE SEGUROS

receber tratamento adequado antesde serem lançados no meio exterior.

Não há dúvida de que é perfeita-mente possível conciliar o desenvol-vimento com uma política de prote.ção ao meio ambiente, que inclusivetrate da recuperação de zonas poluí-das e em fase de contaminação, co-mo alguns rios de Mato Grosso e Paráque estão sendo atingidos pelo mer-cúrio utilizado pelos garimpeiros naextração do ouro. Para ilustrar essapossibilidade. Antonio Navarro con-ta exemplos existentes em outrospaíses. como na Inglaterra onde oVale de Swansea em Gales, a 240

quilômetros de Londres que em

1877 já poderia se chamar a Cubatãodos britânicos, voltou a ser uma re-gião habitável, através de um lentotrabalho de transformação, integradopelo Estado e a iniciativa privada,que absorveu recursos da ordem de30 milhões de libras esterlinas. Étambém na Inglaterra, assinala otécnico, que o rio Tâmisa foi comple-tamente despoluído, após árdua lutade conscientização iniciada em 1833e aplicaçõesde 200 milhões de libras.Nesses dois exemplos, ~a ele,pode-se vemicar que a conscientiza-ção da população e a injeção de re-cursos financeiros estão intimamente

ligadasem defesa do ambiente.

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